O que faz bem para a alma faz bem para o corpo inteiro.
CULTURA O Instituto Unimed-BH apoia a realização dos Concertos Didáticos UFMG. Com a captação de recursos de pessoas físicas, o Programa Cultural Unimed-BH promove a dança, o teatro, a música instrumental e erudita, oferecendo ao público mineiro uma intensa programação cultural, gratuita ou a preços acessíveis. Para a Unimed-BH, é uma emoção comemorar 40 anos levando mais arte e alegria para todos.
Temporada 2011
12 março
Antônio Meneses cello Celina Szrvinsk piano
2 abril
Augusto Caruso tenor Robério Molinari piano
30 abril
Eduardo Hazan piano
21 maio
Adriana Clis mezzo soprano Gabriella Pace soprano Gilberto Tinetti piano
4 junho
Anna Malikova piano
2 julho
Agora Quatuor cordas
30 julho
Família Assad violões e canto
20 agosto
Eduardo Monteiro piano
10 setembro
Idomeneo Quartet cordas
22 outubro
Fernando Araújo Flávio BarbeitaS duo de violões
Queridos amigos, Sejam bem-vindos! Com renovado entusiasmo abrimos a 11ª edição dos “Concertos Didáticos UFMG” que, dando início à sua segunda década de atividades, traz a sempre honrosa presença de Antônio Meneses, no dia 12 de março. Apoiados pelo Instituto Unimed BH e a Leme Engenharia, empresas às quais desde já agradecemos pela possibilidade de assistir aos dez concertos da Temporada 2011, temos a certeza de mais um ano de sucesso. A série “Concertos Didáticos UFMG”, a primeira em Minas Gerais e uma das pioneiras no país a vender assinaturas anuais, vem se destacando como excelente opção cultural da nossa capital e uma das principais séries de música de câmara no Brasil. Estamos conscientes da importância de construir horizontes, pois como disse Fernando Pessoa, “o homem é do tamanho do seu sonho”. Compõem a Temporada 2011 artistas de alto nível, nomes consagrados como Anna Malikova, Eduardo Hazan e Família Assad, ao lado de grandes promessas, jovens que despontam no cenário internacional, como os integrantes dos quartetos de cordas Agora e Idomeneo. Esperando encontrá-los durante todo o ano, desejamo-lhes mágicos momentos sonoros, que correspondam aos mais elevados anseios. Nossa melhor recompensa é contarmos com a sua presença. Celina Szrvinsk Diretora Artística dos “concertos didáticos ufmg”
12 de março - sábado - 18 horas
M A X b r u C H (1838-1920) Quatro Peças op. 70 aria Finnländisch tanz (Schwedisch) Schottisch MAnuel de FAllA (1876-1946) Suite Popular Espanhola el Paño Moruno Nana canción Polo asturiana Jota j. guerrA viCente (1907-1976) Cenas Cariocas Valsa Seresteira cantiga choro dMitri sCHostAkoWitsCH (1906-1975) Sonata para violoncelo e piano op.40 allegro non troppo allegro largo allegro
ANTÔNIo MENESES cello CELINA SZrVINSK piano
Graças ao Concerto nº1 para violino, o nome do compositor e maestro judeu de origem alemã M a x B r u c h não caiu em cruel esquecimento. Ele próprio reclamava: “a cada catorze dias aparece um querendo tocar o primeiro concerto [...] por acaso só escrevi esse concerto?” Poucos experts apaixonados conhecem os outros dois concertos para violino, mas raros são os que já escutaram alguma das três sinfonias, óperas, corais ou cantatas deste proeminente autor do romantismo musical alemão. É verdade que Bruch dedicou-se inteiramente à composição somente na maturidade.
É o caso das Quatro Peças op.70, compostas em 1896. No entanto, foi seu filho, Felix, quem escreveu a Aria que introduz as três danças de influência folclórica: finlandesa, sueca e escocesa. Max Bruch tinha intenção de orquestrar as peças, mas o contrato acordado com o editor Simrock referia-se ao acompanhamento de piano. As Quatro Peças foram dedicadas ao violoncelista Robert Hausmann, a quem também foi dedicado o Kol Nidrei, a mais bela e meditativa das várias obras concertantes que Bruch escreveu para violoncelo e orquestra.
Compositores das mais variadas épocas, países e estilos sucumbiram aos encantos da rica cultura musical folclórica da Espanha. A força do cante jondo, a alegria das castanholas, os contos ciganos seduzem os autores, mas, como uma Carmem ciumenta, muitas vezes esta arte marcante impede um horizonte mais amplo e menos previsível aos seus enamorados. M a n u e l d e Fa l l a fugiu do “folclorismo de cartão-postal” e por isso é figura à parte da romantizada Escola Nacional
Espanhola. A fineza de sua escrita está presente na série de arranjos para canto e piano intitulado Siete Canciones Populares Españolas, de 1914, na qual percorre diversas províncias - Andaluzia (El Paño Moruno, Nana), Múrcia (Seguidilla Murciana), Aragão (Jota), Astúrias (Asturiana) - e a tradição cigano-flamenca (Polo). Paul Kochanski, violinista e amigo de Falla, inaugurou a prática de se transcrever as canções, retirar a Seguidilla e rebatizar a obra de Suite.
Nome estranhamente ausente dos livros de história da música brasileira é o de J o s é G u e r r a V i c e n t e . Ter nascido em Almofala, Portugal, não justifica o fato, pois aos onze anos veio para o Brasil e naturalizou-se brasileiro. Compositor e violoncelista, estudou também regência com Francisco Mignone na Escola Nacional de Música. Foi violoncelista da Orquestra Sinfônica do Teatro
Municipal do Rio de Janeiro e da Orquestra Sinfônica Brasileira, além de professor do Instituto Villa-Lobos. Em 1960, sua Sinfonia nº3 Brasília obteve 1º lugar no Concurso da Rádio MEC, ombreando os concorrentes Guerra-Peixe e Cláudio Santoro. No ano seguinte dedicou-se à música de câmara, escrevendo as suburbanas Cenas Cariocas, três retratos nostálgicos de um Rio que já passou.
Exímio pianista, Dm i t r i S h o s ta k o v i c h começou a compor aos 14 anos e logo despertou o interesse dos principais músicos soviéticos. Seu desenvolvimento criativo, porém, foi profundamente determinado pelos políticos soviéticos. Assim como Mussorgski, defendia uma música cuja mensagem deve ser tão direta quanto possível. Mas seus ideais, estranhos ao realismo soviético, resultaram em conflito com autoridades russas que controlaram suas obras até 1953, ano da misteriosa morte de Stálin. Ao contrário de outros artistas patrícios, Shostakovich teve a coragem de não se exilar e suportou as consequências pós-revolucionárias de 1917. Chegou a ser preso por recusar-se a assinar uma lista contra o povo de
Israel formulada pelo Comitê Central do Partido Comunista, lista que outros intelectuais russos assinaram sob forte coação. A Sonata para violoncelo e piano op. 40 foi composta em 1934 sob encomenda do amigo violoncelista Victor Kubatski, que realizou a estréia com o compositor ao piano em dezembro do mesmo ano. A obra inicia-se serenamente, com melodia de ascendência tchaikoviskiana conduzindo à seção central, mais animada, prenunciando o scherzoso, segundo movimento. O terceiro movimento é uma grande meditação lírica confiada ao violoncelo. A obra encerra com um allegro sarcástico, grotesco e brincalhão, como quem camufla dos senhores da guerra a audácia de seu espírito iconoclasta. Marcelo Corrêa
Antônio Meneses figura entre os mais destacados músicos do cenário internacional. Foi detentor dos primeiros prêmios mais cobiçados do mundo: os dos concursos ARD de Munique (1977) e Tchaikovsky de Moscou (1982). Solista das maiores orquestras internacionais e presença requisitada nos festivais de música mais importantes, integrou ainda o legendário Beaux Arts Trio. Este ano retorna como jurado ao 14º Concurso Tchaikovsky de Moscou. Em meio à sua atribulada agenda internacional, Antônio Meneses dedica-se entusiasticamente à divulgação dos compositores brasileiros, inclusive dos contemporâneos – Meneses já encomendou, estreou e gravou diversas obras brasileiras – e incentiva o desenvolvimento da carreira de vários jovens promissores Celina Szrvinsk, pianista, professora da UFMG, é ainda organizadora de projetos musicais há 20 anos. Já assinou a produção de seis CDs, em quatro deles atuando também como intérprete. Para 2011 estão previstos mais dois lançamentos. É frequentemente convidada como jurada de concursos internacionais e desenvolve intenso trabalho de divulgação da música brasileira e de jovens músicos nacionais e internacionais. Seu duo pianístico com Miguel Rosselini é reconhecido como um dos mais destacados do país, com atuações nas principais salas e teatros brasileiros. O duo Meneses e Szrvinsk estreou em 2006 no Conservatório UFMG, tendo-se, em seguida, apresentado no Festival de Campos do Jordão e Sala Cecília Meireles. O sucesso alcançado levou-os a outros importantes festivais de música, salas e teatros brasileiros, como a MIMO - Mostra Internacional de Olinda, Série CPFL Cultura em Campinas e São Paulo, Teatro Maksoud Plaza, Palácio das Artes, Teatro Goiânia, Belém, Maringá, dentre outros. No exterior apresentaram-se na Itália, Colômbia, Equador e Nova Iorque. Gravaram em Londres o CD “Soirées Internationales” e preparam outra gravação dedicada a compositores brasileiros. “Celina é um dos melhores nomes dos concertos de câmara que conheço.” (Antônio Meneses - Jornal “Hoje em Dia” em 13/12/2008) Antônio Meneses e Celina Szrvinsk interpretaram obras de Schumann, Martinu, Edino Krieger e Schostakovich. Quatro compositores, quatro universos diferentes - a mesma preocupação com detalhes, sutilezas de um programa tecnicamente complicadíssimo que, nas mãos de Meneses e Celina, se transformou em um passeio pelas possibilidades expressivas da música...” “... Concertos assim valem por um montão...” (João Luiz Sampaio - Estado de São Paulo – julho/2006) “Seiscentas pessoas se emocionaram com o concerto do violoncelista pernambucano Antonio Meneses e da pianista goiana Celina Szrvinsk nesta quinta-feira dentro da Igreja da Sé... O talento e a técnica dos músicos aliada à escolha primorosa do repertório não deixaram crianças, jovens e idosos, de diferentes classes sociais, desgrudarem os olhos, os ouvidos e a alma desse concerto. Os calorosos aplausos do público fizeram Meneses e Celina voltarem para mais dois bis, aquecendo a noite que começou chuvosa e terminou cheia de estrelas.” (Lívia Deodato - Estado de São Paulo - 07/09/2007) “Meneses e Szrvinsk hipnotizaram o público de Maringá como poucas vezes foi visto. Comentar a respeito da técnica dos músicos seria ingenuidade. Artistas consumados como Meneses e Szrvinsk são perfeitos na técnica. Não são mais músicos que lidam com a matéria, mas com o espírito. Trata-se de artistas superiores que se entregam totalmente ao poder transformador da Música. (Flávio Apro- O Diário do Norte do Paraná - 23/09/2009)
Franz Liszt
2 de abril - sábado - 18 horas
“Vom Leben und Tod” Homenagem aos 200 anos de nascimento de Franz Liszt e 100 anos de morte de Gustav Mahler g u s tAv M A H l e r (1860-1911) Lieder eines fahrenden Gesellen Wenn mein Schatz Hochzeit macht Ging heut’ Morgen über’s Feld ich hab‘ ein glühend Messer Die zwei blauen Augen von meinem Schatz F r A n z l i s z t (1811-1886) o lieb, o lieb so lang du lieben kannst Es muß ein Wundabares sein Es rauschen die Winde Un sonetto di Petrarca - Pace non trovo INTErVALo
F r A n z l i s z t (1811-1886) Vallée D’obermann, do 1º Ano de Peregrinações - Suíça g u s tAv M A H l e r (1860-1911) rückertlieder liebst du um Schönheit… Blicke mir nicht in die lieder. ich atmet‘ einen linden duft. Um Mitternacht. ich bin der Welt abhanden gekommen
AUGUSTo CArUSo tenor roBÉrIo MoLINArI piano
O fato de F r a n z L i s z t não ter se interessado em criar obras de câmara de envergadura, como o fizeram Schubert, Schumann, Brahms e mesmo Chopin, contribuiu para sua imagem de autor bombástico e sem profundidade. Pois é na pequena formação instrumental - quarteto de cordas, trio com piano e outras - que a retórica e a estrutura da música pura, abstrata ou não-programática atinge seu maior grau e o público mergulha no diálogo dos sons e timbres. Liszt preferiu o piano e a grande orquestra, para os quais escreveu uma extensa obra ainda desconhecida do grande público. Em seus últimos anos de vida, Liszt adaptou Vallé D’Obermann do ciclo para piano Anos de
Peregrinação I (Suíça) para trio (violino, violoncelo e piano), mas isto é só uma curiosidade. A produção vocal de Liszt compreende aproximadamente 80 canções escritas sobre poemas em seis diferentes idiomas. Muitas existem na forma de piano solo também, como é o caso de Pace non Trovo, o primeiro dos três Sonetos de Petrarca musicados em 1838, transcritos no ano seguinte para piano solo e incluídos em 1850 no ciclo Anos de Peregrinação II (Itália). O tratamento expressivo e vocalmente operístico dado aos três Sonetti os mantiveram no repertório de grandes tenores, como José Carreras e Pavarotti.
