Concertos Supergasbras - Temporada 2019

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Ministério da Cidadania apresenta

CONCERTOS

Supergasbras Temporada 2019

CONCERTOS

11 de junho

Simon Trpceski, piano

25 de junho

Boston Philharmonic Youth Orchestra

Supergasbras Temporada 2019

13 de agosto

Trio Nobile Anthony Flint, violino Johann Sebastian Paetsch, cello Clélia Iruzun, piano

Teatro do Centro Cultural Minas Tênis Clube

17 de setembro

Emmanuelle Baldini, violino Lílian Barreto, piano

15 do outubro

Nelson Freire, piano

Apoio

Patrocínio

Realização:

Direção artística: Celina Szrvinsk



Palavra do presidente

É

com muita satisfação que o Minas Tênis Clube realiza, pelo sétimo ano consecutivo, a série de concertos, uma iniciativa vitoriosa, que visa a democratização do acesso do público a uma das mais belas e ricas manifestações artísticas da civilização – a música clássica. Nesta edição, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, o programa é patrocinado pela Supergasbras, à qual queremos agradecer pela confiança em investir nesta parceria com o Minas. A Supergasbras é uma empresa do grupo holandês SHV Energy, líder mundial na distribuição de gás LP, que, no Brasil, atende mais de 10 milhões de famílias, além de indústrias, restaurantes, hotéis, agronegócios e outros segmentos produtivos

Na curadoria da série Concertos Supergasbras temos o privilégio de continuar contando com a expertise da renomada pianista e professora da Escola de Música da UFMG, Celina Szrvinsk. Como responsável pela direção artística do programa, ela tem viabilizado, desde a primeira edição, em 2013, a presença dos maiores expoentes da música clássica mundial, no palco do Teatro do Centro Cultural Minas Tênis Clube (CCMTC). Na temporada 2019, a série Concertos Supergasbras terá cinco recitais, começando, em junho, com o pianista macedônio Simon Trpceski, dia 11; e a Orquestra Filarmônica Jovem de Boston, regida pelo consagrado maestro inglês Benjamin Zander, dia 25. Em agosto, no dia 13, a atração será o Trio Nobile, formado pela pianista brasileira radicada em Londres Clélia Iruzun, pelo violinista inglês Anthony Flint e pelo violoncelista norte-americano Johann Sebastian Paetsch. No dia 17 de setembro, o recital será do violinista italiano Emmanuele Baldini e da pianista brasileira Lilian Barretto. Encerrando a temporada 2019 em grande estilo, em 15 de outubro, o público terá mais uma chance de se maravilhar com a arte do pianista brasileiro Nelson Freire, um dos maiores nomes da música clássica internacional. Além de marcar as comemorações pelos 75 anos de vida do artista (18/10), o recital marca os 65 anos da primeira apresentação de Nelson Freire em Belo Horizonte, em 1954, aos 10 anos de idade. A série Concertos Supergasbras 2019 está imperdível!

Ricardo Vieira Santiago Presidente

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Queridos amigos e amigas,

A

s séries de Concertos do Teatro do Centro Cultural Minas Tênis Clube estão hoje, sem dúvida, entre as programações mais destacadas da música erudita no país. O projeto se consolidou graças ao acolhimento sensível da proposta pelos gestores do Minas Tênis Clube, no âmbito das múltiplas ações do seu Centro Cultural. Desde 2013, quando passaram a ser abrigados no novo Teatro, os concertos vêm reverberando acima das expectativas, conquistando público crescente e fervoroso. Como diretora artística, sinto-me privilegiada de ter programado, pela primeira vez em Belo Horizonte, artistas de grande notabilidade, como a percussionista Evelyn Glennie, o harpista Sasha Boldachev e os pianistas Nikolai Lugansky, Valentina Lisitsa e Anna Malikova. Entre as glórias nacionais, os internacionais Nelson Freire, Antônio Meneses, Sérgio e Odair Assad são alguns dos convidados que, para nossa honra, tornaram-se habituais. Assim, é reiterado o entusiasmo com que anuncio os próximos cinco concertos que configuram a Temporada 2019. Este ano, a série recebe o nome da empresa patrocinadora – Concertos Supergasbras – trazendo para a cidade duas formidáveis estreias: o pianista macedônio Simon Trpceski e a Boston Philharmonic Youth Orchestra, tendo como solista a pianista russa Anna Fedorova, sob a regência de Benjamin Zander. Para o encerramento, contamos com Nelson Freire, representante máximo entre os intérpretes brasileiros. Os Concertos Supergasbras distinguem-se ainda pela participação de dois excelentes conjuntos de câmara, o trio constituído por Clélia Iruzun, Anthony Flint e Johann Paetsch, e o duo Lilian Barreto e Emmanuele Baldini. Além do permanente reconhecimento ao Minas Tênis Clube pelo louvável empenho em prol da música, não deixo de registrar aqui um especial agradecimento à Supergasbras, pelo patrocínio concedido, ciente de termos sido selecionados entre muitas solicitações. O apoio da empresa, por si só tão essencial à realização dos concertos, é exemplar e simboliza esperança de investimentos maiores para empreendimentos culturais no país. Sejam todos e todas calorosamente bem vindos e aproveitem os momentos de encantamento que nossos concertos oferecem!

Celina Szrvinsk Diretora Artística dos Concertos Supergasbras

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CONCERTOS

Supergasbras Temporada 2019

Simon Trpceski piano

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11 de junho - terça-feira - 20h30 Programa

EDVARD GRIEG (1843-1907) Suíte Holberg op. 40

Praeludium (Allegro vivace) Sarabande (Andante) Gavotte (Allegretto) Air (Andante religioso) Rigaudon (Allegro con brio) FRÉDÉRIC CHOPIN (1810-1849) Quatro Mazurkas op. 24 nº 1 - Lento, em sol menor nº 2 - Allegro non troppo, em dó maior nº 3 - Moderato con anima, em lá bemol maior nº 4 - Moderato, em si bemol menor

Intervalo

SERGEI PROKOFIEV (1891-1953) Os Contos de uma Velha Vovó op. 31 Moderato Andantino Andante assai Sostenuto

MODEST MUSSORGSKY (1839-1881) Uma Noite no Monte Calvo (Arr. Konstantin Chernov)

SERGEI PROKOFIEV (1891-1953) Sonata nº 7 op. 83, em si bemol maior Allegro inquieto Andante caloroso Precipitato

