Estudo nº 1: Morte e Vida

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Estudo nº1: Morte e Vida Com o Grupo Magiluth – 14/JAN a 20/FEV 2022


EXÍLIOS A Idade Moderna testemunhou movimentações humanas ao redor do globo que modificaram profundamente as relações daquelas populações com seus espaços sociais e simbólicos. Alavancado pelos processos de colonização, o tráfico atlântico dos povos africanos e o extermínio indígena — ambos perpetrados pelo imperialismo europeu —, são processos que compõem as histórias das nações americanas, dentre as quais o Brasil ocupa lugar de destaque como o país que mais recebeu pessoas escravizadas da África entre os séculos XVI e XIX, e onde a abolição ocorreu mais tardiamente. Tais experiências traumáticas implicaram na aniquilação de identidades culturais, na violência física e psicológica, em desmantelamentos familiares, dentre outras violações de direitos humanos. Essas ocorrências continuam a repercutir na atualidade, como atestam os dados demográficos de nossas cidades nas quais os descendentes desses povos subjugados permanecem excluídos, constituindo a maior parte do contingente de pessoas nas periferias, nos cárceres e em situação de rua. Dadas essas circunstâncias, muitas vezes o nomadismo se impõe como alternativa para o enfrentamento da escassez de meios, oportunidades e acesso aos bens materiais e culturais.


A figura do retirante nordestino, que se vê obrigado a migrar rumo ao litoral em busca de sobrevivência, é um caso exemplar em nosso imaginário relativo a essas populações marginalizadas, da qual a personagem Severino, protagonista de Morte e Vida Severina, do escritor pernambucano João Cabral de Melo Neto, cumpre um papel paradigmático. Inspirado nesse poema, o Grupo Magiluth de teatro traz aos públicos o espetáculo Estudo nº 1: Morte e Vida. Desde os anos 1940, o Sesc procura contribuir para a construção de uma sociedade mais justa, democrática e igualitária. Considerando o potencial transformador da educação, entendida num sentido ampliado, a instituição tem se dedicado a fomentar espaços de troca de ideias e experiências. Nessa perspectiva, a fruição artística desempenha um papel fundamental, dada sua vocação para ensejar reflexões críticas e sensíveis. Quando tais reflexões são acompanhadas da disposição para a empatia, podem compartilhar perspectivas para além das instâncias individuais, na direção de uma construção coletiva do mundo. Danilo Santos de Miranda Diretor do Sesc São Paulo


SOBRE O GRUPO MAGILUTH Fundado em 2004 na UFPE, o Grupo Magiluth desenvolve um trabalho continuado de pesquisa e experimentação, tendo sido apontado pela crítica e pela imprensa como um dos mais relevantes grupos teatrais do país. Com nova sede no coração da capital pernambucana, realiza colaborativamente diversas ações nos eixos de pesquisa, criação e formação artística, em constante diálogo com o território em que está inserido. Possui em seu histórico dez espetáculos, fundamentados em princípios da criação teatral independente, de realização contínua e com intenso aprofundamento na busca pela qualidade estética. São eles: “Corra” (2007), “Ato” (2009), “1 Torto” (2010), “O Canto de Gregório” (2011), “Aquilo que o meu olhar guardou para você” (2012), “Viúva, porém Honesta” (2012), “Luiz Lua Gonzaga” (2012), “O ano em que sonhamos perigosamente” (2015), “Dinamarca” (2017) e “Apenas o Fim do mundo” (2019). Em 2020, desenvolveu três experimentos concebidos especificamente para o momento de suspensão social, “Tudo que coube numa VHS” e “Todas as histórias possíveis” e “Virá”. Em 2012 o Grupo Magiluth foi escolhido pela Folha de São Paulo como segunda melhor estreia do teatro nacional e, em 2019, foi indicado ao Prêmio Shell de Teatro (Melhor Cenário - Guilherme Luigi e Luiz Fernando Marques) e ao Prêmio APCA (Melhor Ator, Mário Sérgio Cabral).


SOBRE O GRUPO MAGILUTH Circulou com seus trabalhos por 24 capitais brasileiras, além de ter realizado projetos de intercâmbio em Lisboa e Londres. Participou também de diversos festivais de teatro no país, como FILTE –Festival Latino Americano da Bahia, Cena Contemporânea – Festival Internacional de Teatro de Brasília, Porto Alegre em Cena, Festival de Teatro de Curitiba, FIAC – Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia, Festival Recife do Teatro Nacional, Janeiro de Grandes Espetáculos, Fringe - Curitiba, Cena Brasil Internacional, FILO – Festival Internacional de Londrina, Sesc Mirada, Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto, Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga, Mostra Internacional de Teatro de São Paulo – MITsp, Circuito Sesc de Artes, Festival Palco Giratório – Sesc Porto Alegre, Festival Transborda Usina Teatral, FETEAG, Mostra Sesc Cariri de Culturas, Festival Sergipano de Artes Cênicas e Festival Dulcina de Moraes.