Assim como Liszt, o compositor boêmio-austríaco G u s tav M a h l e r não compôs música de câmara - seu único quarteto com piano ficou inacabado. Também como Liszt, Mahler realizava a “orquestração de câmara”, ou seja, utilização sistemática de solistas ou grupos solistas em grandes peças para grande orquestra. Mahler levou isto a extremos como ocorre em sua grandiosa Sinfonia nº8, quando poucos solistas tocam num grupo de mil executantes. Nesta sinfonia, baseada na história de Fausto e com coro e solistas, tal como a Sinfonia Fausto de Liszt, verificamos que Mahler como Liszt também cria sinfonias temáticas, influenciadas pela literatura. Suas sinfonias 5, 6 e 7 são chamadas de sinfonias Rückert, porque foram compostas sob influência dos poemas de Rückert, musicados em 1901. O ciclo Rückert-Lieder - canções sobre poemas Rückert - e o ciclo
Lieder eines fahrenden Gesellen - “Canções de um viajante”, sobre textos do próprio Mahler - existem nas versões para canto e piano ou canto e acompanhamento orquestral. Seu primeiro ciclo, do “Viajante”, é inspirado em toda a vasta iconografia e literatura romântica alemã relacionada à figura do homem errante, seus sofrimentos e o solilóquio com a natureza. Surgiu do infeliz rompimento com a cantora Johanna Richter, que recusou a proposta de casamento feita por Mahler em novembro de 1884. Em uma de suas últimas grandes obras, A Canção da Terra, Mahler incluiu o trecho de um poema que escrevera para Johanna em dezembro de 1884: “Os homens cansados encaminham-se para casa, para, no sono, recuperar a felicidade esquecida e a juventude.” Uma intervenção simbólica e nostálgica do viajante amargurado que era ele mesmo. Marcelo Corrêa
Nascido no Rio de Janeiro, o tenor Augusto Caruso descende de família italiana. Estudou no Conservatório Brasileiro de Música, onde graduou-se na classe da profª Graziela de Salerno. Obteve o 1° lugar no Concurso Carmen Gomes-RJ e 2° lugar no Concurso Villa-Lobos-ES. Participou de vários master-classes com importantes cantores. No Teatro Municipal do Rio de Janeiro e Teatro Municipal de São Paulo estreou com a ópera Sansão e Dalila de Saint-Saëns, sob a regência do maestro Isaac Karabtchevsky. Nessa época atuou ao lado de Placido Domingo, Fiorenza Cosotto e Carlo Bergonzi. Desde 1991, está radicado em Linz, na Áustria, onde concluiu seus estudos de técnica vocal com Althea Bridges e repertório lírico com Harmut Hudezeck. Ainda em Linz começou sua carreira solista como integrante do corpo coral estável do Teatro da Cidade de Linz. Em 2000, participou da ópera La Fanciulla del West, de Puccini, no Teatro Communale de Firenze. Desde então tem participado de numerosos concertos na China, apresentando-se nas Óperas de Shangai e Pequim. Realiza também tournées pelas cidades mais importantes do Japão e da América do Sul. Em 2003 atuou no Festival Amazônia de Ópera, tendo retornado em 2005, para a realização da primeira Tetralogia Wagneriana completa no Brasil, sob a direção de Luis Fernando Malheiro. No ano seguinte, apresentou-se sob a regência de Silvio Barbato no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, cantando Monostatos em A Flauta Mágica, de Mozart.Dedica-se intensamente à difusão da música brasileira. Em 2010 realizou Ciclo de Concertos de Câmera de compositores brasileiros na Áustria, Itália, Alemanha e Hungria. Seu vasto repertório inclui óperas de Mozart (Flauta Mágica, O Rei do Egito), Strauss (OMorcego), Saint-Saëns (Sansão e Dalila) além de Verdi, Puccini, Wagner, Smetana, Tchaikovsky, Weber, missas de Dvorák, Franck, a 9ª Sinfonia de Beethoven e várias óperas contemporâneas, como The Fall of the House of Uscher de Philip Glass e a Cantata The Witness de Swanee Hunt. Paralelamente à vida artística, é professor de técnica vocal e atua como assistente de Althea Bridges, em Viena. Nascido em 1964 no Rio de Janeiro, Robério Molinari cedo iniciou os estudos musicais. Graduou-se em Piano no Conservatório Brasileiro de Música em 1985. Estudou Técnica e Interpretação com Sônia Maria Vieira e Homero de Magalhães. Em 1988 ingressou no Curso de Mestrado em Música da Escola de Música da UFRJ, sob a orientação de Heitor Alimonda. Detentor de 24 prêmios em Concursos de Piano e Concursos Públicos de Música e vários prêmios especiais de Revelação, Melhor Intérprete de Música Moderna, Melhor Pianista Acompanhador e duas vezes Melhor Intérprete de Música Brasileira. Realizou vários recitais e concertos em importantes salas e teatros como: o Teatro Municipal de Niterói, Sala Arnaldo Estrella de Juiz de Fora, Sala Cecília Meirelles, no Grande Teatro do Palácio das Artes de Belo Horizonte, Salão Leopoldo Miguez (RJ), Sala Guiomar Novaes (RJ), Teatro Municipal do Rio de Janeiro, entre outros. Realizou 64 gravações em áudio e vídeo (inclusive ao vivo para a TV), dentre eles os CDs Canto das Américas, Sete Cidades, Uma Viagem no Tempo e 8 participações com o Quarteto MinaSax, Coral Sesiminas, Renato Motha, Quarteto Carajazz. Em DVD com o Quinteto Horizontes, Coral Sesiminas, Sylvia Klein e Stephen Bronk, ópera La Serva e L’Ussero, ópera O Homem que Confundiu sua Mulher com um Chapéu, Coral sem Fronteiras (como regente). Foi professor de Percepção Musical do Coral da ASSEFAZ e professor de Piano da Escola de Música da UFMG. Criou os Cursos Audiovisual de Apreciação Musical e Preparatório de Percepção Musical para o CEFAR, UEMG e UFMG e o Curso de Editoração Eletrônica de Partituras no Computador. Foi regente titular do Coral da AABB, do Madrigal Vox, da Orquestra Sem Fronteiras e do Grupo Instrumental da Escola de Música da UEMG Indeceto. Atualmente rege o Coral Sem Fronteiras e integra o Bacamarte do Rio de Janeiro, o Quinteto Horizontes e o Quarteto Carajazz de Belo Horizonte. Acompanha regularmente cantores e instrumentistas de renome como Maria Lúcia Godoy, Sylvia Klein, Rita Medeiros, Elizeth Gomes e Marcelo Coutinho e os seguintes corais: Lírico de Minas Gerais, Ars Cantorum, Cantares de Santa Bárbara, Amagis, Copasa, Usiminas, Fundação Acesita, entre outros. Tem sido constantemente requisitado como pianista pelas Orquestras Sinfônica e Filarmônica de Minas Gerais e também pelo Palácio das Artes na preparação dos solistas de óperas e oratórios. Atualmente é professor de Piano e Música de Câmera da Escola de Música da UEMG e professor de Apreciação Musical do Centro de Formação Artística – CEFAR.
30 de abril - sábado - 18 horas
j o H A n n s e b A s t i A n b A C H (1685-1750) Partita nº1 em Si bemol maior, BWV825 Praeludium allemande corrente Sarabande Menuet i-ii Gigue W o l F g A n g A M A d e u s M o z A r t (1756-1791) Sonata em dó maior, K330 allegro moderato andante cantabile Allegretto M o d e s t M u s s o r g s k y (1839-1881) Quadros de uma Exposição
EDUArDo HAZAN piano
Membro mais célebre de uma família que durante seis séculos produziu músicos eminentes, J o h a nn S e b a s t i a n B a c h foi não só o último grande representante da era barroca, mas o mais genial compositor da história da música ocidental. Sintetizou três séculos de criação musical, utilizando-se de formas e estilos existentes e elevando-os a um nível artístico superior, além de, através de gênio e intuição, indicar o caminho que a música viria a percorrer nos séculos posteriores. Dentre milhares de obras vocais e instrumentais de todos os gêneros, deixou-nos extensa lista de composições para instrumentos de teclado, da qual fazem parte três grupos de seis suítes: as francesas, as inglesas e as Há trezentos anos, Bartolomeu Cristofori inventou o piano. Muzio Clementi e Wolfgang Amadeus Mozart foram os primeiros a adotar o novo instrumento com composições exclusivas e inovadoras. Em 1777, Mozart impressionou-se ao tocar num piano Stein e, em 1782, quando escreveu a Sonata K330, já havia se decidido pelo novo instrumento em substituição ao cravo. Provavelmente as viagens a Mannheim e a Paris ocorridas neste período foram-lhe determinantes. Em Mannheim, Mozart teve contato com novo estilo orquestral, advindo A morte do amigo, o famoso pintor e arquiteto Victor Hartmann, em 1873, afetou profundamente o compositor russo M o d e s t M u ss o r gsk y . No ano seguinte, após visitar uma exposição dedicada a Hartmann, Mussorgsky criou desenhos musicais numa concepção inédita: retratou a si próprio como o visitante da exposição, detendo-se diante de cada quadro, entremeando os momentos de apreciação com pequenos passeios ou “promenades”. Representou a si mesmo com uma marcante melodia, mutável a cada apresentação impressão e elemento unificador da obra. O tema reaparece no trecho Catacumbas e em A Grande Porta de Kiev, que encerra magistralmente o ciclo. Uma nota de Mussorgsky acima do manuscrito de Catacumbas diz: “con mortuis in lingua mortua: a alma criadora de Hartmann morto me conduz aos mortos e os invoca...” A orquestração dos Quadros de uma Exposição por Maurice Ravel, em 1929, contribuiu de forma notável para a sua celebridade. O prefácio da edição original para piano continha o seguinte programa escrito por Vladimir Stassov, a quem Mussorgsky dedicou a obra: Promenade Gnomo: Quadro que descreve um pequeno gnomo desajeitado e de pernas tortas. Promenade Il vecchio Castello: Castelo medieval diante do qual canta um trovador.
