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Joaçaba | 1º semestre 2010
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Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da UNOESC
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Ano I - Edição I | Joaçaba (SC) - 1º semestre de 2010
O Japão que há em SC p. 6 e 7
Guer ra do Contestado
A lutra pela terra e o fanatismo religioso que levou milhares de caboclos a se armar e enfrentar tropas militares no início do século passado na região sul do Brasil, ainda deixa interrogações. p. 2 e 3
Conheça um roteiro a migável
Á g ua potável, resta quanto?
O Aquífero Guarani, a maior reserva subterrânea de água doce e potável do mundo, está ameaçado.
!ndispensável conduz você pela Rota da Amizade, seus roteiros e mostra o potencial turístico do meio-oeste catarinense.
p. 12 e 13
A histór ia de um monumento
A estátua de Frei Bruno é grandiosa, tem 37 metros de altura. Na pequena Joaçaba ela pode ser vista em quase todos os pontos da cidade.
p. 8 e 9
p. 4 e 5
CA POEIR A
Ginga pra cá, ginga pra lá. Ao som do berimbau, pandeiro, atabaque e agogô, os braços balançam, os pés momentaneamente deixam o chão e o tronco se projeta em rodopios desconcertantes.
p. 10Unoesc e 11Campus Joaçaba
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O Contestado
Ed i to ri a l
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luta pela terra e o fanatismo religioso que levou milhares de caboclos a se armar e enfrentar tropas militares no início do século passado na região sul do Brasil, ainda deixa interrogações. Por mais livros e documentários que tenhamos acesso, não conseguimos adentrar no âmago deste conflito, que por vezes parece ter sido desnecessário. Vinte mil pessoas morreram em combate direto durante cerca de 5 anos, sem que alguém possa eleger um “vencedor”. Podemos apenas lamentar, pois perdeu o governo por não ter sido diplomático, e principalmente perderam os pelados (como eram chamados os caboclos) por terem lutado em vão sem conseguirem o pedaço de chão. Claro que para aquela gente desamparada, não restou mais nada a não ser lutar pelos direitos que foram usurpados com a doação das terras à companhia americana, responsável pela construção da estrada de ferro.
Se uniram por acreditar, principalmente, em alguém que consideravam ser um messias, pois mesmo a.C o povo espera por um salvador. Mas, o santo José Maria que prometia o paraíso, uma Monarquia Celeste, guiou seu rebanho à destruição, pois a “tão brigada terra”, acabou em outras mãos. O conflito, ou a morte de tanta gente, serviu apenas para regularização tardia da pendência entre os estados de Santa Catarina e Paraná, que disputavam judicialmente divisas valorosas desde a época do Império. Nessa linha de raciocínio, vem a seguinte pergunta: será que se essas terras tivessem dono, a guerra teria acontecido? Mas procurar culpado a essa altura, é sem dúvida tempo perdido, até por que não saberíamos a quem apontar o dedo. Ao Governo Federal? A companhia americana? A ferrovia? Ao monge Zé Maria? O que nos resta é procurar entender a história, em que pessoas humildes acostumadas ao árduo trabalho na lavoura, se transformaram em um forte exército, capaz de assustar o regimento dos dois estados e até mesmo o Governo Federal, comandado pelo Marechal Hermes da Fonseca, na recém formada República brasileira, caracterizada pela “Política das Salvações” que eliminava adversários políticos.
Importante é ressaltar que os caboclos ingênuos acreditaram em algo, tinham um ideal que os fortalecia, que mesmo diante de algumas derrotas não se arrefeciam. As vitórias, porém, lhes traziam uma euforia inebriante, que em certos momentos, segundo a história, os fazia esquecer os reais motivos da batalha. O fato é que se a Guerra do Contestado não serviu para mudar a tão visível desigualdade social, serve para refletirmos o quão grande é a força que trazemos em nosso sangue, em nossas veias. Finalizo com um provérbio da sabedoria popular: “Se o cavalo soubesse a força que tem, ninguém subiria em suas costas”.
CONTESTAÇÕES
E UMA
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Ana Caroline
GU ER R A
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uitas pessoas já ouviram falar da Guerra do Contestado que aconteceu alguns anos atrás. Mas poucas se interessam em realmente conhecer a fundo esta história repleta de contestações, pela terra e pela fé. O conflito do Contestado envolveu os caboclos e jagunços de Santa Catarina contra as fortes tropas do Paraná e do Governo Federal. Os participantes desta guerra, entre eles caboclos, jagunços, coronéis, soldados, entre muitas pessoas que moravam na área onde a estrada de ferro estava sendo construída, tinham fé em José Maria. Os dois estados, Santa Catarina e Paraná, disputavam as terras que ficavam entre os rios Iguaçu e Uruguai, que o Governo Federal deu ganho de causa para Santa Catarina. No dia tão esperado pela inauguração da ponte de Porto União com todos os caboclos reunidos, o prefeito anuncia que a estrada de ferro vai ser construída. Todos ficam felizes. Mas a triste realidade da construção da estrada de ferro, é que com ela a companhia construtora Railway Co, recebeu além do pagamento, uma faixa de terra de 15km de largura em cada lado da estrada, dando direito a sua subsidiária Cia Lumber levar a madeira. Os caboclos sobreviventes, voltaram para sua região de Curitibanos, guiados por Maria Rosa, líder que substituiu José Maria. Em Curitibanos, organizaram-se em comunidades. Nos redutos plantavam e
A Guerra demarcou limites entre os Estados de SC e PR.
Valdir Vicente da Rosa (Caco)
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Curso de Comunicação Social habilitação em Jornalismo
colhiam coletivamente. As tropas do governo atacaram o município de Taquaruçu e efetuaram um violento massacre a mulheres e crianças. Os sobreviventes se dirigiram a Caraguatá, reduto onde estava Maria Rosa. Um novo ataque dos soldados do governo forçou os caboclos a irem ao reduto de Santa Maria, a capital do mundo jagunço, hoje Timbó Grande. Após o massacre de Taquaruçu, caboclos se uniram aos bandidos da região. Os revoltosos passaram a ser chamados de jagunços. O resultado foi uma fase de violência, banditismo e emboscadas as tropas do governo. O Governo Federal mandou tropas de Niterói, que desembarcaram no porto de Itajaí e se dirigiram ao Planalto. Após violentos combates, os canhões e as bombas do governo venceram os facões de madeira dos caboclos. Muito sangue, muitas famílias destruídas, por um fim de uma simples decisão de limites entre estados, que hoje nem é lembrada na região.
Joaçaba | 1º semestre 2010
A revolta do povo
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Oséias Inácio
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Guerra do Contestado demonstrou a forma com que os políticos e os governos tratavam as questões sociais no início da República. As forças oficiais, com apoio dos coronéis, combatiam os movimentos com repressão e força militar. A batalha ocorreu entre outubro de 1912 e agosto de 1916. Uma das principais causas do conflito foi a estrada de ferro entre São Paulo e Rio Grande do Sul que estava sendo construída por uma empresa norte-americana, com apoio dos coronéis. Este fato, gerou muito desemprego entre os camponeses da região, que ficaram sem terras para trabalhar. Outro motivo foi a compra de uma grande área da região por um grupo de pessoas ligadas à empresa construtora da estrada de ferro. O clima ficou tenso quando a estrada de ferro ficou pronta. Muitos trabalhadores que atuaram em sua construção tinham sido trazidos de diversas partes do Brasil e ficaram desempregados com o fim da obra. Eles permaneceram na região sem qualquer apoio por parte da empresa norte-americana ou do governo. Diante da crise e insatisfação popular, ganhou força a figura do monge José Maria.
O Contestado ! 3
Este pregava a criação de um mundo novo, regido pelas leis de Deus, onde todos viveriam em paz, com prosperidade, justiça e terras para trabalhar. José Maria conseguiu reunir milhares de seguidores, principalmente os camponeses sem terras.
