EDITORIAL
PALAVRA DO PRESIDENTE É hora de olhar para frente e trabalhar!
C
hegamos ao fim de 2018, o primeiro
mia para o próximo ano com três repor-
ano de nossa gestão com sentimen-
tagens especiais. Você também saberá os
to de que fizemos o melhor para o
segredos das equipes de alta performance,
SESCAP-PR e para as categorias
tudo sobre o conceito de reskilling e uma
econômicas representadas. Enfrentamos
entrevista especial com um balanço de um
grandes mudanças na esfera sindical, im-
ano da Reforma Trabalhista.
postas pela Reforma Trabalhista, além de uma eleição atribulada e muitas incerte-
Comemoração
zas, mas seguimos confiantes. Agora é hora de olhar para frente, ar-
Não poderíamos deixar passar em
regaçar as mangas e trabalhar. Temos a
branco a celebração do dia 12 de Ja-
convicção de que cumprimos o papel de
neiro, Dia do Empresário Contábil.
defender os interesses das empresas de
Parabéns a estes profissionais que
serviços e queremos fazer ainda mais.
desempenham suas atividades com
Em 2018, foram mais de 13 mil participan-
responsabilidade e ética.
tes em nossas capacitações. A certifica-
Desejamos a todos os empresários,
ção digital é referência em processos e a
suas equipes e familiares um Natal
qualidade de atendimento é um grande
iluminado e um Ano Novo
diferencial. É sinal de respeito com você,
cheio de realizações.
empresário. Por isso, contamos com o seu apoio em 2019.
Conte conosco,
Para começar o ano novo com tudo,
empresário!
preparamos nesta edição uma reportagem especial sobre as perspectivas da econo-
Alceu Dal Bosco Presidente do SESCAP-PR
Diretoria: Presidente: Alceu Dal Bosco | Vice-Presidente Institucional: Gilson Strechar | Vice-Presidente de Integração Regional: Michel Vitor Alves Lopes Dir. Secretário Geral: Evandro Pierini de Souza | Dir. Adm. Finanças: Narcizo Muller | Dir. Adm. Finanças Adjunto: Jefferson José Marquezan Dir. Relações Sindicais: Rogério Carvalho Pinto | Diretor de Eventos: Amauri Clovis de Oliveira Nascimento | Diretor de Assuntos Legais: Euclides Locatelli Diretor Relações Interior: Amauri Clovis Oliveira Nascimento | Diretores Suplentes: Elizangela Pietrobon, Eva Schran de Lima, Miriam da Silva Braz Conselho Fiscal - Titulares: Nelson Zafra, Roberto Everaldo Trindade, Alexandre Belmiro Berti - Suplentes: Antonio do Carmo Simões, Elisete de Carvalho Bazzo, Ormélia Tereza da Silva | Delegados Representantes - Titulares: Divanzir Chiminacio | Suplentes: João Gelasio Weber, Eunice Maria Cavali Duarte Diretores Regionais - Arapongas: Adriano Alvani - Cascavel: Diego Maurício Paim Böttcher - Guarapuava: Giselle Tocheto Goes Piasecki Maringá: Glicério Rampazzo - Pato Branco: Maria Susana Vieira Brandes - Toledo: Leandro Ramos Diretoria Instituto SESCAP-PR - Presidente: Alceu Dal Bosco | Vice-Presidente: Antonio do Carmo Simões | Dir. Secretária: Miriam da Silva Braz Dir. Adm. Finanças: Jefferson José Marquezan | Dir. Adm. Finanças Adjunto: Euclides Locatelli | Conselho Titular: Tânia Terezinha Dobrovolski Suplente: Juarez Tadeu Morona Filho, Allan Lukas Jucovski, Hélio de Souza Camargo | Conselho Fiscal - Titulares: Roberto Everaldo Trindade, Elisete de Carvalho Bazzo.
Revista SESCAP-PR |
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ÍNDICE
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CAPA
ENTREVISTA: UM ANO DA REFORMA TRABALHISTA ANA PAULA PAVELSKI
20 RESKILLING : A 4ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL EXIGE NOVAS HABILIDADES
AS PERSPECTIVAS PARA A ECONOMIA EM 2019
O QUE OS ESPECIALISTAS DIZEM
03
Palavra do Presidente
ARTIGOS
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5 dicas para comunicar com empatia nos negócios
exportando conhecimento 05 Brasil contábil e financeiro
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Perícia contábil em evidência
12 Você se torna o que comunica!
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12 de janeiro é Dia do Empresário Contábil
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Sua equipe é de alta performance?
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Boa Ideia
cansa e 28 Empreender você precisa relaxar
Curta nossa página no Facebook Missão: Representar e defender os interesses empresariais com excelência e responsabilidade. Visão: Ser reconhecido e valorizado pelos representados como referência nacional em representação empresarial. Valores: Comprometimento, Ética, Inovação, Excelência, Respeito, Responsabilidade e Sustentabilidade.
Expediente:
A Revista SESCAP-PR é uma publicação do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas no Estado do Paraná (SESCAP-PR) - Rua Marechal Deodoro, 500 - 10º andar - CEP 80010-911 - Curitiba – Paraná - Fone/Fax (41) 3222-8183 www.sescap-pr.org.br | Assessoria de Comunicação do SESCAP-PR - Produção, edição e revisão: Adilson Faxina, Cibele Michelin, Patrícia Schor, | Projeto Gráfico, Arte e Diagramação: Mariana Eloiza Machado As imagens utilizadas nesta edição pertencem ao acervo do SESCAP-PR e de entidades parceiras. A redação não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados. Os anúncios veiculados são de inteira responsabilidade dos anunciantes.
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| Revista SESCAP-PR
ARTIGO
BRASIL EXPORTANDO CONHECIMENTO
CONTÁBIL E FINANCEIRO
O
IFRS possibilitará ao Brasil exportar
cimento técnico em IFRS na Europa é gi-
conhecimento para países que esta-
gantesca. Essa oportunidade de trabalho é
rão o adotando ou o implementando
excelente, pois com ela você terá um desen-
nos próximos anos. Profissionais bra-
volvimento profissional,
conhecerá novas
sileiros com inglês avançado, com experiên-
culturas, terá novas experiências de vida e
cia profissional e qualificação na área e bons
novas perspectivas estarão abertas a todos
conhecimentos em finanças terão grandes
os profissionais. Outro ponto importante
oportunidades. A Europa, os Estados Uni-
são os salários e benefícios mais elevados.
dos, Canadá, Austrália e Japão, dentre ou-
Porém, essa transição exigirá um período
tros, estão com demanda para profissionais
de dedicação para aprimoramento do seu
com especializações em IFRS.
conhecimento técnico contábil e financeiro.
Os Estados Unidos, apesar de não terem
O contato com profissionais que pos-
uma data definida para adoção do IFRS, es-
suem experiência em IFRS na prática é
tão com um processo de contratação muito
muito importante, pois existem muitos
grande de contadores e outros profissionais
pontos que necessitam de um aconselha-
com conhecimento nas normas internacio-
mento. Caso sua empresa esteja em pro-
nais de contabilidade e finanças.
cesso de implantação de novas normas ou
Existem no Brasil inúmeras subsidiárias americanas com projetos que estão sendo
Mestre em Contabilidade Internacional pela Johns Moores University – LiverpoolReino Unido, consultor e especialista em IFRS e Finanças. Já ministrou aulas e palestras em vários países e é autor de vários livros no Brasil e exterior. nabil.mourad@iacafmglobal.com
manutenção das IFRS, se possível, procure se integrar a esta equipe.
vistos como piloto, servindo de base para
Cursos e seminários são muito impor-
um futuro processo de adoção do IFRS
tantes. Existe um número grande de eventos
pela matriz. Isso está funcionando como
genéricos no mercado. Sempre analise quais
forma de transferência de conhecimento
atenderão suas necessidades. Fique atento
e antecipação de eventuais problemas na
aos eventos de profissionais sem experiên-
implementação.
cia prática ou que possuem uma abordagem
No Japão, o IFRS será adotado em 2020 e
de ‘adaptação do entendimento’. Procure
até o momento existe pouca literatura sobre
profissionais com experiência prática na Eu-
ele na língua japonesa. Em diversas situa-
ropa ou outros países que já possuem uma
ções, profissionais de muitas subsidiárias de
plataforma estável de aplicação do IFRS.
