ARTE ARTIFÍCIO OFÍCIO
28 de outubro de 2016 26 de fevereiro de 2017
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FOTÓGRAFO DE MÚLTIPLAS FACES A consistência e a variedade da obra de German Lorca o colocam entre os criadores mais influentes da História da Fotografia Brasileira. É notável o apuro estético e técnico de sua produção, manifesto em segmentos distintos como os da fotografia autoral, de reportagem e publicitária. Mostra-se igualmente importante salientar a gênese criativa de Lorca, em grande medida tributária do envolvimento do fotógrafo com seus pares do Foto Cine Clube Bandeirante (criado em 1939, no Edifício Martinelli), entre eles Geraldo de Barros e Thomaz Farkas. Decidindo-se pelo ofício de fotógrafo em 1948, o até então contador teria seu trabalho amplamente difundido por exposições e publicações nacionais e estrangeiras, sendo premiado pelas diferentes faces dessa produção. Em 1952, Lorca inicia as atividades do estúdio especializado em fotografias técnicas e publicitárias, o G. Lorca Foto Studio, respondendo de modo inventivo às demandas de um mercado em expansão, ávido por soluções visuais inovadoras. Tal investida se dá sem que o artista abandone sua pesquisa autoral, que inclui vasta documentação da paisagem da cidade de São Paulo. Organizada por núcleos, a exposição german lorca: arte ofício artifício reflete três vertentes específicas de sua trajetória: fotografia experimental, fotografia publicitária e fotografia em cores, contemplando alguns trabalhos inéditos. Busca-se, portanto, destacar o caráter multifacetado da produção
de um criador que se tornou referencial para os rumos da fotografia brasileira, assumindo-se como um dos responsáveis pela renovação da linguagem no país, sobretudo entre o final dos anos 1940 e início dos 60. Ao realizar a presente exposição, o Sesc reitera seu compromisso com a esfera de criação que tem na fotografia o meio de elaboração visual das questões do presente. Nos últimos anos, essa área da produção simbólica vem recebendo acurada atenção da instituição, seja por meio de mostras coletivas e individuais, seja através de oficinas e encontros, envolvendo inclusive fotógrafos de outros países. Tal recorrência tem propiciado aos públicos não apenas um cabedal abrangente, mas também incursões densas nesse campo vocacionado à construção experimental da imagem.
DANILO SANTOS DE MIRANDA
DIRETOR REGIONAL DO SESC SÃO PAULO 5
ARTE OFÍCIO ARTIFÍCIO German Lorca nasceu em São Paulo, em 1922, 100 anos após a Independência do Brasil e 100 dias depois da Semana de Arte Moderna. Ele veio ao mundo entre a Primeira e a Segunda Grandes Guerras Mundiais, entre o Dadaísmo (1916) e o Surrealismo (1924) - os principais movimentos de vanguarda, que alteraram profundamente o estatuto da arte -, um ano antes de Sigmund Freud lançar a obra O Ego e o Id e meses antes da transmissão pioneira de rádio no Brasil, com a ópera O Guarani, de Carlos Gomes, feita a partir do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Marcel Duchamp criou a obra Ar de Paris três anos antes de Lorca nascer e, quando Tarsila do Amaral pintou o Abaporu, Lorca havia completado seis anos de idade. Houve, ainda, no mesmo ano do nascimento de Lorca, a criação do Partido Comunista do Brasil (pc do b). Tais acontecimentos, entre outros, mostram como a década de 1920 foi iconoclasta e libertária em vários campos do conhecimento e como esse estado das coisas impactou profundamente o comportamento da humanidade e das artes em geral. Podemos afirmar, sem riscos de exageros, que a década de 1920 promoveu as mudanças mais estruturais na forma de se praticar e de se pensar a arte. Os ecos, não apenas do movimento surrealista, mas da incorporação definitiva da latência do inconsciente, pautou, nas décadas consecutivas, uma maior complexidade das 6
