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Centro
de pesquisa
Adaptação
Teatral do SESC apresenta
e Direção:
Antunes
Filho
SESC /I
SÃO
PAULO
A Empresa
~.
e a Democratização
da Cultura
A responsabilidade social do empresariado do comércio é a mola propulsora dos projetos socioculturais desenvolvidos pelo SESC, marcados pela integração de idéias e pelo convivio com. as.diferenças. O trabalhador no comércio e serviços, seus familiares e a comunidade em geral constituem o foco primeiro dessas ações. Há mais de. 50 anos, o SESC, entidade criada, mantida e administrada pelos empresários do comércio, tem protagonizado iniciativas inovadoras em campos diversificados da cultura, do lazer e do tempo livre, voltadas ao desenvolvimento sociocultural da coletividade. Assim, é no cotidiano dos centros de atividades do SESC que o comprometimento do empresariado com a melhoria da qualidade de vida das pessoas, vislumbrada na participação social e no exercicio da cidadania, torna-se evidente. Diariamente, as unidades do SESC recebem pessoas de diferentes origens, faixas etárias e interesses, que podem desfrutar de uma ampla gama de atividades, como cursos, oficinas ,de criatividade, palestras, grupos de estudo e espetáculos, em que o principio ?a educação informal fundamenta o aprendizado do cidadão para o exercicio da sensibilidade. O SESC entende que a satisfação exclusiva das necessidades fisicas~ basta ao cidadão que deseja integrar-se plenamente a uma sociedade cada vez mais exigente. Para isso, a compreensão dos papéis sociais de cada um vincula-se diretamente à ampliação constante do repertório intelectual e cultural do individuo. Esse aspecto claramente perceptivel ajuda a determinar o grau de desenvolvimento de uma sociedade. O desenvo],vimento social caminha ao lado da democratização da cultura. Democratização esta que deve ser imperativa, eficiente, objetiva e concreta para uma instituição como o SESC, em que a formação co~tinua do individuo através do contato com a cultura é tida como elemento-chave no processo de inclusão social. Com Fragmentos Troianos, a mais recente montagem do CPT - Centro de Pesquisa Teatral, o SESC reafirma sua intenção de manter-se presente na construção de um mundo mais ético, contribuindo para o desenvolvimento humano e para a participação consciente do cidadão nos destinos da sociedade. Abram
Szajman
Presidente do Conselho Regional do SESC São Paulo
A Ética e a Guerra
o
teatro
constitui,
no âmbito
em Fragmentos da política
cultural
Troianos desenvolvida
pelo
SESC de São Paulo, expressão de prestígio e destaque. Inúmeras ações assinalam esse aspecto, como, por exemplo, a construção e manutenção de espaços adequados a apresentações em seus centros de atividades, o estímulo e a valorização de artistas e grupos através de festivais, encontros e debates sobre diferentes esferas do fazer teatral;' a busca permanente de novas linguagens e a preocupação constante com a formação de novas platéias. Nesse contexto, o Teatro SESC Anchieta, agora reaberto ao público, após ampla reforma, representa seu território o CPT - Centro de Pesquisa Teatral - mergulha,
mais nobre, enquanto aprofunda, fundamen-
ta, cria e reinventa a dramaturgia brasileira, vislumbrando, todavia, o caráter universal do homem-ator, com seus defeitos, contradições, alegrias, medos e esperanças. Para Antunes Filho, diretor teatral e coordenador do CPT, desde sua inauguração, em 1982, o teatro exige daqueles que o escolhem uma entrega incondicional. Assim,' interpretação, cenografia, direção, dramaturgia, iluminação, longe de distinguirem-se como elementos isolados de um todo, complementam-se integralmente para a formação de atores, diretores e técnicos, em como para a produção de espetáculos. Centro de produção cultural e investigação em teatro, o CPT fundamenta-se na pesquisa de novos textos, linguagens e montagens para instrumentalizar sua ação. Para o SESC, entidade cujas diretrizes vinculam-se à democratização da cultura, a ~tividade do CPT simboliza não só a definição de novos rumos para a dramaturgia brasileira, como seu fortalecimento efetivo, a distinção de sua qualidade artística e técnica e o aperfeiçoamento de suas referências culturais. Com Fragmentos Troianos, o CPT apresenta no, às vésperas da virada do milênio.
a crueza do espírito humaContemporâneo, Eurípedes
descreve a guerra nossa de cada dia: intolerância, xenofobia, ódio, barbárie. Será esta a essência humana? Exigirá a sobrevivência uma nova ética? A tragédia grega representa um dos pilares A fascinação exercida pelo conteúdo trágico
do pensamento ocidental. exige do homem tomada de
atitude, um retorno à autenticidade, a resistência ao uso da força, a rejeição da banalização. Fúria e calma, focos, inicialmente ambíguos, da guerra contemporânea, independem de juízo de valor. Podem, ambos, determinar vida e morte.