empresas japonesas no Brasil estão conhe-
Quanto mais cedo você iniciar sua prepa-
cendo IFRS melhor do que a matriz. O pro-
ração, mais chances terá de conseguir a po-
cesso de adoção vai requerer muita mão de
sição que deseja. Nesse momento, você deve
obra especializada e o Brasil é o país que pos-
guiar a sua carreira para o que pretende ser
sui mais subsidiárias japonesas no mundo.
e para onde deseja estar atuando profissio-
A demanda de profissionais com conhe-
Nabil Ahmad Mourad
nalmente nos próximos anos. Revista SESCAP-PR |
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CAPA
AS PERSPECTIVAS C DA ECONOMIA PARA
2019 019
Por Cibele Michelin e Patrícia Schor
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omo será o cenário econômico do Brasil a partir de 2019? Se por um lado, as eleições deste ano podem ser vistas como as mais conturbadas dos últimos tempos, o período pós-eleição tem dado alguns sinais do que pode vir pela frente. E, especialmente para empresários, o tempo é de expectativa pela retomada da economia e, principalmente, pela confiança no governo. E, para responder a esta questão e entender as previsões econômicas para os próximos quatro anos, a Revista SESCAP-PR entrevistou três especialistas que fizeram uma análise sobre as perspectivas para o setor. Confira!
CAPA
O que os especialistas dizem A partir de 1º de janeiro de 2019, o Brasil estará sob o comando do presidente Jair Messias Bolsonaro após uma eleição que, pode-se dizer, dividiu o País em dois lados. Entretanto, um único Brasil cria expectativas sobre as novidades que surgem com o novo comando. O economista Eduardo Moreira afirma que, em virtude de eleições passadas, neste governo, as previsões são mais difíceis de serem feitas. “Quando a gente fala em economia, finanças, a palavra risco pode ser traduzida por incerteza. E existem algumas incertezas em relação a esse governo que são os riscos que a gente tem. Por exemplo, você tem um quadro de pessoas que formam o núcleo do governo que não estão acostumados com o ambiente
político, como o Paulo Guedes, o [Sérgio] Moro, os generais que estão fazendo parte do governo Bolsonaro. Isso é uma dúvida que paira no ar”, analisa o economista. “Não é que o novo governo não tenha habilidade política, é que há uma dúvida sobre qual é a habilidade política do novo governo e se é habilidade suficiente para fazer as mudanças que o País precisa”, pondera Moreira. De acordo com o especialista, o país necessita de importantes mudanças legais para recuperar a confiança do empresariado brasileiro. “O Brasil precisa passar por uma reforma da Previdência, precisa trabalhar uma Reforma Tributária, ponto importantíssimo para o setor de serviços. Precisa ter emendas constitucionais e ter três quintos do Congresso votando a favor da mudança que você quer colocar e, para isso, tem que ter habilidade política”, pondera.
Riqueza e capacidade de investir Eduardo Moreira cita que o crescimento de um País está diretamente ligado à capacidade de aumentar suas riquezas como, por exemplo, trigo, soja, minério de ferro, automóveis produzidos, além do trabalho das pessoas. E, para conquistar um retorno maior, exige-se antes que alguém abra mão de uma riqueza para poder gerar riqueza maior no futuro. “O nome disso é investimento. E, o único que não abre mão dessa riqueza é o Poder Público que deveria, teoricamente, estar sempre investindo para fazer as riquezas do País sempre crescerem, por meio do recolhimento dos impostos”, explica. O gasto desenfreado de sua arrecadação em pagamento de juros diminui a capacidade de investimento e, com isso, o Brasil
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CAPA
desacelera os recursos vindos de investidores do poder privado. Foi o que aconteceu nos últimos anos, quando, como afirma Moreira, o poder privado não se sentiu representado pelo governo e parou de investir. Com isso, o Brasil estagnou e os índices de atividade ficaram abaixo dos de 2014. “Com a eleição do Bolsonaro, os principais donos de empresas e quase que todos os donos de banco o apoiaram. E ele colocou como ministro da economia um ex-dono de banco, uma pessoa que representa muito bem esses donos do capital e dos meios de produção. Com isso e com o estado de que o País não pode investir porque depende da iniciativa privada, os empresários começaram a pressionar o governo com o seguinte: eu topo investir, mas quero algumas condições: diminuição de impostos, setor produtivo com mais
comparar com o crescimento pífio de antes, o que se chama efeito-base. E porque os empresários vão estar se sentindo representados e vendo uma condição propícia para gerar riqueza”.
subsídios, não cobrar dividendos”, cita. Para o especialista, os resultados já começaram a aparecer, com multinacionais e bancos readequando investimentos superiores aos que estavam sendo praticados. “Acredito que 2019 e 2020 vão ser anos de investimento, anos em que o setor produtivo e serviços de tabela vão experimentar um bom crescimento e que vai parecer maior ainda porque vamos
ao ganhar poder aquisitivo, volta a consumir e a demandar serviços de toda a ordem, a roda continuará a girar para frente”, aposta Moreira. E, para explicar essas condições de distribuição de renda do Brasil, o economista revela que o País é uma das três nações com o maior imposto sobre bens e serviços e menor imposto sobre rendas e capital. E o que isso causa?
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Distribuição de renda Contudo, Eduardo Moreira também pondera sua visão otimista. “O Brasil é o país mais desigual do mundo. O nível de desigualdade mundial, medido pelo World Inequality Report, pela Oxfam, e por vários institutos que estudam desigualdade social no mundo, apontam o Brasil em primeiro lugar. 1% dos mais ricos do Brasil concentra quase 30% da renda do País. Se a gente criar mecanismos que sejam capazes de dividir a riqueza que vai ser gerada para a base da população, que é quem vai fazer a roda continuar a gerar e,
As pessoas da classe média e baixa geralmente consomem tudo o que ganham com bens e serviços e, com isso, pagam um imposto enorme. Já as pessoas ricas, geralmente guardam muito dinheiro e pagam menos imposto, já que as taxas são incidentes sobre renda e ganhos de capital, que é menor. “Aí o dinheiro que elas aplicam recebe juros do governo que é pago com impostos que são pagos pela classe média e pela classe mais baixa. Então, não adianta você fazer um monte de reformas. Elas são necessárias, mas não suficientes”, detalha. “Estou muito convicto de que os próximos anos vão ser importantes para o crescimento no Brasil, mas, estou muito receoso se, como os representantes que estão no governo são somente dos donos das empresas e dos meios
CAPA
Eduardo Moreira Formado em engenharia e graduado em economia pela Universidade da Califórnia de San Diego (UCSD), onde obteve um Minor Degree em Economia. Em 2013, foi eleito pela revista Época Negocios um dos 40 brasileiros de maior sucesso com menos de 40 anos e em 2016 votado pela revista Investidor Institucional como um dos 3 melhores economistas do Brasil. Autor de oito livros, entre eles o bestseller Encantadores de Vidas. Em 2012, foi o primeiro brasileiro a ser condecorado pela Rainha Elizabeth II em Londres.
setor de serviços é o dinamismo da economia, que deve aumentar nos próximos anos, ainda que com uma característica diferente de trabalho, com salários mais baixos. A garantia, neste caso, precisa ser de que a riqueza gerada transborde para as classes mais baixas da população e continue nesta mesma base da pirâmide.
Acesso à informação de produção e dos bancos, a gente vá ter ao longo dos outros anos capacidade de continuar crescendo. Todos os países que crescem muito no mundo têm essa preocupação de fazer com que a base da economia seja saudável e tenha sempre poder aquisitivo”, analisa.
