Palestras 2013 - Direção defensiva

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DIREÇÃO DEFENSIVA


DIREÇÃO DEFENSIVA

Brasília, 2012


SEST - Serviço Social do Transporte SENAT - Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte

Revisão Técnica:

Roberto Manzini Professor de Pós Graduação na especialidade de Medicina do Tráfego e Segurança do Trabalho – USP; Membro participante do CEDATT/SP (Conselho Estadual para Diminuição de Acidentes de Trânsito e Transporte); Membro da ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego).

Qualquer parte dessa obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte.

Direção Defensiva. – Brasília: Sest Senat, 2012.

20 p. : il. – (Ciclo de palestras)

1. Direção Defensiva. 2. Segurança no trânsito. 3. Acidente de trânsito. I. Serviço Social do Transporte. II. Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte. III. Título. CDU 351.81

SEDE: SAUS Quadra 1 - Bloco “J” - Ed. Confederação Nacional do Transporte 12º andar, Brasília - DF 70.070-944 Fone: (61) 3315.7000 / Site: www.sestsenat.org.br


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APRESENTAÇÃO

Um dos maiores problemas do cotidiano das cidades é o trânsito. Diversos são os fatores que provocam o agravamento das condições do trânsito: motoristas despreparados e agressivos, aumento contínuo da frota veicular em circulação, malha viária urbana inadequada, rodovias e ruas cada vez mais congestionadas e uma “sensação de impunidade” que decorre dos delitos de trânsito. Diante de tudo isso você se sente preparado para enfrentar o trânsito todos os dias? A principal consequência deste cenário é o aumento na quantidade e na gravidade dos acidentes de trânsito, provocando um número excessivo de mortos, feridos e de pessoas incapacitadas para o trabalho e para uma vida normal. Um dos dados mais importantes a serem ressaltados quando se fala de acidentes de trânsito é a faixa etária da maioria dos envolvidos nos acidentes, que fica, principalmente, entre 20 e 30 anos.


Você já parou para pensar quantos acidentes de trânsito ocorrem por ano? As ruas e rodovias brasileiras apresentam números muito preocupantes em relação ao trânsito. Segundo dados do Ministério da Saúde em todo o país, mais de 40 mil pessoas morrem a cada ano vítimas de acidentes na direção. Em 2011 esse número pode ter chegado a 43 mil. São 117 óbitos por dia, em média. Mortos no Trânsito por Ano 40610

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32753

33139

35105

35994

36367

2002

2003

2004

2005

2006

37407

38273

37594

2007

2008

2009

2010

Fonte: Ministério da Saúde

Diante destes números e da enorme quantidade de feridos que estes mesmos acidentes provocaram, é importante que se inicie uma mudança de comportamento nos condutores de veículos, sejam eles caminhões, ônibus, carros ou motocicletas. Este comportamento deve ser adequado para que os deslocamentos possam ser realizados sem que ocorram acidentes de qualquer gravidade. A grande maioria dos acidentes decorre de condutas inadequadas dos condutores e a prevenção pode decorrer de ações simples, começando com uma postura sempre atenta por parte do condutor.


Para entender a direção defensiva existem quatro preceitos principais que devemos comentar: 1. Conhecer as normas de circulação e a sinalização de trânsito; 2. Desenvolver um comportamento de acordo com as regras de direção defensiva e preventiva; 3. O condutor deve estar ciente da importância da manutenção dos equipamentos de segurança do veículo; 4. Conhecer as técnicas defensivas que levem ao uso da plena capacidade e habilidade para ser um condutor melhor e mais precavido. Agora que já vimos pontualmente os itens principais vamos falar sobre as situações que podem ocorrer.

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ACIDENTES DE TRÂNSITO

De maneira geral, é possível evitar boa parte dos acidentes de trânsito, utilizando inteligência, habilidade, racionalidade e bom senso. Junto a todas essas qualidades, a prevenção é a maneira mais eficiente de se reduzir os índices de ocorrência de acidentes de trânsito. O que deve ficar claro é que acidentes podem ser evitados. Citando como exemplo uma colisão entre dois veículos, normalmente o acidente pode ser evitado por qualquer um dos dois condutores.