linguagens artísticas. O homem diante da dialética, da consciência de que o bem e o mal coexistem em sua natureza, passou a ser o foco das representações artísticas. As contradições do ser, até então tido como um “bom selvagem”, como preconizou Jean JacquesRousseau, passaram a ser expostas sublinhando os temores, as fantasias, os sonhos e os desejos humanos de forma mais enfática. Por essa época a fotografia experimentou, por intermédio de artistas como Man Ray (1890-1976) e Lázló Moholy-Nagy (1895-1946), entre outros, um voo libertário a partir do qual deixaria definitivamente de se ater somente à sua vocação documental, passando a representar o sensorial e as parcelas não visíveis da psique humana. No final da década de 1940, os fotoclubistas brasileiros, capitaneados por Geraldo de Barros, investiram na experimentação, privilegiando a forma ao referente. Por meio de justaposições, solarizações e ataques físicos aos negativos, entre outras estratégias, ampliaram sobremaneira o repertório semântico da linguagem, tendo por referência essa geração de artistas iconoclastas que agiram desde a década de 1920 na Europa. Essa referência, porém, passaria por uma gestação antropofágica, como sugeria o poeta Oswald de Andrade em seus manifestos. Em 1924, Oswald de Andrade (1890-1954), que havia sido uma das figuras centrais do Movimento Modernista Brasileiro de 1922, escreveu em tom crítico e jocoso o Manifesto Pau-Brasil e, em 1928, o Manifesto Antropófago. Em linhas gerais, esses textos propunham não renegar a cultura estrangeira, mas “devorá-la” para digeri-la, fazendo-a passar por um filtro – “o estômago” - de referências nacionais. Ao final desse processo deveriam surgir obras e conceitos a partir da somatória do “nós + eles”, ou seja, um saber e uma cultura híbridos. Numa das passagens do Manifesto Pau-Brasil,
que em alguns momentos lembra o tom apaixonado pelo desenvolvimento técnico da sociedade do Manifesto Futurista, publicado em 1909, por Filippo Tomaso Marinetti (1876-1944), Oswald conclama os artistas a pensarem o mundo e a representação dentro do campo da arte a partir das “novas formas da indústria, da viação, da aviação. Postes. Gasômetros Rails. Laboratórios e oficinas técnicas. Vozes e tics de fios e ondas e fulgurações. Estrelas familiarizadas com negativos fotográficos. O correspondente da surpresa física em arte... Nossa época anuncia a volta ao sentido puro”. É curioso que a fotografia surja de passagem num dos mais importantes momentos da arte brasileira. Essa citação atesta, de certa forma, que a fotografia brasileira estava ainda distante de perceber suas possibilidades narrativas e poéticas. Os “negativos fotográficos”, até a metade da década de 1940, permaneciam focados na objetividade do registro e da documentação do entorno realista e não na potência lúdica contida na irradiação da luz das estrelas. Voltar “ao sentido puro” das coisas implicava, segundo Oswald, um olhar de viés para a realidade circundante, um mergulho no sensorial em contraponto à arte de caráter figurativo. Os primeiros passos nessa direção foram dados pelo artista Geraldo de Barros (19231998), que havia estudado desenho e pintura e, como a maioria dos artistas da época, empenhava-se no figurativismo. Após experiências com a pintura expressionista, Geraldo adquiriu uma câmera Rolleiflex e começou a investigar as possibilidades expressivas da fotografia. Ao ingressar, em 1949, no Foto Cine Clube Bandeirante, uma agremiação de fotógrafos que atuavam juntos e concorriam em salões de fotografia, Geraldo se chocou com o estágio da fotografia. Certo romantismo prosaico e o padrão da pintura acadêmica eram o
