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O que vem depois do vestibular?

Evasão escolar é uma das preocupações constantes da comunidade acadêmica. Atuar na prevenção e no acolhimento é dever do Estado e das instituições de ensino

Ingressar em uma universidade raramente é um caminho fácil. Os estudos, as noites sem sono, os simulados e o tão temido vestibular são apenas o começo de um percurso bastante desafiador e poucos se atentam ao que se inicia após a aprovação. Entre fatores de contexto acadêmico, pessoal e profissional, a evasão no ensino superior é uma preocupação real tanto para as instituições, quanto para a sociedade como um todo em nível mundial.

Segundo o Censo da Educação Superior realizado pelo Inep, a trajetória dos estudantes resultou em 59% de desistências em 2021. Os dados de monitoramento apresentam a evolução de indicadores de alunos no curso de ingresso desde 2012. Os números específicos revelam que a diferença da taxa de desistência entre as modalidades presencial e a distância é de apenas três pontos percentuais: 59% e 62%, respectivamente. Enquanto a diferença entre as universidades estaduais e privadas é 13 pontos percentuais: 48% e 61%, respectivamente.

De acordo com Juciméri Silveira, socióloga e professora do curso de pós-graduação em Direitos Humanos e Políticas Públicas da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), a permanência dos estudantes no ensino superior tem relação direta com condições materiais e socioemocionais. “As universidades precisam avançar em políticas de apoio e assistência, de modo a garantir uma educação integral”, observa a especialista.

Causas de evasão

A decisão de deixar um curso acadêmico depois de todo o esforço aplicado para conseguir a vaga não é simples. A necessidade e a vontade são colocadas na balança. “A vulnerabilidade social e fatores como o racismo, o preconceito e demais expressões de desigualdade são variáveis que precisam ser consideradas quando refletimos sobre os motivos da evasão escolar”, aponta. Jovens que dependem de um emprego para arcar com os custos da faculdade, de uma hora para a outra, se vêem perante um cenário complexo em que a subsistência anula as chances de uma formação acadêmica. Mulheres que precisam conciliar maternidade e formação também podem viver um grande dilema, especialmente com a ausência de uma rede de apoio presente. O estudo aponta também que os números têm grande variação entre alunos que possuem auxílios governamentais, como o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies). A taxa de desistência, nesses casos, é de 38% em comparação aos 63% que não possuem o Fies. Diante de casos tão variados, as possíveis estratégias para diminuir as taxas de evasão também são complexas.

Métodos de prevenção

Se o panorama de evasão já é uma realidade, cabe ao sistema e às instituições a elaboração de planos de incentivo à permanência no ensino superior. Para Silveira, a implementação de programas continuados de apoio aos estudantes deve abran- ger serviços sociais e psicológicos, além de atividades preventivas de atendimento interdisciplinar. “É importante que toda a comunidade acadêmica esteja preparada para o acolhimento da diversidade e de situações que possam oferecer dificuldade para a permanência”, acrescenta.

Fora do âmbito familiar, os professores, orientadores e demais profissionais do meio são também responsáveis pelo incentivo de políticas de assistência estudantil voltadas aos que apresentam vulnerabilidades sociais, além da educação em direitos humanos, arte, cultura, convivência e oportunidades de inserção em projetos de pesquisa e extensão.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, divulgada pelo IBGE, o percentual da população com ensino superior completo passou de 17,5% em 2019 para 19,2% em 2022. Os dados apontam um crescimento relevante, mas que, na contabilização final, vão de encontro aos números de evasão citados acima. Por isso, a socióloga reforça o efeito positivo de políticas integradas, com maior impacto social.

Diante das especificidades de cada indivíduo e seu contexto social, a profissional afirma a necessidade do governo e das organizações privadas empreenderem esforços para a melhoria do desenvolvimento humano. “A escolaridade e renda são fatores muito importantes para a mobilidade social e promoção de condições para uma sociedade humanamente diversa e socialmente justa”, conclui.

Educar é uma das mais nobres atividades humanas. A função de transmitir aqueles conhecimentos e habilidades que serão determinantes para o futuro de outros indivíduos é capaz de gerar impactos transformadores em toda sociedade. Como toda ocupação intrinsecamente humana, a educação exige muito mais do que o domínio de conteúdos e assuntos específicos para cada etapa de ensino. É preciso ter criatividade, empatia, paciência, motivação, autocontrole e, principalmente, uma alta capacidade de gerenciar emoções com inteligência e de criar relações saudáveis e construtivas. É esse conjunto de atributos que chamamos de inteligência emocional. Proposto pelo psicólogo americano Daniel Goleman em 1986, o termo inteligência emocional é definido como a capacidade de identificar sentimentos próprios e dos outros, de gerir bem as emoções dentro de nós e nos nossos relacionamentos. Cada vez mais valorizado por recrutadores, esse grupo de habilidades é

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