Diretor
Danilo Santos de Miranda Regional do SESC de São Paulo
'Eurípedes Gilbert
e
a
Tragédia
Grega
Murray
Dionísio, o demônio da tragédia é um dos deuses mortais e renascentes, corno Atis, Adonis e Osiris. O ritual dionisíaco que se faz nos fundos da tragédia faz presumir que na sua forma completa torna seis etapas regulares: l)um agón, o Combate, em que o Demônio luta com seu inimigoí o qual pode ser quase idêntico a ele mesmo; 2) um pathos, o Desastre, que comumente assume a forma de sparagmos, ou cortando em pedaços; o ~orpo do Deus Cereal sendo espalhado em milhares
de sementes pela Terra; algumas vezes há algum outro sacrifício mortal; 3) um Mensageiro, que traz as notícias; 4) a Lamentação, freqüentemente mesclada com o Canto de Regozijo, uma vez que a morte do Velho Rei é também a ascenR~n rin nnvn"
de sementes pela Terra; algumas vezes há algum outro sacrifício mortal; 3) um Mensageiro, que traz as notícias; 4) a Lamentação, freqüentemente mesclada com o Canto de Regozijo, uma vez que a morte do Velho Rei é também a ascensão do novo; 5) a Descoberta ou Reconhecimento do deus oculto ou desmembrado; e 6) sua Epifania ou Ressurreição na glória. Este ritual de Dionísio, transformado em um drama pelas mãos de um número notável de artistas criativos, transformou-se no que conhecemos hoje como Tragédia Grega. O clima geral da tragédia foi se afastando daquela primitiva monotonia dos rituais fixos. Os assuntos foram ficando mais ricos e mais variados e os modos de representação mais soltos e mais artísticos. Mas nos dias em que Eurípedes começou a escrever, o mestre trágico, Ésquilo, já havia-elevado o drama grego ao maior nível. Ésquilo também havia tornado a representação mais longa e mais impressionante: compôs três tragédias contínuas que formam um todo, e que eram seguidas por essa estranha peça que se chama drama satírico. Os demais trágicos parece que não escreveram em trilogias, e Eurípedes, foi deixando cair a prática das peças satíricas. No seu lugar, colocou um tipo singular de tragédia satírica, uma peça feita ao modelo trágico, mas onde colocava-se porém uma figura meio cômica e cujo ambiente conservava certas expressões fantásticas. No Grande Festival de Dionísio, anualmente este ritual da tragédia era praticado solenemente no teatro do deus.
Toda forma de arte tem suas convenções. Recordemos que a tragédia grega é, em essência, um ritual religioso. Então compreenderemos as vestimentas cerimoniais, as máscaras, a constante presença ou proximidade do sobrenatural. A tragédia grega nos é apresentada ligada a uma convenção formal rigorosíssima, mas também é rica em sutilezas e sinceridade. uAli não há vilões grotescamente exagerados, nem heroínas insipidamente angelicais. Até seus tiranos mostram rasgos de humanidade; e ao menos, os desculpa a causa do Estado, a que tem que render-se eles mesmos. Nem sequer suas virgens mártires são figuras de cera." Sua psicologia é de uma irretocável verdade, brota da observação da natureza humana e a natureza humana não simplesmente observada, mas penetrada com uma simpatia séria e quase reverente, e um desejo infinito de _____________
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Para Eurípedes são criaturas de carne e osso como nós, são seres que exigem e querem ser entendidos, junto aos quais não é possível passar ao longe; e todos eles, sem dúvida, nos arrastam por momentos com certo arrebatamento misteriosou• Mas o que devemos nos esforçar para entender é que tamanha sinceridade acontece dentro de um molde rígido e uma convenção detalhadamente elaborada. Não esqueçamos que Aristóteles distingue a tragédia entre as demais formas de drama, não como a forma que represente as misérias humanas, mas a que representa a bondade e a ndbreza humanas. Ele chega até a dizer que a tragédia é Ua representação da Eudaimoniau, ou o maior tipo de felicidade. É claro que ele reconhece o lugar que corresponde à morte e aos desastres, e até prefere o que se chama Uum final infeliz". Há que se dar espaço livre às energias do mal e do horror, pois só assim poderemos vencê-las. Somente quando estão saciadas, conseguimos compreender que até resta algo intacto na alma do homem, capaz por si mesmo de embelezar a vida. E nisto consiste a grande revelação desta ilusão magnífica que é a tragédia. Dir-se-ia que ela resulta da combinação de dois extremos: pelo conteúdo, um contraste de ações trágicas; e pela forma, uma definitiva transmutação em pura beleza. Um artista fraco desvia-se da verdade por um frágil idealismo; o artista comum falha ao transfigurá-la. Eurípedes conseguiu ir mais além que nenhum escritor na harmonização destes pólos opostos, e aqui está sua qualidade única como poeta. Muitos pensam que lhe faltaram forças; que aquela mistura de vida real e atmosfera sobrenatural, de pensamento astuto e sonho legendário é discordante, mero choque entre convenções artificiais e violento realismo. Para outros, esta é precisamente a condição pela qual merece a eminência que lhe concedem Goethe e, num sentido mais limitado, Aristóteles, e pela qual mantém-se, como há mais de dois mil anos, Ua despeito de algumas faltas, como o mais trágico dos poetas". U
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o II
Fragmentos de Antunes.
Troianos Filho
João Moura Jr.
A guerra que opôs gregos a troianos
é o arquétipo
de todas as outras.