J osé M a ri a
Os coronéis da região e os governos federal e estadual, começaram a ficar preocupados com a liderança de José Maria e sua capacidade de atrair os camponeses. O governo passou a acusar o monge de ser um inimigo da República, que tinha como objetivo desestruturar o governo e a ordem da região. Com isso, policiais e soldados do exército foram enviados para o local, com o objetivo de desarticular o movimento. Os soldados e policiais começaram a perseguir José Maria e seus seguidores. Armados de espingardas de caça, facões e enxadas, os camponeses resistiram e enfrentaram as forças oficiais que estavam bem armadas. Nestes conflitos aproximadamente 8 mil rebeldes, na maioria camponeses, morreram. As baixas do lado das tropas oficiais foram bem menores. A guerra terminou somente em 1916, quando as tropas oficiais conseguiram prender Adeodato, que era um dos chefes do último reduto de rebeldes da revolta. Ele foi condenado a trinta anos de prisão. O conflito envolveu cerca de 20 mil camponeses que enfrentaram forças militares dos poderes federal e estadual. Ganhou o nome de Guerra do Contestado, pois os conflitos ocorrem numa área de disputa territorial entre os estados do Parará e Santa Catarina.
Líder fanático ou monge dos excluídos
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aconselhamento embasado na religião... A cura através de ervas e águas, milagres! Quem dessas terras não ouviu falar no monge São João Maria? Personagem que caracterizou a fé de um povo carente e pouco assistido, durante a posse e usurpação de terra, que derramou sangue e o êxodo de caboclos e posseiros da região da Guerra do Contestado. Mas quantos foram os monges? Um, dois, ou três? A história conta que foram três, mas a fé do povo, os une em um só.
Historicamente, os três tinham em comum o fato de terem vivido em épocas de grandes mudanças sociais. A assistência médica e o conhecimento tinham pouca penetração no interior do país. E para o povo, o monge entrava em cena sempre em época de conflitos, renovando esperanças e curando pessoas através da fé. Mas o que marca a fé daquele povo, é que mesmo com o desparecimento do monge, por vezes misterioso, suas ações permaneciam como exemplos a serem seguidos.
Andréia Lara
Uma das principais causas do conflito foi a construção da estrada de ferro entre SP e RS.
Unoesc Campus Joaçaba
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Frei Bruno
UMA HISTÓRIA DE
FÉ
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MISTÉRIOS [ Ana Cristina Pereira
Joaçaba | 1º semestre 2010
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ara alguns, um santo capaz de fazer milagres e curar, para outros um simples líder religioso. A história de Frei Bruno traz dúvidas para muita gente. Será que seus milagres são mesmo reais? Sua vida e personalidade retrata de maneira fiel o modo de vida do franciscano? Quem conviveu com Frei Bruno ainda guarda a lembrança de um religioso dedicado ao povo que demonstrou caridade e bondade, sempre se posicionando como uma pessoa humilde. Milhares de devotos de Frei Bruno vem à Joaçaba todos os anos acompanhar ou pagar promessas na Romaria Penitencial que é promovida pela Igreja Católica. O evento acontece geral-
gentes Lojistas encabeçou o movimento para a construção do projeto num terreno doado pela família Montenegro de Oliveira, no morro paA memória de Frei Bru- norâmico no bairro Flor no permanece envolta da Serra. em episódios místicos, muitos inexplicáveis A estátua, que ficou pela ciência e que geram pronta em 2008, pode dúvidas até mesmo para ser vista de quase todos os céticos. Pes soas liga- os pontos da cidade. O das à vida de Frei Bruno monumento foi conpresenciaram a bi-loca- cebido para atrair visição, fenômeno definido tantes não apenas pelo pela presença de uma aspecto religioso, mas pessoa em dois lugares também pela grandiosidiferentes. São histórias dade. consideradas como verDevido a história que dadeiros milagres, coienvolve o religioso, Frei sas que fogem da comBruno pode se transforpreensão e que somente mar em mais um Santo a fé é capaz de explicar. Brasileiro, o Vaticano A cada Romaria surgem nomeou um postulador, novos personagens e um encarregado para novas histórias. investigar os fatos. O Em homenagem a essa processo de beatificação personalidade, surgiu ainda não foi aberto deem 2001 o sonho de vido a falta de autorizaconstruir um monumen- ção do bispo diocesano to. A Câmara de Diri- de Joaçaba . mente no mês de fevereiro, num trajeto percorrido entre a Catedral Santa Teresinha e o Jazigo no Cemitério.
37m mi Nº R$1 2008
O MONUMENTO
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de altura investidos
ano inauguração
CRÔ N ICA
A fé move montanhas. O dinheiro também!
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omingo cedo, estava eu a contemplar a rua pela janela de meu quarto. Eis que avisto ao longe uma procissão. Centenas de pessoas, muitas! Algumas descalças, tomavam conta da avenida entoando preces numa cantoria parecida com a Ave Maria.
um franciscano simples que para muitos se tornou sinônimo de benção e graça. Desço apressada e me junto à massa de romeiros. Enquanto caminho, me chamam a atenção as barracas alinhadas na beira da rua. Além de água e lanches, são comercializados Não era novena de santo terços, camisetas e uma e muito menos ladainha. série de artigos com a imaPercebi se tratar de uma gem do Frei. Por um inshomenagem a Frei Bruno, tante paro e volto os olhos
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para o alto do morro, onde a estátua do Frei mirava a cidade.
Uma obra gigantesca, a 3ª maior do mundo. Um bem que segundo os idealizadores beneficiará muito o turismo. Arrisco uma análise. É, realmente, a fé move montanhas! E arrecada dinheiro também! Percebo a humildade, o voto de pobreza e os feitos de um padre que dedicou parte de sua vida ao povo, misturadas ao esplendor de um monumento que pretende divulgar o turismo e au-
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mentar a arrecadação do pólo comercial. Contrastante não?!
Orações, velas e flores continuam tendo como destino o cemitério onde o frei está enterrado. Passeios de fim de semana, fotos no mirante e a oportunidade de enxergar do alto as cidades de Joaçaba e Herval D’ Oeste caracterizam o monumento. Devaneios à parte, a romaria prossegue. Estamos quase chegando ao local onde será celebrada a missa. Inicio uma oração que é abafada pelo
Fonte: CDL
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som dos romeiros, que ao meu lado entoam... “Nosso Frei Bruno de Deus, que Deus lhe bendiga... e em seu nome nos atenda com as graças lá do Céu...” Observo-os envolvidos em uma atmosfera inebriante de graça. Naquele momento deixar-se levar pela fé é o que vale. Então deixemos a discussão pra depois, afinal, cada um usufrui da fé a sua maneira. E que assim seja...
Alessandra de Barros
Joaçaba | 1º semestre 2010
Entre a fé e o comércio
A história de um frei, de um peregrino e de um monumento
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principalmente presidiários e empregadas domésticas. A procura por Frei Bruno era m símbolo de fé, grande não somente durante protagonista de as missas, mas também por episódios místicos, correspondências, quando um peregrino que se trans- eram pedidas as mais diverformou num líder religio- sas bênçãos. so. Assim pode-se definir a trajetória do frei franciscano Em novembro de 1959, Frei Humberto Linden Júnior, Bruno foi encontrado desou Frei Bruno, como é co- maiado por Frei Edgar, que na época era vigário da panhecido pela comunidade. róquia. A partir daquele dia, 8 de setembro de 1876. Neste Frei Bruno começou a se ano nascia em Dusseldórf na preocupar com a morte. Em Alemanha, Humberto Lin- curto prazo, recebeu duas veden Júnior. Aos 18 anos, Frei zes a extrema-unção. No dia Bruno, como passou ser cha- 25 de fevereiro de 1960, Frei mado, ingressou na ordem Edgar encontrou Frei Bruno franciscana na Holanda. Em morto por um infarto. 1894 recebeu uma missão na Bahia e foi somente entre Após vários anos da tradi1904 e 1906 que veio para cional Romaria ao túmuSanta Catarina. Após alguns lo do Frei, que anualmente anos de trabalhos em Santa reune milhares de devotos, Catarina e posteriormente surgiu em 2001 o sonho de no Rio Grande do sul, Frei construir um monumento. Bruno veio a Joaçaba, quan- A estátua, que ficou pronta do já tinha 80 anos de idade. em 2008, pode ser vista de quase todos os pontos da ciFrei Bruno revezou-se nas dade. comunidades de Joaçaba e Luzerna. A exemplo de São O monumento foi concebiFrancisco de Assis e de Jesus do para atrair visitantes não Cristo, Frei Bruno buscava apenas pela religiosidade, “fazer o bem sem olhar a mas também pela visão da quem”, mas tinha declara- cidade que ele proporciona. da preferência pelos pobres, São 37 metros de altura, o 3º
Carla Dildey
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maior das Américas, menor apenas que o Cristo Redentor com 40 metros e a Estátua da Liberdade com 57 metros. No local além do restaurante, foi implantado um museu. Segundo Jhonny Bortoluzzi, idealizador do monumento “O investimento se aproxima da casa de R$ 1 milhão, sendo que a obra só pode ser executada com apoio da administração e também do Governo do Estado, que juntos desembolsaram quase meio milhão de reais”, afirma Bortoluzzi. Apesar da grandiosidade do monumento, nem todos aprovam a sua existência. Algumas autoridades de outras religiões do Estado e até mesmo leigos, repudiam a obra. Para a estudante Greici Krug, todo esse investimento poderia ser feito em prol da qualidade de vida dos moradores. “Precisa-se de investimento em infraestrutura pública e, não num monumento que praticamente não traz retornos financeiros, uma vez que os romeiros que vêem a cidade são pessoas simples e não deixam dinheiro no município”, declara a estudante de 19 anos. Mesmo com tantas divergências, Frei Bruno é indiscutivelmente descrito e lembrado como humilde, zeloso e caridoso. Revestido de uma aura de bondade incomparável, deixou profundas marcas de amor ao próximo a ponto de confirmar para muitos a sua santidade, com ou sem monumento.
