Fábulas e Pele de asno

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Volume

Literatura em minha casa

Charles Perrault

Tradução Ligia Cademartori

La Fontaine

Tradução Ferreira Gullar

Fábulas e Pele de asno

CLÁSSIC0 UNIVERSAL



La Fontaine [tradução Ferreira Gullar] Charles Perrault [tradução Ligia Cademartori]

Fábulas e Pele de Asno CLÁSSIC0 UNIVERSAL

[ilustrações Gustave Doré]

Coleção literatura em minha casa

Volume 4

Biblioteca da Escola FNDE Ministério da Educação

1a edição - Belo Horizonte 2002


Literatura em minha casa • Clássico da literatura universal - Vol. 4 Fábulas e Pele de asno Copyright © 2002 by Editora Miguilim Ltda Editor: Bartolomeu Campos de Queirós Coordenação editorial: Terezinha Alvarenga Rafael Borges Andrade Produção Editorial: José Luiz Domingos Projeto gráfico e editoração: Paulo Bernardo Vaz / Marco Severo Ilustrações: Gustave Doré Revisão: Reler - Serviços Editoriais Ltda Fotolito: Multicromo Impressão e acabamento: Gráfica Editora Posigraf S.A. Conselho editorial: Terezinha Alvarenga Bartolomeu Campos de Queirós

L1.66f La Fontaine, Jean de, 1621-1695 Fábulas Pele de asno/ Jean de La Fontaine, Charles Perrault; tradução de Ferreira Gullar, Ligia Cademartori; ilustrações de Gustave Doré. - Belo Horizonte: Miguilim, 2002. 48p.: il.; 21cm - (Literatura em minha casa - Clássico Universal; v. 4) ISBN: 85-7442-080-8 1. Literatura infanto-juvenil. 2. Fábulas. I. Perrault, Charles, 1628-1703. II. Gullar, Ferreira. III. Cademartori, Ligia. IV. Doré, Gustave. V. Título. VI. Série. CDD: 808.899282 CATALOGAÇÃO NA FONTE DO DEPARTAMENTO NACIONAL DO LIVRO

Proibida a reprodução total ou parcial. Todos os direitos reservados à EDITORA MIGUILIM LTDA Av. Bernardo Monteiro, 52 - Floresta BH - MG - Cep: 30150-280 Telefax: (31)3222-3397 e-mail: miguilim@brhs.com.br www.editoramiguilim.com.br

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Sumário

Prefácio La Fontaine: fabulista e poeta Sobre o tradutor: Ferreira Gullar A raposa e as uvas A cigarra e a formiga O lobo e o cordeiro O asno carregado de relíquias A galinha dos ovos de ouro O carvalho e o caniço A lebre e a tartaruga O asno e o cavalo Os dois amigos e o urso O leão e o rato O homem e a serpente O gato e o velho rato O pavão invejoso O leão doente e a raposa Glossário de Fábulas Pele de Asno Sobre o autor: Charles Perrault Sobre a tradutora: Ligia Cademartori Glossário de Pele de Asno

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Prefácio

Existem histórias que percorrem todas as partes do mundo, de canto a canto, desde muitos séculos. Elas são contadas, reinventadas, escritas, sem se afastarem, definitivamente, de sua essência. Sobrevivem mesmo em localidades em que os valores se alteram sempre. Todos conhecem muitas delas. Tentando decifrar os mistérios do mundo, essas histórias nos visitam e não nos esquecemos delas nunca mais. Essas histórias são chamadas de Obras Clássicas da Literatura Universal. Muitas vezes elas ganham outras linguagens e passam a existir no cinema, no teatro, na escultura, na pintura. Vários criadores buscam nessas obras referências para as suas novas produções. Assim, elas nos chegam passando pelos olhos,

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Fábulas e Pele de Asno


ouvidos e se aninham em nós, deixando mais tranqüilos os nossos corações. “Pele de Asno”, de Charles Perrault, e “Fábulas” de La Fontaine são duas obras primas que a humanidade jamais deixará que sejam esquecidas. Basta uma reflexão mais criativa para transferir suas soluções para os dias de hoje. São textos sempre atuais. “Pele de Asno” é um conto de amor, paixão e fuga. Amada pelo rei, a menina foge do palácio vestida com uma pele de Asno. Sai pelo mundo à procura de trabalho. Passou a ser guardadora de porcos em uma grande propriedade. Conforme previsão da fada madrinha, Pele de Asno é descoberta por um príncipe, casa e é feliz para sempre. A bondade vence e a fortuna aparece.