Tróia, o arquétipo
da
comunidade devastada pela guerra. A decisão de montar Fragmentos Troianos, adaptação de As Troianas, de Eurípedes, pelo próprio diretor, para pôr em relevo os horrores da guerra, sobretudo a motivada pela xenofobia, que parece adquirir novo alento nesta virada de milênio, não poderia, portanto, ser mais certeira. A distância transcorrida entre a primeira encenaçâo da peça, em 415 a . C., e a atual só fez, infelizmente, aumentar-lhe o frescor e a relevância inerentes a toda grande arte. Infelizmente porque, nesses quase dois mil e quinhentos anos, como sublinha esta montagem, os homens nada aprenderam sobre a guerra. Para acentuar ainda mais essa proximidade
entre o passado
distante
e o mundo à nossa volta,
Antunes Filho lança mão de um método que vem coerentemente utilizando há algum tempo no trato com textos clássicos. Trata-se de atingir o cerne da questão dramática por um processo de eliminação, isto é, pela depuração, pela busca de uma certa essencialidade. A rua, é claro, não é de mão única. Sua releitura da dramaturgia de Nelson Rodrigues, por exemplo, despe-a dos traços excessivamente localistas, que ameaçam prendê-ia por demais ao subúrbio carioca, para realçar suas características de legítima descendente brasileira da tragédia grega. Quem conhece
o texto de As Troianas,
de Eurípedes,
poderá
verificar
os cortes
e alterações
efetuados na adaptação, e não cabe arrolá-los aqui. Basta notar que o longo debate entre Menelau e Helena, com a participação de Hécuba, acha-se ausente dos Fragmentos Troianos. E
não só por quebrar
um pouco
o pathos
da tragédia,
como
assinala
seu tradutor
brasileiro
Mário da Gama Kury, mas também e sobretudo porque a Antunes Filho não interessam tanto as causas da guerra, mas sim ·0 efeito dessa atrocidade que pouco difere da realidade vivida por milhões de deserdados dos dias atuais·. Por se passar no imediato pós-guerra, em meio àquelas que, por sua própria condi~ão, não participaram diretamente dela mas nela perderam maridos e filhos, As Troianas se presta à perfeição a esse propósito. Um parêntese: como é sabido, o pretexto lendário imediato para o conflito foi o rapto de Helena, mulher de Menelau e rainha de Esparta, por Páris, filho de príamo e de Hécuba, rei e rainha de Tróia. Num ensaio célebre sobre a epopéia homérica que narra a guerra de Tróia, A Ilíada ou O Poema da Força, Simone weil chama a atenção para uma justiça que castiga indistintamente os dois lados em luta. Se Aquiles, o herói grego cuja ira pela morte do amigo Pátroclo é descrita no poema, executa impiedosamente seus adversários, é porque sabe que também ele futuramente será executado. Essa justiça distributiva, Nêmesis, pune com ·um rigor geométrico· o que os gregos chamavam a hybris militar, o descomedimento, a violência bélica. E é daí que vem ·a extraordinária eqüidade que inspira a Ilíada·, onde ·mal se sente que o poeta é grego e não troiano· (tradução de Alfredo Bosi em A Condição Operária e Outros Estudos sobre a Opressão, São Paulo, 1996). Não custa lembrar que, se a Ilíada só nos informa quem é o pai da bela Helena, Zeus, os Cantos Cíprios, um dos chamados poemas cíclicos, epopéias compostas provavelmente no século VII ou início do VI a.C., e de que apenas se conhecem alguns versos, narram o seu nascimento de um ovo posto por ninguém menos que a deusa da vingança, Nêmesis, sob a forma de gansa com que acreditava lhe surgiu como um cisne. Mas algo mais contribui
para o sentimento
poder esquivar-se de eqüidade
ao todo-poderoso
que parece percorrer
do Olimpo, a Ilíada.
que
É que
em nenhum momento Homero designa os troianos de bárbaros, isto é, de estrangeiros. ·A Tróia da lenda e da epopéia não difere em nada de uma cidade grega·, como escreve a tradutora de Eurípedes para a Bibliothéque de Ia Pléiade, Mar ie Delcourt-Curvers. Essa designação, e conseqüentemente as primeiras formulações da superioridade helênica, só irão tomar corpo mui to mais tarde, no começo do século V a.C., devidas em parte aos esforços militares combinados dos gregos contra os persas e justamente por obra da tragédia, como demonstra o livro fundamental Tragedy (Oxford,
de Edith 1999).
Hall,
Inventing
the Barbarian
- Greek
Self-Definition
through
A obra de Edith Hall dedica
suas últimas páginas
às Troianas
como "a exceção que confirma
a
regra". "Os gregos barbáricos e os nobres bárbaros de Eurípedes", segundo a autora, "corporificam uma inversão irônica e sofística da premissa aceita de que os gregos são superiores ao resto do mundo, um cânone sublinhado com freqüência pelos trágicos em suas celebrações dramáticas da ideqtidade helênica coletiva do império ateniense, representadas entre a expulsão de Xerxes e o fim da guerra do Peloponeso". O bárbaro, o outro inventado pela dramaturgia grega como expressão da xenofobia e do chauvinismo sofre, portanto, aqui uma mudança de papel. E a escolha de Antunes vez acertada. A célebre exortação de Andrômaca - "Ah! Gregos, bárbaros I", na tradução
de Mário
da Gama Kury
- merece
da civilização helênica, Filho mostra-se mais uma inventores de suplícios
uma bela paráfrase
nos Fragmentos
Troianos:
"Homens da Europa, vós desprezais a África e a Ásia e chamai-nos bárbaros. Mas quando a soberba e a cobiça vos lançam contra nós, pilhais, torturais Nós ou vós, gregos, tão e massacrais. Então, quem são os bárbaros? ?" orgulhosos da vossa humanidade
.
Se tal paráfrase vai aparentemente de encontro ao método do diretor, que consiste, como foi dito, em reduzir e não em ampliar, é que essa inversão de papéis é fundamental na peça e deve ser realçada na sua triste pertinência para este século, em que se massacra em nome de uma pretensa superioridade étnica, cultural, religiosa ou o que seja. Passado esse momento de necessária prolixidade, por assim dizer, a montagem retoma o seu laconismo, presente inclusive no novo trabalho de empostação de voz desenvolvido com os atores, que busca a ressonância em contraposição ao mero volume. A cena final, emocionante em sua enxuta tragicidade, "pretende ser um postal de um terrível século que se finda e de um incerto tempo em que adentramos",
nas palavras
deste
grande
encenador.
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Ah' Grei izumitelji divljih kazni Ijudi iz Evrope vi prezirete Afriku i Aziju i zovete nas dívljactma. Ali kada vas drskost i zelja za blagom teraju vas protiv nas, kradete mucíte i unakazavate. Onda, ko su divljaei? Mi
ili vi, Grei, teliko ponosni sa vasom humanoseu?
a'NA õ1::J .tI'III' .anH IH ?=nI'lUIIH:I
Ah' Grei izumitelji divljackih kazni ljudi iz Europe vi prezirete Afriku i Aziju i zovete nas divljaeima. Ali kada vas drskost i zalja za blagom teraju vas protiv nas, kradete, mueite i nakazite. Onda, ko su divljaei? Mi ili vi, Grei, toliko oholi sa vasom covjecnoscu?
