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Essas mãos que tecem
Tecem sonhos que não os teus, Mas dos teus filhos perdidos no mundo, Vivendo dos sonhos que ajudaste a construir.
Tecem vidas esquecidas na dor, Marcadas nas costuras do teu corpo, Protegidas no tear das tuas preces.
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Essas tuas mãos, mulher.
Costuraram coragem para aventurar na vida, Ergueram pontes que me levam aos mundos, São essas mãos que me fazem caminhar segura.
Teceram virtude para os dias da dificuldade, São mãos que aquecem no frio da solidão, Rescrevendo os sonhos vividos em muitos prismas.
Ah, mamã! Essas tuas mãos são mãos de Deus!
Magia
O teu beijo suave na minha face Faz transportar energia pelo meu corpo, Fertiliza os meus anseios de desejo profano, Ilumina os escombros de dúvidas e medos.
Cresce em mim a ânsia de te amar, Frívola e loucamente, Liberta de dogmas e amarras, Ânsia de entrega inconsequente.
O teu olhar derrete cada amarra, Despe-me completamente de consciências, Quero perder-me nos braços sedutores, E só me encontrar no desejo satisfeito.
As tuas palavras embalam os meus sentidos, Notas vibrantes de promessas ilusórias, Que me encantam e cativam.
Faz-me tua presa, Perdida no teu corpo, Promessas de encantar.
Covid
Lavei as mãos e cumpri requisitos, Rigorosa, cumpri os preceitos, Confinada, nem germes nem contentamento.
Horas longas deram lugar a dias fatídicos, Que, cansados, logo se tornaram meses, Eu, confinada, gritava, ávida de liberdade.
Dia lindo, cúmplice de um sol maravilhoso, Soltam-se amarras férteis, sonhos de liberdade, Confiança delirante, grito livre de euforia.
Abraços dei, fartei-me em beijos, No colher do prémio, cautela desmazelada, E na manhã seguinte, acordada pela COVID.