2 O BAIRRO
Janeiro de 2015 - www.obairro.org
Editorial Não deveria ser assim, mas é o que temos. Como cidadãos devemos apoiar quando for para apoiar e criticar quando for necessário, sempre de uma forma coerente para podermos colaborar para um bairro melhor. Nos últimos anos percebemos a evolução da região da Cidade Ademar, principalmente o Jardim Miriam. Quando criança ou adolescente, muitos moradores do bairro tiveram que mentir, falavam que moravam perto do Jabaquara ou do aeroporto, pois ao falar que morava na a Cidade Ademar, poderíamos sofrer preconceito e poderíamos perder o Que bom que vivemos em emprego. Hoje há um orgulho, peum país democrático onde temos a opção de escolha de nos- las conquistas realizadas nos sos representantes no congres- últimos anos. Muitos destes so nacional, nas assembleias políticos que ai estão ou que legislativas e na presidência foram eleitos não sabem disto. da República. Independente do Temos apenas uma certeza, que seu voto, testemunhamos uma é possível melhorar ainda mais. É por isto que O Bairro lição de democracia, mesmo voltou. Para colaborar com este que estes, que se candidataram processo, e ser parceiro da copossam não nos representar. munidade, comércio e autoriNos últimos anos testemunhamos clãs de famílias solici- dades locais para agregarmos e tarem os nossos votos sem ter somar para um mundo melhor. necessariamente um passado O leitor poderá acompanhar as político ou trabalhos sociais em notícias do bairro diretamente sua comunidade, mas sim, um no site: www.obairro.org. Sérgio Pires sobrenome de um apadrinhado.
O Bairro e o jornalismo
“Imagens Antigas do Bairro”
Porque devemos defender a liberdade, mesmo com os “excessos” de Charlie Hebdo Ainda repercutindo o principal assunto da semana - o ataque terrorista que matou cartunistas do semanário francês Charlie Hebdo - observei alguns comentários sobre a publicação e seus “excessos”, principalmente nas críticas feitas ao islamismo. Claro que todos se posicionam contra as mortes que, realmente não se justificam sob nenhuma hipótese, mas alguns aventam a possibilidade de que, se a linha editorial do Charlie Hebdo não fosse tão “radical”, talvez o infortúnio não tivesse acontecido. Pois bem. Vamos aos fatos. 1. As caricaturas de Charlie Hebdo são realmente pesadas. Algumas demonstram claramente o preconceito racial, outras o antissemitismo e a linha preferencial era, realmente, hostilizar o islamismo, apesar de haver material contra tudo, inclusive a Igreja Católica. 2. Ainda que eu entenda que há “excessos”, defender Charlie Hebdo é, em linhas gerais, defender a liberdade de expressão e a liberdade de Imprensa. 3. É importante ressaltar que a liberdade não é algo impune. Qualquer um, que se sinta lesado pela mídia ou por qualquer manifestação preconceituosa, tem a seu favor um cabedal de leis
Pense
“Foto da Casa Palma tirada em 1996” Envie a sua foto antiga do bairro no e-mail sergiospires1@gmail.com”
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nacionais e internacionais que garantem não apenas o direito de resposta, como ações civis para reparar danos morais, dentro daquele conceito de calúnia, injúria e difamação. 4. Se o fundamentalismo islâmico fosse sério e quisesse ser levado a sério teria usado dos instrumentos legais que as instituições internacionais garantem a todos. Mas o fundamentalismo islâmico não é sério. Além da cegueira dogmática, que não cabe a mim julgar, eles mesmos são preconceituosos, além de cercearem direitos fundamentais do ser humano, principalmente no que tange às mulheres e às crianças. E usam a religião para escravizar, sendo que todos sabemos que o interesse do Islã é poder, territórios e as inúmeras jazidas de minérios diversos que existem naquela região do mundo. 5. Defender Charles Hebdo é defender, sim, a liberdade. Isso porque hoje matam cartunistas que usam do sarcasmo para ironizar o fundamentalismo, qualquer que seja ele. Amanhã, outros podem matar jornalistas, escritores, cartunistas e até cidadãos em geral, que denunciam políticos inescrupulosos, envolvimento de setores do Estado
com o crime e tantas outras mazelas. Aliás, já fizeram isso. 6. Não posso conceber que a morte dos cartunistas ocorreu porque eles pegaram “pesado demais”. Eles morreram porque imbecis agiram pior que eles que satirizavam um conceito que comprovou ser torpe. Ou seja: os que mataram os cartunistas apenas ratificaram tudo aquilo que havia sido “dito” pelas charges. Por fim, vale sempre lembrar da lição que nos deixou o grande “poeta da revolução”, Vladimir Maiakovski No caminho com Maiakovski “[...] Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem; pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada. [...]” #JeSuisCharlie Por Sylvio Micelli
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