Manuais Sesc Memórias | Acervo fotográfico

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Manuais Sesc Memórias

Práticas de preservação e guarda da documentação institucional

Acervo Fotográfico

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Serviço Social do Comércio

Administração Regional no Estado de São Paulo

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Apresentação

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Documentos Fotográficos

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Procedimentos básicos

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Higienização

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Descrição e Notação

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Acondicionamento

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Guarda

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Apresentação

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Implantado e coordenado pela Gerência de Estudos e Desenvolvimento (GEDES), o Sesc Memórias foi criado, em 2006, para reunir, sistematizar e disponibilizar a documentação produzida e/ou acumulada pelo Sesc, com o propósito de preservar o seu patrimônio histórico e disseminar sua memória institucional. Assim, o processo de salvaguarda dos materiais – tanto os de conteúdo programático quanto os vinculados à própria existência das Unidades e órgãos da Administração Central – busca contribuir para a reflexão acerca do trabalho desenvolvido pelo Sesc, nos programas Educação, Saúde, Cultura, Lazer e Assistência. Volta-se, também, à promoção de pesquisas e de produção de conhecimentos, na medida em que oferece ao público interno e externo informações qualificadas, reforçando a memória como um valor a ser cultivado. O conjunto dos Manuais Sesc Memórias: práticas de preservação e guarda da documentação institucional contém orientações acerca dos procedimentos adotados em relação à transferência, tratamento técnico, organização, guarda e formas de acesso ao acervo. Elencando várias etapas envolvidas na administração e gestão documental – “Diagnóstico e Recolhimento”, “Acervo Gráfico-textual”, “Acervo Fotográfico”, “Acervo Audiovisual” e “Procedimentos e Tratamentos de Entrevistas em História Oral” – os manuais dão relevo para um adequado e constante aproveitamento dos recursos informacionais.

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Documentos fotográficos

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Documentos de origem fotográfica são tradicionalmente conceituados como documentos gerados a partir de uma técnica de gravação por meios químicos, mecânicos ou digitais, de uma imagem numa camada de material sensível à exposição luminosa. A constituição da maior parte das fotografias ou filmes é uma combinação de três elementos ou três camadas: um suporte, uma substância formadora da imagem e um meio aglutinante para fixar a imagem sobre o suporte. Os materiais sensíveis à luz constituem, em conjunto com o aglutinante, a emulsão. Cada um desses três elementos tem características físico-químicas próprias e requisitos de conservação específicos. Desde o surgimento da fotografia até os dias de hoje, foi grande a variedade de materiais empregados nos processos fotográficos. É necessário, portanto, identificar corretamente os suportes e processos fotográficos, bem como seu estado de conservação para definir os parâmetros adequados de tratamento e guarda. Para as impressões fotográficas, o papel é o suporte mais comum (em alguns processos, o papel também pode receber camadas de resina plástica), enquanto slides (diapositivos) e negativos utilizam suportes plásticos. O tipo de emulsão mais encontrada em acervos fotográficos do século XX é formada por gelatina e prata (para fotografias e filmes em preto e branco) ou gelatina e corantes orgânicos (para fotografias e filmes coloridos).

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Procedimentos básicos

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Os documentos fotográficos devem ser manipulados sempre com luvas – suor e óleos naturais da pele humana podem acelerar alterações químicas, atrair sujeira, poeira e causar manchas indeléveis na emulsão. O manuseio de fotografias deve ser feito com ambas as mãos e em casos de documentos muito frágeis, utiliza-se um cartão suporte ou bandeja para garantir maior estabilidade. Os trabalhos técnicos devem ser realizados em uma superfície plana e limpa. O acervo Fotográfico sob guarda do Sesc Memórias conta com as seguintes tipologias: • • • •

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Ampliações coloridas Ampliações em preto e branco Negativos coloridos e em preto e branco Diapositivos (slides)


Ampliações coloridas

Ampliações em preto e branco

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Negativos coloridos e em preto e branco

Diapositivos (Slides)

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Higienização

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1 Para mais informações sobre o processo de recebimento de documentação do Sesc Memórias, ver o Manual Práticas da Documentação e Guarda da Documentação - Diagnóstico e Recolhimento.

Documentos recém-chegados1 ao Sesc Memórias são inicialmente armazenados em uma sala de tratamento intermediário, organizados a partir de sua Unidade ou órgão de proveniência. Na etapa seguinte, a triagem, apenas documentos produzidos em decorrência das atividades fim do Sesc São Paulo são selecionados para futuramente compor o acervo.

