Plano para o país

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EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT

CNT

ANO XXII NÚMERO 248 MAIO 2016

T R A N S P O R T E

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Presidente da CNT, Clésio Andrade, com Michel Temer, durante a entrega do Plano CNT de Recuperação Econômica

Plano para o país CNT entrega propostas para a retomada dos investimentos em infraestrutura de transporte e maior presença da iniciativa privada




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CNT TRANSPORTE ATUAL

MAIO 2016

REPORTAGEM DE CAPA Primeiras medidas anunciadas pelo governo interino de Michel Temer sinalizam para maior participação do capital privado nas obras de infraestrutura de transporte; CNT entrega seu Plano de Recuperação Econômica Página 20

CNT TRANSPORTE ATUAL ANO XXII | NÚMERO 248 | MAIO 2016

ENTREVISTA

Lane Kidd explica o exame toxicológico nos Estados Unidos PÁGINA

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LOGÍSTICA • E-commerce cresce 15,3% em 2015, mas transportadoras ainda enfrentam desafios para a entrega de mercadorias PÁGINA CAPA FOTOS CNT E MARCOS CORRÊA/DIVULGAÇÃO

EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT CONSELHO EDITORIAL Aloisio Carvalho Americo Ventura Bruno Batista Lucimar Coutinho Myriam Caetano Nicole Goulart

FALE COM A REDAÇÃO (61) 3315-7000 • imprensa@cnt.org.br SAUS, quadra 1 - Bloco J - entradas 10 e 20 Edifício CNT • 10º andar CEP 70070-010 • Brasília (DF) ESTA REVISTA PODE SER ACESSADA VIA INTERNET: www.cnt.org.br | www.sestsenat.org.br

EDITOR

ATUALIZAÇÃO DE ENDEREÇO:

Americo Ventura Mtb 5125 [americoventura@sestsenat.org.br]

atualizacao@cnt.org.br Publicação da CNT (Confederação Nacional do Transporte), registrada no Cartório do 1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Distrito Federal sob o número 053. Tiragem: 40 mil exemplares

Os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual

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VAGÃO ROSA

AQUAVIÁRIO

Trens só para mulheres ainda geram polêmica

Definidas novas regras para o uso dos contêineres

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AVIAÇÃO

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LE MANS

Pinturas chamam A maior corrida a atenção e do planeta reforçam marca ocorre em junho PÁGINA

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cnt.org.br

Mais carga e eficiência

CREDIBILIDADE • Pesquisa com egressos do SEST SENAT aponta que 80% melhoraram o desempenho profissional depois de fazer um curso na instituição PÁGINA

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CORRIDA DE RUA

Bento Gonçalves e Blumenau dão a largada no circuito PÁGINA

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Seções Duke

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Opinião

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Mais Transporte

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Boas Práticas

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Boletins

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Tema do mês

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Alexandre Garcia

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Cartas

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Segunda etapa foca na exploração de crianças em rodovias PÁGINA

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Transportadores de cargas esperam que o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) autorize novos modelos de combinação de veículos de cargas. Um estudo foi enviado ao órgão pelo Setcepar (Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Estado do Paraná). O objetivo é conseguir a liberação para utilizar o cavalo mecânico de quatro eixos (chamado bitruck) com a carreta de três eixos afastados, a chamada vanderleia, conjunto que não está regulamentado, atualmente. Para isso, é necessária uma mudança nos limites do peso bruto máximo das composições, sem risco de danos ao asfalto. Para saber mais, acesse: www.cnt.org.br ou http://bit.ly/agenciacnt-novacvc


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“Só poderemos garantir o crescimento econômico e sair dessa grave crise com fortes investimentos em infraestrutura de transporte e logística” OPINIÃO

CLÉSIO ANDRADE

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Correção de rumos

stamos diante de um novo horizonte no Brasil. O recente cenário político abre oportunidades únicas para resgatarmos a credibilidade do país e retomarmos o desenvolvimento econômico e social. Após um período de incertezas tanto para a sociedade quanto para o mercado, é imprescindível demonstrar que existe segurança jurídica e que os investimentos podem voltar a ser feitos. E o setor transportador é peça-chave dessa engrenagem. Só poderemos garantir o crescimento econômico e sair dessa grave crise com fortes investimentos em infraestrutura de transporte e logística, visando ao aprimoramento da eficiência em todos os modais. Com isso, poderemos reduzir custos e burocracias às empresas e gerar empregos aos brasileiros. O presidente interino Michel Temer tem plena consciência disso. Em encontro recente com ele, entreguei o Plano CNT de Recuperação Econômica, composto por três pilares os quais acredito serem fundamentais para que o Brasil recupere sua credibilidade e volte a ser alvo de potenciais investimentos nacionais e estrangeiros. Defendemos propostas para a dinamização do setor de transporte e logística, como a criação de um Conselho Gestor, já instituído pelo governo Temer, e o estabelecimento de garantias de segurança jurídica. Nesse âmbito, também apresentamos o Plano CNT de Transporte e Logística, que estima a necessidade de investimentos de quase R$ 1 trilhão. Abordamos ainda a urgência de discutir as reformas trabalhista, tributária, previdenciária, po-

lítica e administrativa. E reivindicamos melhores taxas de retorno nas concessões públicas, menos burocracia nos processos licitatórios e uma clara demonstração para o mundo de que, aqui, os futuros contratos serão respeitados. Além disso, propomos também a criação de um programa de sustentabilidade veicular, que visa instituir uma política de caráter ambiental a fim de promover a contínua renovação e reciclagem da frota de veículos. Tal medida proporcionaria um crescimento de 1,3% no PIB (Produto Interno Bruto), geraria 285 mil empregos e arrecadação de R$ 18 bilhões em tributos. As primeiras medidas anunciadas pelo governo Temer já dialogam, em parte, com os anseios do setor transportador. A primeira foi a redução do número de órgãos que atuam na área. Não se pode pensar o transporte e a logística do país de forma isolada. Agora, será possível unificar agendas e promover uma visão sistêmica. Também enche de expectativas a criação do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), que prevê a ampliação, a harmonização e o fortalecimento da interação entre o Estado e a iniciativa privada. Estamos em um processo de correção de rumos e de resgate da identidade nacional. As pessoas e as empresas tinham parado de investir por falta de segurança. Isso está mudando. O grau de confiança deve aumentar substancialmente. É tempo de nos unirmos para tirar o Brasil dessa crise e, se depender dos transportadores, haverá muito empenho e bastante dedicação, desde que os investimentos sejam retomados.


“Mais importante ainda é o fato de que o teste do cabelo pode salvar vidas que poderiam se envolver em terríveis acidentes causados pelo uso de substâncias ilícitas” ENTREVISTA

LANE KIDD - DIRETOR-EXECUTIVO DA TRUCKING ALLIANCE

Exame toxicológico nos Estados Unidos POR

s motoristas profissionais brasileiros, desde março deste ano, estão obrigados a realizar o exame toxicológico de larga janela (teste do cabelo) na renovação da CNH (Carteira Nacional de Habilitação) nas categorias C, D ou E. O procedimento também passou a ser obrigatório na adição de categoria, bem como no processo de admissão e desligamento das empresas. Trata-se da primeira iniciativa dessa natureza desde que o Código de Trânsito Brasileiro entrou em vigor, há 18 anos. Nos Estados Unidos, os exames toxicológicos para

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DIEGO GOMES

motoristas profissionais são impostos por lei desde 1988. De início, foi instituído o teste de urina, a princípio com data agendada. Após sete anos, as autoridades locais permitiram realizar o exame de maneira randômica (teste surpresa). Contudo, com o passar dos anos, as transportadoras norte-americanas descobriram que muitos profissionais continuavam a usar substâncias ilícitas e conseguiam burlar o exame de urina, que identifica o uso de drogas apenas entre dois e quatro dias antes da coleta. Foi, então, que uma transportadora implementou o tes-

te do cabelo, que detecta o consumo dessas substâncias por pelo menos 90 dias antes da coleta. Em entrevista exclusiva à CNT Transporte Atual, Lane Kidd, diretor-executivo da Trucking Alliance, entidade criada para defender políticas de transporte seguro, que reúne empresas que contam com 48 mil motoristas, revela que, com cerca de 170 mil exames realizados, a empresa conseguiu zerar o número de acidentes de trânsito ocasionados por motoristas sob efeito de substâncias ilícitas. Além disso, a transportadora flagrou, aproximadamente, 4.000 motoristas que passaram no

teste de urina, mas foram pegos no teste do cabelo, o que comprova a eficácia do exame. A iniciativa motivou outras transportadoras a investir nessa estratégia e, atualmente, todas as empresas integrantes da Trucking Alliance aderiram ao procedimento, obtendo resultados bastante positivos na redução de acidentes. Para Kidd, o desafio, agora, é que o governo dos Estados Unidos reconheça o teste do cabelo tal qual o de urina. Como tem sido a experiência das transportadoras norte-americanas, em espe-


ARQUIVO PESSOAL

me do cabelo é uma ferramenta muito mais precisa no controle do uso de drogas. Isso garante que os caminhoneiros não usem substâncias que possam prejudicar a sua capacidade de operar com segurança grandes caminhões em nossas rodovias. Tal medida reduz os riscos e os custos de responsabilidade para as empresas. Mais importante ainda é o fato de que o teste do cabelo pode salvar vidas que poderiam se envolver em terríveis acidentes causados pelo uso de substâncias ilícitas.

cial as pertencentes à Trucking Alliance, com o exame toxicológico de larga janela para motoristas? A experiência proporcionou um quadro de condutores de caminhões praticamente livre do uso de drogas. Esse fato traz muitos benefícios para as companhias, os funcionários e o público em geral. O governo dos Estados Unidos já exige que, em todas as seleções para motoristas de caminhão, es-

ses profissionais sejam submetidos ao exame de urina. Esse é o único teste reconhecido pelo governo norte-americano. Contudo, há uma série de produtos disponíveis que as pessoas podem comprar para dissimular ou encobrir os resultados. As transportadoras que passaram a utilizar o teste do cabelo descobriram que vários profissionais aprovados no de urina falharam no de larga janela. Por isso, o exa-

Por que as transportadoras estão pressionando o governo norte-americano para regulamentar o teste do cabelo, uma vez que o de urina já era obrigatório desde 1988? Há duas razões para que a Trucking Alliance defenda que o governo dos Estados Unidos reconheça o teste do cabelo. A primeira está relacionada à gestão dos custos. Testes de cabelo são duas vezes mais caros que os de urina. Então, as companhias que utilizam

essa ferramenta também têm de fazer o de urina, já que esse é o único reconhecido pelo governo. Se obtivermos sucesso na abordagem ao Congresso, as transportadoras terão apenas que pagar por um teste. A segunda razão, e mais importante, é que tal medida pode salvar vidas, incentivando mais empresas a utilizar o teste do cabelo em vez do de urina. Caminhoneiros de empresas comerciais se envolveram em 333 mil acidentes no último ano, nos quais cerca de 4.000 motoristas perderam suas vidas tragicamente e outros 100 mil ficaram feridos. Nenhuma indústria ou setor dos Estados Unidos deveria se orgulhar desses números. A Alliance apoia medidas regulamentares e legislativas mais duras para reduzir os acidentes e melhorar a segurança nas rodovias. Aproximadamente 2% dos acidentes no país estão relacionados especificamente ao consumo de substâncias ilícitas. Contudo, isso equivale a 80 mortes e 2.000 feridos que poderiam ser evitados se o teste do cabelo fos-


se reconhecido. Devemos nos esforçar para garantir que os caminhoneiros não consumam essas substâncias. Se o teste de cabelo pode ajudar a identificar esses usuários, logo, ele deve contar com o apoio de todos. Ninguém pode afirmar que é normal um caminhoneiro utilizar cocaína ou heroína – ou até mesmo metanfetamina – enquanto conduz caminhões. Quais resultados vocês obtiveram após implementar o teste do cabelo? A J.B. Hunt Transport é a terceira maior transportadora dos Estados Unidos, atrás apenas da UPS e da FedEx, e, há cinco anos, utiliza o exame toxicológico de larga janela. Temos informações de que, desde que passou a utilizar o teste nos seus profissionais, o índice de motoristas com resultado positivo para o consumo de substâncias ilícitas caiu para zero. Essa é uma boa razão para adotar o exame. Quais são as substâncias verificadas no teste? Os testes do cabelo são eficazes na identificação das seguintes drogas: cocaína, heroína, maconha, opiáceos, metanfetamina e PCP (fenilciclidina). A que tipo de implicações os condutores pegos no exame de larga janela são sub-

metidos? Existe algum programa de reabilitação? Se um candidato à vaga de motorista de caminhão falha em um teste de drogas, ele pode não receber uma oferta de emprego. Se o caminhoneiro já empregado for flagrado em um teste randômico, há um processo de reabilitação ao qual o profissional é submetido para manter seu emprego. No final de 2015, o Congresso norte-americano aprovou o “Fast act”, projeto que prevê o teste do cabelo como alternativa ao de urina. Qual a importância dessa medida no processo regulatório dos exames toxicológicos de larga janela? Quais são as próximas etapas? No “Fast act”, o Congresso determinou que o Departamento de Saúde e de Serviços Humanos crie padrões de teste do cabelo para todos os laboratórios que possam ser utilizados em uma legislação futura para os caminhoneiros. No entanto, o Congresso não exigiu que o Departamento de Transporte dos Estados Unidos reconheça o exame de larga janela em vez do de urina para os motoristas de caminhões. Por isso, a Trucking Alliance continuará a pressionar o parlamento para que haja esse reconhecimento.

Transportadora dos EUA JB Hunt zerou o número de acidentes

“O ato de empregar profissionais que não usam drogas pode se tornar uma propaganda positiva para a transportadora”

Em linhas gerais, como é a rotina de trabalho dos caminhoneiros norte-americanos e como isso influencia no consumo de substâncias ilícitas? Assim como no Brasil, trata-se de uma profissão difícil, na qual os motoristas são obrigados a trabalhar por longas jornadas. De acordo com a Secretaria de Estatísticas Trabalhistas dos Estados Unidos, a profissão de caminhoneiro é a nona mais perigosa do país. Mas isso não justifica o uso de substâncias ilícitas. Tal prática põe em risco a vida de outras pessoas – outros motoristas e passageiros ou até mesmo pedestres. Esses profissionais têm a obrigação de evitar drogas durante a


JB HUNT/DIVULGAÇÃO

causados pelo uso de drogas após a implantação do teste de cabelo

condução de seus veículos. Eles precisam estar alertas e com o organismo livre dessas substâncias. Elas não farão os caminhoneiros mais atentos, mas sim mais distraídos. Como um motorista se sentiria se um colega de profissão que tenha feito uso dessas substâncias se envolvesse em um acidente com algum membro de sua família? Ele poderia alegar que isso é normal em função das condições de trabalho? Não, ele não poderia. O que acha de outras categorias também terem de fazer o exame toxicológico, como taxistas e motoristas de ônibus? Para qualquer ocupação cuja função exija do profissional

compartilhar seu local de trabalho com o público em geral, como caminhoneiros, taxistas, motoristas de ônibus, policiais, pilotos de avião, entre outros, deveria ser obrigatório o exame para identificar o uso de substâncias ilícitas. O que as empresas integrantes da Trucking Alliance têm feito para assegurar um transporte mais seguro? As companhias-membros da Trucking Alliance devem aderir a uma série de políticas de segurança, como a instalação de dispositivos de registro eletrônico em todos os caminhões, realização de testes do cabelo, apoio a limitadores de velocidade de caminhões, entre outras medidas.

“O Brasil será reconhecido como um líder mundial ao ter trabalhadores do transporte livres do uso de substâncias ilícitas” Como avalia o fato de o Brasil ter instituído a obrigatoriedade do exame toxicológico de larga janela até mesmo antes dos Estados Unidos? O Brasil será reconhecido como um líder mundial na promoção de todos os trabalhadores do transporte livres do uso de substâncias ilícitas. Trata-se de um contexto que o país deve se orgulhar. Os Estados Unidos podem aprender com essa experiência. Qual conselho daria para as transportadoras brasileiras que estão diante desse novo desafio? Ter uma força de trabalho livre do uso de substâncias ilícitas aumentará a confian-

ça dos setores produtivos e contribuirá para a redução do número de acidentes e dos processos legais decorrentes dos acidentes causados por motoristas que tenham feito uso dessas substâncias. Esses benefícios podem ser uma fonte de orgulho para os caminhoneiros, seus empregadores e familiares. O ato de empregar profissionais que não usam drogas pode se tornar uma espécie de slogan, uma propaganda positiva, para promover a transportadora. Empresas que, conscientemente, contratam motoristas que usam substâncias ilícitas podem ser responsabilizadas penalmente e perder clientes. E o que fazer em relação aos caminhoneiros autônomos que têm de pagar pelos próprios testes? Considera que o recurso gasto com o exame seja um investimento para o profissional? A condução do caminhão pode ser um bom negócio se bem gerido. Portanto, sem entrar no mérito da questão, se um caminhoneiro autônomo alega que não tem condições de realizar o teste do cabelo – o que seria um bom investimento em seu negócio –, ele deveria reavaliar o mercado de trabalho no qual está inserido. l


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MAIS TRANSPORTE

SOLARIMPULSE.COM/DIVULGAÇÃO

Avião movido a energia solar Solar Impulse 2, primeira aeronave movida a energia solar, completou um voo de três dias sobre o Oceano Pacífico. O avião aterrissou em Mountain View, no Vale do Silício, sul de São Francisco, após 62 horas voando sem escalas. O projeto, que começou em 2002 e tem custo estimado de mais de US$ 100 milhões, destina-se a destacar

a importância da energia renovável e o espírito de inovação. Feita de fibra de carbono, seu peso é comparado ao de um caminhão de médio porte. As asas do avião, que são ainda maiores que as de um Boeing 747, estão equipadas com 17 mil células solares que geram energia para as hélices e carregam as baterias.

A aeronave pesa apenas 2,3 toneladas, quase o mesmo que um carro

ELIO SALES/SAC/DIVULGAÇÃO

De TAM para Latam

Toda a frota de aeronaves passará por remodelagem com a nova marca

Após a fusão das companhias aéreas TAM e LAN, surge a marca Latam. Com nova identidade, o grupo está presente em 13 aeroportos de três continentes. O novo design, nome e cores do grupo já podem ser vistos no site oficial da empresa, nos aplicativos de telefonia móvel, nos

balcões de check-in e principais terminais do país, em alguns da América Latina e da Europa. A empresa também iniciou, em maio, a venda de bilhetes para o voo de São Paulo a Joanesburgo, na África do Sul, sendo a primeira companhia latino-americana com operação para a África. BELL HELICOPTER/DIVULGAÇÃO

Helicóptero mais rápido Em sua fase final de produção, o primeiro protótipo do V-280 Valor pretende ser o helicóptero mais rápido do mundo. A dona do projeto é a fabricante norte-americana Bell Helicopter. O primeiro

voo está programado para o final de 2017. Segundo dados preliminares da Bell, o V-280 pode alcançar a velocidade máxima de até 580 km/h e transportar 14 soldados ou levar até 4,5 mil kg de cargas em suportes externos.

Projetado para alcançar 580 km/h, o primeiro voo está previsto para 2017


TECNOLOGIA

Motorista será gestor de transporte em caminhão do futuro ara comemorar os 60 anos da Mercedes-Benz no Brasil, a montadora apresentou, no fim de abril, em sua fábrica em São Bernardo do Campo (SP), o Future Truck 2025, o caminhão do futuro. O novo modelo, que tem previsão para começar a circular em 2025, poderá ser conduzido em regime autônomo por rodovias e vias expressas transformando os caminhoneiros em gestores de transporte, ou seja, eles serão responsáveis por guiar o veículo apenas pelo computador de bordo. O sistema de transporte do caminhão do futuro foi desenvolvido a partir da iniciativa Shaping Future Transportation (Moldando o Transporte do Futuro) da Daimler Trucks, que visa aumentar a eficiência do transporte,

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preservando os recursos naturais, reduzindo as emissões de CO2 no meio ambiente e garantindo, ao mesmo tempo, a máxima segurança possível nas vias. O sistema é equipado com um sensor de radar na parte baixa da extremidade dianteira, que varre a rodovia à frente e é a base do sistema de segurança do controle de aproximação e da frenagem emergencial. Assim, a condução autônoma é possível em velocidades realistas e em situações de trânsito em rodovias expressas. No que diz respeito ao design, os engenheiros da Mercedes-Benz criaram dispositivos localizados dentro da cabine que substituem os espelhos externos, um para-brisa estilo panorâmico, que lembra

um visor, e um teto solar com tela de proteção. Uma câmera estereoscópica colocada sobre o painel de instrumentos logo atrás do para-brisa mantém a área à frente do veículo vigiada. O alcance é de 100 metros com capacidade de varredura de 45 graus na horizontal e de 27 graus na vertical. A câmera identifica se as rodovias são de faixa única ou dupla, monitora os pedestres e os objetos em movimento ou parados, além da superfície da via. O equipamento também reconhece os marcos de sinalização das pistas, principal função de orientação para a condução autônoma. Na Europa, foram necessárias autorizações dos órgãos de trân-

sito para permitir a circulação segura do Future Truck 2025, mesmo ainda na fase de testes. Segundo a Mercedes-Benz, é provável que no Brasil também sejam necessárias essas autorizações, além de adaptações nas rodovias para a circulação do veículo Segundo o presidente da Mercedes-Benz do Brasil e CEO da América Latina, Philipp Schiemer, com o Future Truck, a montadora traz para o Brasil um novo conceito de tecnologia em caminhões. "Estamos orgulhosos em oferecer os principais produtos, tecnologias e serviços aos nossos clientes brasileiros e empenhados em tornar a condução autônoma pronta para a produção em massa até o final da década", ressalta Schiemer. (Por Jane Rocha) FOTOS MERCEDES-BENZ/DIVULGAÇÃO

Future Truck 2025 visa aumentar a eficiencia do transporte


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MAIS TRANSPORTE TT OPERADORA LUFTHANSA CITY CENTER/DIVULGAÇÃO

Volta ao mundo em um trem Primeira viagem oferecida pela TT Operadora Lufthansa City Center pretende percorrer o mundo de trem. Para quem quer se aventurar, o embarque possui data marcada: 24 de agosto, partindo de Lisboa, por um custo de R$ 160 mil. Com cerca de 30 dias de duração, o roteiro passa por três continentes, 15 cidades e sete trens como TGV, em Paris; Sud Expresso, em Lisboa; Expresso Paris-Moscou; Transiberiano; Rocky Mountaineer; entre outros. Serviços de hospedagem e entretenimento nos locais visitados também fazem parte do passeio. O desembarque será em Nova York no dia 24 de setembro com um jantar que terá como cenário o Central Park. Para quem desejar estar a bordo, acesse o site www.voltaaomundodetrem.com.br para mais informações.

