(co)(r)existir
MAIO 20 1 9
AFETOS POSSÍVEIS Parte considerável da produção recente em arte está relacionada a projetos realizados ou ativados a partir de redes de cooperação. Tais redes unem artistas em suas condições de existência, ligados a espaços de resistência cultural e a plataformas de compartilhamento de pesquisas e criações, tais como mostras, festivais independentes e ocupações artísticas. Nesse contexto, vozes por muito tempo abafadas afirmam poeticamente sua presença, mobilizando-se e criando não só obras de arte, mas afetos e formas-de-vida. Paradoxalmente, essa reivindicação da singularidade não constitui recusa ao comum. Ao contrário, a afirmação de particularidades contém, em si, uma busca pelo universal. É a crença na igualdade que leva, à esfera pública, indivíduos e coletividades. O estabelecimento de territórios de aproximação, que permitam deslocamentos e o atrito entre formas-conteúdos de expressão, é uma maneira de produzir relações, conhecimento e reverberações. Na forma de dípticos, o projeto Fricções coloca frente a frente obras que trazem à tona questões comuns, mas possuem contornos diversos, por meio de linguagens artísticas integradas a atividades formativas. Para o Sesc, o desenvolvimento de redes, quiçá mais abrangentes, colocando em contato artistas, públicos, linguagens, estéticas e espaços, aproxima as diferenças, esgarça fronteiras e ressignifica a potência de cada singularidade em um campo comum de afetos. Sesc São Paulo
TERCEIRA EDIÇÃO DO PROJETO FRICÇÕES: (CO)(R)EXISTIR Ancorada na dança, a programação reverbera em outras linguagens. Espetáculos, performances, ações formativas e conversas se relacionam com o objetivo de friccionar suas formas e conteúdos. O lançamento da 1ª edição, em fevereiro de 2018, promoveu uma reflexão sobre as relações entre resistência, existência, rede, micropolítica e arte. A 2ª edição, que aconteceu entre maio e junho do mesmo ano, trouxe as Negritudes por meio de olhares diversos acerca do racismo estrutural e das expressões culturais afro-brasileiras. Nesta edição, com a temática (co)(r)existir, a programação discute as normatividades, novas masculinidades e as corporeidades por meio de ações que apresentam modos de existir e resistir de forma coletiva.
CARLA AKOTIRENE, FÁBIO MARIANO e LEANDRINHA DU ART | Fotos: Divulgação
POR UM FIO OU COMO CONTINUAR EXISTINDO Com Morgana Apuama Uma performance manifesto que questiona modos possíveis para o corpo negro continuar, resistir e prosseguir em potência. Um exercício do desejo por existência e continuidade, alterando a lógica de mobilidade e questionando pressões e opressões. Esta ação integra o projeto institucional Do 13 ao 20: (Re)Existência do povo negro que engloba ações que objetivam o fortalecimento e o reconhecimento da cultura negra, bem como o fomento à convivência e o respeito pelas diferenças, com o intuito de refletir sobre a construção das identidades e valorizar a pluralidade de manifestações e expressões culturais.
Morgana Apuama é mulher preta, paulistana, mãe solo e feminista, artista da dança e performer. Trabalha com danças urbanas, dança contemporânea, artes visuais, fotografia e performance, produzindo trabalhos que combatem o racismo, o machismo, o genocídio e a homofobia. Dia 23/5 | Qui, 19h30 | Convivência | Grátis
POR UM FIO OU COMO CONTINUAR EXISTINDO | Foto: Natalia Rodovalho
REVERSO – UM ESTUDO HUMANO Direção Gabriela Caraffa. Elenco: inscritas na residência. Abertura de processo de o Reverso - residência. Identidades que se misturam, que escapam à normatização. Uma inversão de códigos de narrativas. Alguns rituais e mitos masculinos expondo questões de gênero, arquétipos e estereótipos. Absurdos da sociedade patriarcal brasileira em uma cena de dança-teatro composta por mulheres em sua diversidade.
