Revista Universidade & Sociedade n. 4

Page 102

colonização da América

V centenário da América: o que comemorar?

Regina Célia Gonçalves apresentação - 12/10/1492 - Uma expedição espanhola, formada por três navios: Santa Maria, Pinta e Nina, sob o comando do navegador Cristóvão Colombo, encerra a travessia do Atlântico Norte, apartando na Ilha de Guanaani (no atual Arquipélago das Bahamas), depois de ter partido do Porto de Paios, na Espanha, alguns meses antes. - 1992 - Ocorrem, em vários países dos dois continentes (América e Europa), uma série de eventos comemorativos (ou não) do V Centenário da América. A questão: qual deve ser o caráter dessas comemorações? O que há para ser louvado ou criticado? A busca da resposta (ou respostas) a esta questão se constitui, a nosso ver, em mais uma oportunidade para se rediscutir o ensino da História e a produção do conhecimento histórico. Ou

96 Universidade e Sociedade

seja, vivemos um momento de revisionismo na ciência da História. Precisamos responder a questões urgentes: que tipo de ensino de História queremos? Que tipo de conhecimento histórico nos é útil e necessário? Para que serve a História? O ensino da História, como tradicionalmente tem sido feito, não tem servido à sociedade no sentido de permitir a compreensão da realidade. De que adianta às nossas crianças e jovens, nas escolas de primeiro e segundo graus, memorizar os nomes dos “grandes personagens” da História, seus feitos importantes e as datas em que ocorreram? Esta História “decoreba”, cansativa, moralizadora tem, no máximo, servido como atestado de erudição para alguns. Para a maioria, tal conhecimento, quando muito, serve, depois de alcançadas as notas com que passar de ano ou para ser aprovado no vestibular,

para preencher os porões da memória, ou seja, daquele cantinho onde se guardam as inutilidades. Quanto ao terceiro grau, usualmente, os cursos de História têm abrigado muitos professores em busca do diploma universitário para obter a ascensão profissional; muitos vestibulandos fracassados na seleção para outros cursos; alguns curiosos que não tinham mais nada de interessante para fazer e pouquíssimos alunos que manifestam a vocação para o ensino e a pesquisa de História. E claro que, no decorrer do curso, diante das exigências de leitura e investigação e da carga de estudos que são necessários, muitos acabam desistindo ou então reconhecendo que as coisas não são tão simples assim ... que a História não é bem aquela! O curso de História, na Universidade, causa um certo “atordoamento” aos estudantes. Esses passam a ver uma abordagem a que não estavam


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.