SERGIO ALBERTO/CNT

Farol acesso também de dia Motoristas que trafegam nas rodovias do país agora devem usar os faróis acesos, na luz baixa, também durante o dia. A Lei nº 13.290/16, que altera o CTB (Código de Trânsito Brasileiro), pretende aumentar a segurança

nas vias. O Contran (Conselho Nacional de Trânsito) já havia publicado, em 1998, uma resolução na qual recomendava o uso do farol baixo, mesmo durante o dia. No entanto, por não ter força de lei, poucos motoristas adotaram a medida.

Lei quer aumentar a segurança nas vias


QUALIFICAÇÃO

Curso financiado pelo SEST SENAT forma aquaviários oi realizada, no último dia 5 de maio, a solenidade de encerramento do primeiro curso de formação de marinheiros fluviais custeado pelo SEST SENAT. Ao todo, foram capacitados 82 profissionais que, agora, estão aptos a atuar nas diversas vagas decorrentes da reabertura da Hidrovia Tietê-Paraná. A via navegável ficou paralisada por quase dois anos e reto-

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mou as atividades no início de 2016. Por conta disso, houve uma debandada de empresários e de mão de obra qualificada na região. A formação foi uma iniciativa do Sindasp (Sindicato dos Armadores de Navegação Fluvial do Estado de São Paulo) e da Fenavega (Federação Nacional das Empresas de Navegação Aquaviária), e ministrada pela Fatec-Jahu (Faculdade de Tec-

nologia), instituição credenciada pela Marinha do Brasil. A carga horária foi de 400 horas/aula e o conteúdo abordou temas, como serviço de apoio de navegação, manobra da embarcação, manuseio e estivagem de cargas, legislação marítima e ambiental, conscientização sobre proteção de navios e conhecimentos de primeiros socorros, entre outros. A formatura contou com

as presenças da coordenadora de projetos especiais do SEST SENAT Nacional, Gabriela Rizza; do diretor da Unidade de Bauru do SEST SENAT, Milton Yamada; do presidente da Fenavega, Raimundo Holanda; do presidente do Sindasp, Edson Palmesan, entre outras autoridades. A formação de marinheiros é uma responsabilidade da Marinha do Brasil e de instituições credenciadas por ela. SEST SENAT/DIVULGAÇÃO

Turma de marinheiros fluviais na solenidade de formatura realizada na Fatec-Jahu, em Jaú (SP)

SERGIO ALBERTO/CNT

Multas ficam mais caras Os valores das multas aplicadas por infrações nas ruas aumentaram. Uma nova lei (nº 13.281/16) modificou o CTB (Código de Trânsito Brasileiro), e as mudanças passam a valer no início de novembro deste ano. Multa relativas a infrações leves passarão de R$ 53,20 para R$ 88,38; as médias, de R$ 85,13 para R$ 130,16; graves, de R$ 127,69 para R$ 195,23; e as qualificadas na categoria gravíssima, de R$ 191,54 para

R$ 293,47. A pontuação continua a mesma. Com as mudanças, quem estacionar de forma irregular em vagas destinadas a pessoas com deficiência terá o veículo removido e cometerá infração gravíssima, assim como o uso, seja para falar ou simplesmente manusear, de telefone enquanto dirige. As novas regras também tratam do excesso de carga e da suspensão do direito de dirigir, após atingir a pontuação máxima de infrações por ano.

Mudanças começam a valer a partir de novembro


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MAIS TRANSPORTE SUSTENTABILIDADE

Caminhões movidos a etanol reduzem em 91% emissão de CO2 Clariant, fabricante de produtos químicas, adquiriu, em meados de 2015, três caminhões da Scania (modelo P270 4X2) movidos a etanol, os primeiros comercializados pela montadora na América Latina. Chamados de Ecotrucks, os veículos rodam dentro da Clariant carregando tanques com 25 mil litros. Após um ano de utilização, os caminhões – apresentados a jornalistas em 12 de maio, na cidade de Suzano (SP) – confirmaram uma redução de 91% nas emissões de CO2 (gás carbônico), na comparação com os motores a diesel utilizados anteriormente pela Clariant. Eles atendem aos requisitos do Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar Por Veículos Automotores) sem usar Arla 32 – reagente utilizado para reduzir quimicamente as emissões de CO2 – e utilizam motor diesel de 8,9 litros adaptado para rodar com 95% de etanol e 5% de Master Batch 95, um aditivo com propriedades antidetonantes e antioxidantes fabricado no Brasil pela empresa química. Os Ecotrucks passaram a utilizar o etanol de segunda geração produzido com a tecnologia sunliquid® da Clariant a partir de

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processo biotecnológico inovador, utilizando resíduos agrícolas como palha de trigo e milho ou bagaço da cana de açúcar. “Adicionar valor com a sustentabilidade é um dos pilares estratégicos da Clariant. A iniciativa da empresa com o projeto Ecotruck apoia o cumprimento das metas ambientais e reforça nossa abordagem ecologicamente correta”, afirma Paulo Itapura, gerente de sustentabilidade da Clariant para a América Latina. O exemplo da Clariant está levando ao interesse de outras empresas, que já consultam a Scania sobrea solução, revela Celso Mendonça, gerente de desenvolvimento de negócios da montadora no Brasil. “Acredita-

mos em uma matriz energética mista, com o uso de diversas fontes que possibilitem economia de combustível e redução de CO2. O caminhão a etanol é uma solução para empresas comprometidas em diminuir os impactos ambientais de suas operações de transporte. É uma opção 100% viável.” Já reconhecida como provedora de soluções a etanol na Europa, a Scania anunciou em 2007 o início dos testes com ônibus movidos com o combustível no Brasil. Após um período de demonstrações em São Paulo, foram anunciadas as primeiras vendas de ônibus a etanol da história do país. A Viação Metropolitana, atual

MobiBrasil, comprou 50 unidades, e a Tupi Transportes adquiriu 10 veículos, para operação pública urbana. Em outubro de 2011, durante a Fenatran (Salão Internacional do Transporte Rodoviário de Carga), a Scania lançou o primeiro caminhão a etanol da América Latina. A montadora oferece produtos movidos a combustíveis alternativos como biogás, gás natural, gás liquefeito, biodiesel, bioetanol, híbrido diesel e eletricidade, híbrido com ultracapacitor, híbrido etanol com bateria e híbrido Euro 6 diesel e biodiesel. No Brasil, além do etanol, a marca oferece chassi para trólebus e ônibus movido a biometano/GNV. (Diego Gomes) CLARIANT/DIVULGAÇÃO

Caminhão movido a etanol no complexo industrial da Clariant, em Suzano (SP)



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BOAS PRÁTICAS NO TRANSPORTE - COMBATE AO USO DE DROGAS

Passageiros seguros Viação Águia Branca realiza testes do bafômetro e exames toxicológicos em todos os seus motoristas; iniciativa garante maior segurança às viagens POR

estaque no ramo de transporte de passageiros, a Viação Águia Branca é mais uma empresa de grande atuação no combate ao uso de álcool e drogas entre seus profissionais. As ações preventivas vão desde a realização do teste do bafômetro antes da saída dos motoristas para viagens, passando pela obrigatoriedade do exame toxicológico em 100% dos funcionários e pela realização de palestras educacionais. “Segurança é um pilar estratégico operacional. Trata-se de uma máxima inegociável na empresa”, afirma o

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EVIE GONÇALVES

diretor de operações da Águia Branca, Walace Serafim. Desde 1997, a companhia adota a obrigatoriedade do teste de bafômetro para motoristas que saem para viagens. A tolerância para a detecção de álcool no organismo é zero. Diante do mínimo teor identificado, o profissional é substituído e direcionado para receber orientações necessárias sobre a importância de não consumir substâncias que alterem a sua capacidade psicomotora. Antes da partida, ele também recebe atenção especial da equipe de tráfego, que, no processo de liberação,

realiza entrevista e exame de vigília para atestar sua perfeita condição física e emocional para transportar pessoas. As ações voltadas para o combate ao uso de drogas se intensificaram em 2014, quando foi estabelecido o Programa de Prevenção e Controle do Uso de Álcool e Substâncias Psicoativas. Uma das medidas é a realização de exame toxicológico em 100% do quadro de motoristas. O teste, que passou a ser exigido no Brasil somente neste ano, capta uma amostra de cabelo dos profissionais e deve ter como janela de

detecção para consumo de substâncias psicoativas uma avaliação retrospectiva mínima de 90 dias. A análise é realizada apenas por laboratórios autorizados. Para os motoristas do quadro funcional da empresa, os exames ocorrem por convocação em amostragem, ou ainda, por indicação de profissionais. “Quando o uso de drogas é detectado, o condutor é convidado a participar de tratamento em clínica especializada”, explica Serafim. Para isso, é afastado das escalas de trabalho e inicia o procedimento de desintoxicação totalmente cus-


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ÁGUIA BRANCA/DIVULGAÇÃO

O instrutor Maxlon Pires faz teste de bafômetro antes da saída para viagens

teado pela viação, como parte das ações de prevenção e recuperação. O exame também é exigido na contratação de novos profissionais. Os candidatos em processo de seleção são encaminhados para a realização dos testes após serem informados do programa e assinarem documento de autorização. O instrutor Maxlon Pires Almeida trabalha na empresa há 14 anos, tendo atuado inicialmente como motorista. Ele já viajou pelos principais itinerários da empresa, tanto no transporte intermunicipal como no interesta-

dual. Entre eles, os principais foram Vitória-Porto Seguro, Vitória-Governador Valadares, Vitória-Manhuaçu e Vitória-Porto Velho. Para o profissional, essas iniciativas são positivas e fazem diferença, pois permitem um acompanhamento seguro. “Infelizmente, alguns motoristas, por falta de conhecimento ou por imprudência, acabam comprometendo sua saúde e a segurança no trânsito, quando, de forma irresponsável, fazem uso de entorpecentes ou de drogas que inibem o sono. O uso dessas substâncias interfere nas condições de dire-

ção e na realização de uma viagem segura”, afirma. Além dos exames que identificam o uso de álcool e drogas, a Viação Águia Branca também oferece amparo aos motoristas a fim de que eles estejam em boas condições físicas e emocionais durante o desempenho das atividades e prestem serviços de excelência aos clientes. As principais bases da empresa possuem alojamentos com quartos climatizados e colchões escolhidos de acordo com a preferência dos motoristas. Em cidades onde não há bases, a empresa firma parcerias com hotéis adequados aos padrões exigidos e assume os custos da hospedagem. Isso porque a importância da qualidade do sono também tem destaque nas ações desenvolvidas pela empresa. Em 2000, foi criado o programa Medicina do Sono que, entre outras atividades, estimula motoristas a desenvolverem hábitos saudáveis para que tenham qualidade ao dormir e, consequentemente, melhor vida social e profissional. O programa conta com laboratório do sono para realização de exames, simuladores de teste de vigília dinâmico, salas de estimulação localizadas em pontos estratégicos nos percursos das viagens com o objetivo de que o motorista revitalize o seu estado de

alerta, fazendo atividade de alongamento e lanche em um ambiente iluminado. Além da qualidade do sono, o programa também realiza orientação e acompanhamento para hábitos de alimentação saudável e prática regular de exercícios físicos. “A empresa busca ainda reconhecer o trabalho dos motoristas que se destacam no desempenho de suas atividades por meio da premiação Motorista TOP Ouro e do Programa de Condução Econômica, valorizando as boas práticas”, conta o diretor de operações, Walace Serafim. Raio-X A Viação Águia Branca atua no transporte rodoviário há mais de 70 anos e transporta 11 milhões de passageiros ao ano. Presente em oito Estados, sendo eles Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Roraima, Sergipe e Alagoas, e em cerca de 700 municípios brasileiros, a empresa realiza, em média, 230 mil viagens ao ano. São mais de 300 linhas, 800 ônibus na alta temporada, cerca de 3.700 empregados e uma frota com idade média de 5,43 anos. Além disso, segundo recente pesquisa entre os usuários, 81,4% de seus passageiros reconheceram os serviços oferecidos como ótimo e bom. l


MARCOS CORRÊA/DIVULGAÇÃO

REPORTAGEM DE CAPA Presidente da CNT, Clésio Andrade, com Michel Temer, durante a entrega do Plano CNT de Recuperação Econômica

CNT propõe ações para um novo Brasil Michel Temer sinaliza maior abertura do governo para os investimentos privados; muitas medidas já anunciadas constam no Plano CNT de Recuperação Econômica POR

retomada do crescimento econômico do Brasil passa, necessariamente, pela maior atenção às necessidades do setor transportador, com foco na melhoria da eficiência em todos os modais (rodoviário, ferroviário, aquaviário e aéreo) e na conse-

A

CYNTHIA CASTRO, EVIE GONÇALVES E LIVIA CEREZOLI

quente redução de custos, o que gera benefícios para as empresas, para o poder público e para a sociedade. Resgatar a credibilidade e garantir segurança jurídica são medidas essenciais para que o país possa atrair investimentos privados, nacionais e estrangeiros, fundamentais para a

melhoria da infraestrutura. Na avaliação da CNT, esse é um dos caminhos para a saída da grave crise econômica que toma conta do país, o que gerará empregos e evitará desperdício de recursos nos deslocamentos de cargas e de passageiros. Nesse momento de instabi-

lidade política e econômica, muitas medidas anunciadas pelo presidente interino, Michel Temer, trouxeram um alento ao setor transportador, que aposta nesse novo governo para que a economia possa voltar a crescer. No seu discurso de posse, no dia 12 de maio, logo depois do afasta-


ARQUIVO/CNT

SERGIO ALBERTO/CNT

ARQUIVO CNT

mento oficial da presidente Dilma Rousseff por até 180 dias, Temer reconheceu a necessidade da participação da iniciativa privada para garantir a execução de projetos fundamentais para o desenvolvimento do Brasil. De acordo com Michel Temer, o incentivo às parcerias

público-privadas é essencial para gerar empregos. “Eu conservo a absoluta convicção de que é preciso resgatar a credibilidade do Brasil, fator necessário para que empresários dos setores industriais, de serviços, do agronegócio, os trabalhadores, enfim, de todas as áreas

produtivas, se entusiasmem e retomem, em segurança, com seus investimentos”, disse o presidente interino. Para Temer, é imprescindível melhorar significativamente o ambiente de negócios para o setor privado “de forma que ele possa retomar sua rotação natural de investir, de produ-

zir e gerar emprego e renda”. A CNT estima a necessidade de investimentos de quase R$ 1 trilhão em 2.045 projetos em todos os modais, que, se implementados, oferecerão ao país um sistema de transporte capaz de atender às necessidades da economia e da população. Os números estão


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CNT TRANSPORTE ATUAL

MAIO 2016 PORTAL DA COPA/DIVULGAÇÃO

no último Plano CNT de Transporte e Logística e constam também no Plano CNT de Recuperação Econômica, entregue no final de abril a Temer, quando ele ainda ocupava o cargo de vice-presidente da República (confira as principais propostas na página 25). Michel Temer reconheceu que o Estado, sozinho, não tem condições de fazer tudo que o país precisa. Na avaliação dele, ao Estado compete cuidar da segurança, da saúde e da educação. “O restante terá que ser compartilhado com a iniciativa privada, aqui entendida como a conjugação de ação entre trabalhadores e empregadores.” Setor aéreo passa a fazer parte da estrutura do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil

Medidas provisórias No primeiro dia de governo provisório, Michel Temer editou duas medidas provisórias (nº 726/16 e nº 727/16), que atendem, em parte, aos anseios do setor transportador. A primeira diminui o número de órgãos intervenientes do setor de transporte ao extinguir a SEP (Secretaria de Portos) e a SAC (Secretaria de Aviação Civil) e concentrar todas as questões no Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil. Já a segunda cria o PPI

“A segurança regulatória é essencial para recuperar a confiança” CLAUDIO FRISCHTAK, INTER.B CONSULTORIA INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS

(Programa de Parcerias de Investimentos), que prevê a ampliação e o fortalecimento da interação do Estado e a iniciativa privada. Esse fortalecimento será posssível por meio de contratos de parceria para a execução de empreendimentos públicos de infraestrutura. Conforme a MP, “os empreendimentos do PPI serão tratados como prioridade nacional”. Alguns objetivos principais

são a ampliação das oportunidades de investimentos, a garantia da expansão com qualidade da infraestrutura pública, a promoção ampla e justa da competição nas parcerias e na prestação de serviços, a estabilidade, a segurança jurídica e o fortalecimento do papel regulador do Estado. Na avaliação do setor de transporte, as primeiras medidas anunciadas trazem boas expectativas. “O governo não


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CORTE

Secretarias de Portos e de Aviação são extintas

Os empresários estão acreditando mais e tudo isso favorece a economia

Clésio Andrade presidente da CNT

tem dinheiro para investir em todos os projetos de transporte de que o país precisa para se desenvolver. Isso só será viável por meio da iniciativa privada, e é essa abertura que já está demonstrando o governo Temer”, diz o presidente da CNT, Clésio Andrade. Ele lembra ainda que há intenção por parte dos empresários estrangeiros em investir no Brasil. A CNT, em sua atuação internacional, já pro-

Além da criação do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos) e de uma secretaria especial para tratar exclusivamente do tema, chefiada pelo secretário-executivo Moreira Franco, o governo anunciou ações para enxugar a máquina pública. Entre vários ministérios extintos por meio da Medida Provisória nº 726/16, estão a SEP (Secretaria de Portos) e a SAC (Secretaria de Aviação Civil). Segundo o texto da MP, as duas pastas se fundem à estrutura do Ministério dos Transportes, que agora passa a se chamar Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil e será chefiado pelo ministro Maurício Quintella Lessa. Ainda de acordo com a MP, a estrutura organizacional desses órgãos e as entidades a eles vinculadas também passam a integrar o ministério principal. Ainda não se sabe, na prática, se essas medidas interfe-

moveu diversos encontros, nos quais esse interesse foi demonstrado. “No momento em que o Brasil resgatar a credibilidade, desde que o governo tenha também agilidade na apresentação dos projetos necessários, esse capital virá. Mas já respiramos novos ares com esse novo governo. Os empresários estão acreditando mais e tudo isso favorece a economia”, afirma. Clésio Andrade considera

rirão no funcionamento dos projetos das duas pastas, como o leilão dos portos e aeroportos. As concessões, porém, ficarão sob o crivo de Moreira Franco, que reitera a intenção de reduzir a participação da estatal Infraero nos leilões dos próximos terminais aeroportuários a serem concedidos (Salvador, Porto Alegre, Fortaleza e Florianópolis). Nos últimos leilões, a empresa teve participação de 49% nos consórcios privados para a operação dos aeroportos. As empresas que representam o setor transportador ainda consideram prematuro mensurar se a extinção das pastas impactará de forma positiva ou negativa os respectivos projetos. Em uma análise preliminar, o presidente da Fenamar (Federação Nacional das Agências de Navegação Marítima), Waldemar Rocha, avalia com bons olhos o enxugamento da máquina. “A redu-

que a retomada da confiança ocorrerá, em primeiro lugar, quando o governo demonstrar a capacidade de apresentar projetos. “É necessário também garantir segurança jurídica, demonstrar para o mundo que os contratos serão respeitados e oferecer boas taxas no retorno dos investimentos nas concessões públicas. Os processos de licitação também precisam ser simplificados.”

ção de ministérios é positiva para que os custos também sejam diminuídos. Também é possível que a medida reduza a burocracia.” Para o professor e coordenador do Núcleo de Infraestrutura da FDC (Fundação Dom Cabral), Paulo Resende, quanto maior o Estado, mais carimbo, mais burocracia. “É o caminho perfeito para a corrupção. Todo movimento de enxugamento é bem-vindo, pois coloca luz numa área que precisa de oxigenação para andar.” A CNT reivindica há alguns anos a redução do número de órgãos que atuam no transporte. Apenas na esfera federal é possível verificar mais de dez órgãos setoriais e reguladores. Na avaliação da Confederação, esse fato dificulta um diálogo eficiente entre as partes interessadas e há também, muitas vezes, sobreposição de competências entre elas.

Alguns pontos apresentados pelo Plano CNT de Recuperação Econômica foram contemplados na MP que institui o PPI. Entre eles, está a criação do Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos da Presidência da República, com autonomia para aprovar projetos de infraestrutura, composto por representantes das áreas técnica, ambiental e política. Porém, o Conselho só inclui ór-


EMPREGO

Setor fecha cerca de 27 mil postos de trabalho

gãos do governo e a CNT considera essencial a participação do setor produtivo nos processos decisórios relacionados à infraestrutura de transporte. Na visão do professor e coordenador do Núcleo de Infraestrutura da FDC (Fundação Dom Cabral), Paulo Resende, a não participação do setor privado é um erro. “Espero que haja uma revisão desse posicionamento, pois esse Conselho significa o reconhecimento de que a inteligência está somente no poder público. Os diversos setores da economia, aqueles que realmente fazem o país andar, deveriam estar representados. Que isso valha para todos os outros conselhos”, defende. Concessões Sobre o chamamento à iniciativa privada, Resende considera um ponto forte da nova administração. Segundo ele, o governo anterior já sinalizava, por meio do PIL, a importância dessa participação. Entretanto, o investidor não ti-

Embora esteja otimista com a mudança de governo, o setor de transporte ainda sofre com os altos impactos da crise econômica. A retração na demanda de serviços afetou diretamente a geração de empregos. Somente entre janeiro e abril deste ano, cerca de 27 mil postos de trabalho foram fechados na área. O número equivale a mais de um terço da redução de vagas em todo o ano de 2015 (76,5 mil). Os dados são do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho e Previdência Social. O transporte terrestre é o que mais vem sentindo a crise. A demanda pelos serviços do segmento caiu 7,4% em 2016, de acordo o PIB do primeiro trimestre, divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No acumulado de 12 meses, a queda foi de 7,3%. So-

mente nos quatro primeiros meses deste ano, o número de demissões no setor foi de 14,8 mil. Em todo o ano de 2015, foram 53,4 mil. Os resultados confirmam o que revelou a Sondagem Expectativas Econômicas do Transportador - 2015, realizada pela CNT (Confederação Nacional do Transporte) no segundo semestre do ano passado, sobre as perspectivas para 2016. De acordo com o levantamento, quase 80% dos empresários tiveram que reduzir o quadro de funcionários em 2015 e 30% afirmaram que diminuíram a expectativa de contratações formais para este ano. Em Minas Gerais, por exemplo, a situação tem sido bastante crítica. Levantamento das empresas de transporte aponta para uma média de 130 demissões por dia. “Infelizmente, essa não é uma vontade do empresário, mas uma

necessidade do momento. Diante da situação de crise que estamos vivendo, o primeiro passo foi cortar gastos com insumos, antes de atingir a mão de obra. Mas só isso não foi suficiente, e as demissões estão ocorrendo”, afirma Vander Costa, presidente da Fetcemg (Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais). José Hélio Fernandes, presidente da NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística), ressalta que, a longo prazo, as demissões vão gerar um custo maior para as empresas. Isso porque, quando a economia retomar a estabilidade, as empresas terão gastos para recontratar e treinar novamente os profissionais perdidos nesse momento. “Dessa vez, a crise chegou de forma rápida. É como se tivéssemos que trocar o pneu com o caminhão andando”, conclui.