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Simon Trpceski O pianista macedônio Simon Trpceski tem atuado como solista com as mais destacadas orquestras internacionais, incluindo a Orquestra Real do Concertgebouw, a Orquestra Nacional Russa, NDR Elbphilharmonie, Orquestra Sinfônica WDR, Filarmônica de Helsinki, Filarmônica Real de Estocolmo, Orquestra Nacional da França, Real Filharmonía de Galicia, Filarmônicas de Nova York e Los Angeles, Filarmônica Nova do Japão, Filarmônica da China e Orquestra Sinfônica de Melbourne. Regularmente apresenta-se em recitais solo em Nova York, Londres, Paris, Munique, Praga, Tóquio, Bilbao, Pequim, Xangai e Sydney, além de apresentar-se como camerista no Festival de Verbier, Festival de Música de Aspen, Festival Internacional de Bergen, Festival do Mar Báltico e nos BBC Proms. Entre os regentes com os quais colabora com frequência estão Alsop, Bringuier, Dausgaard, Dudamel, Hrusa, Jurowski, Mälkki, Nelsons, Noseda, Oramo, Orozco-Estrada, Pappano, Petrenko, Sarasate, Shani, Slobodeniouk, Ticciati e Urbanski. Durante a temporada de 2018/19, Trpceski abrirá a série da Orquestra Halle e se apresentará com a Philharmonia, a London Symphony, a Orquestra do Estado Russo, a Sinfônica da Galícia, a Orquestra Sinfônica Nacional de Washington, a Filarmônica de Nova York e a Sinfônica de Chicago, entre outras. Ele executará os dois concertos de Brahms com a Filarmônica de Oslo, tanto em Oslo quanto em turnê. Um comprometido camerista, colabora com a Casa de Ópera de Oslo, Ludwigsburger Schlossfestspiele Festspiele e Mecklenburg Vorpommern. Seu projeto folclórico “Makedonissimo”, que celebra a música e cultura da Macedônia, será levado a Concertgebouw, ao Festival de Piano de Lille e ao Reino Unido, com performances no Liverpool Philharmonic Hall e no Festival de Piano de Birmingham. Suas inúmeras gravações receberam amplo reconhecimento. Sua primeira gravação para a EMI, em 2002, conquistou ambos os prêmios “Editor’s Choice” e “Debut Album” da Gramophone. Em 2010 e 2011, sua interpretação de todos os concertos para piano e da “Rapsódia sobre um tema de Paganini” de Rachmaninov, junto a Vasily Petrenko e a Filarmônica Real de Liverpool, foi reconhecida com os prêmios Classic FM, “Editor’s Choice” da Gramophone e Diapason d’Or. Sua gravação para o selo Onix Classics do primeiro e do terceiro concertos para piano de Prokofiev ganhou o Diapason d’Or novamente em 2017. Com o apoio do KulturOp – a principal organização cultural e artística da Macedônia – Trpceski trabalha regularmente com jovens músicos de seu país natal a fim de cultivar o talento da nova geração de artistas do país. Nascido na República da Macedônia em 1979, Simon Trpceski é graduado pela Escola de Música da Escópia, onde estudou com Boris Romanov. Foi ainda integrante da Nova Geração de Artistas da BBC e recebeu, em 2003, o prêmio Jovem Artista da Sociedade Filarmônica Real.

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Compositores e Obras Edvard Grieg é visto como a principal personalidade da Noruega. Nasceu em Bergen em 1843, cidade na qual veio a falecer em 1907. Outra importante figura norueguesa – também nascida em Bergen – foi o dramaturgo e humanista Ludwig Holberg (1684-1754). No ano de 1884, em homenagem ao bicentenário do nascimento de Holberg, Grieg compôs uma suíte em estilo antigo, mais precisamente no estilo barroco, condizente à contemporaneidade de seu homenageado. Suíte significa sequência, e uma suíte musical é nada mais que uma sequência de danças, geralmente escritas numa mesma tonalidade. A música de Grieg, intitulada Suíte em estilo antigo da época de Holberg op.40, é conhecida tanto na versão original para piano quanto na versão orquestral realizada pelo autor. Apesar das danças valsa e mazurca partilharem do mesmo compasso, suas inflexões rítmicas as fazem bem distintas. Para Frédéric Chopin (1810-1849) uma diferença também constava: as mazurcas uniam-no com sua terra-natal, a Polônia, de onde exilou-se em 1830 e nunca mais retornou. Chopin interessou-se por refinar suas mazurcas formalmente e dedicou-se a elas por toda a vida. Compôs 58 no total, desde a juventude até a última criação, a Mazurka op. 68 nº4. “Não existem composições mais chopinianas do que as mazurcas”, escreveu o biógrafo Huneker, “seu coração era triste e sua mente alegre”. O Opus 24 contendo 4 Mazurkas foi publicado em 1836, quando o compositor tinha 26 anos de idade. Com exceção da Mazurka op.24 nº2, todas as outras derivam melodicamente e ritmicamente do Kujawiak. Caracterizado por seu tom sentimental e melancólico, o kujawiak é uma das cinco danças folclóricas da Polônia, sendo as outras a krakowiak, a mazurca, o oberek e a polonaise. A Mazurka op. 24 nº4, em sua graça langorosa advinda de uma riqueza cromática e harmônica, é uma das mais conhecidas – e suas notas iniciais foram usadas por Tom Jobim para introduzir a canção Luiza. Em 1860, o compositor russo Modest Mussorgsky (1839-1881) completou a primeira versão de Uma Noite no Monte Calvo, tendo como inspiração o conto Noite de São João – o primeiro sucesso literário de Nikolai Gogol. Baseado em uma lenda popular ucraniana, o conto retrata o sabbat das bruxas do solstício de junho às vésperas da noite de São João. Em 1867, Mussorgsky transformou o poema sinfônico num concerto para piano e orquestra,

porém as duras críticas recebidas pelo compatriota Mily Balakirev fizeram-no desistir de executar o concerto. Em 1886, cinco anos após a morte de Mussorgsky, o compositor Nikolai Rimsky-Korsakov (1844-1908) adaptou a versão inicial da obra. Tal adaptação, embora diferente da audaciosa e selvagem composição original, tornou Uma Noite no Monte Calvo uma das obras mais executadas nas salas de concerto. Em 1920, a versão de Rimsky-Korsakov foi transcrita para piano por Konstantin Chernov (1865-1937). Obra subestimada e pouco conhecida do público, Contos de uma Velha Vovó op.31 foi escrita em 1918 pelo compositor russo Sergei Prokofiev (1891-1953). Assim como Cinderela, Pedro e o Lobo, e a tardia Conto da Flor de Pedra, Contos de uma Velha Vovó baseia-se num conto de fadas: “O amor de Prokofiev pelos contos de fadas russos, um mundo que o encantara desde a sua infância, se expressa em criações musicais de verdadeira beleza lírica”, notou Igor Stravinsky. Em 1919, a obra foi estreada pelo próprio autor ao piano em recital realizado em Nova York. Sergei Prokofiev iniciou a composição da sexta, sétima e oitava sonatas em 1939. A esta trilogia denominou “sonatas da guerra”: a sexta reflete a nervosa antecipação da Segunda Guerra; a sétima projeta a angústia e a luta dos anos de guerra; e a oitava analisa retrospectivamente os acontecimentos. “Eu sempre gostei da ideia de escrever obras simples numa estrutura tão superior como a formasonata”, comentou o compositor. Desde os primeiros estudos, nos quais aprendera sobre as formas musicais, até o final de sua vida, ele manteve seu fascínio pela estrutura da sonata. O pianista russo Sviatoslav Richter, responsável pela estreia da Sonata nº7, notara que o sucesso da obra mostrou-se pelo sentimento comum compartilhado pela audiência: “com este trabalho, fomos brutalmente mergulhados na atmosfera ameaçadora de um mundo que perdeu o seu equilíbrio. Reinam o caos e a incerteza. Vemos forças assassinas à frente. Mas isto não significa que o que vivíamos antes deixara de existir: continuamos a sentir e a amar. Agora irrompe uma gama de emoções. Junto com os nossos concidadãos, homens e mulheres, ergue-se uma voz em protesto compartilhando a dor comum. Varremos tudo diante de nós, movidos pelo desejo de vitória. Na tremenda luta que isto envolve, encontramos resistência para afirmarmos uma irreprimível força de viver”.