parâmetro usado para julgar as imagens dos clubistas. Imitações de naturezas mortas, paradoxalmente, ocupavam o lugar da representação da cidade dinâmica e veloz que as máquinas e os carros imprimiam no Brasil desenvolvimentista da metade do século XX. Influenciado pelas teorias da Gestalt, ramo da psicologia que se aprofunda no estudo de como os indivíduos percebem as formas elementares da geometria, Barros foi cada vez mais radicalizando, para horror dos fotógrafos mais puristas, na síntese dos volumes e dos jogos de luz e sombra em suas experimentações fotográficas. As experiências de Barros - grande parte delas realizadas no laboratório fotográfico na casa do amigo German Lorca, seu vizinho no bairro do Brás - incluíam fotomontagens, colagens e intervenções diretas no negativo fotográfico que resultavam em abstrações e num pulsante elogio das formas. Linhas e volumes se redesenham em suas “Fotoformas”, gerando matizes em preto, branco e cinza. Essa série influenciou vários outros artistas que se dedicavam à fotografia e pensavam em ecoar no Brasil aquilo que havia sido gestado nas vanguardas europeias cerca de 25 anos antes. Esse foi o primeiro momento no Brasil em que a fotografia foi sistematicamente produzida fora dos cânones da documentação. Perceber a fotografia como uma linguagem que não precisa se limitar a denunciar ou referendar o espaço-tempo e permitir que, ao esvaziar o referente do seu sentido mais imediato, ela se liberte para pesquisar novas possibilidades semânticas foram alguns preceitos que pautaram esses modernistas tardios. “A realidade, não raro, se torna mero pretexto, veículo comunicativo, passaporte de tudo onde exista parcela enclausurada de beleza”, escreveu o fotógrafo e crítico Rubens Teixeira Scavone, por muito tempo presidente do 7
Foto Cine Clube Bandeirante, ao qual Barros e Lorca estavam associados. Embora as vanguardas estéticas europeias, mais notadamente o Surrealismo e o Dadaísmo, sejam a base da inspiração desses artistas, é instigante perceber como a antropofagia oswaldiana que nos move mudou o caráter e o contexto dessa estética. Em outra passagem do Manifesto Pau-Brasil, Oswald de Andrade dita, de forma sintética, conceitos que mais tarde se encaixariam perfeitamente nessas fotografias modernistas experimentais - das quais Lorca é um dos ícones - e no movimento concretista brasileiro, do qual Geraldo de Barros foi um dos precursores: “A síntese O equilíbrio O acabamento de carrosserie A invenção A surpresa Uma nova perspectiva Uma nova escala. Qualquer esforço natural nesse sentido será bom. Poesia Pau-Brasil O trabalho contra o detalhe naturalista – pela síntese; contra a morbidez romântica – pelo equilíbrio geômetra e pelo acabamento técnico; contra a cópia, pela invenção e pela surpresa. Uma nova perspectiva.” As obras de German Lorca inseridas no primeiro módulo dessa exposição, denominado “Arte”, formam hoje um dos mais representativos conjuntos de imagens que enfatizam essa atitude libertária diante do código fotográfico. Suas experimentações ajudaram sobremaneira a criar uma nova instância na forma de se pensar e produzir fotografias no campo da arte. Ele se tornou, assim, um dos precursores da 8
“nova perpectiva” proclamada por Oswald. Entre os fotoclubistas reunidos em torno do Foto Cine Clube Bandeirante, ao qual Lorca se filiou em 1947, todos tinham a fotografia como um hobby. A exceção a esse grupo foi justamente o então contador German Lorca, que logo se tornaria um fotógrafo profissional com forte atuação na reportagem e na publicidade, sem deixar de seguir em paralelo com sua produção autoral e artística. Após começar a realizar reportagens, Lorca percebeu que havia um novo mercado emergente. As agências de publicidade que se instalavam no Brasil, em meados dos anos 1950, começavam aos poucos a produzir campanhas com imagens fotográficas e não mais apenas com ilustrações ou com fotografias vindas de suas sedes no exterior. Em 1952 inaugurou-se o G. Lorca Foto Studio, na Avenida Ipiranga, 1248, no Centro de São Paulo, voltado à fotografia técnica, industrial, comercial, reportagens em geral e a álbuns para crianças e casamentos. Sem a figura do diretor de arte nas agências, o fotógrafo contratado para determinada campanha publicitária era também o responsável pela criação. Lorca destaca-se nesse meio justamente pelo alto grau de inventividade e experimentação