Ano I - Nº 4 - Maio de 2018
DESCASO
Fim da greve não significou aula normal nas escolas da Rede Estadual Não existe aula normal sem que o profissional da educação tenha as condições mínimas para desenvolver seu trabalho
O
s profissionais da educação voltaram ao trabalho e já começam a pagar as aulas que não foram dadas no período da greve. No entanto, as escolas estão longe da normalidade. Estruturas se deteriorando, reformas que se arrastam, paralisando as aulas. O ensino estadual cambaleia pela falta de condições básicas.
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Não existe aula normal sem que o profissional da educação tenha as condições mínimas para desenvolver seu trabalho. Não há normalidade quando salas de aula podem ser comparadas a fornos nos períodos de calor e não resistem a uma chuva mínima sem formação de poças d’água. A greve acabou, mas a luta por uma escola pública digna para nossos alunos continua!
Greve mostrou a face da educação estadual por baixo da máscara fabricada pelo Governo Robinson Pág. 3
Estudantes e profissionais usam as Redes Sociais do SINTE/RN para denunciar o grave quadro da escola pública Pág. 4
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Maio de 2018 I Para Casa ARTIGO
O
ano de 2018, a exemplo de 2017, iniciou com grandes desafios. No mês de janeiro, o governador Robinson Faria enviou um pacote fiscal/econômico para a Assembleia Legislativa com o intuito de retirar direitos históricos dos servidores e vender à iniciativa privada o patrimônio do Estado do Rio Grande do Norte. Após um mês de muita luta, pressão e embate com as forças de segurança do Estado, os servidores unidos conseguiram derrotar o pacote e mostrar à sociedade as contradições de um governo que quer jogar a conta de uma crise nas costas de quem trabalha para desenvolver o RN. Derrotado, o governo Robinson se negou, por diversas vezes, a atender as reivindicações da educação. De janeiro a março, tentamos expor a nossa pauta de reivindicações, que continha 54 itens. Mandamos ofícios à
2018, o ano que não terminou SEEC, pedimos audiência, tentamos dialogar. A única conversa que aconteceu antes da greve foi às vésperas da assembleia que deflagraria o movimento. Sem uma negociação de fato, os trabalhadores em educação decidiram iniciar a greve para exigir a correção do Piso Salarial 2018, melhores condições de trabalho, reformas nas escolas, o fim dos atrasos de salários dos aposentados, entre outras demandas. O Movimento contou com o apoio de estudantes e familiares, insatisfeitos com a situação precária das escolas, cheias de infiltrações, salas muito quentes, sem laboratórios de informática e ciências, sem bibliotecas e sem espaço para esporte, cultura e lazer. O protagonismo dos estudantes foi fundamental para as vitórias alcançadas pela Rede Estadual, ainda que parciais. A greve foi uma das mais fortes e bonitas dos últimos anos. Nela, denunciamos a má utilização dos
recursos da educação, questionamos por que falta dinheiro para educação enquanto sobra para outros poderes, que abastecem órgãos do Judiciário, a Assembleia Legislativa, o Tribunal de Contas e o Ministério Público. Durante toda a greve, e após o término dela, fixamos a luta permanente pela reestruturação das escolas. Essa luta já está sendo feita. Em 09 de maio, embaixo de chuva, os estudantes da Rede Estadual promoveram um ato nas ruas de Natal contra a precarização da educação. A atividade rendeu
Miguel Salusto Lula da Silva Diretor de Comunicação do SINTE
o agendamento, para junho, de uma Audiência Pública na Assembleia Legislativa, que vai discutir o tema. Tudo isso mostra que a nossa luta em defesa da escola pública se tornou permanente e unificada. Professores, servidores administrativos, alunos e familiares sabem que a melhoria da educação passa por melhores salários, mas também por uma escola estruturada, com liberdade de ensino e de opinião e que possibilita ao estudante ser protagonista do seu próprio futuro. A luta não termina quando uma greve acaba. Vamos à luta!