A Romaria ao túmulo do Frei, reune anualmente milhares de devotos.
Frei Bruno ! 5 Editorial
Um Frei contestado por outros Br unos
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sonho se transforma em realidade. A Câmara dos Dirigentes Lojistas de Joaçaba, por iniciativa principalmente do empresário Jhony Bortoluzzi, concentrou todos os seus esforços nos últimos anos em torno do Monumento Frei Bruno. Edificado no morro do panorâmico, numa área que foi doada pela família Montenegro, a estátua é considerada a terceira maior do mundo, perdendo apenas para o Cristo Redentor e a Estátua da Liberdade. A obra, inclusive, chegou ser pauta da Revista Veja, ganhando repercussão nacional. Foram investidos quase R$ 1 milhão no projeto que teve apoio dos governos municipal, estadual e da comunidade que colaborou através de rifas e outras campanhas de arrecadação. O monumento construído principalmente com fins turísticos, também foi alvo de polêmicas. Quando surgiu a ideia da construção, com o projeto sendo encaminhado à Câmara de Vereadores, líderes religiosos se posicionaram contra a edificação, por entender que ela contemplaria apenas um segmento da sociedade (católico). Superado este episódio, no decorrer da obra, um advogado de Florianópolis, que ficou sabendo da construção pela mídia estadual, também se achou no direito de contestar os investimentos. Novo pesadelo para a CDL. Ele ingressou com ação na Justiça Federal por não concordar com os repasses financeiros que foram feitos pelo Governo do Estado, subvenções que segundo ele, estariam infringindo a Constituição Brasileira. Mais tarde, após analisar a documentação, o advogado recuou por não conseguir reunir provas consistentes para sustentação do processo. Agora a obra está pronta e estruturada para receber os turistas. Um museu funciona no local e também foi implantando um restaurante, que teve vida curta. Por falta de clientela fechou poucos meses depois que abriu. O museu ainda funciona, mas não diariamente como deveria. Está faltando fluxo de devotos. Outro pequeno, mas grande detalhe esquecido por nossas autoridades e mentores da obra: o monumento está localizado no morro do panorâmico. O acesso de ônibus ao local não é possível, já que a ladeira é forte e para chegar até o monumento somente através de vans ou veículos menores. Se o local é para visitação turística, esta situação deveria ter sido pensada antes da concepção. A luta da CDL agora, e principalmente do Conselho Municipal de Turismo, é para atrair visitantes e fortalecer o que chamamos de turismo religioso. O monumento também serviu para estimular alguns projetos grandes como ele. Há poucos dias, um engenheiro civil apresentou um projeto para implantar um teleférico, ligando Herval D’Oeste até a estátua. Mas essa é outra história, que abordaremos em outra ocasião, afinal de contas o bondinho ainda está na estação.
Marcelo Santos Unoesc Campus Joaçaba
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Cultu ra Jap on e sa
Ed i to ri a l
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Brasil é realmente um país onde a diversidade prevalece. Basta olharmos a nossa volta para enxergar quantas cores, quantos traços e quantas idéias se fazem presentes. Basta apenas olharmos para entender que é exatamente toda essa diferença que completa o nosso país. É essa marca que compõe a nossa matriz cultural.
Gente alta, baixa, gorda, magra, com olho puxado, como olho arregalado. Negros, brancos, alemães, italianos, japoneses. Sim, japoneses! E é justamente sobre os olhos puxados, os simpáticos nipônicos, que encontramos e descobrimos o tamanho da importância e de sua contribuição em nossa região. Muitos não sabem. Aliás, a minoria das pessoas sabe da ajuda que os japoneses deram ao desenvolvimento sócio econômico em Santa Catarina. Muitos não têm conhecimento sequer da existência dessa cultura tão fascinante em nossa região. Após a chegada dos japoneses ao Brasil, os solos por eles habitados tiveram o cultivo de peras, pêssegos, morangos, cravos e crisântemos. A atividade de cultivo cresceu continuamente. Depois de descobrir que a Argentina exportava maçãs, a economia de cultivo disparou e hoje ainda sua produção e consumo são significativos do meio-oeste. Além do desenvolvimento econômico, os japoneses ainda contribuíram com o lado cultural. Trouxeram os animes, desenhos que grande parte do público aprecia. Alguns esportes aqui praticados, também fazem parte dessa cultura. As artes marciais são vindas do Japão. O Brasil realmente é conhecido como um povo que nunca desiste de seus objetivos. Um povo forte, determinado. Mas e o povo japonês? Não poderia também ser chamado assim? Definitivamente existe uma grande semelhança entre as duas culturas. Os nipônicos são um povo guerreiro, que lutaram com muita garra para conseguir reconstruir suas vidas. Um país que se envolveu em muitas guerras. Que perdeu soldados e desmembrou famílias, que sonhavam com a paz! Hoje, conhecendo um pouco mais da história desse povo, entendemos o porquê escolher o Brasil como destino. A dor de perder pessoas muito próximas os fizeram optar por um país que não tivesse envolvimento em guerras.
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UMA NOVA DESCENDÊNCIA [
Ana Maciel Ribeiro
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talianos e alemães é o que lembramos quando se fala de descendência no meio-oeste de Santa Catarina. Mas, não são apenas essas etnias que encontramos nessa região. Em uma cidade conhecida como a capital de indústria, chamada Caçador, encontramos uma nipônica com nome de Sanae Okyuama, vinda do Japão a 40 anos com seu marido e seus filhos. Essa família teve a responsabilidade, juntamente com mais nove, de fundar uma colônia japonesa na cidade. A família Okuyama veio para o Brasil em 1968, permaneceu na cidade de Atibaia em São Paulo, durante cinco anos. Com um projeto de formar a colônia japonesa em Caçador, em 1975, toda a família se mudou para o interior catarinense. Com dificuldade para falar o português, Sanae conta que tem saudade do Japão, mas que não voltar pra lá. Viúva e com a saúde debilitada, conversa apenas em japonês com sua filha Michiko Okuyama, e conta com um enorme sorriso tudo que seu marido fez para trazê-la para esse país azul e amarelo. “Uma adaptação difícil, mas gratificante”, é assim que Michiko filha de Sanae traduz as palavras da mãe. Sanae conta que nunca teve vontade de vir para o Brasil, Japão era seu lar, e ela não queria deixar para trás toda sua família e lembranças. Então quando seu marido veio com a proposta de migrarem para o Brasil, Sanae não con-
cordou, ela não se imaginava morando tão distante de toda sua cultura, em um país completamente diferente. Seu Okuyama era persistente, na primeira tentativa de vir ao Brasil, fracassada devido ao golpe militar, não foi um motivo suficiente para sua desistência. Após alguns anos ele voltou a lutar por seu sonho. Antes de contar seus planos, escondido da mulher, ele pesquisou sobre o Brasil, sobre sua cultura, clima e costumes. Freqüentava o consulado do Brasil para obter essas informações e assinava revistas que agregassem mais conhecimento. Com um passado e marcas da segunda guerra mundial, o descendente de Samurai, procurava um país que lhe trouxesse lembranças do lugar onde serviu durante a guerra, que apesar do sofrimento, foi salvo por amigos e saiu de lá vivo. Seu amor pelo país era imenso, tanto que surpreendeu o cônsul ao dizer que pelo Brasil iria se esforçar ao máximo. Sepultado em Caçador, a 22 anos, Sanae explica que ele se dedicou o que pode ao Brasil, principalmente a Caçador, onde ajudou a fundar a colônia japonesa que trouxe um pouco de seu país para o interior catarinense. A colônia japonesa implantou no município o cultivo de diversos produtos agrícolas, ajudou o Brasil na produção de maçãs, que antes eram importadas da Argentina, e disseminou costumes únicos e diferentes em uma terra repleta de cerveja e polenta.