Sala de guarda intermediária

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A incorporação dos documentos fotográficos ao acervo é antecedida por sua higienização, a fim de prolongar a vida útil e evitar a contaminação do acervo já tratado. Tem por objetivo a remoção de sujidades, esporos de fungos e acréscimos causadores de contaminação química e biológica (adesivos, grampos metálicos etc.). A limpeza da superfície de fotografias é um procedimento delicado. Os riscos envolvidos são físicos (abrasão) e químicos (interação prejudicial de solventes com a camada da imagem). Procedimentos de limpeza de superfícies malsucedidos podem causar alterações permanentes no brilho ou textura, duas das características visuais mais importantes dos materiais fotográficos. A escolha das técnicas de higienização de ampliações leva em conta os materiais componentes do suporte e seu estado de conservação. Os procedimentos básicos são: 1 Retirar a poeira depositada na superfície com o uso de borrifador de ar. Dessa forma evita-se que as partículas sejam arrastadas pela trincha ou algodão, causando riscos e abrasões. Os movimentos nos procedimentos de higienização devem ser sempre leves, evitando causar pressão sobre o material fotográfico. 2 Higienizar a imagem utilizando trinchas, pincéis macios, lenços não abrasivos, borrachas e borrifadores de ar, ou química, com aplicação de solventes (método de varredura). Recomenda-se um pincel único de pelos macios para a imagem e outro para o verso, evitando a ocorrência de migração de partículas sólidas de poeira que possam ter ficado aderi-

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das aos pelos do pincel. 3 Realização da limpeza mecânica do verso das fotografias e dos suportes secundários com uso de pó de borracha ou borracha vinílica. 4 Utilização do soprador de ar, algodão ou lenços não abrasivos para a limpeza mecânica de negativos e diapositivos. 5 Remoção das fitas adesivas aderidas aos documentos fotográficos com uso solventes. Antes da utilização de qualquer produto químico, é importante que se apliquem testes prévios de sensibilidade da emulsão e do suporte como forma de precaução à possíveis reações e danos para a fotografia. Para a realização destes procedimentos são utilizados os seguintes equipamentos e materiais:

Higienização de ampliações

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• mesa de higienização • pincéis de cerdas macias • trinchas • • • • • •

espátulas pinças bisturis sopradores de ar pó de borracha solventes químicos

O manuseio dos documentos durante a higienização requer o uso obrigatório de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), com o objetivo de preservar a integridade física destes documentos e evitar que se tornem vulneráveis a riscos de novos danos, bem como atuar numa perspectiva de promoção e proteção à saúde das pessoas envolvidas. Os materiais utilizados são: • aventais descartáveis • luvas de látex, vinil ou tecido • • • • •

óculos de proteção toucas máscaras cirúrgicas máscaras guarda-pó máscaras semifaciais para vapores ácidos

Após a higienização são separados os materiais que necessitem de tratamentos de estabilização mais específicos e pequenos reparos: documentos com vincos, fraturas, rasgos e suportes quebradiços. Negativos e diapositivos possuem procedimentos específicos, sem o uso de trincha.

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Descrição e notação

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Os documentos fotográficos são descritos de acordo com suas especificações. No caso das ampliações, as informações são registradas em planilha utilizando-se os seguintes campos descritivos: • • • • •

Unidade: Unidade produtora do documento Ano: ano de produção do documento Nome da atividade: nome atribuído a reportagem fotográfica Cromia: Cor ou PB Quantidade: informa a quantidade de imagens que compõe a reportagem fotográfica Data: dia e mês da ocorrência da atividade Fotógrafo Descritores onomásticos Observações gerais: aponta o estado físico ou outras informações generalizadas acerca do documento Notação: Numeração utilizada para indicar a localização do documento dentro do acervo. Esse número é composto por três partes, como indicado no exemplo abaixo:

• • • • •

08/0001.01 A

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B

C


A primeira parte, aqui indicada pela letra A representa o tipo de suporte tratado. Sendo 08 o código de referência correspondente a ampliações em preto e branco. A segunda parte, indicada pela letra B, se refere ao número da jaqueta de poliéster que contém as ampliações fotográficas. A terceira parte, indicada pela letra C, designa a posição da ampliação fotográfica contida na jaqueta. As jaquetas são acondicionadas em álbuns portantes, que são identificados pelo intervalo de notação referente aos documentos neles contidos, como indicado no exemplo abaixo:

