Fé e cidadania Arcebispo de Sorocaba critica exclusão social
Trânsito caótico Acidente mata motorista perto da CNH/Case
Em pauta Apex retoma negociação e greve é suspensa
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Informativo do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região
Nº 862 2ª edição de abril de 2017 Rua Júlio Hanser, 140 Lageado - Sorocaba/SP
CEP 18030-320 Filiado a CUT, CNM e FEM
GREVE GERAL O Brasil vai parar! Sorocaba também!
Nossa categoria vai participar!
Centrais, sindicatos, associações e movimentos sociais estão unidos na organização da greve geral de 28 de abril na região de Sorocaba. Os metalúrgicos aprovaram a participação na greve durante ato público no dia 4 de abril. Em assembleias esta semana trabalhadores de várias empresas do setor estão reafirmando a disposição de participar da paralisação. A greve será a forma mais eficiente da sociedade ser ouvida por aqueles que estão tentando acabar com os direitos dos brasileiros. Saiba nesta edição como participar e como denunciar patrões que tentarem coibir os trabalhadores e trabalhadoras que pretendem aderir a esse grande movimento nacional em defesa das leis que protegem os direitos adquiridos da população. PÁG. 4
Arquivo SMetal / Foguinho
Dia 28 está chegando
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Folha Metalúrgica - Abril de 2017 - Ed. 862
editorial
Compromisso de Temer é com o mercado financeiro A cada dia que passa fica mais claro tanto para trabalhadores e estudantes quanto para empresários do setor produtivo que o governo ilegítimo de Michel Temer tomou o poder para atender aos interesses do mercado financeiro, dos rentistas e especuladores. Essa é a cara atual da direita mais selvagem, gananciosa, imediatista, exploratória e desumana. O capital, a riqueza, ainda que mal distribuída, é a razão de existir da direita. Sempre foi. Mas hoje em dia ela está extrapolando todos os limites. E no Brasil, Temer e seus aliados são os representantes desse modelo cruel e predatório de poder. Sendo o mercado financeiro o setor capitalista mais forte hoje, é a ele que golpistas como Temer e seus aliados atendem quando chegam no poder. Os interesses dos rentistas (que ficam bilionários vivendo de renda) é que serão prioritariamente atendidos com a destruição que a turma do Temer quer promover na estrutura de direitos e garantias sociais. Atualmente, as maiores fortunas mundiais são de empresários que detém ações de empresas dos mais variados ramos, em qualquer parte do planeta. Não são fabricantes de um produto ou de uma marca específica. Warren Buffet, por exemplo, tem a segunda maior fortuna mundial, de acordo com a Forbes. Ele tem investimentos em empresas que vão da indústria de transformação, à aeronáutica, fundos de pensão, cartões de cré-
A proteção da indústria nacional, aliada ao fortalecimento do mercado consumidor interno, não são prioridades para os golpistas dito, produtos de higiene e gêneros alimentícios. Para essa modalidade de empresário, as leis trabalhistas, sociais e previdenciárias — bem como os serviços públicos — são obstáculos ao lucro rápido e prático. O que interessa para eles são os resultados das empresas que eles controlam, e não a vida das pessoas que nelas trabalham ou os direitos dos habitantes dos países onde elas estão instaladas. É com esse perfil de capitalista que o governo Temer dialoga. É o interesse deles que os golpistas representam. É por isso que o governo Temer é incapaz de proporcionar desenvolvimento e fomentar a produção no Brasil. A proteção e evolução da indústria nacional, aliada ao fortalecimento e democratização do mercado consumidor interno, não são prioridades para os golpistas. Por isso, muitos empresários do setor produtivo, do comércio e dos serviços também estão descontentes com a consequência do golpe que levou a turma do Temer ao poder quase absolu-
to no Brasil. Muitos deles, sem perspectivas de retomada do negócio, estão torcendo para que a greve do dia 28 seja bem sucedida. Os únicos a ganhar com a política de Temer são rentistas e especuladores que tiram e põem fortunas em ações de mercado, que por sua vez controlam conglomerados de empresas nas mais diversas áreas, seja na produção, no comércio ou na prestação de serviços básicos e estratégicos, como saúde, educação, energia, previdência privada, bancos estatais que financiam projetos habitacionais e agrícolas, sistemas de correios, entre outros. Vem daí a grande vontade de Temer, do PSDB e demais partidos aliados de sucatear serviços públicos e privatizar o Brasil. Se o futuro com isso for caótico, tanto faz para eles. Afinal, terão prestado o serviço que prometeram a quem os levou ao poder. Os rentistas terão acumulado a riqueza que queriam para dezenas de gerações futuras de seus descendentes. No Brasil, esse conluio conta com o apoio da chamada “grande mídia”, que agora deverá engordar seus caixas com dinheiro público, pago pelo governo federal, para veicular comerciais em defesa das reformas. A resposta clara a todos os que sustentam esse ataque contra a população brasileira é não vacilar nem decepcionar a classe trabalhadora no dia 28 de abril. É aderir com consciência e vontade à greve geral.
