CiD sesc mSI
." Realização
40 anos de SESC
01 .
Apoio Cultural ENERGIA SÃO PAULO ADMINISTRACÃO
-
UNIFICADA
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ELETROPAULO COMGAS
ao senhor ...Mire
veja: o 'lnais i'lnportante e bonito, do 'Inundo, é isto: que as pessoas não estão eemqrre: iguais, ainda não fo-rasn. ter'lninadas - 'lnas que elas vão eemqrre mauiaruio, Afina'lnou desafina'ln. Verdade mador; Éo que a vida 'lne ensinou. Isso que 'lne alegra,
snorüão, "
APRESENTAÇÃ
Serviço Social. do Comércio (SESC), entidade mantida e administrada pelo em/presariado comércio, tem, evidado constantes esforços no sentido de estimular e âesenooloer, no Estado de São Paulo, diferentes formas de atividades culturais. Evidentemente tais atividades não são promovidas de maneira akatária. Obedecem elas a critérios refletidos e conscientes de ação cultural: Entre eiesfururomi a busca da inovação em termos de forma e conteúdo, bem como o empenho em colocar os bens culturais ao alcance de segmentos variados da população, notadamente aquele constituído pelos traoalhadores do comércio. Essas duas premissas, de inovação e de democratização da produção cuiturcâ, compõem o eixo centrcü pelo qual. transita a ação do SESC de São Pauw. O CPT SESC Vi~ Nova éfruto dessa concepção e, sob a direção de Antunes Filho, vem avançando de forma significativa na direção de consolidar-se cada vez mais na posição que hoje já ocupa no cenário artístico brasikiro. Assim ,depois de "Macunaima" , "Nelson: 2 Rodrigues", "Romeu. e Julieta", "Os Anjos" e "Velhos Marinheiros", o público em gera~ e o trobcühador do comércio - este a preços reduzidos - terão a oportunidade defruir, através da linguagem teatrcü, de um dos mais belos exemplos de nossa literatura, "A Hora e Vez de Augusto Matraga", de João Guimarães Rosa. Segundo entendemos, éfunção do empresariado comercial. contribuir para o enriquecimento do panorama cultural, sejafacilitando a pesquisa de formas mais ricas de expressão artística, seja propiciando o alarqamento da oferta desse produto a parcelas maiores da população. Estamos certos de que essa nova produção, dirigida por Antunes Filho, atende aos propósitos aqui enunciados. Abram Szajman
"Unioerso e vocabulário do Gromde S N
ão se queira conferira Guimarães Rosa a criação de UITlalíngua ou UITl dialeto. PodeITlos, todavia, atribuir-lhe a tradução de UITlaIíriguagern dentro da língua, pois ele avançou a prob'lernátíca do estilo, conseqüência de elernentos estétíco-ínforrnacíoriais que configuram o repertório de seus valores. Sua obra asairnifou Isornorficarnerite o literário e o plebeu, rieologtsrnos, forrnas arcaicas, regtonalisrnos, serri que antes de tudo isso não deixe de filtrar-se pelo repalavramerrto pessoal do código Idiornátíco. (...) Minas, o país dos gerais, o sertão-rrrurido, conservou os seus habitantes isolados, distanciados da evolução da língua que ocorria fora dos seus Iirnítes, os quais guardaram o rnaior acervo do vocabulário dos colonizadores. Gladstone Chaves de Melo afirrria: "Pelo que respeita à Imguagern, tanto culta COITlO familiar ou popular, é lá (ern Minas Gerais) que
rrie parece estar a feição rrrais antiga". Por isso VaITlOS descobrir, vezes freqüentes, sob o rústico linguajar de Riobaldo Tatarana, "o ouro puro da velha língua portuguesa". Guimarães Itosa pesquisou COITl caráter científico o falar ITlineiro, desenvolveu pelo estudo a expressão de sua terra natal e, depurando-a, colocou-a a serviço de UITl realisrno estético, a partir de Sagarana.
Não há, contudo, fronteiras para Guimarães Rosa. Ele extravasa os Iírnítes fixados pela geografia lingüísticatarnbérn "sern ordern de precedência" , rnas COITl rnaíor comedírnento que Mário de Andradetomando as palavras que julga valorízarern a sua rnaneira de dizer, seITl consultar-lhes origem ou foro. As andanças dos jagunços ern choque oob'rern aquela área Irrierisa banhada pelo rio São Francisco, cuja írrrportâncía para a unificação lingüística entre o Centro e o Nordeste é sabidarnerrte relevante. A prosa de Guimarães Rosa estende-se COITlO o rio da unidade nacional ("Rio é só o São Francisco, o Rio do Chico.") e nesse aspecto pode ser considerada niveladora lingüística, eITlque pese a sua classificação de "desgeograficada", terrno de Mário de Andrade e qualitativo de sua própria Iingtragern, segundo M. Cavalcanti Proença. A propósito, cabe a distinção: se o autor de Macumairna: usa UITla Iinguagern revolucionária,
com o fito (também) de subverter, pour épater le bourgeois, Guimarães Rosa o faz sempre à procura dos valores expressionais mais fortes, condizentes com a voltagem do texto que se propôs caracterizar, através de propriedades criativas paralelas ao mundo do grande sertão mineiro. Foram catalogadas de "Grande Sertão: Veredas" cerca de 1.500 vocábulos, entre arcaísmos, estrangeirismos, indianismos, neologismos. À parte os termos regionais, as demais palavras do vocabulário rosiano recebem a participação recriadora do autor, tornando novas formas.