Marcelo Corrêa

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CONCERTOS

Supergasbras Temporada 2019

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Orquestra FilarmĂ´nica Jovem de Boston Benjamin Zander, regente Anna Fedorova, piano

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Orquestra Filarmônica Jovem de Boston A Orquestra Filarmônica Jovem de Boston (BPYO) foi formada em 2012 sob os auspícios da Filarmônica de Boston. Dirigida por Benjamin Zander, o lema da orquestra é “moldar futuros líderes através da música”. Os 120 músicos da orquestra são jovens de enorme talento entre 12 e 21 anos. Essa ampla gama de idade oferece aos membros mais jovens do grupo a chance de colaborar com colegas mais velhos, que já iniciaram suas carreiras profissionais. Por sua vez, os membros mais experientes do grupo têm a oportunidade e a responsabilidade de cuidar e treinar as gerações mais novas. A BPYO oferece uma oportunidade única para jovens instrumentistas que desejam estudar o vasto repertório orquestral em uma comunidade musicalmente dinâmica e intelectualmente desafiadora. Exige-se de seus membros que não somente dominem suas partes e detenham uma compreensão profunda da partitura musical (inclusive através de ensaios regulares com profissionais da comunidade musical de Boston), mas também que dialoguem com o Maestro Zander, através de encontros semanais denominados “partituras brancas”. Nestes encontros, os músicos são convidados a compartilhar seus pensamentos sobre todos os aspectos da música e sobre o processo de ensaio. Essas conversas, muitas vezes, resultam em discussões estimulantes sobre liderança pessoal e se seguem através de e-mails, telefonemas e conversas durante os ensaios, promovendo uma relação única de estímulo e orientação entre o maestro e cada um dos músicos. Na temporada inaugural de 2012/2013, a BPYO realizou dois concertos que lotaram o Symphony Hall de Boston, além de uma turnê extremamente bem-sucedida em cinco cidades na Holanda, culminando com uma apresentação da Segunda Sinfonia de Mahler no aclamado Concertgebouw, em Amsterdã. Em dezembro de 2013, a BPYO apresentou-se no Carnegie Hall, sendo elogiada no The New York Times pela “brilhantemente apresentação, fervorosamente sentida”. Em 2015, o grupo realizou uma turnê europeia de dezoito dias, com concertos na República Tcheca, Alemanha e Suíça, incluindo apresentações no Rudolfinum, em Praga, na Philharmonie, em Berlim, e no KKL, em Lucerna. Em 2016, a BPYO realizou seis concertos na Espanha e, em 2017, a orquestra viajou para a América do Sul, apresentando-se e colaborando com outras orquestras jovens no Peru, Uruguai e Argentina. Em 2018, a BPYO fez uma nova turnê pela Europa, com 8 concertos na Alemanha, República Tcheca, Áustria, Hungria e Holanda, incluindo uma nova apresentações no Rudolfinum, além de apresentações no Sala Nacional de Concertos de Budapeste, no Musikverein, em Viena, e novamente no Concertgebouw. Cada uma dessas apresentações internacionais foi recebida com grande aclamação crítica e estabeleceu laços duradouros entre a BPYO e os grupos e culturas musicais locais.

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25 de junho - terça-feira - 20h30 Programa

CARL MARIA VON WEBER (1786-1826) Abertura da ópera Euryanthe, op.81

SERGEI RACHMANINOV (1873-1943) Concerto para piano e orquestra nº2 em dó menor, op.18 Moderato Adagio sostenuto Allegro scherzando Solista: Anna Fedorova, piano

ANTONÍN DVORÁK (1841-1904) Sinfonia nº9 em mi menor “Do Novo Mundo”, op.95 Adagio - Allegro Molto Largo Scherzo: Molto vivace Allegro con fuoco

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Benjamin Zander

Com uma impressionante carreira internacional como palestrante de excelência e especialista em liderança, Benjamin Zander realizou diversas palestras, tendo sido o convidado principal no Fórum Econômico Mundial em Davos, além de ter feito uma participação especial no TED. Seu livro em co-autoria com a psicoterapeuta Rosamund Zander, The Art of Possibility (A Arte da Possibilidade), é um best-seller, tendo sido traduzido para dezoito idiomas. De 1965 a 2012, Zander fez parte do corpo docente do Conservatório de Música da Nova Inglaterra (NEC), onde lecionou interpretação musical e dirigiu a Orquestra Filarmônica Juvenil e a Orquestra do Conservatório. Diretor artístico fundador do programa conjunto do NEC com a Escola Walnut Hill de artes dramáticas e musicais, Zander liderou a Orquestra Filarmônica do Conservatório de Música da Nova Inglaterra em quinze turnês internacionais e produziu vários documentários para o Public Broadcasting Service (PBS). Suas aulas de interpretação – “Interpretações da Música: Lições para a Vida” – estão sendo ministradas mensalmente na Biblioteca Central, em Copley Square, através de uma parceria com a Biblioteca Pública de Boston. Gratuitas e abertas ao público, essas aulas são disponibilizadas on-line, sendo acessadas por dezenas de milhares de pessoas em todo o mundo.

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Compositores e Obras A expressão operística permeia parte substancial da música de Carl Maria von Weber (1786-1826). Além das óperas per si, aspectos cênicos e melódicos do teatro-lírico forneceram ambiência à obra orquestral e instrumental de Weber, dada a força expressiva de seus temas e o gestual dramático dos contrastes de intensidade e de caráter. A familiaridade de Weber com o teatro é associada à vivência na trupe mambembe do pai, com a qual viajou durante toda a infância. Suas óperas O Franco-Atirador, Euryanthe e Oberon figuraram-no como precursor da ópera romântica alemã. Por meio destas obras, Weber fortaleceu a estética germânica no intento de sobrepujar a influência italiana, que há séculos dominava o gênero operístico. O enredo cavalheiresco de Euryanthe deulhe certa magia, a ponto de Victor Hugo evocar em Les Misérables as belezas dessa ópera como a predileta da personagem Cosette. Em 1892, com apenas 19 anos, o compositor russo Sergei Rachmaninov (1873-1943) completou seus estudos no Conservatório de Moscou, recebendo a “Grande Medalha de Ouro” pela ópera Aleko. A reputação do jovem compositor, regente e pianista se firmava em toda a Rússia ao passo que crescia também a expectativa em torno de seus novos trabalhos. O 1º Concerto para Piano, obra que inaugura seu catálogo de composições, recebeu duras críticas, da mesma forma como a sua 1ª Sinfonia. Entre 1897 e 1898, Rachmaninov permaneceu em profunda depressão. Não há uma composição sequer desse período. Seu desespero levou-o ao consultório particular do Dr. Nicolai Dahl, em Moscou. Dahl estudara na França com o célebre cientista Jean-Martin Charcot, pai da moderna neurologia e professor de Sigmund Freud. O 2º Concerto de Rachmaninov, um sucesso absoluto, foi dedicado ao Dr. Dahl. O compositor, sabendo que Dahl