Nas “Fábulas” de La Fontaine os animais dialogam sobre problemas também comuns aos homens. E dessa conversa inventiva, as soluções aparecem de maneira simples, cheias de surpresas. São fábulas que trazem lições morais e convidam a um pensamento ético. Este livro, presente em sua coleção, deve ser um objeto de várias leituras. Mesmo aqueles que já conhecem as obras clássicas – pais, professores – vão se sentir felizes em reler as traduções de Ferreira Gullar e Ligia Cademartori. Depois é só se reunirem em grupos para novas leituras, novas interpretações e novas propostas de trabalho em torno delas. Bartolomeu Queirós

La Fontaine Prefácio

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La Fontaine

LA FONTAINE: FABULISTA E POETA Jean de La Fontaine nasceu há quase 400 anos, mais exatamente em 1621, e passou boa parte de sua vida sob a proteção da nobreza parisiense, o que lhe permitiu consagrar-se inteiramente às letras. Era um boêmio, um indolente, um espectador da existência, e não aquele bonhomme que nos sugere a lenda biográfica. Sua moral, que era aquela dos chamados “moralistas” implacáveis e imparciais – e que, sob esse prisma, seria a mesma do espanhol Gracián - , é pragmática e utilitária, razão pela qual o processo literário de La Fontaine apenas superficialmente tangencia o dos outros fabulistas: em vez de humanizar os animais, animaliza os homens. Por isso

suas fábulas são sempre espirituosas e irreverentes, irônicas e anticonvencionais, o que se deve também à libertinagem espiritual do autor, cujo epicurismo é antes poético do que científicofilosófico, tal qual como vemos em Lucrécio ou Ariosto. Já se disse, aliás, que o epicurismo de La Fontaine seria imaginário, caso o poeta não pudesse sustentar um sólido argumento: os homens falam como santos, mas se comportam como epicureus. Mas, se essas Fábulas despertam até hoje um vivo interesse da parte de crianças e adultos, cumpre esclarecer que isso se deve, também, ao estupendo poeta que foi La Fontaine, às vezes comparado a Homero e Dante e a quem La Fontaine

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um crítico da estatura de um Sainte-Beuve definiu como “o poeta nacional” da França. Há que ressaltar, todavia, que essa definição só não pode ser entendida à luz dos conceitos literários dos séculos XVI, XVIII ou mesmo XIX, quando a poesia englobava tudo que era escrito em verso, mas nunca no sentido da poesia “sugestiva” dos séculos XVII e XX. Flutuando sempre entre a ode e o epigrama, o verso de La Fontaine, apesar de refletir o extraordinário domínio que o autor tinha da língua, não é virtuoso, mas apenas eficiente, ou seja, deve ser compreendido e degustado como conseqüência do amor do artista por todas as coisas e todos os meios de expressão. Ademais, sua poesia não é, como parece, intelectual, como foi a do Barroco, e sim intelectualista, tal como ocorre na Renascença e,

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Fábulas

depois, ao longo do século XVIII. Em suma, trata-se de uma poesia menos avessa do que superior ao lirismo subjetivo, uma forma original que se apresenta sob aspecto narrativo, pois somente assim o século XVII a suportou. A fábula, como se sabe, é um gênero que se baseia no processo alegórico que personifica virtudes e vícios humanos em animais. La Fontaine aproveitou temas clássicos de Esopo e Fedro – A raposa e as uvas, O lobo e o cordeiro, etc. – para caracterizar personagens e situações humanas, além de valerse dos deuses e heróis mitológicos para ilustrar suas lições, pois essas fábulas são psicológico-didáticas ou, como já se disse, “moralistas” no sentido francês do termo. Elas não impõem conceitos de nenhuma espécie; apenas atestam, em linguagem concisa e elegante, aquilo que não devia ser,


mas é, quer pela força, quer pela fraude. Publicadas em 12 livros entre 1668 e 1694, as Fábulas já foram traduzidas em diversas línguas e tornaram-se leitura obrigatória nos colégios do mundo inteiro. Apesar das críticas que lhe fazem ao conteúdo – egoísmo malicioso, libertinagem filosófica, conceito utilitário e pragmatismo da vida - , elas não fazem mais do que retratar a realidade, cativando leitores de todas as idades. Já traduzidas no Brasil pelo barão de Paranapiacaba em linguagem rebuscada e pedregosa, essas Fábulas aparecem agora em versão livre do poeta Ferreira Gullar. Nada mais justo e oportuno, pois de poetas só entendem mesmo – e quase sempre – os próprios poetas.

FERREIRA GULLAR: TRADUTOR E ADAPTADOR José Ribamar Ferreira Gullar nasceu em São Luiz, Maranhão (1930). Considerado pela crítica como o maior poeta brasileiro vivo, é também romancista e crítico de artes plásticas, autor de dezenas de livros. Algumas de suas obras: Poema Sujo; Argumentação contra a Morte da Arte; Rabo de Foguete; Cidades Inventadas; Muitas Vozes; Um Gato chamado Gatinho.

Ivan Junqueira La Fontaine

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A RAPOSA E AS UVAS Certa raposa matreira, que andava à toa e faminta, ao passar por uma quinta, viu no alto da parreira um cacho de uvas maduras, sumarentas e vermelhas. Ah, se as pudesse tragar! Mas lá naquelas alturas não as podia alcançar. Então falou despeitada: – Estão verdes essas uvas. Verdes não servem pra nada! Como não cabem quatro mãos em duas luvas, há quem prefira desdenhar a lamentar.