Nei Leandro de Castro "Universo e Vocabulário do Grande Sertão"
fechou OS olhos, de gastura, porque ele sabia que capiau de testa peluda, com. o cabelo quase nos olhos, é uma raça de homem capaz de guardar o passado em casa, em lugar fresco perto do pote, e ir buscar da rua outras raivas pequenas, tudo para ajuntar à massa-mãe do ódio grande, até chegar o dia de tirar vingança." c«•••
o 'mágico eo ...Mas o melhor conto brasileiro tem procurado atingir tarribérn a dimensão rnetafísica e, num certo sentido, aterrrporal, das realidades vitais: Guimarães Rosa foi mestre na passagem do fato bruto ao fenômeno vivido, da descrição à epifania, da narrativa plana à constelação de imagens e símbolos; mas tudo isso ele o fez com os olhos postos na mente sertaneja, remexendo nas relações mágicas e demoníacas que habitam. a religião brasileira. A invenção remanesca de Guimarães Rosa guarda fundas analogias com o "materialismo" animista do vaqueiro e do jagunço. A sua perspectiva parece ser o transplante letrado de uma certa visão primitiva ou arcaica das coisas à qual ele
iaco de Rosa
"O senhor é um homem soberano,
circumspecto.
Amigos somos. Nonaâa: O'diabo
nn.o , - há'. Eoque eu digo, sefor. •.•
Existe
é homem
humano. Travessia."
procurou ser poeticamente fiel. Mas a solução-Guimarães Rosa não pôde impor-se como único modelo. A sua extrema originalidade nascia de uma conjunção rara, talvez irrepetível: o diálogo de urna solerte cultura lingüística e literária com as mais caudalosas fontes da psique e da mitologia sertaneja. Alfredo Bosi uo Conto Brasileiro Conte-rnporâneo"
"Todos; do sertão, sabemos quer-er atalhos. Queremos o mágico. O pacto. As supremas
superações, a transvida." ...Numa literatura de imaginação vasqueira, onde a maioria costeia o documento bruto, é deslumbrante essa navegação no mar alto, esse jorro de imaginação criadora na linguagem, na composição, no enredo, na psicologia. Pode-se adotar como roteiro crítico o ponto de vista de Cavalcanti Proença, no admirável estudo sobre o estilo de Guimarães Rosa que publicou na Revista
do Livro, onde menciona a "ampla utilização de virtualidades da nossa língua". Para o artista, o mundo e o homem são abismos de virtualidades e ele será tanto mais ' original quanto mais fundo baixar na pesquisa, trazendo como resultado um mundo e um homem. diferentes, compostos de elementos que deformou a partir dos modelos reais consciente ou ' inconscientemente propostos. Se o puder fazer estará criando o seu mundo, o seu homem, mais elucidativos que os da observação comum, porque feitos com as sementes que permitem chegar a uma realidade em potência, mais ampla e mais significativa. Cavalcanti Proença TIlostrou como Guimarães Rosa penetra no miolo do idioma, alcançando uma espécie de posição-chave, a partir da qual pôde refazer a seu modo o caminho da expressão, inventando uma linguagem capaz de conduzir a alta tensão emocional da obra. Registrando o aparecimento desta numa resenha breve, sugeri, sem especificar, esse caráter de invenção baseada num ponto de partida em que tudo estivesse no prirnórdio absoluto, na esfera do puro potencial.
Parecia que, de fato, o autor quis e conseguiu elaborar um universo autônomo, composto de realidades eocpreseionaise humanas que se articulam em relações originais e harmoniosas, superando por milagre o poderoso lastro de realidade tenazmente observada, que é a sua plataforma. Na resenha, utilizei o exemplo da música e lembrei a posição de Bela Bartók, forjando um estilo erudito,refúGadissimo,a partir do material folclórico, recolhido em abundância e, depois, elaborado de maneira a dar impressão que o compositor se havia posto no nascedouro da inspiração do povo, para abrir um caminho que permite chegar à expressão universal. A experiência documentária de Guimarães Rosa, a observação da vida sertaneja, a paixão pela coisa e pelo nome da coisa, a capacidade de entrar na psicologia do rústico - tudo se transformou em significado universal graças à invenção, que subtrai o livre à matriz regional para fazê-Io exprimir os grandes lugares comuns, sem os quais a arte não sobrevive: dor,júbilo, ódio, amor, morte -, para cuja órbita nos arrasta a cada instante, mostrando que o pitoresco é acessório e que na verdade o Sertão é o Mundo. Antonio Candido "Tese e Antítese"
I
o diabo
nĂŁo existe
O
Centro de Pesquisa Teatral SESC Vila Nova - CPT SESC Vila Nova - criado em 1982, momento em que a ele se integrou o Grupo de Teatro Macunaírna, com suas atividades e experiências acumuladas desde 1978, já pode ser incluído entre os mais significativos projetos de um país em que iniciativas do gênero costumam pertencer ao item "moda", terminando com a temporada quando chegam a tanto. E se o CPT é uma exceção, pelo tempo que tem de vida, se diferencia ainda mais por outra característica básica: a fidelidade a seus objetivos originais - já que os princípios, freqüentemente, também variam segundo o modismo do momento. Pois mesmo o crítico mais rigoroso terá que reconhecer que o CPT-SESC Vila Nova é resultado de um trabalho profundo, sério e continuado. Para isso certamente concorreu a atuação da Superintendência de Comunicação Social do SESC, com seus setores especializados de Marketing, Arte e Assessoria de Imprensa. Esse reconhecimento, a esta altura, se baseia em primeiro lugar no confronto entre o que
6 de -maio de 1986:para o CPT SESC Vila Nova chegou UA Hora e Vez de Augusto Matraga" •.