ESTUDO Nº 1: MORTE E VIDA Em quinze anos de trajetória, o Grupo Magiluth desenvolveu diversos trabalhos. Foram dez montagens de espetáculo, três livros publicados, a realização do Festival Pague Quanto Puder de Artes Integradas e inúmeras performances, intervenções urbanas e oficinas. Em seu histórico há a criação de trabalhos autorais (como “Aquilo que meu olhar guardou para você” e “O Ano em que sonhamos perigosamente”) e a montagem de textos consagrados (“Viúva, porém Honesta”, de Nelson Rodrigues, e a adaptação de Hamlet, para Dinamarca), além da encenação da obra “Apenas o Fim do Mundo”, do dramaturgo contemporâneo Jean-Luc Lagarce. Em 2020, o grupo iniciou uma pesquisa que parte da obra de João Cabral de Melo Neto, “Morte e Vida Severina”, e atravessa uma série de estudos contemporâneos acerca de construções, formações e interações sociopolíticas no Brasil ao longo dos séculos XX e XXI. No decorrer da história do país, em inúmeras circunstâncias, pessoas foram levadas a deixar os seus territórios de origem em busca de melhores condições. São movimentos migratórios forçados por adversidades, que fazem com que muitos se lancem em direção a lugares de novas esperanças, novas oportunidades, de uma nova vida. Somos muitos Severinos. Morte e Vida Severina é um trabalho que fala muito sobre o Nordeste, mas também sobre dinâmicas de mudança em âmbito local, regional, nacional e, mesmo, mundial – mesmo que seja árdua a travessia de fronteiras.


SINOPSE ESPETÁCULO A partir do poema dramático “Morte e Vida Severina”, de João Cabral de Melo Neto, o Grupo Magiluth propõe um estudo cênico sobre a trajetória de imigrantes que deixam o sertão nordestino e seguem o caminho do rio, em busca de melhores condições de vida e trabalho. Com base nessa premissa temática, o olhar híbrido e inquieto do grupo pernambucano se volta para os movimentos migratórios gerados por adversidades climáticas, políticas e sociais, buscando observá-los tanto em suas analogias quanto na heterogeneidade de seu conjunto.


FICHA TÉCNICA Criação e Realização: Grupo Magiluth Direção: Luiz Fernando Marques Assistente de Direção e Direção Musical: Rodrigo Mercadante Fotografia: Vitor Pessoa Dramaturgia: Grupo Magiluth Elenco: Bruno Parmera, Erivaldo Oliveira, Giordano Castro, Lucas Torres e Mário Sergio Cabral Produção: Grupo Magiluth e Amanda Dias Leite


OFICINA JOGO DA PEDRA A oficina Jogo da Pedra visa fomentar a construção, junto aos artistas-criadores, de metodologias de trabalho baseadas no mais recente processo criativo desenvolvido pelo Grupo Magiluth. Durante a criação de Estuno Nº1: Morte e Vida, o olhar híbrido e inquieto do coletivo pernambucano se volta para os movimentos migratórios gerados por adversidades climáticas, políticas e sociais, buscando observá-los tanto em suas analogias quanto na heterogeneidade de seu conjunto. A oficina propõe, por meio de diálogos entre a obra de João Cabral de Melo Neto e debates contemporâneos acerca de migrações forçadas, uma investigação sobre as potencialidades de impulsos que deslocam posicionamentos, tanto no plano espacial e geográfico quanto nos aspectos simbólicos e humano.


INFORMAÇÕES Estudo Nº 1: Morte e Vida, espetáculo com o Grupo Magiluth De 14 de janeiro a 20 de fevereiro de 2022, sextas e sábados às 21h, domingos, às 18h Sessão no dia 11/2 Ingressos: R$ 40,00 (inteira) / R$ 20,00 (meia /credencial plena) Ingressos à venda pelo Portal Sesc SP e nas bilheterias da Rede Sesc. Classificação indicativa: 16 anos Teatro (200 lugares)

Curso Jogo da Pedra, com Grupo Magiluth [presencial] De 27 de janeiro a 17 de fevereiro, quintas, 16h às 20h Inscrições a partir do dia 11 de janeiro, às 14h, no Portal Sesc SP: sescsp.org.br/inscricoes Grátis (vagas limitadas)

Sesc Ipiranga  Rua Bom Pastor, 822  Tel.: +55 11 3340.2000 /sescipiranga /sescipirangasp sescsp.org.br/ipiranga


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