adquiridos nos trabalhos feitos no âmbito do fotoclube e na convivência com os artistas. Tanto isso é verdade que algumas de suas fotografias, realizadas originalmente para anúncios de revista, anos mais tarde passaram a integrar o seu portfólio de trabalhos artísticos, como Pernas, 1960, feita para uma campanha de meias femininas, que se tornou uma imagem das mais conhecidas do seu portfólio de obras artísticas. À medida que as agências publicitárias foram ganhando mercado no Brasil, houve uma pressão para que jornais e revistas mudassem seu sistema de impressão apenas em preto e branco para a cor. Era de
fundamental importância para esse mercado que as consumidoras, por exemplo, identificassem nas prateleiras dos supermercados os produtos com embalagens coloridas tal qual elas haviam visto nos anúncios impressos. Assim sendo, Lorca começa a ser contratado pelas agências para realizar campanhas com fotografias em cor. Sem agências de modelos, sem diretores de arte que pré-desenhassem as imagens, Lorca seguiu como um dos fotógrafos criativos que também possuíam grande capacidade de produção. Muitas das campanhas que necessitavam de crianças, por exemplo, foram estreladas pelos seus filhos José Henrique e Fred. Além disso, uma vizinha do estúdio era chamada para fazer o papel de mãe e assim por diante. Lorca teve o primeiro estúdio em São Paulo em que era possível fotografar um carro, área na qual ele se destacou por conseguir fotografar carros sem os indesejados reflexos dos flashs. No módulo Ofício, podemos observar várias campanhas realizadas por Lorca. Outro mercado de atuação de Lorca foi a indústria fonográfica. Ele realizou capas de discos para diversos artistas, como Nelson Gonçalves, Vanusa, Os Incríveis, Originais do Samba, Lindomar Castilho e Nilton Cesar, entre outros. Em algumas delas, ele lançava mão do experimentalismo, realizando fotos com baixa velocidade de obturador, para flagrar o movimento, como na inspirada capa do LP de Vanusa, ou com a técnica da solarização, como nos discos de Os Incríveis e Os Caçulas. Com a fotografia cor completamente incorporada à sua rotina de fotógrafo profissional, depois de alguns anos ela começou a aparecer também em seus trabalhos artísticos. A partir dos anos 1970 Lorca começou a desenvolver pesquisas na cor com a mesma versatilidade com que trabalhava no preto e branco. Sobreposições,
alteração de contrastes ou mesmo fotografias diretas que aludem a instigantes jogos cromáticos ou, de novo, a inspirações de cunho surrealista, que perpassam toda a carreira do fotógrafo-artista-repórter-publicitário. No módulo Artifício, que encerra a exposição, fizemos um apanhado do material colorido de Lorca, exibido pela primeira vez agora no Sesc Bom Retiro. As fotografias mostram como esse mestre da arte fotográfica tem se divertido nos anos recentes, testando limites e possibilidades expressivas a partir dos jogos cromáticos que ele provoca tendo por base a sua vasta experiência em questionar dogmas e buscar imagens que lhe tragam prazer estético. Divagando entre a beleza inconteste dos desenhos que as pipas coloridas rabiscam no céu azulado, as cores saturadas de um colchão de ar que desliza sobre uma piscina, gerando justaposições complexas entre cores complementares ou se deixando seduzir pelos confetes que comemoram o final do ano em Nova Iorque, Lorca demonstra seu espírito livre, sempre ávido pela captura da beleza enclausurada nas cenas cotidianas. Aos 94 anos de idade, Lorca segue rigoroso e extremamente estimulado diante de questões colocadas pelas possibilidades expressivas da fotografia no contexto contemporâneo. Idade avançada, nos prova o mestre, não é um empecilho para a jovialidade. A atitude iconoclasta e poética de Lorca diante da linguagem que ele elegeu para ser sua arte e seu ofício é algo que irá perdurar para todo o sempre. Referência de coerência, criatividade e paixão que seguirá iluminando as gerações vindouras. Viva Lorca!