nos propusemos e o que realizamos. Em 1984, apresentamos publicamente essas propostas, quando da estréia das peças que formavam o "teatro de repertório", do Grupo Macunaírna, núcleo original do CPT. Dos nove projetos que relacionamos então, nos textos de apresentação das peças "Romeu e Julieta" , "Nelson 2 Rodrigues" e "Macunaírna", corno passos futuros do CPT, sete são, hoje, realizações: além das três montagens do "teatro de repertório", sucesso de público e de crítica, estreou em 1985 a peça "Velhos Marinheiros", outro
êxito, marcando a formação do Grupo de Arte Boi Voador, organizado nos moldes cooperativados do Grupo Macunaírna; também em 1985,veio a público "Os Anjos", do Grupo Novo Horizonte, formado exclusivamente por elementos da Terceira Idade, numa iniciativa de características pioneiras; a peça "Quaderna, o Decífrador" , adaptação da obra de Ariano Suassuna, com o Grupo Macunaírna, está praticamente pronta, aguardando o momento de seu encontro com o público. Momento chega, agora, para "A Hora e
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Vez de Augusto Matraga", trabalho que traz para o teatro a linguagem e a temática de um dos maiores escritores modernos brasileiros, Guimarães Rosa. Ao realizarmos este balanço das realizações do CPT nos dois últimos anos, não ternos nenhuma preocupação triunfalista. Ao contrário - para nós, enfatizar a fidelidade observada no passado a nossos compromissos, significa reafirmar nossa ligação com o futuro. Sabemos que há muito, muito mais a ser feito. E o passado só serve na medida em que nos dá experiência, conhecimento e credibilidade para enfrentar novos desafios. E o maior deles, para o qual o
Centro de Pesquisa Teatral se volta agora prioritariarnente, é o de encontrar os instrumentos que nos permitam superar a carnisa-de-força que nos mantém presos aos grandes centros, a esse circuito metropolitano que detém um monopólio quase exclusivo sobre a produção cultural do país. O Brasil não pode se dar ao luxo de marginalizar o Brasil - isso é uma loucura, em qualquer país, e um crime num país pobre corno o nosso.
Sucesso de público e de critica, estreou, e1n 1985, a peça "Velhos Marinheiros", de Jorge A1nado, sob a direção de Ulysses Cruz, 1narcando a fOr1nação do Grupo de Arte "Boi Voador" integrante do CPT.
Elegendo corno prioritário o objetivo de alcançar, de forma sistemática, as platéias exteriores ao eixo metropolitano São Paulo - Rio de Janeiro, o CPT -SESC Vila Nova procura completar aquela que tem sido sua preocupação desde sempre - contribuir para a formação de uma drarnaturgía brasileira, através da adaptação de grandes textos da literatura, e da busca de linguagem teatral que expressem nossa realidade e nossa sensibilidade. É a segunda perna de sustentação de nosso trabalho, sem a qual não será possível 'chegar ao destino. Dos brasileiros de todas as regiões ternos tirado a matéria-prima de nosso trabalho; é de justiça, portanto, que para eles retome essa matéria, trabalhada e transformada por nós. Retratar no palco seu país, e ver esse retrato reconhecido por seu povo, onde quer que ele esteja, são os dois objetivos do CPT-SESC Vila Nova.
A vontade samta Credo in unum Dencm; Patrem omrüpotentem, factorem coe li et ter-rue. Subjacendo à religiosidade explícita em "A Hora e Vez de Augusto Matraga", o sentido encadeado com firmeza ao longo de sua trama é a abjuração dessa fé. O que se desentranha do variado relato de situações é, simplesmente, a criação do homem, encontrando-se o próprio homem no centro desse mistério. A escolha da religiosidade como caminho dessa descoberta não é arbitrária. Também nesse conto, o fulcro é o Sertão, ao mesmo tempo campo ideal que resume a totalidade das condições possíveis para a existência humana e a concretização particular, determinada do-lugar e momentos efetivos dessa existência. Nesses dois sentidos e exprimindo sua
síntese, o sertão é o mundo, nas palavras de Antonio Candido. Pelos caminhos da religiosidade compreendidos nesse mundo rústico, Guimarães Rosa prossegue para o triunfo inventado de Matraga. Ficasse ele preso aos dados e a religiosidade sertaneja não passaria de compensação pela impotência terrena inescapável, aferrada às esperanças escatológicas e ao salvador divino: escreveria, então, uma crônica de derrota. Não obstante, esse mundo carente e opressivo, horizonte dos eventos, funda o esforço heróico de domínio da vontade mediante privações materiais, tema do conto, que suporta, por sua vez, a tese da liberdade moral. Neste passo, vida concreta, expressão literária, atitude filosófica, fundem-se na mesma verdade. Guimarães Rosa faz a aventura do herói seguir o
evangelho de Cristo em seus grandes tempos: Advento, Paixão, Ressurreição. N o gesto de Nhô Augusto, a primeira-fase é de afirmação da violência; a segunda, de negação; na terceira ela reaparece, transfigurada. Esta seqüência exprime as transformações de sua consciência e de sua prática: primeiro, é um autômato num delírio mecânico, depois um santo em busca do absoluto, e por último se humaniza num mundo finito. A tensão entre o primeiro e o segundo desses termos (as tentaçôes que sofre e vence exprimem isto) promove o terceiro, que sintetiza os anteriores: ao alcançar a categoria de pessoa, ele exerce a sabedoria da segunda fase, no gesto da primeira. Em Nhô Augusto, apenas a orientação de sua própria conduta condiciona a melhoria que busca: as promessas que tem em mira são de ordem puramente espiritual e sua indiferença ante o mundo, vão e sem