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A CIGARRA E A FORMIGA Tendo a Cigarra cantado durante todo o verão, viu-se ao chegar o inverno sem nenhuma provisão. Foi à casa da Formiga, sua vizinha, e então lhe disse: – Querida amiga, podia emprestar-me um grão que seja, de arroz, de farinha ou de feijão? Estou morrendo de fome. – Faz tempo então que não come?lhe perguntou a Formiga, avara de profissão. – Faz. – E o que fez a senhora, durante todo o verão? – Eu cantei – disse a Cigarra. – Cantou, é? Pois dança, agora!

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O LOBO E O CORDEIRO Na água limpa de um regato, matava a sede um Cordeiro, quando, saindo do mato, veio um Lobo carniceiro. Tinha a barriga vazia, não comera o dia inteiro. – Como tu ousas sujar a água que estou bebendo? – rosnou o Lobo, a antegozar o almoço. – Fica sabendo que caro vais pagar! – Senhor – falou o Cordeiro – encareço à Vossa Alteza que me desculpeis, mas acho que vos enganais: bebendo, quase dez braças abaixo de vós, nesta correnteza, não posso sujar-vos a água.

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– Não importa. Guardo mágoa de ti, que ano passado, me destrataste, fingindo! – Mas eu nem tinha nascido. – Pois então foi teu irmão. – Não tenho irmão, Excelência. – Chega de argumentação. Estou perdendo a paciência! – Não vos zangueis, desculpai! – Não foi teu irmão? Foi teu pai ou senão foi teu avô – disse o Lobo carniceiro. E ao Cordeiro devorou. Onde a lei não existe, ao que parece, a razão do mais forte prevalece.

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O ASNO CARREGADO DE RELÍQUIAS Um asno, de relíquias carregado, vendo que se faziam reverências quando passava, julgou-se ele o reverenciado. Por que iriam reverenciá-lo já que não merecia a distinção? Mas isso o Asno não se perguntava. Seguia em frente, todo presunção. Até que um cidadão que ali passava fê-lo voltar ao bom senso: – Lembre, seu Asno, que a vaidade cega. Não é para o senhor que queimam incenso, mas para essas relíquias que carrega. Também ao mau juiz não se respeita, e sim, somente, à toga que o enfeita.

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A GALINHA DOS OVOS DE OURO Havia um homem que tinha uma galinha que punha ovos de ouro. Por avidez e burrice, pensou: se a galinha abrisse, encontraria um tesouro. Ah, cobiça desastrada! Morta e aberta a galinha viu que lá dentro não tinha nada! Por excesso de ambição, podes perder teu quinhão.

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O CARVALHO E O CANIÇO – Bem podes te queixar da Natureza, disse o Carvalho ao tímido Caniço. – Ela, em vez de te dar fortaleza de um carvalho, te fez assim, magriço. Até mesmo um pardal, que nada pesa, te faz curvar a espinha, facilmente. Já eu, de fronte erguida e com nobreza, enfrento o furacão galhardamente! – Por teres tão bondoso coração sentes pena de mim – disse o Caniço. – Mas não precisa tal preocupação, uma vez que, mostrando-me submisso, enfrento com vantagem o furacão: vergo e não quebro. Tu, enquanto isso, corres o risco de quebrar. E então um vento forte passou a soprar, tudo arrastando no seu turbilhão. O Caniço vergou-se sem quebrar. Já o Carvalho, sem poder vergar, foi arrancado e desabou no chão. Às vezes ter bom jogo de cintura é mais vantagem que musculatura.

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A LEBRE E A TARTARUGA A Tartaruga certo dia desafiou a Lebre para uma porfia. – Chego antes de você – disse à Lebre, que reagiu sorridente. – Antes de mim?! Estás demente! – Então é pagar pra ver – insistiu a Tartaruga. – Aposto que vou vencer! Acertou-se enfim a aposta. A corrida começou. A Tartaruga partiu, disposta, a Lebre riu, nem ligou.

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Antes foi comer um nabo, puxar ronco e coisa e tal... E quando ao fim e ao cabo, deu por si, a Tartaruga chegava ao ponto final. Disparou feito uma flecha mas não deu, chegou depois. Assim, foi que a Tartaruga venceu a Lebre veloz. Correr muito não é suficiente: Mais vale ser atento e persistente.

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O ASNO E O CAVALO Um asno, de passo tardo, mal podendo suportar o pesadíssimo fardo que tinha de carregar, pediu ao Cavalo: – Amigo, podes dividir comigo a carga que mal suporto? Se assim continuar, muito em breve estarei morto. O Cavalo respondeu: – Com isso pouco me importo. Sem demora, o Asno morreu. Então o dono dos dois transferiu para o Cavalo todos os sacos de arroz. E foi assim que um esperto acabou bancando um otário e pagou um alto preço porque não foi solidário.