Desigualdade O economista afirma que prefere discutir modelos ao invés de política, pois acredita que a maioria dos brasileiros desconhece os índices de desigualdade do Brasil, que o colocam no topo dos rankings mundiais. “Se considerar os países da África, abaixo do Saara, como Congo, Sudão, Etiópia, Zimbábue, o Brasil tem uma concentração de renda maior. Se pegar o Oriente Médio, que tem os
sheikes, o Brasil tem uma concentração de renda maior. Então qual é nosso problema? A gente abre uma empresa no Brasil, mas não tem uma base grande de pessoas que precisam dos seus serviços. Nos Estados Unidos, na França ou na Inglaterra, quando uma pessoa abre um escritório de Contabilidade, todo mundo precisa do seu serviço, porque ninguém é economicamente impotente, inativo, desprezível. Você tem uma demanda por todos os serviços e a economia é muito dinâmica. No Brasil, você não tem uma economia muito dinâmica porque acaba ficando na mão dos mesmos agentes, dos mesmos oligopólios ou monopólios de cada setor”, descreve. E, diante disso, o economista aponta que o fator mais importante especialmente para o
Apesar dos desenhos de um cenário econômico mais positivo, o economista acredita que o Brasil vive um momento de discussões políticas no âmbito pessoal, em plena era da informação e esta é a chance de mudarmos alguns conceitos. “As pessoas poderiam entrar no site do Ministério do Planejamento, do Ministério da Fazenda que agora vai virar Ministério da Economia, poderiam entrar no site da Receita Federal, além do Ipea [Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada] ver os números, os dados e os relatórios espetaculares que eles emitem. Espero que as pessoas saiam da discussão pessoal, passem a discutir o modelo e usem as informações que elas têm à disposição de uma forma muito fácil para qualificar e embasar as discussões”, comenta.
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CAPA
Economia deve acelerar em 2019 Se para uns os próximos anos ainda são motivo de apreensão, economistas conseguem prever um cenário mais positivo em relação ao crescimento da economia para 2019. O doutor em Economia e mestre em Relações Internacionais, Mauro Rochlin, indica que esse cenário deve-se especialmente pela retomada do investimento privado. “Acredito que o clima político ajuda o empresário a se decidir por novos investimentos, aliás, até temos visto com a divulgação dos resultados do terceiro trimestre alguma reação dos investimentos. Então, acredito que, de uma maneira geral, e aí eu falo sobre agricultura, indústria e serviços, a expectativa é de aceleração no ritmo de crescimento”, destaca o economista ao citar uma previsão de crescimento de, em média, 3% para o próximo ano. E, se há possibilidade de novos investimentos, crescem também as expectativas de geração de novas vagas de trabalho. “É verdade que a qualidade desse emprego que a gente vê acontecer é inferior à qualidade do emprego que foi destruído em 2015 e 2016. Vemos que o crescimento hoje se dá muito mais por emprego informal, mas, de qualquer maneira, o número de pessoas empregadas tem crescido de maneira consistente e, com essa retomada do investimento, pode-se dizer que o período será favorável ao emprego”, pondera Rochlin.
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E, com o aumento da oferta de empregos, garante-se um ambiente mais sustentável com a consequente retomada dos níveis de consumo, o que gera um efeito multiplicador sobre toda a economia, como explica o especialista. “Ainda que o novo governo represente uma nova possibilidade, renove as expectativas de todos, precisamos ver de fato se o governo está entregando o dever de casa, para que gere um ambiente de maior confiança. A ideia é que todo mundo se sinta beneficiado com isso”, comentou.
Previdência e tributos Uma das grandes esperanças dos empresários gira em torno das reformas Tributária e Previdenciária. Para o economista, o problema é amplo e precisa ser analisado com cuidado pelo novo governo. “A questão fiscal é ponto central a se pensar, não só na
Mauro Rochlin Doutor em Economia e Mestre em Relações Internacionais. É professor-adjunto da Faculdades IBMEC-RJ e Professor-Auxiliar da PUC-RJ. Tem experiência na área de Economia, com ênfase em crescimento, flutuações e planejamento econômico.
conjuntura econômica, mas também se pensarmos em crescimento de médio e longo prazo. Quem acompanha as contas públicas sabe que o déficit é muito preocupante, vê que a dívida cresce e isso é uma questão a ser resolvida muito rapidamente”, aponta. Para Rochlin, os indícios estão ligados a problemas estruturais do Brasil, em termos orçamentários e que estão fortemente ligados a questões de previdência. “Temos uma previdência extremamente deficitária e, por questões populacionais e demográficas, a gente sabe que o problema vai se agravar. Ou seja, estamos falando em envelhecimento da população, de um problema estrutural que tem uma questão orçamentária e fiscal que se precisa considerar. Nesse sentido, entendo que a reforma da previdência e uma reforma tributária poderiam ter papel fundamental na solução desse problema”, indica o economista.
CAPA
Transparência Mais do que previsões, o economista Mauro Rochlin acredita ainda que a mudança de pensamentos e processos dentro das empresas também pode garantir um cenário mais positivo, fazendo com que a inovação permita a criação de um sistema de informações e normas mais transparentes e eficientes. “Quando falamos da questão fiscal, não estamos falando somente de um déficit crescente, de um problema estrutural por trás desse déficit, mas também de desperdício, de como essas rendas são utilizadas. Temos que pensar na eficiência da máquina pública, não só no tamanho do gasto, mas na qualidade de gasto. E quando pensamos em inovação, pensamos em qual papel a tecnologia pode ter. Passamos a entender que mais transparência é mais arrecadação. E há a possibilidade da arrecadação ser maior e o gasto ser de melhor qualidade, quando essa transparência está presente”, coloca Rochlin ao acrescentar a expectativa de uma fiscalização mais isenta e eficaz.
Escola Liberal ditará o ritmo do Brasil Para o economista e vice-presidente do Conselho Regional de Economia do Paraná (Corecon-PR), Carlos Magno Andrioli Bittencourt, está claro que a Escola Liberal dará o ritmo de gestão no Brasil nos próximos quatro anos, o que abre a possibilidade de ter um Estado menor e empresas menos sufocadas pelo Estado. “Há muita coisa
a ser colocada nos trilhos e levará um tempo considerável. O que ajuda é que houve uma renovação no Congresso e no âmbito estadual”, analisou. Sobre aspectos econômicos globais, Bittencourt explicou que há uma acomodação na taxa de juros nos Estados Unidos, acompanhada de um diálogo mais estreito entre Estados Unidos e China. No âmbito brasileiro, há um índice inflacionário comportado, um crescimento da safra agrícola e reação nos indicadores da indústria.
Reformas O vice-presidente do CoreconPR, avalia que a Reforma Tributária reduzirá o impacto sobre os agentes econômicos, como famílias, empresas e governos. “Há uma carga tributária elevada sem a devida contrapartida, ao mesmo tempo em que vários Estados estão com suas finanças combalidas”, frisou. Ele considera, ainda, que a Reforma Previdenciária é urgente. “A União e os Estados estão com suas finanças pressionadas por distorções na Previdência. A reforma daria fôlego aos governantes para equilibrar as finanças públicas. Se não houver as reformas os governantes passarão a ser gestores de folha de pagamento e o cidadão deixará de ter os serviços que tanto aspira. O diálogo constante entre o Executivo e Legislativo deverá se intensificar e apresentar uma sintonia fina nesse assunto”, avaliou.
Setor de serviços O fortalecimento do setor que mais tem gerado emprego e o
Carlos Magno Andrioli Bittencourt Economista, vice-presidente do Conselho Regional de Economia do Paraná (Corecon-PR) e doutor em Gestão de Negócios e professor de Pós-Graduação. É palestrante e consultor.
que mais se desenvolve no Brasil, passa, na opinião de Bittencourt, pela qualificação da mão de obra e pelo aprimoramento dos empreendedores, a fim de tornarem suas empresas eficientes.
Mudança do mindset O empresário deve estar aberto a toda inovação que surge. “Deve ser pró-ativo e vanguardista na mudança do mindset, pois ou somos o maquinista do rolo compressor ou fazemos parte da estrada”, sinalizou Bittencourt. O economista defende que o empreendedor precisa ser ousado e persistente, afinal com os desafios também surgem as oportunidades.
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ARTIGO
VOCÊ SE TORNA O QUE COMUNICA!
“E Eduardo Almeida Palestrante, publicitário e escritor. Possui formação nas áreas de coaching e PNL, sendo o introdutor da metodologia de Coaching Ikigai e multiplicador da ciência da Neurocomunicação do Brasil.