Às vezes eu penso: seria o caso de pessoas defé e posição se reunirem, em algu'lnapropriado lugar, no meio dos gerais, para se viver só em altas rezas, fortissi'lnas, louvando a Deus e pedindo glória do perdão do 'Inundo.Todos vinha'ln comparecendo, lá se levantava enor-me igreja, não havia 'lnais crimes; nem ambição, e todo sofr-irnento se espraiava em Deus, dado logo, até à hora" U
sentido, se traduz na rigorosa disciplina ético-religiosa a que se submete. Seu orgulho é o grande inimigo que combate e que vem a ser, ao mesmo tempo, o próprio fundamento de sua salvação. Parece-me que esta é a chave para se compreender sua religiosidade. A máscara humilde estava longe de ser compatível com o homem que fora. Dobrar-se ante um padre é o último ato de Augusto Esteves das Pindaíbas e do Saco da Embira; recuperar sua auto-estima é a primeira coisa que acontece a Matraga. De acordo com o cristianismo, cujo mais importante dogrna corta a possibilidade de identificar-se o divino como fim da ação religiosa, seu objetivo é conformar-se às qualidades agradáveis a Deus. O método seguido aproxima-se do asceta negador do mundo. Procura alcançar um cotidiano santo e, com este fito, provoca um rebaixamento das funções do corpo e orienta sua atenção e sua vontade para o que é exclusivamente religioso. Seus bons atos visam apenas transformações a serem operadas em si próprio. Afastou-se radicalmente das coisas mundanas, tendo por objetivo único a vida interior: é enorme sua luta contra o egoísmo e a brutalidade que traz dentro de si, mas fica inerte diante das malvadezas exteriores a ele. Mesmo a oposição a Joãozinho Bem-Bem tem por referência antes sua própria salvação que a defesa da família oprimida. Em manifesta indiferença pela ordem social dada, não fazjuízo nenhum sobre os
jagunços, apenas experimenta, frente a eles, sedução, encantamento, amor. Flui um estado de plenitude, de onde deriva, afirial, a reorientação prática de sua vida, permanecendo sua pessoa o centro de todo o resto. O ponto culminante de seu esforço vem expresso na morte, portanto no absoluto desprezo das coisas terrenas. Neste ponto reaparece o orgulhoso abandono do mundo, já afirmado por Nhô Augusto ao seguir os caminhos da contemplação. Não é nenhuma penúria material que inspira as questões éticas e religiosas tratadas no conto, mas à necessidade do espírito. Nhô Augusto anda atrás da própria integridade, procutando escapar à indigência interior, desvendada pela pobreza a que ficara reduzido, tal como o J ó bíblico. Todo o seu período ascético, embora tenha pressuposto a fé num deus salvador, de fato corresponde à necessidade de compreensão do sentido da vida, na busca de uma unidade consigo mesmo, com os outros homens, com o mundo. Não é uma atitude de renúncia, mas de conquista. Esta fase ascética, de penúria associada à liberdade e ao domínio de si, permite decifrar a ambientação do conto: o sertão carente e despojado - onde o homem fica nu e só - é, além de expressão das condições efetivas de existência, imagem de um campo ideal, onde desaparece o valor de todas as inclinações, dos talentos do espírito, das qualidades do temperamento, dos bens da fortuna e da cultura, para refulgir, "de seu próprio
brilho, a simples vontade". O sertão, nesse sentido, está fora do mundo, e constitui o campo da vida ética. Guimarães Rosa privilegia, na ação de seu personagem, a atividade da consciência: Matraga não é fragmento da natureza, submetido às suas leis, mas alguém que conduz sua vida orientado pela idéia de liberdade. Na fase ascética se nutre de uma rigorosa solidão que exclui mundo e Deus como princípios de moralidades. A um ele nega, para identificar-se, com o outro. Visa a perfeição, atributo divino e deixa velada a diferença essencial entre a criatura e o criador. N a fase seguinte, em vez de elevar o homem a Deus, é a este que identifica com os homens e o mundo. Em ambos os casos, a religiosidade de Matraga exprime a abjuração da fé cristã. É uma ética extradivina que o encaminha para um justo acordo entre felicidade e virtude. Não é a religiosidade do sertanejo que está impressa na atitude e nas ações de Matraga, mas os dilemas do intelectual civilizado. Resta apenas indicar o que é óbvio: o conto se alimenta das grandes correntes do pensamento moderrio, do qual Guimarães Rosa participa. Nele, a vida ética, colorida por tintas idealistas, é sopesada em termos da determinação social do homem e do inconsciente. Sente-se mesmo ao longe, na escolha do sertanejo pobre como expressão de humanidade, a utopia central de nossa época: a transformação da sociedade de baixo para cima. Maria Sylvia de C. Franco Frag7nentosdo artigo publicado na revista Transformação, n~2, 1975.
-
nota
bibliográfica
P
ossuidor de uma visão dinâmica do ser, em contínua transformação, J. Guimarães Rosa era avesso a qualquer tentativa de fixar aspectos de sua figura em retratos ou entrevistas, e trabalhou seu próprio perfil com o mesmo zelo com que elaborou sua criação literária. Natural de Cordíaburgo, antes Vista Alegre, perto da gruta de Maquiné - "mil maravilhas, a das fadas" - a vivência infantil dessa região, retocada pelas viagens do homem adulto, teve permanência constante em sua obra. Médico em Itaguara, por dois anos, o convívio com a gente do interior de Minas se acrescentou a sua experiência original. Capitão-médico da Força Pública, em Barbacena, distraía-se com o estudo de línguas: uma de suas paixões. Casou-se com Lygia Cabral Pena e teve duas filhas: Vilrna e Agries.
