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Como trabalhar o fenômeno das fake news na sala de aula
Como trabalhar o fenômeno das fake news na sala de aula
smbrasil.com.br Como trabalhar o fenômeno das fake news na sala de aula
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Como trabalhar o fenômeno das fake news na sala de aula
Quem nunca compartilhou uma notícia no Facebook sem ler, só pelo título, ou aquele vídeo no grupo da família, que a tia mandou, que atire a primeira pedra. Essa prática parece inofensiva e já virou um hábito em redes sociais e aplicativos de mensagens. Afinal, foi só um vídeo compartilhado, uma corrente no grupo de amigos ou familiares, uma notícia que parecia verdadeira, muitas vezes recebida de uma pessoa de confiança. Por que não ajudar a divulgar? Em tempos de fake news, o que esse ato pode significar? Como lidar com esse fenômeno que sempre existiu, mas com a força das redes sociais e a velocidade do ciberespaço tem provocado sérias consequências e vem sendo discutido em todos os setores de nossa sociedade? E, claro, não poderia deixar de ser algo que precisa ser debatido e combatido na escola e nas famílias. Fake news é um termo em inglês que significa notícia falsa. Desde que o mundo é mundo, notícias falsas são espalhadas para enganar e iludir um grupo, manchar a honra de alguém ou convencer pessoas sobre determinada ideia. Esse tipo de notícia é produzido, hoje, por empresas especializadas em comunicação e viralizado por meio de robôs que usam cadastros com telefones, e-mails e redes de usuários. Os títulos ou imagens são sempre apelativos e atraem as pessoas com questões emocionais, fato que facilita sua viralização, e geralmente o leitor nem sequer contesta sua veracidade. A eleição de 2016 nos Estados Unidos foi um marco na indústria de fake news, mostrando ao mundo que esse seria um negócio cada vez mais feroz, presente em todos os grupos. E rentável. Desde então é um fenômeno que vemos avançar.
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Altos investimentos são feitos para contratar equipes que criam sites, perfis falsos nas redes sociais, grupos, páginas na internet. Tudo para dar a falsa sensação de credibilidade a essas informações. Para evitar problemas com a justiça, os produtores mudam de local constantemente e os profissionais de tecnologia dessas equipes alteram o IP (Internet Protocol - tipo de endereço do computador). O conteúdo produzido é guardado nas chamadas “nuvens” de armazenamento, um serviço bastante acessível que permite arquivar informações em servidores externos e acessá-las em qualquer hora e local. Geralmente esses grupos misturam trechos de informações verdadeiras com outros falsos que desejam propagar, induzem as pessoas a erros, usam mensagens sensacionalistas, apelam para o lado emocional do público. A maioria das pessoas, principalmente nas redes sociais, não lê a notícia que compartilha, apenas a manchete. Então, o conteúdo se espalha. Isso inclui vídeos, áudios e imagens, boa parte veiculada pelo WhatsApp.
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Perigos da viralização das fake news Infelizmente temos muitas histórias com desfechos trágicos que começaram com fake news. Um exemplo foi a morte de uma jovem no Guarujá, no litoral paulista, confundida com o retrato falado de uma suposta sequestradora de crianças divulgado no Facebook. Posteriormente, a notícia foi dada como falsa e a moça, infelizmente morta, não tinha absolutamente nada a ver nem com o retrato falado, nem com sequestro de crianças. Mas a notícia viralizou, a histeria coletiva se instaurou e tudo resultou em tragédia. Outra situação que fugiu do controle foram as fake news viralizadas nos grupos de WhatsApp sobre as vacinas. Aumentou o número de crianças que deixaram de ser vacinadas, pois seus familiares acreditaram nos boatos espalhados de que as vacinas fariam mal à saúde das crianças ao invés de evitar as doenças.