alemãs, ou Partitas. O termo suíte, ou “seguinte”, surgiu da música renascentista para alaúde, instrumento de difícil afinação no qual, uma vez afinado, preferia-se executar em sequência peças de mesma tonalidade. Cada uma das Suítes de Bach inicia-se com um Prelúdio, seguido por três movimentos estilizados de dança da seqüência clássica do gênero: Allemande, Corrente e Sarabanda. Para o quinto movimento, Bach valeu-se de três tipos de dança - Menueto, Bourrée ou Gavota - pertencentes ao grande acervo de formas de dança galante que enriqueceu a suíte barroca do final do século XVII. Bach sempre finaliza com a Giga a sequência da suíte tradicional. da melhora da fabricação e execução dos instrumentos de cordas, repleto de contrastes de dinâmica - somente possíveis no piano - e rápidas escalas e arpejos ascendentes, conhecidos como “foguetes”, recursos presentes na Sonata K330. Se em Mannhein foram as cordas, em Paris foram os instrumentos de sopro, principalmente a execução das madeiras - clarineta, flauta, oboé e fagote, que convenceram Mozart a dar-lhes mais atenção. O caráter sinfônico, o virtuosismo concertante e certo humor operístico permeiam esta luminosa pérola pianística.
Promenade Tuileries, disput d’enfants aprés jeux: Uma avenida do jardim das Tulherias, repleta de crianças e suas amas. Bydlo: Carro de bois polonês, de enormes rodas. Promenade Ballet dos Pintinhos em suas cascas: Desenho de Hartmann para o cenário de uma pitoresca cena do bailado Trilby. Samuel Goldenberg e Schmulye: Dois judeus poloneses, um rico e outro pobre. Promenade Limoges. Le Marché: Mulheres que brigam violentamente no mercado. Catacumbas: Hartmann representou a si próprio examinando as catacumbas à luz de uma lanterna. A cabana sustentada por pés de galinha: No desenho de Hartmann, aparece um relógio com a forma da cabana de Baba-Yaga sustentado por pés de galinha. Em sua música, Mussorgsky acrescentou o vôo de Baba-Yaga em seu pilão. A grande porta de Kiev: O quadro de Hartmann reproduz um projeto arquitetônico para a porta da cidade de Kiev, no pesado estilo russo antigo, com uma cúpula semelhante a um capacete eslavo.
Marcelo Corrêa
EDUARDO HAZAN nasceu em Santos e estudou no Brasil, Áustria, França e Estados Unidos. Diplomou-se pela Academia de Música de Viena com nota máxima por unanimidade. Em 1976 obteve o mestrado na Universidade de Indiana quando recebeu o “Performers Certificate“ raramente outorgado. Além de atuar em várias cidades brasileiras, apresentou-se na Áustria, Inglaterra, França, Espanha e Portugal. Enviado pelo Itamaraty atuou também em vários países sul americanos. Premiado em três concursos internacionais, dos quais: Marguerite Long Thibaud (Paris-1963), Vianna da Motta (Lisboa-1964), Concurso Internacional do Rio de Janeiro (1965). Entusiasta da música de câmera divide suas atividades de concertista com as de professor. Foi um dos professores fundadores da Fundação de Educação Artística de Belo Horizonte e lecionou por 20 anos na Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais, tendo em sua carreira dezenas de alunos brilhantes, muitos dos quais se tornaram excelentes pedagogos. Gravou 6 discos, sendo um deles em duo com o flautista Andersen Viana tocando MPB. Publicou o trabalho “O piano, alguns problemas e possíveis soluções” e escreveu outro livro ainda não editado.
G u s tav M ah l e r
21 de maio - sábado - 18 horas “Duetos e Canções” r o b e r t s C H u M A n n (1810-1856) Wenn ich ein Vöglein wär (poeta desconhecido) Bedeckt mich mit Blumen (Emanuel Geibel) Schön Blümelein (robert reinick) Liebesgram (traduzido do espanhol por Emanuel Geibel) g u s tAv M A H l e r (1860-1911) Ich bin der Welt abhanden gekommen (rückert) Das irdische Leben (Des Knaben Wunderhorn) H u g o W o l F (1860-1903) Verborgenheit (Mörike) Er ist’s (Mörike) INTErVALo
e r n e s t C H A u s s o n (1855-1899) La Nuit (Th. de Banville) réveil (H. de Balzac) F r A n C i s P o u l e n C (1899-1963) C. (Louis Aragon) Les chemins de l’amour (Jean Anouilh) C’est ainsi que tu es (Louise de Vilmorin) Voyage à Paris (Apollinaire) e d M u n d o v i l l A n i -C ôr t e s (1930) Canção de Carolina (Júlio Bellodi) Casulo (Júlio Bellodi) WA l d e M A r H e n r i Q u e (1905-1995) Uirapuru (Canção Amazônica) Hei de seguir teus passos (Maracatu) ADrIANA CLIS mezzo soprano GABrIELLA PACE soprano GILBErTo TINETTI piano
Segundo Santo Agostinho “quando as palavras não bastam, o homem canta” e “quem canta, reza duas vezes.” Em 1840, o piano de R o b e r t S c h u m a nn já não bastava para expressar toda a felicidade de ter se casado com a jovem Clara Wieck. Nas 168 canções daquele Liederjahr, ou “ano das canções”, Schumann soube rezar em música cada palavra dos poemas que o inspiraram. As canções Wenn ich ein Vöglein wär (Quando eu era um passarinho) e Schön Blümelein (Bela florzinha) fazem parte do conjunto de Três canções a duas vozes op. 43. Já
Liebesgram (Amor descontente) e Bedeckt mich mit Blumen (Cubra-me de flores) pertencem aos Livros de Canções Espanholas, op.74 e op.138 respectivamente. Os textos em espanhol destas canções foram traduzidos para o alemão por Emanuel Geibel. O primeiro é do poeta renascentista espanhol Cristóbal de Castillejo e o segundo é originalmente português: é a tradução de um poema de Sóror Maria do Céo, uma das melhores poetisas do barroco português, possuidora de um vasto conhecimento, algo restrito a poucas mulheres, na época.
Nas 44 canções que compôs, G u s tav M a h l e r criou um mundo mágico repleto de apelos de trompas de caça, de ecos de bandas militares e de canções infantis, em que misturam-se o sublime e o vulgar, o belo e o grotesco. Estes contrastes, portanto, são em menor grau nas canções inspiradas pelos melancólicos poemas de Rückert e em maior grau em Des
Knaben Wunderhorn (A trompa mágica da juventude), uma antologia de poesias do populário alemão que proveram letras para nada menos que 24 canções de Mahler. Além das fantasiosas canções, as Segunda, Terceira e Quarta Sinfonias também se relacionam à musicalização desses poemas e são conhecidas como Sinfonias Wunderhorn.
Eduard Friedrich Mörike não foi apenas um dos grandes poetas alemães, mas um escritor que inspirou profundamente Schumann, Brahms e, especialmente, o compositor austro-esloveno Hugo Wolf. Admirado por Liszt e obcecado por Wagner, Wolf era anti-acadêmico
e desprezava a música de Brahms, oposta aos ideais da escola vanguardista wagneriana. Ironicamente, Verborgenheit (Isolamento), tida por Wolf como obra menor, e Er ist’s (É ele), são duas de suas canções mais conhecidas e mais próximas do idioma brahmsiano.
O compositor parisiense Ernest Chausson foi amigo de Debussy e discípulo de César Franck. A partir do contato com estes mestres, compreendemos que sua obra musical, advinda da veneração a Wagner, foi filtrada pela suavidade tímbrica da recente tradição fran-
cesa. Tudo que compôs, até sua morte prematura e trágica, causada por um acidente de bicicleta, aos 44 anos, pactua encanto lírico e virtuosismo sofisticado. Em 1883, compôs seus únicos duetos vocais: La Nuit (A noite) e Réveil (Despertar), que formam o Deux Duos op.11.
Em junho de 1940, quando Hitler invadiu Paris, ficou tão atordoado com a beleza daquela cidade que decidiu mantê-la intacta e transformar Berlim em algo que a superasse. A presença incomodamente pacífica dos alemães propiciou o fortalecimento da resistência francesa, da qual fazia parte o poeta surrealista Louis Aragon. Francis Poulenc publicou anonimamente e clandestinamente duas canções sobre poemas de Aragon.
A canção “C” sobre o poema Eu atravessei a Ponte de C possui todas as frases terminadas em ce ou se. C refere-se às Pontes César na região de Angiers, onde os gauleses foram derrotados pelos romanos meio século a.C e onde novamente o exército alemão derrotou o francês. As outras canções não só fazem parte da música de protesto, mas também são adequadas ao clima dos cabarés, ponto de encontro predileto dos intelectuais da resistência.
Mineiro de Juiz de Fora, Edmundo Villani-Côrtes é tido como sucessor da linha estético-musical de Radamés Gnattali e Guerra-Peixe. Na verdade, o seu ecletismo como compositor-arranjador impede-nos de rotulá-lo facilmente. Tom Jobim, Santoro, Villa-Lobos, o
jazz e a música para cinema - da era de ouro hollywoodiana - mesclam-se à qualidade melodiosa e despretensiosa de sua música. Como bom exemplo, temos duas canções escritas em 1990: Casulo e Canção de Carolina, dedicada à sua neta.
Se Hekel Tavares aconselhou à nova geração de compositores brasileiros: “tirem os sapatos e pisem no chão!”, certamente, o paraense Waldemar Henrique o fez. Suas canções sobre temas indígenas, afro-brasileiros, do folclore nordestino e mineiro - no caso do maracatu Hei de Seguir teus Passos - são tão autênticas, que os editores
as subentitulam folclore e muitos acreditam. Das Lendas Amazônicas de Waldemar Henrique, a quinta - Uirapuru é certamente a mais famosa. Não é misteriosa e nem suave como o canto do pássaro amazonense perseguido por Villa-Lobos, mas é ouvida e reouvida em diversos arranjos, pois transita brejeiramente entre o erudito e o popular.