E QUEM É O CULPADO POR UM ACIDENTE? Quando um acidente acontece, é comum que as pessoas queiram saber quem é o culpado. Para o condutor que dirige preventivamente o que importa é o que deve ser feito para evitar o acidente.


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A DIREÇÃO DEFENSIVA

O conceito de direção defensiva é dirigir evitando acidentes, apesar das ações incorretas dos outros condutores e das condições adversas que podem levar ao acidente. Diante deste cenário, devemos nos adaptar e identificar as ações incorretas dos outros condutores e fatores adversos como o excesso de luz, as condições das vias, do veículo, do trânsito, as condições climáticas. O condutor preparado para a direção defensiva possui algumas características que são universais: Habilidade Cortesia Obediência Cuidado O motorista preparado é aquele que conhece os seus limites (Habilidade), que dirige e deixa os outros dirigirem, sabendo como negociar seu lugar no trânsito (Cortesia). Além disso, deve conhecer as regras e regulamentos previstos no Código de Trânsito Brasileiro


(Obediência)) e deve manter o carro com sua manutenção em dia e utilizá-lo sem cometer abusos de qualquer espécie (Cuidado). O ato de dirigir defensi vamente depende da atitude do condutor em relação ao seu próprio preparo: Você conhece as normas de trânsito? E o direito de preferência? Sabe como se prevenir de um acidente? Está sempre alerta ao que ocorre à sua volta? Utiliza os retrovisores?

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Está atento às condições de tráfego à frente? Você consegue prever o que pode acontecer quando está dirigindo? Sabe como proceder em uma situação de mudança brusca no trânsito à sua volta? Conhece os limites do seu veículo? Sabe como proceder em casos de emergência?


PREVER – PENSAR – AGIR Além de todas essas informações, sempre antes de começar a dirigir, faça a si mesmo algumas perguntas: Como me sinto física e mentalmente? Estou em condições de dirigir? Estou cansado ou tomei algum medicamento que provoca sono? Você não gostaria de enfrentar o trânsito sabendo que poderá se deparar com um motorista cansado, sem condições de pensar e agir rapidamente, ou que tivesse sob efeito sonolento de algum medicamento. Então, fique atento para que você também não esteja nessas condições. Para parar o veículo ao se deparar com qualquer obstáculo na via, um automóvel a 60 km por hora são necessários 35 metros. Por isso prever, pensar e agir são regras básicas para evitar o acidente.

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CRUZAMENTOS - COMO EVITAR COLISÕES: DIREITO DE PREFERÊNCIA Veja algumas manobras e situações comuns do dia a dia e quais são as ações que precisamos tomar para evitar um acidente.

VIRAR À ESQUERDA Quando estamos dirigindo em uma via e precisamos virar à esquerda, existe uma regra muito simples que pode ser usada para evitar uma colisão:

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Importante

Sempre que precisamos virar à esquerda, a preferência é do veículo que vier em sentido contrário. Ou seja, você deve sempre esperar o veículo que vem em sentido contrário passar, para somente depois dobrar à esquerda. Em uma situação como esta, reduza a marcha ao aproximar-se do cruzamento e aguarde até ter espaço para realizar a manobra, reduzindo a chance de envolver-se em um acidente. Caso o seu veículo esteja parado aguardando para dobrar à esquerda, permaneça com as rodas da frente em linha reta. Este procedimento pode ser útil no caso de seu veículo sofrer uma colisão traseira, pois este alinhamento vai impedir que o seu veículo seja lançado na contramão da via que está à sua esquerda, o que pode provocar uma colisão frontal.


VIRAR À DIREITA Quando estamos dirigindo e precisamos virar à direita, devemos: Se estivermos em um veículo pequeno, evitar realizar uma curva muito aberta, de forma a ultrapassar a linha de centro da pista, o que pode ocasionar uma colisão frontal. Se estivermos chegando a um cruzamento e virmos um veículo grande virando à direita e observarmos que ele vai ultrapassar a linha de centro da pista, devemos reduzir a marcha e permanecer o máximo possível à direita de nossa faixa de rolamento, de forma a evitar uma colisão frontal.