A Ilíada
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Porque
Humanos
Ricardo
Fernandes
Muniz
A tragédia grega As Troianas foi escrita por Eurípedes por volta de 415 a.C, no mesmo ano de sua primeira representação. Escrita como um manifesto contra o episódio da Ilha de Melos, destruída por Atenas quando seu povo negou-se a ser escravizado. Libelo contra a crueldade das guerras, contra a ambição insensata, contra uma política e valores morais equivocados da suposta democracia grega. As Troianas é uma exposição obscena que assinala a situação da sociedade grega daquele período: um discurso civilizado e democrático versus uma prática bárbara e autoritária. Há 2.400 anos a mesma situação se repete. Fragmentos Troianos fala dessa repetição. Preserva os principais personagens da tragédia e toda a dimensão da crueldade criada por Eurípedes. Fala de mulheres. Fala de viventes, daquelas derrotadas pelos' gregos, fala das vencidas é destruídas por caprichos de deuses e dos homens guerreiros. Mulheres lutando pela preservação de
sua dignidade, único despojo de guerra que não pode ser negociado, que não pode ser entregue aos dominadores. Tróia é como tantas outras uTróiasu que multiplicam-se no mundo de hoje, nesta explosão de conflitos étnicos, de fome, de violência,~ de destruição do planeta. Eurípedes ousou dar a palavra àquelas que deveriam permanecer caladas. Destruídas, transformadas em coisas, elas expõem sua opressão, sua miséria, enfim, sua condição humana. A referência às guerras atravessa toda a encenação criando um espaço/tempo mágico, atemporal, principal âncora desta montagem - pode falar de campos de concentração, presídios, aldeias sérvias, africanas, ou de qualquer cidade do sertão brasileiro. Numa primeira leitura, somos jogados em campos de concentração nazistas, porque o Holocausto sobrevive em nossa memória como a maior de todas as tragédias deste século, e é a mais concreta imagem e demonstração da crueldade dos homens, sua
capacidade de ultrapassar todos os limites, até mesmo os da sua própria humanidade. As vítimas do Holocausto são também as de Tróia, as vítimas da Candelária, as vítimas do Taliban. As muralhas troianas são também as eletrificadas de Auschwitz, os frágeis tabiques de Heliópolis, em São Paulo, ou as grades dos haréns muçulmanos. Encenar uma tragédia é termos a coragem de e~frentar a realidade do trágico sobrevivente, ainda e sempre em cada um de nós. Nos descobrirmos como vítimas e verdugos de tantas e variadas formas de neo-totalitarismos que avançam, que inventamos neste ufinal dos temposu. Colocar em pauta uma tragédia é ousar nos enxergarmos como homens comuns, olhando a dimensão doméstica e banal do trágico neste pequeno e reduzido mundo globalizado. É não esquecermos nunca de um Holocausto e de tantos campos de extermínio nas cidades vizinhas. São tantos os mortos atirados em valas comuns nos dias de hoje, que encenar uma tragédia é ainda uma ação semelhante à de Eurípedes há dois milênios atrás. É construir um manifesto político idealista e pacifista e, ao mesmo tempo, seu oposto. É revelar a descrença em qualquer transformação do ser humano, pois a cada dia aumentam ainda mais as invasões bárbaras contra a civilização, contra o ser humano, contra a consciência. Cada vez mais próximos dos infernos. Tragédia é fotojornalismo. A tragédia é espelho. A tragédia é deste espaço/tempo da perda do futuro. Será com ironia que planejamos as grandes
comemorações para a passagem de mais um ano, de mais um milênio? Não. É com sarcasmo, pois sabemos que nada se renovará no próximo ano e que toda a crueldade será reiterada. Porém, crédulos, porque humanos, devemos enxergar que ainda existe um espaço de tempo onde as tréguas são decretadas, onde a humanidade é imposta e pode ser reinventada. Não quero me esquecer de Hécuba lutando por permanecer de pé. Não posso me esquecer das mulheres citadas por Montaigne, que somente poderiam sair da cidade levando o que pudessem carregar, e escolheram levar nas costas os maridos, os filhos e seu senhor. Não posso me esquecer dos homens na polônia ainda beijando as mãos das mulheres. Não esqueço nossa pequena, mínima e fundamental humanidade.
SerĂŁo precisos mil SOlS para me iluminar quando eu entrar, Virgem sagrada, no leito do inimigo.
Adeus, véus, adeus, fitas e túnicas, vestes dos meus êxtases; leva-os, brisa feroz, ao meu Deus de amor, ao Sol. Onde devo embarcar? Eu sou a morte. Ponham a bandeira negra no mastro do navio que me levar. Adeus, Andrômaca. E vós, irmão que jazeis debaixo da terra, Pai que me deste a luz, eu vou já, não me farei esperar muito. Chegarei junto de vós vitoriosa, à frente do danado cortejo dos Átridas, tar-se gritar
que vos assassinaram,
uns aos outros. de alegria!
Adeus,
Mãe!
mas que vão ma-
Troianas!
