Publicação Oficial do Sistema Findes • Set/Out 2015 • Distribuição gratuita • nº 320 • IMPRESSO
Entrevista Ministro Armando Monteiro e os desafios da economia Especial Norte e noroeste do ES atraem investimentos
Economia Criativa Setor movimenta R$ 2,1 bilhões no Espírito Santo
Real sob pressão O impacto da alta do dólar para a economia do Estado
Expediente
Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo – Findes Presidente: Marcos Guerra 1º vice-presidente: Gibson Barcelos Reggiani Vice-presidentes: Aristoteles Passos Costa Neto, Benízio Lázaro, Clara Thais Rezende Cardoso Orlandi, Elder Elias Giordano Marim, Egidio Malanquini, Houberdam Pessotti, Leonardo Souza Rogerio de Castro, Manoel de Souza Pimenta Neto, Sebastião Constantino Dadalto 1º diretor administrativo: José Augusto Rocha 2º diretor administrativo: Sérgio Rodrigues da Costa 1º diretor financeiro: Tharcicio Pedro Botti 2º diretor financeiro: Ronaldo Soares Azevedo 3º diretor financeiro: Flavio Sergio Andrade Bertollo Diretores: Almir José Gaburro, Atilio Guidini, Elias Cucco Dias, Emerson de Menezes Marely, Ennio Modenesi Pereira II, José Carlos Bergamin, José Carlos Chamon, Luiz Alberto de Souza Carvalho, Luiz Carlos Azevedo de Almeida, Luiz Henrique Toniato, Loreto Zanotto, Mariluce Polido Dias, Neviton Helmer Gasparini, Ocimar Sfalsin, Ortêmio Locatelli Filho, Ricardo Ribeiro Barbosa, Samuel Mendonça, Silésio Resende de Barros, Tullio Samorini, Vladimir Rossi Superintendente corporativo: Marcelo Ferraz Goggi Conselho Fiscal Titulares: Bruno Moreira Balarini, Ednilson Caniçali, José Angelo Mendes Rambalducci Suplentes: Adenilson Alves da Cruz, Antonio Tavares Azevedo de Brito, Fábio Tadeu Zanetti Representantes na CNI Titulares: Marcos Guerra, Gibson Barcelos Reggiani Suplentes: Lucas Izoton Vieira, Leonardo Souza Rogerio de Castro Serviço Social da Indústria – Sesi Presidente do Conselho Regional: Marcos Guerra Representantes do Ministério do Trabalho Titular: Alessandro Luciani Bonzano Comper Suplente: Alcimar das Candeias da Silva Representante do Governo: Orlando Bolsanelo Caliman Representantes das atividades industriais Titulares: Altamir Alves Martins, Sebastião Constantino Dadalto, José Carlos Bergamin, Gibson Barcelos Reggiani Suplentes: Leonardo de Souza Rogerio de Castro, Sergio Rodrigues da Costa, Valkinéria Cristina Meirelles Bussular, Houberdam Pessotti Representantes da categoria dos trabalhadores da indústria Titular: Luiz Alberto de Carvalho Suplente: Lauro Queiroz Rabelo Superintendente: Luis Carlos de Souza Vieira Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – Senai Presidente do Conselho Regional: Marcos Guerra Representantes das atividades industriais Titulares: Benízio Lázaro, Wilmar Barros Barbosa, Almir José Gaburro, Luciano RaizerMoura Suplentes: Ronaldo Soares Azevedo, Neviton Helmer Gasparini, Clara Thais Resende Cardoso Orlandi, Manoel de Souza Pimenta Neto Representantes do Ministério do Trabalho Titular: Alessandro Luciani Bonzano Comper Suplente: Alcimar das Candeias da Silva Representante do Ministério da Educação Titular: aguardando indicação do MEC Suplente: Ronaldo Neves Cruz Representantes da categoria dos trabalhadores da indústria Titular: aguardando indicação do Senai/DN Suplente: aguardando indicação do Senai/DN Diretor-regional: Luis Carlos de Souza Vieira
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Indústria Capixaba – Findes
Centro da Indústria no Espírito Santo – Cindes Presidente: Marcos Guerra 1º vice-presidente: Gibson Barcelos Reggiani 2º vice-presidente: Aristoteles Passos Costa Neto 3º vice-presidente: Houberdam Pessotti Diretores: Cristhine Samorini, Ricardo Augusto Pinto, Edmar Lorencini dos Anjos, Altamir Alves Martins, Rogério Pereira dos Santos, Zilma Bauer Gomes, Alejandro Duenas, Ana Paula Tongo da Silva, Antonio Tavares Azevedo de Brito, Bruno do Espírito Santo Brunoro, Celso Siqueira Júnior, Eduarda Buaiz, Gervásio Andreão Júnior, Helio de Oliveira Dórea, Julio Cesar dos Reis Vasconcelos, Raphael Cassaro Machado. Conselho Consultivo: Oswaldo Vieira Marques, Helcio Rezende Dias, Sergio Rogerio de Castro, José Bráulio Bassini, Fernando Antonio Vaz, Lucas Izoton Vieira, Marcos Guerra Conselho Fiscal: Joaquim da Silva Maia, Gilber Ney Lorenzoni, Hudson Temporim Moreira, Ennio Edmyr Modenesi Pereira, Marcondes Caldeira, Sante Dassie Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo – Ideies Presidente do Conselho Técnico do Ideies: Marcos Guerra Membro representante da Diretoria Plenária da Findes: Egidio Malanquini Membro representante do Setor Industrial: Benízio Lázaro Membro efetivo representante do Senai-ES: Luis Carlos de Souza Vieira Membro efetivo representante do Sesi-ES: Yvanna Miriam Pimentel Moreira Representantes do Conselho Fiscal - Membros efetivos: Tullio Samorini, José Carlos Chamon, José Domingos Depollo Representantes do Conselho Fiscal - Membros suplentes: José Ângelo Mendes Rambalducci, Luciano Raizer Moura, Houberdam Pessotti Representante da Comunidade Científica Acadêmica e Técnica: João Luiz Vassalo Reis Diretor-executivo do Ideies: Antonio Fernando Doria Porto Instituto Euvaldo Lodi – IEL Diretor-regional: Marcos Guerra Conselheiros: Luis Carlos de Souza Vieira, Maria Auxiliadora de Carvalho Corassa, Lúcio Flávio Arrivabene, Geraldo Diório Filho, Sônia Coelho de Oliveira, Rosimere Dias de Andrade, Vladimir Rossi, José Bráulio Bassini, Houberdam Pessotti, Aristoteles Passos Costa Neto e Aureo Mameri Conselho Fiscal: Egídio Malanquini, Tharcicio Pedro Botti, Loreto Zanotto, Rogério Pereira dos Santos e Sérgio Rodrigues da Costa Superintendente: Fábio Ribeiro Dias Instituto Rota Imperial – IRI Diretor-geral: Marcos Guerra Diretores: Manoel de Souza Pimenta Neto, Alejandro Duenas, Paulo Henrique Teodoro de Oliveira, Vladimir Rossi Conselho Deliberativo Titulares: Baques Sanna, Alejandro Duenas, Fernando Schneider Kunsch, Maely Coelho, Eustáquio Palhares, Roberto Kautsky, Associação Montanhas Capixabas Turismo e Eventos, Instituto Jutta Batista da Silva, Adetur Metropolitana Suplentes: Jorge Deocézio Uliana, Tullio Samorini, João Felício Scardua, Manoel de Souza Pimenta Neto, Adenilson Alves da Cruz, Tharcicio Pedro Botti, Henrique Denícoli, Helina Cosmo Canal, Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável da Região do Caparaó, Associação Leopoldinense de Turismo, Agrotures, Leandro Carnielli, Associação Turística de Pedra Azul, Fundação Máximo Zandonadi Membros natos: Lucas Izoton Vieira, Sergio Rogerio de Castro, Ernesto Mosaner Júnior, Aristoteles Passos Costa Neto Conselho Fiscal Efetivos: Flavio Sergio Andrade Bertollo, Raphael Cassaro, Edmar dos Anjos Suplentes: Celso Siqueira, Valdeir Nunes, Gervásio Andreão Júnior
Condomínio do Edifício Findes (Conef) Presidente: Marcelo Ferraz Goggi Câmaras Setoriais Industriais e Conselhos Temáticos (Consats) Coordenador-geral: Gibson Barcelos Reggiani Câmaras Setoriais Industriais Câmara Setorial das Indústrias de Alimentos e Bebidas Presidente: Claudio José Rezende Câmara Setorial das Indústrias de Base e Construção Presidente: Wilmar dos Santos Barroso Filho Câmara Setorial da Indústria de Materiais da Construção Presidente: Houberdam Pessotti Câmara Setorial das Indústrias de Mineração Presidente: Samuel Mendonça Câmara Setorial da Indústria Moveleira Presidente: Luiz Rigoni Câmara Setorial da Indústria do Vestuário Presidente: José Carlos Bergamin Conselhos Temáticos Conselho Temático de Assuntos Legislativos (Coal) Presidente: Paulo Alfonso Menegueli Conselho Temático de Comércio Exterior (Concex) Presidente: Marcílio Rodrigues Machado Conselho Temático de Desenvolvimento Regional (Conder) Presidente: Áureo Vianna Mameri Conselho Temático de Infraestrutura (Coinfra) Presidente: Sebastião Constantino Dadalto Conselho Temático de Meio Ambiente (Consuma) Presidente: Wilmar Barros Barbosa Conselho Temático de Micro e Pequena Empresa (Compem) Presidente: Flavio Sergio Andrade Bertollo Conselho Temático de Política Industrial e Inovação Tecnológica (Conptec) Presidente: Franco Machado Conselho Temático de Relações do Trabalho (Consurt) Presidente: Haroldo Olívio Marcellini Massa Conselho Temático de Responsabilidade Social (Cores) Presidente: Sidemberg Rodrigues Conselho Temático de Educação (Conedu) Presidente: Luciano Raizer Moura Conselho Temático de Energia (Conerg) Presidente: Nélio Rodrigues Borges Conselho Temático de Economia Criativa (Conect) Presidente: José Carlos Bergamin Diretorias Regionais Diretoria da Findes em Anchieta e região Vice-presidente institucional da Findes: Fernando Schneider Kunsch Diretoria da Findes em Aracruz e região Vice-presidente institucional da Findes: João Baptista Depizzol Neto Núcleo da Findes em Barra de São Francisco e região Vice-presidente institucional da Findes: não definido Diretoria da Findes em Cariacica e Viana Vice-presidente institucional da Findes: Rogério Pereira dos Santos Diretoria da Findes em Cachoeiro de Itapemirim e região Vice-presidente institucional da Findes: Áureo Vianna Mameri Diretoria da Findes em Colatina e região Vice-presidente institucional da Findes: Manoel Antonio Giacomin Núcleo da Findes em Guaçuí e região: Vice-presidente institucional da Findes: Bruno Moreira Balarini Diretoria da Findes em Linhares e região Vice-presidente institucional da Findes: Paulo Joaquim do Nascimento Núcleo da Findes em Nova Venécia e região Vice-presidente institucional da Findes: José Carnieli
Núcleo da Findes em Santa Maria de Jetibá e região Vice-presidente institucional da Findes: Denilson Potratz Núcleo da Findes em São Mateus e região Vice-presidente institucional da Findes: Nerzy Dalla Bernardina Junior Diretoria da Findes em Serra: Vice-presidente institucional da Findes: José Carlos Zanotelli Núcleo da Findes em Venda Nova do Imigrante e região Vice-presidente institucional da Findes: Sérgio Brambilla Diretoria da Findes em Vila Velha Vice-presidente institucional da Findes: Vladimir Rossi Diretoria da Findes em Vitória Vice-presidente institucional da Findes: não definido Diretores para Assuntos Específicos e das Entidades Diretor para Assuntos do Fortalecimento Sindical e da Representação Empresarial: Egidio Malanquini Diretor para Assuntos Tributários: Leonardo Souza Rogerio de Castro Diretor para Assuntos de Capacitação e Desenvolvimento Humano: Clara Thais Rezende Cardoso Orlandi Diretor para Assuntos de Marketing e Comunicação: Eugênio José Faria da Fonseca Diretor para Assuntos de Desenvolvimento da Indústria Capixaba: Paulo Roberto Almeida Vieira Diretor para Assuntos de Políticas Públicas Industriais: Paulo Alexandre Gallis Pereira Baraona Diretor para Assuntos de Relações Internacionais: Rodrigo da Costa Fonseca Diretor para Assuntos do IEL: Aristoteles Passos Costa Neto Diretor para Assuntos do Ideies/CAS: Egidio Malanquini Diretor para Assuntos do Cindes: Aristoteles Passos Costa Neto Diretor para Assuntos do IRI: Adenilson Alves da Cruz Diretor para Assuntos do Sesi: Jose Carlos Bergamin Diretor para Assuntos do Senai: Benízio Lázaro Sindicatos da Findes e respectivos presidentes Sinduscon: Aristoteles Passos Costa Neto | Sindipães: Luiz Carlos Azevedo de Almeida Sincafé: Egidio Malanquini | Sindmadeira: Luiz Henrique Toniato Sindimecânica: Ennio Modenesi Pereira II | Siges: João Baptista Depizzol Neto Sinconfec: Clara Thais Rezende Cardoso Orlandi Sindibebidas: Sérgio Rodrigues da Costa | Sindicalçados: Altamir Alves Martins Sindifer: Manoel de Souza Pimenta Neto | Sinprocim: Pablo José Miclos Sindutex: Mariluce Polido Dias | Sindifrio: Elder Elias Giordano Marim Sindirepa: Eduardo Dalla Mura do Camo | Sindicopes: José Carlos Chamon Sindicacau: Gibson Barcelos Reggiani | Sindipedreiras: Loreto Zanotto Sindirochas: Tales Pena Machado | Sincongel: Paulo Henrique Teodoro de Oliveira Sinvesco: Fábio Tadeu Zanetti | Sindimol: Alvino Pessoti Sandis Sindmóveis: Ortêmio Locatelli Filho | Sindimassas: Levi Tesch Sindiquímicos: Elias Cucco Dias | Sindicer: Ednilson Caniçali Sindinfo: Luciano Raizer Moura| Sindipapel: Glaucio Antunes de Paula Sindiplast: Neviton Helmer Gasparini | Sindibores: Silésio Resende de Barros Sinvel: Delson Assis Cazelli | Sinconsul: Bruno Moreira Balarini Sindilates: Claudio José Rezende | Sindipesca: Mauro Lúcio Peçanha de Almeida Sindividros: Arisson Rodrigues Ferreira | Sinrecicle: Romário José Correa de Araújo
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Nesta Edição
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CENÁRIO Com o cenário interno conturbado e as incertezas do mercado, o real acabou desvalorizado frente ao dólar. Descubra os impactos para o país com a alta da moeda norteamericana e como isso pode afetar a economia nacional e diferentes setores da indústria.
ENTREVISTA
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Os rumos da economia neste momento de recessão, a importância da inovação, os riscos de se investir no Brasil e outros assuntos marcaram a conversa com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro.
ESPECIAL Cada vez mais fortes na geração de oportunidades, emprego e renda, as regiões norte e noroeste do Estado receberão R$ 20 bi em investimentos. Confira os destaques das cidades que crescem acima da média e já respondem por cerca de 30% do PIB capixaba.
PARCERIA 30 Visando ao crescimento da produção capixaba de cerâmicas e mesmo a criação de produtos inovadores para o setor, o Senai-ES firma parceria com Ifes e Sindicer para construção do primeiro Laboratório de Tecnologia Cerâmica do Estado.
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Indústria Capixaba – Findes
INDÚSTRIA 34 Economia criativa movimenta RS 2,1 bilhões na economia capixaba. Isso representa 1,9% do PIB do Estado. Conheça um pouco mais do setor que cresce acima da média nacional e abrange várias atividades como design, arquitetura, artes cênicas, biotecnologia entre outras.
Edição nº 320 Set/Out 2015
INOVAÇÃO 40 Soluções inovadoras e que não apenas buscam aumento na produção ou em resultados, mas também trabalham conceitos como a sustentabilidade fazem sucesso. Saiba como essas ideias podem mudar diversos mercados nos anos que estão por vir.
SUSTENTÁVEL 44
Publicação oficial do Sistema Findes Set/Out – 2015 • nº 320
Desenvolvendo ferramentas para que o empresariado tenha acesso a levantamento de riscos e possa identificar oportunidades geradas pelas mudanças globais do clima no ambiente de negócios, a CNI disponibilizou manuais com dicas para redução de gases de efeito estufa.
Conselho Editorial – Marcos Guerra, Gibson Barcelos Reggiani, Sebastião Constantino Dadalto, Aristoteles Passos Costa Neto, Luis Carlos de Souza Vieira, Elcio Alves, Clara Thais Rezende Cardoso Orlandi, Jose Carlos Bergamin, Egidio Malanquini, Benízio Lázaro, Eugênio José Faria da Fonseca, Annelise Lima, Fábio Ribeiro Dias, Antonio Fernando Doria Porto, Marcelo Ferraz Goggi, Cintia Dias e Breno Arêas. Jornalista responsável – Breno Arêas (MTB 2933/ES)
GESTÃO 48 Ao utilizar as ferramentas certas de gestão, o líder pode melhorar a performance da sua empresa. Conheça algumas dessas ferramentas e como elas auxiliam o gestor a entender melhor os processos do seu negócio, o mercado em que atua e os resultados sonhados.
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Apoio técnico – Assessoria de Comunicação da Findes Jornalistas: Evelyn Trindade, Fábio Martins, Fernanda Neves, Natália Magalhães, Rafael Porto e Diego Pinto Gerente de Marketing: Cintia Dias Coordenação: Breno Arêas Depto. Comercial – Direm/Findes Tel: (27) 3334-5791– revistaindustria@findes.org.br
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Produção Editorial
Coordenação Editorial: Mário Fernando Souza Gerente de Produção: Cláudia Luzes Editoração e apoio: Genison Kobe, Michel Sabarense e Jéssica Nonato Copidesque: Marcia Rodrigues Textos: Ana Lúcia Ayub, Fernanda Zandonadi, Gustavo Costa, Ivi Rafaela, Ivy Coutinho e Luciene Araújo Fotografia: Jackson Gonçalves, Renato Cabrini, fotos cedidas, arquivos do Sistema Findes e Next Editorial
CASO DE SUCESSO
Impressão
A empreendedora Cristina Pascoli Tongo conta como em poucos anos alcançou o sucesso com o Café Caramello, startup que já possui 23 franquias e deve ganhar fábricas pelo mundo nos próximos 10 anos Set/Out 2015 • 320
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Editorial
Tempo de inovar e planejar
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segundo semestre de 2015 alerta para a necessidade de ajustes nos rumos do Brasil. Uma lâmpada vermelha se acendeu para a indústria nacional, totalmente desamparada pelas ações do Governo Federal – que tem cometido sucessivos erros, provocando instabilidade na economia, perda de competitividade e de confiança. Como resultado imediato, vimos o rebaixamento da nota de crédito do Brasil, o aumento dos juros e a desvalorização do real. Estamos passando por um cenário desafiador, uma grande crise política, que nos remete à insegurança jurídica e eleva o custo para quem planeja contratos de médio e longo prazos. Nossa produção apresenta sucessivas quedas, forçando a indústria a rever conceitos de gestão e colocar as demissões em pauta. Trouxemos como matéria de capa um tema que atinge diretamente o Espírito Santo: a valorização do dólar em quase 50% neste ano. Mais da metade da economia capixaba está relacionada à economia internacional e uma variação de câmbio tão expressiva cria oportunidades e ameaças para nossa indústrias. Para entendê-las, foi preciso conversar com especialistas e ouvir a opinião de quem produz, compra ou vende para o mercado externo. Um consenso: a necessidade de planejamento para enfrentar as incertezas que batem à nossa porta. A entrevista com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, presente nesta edição, reforça a necessidade de preparar a indústria brasileira para o ambiente global de competição. É preciso desenvolver produtos de maior valor agregado e ampliar o leque de exportações. Para transformar o perfil industrial do Espírito Santo, percebemos a urgência de investirmos em ações que priorizem a criatividade. Assim, jogamos luz sobre a Indústria Criativa. Esse segmento tem recebido atenção especial em nossa gestão à frente do Sistema Findes, principalmente após a criação do Conselho Temático de Economia Criativa (Conect). Unindo setores em que a criatividade e a tecnologia da informação exercem influência sobre a atividade econômica, encontramos uma indústria que movimenta cerca de R$ 2 bilhões por ano no Estado e que poderá crescer muito
Marcos Guerra Presidente do Sistema Findes/Cindes
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Indústria Capixaba – Findes
nos próximos anos. Além de setores tradicionais, como vestuário, móveis e rochas, apoiamos as indústrias de joias e de produção audiovisual, revelando novos potenciais no Estado. A vocação para crescer também está presente no interior do Espírito Santo. Depois de analisarmos a força da indústria localizada no sul capixaba, detalhamos nesta edição o bom momento e a pujança das regiões norte e noroeste. Com a expectativa de receber R$ 20 bilhões em recursos privados nos próximos anos, as duas juntas concentram 26% dos investimentos previstos para o Estado até 2019. A chegada de indústrias com a relevância de Volare/Marcopolo, Jurong, Manabi, Itatiaia, Bago e Bertolini, entre outras, desperta novas vocações na economia do Espírito Santo. Buscamos enfatizar, ao longo da presente edição, artigos e matérias que destacassem a importância do planejamento e da inovação para o futuro da nossa indústria. O Sistema Findes segue trabalhando para encontrar caminhos e orientar as lideranças industriais capixabas, buscando rumos que garantam novos negócios, soluções para os desafios que virão e mais oportunidades para os trabalhadores.