EDER CHIODETTO CURADOR
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O ESTÚDIO LORCA German Lorca abre seu primeiro estúdio de publicidade em 1954, Lorca Fotógrafos, na Avenida Lins de Vasconcelos, Bairro do Cambuci , São Paulo SP, tendo antes, em 1952, aberto o G. Lorca Foto Studio, na Av. Ipiranga, São Paulo SP, dedicado a “fotografia técnica industrial e comercial – reportagens em geral -, álbuns para crianças e casamentos”. Entre 1966 e 1988, o Lorca Fotógrafos, conhecido como Estúdio Lorca, no mercado, funciona na rua Gregório Serrão, no bairro Vila Mariana, em São Paulo. Em 1988, o endereço na Rua Gregório Serrão torna-se sede da empresa Photoimagem 5, dos filhos de German Lorca, Frederico e José Henrique, mas segue conhecido como Estúdio Lorca. German Lorca atua comercialmente até os anos 1990. Agências de publicidade para as quais prestou serviços à época: Itapetininga, agência CIN (Companhia Incremento de Negócios), Multi Propaganda, Piratininga, Volkswagen, Proeme, Norton Publicidade, Almap, J W Thompson, dil, Mccan Erickkson, Estúdio Wollner, Salles, pa Publicidade (Pão de Açúcar), S. J. de Melo Propaganda. Fez também campanhas publicitárias para o Mappin, Avon Cosméticos, Lufthansa, fábrica de veículos pesados Scania, Willys Overland do Brasil, Ford-Willys, Volkswagen, Mercedes e General Motors, fábrica de tecidos Sudantex, Pão de Açúcar, Sandoz, Ciba-Geigy, Squibb. German Lorca trabalhou tanto com anúncios a cores, quando para revistas, como em preto e branco, para jornais. 10
Para se ter uma ideia, por exemplo, o primeiro número da “Revista Quatro Rodas”, veiculado em agosto de 1960, traz, em sua contracapa, uma fotografia a cores feita por Lorca para anúncio da camioneta dkw-Vemag – “Sóbria. Distinta. Elegante”, para uma “manhã de sol no Clube”. Cabe ressaltar que German Lorca compunha as fotografias para os anúncios publicitários tendo os filhos Maria Helena, Frederico e José Henrique como modelos, ou então amigos, vizinhos, colaboradores – nenhum deles modelo profissional, atividade rara na época. Por exemplo, no anúncio da camioneta dkwVemag “uma foto para o álbum da família” publicado na revista Quatro Rodas Ano I, número 3, outubro de 1960, um dos meninos é o filho caçula de Lorca, José Henrique, assim como naquele do Jeep Universal da WillysOverland do Brasil, também veiculado na revista Quatro Rodas, edição número 7, de fevereiro do ano de 1961.
DANIELA MAURA RIBEIRO
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Menino correndo, 1960 13
Curvas convexas, 1955 14
Curvas cruzadas, 1955 15
Ă rvore seca, c. 1965 16
Bailarina, 1965 17
Mondrian, 1960 18
Apartamentos, 1951 19
Andaime, 1970 Sinal positivo-negativo, 1970 20
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Fumante, 1954 Nu solarizado, c. 1976 22
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Três sóis, c. 1980 24
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Moda, 1970 Campanha para a temporada de moda do Mappin. O grande desfoque, o alto contraste e a cena que revela o estúdio são bastante inovadores para a época. Essa imagem hoje integra o portfólio de obras artísticas de Lorca, mostrando como para ele arte e ofício sempre foram áreas próximas, sem um limite claro que as separasse. 27
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Pernas, 1960 A fama de Lorca como fotógrafo criativo que conseguia gerar imagens plasticamente impactantes logo correu pelo ainda pequeno número de agências de publicidade que havia em São Paulo entre as décadas de 1950 e 1960. Diretores de arte contavam com ele como parceiro de criação. Num desses inspirados lances, Lorca fez a fotografia do anúncio das meias femininas Pégaso, criando uma imagem de composição inesperada, ritmada, humorada e sensual. Anos mais tarde, ele a adotou no seu portfólio de obras artísticas, após fazer um corte que diminuiu o número de pés para “dar mais equilíbrio ao conjunto e valorizar a sensualidade da linha das pernas da modelo”, diz. 29
Pratos, 1970 O cliente queria uma fotografia que mostrasse ao consumidor que seus pratos eram feitos de material inquebrável, o que era uma novidade na época. Lorca resolveu a situação usando flash eletrônico. No escuro, o assistente fazia os pratos voarem sobre a pia. O click tinha que ser no milésimo de segundo anterior aos pratos caírem. Foram muitas tentativas até equacionar essa imagem. E os pratos não quebraram mesmo então, Lorca? “Hahaha, nunca testei. Usei pratos de plástico”, diz gargalhando.