Marcelo Corrêa
Trio “Duetos e Canções” O trio formado pelas cantoras Adriana Clis e Gabriella Pace e pelo pianista Gilberto Tinetti nasceu em 2005, devido à vontade e à profunda apreciação pela musica de câmara. A proposta do trio é apresentar duetos e canções e mostrar ao público um pouco do panorama da música vocal de concertos brasileira e mundial. O trio tem se apresentado nas principais salas de concerto do Brasil, em cidades como: São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Florianópolis, Recife, entre outras. Para este concerto, teremos a execução de obras de compositores germânicos, franceses e brasileiros. Detentora do Prêmio Carlos Gomes 2002, na categoria “revelação”, Adriana Clis tem se apresentado frequentemente como solista junto às maiores instituições musicais do país. Na Europa, apresentou recitais em Bellegarde, Sévres e Paris (França), e em Berlin (Alemanha). Fez curso no Conservatório Tchaikovsky, em Moscou, com Klara Kadinskaia (Teatro Bolshoi) e se aperfeiçoou em Milão sob orientação do maestro Pier Miranda Ferraro, da Academia Lírica Italiana.Suas premiações incluem o Concurso Internacional de Canto “Bidu Sayão” (2003), primeiro lugar no Concurso de Canto de Araçatuba (1996), no Concurso Internacional Honorina Barra (Curitiba, 1998) e no ConcursoNacional de Música de Câmara Henrique Nirenberg (RJ, 1999). Venceu também o Concurso Jovens Solistas “Eleazar de Carvalho” ( 2002) e em 2004 foi uma das finalistas das “Audições para Novas Vozes Líricas” do Teatro Colón (Buenos Aires), onde integrou a temporada de 2005 na Ópera “Die Walküre” de Wagner. Em 2010 esteve à frente das maiores orquestras do país como: OSTM (SP), OSESP, OSB, OSTM (RJ) e nas produções de “Rigoletto” (SP) e “Romeu e Julieta” (RJ). Nome de especial destaque no panorama musical brasileiro, Gilberto Tinetti nasceu em São Paulo em 1932. Em 1957 passou a estudar em Paris com Magda Tagliaferro. Seus concertos aconteceram em vários países da Europa, nos Estados Unidos e na América Latina. No Brasil se apresenta regularmente em recitais, concertos com orquestra e música de câmara. Em 1975, foi um dos fundadores do Trio Brasileiro, ao lado de Erich Lehninger e Watson Clis, com mais de 30 anos de atividades ininterruptas. Recebeu por várias vezes o Prêmio Carlos Gomes. Foi diretor e professor dos Seminários de Música Pró-Arte de São Paulo, tendo sido professor do Departamento de Música da ECA-USP por mais de 20 anos. Apresenta na rádio Cultura FM de São Paulo um programa diário voltado para o repertório pianístico: PIANÍSSIMO. Vencedora do Prêmio Carlos Gomes de 2010. Gariella Pace cantou sob a regência de Isaac Karabtchevsky, John Neschling, Roberto Minczuk, Jamil Maluf, Silvio Barbato, Roberto Duarte, Luiz Fernando Malheiro, Fábio Mechetti, Sílvio Viegas, Carlos Moreno, Justin Brown, entre outros. Foi Musetta em La Bohème, Micaela em Carmen, Suzanna em As Bodas de Fígaro, Liù em Turandot, Ceci em O Guarany, Pamina em A Flauta Mágica, Giulietta em I Capuleti ed i Montecchi, Norina em Don Pasquale, entre outros personagens. Foi solista na Quarta Sinfonia de Mahler, Nona Sinfonia de Beethoven, Carmina Burana de Orff, Lobgesang de Mendelssohn, Requiem de Mozart, Stabat Mater de Rossini, Missa Tempore Belli, A Criação e as Estações de Haydn. Com o Quarteto de Cordas Raga, cantou o Quateto nº 2 Op. 10 de Schoenberg na Sala Cecília Meirelles, no Rio de Janeiro. Gravou o Requiem Ebraico de Zeisl com a OSESP sob a regência de John Neschling. Gabriella iniciou seus estudos com seu pai, o tenor e violista Héctor Pace, foi aluna de Leilah Farah e Pier Miranda Ferraro e hoje está sob orientação de Ricardo Ballestero.
Franz Liszt
4 de junho - sábado - 18 horas
j o H A n n e s b r A H M s (1833-1897) rapsódia em sol menor op. 79 nº 2 Variações sobre um Tema de Händel op. 24 F r A n z l i s z t (1810-1886) Transcrições sobre Canções de Schubert Der Müller und der Bach Die Stadt Aufenthalt Valsa sobre a ópera Fausto de Charles Gounod
ANNA MALIKoVA piano
A obra Variações e Fuga sobre um Tema de Händel
obra, viu-se obrigado a admitir que “ela mostra
op.24 é considerada a terceira das grandes séries
o que ainda pode ser feito com as formas antigas
de variações da literatura para teclado, iniciada
por alguém que sabe como manejá-las”. Passados
pelas Variações Goldberg de Bach e seguida pelas
os anos de sua juventude nos quais dedicou-se a
Variações Diabelli de Beethoven. J o h a nn e s
obras para piano de grandes dimensões (como
B r a h ms , o terceiro dos grandes B’s alemães,
as sonatas) e de extremo virtuosismo (como as
tinha 28 anos e era bem jovem em comparação à
séries de variações), Brahms voltou-se às peças
idade em que Bach e Beethoven escreveram suas
menores. Até mesmo a grande pianista Clara
célebres variações. O tema de Händel foi extra-
Schumann, sua única inspiradora, avançando em
ído da 9ª Suíte para Cravo. Brahms apresentou
idade achou que os músculos de seus braços esta-
as Variações Händel em diversas ocasiões, mas a
vam sobrecarregados pelas exigências técnicas
mais memorável ocorreu em 1864, quando exe-
do estilo antigo, vigoroso, de Brahms. As duas
cutou a obra no primeiro e único encontro com
Rapsódias op.79, compostas quando ele tinha 46
seu arquirival Richard Wagner. Por muitas vezes
anos, já revelam uma disciplinada economia de
mordaz a respeito de Brahms, Wagner, ao ouvir a
meios.
Franz Schubert deixou-nos mais de mil
dade de enriquecer seu próprio repertório para
composições entre as quais destacam-se cerca de
as turnês. Sobretudo a admiração pelo esquecido
600 canções. Insatisfeito de somente unir palavra e
mestre vienense e o fascínio pela “arte do canto
música, iniciou nova era para a canção, assim como
aplicada ao piano” aliava-se prazerosamente à ale-
Beethoven fizera à sinfonia, Chopin à música pia-
gria da virtuosidade, ao domínio diabólico sobre
nística e Wagner ao drama musical. No entanto,
o instrumento que, depois de Paganini, alcançaria
por ter criado uma nova forma de arte, suas can-
alturas até ali desconhecidas com Liszt. Dentre as
ções foram recebidas com indiferença ou incom-
obras dos 80 diferentes compositores que Liszt
preensão. Os cantores não queriam executá-las
transcreveu para piano sobressaem mais de 150
porque não eram melodiosas como as de Haydn
canções, grande parte de Schubert. Quando jovem,
ou Mozart e os editores não queriam imprimi-
Brahms hospedou-se no Altenburg, palacete de
-las porque os acompanhamentos eram difíceis.
Liszt em Weimar, e visitou-o algumas vezes. Ape-
Compreendemos então a importância de Franz
sar de não apreciar as composições de Liszt, reco-
Liszt para a vida musical de sua época ao levar
nheceu: “quem quer que deseje saber realmente o
ao conhecimento do grande público as obras de
que Liszt representou para o piano deve estudar
Schubert. Obviamente Liszt o fizera em arranjos
suas velhas fantasias sobre temas de óperas. Elas
próprios para piano, pois havia antes a necessi-
representam o classicismo da técnica pianística.” Marcelo Corrêa
Anna Malikova nasceu no Uzbequistão, onde recebeu suas primeiras aulas de piano com Tamara Popovich. Na Escola de Música Central e no Conservatório Tchaikovsky de Moscou estudou com Lev Naumov, graduando-se nesta última instituição em 1991. Mais tarde ela própria obteve o cargo de professora nesse Conservatório durante muitos anos. Sua carreira como recitalista e solista de orquestra teve início na antiga União Soviética, tocando em cidades como Moscou, São Petersburgo, Omsk, Baku, entre outras. Detentora de prêmios em importantes concursos em Oslo, Varsóvia (Concurso Chopin) e Sydney, Anna Malikova começou a tocar mais frequentemente na Europa Ocidental. Passou a ser convidada por importantes orquestras como Orquestra de Câmera da Austrália, Sinfônica de Sydney, Filarmônica Nacional de Varsóvia, Academia de St Martin in the Fields e a Orquestra Corporativa da Rádio Bávara, entre várias. Em 1993, Anna Malikova obteve o primeiro prêmio no Concurso ARD de Munique, prêmio que por 12 anos consecutivos já não era oferecido a nenhum pianista. Este sucesso garantiu-lhe destaque no cenário internacional. Atualmente apresenta-se como recitalista, camerista e solista por toda a Europa, América do Sul, Oriente Médio e Extremo Oriente. Paralelamente é convidada como jurada de importantes concursos, como o Concurso Chopin em Moscou e Beijing, Concurso Vianna da Motta, em Lisboa e Concurso Gyeongnam, na Coréia. Juntamente com sua agenda intensa de concertos, Anna Malikova aumenta continuamente seu repertório gravado. Até o momento já foram registradas em CD grande parte das obras importantes de Chopin, assim como obras de Schubert, Liszt, Shostakovich, Prokofiev e Soler. Como destaque entre as recentes gravações, encontram-se os cinco concertos de Camille Saint-Saëns, com a Orquestra Sinfônica da Rádio de Colônia, sob a regência de Thomas Sanderling. Essa produção ganhou em 2006 o Prêmio Internet Clássica e foi aclamada entusiasticamente pela crítica internacional. Novo CD com obras de Tchaikovsky acaba de ser lançado. Em seus projetos para 2011 e próximos anos incluem-se reiteradas turnês pela Europa, Coréia, Japão e China. Malikova estará ativa como solista com orquestra e recitais e também como jurada de concursos como o Concurso Europeu de Piano da França, Concurso Maria Canals da Espanha e Concurso Chopin da Rússia.
Claude Debussy
2 de julho - sábado - 18 horas
j o s e P H H Ay d n (1732-1809) Quarteto de Cordas em sol menor op. 74 nº 3 “o Cavaleiro” allegro largo assai Menuetto: Allegretto -Trio Finale: allegro con brio C l A u d e d e b u s s y (1862-1918) Quarteto de Cordas em sol menor op. 10 animé et très décidé assez vif et bien rythmé andantino, doucement expressif très modéré l u d W i g vA n b e e t H o v e n (1770-1827) Quarteto de Cordas em mi bemol maior op. 127 Maestoso - allegro adagio, ma non troppo e molto cantabile Scherzando vivace allegro
AGorA QUATUor cordas
A escrita a quatro vozes foi amplamente utilizada desde o início da polifonia, na Idade Média e Renascença, a princípio baseada na divisão natural dos registros da voz humana - soprano, contralto, tenor e baixo. A maioria das obras do século XVI e XVII foi escrita em quatro partes, seja na formação vocal ou instrumental sendo que o
quarteto de cordas na forma clássica - 1º violino, 2º violino, viola e violoncelo - surgiu somente no século XVIII. Definido por Goethe como “uma conversa entre pessoas instruídas”, o gênero foi fixado por Haydn e Mozart, desenvolvido por Beethoven e cultivado pelos compositores românticos e modernos.