VALEC/DIVULGAÇÃO

nha clara posição em relação aos sócios operadores, o que deixava o mercado instável. “Não se sabia, por exemplo, qual seria o papel da Infraero nas novas concessões de aeroportos. O mesmo aconteceu com a Valec no caso das ferrovias. Com esse novo documento, o governo sinaliza, de forma clara, que vai jogar o jogo do mercado”, diz. O professor acredita que as taxas de retorno serão mais atrativas a partir de agora. Além disso, avalia que, quando não houver demanda para as concessões, uma al-

Investimento em infraestrutura de transporte é o caminho para o país sair da crise


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PARA RETOMAR A ECONOMIA

Diante da crise, o primeiro passo foi cortar gastos com insumos, antes de atingir a mão de obra

Vander Costa presidente da Fetcemg

Propostas apresentadas pela CNT PRINCIPAIS PONTOS DO PLANO CNT DE RECUPERAÇÃO ECONÔMICA • Criação de um conselho gestor com autonomia para aprovar projetos de infraestrutura • Facilitação e apoio aos investimentos privados, nacional e estrangeiro • Garantia de segurança jurídica dos contratos • Implantação do projeto de renovação e sucateamento de frota

• Desenvolvimento de um Plano Nacional de Transporte Integrado

Os desafios são muitos, mas acreditamos que nos próximos meses a atividade retome o crescimento

• Maior participação do setor produtivo nos processos decisórios relacionados à infraestrutura de transporte • Utilização da MIP (Manifestação de Interesse da Iniciativa Privada)

na estruturação de obras, projetos, estudos e levantamentos voltados à concessão de infraestrutura de transporte • Definição das competências de cada instituição envolvida no

Pedro Lopes presidente da Fetrancesc

processo decisório do transporte • Desembaraço do processo de financiamento para o setor produtivo

A crise chegou de forma rápida. É como se tivéssemos que trocar o pneu com o caminhão andando

José Hélio Fernandes presidente da NTC&Logística

• Padronização de editais e contratos de concessão • Simplificação da legislação tributária com a redução da burocracia

O QUE JÁ FOI VIABILIZADO PELA MP Nº 727/2016 • Criação de um conselho gestor com autonomia para aprovar projetos de infraestrutura. Entretanto, é necessária a participação da iniciativa privada, que não está prevista na MP • Facilitação e apoio aos investimentos privados, nacional e estrangeiro, em obras de infraestrutura de transporte • Segurança jurídica

O maior desafio do novo governo é apresentar um plano consistente para reativar a economia

Irani Bertolini diretor-presidente da Transportes Bertolini

• Garantia e estabilidade jurídica dos contratos vigentes e dos futuros com a manutenção dos termos acordados • Ampliação das modalidades de licitação para todos os tipos de infraestrutura de transporte • Redução do número de órgãos do setor de transporte (atendida em parte com a incorporação da SEP e da SAC ao Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil) Fontes: Plano CNT de Recuperação Econômica, MP nº 727/2016


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REPERCUSSÃO

Transportadores estão otimistas

Vivemos um período com queda de 10% na atividade, mas vamos conseguir recuperar

Eurico Galhardi presidente do Conselho Diretor da NTU

Além de recuperar o investimento, o governo tem o desafio de rever as legislações tributária e trabalhista

Paulo Porto Lima presidente da Abrati

A redução de ministérios é positiva para que os custos também sejam diminuídos

O chamado do governo Temer à participação do empresariado deixou o setor transportador otimista. O diretorpresidente da Braspress, Urubatan Helou, acredita que não exista alternativa a não ser a participação de investimentos privados nos grandes projetos de infraestrutura. “Em todos os países desenvolvidos, isso é uma realidade. Se quisermos crescer, é isso que precisa ser feito. O novo programa do governo quebra o preconceito que o Estado brasileiro tinha com a maior participação da iniciativa privada.” Para Irani Bertolini, diretorpresidente da Transportes Bertolini, o maior desafio do novo governo é apresentar um plano consistente para reativar a economia. “Só assim o setor de transportes voltará a ter a importância que sempre teve dentro do panorama brasileiro.” Na opinião do presidente do Conselho Diretor da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), Eurico Galhardi, em breve, será possível reverter o

quadro econômico brasileiro. “Ainda vivemos um período de instabilidade, com queda de 10% na atividade. Mas vamos conseguir recuperar.” Para o presidente da Fetrancesc (Federação das Empresas de Transporte de Carga e Logística no Estado de Santa Catarina), Pedro Lopes, os anseios do setor transportador estão sendo contemplados na nova política. “É claro que os desafios ainda são muitos. Precisamos melhorar a infraestrutura de transporte e discutir as reformas tributária e trabalhista. Acreditamos que, já nos próximos meses, a atividade transportadora retomará seu crescimento.” Paulo Porto Lima, presidente da Abrati (Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros), estima que o novo governo tem dois grandes desafios, além de investir em infraestrutura para recuperar a economia: simplificar a legislação tributária e flexibilizar a legislação trabalhista. Com isso, o setor poderá voltar a crescer.

Waldemar Rocha presidente da Fenamar

O novo programa quebra o preconceito com a participação da iniciativa privada

Urubatan Helou diretor-presidente da Braspress

ternativa serão as PPPs (Parcerias Público-privadas). “Isso é importante no caso de rodovias que não possuem grande volume de tráfego, mas que precisam ser melhoradas. Trata-se de uma sinalização clara de que o governo quer transformar o Brasil rapidamente numa fronteira interessante para o investidor.” A participação do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)

Brasil precisa de quase

R$ 1 trilhão

para todos os modais de transporte


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PESQUISA CNT DE RODOVIAS 2015

ALTERAÇÕES O que muda no governo interino de Michel Temer em relação ao transporte ESTRUTURA • Extinção da SEP e da SAC • As secretarias foram incorporadas ao Ministério dos Transportes, que passa a se chamar Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil • Criação da Secretaria Executiva do Programa de Parcerias de Investimentos, subordinada à Presidência da República, com a finalidade de coordenar, monitorar, avaliar e supervisionar as ações do PPI. A pasta está sob o comando do secretário Moreira Franco

NOVO MINISTRO DOS TRANSPORTES, PORTOS E AVIAÇÃO CIVIL Maurício Quintella Lessa • Formado em Direito • Deputado federal por quatro vezes por Alagoas, foi líder do PR na Câmara dos Deputados • Ocupou o cargo de secretário de Educação de Maceió por duas vezes Fontes: DOU, Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil

Concessão é fundamental para oferecer qualidade às rodovias

nos projetos também é outro ponto de destaque, para Paulo Resende. Ele defende que o banco não seja mais protagonista nos empréstimos de recursos para todos os projetos de infraestrutura. “O banco tem que financiar projetos menores, em que a demanda não é garantida, como rodovias pequenas ou ferrovias com menor capacidade de transporte. Os grandes projetos podem ser financiados pelos bancos

internacionais e pelos fundos de investimento. O BNDES é um banco de desenvolvimento e não de financiamento de grandes empresas que possuem todas as condições de pegarem empréstimos internacionais”, pondera. O consultor financeiro Claudio Frischtak, da Inter.B Consultoria Internacional de Negócios, acredita que oferecer “segurança regulatória é essencial para recuperar a

“O governo quer transformar o país numa fronteira interessante para investidor” PAULO RESENDE FUNDAÇÃO DOM CABRAL

confiança dos investidores”. Além disso, segundo ele, será visto como positivo o fato de o secretário executivo do PPI, Moreira Franco, passar a centralizar o processo. “Ele fará interlocução direta com o presidente, o que refletirá positivamente no mercado.” Ele também considera favorável o fato de que o novo governo terá amplo apoio do Congresso Nacional para votações estratégicas. l


LOGÍSTICA

POR JANE

ROCHA E CECÍLIA MELO

á tempos, ir às compras não significa, necessariamente, sair de casa, enfrentar filas e shoppings lotados. Todos os dias milhões de pessoas pelo mundo consomem os mais variados tipos de mercadorias adquiridas pela internet. O hábito começou com os fanáticos por tecnologia, mas hoje em dia o comércio eletrônico cresceu e já se tornou um ramo bilionário da economia. E o segmento também tem se mostrado atrativo para a atuação das transportadoras, apesar dos entraves existentes. Do primeiro computador, criado em 1946, à primeira venda on-line, em 1994, a sociedade perpassa uma onda de transformação tecnológica, cultural e social. Ao contrário dos demais setores do varejo convencional, o comércio eletrônico está em constante ascensão. Em 2015, a atividade

H

Do computador E-commerce registra crescimento de 15,3% em 2015, mas apresentou um faturamento 15,3% maior do que no ano anterior. Foram R$ 41,3 bilhões contra os R$ 35,8 bilhões de 2014. Os dados são da E-bit, empresa especializada em informações do comércio ele-

trônico. Segundo a instituição, para este ano, o cenário continua positivo. A previsão de faturamento é de R$ 44,6 bilhões, o que representa um acréscimo de 8% em relação ao período anterior. Em 2015,

o setor registrou 39,1 milhões de consumidores. Os clientes virtuais são atraídos por diversos motivos. De acordo com a E-bit, a maioria (58%) afirma que os preços encontrados nos sites


MERCEDES BENZ/DIVULGAÇÃO

às mãos do cliente transportadoras ainda enfrentam desafios para a entrega de mercadorias são mais vantajosos. A praticidade também conta para comprar pela internet. É o caso da publicitária Tatiana Mendes. Consumidora assídua de sites de compras, a moradora de Brasília (DF) relata

que é adepta da prática há três anos. “Além dos preços serem mais baixos, a variedade e a exclusividade das peças também conta bastante. Roupas infantis e eletrônicos são os meus favoritos.”

Há alguns anos, a maior parte da entrega das mercadorias era realizada pelos Correios. Atualmente, diversas transportadoras têm atuado no setor. Para o diretor-executivo da E-bit e vice-

presidente de Relações Institucionais da Buscapé Company, Pedro Guasti, este é o melhor momento para as empresas de transporte investirem nas alternativas de frete diferenciado e na inovação do


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SERGIO ALBERTO/CNT

serviço. “Dentro do cenário de crise econômica, o e-commerce se mostrou uma excelente alternativa na busca de bons negócios, apresentando faturamento acima do registrado no varejo tradicional. E as transportadoras perceberam isso”, explica Guasti, que também atua como presidente do Conselho do Comércio Eletrônico da Fecomercio-SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo). Marcos Okumura, dono da transportadora Carriers, investiu em inovação. Desde fevereiro deste ano, o empresário aposta em um produto novo. “Aproveitamos os nossos entregadores nas ruas para retirar a encomenda de ecommerce no mesmo dia para entregar em São Paulo no dia seguinte e, no interior, em até três dias com um valor inferior ao cobrado no mercado.” Cesar Tejon, da Squid Fácil, foi além. O empresário criou um sistema de gestão que permite a pequenos lojistas se conectarem aos fornecedores e fazerem as vendas sem a necessidade de estoque físico. A ideia surgiu após a tentativa

Em 2015, o e-commerce apresentou faturamento 15,3% maior que no ano anterior

“Além dos preços baixos, a variedade também conta bastante” TATIANA MENDES CLIENTE

fracassada de administrar o próprio e-commerce. “Eu tive uma loja virtual em 2012 e percebi essa demanda. A logística é uma parte cara e difícil dentro do negócio que precisa de solução”, defende. E não são apenas as transportadoras que perceberam a carência do mercado. O segmento de tecnologia também demonstra estar atento às de-

mandas. A Axado, empresa de Florianópolis (SC), agrega diversas transportadoras no mesmo sistema. A empresa calcula em pouco tempo quais as melhores rotas e preços entre as opções contratadas. “Conseguimos redução de até 13% nos custos utilizando apenas transportadoras”, comemora o sócio, Guilherme Reitz. Para ele, é importante que as


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MANDAÊ/DIVULGAÇÃO

EMPREENDEDORISMO

Pequenos negócios avançam Não são apenas transportadoras de grande porte que investem no mercado. Pensando em tornar a etapa do transporte menos traumática, o empreendedor libanês Karim Hardane e o brasileiro Marcelo Fujimoto resolveram criar a Mandaê, startup que coleta, empacota e distribui as mercadorias vendidas online. Por meio do aplicativo (disponível para Android, iOS e desktop), os clientes podem especificar os itens que querem enviar, deixando a Mandaê responsável pela retirada, pelo empacotamento e pela seleção das transportadoras que farão as entregas dentro e fora do Brasil. A ideia surgiu depois de enfrentar problemas com logística ao administrar um e-commerce de roupas infantis. Como a quantidade é grande, os empresários conseguem negociar o valor do frete com os Correios e com as transportadoras. A empresa já chegou a enviar 1.500 pacotes em apenas um dia. “O processo era tão dispendioso que, além de

consumir boa parte do tempo dos lojistas, acabava afetando diretamente a produtividade e impedindo o bom andamento do site. Percebemos essa carência no mercado e investimos”, explica o CEO da Mandaê, Marcelo Fujimoto. Em 2015, a Mandaê faturou R$ 3 milhões e espera chegar a R$ 33 milhões este ano. No período, a empresa aumentou o volume de entrega em dez vezes, alcançando 25 mil retiradas e 160 mil encomendas. Hoje, a startup atende a mais de 2.500 clientes. No mês passado, a empresa recebeu investimentos de R$ 10 milhões da Qualcomm Incorporated. O novo aporte será aplicado no aumento das operações da startup e expansão de sua equipe. A Mandaê prepara expansão também na sua área de atuação. Atualmente, atende apenas a Região Metropolitana de São Paulo (SP). A meta é alcançar Rio de Janeiro (RJ) e Belo Horizonte (MG) até o fim do ano.

Startup Mandaê espera faturar R$ 33 milhões este ano

O setor registrou

39,1 milhões clientes em 2015

lojas virtuais mantenham métodos alternativos de entrega. “O varejista precisa estar preparado para contornar obstáculos com soluções rápidas para não atrasar a entrega. Momentos de instabilidade são ótimas oportunidades para os empreendedores. Essa é a chance de crescimento para quem estiver preparado para acompanhar a evolução do ecommerce brasileiro“, explica.


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PERSPECTIVA

Novas opções de entregas A grande pergunta quando se fala no futuro do comércio eletrônico foi debatida por dezenas de empresas de consultoria, marketing, vendas, softwares e plataformas da área reunidas na Conferência ECommerce Brasil 2016, realizada em abril, em Brasília (DF). A forma como os consumidores querem comprar é a questão central nas projeções do setor. A influência das redes sociais, youtubers e blogueiros é opinião unânime entre os especialistas no comércio eletrônico. “As empresas precisam se adequar a essa nova realidade. O comércio eletrônico também mudou. Não é mais o e-commerce de anos atrás”, afirma o presidente da Livraria Cultura, Sergio Herz. Além disso, a reorganização da malha de transporte e de distribuição, a possibilidade do uso de drones para as entregas e a evolução ainda maior da

tecnologia móvel foram algumas das soluções apresentadas no encontro. Novas opções de entregas de encomenda – retirada em local alternativo ou com hora marcada – com categorias e preços fixos diferenciados podem ser uma saída para os gastos excessivos com o frete. Conhecida há mais de 15 anos na cidade de Ceres, interior de Goiás, a Farmácia São José realizou sua primeira venda on-line em abril. Com a família, os irmãos Rafaella e Vinicius Borges Canedo administram o negócio. Ambos participaram da conferência para se atualizarem sobre novidades do comércio eletrônico e saberem a melhor forma de explorar o serviço. “A demanda por vendas on-line foi muito bem recebida. Já estamos fazendo entregas em alguns Estados do Brasil. Estamos no início, mas já vemos a adesão a esse tipo de serviço no interior do país”.

Transportadoras ainda estão se

O criador da Axado afirma que as transportadoras ainda estão se adaptando ao mercado e que um cuidado extra na entrega dos produtos serve como diferencial. “Hoje, os clientes esperam serviços diferenciados de entrega. Oferecer prazos e preços faz toda a diferença na hora de optar pelo transporte”, conclui. Porém, mesmo com o crescimento comprovado, o mercado

O preço dos sites são mais vantajosos para

58%

dos clientes


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AXADO/DIVULGAÇÃO

CAMINHOS DO E-COMMERCE

2

Loja virtual 1 Consumidor 3 8

Escolha dos produtos

Entrega

Rastreamento 4

Pagamento

7

6

5

Transporte

Pedido aprovado, expedição

Ícones projetados por Freepik

adaptando ao mercado dos e-commerces

do e-commerce brasileiro ainda sofre com empecilhos em infraestrutura e segurança que afetam diretamente a entrega das mercadorias. As condições das rodovias do país, onde somente 12,4% são pavimentadas segundo a Pesquisa CNT de Rodovias 2015, a falta de acesso a algumas localidades do interior e os constantes assaltos a motoristas são os principais desafios. “Hoje, 90% das encomendas

de e-commerce dependem do modal rodoviário. Uma entrega que levaria um ou dois dias para chegar demora entre quatro e cinco por conta da má conservação e má qualidade das vias. Isso sem falar no tempo para acesso ao interior do país. Às vezes, o prazo triplica e não é cumprido”, ressalta o presidente da Total Express, Vitor Chiarella. Além disso, só em 2015, cerca de 1 bilhão de mercadorias foram roubadas, se-

“O e-commerce se mostrou uma alternativa na busca de bons negócios” PEDRO GUASTI DIRETOR-EXECUTIVO DA E-BIT

gundo dados da Total Express, transportadora que atua no mercado desde 1993. Segundo o diretor de e-commerce da Sephora, marca francesa de maquiagem, Fabio Pereira, a burocratização das entregas de cargas também é um entrave. “Regras e horários de descarga e troca de ponto, carga alta de impostos, tudo isso prejudica o tempo da entrega e o preço da mercadoria. E é o consumidor o mais afetado.” l


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FERROVIÁRIO

Segregadas ou protegidas? Brasília e Rio de Janeiro têm vagões exclusivos para mulheres em metrô; medida gera polêmica sobre a eficácia para coibir o assédio POR CECÍLIA

e seis a oito vagões, um trem de passageiros costuma ter em média. Um deles, geralmente o primeiro, tem se caracterizado por ser exclusivo para mulheres e para pessoas com deficiência. A exigência, aprovada pelo Legislativo de São Paulo, Brasília e no Rio de

D

MELO

Janeiro, começou a valer nas duas últimas cidades. Veio para tentar coibir os casos de assédio moral e sexual aos quais muitas mulheres são submetidas no transporte público, com mais frequência nos metrôs devido à superlotação. Mas a decisão é polêmica e gera contestações sobre a eficácia.

No Rio, são cerca de 1,3 milhão de usuários do sistema metroviário por dia. Em Brasília, 160 mil. Pelo menos a metade dos passageiros é composta pelo público feminino. São Paulo, que tem a maior extensão de metrô do país com 78,4 km e 67 estações, vetou a medida de vagões ex-


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FOTOS SERGIO ALBERTO/CNT

clusivos. Na capital paulista, mais de 4,7 milhões de passageiros circulam por dia nesse tipo de transporte. Cerca de 58% são mulheres. “Se a iniciativa é boa? Para mim, que ando de metrô todo dia, é. Mas nem de longe é suficiente para resolver o problema. Homens continuam desrespeitando as regras e entram nos carros exclusivos, que não comportam um terço de todo o público feminino que precisa diariamente do transporte. Se a sociedade tivesse respeito e educação, não precisaríamos de uma separação como essa”, avalia Lindete Gomes da Silva, 44, usuária do metrô de Brasília, que faz o trajeto Plano Piloto – Samambaia todos os dias. Em Brasília, desde julho de 2013, em cumprimento à Lei Distrital nº 4.848/2012, o uso do primeiro vagão de cada trem disponível aos usuários é exclusivo para mulheres, em sua maioria, e para pessoas com deficiência. Desde setembro de 2015, funcio-

Mulheres aguardam entrada em vagão exclusivo no Metrô DF, em Brasília

Em 2015,

1.835

casos de homens dentro do vagão rosa no Metrô DF

na em período integral. No Rio de Janeiro, a medida, que já dura sete anos, só é implementada nos horários de pico, das 6h às 9h e das 17h às 20h. “Há uma fiscalização constante pelo Corpo de Segurança Operacional. Temos banners e informativos em todos os vagões falando sobre o uso do carro exclusivo e do assédio dentro dos trens”, afirma o diretor de operações do Metrô DF, Victor Mafra.

Já na capital paulista, o projeto de lei aprovado na Assembleia Legislativa foi vetado pelo governo do Estado. A direção do Metrô de São Paulo também não é adepta à medida. Além disso, em uma pesquisa feita entre 2014 e 2015 pelas operadoras, 57% das usuárias rejeitaram a adoção do vagão exclusivo para coibir abuso sexual. “Mais de 4 milhões de pessoas passam


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OPINIÃO

Feministas divergem sobre tema

DEPOIMENTOS

É uma conquista para as mulheres. Me sinto mais segura e não me sinto segregada. É uma forma de proteção Caroline Vieira, 20 anos

A falta de educação dos homens levou a uma medida tão imediatista. Precisou separar as mulheres para que elas se sentissem seguras. Eu nunca utilizo indevidamente o metrô e já presenciei casos de abuso nos coletivos, o que me deixou bastante constrangido

Gosto do vagão exclusivo, mas acho pouco. O certo seria não precisar disso. Quando alertamos homens a não entrarem no vagão, muitas vezes, ouvimos grosserias Silvia Barbosa, 42 anos

sim”, defende o chefe do Departamento de Segurança do Metrô de São Paulo, Rubens Menezes. Para a superintendente da ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos), Roberta Marchesi, a proposta de destinar vagões exclusivos para as mulheres busca maquiar um problema cultural sério, que envolve a falta de

A iniciativa é muito boa para nós, mulheres. Só nós sabemos como a falta de respeito está em todos os meios de transporte coletivo. Mas um só vagão não resolve

pelo metrô por dia. Esse dado já demonstra a ineficiência da medida. Essa espécie de apartheid nunca foi uma solução eficiente. Vivemos em constante convívio social. Além disso, há uma tendência de o transporte ser cada vez mais integrado. A linha 15 do monotrilho possui acesso livre do primeiro ao último carro. As linhas 4-Amarela e 15Prata também funcionam as-

Gibran Calil, 18 anos

espaços públicos. “É necessário disciplinar a sociedade, coibir comportamentos que ferem a pessoa em sua individualidade e no coletivo. Tornando o ambiente seguro, você reduz o problema”. Há quem considere a medida imediatista, mas válida. Integrante do Movimento Mulheres em Luta, Camila Lisboa não concorda com o termo segregação. “Quem segrega é o machismo, com a humilhação a que submete as mulheres. Antes da segregação, há a violência sexual sofrida todos os dias”. Mesmo a favor dos vagões exclusivos, a feminista reitera que são três pilares que devem funcionar em conjunto para que a medida tenha sentido. “Ações de conscientização, incentivo às mulheres a denunciar e proteção. Com a determinação do vagão exclusivo, cumprimos apenas o último quesito, a proteção”, considera.