além de médico era violista amador, fez frequente uso da viola na orquestração da obra, principalmente no último movimento. Curiosamente, o Dr. Dahl tocou a obra junto à Orquestra da Universidade Americana de Beirute, Líbano, para onde emigrou em 1925. Ao fim da apresentação, o público fora informado de que o homenageado do concerto era membro da seção de viola da orquestra e clamaram que Dahl se levantasse para uma calorosa homenagem. Aos quinze anos, o compositor tcheco Antonín Dvorák (1841-1904) iniciou os estudos de teoria musical, órgão, canto e, principalmente, viola, instrumento com o qual participou na Orquestra do Teatro de Praga, regida por Richard Wagner e Bedrich Smetana. Este último, também compositor, foi o criador da música nacional tcheca e influenciou o estilo composicional de Dvorák. Com a sua ida para a América em 1892 no cargo de diretor do Conservatório de Nova York e através do contato com a música nativa daquele país, Dvorák deu início a uma nova fase composicional, agora sob a influência da música dos índios e dos negros norte-americanos. Surgiram obras como o Quarteto “Negro”, o Quarteto “Americano” e a Sinfonia nº9 “Do Novo Mundo”. Nesta, o compositor obtém uma simbiose exótica entre a música tcheca e a música americana. Os temas foram inspirados pela leitura de A canção do Hiawatha do poeta americano Henry Wadsworth Longfellow. O poema evoca lendas indígenas americanas e entusiasmou Dvorák a compor uma ópera, projeto infelizmente inacabado. Dvorák realizou estudos sobre cantos negros também, de forma que seus temas chegaram a ser confundidos com Negro spirituals originais. A Sinfonia do Novo Mundo foi estreada em Nova York, em dezembro de 1893, pela Sociedade Filarmônica de Nova York sob regência do maestro húngaro Anton Seidl.

Marcelo Corrêa

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Orquestra Filarmônica Jovem de Boston - 2019 Primeiros Violinos Henry Ayanna Meriel Bizri Emily Chen Lizzy Joo Suwon Kim Joy Kuo Soulbin Lee Telden Lopes-Lotufo Victoria Pan Audrey Quinn Simeon Radev Kerby Roberson Amy Thacker Anderson Eli Willis Mitsuru Yonezaki Segundos Violinos Sophia Berry Clara Boberg Connie Cai Arayana Carr-Mal Rowan Gemma Brendan Ho Madeleine Kostant-Greeley Friedrich Liu Arthur Motoyama Greta Myatieva John Qiu Jonathan Rosenzweig Brian Son Hayoung Song Jinyung Suh Ilya Yudkovsky

Violas Roger Cawdette Eric Chen Jehan Diaz Nicholas Gallitano Lavinia Goessling Christina Lee Sanghoo Lee Julia Moss Ethan Shin Nathan Theodore Mira Williams Matthew Zhou Violoncelos Melanie Chen Katie Chuang Jonah Covell Tessa Devoe Zachary Fung Nathan Geurkink Andrew Kim Sungho Moon Mateo Vidali Eric Zaks Justin Zhou Contrabaixos Luis Celis David Cohen Will Figler Harrison Klein Evan Tsai Sarah Wager

Flautas Hannah Caris Hunter O’Brien Lauren Whitaker Flautins Hannah Caris Lauren Whitaker Oboés Thomas Juhasz Ryoei (Leo) Kawai Cameron Slaton Corne inglês Cameron Slaton Clarinetes Diego Bacigalupe Tristen Broadfoot Paul Mardy Tekla Nilsson Clarinete em mi bemol Diego Bacigalupe Fagotes Chia-Ying Alice Hsieh Nathan Muz Kai Rocke

Trompas Isabel Carton Maria D’Ambrosio Jonathan McGarry Paige McGrath Nick Rubenstein Trompetes Sarah Heimberg Ben Jones Mark Macha Daniel Venglar Trombones Samuel George Quinn McGillis Trombone baixo William Ronneburg Tuba David Stein Tímpanos e Percussão Chandler Beaugrand Gerson De La Rosa Cole FitzGibbons Robert Oldroyd Daniel Pooley

Contrafagote Nathan Muz

Regente: Benjamin Zander Diretor Executivo: Elisabeth Christensen Conselheiro Sênior: Mark Churchill Pianista Solista: Anna Fedorova Assistente de Benjamin Zander: Kens Lui Gerente/Supervisor de Montagem: Kristo Kondakci Videógrafo: David Jamrog Fotógrafo: Paul Marotta Redator: Jonathan Blumhofer Médico: Andrew Lan Supervisores: Kysha Bradshaw Derek Beckvold Robert Jordon Robert Oldroyd Deb Ramsay

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Anna Fedorova Anna Fedorova é uma das mais importantes jovens pianistas do mundo. Desde muito jovem, tem demonstrado natural maturidade e grande habilidade musical. Audiências em todo o mundo ficaram impressionados com a profundidade e o poder de sua musicalidade. Ela fez sua estreia na Het Concertgebouw, aos 16 anos, executando o Segundo Concerto para Piano, de Chopin, e desde então já se apresentou ali mais de 30 vezes. Além da Het Concertgebouw, apresentou-se em algumas das maiores salas de concerto da Europa, da América do Norte e do Sul, e da Ásia, incluindo, dentre elas, o Carnegie Hall, o Tonhalle de Zurique, o Palacio de Bellas Artes, o Teatro Colón, a Filarmonia de Varsóvia e o Bunka Kaikan de Tóquio. Ela também apresentou-se em inúmeros festivais internacionais de música, como o Festival de Verbier, o Festival de Ravinia, o Festival Rubinstein de Piano, o Festival Auvers sur Oise, o Festival Aurora, o Festival “Violon sur la Sable”, o Festival Orpheum de Música de Zurique, o Musikdorf Ernen e o Festival Chopin, em Antonin. Tendo em seu repertório uma extensa e formidável lista de concertos, Fedorova já solou com orquestras de todo o mundo, incluindo a Sinfônica de Dallas, Yomiuri Nippon Symphony, Filarmônica de Hong Kong, Orquestra Filarmônica de Buenos Aires, Orquestra de Câmara de Lausanne, Filarmônica da Holanda, Nordwestdeutsche Philharmonie e Orquesta Sinfonica Nacional do México. Dentre os maestros com quem Anna colaborou estão Jaap Van Zweden, Jun Markl, Olari Elts, Alun Francis, Howard Griffiths, Kevin Griffiths, Carlos Miguel Prieto e Martin Panteleev. Destaques recentes e futuros incluem estreias com a Philharmonia Orchestra de Londres, Orquestra Sinfônica de Bournemouth, Royal Philharmonic Orchestra, Ensemble Kanazawa e Orquestra Sinfônica de Kyoto. Seu primeiro CD solo de foi lançado em 2014 pela DiscAnnecY, e no mesmo ano a Piano Classics lançou sua gravação do Segundo Concerto de Rachmaninov. Em 2016, suas gravações do Terceiro Concerto de Rachmaninov e dos Quadros de uma Exposição de Mussorgsky foram lançadas pelo selo DRC. Em outubro de 2018, lançou um novo CD solo pela Channel Classics. Federova conquistou os principais prêmios em diversas competições internacionais de piano, incluindo o Concurso Internacional de Piano Rubinstein ‘In Memoriam’, o Concurso Internacional Frederick Chopin de Moscou para jovens pianistas, o Concurso Lyon de Piano e, recentemente, recebeu o Prêmio do Verbier Festival Academy. Ela também é duas vezes ganhadora do Prêmio Dorothy MacKenzie do International Keyboards Institute & Festival (Nova York, EUA). Nascida em Kiev em 1990, Fedorova é formada pela Escola de Música Lysenko, em Kiev, e estudou na prestigiada Accademia Pianistica di Imola, com o professor Leonid Margarius, e no Royal College of Music, com Norma Fisher. Ela também recebeu orientação artística de Alfred Brendel, Menahem Pressler e Andras Schiff.