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OS DOIS AMIGOS E O URSO Iam os dois homens pela estrada quando um urso os atacou. Enquanto um deles caiu, o outro, em desabalada fuga, numa árvore subiu. O que ficou se fingiu de morto. O urso o cheirou, mexeu, virou, revirou, finalmente desistiu. Depois que o Urso sumiu, o outro, de volta, rindo, ao amigo perguntou: – Quando fuçou seu ouvido, o que o Urso falou? – Que nas horas de perigo, se conhece o falso amigo.

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O LEÃO E O RATO Ao deixar seu buraquinho, viu-se o pobre do Ratinho entre as patas do Leão. Levou um susto sem nome. Acontece que o felino, talvez por não estar com fome, não quis o Rato matar. Gesto que não foi em vão. Quem iria imaginar que um simples rato pudesse um dia o Leão salvar? Pois é isso que acontece! Pensando em matar a sede, o Leão buscava o rio quando caiu numa rede. O bicho ficou bravio e embora se debatesse não lograva se livrar. Chegou o Ratinho, então, roeu os fios da rede e libertou o Leão. Pode alguém que a gente ajude um dia nos dar a mão. Dá até lucro a virtude!

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O HOMEM E A SERPENTE Um camponês, que possuía uma alma ingênua e bondosa, encontrou na neve fria uma cobra venenosa que, enregelada, morria. Sem refletir, num repente, levou-a para sua casa e a aqueceu junto à brasa do seu fogão. A serpente renasceu rapidamente. E quando se sentiu forte atacou o camponês tentando pagar com a morte o bem que este lhe fez. Mas deu-se mal, desta vez: com dois golpes de facão, o homem a cortou em três! É certo fazer o bem mesmo sem olhar a quem? Ou Fazer o bem está certo mas tendo um facão por perto!

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O GATO E O VELHO RATO Num casarão decadente, onde pululavam ratos, apareceu de repente o mais terrível dos gatos. Foi um morticínio insano, que a rataria assustou. Em pouco tempo o Bichano mais de cem ratos matou. Espantados com a matança tudo que é rato sumiu. O Gato, só de lambança, de morto então se fingiu. Mas eis que um rato ancião, vendo-o ali estirado, preferiu por precaução manter-se dele afastado. E aos mais jovens transmitia este conselho de rato: Em gato não se confia nem quando morto de fato.

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O PAVÃO INVEJOSO À deusa Juno, o Pavão foi se queixar, certa vez, dizendo que quem o fez não o fez com perfeição. – Tenho uma voz horrorosa. Tanto assim que, quando canto, todos os bichos, de espanto, se escafedem em polvorosa. Queixou-se a bonita ave: – Causa inveja, ao pôr-do-sol, ouvir o canto suave e doce do rouxinol. Por que, Juno, não me deste uma voz tão linda igual? Rogo que me livres deste canto, que é um berro, afinal! – Deixa de ser invejoso, Pavão – a deusa falou: És bicho mais formoso que a Natureza criou. És uma ave elegante, de plumagem delicada. Tua cauda é deslumbrante, de ricas gemas ornada.

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Foi bem sábia a Natureza não dando tudo a um só. Se o Rato não tem beleza, tem tino como nenhum. Ao Macaco deu destreza, musculatura ao Leão; deu à Raposa esperteza, deu à Coruja atenção. E nenhum deles se queixa, conformados com o que são. Não estás contente? Pois deixa, Vou te dar uma lição! Queres ter voz maviosa? Pois essa voz te darei. Mas retiro a esplendorosa cauda com que te enfeitei. E então o Pavão, aflito, achando a troca ruim, falou: – Até que meu grito não é lá tão feio assim.

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O LEÃO DOENTE E A RAPOSA O Leão, que nas matas imperava, comunicou a cada um vassalo estar muito doente e que esperava fossem à sua cova visitá-lo. Deviam ir sem preocupação. Não lhes sucederia nenhum mal, a todos garantia o rei Leão, empenhando a palavra imperial. Então se organizaram as comitivas para agradar ao rei com seus caprichos. E ao entrarem na cova, davam “vivas” desejando saúde ao Rei dos Bichos. Foi então que a Raposa, muito esperta, percebeu uma coisa curiosa: – O rastro dos que entram é coisa certa, enquanto o dos que saem é duvidosa. E conclui, embora sem ter prova: – Quem bem pesar as coisas, lá não vai. Sabe-se como se entra nessa cova, mas não se sabe bem como se sai.

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Glossário

Antegozar Gozar antecipadamente; prelibar, antegostar. Arcaísmo Modo de falar ou de escrever antiquado. Avara Que tem avareza, que é excessivamente apegado ao dinheiro. Boêmio Que leva vida desregrada; vadio. Caricaturista Pessoa que faz caricaturas. Desenhista. Carniceiro Sanguinário, feroz, cruel. Cobiça Ambição desmedida de riquezas. Concessão Ato de conceder, permitir; consentimento. Concisa Exposição das idéias em poucas palavras. Consagrar Obter glória, sucesso, fama. Cooptar Atrair (alguém) para seus objetivos. Degustado Avaliado pelo paladar o sabor de; provado. Demente Popular: louco, insensato.