entrevista Novo arcebispo de Sorocaba fala sobre a Reforma da Previdência Em entrevista à Imprensa SMetal no dia 4 de abril, o novo arcebispo de Sorocaba, Dom Júlio Endi Akamine (foto), defendeu a nota publicada pelo Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que critica a Reforma da Previdência, proposta pelo presidente Michel Temer (PMDB). Segundo o arcebispo, o posicionamento da CNBB vem num momento bastante oportuno, especialmente porque as informações sobre a real situação da Previdência são muito contraditórias. Ela apontou ainda que a discussão acerca da Reforma da Previdência não deve ser de cunho político, partidário ou ideológico, o que, na sua visão, prejudica os mais pobres. “Se trata de um embate público e a igreja participa de modo pleno, de modo cidadão, visando o melhor para o país, para que a gente não siga a lógica da exclusão das pessoas”, afirma. Dom Júlio assumiu a arquidiocese sorocabana há pouco mais de um mês. Leia a matéria completa em www.smetal.org.br
urgente Reforma Trabalhista pode ser votada a qualquer momento Os deputados da base aliada do governo Temer (PMDB) estão realizando manobras legislativas para apressar a votação da Reforma Trabalhista (PL 6787/2016). O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), inclusive, tentou aprovar o regime de urgência da proposta nesta terça-feira, dia 18, mas foi derrotado. Três deputados da Região Metropolitana de Sorocaba votaram a favor da urgência. Foram eles: Vitor Lippi (PSDB), Herculano Passos (PSD) e Missionário José Olímpio (DEM).
Os outros dois — Jefferson Campos (PSD) e Guilherme Mussi (PP) — não votaram. Os dirigentes do SMetal alertam que os ataques aos direitos dos trabalhadores podem ser efetivados a qualquer momento. Além da participação nos atos contra as reformas e na greve geral do dia 28 de abril, o SMetal orienta os metalúrgicos a procurarem os deputados federais eleitos pela RMS e pressioná-los para que eles parem de votar contra os trabalhadores.
Comunicação SMetal
DEBATE EM SOROCABA • Seguindo as orientações da CNBB, o Conselho Paroquial Pastoral (CPP) da Paróquia de Nossa Senhora da Rosa Mística, que fica na Avenida Itavuvu, em Sorocaba, realizará um debate sobre a Reforma da Previdência. A atividade acontece no dia 27 de abril, às 19h30, e é aberta ao público em geral.