Em 1934ingressou na carreira diplomática após brilhante concurso, ficando por dois anos no Rio de Janeiro. Enviado a Hamburgo em 1938,na época da guerra, lá conheceu Aracy Moebius de Carvalho, sua segunda mulher, com quem conviveu por quase trinta anos. De volta ao Brasil em 1942,
em seguida dirigiu-se a Bogotá, voltando ao Rio de Janeiro como chefe de gabinete de João Neves da Fontoura. Após outro período no exterior - de 1948a 51, em Paris -, novamente volta ao Brasil, para o mesmo posto. Em 1953 tornou-se chefe. da Divisão de Orçamento, e em 1958,ministro de 1~ classe, o que equivale a embaixador, sendo em 1962chefe do Serviço Demarcação de Fronteiras. Profissional dos mais dedicados, só não apreciava a vida social, isolando-se para ler e escrever. Como escritor, teve seu primeiro conto Makiné publicado quando estudante, na revista O Cruzeiro, em 1929.Em 1937obteve o prêmio de poesia da Academia Brasileira de Letras com o livro Magma. Participou,
ainda, de um concurso de contos, sob o pseudônimo de "Viator". Reelaborados, os contos foram publicados quase dez anos depois, em 1946, com o nome de Sagarana, recebendo o prêmio "Felipe D'Oliveira" . Para se reabastecer, corno pessoa, ou se documentar e reavivar a memória, corno escritor, realizou viagens ao interior do Brasil: a Cordisburgo e Paraopeba (1945),ao Pantanal do Mato Grosso (1947),à região da Sirga, entre Minas e
Bahia (1952)e a Caldas do Cipó, Bahia (1952). Viagens entremeadas com vários períodos no exterior, por imposição da carreira diplomática, participação em congressos de escritores, viagens de férias. ~otações,resultantes das viagens, associadas aos dados da memória e da imaginação, foram transportadas para o plano da criação literária posterior a Sagarana: Corpo de Baile (1956), Grande Sertão: Veredas (1957),Primeiras Estórias (1962), Tutaméia (1965),e dois volumes de narrativas de publicação póstuma: Estas Estórias (1968)e Ave Palavra (1970).Sua obra máxima, Grande Sertão: Veredas, obteve a consagração da crítica e de leitores no Brasil e no exterior, merecendo vários prêmios. A década de 60 foi marcado pelas traduções de sua obra para línguas estrangeiras e adaptações ao cinema e teatro. J.G. Rosa colaborou, ainda, em jornais e pertenceu, também, ao Conselho Federal de Cultura. Eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1963,custou a tornar posse, no presságio da morte, após
a consagração oficial. A 16de novembro de 1967, finalmente tornou posse, pronunciando discurso memorável, que fecha o círculo de sua trajetória, começando e terminando com o nome da Cordisburgo natal, com a qual se identifica, no final: "Aqui está Cordisburgo". A 19de novembro de 1968,três dias depois, veio a falecer, em seu apartamento de Copacabana, no Rio de Janeiro. Feito o retoque final, atravessou o "Lethes, o rio sem memória". Mas, sua criação permanece viva, nas obras, que não cessam de se desdobrar, no tempo, abertas a novas incursões, sempre revelando facetas diversificadas. Cecília de Lara São Paulo, 1986
Antunes
Filho
o rnais
premiado diretor do teatro brasileiro, Antunes'Filho, ao longo das últimas décadas desenvolveu 'urria estética teatral e rnétodos de trabalho que Influenoiararn o desenvolvimento das artes cênicas ern nosso rneio. Iniciou sua carreira em 1950, quando Décio de Ahneida Prado, acornpariharido COlllinteresse seus espetáculos no grupo arnaclor "Teatro da Juventude", o convidou a ser assistente de direção no TBC. Ali, teve oportunidade de aprimorar seu aprendizado, trabalhando com os diretores estrangeiros Ziembinski, Adolfo Celli, Luciano Salce, Ruggero Jaccobbi, Flarnínío Belliniresponsáveis pela modernízaçâo do teatro brasileiro. Estreando profissiorialrnerrte corno diretor, em 54, corn a peça "Week-End", de N oel Coward, para a Cornparihia Nicete Bruno, alcançou grande sucesso - o espetáculo competiu ern borderôs COlllo TBC. Em 55, dirigiu "Diário de Anne Frank", de Goodrich e Hackett, no Teatro Maria Della Costa, obtendo os prêrnios de melhor diretor da crítica paulista e da carioca. A partir daí, sua carreira foi marcada por espetáculos de
impacto artístico, sendo notável seu trabalho na direção de atores. Ern 64, com "Vereda da Salvação", de Jorge Andrade, incrementou suas pesquisas sobre o homem e a realidade brasileiros, revolucionando estruturalmente nosso teatro. Esses lances revolucionários se desenvolveram ainda ern "A Megera Dornada", de Shakespeare, e "A Falecida", de Nelson Rodrigues (65), COlll "Peer Gynt", de Ibsen (70), culminando corn "Macunaíma" de Mário de Andrade (78). N ess~ período, Antunes dirigiu cerca de trinta espetáculos, realizou trm filme de longa rnetragern "Corrrpasso de Espera" (prêmíos APCA, Governador do Estado e Moliere) - e dirigiu mais de 150 textos dramáticos para vários canais de TV. A partir da estréia de "Macunaíma", Antunes passou a se dedicar exclusivamente "aoCentro de Pesquisa Teatral (CPT), orgariisrno nascido do próprio rnétodo de trabalho desenvolvido para criar "Macunaíma". Seu objetivo é a forrnação e o aprirnorarnento de atores, a pesquisa dramática corri vistas à realidade brasileira e urn esforço por concretizar e oficializar a Comédia Nacional.