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Desdenhar Mostrar ou ter desdém a; desprezar. Devorar Engolir de uma só vez; comer avidamente; tragar. Epicurismo Saúde do corpo e sossego do espírito. Epigrama Poesia breve, satírica; sátira. Fecundar Fertilização, concepção. Felino Relativo ao, ou próprio do gato ou dos demais felídeos, ou semelhante a ele. Fraude Falsificação, adulteração. Galhardamente Modo de exibir com galhardia; ostentar. Ilusão Sonho, devaneio, quimera. Indolente Insensível à dor; insensível, apático. Insano Indivíduo demente. Popular: louco insensato. Libertinagem Devassidão, desregramento. Matreira Mostrar-se matreiro, esperto, astuto. Morticínio Mortandade.


Ode Composição poética de caráter lírico, composta de estrofes simétricas. Pedregosa Em que há muitas pedras. Persistente Que persiste; pertinaz, constante. Porfia Competição, rivalidade; disputa. Pragmática O conjunto das normas formais e rigorosas da etiqueta. Presunção Vaidade, orgulho; pretensão. Pretensão Aspiração; ambição. Prisma Figurado: ponto de vista ilusório. Provisão Abastecimento, fornecimento, provimento. Pululavam Estavam cheios, repletos. Quinhão A parte de um todo que cabe a cada um dos indivíduos pelos quais se divide; partilha, cota.

Rebuscada Apurada com esmero; requintada. Relíquia Coisa preciosa por ter valor material ou por ser objeto de estima e apreço. Reverência Veneração, honra, adoração. Sensualidade Volúpia, luxúria; sensualismo. Sumarento Que tem sumo ou muito sumo, sucoso. Sutil Perspicaz, hábil, engenhoso, talentoso. Tangenciar Passar ou estar muito próximo de; roçar. Tardo Que anda vagarosamente; preguiçoso. Turbilhão Redemoinho de vento. Vaidade Qualidade do que é vão, ilusório, instável ou pouco duradouro. Vassalo Subordinado, submisso. Vergar Dobrar, curvar, envergar. Virtuoso Que tem virtudes, eficaz.

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Pele de Asno

CHARLES PERRAULT:

LÍGIA CADEMARTORI:

AUTOR

TRADUTORA

E CONTISTA INFANTIL

E ADAPTADORA

Charles Perrault, escritor francês, nasceu em Paris em 1628. Morreu em 1703. Jovem ainda, fez uma paródia de Eneida, obra clássica que conhecia tão bem. Foi autor de obras históricas, como Século de Luiz o Grande e de diversas obras galantes, como: Retrato de Íris, Diálogo do amor e da amizade, entre outras. Em 1870 ingressou na Academia de Letras e, em seguida, na Academia Francesa. As principais obras que, entretanto, eternizaram o nome de Perrault são os contos de fadas, que ele recolheu fielmente na tradição popular: O Pequeno Polegar, O gato de botas, Cinderela, Barba Azul, Chapeuzinho Vermelho, Pele de Asno, e muitos mais. No século XIX seus textos são readaptados pelos irmãos Grimm que adocicaram suas histórias, dando-lhes um final feliz.

Ligia Cademartori é gaúcha, mas vive em Brasília há muitos anos. Doutora em Teoria da Literatura, foi professora do Curso de Pós-graduação do Departamento de Letras da Universidade de Brasília. É autora de diversos livros de interesse literário, entre eles, O que é literatura infantil. Assina artigos de crítica para o jornal Correio Braziliense. Como tradutora, recebeu menção honrosa, conferida pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil – FNLIJ, por Um estudo em vermelho, de Conan Doyle. Em 1991, passou a integrar a IBBY HONOUR LIST, prêmio concedido pelo International Board on Books for Young People, na Suíça, pela tradução de O naufrágio do Golden Mary, de Charles Dickens e Wilkie Collins.

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Era uma vez um rei, o mais poderoso da Terra. Se era amado na paz, era terrível na guerra. Como os outros reis o temiam, nas fronteiras havia calma. Em seu reino floresciam as virtudes e as belas-artes. Tinha por cara-metade uma fiel companheira. Mulher bela e tão digna que o rei, como marido, era ainda mais feliz do que como soberano. No entanto, não tinham filhos. Servia-lhes de consolo o convívio com uma menina nascida do primeiro casamento da rainha. Moravam em palácio magnífico, cercados por lacaios e cortesãos. Na cavalariça real, cavalos de nobres raças tinham arreios dourados. Mas o que mais chamava a atenção era estar a melhor cocheira reservada a um asno de orelhas largas. Um contra-senso, é o que isso lhe parece? Pois, há de reconhecer que um burro como esse tamanha honra merece. Mistério da natureza: o asno não expelia esterco como os outros animais. Soltava moedas de ouro que, espalhadas pela palha, eram logo recolhidas no começo da manhã. Mas os céus, às vezes, cansam de satisfazer aos homens. Misturam à felicidade abalos e tristezas. A rainha ficou doente.

