a nova california jogos_dezembro2020
sobre o jogo
por Game e Arte
Em sua jogabilidade, A Nova Califórnia busca criar a experiência de um dos protagonistas da história original, tecida pelo grande escritor brasileiro Lima Barreto, em 1910. Apresentando mecânicas que buscam transformar a história em uma vivência rica e jogável, A Nova Califórnia busca arrebatar o coração dos jogadores a partir de uma experiência significativa! A partir da construção de uma experiência empírica, A Nova Califórnia é compreendida como um objeto repleto de possibilidades de construção de saberes, buscando atender aos jogadores a partir de sua jogabilidade, e não sendo conteudista. Apresenta-se com um grande diferencial no processo de design, que foge da substituição do conteúdo original e parte para a exploração do potencial dos games quanto à sua natureza: a liberdade em jogar,
aprender e divertir-se em qualquer lugar. Para Jaderson Souza e Tainá Felix, construir um jogo como A Nova Califórnia significa trabalhar a partir de uma visão rizomática. Além de resgatar um patrimônio imaterial, do Brasil e do mundo, utiliza os recursos sustentáveis da criatividade para movimentar simbólica e economicamente um setor da economia criativa. Sua atuação, enquanto desenvolvedores, ocorre por meio de pequenas produções independentes e que representem culturas locais, desejos e toda a pluralidade de nossa sociedade.
sobre os desenvolvedores Game e Arte é uma iniciativa composta por Tainá Felix, Jaderson Souza e diversos professores e professoras multidisciplinares. Além do desenvolvimento de obras autorais, o grupo atua há mais de 10 anos nas comunidades de São Paulo por meio de atividades sócioeducativas a partir dos jogos digitais. As atividades são construídas sempre em diálogo com processos de pesquisa acadêmica. Atualmente, a pesquisa em desenvolvimento por Jaderson Souza é intitulada de Videogame Ancestral: enfrentamento do epistemicídio negro a partir da criação de jogos digitais afrobrasileiros. Realizada no programa de Doutorado DIVERSITAS/FFLCH, da Universidade de São Paulo, a investigação busca o fortalecimento de grupos de minorias discriminadas a partir da produção cultural. Por meio da construção e circulação de objetos culturais pautados na cultura da diversidade e na produção heterogênea, que foge do lugar comum e busca alternativas de construção e circulação, a proposta busca desenvolver possibilidades que vão além da indústria e de mecanismos de circulação da cultura de massa.
imagens © divulgação
curiosidades
Os muros e tumbas do jogo, aquelas que todos adoram destruir, foram inspiradas no pacato cemitério municipal de Astorga, pequena cidade do Paraná, cidade natal de Jaderson, um dos desenvolvedores do jogo! Em um bate-papo com o coveiro do cemitério (e também tio de Jaderson), descobriu-se um fato no mínimo estranho: as tumbas estavam sendo roubadas… Estaria a ficção se misturando com a realidade?
Sagaz, você joga A Nova Califórnia e, do nada, pergunta: Como será que o jogo foi feito? Ele é resultado de muitas ideias, discussões e processos, e levou quatro anos para ser construído. Sim, levou mais tempo do que o esperado! Contudo, a vontade de se criar o primeiro jogo do grupo fora sempre maior, superando todos os obstáculos do percurso de criação. Quem nunca pulou um texto num jogo, que roube a minha kill! O conto original, de Lima Barreto, possui no máximo quatro ou cinco laudas. O roteiro inicial do jogo A Nova Califórnia possuía oitenta páginas. “Ucê gosta di iscrevê dimais. Deusolivre!”, diria Chico da Tirana. Após muitos testes, o material foi enxugado, e os diálogos passaram a ter um valor inestimável à experiência. O roteiro do jogo surgiu a partir de um conto de 1910 de Lima Barreto, um dos grandes escritores pretos do Brasil, a obra parece ser atemporal. Mas você sabe por que pudemos realizar a adaptação de uma história tão antiga? A Nova Califórnia, título também do conto original, está em domínio público, ou seja: já se passaram mais de 70 anos da morte do autor. Desta forma, todas as pessoas, incluindo você, podem ler a história e recriá-la. Como seria a sua versão de A Nova Califórnia?
Ouvir, criar e recriar. A trilha sonora de A Nova Califórnia foi criada a partir do processo de samplear. Ou seja: gravar e remontar músicas já existentes. Incluindo obras do início do século XX, como Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth e Joaquim Callado, a pesquisa musical ainda passou por um processo de busca por partituras digitais (midis), as quais permitiram a inclusão de instrumentos adicionais nas obras originais e de domínio público. Nessa época, o estilo choro prevalecia no Rio de Janeiro. Também é impressionante o quanto ele dá um tom de brasilidade ao jogo!
textos Game e Arte • fotos © Prefeitura de Astorga (PR), Wikimedia Commons
Esta série apresenta conteúdos por meio da interface dos videogames, trazendo manifestações das artes e da cultura pelo viés da pluralidade de narrativas desenvolvidas sob o olhar da diversidade. Com curadoria do Sesc São Paulo e de Tainá Felix e Jaderson Souza, da Game e Arte, a programação conta com um ciclo de debates pelo Centro de Pesquisa e Formação, entre 17/11 e 01/12/2020, e conteúdos disponíveis nas plataformas do Sesc Digital, com jogos para download, sob produção do Sesc Avenida Paulista. Todas as atividades são gratuitas e em ambiente virtual.
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