O que eles vieram buscar aqui? Um lugar onde pudessem continuar suas vidas com paz e segurança. Mas eles fizeram mais, transformaram essa terra em um lar, fazendo-a progredir. Reconhecer todas as contribuições que proporcionaram a nossa cultura é o mínimo que se deve a esses imigrantes corajosos. Temos a prova viva de que dois mundos totalmente diferentes podem sim completar um ao outro. Podem somar! Podem crescer! Podem sonhar!
Luiz Fernando Brito
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Sanae Okyuama: “Uma adaptção difícil, mas gratificante”.
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Cultura J a p one s a ! 7 CRÔ N ICA
A honra dos Samurais
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O Japão que há aqui [Rhayana Cordeiro
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os tempos de imigração no Brasil, os japoneses foram um dos povos que tentaram a sorte no nosso país. Eles chegaram timidamente no fim do século XIX, incentivados por um acordo entre Brasil e Japão, que resolvia de forma “fácil” o problema das duas nações.
ponesa foi fundada em Frei Rogério em 1955, quando a cidade ainda era parte do município de Curitibanos. Na época os japoneses já estavam em Santa Catarina, porém somente a partir da mobilização de Kazumi Ogawa, os japoneses juntaram-se para preservar suas crenças e culturas. Mais tarde formaram colônias em Curitibanos, São Joaquim, Caçador e Itajaí. Kazumi Ogawa, assim como muitos outros descendentes da terra do sol nascente, veio para o Brasil no pós-guerra, procurando oportunidades e paz. Um pouco mais distante de Frei Rogério, em Caçador, podemos encontrar uma história parecida, a de Sanae Okyuama, que depois de muita insistência de seu marido, veio ao Brasil e junto com ele fundou a colônia japonesa em sua cidade.
A emigração do Japão foi incentivada, principalmente, pela falta de terras cultiváveis no país. Então eles viram em nosso país a oportunidade de aliviar as tensões entre a população. O Brasil é claro encontrou na imigração a solução para a falta da mão de obra, que devido ao crescimento da produção de café, buscava demandas de trabalhadores rurais. O que começou timidamente, tornou-se a maior colônia de nikkeis do Hoje as colônias são pequemundo, que são descendentes nos pedaços do Japão, que de japoneses fora do Japão. sustentam a cultura e os costumes deste povo único e que Em Santa Catarina, os japo- ajudam a manter uma base neses demoraram um pouco econômica agrícola no estaa chegar, os primeiros des- do. Falando em agricultura, cendentes imigraram para os japoneses colaboraram deo estado após a II Guerra senvolvendo técnicas agrícoMundial, nas décadas de 50 las e de pesca, cultivando 50 e 60. A primeira colônia ja- tipos de diferentes alimen-
tos entre eles frutas, como o morango e a maça Fuji, e vegetais que não existiam no Brasil. Proporcionaram também o crescimento da avicultura, tudo isso a partir da experiência dos antepassados.
SAKURA CATARINA Sakura é a famosa flor de cerejeira, símbolo do Japão e em época de floração, é também sinônimo de comemoração. Em Frei Rogério, além de comemorar a vida, refletir e reforçar os votos de paz, trabalho e harmonia, a Sakura Matsuri, Florada da Cerejeira em japonês, se tornou uma forte representação cultural do Japão em Santa Catarina. Por volta do mês de setembro, quando a flor começa a aparecer, a colônia japonesa de Frei Rogério se mobiliza e apresenta uma dos maiores espetáculos que recepcionam a primavera. Acontecem apresentações de Kendo (arte marcial dos samurais), Odori (dança Japonesa), Taikô (tambores japoneses) e Shishimai. Além das apresentações há também no evento a culinária típica, o traje tradicional e outros símbolos da cultura japonesa.
antos anos de combates sangrentos, tantos séculos de batalhas cruéis convergiram em guerreiros “perfeitos”, cuja força e honra são inegáveis. As lutas aconteciam já muito antes de serem inventadas as bombas, os mísseis e as armas. Nessa época e desde então esses bravos guerreiros são chamados de Samurais, que em japonês significa “aquele que serve”, já que eles serviam fielmente ao Imperador. Esses “servos” seguiam os ensinamentos do Bushido (caminho do guerreiro) que era um código de conduta. Desde pequeno o Samurai era ensinado a seguir o código onde era pregada a fidelidade, o conhecimento das artes marciais, a sabedoria e a defesa da honra, mesmo que isso resultasse na morte. Dominaram por quase oito séculos, deixando histórias e relatos de seus feitos, bravuras e acima de tudo de sua honra sagrada, esses histórias ecoaram pelos séculos e eles nunca acabarão. “Apenas vencendo o medo da morte, alguém pode descobrir o enigma da vida”. Todo Samurai que embora seguisse o código, mas perdesse sua honra em batalha, ou não cumprisse determinados mandamentos impostos nos caminho do guerreiro deveria cometer o Seppuku, um suicídio para a reparação da honra do Samurai. Essa era uma morte dolorosa e lenta que servia para libertar o espírito do guerreiro. Após o banhar-se para a purificação do corpo e marcial com uma espada abria a sua barriga do lado esquerdo até o direito, deixando expostos todas as entranhas até puxar totalmente a espada para cima. Consistia em morte dolorosa e demorada, porém grandiosa onde o Samurai recuperava a honra e com as suas mãos e sem demonstrar dor ou medo vencia a própria morte. Para eles a morte perpetuava a vida. Os samurais não eram apenas lutadores, entre tantas características, eram alfabetizados, conheciam as artes, alguns esculpiam, outros pintavam ou escreviam lindos poemas. Essas outras artes os auxiliavam a treinar a mente. Eles buscavam se conhecer, caso contrário estariam derrotados. Nas artes marciais eles eram primorosos. Com disciplina e autocontrole dominavam as espadas, os arcos, as lanças, os bastões e conheciam uma infinidade de golpes. O estilo mais famoso de combate que envolve todos essas técnicas e ainda é praticado atualmente é o kobudo. Que posteriormente foi originando outras lutas. Após combates sangrentos, lutas de honra e glorias os Samurais foram desaparecendo. Entretanto há quem acredite que eles ainda vivam em cada traço de cultura cultivada. E renasçam sempre que seus nomes forem citados e sua técnica utilizada, pois se na terra a vida é limitada, a honra pode durar para sempre.