E1ll81, corn a montagem de "Nelson Rodrigues, o Eterno Retorno", solidificou-se o projeto do CPT que, no ano seguinte, receberia o apoio do SESC Serviço Social do Corriércio, sendo anexado ao Centro Social Dr. Vila Nova. Ali se criaram vários núcleos, sob orientação de Antunes Filho, sendo que dois deles já levaram COlllêxito seus espetáculos ao público: o GlUpO de Arte Boi Voador, com a adaptação de "Velhos Marinheiros", de Jorge Amado, sob direção de Ulisses Cruz; e o GlUpO Novo Horizonte, ligado ao programa do SESC dedicado à Terceira Idade, realizando "Os Anjos", sob direção de Luiz Henrique. Para o GlUpO de Teatro Macunaíma - sucessor do GlUpO Pau Brasil, célula rnater do CPT - Antunes dirigiu "Romeu e Julieta", de Shakespeare, que, COlll"Nelson 2 Rodrigues" e "Macunaíma", integrou o prrmeiro teatro de repertório no Brasil, COlllurna peça por serriana durante todo o ano de 1984 (Teatro Anchieta). Agora, Antunes volta corn o GlUpO Macunaíma, realizando trm velho sonho: levar ao palco a obra de Guimarães Rosa no seu aspecto universalista.
Sebastião Milaré
I The people in Murici, after a cortege, decide to auction a prostitute, profaning the feast. During the mess, "Nho" Augusto Matraga, an old and wealthy landowner now in deep decadence, appears, frightens the people and humiliates his forrner lover. A rustic inhabitant ofthe village confronts the landowner, who commands his "jagunços" (professional bandits) to castrate him. II After undergoing and unsuccessfull attempted arnbuscade, the "Nho" Augusto's "jagunços" fraternized with the "jagunços" who served Major Consilva, his main enemy, who hadjust contracted them, fortifying himself as the only leader of the region. III "Nho" Augusto's wife, Mrs. Dionora and his daughter Mimita, prepare themselves to go on the trip by themselves to their distant property in Morro Azul, when they receive the unexpected visit of a tittle farmer, Ovidio Moura. Mrs. Dionora hesitates at the argurnerits ofher silent lover who can't stand the sight ofher suffering due toher husband's exagerated depravity, and he says how difficult it is for him to tive without her. IV "Nho" Augusto, alone and demoralized, confronts Major Consilva and his "jagunços", who not only killed him but also threw him down a deep precipice. V The moribund falien from the sky is found by two old men, Quitéria and Serapião, inhabitants ofthe deep world, who start to take care ofhim. While he is recovering himself, some people come to visit the old men. The visitors are a young crazy man, full of ideas and inventions, and a pilgrim priest, who advises them not to encourage revenge and hate, saying that anything is valid for a man to obtain what he desires most in Iife, provided that it isn't
revenge. Convinced that his time and turn shali come, Matraga decides to get out ofthe precipice. He and the two old men leave for a little farm, which is still his property, in the Tombador village. VI During the trip, Matraga is always helpful, helping the others in different situations. After having settled down in Tombador, he starts to work as he had never done before, helping the old men and the inhabitants ofthe village. Due to his arnazing kindness, people tenderly start to consider him a Saint VII A Major Consilva's "jagunço" appears and recognized Matraga disturbing him with cruel news about Murici and the constraining situation ofhis farnily. And he is guilty. Desperate, Matraga is comforted by Mother Quitéria who reminds him ofthe priest's words. VIII Matraga meets a group of inlanders. Their leader explains their escaping from t famous "cangaceiro" (bandit rom the N ortheast hinterlan J oãozinho Bem-Bem andjus . les his godson Pindozim' condition, tied to a wooden oss for wantingtojoin t e bandit's bando IX Matraga,an us to meet the famous "ja nço", becomes excited w n he rneets him and invites hi and ali his band to stayin is house. During their stay indozim escapes om his godfather and presents himself o the "cangaceiro" and is
admitted by J oãozinho Bem-Bem. Afterwards, a politician in search o votes demands an audience with the chief, who promises to help him for money. And then everybody sleeps after the gunman's constraining behaviour: he kills his wife for having been taken unawares with another man. The presence of the "cangaceiro" brings thoughts of revenge to Matraga's mind. Before leaving, J oãozinho Bem-Bem invites him to join the bando Matraga is tempted. But he refuses it. X Matraga doubtful arid torrnented, works hard as he decides this is his lastjourney, because he willleave Tombador. He says good-bye to Quitéria and Serapião and sets off, taking a little donkey with him. XI In his peregrination he meets a blind fortuneteller who makes a dramatic prediction, Matraga lets the little donkey conduct his destination. The little donkey takes him back to Murici. J oãozinho Bem-Bem and his band appear to revenge Pindozim's death there in Murici, and also to sack the village. The chief "cangaceiro" now aware of"Nho" Augusto's true story persuade him to accept Pindozim's daggers in the name of revenge and honour. But Matraga, surprising himself, plead for the unknown old man's family, the boy's murderer's father who is about to be cruelly killed, thus contradicting the big . "cangaceiro" . XII Matraga and J oãozinho Bem-Bem fight. Agonizing, J oãozinho Bem-Bem realizes the honour of dying by the hands of such a man, who ask"s him to repent his sins so that they can meet each other in the sky. The "cangaceiro" says that it is good to die looking at the sky, with the devi! out ofthe body. Matraga, looking at his dead friend, says: "N onothing, old fellow. There is no devi!. The devi! doesn't existo There are human men. Traverse."