Contrário à medida, o Cfemea (Centro Feminista de Estudos e Assessoria) considera que a colocação de vagões exclusivos para mulheres tratase de uma política finalística de segurança pública, que precariza o debate e enfraquece as questões reais da violência contra as mulheres – sexismo, machismo e patriarcado. “Por essa lógica, um vagão só para mulheres se protegerem dos homens é tão ínfimo diante de tantos assédios cotidianos que as mulheres sofrem. É uma medida fraca, mas posta como forte”, defende Masra de Abreu, assessora técnica do Cfemea. Para a socióloga Marília Moschkovich, os vagões exclusivos ou preferenciais para mulheres não podem ser vistos como uma necessidade ou urgência social. Segundo ela, a medida é apenas uma entre as várias estratégias possíveis para lidar com o problema do assédio em

Leonor Germano, 47 anos


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INTERNET

Grupos combinam assédios pelas redes sociais Grupos de redes sociais, sites e blogs - formados, em sua maioria, por homens chegaram a defender as “encoxadas” em transporte público. Os participantes marcavam o que chamavam de “rolezinho”. As páginas no Facebook “Encoxadores e Encoxatrizes de Plantão”, que tinha 191 membros, e “Encoxa em São Paulo Linha Vermelha”, com 346 membros, já foram

projetos efetivos para o combate ao machismo e à violência sexual. “Você não garante segurança separando o indivíduo. Que proteção é essa que segrega? Para proteger, é preciso garantir a liberdade. A mulher e qualquer cidadão precisam se sentir seguros em todas as escolhas que fazem e em todos os lugares que permeam”, diz Roberta. Segundo ela, mais de 50% dos usuários dos metrôs brasileiros são do sexo feminino. “Um só vagão não comporta esse contingente”, considera. Roberta complementa que as ações para tratar o assé-

bloqueadas e investigadas pelo Ministério Público Federal. Sem constrangimento, os “encoxadores”, como se autodenominavam, compartilhavam experiências e trocavam imagens das vítimas e relatos do que muitas vezes chamavam de brincadeira. Tamanha a repercussão desses episódios de assédio, o Movimento Mulheres em Luta chegou a distribuir, no

“Que proteção é essa que segrega? Para sentir-se seguro, é preciso garantir a liberdade” ROBERTA MARCHESI, ANPTRILHOS

final de 2015, como uma forma do que chamam de “defesa”, alfinetes que vinham em um saco plástico com a seguinte frase “não me encoxe que eu não te furo”. Segundo uma das integrantes da organização feminista, Camila Lisboa, a mulher tem o direito de autodefesa. Pesquisa Um dos resultados da

dio devem coibir o comportamento do agressor. “Acreditamos que tratar o problema com a seriedade que ele requer seria a melhor estratégia para o Estado enfrentar de fato a questão da violência contra as mulheres. Medidas paliativas para momentos específicos só potencializam o problema.” Campanhas e fiscalização Com ou sem carro exclusivo, a opinião é unânime: campanhas de conscientização são o foco dos operadores dos sistemas de transporte sobre trilhos no Brasil e de

campanha “Chega de Fiu Fiu”, iniciada em 2013 por um projeto feminista chamado Think Olga, é que 85% das mulheres pesquisadas, em todo o Brasil, já tiveram o corpo tocado sem permissão em espaços públicos. Quando perguntadas sobre os locais do assédio, 64% relataram sofrer os constrangimentos em ônibus ou metrôs.

outros meios de locomoção, como os ônibus. “Abuso sexual é crime”, “Você não está sozinha”, “Se você foi vítima de assédio, rompa o silêncio” e “Mulher, você não é objeto” são alguns dos slogans que estampam as ações sobre a importância de denunciar os assédios. De cartazes e panfletos a avisos sonoros nas estações e dentro dos trens, as campanhas tentam trabalhar com algo maior do que um simples ato de segregar ou não: o comportamento, a educação e a cultura. Reforço na fiscalização e acolhimento adequado para fa-


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CPTM SÃO PAULO/DIVULGAÇÃO

SUPER VIA RIO DE JANEIRO/DIVULGAÇÃO

TRENSURB PORTO ALEGRE/DIVULGAÇÃO

TRENSURB PORTO ALEGRE/DIVULGAÇÃO

Campanhas tentam reforçar a conscientização dos passageiros em metrôs do país

cilitar denúncias, com o treinamento dos agentes de segurança, são outras apostas das empresas que administram os sistemas de metrô do país. “A abordagem da mulher vítima de assédio deve fazer com que ela se sinta o mais segura e confortável possível. Já houve aumento significativo no número de casos denunciados e punidos”, relata o chefe da segurança do metrô paulista. No ano passado, foram registradas 143 ocorrências, com 126 encaminhamentos de agressores às autoridades ou a prisões. Neste ano, em janeiro e fevereiro, foram 19 ocorrências.

Hoje, a depender do tipo de assédio sofrido pelas mulheres em locais públicos, muitos não são considerados crimes. Segundo Jorge Lordello, especialista em segurança pública e privada e pesquisador criminal, 90% dos casos se tornam contravenção penal, o que os juristas chamam de crime menor, resultante em multa. “Prisão mesmo somente em casos de estupro com flagrante ou com provas cabais para acusar o agressor. Quando se trata de assédio sexual, a legislação está muito voltada para os casos com vínculo empregatício. A puni-

Dos

4,7 milhões

de passageiros que circulam por dia no metrô paulista,

58%

são mulheres

ção para os assédios em transportes públicos não tem aspecto intimativo e acaba caindo em crimes de menor potencial ofensivo com aplicação de multa. Isso precisa mudar”, analisa. O Projeto de Lei nº 64/2015, de autoria do senador Romário Faria (PSB-RJ), em tramitação na Comissão de Constituição, Justiça e de Cidadania, quer tornar crime qualquer tipo de assédio contra mulheres em lugares públicos. A pena prevista é prisão de três meses a um ano e multa para o agressor. No Rio, uma lei, sancionada em 5 de abril deste ano pelo governo do Estado, prevê multas a homens que insistirem em utilizar o vagão exclusivo para as mulheres e pessoas com deficiência nos horários de pico. As penalidades variam de R$ 173 a R$ 1.090. O homem que for acusado de cometer assédio é encaminhado para a delegacia. O MetrôRio possui cerca de 800 câmeras de vigilância que cobrem todas as estações e geram imagens em tempo real para o Centro de Controle Operacional.


RISCO Os metrôs mais perigosos do mundo para as mulheres • Levantamento de 2014 da Fundação Thomson Reuters, criada no Reino Unido, apontou os países com os piores transportes públicos para mulheres • A pesquisa foi realizada em 15 grandes capitais, em colaboração com a empresa britânica de pesquisa YouGov. No total, 6.555 mulheres e especialistas no tema Gênero foram entrevistadas • A Fundação alerta que algumas grandes capitais não foram abordadas, ou por falta de dados confiáveis, como São Paulo, ou devido a conflitos civis, como Cairo, Daca (Bangladesh) e Kinshasa (República Democrática do Congo)

“90% dos casos de assédios em transporte público resultam em apenas multas ao agressor”

OS 5 MAIS PERIGOSOS 1º lugar – Bogotá, Colômbia Boa parte das mulheres tem medo de viajar após o entardecer, com receio de serem abusadas 2º lugar – Cidade do México, México Cerca de 60% das mulheres que utilizam o metrô na região já sofreram assédio 3º lugar – Lima, Peru Mesmo com as notificações de casos de abuso, nada foi feito ainda para garantir a segurança das mulheres peruanas no transporte público 4º lugar – Nova Déli, Índia Considerada uma das mais perigosas do mundo para mulheres viajarem à noite e sozinhas, a cidade adotou o vagão exclusivo para mulheres. No entanto, as usuárias continuam a relatar casos de assédio e falta de respeito no uso do carro privativo 5º lugar – Jacarta, Indonésia As mulheres de Jacarta são uma das principais defensoras mundiais de carros exclusivos para proteger as mulheres de abusos sexuais

JORGE LORDELLO, JURISTA CRIMINAL

Para o monitoramento de estações e trens no sistema paulista, são 3.500 câmeras, mais de 3.000 agentes de segurança e de operação do sexo feminino e masculino treinados para receber a vítima no ato da denúncia. Segundo a CPTM/SP (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos e Companhia do Metropolitano de São Paulo), mais de 80% dos casos de assédio, denunciados pelas mulheres, foram identificados pelos agentes de segurança do metrô e os infratores foram encaminhados à delegacia. Conforme Menezes, o aumento do número de punições se deve ao novo canal de comunicação dos passageiros com o Centro de

4º lugar Índia

1º lugar Bogotá

3º lugar Peru 5º lugar Indonésia

OS 2 MAIS SEGUROS 1º lugar – Nova York, EUA Equipada com um vasto sistema de rede de câmeras nos ônibus, metrôs e trens, é considerada a cidade mais segura para mulheres no transporte coletivo 2º lugar – Tóquio, Japão Uma das primeiras cidades a implementar vagões exclusivos para mulheres, em 2000. Medida veio por lotação extrema do metrô e excesso de casos de abuso Fonte: Fundação Thomson Reuters


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OMS

Brasil ocupa o 5º lugar em homicídios de mulheres O Mapa da Violência 2015 mostra que o Brasil - com sua taxa de 4,8 homicídios por 100 mil mulheres - ocupa a 5ª posição num grupo de 83 países com dados homogêneos, fornecidos pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Apenas El Salvador, Colômbia, Guatemala (três países latino-americanos) e a Rússia registraram taxas superiores às do Brasil. Em 2014, foram atendidas 223.796 vítimas de diversos

tipos de violência. Duas a cada três dessas vítimas de violência (147.691) foram mulheres que precisaram de atenção médica por violências domésticas, sexuais e/ou outras. Isso é: a cada dia de 2014, 405 mulheres demandaram atendimento em uma unidade de saúde por alguma violência sofrida. A violência física é a mais frequente. Está presente em 48,7% dos atendimentos, com especial inci-

INFRAÇÕES PENAIS Os atos de assédio contra mulheres configuram três tipos de infrações penais: IMPORTUNAÇÃO OFENSIVA AO PUDOR Art. 61 da Lei das Contravenções Penais: “importunar alguém, em lugar público ou acessível ao público, de modo ofensivo ao pudor” Pena: multa (valor é definido pela Justiça) POSSE SEXUAL MEDIANTE FRAUDE Art. 215: “ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima” Pena: reclusão de 2 a 6 anos ESTUPRO Art. 213: “constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso” Pena: reclusão de 6 a 10 anos Fonte: especialista em segurança pública e privada e pesquisador criminal, Jorge Lordello

dência nas etapas jovem e adulta da vida da mulher, quando chega a representar cerca de 60% do total de atendimentos. Entre 2003 e 2013, o número de vítimas do sexo feminino passou de 3.937 para 4.762, incremento de 21% na década. Essas 4.762 mortes em 2013 representam 13 homicídios femininos diários. Cerca de 31% dos casos aconteceram na rua e 27,1% na residência da vítima.

Controle de Segurança: o SMS Denúncia (11) 97333-2252. Por meio desse número, qualquer passageiro que se sentir agredido ou lesado pode enviar uma mensagem, e a central aciona a equipe de segurança mais próxima. Em sete minutos, no máximo, segundo levantamento da CPTMSP, as ocorrências acionadas por esse serviço são atendidas. A mulher é orientada a dar detalhes das características do agressor, caso o segurança não chegue a tempo. As câmeras também auxiliam nesse processo. “Toda história tem uma voz. Você deve fortalecer as mulheres, dar a elas ferramentas que a façam sentir segura. Isso também

“Quem segrega é o machismo, com a humilhação a que submete as mulheres todos os dias” CAMILA LISBOA MOVIMENTO MULHERES NA LUTA

inibe a atitude do agressor e tira do imaginário que a agressão será impune”. Adirma o chefe do Departamento de Segurança do Metrô de São Paulo, Rubens Menezes. O Metrô DF também disponibiliza um canal de comunicação, via WhatsApp, no número (61) 9220-0176, com o Centro de Segurança. Só em 2015, 1.835 casos foram informados sobre homens que usaram o vagão exclusivo – uma média de 145 casos por mês. Neste ano, nos três primeiros meses, foram comunicados 225 casos, sendo 75 por mês. Para Victor Mafra, diretor de operações, a medida foi bem aceita no metrô da capital do país, mas as mulheres ainda questionam a iniciativa. l




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AQUAVIÁRIO

Novas regras para contêineres Embarcadores terão que declarar peso preciso da carga transportada em navios; aferição já é feita no Brasil e tem objetivo de prevenir acidentes POR

partir de 1º de julho, o setor aquaviário passará a conviver com nova regra para a pesagem dos contêineres embarcados em todo mundo. O dono da carga, ou embarcador, terá que providenciar um certificado de massa bruta de cada contêiner antes da partida dos navios. Caso não informe o pe-

A

EVIE GONÇALVES

so, o transporte não será feito. Os armadores (donos das embarcações) só poderão realizar o deslocamento se receberem a informação. A medida foi adotada por uma convenção de segurança da IMO (International Maritime Organization, na sigla em inglês) e é válida internacionalmente. No Brasil, a DPC (Diretoria de

Portos e Costas) regulamentou a pesagem obrigatória de contêineres embarcados por meio da portaria n°164/DPC, assinada no dia 25 de maio. A portaria estabelece as normas sobre a determinação da massa bruta dos contêineres embarcados no território nacional e diz que “é do embarcador a responsabilidade sobre a obtenção, documenta-

ção, registro e informação da massa bruta verificada”. Ele deve assegurar-se de que esses dados sejam informados ao armador e ao terminal com antecedência suficiente em relação ao carregamento do navio. O modo pelo qual o embarcador fornecerá esse dado ao navio, ao armador e ao terminal deverá ser acordado entre


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ARQUIVO CNT

as partes. A portaria diz ainda que a maneira de informar esse dado deverá ser, preferencialmente, por meio eletrônico. Independentemente da forma, a declaração da massa bruta verificada deverá ser assinada por uma pessoa autorizada pelo embarcador. Veja mais detalhes na página 46. Nos últimos meses, havia

muitas dúvidas sobre como a determinação valeria na prática e se isso acarretaria novos custos, caso as cargas tivessem que ser pesadas nos terminais. Atualmente, a pesagem já é feita antes da chegada ao porto. Entretanto, a IMO concluiu que parte dos contêineres não é embarcada com as informações corretas de peso, o que causa

diversos acidentes, inclusive fatais, em todas as etapas da cadeia logística. E por isso optou por não mais tolerar informações imprecisas. Uma das técnicas adotadas pelos embarcadores é a verificação do peso dos contêineres e das mercadorias separadamente e a soma ao final do processo. Outra possibilidade é a pesagem

do contêiner com a mercadoria dentro dele. Independentemente do método, os armadores apenas recebem a informação e dispõem as cargas no navio de acordo com o peso declarado. Para o presidente da Fenamar (Federação Nacional das Agências de Navegação Marítima), Waldemar Rocha, a nova regra terá maior eficácia em outros países. “Quando se fala no mundo, existem locais onde a pesagem não é realizada e, nesse caso, a medida é muito importante por questões de segurança. Por aqui, a Receita Federal já obriga essa verificação”, explica. Outros questionamentos do setor dizem respeito à fiscalização da exigência do documento, às penalidades em caso da não apresentação, à possibilidade de sobrestadia e ao aumento da taxa cobrada pela permanência nos portos até que a pendência se regularize e aos responsáveis pela emissão do certificado. “Pelo que consta, o exportador é responsável por declarar o peso


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NORMAS PARA PESAGEM Regras da portaria nº 164 PRINCIPAIS PONTOS • A pesagem poderá ser realizada pelo embarcador ou por um terceiro, contratado por ele • Somente deverão ser utilizados instrumentos de pesagem de modelo aprovado em conformidade com as disposições da Portaria nº 236/94 do Inmetro, ou outro documento que venha substituí-la, e verificados pela referida autarquia • É do embarcador a responsabilidade sobre a obtenção, documentação, registro e informação da massa bruta verificada • O embarcador deve assegurar-se de que a massa bruta verificada seja informada ao armador e ao terminal com antecedência suficiente em relação ao carregamento do navio • A maneira de informar esse dado deverá ser, preferencialmente, através de meio eletrônico • A declaração deverá ser assinada por pessoa devidamente autorizada pelo embarcador, com a identificação do seu CNPJ, CPF ou o número do Passaporte • Nenhum contêiner objeto da presente norma poderá ser embarcado sem que a massa bruta verificada tenha sido devidamente determinada, declarada e informada MÉTODOS DE PESAGEM 1 Contêiner cheio e lacrado 2 Pesagem separada das embalagens e itens de carga, incluindo a massa dos páletes, madeiras de estiva e outros itens de embalagens e materiais utilizados para fixação da carga, somados à tara do contêiner EXCEÇÕES • O uso do Método 2 fica proibido para certos tipos de carga em que o mesmo seja inadequado e impraticável, tais como grãos a granel, sucata de metais e outras cargas a granel • Embalagens individuais seladas na origem, cujas massas das embalagens e dos itens de carga no seu interior tenham sido determinadas e estejam claras e permanentemente marcadas na sua superfície, não necessitam ser pesadas novamente quando forem carregadas no contêiner • Quando o contêiner cheio for pesado em conjunto com um veículo rodoviário, a tara do veículo e o combustível existente no tanque devem ser subtraídos da massa total do conjunto • Quando dois contêineres cheios forem pesados em conjunto com um único veículo, suas massas brutas deverão ser determinadas através da pesagem de cada contêiner separadamente. Após a subtração da tara do veículo, a divisão da massa bruta total dos contêineres não é um procedimento permitido Fonte: Diretoria de Portos e Costas - Marinha do Brasil

Contêineres carregados acima da capacidade de peso

bruto do seu contêiner. A dúvida que fica é: a mesma pessoa que teoricamente poderia estar extrapolando o peso vai emitir um certificado dizendo que está dentro do limite permitido?”, questiona o assessor do Sinditabaco (Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco), Carlos Alberto Sehn. A DPC informou que a fiscalização das regras será feita pelos inspetores navais lotados nas

capitanias, delegacias e agências da Marinha e se dará por meio de inspeções não programadas a bordo das embarcações. A portaria não deixa claro, entretanto, qual a punição caso os contêineres sejam embarcados com peso divergente do declarado. Prevenção A regra foi criada pela IMO, em 2014, para promover


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ED FERREIRA SEP/DIVULGAÇÃO

TRANSPORTE

Movimentação em 2015

podem quebrar guindastes nos portos

maior segurança ao transporte marítimo e prevenir acidentes, uma vez que, sem a obrigatoriedade da informação, navios são frequentemente carregados com sobrepeso. A organização avalia que, com determinações mais rígidas, esses imprevistos serão reduzidos. O especialista em regras da IMO, Nilton Marroig, ressalta que a medida é acertada. “Já soube

Embora represente parcela pequena do total da movimentação do setor aquaviário, os contêineres têm papel importante no transporte de mercadorias específicas, como cargas frigoríficas e soja. Em 2015, foram cerca de 100 milhões de toneladas transportadas, 10% do total movimentado. Os principais destinos foram Estados Unidos, China e Singapura. Segundo dados da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), granéis sólidos e líquidos aparecem em primeiro e segundo lugares. A navegação de longo curso é o principal destino da movimentação por contêineres, sendo grande parte escoada pelos portos públicos e uma parcela infe-

de casos de contêineres que arrebentaram porque o peso era maior do que resistia. Também já houve casos de guindastes quebrados pelo mesmo motivo”, explica. Pessoas ligadas ao setor também relataram que já houve casos em que um navio com capacidade para 8.000 toneladas foi carregado com 2.500 toneladas de peso adicionais a bordo. O sobrepeso não causou acidentes, mas gerou

rior pelos TUPs (Terminais de Uso Privado). Entre os principais portos responsáveis por esse tipo de transporte, estão Santos (SP), Paranaguá (PR), Rio Grande (RS), Manaus (AM) e Suape (PE). Os TUPs, entretanto, têm aumentado esse tipo de transporte. Enquanto, em 2010, 15% das cargas eram conteinerizadas, em 2015, a movimentação cresceu para 26%. Segundo a CBC (Câmara Brasileira de Contêineres, Transporte Ferroviário e Multimodal), os principais contêineres transportados no país são de 20 pés e 40 pés. O primeiro pesa 2,3 toneladas e tem capacidade para armazenar 26 toneladas. Já o segundo pesa 3,5 toneladas e pode transportar até 34 toneladas.

“A medida é muito importante por questões de segurança” WALDEMAR ROCHA PRESIDENTE DA FENAMAR

aumento desnecessário no consumo de combustível. Motoristas de caminhão também disseram ter transportado um contêiner com carga declarada de 30 toneladas, mas que quando foi pesado, possuía quase 100 toneladas. Waldemar Rocha, da Fenamar, avalia que a medida vai orientar armadores a disponibilizarem corretamente os contêineres nos navios. “Um exportador que declara peso menor coloca em risco a segurança da embarcação. Muitos contêineres são disponibilizados no convés. Se a informação repassada estiver errada, a estabilidade do navio fica ameaçada e ele pode tombar.” O vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), Carlos Portella, acredita que, apesar dos riscos, o processo é seguro no Brasil. Ele ressalta que, além da pesagem, as cargas também são escaneadas. “No Rio de Janeiro, por exemplo, 100% da exportação passa por um scanner. Não é necessário mais um documento para uma prática já confiável”, conclui. l


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Arte lá em

Seja para homenagear figuras públicas ou para campanhas aéreas usam pinturas especiais para chamar a atenção do viajante


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AÉREO

ALL NIPON AIRWAYS/AFP/DIVULGAÇÃO

POR

cima

institucionais, companhias e reforçar as suas marcas

CECÍLIA MELO

prática existe há mais de 100 anos. Em 1913, italianos e alemães já decoravam suas aeronaves militares. Na Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos usavam as pinturas em aviões com o intuito de amenizar o clima da época com a figura das famosas pin-ups. Em 1988, um avião norte-americano foi lançado com uma pintura em homenagem à Shamu, a orca que se tornou símbolo do parque aquático americano Sea World. Desde então, as companhias aéreas vêm buscando oportunidades de retratar situações e momentos importantes que tenham relação direta com a identidade e os objetivos de cada companhia para gerar engajamento e despertar a curiosidade dos viajantes. No Brasil, as empresas passaram a usar o espaço externo de suas aeronaves para divulgar destinos turísticos, homenagear ícones da cultura nacional, artistas, personagens infantis e até em campanhas institucionais e de conscientização. Os 450 anos do Rio de Janeiro com as ondas do famoso calçadão de Copacabana, os 20 anos da morte do piloto Ayrton Senna e a comemoração dos 80 anos de Maurício de Sousa, cartunista responsável pelos gibis da Turma da Mônica, são alguns exemplos de pinturas já utilizadas. Em todo o mundo, a inspiração vai além. Personagens infantis e filmes, como Pokémon, Mickey, Hobbit, o robô R2-D2 da saga Star Wars, a arara-azul Blu do filme brasileiro Rio e imagens que retratam a diversidade da fauna e da flora de cada país e continente também estampam as aeronaves. A Alaska Airlines, por exemplo, pintou um de seus aviões com figuras típi-

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cas que remetiam à neve e aos animais da região. Com um grafite emblemático dos artistas plásticos Otávio e Gustavo Pandolfo, OSGEMEOS, a Gol deu uma nova cara para seu Boeing 737, usado durante a Copa do Mundo de 2014 para transportar a seleção brasileira. A obra recriou o objetivo da companhia: uma estampa exclusiva que retratasse a torcida brasileira em sua diversidade. Segundo a Gol, “mais do que pintar uma aeronave, a ideia foi presentear os clientes com uma obra de arte”. Cerca de 1.200 latas de spray de tinta própria para aeronaves, trazidas da Espanha especialmente para o grafite, foram usadas. Foram cem horas de trabalho. A aeronave grafitada ainda continua voando. O primeiro avião da Gol foi pintado em 2011, para comemorar os 10 anos da empresa. No lugar do branco tradicional, a aeronave recebeu um banho de tinta laranja com a mensagem “GOL 10 anos”. A segunda aeronave pintada foi em homenagem ao voo com destino a Miami para os clientes do programa de fidelidade Smiles, que recebeu uma pintura laranja e a logomarca do programa. Nos últimos dois anos, durante o mês de outubro, algumas

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As primeiras pinturas em aviões começaram a surgir nos Estados Unidos, durante a Segunda Guerra Mundial.