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u vou TENTAR entregar este relatório para você ainda hoje!”, respondeu meu contador, frente à minha solicitação. E minha resposta foi: “Então está claro que você não vai entregar!” Surpreso com o nível da assertividade da minha colocação, procurei explicar a ele a falha em seu processo de comunicação. Poucas pessoas sabem, mas nosso cérebro se comporta de forma muito parecida com um computador. Assim sendo, nossos PENSAMENTOS, CRENÇAS e padrões de COMPORTAMENTO são muito similares a softwares que rodam dentro desta estrutura (o hardware) chamado cérebro. Por uma questão de economia de energia, tudo o que programamos tende a tornar-se um hábito, gerando algo conhecido como rede neural - trilhas de acesso rápido e inconsciente àquele padrão estabelecido. Quando estas redes são ativadas, passam a
determinar um comportamento recorrente e inconsciente, gerando assim resultados sempre similares. O problema é que um dos principais métodos para gerar as “linhas de programação” de nosso software cerebral é a nossa comunicação. E o que é pior: 90% de nosso processo de programação é NEGATIVO e REATIVO, ou seja, não está sob nosso controle. Desta forma, a menos que você aprenda a CONTROLAR a técnica de programação adequada de seus padrões, dificilmente obterá resultados melhores e diferentes daqueles que já tem. No caso do meu contador, o uso do termo TENTAR demonstra claramente um dos “vírus” de programação que continuamente incluímos em nosso software. Quando você diz que “VOU TENTAR”, sem saber está programando seu cérebro para reconhecer que não tem OS MEIOS, a URGÊNCIA ou o COMPROMISSO para executar o que precisa ser feito. Na verdade, ele já estabe-
ARTIGO
leceu com você um contrato psicológico interno que diz: “não tem problema se falhar, pois você não disse que iria fazer e sim que iria tentar”. Uma vez estabelecida esta programação, seu comportamento já sofre alteração e o resultado se torna bastante previsível. Então, quando for dizer que vai TENTAR, lembre-se que neste caso existem duas programações que constroem a sua FORÇA e REPUTAÇÃO: • Eu vou fazer – nem tudo o que fazemos traz os resultados que esperamos. Mas, mesmo quando estes não vêm, seu cérebro se empodera quando assume que está 100% comprometido com a meta. Então, se algo deu errado,
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isso não significa que você “tentou”, mas sim que algo não estava na sua zona de controle ou competência. Além disso, você ainda pode aprender valiosas lições no processo. • Eu consigo, mas não para hoje - negociar prazos realistas e aprender a dizer não, ao invés de mentir para si mesmo e para o cliente, é uma das maiores habilidades dos grandes profissionais e
treinadas para perceber quando estão programando comportamentos errados e, assim, assumir o comando de sua vida. E isso é especialmente relevante para profissionais que atuam no segmento de serviços, no qual tudo é baseado em comunicação! Por isso, se você quer ser um grande profissional, comece a dar mais atenção às suas COMPETÊNCIAS COMPORTAMENTAIS, pois são
executivos. O cérebro que aprende a dizer não e a negociar prazos realistas reforça o sentimento interno de VALOR PESSOAL e AMOR PRÓPRIO. Assim, como neste caso, são inúmeras as linhas de programação que executamos diariamente. Infelizmente, poucas pessoas são
elas que irão diferenciar você de seus concorrentes e frente a seus clientes. Lembre-se: você se torna aquilo que continuamente comunica. Então a pergunta que deixo para sua reflexão é: você tem CONSCIÊNCIA e CONTROLE do que tem comunicado?
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COMUNICAÇÃO
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DICAS
para comunicar com empatia no mundo dos negócios
Por Mira Graçano
C
omo você reage quando ouve algo que não gosta, uma crítica, uma solicitação no ambiente de trabalho em tom agressivo ou um comentário que considera inadequado? Muitos optam por dois únicos caminhos: o ataque ou a defesa. Quase nunca, em momento de tensão ou desconforto, a opção é pelo diálogo, pela conversa franca e equilibrada, livre de jogos psicológicos e de julgamentos. Essa é a essência da Comunicação com empatia - uma relação interpessoal mediada por palavras, sem que nenhuma das partes se omita ou caia no risco de se deixar contaminar por “rótulos”, por suas fragilidades, por seu medo e insegurança. A empatia se manifesta na atitude de dar lugar à verdade e ao sentimento do outro, sem juízo de valor. Sem considerar que o quadro de realidade do interlocutor é distorcido ou menos valoroso. Felizmente as empresas já perceberam que o colaborador com alto potencial de entrega é aquele que tem voz ativa, fala o que pensa sem impor suas ideias, discorda 14
| Revista SESCAP-PR
sem medo e questiona as decisões para trazer novas contribuições. Estamos na era da “pessoa” e não apenas do resultado pelo resultado. Depois de produzir um exército de infelizes e estressados, o ambiente corporativo está ávido por se tornar o espaço da criatividade, da vivência em conjunto, permitindo que cada um se expresse na sua verdade. Todos sabem de sua responsabilidade e ninguém suporta mais passar horas e horas em um ambiente inóspito, onde não há riso, não há transparência de opiniões, não há conexão. Alguns passos simples podem estimular essa comunicação com empatia no ambiente de trabalho. O primeiro é evitar conclusões precipitadas e generalizações. Sempre que houver qualquer discordância, é necessário promover um momento de conversa empática, cuja ênfase é o real interesse pelo outro. Sem levar para essa conversa situações já discutidas e pré-conceitos, mas dados concretos de realidade. Há muita diferença entre perguntar ao colaborador porque ele chegou às 8h30 na terça e perguntar por-
que ele vem se atrasando com tanta frequência. Quando dizemos o que aconteceu, quando aconteceu, como, sem acrescentar qualquer juízo de valor, desarmamos o sistema de defesa agressiva do outro. Certamente as conversas difíceis exigem também a escuta ativa. Ouvir na essência é se esvaziar de si mesmo naquele momento. Olhar nos olhos com foco integral, neutralizando a ação dos diálogos mentais. A comunicação com empatia depende diretamente da escuta e isso pode ser demonstrado de várias formas. Por exemplo, repetir parte do que o outro disse para se certificar de que entendeu, fazer perguntas, não mudar o foco do assunto, parar toda e qualquer outra atividade. Jamais converse com alguém enquanto digita mensagens ou passeia com os olhos pelo computador. Outro passo importante é saber expressar os sentimentos. Quando dizemos o que estamos sentindo, sem responsabilizar o outro pelos nossos sentimentos, abrimos a porta da conexão. Se o sentimento é negativo, ele certamente foi
COMUNICAÇÃO
Mira Graçano é jornalista, Mentora/Coach de Comunicação, com formação em Análise Transacional, Mestrado em Sociologia das Organizações e MBA em Direção Estratégica.
gerado por questões internas que precisam ser enfrentadas. É necessário “redecidir”, como afirmam os teóricos da Análise Transacional, quando tratam de comportamentos disfuncionais. O mesmo tom de voz de um gestor pode ser recebido com naturalidade por uma pessoa e ser considerado agressivo por outra. Um quarto passo da Comunicação com Empatia é saber fazer os pedidos claros. Por vezes, estamos tão habituamos a lidar ou trabalhar com determinadas pessoas, que esperamos o milagre da adivinhação. “Todos precisam imaginar e atender nossas necessidades porque elas são obvias”! Será? Por
mais que o trabalho seja rotineiro é necessário deixar claro qual é a tarefa, lembrando que algumas pessoas temem esclarecer dúvidas para não demonstrar fragilidade ou desconhecimento. Então, não custa perguntar: “Está claro? Posso te ajudar com alguma outra informação? Conte comigo se precisar”! Peça ajuda, peça atenção, peça desculpas, diga o que você precisa ou deseja do outro. Os pedidos claros se tornam ainda mais importantes neste momento em que a geração millennials chega com força ao mercado de trabalho. Eles costumam ser diretos e podem levar ao pé da letra o que está sendo solicitado. Também vão dizer sem o menor receio se não concordarem com um pedido. Se prepare para a nova realidade. Nada de imaginar que um millennial vai “traduzir” o que você quis dizer, até porque a geração da rea-
lidade virtual não é dada à análises e reflexões. Portanto, seja direto. A Comunicação com Empatia tem muitas outras características que precisam se tornar habituais dentro das corporações, mas vamos concluir com a mais potente, que é a celebração verbal. O reconhecimento positivo por muitos anos ficou em segundo plano na relação de trabalho, como se expressar gratidão por algo bem feito fosse produzir uma espécie de comodismo ou soberba. Expressar gratidão é uma das maiores forças da comunicação. Um simples “obrigado” ou “muito bem, gostei”, ativa os neurotransmissores do bem estar, como a serotonina, não só para quem recebe o elogio, mas principalmente para quem o faz. Neste momento as duas partes experimentam a boa sensação de viver e trabalhar em comum-unidade.