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CONCERTOS

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Trio Nobile Anthony Flint,violino Johann S. Paetsch, cello ClĂŠlia Iruzun, piano

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13 de agosto - terça-feira - 20h30 Programa

LUDWIG VAN BEETHOVEN (1770-1827) Trio em dó menor op.1 nº3 Allegro com Brio Andante cantabile com variazoni Minueto: Quase allegro Finale: Prestissimo

MARLOS NOBRE (1939) Trio para piano, violino e violoncelo (1960) Animado Ternamente Muito vivo

ANTON ARENSKY (1861-1906) Trio para piano nº1, em ré menor op.32 Allegro moderato Scherzo. Allegro molto Elegia. Adagio Finale. Allegro non tropo

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Trio Nobile O Trio Nobile é formado por músicos experientes de diferentes partes do mundo. A pianista brasileira Clélia Iruzun, o violinista britânico Anthony Flint e o violoncelista estado-unidense Johann Sebastian Paetsch oferecem um repertório diversificado, incluindo as principais obras europeias e o repertório para trio composto nas Américas. Após uma turnê de grande sucesso no Brasil, em 2018, o Trio Nobile retorna ao Brasil este ano com um programa com trios de Beethoven, Arensky e Marlos Nobre, compositor brasileiro que completa 80 anos este ano.

Clélia Iruzun Clélia Iruzun é uma das mais importantes pianistas brasileiras. Estudou na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro e na Royal Academy of Music, em Londres. Ganhadora de prestigiosos prêmios no Brasil e em competições internacionais, como o Tunbridge Wells, no Reino Unido, e os de Santander e Zaragoza, na Espanha. Desenvolve uma extensa carreira internacional como solista, tendo se apresentado na Europa, nas Américas e na Ásia. Sua vasta discografia vem recebendo elogios da critica internacional e conta com um repertório vasto e variado de compositores latino-americanos, além dos Concertos para Piano e Orquestra de Mendelssohn.

Anthony Flint De ascendência russa e britânica, Anthony Flint estudou na Inglaterra, Canadá e na prestigiosa escola de música da Indiana University, nos Estados Unidos. Foi spalla de muitas orquestras na Alemanha, Brasil, Inglaterra, EUA, Canadá e Suíça, onde liderou a Orchestra della Svizzera Italiana por quase trinta anos. Também desenvolve ativa carreira como camerista, tendo se apresentado com músicos de renome, tais como Bruno Pasquier, Wen-Sinn Yang e Jean-Bernard Pommier. Atualmente é o primeiro violinista da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais.

Johann Sebastian Paetsch Nascido em Colorado Springs, nos Estados Unidos, em uma família de músicos, Johann Sebastian estudou na Butler University e na Universidade de Yale, onde obteve o Bacharelado em Música, seguido do Mestrado em Música. Estudou também na Musikhochschule Lübeck, onde recebeu seu “Konzertexamen”. Ganhou numerosos prêmios e realizou vários concertos na Europa, na América e no Japão, incluindo os concertos de Dvorak, Shostakovich, Prokofiev, Schumann, Tchaikovsky e Haydn, bem como o concerto duplo de Brahms, com sua irmã. Atualmente é violoncelista principal da Orchestra della Svizzera Italiana, em Lugano, na Suíça.

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Compositores e Obras Ludwig van Beethoven (1770-1827) partiu para Viena a fim de receber aulas de Mozart, mas tal fato nunca se concretizou, pois, ao saber que a mãe agonizava, voltou imediatamente para Bonn. Em 1791, Mozart faleceu e, no ano seguinte, Beethoven retornou à Viena para estudar com Joseph Haydn, então considerado o “maior compositor vivo”. As aulas duraram até 1794, quando Haydn partiu em viagem para a Inglaterra. Neste mesmo ano, Beethoven começou a compor o que seria sua primeira publicação importante: os Trios para piano op.1 dedicados ao Príncipe Carl von Lichnowsky. A publicação destas obras deu-se entre julho e agosto de 1795, véspera da chegada de Haydn que, então, para desapontamento do discípulo, desaconselhou a publicação do Trio nº3 em dó menor. Este fato marcou a relação volúvel entre Haydn e Beethoven que culminou na amarga confissão deste: “com ele nada aprendi”. Entretanto, em outubro de 1795, as recém-concluídas Sonatas para Piano op.2 foram tocadas na presença de Haydn – a quem foram dedicadas – e, em dezembro do mesmo ano, Beethoven apresentou seu 1º Concerto para piano sob a regência de seu professor. O compositor e maestro pernambucano Marlos Nobre (1939), festejado pelos oitenta anos de vida e sessenta anos de carreira, é vencedor de 25 prêmios internacionais de composição musical. Dentre eles, o Prêmio UNESCO (1974) e o Premio Tomás Luis de Victoria (2005), no qual foi considerado o maior compositor contemporâneo dos países íberoamericanos. A Nazaretiana para piano e o Trio para piano e cordas inauguraram com sucesso a carreira composicional de Marlos Nobre. O Trio ganhou o

1º Prêmio do Concurso Nacional Música e Músicos do Brasil, no Rio, com um júri formado por Francisco Mingnone, Camargo Guarnieri, Radamés Gnatalli. “Na época foi um estouro no Rio e no Brasil”, relembrou Marlos Nobre, “a crítica carioca me considerou, textualmente, ‘uma estrela de intensa luminosidade que aparece na música do Brasil como o legítimo sucessor de Villa-Lobos.’ O Trio é um resumo de tudo que eu adorava na época: Nazareth, o dodecafonismo, Ravel. Enfim, uma peça juvenil.” O compositor e pianista russo Anton Arensky (18611906) formou-se no Conservatório de São Petersburgo com medalha de ouro após apenas três anos de estudo. Com apenas 21 anos, tornou-se professor do Conservatório de Moscou, instituição na qual teve alunos brilhantes, como Alexander Scriabin, Sergei Rachmaninov e Alexander Gretchaninov. Enquanto ensinava em Moscou, Arensky recebeu o encorajamento e a amizade de Tchaikovsky, além de grande influência sobre seu estilo musical. O Trio para piano de Tchaikovsky, de 1882, “em memória de um grande artista” (no caso o pianista Nikolai Rubinstein) teve um forte impacto sobre Arensky, que decidiu fazer o mesmo: compor um trio “elegíaco” em homenagem a uma pessoa falecida. Em 1894, Arensky compôs seu Trio em ré menor e dedicou-o ao violoncelista Karl Davidov (1838-1889). Davidov, considerado o fundador da escola russa de violoncelo, foi diretor do Conservatório de São Petersburgo durante os estudos de Arensky. Isso explica o fato de que o violoncelo desempenha na obra um papel proeminente, tendo a maioria dos temas principais e muitas vezes sobrepuja o violino.