Juline dos Santos Unoesc Campus Joaçaba
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Rota da Amizade
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O DESTINO PARA GRANDES AMIGOS
Aposta do turismo é nos encantos e na cultura do Meio-Oeste
cio há um dos maiores projetos do Sul do Brasil. A idéia inicial levou três anos até ser consolidada, quando em 2004 surge oficialmente a Rota da Amizade Convention & Visitors Bureau [ (C&VB). O próprio nome Cristiane Stöckl já traduz a essência do empreendimento: atrair pessoas estado de Santa dispostas a conquistar novas Catarina é referên amizades num contato direcia no turismo para to com a natureza. todo o País. Diversas iniciativas visam fortalecer o que o A Rota da Amizade é um estado tem de melhor, como projeto para o desenvolvia natureza exuberante e a mento sustentável e contícultura de um povo hospi- nuo do turismo para a retaleiro. Diante dessas pecu- gião do Vale do Contestado. liaridades, dois empresários, Nome atribuído, por ter sido das cidades de Fraiburgo e palco de um dos maiores Treze Tílias, apostando na acontecimentos históricos força do turismo da região do país, a Guerra do Condo Meio Oeste, deram iní- testado, que foi o confron-
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Ed i to ri a l
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aumento das atividades turísticas em Santa Catarina revelaram o potencial do meio oeste. A Rota da Amizade que envolve os municípios de Fraiburgo, Tangará, Treze Tílias, Joaçaba e Piratuba, busca mostrar ao estado catarinense, quiçá ao Brasil, como a cultura trazida pelos imigrantes italianos e alemães se mantém quase intacta, e como ela pode ser usada como ferramen-
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to com o estado do Paraná. Aliás, o turista pode visitar locais que lembram essas batalhas, a bordo do trem que passa pela estrada de ferro no Alto Vale do Rio do Peixe. Na região, as cinco cidades que compõe a Rota destacam-se pelos atrativos que oferecem aos seus visitantes. Piratuba dispõe de suas águas termais com propriedades terapêuticas, capazes de contribuir para o revigoramento das funções físicas e mentais. Joaçaba, por sua vez, abriga o maior carnaval do sul do Brasil, além de atrair milhares de pessoas no turismo religioso, peregrinos que
ta para o desenvolvimen- do meio ambiente, tem to sustentável da região. um valor incomensurável para a sociedade e que Consolidada como a se- isso pode ser visto ou tido gunda maior institui- com um modelo de vida ção do ramo turístico de para outras sociedades. Santa Catarina, perdendo somente para a Santur Um ponto que é bem lemde Florianópolis, a Rota brado pelos integrantes da da Amizade tem como Rota é a gastronomia. Em ponto de partida para todas as cidades a culisuas atividades turísti- nária típica trazida pelos cas, mostrar ao visitante imigrantes italianos e aleque o modo de vida sim- mães, ganha um gostinho ples aliado à preservação caseiro, remetendo o tuCurso de Comunicação Social habilitação em Jornalismo
visitam o Monumento Frei Bruno. Na vizinha Treze Tílias, as tradições austríacas presentes no município destacam-se através da dança, gastronomia e roupas típicas, que fazem da cidade o autêntico Tirol Brasileiro.
Conhecida como a “Terra de Bons Vinhos”, Tangará proporciona aos visitantes conhecer o processo de elaboração dessa bebida milenar, bem como um passeio pelos parreirais, pelo chão ou até mesmo pelo ar, já que a cidade é reconhecida pela arte dos vôos livres. Fraiburgo, também faz parte da Rota da Amizade, o município reserva inúmeras belezas naturais e é considerado a Capital da Maçã.
Essas cidades contam com o apoio do Sebrae, que tem recursos para investir a fundo perdido. O valor investido no projeto é de cerca de R$ 1,6 milhões, sendo que o maior investimento é no marketing da promoção e venda do roteiro integrado. Segundo Edson Ziolkowski, presidente do C&VB Rota da Amizade, a estrutura é um dos pontos chaves para o sucesso do projeto. “Dispomos de pessoal capacitado, da consciência sobre a importância do turismo”, comenta. Edson Ziolkowski ainda enfatiza que o planejamento e a infra-estrutura são fundamentais para a realização dos eventos.
rista àquela sensação de Apesar dos poucos recuraconchego e bem estar que sos e do pouco tempo de se tinha na casa dos avós. criação, a Rota da Amizade preenche todos os Outra herança preservada quesitos para alçar o supelos descendentes e que cesso no ramo do turisé bem focada na região mo em Santa Catarina. da Rota, é o apreço pela Aos leitores fica aqui uma diversão. Festas com muiótima dica de turismo ta dança, músicas típicas, consciente, baixo custo e incluindo o maior carnacom satisfação garantida. val do sul do Brasil, que acontece em Joaçaba, ficam como características marcantes naquela região. Vanessa Bonatto
Rota da Amizade ! 9
Joaçaba | 1º semestre 2010
Rota da Amizade
Atrativos que encantam
[Jean Patrick Giusti
A
Rota da Amizade surgiu da iniciativa de dois empresários, que tinham como objetivo a integração de municípios, inicialmente Treze Tílias e Fraiburgo. Foi criada oficialmente em 2004, e atualmente fazem parte do roteiro cinco municípios: Piratuba, Joaçaba, Treze Tílias, Tangará e Fraiburgo. Palco de um dos maiores acontecimentos históricos do país – A Guerra do Contestado, a Rota da Amizade tem a finalidade de valorizar e promover a região do meio oeste catarinense, apresentando o que há de melhor no turismo local. A estrada de ferro no Alto Vale do Rio do Peixe,
as águas termais, comidas típicas, turismo religioso, adrenalina, emoção, a cultura, o ar puro, as quedas d’água e o cantar dos pássaros em meio à natureza, são ingredientes que formam um conjunto de atrativos e belezas que encantam e emocionam. Cada uma das cidades que compõe a Rota da Amizade possui uma história diferente pra contar, um mistério a mais pra desvendar. Cada uma com sua beleza, com sua diversidade. Juntas formam um roteiro turístico que se tornou referência em Santa Catarina e opção certa para quem busca por encantos, diversão e lazer.
AS CIDADES
PIRATUBA: Águas termais, sinônimo de saúde. O banho nessas águas, com temperaturas de 38°C, proporcionam benefícios terapêuticos.
JOAÇABA: Além do melhor carnaval
do sul do Brasil e do turismo religioso, que reúne multidões todos os anos, Joaçaba se tornou um centro comercial, industrial e de prestação de serviços.
CRÔNICA
Valorize o seu quintal
N
ão me venha com essa mania ridícula de achar que o quintal do vizinho é melhor que o seu! Abra a janela e veja o verde dos campos, a água pura que brota das nascentes. Sinta o ar legítimo do interior. Na verdade isso não é nenhuma utopia ou algo de gênero, é sim o meu quintal. Um Meio Oeste rico em atrações, de porteiras abertas para quem deseja passar dias eternizados junto à natureza.
leis da natureza, não preju- ção. Um vôo livre cairá bem nessa hora. A viadicando ninguém. gem continua até a viQue tal um passeio de trem zinha Treze Tílias, uma pela Rota da Amizade? pequena grande cidade, Roteiro turístico do nosso que honra a tradição dos quintal, que engloba muito imigrantes austríacos, da mais que um simples pas- gastronomia até a língua. seio. Reúne um conjunto Já está cansado? Agüende atrativos culturais. Para ta um pouco, já estamos você cidadão que detesta chegando a Joaçaba, aqui leitura, para você moleque a moleza não é permique não sai da frente do tida. Tenha fé! Vamos PC, nesses sites de relacio- adiante! E por falar em namentos, ou a titia, que fé, o turismo religioso absorve o machismo do do município se destaca seu companheiro que não com o monumento Frei à leva para lugar algum, Bruno, e ainda, temos o por que a senhora tem que melhor carnaval do sul ficar a serviço dele e da do país para curtir. Noscasa 24 horas? Agora gen- sa! Até eu fiquei ofegante fina, o que acha de fazer te, gostaria de relaxar... um amigo de verdade? mas espere! Não lembrei A Rota da Amizade está de Piratuba, para finaali, esperando a sua visita. lizar nosso passeio. Um Assim vocês podem se co- bom banho de piscina nhecer melhor e construir nas águas termais fechauma amizade para a vida ria com chave de ouro!
Porém, do que vale tudo isso se estamos à frente de uma sociedade exibicionista, permeada por valores e status capitalistas? Contemplando sua importância individual pelo o que têm e não pelo que é. Ô gentinha de nariz empinado. E nas férias pra onde vão? Praia! E no feriadão para inteira. onde a tia do cachorro- Nesse processo de socialiquente vai? Praia! zação vou te dar uma dica, Nada contra, não vai ser ou melhor, várias dicas. eu que irei voltar estres- Sugiro num contato inisado, com o bolso vazio, cial, uma boa caminhada com micose no corpo, nos pomares de Fraiburgo, todo queimado, além de desfrutar dos sabores que a perder algumas hori- Terra da Maçã lhe oferece. nhas no trânsito infernal. Logo após, desembarque Tudo isso por não dar em Tangaaprovalor aos encantos daqui. rá, veite todo Ou será que não sabem? o momenPode!? A sua sorte que estou aqui meu amigo, e to, conheça vou te dar um toque bem as vinícolas “legal”. Legal de todas as e dê asas a formas. Bom pra você, sua imaginaque se diverte a beça, e legal por estar dentro das
Meus amigos essa é a Rota da Amizade, onde a amizade se fez rota e a rota se fez destino. Se quiser companhia, me chama que vou! Até Breve!