ENTREVISTA
DA TRA
Ana Paula Pavelski
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| Revista SESCAP-PR
ENTREVISTA
A
UM ANO A REFORMA ABALHISTA Por Cibele Michelin
Reforma Trabalhista completou um ano no mês novembro de 2018. Cercada de questionamentos e muitas polêmicas, o objetivo principal, de acordo com o governo, foi flexibilizar e modernizar as leis trabalhistas, adequando-as à nova realidade das relações de trabalho no País. A redução no número de ações trabalhistas, da informalidade e o incentivo à criação de empregos também fizeram parte das ambições do legislativo. Para compreender de que forma a Reforma tem impactado as empresas, quais os principais alertas e pontos de destaque que envolvem trabalhadores, empresas e sindicatos, o SESCAP-PR entrevistou a advogada, mestre em Direito Empresarial e Cidadania e coordenadora da especialização em Direito e Processo do Trabalho do Unicuritiba, Ana Paula Pavelski. Confira a íntegra:
Revista SESCAP-PR - A Reforma Trabalhista completou um ano e a expectativa do governo era de que ela gerasse empregos formais, reduzindo a informalidade. Isso aconteceu? Qual é o cenário atual? Qual a sua avaliação e expectativa? Ana Paula Pavelski - Os números divulgados ao longo de todo este último ano demonstram que a Reforma não causou impactos na geração de vínculos formais de emprego. As oscilações no mercado de trabalho denotam que se tratam de reflexos da própria economia, mas não da Reforma. Certamente, isso se deve ao fato de que, mesmo com as novas figuras trazidas com a Reforma, como é o caso do trabalho intermitente e mesmo a possibilidade de terceirização total, a maior parte dos empregadores está agindo com cautela por dúvidas que ainda têm quanto a estes contratos.
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ENTREVISTA RS - Qual o papel da negociação coletiva frente à Reforma? E quais os impactos positivos e negativos para as empresas? AP- A negociação coletiva, conforme arts. 8 (caput e parágrafos), 611-A e 611-B da CLT, tomou grande espaço porque a lei expressamente prevê que, havendo um assunto negociado, dentro dos parâmetros formais e de conteúdo possíveis, este negociado prevalece. O legislador, ainda, criou mecanismos que dificultam, em ações individuais, a invalidação do que foi negociado em Convenções Coletivas e Acordos Coletivos, podendo ser citada como
exemplo a necessidade de colocar como partes na demanda as entidades sindicais que negociaram. Assim, principalmente os empregadores possuem mais segurança de que o negociado não será facilmente afastado numa demanda na Justiça do Trabalho. Sem dúvida, ainda, trabalhadores e empregadores terão que mudar comportamentos para estabelecer mais diálogo com as entidades sindicais que os representam, dada a importância conferida às negociações coletivas. O grande impacto positivo da negociação coletiva como um todo é o de ser possível aproximar mais a lei para a realidade de cada empregador, especialmente por uso dos Acordos Coletivos que, agora, se existirem, o art. 620 da CLT deixa claro que se sobrepõem às Convenções Coletivas. O grande cuidado que se deve observar é a vedação da ultratividade destes instrumentos coletivos que a
trabalhadores e empregadores terão que mudar comportamentos para estabelecer mais diálogo com as entidades sindicais que os representam, dada a importância conferida às negociações coletivas
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Reforma expressamente incluiu na CLT, pois agora, acabado o prazo de vigência de uma CCT ou ACT, as normas por eles trazidas, tanto para empregados quanto para empregadores, passam a não mais produzir efeitos, por exemplo: um empregador poderá perder a validade formal do seu banco de horas, o empregado perderá o direito ao vale-refeição cujo pagamento era obrigatório por força da negociação coletiva. Na prática, ficará clara a necessidade de se iniciar com antecedência o procedimento de nova negociação coletiva, para que, assim que encerrada a vigente, a sua substituta esteja pronta, de modo a não causar dúvidas e posteriores discussões.
RS – A homologação não precisa mais ser feita obrigatoriamente em sindicatos. A reforma autorizou que isso possa ser realizado diretamente na empresa. Quais os cuidados que os empresários precisam ter? AP - Realmente, com a nova redação quase que total do art. 477 da CLT, por lei a homologação das extinções contratuais não precisa mais ser realizada. Os empregadores devem estar atentos para o fato de que o prazo de dez dias do término do contrato não é mais apenas para pagamento das verbas, mas também para entrega dos documentos que comprovem a comunicação da extinção contratual aos ór-
ENTREVISTA gãos competentes. Assim, caso não cumpridas ambas as obrigações, poderá ocorrer a incidência da multa de um salário do trabalhador. Recomenda-se, portanto, que os empregadores, no ato da extinção contratual, já deixem o empregado ciente de local, data e horário que devem retornar para receber as verbas (ou ter acesso ao comprovante de pagamento) e os documentos da extinção pois, caso o empregado não compareça, será possível enviar, por exemplo, telegrama a respeito desta ausência. Procedimentos como este impedem que o empregador numa futura discussão de prazo tenha que pagar a multa, porque este conseguirá comprovar de forma eficaz que não cumpriu todas as obrigações no prazo por inércia do trabalhador.
bem assim que a pessoalidade e a subordinação devem ser verificadas com a sua empregadora e não com o tomador, porque a este importa o serviço. Ainda, a lei 6.019/74 prevê requisitos no contrato firmado entre a tomadora e a prestadora de serviços, dentre os quais a necessidade de especificar as atividades para as quais a terceirização está sendo implementada, ou seja, importante observar que os trabalhadores terceirizados somente poderão realizar referidos serviços. Ainda, continua sendo importante o tomador ter cópias de documentos dos trabalhadores, tais como recibos de salário, cartões de ponto e etc, porque a lei expressamente prevê que existe a sua responsabilidade subsidiária pelo período que se aproveitou da prestação de serviços.
RS – Agora é possível que as empresas terceirizem atividades-fim, o que antes não era permitido. Quais são as regras e alertas nesse sentido?
RS- A “pejotização” está ganhando força, principalmente em função da reforma. Quais os alertas nesse caso?
AP - A Reforma Trabalhista re-
AP - Importante mencionar que
almente trouxe alterações que deixaram claro, na lei 6.019/74, a possibilidade de terceirização de qualquer atividade da empresa. Importante lembrar que, em recente julgamento, o STF entendeu neste mesmo sentido, o que se aplica para o período anterior à Reforma. Deve-se lembrar que o trabalhador continua sendo empregado da empresa prestadora de serviços, portanto tem CTPS assinada e direitos trabalhistas,
em termos de legislação trabalhista, terceirizar não é pejotizar. Terceirizar significa contratar trabalhadores por empresa interposta que assina a CTPS, ou seja, os trabalhadores possuirão direitos trabalhistas. Pejotizar é contratar através de pessoa jurídica para, basicamente, formalizar e poder contabilizar pagamentos, ou seja, tentando afastar direitos trabalhistas. Pejotizar não está previsto expressamente como
possível no ordenamento jurídico e mais, o art. 9º da CLT prevê que qualquer tentativa de burlar, afastar a aplicação das normas trabalhistas será considerada nula, atraindo a declaração de vínculo de emprego e respectivos direitos. Assim, vale o princípio da primazia da realidade sobre a forma: comprovados que presentes os requisitos do vínculo de emprego, numa demanda trabalhista, certamente este será reconhecido e declarado.
RS - Após a reforma, quais são os impactos no custeio de ações trabalhistas? AP - Em demandas trabalhistas, o principal aspecto de custo que a Reforma Trabalhista trouxe foi a regra dos honorários de sucumbência. Agora, tanto empregado quanto empregador, quando sucumbentes (quando perderem) em pretensões de uma demanda trabalhista, terão que pagar honorários para o advogado da parte contrária. Ainda, em termos de custos, o valor das custas processuais ficou limitado a até quatro vezes o valor do teto do Regime Geral de Previdência Social e o depósito para recursos tem novas regras, tais como: ser metade do valor para empregadores domésticos, micro e pequenas empresas, bem assim entidades sem fins lucrativos e, ainda, isenção para beneficiários da gratuidade da justiça, entidades filantrópicas e empresas em recuperação judicial.