A residência mobilizou corpos e discursos de mulheres em torno de uma dramaturgia sobre o comportamento masculino no coletivo. Os bate-papos, abertos à participação de todos e todas, juntaram para discutir as masculinidades: Leandro Savoy (psiquiatra), Thiago Santoro (terapeuta), Priscila Bertucci (artista social), Jorge Garcia (bailarino e coreógrafo) e Florido (artista multimídia e performer), mediades por Natalia Mallo (empreendedora multi-artista e cultural). Dia 24/5 | Sex, 21h | Teatro | Grátis Retirada de ingressos com 1h de antecedência
REVERSO – UM ESTUDO HUMANO | Foto: Juan Manuel
R É Q U I E M PA R A U M A N O I V A Com Ed Marte. A performance trabalha as relações entre corpo político, espaço e público, arte e vida. Aborda questões de gênero, o universo queer, as lutas políticas de empoderamento e reafirmação do corpo livre não-binário. Esta ação integra também o projeto institucional Legítima Diferença.
Ed Marte é ator, performer e educador social, integra a Academia Transliterária de Belo Horizonte (MG). Dia 24/5 | Sex, 20h30 | Itinerante pelos espaços | Grátis
RÉQUIEM PARA UMA NOIVA | Foto: Bruno Figueiredo
AT O I N F I N I T O Com iN SAiO Cia. de Arte Num espaço em colapso, corpos que insistem após o desmoronamento. As existências ganham urgências diante de um risco iminente, ou acontecido, ou suposto, ou anunciado. Bordas e centros tornam-se móveis. Aglutinar-se é uma necessidade para resistir, existir até a exaustão.
A iN SAiO Cia. de Arte é dirigida por Claudia Palma desde 2010, em São Paulo. A contemporaneidade é o alicerce da sua pesquisa e, sendo assim, torna-se voz e inspiração de artistas que buscam o fortalecimento da identidade artística da companhia. O desejo da iN SAiO é o hibridismo, propiciando aos artistas envolvidos uma fusão de experiências diversas, quando então o corpo poderá encontrar um movimento constante e um olhar observador do mundo contemporâneo. CRIAÇÕES: Ato infinito (2018) / Abissal (2016) / Platô (2014) / Dark Room (2014) / Novos experimentos (2012) / Cálamo (2012) / Lugar algum (2010) / Um outro corpo (2004 - originalmente criado para a Cia. 2 do Balé da Cidade de São Paulo). Dia 24 e 25/5 | Sex, 21h30 | Sáb, 19h30 | Auditório | R$20 / R$10 / R$6
ATO INFINITO | Foto: Clรกudio Higa
QUEBRA DA MALDIÇÃO DESDE SEU NASCIMENTO Com Academia Transliterária O coletivo inaugura um cartório que distribui gratuitamente a cada pessoa interessada sua certidão de posse do próprio corpo, assinada, carimbada e abençoada pela Academia TransLiterária no momento de sua emissão performática. Esta ação integra a programação do projeto institucional Legítima Diferença.
Academia Transliterária é um coletivo de artistas da população T (travestis, transexuais e transgêneros) e pessoas cisgêneras próximas à pauta. Dia 25/5 | Sáb, 19h | Hall do Teatro | Grátis
QUEBRA DA MALDIÇÃO DESDE SEU NASCIMENTO | Foto: Bárbara Macedo
XOTE COM A - POR UM DISCURSO FEMININO EROTICOREOGRÁFICO Com Terceira Categoria No processo criativo, totalmente encabeçado pelas mulheres do grupo e com o olhar descolonizador e feminista dentro da história do forró, que possui um inegável culto à macheza, buscamos uma movimentação/discursos que falem da sexualidade feminina dentro deste contexto cultural.