Diretoria Executiva SMetal Presidente: Ademilson Terto da Silva Vice Presidente: Tiago Almeida do Nascimento Secretário Geral: Leandro Cândido Soares Administrativo e de Finanças: Alex Sandro Fogaça Secretário de Organização: João de Moraes Farani Diretor Executivo: Joel Américo de Oliveira
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greve
Após 10 dias de greve, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT - 15ª Região) orienta a Apex Tool para que negocie as reivindicações dos trabalhadores com o Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal). A orientação partiu do desembargador Samuel Hugo Lima, do Tribunal Regional do Trabalho (TRT - 15ª Região), em conjunto com o procurador do Ministério Público do Trabalho, Dimas Moreira da Silva, durante audiência de conciliação realizada no dia 11. A agenda de negociação da pauta foi construída pela diretoria do Sindicato com a empresa, após assembleia com os trabalhadores, no dia 12, que aprovou a suspensão da greve como contrapartida à negociação. De acordo com Silvio Ferrei-
ra, diretor executivo do SMetal e membro do Comitê Sindical de Empresa na Apex, serão quatro encontros, programados para os dias 18 (realizado neste terça), 20, 24 e 25 de abril. “A proposta do TRT é clara. A greve está suspensa. Não está terminada. Temos essa agenda, com quatro datas agora em abril, para chegarmos a um acordo que garanta os direitos dos trabalhadores. Caso contrário, a paralisação poderá ser retomada”, ressalta Silvio.
Reivindicações
Os metalúrgicos da fabricante de ferramentas em Sorocaba reivindicam negociar o plano de saúde, trocado recentemente de forma arbitrária pela empresa; a qualidade do transporte dos funcionários; o plano de cargos e salários que a
Foguinho
Apex Tool deve cumprir agenda de negociação
Assembleia: Trabalhadores suspenderam greve após audiência no TRT, que aconteceu dia 11
SAIBA MAIS Apex não quer cumprir este ano; e a correção do vale-compras, que não foi reajustado em 2016. Caso haja acordo entre as partes no prazo de 15 dias, o TRT deverá ser comunicado. Caso contrário, a greve poderá ser retomada e o Tribunal poderá julgar o caso.
JURÍDICO
Acidente fatal evidencia riscos entorno da CNH/Case
Metalúrgico é reintegrado à Federal-Mogul
Acidente que matou um motorista de caminhão, na rua lateral do Centro de Distribuição da CNH (Case New Holland), no Éden, na quinta-feira, dia 13, evidencia situação precária no entorno da fábrica, que fica na zona industrial de Sorocaba. O motorista – que não teve a identidade revelada, mas não mora em Sorocaba – estava descendo do caminhão para entrar na CNH, na rua doutor Jurgem Ulderup, quando foi atropelado por um motoboy, por volta das 10h. Os motoristas chegam a ficar dias na rua à espera de serem chamados para carregar os caminhões com máquinas e equipamentos. O presidente eleito do SMetal, Leandro Soares, afirma que foram feitas várias notificações para as empresas e também para o poder público referente aos riscos que poderiam ocasionar essa situação. A Case New Holland tem aproximadamente 1500 trabalhadores e fabrica equipamentos agrícolas e o Centro de Distribuição, em Sorocaba, distribui peças e equipamentos para todo o Brasil e também para fora do país.
O metalúrgico Alexandre Vitorino Ramos de Camargo (foto) foi reintegrado à empresa Federal-Mogul, antiga Honeywell, na terça-feira, dia 11, após ação movida pelo departamento jurídico do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal). Alexandre começou a trabalhar na empresa em 2004 e foi demitido em março de 2012, mesmo apresentando sintomas de Lesão por Esforço Repetitivo (LER). Quando foi dispensado exercia a função de operador de máquina e sofria de dores lombares e no ombro direito. Em junho de 2013, o departamento jurídico do SMetal entrou com ação judicial para que o Alexandre fosse reintegrado com base na cláusula 38 da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) do Grupo 3, que garante emprego ao trabalhador vítima de acidente ou doença ocupacional, até a aposentadoria. Segundo o advogado Lucas Mendes, a decisão sobre a reintegração é via liminar. A ação principal já tem sentença favorável ao trabalhador na 2º Vara do Trabalho em Sorocaba, mas tanto a empresa quanto o jurídico do SMetal recorreram para a segunda instância (TRT) por discordarem de alguns itens da sentença. A Federal-Mogul fabrica autopeças, está instalada na zona industrial de Sorocaba e conta com cerca de 130 trabalhadores.