É preciso
Fragmentos Baseado As
na Tragédia
Troianas,
Troianos Grega
de Eurípedes
ADAPTAÇÃO
E DIREÇÃO:
ANTUNES
FILHO
Elenco: HÉCUBA •••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• ANDRÔMACA
••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••
CASSANDRA
••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••
TALTÍBIO
••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••
CORO •••••••••••••••••••••••••••••••••
SOLDADOS
: ••••••••••••
••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••
CONCEPÇÃO
DE CENÁRIO
E FIGURINOS
ILUMINAÇÃO
TRILHA
SONORA
••••••••••••••••••••••••••••••••••••
•••••••••••••••
Gabriela
Flores
Sabrina Greve Patrícia Dinely Emerson Danesi ....•...............Andrea Suzan Damasceno Erondine Magalhães Gilda Nomacce Juliana Galdino Mônica Lebrão Sendra Raquel Rocha Simone Martins Donizeti Mazonas Adriano Albuquerque Kleber Caetano Luiz Paetow Jacqueline Castro Ozelo Joana pedrassolli Salles Cibele Alvares Gardin ........••.......... Davi de Brito .................... Magda
pucci e Raul Teixeira
Fragmentos Baseado As
na Tragédia
Troianas,
Troianos Grega
de Eurípedes
ADAPTAÇÃO
E DIREÇÃO:
ANTUNES
FILHO
Elenco: HÉCUBA ...•••••..••..•.......•......•.....••••...•.. ••....•••••••.•••••• Gabriela Flores ANDRÔMACA .•.....•.........•.•...........•••....... .•....••••••.••.•••. Sabrina Greve CASSANDRA .••..•.••.••.••••••••..•..•••••.....••••. .•.•••.............. Patrícia Dinely TALTÍBIO ••••••.••••..••.....•...•.•..•.....•.•.•••• •••••••........•..•• Emerson Danesi CORO ..............•..•.............•..'. .•.•.••••.•• •••••••.••..••.•••••Andrea Suzan Damasceno Erondine Magalhães Gilda Nomacce Juliana Galdino Mônica Lebrão Sendra Raquel Rocha Simone Martins SOLDADOS. ....•.........•.••..•.•......•.....••••... .......••.•••.••••.• Donizeti Mazonas Adriano Albuquerque Kleber Caetano Luiz Paetow CONCEPÇÃO
DE CENÁRIO
E FIGURINOS
••.•.•.••........•.•.••.••••........ Jacqueline Castro Joana pedrassolli Cibele
Alvares
ILUMINAÇÃO
Davi de Brito
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Ozelo Salles
Gardin
Pucci e Raul Teixeira
Tróia Histórica, Tróia Mítica e as In:vasões dos Dórios .Juni to
de Souza
Bran ão
Hoje em dia, não se põe mais em dúvida não apenas a existência de Tróia, que deve ter sido uma superposição de cidadelas muito importantes, desde o terceiro milênio até o século XII a.C., mas sobretudo a sua destruição histórica pelos Aqueus. O primeiro grande passo para o descobrimento da uTróia homéricau foi dado por Heinrich Schliemann, que, a partir de 1870, fazendo escavações na colina de Hissarlik, na atual Turquia, a noroeste da Ásia Menor, encontrou várias cidades sobrepostas, nada menos que sete, a que seu extraordinário ajudante, o arqueólogo Wilhelm Dorpfeld, acrescentou mais duas. Schliemann, a princípio, pensou que a Tróia 11 fosse a homérica, mas a cultura e a experiência de Dorpfeld fizeram-no inclinar-se para a Tróia VI, que possuía restos de cerâmica muitíssimo seme-
lhantes
à
de
Micenas
e
Corinto.
'por este
e
outros
indícios
conclui-se que a Tróia VI fora erigida por volta de 1900 a.C., por um povo sem dúvida proveniente também do mundo indo-europeu para a Ásia Menor. Cultivando a cerâmica mínia, esse povo nâo apenas mantinha um comércio ativo com os micênicos, mas, o que é mais importante, devia ter um possível parentesco com os primeiros gregos. Trata-se, segundo todas as probabilidades, dos Hititas. Cercada por magnífica muralha, Tróia VI era uma cidade opulenta, cuja prosperidade se baseava na fertilidade de seu solo, na pecuária e na criação de cavalos. As escavações em Ílion ou Tróia terminaram sQb a direção de W. Blegen que afirma que Tróia VI foi destruída por um tremor de terra, seguindo-lhe, sem nenhuma solução de continuidade nem de cultura, embora sem a opulência, da anterior, Tróia VIIa com todas as homérica,
possibilidades de ser a cidade de Pz Lamo , a Tróia a Tróia histórica. Alguns outros fatos rigorosamente
históricos confirmam a historicidade da Guerra de Tróia. Há registros hititas de uma coligação de cidades da Ásia Menor, entre as quais surgem Ílion e Tróia VII, contra uma coligação de reinos aqueus, por volta do século XIII a.C., exatamente no momento do grande poderio de Micenas, e, coincidentemente, da destruição de Ílion, que deve ter-se processado entre 1230 e 1225 a.C., segundo Blegen, com uma diferença de poucos decênios sobre a data tradicional da Guerra de Tróia. Esta, de acordo com o geógrafo e philologus alexandrino do século 111 a.C., Eratóstenes de Cirene, fora em 1183 a.C. A Ilíada funde, pois, a próspera Tróia VI com a ruína da Tróia VIla. Com a VI, que trouxera consigo o cavalo, se dera início a uma civilização diferente da anterior. Tróia VIII, que ainda se sobrepôs à Tróia vIla, culturalmente, nada apresenta de importante e Tróia IX é de data muito tardia. Discutem-se ainda as causas dessa guerra. Uma vasta operação de pilhagem ou uma bem planejada operação de expansão imperialista, para se apossar de vastos domínios territoriais no Mediterrâneo oriental e assegurar o monopólio de seu grande e rico império? Na realidade, é grande o número de objetos micênicos encontrados nas margens do Mediterrâneo, o que atesta a sua expansão comercial.
Seria necessário massacrar o meu povo, mergulhar as mulheres no pesado luto, precipitar-me na humilhação pela glória de levardes aos gregos a vergonha da Grécia? De pé! Viúvas troianas, virgens de Tróia, noivas dos mortos, de pé! Olhai estas pedras que fumegam e olhai-as pela última vez e aguardemos a nossa sorte.