I El pueblo de Ia pequena villa de Murici, después de una precesi6n, propone rerriatar una prostituta, profanando Ia fiesta. En rriedjo al festín, surge "Nhô" Augusto, antiguo y rico dueno de tierras, ahora en profunda y veladadecadencia, que aterroriza el pueblo y hurnílja aún ITIás su antígua arnarrte. Un "capiau" (hurrulde habitante deI lugar) enfrenta al decadente serior, que sin pestafiear, ordena a sus "jagunços" (matadores profesionales) que o capen II Después de una fracasada tentativa de ernboscada, los propios "jagunços" de "Nhô" Augusto se confraternizan COITI los "jagunços" de su rriayorerierrrigo, el Mayor Consilva, que ahora ITIiSITIO los contratara para fortalecerse COITIO lider único de laregi6n. III La esposa de "Nhô" Augusto, Dona Dion6ra y su hija Mírníta se preparan para viajar solas, cuando reciben Ia inoportuna visita de un pequeno estanciero Ovidio Moura, Dona Dion6ra vacila frente a Ios argurneritos del síernpre silenciosa acírrrirador-, que, no soportando verIa sufrir por Ia indiferencia de su marido, confiesa su incapacidad de vivir sin ella. IV "Nhô" Augusto, s6lo y desrnoralízado, enfrenta Mayor Consilvay sus "jagunços", que no apenas 10 rnaaacrari COITIO, para asegurarse de su rnuerte, 10 tiran en un precipicio. V El rrruerto-vtvo caído de los cielos es encontrado por los ancianos Quitéria y Serapião, habitantes de Ias profundezas deI rmrndo, que les dedican sus cuidados. Durante su recuperaci6n, Matraga participa en algunas visitas de los ancianos; Ia de unjoven loco y lleno de idéas y de invenciones; y Ia de cura peregrino, que le aconseja a no alírneritar Ia venganza y el odio, diciéndole que todo es válido para conseguir 10 que se quieres en Ia vida, rriierrtras que no sea vengança.
Convencido de que su hora llegará, Matraga decide salir deI abísrno. Parte con los ancianos para una pequena finca, aún de su propriedad en Ia villa del Torrrbador-,
Matraga, identificándose con el jefe "cangaceiro", alírrrierrta perrsarrríentos de venganz. Antes de partir, "Joãozinho BeITI-BeITI" 10 invita a entrar en el bando. Matraga es tentado, pero recusa.
VI Durante el viaje, Matraga no pierde Ia oportunidad de colaborar, ayudando los dernas en diversas situaciones. Instalado en el Torrrbaclor, trabaja COITIO nunca, ayudando a los ancianos y a los habitantes deI pueblo. Tanta era su bondad que pasan a Ilamarlo carifiosarrierrte de Santo.
X Matraga, lleno de dudas y angústias, trabaja íricansablernente, en 10 que decide ser su últiITIOdia de labor, pues abandonará el Torrrbaclor. Se despide de Quitéria y Serapião y parte, llevando consigo un burro.
VII Surge un vaquero, antiguo "jagunço" deI Mayor Consilva, que 10 reconoce y transtorna Matraga con crueles novedades de Murici y con Ia errrbarazoaa situaci6n de su antiga farnâliat y el as el culpado! Desesperado, Matraga es consolado por "ITIãe" Quitéria (ITIaITIá),que le recuerda Ias palavras deI sacerdote. VIII Matraga sorprende un grupo de "sertanejo" (habitantes del sertão) en fuga. Ellider de los retirantes (nornbre dado para los habitantes deI sertão que abandonan ellocal) explica que escapan deI célebre "cangaceiro" (bandolero deI sertão) "Joãozinho BeITI-BeITI" (Juancito Bien-Bien) y cuenta el porque del estado de su ahijado Pfndozírn atado en cruz por querer entrar en el grupo deI bandido. IX Matraga, ansioso por conocer al faITIOSO"cangaceiro" se errtuaiasrna al encontrarlo, 10 invita con todo su bando a alojarse en su casa. Durante Ia estadia, P'iridozirn, hyendo delos padrinhos, se presenta al "cangaceiro" y es ad mrtádo por "J oãozinho BeITI-BeITI". Luego, un político, queriendo votos, pide audiencia con eljefe. Este .se cornprornete a avudarío a carribdo de dinero. Más tarde, todos duerrneri, después de Ia actitud de uno de los "cabras" (uno de los bandidos deI grupo), que rriata a su rrrujer sorprendida con otro bornbre,
XI En su peregrinaci6n, ertcuentra en ciego que le hace una drarnátíca previsi6n. Matraga perrníte el burro conduzir su destino. Y el arnrnal 10 conduce rnrevarnerrte a Murici. Surge "Joãozinho BeITI-BeITI" y su bando, para vengar alli en Murici, Ia rnuerte de Píridozírn y tarnbíéri desfalcar Ia ciudad. Eljefe "cangaceiro", ahora sabiendo Ia verdadera historia de "Nhô" Augusto 10 convence a aceptar Ias arrrias de P'irrdozirn en riornbre de Ia honra y de Ia venganza. Pero Matraga, sorpreso consigo ITIisITIo, intercede a favor de Ia família deI viejo desconocido, padre deI asesino deI muchacho, a un paso de ser cruelrnerite rnasacrado, enojando al gran "cangaceiro" .