COLISÕES EM CRUZAMENTOS Este é o tipo mais comum de colisão, correspondendo a mais da metade dos acidentes urbanos. Nos cruzamentos, a visibilidade normalmente é ruim ou inexistente, para evitar colisões em cruzamentos, o condutor preventivo deve considerar quatro pontos importantes: Respeitar o direito de preferência; Reduzir a velocidade; Sinalizar suas intenções; Se necessário parar; Verificar à sua esquerda, depois à sua direita e novamente à sua esquerda e seguir com cuidado (olhar à esquerda, direita e esquerda). Quando o cruzamento não tiver sinalização, a preferência é sempre do condutor que vier da direita. Mesmo que esta regra esteja

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prevista no Código de Trânsito, o condutor deve seguir as quatro recomendações anteriores, pois isso evita que você se envolva em um acidente com um condutor que desobedece as regras.

COLISÕES FRONTAIS Este é o tipo mais perigoso de colisão, que ocorre quando dois veículos em sentidos opostos colidem. Para se entender a gravidade deste tipo de colisão, podemos citar como exemplo uma colisão frontal que ocorre a 65 km/h. O tempo total da colisão é de cerca de 01(um) segundo. O corpo de uma pessoa de 80 kg pode sofrer um impacto contra o volante de mais de 01(uma) tonelada, devido as forças de desaceleração. Esses números dão a ideia de como é importante o uso do cinto de segurança. O condutor que pratica a direção defensiva deve conhecer os principais fatores que podem provocar uma colisão frontal:

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Desnível da estrada, Distração, sono, e uso de bebida alcoólica ou outras drogas, Obstáculos na pista, Ultrapassagem perigosa, Falta de perícia e velocidade excessiva, Manobras para virar à esquerda.

CONDIÇÕES ADVERSAS Condições adversas são todas as situações que dificultam ou atrapalham os condutores exigindo uma ação imediata: Chuva, neblina, cerração e outras condições atmosféricas; Farol alto, sol, condições de iluminação;


Buracos, má sinalização e rodovias estreitas; Congestionamento, acidentes, veículo quebrado e outras condições do trânsito; Cansaço, nervosismo e demais condições do condutor; Veículos sem manutenção. A quantidade de luz que incide frontalmente sobre o veículo pode provocar o ofuscamento da visão. As pupilas do condutor são contraídas e o tempo de recuperação é de até 7 segundos, o que pode provocar um acidente de trânsito. Para evitar essa situação, existem algumas medidas de segurança e prevenção: Durante o dia, quando houver incidência de luz natural, ajustar o quebra-sol ou utilizar óculos protetores. Utilize os faróis baixos mesmo durante o dia (para ser visto por outros condutores). Durante a noite, utilizar sempre luz baixa ao cruzar ou seguir outro veículo. Sinalizar para o condutor em sentido contrário que utiliza luz alta. Evite olhar diretamente para os faróis do veículo que vem em sentido contrário, desviando o olhar para a margem direita da via ou para a linha divisória.

DIRIGINDO NA CHUVA Em dias de chuva, a atenção do condutor deve estar sempre redobrada. O excesso de água pode formar uma camada escorregadia em conjunto com o óleo e a sujeira da pista. Essa situação é mais comum em dias de pouca chuva ou no início de uma chuva mais

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forte e pode provocar perda de aderência do veículo e uma consequente derrapagem. Em relação aos desgastes de pneus, o mínimo permitido pelo Código de Trânsito Brasileiro é 1,6mm de altura dos sulcos (Isso equivale a uma cabeça de palito de fósforo!!!). A calibragem deve ser feita conforme manual do proprietário do veículo. Confira o sistema de limpador de parabrisa, o estado das palhetas e a água no sistema de esguicho.

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Outro problema que pode provocar um acidente é a aquaplanagem, que é a perda de aderência dos pneus ao passar por uma poça d’água. Nessa situação, não existe contato entre o veículo e o solo, provocando a flutuação e a perda do controle. Para lidar com esta situação, em dias de chuva ou percebendo poças d’água na rodovia, aumente a distância de segurança do veículo da frente.