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CONCERTOS

Supergasbras Temporada 2019

Emmanuele Baldini violino

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Lilian Barretto piano

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17 de setembro - terรงa-feira - 20h30 Programa

CLARA SCHUMANN (1819-1896) 2 Romances Op.22

Andante molto Allegretto: Mit zartem Vortrage Leidenschaftlich schnell GABRIEL FAURร (1845-1924) Sonata em lรก maior, op.13

Allegro molto Andante Allegro vivo Allegro quasi presto HEITOR VILLA-LOBOS (1887-1959) O canto do cisne negro

ASTOR PIAZZOLLA (1921-1992) Libertango Adiรณs, Nonino

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Emmanuele Baldini Nasceu em Trieste, Itália, cercado pela música: seu pai, Lorenzo Baldini, foi um importante pianista e didata italiano; e sua mãe, Eletta Baldini, foi professora de teoria e solfejo no conservatório da sua cidade, além de ser também uma formidável pianista. Depois dos estudos em Trieste com Bruno Polli, Baldini se aperfeiçoou em Genebra com Corrado Romano, em Salisburgo e Berlim com Ruggiero Ricci, e mais recentemente na regência com Isaac Karabtchevsky e Frank Shipway. Desde sua adolescência ganhou inúmeros concursos internacionais, entre os quais se destacam o “Premier Prix de Virtuosité avec Distinction” em Genebra, o “Forum Junger Künstler” em Viena e mais dez concursos para solistas e grupos de câmara. Baldini tocou como solista e em duo pelo mundo inteiro, com cinco turnês no Japão, quatro nos EUA, uma na Austrália. Já se apresentou em todas as principais salas de concerto das capitais europeias, além da América latina, e principalmente no Brasil, que escolheu em 2005 como sua residência. Emmanuele Baldini mora em São Paulo com sua esposa Veroni e com sua filha Lavinia. Sua incansável curiosidade e paixão pela música fez Baldini ampliar seus horizontes, e depois de uma carreira notável como violinista (com mais de 20 CD gravados, quase 40 concertos diferentes em seu repertório e todas as sonatas mais importantes para violino), começou a se aperfeiçoar como regente, fundou o Quarteto Osesp (com os chefes de naipe da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, da qual é spalla), intensificou sua atividade didática e, com o violino, começou a explorar o precioso repertório brasileiro, em parte injustamente desconhecido. Dentre suas colaborações musicais constam artistas de fama mundial, como Maria-João Pires, Jean-Philippe Collard, Antonio Meneses, Fábio Zanon, Caio Pagano, Jean-Efflam Bavouzet, Ricardo Castro, Nicholas Angelich, entre outros. O saudoso Maestro Claudio Abbado, escreveu sobre Baldini: “Estou impressionado tanto pela sua profundidade musical quanto pelo nível técnico.” Na Itália, Baldini foi spalla da Orchestra del Teatro Comunale di Bologna, Orchestra del Teatro alla Scala di Milano, e a Orchestra del Teatro “Giuseppe Verdi” di Trieste, e desde 2005 é spalla titular da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP). Como convidado, foi spalla também da Orquestra Sinfônica da Galícia, na Espanha. Como regente, se destacam concertos no Teatro Colón de Buenos Aires, no Teatro del Sodre de Montevidéu, e apresentações com as principais orquestras da América latina. Desde 2017 é diretor musical da Orquestra de câmara de Valdivia, no Chile, começando assim um novo capítulo de sua atividade multifacetada.

Lílian Barreto Estudou no Brasil com Gilberto Tinetti, Glória Maria Fonseca Costa e Jacques Klein. No exterior, fez parte da classe do prof. Jan Ekier, na Escola Superior de Música de Varsóvia, Polônia. Foi vencedora de inúmeros Concursos Nacionais de Piano, entre eles, o Concurso Nacional de Piano da Bahia, no qual ganhou uma bolsa de estudos para estudar na Academia Chopin na Polônia. Recebeu do Ministério da Cultura da Polônia a Medalha de Ordem ao Mérito. Participou do Congresso de Mulheres Musicistas em Paris e, por dois anos consecutivos, realizou estágio de produção artística na Royal Opera House, em Londres. Além de sua carreira como solista e camerista, foi diretora da Sala Cecília Meireles durante 4 anos e do Theatro Municipal do Rio de Janeiro durante 17 anos. No Brasil, tocou sob a regência de Isaac Karabtchevsky, Simon Blech, David Machado, Júlio Medaglia, Roberto Duarte, Diogo Pacheco, Alceu Bocchino, Roberto Tibiriçá e muitos outros. Como camerista, realiza intensa atividade, tendo tocado com o Quarteto de Colônia, o tenor Aldo Baldin, o oboista Alex Klein, e o bandoneonista argentino Daniel Binelli, além dos duos permanentes com o violinista Paulo Bosísio e com a pianista Linda Bustani. Em 2001, foi jurada do Concurso Internacional de Piano Vianna da Motta, em Lisboa. Apresentou-se no Festival du Château de la Follie, Bélgica, no Festival Liszt de Grottamare, no Festival de Música de Rapallo, no Amiata Piano Festival, no Festival Les Nuits Pianistiques, em Marselha, França, tocando Mozart com a Orquestra Filarmônica de Baden-Baden, sob a regência do maestro Werner Stiefel, e no Musée Debussy em Saint-Germain-en-Laye, França. Gravou CDs com o tenor Aldo Baldin (Prelúdios e Canções de Amor de Cláudio Santoro e Vinicius de Moraes), gravado na Alemanha, com o bandoneonista Daniel Binelli (Piazzollando), e com o violinista Paulo Bosísio (Sonatas Românticas, gravado na Rádio Suisse Romande) e Francisco Mignone – a Integral da Obra Romântica. Gravou o DVD Ana Botafogo e Lílian Barretto em Três Momentos do Amor, ao vivo no Theatro Municipal do Rio de Janeiro em 2006. Desde 2009 é a diretora artística do Concurso Internacional BNDES de Piano do Rio de Janeiro.

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Compositores e Obras Na década de 1850, o casal Robert e Clara Schumann – acompanhados de cinco filhos – mudaram-se para Düsseldorf. Robert foi contratado como Diretor de Música da Orquestra Municipal daquela cidade, sendo o primeiro e único cargo público que ocupara em sua vida. Lá, os Schumanns viveram com certo conforto e Clara pode tocar piano sem incomodar o marido, que se trancava no sótão a fim de compor. A atmosfera promissora também inspirou Clara a compor, quebrando um hiato de sete anos. Em 1853, apresentaram-se aos Schumanns dois jovens músicos: o violinista Joseph Joachim e o compositor Johannes Brahms. Naquele ano, Clara escreveria os 3 Romances para violino e piano, dedicados a Joachim. Publicados em 1855, os Romances foram executados por Clara e Joachim para o rei Jorge V de Hanôver, primo da rainha Vitória, que comandava uma das cortes mais musicais da Alemanha. Um crítico os elogiou, declarando: “as três peças exibem personalidades distintas, traçadas de maneira verdadeiramente sincera e concebidas por uma mão delicada e perfumada.” A Sonata em lá maior op.13 é a primeira das duas sonatas para violino e piano compostas pelo compositor francês Gabriel Fauré (1845-1924). Com esta obra, concluída em 1876, Fauré inaugura uma nova fase para a música de câmara francesa. Dotada de originalidade e perfeição formal, Sonata para violino op.13 obteve calorosa recepção em seu début realizado em 1877 na capital francesa: “Nesta sonata”, escreveu Saint-Saëns pela ocasião da estreia, “você pode encontrar tudo para seduzir um gourmet: novas formas, excelentes modulações, tons incomuns e o uso de ritmos inesperados. Uma magia flutua acima de tudo, englobando todo o trabalho, fazendo com que a multidão de ouvintes habituais aceitem a audácia inimaginável como algo bastante normal.”