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B
D~r:amPf um Troja
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9 handbemal!e faine Zinnfíguren
Os micênicos,
que já se haviam
instalado
em Mileto
e Cólofon
e
que tinham em Tróia um excelente cliente, acabaram chocando-se com o império hitita e com o reino vassalo de Asuwa. Daí, possivelmente, a coligação de vinte e duas cidades da Ásia Menor, entre as quais se alinhava Tróia, contra os Aqueus. Falou-se de uma Ílion histórica, de uma guerra histórica, mas existe também uma Tróia mítica, com sua guerra gigantesca de dez anos. Tudo começou com o rapto de Helena, mulher de Menelau, um dos filhos amaldiçoados de Atreu. Éris, a Discórdia, deixou cair entre os deuses a maçã de ouro, o Pomo da Discórdia, destinado à mais bela das três deusas ali presentes: Hera, Atená e Afrodite. Não se atrevendo nenhum dos deuses a assumir a responsabilidade da escolha, Zeus encarregou Hermes de conduzir as três imortais ao Monte Ida, na Ásia Menor, onde seriam julgadas pelo "pastor" Páris ou Alexandre, filho caçula de Príamo, rei de Tróia, e de sua esposa Hécuba. Esta, nos últimos dias de gravidez, sonhou que rei Menelau os recebeu com hospitalidade e lhes apresentou Helena. Dias depois, tendo sido chamado a Creta, para assistir aos funerais de seu padrasto Catreu, Menelau entregou os hóspedes à solicitude da esposa. Bem mais rápido do que se esperava, a rainha foi conquistada por páris: era jovem, belo, e tinha a ajuda indispensável de Afrodite. Helena, apaixonada, reuniu todos os tesouros que pôde e fugiu com Alexandre. Regressando a Tróia, páris foi bem acolhido por príamo e toda a casa real, não obstante as terríveis profecias de Cassandra. Sabedor de sua desgraça por Íris, mensageira dos imortais, o rei voltou apressadamente a Esparta e, para tentar resolver pacificamente o grave problema, Menelau e Ulisses foram como embaixadores a Ílion. Reclamaram Helena e os tesouros carregados pelo casal. páris se recusou a devolver tanto Helena quanto os tesouros e ainda tentou convencer os troianos a matarem o rei de Esparta, que foi salvo por Antenor, companheiro e prudente conselheiro do velho príamo. Com a recusa de páris e sua traição a Menelau, a guerra se tornou inevitável. Consultado o Oráculo de Delfos acerca da oportunidade de se iniciar uma expedição militar contra Ílion, aquele respondeu que
se
oferecesse
a Atená
um
colar
que
Afrodite
outrora
dera
a
Helena. Hera pôs-se, de imediato, ao lado de Menelau e tudo fez para reunir os heróis aqueus contra páris, seu inimigo pessoal. É curioso, aliás, como os deuses se dividiram militarmente, tendo cada um, evidentemente, seus motivos e interesses pessoais. Se ao lado dos Aqueus se alinharam Atená, Hera, Tétis, Posídon, nas fileiras troianas pelejavam Afrodite, Ares, ApoIo, Ártemis. Alguns deles foram até mesmo feridos em combate, como Ares e Afrodite. Não foi fácil convocar
alguns dos chefes e heróis indispensáveis
;:g'J.~iiilpara
a vitória dos Aqueus. É o caso, entre outros, de Aquiles, sem cuja presença, Tróia não poderia ter sido conquistada. É que o herói fora escondido pela própria mãe. Tendo ciência de que o fim de Tróia coincidiria com a morte do filho, Tétis vestiu-o com hábitos femininos e o conduziu para a corte do rei Licomedes, na ilha de Ciros, onde o herói passou a viver disfarçado no meio das filhas do rei. Sob esse disfarce feminino, Aquiles se uniu a uma das filhas do rei, Deidamia, e deu-lhe um filho, Neptólemo.
Tétis preveniu o filho do destino que,o aguardava: se fosse a Tróia, teria um fama retumbante, mas sua vida seria breve; se, ao contrário, ficasse, viveria por longo tempo, mas sem glória. Aquiles escolheu a vida breve e gloriosa. Congregados, por fim, os grandes heróis, Aquiles, Ulisses, Ájax, Filoctetes, Diomedes, Agamêmnon, Menelau, Nestor, os Aqueus partiram para Tróia e com a gigantesca frota aquéia chegou a seu destino. Houve um pequeno intervalo de tréguas, que foram logo rompidas por um aliado dos Troianos, o lício Pândaro, que atirou uma seta contra Menelau. A partir desse momento, começou realmente a cruenta refrega pela posse de Ílion, que só foi tomada e destruída após a morte de seu ínclito herói Heitor e, assim mesmo, graças a um genial estr~tagema inspirado por Atená, materializado por Epeu e que ·um dia o divino Ulisses introduziu na cidadela, do Cavalo
pesado de guerreiros, de Tróia.
que saquearam
Ílion".
Trata-se
Fingindo uma retirada, pela voz de Demódoco, parte dos Aqueus, após incendiar as tendas, embarcou em suas naus, enquanto outros sentavam-se silenciosos em torno de Ulisses, dentro do Cavalo, que os Troianos
haviam
arrastado
para dentro
de Ílion.
Foram dez anos de ódio, de terror, de lágrimas, de vilania e de bravura indomável, de morte e de carnificina. No fim, tudo acabou. Ílion era um monte de cinzas e de pedras càlcinadas. Milhares de heróis, bravos e destemidos, transformaram Tróia num silencioso dormitório dos mortos. Aquiles, cujo destino estava traçado, foi morto ingloriamente por uma flecha disparada por páris que, escondido atrás da estátua de Apolo, o alvejou. A flecha, guiada pelo deus, atingiu o herói na única parte vulnerável do corpo, o calcanhar direito. Mas Páris também foi mortalmente ferido por uma flechada de Filoctetes. Após a morte de Alexandre, Helena se casou com Deífobo, também
filho de príamo
e Hécuba.
do casal e matou Deífobo. O maior cometimento de Ulisses
Menelau,
porém,
foi ao encalço
na Guerra de Tróia foi, sem dúvi-
da, o já referido e genial estratagema do Cavalo de Tróia. Foi um dos responsáveis diretos pela morte do filho de Heitor e Andrõmaca, o pequenino Astíanax que, no saque de Tróia, foi lançado de uma torre. Por instigação de Ulisses, a filha caçula de Pz Lamo e Hécuba, políxena, foi sacrificada sobre o túmulo de Aquiles por seu filho Neoptólemo ou pelos comandantes gregos. Há uma outra versão, Aquiles, que amara políxena em vida, apareceu em sonhos ao filho e exigiu o sacrifício da filha de príamo. Na tragédia de Eur ípides, Po Lã xe na arrancada dos braços da rainha Hécuba por Ulisses, é degolada por Neoptólemo sobre o túmulo paterno. Hécuba, em grego (Hekábe) para cuja etimologia se propõe um elemento (héka) "à vontade, à farta" e (bús), "vaca", que, na linguagem familiar se emprega, às vezes, por "mulher e mãe", dada a fecundidade da rainha de Tróia. Em Homero a figura de Hécuba é apagada e secundária: intervém, certa feita, para moderar o ímpeto bélico de Heitor, chorar sobre seu cadáver e suplicar à deusa Atená que afaste a desgraça iminente que ameaçava Tróia. A partir das Epopéias Cíclicas, porém, e particularmente dos trágicos, Hécuba se agigantou, aparecendo como símbolo da majestade e da dor. Célebre por sua fecundidade, conta-se que teve inúmeros filhos, entre eles os mais célebres o mais velho; Pá rLs ou Alexandre,
e conhecidos foram: Heitor, Deífobo, Heleno, Polidoro,
Pãmon, Polites, Ântifo, Hipõnoo, Troilo, Creúsa, Laódice, políxena e Cassandra.