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Nem médicos nem charlatães descobriram qualquer remédio que lhe aliviassem as dores. Sequer a febre em que ardia conseguiram diminuir. Na derradeira hora, disse a rainha ao marido: – Tenho um último desejo, algo que vou lhe pedir. Depois que eu morrer, quando quiser se casar de novo… – Ah! – disse o rei - jamais eu pensaria em uma coisa dessas, querida. Vá em paz. – Acredito - disse ela - pois grande foi o amor que tivemos. Mas para que eu morra bem certa, preciso ouvir sua promessa. Jure que só se casará novamente, se encontrar mulher mais bela, mais digna e mais sábia do que eu. Ela depositava confiança no juramento. Acreditava que, aos olhos do rei, nunca outra mulher mereceria ser amada. Pensou, assim, levar consigo a garantia de que o lugar que fora seu jamais seria ocupado. Com olhos cheios de lágrimas, o rei jurou o que ela quis. E a rainha, então, morreu entre seus braços. O rei pranteou-a muito e deixava a corte ouvir seus soluços noite e dia. Pessoas, diante disso, concluíram que o luto não ia durar. Tamanha demonstração de pesar podia ser vontade de dar logo o assunto por encerrado. Pois, não estavam enganados. Poucos meses após a morte, o viúvo começou a procurar esposa, tarefa bem complicada. O juramento tinha que ser mantido. Perrault

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A noiva deveria ser mulher mais dotada do que aquela para quem um monumento ele havia levantado. Na corte, nas aldeias e arredores, procurou-se por uma sábia e encantadora beldade. Não existia ninguém com tão grandes qualidades. Somente a enteada do monarca tinha mais beleza e graça do que a rainha morta. O próprio rei acabou por perceber que a mulher que buscava longe, estava ali, bem por perto. E não faltou um conselheiro que o encorajasse a fazer à menina tal proposta. A jovem princesa se entristeceu ao ouvir o velho rei falar de amor. Recolheu-se em sofrimento. Depois, decidiu buscar ajuda. Foi visitar a madrinha que vivia bem distante, recolhida em bela gruta de nácar e de coral. Tratava-se de fada poderosa. Como ela, nenhuma mais competente. Ao ver a princesa, disse: – Bem sei o que a traz aqui. Há dor em seu coração. Mas não deve amargurar-se com tantas preocupações. Não tema o que possa ocorrer. Basta que aos meus conselhos consiga obedecer. Seu padrasto está mesmo decidido a desposá-la. Mas atender sua vontade seria uma falta grave. O que não quer dizer que precise contrariá-lo. Diga assim: “Antes de que a seu amor meu coração se abandone, dê-me provas do que sente. Não há mais belo presente do que um vestido com as belas cores do tempo.” Eis um pedido que,

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não importa o ouro que tenha, não poderá atender. – A fada tão sábia desconhecia uma verdade corrente. Não existe obstáculo que se imponha a um desejo intenso. O rei, de imediato, convocou as costureiras do reino. Se não conseguissem fazer o que ele queria, não ficaria uma viva. É preciso reconhecer. O velho rei sabia como convencer. Resultado? À menina foram presentados lindos vestidos com as cores das estações. E se um tinha o brilho do Sol, um outro, as luzes da Lua. A princesa ficou, então, totalmente transtornada. Que mais poderia fazer para escapar ao casório? Por sorte, surgiu a madrinha. Recomendou à menina convencer o rei de que subiria ao altar. Quando ele estivesse, por fim, bem satisfeito, ela poderia fugir sob um disfarce perfeito. – Tome essa arca - disse a fada. Nela coloque os vestidos, um espelho, esmeraldas e rubis. Leve minha varinha mágica. Enquanto a tiver na mão, a arca irá segui-la por onde for, escondida sob o chão. Quando a quiser abrir, basta tocar com a varinha no solo. Ela vai aparecer. Agora, preste atenção no que pensei. Para ficar irreconhecível, uma pele de asno seria admirável. Quem vai procurar, sob pele tão feia, beleza tão rara? A menina fez o que lhe disse a madrinha e, pela manhã, bem cedinho, saiu escondida do palácio coberta por uma pele de asno.

