séculos jogos_dezembro2020
sobre o jogo
Nem sempre os jogos são desenvolvidos por pessoas que possuem formações específicas em desenvolvimento de games. Trazendo repertório técnico da videoarte, Gools surpreende com uma experiência leve, de temática muito relevante e construída de maneira bastante poética. Um dos pontos relevantes para a curadoria é a utilização do jogo digital enquanto meio de expressão comunitária. Em vez de salvar o mundo, a obra expressa o cotidiano enfrentado pelos criadores durante o período de quarentena. Diante de uma indústria que cada vez mais coloca pressão para que os profissionais de jogos digitais trabalhem mais, construam gráficos de última geração e produzam uma quantidade gigantesca de conteúdos, Séculos mostra que videogames, poesia e a arte podem formar caminhos alternativos à indústria do entretenimento de massa. Nos textos da curadoria, já citamos filósofos, pesquisadores de games e experiências empíricas. Neste momento, um dos pensamentos que vem à tona ocorrem a partir de um meme na internet:
por Gools e Game e Arte
“Eu quero jogos mais curtos, com gráficos mais simples, feitos por pessoas que recebem melhor para trabalhar menos, e não estou brincando”.
propostas de reflexão a partir do jogo Como o slogan criado por Gools diz, Séculos é “um jogo curto sobre tempos longos”. Tempos longos, pois a quarentena nos coloca em uma situação de confinamento que parece que nunca irá acabar. Jogo curto, pois sua experiência pode durar menos de vinte minutos. Mas quem disse que um jogo precisa durar tanto tempo? Você já jogou games que possuem finais diferentes? Quantos finais você conseguiu alcançar? No design de games, desenvolver experiências com múltiplos finais é algo bastante difícil e trabalhoso. Além de construir roteiros que mudam de acordo com as escolhas de quem joga, trata-se de um trabalho em que não há garantias de que será aproveitado pelas pessoas. Bem, Séculos possui dois finais, e sabemos que você certamente irá jogá-los, não é mesmo? Construir videogames comunitários significa partilhar a produção com outras pessoas da comunidade. Para você ter uma ideia, Séculos possui uma trilha sonora original e licenciada em parceria com artistas locais de Recife. Por meio da produção partilhada e que envolve mais pessoas do local, é possível realizar produções com maior qualidade e principalmente trazer benefícios diretos para a comunidade.
Você prefere jogos em português, inglês ou em outra língua? Fala sério, é bom quando podemos jogar algo que foi produzido em nossa língua natal, não é? Por outro lado, sabemos que parte das produções nacionais são lançadas somente em inglês, pois buscam alcançar jogadores do mundo inteiro. Sabendo que jogos baseados em diálogos precisam ser compreendidos direitinho, Séculos pode ser jogado tanto em português, quanto em inglês. Quanto trabalho Gools teve! Jogos de RPG, plataforma, aventura, e outros, podem ser encontrados aos montes. Em geral, eles trazem mecânicas bastante parecidas, que se repetem por muitas e muitas fases. Sim, eles podem ser bem legais! Mas quer saber de uma coisa? Diferente de produtos criados somente em função do mercado, Séculos adiciona ao universo dos jogos digitais possibilidades únicas de interação, e que somente por meio dele podemos ter esta experiência. Seriam, jogos como Séculos, obras de arte? imagens © divulgação
sobre o desenvolvedor Gustavo (Gools) é um artista nascido e criado em Recife (PE). Já paquerava com arte interativa brincando com o público de festas e shows em trabalhos como VJ. Na linguagem do videogame, encontrou uma “avenida massa” para falar sobre o isolamento social. Segundo Gustavo, trabalhar junto das pessoas que contribuíram com áreas como a trilha sonora e com os testes do jogo foi uma maneira de promover sua própria socialização em meio à pandemia, enfrentando as dificuldades psicológicas trazidas pelo isolamento social.
Esta série apresenta conteúdos por meio da interface dos videogames, trazendo manifestações das artes e da cultura pelo viés da pluralidade de narrativas desenvolvidas sob o olhar da diversidade. Com curadoria do Sesc São Paulo e de Tainá Felix e Jaderson Souza, da Game e Arte, a programação conta com um ciclo de debates pelo Centro de Pesquisa e Formação, entre 17/11 e 01/12/2020, e conteúdos disponíveis nas plataformas do Sesc Digital, com jogos para download, sob produção do Sesc Avenida Paulista. Todas as atividades são gratuitas e em ambiente virtual.
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