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Crianças pulando no colchão e Crianças com travesseiro, década de 1970 O surgimento e a otimização do uso do flash eletrônico na década de 1950, rapidamente assimilado por Lorca, permitiu-lhe criar imagens surpreendentes para a época, como a da garotinha flagrada no salto sobre o colchão e o travesseiro equilibrado na ponta dos dedos do garoto, em campanha publicitária para a extinta loja de departamentos Eletroradiobraz. 33
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Fogões Brasil, 1965 e Liquidação Mappin, década de 1970 Henrique Lorca, filho de German, é o mestre cuca da imagem feita em estúdio para a campanha dos Fogões Brasil Continental. Trabalhando com layout desenvolvido pelo publicitário Alex Periscinoto, Lorca faz uma bem-humorada imagem da liquidação do Mappin, com a dona de casa estabanada sendo representada pela atriz Cynira Arruda. 35
Jeep Willys Overland, 1962 Numa grua, German Lorca (camisa escura) faz peripécias para fotografar a girafa que mostraria a versatilidade e os múltiplos usos possíveis da caçamba do novo Jeep. Para que a girafa olhasse na direção da câmera, um saco com pão foi içado sobre sua cabeça. Mas o inesperado aconteceu. Num determinado momento a girafa disparou vale do Anhangabaú adentro, com Lorca correndo atrás dela, e o dono do circo, que tinha alugado a modelo, correndo atrás dele, jurando matá-lo caso algo acontecesse ao indócil bichinho. 36
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As atrizes Maria Della Costa e Bibi Ferreira posam em elegantíssimos trajes para os anúncios que reforçam a imagem de “moderno, elegante e de bom gosto” do Aero-Wyllis e do Renault Dauphine, fabricado no Brasil entre 1959 e 1968. Costa posa em frente ao seu teatro e Bibi nos estúdios cinematográficos da Vera Cruz, em São Bernardo do Campo. A notoriedade das atrizes ecoa na campanha assinada por German Lorca, uma rara distinção para fotógrafos no meio da publicidade. 38
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Caminhão Scania Fotografado para calendário, na região do mercado Ver-o-Peso, em Belém (PA), 1975 Campanha do dkw com o casal de atores Johnny Herbert e Eva Wilma, em frente ao teatro Arthur Azevedo, no bairro da Mooca, em São Paulo, em 1960. Lorca lembra que as pessoas precisavam ficar estáticas para não saírem borradas na fotografia, devido a pouca luminosidade do ambiente. 40
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Campanha de Natal para o Pão de Açúcar com crianças e alguns anões fantasiados. “Deu trabalho. Sempre alguma das crianças estava chorando”, lembra Lorca. As estrelas foram colocadas na imagem posteriormente. Para tanto, Lorca fotografou um papel perfurado e retroiluminado. Campanha para a Aero Willys com praia artificial, realizada em 1961. Essa fotografia, que integra o acervo do mam-sp, foi realizada no parque do Ibirapuera com o belo cenário pintado por Yutaca Takawa, parceiro de trabalho de Lorca em seu estúdio. A combinação de luz natural com flash ajudou a criar a atmosfera praiana. Henrique Lorca, filho de German, sorri no banco de trás do carro. 42
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Capa dos lps de Os Incríveis e Vanusa, rca Victor, 1969 O diretor de arte Tebaldo Simionato pesquisava no acervo de German Lorca experimentalismos que pudessem render imagens modernas. Para Os Incríveis, Lorca fez essa solarização colorida e, para a irrequieta Vanusa, a solução foi uma imagem transgressiva em baixa velocidade para gravar o movimento coreográfico. 44
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página anterior wtc, década de 1990 As torres do World Trade Center, em Nova Iorque, refletidas num carro, ganham movimento e cor inesperados. Nova Iorque, 1992 Imagem feita com dupla exposição. Prédios se justapõem aos ciprestes de uma vitrine de Nova Iorque, na véspera de um Natal na década de 1980.
