fevereiro a março | 2020
3 MANEIRAS DE TOCAR NO ASSUNTO De Leonardo Netto Direção: Fabiano de Freitas
TEATRO MÍNIMO A proximidade entre artistas e público é a marca do projeto Teatro Mínimo, que parte de montagens de pequeno porte com foco em dramaturgia e interpretação.
3 MANEIRAS DE TOCAR NO ASSUNTO O espetáculo é um manifesto artístico contra a homofobia na sociedade moderna. Um tema, três solos curtos: O Homem de Uniforme Escolar, aborda o bullying homofóbico nas escolas, O Homem com a Pedra na Mão, em que o ator interpreta um personagem para narrar a Revolta de Stonewall, movimento que lutou pelos direitos LGBT na Nova Iorque de 1969 e O Homem no Congresso Nacional, que reúne e edita discursos de Jean Willys enquanto deputado, ao defender também os direitos LGBT. De 29.2 a 22.3.2020 Quinta e sexta, 21h30 | Sábado, 19h30 | Domingo, 18h30 Sessões com tradução em Libras nos dias 20 e 21.3 Auditório | 14 anos | Duração: 80 min
Ingressos: R$ 30 | R$ 15 [meia entrada] | R$ 9 [credencial plena]
Sessões com Agendamento de Grupos: Dia 5, 6, 12 e 13.3 | Quinta e sexta, 14h30 [O Homem de Uniforme Escolar e bate-papo com Leonardo Netto e Fabiano de Freitas | Teatro]
Agendamento pelo e-mail: agendamento@ipiranga.sescsp.org.br
Dia 22.3 | Violências e Redes de Apoio Conversa sobre como identificar possíveis violências sofridas e as redes de apoio e leis que amparam as vítimas. Com a Profª. Drª. Carla Cristina Garcia (PUCSP e USCS) e o advogado e Prof. Dr. Dimitri Sales (UNIP e CONDEPE/SP). Domingo, 16h | Convivência
Ninguém está a Salvo Leonardo Netto
A homossexualidade está presente em todas as civilizações, em todos os momentos da História da humanidade. As antigas sociedades greco-romanas encaravam essa prática com naturalidade, e ainda que houvesse restrições a determinadas situações, era publicamente aceita e bem vista. Colin Spencer, em seu livro Homossexualidade – Uma História, aponta o século XIV como um momento de transformação desta visão de naturalidade e aceitação. É pelas autocracias combinadas de Igreja e Estado que nasce o que Spencer chama de Estado Homofóbico. Com 3 Maneiras de Tocar no Assunto tento investigar, dramaturgicamente, faces deste Estado Homofóbico conceituado por Spencer: a escola, a repressão policial e a política governamental. Na minha breve experiência como dramaturgo parece que um tema começa a se delinear como constante: a solidão. Seja como resultado da evolução tecnológica em Para os que estão em casa, de 2015 ou da interferência de terceiros em nossas vidas em A ordem natural das coisas, de 2018. Agora a solidão também está presente na estrutura do texto, um solo em três partes. O assunto é, como já ficou claro, a homofobia. Mas quem já sofreu qualquer tipo de discriminação ou violência motivada pelo preconceito conhece o terrível sentimento de solidão que acomete a vítima. Se sentir sozinho, diminuído, desprezado, violentado é uma experiência pela qual todo homossexual passou pelo menos uma vez na vida. Isto se ficou vivo para sentir alguma coisa, já que o Brasil é o país que mais mata LGBTs no mundo. Para que fique bem claro que ninguém está a salvo em uma sociedade retrógrada e preconceituosa, é preciso tocar nesse assunto. Agora mais do que nunca.
No Sombrio do Tempo, Nosso Levante! Fabiano de Freitas (Dadado)
Faz tempo! Desde 2005 venho criando peças em que as questões de gênero e da diversidade foram se fazendo urgentes. Em 2011, mais propriamente, consigo demarcar a passagem da indagação para uma pesquisa mais específica, em que os questionamentos sobre o gênero se converteram num enigma irresistível para mim como artista e quando me percebo provocado, pelo corpo e pela palavra, a tratar disso a partir das subversões pela linguagem. E isso se dá num contínuo movimento de reinvenção: a contemporaneidade nos provoca a produzirmos narrativas outras que dêem conta de diversas existências. O personagem homossexual — e, mais adiante, a superação deste personagem (mas o incorporando) na desconstrução do gênero — precisou ganhar espaço no meu teatro, porque a bicha precisava estar em cena, mas sombreada pelo tempo presente. O homossexual, a bicha, sempre esteve no rol das personagens arquetípicas e estigmatizadas preferidas no teatro. Mas são muitas as bichas e a história delas (a nossa) é marcada pela resistência e pela subversão. Trazer a bicha para cena marca nosso comprometimento com a produção de uma presença e com o levante de um corpo que ainda precisa de escuta. Em suma: um ato radical de escuta sobre uma voz há muito negligenciada. 3 Maneiras de Tocar no Assunto é um ato de escuta sobre algumas destas vozes. Surge do encontro de Léo Netto com a necessidade de uma fala e do nosso encontro na possibilidade de criarmos juntos a linguagem pela qual esse grito se faz carne. Acredito
na transgressão pela palavra e no desbunde como forma de vida e de existência. E, principalmente, tenho acreditado na nossa possibilidade de criar levantes. São inúmeras as maneiras de tratar de assuntos que ainda são de vida e morte. A história das bichas tem sido marcada com sangue e nosso pescoço continua na reta. E é sobre isso, sobre carne, sobre matéria, sobre voz e sobre presença que nos debruçamos nessa cena. Que o teatro possa escurecer essas ideias! É tudo urgente! Evoé!
Ficha Técnica Texto e Atuação Leonardo Netto Direção Fabiano de Freitas Cenografia Elsa Romero Figurino Luiza Fardin Iluminação Renato Machado Direção de Movimento Marcia Rubin Trilha Sonora Rodrigo Marçal e Leonardo Netto Visagismo Márcio Mello Vídeos Leonardo Netto Fotos Dalton Valério Operação de Luz Kuka Batista Operação de Som e Vídeo Rodrigo Marçal Direção de Produção Rafael Faustini e Luísa Barros Produção Fulminante Produções Culturais Este espetáculo estreou no dia 3 de outubro de 2019, no Teatro Poeirinha, Rio de Janeiro.
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