Nesta Edição Cenário por Ana Lúcia Ayub
Como a alta do dólar afeta a economia do ES Real mais fraco é aliado das exportações de alguns setores, mas as indústrias que importam matérias-primas podem ter dificuldades
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em as projeções mais ousadas deram conta de que o dólar subiria tanto em 2015. Em julho e agosto, a moeda acumulou elevação de 10,16% e 5,91%, respectivamente, frente ao Real, e avança quase 46% no ano – o maior patamar desde fevereiro de 2003 –, pressionada pelo cenário interno conturbado e por incertezas externas, fatores que devem manter a divisa norte-americana em alta.
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A apreensão quanto ao cenário econômico ganhou força com o Orçamento para 2016 enviado pelo Governo ao Congresso e que projeta déficit primário de R$ 30,5 bilhões para o ano que vem. Como consequência, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s rebaixou a nota de crédito do Brasil, que assim perdeu o selo de bom pagador. A decisão sobre o rebaixamento, que classifica a dívida
“Quem possui um fluxo de caixa sob controle tem maior possibilidade de enfrentar e vencer os desafios da crise” Tales Machado, presidente do Sindirochas competitividade dos exportadores e reduz as importações, respondendo pelo saldo comercial positivo do Brasil neste ano, que deve chegar a US$ 10 bilhões até dezembro, segundo analistas especializados. Mas, enquanto uns comemoram, outros lamentam. O real mais fraco beneficia a indústria que exporta, mas também pressiona a inflação, com o encarecimento dos produtos importados, a redução do poder de compra do brasileiro e uma série de custos para as próprias empresas. A dívida de muitas delas, principalmente das grandes, é cotada no dinheiro americano. Muitos insumos também são comprados no exterior – caso do gás, da gasolina, do diesel, do querosene de avião e vários outros. A queda nos preços desses itens tem compensado, em parte, o efeito cambial. Porém, novos riscos surgem, como o de outro aumento na conta da luz, uma vez que a energia de Itaipu é corrigida pelo dólar.
Indústria Um dos setores mais afetados pela variação do câmbio é a indústria. Se o dólar sobe, os preços dos produtos
Picos do dólar R$ 3,95
nacional como de grande risco de calote, só era esperada para o próximo ano. Com isso, o dólar vem oscilando entre expansões e retrações até o momento, porém, com forte viés de ascensão, como mostra o gráfico. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, em entrevista concedida em setembro à imprensa, lembrou que a valorização do dólar faz parte do ajuste, por reduzir o déficit externo: favorece a
R$ 4,05
R$ 2,25 R$ 1,56 11/04/02
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Fonte: Banco Central (dólar Ptax)
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Cenário
Quem ganha e quem perde Segundo o economista da CNI, Flávio Castelo Branco, todos os setores da economia são afetados pela alta do dólar, na medida em que exportam produtos ou importam matérias-primas. “O que não é bom é a volatilidade da moeda, que gera muita incerteza para quem faz planos. Quem comercializa seu produto para outros países adia o fechamento do câmbio, com a expectativa de aumento do dólar, e não sabe quanto receberá. Da mesma maneira, os importadores não sabem o que vai acontecer amanhã, se será um dia melhor para compra ou não. A incerteza é danosa para o comércio internacional e para a economia. O empresário deve ter bom senso e buscar operar da melhor forma nesse ambiente”, salienta o economista.
“Para atingir um ponto de equilíbrio, precisamos aumentar o comércio com o resto do mundo, vendendo e comprando produtos ao mesmo tempo”- Marcílio Machado, presidente do Concex
nacionais ficam mais baratos e os dos importados, mais caros, favorecendo a indústria brasileira. O contrário também é verdadeiro. “Muita importação não é positivo, pois estamos colocando produtos de outras economias dentro do nosso país, mas é uma falácia pensarmos também que somente a exportação é positiva para o país. O importante no comércio exterior é a soma das exportações e importações, aquilo que chamamos de corrente de comércio. A China, por exemplo, se tornou líder do comércio mundial, apesar de hoje não ter o mesmo crescimento acelerado de anos anteriores. No ano passado, a soma de importação e exportação do país asiático chegou a US$ 4 trilhões, superando os Estados Unidos como principal comerciante de mercadorias do mundo. Para se ter uma ideia, a corrente de comércio exterior do Brasil foi de US$ 482 bilhões. Para atingir um ponto de equilíbrio, precisamos aumentar o comércio com o resto do mundo, vendendo e comprando produtos ao mesmo tempo”, explica o presidente do Conselho Temático de Comércio Exterior (Concex) da Findes, Marcílio Rodrigues Machado. Para alguns setores da indústria nacional, o dólar alto pode significar um aumento das exportações. Entretanto, muitas outras indústrias devem ter dificuldades para importar insumos e, se tiverem dívidas em dólar, vão pagar mais caro para saldá-las. “Existe esse impacto, na medida em que diversos insumos são importados pelas empresas capixabas para que elas fabriquem seus produtos. Mas qualquer bom administrador antecipa os problemas fazendo um hedge para evitar que a empresa se exponha a grandes riscos devido à volatilidade do câmbio”, observa Machado. O hedge é uma proteção cambial que visa a garantir uma operação contra prejuízos na oscilação de preços. Em geral, as transações são realizadas na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). Funciona assim: se uma empresa tiver dívidas em dólar e quiser se prevenir de eventual alta da moeda norte-americana,ela vai à BM&F (ou operadores do mercado) e compra um contrato de dólar futuro, garantindo que, em em certa data, poderá adquirir uma quantia de dólares a determinada cotação (pré-fixada). Se o dólar ultrapassar
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QUEM GANHA Empresas exportadoras A princípio, a indústria que gasta em reais para produzir e vende em dólares é a que mais se beneficia com o avanço da moeda, explica Castelo Branco. A lógica é simples: os preços dos produtos ficam mais competitivos lá fora, e a margem de lucro sobe. “Mas tudo depende do seu mercado, pois outras moedas também estão se desvalorizando, como as da Ásia, e nossos competidores também estão tendo ganho de competitividade em relação ao dólar. Um dos exportadores mais favorecidos no momento é o setor de papel e celulose”, comenta o analista. As vendas das commodities brasileiras também melhoraram, mesmo com a recente queda no preço de matérias-primas como o petróleo e o minério de ferro, que atingiu o menor valor em uma década. “Mas é preciso considerar a evolução da demanda mundial, muito dependente do ritmo da economia da China, que vem sofrendo uma desaceleração”, explica. Empresas que produzem e vendem no Brasil A indústria nacional – especialmente a que não precisa importar matérias-primas –, se fortalece, porque os preços de seus produtos se tornam mais competitivos frente aos estrangeiros, que se tornam mais caros. Com a queda nas vendas dos importados, ela pode praticar preços mais altos no mercado interno. A varejista de moda Lojas Renner teve um lucro 30% maior no segundo trimestre, atribuído em parte ao câmbio. Turismo nacional Com os preços de passagens e a fatura do cartão de crédito em dólar, ficou mais caro viajar para o exterior. O salário do brasileiro, que continua o mesmo em reais, cabe melhor agora nos destinos nacionais. O turista tem trocado a viagem que faria ao exterior por uma praia no Nordeste. Assim, o dinheiro circula mais em hotéis, restaurantes, agências de turismo e empresas aéreas que operam voos domésticos. A vinda de estrangeiros, atraídos pelo real mais baixo, também ajuda o turismo interno.
QUEM PERDE Indústria que importa peças, insumos e matéria-prima Mesmo que a indústria produza para vender no mercado interno, muitas vezes depende de itens que são comprados na moeda norte-americana, o que encarece o custo de produção. Como efeito, isso obriga o fabricante a elevar os preços para não ter perdas, o que também pressiona a inflação. Empresas com dívidas em dólar Com a valorização da moeda norte-americana, quanto maior for o endividamento de uma empresa em moeda estrangeira, mais difícil será pagar essa obrigação. “As variações do dólar têm impacto na situação financeira das empresas endividadas em dólar. E sem margem de manobra para ajustes”, diz Castelo Branco, da CNI. Turistas com viagem ao exterior Os preços das passagens aéreas, dos hotéis e das compras do brasileiro lá fora ficam mais caros com a alta do dólar. A fatura do cartão de crédito também aumenta, além da cobrança do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de 6,38% e da incerteza quanto à cotação no dia do pagamento. Em consequência, os gastos do brasileiro no exterior caíram 20,1% no primeiro semestre, frente ao mesmo período de 2014. Produtos chineses Para Flávio Castelo Branco, mesmo que a alta do dólar impacte os preços dos produtos chineses, a relação custo/benefício ainda é boa frente aos itens nacionais tributados. “A valorização da moeda melhora o poder de competição dos produtos brasileiros em relação aos produtos chineses, mas o câmbio não é tudo na determinação da competitividade. Nossos custos salariais, a alta carga tributária, os custos da burocracia e a logística ineficiente e dispendiosa encarecem os produtos brasileiros. O câmbio compensa, no curto prazo, algumas dessas distorções e ineficiências, mas no longo prazo a competitividade depende muito mais dos fatores estruturais do que da taxa de câmbio”, diz o economista. Outra questão é que a recente desvalorização do yuan pode reduzir ainda mais os preços dos produtos made in China, dando ao país asiático maior competitividade na disputa por mercados internacionais. Ao mesmo tempo em que representa maior concorrência para o exportador brasileiro, a desvalorização do yuan possibilita uma redução mais forte do preço dos produtos chineses desembarcados no Brasil, o que tira parte da vantagem da indústria doméstica.
aquela cotação, a empresa estará protegida, pois terá direito a comprar a moeda a um preço mais baixo. Entretanto, o economista da Confederação Nacional da Indústria (CNI) Flávio Castelo Branco alerta que o mecanismo é oneroso, principalmente em um ambiente de juros elevados. “Deve ser utilizado só para grandes contratos. Nesse caso, é essencial algum grau de proteção a oscilações fortes da moeda”. Outra consequência pouco positiva da alta do dólar é que o aumento dos preços dos produtos importados acaba impactando a inflação e reduzindo o efetivo poder de compra dos salários, o que leva, a longo prazo, a uma pior distribuição de renda. O Brasil é importador de trigo, por exemplo, e isso significa alta de preços em tudo o que é produzido a partir dele – especialmente, “o pão nosso de cada dia”. “Não há fórmula exata na economia, uma medida sempre tem um impacto positivo e outro negativo. A recessão também contribui para resultados desfavoráveis. Muitos empresários estão tentando não repassar aumentos de preços nos produtos importados, pois estamos vivendo um período de recessão e a inflação corrói o poder de compra dos salários do consumidor. Mas não se sabe até quando essa retenção será possível”, explica Machado.
Setor de rochas capixaba As exportações de manufaturados podem trazer algum alívio para o setor de rochas num primeiro
Importadores As empresas que importam produtos vão pagar mais por eles e, por consequência, esse custo precisa ser repassado para o consumidor. No entanto, com o real fraco, os importados se tornam menos competitivos frente aos produtos nacionais. Assim, a margem de lucro dos importadores tende a cair quanto maior for a cotação da moeda norte-americana. Poder de compra do brasileiro O avanço da moeda norte-americana é mais um ingrediente que eleva a inflação, que está bem acima do teto da meta (que seria de 6,5%) em 12 meses. “Esse é mais um elemento, pois a forte desvalorização do real irá se refletir em alta de preços, o que impactará a inflação”, diz o economista Flávio Castelo Branco. “Mas o ambiente de forte recessão atual vai conter muito esse repasse, pois se essa desvalorização for transferida para o preço final dos produtos, a dinâmica inflacionária vai gerar maior instabilidade. Os fundamentos fiscais da economia brasileira é que irão determinar o retorno a um ambiente de estabilidade, crucial para a retomada da atividade e das exportações”, conclui.
“No longo prazo, a competitividade das empresas depende muito mais dos fatores estruturais que da taxa de câmbio” - Flávio Castelo Branco, economista da CNI
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Cenário
momento, mas o segmento depende de insumos importados, que terão seus preços elevados, o que interfere no valor final a ser exportado, segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Rochas Ornamentais, Cal e Calcários do Espírito Santo (Sindirochas), Tales Machado. “O setor importa várias ferramentas de corte, em particular as lâminas e fios diamantados, teares multifios e abrasivos para polimento. Mas como eles estão com os preços elevados pela valorização do dólar, isso interfere nos preços finais dos produtos. Outro fato é que os clientes do exterior pressionam pela redução nos preços imediatamente quando o real se desvaloriza, alegando que as empresas estão obtendo ganho adicional em função da elevação do dólar. Em alguns casos, isso compromete os ganhos com a exportação. As empresas bem estruturadas obtêm melhores resultados, decorrentes de um melhor planejamento ao longo do tempo”, avalia Tales. Até julho/2015, o setor de rochas capixabas exportou US$ 599 milhões, uma pequena queda de -0,67% em relação ao mesmo período do ano passado. Para o presidente do Sindirochas, a variação negativa, apesar de pequena, pode ser creditada à baixa das vendas para os maiores compradores dos produtos manufaturados capixabas, principalmente os Estados Unidos, que, segundo ele, registraram uma lenta recuperação na economia nos primeiros meses do ano. “Os gastos com construção naquele país registraram uma retração inesperada no início do ano. As empresas devem ficar atentas a essas oscilações, pois a recuperação da economia americana ainda não está devidamente consolidada”.
“Nós importamos muita matéria-prima da Itália, da China e da Alemanha, o que encarece o produto final do setor” Ortêmio Locatelli Filho, presidente do Sindmoveis
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Indústria Capixaba – Findes
Moeda americana
46,8% É o quanto a moeda americana se valorizou frente ao real em 2015
A postura para o segundo semestre de 2015 é de cautela. “Quem tem um fluxo de caixa sob controle tem maior possibilidade de enfrentar e vencer os desafios da crise. Os empresários devem ter cautela com decisões que possam comprometer a saúde financeira de seu negócio, devendo estabelecer um controle rigoroso do caixa e dos custos, bem como redobrar a atenção para a obtenção de crédito junto ao sistema bancário, pois as taxas de juros estão muito altas. O momento é de trabalhar com planejamento”, ressalta Tales Machado.
Setor de móveis: 10% de queda nas vendas Para o presidente do Sindicato da Indústria Moveleira de Colatina (Sindmoveis), Ortêmio Locatelli Filho, a alta do dólar tem reflexos negativos sobre o segmento de móveis capixaba, pois grande parte da matéria-prima é importada, o que encarece o produto final. “Nós importamos corrediças, dobradiças, pistões (sistemas de abertura de porta) e vernizes da Itália, da China e da Alemanha”, disse ele. Com aproximadamente 800 indústrias e cerca de 11 mil empregados, os fabricantes de móveis do Estado já contabilizam queda de 10% nas vendas em 2015. Em alguns subsetores dessa indústria, a baixa pode chegar aos 15%, reflexo da redução da massa de rendimento, taxa de juros mais elevadas e menor ritmo de crescimento do crédito. A recessão econômica, a falta de dinheiro no mercado e o medo gerado pelo desemprego influenciam fortemente a decisão de compra do consumidor. “As famílias estão se reorganizando financeiramente, com receio de piora na economia. Com isso, adiam as compras”, analisou Ortêmio. Além da receita menor, empresários ainda pagam a conta do aumento dos custos de produção, em especial da energia, que subiu quase 100%, e dos combustíveis, insumos estratégicos da indústria. “Energia, frete e encargos sobre a folha de pagamento são custos que pesam demasiadamente na composição do preço final do produto. Com as altas recentes, as empresas tiveram a situação agravada, pois ainda não conseguem repassar os custos para os clientes”, conclui o dirigente. NOTA DO EDITOR: cotação do dólar no fechamento desta edição (30/09/2015): R$ 4,05.
Artigo
Escola Senai do Plástico: mais competitividade para a indústria do setor
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qualificação profissional é um dos fatores primordiais para a competitividade. Por muitos anos, essa foi uma grande preocupação do empresariado do setor de transformados plásticos do Espírito Santo, uma vez que impactava diretamente a produtividade, a eficiência e a lucratividade das indústrias. Tal inquietação também foi vivida pelo Sindiplast-ES, que, como representante da classe patronal, buscou no decorrer dos anos alternativas para superar esse grande desafio. Junto à Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo (Findes), iniciamos uma articulação para colocar em prática um antigo sonho: a implantação de uma Escola Senai do Plástico que pudesse oferecer diferentes qualificações e preparar a mão de obra para atender às nossas empresas. Foram anos de conversas, estudos de viabilidade e análises, para o nosso sonho aos poucos ser alcançado. Hoje, a Escola Senai do Plástico já é uma realidade. Funciona em um espaço de 600 m², no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-ES), unidade do Civit, no município da Serra, região que abriga um grande número de indústrias de transformados plásticos. A instituição já oferece cursos de formação e aperfeiçoamento, dentre eles o de Técnico em Plásticos. Enquanto o projeto de instalação das máquinas é finalizado, as atividades práticas são realizadas em parceria com as indústrias do setor, por meio de visitas técnicas e atividades in company. Aos poucos, contudo, a Escola Senai do Plástico ganha corpo, recebendo e instalando equipamentos que irão compor
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Indústria Capixaba – Findes
os ambientes de laboratório e área fabril. Quando totalmente implantada, oferecerá mais de 50 cursos e terá potencial para formar, capacitar e atualizar cerca de 800 profissionais por ano. No total, os investimentos do Senai chegam a R$ 4 milhões. Somente em equipamentos, já são R$ 1,2 milhão investidos, o que coloca a escola capixaba entre as mais modernas e bem equipadas para as atividades práticas e teóricas voltadas para o segmento de transformados plásticos no Brasil. Nessa nossa busca por um setor mais qualificado e competitivo, o Senai-ES é o responsável pela aquisição de equipamentos fabris e laboratoriais, na contratação de recursos humanos e na administração pedagógica e metodológica dos cursos da Escola Senai do Plástico. Sabemos que a instituição é apenas um passo para que tenhamos indústrias mais fortalecidas, competitivas e que contribuam ainda mais para o desenvolvimento econômico do Espírito Santo. Entretanto, foi um passo importantíssimo e que respondeu a uma angústia e a uma preocupação histórica do empresariado do setor. Temos a confiança de que, a partir da Escola Senai do Plástico, novos avanços virão, pois sabemos da nossa força como setor e do nosso potencial de crescimento. E para superar cada um dos nossos desafios, teremos como ingredientes a mesma união, empenho e participação que fizeram a Escola Senai do Plástico deixar de ser apenas um sonho para se tornar uma realidade.