Nos primeiros anos como compositor, Heitor VillaLobos (1887-1959) dedicou-se largamente à música camerística escrevendo obras de nítida influência francesa, frutos de um Rio belle époque e da diligente dedicação de Villa-Lobos ao Cours de Composition Musicale de Vincent D’Indy. Em 1917, a produção de Villa-Lobos é intensa: além de música de câmara, ele compôs poemas sinfônicos, oratórios e bailados, a citar o bailado Naufrágio de Kleônicos. Este foi estreado em 1918 no Theatro Municipal do Rio de Janeiro com uma orquestra formada por 85 professores da instituição, regidos pelo compositor. A música, reflete influências da poética simbolista francesa – Mallarmé, Verlaine e Rimbaud – e do impressionismo musical de Debussy e Ravel. Parte final do Naufrágio de Kleônicos, O Canto do Cisne Negro foi transcrito pelo compositor para violino ou violoncelo e piano e estreada em 1940 no Museu de Arte Moderna de Nova York durante o Festival de Música Brasileira. Astor Piazzolla (1921-1992) foi o segundo maior bandoneonista da Argentina, precedido pela figura de seu mestre e amigo Anibal Troillo, o Pichuco, entre os tangueiros. “O tango é um pensamento triste que se baila”, disse Discépolo. Piazzolla vai além: “o tango nunca poderá ser alegre. Quando percebo que a plateia está chorando, fico contente”. Uma de suas obras mais famosas, Adiós Nonino, foi escrita em Nova York, no outubro de 1959, poucos dias após o falecimento de seu pai, Vicente “Nonino” Piazzolla. Libertango foi escrito em 1973, na Itália, país escolhido pelo compositor para viver durante o peronismo na Argentina. Pode-se dizer que Libertango reflete três liberdades: o autoexílio de Piazzolla, livre das restrições políticas e militares impostas aos argentinos; a libertação do tango do estilo tradicional e às possibilidades criativas dadas aos intérpretes dessa obra: “Libertango significa a liberdade que eu permito aos meus músicos. Seus limites são definidos unicamente pela extensão de suas próprias capacidades e não por qualquer limite externo”.

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CONCERTOS

Supergasbras Temporada 2019

Nelson Freire piano

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15 de outubro - terça-feira - 20h30 Programa

DOMENICO SCARLATTI (1685-1757) 2 Sonatas: Ré menor e Si menor

LUDWIG VAN BEETHOVEN (1770-1827) Sonata para piano em dó menor, op.10, nº1 Allegro molto e con brio Adagio molto Finale: Prestissimo

intervalo

ROBERT SCHUMANN (1810-1856) Cenas Infantis op.15

Países e povos estrangeiros História curiosa Corre-corre A criança que suplica Quase feliz Acontecimento importante Rêverie Junto ao fogo Sobre o cavalinho de pau A criança tem medo A criança dorme O poeta fala

FRÉDÉRIC CHOPIN (1810-1849)

Polonaise em dó sustenido menor, op.26 nº1

HEITOR VILLA-LOBOS (1887-1959) Lenda do Caboclo Polichinelo

LUIZ HENRIQUE LEVY (1861-1935) Rapsódia Brasileira

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Nelson Freire Na ausência das palavras, não há necessariamente o silêncio – apenas a certeza do imponderável. Essa parece ser a lição principal da arte do pianista brasileiro Nelson Freire. Avesso a entrevistas – e à tarefa de definir aquilo que no piano é natural e espontâneo – ele deixa escapar um sorriso maroto ao dizer que tem brigado com as palavras “desde sempre”. Mas sua linguagem sobre o palco, no entanto, é fluida e levou à formação de uma gramática própria, construída ao longo de mais de 50 anos de uma carreira que o levou aos principais palcos de todo o mundo. “Sou mineiro de alma, mas carioca de coração”, define Freire sobre sua infância. Ele nasceu em Boa Esperança, no interior de Minas Gerais, onde começou os estudos de piano com Nise Obino. Aos 5 anos, porém, mudou-se para o Rio e passou a receber orientações de Lúcia Branco, antes de, na adolescência, seguir em direção à Europa, para estudar com Bruno Seidlhofer em Viena. “O Rio me viu crescer em todos os sentidos, pessoais e profissionais e é ainda hoje a cidade para onde volto, minha casa”, diz. Foi também na cidade que o pianista conheceu uma das principais influências de sua carreira, Guiomar Novaes. “Ouvi-la sempre provocou em mim impacto – e surpresa. Ela jamais se repetia. A cada apresentação sua, tinha-se a sensação de que aquelas obras acabavam de ser compostas. Tudo o que fazia era tão convincente e natural que parecia impossível de ser de outra maneira.” Freire refere-se a Guiomar, mas poderia estar falando de si próprio. Nas últimas décadas, seus recitais – assim como a parceria com maestros como Kurt Masur, Riccardo Chailly, Charles Dutoit, Colin Davis, Lorin Maazel ou Pierre Boulez –, no palco e em gravações pra o selo Decca/Universal, tem sido recebidos com encanto por público e crítica. Seu registro dos concertos de Brahms, por exemplo, foi indicado ao Grammy e recebeu da revista inglesa “Gramophone” o prêmio de melhor disco do ano, “o Brahms que esperávamos ansiosamente”. Já o disco dedicado a Chopin recebeu o Diapason D’Or e vendeu, apenas no Brasil, mais de 40 mil cópias. Escrevendo sobre o álbum com obras de Debussy, o crítico João Marcos Coelho atribuiu ao pianista “plena forma física e uma total maturidade artística”, capaz de “revelar os segredos” do compositor francês. Para um artista que, há pouco tempo, via com desconfiança gravações em estúdio, seu legado discográfico é notável – e será aumentado em breve por um volume todo dedicado à música brasileira, com ênfase em Villa-Lobos e alguns de seus contemporâneos. Freire diz não gostar de fazer balanços. Mas a memória, quando ele está sobre o palco, é parte intrínseca da interpretação musical. É como se, a cada interpretação, um mosaico de lembranças, capazes de nos transportar a outras épocas, dialogasse com a certeza de uma abordagem sempre renovada. E entramos assim em um mundo particular, no qual fica clara a recusa do virtuosismo como meta, a exploração máxima dos coloridos sonoros, o gosto pelo detalhe e a capacidade de, ao mesmo tempo, não perder de vista a arquitetura das obras. Tudo isso ele nos oferece a cada oportunidade em que sobe ao palco. Até que, em certo momento é preciso reconhecer os limites da palavra. E celebrá-los através da música. João Luiz Sampaio