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O rei, que já se preparava para as festas do casamento, descobriu, apavorado, o desaparecimento. Não houve casa, casebre, atalho, caminho por onde a noiva não fosse procurada. Inútil, não encontraram nada. A corte se entristeceu. Não haveria mais festa, música, comilança… Na verdade, as pessoas até se esqueciam de comer. Dentre todas, o capelão era o mais desolado. Além de não poder celebrar o casamento, os outros, tão distraídos, nem lhe davam alimento. Enquanto isso, a princesa seguia seu caminho. Coberto com sujeira o belo rosto, estendia a mão aos passantes, pedindo serviço. Mas quem a levaria para casa, cheirando a cavalariça? Ela, então, foi em frente. Depois de andar muito, acabou chegando a uma fazendola onde precisavam de uma guardadora de porcos. Deram-lhe para morar um canto atrás da cozinha. O resto da criadagem se divertia, torturando a pobrezinha. Suja e com aquele cheiro… Mas, aos domingos, assim que terminava o trabalho, ela se fechava em seu canto. Lavava-se muito bem e, com a vara de condão, buscava a arca no solo. Diante do espelho, contente e satisfeita, punha, então, o vestido da cor da Lua. Depois, o outro, que brilhava como o Sol. E um terceiro, bordado em tons de azul que no céu não há igual. O espaço era tão pequeno que nem a cauda dos Perrault

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vestidos ela podia estender. Mas, quanto bem lhe fazia ver-se bela e elegante… Tirava daí força para enfrentar outra semana. Coragem como a dessa princesa não se encontra a todo instante. Quase esqueço de dizer que a tal fazendola pertencia a rei poderoso que gostava de criar aves de toda espécie: pavões, grous, galinhas-d’angola e até patosde-pequim. Um dia, de volta da caça, por ali passou o filho do rei. Buscava repouso e um copo d’água. Seu ar era nobre, seu porte, marcial e Pele de Asno, como era chamada, percebeu que ainda tinha um coração real. – Como é imponente, mesmo desalinhado – ela observou. – Que feliz será a mulher que por ele for amada. O vestido mais simples que me desse me faria mais feliz do que todos que ganhei. Pois não é que, certo dia, o príncipe voltou à propriedade e, andando por lá à toa, passou pelo quarto de Pele de Asno?! Era domingo e ela se enfeitava. Aconteceu de ele espiar pela fechadura. O traje dela, com brilhantes, parecia o Sol em claridade mais pura. O príncipe ficou encantado. Que belo rosto, que traços delicados. E que dizer do porte, da mistura de modéstia com orgulho? Isso, sem dúvida, valia mais do que o traje. Foi tal o arrebatamento que o príncipe chegou a pensar em arrombar a porta. O que o deteve? Pensou que podia tratar-se de alguma divindade, figura de

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outro mundo. Além disso, não fica bem príncipe espiar por fechadura. Ele voltou ao palácio triste e pensativo, uma fonte de suspiros. Nada de baile ou de festa, nada de teatro ou de caça. O príncipe estava triste. Mandou, então, que descobrissem que ninfa se escondia por aquelas redondezas. Qual o nome da mulher que vivia lá no fundo da cozinha? – Ninfa, o quê?! – lhe responderam – Quem mora ali é a guardadora de porcos. Pele de Asno, feia e suja. O príncipe não acreditou em nada do que ouvia. Guardava ainda nos olhos a beleza do que vira. A rainha-mãe andava desesperada com o sofrimento do filho. Rogou-lhe que dissesse o que tanto lhe faltava. Que fizesse qualquer pedido. – Quero que Pele de Asno me faça um bolo com suas próprias mãos. A mãe não entendeu o desejo de filho. – Meu Deus – disseram à rainha – não há ninguém mais sujo que essa Pele de Asno. Quem a quer numa cozinha? – Não importa – disse a rainha. Se é o que meu filho quer, é isso que ele vai ter. Pele de Asno pegou a farinha – especial para massa fina – ovos frescos, manteiga e tal. Recolheu-se, lavou-se bem e vestiu cinta de prata. Para fazer esse trabalho não queria ser a guardadora de porcos. Perrault

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Trabalhou com tal empenho que anel de grande valor lhe escorregou do dedo. Há quem diga que não foi obra do acaso o fato de a jóia cair no meio da massa. Cá entre nós, é possível que a princesa soubesse que o príncipe a espionava. É difícil admirar uma mulher sem que ela se saiba admirada. Sou capaz de jurar também que ela sabia que a mensagem do anel iria ser compreendida. O príncipe apreciou tanto o bolo que, guloso, quase engoliu o anel. Mas quando viu de perto a fantástica esmeralda e, pelo aro, entendeu ser delicado o dedo que o perdeu, sentiu enorme alegria e a jóia, bem junto dele, escondeu. No entanto, a cada dia, ele ficava mais magro. Chamaram os sábios da corte para explicar o fato. Nenhuma dúvida. O mal do príncipe era estar apaixonado. O remédio? Casamento. Mas o príncipe deixou claro: – Só me caso com aquela a quem pertencer este anel. Pode-se imaginar o que aconteceu a seguir. Procuras por toda parte e moças de todo tipo com o dedo esticado para caber no anel. Mas era preciso ter mão bem delicada. Começaram a surgir charlatães de todo lado: especialistas em afinamento anular. Havia moça que raspava o dedo como se fosse