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o último
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SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO Administração Regional no Estado
de São Paulo
Presidente do Conselho Regional: Abram Szajman Diretor do Departamento Regional: Danilo Santos de Miranda Superintendente Técnico-Social: Joel Naimayer padula Gerente Gerente
de Ação Cultural: Ivan Paulo Giannini do SESC Consolação: Ernesto Corona
Gerente
Adjunto:
FRAGMENTOS Baseado
Laura Maria
Casal i Castanho
TROIANOS
na tragédia
grega As Troianas,
d~ Eurípedes
Adaptação e Direção: Antunes Filho Concepção de Cenário e Figurinos: Jacqueline Castro Ozelo, Joana pedrassolli Salles, Cibele Alvares Gardin / Marcenaria: José Leônidas dos Santos / Serralheria: Emiliano B.S. Sobrinho / Pintura do Telão: Juvenal Irene dos Santos / Costura: Dovenir da Silva / Bonecos: Juscelino Pereira da Silva / Iluminação: Davi de Brito / Assistente de Iluminação e Operação de Luz: Robson Bessa / Trilha Sonora: Magda pucci e Raul Teixeira / Operação de Som: Sérgio Oliveira / Cantos: Magda Pucci / Voz posídon: Amaury Alvarez / Estúdio de Som: Centro Experimental de Müsica do SESC / Assistente Geral de Produção: Geraldo Mario / Administração CPT: N~valdo Todaro / Produção Executiva Geral: Jacqueline Castro Ozelo / Assistente de Direção: Luiz Paetow / Direção Geral: Antunes Filho / Apoio Operacional: Cristiane Lourenço e Equipe, Arlindo Tomino e Equipe, Décio dos Santos e Equipe, Leonora Grillo Karlla
e Equipe / Divulgação: Rita Solimeo Marin / Criação Girotto, Renato Hofer, Regina Casemira, Carlos Mattos
Catálogo Criação:
e Cartaz Eron Silva,
Ricardo
Muniz Fernandes
/ Pesquisa
da primeira Imagem Visual: / Foto: .Emídio Luísi
e Seleção
de Imagens,
Produção
e
Revisão de Textos: Beth Accioly, Stela Ferreira / Editoração e Fotolitos - STS/CEAG Coordenação: Eron Silva / Equipe: Cristina Miras, Cristina Tobias, Euripedis Silva, Lourdes Teixeira, Marilu Donadelli / Auxiliares: Kelly dos Santos, Daniel Silva, Roberta Alves Agradecimentos Antônio Pupe, Beatriz Bologna, Bruno Rocha, Carla Tanaka, Gil Fábio Lopes de Almeidá, Helena Figueira, Lenita Gonzalez, Marcelo Mendes Chaves, Marco Antônio Affonso, Marciano Lourenço de Souza, Nilo Viegas, Paulo Evaristo, pedro Perez, Renata Armellini, Setsuo Kinoshita, Thaia Perez, Biblioteca Nacional -RJ, Livraria Martins Fontes Editora Ltda Em especial Editora Paz e Terra, Editora Perspectiva, Editora Vozes, Fondo de Cultura Económica
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Imagens Segunda capa a rapto de Helena. Benozzo Gozzoli. National Gallery, London / p.2 Cavalo de Tróia. Tiepolo. National Gallery, London / p.4 Dança fúnebre. Túmulo em Ruvo. Museo Nazionale, Naples / Cavalo de Tróia. Réplica em madeira, Turquia / Visões de guerra (1940-1943). Lasar Segall. Reproduzido de Brasil, um Refúgio nos Trópicos. De Maria Luiza T. Carneiro. Editora Estação Liberdade, 1996 / p.6 Teatro de Epidauros, 400 a.C. Grécia / p.7 Arena de rodeio. Barretos, São Paulo / Ilustração: Aristóteles/ Eurípedes. Cabeça de mármore. Museo Nazionale, Rome / Ilustração: Goethe / p.9 Chechênia, 1994. Foto: Paul Lowe-Magnum Photos / p.IO Guerra. El Salvador, 1982. Foto: Juca Martins-Pulsar / Guerra civil Espanhola, 1936-1937. Foto: Robert Capa / Hiroshima, após o bombardeioUS Navy / Mulher sendo retirada da zona de combate por militar. Hué, Vietnam, 1968. Foto: Don McCullin / Assassinato, favela. Rio de Janeiro, 1993. Foto: Luciana Whitaker-pulsar / p.ll Refugiados vítimas da cólera. Campo de Goma, Zaire, 1994. Foto: Gilles Peress-Magnum Photos / Mulheres despejadas de casa em terreno ocupado. São Paulo, 1987. Foto: Luiz Carlos Murauskas-Folha Imagem / Turcos resgatando corpo de homem assassinado durante a batalha de Limassol. Chipre, 1964. Foto: Don McCullin / Triunfo de Cesar. Mantegna. Scala, Istituto Fotografico Editoriale, Firenze / Tanque de guerra. / p.12 Mulheres. Afeganistão-Agence France Presse, Rio de Janeiro/ Se aprovechan. Série Desastres de Guerra. Goya / Campo de refugiados no interior da Bósnia-Herzegóvina, 1993. Foto: Fernando Costa Neto / Família subindo escada de avião-Agência Keystone / p.14A Pesar de viúva em funeral, 1998. Izbica, Kosovo. Foto: Dayna Smith / p.17 Máquina de moer carne / p.18 a último julgamento (1432-1435). Fra Angelico. Museo di San Marco, Florence / Mulheres em frente ao presídio