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CAIU A MÁSCARA
Greve mostrou a face da educação estadual por baixo da máscara fabricada pelo Governo Robinson Os potiguares puderam ver o nível de abandono a que suas crianças e jovens estão submetidos
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recente greve da educação estadual mostrou para a sociedade a dura realidade da escola pública. Sem a maquiagem oficial, os potiguares puderam ver que suas crianças e jovens estão sendo submetidos a estruturas deterioradas, ambientes insalubres e uma carência quase total do necessário para um processo educativo. Profissionais da educação receberam o apoio de pais e estudantes na denúncia da ausência do governo em uma área tida sempre como prioritária nos momentos eleitorais. Os registros de imagens mostram que todos os segmentos da comunidade escolar participaram unidos em atos públicos, passeatas e assembleias.
Alunos da Rede Estadual promovem ato contra a precarização das escolas e conseguem o pré-agendamento de uma Audiência Pública Audiência foi pré-agendada pelo deputado estadual Fernando Mineiro, que recebeu os estudantes e o SINTE/RN
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s estudantes da Rede Estadual de ensino promoveram sob chuva um ato contra a precarização das escolas públicas no dia 09 de maio. A atividade foi encampada por alunos, entidades estudantis e contou com o apoio do SINTE/RN, representado pelo diretor de comunicação, professor Miguel Salustiano. Os alunos secundaristas exigiram reformas nas escolas, melhores condições de aprendizagem e criticaram a PEC do governo Michel Temer, que congelou por 20 anos os investimentos em
educação e outras áreas essenciais para o país. A marcha se iniciou na Praça Cívica, em Petrópolis, passou pela sede estadual do SINTE, pela Avenida Rio Branco e terminou na Assembleia Legislativa. Lá, os estudantes conseguiram uma conversa com o deputado estadual Fernando Mineiro. O parlamentar conseguiu pré-agendar, para 5 de junho, uma Audiência Pública que vai debater a precarização nas escolas. Representantes da Secretaria Estadual de Educação e do Tribunal de Contas do RN serão convidados para participar.
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Estudantes e profissionais usam as Redes Sociais do SINTE/RN para denunciar o grave quadro da escola pública Quem acredita que a greve é a causadora dos prejuízos para os estudantes precisa ler os relatos abaixo. De falta de professores até risco de incêndio. As denúncias são alarmantes.
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A greve foi de grande importância para a luta por uma educação pública de qualidade
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greve dos professores iniciada no dia 22 de março foi de grande importância para a luta por uma educação pública de qualidade. A União dos Estudantes Secundaristas Potiguares (UESP) se fez presente nas assembleias e atos de greve, pois compreendemos que essa luta diz respeito não só aos professores, mas também aos estudantes e a toda a comunidade escolar.
Por Marcos Alexandre Estudante da Rede Estadual e Presidente da UESP
Neste período que passamos no nosso país, quando o governo ilegítimo do Michel Temer vem atacando cruelmente nossos direitos há anos conquistados, devemos ter uma grande unidade de luta entre os professores, estudantes, funcionários e pais, pois é o nosso futuro e dos nossos filhos que está sendo ameaçado. Vimos na luta dos professores uma grande combatividade e exemplo a ser seguido. A parceria
firmada nessa greve entre os estudantes e professores gerou frutos que vamos colher no decorrer das próximas lutas. É por isso que a UESP continuará na luta pela reestruturação das escolas, com ato neste mês, onde o movimento estudantil dará um recado ao governo do estado que educação pública é um direito, que merecemos escolas de qualidade, quadras poliesportivas, laboratórios de ar-
tes e ciências e professores bem remunerados. Como diz a popular palavra de ordem “O dinheiro da minha mãe não é capim/ eu quero minha escola reformada sim”. Aos estudantes que queiram construir grêmios estudantis, organizar passeatas e debates, a UESP está de prontidão para ajudá-los. É com muita alegria e combatitividade que construímos o movimento estudantil. Então cola aqui com a gente!