Cerca de 1.200 latas de spray de tinta foram usadas pela Gol em grafite dos OSGEMEOS

aeronaves da Gol foram estampadas com a fita rosa, símbolo da causa que incentiva a prevenção do câncer de mama. Outras iniciativas também já foram feitas pela companhia, como a mensagem “#éTóiss”, em homenagem ao jogador Neymar, após o incidente na partida do Brasil contra a Colômbia na Copa do Mundo de 2014, e o concurso cultural “Pintou um Gol”, no qual os participantes tinham a oportunidade de ter seu desenho estampado no Boeing 737/800 da empresa. “Ca-

da ação tem um objetivo específico, mas o principal deles é impactar as pessoas de forma positiva, levando sempre uma mensagem que possa incentivar uma causa”, informa a companhia. Desde 2010, a Azul Linhas Aéreas, famosa por aeronaves com cores e imagens que reforçam a identidade e a bandeira do Brasil, já pintou mais de 12 aviões de sua frota. Sua primeira ação foi uma aeronave personalizada, a Rosa e Azul, fruto de uma parceria com a Femama (Federação Brasileira de


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LISTA CURIOSA/DIVULGAÇÃO

REGRAS

Regulamentação e segurança

Inspiração vinha das famosas pin-ups

Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama) e a Fundação Laço Rosa para conscientizar sobre o combate ao câncer de mama. Batizado de Espírito de União, outro avião da empresa que simboliza a fusão da companhia com a Trip, ocorrida em 2012, o avião Azul e Verde destaca a importância da sustentabilidade. Para o reforço da marca nacional em terras estrangeiras, a Azul criou os aviões Big Blue Bus e Nação Azul, que realizam apenas rotas internacionais. A

A Anac (Agência Nacional de Aviação Cicvil) não restringe mudanças de cores e padrões nos aviões. Mas há uma regulamentação que dá diretrizes referentes à identificação da aeronave. Nela, há a forma correta de se identificar a matrícula do avião e a responsabilidade do explorador de deixá-la sempre visível, como também deixar claro o fim a que ela se destina. As tintas aeronáuticas e adesivos utilizados para esse

personalização mais recente celebra a parceria entre a companhia e a SKY, fornecedora do entretenimento de bordo nos voos domésticos da companhia. “As pinturas representam o DNA de inovação e paixão presentes em nossa marca. Cada pintura tem uma finalidade, promover a marca, as nossas unidades de negócio, as causas apoiadas e os parceiros.”, destaca Claudia Fernandes, diretora de Marketing e Comunicação da Azul.

fim devem ter excelente acabamento, custo-benefício e durabilidade. Mas elas também devem cumprir várias exigências para manter a segurança do voo. Além do vento, as pinturas devem suportar as variações das intempéries: temperaturas de até - 50° graus em grandes altitudes e até 40° graus na superfície, umidade e chuva, além de poeira ou mesmo pequenas partículas de pe-

“As pinturas representam o DNA de inovação e paixão presentes em nossa marca” CLAUDIA FERNANDES DIRETORA DE MARKETING E COMUNICAÇÃO DA AZUL

dras que são lançadas na fuselagem e nas hélices. Para a Líder Aviação, empresa especializada em pinturas de aeronaves, e para as companhias aéreas, a pintura do avião não é apenas uma questão estética; envolve também segurança. Um desafio é proteger as partes da aeronave que não devem ser pintadas, como antenas, sondas e elementos de detecção.

A decoração das aeronaves pode ser feita por meio de pintura com tinta ou aplicação de adesivo e é realizada pelas fabricantes ou pelas próprias companhias aéreas. No caso da Gol, o processo é feito no Centro de Manutenção da companhia, localizado em Confins (MG). Há um hangar específico, com sistema de exaustão, de modo que nenhum resíduo seja disperso na atmosfera, sem o devido tratamento. Já na Azul, é a empresa brasileira TAP M&E Brasil (TAP Manutenção e Engenharia


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ALTERAÇÃO

Quando uma companhia aérea decide recriar sua marca, ela precisa trocar a identidade visual de toda sua frota de aeronaves. Isso requer novos processos de pintura. Em 2015, a Gol lançou seu novo logotipo, após 14 anos com a mesma marca. Na época, a empresa passou por uma remodelagem de toda a sua identidade visual e ainda continua nesse processo, que é complexo e mais demorado. O mesmo acontece agora com a TAM. Após a fusão com a LAN, empresa aérea do Chile, ambas se tornaram o grupo Latam Airlines. A primeira aeronave com a nova logomarca da companhia aérea entrou em

Brasil) quem faz as pinturas nas aeronaves. Quase todas as partes externas do avião podem ser pintadas para proteção, principalmente as que possuem alumínio. As exceções são isolamentos e partes em aço inoxidável, partes dos motores e estabilizadores, bordas de janelas e portas, pois são áreas suscetíveis à formação de gelo. O ideal é que a pintura básica do avião seja removida antes de aplicar a nova. A tinta utilizada é à base de uretano, capaz de proteger a

operação para buscar a Tocha Olímpica, em Genebra, na Suíça. A Latam espera finalizar a pintura exterior de mais de 50 aeronaves ainda este ano e concluir a alteração de toda a frota até 2018. A pintura das aeronaves leva, em média, de 6 a 12 dias para ser aplicada e é realizada durante a manutenção de rotina dos aparelhos. Para essa mudança, a empresa utiliza uma nova tecnologia 25% mais leve do que a convencional. Com ela, a empresa deve obter uma redução de 20 kg, em média, em todas as aeronaves da companhia que mudarem a imagem. Em sua história, a TAM Linhas Aéreas contabiliza mais

de 30 aeronaves adesivadas ou pintadas em ocasiões corporativas, campanhas publicitárias e homenagens. Em fevereiro deste ano, a companhia e o Walt Disney World lançaram o Avião dos Sonhos, com imagens dos personagens Mickey, Minnie, Donald e Pateta. Para relembrar os principais momentos que marcaram a história da TAM nas décadas de 1970 e 1990, a empresa criou a campanha Vintage. O projeto repaginou duas aeronaves tanto na pintura externa quanto no interior dos aviões com carpetes, cortinas e poltronas idênticos aos da época, além da adequação dos uniformes da tripulação com o estilo usado nessas décadas.

As pinturas devem suportar – 50° graus em grandes altitudes e até 40° graus na superfície

fuselagem da aeronave e dar brilho, sem precisar de verniz, como é feito na indústria automotiva. No caso do adesivo, o produto já vem com uma cola especial, e adicionalmente é colocado um verniz para proteção nas bordas. O tamanho do adesivo a ser utilizado depende do tipo de arte. Na Gol, todo o cálculo é feito baseado nos aviões Boeing 737/700 ou 737/800, respectivamente para 177 e 138 passageiros. Na companhia, o tamanho pode ser de

JETPHOTOS/DIVULGAÇÃO

Identidade visual nova; pintura nova

cerca de 470 m2 e o peso aproximado é de 500 gramas. As companhias aéreas não possuem uma verba específica destinada a essas ações com pinturas e adesivos, nem informam o valor investido, devido ao ineditismo das mesmas. A maioria delas fazem parte do planejamento estratégico e institucional da própria empresa e/ou está dentro da área de marketing. São focadas em valorizar a marca, além das causas nas quais as companhias apoiam e acreditam, em consonância com as dire-


CNT TRANSPORTE ATUAL

Companhias aéreas colorem suas aeronaves. Prática se torna cada vez mais explorada

trizes da instituição. Mas há espaço para propagandas de empresas, parceiras ou não. A pintura na parte externa das aeronaves também é tratada como mídia. No caso da Azul, empresas como a Coca-Cola, por exemplo, já usaram essa estratégia para divulgar uma ação específica e, ao mesmo tempo, fortalecer a marca. No entanto, o custo para este tipo de mídia espontânea é muito alto. Para o coordenador de Marketing e Franquia da Fundação Getúlio Vargas, Daniel de Plá, a ini-

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TAM/DIVULGAÇÃO

AVIANCA/DICULGAÇÃO

AZUL/DIVULGAÇÃO

MAIO 2016

ciativa é uma estratégia eficiente, pois chama a atenção do usuário, ao mesmo tempo que valoriza a identidade da empresa. “O simples fato de expor a marca de forma inovadora gera uma sensação de maior vínculo do consumidor, faz com que ele acredite no que a empresa faz. Isso é o ponto crucial para qualquer instituição, porque dessa forma o usuário vai atrás da marca, nem que pague mais por isso. É o que chamamos de “Mere-exposure effect”, uma teoria do Marketing”.

“É uma verdadeira obra de arte e beleza aos olhos dos viajantes” DANIEL DE PLÁ COORDENADOR DE MARKETING DA FGV

Em quase três horas aguardando uma conexão no aeroporto, enquanto concedia a entrevista à CNT Transporte Atual por telefone, o especialista em marketing viu passar no pátio uma aeronave da Gol com a pintura que remete à seleção brasileira nas cores da bandeira do país. “É uma verdadeira obra de arte e beleza aos olhos dos viajantes. Deixa o ambiente dos aeroportos, sempre muito parecidos, menos monótonos. Não há como passar despercebido por uma pintura em um avião.” No entanto, o especialista alerta: tem que ser algo pontual. As companhias precisam reservar, no máximo, até 10% da frota de aviões para essa ação. E ela precisa ser renovada a cada dois ou três meses para surtir o efeito esperado no viajante: o ineditismo, a curiosidade pelo novo. “O retorno pode até ser imediato, em alguns casos, mas o que mais se busca é a valorização da marca e dos objetivos da instituição. Mostrar que ela preza pela cultura, arte e história do país e do mundo. Por isso não pode ser frequente.” l


PORSCHE/DIVULGAÇÃO

AUTOMOBILISMO

A maior corrida Históricas e essenciais ao automobilismo, as 24 Horas de Le Mans preservam POR

DIEGO GOMES

história do automobilismo se confunde com as 24 Horas de Le Mans. A mais antiga corrida de endurance (resistência) do mundo foi criada em 1923, em meio aos primórdios da indústria automobilística, como uma contribuição para o progresso técnico e com o propósito de favorecer o desenvolvimento dos automóveis. Apontada como a maior corrida do mundo, a tradicional prova é disputada anualmente nos arredores da pequena cidade de Le Mans (150 mil habitantes), na França, nas acentuadas retas do Circuit de

A

la Sarthe, palco das mais de 80 edições do evento. Com o passar das décadas, o fim da era romântica dos carros e a sucessão de eventos históricos, as 24 Horas de Le Mans ganharam notoriedade, sobreviveram à Segunda Guerra Mundial – mesmo tendo sido suspensas entre 1940 e 1949 –, contornaram uma tragédia que reescreveu os rumos da categoria e se tornaram referência. Sua importância pode ser mensurada a partir do envolvimento das fabricantes e do status que conquistou. Não à toa, Le Mans compõe, ao lado do Grande Prêmio de Mônaco de Fórmula 1 e das 500 Milhas de Indianápolis, a “Trí-

plice Coroa” do automobilismo. O único piloto a vencer essas três míticas corridas foi o inglês Graham Hill, que conquistou Le Mans em 1972, ao lado de outra lenda da prova, o francês Henri Pescarolo. Na edição inaugural, largaram 33 duplas. A vitória foi de dois franceses, René Leonard e André Lagache, num carro chamado Chenard & Walcker, cujo exemplar é exibido no Museu de Le Mans, atração situada nas imediações do circuito. Cenário para históricos embates, a corrida vive hoje – a despeito da crise econômica que afeta o mundo – um pródigo período. Depois dos 56 carros alinhados em 2015, as 24 Horas de Le Mans

de 2016 terão, entre 18 e 19 de junho, contornos épicos com o número recorde de 60 carros, em quatro categorias. O aumento foi consequência do nível técnico dos competidores, considerado muito alto pela organização, e graças às novas garagens construídas no final do pit-lane (faixa de circulação delimitada por um muro, que a separa da pista, na qual equipes e pilotos se preparam e arrumam os seus carros durante o fim de semana de competição). Com isso, a 84ª edição da prova iguala o número de participantes da edição de 1955. "É realmente uma boa notícia. Decidimos abrir as quatro garagens em vez das duas que es-


AUDI/DIVULGAÇÃO FIA/DIVULGAÇÃO

do planeta aura romântica e se preparam para bater recordes em 2016 tavam previstas, por isso vamos ter um grid incrível de 60 carros", disse o presidente do Automóvel Clube de l'Ouest (organizadora da prova), Pierre Fillon, em comunicado oficial à imprensa. Rodrigo Mattar, comentarista de automobilismo dos canais Fox Sports e especialista em provas de endurance, destaca a importância da corrida para o aprimoramento da indústria. “Le Mans sobreviveu à crise do petróleo e ao fim do World Sportscar Championship, antigo circuito de endurance. Como efeito, a edição da corrida em 1993 apresentou o pior grid: só 29 carros competiram. Mas Le Mans é Le Mans. Sem fazer

parte de nenhum campeonato, sobreviveu e voltou à pujança de outros tempos”, acrescenta. Ao longo dos anos, o traçado de Sarthe passou por diversas alterações e adaptações de extensão, de estrutura e de segurança. Hoje, são 13.629 metros formados por trechos permanentes e estradas locais. Independentemente disso, foi palco de grandes duelos. “A batalha Ferrari versus Ford nos anos 1960 foi uma delas. Os norteamericanos passaram como trator sobre os italianos e depois veio um longo período de dominação da Porsche, quebrado aqui e ali por vitórias pontuais de construtores franceses, como a Renault, a

Rondeau e a Peugeot”, recorda Mattar. De acordo com ele, Le Mans assiste, hoje, ao domínio impressionante da Audi, que, desde 2000, emplacou 13 conquistas, perdendo apenas duas para a Bentley (que corria com motor Audi) em 2003 e para a Peugeot em 2009. “Os ‘Senhores dos Anéis’ (a Audi) são uma séria ameaça ao recorde da Porsche, de 16 triunfos.” As 24 Horas de Le Mans fazem parte, hoje, do WEC (World Endurance Championship), campeonato disputado por quatro categorias: LMP1, com protótipos fechados de equipes oficiais de fábrica e/ou particulares, admitindo motores com sistemas híbridos;

LMP2, com protótipos abertos ou fechados de equipes particulares, com motores de blocos de série ou de competição, misturando pilotos profissionais e amadores; LMGTE-PRO, para modelos grã-turismo de competição construídos em 2015 com pilotos profissionais; e LMGTE-AM, para modelos grã-turismo de competição com um ano de uso e mesclando profissionais e amadores. A FIA implantou um sistema de graduação de acordo com o currículo, experiência e idade dos pilotos: Platina, Ouro, Prata e Bronze. “Pela duração da corrida, a mais longa de um campeonato em que as demais provas têm até seis horas de duração, a pontuação é dobrada. Ou seja, a vitória em cada categoria vale 50 pontos. Por esse motivo, todo mundo sonha em ganhar a prova. Mas não é qualquer um que a vence”, diz Mattar. O maior vencedor entre todos foi o dinamarquês Tom Kristensen, recém-aposentado. O piloto ganhou a prova nada menos que nove ve-


BRASIL

Expectativas e história no circuito francês São seis os brasileiros confirmados, até o momento, para a edição de 2016 das 24 Horas de Le Mans – Nelsinho Piquet, Lucas di Grassi, Pipo Derani, Bruno Senna, Oswaldo Negri Jr. e Fernando Rees. Nelsinho retorna às 24 Horas após dez anos. Em 2006, o piloto disputou a prova na classe LMGT1 e terminou em quarto lugar. Agora, o atual campeão mundial da Fórmula E assinou com a equipe Rebellion Racing para competir no protótipo #12 da classe LMP1, categoria principal, ao lado do francês Nicolas Prost e do alemão Nick Heidfeld. “Estou muito motivado em competir pela Rebellion em diversas provas, principalmente em Le Mans. Já corri muitas provas grandes em várias categorias ao longo de mais de 20 anos de carreira, mas essa é uma das principais. É um evento único e tenho muita vontade em acelerar novamente em Le Mans. Não poderia ter companheiros mais competentes que Nico e Nick para essa missão”, diz Piquet. Com pretensões ambiciosas, Bruno Senna demonstra confiança no desempenho da sua equipe, a recém-formada RGR. A ideia é

buscar tanto a vitória em Le Mans quanto o título do mundial de resistência. “Desde o início do projeto da equipe no fim de 2015, a intenção era entrar em Le Mans e no WEC para vencer. A LMP2 ficou mais e mais competitiva durante os meses que antecederam a temporada, com mais equipes e pilotos de alto nível. Com certeza, Le Mans representa um dos maiores desafios no automobilismo, mas com um grid competitivo de 60 carros, essas 24 Horas vão ser históricas e extremamente disputadas em todas as categorias”, comenta Senna, que revela que um dos seus maiores sonhos é ganhar nas ruas de Sarthe. O circuito é francês, mas a bandeira verde e amarela já tremulou muitas vezes por lá. Pilotos brasileiros como Raul Boesel, Nelson Piquet, Christian Fittipaldi, Ricardo Zonta e outros menos conhecidos – como Fritz d’Orey e Bernardo Souza Dantas – também fizeram história. O primeiro capítulo brasileiro na competição foi escrito em 1935, com Bernardo Souza Dantas, que disputou a prova a bordo de um Bugatti Type 6, ao lado de Roger Teillac. Eles abandonaram a disputa e ficaram em 33º lugar. De lá para cá, dezenas de pilotos brasileiros

já se aventuraram nos 13.650 metros do circuito de Sarthe. O mais conhecido é Nelson Piquet. O tricampeão da Fórmula 1 correu em Le Mans em 2006 e 2007 - pilotou um McLaren F1 GTR BMW e seu melhor resultado foi um oitavo lugar em 2006. Em 1978, um trio brasileiro conseguiu o melhor resultado do país nas 24 Horas de Le Mans. Paulo Gomes, Marinho Amaral e Alfredo Guaraná Menezes terminaram em sétimo lugar geral e em segundo no grupo 5. Com a infraestrutura de uma equipe francesa, os três aceleraram a bordo de um Porsche Turbo.

O Circuit de la Sarthe é um dos

MOTORSPORT/DIVULGAÇÃO

Lucas Di Grassi é o brasileiro com mais chances de vitória O dia que está marcado

zes, superando de longe o antigo recorde, que pertencia ao belga Jacky Ickx, com seis triunfos. Tecnologia Tanto Le Mans quanto o WEC concentram supercarros com tecnologias que chegarão aos modelos de rua muito antes das aplicadas na Fórmula 1. Le Mans é conhecida por sua linha "desenvolvi-

mentista", uma vez que, recorrentemente, é laboratório para testar resistência e eficiência de itens usados em veículos de produção. Exemplo disso é que cada vez mais fabricantes apostam nas corridas de resistência e replicam técnicas na produção em escala. Toyota e Audi participam do circuito desde a primeira etapa – com essa nomenclatura – em 2012.