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CAPA GESTÃO
RESKILLING:
A 4ª revolução industrial exige novas habilidades Até 2022, todo o sistema machine learning eliminará 75 milhões de postos de trabalho. Esse mesmo sistema gerará 133 milhões de vagas. Mas a conta não é positiva.
Por Patrícia Schor
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té 2022, todo o sistema machine learning eliminará 75 milhões de postos de trabalho. Esse mesmo sistema gerará 133 milhões de vagas. A diferença é que as 75 milhões de pessoas que perderão seus empregos não têm as habilidades necessárias para ocupar as milhões de vagas que surgirão. O cenário apontado por Marcelo Lombardo, CEO da Omie, acende um alerta sobre o futuro, ou presente, do mercado de trabalho que já exige novas competências. Os dados foram apresentados durante o Fórum Econômico Mundial (FEM), realizado neste ano na China. Diante disso, a reconfiguração de algumas posições é aposta do mercado e requer que profissionais e gestores aprimorem suas competências para estarem aptos aos novos empregos. E a prática da atualização contínua torna-se
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crescente no meio corporativo e tem nome: reskilling. A origem do termo vem do inglês “skill” que é o processo de adquirir novas habilidades para executar trabalhos diferentes, difíceis, ou treinar pessoas para isso.
Requisitos X skills
financeira e contabilidade, temos uma sobreposição de skills de mais ou menos 80 a 90%. Ou seja, um contador já está a 80 a 90% de poder ser um consultor financeiro. O que ele tem que aprender adicionalmente é pouco”, explica. Além disso, a empresa precisa analisar
A necessidade de reskilling pode se evidenciar de formas distintas. O próprio profissional pode sentir que não está apto às exigências de determinadas vagas ou a empresa pode estimular sua necessidade de requalificação. Segundo Lombardo, quando estimulado pela empresa, o reposicionamento do profissional deve levar em conta dois fatores. O primeiro deles é o aproveitamento de skills que o profissional já possui. “Citando como exemplo a própria contabilidade, entre consultoria
Marcelo Lombardo
ENTREVISTA GESTÃO
o reposicionamento pelo nível de remuneração que deve ser igual ou superior ao que ele já recebe. “O segredo é utilizar a criatividade para ver quais as possíveis recolocações desse profissional, para onde ele poderia ter um nível de remuneração superior e onde haja um melhor aproveitamento do conjunto de skills que essa pessoa já tem. Não adianta querer transformar um contador em um programador ou em um vendedor de software”, compara. Mas, na prática, será que é melhor estimular o desenvolvimento de novas habilidades ou buscar alguém que já esteja pronto? Lombardo acredita que é mais interessante que empresas inteligentes usem os recursos das próprias equipes com a requalificação dos indivíduos que já aderiram à cultura da organização. O EBANX é um exemplo de empresa que investe na qualificação constante de sua equipe. A fintech (Financial Technology) que cria soluções tecnológicas para o setor financeiro e que está sediada em Curitiba, aposta na capacitação profissional por meio da oferta de aulas de idiomas in company, bolsas de estudos para cursos, workshops internos sobre temas técnicos, comportamentais e inspiracionais e hackathons, além de gerar desafios diários às equipes, conforme explica a Beryk Salab, bussiness partner da startup. Contudo, em um ambiente altamente inovador, resiliência e flexibilidade são características
fundamentais no processo de adequação, como explica Beryk. “A resiliência significa aprender a lidar com o ‘não’ e se reerguer, dar a volta por cima de forma rápida. Não há tempo para ficar remoendo frustrações. Falamos muito sobre errar, mas perceber o erro rapidamente. Flexibilidade é muito mais do que se adaptar às mudanças, é se apaixonar por elas e fazer da mudança uma regra e não exceção”, revela Beryk ao frisar a terceira característica valorizada pela empresa. “Autonomia para criar suas próprias demandas e gerar resultados. Aqui não é possível ficar esperando ordens sobre o que fazer e quais caminhos seguir. Desde o aprendiz, todos exercem autonomia em alto grau, o que nem sempre é realidade nas empresas tradicionais”, comenta.
Habilidades do profissional do futuro Marcelo Lombardo afirma que não existe um conjunto de habilidades aplicáveis a todo mundo. “Isso vai variar muito de cargo, posto, profissão e principalmente de ramo de negócio, porque às vezes a tecnologia impacta na forma do negócio e não no negócio em si. É algo muito simplista se a gente falar que todo mundo tem que aprender tecnologia ou inteligência artificial e programar aplicativos”, comenta. E é aí que entra o reskilling. Como tentativa de requalificar pessoas e posições. E, se algumas características
Beryk Salab
são regras de ouro em empresas que querem se adaptar aos novos cenários, outras se tornaram obsoletas, especialmente em startups com novos modelos de gestão de pessoas. “Se você não consegue gerar valor para o negócio, o diploma passa a ser uma mera formalidade e aqui valorizamos profissionais que gerem valor independentemente se a experiência veio por meio de educação formal ou de ter aprendido colocando a ‘mão na massa’”, afirma Beryk. Além disso, as contribuições individuais ainda que o profissional não tenha características de liderança também devem ser valorizadas no processo diário. “Aquele pensamento de que ‘para crescer na carreira é preciso ser gestor’ é algo que estamos desconstruindo ao dar opções de crescimento na carreira de especialista”, diz. Revista RevistaSESCAP-PR SESCAP-PR| |
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PRODUTIVIDADE GESTÃO
Novas características exigidas Especialistas aconselham focar no desenvolvimento das habilidades exclusivamente humanas, chamadas de fundacionais, necessárias em qualquer setor para gerar valor à sua atuação profissional. Uma análise da Accenture, levando em conta as habilidades necessárias para sobrevivência no mercado de trabalho na era das máquinas inteligentes, identificou seis famílias de competências. Confira do lado: Fonte: Accenture
Sua profissão está em risco? Você já se perguntou se a inteligência artificial coloca a sua profissão em risco? Especialistas afirmam que é certo que atividades manuais e de rotina que serão facilmente programadas pelas máquinas inteligentes num futuro muito próximo. Uma pesquisa do Banco Mundial mostra que a porcentagem dos cargos que consistem majoritariamente de tarefas rotineiras caiu de 50% para 44% nos países em desenvolvimento no período entre 2000 e 2012. E o estudo da Accenture feito em cinco países – Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e México - revela que um em cada quatro trabalhadores da economia formal da América Latina, ou seja, 38 milhões de pessoas, está em cargos com alto potencial de automação. E aqui, apenas cer22
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ca de 20% dos trabalhadores com empregos formais na região ocupam cargos que exigem alta qualificação, contra um nível de 40% na União Europeia e nos Estados Unidos, colocando os latinos em situação de vulnerabilidade profissional. O estudo “América Latina: competências para o trabalho na era das máquinas inteligentes”, divulgado pela Accenture, aponta que cerca de 30% dos trabalhadores atualmente empregados na economia formal passam a maior parte do tempo fazendo tarefas de rotina, que são aquelas que máquinas inteligentes – computadores ou robôs – podem facilmente realizar. Um exemplo de emprego que deve se tornar obsoleto, de acordo com o FEM, é o da área de Atendimento ao Consumidor, devido ao crescimento no uso da tecnologia móvel como canal de relacionamento com o cliente. Por
outro lado, deve haver um ganho de dois milhões de empregos nas áreas relacionadas à Computação e Matemática e Engenharia e Arquitetura. Entretanto, os índices ainda dependem do poder de reação dos profissionais e das empresas, seja com formação técnica e intelectual ou na adoção de mecanismos tecnológicos empregáveis às rotinas. “O segmento contábil tem uma chance enorme de crescer com isso, principalmente em valorização. Ainda tem empresa que enxerga o contador como um mal necessário. O profissional que aproveita seus skills e se torna alguém que ajuda a planejar o futuro é algo de muito mais valor agregado, que gera uma remuneração muito maior e gera importância social muito maior”, descreve Marcelo Lombardo, CEO da Omie. No entanto, as competências técnicas não perderam sua rele-
GESTÃO PRODUTIVIDADE vância, mas estão mais suscetíveis à “terceirização” tecnológica. “Chega um ponto em que o avanço da tecnologia empurra incondicionalmente essas pessoas. Elas vão resistir a certo ponto, mas para quem ainda está 100% analógico está cada dia mais impossível de se relacionar com o mundo e não só assumir uma posição na profissão”, contesta Lombardo. Além disso, outros ecossistemas econômicos podem interferir no desenvolvimento de novas competências profissionais. Para David Rosas Shady, especialista em mercados de trabalho do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a prosperidade sustentável depende de a economia combater os efeitos da informali-
dade, cujo círculo vicioso é a baixa qualificação e baixa produtividade. “À medida em que as economias e os mercados de trabalho sentirem o impacto da atual onda de disrupção tecnológica, esse círculo vai se fortalecer, aprisionando um número maior de trabalhadores”, afirmou. E aí, mais informalidade levaria a um aumento da pobreza e da desigualdade.