Reverenciado por impulsionar a evolução da sinfonia e do quarteto de cordas - talvez esta sim a quintessência de sua arte, o compositor austríaco Franz Joseph Haydn soube perpassar as tendências musicais de seu tempo em ciclos de assimilação e amadurecimento. Os mais de 80 quartetos que escreveu de 1750 até 1803 são registros históricos de como ocorreram transições estilísticas pós-barroco, como o rococó - vertente do estilo galante, o classicismo vienense, o movimento expressividade de Jean-Jacques Rousseau e o sentimentalismo de Goethe, até atingir os portões da era beethoveniana. Em
1793 Haydn publicou seis quartetos de cordas em dois grupos de três obras cada, os op.71 e op.74. O conde húngaro Anton Georg Apponyi, parente dos patronos de Haydn, os Esterházy, era connoisseur de música e pagou 100 ducados pelo privilégio de ter os quartetos dedicados a ele. Apponyi, assim como o católico Haydn, foi admitido na maçonaria através de Mozart. Os três frequentaram a mesma Loja em Viena, a “Conciliação com a Verdade”. O apelido O Cavaleiro dado pelo editor ao Quarteto em sol menor op.74 nº3 corresponde ao ritmo sincopado e galopante do último movimento.
Em 1889, ocorreu a grandiosa Exposição Universal de Paris, para a qual um arco de entrada comemorativo do centenário da Revolução Francesa havia sido inaugurado: a Torre Eiffel. Claude Debussy tinha 26 anos, já havia se formado no Conservatório de Paris e recebido o Prix de Rome. O fato de estar presente onde estava presente o mundo - um quilômetro quadrado de exposições chinesas, maias, indianas, árabes, e outras em frente à Torre Eiffel, impressionou-o profundamente. Musical-
mente, o que mais lhe chamou a atenção foram os sons exóticos dos gamelões javaneses. Uma das obras para a qual Debussy transmitiu esta impressão foi o segundo movimento de seu Quarteto de Cordas, escrito em 1893, nos pizzicatos - técnica de se beliscar as cordas com as pontas dos dedos. Dificilmente Debussy comentaria tal fato, pois como seguidor do poeta simbolista Mallarmé, acreditava que “nomear um objeto é suprimir três quartos do prazer da arte [...] sugerir, aí está o sonho”.
Na época de Ludwig van Beethoven, a música de câmara ainda era cultivada pelos mecenas da nobreza. Um dos melhores grupos de câmara de Viena era o Quarteto Schuppanzigh, apoiado pelo príncipe Lichnowsky e pelo conde Razumovsky e com o qual Beethoven esteve intimamente associado. O fiasco da primeira execução pública do Quarteto em mi bemol op.127 de Beethoven não teve nenhuma relação com a obra em si: ele só enviou o manuscrito para o copista vinte dias antes da estréia. O op.127 é o primeiro dos últimos grandes quartetos de Beethoven. Foi iniciado em
1822 e concluído em 1825 num hiato de doze anos desde seu último quarteto, o em fá menor op.95, de 1810. Quando afirmaram que o op.127 era o maior de seus últimos grandes quartetos, Beethoven retrucou: “Cada um a seu modo! A arte exige que jamais nos fixemos. Haverá sempre uma forma diferente e nova de escrever as partes e, louvado seja Deus, haverá menos falta de imaginação do que antes.” O gênio acreditava na evolução contínua da arte e via na originalidade, na imaginação e na individualidade os objetivos da criação artística. Um momento! Não seria este ponto de vista a gênese do romantismo?
Marcelo Corrêa
O Quarteto Agora foi formado em setembro de 2007 em Paris, por musicistas graduadas no Conservatório Nacional Superior de Música de Paris, Royal College de Londres e na Escola Superior de Música de Genebra. Receberam em 2008 a orientação de Walter Levine (do Quarteto Lasalle) e desde 2009 pertencem à classe regular em Paris, de um dos mais célebres quartetos de cordas da atualidade - Quarteto Ysaye. O conjunto foi reconhecido no III Concurso Europeu de Música de Câmara Karlsruhe, Alemanha, como grande revelação nesta formação camerística. Já se apresentou em inúmeros festivais na França e Inglaterra e em fevereiro de 2010 no Japão. Marie Salvat (1º violino) graduou-se no Conservatório de Paris na classe de Patrice Fontanarosa e concluiu o Mestrado no Royal College of Music em Londres. Em 2007 como bolsista do Programa Erasmus estudou em Viena sob orientação de C. Altenburger. Foi detentora do 3º prêmio no Concurso Vatelot de Paris e atuou como solista com a Orquestra Sinfônica “Canet” e Orquestra de Câmera ‘’Camérata de France’’. Sophie Kalch (2º violino) iniciou seus estudos com Yvette Lafargue, prosseguindo-os com Jean Ter Merguerian no CRR de Marseille. Em Paris cursou também Musicologia na Sorbonne e aperfeiçoou-se com Alexandre Brussilowsky, Christophe Poiget e Florin Szigeti. Diplomou-se na Escola Superior de Música de Genebra na classe de J.P. Wallez (violino) e Gabor Takacs-Nagy (música de câmera). Integrou inúmeras orquestras na França e Suíça, com as quais viajou por toda a Europa e Ásia. Marie-Noëlle Bernascon (viola) iniciou seus estudos aos quarto anos com Yvonne Blot em Paris. Em 1996 obteve o primeiro lugar no Concurso “Bellan” em Paris. Em 2003 foi admitida no Conservatório de Paris, onde estudou com Gérard Caussé e Laurent Vernet. Tem integrado a convite a Orquestra Nacional da Ópera de Paris e a Orquestra Prométhée. Alice Picaud (cello) iniciou seus estudos de cello aos sete anos e logo em seguida também de piano. Em 2002 ingressou no ‘’Conservatoire à Rayonnement Régional’’ em Paris, na classe de Xavier Gagnepain, tendo aí graduado-se em cello e música de câmera. Participou de inúmeros cursos com grandes artistas e regentes. Em 2006 entrou para o Royal College of Music de Londres, na classe de Thomas Carrol e Helène Dautry. Em 2008 foi solista com a Orquestra Cachan em Paris.
30 de julho - sábado - 18 horas [ Programa a ser anunciado posteriormente. ]
FAMíLIA ASSAD violões e canto os irmãos brasileiros sérgio e odAir AssAd são atualmente considerados uma referência unânime para os violonistas, criando um padrão de inovação para o violão com geniosidade e expressão. Sua origem artística e inquietante performance vêm de uma família rica em tradição musical junto a estudos com os principais violonistas da América Latina. Além de estabelecer novos padrões de interpretação, os Assad influenciaram vastamente na criação e introdução de novas músicas para dois violões. Sua incontestável virtuosidade inspirou uma ampla gama de compositores a escreverem músicas especialmente para os dois: Astor Piazzolla, Terry Riley, Radamés Gnattali, Marlos Nobre, Nikita Koshkin, roland Dyens, Jorge Morel, Edino Krieger e Francisco Mignone. Atualmente Sérgio Assad compõe novas músicas para o Duo, compondo também para diversos parceiros musicais, ambos para orquestra Sinfônica e recitais. Eles já colaboraram extensivamente com renomados artistas como Yo-Yo Ma, Nadja Salerno-Sonnenberg, Fernando Suarez Paz, Paquito D’rivera, Gideon Kremer e Dawn Upshaw. os Assad começaram a tocar violão juntos muito cedo e prosseguiram seus estudos durante sete anos com a violonista/lutenista Monina Távora, uma discípula de Andrés Segovia. A carreira internacional do duo começou com um prêmio importante, o Young Artists Competition, em Bratislava no ano de 1979. o repertório dos Assad inclui composições originais de Sérgio, fora seus arranjos de músicas folclóricas, jazz e música latina. Seu repertório clássico inclui transcrições da grande Literatura de Teclado Barroco de Bach, Rameau, e Scarlatti; e adaptações de peças de diversas figuras como Gershwin, Ginastera, e Debussy. Seus programas de turnês são sempre uma cativante mistura de estilos, períodos, e culturas. os Assad são também reconhecidos por sua prolífica atuação em gravações, principalmente pelas gravadoras Nonesuch records e GHA records. Em 2001, Nonesuch lançou «Sérgio e odair Assad Tocam Piazzolla,» que rendeu para o Duo um Latin Grammy. o sétimo álbum do Nonesuch, lançado em 2007 é chamado «Jardim Abandonado», título de uma música de Antônio Carlos Jobim. Este disco foi nomeado para o Latin Grammy na categoria Melhor álbum Clássico, onde Sérgio ganhou o prêmio de Melhor Compositor pela sua música, “Tahhiyya Li ossoulina.” No ano de 2000, a Nonesuch apresentou um álbum colaborativo entre o Duo e Nadja Salerno-Sonnenberg, com uma coleção de peças baseadas em músicas tradicionais e ciganas do mundo. Desde essa gravação, o trio fez três turnês extremamente bem sucedidas nos EUA, apresentando uma química única, humor, e virtuosidade espetacular. Em 2003, Sérgio compôs um triplo
concerto para eles, que foi apresentado com as orquestras de São Paulo, Seattle, e o Saint Paul Chamber Orchestra. No verão de 2004, Sérgio e odair engrenaram em uma turnê especial, que uniu no palco as três gerações da Família Assad. A família apresentou um vasto leque de estilos da música brasileira, e neste espetáculo destacaram-se os pais do Duo: Jorge Assad no bandolim e na voz a mãe Angelina Assad. A GHA records lançou o disco e o DVD ao vivo deste espetáculo, que aconteceu em Bruxellas no Palais des Beaux-Arts. As colaborações entre os Assad e Yo-Yo Ma continuam. Em 2003, foi lançado o álbum de Yo-Yo Ma ”obrigado Brazil,” apresentando o Duo Assad, Paquito D’rivera, rosa Passos, Cryro Baptista, entre outros. Sérgio fez arranjos de diversas músicas para este disco, que em 2004 faturou um Grammy. Uma turnê mundial seguiu, culminando em concertos ao vivo na abertura de Zankel Hall, do Carnegie Hall e o lançamento de um álbum ao vivo deste concerto pela Sony. No outono de 2008, o Duo participou de outro disco de Yo-Yo Ma: “Songs of Joy and Peace” também pela Sony. Na composição de Sérgio, “Família,” Yo-Yo Ma é acompanhado pelas vozes da Família Assad, representadas por Angelina, mãe do Duo, sua irmã Badi, Clarice e Rodrigo, os filhos de Sérgio, e Carolina, filha de Odair. Na temporada de 20062007, os irmãos Assad tocaram o Concerto Madrigal Para Dois Violões de Joaquin rodrigo e o arranjo de Sérgio para As Quatro Estações de Buenos Aires, ambos com a orquestra Filarmônica de Los Angeles no Hollywood Bowl. Em 2007, e novamente em 2008, os irmãos fizeram uma turnê com o Turtle Island String Quartet em um programa chamado “String Theory.” No inverno de 2008, os Assad produziram um festival de violão no 9nd St. Y em Nova Iorque, e depois fizeram uma turnê com alguns dos artistas envolvidos em um projeto chamado “Brazilian Guitar Festival,” apresentando Badi Assad, romero Lubambo e Celso Machado. Em Fevereiro de 2009, o Los Angeles Guitar Quartet lançou um novo concerto para orquestra e quatro violões no Southwest Guitar Festival em San Antonio, Texas. os Assad também participciparam da trilha sonora de James Howard para o filme da Universal Pictures, “Duplicity,”dirigido por Tony Gilroy, estrelado por Julia roberts e lançado na primavera de 2009. os irmãos estão em turnê com a cantora libanesa, Christiane Karam, percussionista Jamey Haddad e compositor/pianista Clarice Assad em um projeto intitulado «De Volta as raízes». Sérgio Assad está trabalhando agora em um novo concerto para dois violões para ser estreado com a Orquestra Sinfónica de Seattle, em fevereiro de 2011. odair mora em Bruxelas e dá aulas de violão na Ecole Supérieure des Arts, e Sérgio reside em São Francisco onde ensina na SF Conservatory.