NEVITON HELMER GASPARINI é presidente do Sindicato da Indústria de Material Plástico do Estado do Espírito Santo (Sindiplast-ES)
QUALIHABIT DISCUTE A QUALIDADE DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO O auditório do Edifício Findes, em Vitória, recebeu no dia 15 de setembro o 1º Encontro Setorial da Qualidade na Habitação (Qualihabit), que reuniu as experiências de sucesso da cadeia produtiva da indústria da construção no Espírito Santo. Foram debatidos assuntos como implantação de sistemas de gestão da qualidade, normatização e desempenho de produtos, bem como as oportunidades de negócios nos programas habitacionais. A programação contou com apresentações técnicas variadas. Estiveram presentes o vice-presidente da Câmara das Indústrias de Materiais da Construção, José Carlos Zanotelli, que palestrou sobre “A indústria está pronta!”; e o coordenador do PDF-ES – Programa de Desenvolvimento de Fornecedores, Rusdelon de Paula, que falou sobre “Metodologia e oportunidades de negócios”. O evento foi uma realização do Sistema Findes, por meio de sua Câmara Setorial das Indústrias de Materiais da Construção, e do Sebrae-ES.
GOVERNADOR VISITA SENAI CENTROMODA DE COLATINA O Senai Centromoda Colatina recebeu a visita, no dia 27 de agosto, do governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, que foi recepcionado pelo vice-presidente da Findes em Colatina e Região, Manoel Giacomin. Investimento de R$ 4 milhões do Sistema Findes, o espaço foi idealizado para suprir a demanda de trabalhadores qualificados na indústria têxtil e do vestuário. Inaugurado em fevereiro do passado, o complexo é um moderno centro de inovação, design e formação profissional que oferece diversos cursos para o setor. Nesse período, mais de 1.800 alunos foram matriculados. Hartung aprovou a estrutura e os cursos ofertados e divulgou em uma rede social: “Fiquei impressionado com a modernidade do Centromoda, em Colatina. Muito legal! É a réplica de uma indústria. Um ambiente de formação profissional com muita tecnologia e conectado com a vocação do município como polo de moda”.
ATLETAS DE PROGRAMA DO SESI SÃO CAMPEÕES MUNDIAIS DE JIU JITSU Uma iniciativa realizada pelo Sesi em todo o Brasil, o Programa Atleta do Futuro (PAF) utiliza o esporte para promover a educação e a inclusão social de crianças e adolescentes de áreas carentes. Em terras capixabas, o projeto acontece desde 2008, beneficiando 3.856 jovens de 6 a 17 anos em modalidades como futebol, futsal, voleibol, vôlei de praia, natação, xadrez, karatê, judô e jiu jtsu. E foi nesta última, cujo nome significa “arte suave”, que o PAF da Serra teve destaque internacional. Durante o Campeonato Mundial de Jiu Jitsu Profissional, nos 14 e 15 de agosto no Tancredão, em Vitória, três medalhas de ouro foram conquistadas por atletas do programa: Hiasmim da Silva do Espírito Santo, 14 anos, foi campeã na categoria “Pesadíssima – faixa amarela”; Tiago Cardoso Shwanz, 16 anos, ganhou a medalha de ouro na “Meio Pesado – faixa branca”; e Wagner Ghil Guimarães, 17 anos, venceu na “Meio Pesado – faixa azul”. Além disso, o professor deles, Marcelo Barcelos de Souza, ficou em 3º lugar na categoria “Leve – faixa preta” profissional.
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Entrevista Artigo por Gustavo Costa
Ministro Armando Monteiro “A indústria brasileira precisará se adaptar à nova realidade de competição global, investindo em processos e projetos inovadores”
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dministrador de empresas e advogado por formação, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, apresenta uma carreira ligada ao setor produtivo. Já tendo presidido a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), além de passar por Sesi, Senai e Sebrae, Monteiro conhece como poucos as vitórias já conquistadas e os gargalos que o segmento ainda tem pela frente. Confira o que esse pernambucano pensa do atual cenário do mercado em um momento de grandes desafios. Como percebe a indústria nacional neste momento de economia estagnada?
Temos desafios conjunturais a enfrentar. É um momento de ajustes, mas o Governo Federal também está incentivando a ampliação dos investimentos em infraestrutura e realizando ações para melhorar os ambientes tributário e regulatório. São medidas que visam à desburocratização e à simplificação dos processos ligados ao comércio exterior. Por outro lado, a indústria brasileira precisará se adaptar à nova realidade de competição global, investindo em processos e projetos inovadores, buscando elevar a qualidade técnica dos recursos humanos e da gestão de negócios, tendo em vista ganhos de produtividade, redução de custos e desperdícios, adotando práticas sustentáveis de produção. O Plano Nacional de Exportações, lançado em junho deste ano e construído em estreita cooperação com o setor privado, apresenta um conjunto de medidas para fortalecer o comércio exterior, elemento estratégico e permanente da agenda de competitividade e de crescimento econômico do Brasil. O momento atual nos indica a necessidade de buscar ampliação de mercados, assim como a remoção de barreiras não tarifárias e uma maior integração à rede de acordos comerciais. Todos os países desenvolvidos, assim como os emergentes de maior dinamismo, atribuem prioridade absoluta ao comércio exterior. Ele deve ser uma estratégia permanente para a promoção da competividade e do desenvolvimento do país.
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Com o melhor saldo desde 2012, agosto fechou com superávit na balança comercial de US$ 2,689 bilhões. O senhor acredita que o resultado diante do momento de desaquecimento econômico é um sinal de que está havendo recuperação?
Estamos monitorando com bastante atenção os resultados da balança comercial, e o que podemos dizer é que existe uma tendência positiva para as exportações brasileiras neste segundo semestre. Mantido o atual cenário, esperamos que em 2015 o Brasil registre um superávit comercial entre US$ 10 bilhões e 12 bilhões. É importante destacar que o desempenho dos seis primeiros meses, em que houve queda de 14,5% em valor, foi influenciado pela redução nos preços dos principais produtos de exportação brasileiros, como minério de ferro (-49% em valor), soja (-23%) e petróleo em bruto (-50%). A baixa de preços impactou mais a balança do que o aumento em 8% da quantidade de produtos exportados. Esperamos que os preços das commodities agrícolas e minerais se estabilizem até o final do ano, e por isso, acreditamos em um melhor resultado neste segundo semestre. Pelo lado das importações, a valorização do dólar e o desaquecimento da atividade econômica são os principais responsáveis pela redução na quantidade importada. Além disso, a queda dos preços dos combustíveis e lubrificantes, das matérias-primas e dos bens intermediários contribuiu para a redução no valor das importações, que no primeiro semestre foi de 18,5%. Uma das maiores queixas dos industriais, de diversos setores, são os tributos, considerados abusivos e sem efeitos visíveis. Como parte desse peso pode ser retirado dos ombros de quem gera emprego e renda para o país?
O Plano Nacional de Exportações tem várias medidas para simplificar o sistema tributário relacionado ao comércio exterior. Uma delas é a redução da acumulação de créditos tributários por meio da reforma do PIS e do Cofins, que beneficiará as empresas exportadoras ao retirar a
Fotos: Divulgação
“As federações de indústrias têm um papel fundamental a desempenhar no processo de retomada do crescimento econômico”
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Entrevista Artigo cumulatividade das operações comerciais no mercado interno. Outro ponto estabelecido pelo Plano é dar mais celeridade e previsibilidade à compensação e ao ressarcimento dos créditos do Reintegra, além da recomposição gradual dos percentuais a serem apurados pelo regime, chegando a 3% em 2018. Eu considero que, em meio a um ajuste fiscal severo como o que nós estamos enfrentando, preservar esse mecanismo e já definir claramente um horizonte de recomposição gradual é um sinal muito positivo que está sendo dado de que o Governo reconhece esse instrumento como importante.
se tornando um player global de inovação. As políticas para aumentar os investimentos em P&D nos últimos anos levaram o país a avanços significativos na área da inovação. Os recursos financeiros destinados a ciência, tecnologia e inovação vêm aumentando desde meados da década de 2000, e já podemos ver resultados positivos em relação à qualificação dos recursos humanos e à consolidação de diversas áreas do conhecimento extremamente relevantes para o desenvolvimento nacional.
Como o Ministério de Desenvolvimento percebe o conceito de inovação? Isso é incentivado, de alguma forma, por alguma ação?
O Brasil é um dos principais destinos de investimento estrangeiro direto no mundo. Ganhamos, inclusive, uma posição no ranking. De acordo com a pesquisa anual realizada pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), passamos do sétimo para o sexto lugar em 2014, quando recebemos US$ 62,495 bilhões. Os setores que mais receberam investimentos foram comércio (US$ 6,8 bilhões), telecomunicações (US$ 4,2 bilhões), petróleo e gás (US$ 4,1 bilhões) e automotivo (US$ 4 bilhões). Estamos trabalhando para que esses valores sejam ainda maiores este ano. Recentemente, por exemplo, nos reunimos com altos representantes das principais empresas britânicas que possuem investimentos no Brasil. As conversas foram sobre o Plano Nacional de Exportação, meios para aprofundar a inserção do Brasil nas cadeias globais de valor, atração de investimentos, além de projetos de cooperação em inovação e propriedade intelectual. O Reino Unido é um dos seis países europeus apontados como prioritários no Plano Nacional de Exportações do MDIC.
Entendemos que a inovação é um fator determinante para o desenvolvimento do parque industrial brasileiro. Um estudo da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) aponta que, desde o fim da década de 1990, mais de metade da riqueza mundial é gerada pelo conhecimento, o que colocou a inovação no centro da agenda da política industrial dos países mais desenvolvidos. Desde que assumimos o ministério, a Secretaria de Inovação tem reforçado iniciativas nesse sentido. Entre as mais importantes, podemos destacar o Programa InovAtiva Brasil, que oferece apoio a empresas inovadoras, e o Innovate in Brasil, que busca atrair para o país centros avançados de pesquisa & desenvolvimento (P&D). O Brasil tem ganhado importância no cenário mundial e vem
O Brasil ainda é um bom lugar para se investir? Quais os atrativos para investidores estrangeiros hoje?
Por conta de sua experiência na CNI e no contato com as federações dos estados, como enxerga o trabalho do Sistema Findes?
O Sistema Findes desempenha um papel importantíssimo na economia capixaba. Composta por 34 sindicatos, a Findes representa um setor cuja participação no valor adicionado do Espírito Santo alcançou mais de 39% em 2012. Trata-se de um percentual muito superior à média nacional, que naquele ano era da ordem de 26%. O Sistema Findes colabora com a formulação da política industrial do Espírito Santo e a articulação dos sindicatos filiados com o Governo e com a sociedade. Além disso, as ações de suporte prestadas pelo
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Indústria Capixaba – Findes
“A inovação é um fator determinante para o desenvolvimento do parque industrial brasileiro” Sistema contribuem, por exemplo, para a qualificação de mão de obra e para o desenvolvimento tecnológico da indústria do Estado. Como as federações das indústrias podem ajudar o Brasil a continuar crescendo no complicado cenário econômico atual?
As federações de indústrias têm um papel fundamental a desempenhar no processo de retomada do crescimento econômico. As entidades de representação empresarial consolidam a posição do setor e fornecem elementos para a formulação de políticas de desenvolvimento produtivo. A elaboração dessas políticas não pode prescindir de uma interlocução permanente com o setor industrial, e as federações de indústrias são parceiras naturais nesse processo. Além disso, as ações das entidades que compõem o Sistema S, ao contribuírem, por exemplo, para a qualificação da mão de obra e a melhoria da produtividade das empresas no nível microeconômico, por meio de ações de extensionismo industrial, concorrem para que nós possamos superar mais rapidamente as dificuldades do momento econômico atual.
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Indústria em ação
SESI E SENAI FIRMAM PARCERIA COM CORPO DE BOMBEIROS Com a premissa de reconhecer o trabalho e capacitar o bombeiro militar, foi firmada no dia 4 de agosto uma parceria entre o Serviço Social da Indústria (SesiES), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-ES) e o Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo. O diretor regional do Senai-ES e superintendente do Sesi- ES, Luis Carlos Vieira, fez uma apresentação institucional ao comandante-geral da corporação, o coronel Carlos Marcelo D’Isep Costa. Com a parceria, haverá oferta aos bombeiros e seus dependentes dos benefícios do Sesi na área de educação básica, infantil, fundamental, média e continuada, além de cursos focados na educação para trabalho e de serviços nos campos de esporte, lazer e cultura. Enquanto isso, o Senai irá dispor de atividades de formação profissional, como programa de aprendizagem industrial, iniciação, qualificação e aperfeiçoamento profissional. Os bombeiros poderão usufruir dos serviços por meio das diretorias e núcleos regionais da Findes, nas macrorregiões do Espírito Santo, e nos 11 municípios estratégicos.
Representantes das entidades no encontro: benefícios para bombeiros e seus dependentes
CAPACITAÇÃO EM COMÉRCIO INTERNACIONAL ACONTECE NO ED. FINDES O Sistema Findes, por meio de seu Centro Internacional de Negócios (CIN-ES) e da parceria com o Sebrae-ES, promoveu em agosto a capacitação “Exportação passo a passo”. O curso foi realizado no dia 10, no Plenário do Ed. Findes, em Vitória, e fez parte da segunda etapa do Plano de Ação Setorial 2015 do Projeto Inseri, que por sua vez, trata-se de um conjunto de atividades encadeadas que visam à internacionalização de empresas para setores específicos da economia capixaba. A especialista em Comércio Exterior Vânia Strepeckes foi a instrutora e abordou temas como estrutura do comércio exterior brasileiro, órgãos anuentes, diferenças entre os mercados interno e externo, vantagens da exportação e modalidades de exportação. Com o objetivo de trabalhar a estratégia das empresas capixabas para que se preparem para a internacionalização em médio prazo, o Plano de Ação realizará novas capacitações até o final do ano.
SEMESTRE DA INDÚSTRIA CAPIXABA FOI O MELHOR DO PAÍS A indústria do Espírito Santo foi destaque nacional no primeiro semestre, quando fechou a produção física com o melhor resultado do país, em comparação direta com o mesmo período de 2014. Dados divulgados pelo IBGE mostraram que o setor local obteve crescimento acumulado de 17,2% de janeiro a junho, contra recuo de 6,3% no mesmo intervalo da média nacional. O bom desempenho capixaba pode ser explicado pelo segmento extrativo, em alta de 25,4%. A média de avanço da indústria de transformação atingiu 6,7% no semestre, em razão dos recuos nos setores de alimentos e bebidas (9,5%) e de minerais não metálicos (4%). Mesmo com os números positivos, o cenário econômico preocupa, segundo o primeiro vice-presidente da Findes Gibson Reggiani. “Tivemos um primeiro semestre de queda no ano passado, mas a inauguração de novas plantas e a expansão de investimentos das indústrias tradicionais ajudaram a reverter temporariamente esse panorama. Neste ano, a instabilidade econômica provocou aumento das taxas de juros, afetou a confiança dos empresários e prejudicou diretamente o setor produtivo”, disse.
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Indústria Capixaba – Findes
NOVA VERSÃO DA ISO 9001 É APRESENTADA NA FINDES O Salão da Indústria do Sistema Findes ficou movimentado entre 25 e 27 de agosto, durante a atualização da ISO 9001. Com os requisitos para a certificação de sistemas de gestão da qualidade, a Norma foi criada em 1987 e passa agora pela sua quarta revisão. As anteriores aconteceram nos anos de 1994, 2000 e 2008. “A nova versão foi desenvolvida com base em uma pesquisa mundial realizada em 2010. O resultado revelou que os usuários atuais e potenciais consideram a Norma adequada, entretanto, atribuem os maiores problemas à sua forma de implementação. E foi isso que atacamos nesse novo ajuste”, explicou o palestrante da noite, Luiz Carlos do Nascimento (foto), coordenador técnico da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT/ CB-25). O evento teve a palestra “Enfoque na Atualização da ISO 9001” e foi resultado de uma parceria entre o IEL-ES e a ABNT/CB-25, com o apoio do Prodfor. Já no dia seguinte, foram realizados um seminário e um workshop.
DIA NACIONAL DA CONSTRUÇÃO SOCIAL TEM MUTIRÃO SOLIDÁRIO
CACHOEIRO STONE FAIR É MARCADA POR OTIMISMO A crise econômica que assola o país não conseguiu tirar o otimismo dos representantes do segmento de rochas ornamentais,que movimentaram a 40ª Feira Internacional de Mármore e Granito - Cachoeiro Stone Fair 2015, realizada entre 25 e 28 de agosto. O evento contou com as presenças do presidente do Sistema Findes, Marcos Guerra; do governador do Estado,Paulo Hartung; do presidente do Sindirochas, Tales Machado; e do secretário de Estado de Desenvolvimento, José Eduardo de Azevedo; entre outras autoridades. Machado afirmou que o encontro superou as expectativas. “O setor mostrou que continua forte, independentemente da crise. Depois da feira, muitos empresários estão, com certeza, mais otimistas”, avalia o presidente do sindicato. O Parque de Exposições de Cachoeiro de Itapemirim reuniu as diversas categorias da cadeia produtiva, como os setores de pedras, beneficiamento, extração e insumos, além de entidades, instituições financeiras e companhias ligadas a maquinários e equipamentos.
O dia 22 de agosto foi marcado por um mutirão solidário no Sesi Araçás, em Vila Velha. Voluntários, professores, estudantes e empregados das entidades Sesi e Senai participaram da 9ª edição do Dia Nacional da Construção Social, promovido pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-ES). Durante o evento, o Sesi-ES disponibilizou a oficina de pintura em toalhas, que fez grande sucesso entre as crianças, enquanto a Divisão de Vida Saudável ofereceu serviços de massoterapia e orientações sobre uma alimentação balanceada. Já os alunos e os professores do Senai-ES levaram minilaboratórios para a quadra poliesportiva. Os interessados receberam informações sobre cursos técnicos como os de Edificações, Desenho da Construção Civil, Logística, Eletrotécnica, Informática e Mecânica.