Saídas para requalificação Mas, afinal, de quem é a responsabilidade de estimular a adaptação profissional? “Ela está dividida em três, cuja expectativa é mundial: parte é obrigação do governo, parte das empresas
e parte dos indivíduos. Cabe aos três personagens juntos incentivarem o reskilling, a requalificação”, diz Marcelo Lombardo. E, neste sentido, Lombardo defende o associativismo como instrumento de alerta e informação sobre os novos cenários que se moldam no mundo no ambiente do trabalho. “É fundamental a ação de entidades como os SESCAPs e a Fenacon nessa ação de levar cada vez mais a visão e o conhecimento sobre o que acontecendo. Não é mais futuro. Estamos já em processo de transição e quando você está no meio do processo, a possibilidade de não perceber e ser atropelado é muito grande”, alerta.
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Revista SESCAP-PR |
SAÚDE GESTÃO
O Futuro dos Trabalhos O relatório The future of Jobs (“O futuro dos trabalhos”, em tradução livre), feito pelo Fórum Econômico Mundial que entrevistou mais de 13 milhões de profissionais de nove grandes setores, em 15 mercados emergentes e desenvolvidos, identificou que as principais tecnologias que devem impulsionar as mudanças no futuro do trabalho são: internet móvel e tecnologia em nuvem (34%), crescimento no poder de computação e Big Data (26%), novas fontes e tecnologias
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de energia (22%), internet das coisas (14%), crowdsourcing e economia de compartilhamento (12%), robótica avançada e transportes autônomos (9%), inteligência artificial (7%), produção avançada e impressão 3D (6%), materiais avançados, biotecnologia e genômica (6%).
O relatório aponta que duas atividades deverão ter uma demanda cada vez maior no mercado. Uma delas é a de analista de dados, já que as organizações precisarão de especialistas para interpretar informações disponíveis em relação ao negócio, ao mercado e aos clientes. E a segunda é de vendedores especializados, para auxiliar as empresas em um posicionamento estratégico de atração de públicos específicos.
38 milhões de pessoas da América Latina estão em cargos com alto potencial de automação
No Brasil, os fatores impulsionadores de mudança no trabalho identificados no relatório ligados à tecnologia somam 96%.
CONTABILIDADE SAÚDE
12 DE JANEIRO É DIA DO EMPRESÁRIO CONTÁBIL Paraná conta com cerca de cinco mil empresários contábeis, número que cresce a cada ano Por Cibele Michelin
H
á sete anos, desde que a lei nº
Para ele, a data deve ser celebrada e é uma
12.387/2011 foi aprovada, o SESCAP-
homenagem justa aos profissionais que
PR celebra o dia 12 de janeiro. A data
contribuem para o desenvolvimento e en-
foi escolhida para homenagear de
grandecimento das empresas brasileiras.
forma especial os empresários contábeis. Eles são mais de 66 mil empresários em todo o País registrados no Sistema CFC/
Valorização
CRCs, sendo que destes, cinco mil atuam
A valorização do empresário contábil
no Paraná. Apesar dos desafios diários
é uma das principais bandeiras do SES-
inerentes à profissão, há muitos motivos
CAP-PR, que oferece cursos, programas e
para comemorar.
eventos de capacitação para a categoria.
A carreira contábil figura, com frequên-
Além disso, a entidade participa de diver-
cia, entre as mais promissoras em rankin-
sos comitês, câmaras de trabalho e grupos
gs que definem quais áreas estão em alta
de estudos, mantendo sua forte influência
no mercado. As empresas contábeis são,
nas esferas municipal, estadual e federal. “O
cada vez mais, consideradas estratégicas.
objetivo é sempre defender os interesses
“A visão consultiva do empresário contábil
dos empresários contábeis de forma ética
está mais evidente e os clientes têm per-
e transparente”, frisou Dal Bosco. Os convê-
cebido este valor. O empresário está ado-
nios e outros produtos e serviços engrossam
tando uma postura de parceiro analítico,
a lista de benefícios às empresas contábeis.
contribuindo com informações estratégi-
Acesse o site do SESCAP-PR e confira todas
cas ao negócio do cliente”, afirma o pre-
essas vantagens: www.sescap-pr.org.br.
sidente do SESCAP-PR, Alceu Dal Bosco.
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PRODUTIVIDADE
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SUA EQUIPE É DE ALTA
PERFORMANCE?
As equipes de alta performance focam na entrega de resultados. Criar um ambiente estimulante e permeado por desafios são alguns dos segredos para o sucesso destes times
Por Cibele Michelin
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s equipes de alta performance são o desejo das empresas. Elas reúnem características peculiares e por isso se diferenciam das demais. O professor, mestre em Gestão Internacional e diretor de investimento da Prime Par & Investiments, Lincoln Carrenho, define três qualidades principais desses times. A primeira é o engajamento, pois, para ele, toda ação conjunta nasce da capacidade de comprometimento e de autorresponsabilidade. “Quando membros de uma equipe estão dispostos e prontos para enfrentar problemas e discutir soluções, grande parte do esforço é minimizado em busca do resultado”, afirmou. A segunda é a visão empreendedora, que é a capacidade de sair “fora da caixa”, pensar grande e não se ater a velhas práticas e vícios, e a terceira é o foco em resultado. “As equipes que estão focadas no resultado não perdem tempo discutindo sobre
assuntos que não vão levar ao resultado, não possuem rotinas que não vão levar ao resultado e estão totalmente focadas e direcionadas para gerar mais e mais resultados”, definiu Carrenho. Como o empresário pode avaliar se a equipe é de alta performance? Para o mestre em Desenvolvimento Econômico e gerente de projetos da MadeiraMadeira, startup curitibana, Bruno Henrique de Oliveira, o primeiro passo é a existência de indicadores e metas claras. “Sem isso, não é possível medir os resultados da equipe. Equipes de alta performance são movidas a desafios”, analisou.
A construção Há algumas práticas que podem contribuir para a construção de equipes de alta performance. Elas vão desde um bom processo seletivo, a imposição de desafios estimulantes diariamente e a capacitação dos colaboradores. “Ao passo que os desafios aumentam, as pessoas precisam de estímulos às suas capacidades e habilidades, treinar será sempre o melhor investimento”, pontua Carrenho. Os líderes
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gia entre gerações”, aponta Carrenho. A cultura de resultado gerada por meio de um pensamento único, focado e complementar faz com que as pessoas foquem em uma visão de longo prazo e isso faz com que os resultados sejam cada vez mais assertivos e cresçam na medida do desenvolvimento da equipe.
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também precisam ser transparentes com a equipe. “A clareza quanto à estratégia adotada, a promoção da troca de conhecimento entre os integrantes e a visão de crescimento profissional despertam o entusiasmo necessário na equipe”, destacou Oliveira. E esse entusiasmo cresce com a adoção da meritocracia, considerada a base de qualquer empresa que busca resultados. “São as regras do jogo para uma equipe de alta performance. Quanto mais eu estimulo as equipes ao mérito de suas performances, mais eu avanço e faço com que meus resultados não fiquem parados”, disse Carrenho. Ele destacou, ainda, que é necessário estimular aqueles que estão engajados em performance maior do que os outros, porque, caso não haja esse estímulo, haverá equipes medianas na empresa. “O empresário precisa decidir se quer estimular e ver crescer pessoas de alta performance ou criar um time mediano por medo de criar e implementar uma meritocracia real dentro de sua empresa”, analisa. Para ajudar nesse processo, Oliveira aconselha que cada colaborador tenha suas responsabilidades e seu Plano de Desenvolvimento Individual (PDI), de forma que contribua para a performance do grupo. Para ter equipes de alta performance em pequenas e médias empresas a dica é criar um ambiente nutritivo. “Seja através de uma comunicação estimulante, uma liderança inspiradora e um processo meritocrático as empresas precisam engajar profissionais de áreas agregadoras e múltiplas, muitas vezes, até mesmo fazendo a siner-
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PRODUTIVIDADE
Entraves para NÃO alcançar a alta performance Líderes fracos: Equipes fortes nascem de líderes fortes, comprometidos e focados em resultado.