Em 2014, a Porsche retornou à disputa. No ano passado, foi a vez da Nissan e, neste ano, da Ford. Os carros que passam por Sarthe e por outros circuitos consagrados do torneio de resistência antecipam uma série de tecnologias que estarão nas ruas a posteriori. A Nissan, por exemplo, em 2015, utilizou um conjunto incomum na categoria, com motor e tração

dianteiros, ao passo que a maior parte dos competidores apostou em carros com motor e tração nas rodas de trás. O GT-R LM Nismo, como o protótipo foi nomeado, contou com um motor V6 3.0 biturbo de 550 cavalos (o mesmo propulsor do GT-R), aliado a um conjunto de motores elétricos, que somados, podem ultrapassar os 1.600 cv (cavalo-vapor, equivalente a


MOTO JP/DIVULGAÇÃO

LE MANS Números e curiosidades

19 minutos e 74 segundos: recorde da volta mais rápida em prova, do francês Loïc Duval, na edição de 2010 Thomas Erdos é o brasileiro que mais vezes disputou Le Mans: no total, foram 13

24 brasileiros já disputaram a prova Recorde de vitórias de um fabricante de pneus em Le Mans, no caso a Dunlop: 34 Ao longo da história, 57 mulheres competiram em Sarthe pelo menos uma vez. A francesa Anne-Charlotte Verney foi a mais presente, em 10 oportunidades

mais dos longos do mundo com 13.629km LE MANS ARQUIVO/DIVULGAÇÃO

O sul-africano Mark Patterson, radicado nos EUA, foi o mais velho piloto da lista de inscritos, com 63 anos Média horária recorde, registrada em 2010 por Romain Dumas/Timo Bernhard/Mike Rockenfeller: 225 minutos e 228 segundos Média horária recorde registrada em qualificação no ano de 1985, pelo alemão Hans-Joachim Stuck, a bordo de um Porsche 962C: 251 minutos e 815 segundos Total de voltas percorridas por Romain Dumas/Timo Bernhard/Mike Rockenfeller em 2010, o maior da história: 397 Velocidade alcançada por Roger Dorchy a bordo de um WM Secateva na edição de 1988 das 24 Horas de Le Mans: 405 km/h Potência do Toyota TS040 Hybrid com o uso de um motor V8 aspirado de 520 HP e um Supercapacitor de 480 HP extras: 1000 HP Público que passou pelas bilheterias de Sarthe em 2014, número recorde: 263.300 pessoas Fonte: Grande Prêmio Ícones: freepik.com

na história do automobilismo mundial

0,98629 hp – sigla de horsepower, unidade de potência do sistema inglês). Para a corrida, entretanto, o número ficou na casa dos 1.200 cv. O câmbio foi sequencial de cinco marchas. Entre os carros que disputam Le Mans, o GT-R LM Nismo é o mais próximo do que se pode ter de um veículo de rua. Já a Audi utilizou o campeonato para aprimorar suas tecnologias híbri-

das, chamadas de e-tron, e de redução de peso, batizada de Ultra. Há cinco anos, a marca adotou as tecnologias, misturando motores e diesel e elétrico, e usando de forma abundante a fibra de carbono na construção dos carros. Detalhes A preparação para o WEC – e, especialmente, para as 24 Horas de

Le Mans – envolve cifras milionárias. Além disso, a logística das equipes é um diferencial para garantir bons resultados. Para uma equipe competir no WEC com um carro, os custos por temporada variam entre 2,5 e 3 milhões de euros, segundo o site endurance.info. Como Le Mans é a principal atração do campeonato, muitas equipes montam seus orçamentos ba-

seados na corrida. Os custos com a corrida, entre treinos, pneus, combustível e alojamentos, variam de 700 a 800 mil euros (30% do orçamento para correr em todas as etapas do WEC). Não há limites de custos para os protótipos da classe LMP1. Porsche, Audi e Toyota, por exemplo, testam de acordo com seus interesses, com orçamentos similares aos praticados na Fórmula 1. Na classe LMP2, os custos são fixos em 370 mil euros, sem motor – e um kit Le Mans por mais 10 mil Euros. A parte de desenvolvimento não pode exceder os 35 mil Euros com testes. A Porsche vende o seu 911 RSR por 750 mil Euros. Cada piloto ganha de 200 mil a 600 mil euros, a depender da sua experiência. Por esse motivo, diversos pilotos amadores e/ou com elevado poder aquisitivo acabam “alugando” um dos assentos para ajudar nos custos da equipe. Segundo especialistas, tal prática, apesar de ter vantagens, aumenta os riscos de acidentes. Em relação à logística da prova, em si, cada protótipo conta com três pilotos, que, ao longo das 24 horas, revezam-se. Um pit-stop de 1 min de duração, em Le Mans, é um tempo razoável. Na ocasião, há troca de pneus, reabastecimen-


CINEMA

No mesmo ano de 1970, quando da vitória histórica de Graham Hill – que venceu nas ruas de Sarthe, de Mônaco e de Indianápolis, além de ter faturado o título da Fórmula 1 –, Le Mans virou filme. O ator e entusiasta do automobilismo Steve McQueen, já falecido, produziu e estrelou a película dirigida por Lee H. Katzin. Para as filmagens, foi aproveitada a realização da corrida, com cenas extras produzidas na própria pista. Isso motivou a contratação de um excedente de pessoas que, posteriormente, faliu a produtora Solar, responsável pelo longa. Também foi necessária a ajuda de dezenas de pilotos. Um deles, o britânico David Piper sacrificou-se de tal forma que parte de uma perna foi amputada depois de uma batida durante as

NATIONAL GENERAL PICTURES/DIVULGAÇÃO

Porsche

Audi

Grid de

O astro Steve McQueen nos bastidores do longa Le Mans

filmagens. Na trama, Michael Delaney (Steve McQueen) é um piloto norte-americano que retorna ao circuito de Le Mans, determinado a vencer depois de ter quase morrido em um acidente no ano anterior. Durante a corrida, sente-se atraído por Lisa Belgetti, que é a viúva do piloto que morreu no mesmo acidente — possivelmente causado pelo próprio Delaney.

MERDEDES-BENZ/DIVULGAÇÃO

Icônico modelo Mercedes-Benz 300 SLR (1955)

to, ajustes necessários no carro e, obviamente, mudanças de piloto. Para o processo de abastecimento, o carro tem que ser desligado e não pode ser realizado serviço de troca de pneus ou quaisquer outros até que a mangueira seja desconectada. Os carros que tomam as retas de Sarthe são máquinas surpreendentes –principalmente os da LMP1–, pois foram feitos com

Audi

Porsche

Le Mans na sétima arte

Ele “pilota” o Porsche 917K número 20, com a pintura clássica da Gulf Oil, que foi pilotado na corrida real por Jo Siffert e Brian Redman. As demais cenas de corrida foram filmadas com carros verdadeiros, caracterizados como os competidores, e encenaram a rivalidade principal do filme, entre o Porsche de Delaney e a Ferrari de Erich Stahler.

A edição de 2016 terá no

CHEVROLET/DIVULGAÇÃO

Chevrolet Corvette C7-R e equipe para 2016

o propósito de sobreviver andando 24 horas a uma média de 220km/h com o acelerador no máximo em 85% do tempo. A cidadela de Le Mans também se transforma para sediar o evento, uma vez que a população fixa é mais que dobrada com os fãs que visitam o autódromo ao longo do fim de semana (cerca de 250 mil pessoas). Muitos habitantes apro-

veitam a época para gerar receitas. Há quem venda produtos relacionados à corrida nas dependências da pista, e outros 1.700 são contratados pela organização para trabalhar como fiscais extrapista. Tragédia Nenhum dia foi tão macabro na história do automobilismo mundial quanto o 11 de junho de 1955.

O circuito registra velocidades

Um grave acidente durante a 23ª edição das 24 Horas de Le Mans matou, de acordo com números oficiais, 83 espectadores e o piloto francês Pierre Levegh. Outras 120 pessoas ficaram feridas. Um episódio que jamais será esquecido e que até hoje tem desdobramentos. À época, os carros já atingiam 300 km/h. “Qualquer acidente, portanto, teria proporções enor-


FOTOS ASSOCIATED PRESS/DIVULGAÇÃO

THE MOTOR SPORTS DIARIES/DIVULGAÇÃO

Toyota

ENDURANCE

As 24 Horas de Interlagos Toyota

Nissan

largada da edição de 2015 de Le Mans RACESHOTS/DIVULGAÇÃO

grid um número recorde de 60 pilotos WIKIPEDIA/DIVULGAÇÃO

O Brasil também já figurou no mundo das corridas de endurance. Criadas por Eloi Gogliano e Wilson Fittipaldi, pelo Centauro Motor Clube, em 1960, e destinadas a carros nacionais de qualquer marca nos parâmetros de nacionalização do Grupo Executivo da Indústria Automobilística, as 24 Horas de Interlagos tiveram apenas quatro edições. A primeira teve como vencedores os irmãos Álvaro e Ailton Varanda, que guiaram um modelo JK, em 299 voltas pelo antigo tra-

çado do Autódromo de Interlagos, em São Paulo. No ano seguinte, o modelo JK voltou a vencer, dessa vez sob o comando de Chico Landi e Christian Heins, que completaram 308 voltas. Seguiu-se, então, um intervalo de cinco anos, e a terceira edição foi disputada em 1966, consagrando Emilio Zambello e Ubaldo Cesar Lolli, com o Alfa Giulia. A última etapa aconteceria em 1970, quando, com Chevrolet Opala 4100, os irmãos Bird e Nilson Clemente foram os vencedores. JOSÉ OTÁVIO/PRODUTO BRASIL/DIVULGAÇÃO

Vista do grid do antigo circuito de Interlagos médias superiores a 230 km/h

mes. Infelizmente, foi exatamente isso que aconteceu.” Na pista, estavam dois campeões mundiais da Fórmula 1. De um lado, o britânico Mike Hawthorn, pela Jaguar; do outro, o argentino Juan Manuel Fangio, da Mercedes. O contexto do duelo, pelas marcas que eles representavam, ainda carregava componentes históricos que permeavam o

imaginário dos europeus. Havia pouco mais de dez anos desde o fim da Segunda Guerra Mundial, e a animosidade entre ingleses e germânicos ainda era algo latente. A partir da largada, eles assumiram a ponta e encararam aquele momento tal qual um grande prêmio ou uma corrida 'sprint' (de curta duração). Foi assim que eles chegaram à 35ª volta, na terceira hora da cor-

rida. Hawthorn era o líder, e recebeu da Jaguar, na reta que antecedia a dos boxes, um sinal para parar e reabastecer. Sem querer dar mais uma volta, ele cortou para a direita logo após ultrapassar o retardatário Lance Macklin e brecou. O carro britânico já detinha a tecnologia de freio a disco, muito mais adequada às altas velocidades de Le Mans. Os demais, no en-

Imagens do acidente em 1955

tanto, ainda usavam freios a tambor, incluindo a Mercedes. Isso significava que não conseguiam desacelerar com a mesma rapidez da Jaguar. Uma vez que Hawthorn pisou no freio, Macklin desviou para a esquerda e se colocou à frente de outro retardatário, Pierre Levegh, que guiava a outra Mercedes de fábrica. O francês, de 49 anos, não foi capaz de desviar, acertou a traseira do Austin-Healey de Macklin e decolou. O pior aconteceu. Trezentas mil pessoas estavam em Le Mans. Segundo a versão oficial, a corrida não foi interrompida porque os organizadores não queriam que as estradas ficassem congestionadas, de modo a atrapalhar o resgate das vítimas. Segundo o historiador da Universidade de Brasília, aficionado por automobilismo, Gerson Marlon de Lima Alencar, o acontecimento teve consequências dentro e fora das pistas, como o afastamento da Mercedes do esporte e até mesmo a proibição da realização de corridas em alguns países. “Internacionalmente, o desastre causou um levante. Na realidade, a tragédia fez com que uma onda em prol da segurança no esporte começasse.” l


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CREDIBILIDADE

Qualidade comprovada Pesquisa com egressos do SEST SENAT aponta que 80% melhoraram o desempenho profissional depois de fazer um curso na instituição POR NATÁLIA

excelência do trabalho do SEST SENAT na formação e capacitação de profissionais para o transporte é reconhecida por alunos que já passaram pela instituição. Em um levantamento feito com egressos de diferentes cursos presenciais oferecidos pela entidade, 82% afirmaram que a qualificação representa uma grande oportunidade pa-

A

PIANEGONDA

ra entrar no mercado de trabalho. Do total de entrevistados, 62% também disseram que o SEST SENAT abre perspectivas para outras formações profissionais e para 35% os cursos garantem melhorias no salário. Para seis em cada dez exalunos da instituição a formação efetivamente contribuiu para que conseguissem um emprego e oito em cada dez

entrevistados relataram que o desempenho profissional melhorou depois das aulas no SEST SENAT. Exemplo disso foi o motorista Francisco Amaral Carvalho Braga, aluno da capacitação para Condutores de Veículos de Transporte Coletivo de Passageiros em Fortaleza (CE). “O curso mudou meu modo de agir no trânsito, tornando-me mais paciente e atencioso”, explicou.

As experiências são relatadas de Norte a Sul do país. Em Concórdia (SC), a empresa Laticínio Boa Vista procurou o SEST SENAT para qualificar seus 90 motoristas em Direção Defensiva. “Os profissionais precisam conhecer bem o veículo e o tipo de carga, saber usar a frenagem, ficar atentos aos demais veículos, cuidar da velocidade, do tipo de rodovia, se chove ou se faz sol, se a viagem é à noite


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SERGIO ALBERTO/CNT

ou durante o dia. Itens que influenciam muito”, diz o gerente de transportes da empresa, Rayllan Correa Milssei, que aprovou o treinamento dado pela instituição. Outros dados demonstram a qualidade das formações: 71% dos alunos classificaram os cursos como ótimos e outros 27% como bons. Para 85% o corpo docente possui bom nível de conhecimento e 77% consideram

que os conteúdos e programas das disciplinas foram adequadamente desenvolvidos. Questionados sobre se recomendariam o SEST SENAT para outras pessoas, 99% afirmaram que sim. “Isso indica a relevância e a qualidade do trabalho do SEST SENAT para a formação profissional no setor de transporte e reforça o compromisso da instituição. Por isso, o SEST SENAT está permanentemente atento às exi-

gências do mercado de trabalho, para manter um rol de opções que ofereçam capacitações atualizadas e com excelência”, afirma a diretora-executiva nacional da instituição, Nicole Goulart. Ela destaca, também, a preocupação em capacitar profissionais para todos os modais: rodoviário, ferroviário, aquaviário e aéreo. A instituição oferece cursos regulamentados (que obedecem a regulamentações dos órgãos

de trânsito), livres (que aprimoram os conhecimentos dos profissionais em diferentes segmentos) em 148 Unidades Operacionais. Além disso, há opções de capacitações realizadas a distância, gratuitamente. O levantamento foi realizado com egressos de cursos presenciais do primeiro semestre de 2015 das cinco regiões brasileiras, no período de 4 de fevereiro a 4 de abril de 2016. l


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ESPORTE

Dada a largada As duas primeiras etapas do Circuito SEST SENAT de Caminhada e Corrida de Rua 2016 foram realizadas em Bento Gonçalves (RS) e Blumenau (SC) POR PRISCILA

ais de 2.000 pessoas participaram das primeiras etapas do Circuito SEST SENAT de Caminhada e Corrida de Rua 2016 realizadas, em maio, em Bento Gonçalves (RS) e Blumenau (SC). A competição é a prova de que o esporte une pessoas que buscam combater o sedentarismo e melhorar a saúde e qualidade de vida. O Circuito reúne tanto trabalhadores do setor de transporte como motoristas, cobradores, caminhonheiros, taxistas, que pro-

M

MENDES

curam na atividade física uma maneira de aliviar o estresse do dia a dia, quanto corredores profissionais e amadores que podem participar das provas de 5 km, 10 km e da caminhada de 2 km. Até o fim deste ano, outras 12 cidades receberão o Circuito: Vila Velha (ES), Poços de Caldas (MG), Brasília (DF), Manaus (AM), São Vicente (SP), Barra Mansa (RJ), Campo Grande (MS), Crato (CE), Aracaju (SE), Natal (RN), Recife (PE) e Curitiba (PR). Em três anos de projeto, o Circuito SEST SENAT de Caminhada e Corrida

de Rua – lançado em 2014 – contou com mais de 50 mil participantes em 21 cidades. Correr no frio Na serra gaúcha, a baixa temperatura na marca dos 4ºC não serviu de desculpa para não se exercitar. Trabalhadores do transporte e comunidade compareceram à etapa de Bento Gonçalves (RS) que contou com uma novidade. Pela primeira vez, uma estrutura indoor foi montada dentro do ginásio da unidade do SEST SE-

NAT para melhor receber os participantes. O destaque ficou com o jovem aprendiz Felipe Pereira da Motta, 16 anos, vencedor da categoria 5 km – trabalhador do transporte, que terminou a prova com o tempo de pouco mais de 19 minutos. “Em três anos, já tenho dez troféus e outras 30 medalhas de provas de corrida na minha coleção. A etapa foi muito legal, com grau de dificuldade elevado. Estou muito feliz por ter levado mais esse prêmio para casa”, comemorou Felipe Motta.


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FOTOS SERGIO ALBERTO/CNT

Para o diretor da unidade do SEST SENAT de Bento Gonçalves, Eduardo Caleffi, foi uma honra receber um evento desse porte na cidade. “Toda a equipe está de parabéns. Foi importante observar, principalmente, a integração entre as empresas de transporte, os funcionários e familiares. O objetivo do evento foi cumprido”, ressaltou. Faça chuva ou faça sol Em Blumenau (SC), os participantes mostraram que não abrem mão de correr mesmo de-

baixo de chuva, ainda mais quando o percurso contempla as ruas encantadoras da cidade catarinense. “É a primeira vez que a cidade recebe o Circuito e ficamos muito felizes com a adesão. Foram mais de 1.700 inscritos, o que se deve à divulgação do trabalho da instituição que fizemos nos últimos 90 dias, principalmente, nas empresas de transporte da região. Isso fez com que nos aproximássemos ainda mais do nosso público”, disse o diretor da Unidade do

SEST SENAT de Blumenau, Maurício Dalpiaz. Adailton Pereira Marques, auxiliar administrativo na empresa Reunidas Transportadora Rodoviária, fez questão de participar da corrida e faturou mais uma medalha em corridas de rua. Ele conquistou o 1º lugar na categoria 5 km - trabalhador do transporte. “É muito importante o SEST SENAT incentivar a prática de esportes que ajuda o trabalhador do transporte a ganhar qualidade de vida e ainda me-

lhorar o desempenho profissional”, destacou. Desde que o hábito de correr tornou-se um estilo de vida, o motorista de ônibus Gilson Alves dos Santos já perdeu 40 quilos. “Eu só consegui isso graças à mudança na alimentação e à prática de atividades físicas, especialmente, a da corrida. Por isso, fico muito feliz em participar de eventos de qualidade e extremamente organizados como esse que incentivam outras pessoas”, ressaltou. l (Com Jonathan Zanotto)


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SEST SENAT

Proteção social Caminhoneiros participam de ação contra à exploração sexual de crianças e adolescentes do Comandos de Saúde nas Rodovias POR

á 18 anos transportando material de construção pelas rodovias brasileiras, o caminhoneiro Vonaldo Conceição de Jesus, 39, relata que, infelizmente, já percebeu situações de exploração sexual de crianças e adolescentes.

H

JANE ROCHA

“Sabemos que esse é um crime mais comum em cidades com menos condições financeiras. O importante é fazer a denúncia para garantir os direitos das vítimas”, alerta. Em todo o Brasil, segundo levantamento elaborado pela PRF (Polícia Rodoviária Fede-

ral), existem 1.969 pontos vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias federais. Esses estabelecimentos estão em 470 municípios, dos quais 90,4% têm o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) entre muito baixo e médio. Os

Estados com maior número de pontos críticos são Minas Gerais, Pará e Bahia, e entre as rodovias, a BR-116 é a com mais locais propícios à exploração: 243. Para despertar uma visão crítica dos caminhoneiros do país sobre o tema e incentiválos a se tornarem agentes de proteção social no combate a esse tipo de crime, o SEST SENAT está intensificando a atuação do projeto Proteger. A primeira ação de 2016 foi realizada durante a segunda etapa do Comandos de Saúde nas Rodovias, desenvolvido em parceria com a PRF (Polícia Rodoviária Federal), que aconteceu em 18 de maio em 24 Estados e no Distrito Federal. No Espírito Santo e em Sergipe, o evento foi realizado no dia 25. Cerca de 2.000 motoristas participaram do evento Psicólogos das unidades do SEST SENAT orientaram os motoristas sobre os danos que essa prática criminosa traz para toda a sociedade. Foram distribuídos kits com material


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SEST SENAT/DIVULGAÇÃO

Motoristas participam de palestra sobre o enfrentamento à exploração sexual

informativo no qual foram apresentados os canais de denúncia, como o Disque 100. Além dessas orientações, os motoristas também realizaram exames rápidos, como aferimento de pressão, verificação de peso, altura, massa corpórea, circunferência cer-

vical e abdominal, acuidade visual e auditiva, frequência cardíaca, glicemia, entre outras ações. Desde o lançamento do Comandos, em 2006, mais de 95 mil motoristas participaram da ação que visa reduzir o número de acidentes nas rodovias.

O dia 18 de maio é considerado o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes em memória à menina Araceli Crespo, uma das mais emblemáticas vítimas de violência contra a criança no país. Em 1973, quando tinha 8 anos,

Araceli foi sequestrada, violentada e cruelmente assassinada em Serra (ES). Caminhoneiro há dez anos, Francisco Camilo de Pinho, 40, participou da ação na BR-040, no Distrito Federal, e também afirma já ter presenciado casos de exploração durante as via-


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SERGIO ALBERTO/CNT

PESQUISA

Percepção dos caminhoneiros A pesquisa “O Perfil do Caminhoneiro no Brasil”, realizada pela Childhood Brasil, mostra a percepção que esses profissionais têm sobre o assunto. O levantamento foi realizado entre 2005 e 2015 e contou com a participação de 680 motoristas, todos homens, entrevistados em Sergipe, Rio Grande do Sul, Pará, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e São Paulo. De acordo com os dados de 2015, 79,1% dos motoristas entrevistados afirmaram ser comum ver meninos e meninas menores de 18 anos sendo explorados. Em

gens que realiza entre Goiânia e Brasília. Para ele, iniciativas desse tipo incentivam os motoristas a denunciarem esse crime. “Receber informações sobre o tema que possam ser transmitidas para os colegas de profissão são muito bem-vindas.” De acordo com a diretoraexecutiva nacional do SEST SENAT, Nicole Goulart, o trabalhador do setor de transporte é um agente fundamental no

2010, esse número era de 89,6% e, em 2005, 93,7%, respectivamente. Quando questionados sobre a proteção às crianças e adolescentes, 82,5% dos caminhoneiros entrevistados afirmaram que conhecem o Conselho Tutelar; 66,2% conhecem o Disque 100; 58% conhecem o Juizado de Menores; 55,8%, o Estatuto da Criança e do Adolescente; 21,98%, os CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) e os CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social); e 21%, a Delegacia da Criança e do Adolescente.

desenvolvimento de ações para o enfrentamento desse tipo de crime por estar presente nas rodovias de todo o país. “Caminhoneiros são potenciais agentes de proteção da infância e da adolescência e, por isso, devem ser sensibilizados. Eles são os olhos que podem ajudar a colocar fim ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes em todo o Brasil”, reforça.

Caminhoneiros aproveitam o evento para realizar exame de acuidade visual

Desde 2004, o SEST SENAT desenvolve ações contra à exploração sexual de crianças e adolescentes com a realização de diversas iniciativas. Mais de 150 mil pessoas já foram sensibilizadas. Em abril deste ano, a instituição assinou um acordo de cooperação técnica com a Childhood Brasil para intensificar as ações do projeto Proteger. O acordo prevê a troca de conhecimentos técni-

cos sobre o tema, a produção de conteúdos didáticos, a formação de profissionais e a realização de pesquisas. Inicialmente, 30 unidades do SEST SENAT disponibilizarão um formulário para o cadastramento de trabalhadores do setor de transporte que queiram participar de ações voltadas ao tema. Os APSs (Agentes de Proteção Social) participarão de palestras sis-


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COMO DENUNCIAR?

INICIATIVA

Ação no Porto de Santos Trabalhadores portuários e caminhoneiros que atuam no Porto de Santos também participaram das ações do Proteger realizada durante o projeto Saúde nos Portos nos dias 17 e 18 de maio. Mais de 900 profissionais estiveram presentes nas rodas de conversa com psicólogos e receberam material educativo com informações sobre os riscos e as formas de denúncia dos casos de exploração sexual de crianças e adolescentes. Os trabalhadores ainda tiveram a oportunidade de cuidar da saúde gratuitamente. No evento, realizado em parceria com a Codesp (Companhia Docas do Esta-

temáticas sobre o assunto e disseminarão as informações entre os seus colegas de profissão. A expectativa é formar 360 agentes e sensibilizar 75 mil pessoas. Também serão realizadas ações como rodas de bate-papo, exibição de filmes sobre a temática, distribuição de material informativo durante os eventos e programas nacionais já desenvolvidos pelo SEST SE-

do de São Paulo), foram oferecidos serviços, como vacinação (tétano, difteria, hepatite B, febre amarela), testes rápidos para HIV e hepatite C, avaliação postural, nutricional e bucal, aferição de pressão e medição de glicemia capilar. Além disso, os profissionais receberam orientações para prevenção da leptospirose, leishmaniose, zika vírus, dengue e outras zoonoses e participaram de verificação veicular ambiental do projeto Despoluir – Programa Ambiental do Transporte, desenvolvido e executado pelo SEST SENAT, com o apoio da CNT.