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Nesta Edição Especial por Fernanda Zandonadi
Norte e noroeste capixabas receberão R$ 20 bi em investimentos Cidades crescem acima da média e região alcança 30% do PIB capixaba
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mapa industrial do Espírito Santo mudou. Se há pouco mais de uma década a Grande Vitória era a “menina dos olhos” das indústrias, hoje os municípios do interior mostram sua força de atração. Com pessoal qualificado, estudos minuciosos de área, infraestrutura propícia, incentivos fiscais, localização privilegiada e bons acessos, norte e noroeste do Estado ganham novas plantas industriais, e as suas cidades, que antes eram vistas como
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sem vocação para o crescimento produtivo, hoje são procuradas por empresas de grande porte e renome internacional. Para dar uma ideia da alavancagem de investimentos, na última década, nas microrregiões Rio Doce e nordeste, encabeçadas por Aracruz, Linhares e São Mateus, a alta do Produto Interno Bruto (PIB) ficou 30% acima do restante do Estado. “Se observarmos os últimos 10 anos, as regiões norte e noroeste têm sido muito atrativas, tanto para as empresas
“Um conjunto de fatores criou uma condição favorável para o desenvolvimento e uma densidade empresarial de boa qualidade. Empresas médias e pequenas, ancoradas por projetos grandes e alicerçados, criaram um cenário de desenvolvimento acima da média do Estado” José Eduardo Azevedo, secretário de Desenvolvimento do Espírito Santo (Sedes)
quanto para as indústrias, sejam elas capixabas ou sejam aquelas que se movimentam pelo país”, explica o presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo, Marcos Guerra. E os próximos anos também serão de mais crescimento e dinamismo. A projeção do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) é de que aproximadamente 25% dos investimentos no Espírito Santo até 2019 tenham como destino as regiões norte e noroeste do Estado, que abarcam as microrregiões
Rio Doce e nordeste. Em cifras, pelo menos R$ 20 bilhões, de um total de R$ 80 bilhões que aportarão no Espírito Santo, estão previstos para a implantação, nessa área, de 140 empreendimentos. Só em infraestrutura, com projetos de construção portuária, rodovias, aeroportos e energia, serão desembolsados R$ 15 bilhões. O levantamento mostrou ainda que dos R$ 14,914 bilhões destinados só à região do Rio Doce, R$ 3 bilhões são para o setor industrial. Já no nordeste do Estado, as indústrias representam R$ 808 milhões dos R$ 5,66 bilhões em investimentos previstos. Na infraestrutura, que é fator determinante para a implantação de uma indústria, serão aplicados nos próximos anos R$ 11,3 bilhões na microrregião Rio Doce e outros R$ 4,4 bilhões na microrregião nordeste. Esses investimentos se traduzem em mais dinheiro para comércio, serviços e lazer, que terão aporte de R$ 323 milhões no Rio Doce e R$ 187 milhões no nordeste. Nomes de peso já se instalaram ou pretendem se instalar na região. Para citar alguns, Placas do Brasil, em Pinheiros; Tecnovidro, Marcopolo, Vipetro, Oxford, Petrocity e Agrale em São Mateus; W2W Spoon em Jaguaré; Delpi em Rio Bananal; Lasa, Manabi, Weg, Librelato e Petrobras em Linhares; Imetame, Carta Fabril, Fibria, Portocel, Petrobras e Jurong em Aracruz. Essa tendência de busca por áreas próximas ao mar atraem cada vez mais. “Há um grande volume de empreendimentos vindos do Sul do país e do interior de São Paulo. As cidades do norte do Espírito Santo também fazem parte da área da Sudene o que representa um grande atrativo”, explica Guerra, referindo-se às vantagens e aos incentivos fiscais dados às empresas que se instalam em área da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Mas os bônus não param por aí, afirma Guerra. Em terras capixabas, o índice de produtividade é maior do que nos estados do Norte e no Nordeste. Além disso, os municípios são pequenos, o que propicia um trabalho em rede nessas cidades. Quer dizer, uma indústria instalada em Colatina terá em seu entorno pelo menos meia dúzia de cidades geradoras de mão de obra. Set/Out 2015 • 320
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Especial “E o Senai vem fazendo um trabalho interessantíssimo em todas elas, formando pessoas com vocação para as indústrias regionais. A mobilidade do Senai é alta e o processo, rápido. Se uma indústria demanda à Findes um determinado tipo de qualificação, em pouquíssimo tempo preparamos essas pessoas. Basicamente, a empresa terá seus profissionais quando começar a operar, já que conseguimos formar essa mão de obra no período de instalação das fábricas. Um exemplo é o Estaleiro Jurong. Desde que começou a instalação da planta industrial, o Senai já começou os trabalhos para a formação de mão de obra qualificada. Com a Marcopolo Volare foi o mesmo processo”, ressalta. O secretário de Estado de Desenvolvimento, José Eduardo Faria de Azevedo, aponta um conjunto de fatores que elevaram o norte e o noroeste à categoria de regiões altamente propícias aos investimentos. “A Sudene é um ponto importante. Nesse contexto, é um diferencial decisivo para as empresas. Além disso, na região temos um grupo de projetos ligados à área de petróleo e gás que puxam a cadeia produtiva, e projetos-âncora que fortalecem o arranjo produtivo das cidades, fazendo com que a região tenha um forte crescimento nos setores metalmecânico, moveleiro, de confecções, de rochas ornamentais, além do agronegócio. A topografia das cidades naquela área é muito adequada, são regiões planas, cidades com porte médio. Quer dizer, todo esse conjunto de fatores criou uma condição favorável para o desenvolvimento e uma densidade empresarial de boa qualidade. Empresas médias e pequenas, ancoradas por projetos grandes e alicerçados, criaram um cenário de desenvolvimento acima da média do Estado”, explica.
O poder do interior A interiorização do desenvolvimento no Espírito Santo é um processo que gera muitos resultados positivos. Com cidades muito próximas e com boa pavimentação e acesso, segundo Guerra, não há motivos para manter a industrialização apenas nas cidades da Grande Vitória. Segundo ele, hoje 39,2% do PIB capixaba vêm da indústria, com forte concentração na Grande Vitória e nas commodities. Já na construção do PIB do norte e noroeste do Estado, 28,7% vêm da indústria e esse percentual vai crescer muito. Tudo indica, segundo Guerra, influenciado na indústria da transformação, que agrega valor, inovação tecnológica e empregos de alta qualificação, com bons salários. “Quando cheguei, havia o conceito de que apenas 29 cidades do Estado estavam preparadas para receber indústrias. Eu trabalho com o conceito de que as 78 cidades do Espírito Santo têm vocação industrial. Uma grande indústria pode ir para qualquer local, desde que exista um período de preparação das cidades”, enfatiza Guerra, lembrando ainda que a interiorização da indústria garante que os trabalhadores permaneçam em suas cidades, onde encontram emprego e renda. 26
Indústria Capixaba – Findes
Investimentos anunciados (2014-2019)
Microrregião Rio Doce Comércio/ serviços/lazer 323,1 milhões
Outros serviços 158,2 milhões
Indústria 3,07 bilhões
Infraestrutura 11,3 bilhões
Total 14,9 bilhões Microrregião Nordeste Comércio/ serviços/lazer 187,4 milhões
Outros serviços 223,1 milhões Infraestrutura 4,4 bilhões
Indústria 808,2 milhões
Total 5,6 bilhões
Alguns empreendimentos
Pinheiros
Tecnovidro Marcopolo Vipetro Oxford Petrocity Agrale Imetame Carta Fabril Fibria Portocel Petrobras Jurong
Placas do Brasil
São Mateus Jaguaré Delpi
Rio Bananal Linhares Aracruz
Investimento total – R$ 20,58 bilhões Fonte: Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN)
W2W Spoon Lasa Manabi WEG Librelato Petrobras
“A função da Federação das Indústrias é mesmo discutir as questões do desenvolvimento local e fortalecer as regionais. Temos que ter em mente que o Estado precisa se desenvolver de maneira igual e em todas as direções, por isso esse debate é tão interessante. Trabalhamos o Avança Sul e agora surgiu o Encontro de Lideranças Norte/Noroeste, que é justamente o debate sobre o crescimento sustentável daquela região. E isso vai ao encontro do interesse das indústrias. Só vai gerar benefícios para uma região que já tem características de relevo adequadas para receber novos empreendimentos, além do incentivo fiscal”, avaliou Áureo Vianna Mameri, presidente do Conselho Temático de Desenvolvimento Regional (Conder). A interiorização se traduz em novos arranjos, novos negócios e desenvolvimento. E as cidades têm dado a resposta a esse empenho com avanço acima da média, como ocorre no norte e o noroeste do Estado, onde o crescimento é até 30% maior do que o dos municípios das demais regiões do Espírito Santo. A alta populacional também está acima da média do restante do território capixaba: 2,3% de aumento nessas regiões, contra 1,2% no resto do Espírito Santo, prova de que o dinamismo econômico atrai cada vez mais pessoas. Para dar uma ideia, Linhares tinha 110 mil habitantes no ano 2000 e, este ano, já contabiliza 160 mil moradores. E isso é altamente positivo quando se trata de uma área que consegue absorver essa mão de obra e os novos moradores. “É bom porque cria demanda por comércio e serviços. No entanto, se as cidades não se prepararem para o acolhimento a essa população, há risco de que se formem bolsões de pobreza e falte infraestrutura. O desafio do norte não é o dinamismo econômico, que já está ocorrendo, mas um crescimento organizado das cidades. E isso tem muito a ver com a capacidade de os municípios se organizarem e estruturarem para essa expansão populacional”, explica José Eduardo Azevedo. Além da preparação das cidades, há o direcionamento ao empreendedor. Ao aventar a possibilidade de se instalar em solo capixaba, o empresário já conta com uma rede de informação e direcionamento. “Não há a sede de achar que somente uma cidade pode receber uma indústria. Para dar um exemplo, a maior fabricante de cozinhas do país e uma das maiores indústrias de móveis do Brasil, a Itatiaia, instalou-se em Sooretama. No conceito passado, a cidade seria descartada
“A função da Federação das Indústrias é mesmo discutir as questões do desenvolvimento local e fortalecer as regionais.” Áureo Vianna Mameri, presidente do Conder
“Quando cheguei, havia o conceito de que apenas 29 cidades do Estado estavam preparadas para receber indústrias. Eu trabalho com o conceito de que as 78 cidades do Espírito Santo têm vocação industrial. Uma grande indústria pode ir para qualquer local, desde que exista um período de preparação das cidades” Marcos Guerra, presidente da Findes
por não ter vocação para atrair um grande empreendimento. Hoje não”, relata. O desenvolvimento do norte e do noroeste está sendo conduzido com base em muito estudo e trabalho, principalmente no sentido de qualificação de mão de obra e de mostrar às empresas que iriam se instalar nas regiões que a implantação de uma planta industrial seria feita em bases consolidadas. Um dos focos foi levar a qualificação profissional para o interior. Dezenas de cursos técnicos e de ensino superior surgiram na última década. Apenas o Sistema Findes ofereceu, nos últimos anos, núcleos de ensino em Nova Venécia, São Mateus, Linhares e Colatina. “Estamos marcando presença nessas cidades”, afirma Guerra, defendendo a interiorização do desenvolvimento como a melhor forma de alavancar a indústria em todo o Espírito Santo e de promover o crescimento igualitário do Estado. O Sistema Findes também instala unidades móveis de ensino, que levam a educação profissional para localidades que não possuem escolas fixas do Senai-ES. Ao todo, são 15 unidades móveis distribuídas pelo Estado: três de Construção Civil, três de Informática, duas de Soldagem, duas de Panificação, uma de Colheita Florestal, uma unidade de Alimentação Saudável, duas de Confecção e uma de Madeira e Mobiliário. E todas com o mesmo objetivo: capacitar profissionais para o mercado de trabalho. Em paralelo, o Estado vem discutindo com as prefeituras como manter sustentável o desenvolvimento. “Integra a nossa agenda de debate com prefeituras do norte a organização dos municípios para fazer frente a esses projetos, ter áreas estruturadas para receber empreendimentos, qualificação profissional dos jovens das cidades, áreas adequadas para a expansão de habitações. Quer dizer, estamos trabalhando junto às cidades um conjunto de fatores que vai garantir o crescimento sustentável social e ambientalmente”, enfatiza José Eduardo Azevedo. Set/Out 2015 • 320
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Especial
União de esforços. Terra de oportunidades “A interiorização que o Sistema Findes tem trabalhado gerou muitos efeitos positivos para as cidades, nos ajudou bastante. E nossa região cresceu muito, mas mesmo assim ainda enfrentamos dificuldades, por conta da crise. Com dólar e euro elevados, quem investiu com base nessas moedas enfrenta dificuldades” João Baptista Depizzol Neto, vice-presidente da diretoria da Findes em Aracruz e região “Há muitos projetos surgindo na região, o que traz um alento, uma nova perspectiva. Hoje, avaliamos nossos processos internos de produção, os custeios operacionais, e estamos discutindo a crise hídrica e energética, para buscar alternativas de crescimento” - José Carnielli, vice-presidente do núcleo da Findes em Nova Venécia e região “As oportunidades são grandes na nossa região, em especial por estarmos na área da Sudene. Estamos muito próximos da BR-101, o que facilita muito o acesso e o escoamento da produção. E, claro, temos também um povo trabalhador e, pelas pesquisas das indústrias, há bastante mão de obra qualificada por aqui. Vale também ressaltar o trabalho da Findes, que com o processo de interiorização do desenvolvimento tem apoiado fortemente as cidades dessa área” - Manoel Antonio Giacomin, vice-presidente da diretoria da Findes em Colatina e região
O secretário de Desenvolvimento do Estado lembra que, nesse contexto, a gestão da água é um desafio para o norte e noroeste, assim como para todo o Espírito Santo. É um momento de mudanças climáticas, aliado a um processo de desmatamento que ocasionou, como consequência, distorções nos regimes hídricos. “O Espírito Santo tem projetos para enfrentamento junto aos municípios e proprietários de terras, principalmente de empreendimentos do agronegócio. São projetos de reflorestamento, recuperação de nascentes, construção de reservatórios e um conjunto de ações de conscientização ambiental. Temos um programa de ações
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Indústria Capixaba – Findes
“Há muitas perspectivas para o norte do Estado. Claro, também estamos sofrendo por causa da crise, mas acreditamos que quando essa turbulência passar, o desenvolvimento virá com força. Nossa região tem muitas possibilidades, muitas empresas estão vindo para cá e há trabalho também no setor logístico, com portos e linha férrea. Agora nós estamos passando por um momento de transição, sofrimento, mas sem dúvida o desenvolvimento e o crescimento são certos por aqui” - Paulo Joaquim do Nascimento, vice-presidente da diretoria da Findes em Linhares e região “Estamos implantando a Diretoria Regional, que com certeza vai ajudar os setores a passarem por este momento turbulento. Agora, estamos buscando cortar despesas e melhorar processos e esperamos que no segundo semestre de 2016 o pior já tenha passado” Denilson Potratz, vice-presidente do núcleo da Findes em Santa Maria de Jetibá e região “Não podemos parar. Enquanto há uma tempestade, temos que avançar. É o que estamos fazendo aqui no norte do Estado. Temos novos investimentos e estamos encarando a realidade. Se cruzarmos os braços, não vamos a lugar algum. Aqui temos parcerias, principalmente com empresas que chegaram antes da crise, o que está nos ajudando a superar as turbulências” Nerzy Dalla Bernardina, vice-presidente do núcleo da Findes em São Mateus e região
desenvolvido pelo Estado em parceria com a Agência Nacional de Águas sobre a gestão sustentável desse recurso. Há um conjunto de ações nessas frentes”, conclui Azevedo. O crescimento traz desafios, mas o trabalho e a vontade de superar os problemas são muito maiores. Quem olha para o norte do Estado vê isso com muita clareza.As cidades cresceram em população, mas também em riquezas. Os investimentos estão a caminho, os dirigentes empresariais, preparando terreno para recebê-los e a população, qualificando-se para ocupar bons postos de trabalho e tornar a área um excelente lugar para se viver.
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Nesta Edição Parceria por Ivy Coutinho
Marcos Guerra, presidente da Findes e Denio Rebello Arantes, reitor do Ifes
Senai-ES firma acordo com Ifes e Sindicer para construção de laboratório Parceria permitirá o desenvolvimento da produção capixaba de cerâmicas e até de produtos inovadores
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Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-ES) investirá R$ 1,2 milhão para equipar o primeiro Laboratório de Tecnologia Cerâmica (Teccer) do Estado, que realizará análises e prestará outros serviços tecnológicos para o ramo ceramista no Espírito Santo. O Acordo de Cooperação entre o Senai-ES, o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) e o Sindicato das Indústrias de Olaria da Região Centro-Norte do Espírito Santo (Sindicer-ES) para a construção de estrutura foi assinado no dia 27 de agosto, durante a Reunião do Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes). A parceria prevê a obra das instalações físicas e a doação de máquinas e móveis. O espaço servirá para o desenvolvimento de estudos físicos e químicos de cerâmicas.
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Indústria Capixaba – Findes
Pelo convênio, o Campus Santa Teresa do Ifes cederá o terreno e cuidará da manutenção do Teccer, garantindo o custeio administrativo e a gestão técnica. Para isso, disponibilizará seu corpo de mestres e doutores, além de organizar a participação dos alunos nas pesquisas e nas análises.
“Esse trabalho aproxima a indústria da área acadêmica. A indústria entra com os equipamentos e a estrutura física, enquanto a escola contribui com os mestres na área de cerâmica e a estrutura do campus.” Ednilson Caniçali, presidente do Sindicer-ES
Já o Senai-ES investirá na compra de equipamentos e instrumentos mecânicos, eletroanalíticos e metrológicos. Também dotará a unidade de mobiliário, softwares, EPIs (equipamentos de proteção individual), normas e insumos iniciais. O Sindicer-ES construirá o laboratório e garantirá pessoal e insumos, além de cuidar da gestão administrativa. A previsão é que a obra seja entregue em março de 2016. Segundo o diretor regional do Senai-ES, Luis Carlos Vieira, a iniciativa é uma nova forma de aproximação do setor produtivo industrial com a área acadêmica. “O Senai tem a responsabilidade de trabalhar para toda a indústria no segmento de educação e também nessa unidade de análises e ensaios de materiais cerâmicos. É evidente que não temos condições de construir laboratórios para todas as áreas produtivas e sempre teremos parceiros nos grandes ramos de nossa economia. Há um competitivo mercado cerâmico que merece atenção. Então, o melhor caminho é que cada um trabalhe na sua especialidade, com custos reduzidos. Essa parceria estabelece uma forma de aproximação do setor produtivo industrial com o acadêmico e com o Senai, que vai cumprir a sua missão, não apenas de informar, mas também de formar e fazer análises e ensaios”, explicou Luis. Para o reitor do Ifes, Denio Rebello Arantes, o acordo é importante para a instituição, especialmente para a realização de pesquisas que tragam desenvolvimento ao Estado. “O Ifes tem como um de seus principais objetivos a parceria com o setor produtivo, especialmente na realização de pesquisas que possam gerar crescimento para as comunidades das regiões de cada um de nossos 21 campi em todo o Estado. A cooperação com o Sindicato das Indústrias de Olaria e o Senai-ES tem o objetivo de tornar o segmento mais competitivo e, com isso, ampliar o desenvolvimento econômico e social da região centro-norte do Espírito Santo. Também vai ser importante para que nossos alunos possam acompanhar de perto os processos da indústria ceramista, melhorando ainda mais a formação de profissionais que poderão atuar em diversos postos dessa cadeia produtiva no futuro. Quando representantes de determinado segmento produtivo fazem uma parceria
Como será a parceria Ifes - cederá o terreno no Campus Santa Teresa e cuidará da manutenção e gestão técnica do Teccer. Senai-ES - investirá na compra de equipamentos e instrumentos mecânicos, eletroanalíticos e metrológicos. Adotará a unidade de mobiliário, software, EPIs, normas e insumos. Sindicer-ES - construirá o laboratório e cuidará da gestão administrativa.