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cenoura. Outras, deixavam o coitado de molho até ficar bem murchinho. Valia qualquer manobra para ser recompensada casando com o príncipe herdeiro. Princesas, duquesas, baronesas tinham mãos mimosas, lindas. Mas o anel não cabia. Chamaram, pois, condessas, viscondessas e demais aristocratas. Mas o anel não servia. Vieram costuteiras, rendeiras, bordadeiras, todas com mãos delicadas. Resultado? Não entrava ou, então, caía. Veio a vez das cozinheiras, lavadeiras, faxineiras, com mãos vermelhas, grosseiras, mas com esperança nos olhos. Deu em nada. – Só falta uma –, concluíram. De todas, ela era a mais humilde. Acertou, se disse Pele de Asno. Mas como apresentar aos nobres criatura, assim, tão pobre? E suja, diga-se a bem da verdade. Porém, não havia saída. Era preciso chamá-la. Debaixo da pele escura saiu, então, a mão mais delicada. O dedo? Bem do tamanho indicado. Ficaram todos pasmados. A menina deixou cair a pele feia. Sob ela, um deslumbrante vestido com as belas cores da aurora. Foi marcado o casamento, festa para potentados, vieram todos os reis em trajes muito enfeitados. Entre eles, o padrasto da princesa exibia a maior riqueza. O tempo o havia curado daquela estranha paixão e estava feliz como todos. Perrault

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Em meio a tanta alegria, a fada apareceu. Contou ao noivo toda a história, o que só aumentou a glória da antiga Pele de Asno. Assim acaba essa história que vem de tempos remotos para provar certas teses: quando se serve à virtude, mesmo sofrendo tortura, seremos recompensados; não há força no mundo capaz de vencer um amor intenso; e, ainda, que as mulheres confiam muito no poder da própria beleza. Talvez seja difícil crer que tudo aconteceu, conforme foi narrado, com a bela Pele de Asno. Mas a história tem atravessado séculos e, enquanto houver gente que aposte na fantasia, ela será recontada.

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Glossário

Abalo Desordem; alvoroço; perturbação Amargurar Entristecer Anular Em que se usa pôr anel Aristocrata Nobre; fidalgo Arrebatamento Encantamento Asno Burro; jumento Capelão Padre encarregado da assistência espiritual a regimentos militares, escolas, hospitais, irmandades. Cara Metade Esposa ou companheira Cavalariça Tropa militar que serve a cavalo Charlatão Explorador de boa fé do público; impostor; trapaceiro

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Convívio Ter convivência; viver em comum; familiaridade Coral cor vermelho amarelada Cortesão Homem da corte Desalinhado Descuidado Desposar Tornar esposa Digna Honesta; honrada Dinvindade Qualidade de divino; deusa Enteada Filha nascida do casamento anterior Floresciam Existiam Fronteira Extremidade de um país com outro Imponente Majestoso Lacaio Criado Monarca Rei

Nácar Substãncia branca, brilhante Ninfa Mulher nova e formosa Obstáculo Dificuldade; empecilho Padrasto Marido da mãe Pasmado Surpreendido; admirado; Espantado Potentado Principe soberano de grande poder Pranteou Chorou; lamentou Remoto Que aconteceu a muito tempo; antigo Soberano Pessoa que detém poder; poderoso Temiam Tinham medo

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Literatura em minha casa Literatura em minha casa

GÊNERO DA OBRA GÊNERO DA OBRA

1 Poesia sempre Poesia sempre 21 Contos de Reis 2 Encontro dos Contos 3 Indez Indez e Pele de asno 43 Fábulas Fábulas e Pele de asno 54 Histórias espertas 5 Histórias espertas

POESIA POESIA CONTO CONTO NOVELA NOVELA CLÁSSICO UNIVERSAL CLÁSSICO TEXTO DEUNIVERSAL TRADIÇÃO POPULAR TEXTO DE TRADIÇÃO POPULAR

A presente obra — Contos de Reis — é um livro em Existem histórias que percorrem todas as partes do que vários autores brasileiros reunidos escreveram seus mundo, de canto a canto, desde muitos séculos. Elas são contos, buscados na fantasia ou recontados depois de contadas, reinventadas, escritas, sem se afastarem, ouvidos. Todas as pessoas gostam de histórias e já definitivamente, de sua essência. Sobrevivem mesmo em ouviram muitas vezes os contos de fadas lidos pela localidades em que os valores se alteram sempre. Todos professora: Cinderela, Chapeuzinho Vermelho, O Gato de conhecem muitas delas. Tentando decifrar os mistérios Botas, Donaessas Baratinha. Tais do mundo, histórias noscontos visitamtraziam e não tanta nos felicidade para os corações dos alunos, que ansiosos esquecemos delas nunca mais. Essas histórias são esperavam dia seguinte para escutarUniversal. mais outras chamadas deoObras Clássicas da Literatura histórias. Estar na escola era uma grande alegria.

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