Descrita pelo jornal San Francisco Chronicle como uma “grave ameaça tripla,” e “uma arranjadora e orquestradora de grande imaginação,” (SF Classical Voice), Clarice Assad está imprimindo sua marca no mundo da música como pianista, arranjadora, vocalista e compositora. Artista versátil de profunda sofisticação, seus trabalhos foram publicados na França (Editions Lemoine), Alemanha (Trekel) e nos Estados Unidos (Virtual Artists Collective Publishing), e foram realizados na Europa, América do Sul, Estados Unidos e Japão. Suas músicas foram gravadas por importantes orquestras e solistas e músicos de câmara como: os violinistas Nadja Salerno-Sonnenberg e Iwao Furusawa, o violoncelista Yo-Yo Ma, os violonistas Duo Assad, o LA Guitar Quartet, Turtle Island String Quartet, Cavatina Duo, Aquarelle Guitar Quartet, Orquestra da Philadelphia, Orquestra Sinfônica de Louisville, Orquestra Sinfônica de Austin, Orquestra Sinfônica de Vancouver, New Century Chamber Orquestra; e também com os regentes Marin Alsop (Sinfonia de Baltimore) e Christoph Eshcenbach (Orquestra Sinfônica Nacional e Kennedy Center em Washington,
D.C.), Robert Bernhardt (Chattanooga/Louisville Pops Orquestra), Kazuyoshi Akiyama (Orquestra Sinfônica de Tokyo), Carlos Miguel Prieto e Alondra de la Parra (Orquestra Filarmônica das Américas), entre outros. Suas composições e arranjos foram gravados pela Sony Classical, Universal Music, NSS Music, Nonesuch Records, Chandos Records, Telarc, e Rob Digital no Brasil. Conquistou prêmios como o Aaron Copland, vários prêmios da ASCAP, Prêmio Compositores Americanos Fórum Encore. Foi indicada para o Grammy por melhor composição clássica contemporânea por obras encomendadas pelo Carnegie Hall, Duo Cavatina, LA Guitar Quartet, e pianista Anne-Marie McDermott, para citar alguns. Como intérprete, Clarice Assad tem sido muito elogiada executando suas composições originais e interpretações de jazz e música brasileira, descritas como “inimitável, diferente de qualquer outra pessoa” (Revista JAZZ IMPROV); como cantora, o jornal NEW YORK TIMES a chamou de “uma cantora carismática”; e como pianista, o JAZZ TIMES escreveu: “é uma pianista de música clássica e jazz, compositora e estilista que une jazz com pop.”
Descrita pelos críticos como “dona de uma voz linda, de veludo... uma crooner dos tempos do samba-canção...” (Luís Nassif, Folha de São Paulo, 2006), e “premissa de uma futura grande cantora” (Zé Carlos Cipriano, site Sovaco de Cobra, 2004), Carolina Assad, carioca de 31 anos vem ganhando espaço na arena da música popular brasileira com seu irresistível timbre, apurada sensibilidade e personalidade intimista. Descendente de uma das mais talentosas famílias musicais brasileiras – a família Assad – deve sua precoce iniciação musical às várias sessões musicais familiares, que abrange um vasto repertório com raízes no choro, MPB, clássicos europeus e música contemporânea. Esta riqueza e versatilidade sonora contribuem na escolha de seu repertório, sempre refinado. Fascinada desde cedo pela diversidade na área de música vocal e coral, Carolina deu início a sua profissionalização musical como integrante do Coro Sinfônico Moacyr Sreder Bastos, no Rio de Janeiro em 1998. Também estudou canto erudito e popular com as professoras Rosa Brandão (Bruxelas, BE) e Tutti Baê (SP), respectivamente, entre outros no Rio de Janeiro. Uma ávida intérprete, Carolina Assad vem percorrendo palcos renomados no Brasil, Estados Unidos, América Latina e Europa. Ao lado da família (Sérgio, Odair, Badi, Clarice, Rodrigo, Seu Jorge e Dona Ica Assad), Carolina já se apresentou no Canecão (RJ), Palais des Beaux-Arts de Bruxelles (Bélgica), Le Cassino de Paris (França), The Metropolitan Museum of Art (NY, EUA) e Pick Saiger Hall (Chicago, EUA), entre outros. Sempre em excelente companhia musical, a jovem cantora já colaborou
com grandes nomes da MPB e música clássica, como o compositor e violonista Roberto Menescal, a cantora Wanda Sá, a cantora e multi-instrumentista Badi Assad e o percussionista Naná Vasconcelos (participação no cd da Badi Assad “Verde”/2004) e o violoncelista norte-americano Yo-Yo Ma (participando em uma faixa de seu CD “Songs of Joy and Peace”/2008, vencedor do Grammy Award for Best Classical Crossover Album, em 2010). Carolina também colaborou com talentosos artistas de sua geração, como o violonista, compositor e arranjador Gabriel Santiago, onde gravou duas faixas em seu CD autoral, em 2009. Atualmente, canta como integrante do sexteto vocal à capela BeBossa, um grupo de sonoridade sofisticada e contemporânea, com influências que vêm da música brasileira, do jazz, blues, e grupos como Boca Livre, Os Cariocas, Manhatan Transfer e Take6, e tem como arranjador, o regente e cantor, Zeca Rodrigues. O grupo vem se apresentado em vários espaços pelo Brasil desde 2008, como Teatro Rival Petrobrás e Sala Baden Powell (RJ), incluindo vários SESCs (entre RJ, SP e MG), e Guayaquil, participando do FAAL (Festival de Artes al Aire Libre) no Equador, também em 2008, e tem um CD lançado pelo selo Saladesom Records (2009). Em projeto paralelo, o sexteto participa também do espetáculo «A Galeria do Menescal», com Roberto Menescal e Wanda Sá desde 2009 e tem planos para a gravação de CD e DVD do mesmo em 2011. Ainda este ano também, Carolina está em processo de gravação de seu primeiro cd solo, com músicas inéditas e regravações, arranjadas por Clarice Assad.
B A DI A SS A D começou a tocar violão aos 14 anos de idade. Mais tarde, estudou violão clássico na Uni-Rio. Em 1984, venceu o Concurso Jovens Instrumentistas. Dois anos depois, passou a integrar a Orquestra de Violões do Rio de Janeiro, liderada por Turíbio Santos. Em 1987, apresentou-se na Europa, em Israel e no Brasil, ao lado do violonista Françoise-Emmanuelle Denis, com o qual formou o Duo Romantique. No ano seguinte, escreveu “Antagonismus”, que apresentou como guitarrista, cantora, atriz e dançarina. Atuou, durante um ano, em “Mulheres de Hollanda”, musical escrito por Tatiana Cobbett, baseado em obras de Chico Buarque. Em 1989, gravou seu primeiro disco, “Dança dos tons”, contendo composições de seu irmão, Sérgio Assad, e músicas de Leo Brouwer and Roland Dyens. Participou do Heineken Concerts, em 1992, ao lado de Raul de Souza, Heraldo do Monte e Roberto Sion, e, em 1993, ao lado de Rafael Rabello, Dori Caymmi e Marisa Monte. Em 1994, lançou, pela Chesky Records, o CD “Solo”. O disco, no qual registrou obras de Egberto Gismonti, Heitor Villa-Lobos, Edu Lobo e Chico Buarque, entre outros, foi gravado em abril do ano anterior na Igreja St. Stephen, em Nova York. Ainda nos anos 1990, lançou os CDs “Rhythms” (1995), que contou com a participação do percussionista Cyro Baptista, e “Echoes of Brazil” (1997), ambos pela Chesky Records, e ainda “Chameleon” (1998), pela PolyGram. Em 1997, mudou-se para os Estados Unidos. Apresentou-se, em várias oportunidades, nesse país, na Europa e em Israel. Voltou para o Brasil em 2002. No ano seguinte, lançou, com o guitarrista norte-americano Jeff Young, o CD “Nowhere” e, com os também guitarristas norte-americanos Larry Coryell e John Abercrombie, o CD “Three guitars”. Em 2004, gravou o CD “Verde”, registrando um repertório que vai de Björk a Adoniran Barbosa e Vinicius de Moraes. O disco contou com a participação de Toquinho,
Naná Vasconcelos e Cordel do Fogo Encantado. Fez show de lançamento do CD na Modern Sound e no Teatro Rival BR (RJ). Lançou, em 2006, o CD “Wonderland”. Nesse mesmo ano, fez show com o repertório do disco no Teatro Rival (RJ), com a participação de Zeca Assumpção (baixo) e Carlos Malta (sopros). Em 2007, foi lançado, em CD e DVD, o projeto “Família Assad - Um Songbook Brasileiro”, gravado durante uma apresentação no Palácio de Belas Artes de Bruxelas, na Bélgica, em 2004, ao lado de oito integrantes da família Assad: os irmãos Sérgio e Odair (Duo Assad), os sobrinhos Rodrigo, Clarice, Carolina e Camille, e os pais Dona Angelina e Seu Jorge. No repertório, canções de autores como Sinhô (“Gosto que me enrosco”), Jacob do Bandolim (“Doce de Côco”), Gilberto Gil (“Oriente”), Caetano Veloso (“Jóia”) e Chico Buarque (“Todo o Sentimento”), além de composições próprias, como “Dona Inca” (c/ Sérgio Assad) e “The Being Between” (c/ Jeff Young). Em 2010, lançou o DVD “Badi Assad” (Biscoito Fino), filmado em 2008 no estúdio Patto Rocco, no Rio, com direção do sobrinho Rodrigo Assad, direção de arte de Martin Macias Trujillo e fotografia de José Luis Rios, tendo no repertório suas composições “The Being Between” (c/ Jeff Young), “Zoar” (c/ Chico César), “Você não entendeu nada” e “Ondas (Waves)”, além de “A bela e a fera” (Edu Lobo e Chico Buarque), Bachelorette” (Bjork), “Estudo #1” (Heitor Villa-Lobos)/”Assum preto” (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira), “Vrap” (Marcos Ferreira), “Ponta de Areia” (Milton Nascimento e Fernando Brant), “Drume Negrita” (Ernesto Grenet)/”O mundo é um moinho” (Cartola), “Joana Francesa” (Chico Buarque), “Asa Branca” (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira)/”Ai que saudade d’ocê” (Vital Farias), “Básica” (Tatiana Cobbett), “Vacilão” (Zé Roberto) e “A banca do distinto” (Billy Blanco), e a faixa extra “Feminina”, de sua parceria com Simone Sou.
Almeida Prado
20 de agosto - sábado - 18 horas
A l M e i d A P r A d o (1943-2010) Balada nº 4 F r A n z l i s z t (1811-1886) 2ª Balada Sonata Dante Sonata em Si menor
EDUArDo MoNTEIro piano
Ano passado, o país perdeu um de seus maiores compositores, considerado tão genial e prolífico quanto Villa-Lobos. José Antônio Rezende de Almeida Prado teve como mestres no Brasil, Camargo Guarnieri e Osvaldo Lacerda e no exterior Györg Ligeti, Lukas Foss, Olivier Messiaen e Nadia Boulanger. Armou-se de toda a intelectualidade musical que um compositor contemporâneo pode carregar em si, porém nunca perdeu a humildade, a intuição e a expressão do que intimamente era - um apreciador da
natureza e um ser religioso e místico. A Balada nº4, que será estreada em Belo Horizonte neste recital, foi escrita em apenas quatro dias, em janeiro de 2004 e dedicada a Eduardo Monteiro com a seguinte frase: “Ao grande pianista Eduardo Monteiro, minha amizade e admiração”. Segundo Monteiro, “a obra alterna seções agitadas e contemplativas e segue de perto a tradição das grandes baladas românticas”. Almeida Prado, que foi sempre uma figura extremamente bem humorada, ao comentar a obra disse: “Cada um compõe a quarta balada que merece...”