“Vai ser importante para que nossos alunos possam acompanhar de perto os processos da indústria ceramista, melhorando ainda mais a formação de profissionais” Denio Rebello Arantes, reitor do Ifes com o Ifes, têm acesso não só ao conhecimento que produzimos naquela região, mas também em toda uma rede de 21 campi no Estado e nos 562 campi espalhados em todo o Brasil. Assim, pode-se buscar em qualquer lugar soluções que já deram certo para segmentos similares ou até diferentes, mas que se depararam com o mesmo problema. Também temos uma expertise já constituída de gestão da inovação, com geração de patentes, tanto nos processos como nos produtos nascidos das parcerias. Queremos ter cada vez mais ramos e setores da indústria desenvolvendo esse trabalho conosco e estamos à disposição sempre”, disse. Denio lembrou que os benefícios práticos também virão com a novidade. “A oferta de análises físicas e químicas da cerâmica na própria região das olarias, diminuindo o tempo e os custos da produção, é um deles. Nossos professores poderão utilizar o laboratório para o desenvolvimento de pesquisas aplicadas que, com o tempo, irão se traduzir em inovações e novas tecnologias capazes de contribuir com o aumento da competitividade das indústrias, beneficiando a região”. De acordo com o presidente do Sindicer-ES, Ednilson Caniçali, a parceria trará inúmeras vantagens. “Esse trabalho aproxima a indústria da área acadêmica. A indústria entra com os equipamentos e a estrutura física, enquanto a escola contribui com os mestres em Química e Física na área de cerâmica e a estrutura do campus. Dessa forma, o custo é menor para ambas as partes, além de proporcionar ganhos que dificilmente seriam alcançados se não fosse de forma compartilhada. Especificamente para o setor de cerâmica, os benefícios serão a possibilidade de testar matéria-prima no próprio Estado, sendo que hoje precisamos mandar para São Paulo e Santa Catarina. Além de ser caro, é demorado. Com a instalação do laboratório, será mais fácil a descoberta de novas fontes de argilas, melhorando, assim, a qualidade dos materiais cerâmicos e aumentando o estoque de matérias-primas. Outro benefício é a possibilidade de testarmos outros materiais, como lama de granito, mármore e outros resíduos que são um problema ambiental, misturando esses produtos à nossa matéria-prima, que é a argila. Dessa forma, podemos proporcionar ganho para o meio ambiente, que terá menos resíduos nos aterros e diminuição da extração de argila. O funcionamento do Teccer também trará a possibilidade de desenvolvermos novos produtos com mais tecnologia e qualidade”, contou. Set/Out 2015 • 320
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Indústria Artigo em ação
CINDES JOVEM PROMOVE FEIRÃO DO IMPOSTO O dia 12 de setembro foi de conscientização a respeito do impacto dos impostos sobre o bolso da sociedade brasileira, graças ao Feirão do Imposto, evento organizado pelo Cindes Jovem. A ação aconteceu no final de semana, quando o Impostômetro, que em Vitória está localizado na frente do Edifício Findes, estava próximo de R$ 1,4 trilhão. O evento ocorreu simultaneamente em mais de 100 cidades brasileiras. Em Vila Velha, um posto de combustível ofereceu gasolina sem impostos, e uma loja modelo expôs os preços de vários produtos com e sem encargo. O presidente do Cindes Jovem-ES, Vitor Lomba, disse que o objetivo era impactar as pessoas. “Queremos mostrar como funciona o sistema tributário e o quanto cada um paga de impostos neste país”.
SESI-ES PARTICIPA DO PROGRAMA “BEM ESTAR” A temática “vida saudável” pautou o programa “Bem Estar”, da TV Globo, que foi apresentado no dia 11 de setembro diretamente da Praça do Papa, em Vitória.Além da apresentação ao vivo,o evento, comandado pelo jornalista Fernando Rocha, movimentou o público com muitas atividades. Houve muito espaço para a saúde, em uma programação que surgiu da parceria entre a Rede Globo, o Serviço Social da Indústria (Sesi) e a TV Gazeta. Uma equipe de voluntários do Sesi-ES avaliou o Índice de Bem-Estar (IBE), que considera flexibilidade, composição corporal, equilíbrio e coordenação motora, ajudando os participantes na busca por uma vida mais ativa e saudável. A iniciativa, que marcou os 87 anos da Rede Gazeta e os 39 anos da TV Gazeta, disponibilizou tendas com orientações e informações sobre cardiologia, prevenção de câncer, odontologia e oftalmologia.
AGOSTO TEVE MAIS DE 2 MIL VAGAS DE CAPACITAÇÃO EMPRESARIAL Os sindicatos da indústria de 22 Estados disponibilizaram 2,2 mil vagas em iniciativas de capacitação para empresários em agosto. Os cursos abordaram temas como normas regulamentadoras de saúde e segurança no trabalho; adequação à legislação trabalhista, ambiental e tributária; redução de custos com energia elétrica e caminhos para promover a internacionalização das indústrias brasileiras. Em terras capixabas, a iniciativa foi do Centro de Apoio aos Sindicatos (CAS), que ofereceu inscrições para o curso “Como reduzir o custo da energia elétrica?”, em Aracruz. As ações fazem parte do Associa Indústria, eixo do Programa de Desenvolvimento Associativo (PDA) criado pela parceria entre a CNI e o Sebrae, voltado à oferta de serviços gratuitos para empreendedores.
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Indústria Capixaba – Findes
MARCOS GUERRA SE DESTACA NO PRÊMIO LÍDER EMPRESARIAL Pela 15ª vez, aconteceu no Estado a entrega do Prêmio Líder Empresarial da Rede Vitória. Entre os homenageados da noite de 19 de agosto, esteve o presidente do Sistema Findes, Marcos Guerra, que recebeu o troféu “Líder de Entidade Empresarial”. Na ocasião, o presidente foi representado pelo primeiro vice-presidente da Findes Gibson Barcelos Reggiani (foto). Além de Guerra, o vice-presidente, Aristoteles Passos Costa Neto, foi eleito “Líder em Sindicatos Patronais”; o vice-presidente institucional em Nova Venécia e região, José Carnieli, foi o vencedor na categoria “Líder em Indústria de Laticínios”; e o diretor administrativo, Elcio Alves, foi destaque como “Líder em Café Torrado e Moído”. Já o troféu de “Líder do Ano”, dado em 2014 a Marcos Guerra, foi entregue este ano ao presidente da ArcelorMittal Brasil,Benjamim Baptista Filho. O governador Paulo Hartung e o prefeito de Vitória, Luciano Rezende, foram os convidados especiais do evento, e o homenageado especial foi o diretor da Fibria, Marcelo Castelli Filho.
SEMINÁRIO TIRA DÚVIDAS SOBRE LEI DO AUDIOVISUAL Aconteceu no dia 12 de agosto, no Plenário do Edifício Findes, em Vitória, o 1º Seminário de Investimento em Certificados Audiovisuais do Espírito Santo. O evento serviu para tirar as dúvidas a respeito da Lei do Audiovisual, que prevê um abate do imposto de renda das empresas que investirem em Certificados Audiovisuais, medida que desenvolve a economia criativa, resulta em obras cinematográficas de grande valor agregado e gera emprego e renda. Estiveram presentes o presidente do Conselho de Economia Criativa da Findes (Conect), José Carlos Bergamin; o subsecretário de Gestão Administrativa da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), Ricardo Pandolfi; e o presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-ES), Eduardo Reis de Araújo, entre outros.
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Nesta Edição Indústria por Lui Lima
Economia criativa transforma o setor produtivo No Espírito Santo, o setor movimenta R$ 2,1 bilhões na economia, o que corresponde a 1,9% do PIB capixaba
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m grupo de moradores da cidade capixaba de Piúma usa conchas para confeccionar acessórios que serão, depois, vendidos aos turistas. Uma empresa de tecnologia elabora um produto que, além de revolucionário, é simples e funcional. Apesar de aparentemente serem bem distintos, ambos necessitam da criatividade e do talento em sua operação e fazem parte de um segmento que gera R$ 126 bilhões por ano em riquezas e emprega quase 900 mil pessoas no país: a economia criativa. É um mercado que cresce acima da média nacional e abrange várias atividades, embora seja frequente a associação da indústria criativa apenas à sua vertente cultural – exatamente a que menos gera vagas formais, segundo estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), que mapeou a influência do setor no país e seu crescimento entre 2004 e 2013. Nesse período, o
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Indústria Capixaba – Findes
mercado de trabalho das indústrias criativas expandiu-se 90%, bem acima do avanço de 56% do mercado de trabalho brasileiro tradicional na década. Conforme a Firjan, a indústria criativa vai muito além da área cultural, que responde por apenas 7% das contratações desse segmento. Dos 892,5 mil profissionais criativos mapeados no Brasil, 221 mil atuam na indústria de transformação, em que representam 2,8% dos trabalhadores, percentual superior ao observado no mercado de trabalho nacional (1,8%). Na pesquisa da Firjan, os segmentos criativos foram divididos em quatro grandes áreas: consumo (arquitetura, publicidade, design, moda); cultura (patrimônio e artes, artes cênicas, música, expressões culturais); mídias (editorial, audiovisual); e tecnologia (biotecnologia, pesquisa e desenvolvimento, tecnologia da informação e comunicação - TIC).
“Apesar do resultado positivo, o setor ainda carece de novas ações para aumentar a competitividade das indústrias e sua participação na economia estadual” Doria Porto, diretorexecutivo do Ideies
Segmento no Espírito Santo No Espírito Santo, dados do Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo (Ideies), entidade do Sistema Federação das Indústrias (Findes), mostram que os campos criativos movimentaram, em 2013, R$ 2,1 bilhões, o que corresponde a 1,9% do PIB capixaba – um acréscimo de 31% em relação a 2012, quando o resultado foi de R$ 1,6 bilhão. O cenário capixaba é formado por 7.112 empresas e 90,9 mil profissionais formais, segundo o Ideies. Os números diferem da Firjan, pois o Ideies compila os dados da Rais/Ministério do Trabalho e Emprego e considera toda a cadeia produtiva da indústria criativa capixaba e não apenas o núcleo que representa o segmento. “É preciso investir em inovação na produção capixaba, dando maior espaço para a indústria criativa, que já movimenta um valor significativo para qualquer economia.
Acredito que o futuro do crescimento capixaba passa também pela transformação do nosso perfil industrial, criando produtos de maior valor agregado e nos tornando menos dependentes das variações do câmbio e da economia internacional”, diz o presidente da Findes, Marcos Guerra. Dentre os 13 segmentos criativos, quatro se destacam pela maior concentração dos profissionais criativos no Brasil: pesquisa & desenvolvimento (P&D), moda, design e publicidade. A área de P&D é a mais representativa no Espírito Santo, com 3,2 mil trabalhadores, segundo os números do estudo da Firjan, que considera um total de 13,4 mil empregados apenas do núcleo da área criativa do ES. No país, majoritariamente eles são engenheiros e desenvolvem e projetam materiais, produtos, processos e métodos relacionados a engenharia e tecnologia para as empresas. Em segundo lugar no Estado vêm os profissionais da área de arquitetura (2.013), na qual os arquitetos urbanistas e de interiores experimentaram o maior crescimento em 10 anos. A terceira concentração vem do setor de Publicidade (2.008). Segundo a Firjan, a publicidade tem um papel tão importante que a indústria deixou de tê-la apenas terceirizada e passou a contar com mais especialistas desse segmento dentro de seus quadros funcionais. Os maiores avanços ocorreram nas carreiras de analista de negócios e publicitário. Os profissionais de design, responsáveis por desenvolver os modelos e projetos de diversos produtos, ocupam a quinta posição no Espírito Santo, com 1.124 trabalhadores formais.
Profissionais ganham três vezes mais que a média nacional Enquanto o rendimento médio do trabalhador brasileiro é de pouco mais de R$ 2 mil, o salário médio dos profissionais da indústria criativa chega a R$ 5,4 mil – quase três vezes superior ao patamar nacional. O Espírito Santo ocupa o 7º lugar no ranking da remuneração média mensal do colaborador, com um salário de R$ 4,8 mil. Set/Out 2015 • 320
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Nesta Edição Indústria
Salários médios das profissões – (Em 2013) Segmento
Brasil
Espírito Santo
Pesquisa e Desenvolvimento
R$ 9.990
R$ 9.727
Arquitetura
R$ 6.927
R$ 5.793
Tecnologia de Informação e Comunicação
R$ 5.393
R$ 3.581
Publicidade
R$ 5.075
R$ 3.755
Biotecnologia
R$ 4.911
R$ 2.986
Editorial
R$ 3.794
R$ 3.039
Fonte: Firjan
“O que diferencia esses profissionais são suas habilidades criativas e transformadoras. Os salários são mais altos porque os profissionais estão na base do processo inovador tecnológico das empresas, o que exige uma qualificação elevada e uma maior especialização, caso dos profissionais de pesquisa e desenvolvimento, biotecnologia e tecnologia de informação e comunicação, por exemplo”, explica o diretor-executivo do Ideies, gerente executivo de Economia Criativa Sesi/Senai/ ES e representante do Conselho de Economia Criativa (Conect) do Sistema Findes, Antonio Dória Porto.
Estratégias para crescimento Atento a esse movimento, o Sistema Findes vem articulando várias ações para incentivar as atividades voltadas à economia criativa e estabelecer novas estratégias junto às empresas para torná-las mais competitivas. Os primeiros passos foram dados com a criação do Comitê para o Desenvolvimento da Indústria Criativa, em 2012, e a assinatura de um convênio com o Sebrae para desenvolver uma metodologia que promovesse a articulação entre a indústria criativa e a tradicional junto aos micro e pequenos negócios. O programa-piloto está atuando junto a 10 negócios dos setores de confecções, moveleiro e de rochas
“Possuímos ricas fontes de matérias-primas – em especial, as pedras brasileiras – e o nosso design é reconhecido lá fora, mas antes temos que desenvolver o mercado interno” Oswaldo Moscon Junior, designer de joias 36
Indústria Capixaba – Findes
ornamentais. Inicialmente programado para durar dois anos, o projeto foi estendido por mais um ano e deve terminar em 2016. “Após a implantação de todo o processo, a etapa agora é passar da teoria à prática, e incluímos mais um módulo para fazer o acompanhamento e prestar consultorias para o projeto se consolidar”, disse Doria Porto. A metodologia será apresentada ao Sebrae Nacional, que poderá adotá-la em outros estados. Ao longo do trabalho, o comitê original passou a se alinhar com outros órgãos capixabas que desenvolvem projetos relacionados à economia criativa até que, em junho deste ano, foi substituído pelo Conect. “O setor ainda carece de novas ações para aumentar a competitividade das indústrias e sua participação na economia estadual. O Conselho vai permitir mapear a indústria criativa do Espírito Santo, propor cursos de qualificação profissional e se articular melhor com o setor público, buscando novas fontes de fomento e o apoio de políticas públicas específicas”, explica o dirigente. “Queremos que a criatividade seja a matéria-prima da indústria capixaba”, ressalta Marcos Guerra, presidente da Federação das Indústrias. Participam do Conselho representantes de IEL-ES, Ideies – ambas, entidades do Sistema Findes -, Sebrae-ES, Ufes e entidades/associações ligadas a cinema, à produção audiovisual, video games, artes, moda, cultura e entretenimento em geral. “A meta é fortalecer os setores da indústria que já utilizam a criatividade na sua produção e estimular a indústria tradicional a agregar maior valor aos produtos, desenvolvendo opções mais sofisticadas em ambientes sustentáveis, humanizados e seguros. Queremos ser o fórum apropriado e permanente do Espírito Santo para o encontro, promovendo debates e a convergência entre órgãos públicos, acadêmicos e privados na busca de identidades, vocações e características do nosso Estado”, complementou o representante do Conselho.
Vitória Moda Um dos setores que vêm tendo uma atenção especial do Sistema Findes é o de vestuário. Nesse segmento, vale destacar o Vitória Moda, que comemorou oito anos de história e teve na edição 2015 a participação de 120 empresas e 19 marcas nas passarelas, além de contar com um Salão da Economia Criativa e uma feira de negócios que movimentaram cerca de R$ 14 milhões. O evento é promovido em conjunto pela Findes através da Câmara Setorial da Indútria do Vestuário e Sebrae-ES. Outras iniciativas foram a implantação do Senai Centromoda em Colatina, em 2014, e a meta de inaugurar o Centromoda de Araçás, em Vila Velha, até 2016. “Temos muitos talentos atuando na economia criativa e enorme potencial para crescer. Muitos ainda não têm uma atuação formalizada e carecem de apoio para se capacitar e encontrar espaços no mercado. O Espírito Santo possui vocação para se desenvolver em moda, mas como o Estado é pequeno e faz divisa com os grandes produtores de moda, como São Paulo e Rio, ainda não somos tão percebidos e necessitamos de mais ações de divulgação. O Vitória Moda tem essa função, porém ainda há um longo caminho pela frente”, diz Bergamin, que também preside a Câmara Setorial da Indústria do Vestuário do Estado. Outros setores produtivos estão se organizando para um maior fortalecimento, como é o caso do Sindicato da Indústria Cinematográfica do Espírito Santo (Sinaes), criado em abril deste ano, e do ramo de joias, que está em fase de preparativos para a sua sindicalização. “Alguns setores precisam de uma representação especial para se desenvolver, como o de joias e o de produções audiovisuais, por exemplo, que apresentam alto poder de inovação e estão alinhados à nossa política de incentivo às indústrias criativas. Queremos organizá-los, articular parcerias importantes e gerar oportunidades de negócios para os empreendedores, além de novos postos de trabalho para os capixabas”, diz Marcos Guerra. Joias: mercado em expansão Transformar uma joia antiga em nova, desenhar uma peça exclusiva e apostar no efeito de pedras e de metais nobres
O que é economia criativa? É toda atividade que tem sua origem na criatividade e no talento individuais e que possui potencial para criação de riqueza e empregos para a economia. O conceito foi desenvolvido no fim dos anos 90 pelo Governo do Reino Unido, que buscava mapear essa indústria e estimar seu tamanho e sua importância para o país, e foi aprimorado pelo pesquisador John Howkins, que agregou uma visão de mercado à área, demonstrando como a geração e a exploração da propriedade intelectual (marcas, patentes e direitos autorais) transformam criatividade em produtos.