Estratégia de negócio: Se a empresa não possui planejamento e estratégia que direciona o negócio, a equipe, mesmo que constituída de pessoas de qualidades, não alcançará alta performance, pois estará mal direcionada, sem objetivos claros e metas desestimuladoras, dependendo única e exclusivamente da visão individual.
Estímulo: Não existe almoço grátis. As pessoas querem ser recompensadas por suas ações e resultados. Se a empresa não o fizer, perderá a capacidade de reter o talento que possui em seu quadro e a equipe que poderia ser de alta performance rapidamente se tornará uma equipe mediana ou pior, uma equipe sem resultados e desmotivada.
Práticas para alta performance Estimular a comunicação assertiva: Para evitar retrabalho, a comunicação entre todos os envolvidos precisa estar alinhada.
Antecipação: Os colaboradores devem ter a capacidade de olhar “a frente” e agir, sempre que possível, de forma preventiva. O gerenciamento de riscos evita situações futuras difíceis, que possam comprometer o desempenho coletivo.
Gestão do conhecimento: Aprender constantemente e gerenciar tais aprendizados. Todas as etapas e processos de trabalho envolvem aprender e multiplicar, em prol da construção de um know-how coletivo: ou seja, ninguém, isoladamente, sabe mais do que todos juntos. 27
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ARTIGO
EMPREENDER CANSA e você precisa relaxar Izabela Rücker Curi Bertoncello Mestre em Direito pela PUC-SP, também é membro do Instituto Brasileiro de Direito Processual (IBDP) e conselheira fiscal do Instituto dos Advogados do Paraná (IAPPR). Sóciafundadora do escritório Rücker Curi Advocacia e Consultoria Jurídica.
É
consenso que atuar como
Afinal de contas, por que é tão
empresário no Brasil é abra-
importante diminuir o ritmo nas
çar um desafio. Diariamente,
férias? É porque você precisa de-
você levanta da cama em bus-
sacelerar para empreender mais.
ca de reconhecimento no merca-
Há uma frase que repercute em
do, preocupa-se com a geração de
tempos de redes sociais que afir-
renda, quebra a cabeça para man-
ma: não tome decisões difíceis
ter o caixa no azul e ainda precisa
quando estiver cansado. Faz senti-
gerar emprego. Tudo isso leva a
do e nós sabemos que em períodos
um esgotamento que, quando che-
de recuperação econômica todas
ga, faz-nos lembrar de que não so-
as decisões são difíceis.
mos super-heróis, que empreender cansa e que é necessário relaxar. Ajudar a girar a roda da econo-
compromissos e das pressões que o mundo globalizado nos impõe. É a
poucos entendem como tal. Já
oportunidade de refletir de forma
pensou na quantidade de famílias
construtiva e aprender com as ex-
beneficiadas com o seu negócio?
periências vivenciadas durante o
Empreender não se trata de alcan-
ano. Desfrutar o tempo livre é be-
çar lucros cada vez maiores. Tra-
néfico à nossa capacidade criativa e
ta-se de compreender que você
à resolução de problemas.
sociedade e do mercado.
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to só seu no qual você desapega dos
mia é uma responsabilidade que
integra uma fatia significativa da
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Valorize o ócio, aquele momen-
Portanto, em uma “cultura antiócio”, na qual é louvável trabalhar até
Um ranking elaborado pela In-
o esgotamento físico e mental, fazer
ternational Stress Management As-
as pazes com o tempo é fundamen-
sociation (Isma) destacou em 2017
tal para os empresários. É a oportu-
que o Brasil é o segundo país mais
nidade de colocar na balança o que
estressado do mundo entre as dez
deu certo e errado, de reforçar suas
nações investigadas. O motivo?
ideias de acordo com a missão e os
Trabalho com ritmo intenso.
valores do próprio negócio.
ARTIGO
Cuide também da saúde financeira e jurídica
Os impactos do cansaço comu-
legar funções são atitudes essen-
mente são percebidos em apostas
ciais. Isso garantirá que você possa
arriscadas, no aumento de im-
desacelerar com tranquilidade.
passes jurídicos e, consequen-
Reserve mais espaço na sua
É incomum encontrar executi-
temente, em baixos índices nos
agenda para a família e os amigos.
vos capazes de fazer uma relação
indicadores de desempenho de
Como mencionado no início deste
entre a própria saúde e o quanto
clima organizacional. Planejar seu
texto, o empresário não tem su-
isso impacta na geração de resul-
tempo e reservar uma parcela dele
perpoderes e, como ser humano
tados, resolução de conflitos e na
para desacelerar é necessário para
que é, necessita de um porto segu-
capacidade de empreender.
ganhar aquele fôlego na hora de
ro e tempo para recuperar ener-
encarar o mercado.
gias. Não pensar no seu negócio
Lembra-se da tomada de decisões influenciada pelo cansaço? É natural do ser humano buscar saídas fáceis, e nem sempre eficazes, para a solução de imprevistos
também faz bem para os negócios.
Aposte no planejamento
quando a mente está em ponto de
Antes de começar um novo ano, aproveite o período de férias e o ritmo mais lento no qual a economia tende a entrar para desace-
exaustão. Isso impacta diretamen-
A vontade de abraçar o mundo
lerar também. O próximo ano será
te nos negócios. Manter a integri-
com garra e conquistar cada vez
de muito trabalho e grandes ex-
dade física e a mental é essencial
mais em menos tempo é um anseio
pectativas. Afinal, na corrida diária
para propósitos estratégicos. Afi-
constante entre o empresaria-
do mercado, competidor descan-
nal de contas, sua empresa precisa
do brasileiro. No entanto, elencar
sado tende a chegar mais longe.
prosperar e não apenas sobreviver.
prioridades, planejar ações e de-
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BOA IDEIA Gestão do Amanhã Sandro Magaldi e José Salibi Neto
Os autores desta obra trazem um panorama completo dos modelos de gestão ao decorrer da história e qual deve ser o modelo nesse novo momento no qual estamos vivendo. Em um texto abrangente e ao mesmo tempo simples, eles apresentam tudo o que você precisa saber para não ser derrubado por não se adaptar ao novo.- Aceite de uma vez por todas que o futuro não é mais como era antigamente;- Entenda que “Qualquer companhia desenhada para ter sucesso no século XX está destinada a fracassar no século XXI”;- Saiba quais são os modelos de gestão na 4ª Revolução Industrial;- Descubra se o ensino tradicional de gestão está falido;- Conheça o perfil do líder da 4ª Revolução Industrial.
Megatech: As grandes inovações do futuro Daniel Franklin
Você imagina como serão a tecnologia e o mundo em 2050? Parece difícil, mas Daniel Franklin instiga esta análise com base nas opiniões e visões de 20 profissionais, entre cientistas, líderes internacionais e jornalistas sobre o futuro. A obra nos faz pensar nas mudanças tecnológicas e nos impactos que trazem ao mundo que conhecemos em áreas como alimentação, saúde, educação e transporte. O horizonte é 2050 e a análise dimensiona mudanças de estilos de vida e os benefícios e potenciais ameaças que todo o aparato tecnológico trará.
Transformando Networking em Negócios Jorge Menezes
Uma rede de contatos eficiente pode proporcionar uma série de benefícios ao desenvolvimento de seu negócio. O livro trata basicamente de quatro fatores: ampliação da visão, para que possa localizar oportunidades e ameaças no ambiente; identificação de padrões de comportamento, para usá-los a seu favor quando estiver construindo alianças; desenvolvimento de uma rede de relacionamentos sólida e confiável; e finalmente, ampliação da capacidade de se adaptar às mudanças do ecossistema empresarial com velocidade e eficiência. O autor mostra como profissionais de sucesso aprenderam a construir suas carreiras baseados em uma sólida rede de relacionamentos pessoais e profissionais, e principalmente, como utilizaram esta rede para conquistar reconhecimento e destaque profissional.
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ARTIGO
O SESCAP-PR deseja a todos os seus associados e integrantes das categorias econômicas representadas um Natal iluminado e um Ano Novo cheio de realizações.
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