Orli Ricardo Pereira
TREZE TÍLIAS: Conhecida interna-
cionalmente como o Tirol Brasileiro, mantém as raízes da cultura austríaca.
FRAIBURGO: A“Terra da Maçã”. é
conhecida por suas paisagens exuberantes e no inverno as geadas e a neve são um espetáculo a parte.
TANGARÁ: Além do Vôo Livre, é reconheci-
da por ser a Terra dos Bons Vinhos. A agricultura é expressiva no município e está baseada na cultura de grãos, pecuária e fruticultura. È o maior produtor de uvas de Santa Catarina. Unoesc Campus Joaçaba
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Capoeira
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Ed i to ri a l
M
uito além da impressão ululante de que este jornal laboratório, feito por estudantes de jornalismo, ao menos tem um nome, não temos título algum. Não somos nobres, desembargadores, mestres, doutores, ou ilustres políticos. Nem ao menos somos – ainda – bacharéis. No entanto, numa esperada crise de identidade (o curso de Comunicação não tinha onde publicar seu material) surgiu a idéia deste espaço. E nesta primeira edição você encontrará um conteúdo cheio de ginga, desprendido de qualquer amarra. A capoeira – arte marcial afro-brasileira, única no mundo praticada ao som de música – é o tema central de nossas reportagens. Livre seria o termo apropriado para adjetivar a capoeira. Afinal, a luta foi criada pelos escravos, no período do Brasil Colônia, como arma de resistência e liberdade. Mas infelizmente não é. Apesar de ter sobrevivido à proibição da prática, ter ganhado o mundo e hoje ser considerada patrimônio cultural do Brasil, a capoeira não quebrou o grilhão do preconceito. Muitos pensam que praticar capoeira é sinônimo de vadiagem ou vandalismo. Outros ainda acreditam que a luta - que parece dança - faz parte de rituais de candomblé.
As insaciáveis variações de inverdades só não contemplam a dissimulada contenda que existe entre os “camarás” que defendem a prática da capoeira tradicional como forma de manifestação artística -, e os capoeiristas que transformam a luta em esporte. Parece válido o estabelecimento de regras ou admitir inovações para que o jogo seja difundido e praticado. No entanto, é preciso reafirmar os valores culturais da capoeira para que a sua essência libertadora não se perca num emaranhado de conceitos e códigos. Tais circunstâncias, em que existem preconceitos e imposições, a capoeira mais do que nunca é luta. E se ao mesmo tempo é dança e jogo, não é legitimo desejar a permanência da luta-arte onde a falta de algo se faz presente? Nós começamos relatando essa história, cuja ausência não a impediu de ficar menos interessante. Entre na roda e boa leitura!
No di álogo de corp os , a pa z da
CA POEIR A Gisiane Agostini e
[Laís Lewerentz
G
inga pra cá, ginga pra lá. Ao som do berimbau, pandeiro, atabaque e agogô, os braços balançam, os pés momentaneamente deixam o chão e o tronco se projeta em rodopios desconcertantes. O esporte em forma de luta que desafia a capacidade corporal é encantador e acrobata. A descrição da capoeira deixa claro o quanto é rica na forma de se expressar, tendo na música um componente fundamental. A luta-arte é um patrimônio cultural responsável por manter e resguardar valores que vem conquistando, passo a passo, o respeito e o lugar nas universidades, escolas públicas e privadas, instituições comunitárias, clubes sociais e academias. Apesar da violência latente, na arte marcial afro-brasileira criada pelos escravos como arma de
Herton Farias
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Curso de Comunicação Social habilitação em Jornalismo
resistência e liberdade, não há hostilidade. Mais de 300 anos após o seu surgimento, a luta na sua forma amistosa, pode ser classificada como um diálogo de corpos. A postura de reverência dos capoeiristas uns com os outros se explica no propósito maior da dança que é unir, como as mãos que se apertam ao final de cada jogo, na saudação dos “camarás”. Para o professor Baianinho, que ensina capoeira para crianças e jovens em Joaçaba, a luta-arte é uma maneira para exercitar o respeito e a amizade. “Na roda, as crianças aprendem a viver em união, procurando ajudar o companheiro que tem dificuldades. Outro fator importante é a interação que a capoeira proporciona entre diferentes classes sociais. Aqui, treinam juntos o pessoal da periferia e do centro da cidade. Estão todos crescendo juntos”, conta o professor. No meio-oeste catarinense, o esporte teve momentos gratificantes, de 1998 a 2006, quando profissionais deram sua colaboração para o desenvolvimento da modalidade na região. Segundo o professor e monitor de capoeira, Fernando Orso Alves, a capoeira é um esporte pouco conhecido por causa do preconceito, mas que é possível incluir no currículo escolar pelo seu grande valor educacional. “É preciso mostrar, especialmente para as crianças, que a capoeira não é uma luta e todos tem capacidade de praticar, independentemente do sexo”, salienta. A prática da capoeira na sala de aula ou em programas sociais pode ser focada em benefícios que o esporte pode trazer para os praticantes. Foi o que aconteceu em Ibicaré (SC). Através do Projeto Familiar de Inclusão Social (Profami), a Escola de Educação Básica Municipal incluiu a capoeira nas aulas de educação física e teve boa receptividade dos alunos. “Eu acho que a capoeira é mágica. Aprendemos na capoeira a valorizar quem é mais velho, que é o detentor do saber. Por isso a capoeira contribui para humanizar as pessoas”, afirma Fernando.
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Vêm cá, poeira!
Da Bahia ao Meio-Oeste, o que verte da capoeira é o respeito pelo próximo Emilli Chiamulera e
[Laíde Braghirolli
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a terra, o movimento ritmado de pés descalços levanta uma fina camada de poeira. O vento que a leva embora é o mesmo que refresca o corpo, que dança sob o calor abrasivo do sol . A lembrança de Anselmo da Silva revela mais do que o gostoso saudosismo da infância, época em que morava na Bahia. Mostra que a paixão pela capoeira continua viva e está intimamente ligada a sua natureza. Na grande extensão de terras da cidade de Água Doce (SC), encontramos o personagem desta história. Abandonado pelo pai, e criado pela mãe e a avó com a cultura de um povo humilde de descendentes de escravos, Anselmo saiu de sua terra natal em busca de um futuro melhor. Rodou o mundo e veio parar no
meio-oeste de Santa Cata- orias sobre a origem, a mais rina, onde vive com a esposa aceita é a que ela é uma mise quatro filhos. tura de diferentes danças, ritmos, lutas, instrumentos Ele conta que muita coisa musicais vindo de diferentes mudou desde que deixou o partes da África e do Cannordeste do país. As ativida- domblé, que se misturaram des do dia-a-dia, por exem- em território brasileiro duplo, colocaram a paixão pela rante o período colonial. capoeira em segundo lugar. Ele passou a treinar uma vez “A capoeira é brasileira, fipor mês com os amigos. No lha da mãe africana”, resuentanto, o tempo para repas- me Anselmo, ao revelar que sar os ensinamentos da luta pretende repassar para a sua para os filhos é sagrado. Para família toda essa cultura de Anselmo, ensinar a capoei- uma forma positiva, para ra é uma honra. “Na época que mais tarde seus próprios em que vivemos é difícil as filhos possam ensinar para pessoas entenderem que ca- os descendentes a arte, como poeira representa libertação uma forma de libertação dos da alma, uma forma de ex- preconceitos e resgate de vapressar os sentimentos, de lores ancestrais, como o resrelaxar, afinal para algumas peito pelo próximo. pessoas a capoeira não passa de uma luta violenta. Existe Assim, o capoeirista espera que as pessoas que se insim um preconceito”, diz. teressam pela dança negra Mesmo marginalizada e continuem passando essa descaracterizada da sua ver- cultura para seus descensão original, a capoeira teve, dentes, gerando uma corgarantem os estudiosos, pa- rente cada vez mais positiva pel importante na história para essa dança que encanta do Brasil. Entre as várias te- as pessoas no mundo todo.