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Central Park, Nova Iorque, 1992 Nessa outra dupla exposição, Lorca enfatiza a textura elegante de tons outonais e obtém uma ilusão de tridimensionalidade na fotografia.
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Vitrine, c. 2001 Parece tratar-se de mais uma dupla exposição, mas não. Lorca percebe no reflexo de uma loja em Moema, bairro paulistano, uma sequência rítmica e delicada de formas e cores que o seduzem.
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Casas no nordeste, Penedo (AL), c. 1980 Lorca ficou surpreso com o fato de o acesso aos quartos das casas ser feito por uma escada de madeira postada na fachada das habitações. O fundo, uma parede negra, ajuda a embotar a percepção da escala. Seriam miniaturas fotografadas num estúdio? Não. É tudo real. 54
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Confete, Nova Iorque, década de 1990 Concreta, Nova Iorque, década de 1980 No final do ano, é tradição em Nova Iorque os funcionários dos prédios da Times Square jogarem confetes pelas janelas. Lorca viu ali uma boa situação para uma composição quase abstrata em cor. Situação análoga ocorreu com esses volumes que estavam na calçada da rua 46th. “O jogo de cores me lembraram o Mondrian”, diz Lorca. 57
Pipas curvas e paralelas; Pipas 22 e Pipas 23, c. 2000 As pipas fotografadas no parque Villa Lobos, em São Paulo, oferecem a Lorca formas lúdicas, desenhos, cores e sensualidade para as quais seus olhos estão sempre muito atentos. 58
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São Paulo crescendo, 1965, e Fair Warner, c. 2000 Essas imagens conectam, por meio de estratégias semelhantes de justaposição de imagens, o experimentalismo herdado dos tempos de fotoclube com o uso posterior da cor. Enquanto a primeira flagra o sonho desenvolvimentista de São Paulo, a imagem de Nova Iorque nos revela, 35 anos depois, um espaço urbano caótico e sem saídas. 60
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sesc - serviço social do comércio Administração Regional no Estado de São Paulo
german lorca arte ofício artifício
Presidente do Conselho Regional Abram Szajman Diretor do Departamento Regional Danilo Santos de Miranda
Curadoria Eder Chiodetto
superintendentes Técnico-Social Joel Naimayer Padula Comunicação Social Ivan Paulo Giannini Administração Luiz Deoclécio M. Galina Assessoria Técnica e de Planejamento Sérgio José Battistelli gerentes Artes Visuais e Tecnologia Juliana Braga de Mattos Adjunta Nilva Luz Assistente Juliana Okuda Estudos e Desenvolvimento Marta Colabone Adjunto Iã Paulo Ribeiro Artes Gráficas Hélcio Magalhães Adjunta Karina Musumeci Assistente Rogério Ianelli e Thais Helena Franco
Expografia Alvaro Razuk Equipe expografia Daniel Winnik, Isa Gebara, Juliana Prado Godoy, Paula Franchi, Ricardo Amado, Silvana Silva Design Julia Masagão e Elisa von Randow Assistente design Nina Farkas Produção executiva Farinha Produções Produção gráfica Aline Valli Pesquisa Daniela Maura Ribeiro Revisão de textos Marcello Giulian Tratamento de imagem J. Henrique Lorca
sesc bom retiro Gerente Monica Machado Adjunto José Henrique Coelho Programação Juliano Azevedo (coordenação) e Barbara Rodrigues Comunicação Renato Pereira Infraestrutura Rogério Vasconcelos Alimentação Cleizer Moraes Administrativo Ivoneide Oliveira Serviços Vicente Neto
visitação 28 de outubro de 2016 a 26 de fevereiro de 2017 Terças a sextas, das 9h às 21h; Sábados, das 10h às 21h; Domingos e feriados, das 10h às 18h agendamento de grupos agendamento@bomretiro.sescsp.org.br 62
Este catálogo foi composto pelas fontes Raisonne e Wigrum e impresso no papel Offset 120g/m2 pela gráfica Ipsis, em outubro de 2016.
sesc bom retiro Alameda Nothmann, 185 cep 01216-000 São Paulo–sp tel. 11 3332 3600 sescsp.org.br 63