“Temos muitos talentos atuando na economia criativa e enorme potencial para crescer” José Carlos Bergamin, presidente do Conect
são algumas das marcas do trabalho de designers capixabas e dos que decidiram investir no mercado local. A Joalheria Oswaldo Moscon é um exemplo de sucesso que pode servir de inspiração aos futuros profissionais. Desde criança convivendo com esse universo, Oswaldo Moscon Júnior herdou do pai e do avô (que tinham uma pequena loja no Centro de Vitória, a Relojoaria Capixaba) a habilidade com as joias e os relógios. Em 1978, ele decidiu montar uma oficina de ourives, no Centro, que em 1982 transformou-se numa joalheria. Em 1996, pai e filho uniram-se, passando a se chamar Oswaldo Moscon Joalheiro. Hoje, são duas lojas: uma no Shopping Vitoria e outra no Shopping Vila Velha, além de um ateliê na Enseada do Suá, onde são fabricadas as peças. Autodidata, o designer trabalha com encomendas exclusivas e lança quatro coleções por ano. As peças são feitas em ouro, cravejadas de pedras preciosas, como diamantes, esmeraldas, safiras, e semipreciosas, como turquesa, quartzo rosa e lápis-lazúli. Com a beleza e a variedade de peças refinados em seu mix de produtos, a grife se fortaleceu e ganhou destaque no mercado nacional. Uma tiara de pérolas em estilo barroco com folhagens fez tanto sucesso entre as noivas que já foi editada cinco vezes e teve a foto publicada na capa da revista Vogue. Para Oswaldo Moscon, o setor está crescendo, mas precisa de um maior ordenamento no mercado. “Possuímos ricas fontes de matérias-primas – em especial, as pedras brasileiras – e o nosso design é reconhecido lá fora, mas antes temos que desenvolver o potencial do mercado nacional”, explica. “Com a organização do sindicato, pretendemos focar o crescimento do mercado interno. Só a partir daí é que será possível explorar o mercado internacional”, pondera. Set/Out 2015 • 320
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Indústria Artigo em ação
BRASIL BRILHA NA OLIMPÍADA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL Com um grande desempenho, a delegação brasileira bateu recordes na maior competição de ensino profissional do mundo, a 43ª edição da WorldSkills, realizada em São Paulo. Treinado pelo Senai e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o grupo conquistou 27 medalhas, sendo 11 de ouro, 10 de prata e 6 de bronze, além de 18 certificados de excelência. O time brasileiro ficou no lugar mais alto do pódio, seguido de Coreia do Sul, França, Japão e China Taipei. Esse ranking soma a pontuação que os componentes de cada delegação obtiveram nos desafios. Foi a melhor atração do Brasil desde que começou a participar da disputa, em 1983. Com 56 integrantes, a delegação nacional teve cerca de 311 mil horas de preparação. “A educação profissional é o começo de uma carreira bem-sucedida. Desperta o senso de responsabilidade e de comprometimento do jovem com o trabalho e transforma a realidade de um país”, celebrou o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
ESCOLA MÓVEL COMEMORA DOIS ANOS Levar educação profissional para localidades que não contam com espaços fixos do Sistema Findes para tal finalidade. Com esse objetivo, foi criado o projeto Escola Móvel, que em dois anos qualificou 3 mil alunos, em diversas áreas. Flexíveis para atender às demandas locais das indústrias, as escolas móveis possuem toda a infraestrutura necessária para fornecer atividades de qualidade, com salas de aulas e laboratórios. Os cursos duram em média um ano e são divididos entre iniciação,qualificação básica,aperfeiçoamento e especialização profissional, abrangendo áreas como mecânica, mecânica automotiva, alimentos, confecção, elétrica,informática,soldagem,construção civil e construção pesada, entre outras. Foram disponibilizadas unidades para Governador Lindenberg, Baixo Guandu e atualmente, Santa Maria de Jetibá. “Estamos trabalhando com foco na interiorização da indústria. Projetos como a Escola Móvel oferecem, com mais rapidez, qualificação profissional para atender às demandas dos diferentes setores da indústria, nas diversas regiões do Estado.Investir em qualificação é fortalecer o potencial industrial dos municípios,despertar novas vocações e viabilizar novos negócios para a economia capixaba”, disse o presidente do Sistema Findes, Marcos Guerra.
SETOR CALÇADISTA PAGARÁ APENAS 1,5% DE ALÍQUOTA O Senado aprovou o Projeto de Lei 57/2015, que aumenta a alíquota paga sobre o faturamento das empresas como forma de substituição da contribuição da pessoa jurídica sobre a folha salarial. Essa ação é considerada a última fase do ajuste fiscal proposto pelo Governo Federal, que eleva a contribuição patronal sobre o faturamento para os setores da economia, mas com alíquotas diferentes. Alguns setores ficaram isentos, enquanto outros passam a pagar 1,5%, 2,5% e 4,5% sobre o faturamento. Os representantes daqueles com menor reajuste comemoraram, como é o caso do segmento calçadista. Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Calçados do Espírito Santo (Sindicalçados), Altamir Alves Martins, esse é um triunfo da atividade nas articulações em Brasília. “Mesmo com a vitória, a desoneração não compensa a alta em outros tributos abusivos cobrados pelo Governo, como energia elétrica, gás e água. Sem contar a alta do dólar, que tanto nos prejudica, pois praticamente toda nossa matéria-prima sofre influência da moeda”.
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O crescimento do Espírito Santo e as grandes indústrias
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ORLANDO CALIMAN é vice presidente do ES Ação e diretor do Instituto Futura
bservando a evolução da história econômica da humanidade, vamos ver que a indústria aparece como a “máquina” motriz das transformações na era moderna. Avanços científicos e suas aplicações possibilitaram, sobretudo no século 19, descobertas e invenções que mudaram o mundo. A partir de então, as atividades industriais passaram a simbolizar o progresso, o desenvolvimento e também o poder econômico das nações. Assim, por mais de séculos, e até hoje, o grau de industrialização é considerado o elemento diferenciador e determinante quando se fala em crescimento e desenvolvimento. Não seria diferente em se tratando da história econômica do Brasil. Muito menos no caso do Espírito Santo. Em relação ao Brasil, a passagem de uma economia primário-exportadora teve início a partir da déc ada de 30, sobretudo na era Vargas, e posteriormente, e de forma mais ampla, a partir da década de 50, com JK, processo foi intensificado nas décadas de 60 e 70, com a implantação da indústria de base, especialmente de insumos industriais. Essa breve introdução é importante pois é exatamente nesse terceiro movimento da economia brasileira que os chamados Grandes Projetos se encaixam na história da industrialização capixaba. Na verdade o Espírito Santo ficou fora das duas fases anteriores, mantendo-se fortemente dependente da agricultura. Em 1940, por exemplo, a indústria era responsável por apenas 2,6% do total de pessoas ocupadas em alguma atividade econômica. Já no PIB, respondia apenas por 5%. Esse mesmo percentual será repetido em 1960. Em contrapartida, a agricultura
naquela época respondia por praticamente metade do PIB. Tínhamos em 1960 um Espírito Santo com uma agricultura atrasada, um indústria incipiente, uma população predominantemente rural e pobre. Éramos um Estado pobre, que se aproximava dos indicadores do Nordeste. Mas há um fator histórico decisivo que nos coloca na rota do crescimento acelerado e do desenvolvimento. Trata-se do papel da Vale. Primeiro, enquanto pioneirismo na abertura de uma saída para o escoamento do minério de Minas Gerais, que teve início em 1942. Segundo, e com a implantação do Complexo de Tubarão. O Porto de Tubarão conjuntamente com o complexo de usinas de pelotização mudaram drasticamente a escala de operação da economia local e abriram oportunidades para a viabilização dos demais grandes projetos: CST, hoje ArcelorMittal, Samarco, e a Aracruz Celulose, que por incrível que pareça nasce de uma relação de afinidade entre dois grandes personagens: Eliezer Batista e o norueguês Sr. Lorentzen. Hoje, o setor industrial responde por cerca de 39% do PIB capixaba, dos quais 80% lhes são atribuídos. Nos últimos 50 anos a economia capixaba vem crescendo acima da média nacional graças a esses grandes projetos, que hoje se encontram bem mais inseridos e engajados no dia a dia da população. No fundo, eles mudaram não somente o perfil da economia, mas também das cidades que os abrigam, das pessoas que nelas moram e trabalham, no perfil da formação profissional das pessoas que buscam ocupações em atividades direta e indiretamente a eles vinculadas. Em suma, são empreendimentos que hoje tem raízes profundas na economia e sociedade capixaba. Set/Out 2015 • 320
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Nesta Edição Inovação por Gustavo Costa
Ideias inovadoras Projetos ligados a tecnologia, produção e sustentabilidade surgem no Estado e podem mudar diversos mercados nos próximos anos
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á vai longe o tempo em que apenas grandes indústrias contribuíam de forma significativa com a economia e a sociedade. Em um mundo que demanda cada vez mais hábitos saudáveis, gestão eficaz e medidas sustentáveis, uma boa ideia muitas vezes pode revolucionar um segmento, aumentar a produção, baratear custos e fazer a diferença para pessoas e empresas. Dados das Nações Unidas mostram que aproximadamente 8% do Produto Interno Bruto (PIB) do planeta é composto por negócios voltados para áreas como design, moda, música, literatura, artesanato e desenvolvimento de softwares. As boas propostas estão no ar e aqueles que as percebem primeiro oferecem soluções criativas e ganham mercado.
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Em março, o Sindicato das Empresas de Informática do Espírito Santo (Sindinfo) reuniu os representantes do setor para o encontro batizado de “Vinho com TI”. O destaque ficou por conta da palestra do CEO da Treebos, Murilo Ferraz.Utilizando o conceito de crowdfunding,aplicado à agricultura de pequena escala, o empreendimento do capixaba se transformou em um sucesso internacional, chegando inclusive ao famoso Vale do Silício, nos Estados Unidos. “O projeto surgiu de uma iniciativa particular de um grupo de amigos que queriam plantar árvores em um local e que depois de um tempo, com as árvores adultas, teriam um bosque para visitarem e curtirem momentos de lazer com amigos e família. Como havia uma previsão de falta de
alimentos no futuro, decidiram plantar árvores frutíferas de forma agroecológica. E como surgiam novas tecnologias na época, resolveram criar um sistema que permitia o monitoramento do bosque à distância. Como perceberam que havia mais gente querendo plantar, foi necessária a criação de um sistema que descobrisse onde estavam as pessoas que pudessem querer plantar e, para isto, nasceu o sistema Treebos”, explicou Ferraz. O principal produto da empresa é uma assinatura que permite que o usuário tenha uma árvore plantada em um de bosques e receba informações sobre o seu desenvolvimento. A partir daí, ele pode acompanhar seu crescimento e receber as frutas que ela produzir no endereço indicado. De acordo com Ferraz, há um movimento internacional em busca de inovação focada em sustentabilidade.“Qualquer inovação é bem-vinda, mas percebe-se que as novas tecnologias que geram algum tipo de impacto social ou ambiental, mesmo que ainda não esteja ajustada, encontra organismos criados para fomentar seu desenvolvimento”, disse. Para Luciano Raizer, do Sindinfo, o trabalho serve para mostrar que ideias inovadoras podem atravessar fronteiras e criar grandes casos de sucesso. O sindicato tem, inclusive, um projeto que deve fazer com que a conquista da Treebos se transforme em realidade para outras capixabas. “Temos na Treebos um caso incrível, de uma empresa capixaba tendo sucesso no Vale do Silício. É um exemplo a ser seguido, uma coisa inspiradora. Se o Murilo conseguiu, significa que é algo possível. E nós queremos proporcionar aos associados do Sindinfo um projeto chamado Conexão Vitória-Vale do Silício: um conjunto de ações para ajudar as empresas locais a trilhar esse caminho. É preciso pensar de forma ampla, buscar recursos, alavancar e multiplicar o seu negócio. Acredito muito que a indústria de TI é transformadora, e esse projeto é de uma ousadia enorme. Sabemos que isso é seletivo: se cinco de 100 empresas chegarem lá, já será um número fantástico”, enfatizou.
Acelerando negócios As boas ideias podem encontrar aqueles que trabalham para fazer um projeto sair do papel e ganhar o mercado. Os investimentos em propostas inovadoras e projetos da
“Percebemos que a tendência pela proposição de projetos isolados e executados por apenas uma empresa ainda é marcante, mas acreditamos que isso já estará revertido em próximas oportunidades regionais.” Vinícius Chagas Barbosa, superintendente da TecVitória
“Os projetos atualmente ativos são bem fortes e com grande potencial de competitividade, alguns já despontando no cenário nacional” - Lucas Judice, CEO da MidStage
área de tecnologia são uma realidade no Espírito Santo. Esse é, por exemplo, o ramo de atuação da MidStage Ventures, aceleradora de startups que foi reconhecida como a segunda companhia do segmento mais ativa do Brasil e a 12ª da América Latina em 2014, segundo estudo publicado pela Fundacity. Com presença tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, a empresa liderada pelo CEO Lucas Júdice aplicou no ano passado mais de R$ 1 milhão no desenvolvimento de projetos, montante que pode ser superado em 2015. “O balanço é bem positivo, saltando de quatro propostas no fim de 2013 para 30 no total até o primeiro semestre de 2015 - e com uma grande fila de empresas para avaliarmos. Os projetos atualmente ativos são bem fortes e com grande potencial de competitividade, alguns já despontando no cenário nacional. Importante perceber, também, que os empreendedores dos projetos mais recentes já estão com uma carga de conhecimento sobre mercado internacional bem maior do que antes, pois a oferta de cursos e eventos e o acesso ao mercado externo estão bem grandes”, destacou Júdice. Uma das iniciativas apoiadas pela MidStage é a Astan Bike, desenvolvida pelos designers Guilherme Pella e Nicolas Rutzen. Idealizada como um produto ecológico, a bicicleta é feita a partir da fibra do coco, algo inédito no mundo, e deverá pesar menos de 10 quilos quando chegar ao mercado. “Tínhamos o conhecimento sobre a fibra de coco e resolvemos apostar em algo novo, que cause impacto na forma e tecnologicamente falando. A ideia está em não ser apenas mais um, mas sim apresentar algo diferente, sustentável”, falou Pella. Após o protótipo, em madeira, o próximo passo é partir para a construção da bicicleta em fibra de coco, que poderá ser realizada com o apoio da estrutura da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). E a terceira será a pré-venda, na qual os criadores terão pela frente as questões comerciais e de marketing. Para o empreendedor, mesmo ainda recente, o reconhecimento do mercado capixaba em relação a novas ideias é algo muito positivo. “Existem todo um cenário de startups e gente disposta a investir em inovações. Mesmo ainda engatinhando, em relação a outros países, é bom notar que as ideias Set/Out 2015 • 320
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Astan Bike: bicicleta ecológica é criação de capixabas
estão recebendo a atenção de empresas e podem apresentar algo de novo para a sociedade”, frisou Pella.
Prêmio para novas ideias E por falar em reconhecimento, a TecVitória criou no Estado o Projeto TIC – Inovação, que incentiva as ações pioneiras de empresas e entidades de ensino do Estado. A premiação, que tem o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Companhia de Desenvolvimento de Vitória (CDV), reconhece com a estatueta “Polo de Software de Vitória – Inovação” projetos nas categorias “Empresa Inovadora”, “Empresa com Atitudes Inovadoras” e “Academia com Atitudes Inovadoras”. “O TIC Inovação traz em seu cerne a ideia do estímulo à inovação nas empresas locais do setor de TI, de forma a agregar ações de pesquisa e desenvolvimento em seu dia a dia. A mais relevante observação foi que um enorme contingente de empresas passou a apresentar propostas para as oportunidades que surgiram. Percebemos ainda que a tendência pela proposição de projetos isolados e executados por apenas uma empresa ainda é muito marcante, mas acreditamos que isso já estará revertido em próximas oportunidades”, salientou o superintendente da TecVitória, Vinícius Chagas Barbosa. Para ele, a principal motivação ao se investir em inovação é a manutenção da competitividade. “Uma empresa que mantém apenas produtos e serviços já tradicionais ou com tecnologias dominadas por diversas outras de seu setor
Para inovar, você precisa: • “Sair do quadrado”: inovar é pensar diferente e não dar só uma nova roupagem para algo • Ouvir o mercado para identificar a real viabilidade (e necessidade) da sua ideia • Foco e fé: se você não confia no projeto, dificilmente outros irão
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tende a ser obrigada, no caso de produtos, a concorrer por preço, e no caso de serviços, por acumulação de experiência. No primeiro caso, dos produtos, a agregação de valor que garante o lucro é cada vez menor, chegando ao ponto de inviabilizar a geração de caixa suficiente para investir em evoluções. Já quanto aos serviços, a acumulação de experiência dos profissionais tende a torná-los muito caros, o que resulta em elevada complexidade na venda de serviços, por conta do peso dos investimentos necessários. Isso também se reflete em aumento no custo das vendas e, como no caso anterior, pode ser comprometida a geração de caixa para novos investimentos”, falou. Destaque 2015 na categoria “Empresa Inovadora”, a Mogai começou em 2006 a apostar numa nova tecnologia que na época ainda estava na etapa de pesquisa acadêmica, e que hoje é conhecida por “Visão Artificial Estéreo”. Graças a essa inovação, a empresa vem elaborando soluções para montagem de equipamentos no fundo do mar, tecnologia para a área da saúde, para sensoriamento com drones e outros. “O reconhecimento certamente veio da persistência no desenvolvimento de inovações, aliada ao fato de sermos uma pequena empresa. No Brasil é muito difícil para uma pequena empresa inovar, pois temos de pagar impostos até sobre os empregos que geramos durante o investimento na inovação. Isso é um contrassenso que não ocorre em nenhum lugar do mundo. O normal é não só não taxar investimentos como até dar descontos de impostos para quem investe em inovação, e no Brasil apenas as grandes empresas têm esse tipo de benefício, por meio de legislações como a Lei do Bem e a Lei da Informática”, disse Franco Machado, diretor comercial da empresa. Segundo o executivo, é preciso sempre ter em mente que inovar custa tempo e dinheiro, mas muitas vezes pode-se aprimorar processos fabris com poucas verbas ou com recursos internos das próprias indústrias. “É comum os próprios funcionários gerarem soluções caseiras ou melhorias nos processos que economizam milhões com pouquíssimo investimento. Nesses casos, novamente a cultura de inovação tem de estar presente. A empresa tem que estar preparada para ouvir dos funcionários as sugestões e investir nessas ideias, e já vi programas muito bem-sucedidos que premiam os funcionários responsáveis pelas melhores ações. O resultado é sempre muito positivo”. Demandando conhecimento do mercado onde se deseja atuar, persistência, investimento tanto de horas trabalhadas quanto de dinheiro, entre outros fatores, a inovação rende bons frutos para os desbravadores. Para estes, as dificuldades enfrentadas no processo de criação são recompensadas com algo inédito, significativo e que pode mudar o conceito de um tipo de produto no seu nicho de mercado. Uma boa ideia vale ouro, e cabe ao visionário empreendedor saber o melhor local para garimpá-la.
Nesta Edição Sustentável por Luciene Araújo
Estratégias corporativas de baixo carbono CNI disponibiliza manuais com dicas para redução de emissões de GEE
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setor produtivo vive um momento marcado por enfrentamentos e superações e, mesmo diante das adversidades resultantes das crises política e econômica por que passa o Brasil, mantém-se atento às questões relacionadas à sustentabilidade. Nesse cenário, a preocupação com a mudança climática foi reconhecida como componente obrigatório da visão estratégica da indústria brasileira pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que ampliou o debate e desenvolveu ferramentas que permitissem ao empresariado identificar e implementar medidas eficazes, por meio do levantamento de riscos e da identificação das oportunidades geradas pelas modificações globais do clima no âmbito de negócios. As metas voluntárias de redução de lançamento de gases de efeito estufa (GEEs) no meio ambiente assumidas pela Política Nacional sobre Mudança do Clima são ambiciosas, de 36,1% a 38,9% das emissões projetadas para 2020. E esse
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patamar trouxe a necessidade de colocar em evidência os desafios e as oportunidades associados às alterações climáticas e à transição para uma economia de baixo carbono. “O gerenciamento dos riscos e das oportunidades ligados às consequências do aumento da concentração de gases de efeito estufa deve estar cada vez mais atrelado às componentes de energia, água, resíduos, competitividade e promoção do bem-estar social”, destaca o presidente do Conselho Temático de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI e também do Sistema Findes, Marcos Guerra. Segundo ele, inovação e sustentabilidade passam a ser, cada vez mais, elementos essenciais para a competitividade das empresas, e o momento requer “a conexão às melhores práticas de gestão, no que se refere à sustentabilidade de suas operações ao longo de toda a cadeia produtiva”. Para orientar a indústria sobre como minimizar riscos e maximizar possibilidades que emergem com a economia de
“O novo acordo global para a redução das emissões de gases de efeito estufa, visando a limitar o aumento da temperatura global a 2°C, será fundamental para criar um ambiente favorável e acelerar a transição para uma economia global de baixa emissão de carbono” Marcos Guerra, presidente do Conselho Temático de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI e do Sistema Findes baixo carbono, a CNI lançou, no dia 24 de agosto, quatro guias setoriais. Esses manuais, que são um desdobramento do guia “Estratégias corporativas de baixo carbono: gestão de riscos e oportunidades”, lançado pela entidade em 2011, foram produzidos com o objetivo de incentivar os gestores a incluir questões relacionadas à alteração do clima na elaboração de suas estratégias empresariais. As publicações, distribuídas aos participantes do evento CNI Sustentabilidade: Mudanças Climáticas, realizado no dia 3 de setembro no Rio de Janeiro, apresentam um passo a passo para os setores responsáveis por 3,4% do Produto Interno Bruto (PIB) – elétrico e eletrônico; de tecidos e confecções; de produtos de limpeza; e de mineração – de como fazer essa inserção.