O grupo Terceira Categoria nasceu com a proposta de utilizar o forró pé de serra (dança) como potência cênica. Das várias inquietações artísticas, o grupo explora suas raízes nordestinas a partir de questões contemporâneas, sugerindo um diálogo entre o retirante e a terra da garoa. Dia 25 e 26/5 | Sáb, 21h | Dom, 18h | Teatro | R$20 / R$10 / R$6
XOTE COM A - POR UM DISCURSO FEMININO EROTICOREOGRÁFICO | Foto: Pedro Oliveira
PROGRAMAÇÃO (CO)(R)EXISTIR: DIFERENÇA E APROXIMAÇÃO
QUEBRA DA MALDIÇÃO DESDE SEU NASCIMENTO
Com Carla Akotirene, Fabio Mariano e Leandrinha Du Art
Criação coletiva: Brisa Alkimin, Bruno Banjo, Ed Marte, Fernando Cardoso, Idylla Silmarovi, Jô Arlen, João Maria Kaisen de Almeida, Lui Rodrigues, Marta Neves, Nickary Aycker, Pitty Negreiros, Rodrigo Carizu e Titi Rivotril
Dia 23/5 | Qui, 19h30 | Convivência | Grátis
POR UM FIO OU COMO CONTINUAR EXISTINDO Concepção, criação e direção: Morgana Apuama / Assistentes de produção: Aline Almeida, Ana Dupá, Elen Soul / Registros fotográficos: Renata Casemiro Dia 23/5 | Qui, 19h30 | Convivência | Grátis
RÉQUIEM PARA UMA NOIVA Performer: Ed Marte Dia 24/5 | Sex, 20h30 | Itinerante pelos espaços | Grátis
REVERSO – UM ESTUDO HUMANO Direção: Gabriela Caraffa / Elenco: participantes da residência / Live P.A: Evelyn Cristina / Luz: Aline Santili / Produção: Carolina Meirelles / Consultoria: Natalia Mallo / Operação: Sofia Tapajos / Figurinos: Fernanda Kenan Dia 24/5 | Sex, 21h | Teatro | Grátis Retirada de ingressos com 1h de antecedência.
ATO INFINITO Direção geral e artística: Claudia Palma / Intérpretes-criadores: Carolina Canteli, Cristina Ávila, Everton Ferreira, Luiza Alves, Marina Matheus e Natália Franciscone / Trilha Sonora Guilherme Marques / Desenho de luz: Hernandes de Oliveira / Ambientação Cenográfica: Suiá Ferlauto / Figurinos: Rogério Romualdo / Contemplado pelo Programa Municipal de Fomento à Dança (São Paulo) Dia 24 e 25/5 | Sex, 21h30 | Sáb, 19h30 | Auditório | R$20 / R$10 / R$6
Dia 25/5 | Sáb, 19h | Hall do Teatro | Grátis
XOTE COM A - POR UM DISCURSO FEMININO EROTICOREOGRÁFICO Direção: Juliana Freire / Assistente de direção: Tayara Galvão / Dançarinas(os): Fabiana Salles, Juliana Freire, Mariana Turco, Rafael Fueb, Rodrigo Cristalino e Tayara Galvão / Figurino: Gabriela Araújo / Iluminação: Renato Lopes / Trilha sonora: Guegué Medeiros / Produção: Kelson Barros Dia 25 e 26/5 | Sáb, 21h | Dom, 18h | Teatro | R$20 / R$10 / R$6
CONVERSAÇÕES Com Academia Transliterária, Gabriela Caraffa, iN SAiO Cia. de Arte, Morgana Apuama, Natalia Mallo e Terceira Categoria Desdobramentos dos processos de criação para pensar modos de resistir e existir juntas e juntos, na arte e no mundo. Dia 26/5 | Dom, 16h | Convivência | Grátis
Sesc Ipiranga
Rua Bom Pastor, 822 CEP 04203-000 - São Paulo/SP Tel.: +55 11 3340 2000 /sescipiranga
sesc.org.br/ipiranga