XII Matraga y "J oãozinho BeITI-BeITI" se enfrentan. Agonizantes, el "cangaceiro" reconoce Ia honra de rnoríz- por Ias manos de un hornbre COITIO Matraga que le pide que se arrepienta de sus pecados para encontrarse eITIel cielo. El "cangaceiro" dijo que es bueno rrrortr rnírarido el cielo, con el diablo fuera deI cuerpo. Matraga, mírarido a su amigo ya rrruerto, dice: "Nonada, berrnano viejo. No hay diablo. El diablo no existe. Lo que existe es el hornbre Irurriario. Travesia".
ATO ÚNICO
RAUL(j RAULCHRISTIANO MACHADO CORTEZ, nascido em Santo Arnaro (SP). Cursou até o segundo ano de Direito na Faculdade Católica de Campinas. Começou em teatro integrando o Grupo de Teatro Paulista de Estudante e, através de um teste, ingressou no teatro profissional com a peça "Eurídice", no Teatro Brasileiro de Comédia, atuando ainda nas peças: "Diário de Anne Frank", direção de Antunes Filho; "Hamlet", direção de Sérgio Cardoso; "Leonor de Mendonça", direção de Ziembinski; "Prova de Amor", direção de Mauric Vaneau; "Pedreira das Almas", direção de Alberto D'Aversa; "A Rainha e os Rebeldes", direção de Maurice Vaneau; "Rua São Luiz, 7 _8. Andar", direção de Alberto D' Aversa; "Revolução dos Beatos", direção de Flávio Rangel; "A Morte do Caixeiro Viajante", direção de Flávio Rangel. Ingressou na Cia. Cacilda Becker, viajando pela Europa e representando: "Santa Marta Fabril", "Maria Stuart", "A Dama das Camélias", "A Compadecida", "O Santo e a Porca", sob direção de Ziem binski, Cacilda Becker e Benedito Corsi. Sob direção de Rui Affonso, viajou pela Europa e África com "Os J ograis de São Paulo". De volta ao Brasil, participa de: "Bezerro de Ouro", "O Exercício para 5 Dedos", "Código Penal" e "Boca de Ouro", todas sob direção de Ziem binski. "Yerma", com direção de Antunes Filho (prêmios de melhor ator coadjuvante pela Associação dos Críticos 0
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Teatrais e Governador do Estado, em São Paulo). Integra novamente a Cia. Cacilda Becker para a montagem de "César e Cleópatra" , djreção de Ziembinski. E convidado por José Celso Martinez Correa e, no Grupo Teatro Oficina, participa de "Pequenos Burgueses" (prêmios Saci, do Jornal O Estado de S. Paulo, Associação dos Críticos Teatrais e Governador do Estado, em São Paulo) e "Zoo Story". Sob a direção de Antunes Filho, participa das peças: "Vereda da Salvação" (prêmios Governador do Estado e Associação dos Críticos, em São Paulo) e "A Grande Chantagem". Participa ainda das seguintes montagens: "Os Físicos", direção de Ziembinski; "J úlio César" e "Black-Out", direção de Antunes Filho; "Os
Corruptos", "Os Monstros", direção de J erome Savary; "O Balcão", direção de Victor Garcia; "Rapazes da Banda", direção de Maurice Vaneau (prêmios Moliêre, Jornal do Brasil, Governador do Estado da Guanabara e Embaixada Americana por melhor ator em espetáculo de autor americano). Volta ao Grupo Teatro Oficina em:. "Saldo para Salto", "Don Juan", "Galileu Galilei" e "Gracias, Senhor" (interrompido pela censura federal). Sob direção de Leo Jusi: "Greta Garbo Quem Diria Acabou no Irajá" (prêmios Associação dos Críticos e Governador do Estado de São Paulo). "A Noite dos Campeões", direção de Cecil Thiré (prêmios Moliêre, Associação dos Críticos, Governador do Estado e Mambembe, do INACEM). "Quem Tem Medo de Virginia Woolf', direção de Antunes Filho (prêmios Moliêre, Zimba da APETESP, Embaixada Americana por melhor ator em espetáculo de autor americano). "Rasga Coração", direção de Zé Renato (prêmios Moliêre e Mambembe, do INACEM). "Amadeus", no papel de Salieri, direção de Flávio Rangel (prêmio Roq uette Pinto). Pesquisa, roteiriza e produz, sob direção de Odavlas Petti, o espetáculo "Ah!Mérica". N o cinema participou de: "Vereda da Salvação", direção de Anselmo Duarte (representando o Brasil no Festival de Berlim e Mensão Honrosa do Júri, no Festival de Brasília); "Anjo Assassino", direção de Dionísio Azevedo (prêmio Melhor Ator no Festival de Cabo Frio); "Capitu",
direção de Paulo Sarraceni (prêmio Melhor Ator Coadjuvante no Festival de Brasília); "O Caso dos Irmãos Naves", direção de Luiz Sérgio Person (premiado no Festival de Moscou); "Brasil Ano 2000", direção de Valter Lima; "Infidelidade ao Alcance de Todos" e "Janaína", direção de Olivie Perroy. Participou de vários outros filmes, tendo no início de 1986 concluído as filmagens de "A História de Vera", direção de Sérgio Toledo. Primeiro ator a fazer filme publicitário no Brasil, ganhando como ator, em festivais de filmes publicitários, os prêmios: Leão de Ouro, no Festival de Cannes; Leão de Prata, no Festival de Veneza; e Cleo Awards, no Festival de New York. Exerceu o cargo de presidente da Associação de Produtores de Espetáculos Teatrais (APETESP), durante três gestões: de 1974 a 1980. Na televisão, participou de vários especiais na TV Cultura e TV Globo. Dentre outras novelas, participou de: "Os Miseráveis", "Sabor de Mel", na TV Bandeirantes; "Água Viva", "Jogo da Vida", "Baila Comigo", "Partido Alto", na TV Globo.