A capoeira une pessoas de todas as idades. O respeito pelo próximo é um dos valores transmitidos na roda.
Capoeira ! 11 CRÔ N ICA
Poesia corporal
P
araná ê, Paraná ê Paraná... Então para a luta, o orixá vem auxiliar... Luta, dança, esporte, jogo, arte, poesia... É a capoeira brasileira, defendendo o caboclo e enraizando a cultura de um povo que ainda sofre as mazelas da exclusão! O jogo vira luta, a luta vira dança ou tudo vira brincadeira de criança. A capoeira é para o mundo, a soma mais completa de expressão corporal. - Nhô Deodoro! O negro não é vadio, desordeiro, desocupado... Ele só está tentando se comunicar... Comunicar sua cultura, a música, a poesia, a dança, a religiosidade, a teatralidade, o mito... O povo que sobreviveu ao navio negreiro, como a semente germinou! Queimou sobre a brasa do fogareiro e que como cinzas pelo mundo se esparramaram. Bate o pé no chão, dando cambalhotas como o vento, ganhou a alforria e nesta terra se estabeleceu... A capoeira hoje é o próprio advento de quem luta com a razão... É a nação que se veste de branco, lutando pela paz de viver... A capoeira pode ser regional ou “angola”, o importante é fazer soar o berimbau na mão. Combatente e destemido guerreiro, será que sabia quando aqui aportou que era a terra da alforria? Será que ele sabia que o chão aqui era abençoado? Não, não entendia, porque era tratado como um animal... Não entendia como enquanto apanhava, o branco estava sorrindo... Mas resistiu, e com capoeira lutou, sua cor era a da própria terra... Subiu os muros da hipocrisia de alguns que se sentem donos do mundo, daqueles que acham que seres humanos são coisas... Mama África já pode descansar... Falam que foi a Princesa Izabel que libertou a escravidão. Não, foi a força de Zumbi que lutou até morrer... Cabaça, arame, pedaço de pau. Com atabaque, pandeiro e berimbau ensaiavam nas senzalas a dança da libertação... Foi a estratégia para lidar com os limites imposto pelo opressor... Benção meu pai, o berimbau está chamando... Sinto o corpo arrepiar lembrando de todo passado que o negro vivia sempre a apanhar... Paranauê, paranauê, paraná...
Francieli Parenti Unoesc Campus Joaçaba
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Mei o Ambie n te
Ed i to ri a l
Q
ue a água é um bem que a natureza nos oferece, isso todos já sabem. Resta descobrir porque a sociedade encontra-se totalmente oposta a natureza, tratando-a como um mal que está invadindo as cidades. Após a revolução industrial, a natureza tornouse uma fonte rica de recursos naturais que abastece a produção, cada vez maior, da economia mundial. As pessoas esquecem que fazem parte do meio ambiente, são frutos da natureza, e extraem mais do que ela pode oferecer.
Os prejudicados com as alterações no clima não perderam apenas suas casas, mas sim suas histórias que ali foram construídas. O jardim em que a criança cresceu e se machucou, os álbuns de fotografias do primeiro aniversário, assim como a mecha do primeiro corte de cabelo ficarão apenas em suas lembranças.
O Aquífero Guarani é a maior reserva de água doce subterrânea do mundo. Está sob os pés do Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina. Os quatro países assinaram “A carta de Foz do Iguaçu sobre o Aquífero Guarani”, o acordo determina que o uso deve ser estritamente para abastecimento urbano e consumo animal. Mas multinacionais já exploram e comercializam água desse manancial. Outro problema é o risco de deteriorização do aqüífero em decorrência do aumento dos volumes explorados e do crescimento de fontes de poluição. O que os ambientalistas discutem no momento é o gerenciamento dessas águas, situação que exige cuidado adequado por parte do governo federal, estadual e municipal, o qual é eleito em prol da sociedade. O Brasil é o único país que tem legislação prevendo o uso sustentável dos recursos hídricos, entre os quatro que estão sobre o Aquífero. Mas a legislação brasileira precisa ser revista, pela falta de comprometimento por parte da sociedade em geral. O que todos tem em comum é a ideia de conscientização da população.
Art. 1º A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão é plenamente responsável aos olhos de todos. (ONU, 1992) Amanda Baratieri
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ÁGUA,
UM BEM AMEAÇADO O uso irracional e a poluição desse bem podem ocasionar a falta de água doce muito em breve.
Agora vemos a natureza devolvendo o tratamento que demos a essa fonte, que na mente capitalista é infinita. Os efeitos climáticos nos últimos tempos, como tornados, enchentes, desmoronamentos e chuvas freqüentes em grande quantidade, fizeram muitas pessoas ficarem aterrorizadas com o poder do meio ambiente.
Esses efeitos são apenas a resposta e, principalmente um sinal de alerta de “parem e pensem. É necessário extrair e esbanjar tanto? Tudo isso está sendo usado da forma mais correta e sustentável? Em nome do que?”.
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Azevedo [Rodrigo Renato Franke
A
degradação do meio a mbiente tornou-se uma realidade com a revolução industrial, no século XVIII. A poluição e o uso irracional de água são temas de debates em todo o mundo. A falta de água potável já é realidade em algumas áreas do planeta. Em virtude desse grave problema, espalha-se doenças e perdem-se vidas. Muitas fontes de água doce estão poluídas ou simplesmente secaram. Os continentes mais atingidos pela falta de água são: África, Ásia Central e o Oriente Médio. Com a diminuição de água potável na superfície, a população mundial passou a se abastecer com os reservatórios de água subterrâneos. O Aquífero Guarani é o maior reservatório de água doce subterrânea do planeta, alimentado pelas águas das chuvas que se infiltram no solo e se acumulam entre rochas, formando reservatórios naturais. Sua
Curso de Comunicação Social habilitação em Jornalismo
bacia estendesse por quatro países na América do Sul, sendo que a maior parte, cerca de dois terços, está em território brasileiro. No entanto, a maior reserva subterrânea de água doce e potável do mundo está ameaçada. “Um rio poluído é um risco grande de contaminação de água subterânea, porque eles recebem água dos lençois freáticos também, e nessa troca ocorre a contaminação”, destaca a engenheira ambiental Gedalva Filipin. O Sistema Aquífero Guarani (SAG), cobre uma superfície de 1,2 milhões de km²: 839.800 km² no Brasil. De acordo com pesquisas científicas, nosso planeta possui 97,5% de água salgada e somente 2,5% de água doce, e que a maior parcela de água doce (68,9%) está na forma de gelo nas calotas polares e em regiões montanhosas. As águas subterrâneas representam 29,9%; lagos e rios comportam
apenas 0,3%. Contudo, em se tratando da água potável, aproximadamente 98% se encontram no subsolo. Os dados apresentados mostram como é pequena a quantidade de água doce no planeta, e isso preocupa. Mas o mais alarmante é saber que já foram encontradas em várias regiões do SAG, substâncias poluentes. Em nossa região, a contaminação foi verificada a partir da análise de amostras retiradas de poços profundos no Aquífero Serra Geral, onde se constatou a presença de fosfatos e nitratos, relacionados à suinocultura (substâncias presentes nas fezes e urina dos porcos) e ao uso de adubos nas lavouras. Os ambientalistas pregam urgência em políticas de preservação e atitudes mais responsáveis de todos, não somente dos governantes, mas sim da população que consome irresponsavelmente água, polui o meio ambiente e desmata florestas.