Consenso difícil Destinados prioritariamente aos gestores ambientais das companhias, os manuais da CNI trazem orientações para medição das lançamentos de gases de efeito estufa, avaliação de riscos e oportunidades, implantação de ações e envolvimento de funcionários, acionistas, clientes e fornecedores nas estratégias de redução das emissões. Também há relatos de práticas adotadas por empresas e possíveis caminhos para a inserção do tema “mudanças climáticas” nas organizações. Os materiais foram apresentados na reunião do Conselho Temático de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, que teve como principal painel “A transição global para uma economia de baixo carbono”. O professor Ronaldo Fiani, do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, destacou o fato de as negociações climáticas estarem atreladas ao protecionismo comercial, enquanto a doutoranda em Relações Internacionais da Universidade de Brasília, Larissa Basso reconheceu o avanço nas propostas dos Estados Unidos e da China para diminuição das emissões. No entanto, a especialista afirmou não acreditar em um grande acordo na 21ª Conferência das Partes da Convenção das Nações
Unidas sobre Mudança do Clima (COP 21), que acontecerá em dezembro, em Paris, França. Na avaliação do gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Shelley Carneiro, a preocupação de Larissa tem fundamento. Isso porque há uma série de diferenças legislativas, culturais, financeiras e de nível de responsabilidade entre as nações. “Temos centenas de países com políticas, processos industriais, graus de tecnologia e inovação muito variados. E é preciso respeitar as particularidades de cada um. Daí a dificuldade de acordo”, enfatiza. Além disso, ele destaca a necessidade de interação entre indústria e sociedade, “pois não há como equacionar a problemática decorrente sem o envolvimento da sociedade”. E aponta a educação como fundamental para essa transformação. “Na Coreia do Sul, as crianças são conscientizadas desde muito pequenas, pois será dentre elas que sairão os futuros gestores empresariais e também os responsáveis pelas políticas públicas”, diz. Entre as divergências globais está a cobrança que os países produtores de um passivo mais alto também assumam maior responsabilidade diante das soluções, explica Carneiro. “A indústria inglesa já afeta o meio ambiente muito antes da indústria brasileira, por exemplo. Aqui temos 70% da energia do país vindos de fonte hidrelétrica, com pouca liberação de gases de efeito estufa, e a parte florestal brasileira oferece uma significativa compensação ao meio ambiente, por meio da respiração das plantas, que minimiza a propagação de gases de efeito estufa. Em contrapartida, a China, por exemplo, tem 80% da energia originados no carvão mineral, que emite muito gás”. Discordâncias à parte, chegar a uma proposta mundial tem importância indiscutível. “O novo acordo global para a redução das emissões, visando a limitar o aumento da temperatura global a 2°C, será fundamental para criar um ambiente favorável e acelerar a transição para uma economia global de baixa emissão de carbono”, salienta Marcos Guerra.
A contribuição da indústria A CNI estruturou um documento apontando contribuições da indústria à posição brasileira nas negociações do novo acordo. Segundo o documento, os diálogos deverão ser regidaos pelo princípio das responsabilidades comuns, mas diferenciadas, considerando a capacidade nacional em termos de tecnologia e recursos e os esforços comparáveis e equitativos de outros países. A proposta da Confederação aponta que a redução de emissões para o conjunto da economia brasileira não deverá expor setores econômicos, preservando o formato sugerido pelo Brasil na COP 20, incluindo medidas de adaptação. Set/Out 2015 • 320
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De acordo com a proposta entregue pela CNI ao Governo Federal, as ações de mitigação já empreendidas pelo Brasil necessitam ser contabilizadas, tais como os esforços de manutenção e ampliação dos estoques de carbono; a redução do desmatamento; a recuperação de áreas degradadas; e os programas de uso e desenvolvimento de energias renováveis. O Plano destaca ainda que o Brasil precisa defender a aplicação de recursos em larga escala para a elaboração e a implantação de tecnologias com menor intensidade de carbono e para custear a adaptação necessária à mudança do clima, inclusive, a entidades privadas dos países em desenvolvimento. Por fim, a entidade sugere que as medidas de adaptação devem contemplar as demandas do setor industrial e permitir o aumento de sua produtividade e competitividade, propiciando resiliência e diminuição da vulnerabilidade do setor, da infraestrutura e da logística por ele utilizadas.
Ações práticas A Samarco conta com exemplos de ações práticas que já trouxeram resultados efetivos na redução das propagações de gases de efeito estufa. Um deles é a substituição do
Avanços no controle da emissão de GEE • Ações concretas em processos de produção mais limpa, eficiência energética e tratamento de resíduos, realizados em parceria com o Senai. • O Conselho Temático de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Indústria tem pautado sistematicamente o tema das mudanças climáticas. Nas discussões do Coema já foi reconhecido que a questão climática está intrinsecamente relacionada à questão energética e de recursos hídricos entre outras. • Em 2009, a CNI lançou o guia de referência “Estratégias corporativas de baixo carbono: gestão de riscos e oportunidades”. E, este ano, foram lançados os quatro manuais de “Estratégias corporativas de baixo carbono” para os setores de tecidos e confecções; elétricoeletrônico; de produtos de limpeza; e de mineração. • A CNI, por meio dos Conselhos Temáticos de Meio Ambiente Regionais, vem discutindo os temas de interesse dos empresários das Regiões Sul-Sudeste, Centro-Norte e Nordeste. • Em parceria com as federações de indústrias e associações setoriais, foram realizados 28 cursos de capacitação em “Inventário de emissões de gases de efeito estufa”, com a participação de aproximadamente 800 pessoas em todo o Brasil. • Projetos como o Reflorestar, do Governo do Espírito Santo, contribuem para a redução de emissões do país e ajudam a conservar os recursos hídricos.
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“Não há como equacionar a problemática decorrente das mudanças climáticas sem o envolvimento da sociedade...Na Coreia do Sul, as crianças são conscientizadas desde muito pequenas, pois será dentre elas que sairão os futuros gestores empresariais e também os responsáveis pelas políticas públicas” Shelley Carneiro, gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI
combustível usado nos fornos de pelotização. A mineradora trocou o óleo BPF por gás natural e conseguiu baixar em cerca de 10% seus lançamentos de GEE. Outro exemplo é a carboneutralização das emissões relativas às obras da Quarta Pelotização. Isso significa que as liberações de gases de efeito estufa – originalmente previstas em cerca de 150 mil toneladas de CO2 equivalente – geradas durante a fase de construção da expansão foram totalmente compensadas. O investimento alcançou R$ 1,7 milhão. No último dia 13 de agosto, a empresa participou da apresentação da Carta Aberta ao Brasil sobre Mudança de Clima – 2015, evento organizado pelo Instituto Ethos. O documento objetiva renovar e ampliar os compromissos assumidos na Carta Aberta de 2009 e expor ao Governo brasileiro propostas consistentes para que o país assuma um papel de liderança na negociação climática mundial. As metas assumidas pelas empresas incluem redução nas emissões de gases de efeito estufa, crescimento da produção de energia por meio de fontes renováveis, elevação da eficiência energética, precificação da compra do carbono, ações para mitigar as emissões, adaptação à mudança do clima e publicação anual do inventário das emissões de GEE. Para Ricardo Vescovi, diretor-presidente da Samarco, a assinatura da nova Carta reforça o compromisso já assumido pela companhia em 2009 quanto à retração das emissões. “Também vejo, com satisfação, que fomos bem-sucedidos em integrar esse primeiro passo, dado há seis anos, às nossas estratégicas e políticas. O modelo de sustentabilidade da Samarco e nossas práticas e esforços rumo ao equilibro financeiro, social e ambiental estão alinhados aos preceitos do novo documento”, afirma.
MARCOS GUERRA PARTICIPA DE EVENTO DE SUSTENTABILIDADE Com o objetivo de discutir as estratégias corporativas, gerenciar os riscos climáticos, reduzir a emissão de gases do efeito estufa e construir caminhos para o desenvolvimento sustentável, foi realizado em setembro, no Rio de Janeiro, o CNI Sustentabilidade 2015. Presidente do Sistema Findes e também do Conselho Temático de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Coema), Marcos Guerra representou a CNI no evento, que em 2015 teve o tema “Mudanças Climáticas” e tratou de questões como recursos hídricos, gestão de resíduos, saúde e segurança no trabalho, educação para a sustentabilidade, energia, biodiversidade e florestas. “A indústria nacional vem perdendo participação no Produto Interno Bruto brasileiro nos últimos 30 anos e vive hoje um momento desafiador. Precisamos ampliar a produtividade e a competitividade da nossa indústria, mas não podemos fazê-lo a todo custo. É preciso inovar, com métodos mais eficientes de uso de água e energia, aliando desenvolvimento econômico e responsabilidade ambiental”, frisou Guerra.
TEMPORADA MODA + DESIGN ACONTECE EM VILA VELHA Reunindo em um só lugar arte,moda, design e fotografia a Temporada Moda + Design movimentou o mês de setembro no Shopping Praia da Costa, em Vila Velha. Nada menos que 40 grifes exclusivas foram apresentadas, em uma programação marcada por desfiles, palestras, workshops, oficinas e shows. Em sua primeira edição, o evento contou com o apoio do Sistema Findes, presente por meio de Sesi-ES, Senai-ES e IEL-ES. A coordenação ficou a cargo do Conselho Temático de Economia Criativa da Findes (Conect). Entre as ações realizadas, destaque para o terminal de autoatendimento para cadastro on-line de estágios, a apresentação da Orquestra Camerata Sesi e as palestras do programa #Foconacarreira.
INTENÇÃO DE MATRÍCULAS NO SESI EM AMBIENTE VIRTUAL Para tornar ainda mais fácil e prático o procedimento de inscrição para os empregados da indústria e trabalhadores em geral, o serviço de projetos para a rede Sesi-ES de Ensino passou a ser feito por meio do site da instituição (sesi-es. org.br). É a primeira vez que as propostas são realizadas pela internet, evitando assim ida até as unidades e prováveis filas. Desenvolvido pela DTI da Findes, o novo sistema mostra o planejamento feito para apoiar e otimizar as áreas educacionais. “Foi pensada uma aplicação que pudesse ajudar as unidades e ao mesmo tempo os pais. As pessoas dormiam na fila com a finalidade de buscar uma vaga para o seu filho, já que as vagas são muito concorridas. Foi criado então um comitê para análise do sistema e suas regras. Desenvolvemos a aplicação e publicamos o site para que os pais fizessem a intenção de matrícula on-line, evitando assim os problemas anteriores e melhorando o processo tanto para a Rede de Ensino Sesi como para a comunidade em geral”, disse o coordenador de Sistemas da DTI, Ilton Ribeiro dos Santos.
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Nesta Edição Gestão por Ivi Rafaela
Ferramentas de gestão: aliadas para enfrentar a crise Em tempos nebulosos para a economia, gestores devem recorrer a métodos confiáveis para auxiliá-los na análise das melhores decisões
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crise financeira é real, e ignorá-la não irá diminuir seu impacto sobre as empresas, sejam elas pequenas, médias ou grandes. O que irá determinar o sucesso das organizações neste período serão as ações concretas para adaptação às exigências conjunturais do mercado. Uma boa maneira de melhorar processos, otimizar a capacidade instalada e rever os caminhos que levarão o negócio a reduzir ao mínimo o desperdício e obter o máximo de retorno é a utilização das ferramentas de gestão.
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De acordo com o professor de pós-graduação da Fundação Getulio Vargas (FGV), Claudio Tosta, tais instrumentos são ainda mais importantes em momentos adversos do que em fases normais. “Mais do que nunca, na crise é preciso saber onde se pode mexer, avançar e cortar. E as ferramentas de gestão permitem executar essas ações de maneira racional, sem ‘achômetros’, uma vez que a opinião pessoal muda quando você tem um indicador”, explica. Numa crise, esses recursos administrativos também possibilitam que organizações preparadas gastem suas reservas, enquanto as
“Não adianta simplesmente lotar a gestão de ferramentas. É preciso encontrar uma metodologia que seja eficazmente implantada pelo gestor e equipe para alcançar os resultados desejados” José Vieira Neto, analista do IEL que não estão têm que enxugar o orçamento para sobreviver. “As ferramentas apresentam aos gestores números fidedignos para a tomada de decisão a partir de instrumentos validados, de preferência com indicadores customizados para a necessidade do momento”, complementa o professor. Para o analista de Negócios e Gestão do Instituto Euvaldo Loide (IEL), José Vieira Neto, é preciso estar atento às fases do PDCA. “Os empresários capazes de enxergar as fases do PDCA em um período de crise conseguem evitar o imediatismo, o que, consequentemente, facilita as tomadas de decisão assertivas”, defende o especialista. O ciclo do PDCA (da sigla em inglês para plan, do, check, act – planejar, executar, verificar, ajustar) é um método interativo de gestão desenvolvido em quatro passos, utilizado para o controle e a melhoria contínua de processos e produtos. A primeira parte do ciclo (Plan) consiste no planejamento estratégico. A Análise Swot (da sigla em inglês para Strengths – força; Weaknesses – fraquezas; Opportunities – oportunidades; e Threats – ameaças) é uma das opções de ferramentas mais adotadas para definir estratégias, já que permite avaliar os ambientes interno e externo da organização, identificando elementos-chave para que a gestão estabeleça prioridades de atuação. Esse método apresenta também as vantagens e desvantagens da empresa em relação aos seus concorrentes e aspectos positivos e negativos do potencial competitivo da instituição. Outra ferramenta que auxilia na fase de planejamento ou redefinição do modelo de negócios é o Business Model Canvas (Mapa de Modelo de Negócios) – um guia com o resumo dos principais itens estratégicos do negócio, que visa à praticidade e ao dinamismo da análise das organizações. O mapa se divide em nove blocos, que representam os elementos fundamentais (building blocks) componentes de um modelo de negócio: segmentos de clientes, proposta de valor, canais, relacionamento com clientes, fontes de receita, recursos principais, atividades-chave, parcerias principais e estrutura de custos. O preenchimento do mapa deve ser feito de forma coletiva, com a finalidade central de fornecer uma visão holística do negócio (existente ou a ser desenvolvido) e extrair propostas de valor que atendam e potencializem os principais objetivos desejados, antes de partir de fato para a formatação
(ou reformatação) do produto ou serviço. Os Segmentos de Clientes e as Propostas de Valor são os principais elementos, sobre os quais todo o restante do canvas irá se apoiar. Essa metodologia deve ser utilizada com frequência no dia a dia, para que a revisão de cada quadrante seja feita regularmente e, se necessário, promovam-se alterações direcionadas a um melhor resultado. A segunda etapa do ciclo PDCA (Do) requer um mecanismo de execução. Uma boa opção é o Gerenciamento de Processos de Negócios (do inglês, Business Process Management, ou BPM). Esse conceito une gestão de negócios com tecnologia da informação, ocasionando a otimização dos processos de negócios e resultados empresariais sem que sejam necessárias mudanças “revolucionárias”. Ao contrário, seu enfoque está na melhoria contínua das ações. Para maximizar o desempenho dos processos, o BPM emprega o mapeamento dos processos, sua modelagem, definição de nível de maturidade, documentação, plano de comunicação, automação, monitoramento mediante indicadores de desempenho e ciclo de melhoria e transformação contínua como práticas de gestão. Assim, permite às organizações otimização de recursos, aumento da satisfação dos clientes – por meio de produtos e serviços em nível superior de qualidade –, além de melhor rentabilidade, vantagem competitiva e redução de custos. Outro aspecto que também precisa ser levado em consideração nos momentos de crise é com a equipe: fazer com que os colaboradores se sintam bem e felizes no ambiente de trabalho. “Houve um momento em que a situação financeira era um problema no país. Hoje, nosso maior problema é ter gente. Gente que faça. Gente que fale pouco e resolva muito. Pessoas que sejam éticas, corretas, que produzam. Acima de tudo, que exercitem uma das maiores características do brasileiro, que é a criatividade. Essa criatividade usada para o bem é muito boa no mundo corporativo”, explica o professor Claudio Tosta. Um aliado importante para essa avaliação é o QVT Qualidade de Vida no Trabalho, que mede o patamar de satisfação com a carreira profissional. Os fatores que compõem esse nível variam de pessoa para pessoa, porém há requisitos indispensáveis, como ser respeitado por colegas de trabalho e não sofrer desconforto físico ou mental com as atividades desempenhadas. Também pesam na análise do QVT fatores como o empregado sentir-se valorizado,fazendo algo importante para a empresa, e ser bem remunerado. Outra ferramenta que auxilia na avaliação do grau de satisfação com o ambiente organizacional e garantir a retenção e manutenção de talentos é o índice de Felicidade Interna Bruta – FIB. O indicador sistêmico surgiu no Butão, pequeno país do Himalaia, com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, a fim de medir o progresso de uma nação ou comunidade não apenas com base no crescimento econômico, como faz o conhecido PIB (Produto Interno Bruto), mas na integração dos Set/Out 2015 • 320
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Gestão
aspectos material, psicológico, cultural, ambiental e espiritual. As dimensões utilizadas para esses parâmetros são: bem-estar psicológico, saúde, uso do tempo, vitalidade comunitária, educação, cultura, meio ambiente, governança e padrão de vida. A penúltima etapa do ciclo PDCA (Check) consiste em direcionar o foco da gestão para a redução do desperdício. E a Lean Manufacturing é uma das metadologias que propõem a redução dos sete tipos de desperdícios (superprodução, tempo de espera, transporte, excesso de processamento, inventário, movimento e defeitos). Eliminando esses desperdícios, a qualidade melhora, e o tempo e custo de produção diminuem. Os principais aspectos do Lean Manufacturing são a busca pela qualidade total imediata, com detecção e solução dos problemas em sua origem; a minimização do desperdício com a otimização do uso dos recursos escassos; melhoria continua; processos “pull” (em que os produtos são retirados pelo cliente final, em vez de serem empurrados para o fim da cadeia de produção); flexibilidade de produzir rapidamente diferentes lotes de vários produtos sem comprometer a eficiência, devido a volumes menores de produção; além da construção e manutenção de uma relação de longo prazo com os fornecedores por meio de acordos de compartilhamento de risco, custos e informação. Para garantir a eficácia de qualquer uma das ferramentas, é preciso que os gestores estejam atentos às necessidades do momento na organização, uma vez que cada indústria tem seu foco e situação específica, bem como problemas diferentes para serem solucionados. “Não adianta simplesmente lotar
Modelo Canvas Atividades principais
Proposta de valor
O que?