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Compositores e Obras Após atuar como músico na corte de Portugal, o compositor italiano Domenico Scarlatti (1685-1757) seguiu para a Espanha, onde passou o resto de sua vida. Lá, atuou mestre de música da princesa portuguesa Maria Bárbara – que havia se casado o herdeiro do trono espanhol. A maior parte das 555 sonatas que Scarlatti compôs foi dedicada àquela princesa de dotes musicais excepcionais. Em muitas delas, o compositor deixa transparecer a influência da música popular da Espanha, principalmente no que se refere ao estilo da guitarra espanhola. Em 1910, o musicólogo italiano Alessandro Longo publicou as Sonatas de Scarlatti agrupando-as em suítes de três peças, arbitrariamente, sem observância da cronologia. Em 1953, o cravista norteamericano Ralph Kirkpatrick publicou-as conservando a ordem cronológica e associando-as em pares – uma em tom menor e outra em tom maior – maneira na qual Scarlatti compôs a maior parte de suas Sonatas. Em Viena, provavelmente em 1796, o compositor alemão Ludwig van Beethoven (1770-1827) compôs sua 5ª Sonata para piano – opus 10 nº1 – publicando-a dois anos depois. Nesta obra, Beethoven parece ajustar sua liberdade criativa numa estrutura essencialmente rigorosa: a forma-sonata. Para confecção de sua 5ª Sonata, tomou Mozart como modelo, mais precisamente, a Sonata K457 – também em dó menor – composta pelo mestre austríaco em 1784. Na elaboração beethoveniana os contrastes são claramente maiores: onde a Sonata K457 de Mozart tem terminações naturais a de Beethoven tem suas frases terminando abruptamente, com pianíssimos e fortíssimos repentinos. A despeito disso, a criação de Beethoven é completamente autônoma e equilibrada. O Adagio quase pede para ser cantado, ao passo que o finale – Prestissimo – estruturado em forma-sonata, fica a meio caminho entre um ambiente sombrio e um espírito inventivo e jocoso. Após dois anos de diligente dedicação ao estudo do piano, o compositor alemão Robert Schumann (1810-1856) teve sua mão direita parcialmente paralisada. Incapaz de se consagrar à carreira de compositor-virtuose, confiou à Clara, filha de seu professor e sua futura esposa, a divulgação de seu trabalho. Mas isso não o impediu de erigir, em pouco mais de dez anos, uma monumental obra para piano repleta de um virtuosismo criativo, belo e dinâmico. Deste conjunto, surgem as Cenas Infantis, que possuem a característica de suas mais importantes

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criações: o encadeamento lógico de pequenas peças num ciclo organizado por dados extramusicais. Escrito em 1838, este ciclo, embora inspirado pela infância, não foi especificamente designado para ser executado por crianças ou jovens. Robert explicou para Clara: “talvez fosse um eco do que me dissera certa vez, que às vezes eu te parecia uma criança; de qualquer modo, subitamente tive uma inspiração e lancei ao papel cerca de trinta pequeninas coisas, das quais selecionei algumas e as chamei Cenas Infantis. Gostará delas, embora tenha de esquecer por algum tempo que é uma virtuose”. Frédéric Chopin (1810-1849) compôs 23 polonaises para piano: a primeira aos 7 e a última aos 36 anos. Uma de suas influências foi o compositor Michal Oginski, príncipe polonês responsável por enriquecer tal gênero e dotá-lo de elegância, fluidez e rica ornamentação: as polonaises, até então danças de salão, podiam, “sem perder o caráter nacional, mostrar o canto, a expressão, o gosto, o sentimento”, escreveu Oginski. A Polonaise op.26 nº1 possui duas características marcantes: a introdução impetuosa com o tema appassionato e a seção central – meno mosso – mais calma e noturnal. Nessa seção, Chopin abstêm-se do uso do ritmo da polonaise, processo que irá reproduzir somente em sua última obra do gênero: a Polonaise-Fantasia op.61. Franz Liszt (segundo relato de José Vianna da Motta) dizia que não era intenção de Chopin repetir o início da peça após a seção central, e que a falta de indicação “da capo” (do início) não é casual, nem deve ser acrescentada. Isso reforçaria o traço intimista da obra e corroboraria com a observação do pianista suíço Alfred Cortot, que considerava a op. 26 nº1 como representativa da alma de um polonês, e não ainda da alma de toda a Polônia. Lenda do Caboclo, composta em 1920, marca a transição estilística de Heitor Villa-Lobos (1887-1959) do impressionismo francês para a linguagem nacionalista. A peça foi estreada por seu dedicatário, o pianista Arthur Iberê Lemos, no dia 11 de junho de 1921. Dois dias depois, a versão orquestrada pelo autor (ainda não publicada) foi executada pela Orquestra do Teatro Municipal Rio de Janeiro. A peça, conjenturalmente, remete à lenda do Caboclo D’água, figura mítica que vive em uma gruta de ouro nas profundezas do rio São Francisco. Os pescadores, afim de evitar que o Caboclo D’água espante seus peixes ou vire suas embarcações, nelas colocam

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carrancas ou pintam estrelas. A obra inicia “com uma nota que vibra sobre o balancear dos acordes: nos lembra o canto da Juriti, pássaro ingênuo, cujo canto consta de somente uma nota emitida espaçadamente”, escreveu o pianista João de Souza Lima. A agitação, provocada pelo Caboclo D’água não chega a predominar, logo tudo volta à quietude e o canto da Juriti pouco a pouco desaparece, como um adeus. O Polichinelo, de Heitor Villa-Lobos, faz parte da Prole do Bebê nº1, de 1918, série que retrata os bonecos de um quarto de criança. A obra consagrou o compositor internacionalmente nas mãos do pianista Arthur Rubinstein, também responsável pela ida de Villa-Lobos a Paris. Rubinstein por cinquenta anos manteve O Polichinelo no repertório como um “bis” favorito. Para terminar a peça, acrescentava mais uma repetição e incluía um glissando: sua versão tornou-se praxe entre os pianistas.

Aos 17 anos, o compositor paulista Luiz Henrique Levy (1861-1935) visitou a Exposição Universal de Paris e se apresentou como pianista na famosa Sala Érard. Deste prodigioso feito se seguiram outros inúmeros, como concertos no Club Haydn, em São Paulo, ao lado do irmão mais moço, Alexandre. Enquanto os “meninos Levy” se destacavam ao piano, o pai, comerciante e editor, além de protetor de Carlos Gomes, administrava a Casa Levy, centro da “pianolatria” paulista. Luiz Levy, seguindo a tradição deixada pelo compositor húngaro Franz Liszt, compôs duas Rapsódias Brasileiras: a primeira, dedicada ao compositor Leopoldo Miguez, utiliza temas nacionais, como Xô, xô, xô araúna!, Canção do boiadeiro, Vem cá Bitu e Balaio, meu bem, balaio. A segunda Rapsódia, dedicada à pianista brasileira Guiomar Novaes – denominada “Lisztiana” – possui temas originais, porém claramente inspirados pelas Rapsódias Húngaras de Liszt.

Marcelo Corrêa

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Ministério da Cidadania apresenta

CONCERTOS

Supergasbras Temporada 2019

CONCERTOS

11 de junho

Simon Trpceski, piano

25 de junho

Boston Philharmonic Youth Orchestra

Supergasbras Temporada 2019

13 de agosto

Trio Nobile Anthony Flint, violino Johann Sebastian Paetsch, cello Clélia Iruzun, piano

Teatro do Centro Cultural Minas Tênis Clube

17 de setembro

Emmanuelle Baldini, violino Lílian Barreto, piano

15 do outubro

Nelson Freire, piano

Apoio

Patrocínio

Realização:

Direção artística: Celina Szrvinsk


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