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Alunos protagonistas: uma chave para educação cidadã

Professores e comunidade acadêmica precisam criar mecanismos para a promoção da autonomia dentro das salas de aula

Por Jorge de Sousa

A educação tem um papel central na construção social, com as escolas sendo parte integral da formação cidadã. Mas para isso é fundamental promover a autonomia dos estudantes no dia a dia escolar, estimulando que crianças e jovens convivam em um ambiente democrático e entendam a importância dos direitos e deveres dentro da sociedade. Isso porque a educação não é apenas a base intelectual dos alunos, ela permite o desenvolvimento social e formação do ser humano - o que também implica na construção de um futuro mais humano e justo, por meio do senso crítico e da liberdade de ideias e pensamentos.

“A autonomia dos estudantes nas decisões acadêmicas e cotidianas relaciona-se com a sua proatividade para resolver problemas, aprender a aprender e criar caminhos para aprendizagem. Algumas ações pedagógicas contribuem para esta autonomia, como a presença de metas, que deixam claro o que se espera, aspectos e tempo a serem executados, para que os estudantes possam se sentir mais seguros ao realizar suas atividades”, explica Roseni Rudek, coordenadora pedagógica dos anos finais e ensino médio do Colégio Dom Bosco Batel.

Todos esses conhecimentos são fundamentais em uma sociedade com mudanças sociais, econômicas e tecnológicas cada vez mais velozes. É preciso que os jovens adquiram habilidades que permitam melhores interações dentro e fora dos ambientes onde estão inseridos, sempre prezando por escolhas éticas e morais. No geral, as escolas e demais centros de ensino são os primeiros ambientes de socialização das crianças, onde começam a desenvolver habilidades sociais fundamentais para o desenvolvimento humano, como a construção da identidade e personalidade. A partir da convivência com outros indivíduos, essas crianças aprendem valores importantes como o respeito e a tolerância - fatores primordiais para a construção de uma sociedade mais igualitária.

“A escola é fundamental na formação cidadã dos estudantes. O espaço escolar deve possibilitar e favorecer a expressão, partilha de informações, ideias e sentimentos, produzindo sentidos que levem ao entendimento mútuo. Os estudantes devem formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns, com base em direitos humanos, consciência socioambiental e ética”, prossegue Rudek.

Enquanto espaço de socialização, as escolas têm o papel de criar espaços de aprendizagens respeitosos, com acolhimento e valorização da diversidade, tomando decisões com base em princípios democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.

“É fundamental favorecer situações de diálogo para que os estudantes se sintam mais acolhidos e respeitados. Isso também contribui para ampliar a compreensão daquilo que é dito por outras pessoas, com abertura, ponderação e respeito. Nesse processo, o uso de metodologias ativas ajudam a estreitar a comunicação entre estudantes e escola, pois incentivam o aprender de forma autônoma e participativa, como em metodologias da sala de aula invertida, gamificação, estudos de caso e simulações”, contextualiza Rudek.

A partir dessas construções, os estudantes desenvolvem uma visão global para de fato assumirem seus papéis de cidadãos. Seja no combate ao preconceito, no zelo com os patrimônios públicos e até mesmo no voto. Ou seja, as atividades escolares empoderam e preparam para o futuro, respeitando as individualidades de cada estudante. Portanto, é necessário que os professores ofereçam diferentes ferramentas para apoiar o processo de aprendizagem, além de acompanhar o desenvolvimento de cada aluno e fomentar a busca por novos métodos que contribuam para solucionar desafios.

“O ensino tradicional ainda é ampla- mente utilizado, com fragmentações no processo ensino-aprendizagem, o docente assume um papel de transmissor de conteúdos e ao estudante cabe a retenção e a repetição, tornando-se mero espectador, sem a necessária crítica e reflexão. É necessário romper essa lógica do professor como o centro do processo de aprendizagem. Os estudantes precisam reconhecer a importância e utilizar o conhecimento para a tomada de decisões individuais e coletivas, colocar ideias em prática, aprendendo com erros e acertos”, finaliza Rudek.

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