08/0001.01 a 08/0040.02

Exemplo de notação de fotografias PB

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Acondicionamento

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Ao serem acondicionados os documentos fotográficos recebem um número de notação registrado com lápis 6B, número que o identifica e permite sua localização no acervo. O propósito do acondicionamento é o de guardar, proteger e facilitar o manuseio do material. O acondicionamento deve assegurar a integridade física do suporte e da imagem, protegendo do contato manual direto, da abrasão e da luz. Na escolha do material para a elaboração de um acondicionamento deve-se levar em conta a estabilidade química do material, sua resistência aos agentes de degradação, além da proteção e apoio físico ao documento. Ao se escolher um material quimicamente instável, pode-se piorar o estado de conservação do documento fotográfico. Um bom exemplo é a acidez encontrada em alguns papéis utilizados na fabricação de embalagens, que pode ser transferida para os documentos causando, por exemplo, mudança de cor e aceleração de processos de deterioração e degradação. Os materiais plásticos, devido à sua transparência, podem ser uma boa opção como acondicionamento primário, já que podem minimizar os danos mecânicos causados pela remoção de fotografias das embalagens, com a finalidade de visualizá-las. A imagem é facilmente acessível sem ser diretamente manuseada. Os plásticos geralmente recomendados são poliéster, polipropileno e polietileno. Estes são transparentes, inertes, têm estabilidade dimensional. Os papeis recomendados devem ser neutros ou possuírem reserva alcalina com o ph entre 7 e 8,5. A diferença entre estes dois tipos de papéis é que os materiais com reserva alcalina têm um componente (carbonato de cálcio ou de magnésio) adicionado durante sua produção, para combater a degradação por acidez das fibras do papel. Os 21


papéis neutros não possuem tal aditivo. O Sesc Memórias adota em sua política de guarda as seguintes soluções de acondicionamento: • Jaquetas de poliéster com cartão de papel com reserva alcalina para o acondicionamento primário de ampliações fotográficas • Cartela Print file ou porta negativos de polietileno: acondicionamento primário para filmes flexíveis • Álbuns: acondicionamento secundário para ampliações e filmes flexíveis. Fabricado em cartão alcalino, com revestimento interno em Tyvek® (material não-tecido composto por filamentos contínuos de polietileno de alta densidade, atóxico e com PH neutro) e externo de francónia (tecido a base de celulose sintética com acabamento superficial acetinado)

Exemplos de jaquetas com cartão de papel alcalino

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Exemplo de álbum portante

Fotografias acondicionadas em jaquetas de poliéster

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Guarda

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Um dos elementos essenciais na criação da fotografia, ironicamente, pode também ser seu pior inimigo. A exposição à luz pode contribuir consideravelmente para o esmaecimento e a deterioração de muitos tipos de fotografias. Dependendo de suas partes componentes, alguns processos fotográficos são mais vulneráveis aos danos causados pela luz que outros. O ambiente de guarda deve funcionar de maneira a evitar que a radiação UV, de fontes naturais ou artificiais, incidam diretamente sobre os objetos expostos ou armazenados. Ao falar de ambientes de armazenamento ou reserva técnica, é imprescindível falar sobre umidade relativa do ar (UR). Os níveis da umidade relativa dentro dos ambientes de armazenamento são muito importantes, pois a presença da água é necessária para que ocorra a maioria das reações químicas que causam a deterioração dos materiais fotográficos. Altos níveis de UR, além de estimularem reações químicas prejudiciais, podem ser extremamente danosos aos materiais fotográficos. Fotografias à base de gelatina são particularmente suscetíveis a retenção de umidade e inchamento, quando amolecidas, podem aderir umas às outras assim como a qualquer material com o qual estejam em contato, o que pode causar danos irreversíveis. Acima de 60%, aumenta também a probabilidade da germinação de esporos de fungos. Níveis muito baixos de UR, embora teoricamente desacelerem as reações químicas, também devem ser evitados pois podem causar a deformação física das fotografias. Com uma UR muito baixa (inferior a 30%), a emulsão e o suporte podem contrair e ressecar, causando rachaduras e desprendimento. É consenso no campo da conservação fotográfica que o método mais eficiente para diminuir a deterioração de fotografias é o controle rígido da umidade relativa. As variações cíclicas diárias, semanais ou mensais devem ser evitadas. 25


Os materiais fotográficos se preservam muito mais em temperaturas baixas - a temperatura pode ser reduzida quase que indefinidamente para desacelerar muitas reações químicas, sem causar efeitos adversos, desde que a umidade relativa seja cuidadosamente monitorada. Porém, os custos necessários para manter níveis baixos de temperatura em áreas de reserva, em um país tropical, tornam a adoção de reservas técnicas frias, muitas vezes, inviáveis. Por isso, consideráveis esforços são feitos para manter a temperatura dentro do parâmetro moderado nas áreas de guarda do Sesc Memórias: 20°C com oscilações de até 2°C e a umidade relativa entre 35-45%.

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Reserva técnica

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