NAT. Além disso, haverá oferta de cursos on-line sobre o assunto, abordando a legislação vigente, os problemas causados, orientações sobre a denúncia e a abordagem de pessoas envolvidas no problema. Para divulgar os resultados, também está em desenvolvimento um hotsite onde serão apresentadas as ações desenvolvidas pelas unidades operacionais do SEST SENAT. No es-

O Disque 100 funciona diariamente, das 8h às 22h, inclusive aos finais de semana e feriados. As denúncias recebidas são analisadas e encaminhadas aos órgãos de proteção, defesa e responsabilização, de acordo com as competências e as atribuições específicas, priorizando o Conselho Tutelar como porta de entrada (nas situações de crianças e adolescentes), no prazo de 24 horas, mantendo em sigilo a identidade da pessoa denunciante. Esse serviço de utilidade pública pode ser acessado por meio dos seguintes canais: • discagem direta e gratuita do número 100 • envio de mensagem para o e-mail disquedenuncia@sdh.gov.br • denúncia da presença na internet de pornografia de crianças e adolescentes através do portal www.disque100.gov.br • ligação internacional através do número +55 (61) 3212-8400 *Fonte: Secretaria de Direitos Humanos do Ministério da Justiça e Cidadania

paço estará disponível todo o material informativo relacionado ao tema. Para a psicóloga do SEST SENAT Brasília, Laila Goes, trabalhar com os caminhoneiros é importante porque eles são agentes disseminadores de conhecimento. De acordo com ela, por circularem por diversas rodovias do país, esses podem auxiliar no combate à exploração sexual. “Eles são os nossos olhos no momento e lugar certos. Esses motoristas podem fazer um trabalho de prevenção, alertando aqueles que estão em situação de vulnerabilidade”, explica. O inspetor da PRF, José Teógenes Abreu, explica que esse tipo de crime envolve questões socioeconômicas e o histórico familiar das vítimas. “O caminhoneiro está presente em postos de gasolina e outros locais onde o crime costuma acontecer. A polícia não está em todas as rodovias. É muito importante a

participação desses profissionais para denunciar e combater a prática da exploração sexual de crianças e adolescentes”, alerta. Casos registrados Segundo a Secretaria Especial de Direitos Humanos do Ministério da Justiça e Cidadania, apenas em 2015, foram registradas 80.437 ocorrências de exploração sexual de crianças e adolescentes no Disque Denúncia (Disque 100). O Estado que mais contabilizou denúncias foi São Paulo, com 16.009 casos, seguido pelo Rio de Janeiro, com 9.368 casos, e Minas Gerais, com 6.296. Em 2014, foram contabilizadas 80.437 denúncias provenientes de todo o país. O ano de 2012 foi o que mais registrou casos de exploração sexual de crianças e adolescentes, totalizando 130.490 casos. Desde 2003, 88% dos municípios brasileiros já foram atendidos pelo Disque 100. l



FERROVIÁRIO MALHA FERROVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM Total Nacional Total Concedida Concessionárias Malhas concedidas

30.576 29.165 11 12

MALHA POR CONCESSIONÁRIA - EXTENSÃO EM KM ALL do Brasil S.A. FCA - Ferrovia Centro-Atlântica S.A. MRS Logística S.A. Outras Total

12.018 7.215 1.799 8.133 29.165

BOLETIM ESTATÍSTICO RODOVIÁRIO MALHA RODOVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM TIPO

PAVIMENTADA

NÃO PAVIMENTADA

TOTAL

64.596 119.747 26.827 211.170

11.511 105.601 1.234.918 1.352.030

7 6.107 225.348 1.261.745 157.534 1.720.734

Federal Estadual Municipal Rede Planejada Total

MALHA RODOVIÁRIA CONCESSIONADA - EXTENSÃO EM KM Adminstrada por concessionárias privadas Administrada por operadoras estaduais FROTA DE VEÍCULOS Caminhão Cavalo mecânico Reboque Semi-reboque Ônibus interestaduais Ônibus intermunicipais Ônibus fretamento Ônibus urbanos Nº de Terminais Rodoviários

19.463 1.195

2.641.816 592.410 1.286.732 870.605 19.923 57.000 25.834 107.000 173

AQUAVIÁRIO INFRAESTRUTURA - UNIDADES Terminais de uso privativo misto Portos

35

PASSAGENS DE NÍVEL - UNIDADES Total Críticas

12.289 2.659

VELOCIDADE MÉDIA OPERACIONAL Brasil EUA

25 km/h 80 km/h

AEROVIÁRIO AERÓDROMOS - UNIDADES Aeroportos Internacionais Aeroportos Domésticos Outros aeródromos - públicos e privados

34 29 2.519

AERONAVES REGISTRADAS NO BRASIL - UNIDADES Transporte regular, doméstico ou internacional Transporte não regular: táxi aéreo Privado Outros Total

1.141 1.766 10.916 10.635 24.458

MATRIZ DO TRANSPORTE DE CARGAS MODAL

177

HIDROVIA - EXTENSÃO EM KM E FROTA Vias Navegáveis Vias economicamente navegadas Embarcações próprias

99.515 3.424

122

FROTA MERCANTE - UNIDADES Embarcações de cabotagem e longo curso

MATERIAL RODANTE - UNIDADES Vagões Locomotivas

41.635 22.037 2.038

MILHÕES

(TKU)

PARTICIPAÇÃO

(%)

Rodoviário

485.625

61,1

Ferroviário

164.809

20,7

Aquaviário

108.000

13,6

Dutoviário

33.300

4,2

Aéreo

3.169

0,4

Total

794.903

100


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BOLETIM ECONÔMICO

INVESTIMENTOS FEDERAIS EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE* Investimentos em transporte da União por Modal (Total Pago acumulado até abril/2016 - R$ 4,26 bilhões)

Investimentos em Transporte da União (Orçamento Fiscal) (dados acumulados até abril/2016)

0,41 (9,7%)

25 3,40 (79,7%)

R$ bilhões

20

0,06 (1,4%)

15 0,39 (9,2%)

10,81

10

4,26

4,08

5 0,18

0 Autorizado

Valores Pagos do Exercício

Rodoviário Restos a Pagar Pagos

Aquaviário

Ferroviário

Aéreo

Total Pago

Obs.: O Total Pago inclui valores pagos do exercício atual e restos a pagar pagos de anos anteriores.

CONJUNTURA MACROECONÔMICA - ABRIL/2016

RECURSOS DISPONÍVEIS E INVESTIMENTO FEDERAL ORÇAMENTO FISCAL E ESTATAIS (INFRAERO E CIA DOCAS) (R$ milhões correntes - acumulados até abril de 2016) Recursos Disponíveis Autorizado União Autorizado das Estatais (Infraero e Cia Docas) Total de Recursos Disponíveis Investimento Realizado Rodoviário Ferroviário Aquaviário (União + Cia Docas) Aéreo (União + Infraero) Investimento Total (Total Pago)

10.814,11 1.275,03 12.089,14 3.398,09 413,60 122,48 558,95 4.493,11

Acumulado Expectativa Expectativa em 2016 para 2016 para 2017

2015 PIB (% cresc a.a.)1 Selic (% a.a.)2 IPCA (%)3 Balança Comercial6 Reservas Internacionais4 Câmbio (R$/US$)5

-3,85 14,25 10,67 19,67

14,25 3,25 13,26

356,46

362,20

3,90

3,45

-3,89 13,25 6,94 48,00

0,40 11,75 5,72 50,00

-

-

3,72

3,91

Fontes: Receita Federal, SIGA BRASIL - Senado Federal, IBGE e Focus (Relatório de Mercado 29/04/16), Banco Central do Brasil. Observações: (1) Expectativa de crescimento do PIB. (2) Taxa Selic conforme Copom 27/04/2016 e Boletim Focus.

Fonte: Orçamento Fiscal da União e Orçamento de Investimentos das Empresas Estatais (SIGA BRASIL - Senado Federal).

(3) Inflação acumulada no ano e expectativas segundo o Boletim Focus.

Notas: (A) Atualizado em 02.05.2016 com dados acumulados SIGA BRASIL até 29.04.2016.

(5) Câmbio de fim de período, média entre compra e venda.

(4) Posição dezembro/2015 e abril/2016 em US$ bilhões.

(B) Para fins de cálculos do investimento realizado, utilizou-se o filtro GND = 4 (investimento).

(6) Saldo da balança comercial até abril/2016.

(C) Os investimentos em transporte aéreo passaram a incorporar os desembolsos realizados para melhoria e

* A taxa de crescimento do PIB para 2015 diz respeito ao desempenho econômico entre janeiro e dezembro de 2015 a

adequação dos sistemas de controle de tráfego aéreo e de navegação, descrito nas ações 20XV, 118T,3133, e 2923.

preços de mercado, os valores de 2016 ainda não foram divulgados.

EVOLUÇÃO DO INVESTIMENTO FEDERAL EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE 18,0 16,0 14,0 12,0 10,0 8,0 6,0 4,0 2,0 0 2011 Investimento Total

ORÇAMENTO FISCAL DA UNIÃO E ORÇAMENTO DAS ESTATAIS (INFRAERO E CIA DOCAS) (valores em R$ bilhões correntes) 2011 2012 2013 2014 11,2 9,4 8,4 9,1 Rodoviário 1,6 1,1 2,3 2,7 Ferroviário 1,0 0,8 0,6 0,8 Aquaviário (União+Cia Docas) 1,8 2,4 2,9 3,3 Aéreo (União+Infraero) 15,6 13,7 14,2 15,8 Investimento Total

2012

2013 Rodoviário

Ferroviário

2014 Aquaviário

2015 Aéreo

2015 6,0 1,6 0,5 3,0 11,0

Fonte: Orçamento Fiscal da União e Orçamento de Investimentos das Empresas Estatais (SIGA BRASIL - Senado Federal)

8

R$ bilhões correntes

Orçamento Fiscal da União e Orçamento das Estatais (Infraero e Cia Docas)

* Veja a versão completa deste boletim em www.cnt.org.br


REGIÕES3

Estados

INVESTIMENTO PÚBLICO FEDERAL EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE POR ESTADOS E REGIÕES (valores em R$ milhões correntes)1 Orçamento Fiscal (Total Pago2 por modal de transporte) Acre Alagoas Amapá Amazonas Bahia Ceará Distrito Federal Espírito Santo Goiás Maranhão Mato Grosso Mato Grosso do Sul Minas Gerais Pará Paraíba Paraná Pernambuco Piauí Rio de Janeiro Rio Grande do Norte Rio Grande do Sul Rondônia Roraima Santa Catarina São Paulo Sergipe Tocantins Centro Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Nacional Não informado Total

Rodoviário 50,06 74,58 39,65 0,00 202,78 32,15 0,00 17,16 8,47 11,44 106,71 97,00 339,67 146,86 1,63 19,20 132,25 0,49 8,91 11,36 201,47 19,83 15,18 220,57 4,09 26,62 51,65 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1.558,22 0,09 3.398,09

Ferroviário 0,00 0,00 0,00 0,00 57,71 0,00 0,00 0,00 17,88 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 19,18 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 318,82 0,00 413,60

Aquaviário 0,00 0,00 0,00 1,28 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 2,60 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 19,88 0,00 0,00 10,95 2,30 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 22,02 0,00 59,03

Aéreo 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,01 0,00 0,14 0,00 1,59 0,00 0,01 4,78 0,01 0,00 0,00 0,00 1,61 0,01 0,00 0,00 0,00 0,00 0,01 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 384,54 0,00 392,69

Total 50,06 74,58 39,65 1,28 260,49 32,15 0,00 17,16 26,36 11,44 106,86 97,00 341,26 149,46 1,64 23,98 132,26 0,49 8,91 11,36 222,96 19,84 15,18 231,52 25,58 26,62 51,66 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 2.283,59 0,09 4.263,40

Maiores Desembolsos4 (Total Pago acumulado até abril de 2016)5

Ranking

Ações orçamentárias7 Manutenção de Trechos Rodoviários na Região Norte Manutenção de Trechos Rodoviários na Região Nordeste Manutenção de Trechos Rodoviários na Região Sul Manutenção de Trechos Rodoviários na Região Centro-Oeste Manutenção de Trechos Rodoviários na Região Sudeste Recomposição do Equilibrio Econômico - Financeiro do Contrato de Concessão da BR-290/RS 6º Osório - Porto Alegre Entrocamento BR- 116/RS (Entrada p/Guaiba) Construção da Ferrovia de Integração Oeste-Leste - Ilhéus/BA - Caetite/BA - EF 334 7º Adequação de Trecho Rodoviário - Entrocamento BR - 116/259/451 (Governador Valadadres) - Entrocamento MG-020 - Na BR-381/MG 8º Construção de Trecho Rodoviário - Divisa MT/PA - Santarém - Na BR-163/PA 9º Estudos, Projetos e Planejamento da Infraestrutura de Transporte (PAC) 10º Total Part. (%) no Total Pago do Orçamento Fiscal da União até abril - 2016 Elaboração: Confederação Nacional do Transporte *Orçamento Fiscal da União, atualizado em 02.05.2016 com dados acumulados SIGA BRASIL até 29.04.2016. Ordem 1º 2º 3º 4º 5º

R$ milhões6 569,57 447,68 438,25 287,52 266,21 241,69 163,89 137,04 115,48 106,58 2.773,91 65,1%

Notas: (1) Foram utilizados os seguintes filtros: função (26), subfunção (781=aéreo, 782=rodoviário, 783=ferroviário, 784=aquaviário), GND (4=investimentos). Para a subfunção 781 (aéreo), não foi aplicado nenhum filtro para a função. Fonte: SIGA BRASIL (Execução do Orçamento Fiscal da União). (2) O Total Pago é igual ao valor pago no exercício acrescido de Restos a Pagar Pagos. (3) O valor investido em cada região não é igual ao somatório do valor gasto nos respectivos estados. As obras classificadas por região são aquelas que atendem a mais de um estado e por isso não foram desagregadas. Algumas obras atendem a mais de uma região, por isso recebem a classificação Nacional. (4) As obras foram classificadas pelo critério de maior desembolso (Valor Pago + Restos a Pagar Pagos) em 2016. (5) Ações de infraestrutura de transporte contempladas com os maiores desembolsos do Orçamento Fiscal da União no acumulado até abril 2016. (6) Os valores expressos na tabela dizem respeito apenas ao Total Pago pela União no período em análise. Não foram incluídos os desembolsos realizados pelas Empresas Estatais. (7) As ações orçamentárias são definidas como operações das quais resultam produtos (bens ou serviços) que contribuem para atender o objetivo de um programa segundo o Manual de Técnico de Orçamento 2016.

Para consultar a execução detalhada, acesse o link http://www.cnt.org.br/Paginas/Boletim-economico.aspx


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BOLETIM DO DESPOLUIR DESPOLUIR

PROJETOS

A Confederação Nacional do Transporte (CNT) e o Sest Senat lançaram em 2007 o Programa Ambiental do Transporte DESPOLUIR, com o objetivo de promover o engajamento de caminhoneiros autônomos, taxistas, trabalhadores em transporte e da sociedade na construção de um desenvolvimento verdadeiramente sustentável.

• Redução da emissão de poluentes pelos veículos • Incentivo ao uso de energia limpa pelo setor transportador • Aprimoramento da gestão ambiental nas empresas, garagens e terminais de transporte • Cidadania para o meio ambiente

RESULTADOS DO PROJETO DE REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE POLUENTES PELOS VEÍCULOS * ESTRUTURA

RESULTADOS

Federações participantes 27

Avaliações ambientais (até abril/2016) 1.609.657

AVALIAÇÕES AMBIENTAIS - Acumulado 2007-2016 (até abril)

Aprovação no período

85,44%

Unidades de atendimento Empresas atendidas 98 Caminhoneiros autônomos atendidos * Dados preliminares, sujeitos a alterações.

14.247 17.090

1.600.000 1.400.000 1.200.000 1.000.000 800.000 600.000 400.000 200.000 4.734 0 2007

1.507.447 1.609.657 1.235.589 1.033.455 820.587 590.470 392.524 100.839

2008

228.860

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES Para participar do Projeto Redução da Emissão de Poluentes pelos Veículos, entre em contato com a Federação que atende o seu estado. SETOR FEDERAÇÃO UFs ATENDIDAS

COORDENAÇÃO

FETRAMAZ AC, AM, AP, PA, RO e RR Raimundo Augusto de Araújo FETRACAN AL, CE, MA, PB, PE, PI, e RN Jorge do Carmo Ramos Patrícia Dante FENATAC DF, GO, MS, MT e TO Marta Gusmão Morais FETCEMG MG Carga Solange Caumo FETRANSPAR PR (empresas) Renato Nery FETRANSCARGA RJ Carlos Becker FETRANSUL RS Rodrigo Oda FETRANCESC SC Sandra Caravieri FETCESP SP Claudinei Natal Pelegrini FECAM-SP SP Jean Biazotto FECAM-SC SC Carga Danna Campos Vieira FECAM-RS RS (autônomos) FECAM-RJ Thompson Bahiense RJ Felipe Cuchaba FETAC-PR PR Regiane Reis FETAC-MG MG Rafhael Pina FETRANORTE AC, AM, AP, PA e RR Adriana Fernandes Dias FETRONOR AL, PB, PE e RN Marcelo Brasil FETRANS* CE, PI e MA Vilma Silva de Oliveira FETRASUL DF, GO, SP e TO Geraldo Marques FETRAM MG Passageiros Carlos Alberto da Silva Corso FETRAMAR MS, MT e RO Roberto Luiz Harth T. de Freitas FEPASC PR e SC Guilherme Wilson FETRANSPOR RJ Aloisio Bremm FETERGS RS João Carlos Thomaz FETPESP SP João Paulo da F. Lamas ES Carga e FETRANSPORTES Passageiros FETRABASE Cleide da Silva Cerqueira BA e SE * A FETRANS corresponde à antiga CEPIMAR, conforme atualização em julho de 2015.

TELEFONE (92) 3658-6080 (81) 3441-3614 (61) 3361-5295 (31) 3490-0330 (41) 3333-2900 (21) 3869-8073 (51) 3374-8080 (48) 3248-1104 (11) 2632-1010 (19) 3585-3345 (49) 3222-4681 (51) 3232-3407 (21) 3495-2726 (42) 3027-1314 (31) 3531-1730 (92) 3584-6504 (84) 3234-2493 (85) 3261-7066 (62) 3233-0977 (31) 3274-2727 (65) 3027-2978 (41) 3244-6844 (21) 3221-6300 (51) 3228-0622 (11) 3179-1077 (27) 2125-7643 (71) 3341-6238

E-MAIL fetramaz@fetramaz.com.br fetracan@veloxmail.com.br coordenacao.despoluir@fenatac.org.br despoluir@fetcemg.org.br despoluir@fetranspar.org.br despoluir@fetranscarga.org.br cbecker@sestsenat.org.br financeiro2@fetrancesc.com.br despoluir@fetcesp.com.br fillipedespoluir@fecamsp.org.br jeanbiazotto@hotmail.com dannavieira@fecamrs.com.br thompbc@gmail.com fetacpr@hotmail.com coordenadoradespoluir@gmail.com despoluir.fetranorte.am@hotmail.com despoluir@fetronor.com.br marcelobrasil@fetrans.org.br federacao.despoluir@gmail.com despoluir@fetram.org.br fetramar@terra.com.br despoluir@fepasc.org.br meioambiente@fetranspor.com.br despoluir-rs@fetergs.org.br financeiro@setpesp.org.br coordenacaodespoluir@fetransportes.org.br despoluir@fetrabase.org.br

2016


PUBLICAÇÕES DO DESPOLUIR Conheça as diversas publicações ambientais disponíveis para download no site do DESPOLUIR: Materiais institucionais do Despoluir folder e portfólio

Série educativa de cartilhas com temas ambientais • Os impactos da má qualidade do óleo diesel brasileiro • Meio Ambiente: responsabilidade de cada um • Caminhoneiro Amigo do Meio Ambiente • Queimadas: o que fazer? • Lixo: faça a sua parte! • Aquecimento Global • Plante Árvores

Sondagem Ambiental do Transporte Demonstra as ações ambientais desenvolvidas pelas empresas de transporte rodoviário.

Caderno Oficina Nacional Transporte e Mudanças Climáticas Exibe o resultado dos trabalhos de 89 representantes de 56 organizações, com recomendações referentes à mitigação das emissões, mobilidade urbana, transferência modal e tecnologias veiculares.

A mudança Climática e o Transporte Rumo à COP 15 Apresenta a sua contribuição para a atuação da delegação brasileira na Conferência das Partes das Nacões Unidas para Mudança do Clima.

A Adição do Biodiesel e a Qualidade do Diesel no Brasil Descreve as implicações da adição de biodiesel ao diesel fóssil e a avaliação quanto ao consumo e manutenção dos veículos.

Sondagem CNT de Eficiência Energética no Transporte Rodoviário de Cargas Identifica as perspectivas dos transportadores sobre o assunto e as medidas que podem ser implementadas para a redução do consumo de combustível, para a conservação dos recursos naturais e para a diminuição das emissões e dos custos das empresas.

Seminário Internacional sobre Reciclagem de Veículos e Renovação de Frota Apresenta as diretrizes levantadas sobre o assunto no evento realizado pela CNT com a participação de especialistas da Espanha, Argentina e México.

A Fase P7 do Proconve e o impacto no Setor de Transporte Apresenta as novas tecnologias e as implicações da fase P7 para os veículos, combustíveis e para o meio ambiente. Procedimentos para preservação da qualidade do Óleo Diesel B Elaborada para auxiliar a rotina operacional dos transportadores, apresentando subsídios a adoção de procedimentos para garantir a qualidade do óleo diesel B.

8

Caminhoneiros no Brasil: Relatório Síntese de Informações Ambientais – autônomos e empregados de frota Presta informações econômicas, sociais, financeiras e ambientais dos profissionais deste setor de transporte.

Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br


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CNT TRANSPORTE ATUAL

MAIO 2016

BOLETIM AMBIENTAL CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NO BRASIL CONSUMO TOTAL POR TIPO DE COMBUSTÍVEL (em milhões de m3)* TIPO

2010

2011

2012

2013

2014

2015

Diesel

49,23

52,26

55,90

58,57

60,03

57,21

Gasolina

29,84

35,49

39,69

41,42

44,36

41,14

Etanol

15,07

10,89

9,85

11,75

12,99

17,86

CONSUMO PARCIAL - ATÉ MAR/2016 ** Etanol 12,9% Diesel 48,1%

Gasolina 39,0%

* Inclui consumo de todos os setores (transporte, indústria, energia, agricultura, etc). ** Dados atualizados em 25 de abril de 2016.