A imaginação musical de Franz Liszt foi por diversas vezes alimentada por uma ampla variedade de fontes intelectuais e emocionais: literatura e pintura, religião e natureza, a luta pela liberdade e a consciência da morte. Em 1833 apaixonou-se por Marie D’Agoult, que era casada. Os dois fugiram de Paris para a Suíça e Itália e tiveram três filhos. O relacionamento durou onze anos e foi tão tempestuoso quanto as fofocas que deixaram na França. Durante as viagens, Liszt compôs diversas peças que se transformariam em três cadernos para piano intitulados Anos de Peregrinação. Inspirada pela leitura da Divina Comédia de Dante, a Fantasia Quasi una Sonata conhecida como Sonata Dante é a última peça do 2º Ano (Itália). O título imita Victor Hugo e o subtítulo bem apropriado é contrário ao op.27 de Beethoven: Sonata Quasi una Fantasia. Acompanha a obra um verso do poema homônimo de Victor Hugo: “O poeta que pinta o inferno pinta sua própria vida” e é introduzida com repetições do trítono - intervalo melódico conhecido como “diabolus in musica”. Segundo Stradal, discípulo de Liszt, este início não representa a inscrição sobre a Porta do Inferno e sim o apelo para que ressuscitem os espíritos dos condenados: “Levantem, sombras, do reino da miséria e do sofrimento!” Na sequência, um agitado tema cromático sugere a aproximação dos gemidos - para dar o efeito desejado, Liszt propõe um pedal contínuo por cinco compassos! Os momentos mais lamen-
tosos referem-se ao episódio Francesca da Rimini: “Não há dor maior que recordar tempos felizes em tempo de sofrimento.” Numa comparação com os temas da Sinfonia Fausto, inspirada pela leitura de Lenau e não de Goethe, podemos enxergar na grandiosa Sonata em Si menor os elementos da morte, do amor e da redenção conjugados com aparições das personagens Mefistófeles, Gretchen e Fausto. Por outro lado, o autor omitiu qualquer associação que pudesse atuar sobre a percepção das estruturas temáticas e seu percurso formal, o que poderia desvirtuar a obra de ser música absoluta ou não programática. Concluída a 2 de fevereiro de 1853, a Sonata em si menor representa um verdadeiro marco na história da música por ser a primeira obra do gênero composta em um só movimento, constituindo o mais ousado e determinante avanço na forma-sonata desde Beethoven. É dedicada a Robert Schumann em retribuição à dedicatória de sua Fantasia op.17. Em 1854, quando a Sonata foi impressa, Schumann já havia sido internado e nem sua esposa Clara nem o amigo Brahms (para quem Liszt havia tocado a obra em Weimar) estavam prontos para apreciá-la. Richard Wagner foi o único que a recebeu com entusiasmo. Somente em 1857 a Sonata em si menor foi estreada em Berlim por Hans von Bülow, então marido de Cósima, segunda filha de Liszt. Marcelo Corrêa
O carioca Eduardo Monteiro é considerado um dos grandes expoentes do piano no Brasil. Alcançou sólida formação através de estudos em diferentes países. No Brasil concluiu o Bacharelado, 1987 e o Mestrado, 1993 na Escola de Música da UFRJ; na França obteve o título de Doutor em Musicologia pela Universidade de Paris IV – Sorbonne, 2000, defendendo tese sobre a obra de Henrique Oswald, e aperfeiçoou-se com o pianista Dominique Merlet; na Itália, durante a temporada de 199697 foi um dos cinco pianistas selecionados no mundo pela Fondazione Internazionale per il Pianoforte, no Lago de Como, para trabalhar sob a orientação de músicos como Aléxis Weissemberg, Leon Fleisher, Dmitri Bashkirov, Fou Ts’ong, Karl-Ulrich Schnabel, Rosalyn Turek e Charles Rosen; e finalmente, nos Estados Unidos, obteve em 2002 o Artist Diploma do New England Conservatory of Music de Boston, na classe de Wha-Kyung Byun, a quem atribui a mais enriquecedora e determinante fase de sua formação. Ainda muito jovem, conquistou as principais premiações de piano no Brasil. No exterior, alcançou, por unanimidade, o 1ºlugar no III Concurso Internacional de Piano de Colônia, Alemanha, 1989, obtendo também o prêmio de “Melhor Intérprete de Beethoven” por sua versão do Concerto n° 4. Obteve ainda o 3ºlugar no II Concurso Internacional de Piano de Dublin, Irlanda, 1991, e no XI Concurso Internacional de Piano de Santander, Espanha, 1992. Realizou turnês na Alemanha, França, Inglaterra, Espanha, Irlanda, Rússia, Itália, Suíça, Portugal, Estados Unidos e América Central. Atuou como solista das principais orquestras brasileiras e de importantes orquestras no exterior, como Filarmônicas de São Petersburgo, de Moscou, de Munique, de Bremen, Sinfônicas de Novosibirsky, da Westfália, Nacional da Irlanda, Orquestra de Câmara de Viena, dentre outras. Dentre os Maestros com os quais se apresentou destacam-se Arnold Katz, Asher Fisch, Dimitri Kitayenko, Eleazar de Carvalho, Emil Tabakov, Isaac Karabitchevsky, Jamil Maluf, John Neschling, Kirk Trevor, Mariss Jansons, Philippe Entremont, Roberto Minczuk, Yuri Temirkanov. Realizou gravações para rádios na Alemanha e Irlanda. Em 2002, tornou-se professor de piano, hoje, Livre Docente, do Departamento de Música da Escola de Comunicação e Artes da USP, onde desenvolve extensivo trabalho de formação com jovens pianistas, que vêm conquistando importantes premiações em concursos no país. Tem participado de importantes eventos artísticos e educativos no Brasil e no exterior. Foi agraciado com o “Prêmio Carlos Gomes de Música” nos anos de 2004 e 2005, ano em que também foi o artista convidado para o evento de comemoração aos 10 anos da Revista Concerto, tendo sido seu recital registrado em CD. Entre suas diversas atividades, destacam-se apresentações em espaços de referência e prestígio como a Grande Sala do Conservatório Tchaikovsky de Moscou, 2007; criação e direção da série Piano Solo, realizada na Sala Cecília Meireles, RJ e no Teatro Municipal de SP, participação como professor convidado de festivais como o “Música nas Montanhas” de Poços de Caldas, desde 2006, e “Internacional de Música de Campos de Jordão”, 2010; lançamento de seu CD Piano Music of Brazil, com recital no Wigmore Hall de Londres, em 2007, que recebeu críticas elogiosas nas mais conceituadas revistas especializadas internacionais. A partir de 2008 passou a integrar a Câmera Consultiva de Música do Conselho Estadual de Cultura de São Paulo
F r a n z Sch u b e r t
10 de setembro - sábado - 18 horas
W o l F g A n g A M A d e u s M o z A r t (1756-1791) Quarteto de Cordas em dó maior, K465 “Dissonância” adagio - allegro andante cantabile Menuetto allegro molto b él A b A r t Ók (1881-1945) Quarteto de Cordas nº1, em lá menor lento Allegretto allegro vivace F r A n z s C H u b e r t (1797-1828) Quarteto em ré menor D810 “A Morte e a Donzela” allegro andante Scherzo Presto
IDoMENEo QUArTET cordas
“Não sou poeta nem pintor. Só posso expressar meus pensamentos por meio dos sons: sou músico.” Wolfgang Amadeus Mozart foi criança prodígio e adulto rebelde. Contudo, sua música da maturidade não foi revolucionária na mesma medida em que foi a de Beethoven. Mozart escrevia para as necessidades de uma época e não via na própria música um canal de expressão individual a ser usado pelo artista em proveito próprio. Produziu uma música tão cantante quanto as dos mestres
italianos e tão magistralmente organizada quanto as dos grandes compositores do universo germânico. Ainda assim, criou certos efeitos inusitados a fim de despertar no ouvinte novas emoções. No Quarteto em dó maior K465, de 1785, colocou tantas dissonâncias na introdução que chocou profundamente seus primeiros ouvintes. O K465 é o último dos seis quartetos dedicados ao “papá” Haydn como carinhosamente o chamava. Abro um parêntese para a bela dedicatória de Mozart: Viena, 1º de setembro de 1785
Caro amigo Haydn, Sou um pai que resolveu enviar os filhos a este mundo e confiar-lhes a um celebrado homem que, para minha fortuna, é meu melhor amigo. Eis minhas seis crianças! E espero que um dia elas correspondam ao meu esforço longo e laborioso. Você, estimado amigo, ao se mostrar satisfeito com estas criações em sua última visita à capital, me fez corajoso para as lhe recomendar na expectativa de que não parecerão indignas de seu favor. Receba-as amavelmente como pai, guia e amigo! A partir deste momento, renuncio a todos os meus direitos e peço-lhe, no entanto, um olhar indulgente sobre os defeitos que a parcialidade do olho de um pai pode ter escondido de mim. Espero que eu seja, de todo o meu coração, meu querido amigo, o seu mais sincero amigo. W. A. Mozart O compositor húngaro B él a B a r t ók aos 18 anos já se considerava apto a escrever qualquer gênero musical. Resolveu compor um quarteto, mas faltava-lhe ainda o estilo próprio. Considerando a sequência do intelecto contrapontístico dos últimos quartetos de Beethoven, seu 1º Quarteto perpassa o romantismo, o impressionismo e atinge a música folclórica húngara
que, presente no último movimento, evidencia a primeira mostra do seu interesse pelo idioma musical de sua maturidade. A obra, cujos movimentos devem ser tocados sem interrupção, parece inverter o sentido da vida: nasce de um canto fúnebre e morre na dança popular, na alegria exuberante da juventude de Bartók.