do Carandirú no dia do massacre. São Paulo, 1992. Foto: J.F. Diório-Folha Imagem / p.19 Inferno XVIII. Botticelli. Staatliche Museen preubischer Kulturbesitz, Berlin / Hospital Psiquiátrico de Soyapongo. El Salvador, 1985. Foto: Jean Gaumy / Rebelião Silenciosa, 1994. Foto: Shirin Neshat. Reproduzido de Identità Mutanti. Dalla piega alIa piaga:esseri delle contaminazioni contemporanee. Costa & Nolan, Gênova, 1997 / p.20 Mulher com criança. no colo diante do batalhão de choque. São Paulo, 1993. Foto: José Luis da Conceição-Folha Imagem / Mulher sendo circuncidada. Foto: Louise Gubb-SABA / Sem título, 1997. Vestido com cristal, miçangas e lâminas. Nazareth pacheco. Acervo-Museu de Arte Moderna de São Paulo / p.21 Mulher com criança morta. Kate Kollwitz, 1903. Trustees of the British Museum, London / Desenho da disposição interna de um navio negreiro, 1815 / Bordel vertical-As meninas de dona alga. São Paulo, 1994. Foto: Adriana Zehprauskas-Folha Imagem / p.22 Prostituta vietnamita portadora do vírus da Aids. Foto: paolo Pellegrin / P.23 Lobo branco. Ártico, 1986. Foto: Jim Brandenburg / p.24 Bolsa feminina-objetos, 1999. Foto: Lenise Pinheiro / p.25 Cadáver de soldado norte-vietnamita cercado de seus objetos pessoais. Hué, Vietnam, 1968. Foto: Don McCullin / p.26 Helena e Afrodite / p.27 Jovem Grego / p.28 e 29 Brasas Foto: Romulo Fialdini / p.30 Embalagem de soldados de chumbo, Alemanha / Ruinas de Tróia, Turquia / p.31 Cavalo de Tróia. Ruhcan Âkil / p.32 Alto: Heitor - Baixo: Hécuba e soldado. Vaso grego / p.33 a Julgamento de Páris. Joachim Wtewael. National Gallery, London / p.34 Alto: Os doze deuses do Olimpo: Palas Atena, Capacete de Ares, Ártemis, Posídon, Afrodite, Zeus, Hera, Hermes, Dionisio, ApoIo, Hades e Hefesto -Baixo: Negros Americanos. Alabama, 1963. Foto: Bruce Davidson / Prostituta. Vila Mimosa, Rio de Janeiro. Foto: Lenise pinheiro! Escrava Anastácia / Mulher. Afeganistão-Agence France Presse, Rio de Janeiro / 34A Mapa das escavações feitas em Tróia. Biblioteca Nacional-Divisão de Iconoqrafia, Rio de Janeiro / p.35 Pintura em telão para cenário do espetáculo Fragmentos Troianos. Juvenal Irene dos Santos / p.36 e 37 Arco de entrada do campo de concentração. Auschwitz Legenda: "O trabalho faz a liberdade"-Holocaust Museum, Washington / p.38 e 39 Alto Campo de concentração, BergenBelsen. Alemanha, 1945. Foto: George Rodger-Magnum Photos / p.39 Baixo: Mulheres sendo encaminhadas para trabalhos forçados no campo de AuschwitzBirkenau. Yad Washem, Jerusalém. Reproduzido de Brasil, um Refúgio nos Trópicos. Editora Estação Liberdade, 1996 / p.39 Rosa. Foto: Eron Silva / p.40 Sapatos de prisioneiros do campo de Majdanek-Holocaust Museum, Washington / p.40-A Vendedora de estrelas de Davi no gueto de Varsóvia. Yad Washem, Jerusalém. Reproduzido de Brasil, um Refúgio nos Trópicos. Editora Estação Liberdade, 1996. Foto de prisioneira em sua chegada ao campo de concentração-Holocaust Museum, Washington / Tatuagem feita pelos nazistas para identificação de prisioneiros nos campos de concentração-Holocaust Museum, Washington / Foto de prisioneira em sua chegada ao campo de concentração-Holocaust Museum, Washington / Foto de Annie Frank -Holocaust Museum, Washington / p.42 Guarda-chuvas, bengalas e próteses recolhidds em Auschwitz / Arco da sinagoga de Nentershausen danificado pelos nazistas, Alemanha-Holocaust Museum, Washington / papel moeda do Império AustroHúngaro, 1902-Coleção Celina Neves / p.43 Cabelos de mulheres prisioneiras de Auschwitz. Exames raciais de cabelos e olhos executados pelos nazistas para determ inar a origem ariana ou náo-ariana dos indivíduos-Holocaust Museum, Washington / p.44 Biarritz, 1951. Foto: Robert Capa / Prato de alumínio do espetáculo Fragmentos Troianos. Foto: Eron Silva / p.45 Mabou. Nova Escócia, 1981. Foto: Robert Frank / Terceira capa Croqui de Antunes Filho para o espetaculo Fragmentos Troianos. Versões p.8 A e B Grego: Nádia E. F. Trindade pavlicic - Yorubá: Olumuyiwa Anthony
/ p.13 Árabe: Safa A. Abou C. Jubran - Chinês: Adekoya / p.46 e 47 Tupi: Eduardo Navarro.
Textos gentilmente cedidos Brandão, Junito de Souza. Mitologia Grega. 13' Edição. São Paulo, Vozes, 1999. Murray, Gilbert. Eurípides y su época. Cidade do México, Fondo de Cultura Económica.
David
Gye Y. Shyu - Hebraico:
Nanci
Rozenchan
- Sérvio
e Croata:
Dragisa
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