Como? Quanto? Fonte: Sebrae
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Indústria Capixaba – Findes
Segmento de clientes
Canais
Recursos principais
Estrutura de custos
Relacionamento com clientes
Para quem?
Parcerias principais
Fontes de receita
“Mais do que nunca, na crise é preciso saber onde se pode mexer, avançar e cortar. E as ferramentas de gestão permitem executar essas ações de maneira racional, sem ‘achômetros’, uma vez que a opinião pessoal muda quando você tem um indicador” Claudio Tosta, professor de pós-graduação da Fundação Getulio Vargas
a gestão de ferramentas. É preciso encontrar uma metodologia que seja eficazmente implantada pelo gestor e equipe para alcançar os resultados desejados”, explica o analista do IEL, José Vieira Neto. Depois de identificar as opções necessárias, planejar, produzir e avaliar, é hora de analisar os ajustes necessários para alcançar os objetivos. Um instrumento que poderá auxiliar é o Diagrama de Pareto, que permite a identificação das causas mais importantes por meio de gráficos de colunas que ordenam as frequências das ocorrências da maior para a menor, possibilitando a priorização dos problemas e a maior concentração de esforços sobre eles. De acordo com o princípio de Pareto, 80% dos prejuízos são causados por 20% dos defeitos. Outra ferramenta que poderá ajudar no processo de tomada de decisões sobre os problemas detectados por meio dos outros recursos de gestão é o 5W2H. O nome é uma sigla em inglês derivada das palavras “what” (etapas do que será feito); “why” (razão por que será feito); “where” (local onde será feito); “when” (quando será feito); “who” (quem será o responsável); “how” (como será feito); e “how much” (quanto custará). A partir da identificação dessas respostas, é estabelecido um mapa detalhado das atividades que serão desenvolvidas, fornecendo as informações de maneira clara e objetiva e assim evitando erros de comunicação, entendimento e execução. Essa é uma ferramenta valiosa, uma vez que elimina por completo qualquer dúvida que possa surgir sobre um processo ou sua atividade, o que agiliza, e muito, as tarefas a serem executadas por colaboradores de setores ou áreas diferentes. Afinal, um erro na transmissão de informações pode acarretar diversos prejuízos à empresa. Para o professor Claudio Tosta, esses recursos listados são de extrema importância por auxiliar os gestores no diagnóstico correto da real situação de suas empresas e na definição da melhor maneira de atingir seus objetivos mesmo em meio à crise.“Houve uma época que empresários podiam se dar o luxo de testar várias coisas, porque a margem de lucros era alta e a concorrência, pequena. Hoje não, a margem de lucro é cada vez menor, enquanto a concorrência é cada vez maior. Mas o mercado estar em crise não significa que há crise para todos. Sempre há oportunidades em meio às ameaças”, conclui.
Indicadores
ICEI RECUA NOVAMENTE E CONFIANÇA DO INDUSTRIAL CONTINUA BAIXA
O
Índice de Confiança do Empresário Tabela 1 Índice de Confiança do Empresário Industrial Industrial (ICEI) do Espírito Santo, ICEI – Espírito Santo e Brasil pesquisa realizada pelo Sesi/Senai/ ES, por meio de sua Gerência Executiva de Abr/15 Mai/15 Jun/15 Jul/15 Ago/15 Set/15 Economia Criativa, e pelo Ideies (Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial Brasil 38,5 38,6 38,9 37,2 37,1 35,7 do Espírito Santo), sob a coordenação da Espírito Santo 37,5 36,6 38,9 35,1 36,9 36,2 Confederação Nacional da Indústria (CNI), decresceu levemente em setembro de 2015, Fonte: Ideies/Sistema Findes/CNI em relação ao mês anterior (-0,7 ponto), tendo assim se afastado um pouco mais da linha O ICEI da indústria brasileira voltou divisória de 50 pontos (36,2 pontos). A redução, sexta não consecutiva em 2015, foi influenciada apenas pelo indicador de expectativas, que obteve a cair. Em setembro de 2015, em relação a queda, já que o indicador de condições da economia mostrou leve acréscimo. agosto, o declínio foi de 1,4 ponto e o índice Na comparação de setembro de 2015 com setembro de 2014, quando estava se situou em 35,7 pontos, o menor valor da série histórica, iniciada em 1999. Esse resulera 50,1 pontos, o ICEI recuou 13,9 pontos. tado, que mostra a contínua falta de confiança do empresário, foi influenGráfico 1 Índice de Confiança do Empresário Industrial - ICEI-ES ciado pelos dois itens que compõem o (em pontos) indicador, o de condições atuais e o de expectativas, já que ambos recuaram. 65 Frente a setembro de 2014 (46,5 60 pontos), o índice de confiança da Média histórica - 54,9 55 indústria nacional caiu 10,8 pontos. 50 O ICEI do Brasil é composto pelas 45 informações de Condições Gerais da 36,2 40 Economia Brasileira, Condições Gerais 35 da Empresa, Expectativas da Economia 30 Brasileira e Expectativas da Empresa. dez/10 mai/11 nov/11 mai/12 nov/12 mai/13 fev/14 ago/14 fev/15 set/15 O ICEI do Espírito Santo inclui mais duas questões: Condições Gerais do Fonte e elaboração: Ideies/Sistema Findes/CNI A média histórica considera o período de fev/2010 a ago/2015 Estado e Expectativas do Estado.
Percepção do Empresário Industrial - Condições Atuais O indicador de condições atuais, que é apurado com base na percepção dos industriais capixabas em relação à economia, ao Estado e à própria empresa, cresceu infimamente em setembro de 2015 frente ao mês anterior (+0,4 ponto), porém permaneceu na faixa inferior a 50 pontos (27,9 pontos). O aumento foi impulsionado por dois dos três itens que compõem o indicador: condições da economia brasileira (+0,8 ponto) e condições do Estado (+2,6 pontos), pois o indica-
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dor de condições da empresa decresceu (-0,2 ponto). Todos se mantiveram bem abaixo da linha divisória de 50 pontos: condições da economia (17,9 pontos), condições do Estado (25,4 pontos) e condições da empresa (31,1 pontos). Na comparação com os resultados de setembro de 2014, verificou-se significativo declínio no indicador de condições atuais (-15,1 pontos) e em todos os itens que o integram.
A sétima queda registrada pela indústria brasileira em 2015 no indicador de condições atuais foi de 0,6 ponto em setembro de 2015, em relação ao mês anterior. O recuo do indicador, que ficou em 27,5 pontos, foi influenciado pelos dois itens que o integram: “condições da economia brasileira” (-0,8 ponto) e “condições da empresa” (-0,5 ponto),e ambos se posicionam na faixa inferior a 50 pontos. No confronto do resultado de setembro de 2015 com setembro de 2014, notou-se significativa redução no indicador de condições atuais (-11,3 pontos), bem como nos dois itens que o formam.
Indicador de Condições Atuais
Tabela 2
ESPÍRITO SANTO Set/14
BRASIL
Ago/15
Set/15
Set/14
Ago/15
43,0
27,5
27,9
38,8
28,1
27,5
Economia brasileira
34,2
17,1
17,9
31,5
19,1
18,3
Estado
37,2
22,8
25,4
-
-
-
Empresa
47,1
31,3
31,1
42,6
32,7
32,2
CONDIÇÕES ATUAIS ¹
Set/15
Com relação a:
1 - Em comparação com os últimos seis meses Fonte: Ideies/Sistema Findes/CNI
Percepção do Empresário Industrial: expectativas para os próximos seis meses Em setembro de 2015 continuam ruins Tabela 3 Indicador de Expectativas para os próximos seis meses as expectativas dos industriais capixabas com relação aos próximos seis meses, ESPÍRITO SANTO BRASIL pois o indicador fechou com decréscimo de 1,3 ponto frente ao mês anterior, se Set/14 Ago/15 Set/15 Set/14 Ago/15 Set/15 mantendo abaixo da linha divisória de 50 pontos (40,3 pontos). O decréscimo foi EXPECTATIVAS ² 53,7 41,6 40,3 50,3 41,5 39,9 influenciado exclusivamente pelo indicador Com relação a: de expectativas da empresa, que recuou 3,1 pontos. Os outros dois itens que o Economia brasileira 42,8 28,4 29,7 42,0 31,3 29,7 integram avançaram: expectativas com Estado 46,3 32,3 35,3 relação à economia brasileira (+1,3 ponto) Empresa 58,1 47,4 44,3 54,6 46,6 45,2 e em relação ao Estado (+3,0 pontos). Contudo,todos os indicadores permanecem 2 - Para os próximos seis meses posicionados abaixo da linha divisória de 50 Fonte: Ideies/Sistema Findes/CNI pontos: expectativa da economia brasileira com 29,7 pontos, do Estado com 35,3 pontos, e da empresa com 44,3 “com relação à economia brasileira” (-1,6 ponto) e pontos. Frente a setembro de 2014 observou-se redução de 13,4 pontos, “com relação à empresa”(-1,4 ponto), permanecendo influenciada por todos os itens que o formam. ambos posicionados abaixo da linha divisória de O indicador de expectativas da indústria nacional também 50 pontos. Na comparação de setembro de 2015 caiu em setembro de 2015, em relação ao mês anterior (-1,6 com setembro de 2014, observou-se expressiva ponto), continuando na faixa inferior a 50 pontos (39,9 pontos). redução no indicador de expectativa (-10,4 pontos), Esse resultado foi impactado pelos dois itens que o compõe: por influência dos dois itens que o integram.
Notas - Em janeiro de 2012, as empresas da amostra foram reclassificadas segundo a CNAE 2.0, os portes de empresa foram redefinidos de acordo com a metodologia do EuroStat (mais informações www.cni.org.br), e a série histórica do ES foi recalculada retroativamente a fevereiro de 2010. - O ICEI varia no intervalo de 0 a 100. Valores acima de 50 indicam empresários confiantes. - A pesquisa, cuja amostra é selecionada pela Confederação Nacional da Indústria – CNI, contou nesse mês com a participação de 82 empresas capixabas (26 pequenas, 33 médias e 23 de grande porte). Dessas, 19 empresas pertencem à indústria da construção.
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Fatos em fotos
Cachoeiro Stone Fair movimenta o Estado Uma das mais importantes feiras de rochas ornamentais, a Cachoeiro Stone Fair 2015 aconteceu entre 25 e 28 de agosto, no Parque de Exposições Carlos Caiado Barbosa. Expositores de todo o Brasil e do mundo apresentaram as novidades em produtos e serviços, em um espaço de 30 mil m². Realizada pela Milanez & Milaneze e promovida por Sindirochas e Cetemag, a feira mostrou as máquinas e os equipamentos que trarão mais produtividade e redução de custos ao processo de beneficiamento do mármore e do granito. 1 – O então presidente do Sindirochas, Samuel Mendonça, entregou simbolicamente a chave da entidade para o novo presidente, Tales Machado. Ambos são observados pelo governador Paulo Hartung e pelo prefeito de Cachoeiro, Carlos Casteglione 2 – O presidente do Sistema Findes, Marcos Guerra, ao lado de Tales Machado 3 – Autoridades de várias esferas e representantes da indústria formaram a mesa da Cachoeiro Stone Fair 4 – Um grande público marcou presença 5 – O secretário de Estado de Desenvolvimento, José Eduardo de Azevedo 6 – Tales Machado apresenta as novidades do setor de rochas ao governador Paulo Hartung, ao prefeito Carlos Casteglione e ao presidente Marcos Guerra
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Revista Vitória Moda é lançada em coquetel Durante o coquetel de encerramento do Vitória Moda, no dia 1º de setembro, foi lançada, no Salão da Indústria do Edifício Findes, em Vitória, a publicação oficial do evento. Além da apresentação da revista Vitória Moda MAG, a solenidade foi marcada pela entrega do Prêmio Neófito 2015, criado para reconhecer os novos talentos do mercado capixaba de moda, e pelo anúncio das novidades para a temporada 2016. 1 – A revista Vitória Moda MAG, apresentada pela presidente do Sinconfec, Clara Orlandi, e pelo presidente da Câmara Setorial da Indútria do Vestuário, José Carlos Bergamin 2 – O gerente da Unidade de Atendimento Coletivo à Indústria do Sebrae-ES, Eduardo Simões, ao lado do diretor técnico da entidade, Benildo Denadai; de José Carlos Bergamin; e do presidente do Sindicalçados, Altamir Alves Martins 3 – O empresário Wallace Vieira com Adir Comério, do Sinconfec; Nazaré Dalvi Comério, da Hagaef; e Carla Bertolozzo, gestora do projeto de Desenvolvimento da Moda Capixaba do Sebrae-ES 4 – As jornalistas Viviane Anselmé e Vanessa Endringer 6 – Público acompanhou os discursos de encerramento do Vitória Moda 6 – As vencedoras do Prêmio Neófitos: Isabella Vasconcelos e Mayari Jubini
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Caso de Sucesso Nesta Edição
Cristina Pascoli Startup criada por capixaba é pioneira no país em creme de café
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ma prova de que na crise podem-se encontrar grandes oportunidades. Assim é a trajetória da empresária Cristina Pascoli Tongo, proprietária do Café Caramello. Tudo começou há três anos, quando ocorreu um fato que poderia ter grande impacto na renda da família. “Em 2012, antes do Natal, meu marido perdeu um grande contrato na empresa dele, e eu decidi que não permitiria que a crise financeira afetasse meus filhos. Fiquei pensando como poderia ganhar dinheiro rápido. Então, recebi um telefonema de uma cliente querendo que eu fizesse o creme de café para ela dar de presente para a mãe, em outro estado. Eu, que nunca tinha pensado em comercializar o café, fiz uma certa quantidade e dei de presente para ela. Embalei em um pote de sorvete e amarrei com laço da minha árvore de Natal. Não demorou muito para ela me ligar, dizendo que estava com um problema: cinco pessoas queriam encomendar o café. Foi aí que ‘caiu a ficha’, e eu tive a ideia de vender o creme de café em uma rede social. Usei todos os laços da minha árvore de Natal. Criei um layout bacana e publiquei”, disse. Nascia naquele momento o primeiro produto da marca Café com Batom, que mais tarde viria a ser o Café Caramello. Em 15 dias, Cristina teve um volume de vendas suficiente para garantir as festas de final de ano da família. Mas ela queria muito mais. A experiência de servir o creme nos eventos Café com Batom foi vital para a empresária continuar a produzir em larga escala. “No início, foi bastante trabalhoso. Eu nem imaginava o
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quão burocrático poderia ser abrir uma empresa de alimentos. Tive que produzir muito café e vender potinho por potinho, em eventos e no Facebook, para pagar taxas altíssimas. Tive que adequar minha fábrica de café às regras da Vigilância Sanitária. Muitas vezes, tive que recuar e esperar, para dar dois passos adiante. Comecei fazendo degustações gratuitas em eventos e instituições públicas e privadas, para divulgar o produto e a marca Café Caramello. Os cursos de curta duração que fiz no Sebrae-ES me ajudaram muito a dar um direcionamento prático e seguro para a fábrica, visando aos melhores resultados”, falou ela. E deu certo: hoje o Café Caramello conta com 23 franquias, estabelecidas de janeiro a setembro de 2015. Cristina é CEO da empresa, e seu marido trabalha no Comercial, vendendo franquias. Os outros 10 funcionários se dividem entre os setores administrativo e de produção. A empreendedora espera exportar em 2016 para Alemanha, EUA e China. Para facilitar a logística, a ideia é construir pelo menos cinco fábricas do produto pelo mundo nos próximos 10 anos.Para alcançar esses objetivos,ela destaca a importância de sua família. “Eu tenho que me isolar para estudar e ‘bolar’ novidades para a empresa e conto com a compreensão deles. Meu esposo está ao meu lado em todos os momentos, e meus dois filhos, mesmo pequenos, sabem que o tempo que passo no trabalho é para o bem de todos. Procuro manter o equilíbrio, conseguindo atuar na empresa e cuidar bem da minha família. É preciso dedicação, mas o resultado não poderia ser melhor”, concluiu.
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Artigo
O difícil equilíbrio entre a vida profissional e pessoal
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o atual cenário econômico, mais do que nunca, há a necessidade de as empresas se modernizarem e serem mais produtivas para se manterem competitivas, ao mesmo tempo em que variadas crises testam os limites e a longevidade delas. Manter custos competitivos, produtos inovadores, clientes leais, uma liderança inspiradora e estimular os aspectos motivacionais das pessoas são desafios do mercado atual. Os cenários prometem negócios crescentemente competitivos e instáveis. Ciclos cada vez menores de mudança ditam a necessidade de reorientação de visão. Para tempos incomuns, exigem-se ainda mais profissionais com sensibilidade para compreender o todo, propor soluções e agir. Em um tempo de pressão por resultados, o jogo intenso da rotina requer determinação, equilíbrio emocional e perspicácia. Diante desse cenário, como equilibrar uma vida profissional mais exigente com uma vida pessoal plena e feliz? Acredito que o ser humano tenha que olhar para tudo isso de forma integrada, sempre balanceando as questões pessoais. Tem que se dedicar ao trabalho e dar o melhor que puder, mas esta não pode ser a única dimensão de sua vida. Precisa conviver com a família, desfrutar do tempo com os amigos, manter a própria saúde, sem a qual não poderá fazer mais nada, e cuidar da sua espiritualidade e do seu interior (e não me refiro à religião, mas à própria individualidade, considerando a importância do autoconhecimento, da visão sistêmica e da ética). Todas essas são formas de assegurar o equilíbrio. As grandes doenças hoje estão ligadas ao estresse, ao lado psíquico desbalanceado. As próprias estatísticas e estudos da medicina mostram que o estresse é resulta-
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do da incapacidade das pessoas de equilibrar as várias dimensões da própria vida, gerando problemas em cascata. Harmonizar essas dimensões vai propiciar ao indivíduo uma vida melhor. E buscar a felicidade em todas as suas interações. As empresas e as pessoas com uma visão amplificada ajudarão a construir uma relação que evolui continuamente para a busca do equilíbrio, sendo boa para os dois lados. A meu ver, à empresa cabe preparar líderes diferenciados, capazes de enxergar a diversidade em um tempo em que receitas prontas de gestão sucumbem diante da necessidade de flexibilidade, inovação e de uma única certeza: a mudança. Uma liderança inspiradora, com profissionais que se autoconheçam, exercitem a visão sistêmica e se preocupem em manter o próprio equilíbrio antes de gerir uma equipe. O grande líder é o que lidera pelo exemplo, ou seja, pelas suas ações. A capacidade do capital humano de uma empresa de otimizar recursos e, sobretudo, inovar, só acontece em um clima organizacional que favoreça a criatividade, o trabalho cooperativo, a saúde e a segurança das pessoas. Um dos aspectos da liderança transformadora é conseguir adequar os interesses pessoais aos resultados organizacionais e acreditar no desenvolvimento permanente das pessoas. Aos demais profissionais, é preciso ter inteligência emocional para suportar os desafios que estão postos pela realidade contemporânea. E pensar sobre suas escolhas. Quem está realizado, satisfeito, vendo valor e sentido naquilo que faz, certamente estará mais atento à saúde, à segurança e à qualidade de vida em geral. Em tempos de crise como o atual, esta pode ser, também, oportunidade para uma reflexão sobre todos esses aspectos.
RICARDO GARCIA é vice-presidente de Recursos Humanos e Tecnologia da Informação da ArcelorMittal Américas Central e do Sul. Graduado pela UNA em Administração de Empresas e bacharel em Economia pela PUC-MG. Fez pós-graduação em Recursos Humanos pela UFMG e cursos de especialização pela JUSE (Japão), Insead (França) e Kellogg (EUA)