COMPORTAMENTO DO CONDUTOR Você pode e deve tomar uma série de medidas defensivass para dirigir o seu veículo de forma segura. Na cidade, esteja sempre atento às faixas de pedestres, parando antes da faixa e aguardando a travessia. Além disso, utilize sempre os retrovisores. Fique atento à sinalização de solo e às placas, pois também ajuda a evitar acidentes.


No trânsito, preste atenção e dê espaço aos ciclistas e motociclistas, em especial, ao virar em uma esquina, verificando sempre se algum deles está em seu caminho. Respeite as distâncias de segurança no trânsito. Ao enfrentar uma situação adversa, se antecipe ao perigo, saiba o que fazer para agir a tempo evitando o acidente. Existe uma fórmula que explica a distância de parada diante de uma situação de risco. Em uma situação em que é preciso frear o veículo até ele parar, a distância de parada (DP) é a soma das distancias de reação (DR) e de frenagem (DF), ou seja:

DP = DR + DF Uma regra prática para saber se a distância do veículo à frente é segura é marcar um ponto fixo a frente (um poste, uma arvore) e quando veiculo à frente chegar neste ponto conte mentalmente 1001, 1002, devendo terminar a contagem neste ponto fixo.

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USUÁRIOS DAS VIAS O pedestre terá sempre preferência ao cruzar uma via de trânsito. Por isso, deve-se ter um cuidado redobrado quando se observa que um pedestre irá atravessar a via, pois este pode ter mobilidade reduzida, pode cair ou não prestar atenção ao tráfego. Nestas condições, o condutor deverá sempre reduzir a velocidade e, se necessário, parar o veículo e permitir a travessia do pedestre.

PENALIDADES

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O Código atinge a toda a população brasileira, seja ela formada por condutores e pedestres. Cabem ao Estado, a fiscalização e a educação do trânsito para o cumprimento da lei, através do Sistema Nacional de Trânsito (SNT). O Código também estabelece um sistema de pontuação para as infrações de trânsito. Além de pagar as multas, o infrator terá uma quantidade de pontos atribuída à sua carteira de habilitação, sob pena de suspensão ao atingir 20 pontos no período de um ano. A pontuação é dividida em 4 grupos, de acordo com a gravidade da infração: Leve – 3 pontos

Grave – 5 pontos

Média – 4 pontos

Gravíssima – 7 pontos


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PARA FINALIZAR

Chegamos ao final de nossas orientações sobre direção defensiva. Como você pode perceber, não basta apenas estar apto a dirigir, é preciso principalmente dirigir com segurança e prevenir-se de situações que possam gerar acidentes. Esperamos que você tenha compreendido todos os tópicos, regras e métodos utilizados para a direção defensiva, pois somente com a colaboração de cada um, poderemos dirigir de maneira segura, sabendo que todos os envolvidos no trânsito estão com o mesmo objetivo: chegar com segurança.


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REFERÊNCIAS

CBMDF – CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO DISTRITO FEDERAL. Manual de Direção Defensiva. Brasília, 2010. CUBARENCO, I. Direção preventiva e primeiros socorros. Editora Bookes. Foz do Iguaçu, 2011. DENATRAN. Código de Trânsito Brasileiro: instituído pela Lei nº 9.503, de 23-9-97 - 1ª edição - Brasília, 2008. DENATRAN. Direção Defensiva: Trânsito seguro é um direito de todos. Brasília, 2005. IPEA. Políticas sociais - acompanhamento e análise. IPEA, 2008. Disponivel em: <http://www.ipea.gov.br/sites/000/2/publicacoes/ bpsociais/bps_15/16_completo.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2012. MIGUEL, A. Direção defensiva para pedestres: O pedestre no trânsito. Editora Clube dos Autores. 1ª edição. Florianópolis, 2012.


MINISTÉRIO DA SAÚDE. Trânsito é responsável por mais de 40 mil mortes no Brasil. Disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/ portalsaude/noticia/2933/162/transito-e-responsavel-por-mais-de40-mil-mortes-no-brasil.html> SENAI. Direção Defensiva. 5ª edição, 2005

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