A fama do compositor austríaco Franz Peter Schubert limitou-se por muito tempo à de um autor de canções, uma vez que sua imensa produção instrumental não havia sido publicada, nem sequer executada até o final do século dezenove. Além de extremamente tímido e modesto, Schubert sentia-se profundamente intimidado por Beethoven e afastava-se dos editores: “quem pode fazer qualquer coisa depois de Beethoven?”, “procure outros quartetos que não os meus porque não há nada neles.” Entende-
mos então porque o Quarteto em ré menor D810, um dos pilares do repertório para cordas, só foi publicado em 1831, sete anos após ser escrito e três após a morte de seu autor. O segundo movimento é uma série de variações sobre o tema da canção A Morte e a Donzela, composta em 1817 e que resumidamente descreve o terror e o conforto da morte. A donzela diz: “me deixe em paz, pois a vida é doce e agradável” e a morte a ignora: “dê-me sua mão, sou teu amigo, em meus braços poderás descansar.” Marcelo Corrêa
Criado em 2009, o Quarteto Idomeneo é formado por músicos pós-graduados pela Escola de Música e Arte Dramática Guidhall, em Londres, onde atualmente é mantida a sede do conjunto. Reconhecido como um dos mais brilhantes quartetos jovens da atualidade, o Quarteto Idomeneo recebe orientação do celebrado Quarteto Vogler em Stuttgart, Alemanha, de Rainer Schmidt, na Suíça e de Alasdair Tait, em Guidhall, Londres. Frequentam master classes de célebres artistas como, Gary Hoffmann, Belcea Quartet , Roger Tapping e Cristoph Richter e Bernard Greenhouse, que convidou-os a prosseguirem estudos nos Estados Unidos sob sua orientação. São frequentemente selecionados para participarem de cursos com os mais importantes quartetos e artistas, como Pro-Quartet, Heime Muller e o 54º Curso Juventudes Musicais de Weikesheim, Alemanha. Já se apresentaram em numerosas salas de concerto na Alemanha, Países Baixos, França, Itália, Suíça, Áustria, Bélgica e Inglaterra, incluindo participações no Festival Barbican e no Queen Elizabeth Halls, em Londres. O Quarteto Idomeneo foi convidado a participar da Mostra de Música de Câmera Tunnel Trust de Blair Atholl, na Escócia e mais recentemente do Simpósio de Quartetos de Cordas de Londres. Os músicos foram contemplados com o prêmio “o mais convincente conjunto recém formado” pela Associação dos Amigos da “Jeunesse Musicale” da Alemanha. O concerto de encerramento foi transmitido ao vivo pela Radio Alemã. Venceram também o Concurso de Música de Câmera Tunnell Trust e foram recentemente selecionados para participar da Série Park Lane. Futuros compromissos incluem uma semana a convite de Gunther Pichler, em Montepulciano, Itália, culminando com concertos na Casa de Beethoven, em Bonn e outros em Berna, Suíça. Uma acertada turnê na Noruega fará parte do prêmio obtido no Concurso Tunnell Trust, e sob os auspícios do Grupo Park Lane, farão seu “debut” no Wigmore Hall e Purcell Room em Londres.
H e i t o r V i l l a -L o b o s
22 de outubro - sábado - 18 horas
F e r n A n d o s o r (1778-1839) Souvenir de russie op. 63 j o H A n n s e b A s t i A n b A C H (1685-1750) Sonata BWV 1020 (transcrição por Flávio Barbeitas) allegro adagio allegro C és A r g u e r r A -P e i X e (1914-1993) Sonata H e i t o r v i l l A -l o b o s (1887-1959) Prelúdio nº1 Valsa-choro estudo nº 12 r A d A M és g n At tA l i (1906-1988) Suíte retratos Pixinguinha (choro) ernesto Nazareth (valsa) Anacleto de Medeiros (schottisch) chiquinha Gonzaga (corta-jaca)
FErNANDo ArAÚJo FLáVIo BArBEITAS duo de violões
Conhecido como eminente compositor espanhol para violão, F e r n a n d o S o r teve em sua época grande popularidade como autor de balés. Seu balé Cinderela contou com 104 representações em Paris e foi escolhido para inaugurar o Teatro do Ballet Bolshoi em Moscou, em 1923. Em sua viagem à Rússia, Sor apresentou-se para a família Real em São Petersburgo e compôs sob encomenda para o funeral do Czar Alexander e para
a coroação do Czar Nikolai. Em Moscou, conheceu o famoso violonista russo Mikhail Vysotski, virtuose do violão de sete cordas russo, que provavelmente apresentou a Sor os temas do folclore musical utilizados no seu mais famoso duo de violões: Souvenir de Russie, op. 63. Esta obra, a última de seu catálogo, foi dedicada ao amigo e violonista Napoleon Costa e divide-se em introdução, tema e nove variações e allegretto.
Após ocupar o posto de organista da Capela Ducal de Weimar, na Alemanha, entre 1708 e 1717, J o h a nn S e b a s t i a n B a c h tornou-se Kapellmeister do Príncipe Leopold em Cöthen, onde permaneceu até 1723. Durante este período, no qual viveu seus anos mais felizes, compôs a maioria das obras instrumentais no intuito de agradar ao Príncipe-músico, que possuía especial predileção pela música de câmara. Desta época surgiram oito Sonatas para flauta e cravo, embora acredite-se que duas delas não sejam de Johann Sebastian e sim de algum de seus talentosos filhos. A Sonata-duo em
Sol menor BWV 1020 remete-nos ao estilo concertante italiano herdado de Corelli e utilizado por Bach nas obras “galantes” para violino. Mas pela mesma razão, esta sonata de beleza indiscutível afasta-se estilisticamente das outras por ser mais discursiva do que argumentativa: há pouca escrita polifônica, não existe movimento fugato e a linha do baixo é concebida mais como fundamento para a textura harmônica do que no sentido melódico. Em outras palavras, a voz acompanhante não contém material temático e isto é coisa rara no universo denso, austero e ricamente contrapontístico de Bach.
Para Platão, toda a criação era uma imitação. Para Aristóteles, a imitação o fundamento da expressão artística enquanto ação. Para Georg Lukács, a música é composta através da imitação. Sob estas premissas filosóficas baseia-se o conceito de mímesis, defendido por C és a r G u e r r a -P e i x e , representante do pós-nacionalismo, que via no mimetismo “o fenômeno que consiste em tomarem diversos seres a configuração dos objetos em cujo meio vivem”. A Sonata para violão solo em três movimentos, concluída a 20 de outubro de 1969 e dedicada a Turíbio Santos, é algo mimética a exem-
plo de toda a sua obra e vida. Ele próprio talvez tenha sido um camaleão musical a viajar pelo Brasil e sintetizar os movimentos de vanguarda num folclorismo diluído e quase inconsciente. Belo Horizonte conheceu bem este artista, principalmente durante a década de 1980, quando foi professor de composição da Escola de Música da UFMG, que funcionava bem aqui, no prédio do antigo Conservatório de Música. O grupo de discípulos que formou ficou conhecido como Escola Mineira de Composição e estão entre nós em plena atividade artística e didática.
“H e i t o r V i l l a -L o b o s presenteou à história do violão frutos do seu talento tão vigorosos e deliciosos como os de Scarlatti e Chopin”, escreveu Andrés Segóvia no prefácio da edição francesa dos Estudos para violão a ele dedicados. Já os Prelúdios, escritos em 1940 (doze anos após os
Estudos) seriam seis, caso o último não tivesse desaparecido da casa de Segóvia na Espanha, durante a Guerra Civil. A Valsa-choro é uma obra bem anterior, datada de 1912, e faz parte da Suíte Popular Brasileira.
Entre Villa-Lobos e Tom Jobim, a música popular e a erudita, está R a d a m és G n at ta l i , compositor sem barreiras que afirmava: “música, só tem dois tipos: a boa e a ruim”. Nascido em Porto Alegre em 1906, mudou-se em 1931 para o Rio de Janeiro. Lá conheceu Ernesto Nazareth, trabalhou como pianista, regente e arranjador e com a inauguração da Rádio Nacional em 1936 viu nascer sua carreira como compositor. “Sempre fiz música para meus amigos”, dizia modestamente referindo-se à parte de sua obra dedicada a Garoto, Joel do Nascimento, Paulo Moura, Jacob do Bandolim, Chiquinho do Acordeom e outros. Porém, na Suíte Retratos, de 1956, Radamés home-
nageia os fundadores da música brasileira. Lembra o estilo de cada um e faz citações de seus sucessos: o choro Carinhoso de Pixinguinha, a valsa Expansiva de Ernesto Nazareth, o schottisch Três Estrelinhas de Anacleto de Medeiros e o corta-jaca Gaúcho de Chiquinha Gonzaga. A suíte ganhou outras versões: uma feita para os violonistas Sérgio e Odair, amigos pessoais do compositor e outra para o Quinteto Radamés (piano, acordeom, guitarra, contrabaixo e bateria). Membro da erudita Academia Brasileira de Música e da Academia de Música Popular Brasileira, Radamés Gnattali garantiu com sua obra o seu próprio retrato em nossa história.
Marcelo Corrêa
Nascido em Belo Horizonte, Fernando Araújo é Bacharel pela Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Mestre em Música pela Manhattan Schoolof Music, de Nova York, tendo tido como professores José Lucena Vaz, Carlos Barbosa-Lima e Manuel Barrueco. Fernando Araújo obteve, entre outros, o Prêmio Turíbio Santos no II Concurso Internacional Villa-Lobos e o 1o. Lugar e Prêmio de Melhor Intérprete de Villa-Lobos no II Concurso Nacional Villa-Lobos. Lançado pelo selo Karmim, o CD “Universal”, no qual interpreta obras de Villa-Lobos, Piazzolla e Garoto, foi muito bem recebido pela crítica especializada. Atuante como concertista, Fernando Araújo é também professor da Escola de Música da UFMG e um dos coordenadores do Festival Internacional de Violão de Belo Horizonte, reconhecido como o mais importante do gênero no Brasil. Lançou recentemente o CD “Canções da Terra, Canções do Mar”, no qual interpreta, com o soprano Mônica Pedrosa, seus arranjos de canções de compositores eruditos brasileiros.
Natural do Rio de Janeiro, Flavio Barbeitas é Bacharel e Mestre em Música pela UFRJ e Doutor em Estudos Literários pela UFMG / Università di Bologna (Itália). Desde 1996, é professor de violão e disciplinas teóricas na Escola de Música da UFMG onde também é orientador de Mestrado. Atua regularmente como solista e camerista em concertos e festivais pelo Brasil. Nos últimos anos tem se apresentado prevalentemente com o grupo mineiro Oficina Música Viva, de música contemporânea, com o violonista Hudson Lacerda, com a cantora Luciana Monteiro e com a pianista Carla Reis. Conta inúmeras participações em CD’s, valendo destacar o trabalho do duo de violão e piano que resultou na gravação de obras de Radamés Gnattali, Nestor de Hollanda e Tom Jobim. Diretamente relacionado às atividades artísticas e pedagógicas está o seu trabalho como pesquisador, com atuações nos grupos de pesquisa “Núcleo de Estudos em Música Brasileira” e “Resgate da canção brasileira”, ambos na Escola de Música da UFMG, e também no Núcleo de Estudos em Intermidialidade da Faculdade de Letras da mesma instituição, juntamente com docentes das áreas de Literatura e Artes.
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LEME
PRECISÃO E PAIXÃO Como a engenharia, toda música é um projeto. De nota a nota, número a número, cria-se um conjunto preciso que, acompanhado de sentimento, produz uma harmonia perfeita. Nós, da LEME Engenharia, somos movidos por paixão e precisão, assim como a música. Por isso, apoiamos a realização dos Concertos Didáticos UFMG. A LEME Engenharia, parte integrante do Grupo Tractebel Enginering (GDF SUEZ), é uma empresa com mais de 45 anos de experiência em engenharia consultiva para projetos nos segmentos de energia e infraestrutura. Com sete escritórios regionais no Brasil e bases de atuação no Chile e no Panamá, desenvolvemos e gerenciamos obras de médio e grande porte, atuando desde as fases preliminares até a implantação final do empreendimento.
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2012 temporada
BRASILII TRIO - violino, cello e piano BRUNO PROCÓPIO - cravo GRIGORY ALUMYAN - cello LUIZ GUSTAVO CARVALHO - piano SAULE TATUBAEVA - piano TRIO SCHUMANN - violino, cello e piano VERA ASTRACHAN - piano PREMIADOS NO 4º CONCURSO EUROPEU DE MÚSICA DE CÂMERA KARLSRUHE