Conclusão: doenças que haviam sido erradicadas em nosso país voltaram a ser preocupação e causa de mortes entre nossos pequenos. Temos ainda casos menos sérios de atores ou celebridades que, mesmo estando vivos, surgem notícias de suas mortes ou de que estariam com graves doenças. Notícias de que perderemos ou ganharemos determinados direitos financeiros, sociais ou trabalhistas, bastando ir a algum órgão público. Quem nunca recebeu uma informação assim no grupo da família? O perigo é claro. Desde a potencialização da histeria coletiva que leva à morte de uma inocente até linchamento em rede social, como também já vimos acontecer, passando pela venda de uma ideia que pode prejudicar milhares de pessoas. E isto ocorre devido ao empobrecimento das fontes de pesquisa e das informações que hoje as pessoas buscam para compreender o mundo em que vivem.
E a escola, como deve agir no combate às fake news? Falar sobre fake news na escola é uma oportunidade para discutirmos com nossos alunos diversos pontos que os auxiliarão em sua formação integral. Pesquisa e conhecimento: Aqui é uma boa chance de ensinarmos aos alunos como navegar em sites de pesquisa, como escolher palavras-chave para pesquisas, como selecionar fontes confiáveis de navegação, leitura, informação. Abrir debates e reflexões sobre o que é o ato de curtir ou compartilhar algo. Qual é a nossa responsabilidade como educadores nesse momento?
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Como trabalhar o fenômeno das fake news na sala de aula
• Discutir sobre os boatos propagados nas redes, mostrando os sites que fazem verificação de notícias falsas. • Abrir espaços para reuniões com os familiares para falar sobre boatos criados nos grupos de WhatsApp das famílias a respeito de assuntos relacionados à escola e aos alunos. Como podemos criar grupos reais de diálogo? • Estabelecer grupos de verificação de boatos. Evitar espalhar notícias falsas. Ler e pesquisar antes de passar informações para frente. • Fazer campanhas na comunidade escolar sobre boatos. • Desenvolver projetos interdisciplinares nos quais sejam debatidos assuntos dos componentes curriculares relacionados a boatos que foram responsáveis por situações ruins ou transformações na sociedade, como os casos citados anteriormente.
• Podem ser usados projetos literários baseados em obras como o clássico O Alienista, de Machado de Assis. Aqui podemos comparar a obra com o fenômeno das vacinas, por exemplo. • É muito importante que alunos em época de vestibular e Enem sejam orientados a se atualizar por fontes seguras, nunca por redes sociais, ao se prepararem para as redações e avaliações. Cada dia mais, vemos pessoas se informando apenas pelas redes sociais e abrindo espaço para a indústria de fake news. Logo, precisamos combater esse fenômeno incentivando a pesquisa por informações de qualidade, a leitura crítica, a análise e o entendimento dos fatos de acordo com nosso conhecimento de mundo, evitando as armadilhas das notícias falsas e ajudando a impedir sua disseminação.
Vamos evitar as fake news • Não compartilhem manchetes sem ao menos ler a matéria. • Não encaminhem áudios e vídeos que não sejam de fontes confiáveis. • Evitem participar de correntes on-line. • Fiquem atentos ao endereço do site onde está a informação.
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• Não confiem apenas no logo do site, pois ele pode ter sido copiado indevidamente. • Listem os veículos confiáveis e usem-nos como fontes de informação. • Busquem ler a mesma notícia em mais de uma fonte para verificar sua veracidade.
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ProfaªMa Tatiana Pita Possui graduação em Pedagogia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Especialização em Psicopedagogia, UNIP. Mestre em Educação pelo programa História, Política e Sociedade, PUC-SP. Doutoranda no programa de Tecnologia da Inteligência e Design Digital, pela PUC-SP. Professora da graduação do curso de Pedagogia e da pós-graduação das áreas de Educação. Coordenou o curso de Pedagogia da Faculdade Método de São Paulo. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Métodos e Técnicas de Ensino. Atua como contadora de histórias (eventos e formação). Assessora pedagógica e supervisora em Editoras, com experiência na formação de professores nas redes pública e privada, treinamento de equipe comercial e produção de materiais didáticos.
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