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queen of seas 2 jogos_janeiro2021



sobre o jogo Pensemos o seguinte. Em nosso dia a dia, somos levados a pensar e agir a partir de correntes de pensamento que partem de algum lugar. Em boa parte das cidades brasileiras, estas matrizes de pensamento geralmente possuem grandes influências da Europa, ao passo que fomos colonizados por Portugal.

por KomBits Game Studio e Game e Arte

Isso também vale para o universo dos games. A maioria absoluta (senão todos) os jogos digitais que conhecemos por meio da indústria, partem de formatos e ideias cuja matriz se baseia no pensamento eurocêntrico. Por exemplo, poderíamos falar de mecânicas de jogos, representações de personagens, ou até mesmo de estruturas narrativas como a jornada do herói.


Partindo da compreensão dos processos de colonização, estes mecanismos acabam provocando o sufocamento de ideias que partem de lugares diferentes deles. Por exemplo, as culturas de matrizes africanas. Contudo, ao olharmos para produções descentralizadas e comunitárias, temos a chance de encontrar propostas que vão além. É o caso de Queen of Seas 2. Neste trabalho, temos um jogo que parte de uma tradição que pouco é conhecida nos games e em nosso dia-a-dia: a mitologia iorubá. Trata-se de uma mitologia bastante complexa e importante, de matriz africana, cujas visões de mundo são tão válidas quanto conhecimentos mais comumente apresentados nos videogames e na sociedade.

sobre os desenvolvedores A KomBits Game Studio é uma desenvolvedora de jogos digitais brasileira, montada dentro de uma VW Kombi 1987. Inicialmente chamado de Bioszard Dev, o estúdio foi criado no final da década de 1990, sendo tratado como um hobby até o ano de 2012, quando a brincadeira foi formalizada como uma empresa. O estúdio ganhou a sua primeira sede física em 2014, localizado em Brasília (DF), com toda a estrutura necessária para desenvolver os seus jogos. Seu primeiro título comercial foi o jogo Queen of Seas, que teve mais de 5 mil cópias vendidas no primeiro ano de lançamento (2017). Em 2019, a Bioszard Dev adquire uma van do modelo Kombi e faz uma série de adaptações para transformar o veículo em um mini estúdio móvel. A Kombi foi um grande sucesso e ficou famosa na cena de desenvolvimento de jogos do Distrito Federal, a ponto de se transformar no símbolo de identidade do estúdio.

imagens © divulgação


curiosidades

Você já jogou games criados a partir da mitologia grega ou nórdica? Pensa um pouco, tenho certeza que sim! Vou te dar uma dica: Afrodite, Hades, Zeus… esses nomes são famosos, não acha? Apesar de não estar tão presente nos games, existe uma mitologia tão rica e importante quanto a grega: ela se chama mitologia iorubá. Você já teve vontade de ter uma vida nômade? De sair por aí, mostrando seus trabalhos pra todo mundo e conhecendo pessoas novas? O projeto de montar o estúdio em uma Kombi começou com esta intenção de mobilidade. Contudo, por conta dos símbolos que o veículo carrega no imaginário brasileiro, Suâmi (desenvolvedor da KomBits) compreende que ela ultrapassou as utilidades profissionais. Segundo ele, é praticamente impossível estacionar em algum lugar e não ter pessoas puxando conversa, falando de suas experiências, lembrando de algum parente que tirou os sustentos da família com o carro.

Todos os anos, em 2 de fevereiro, ocorrem as festividades para Iemanjá, a padroeira dos pescadores. Em Salvador, Bahia, a festa ocupa o bairro inteiro do Rio Vermelho, além de manifestações em outros bairros também. Já pensou, num dia desses, em acompanhar os festejos bem de perto?

Suâmi, desenvolvedor do KomBits, cresceu no bairro de Chame-Chame, em Salvador. Estando literalmente dentro do circuito de carnaval e de festejos tradicionais da cidade, teve os dias de Iemanjá como os festejos que mais lhe chamaram a atenção. Se autodeclarando como uma pessoa branca, Suâmi busca compreender os contextos de lugar de fala, utilizando seus conhecimentos tácitos e também como historiador para investigar, estudar e representar a cultura iorubá dentro de seus jogos.

Além dos videogames, podemos conhecer culturas de matrizes africanas de várias maneiras. Você sabia que existem mais de 300 histórias incríveis vindas da mitologia iorubá? Também podemos conhecer lugares reais, como o Bairro do Rio Vermelho (Salvador), e que serviram de inspiração para a criação de nossos games favoritos.

textos KomBits e Game e Arte • fotos © Wikimedia Commons, Leandro Ciuffo, Alfonso Escalante/Pexels


Esta série apresenta conteúdos por meio da interface dos videogames, trazendo manifestações das artes e da cultura pelo viés da pluralidade de narrativas desenvolvidas sob o olhar da diversidade. Com curadoria do Sesc São Paulo e de Tainá Felix e Jaderson Souza, da Game e Arte, a programação conta com um ciclo de debates pelo Centro de Pesquisa e Formação, entre 17/11 e 01/12/2020, e conteúdos disponíveis nas plataformas do Sesc Digital, com jogos para download, sob produção do Sesc Avenida Paulista. Todas as atividades são gratuitas e em ambiente virtual.



conheça os outros jogos do projeto e baixe grátis sesc.digital/lugardejogo


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