CONSUMO DE ÓLEO DIESEL POR MODAL DE TRANSPORTE (em milhões de m3) CONSUMO DE ÓLEO DIESEL - 2010 A 2015 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0

2010

Rodoviário

2011

2012 Ferroviário

2013

2014

2015

MODAL

2010

2011

2012

2013

2014

Rodoviário

34,46

36,38

38,60

40,68

41,40

40,20

Ferroviário

1,08

1,18

1,21

1,20

1,18

1,14

Hidroviário

0,13

0,14

0,16

0,18

0,18

0,18

35,67

37,70

39,97

42,06

Total

Hidroviário

2015

42,76 41,52

MISTURA OBRIGATÓRIA DE BIODIESEL AO DIESEL FÓSSIL (% em volume)*

BIODIESEL • Biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis como óleos vegetais e gorduras animais • No Brasil, as principais matérias-primas são a soja (77,4%), o sebo bovino (18,5%) e óleo de algodão (2,0%) . • Atualmente, o diesel comercializado no Brasil é o B7, isto é, composto por 7% de biodiesel e 93% de diesel fóssil. A Lei federal nº 13.263/2016 dispõe sobre os novos percentuais de adição de biodiesel ao óleo diesel fóssil. Confira o infográfico.

2017 março

2016

2018 março

Após 2019 março

2019 março

8% 7% 9% * Conforme Lei Federal nº 13.263/2016. ** Após a validação por testes e ensaios em motores.

10%

Até 15%**

PRODUÇÃO ANUAL DE BIODIESEL - B100 (em milhões de m3) * 4,50 4,00 3,50 3,00 2,50 2,00 1,50 1,00 0,50 0

2,39

2,67

3,42

2,92

2,72

3,94

0,89

2010

2011

2012

2013

2014

2015

PARTICIPAÇÃO DAS EMISSÕES DE CO2 POR SETOR Industrial 8,9%

Mudança no uso da terra 76,3%

Geração de energia 3,1%

2016 (até março)

* Dados atualizados em 29 de abril de 2016.

Outros setores 3,0%

Rodoviário 7,8% Aéreo 0,5% Outros meios de transporte 0,4%

Transporte 8,7%


CNT TRANSPORTE ATUAL

75

MAIO 2016

MONITORAMENTO DA QUALIDADE DO ÓLEO DIESEL TEOR DE ENXOFRE NO DIESEL - BRASIL E MUNDO FASES PAÍSES

P1

P2

P3

-

0

I

Brasil* Japão União Europeia Austrália EUA Rússia

P5

P6

P7

II III PROCONVE

IV

V

P4

• Proconve - Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores. Criado pelo CONAMA, tem o objetivo de reduzir e controlar a contaminação atmosférica gerada pelos veículos automotores. O programa tem como base a regulamentação praticada na União Europeia (EURO) para veículos pesados.

S (ppm)

10

15

EURO

50

China México Índia África do Sul

500 - 2000

* De acordo com o artigo 5º da Resolução ANP nº 50 de 23.12.2013, o diesel S500 é comercializado obrigatoriamente em todo território nacional, salvo em determinados municípios e regiões metropolitanas. No entanto, constata-se que o S10 já é comercializado em todos os estados brasileiros.

NÚMERO DE POSTOS QUE COMERCIALIZAM DIESEL S10 POR ESTADO - DEZEMBRO 2015* 5.500

5.159

5.000 4.500 4.000 3.500 3.000

2.355

2.500

2.049

2.000 1.500

0

936 791

1.037

1.000 500

1.714

1.429 336 258 194

103

47 AC AL AM AP BA CE DF

438

448 719

ES GO MA MG MS MT

412 PA PB PE

1.447 1.126

1.086

756

503

321 346

PI

59 PR RJ RN RO RR RS

268 220 SC

SE SP TO

* Aumento do número de postos em aproximadamente 13% em relação ao total contabilizado na última atualização (março/2015).

NÃO-CONFORMIDADES POR NATUREZA NO ÓLEO DIESEL - BRASIL - MARÇO 2016 Outros (massa específica, destilação)

3,2%

Ponto de Fulgor 19,4%

Teor de Biodiesel; 77,4% Ponto de Fulgor; 19,4% Outros (massa específica, destilação); 3,2%

Teor de Biodiesel 77,4%

Corante; 0,0% Enxofre; 0,0% Aspecto*; 0,0%

8

(*) Percentual de reprovação em 'Aspecto' por região: 0,3% (Sudeste) e 0,1% (Centro-oeste). Nas demais Regiões não constam reprovações em Aspecto.

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CONTRIBUIÇÃO RELATIVA DE CADA CATEGORIA DE VEÍCULOS NA EMISSÃO DE POLUENTES - BRASIL 100% 90%

Comerciais leves Caminhões semileves Caminhões leves Caminhões médios Caminhões semipesados Caminhões pesados Ônibus urbanos Micro-ônibus Motocicletas Ônibus rodoviários Automóveis

80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0%

CO

NMHC

NOX

MP

CH4

RCHO

CO - monóxido de carbono; MP - material particulado incluindo o MP proveniente da combustão e do desgaste do veículo; NMHC - hidrocarbonetos não-metano; CH4 - metano; NOx – óxidos de nitrogênio; RCHO - aldeídos.

EFEITOS DOS PRINCIPAIS POLUENTES ATMOSFÉRICOS DO TRANSPORTE

Poluentes Monóxido de carbono (CO) Dióxido de Carbono (CO2)

Principais fontes Resultado da queima de combustíveis e de processos industriais1.

Gás incolor, inodoro e tóxico.

Efeitos Saúde humana

Provoca confusão mental, prejuízo dos reflexos, inconsciência, parada das funções cerebrais.

Resultado da queima de combustíveis, além de atividades Gás tóxico, incolor, inodoro. agrícolas, pecuária, aterros Explosivo ao adicionar a água. sanitários e processos industriais1.

Causa asfixia se inalado, além de parada cardíaca, inconsciência e até mesmo danos no sistema nervoso central.

Aldeídos (RCHO)

Resultado da queima de combustíveis e de processos industriais1.

Composto por aldeídos, cetonas e outros hidrocarbonetos leves.

Causa irritação das mucosas, vômitos e perda de consciência. Aumenta a sensibilidade da pele. Causa lesões no esôfago, traqueia e trato gastro-intestinal.

Formado pela reação do óxido de nitrogênio e do oxigênio reativo presentes na atmosfera e por meio da queima de biomassa e combustíveis fósseis.

O NO é um gás incolor, solúvel em água; O NO2 é um gás de cor castanho-avermelhada, tóxico e irritante;O N2O é um gás incolor, conhecido popularmente como gás do riso.

O NO2 provoca irritação nos pulmões. É capaz de provocar infecções respiratórias quando em contato constante.

Resultado da queima de combustíveis e de processos industriais1.

Provoca irritação e aumento na produção Gás denso, incolor, não-inflamável de muco, desconforto na respiração e agravamento de problemas e altamente tóxico. respiratórios e cardiovasculares.

Dióxido de enxofre (SO2)

Ozônio (O3)

Poluente secundário, resultado de Gás azulado à temperatura reações químicas em presença da radiação solar. Os hidrocarbonetos ambiente, instável, altamente não-metano (NMHC) são precursores reativo e oxidante. do ozônio troposférico.

Resultado da queima incompleta Material particulado de combustíveis e de seus aditivos, de processos industriais (MP) e do desgaste de pneus e freios.

Material escuro, composto de partículas de diferentes dimensões. Sua ocorrência está relacionada a queima do diesel.

Meio ambiente

Diminui a capacidade do sangue em transportar oxigênio. Em grandes quantidades pode levar à morte.

Metano (CH4)

Óxidos de nitrogênio (NOx)

Provoca problemas respiratórios, irritação aos olhos, nariz e garganta.

Causa o aquecimento global, por ser um gás de efeito estufa.

Gases de efeito estufa que causam o aquecimento global. Estes óxidos, em contato com a umidade do ar, formam ácidos causadores da chuva ácida.

Causa destruição de bioma e afeta o desenvolvimento de plantas e animais, devido a sua natureza corrosiva.

Causa irritação no nariz e garganta. Altera o pH, os níveis de Está relacionado a doenças respiratórias e pigmentação e a fotossíntese nos casos mais graves, ao câncer de pulmão. das plantas.

Processos industriais: processos químicos ou mecânicos que fazem parte da fabricação de um ou vários itens, usualmente em grande escala.

8

1

Características

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“Da mesma forma que todas as melhorias necessitam de atualização, quem está na direção da boleia precisa estar de mãos dadas com a sala de aula” TEMA DO MÊS

A importância de preparar os motoristas profissionais

Motorista treinado é vital para manter a competitividade CELSO MENDONÇA

indústria automobilística brasileira nasceu com o caminhão. A informação histórica da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) ajuda a entender a importância de um produto que transporta, verdadeiramente, um país nas costas. Os caminhões novos nunca estiveram tão próximos dos europeus e são cada vez mais globais, eficientes e tecnológicos. Mas de nada adianta tanto investimento em engenharia se o motorista do transportador ou o autônomo não se atualizar com treinamentos constantes. A conta a ser feita é bem realista: quem não investir em formação do condutor está fadado a não ser mais competitivo no mercado. Nas últimas décadas, a visão de negócio de uma parte dos transportadores e autônomos não mudou, apesar da evolução da capacidade de desenvolvimento de produtos da indústria e das alterações das matrizes logísticas, que foram modificando o jeito de transportar. Para eles, o que vale ainda é um modelo antigo que não coloca o treinamento na

A

CELSO MENDONÇA Gerente de Desenvolvimento de Negócios da Scania no Brasil

planilha de custos. Mas o veículo não parou no tempo. Chegaram novas configurações de tração, a caixa automatizada, os motores eletrônicos (agora ainda mais econômicos), cabines supertecnológicas e centenas de dispositivos que tornam o caminhão atual uma caixa forte de segurança. Sem esquecer de que cada ano a conectividade aumentará sua importância no transporte, e as novas gerações de produtos serão mais tecnológicas. Virá outro padrão de trabalho. Da mesma forma que todas essas melhorias necessitam de atualização, quem está na direção da boleia precisa estar de mãos dadas com a sala de aula. Nunca é tarde para aprender. As opções de cursos e instituições são diversas. As mais procuradas são as escolas de formação e os cursos oferecidos pelas concessionárias das montadoras, que renovam o portfólio quando necessário. Fica clara a importância do treinamento quando números práticos são apresentados. De acordo com a Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte, um motorista capacitado

pode reduzir em até 15% o consumo de combustível, diminuir em 40% as trocas de marchas e em 50% o número de frenagens, além de chegar ao patamar de 10% de economia dos pneus e do tempo das viagens. No entanto, a formação ultrapassa o lado técnico do veículo, pois há também o trabalho com o psicológico do condutor e a conscientização para um trânsito mais seguro, capaz de minimizar em até 47% o índice de acidentes nas rodovias. Tudo se encaixa e cria uma cadeia logística virtuosa. Altamente qualificados, esses motoristas constantemente retirarão o melhor do veículo, além de receberem a missão de ajudar os demais a alcançar uma operação ainda mais eficiente e sustentável. Podem se tornar instrutores para fazer o equilíbrio entre a teoria e a prática. Os jovens precisam ser conquistados para ter uma vontade inesgotável pelo conhecimento. O empresário precisa entender que esse tipo de investimento registrará benefícios, e nunca prejuízos. Seja novo, seja mais experiente na profissão, uma sala de aula não faz mal a ninguém.


“Os caminhões estão cada vez mais seguros, com melhor dirigibilidade, mais ergonomia, grande espaço interno e inúmeros atributos de segurança”

para os veículos cada vez mais tecnológicos

Treinamento: pilar mais importante à valorização ALVARO MENONCIN

treinamento é o pilar mais importante para a valorização profissional do motorista de caminhão. Na Volvo, temos uma obsessão por treinamento e capacitação. É comum ouvirmos no mercado que se um motorista dirige um caminhão Volvo, ele é um motorista capacitado. Oferecer qualidade de vida a motoristas de caminhão. Esse é um dos objetivos da Volvo quando desenvolve seus caminhões, ao lado da eficiência de transporte e da rentabilidade aos negócios dos transportadores. Todo profissional quer ter qualidade de vida e segurança no ambiente de trabalho. Com o motorista de caminhão, isso não é diferente. A Volvo sempre esteve na vanguarda em tecnologias e inovações que aumentam a eficiência do transporte de cargas, e o conforto e a segurança do motorista. Foi a primeira montadora a trazer para o Brasil os caminhões eletrônicos em 1994. No início dos anos 2000, trouxe sua caixa de câmbio eletrônica I-Shift, hoje consagrada no mercado pela redução do consumo de combustível e presente em quase 100% dos caminhões FH. O principal be-

O

neficiado com o conforto e a segurança é o motorista, que não precisa fazer cerca de 500 trocas de marchas por dia. Mas a operação de transporte como um todo também ganha, pois a I-Shift proporciona ainda reduzido custo de manutenção e menos desgaste de componentes. Recentemente, a marca lançou sua nova linha F, com caminhões equipados com o que há de mais avançado em tecnologia e conectividade, melhorando a performance do motorista tanto na condução quanto na gestão dos custos da frota. Hoje, ao apertar um simples botão no caminhão, o motorista fala diretamente com uma equipe da fábrica altamente especializada, 24 horas por dia. Já o Dynafleet, outro sistema de conectividade do caminhão, permite melhor gestão da frota pelo transportador. Além disso, caminhões estão cada vez mais seguros, com melhor dirigibilidade, mais ergonomia, grande espaço interno e inúmeros atributos de segurança, que fazem do Volvo o veículo mais confiável, rentável e seguro do mercado. A tecnologia embarcada nos caminhões Volvo oferece mais

conforto e facilidade de direção e auxilia o motorista tanto para uma condução econômica quanto segura. E para que o motorista possa usufruir de todos os benefícios que a tecnologia oferece, é importante que ele saiba como utilizá-la. O treinamento é fundamental para que ele utilize a tecnologia a seu favor. Torna o motorista tão eficiente quanto os caminhões Volvo. Em conjunto com a nossa rede de concessionários, temos mais de 50 instrutores na América Latina. São profissionais que atuam diretamente no treinamento de motoristas, mas também como formadores para instrutores de motoristas dos clientes, bem como de instituições que representam o transporte de cargas, como o SEST SENAT e demais entidades A Volvo não treina o motorista apenas com foco na tecnologia, mas também no seu comportamento, para que ele se torne um profissional e um cidadão melhor. É o caso do TransFormar, programa focado no desenvolvimento comportamental e na valorização do motorista, habili- ALVARO MENONCIN tando-o a atuar como um geren- Gerente da engenharia de vendas da Volvo no Brasil ciador da frota.



CNT TRANSPORTE ATUAL

MAIO 2016

81

“Aproveitar mais o transporte aquaviário e investir em ferrovias, rodovias e portos é essencial para juntar a produção e o consumo” ALEXANDRE GARCIA

Os abacaxis de Temer novo governo chega com desafios gigantescos. O Estado, aparelhado por um dogma ideológico reprovado na prática mundial, está destroçado. Como se não bastassem erros administrativos, gerência incompetente, falta de planejamento, gastos errados, bondades demagógicas e sem resultado sequer para os beneficiários, o governo institucionalizou a corrupção, que se generalizou, para indivíduos e partidos. Um desastre. Muita gente já diz que essa foi a pior administração que estas terras já tiveram, desde Tomé de Souza, o primeiro governador-geral do Brasil. E agora chega uma nova administração, com uma tarefa imensa. É como se tivesse que escoar uma carga de soja dos confins do CentroOeste até chegar ao porto e exportá-la. E, além de tudo, tem o mais importante, o mais sensível: milhões de brasileiros que acreditaram na mágica das promessas do governo populista, de não haver mais pobres. A dura realidade mostra mais de 11 milhões de desempregados com carteira assinada, fora os que não conseguem sequer o primeiro emprego e os informais que já não têm atividade. Lojas e fábricas que se fecharam, aos milhares; investidores nacionais e estrangeiros perplexos, sem confiança para arriscar; indivíduos e empresas e entes públicos nunca tanto endividados; contas públicas nunca antes tão arrombadas - e tudo desperdício, sem resultados na saúde, educação, segurança, infraestrutura. Um desastre, repito. E agora, senhor presidente Temer? Como fazer as necessárias reformas na Previdência e na legislação trabalhista, sem ter a reação dos oportunistas do populismo? Como cortar o desperdício do dinheiro do público,

O

tão irresponsavelmente distribuído? Equilibrar contas públicas vai exigir sacrifícios. Será que o país está suficientemente politizado para entender? É possível que a capacidade de negociação e diálogo com o Congresso seja mais fácil que demonstrar a necessidade de remédios amargos para a população. Enfim, o importante foi eliminar a fonte da sangria. Temos perdido boas oportunidades de diminuir o tamanho do Estado, para que governantes desastrosos não afundem o país. Temos uma estrutura estatal que influencia a vida de todos. Se o Estado vai mal, todos vão mal. Isso está errado. O país deveria poder caminhar sozinho, sem estar acorrentado ao setor público que precisa, sim, prestar serviços básicos, exercer um papel social e não atrapalhar quem quer crescer e enriquecer. A esperteza teria que ceder lugar ao mérito. E que melhor justiça social que um sistema de ensino que iguale pobres e ricos, sem olhar a cor? Nenhum plano de retomada da atividade econômica pode deixar de considerar que é preciso gerar confiança e entusiasmo para produzir e vender. E aí entra a circulação da riqueza, cara e emperrada no país. Aproveitar mais o transporte aquaviário, investir em ferrovias, rodovias e portos é essencial para juntar a produção e o consumo, onde quer que estejam no país ou no planeta. E aí vem outro desafio: como uma administração que recebe um Estado quebrado conseguirá fazer uma reforma tributária que arrecade mais cobrando menos do contribuinte? Sabe aqueles abacaxis que foram pano de fundo da última pedalada de Dilma em Porto Alegre? Agora estão todos nas mãos de Temer. Terá que ser um malabarista.


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CNT TRANSPORTE ATUAL

MAIO 2016

CNT CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE PRESIDENTE Clésio Soares de Andrade PRESIDENTE DE HONRA José Fioravanti VICE-PRESIDENTES DA CNT TRANSPORTE DE CARGAS

Newton Jerônimo Gibson Duarte Rodrigues

Lelis Marcos Teixeira José Augusto Pinheiro Victorino Aldo Saccol Eudo Laranjeiras Costa Antônio Carlos Melgaço Knittel José Luís Santolin Francisco Saldanha Bezerra João Rezende Filho Dante José Gulin Mário Martins

TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO

Meton Soares Júnior

TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS

TRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Luiz Anselmo Trombini Urubatan Helou Irani Bertolini Paulo Sergio Ribeiro da Silva Oswaldo Dias de Castro Daniel Luís Carvalho Augusto Emilio Dalçóquio Geraldo Aguiar Brito Vianna Augusto Dalçóquio Neto Euclides Haiss Paulo Vicente Caleffi Francisco Pelúcio

Jacob Barata Filho TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

José da Fonseca Lopes PRESIDENTES DE SEÇÃO E VICE-PRESIDENTES DE SEÇÃO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Eurico Divon Galhardi Paulo Alencar Porto Lima TRANSPORTE DE CARGAS

Flávio Benatti Pedro José de Oliveira Lopes TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

Edgar Ferreira de Sousa Norival de Almeida Silva TRANSPORTE MARÍTIMO, DE CARGAS E PASSAGEIROS

Edson Palmesan TRANSPORTE FERROVIÁRIO

Rodrigo Vilaça Joubert Fortes Flores Filho TRANSPORTE AÉREO

Eduardo Sanovicz Wolner José Pereira de Aguiar INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE E LOGÍSTICA

TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

Moacir da Silva Sergio Antonio Oliveira José Alexandrino Ferreira Neto José Percides Rodrigues Sandoval Geraldino dos Santos Renato Ramos Pereira Nilton Noel da Rocha Neirman Moreira da Silva

Glen Gordon Findlay TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO

CONSELHO FISCAL (TITULARES) Luiz Maldonado Marthos José Hélio Fernandes Jerson Antonio Pícoli Eduardo Ferreira Rebuzzi CONSELHO FISCAL (SUPLENTES) André Luiz Zanin de Oliveira José Veronez André Luis Costa DIRETORIA TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS

Luiz Wagner Chieppe Alfredo José Bezerra Leite

Escreva para CNT TRANSPORTE ATUAL As mensagens devem conter nome completo, endereço e telefone dos remetentes

Marcos Machado Soares Claudomiro Picanço Carvalho Filho Moacyr Bonelli George Alberto Takahashi José Carlos Ribeiro Gomes Aloísio Sobreira José Rebello III José Roque Fernando Ferreira Becker Raimundo Holanda Cavalcante Filho Jorge Afonso Quagliani Pereira

DOS LEITORES RODOVIÁRIO

AQUAVIÁRIO

Inteligente a ideia das transportadoras brasileiras que se uniram contra a queda da rentabilidade. O transporte colaborativo promove melhorias nos processos de busca e de oferta de carga. O custo é reduzido e o meio ambiente agradece.

Pensar em embarcações mais eficientes demonstra que há interesse do país em diminuir os gases do efeito estufa no planeta. É preciso que as medidas debatidas no seminário realizado no Rio de Janeiro se tornem ações concretas e possam gerar benefícios ao meio ambiente.

Luciana Vaz São Paulo (SP) MAIS TRANSPORTE Londrina (PR) mostrou avanço ao implantar serviço de internet gratuito para os passageiros no sistema de transporte coletivo. A ideia poderia ser implantada em todas as capitais brasileiras visto que hoje em dia a maioria dos cidadãos utilizam internet fora de casa. O mais bacana é que o Wi-Fi Free, com internet 4G, será gratuito e disponibilizado em 280 carros em mais de 60 linhas. Além disso, um aplicativo será lançado ainda esse ano com informações em tempo real para os usuários. Parabéns aos que criaram e aos que implantaram a ideia.

Eclésio da Silva André Luiz Macena de Lima

Luiza Maria Cunha Patos de Minas (MG)

Rafaela Caxias Uberlândia (MG) BOAS PRÁTICAS NO TRANSPORTE Interessante a iniciativa das empresas de transporte em adotar medidas que orientam os caminhoneiros sobre os riscos do consumo de álcool e drogas nas rodovias brasileiras. A Braspress mostrou que se preocupa tanto com a segurança dos profissionais do transporte quanto com a das pessoas que utilizam as rodovias do país. Parabéns! Renata Almeida Salvador (BA) Cartas: SAUS, quadra 1, bloco J Edifício CNT, entradas 10 e 20, 11º andar 70070-010 - Brasília (DF) E-mail: imprensa@cnt.org.br Por motivo de espaço, as mensagens serão selecionadas e poderão sofrer cortes




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