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Me io Am bie nte ! 13
Um GIGANTE sob nossos pés
de rochas porosas localizado abaixo de quatro países sul americanos: Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina, e água é considerano Brasil percorre 8 estados. da uma mercadoria Constitui a principal reserva negociável, cuja utide água subterrânea da Amélização requer o estabelecirica do Sul, com um volume mento de um preço justo. estimado em 46 mil km³ Contudo, a possibilidade de pagamento desse preço A evolução industrial na redividiria aqueles que tem gião agravou o crescimento e os que não tem acesso a das fontes de poluição. Essa tal bem. Tem se intensifi- situação exige gerenciamencado a preocupação com a to adequado por parte das água, principalmente por seu aspecto socioambiental. esferas de governo federal, estadual e municipal sobre A Bacia Hidrográfica do Rio ascondições de aproveitado Peixe é um exemplo do mento dos recursos da Badesenvolvimento regional e cia Hidrográfica do Rio do socioambiental pelos recur- Peixe, que é abastecida pelas sos hídricos. Seu principal águas do aqüífero Guarani. rio, o Rio do Peixe, abastece diretamente 14 municípios Outro problema é que exisenglobando uma população tência de empresas explode mais de 300 mil pessoas. rando a área para retirar água mineral, o que preoO Aquífero Guarani é um cupa ambientalistas, assim reservatório de água doce como a falta de informasubterrânea, é um conjunto ções precisas sobre a região.
Bruno César Cardoso
[Jeferson Rotini
A
CRÔ N ICA
O começo do fim
E
m tempos de “mundo verde” a ideia de uma vida ecologicamente correta tomou conta da cabeça de milhares de pessoas. Todos agora querem ser ecologicamente corretos. Dou palmas aos grandes publicitários que conseguiram disseminar, propagar e implantar a ideia na população. Alguns estabelecimentos já não colocam seus produtos em sacolas plásticas, muitas pessoas só compram móveis com madeira vinda de reflorestamento ou com o selo de ser protegida, enfim, tudo
muito bonito. Enquanto 95% da população forem ecologicamente corretos e 5% não, os danos causados por essa pequena parcela será bem maior que o cuidado da maioria da população. Esse é um filme repetido, e que todos nós já conhecemos o fim. Novamente as pessoas acordam e se dão conta do que estão fazendo tarde demais. Vejam o Rio Tietê, por exemplo, anos e anos de descaso e aquele “mundo” de água, pode ser cha-
O projeto Aqüífero Guarani - Serra Geral visa contribuir para a formulação de um modelo técnico, legal e institucional para a gestão dos recursos hídricos de forma coordenada, pelos países e organismos envolvidos, além de reduzir as distâncias que normalmente separam a universidade e o conhecimento produzido em seu interior de sua comunidade, especialmente os estudantes que frequentam a escola pública. Aproximadamente 4.000 alunos e 1.300 professores presenciaram a palestra Conhecendo para Preservar. “As escolas tem que formar cidadãos responsáveis com o meio ambiente, afinal a água é a condição essencial de vida de todo ser humano”, diz a especialista em Educação Ambiental, Rita Baratieri que ministrou as palestras.
HISTÓRIA Até 1910, o Vale do Rio do Peixe era ocupado por índios e caboclos, que do solo, das matas e principalmente dos rios, tiravam seu sustento baseado numa economia de subsistência. A construção da estrada de ferro trouxe para a região, operários e comerciantes que foram formando vilas, as quais deram origem às cidades e aos municípios atuais.
mado de qualquer coisa menos de rio. Agora, no “mundo verde’, não param de pipocar ideias e projetos para salvar os rios.
até adolescentes cresceram e foram formadas culturalmente assim, não é um grupo de ambientalistas recém formados, iludidos com a ideia de que podem O que as pessoas não pen- mudar o mundo, que irão sam é para onde está sendo convencê-las. direcionado este conhecimento? Não mudaremos o A solução está nas crianmundo tentando implan- ças, nos seres que estão se tar idéias e conhecimen- formando pra vida, é para to na cabeça de de uma eles que a propaganda tem pessoa que passou a vida que ser voltada, eles aininteira usando e abusando da podem ter a esperança dos recursos naturais do dentro de si, um pouco de planeta, acreditando se- inocência infantil de um rem infinitos. Esses tipos mundo perfeito, é nas pesde pessoas, algumas vezes soas que ainda pensam asUnoesc Campus Joaçaba
O Aquífero Guarani é um reservatório de água doce subterrânea, localizado abaixo de quatro países sulamericanos: Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina.
sim que deve ser investido para se propagar a ideia de cuidado com nossas matas, rios e animais. O ser humano faz parte do meio ambiente. Nos dias atuais, o consumismo faz parte do nascimento, desenvolvimento e vida das pessoas, as crianças tem que ter a possibilidade de entenderem que podem ser consumidores responsáveis. Caso contrário, esqueçam, esse é apenas o começo do fim.
Luan Ribeiro
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Joaçaba | 1º semestre 2010
UMA PROPOSTA DE OLHAR !
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segundo semestre de 2009 teve dois grandes desafios para professores e acadêmicos da quarta fase do curso de Comunicação Social – Jornalismo, da Unoesc. O primeiro foi trabalhar a interdisciplinaridade entre três disciplinas que a principio pareciam não ter muito em comum. O segundo desafio foi criar o primeiro jornal do curso. Entendemos que é importante para o acadêmico construir um conhecimento que ultrapassasse as fronteiras da sala de aula, refletindo sobre o meio onde vive, sobre a sua região e principalmente “olhar” essa região de maneira a descobrir potenciais. Mas para tanto, foi necessário, também, que os professores buscassem oportunidades para fazer circular o conhecimento. Foi com esse “olhar”, de abrir fronteiras, criar novas perspectivas, que a interdisciplinaridade se fez presente no curso de Jornalismo. O encontro entre as disciplinas de Redação Jornalística II, Planejamento Gráfico e Editoração e Cultura Brasileira e Realidade Regional serve de exemplo que é possível haver um diálogo entre disciplinas que a princípio parecem tão diferentes. Entendemos que a interdisciplinaridade constrói o conhecimento de maneira global, incentivando a relação entre conteúdos. Entendemos também, que o Jornalismo não se faz dentro de quatro paredes, mas sim, buscando conhecer a realidade do que se vai noticiar. A nossa proposta foi justamente fazer com que esses acadêmicos fossem buscar as informações na própria comunidade, ver de perto a realidade, olhar, com olhos de jornalistas, sem lentes, ou seja, enxergar de maneira mais crítica o que está a sua volta. Foram vários meses de pesquisas, de produção textual e de planejamento gráfico até o nosso primeiro jornal ficar pronto. Nele, o leitor poderá conhecer um pouco mais da nossa região. Saber a história do Frei Bruno, do Contestado. Saber como as primeiras famílias de japoneses chegaram ao meio oeste catarinense. Conhecer o desenvolvimento da capoeira em Joaçaba e os cuidados para a preservação do Aquífero Guarani. E por fim, fazer um passeio pela Rota da Amizade, descobrindo as belezas naturais do Vale do Rio do Peixe. Entendemos que esse primeiro número é um marco no nosso curso, que carece de uma publicação que possa mostrar as atividades desenvolvidas dentro e fora da sala de aula. Então, o primeiro passo foi dado.
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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA UNOESC Campus Joaçaba Reitor: Aristides Cimadon Vice-Reitor Acadêmico: Luiz Carlos Luckmann Diretor de Gestão, Planejamento e Finanças: Alciomar Antonio Marin Diretor de Graduação: Ricardo Marcelo de Menezes Diretor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão: Dagmar Barreto Bittencourt Rua Getúlio Vargas, 2125 | Bairro Flor da Serra Área das Ciências Humanas e Sociais | ACHS Coordenador da Área: Alex Baseggio Curso de Comunicação Social habilitação em Jornalismo Coordenadora de curso: Silvia Spagnol Simi dos Santos
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!ndispensável L E I T U R A
EXPEDIENTE
TRABALHO INTERDISCIPLINAR DA 4 ª FASE DE JORNALISMO Disciplinas: Redação Jornalística II, Cultura Brasileira e Realidade Regional e Planejamento Gráfico e Editoração. Professores : Giovanna Benedetto Flores, Márcio Giusti Trevisol e Silvia Spagnol Simi dos Santos. Redação: acadêmicos de Jornalismo. Projeto Gráfico e Diagramação: Herton Farias [acadêmico] Revisão: Giovanna Benedetto Flores Edição: acadêmicos da 4ª fase de Jornalismo.
Curso de Comunicação Social habilitação em Jornalismo