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ZONA INDUSTRIAL
• A primeira reunião da diretoria do SMetal com a empresa ocorreu na manhã de terça-feira, dia 18 de abril • Os trabalhadores entraram em greve porque, além de trocar o convênio sem conversar sobre eventuais prejuízos aos trabalhadores, a empresa afirmou que não vai cumprir este ano a grade salarial
notas Mais essa agora Os ataques contra os direitos trabalhistas não param. O Projeto de Lei do Senado 218/2016 (PLS 218), que tramita rápido no Congresso, institui o “contrato intermitente”. Por essa modalidade de contrato, que pode ter duração de meses, o trabalhador será pago apenas pelas horas que trabalhar. Ele poderá ser escalado com 24 horas de antecedência. Se ele quiser fazer “bico” para outro contratante nos intervalos, terá que pedir autorização para quem o contratou primeiro.
Fórum é lançado contra as reformas Para fortalecer a luta sindical contra as reformas Trabalhista e Previdenciária, além da terceirização irrestrita, foi criado o Fórum Interinstitucional de Defesa do Direito do Trabalho e da Previdência Social de Sorocaba e Região (FIDE). Criado no dia 10, na sede do SMetal, o Conselho Sindical Regional Sorocaba, que é composto por sindicatos com base na região e as respectivas centrais sindicais às quais são filiados, o FIDE se propõe a atuar permanentemente em defesa dos direitos dos trabalhadores. Leia mais no portal www.smetal.org.br
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mobilização
Entidades organizam a greve geral do dia 28 na região Até terça-feira, dia 18, não havia atos públicos programados para o dia 28. Segundo a organização, o clima predominante nas ruas deve ser de silêncio. “Ruas, comércio e máquinas silenciosas deverá ser a mensagem da população em todo o Brasil contra as reformas trabalhista e previdenciária”, avalia Terto.
Foguinho
Centrais sindicais, sindicatos, associações e movimentos sociais de Sorocaba e região estão intensificando, a partir desta semana, a divulgação da Greve Geral do dia 28 de abril junto ao público que representam. A orientação do SMetal, que participa dos fóruns locais de debates sobre a data, é que as pessoas se engajem na greve, que terá caráter nacional, não saindo de casa para o trabalho, para a escola ou mesmo para fazer compras. Na categoria metalúrgica, a greve já foi aprovada em ato público, próximo à alça da Castelinho, no dia 4 de abril. “Pelo nível de engajamento que temos percebido até agora, não haverá nem carrinho de cachorro quente nas ruas. A população está muito indignada com os ataques que o governo vem fazendo contra os nossos direitos básicos” afirma Ademilson Terto da Silva, presidente do SMetal e coordenador regional da CUT.
Assembleias
Para reafirmar a disposição da categoria metalúrgica em participar do movimento, esta semana o SMetal começou a realizar assembleias preparatórias nas fábricas do setor. Na assembleia os dirigentes sindicais lembram aos trabalhadores a importância que a paralisação terá para impedir que os projetos de retirada de direitos sociais, trabalhistas e previdenciários sejam aprovados no Congresso e sancionados pelo presidente ilegítimo Temer. Membros da organização da greve, no entanto, afirmam que no dia 28 haverá grupos de militantes
Metalúrgicos: Categoria tem reafirmado participação na greve durante assembleias nas fábricas
percorrendo regiões comerciais e industriais para explicar os motivos da paralisação e pedir que as pessoas participem do protesto. Dirigentes sindicais metalúrgicos também vão percorrer os corredores que dão acesso às empresas. As entidades que organizam a greve na região de Sorocaba estão reunidas em dois fóruns de planejamento: a Frente Brasil Popular (FBP) e o Fórum Interinstitucional
de Defesa do Direito do Trabalho e da Previdência Social de Sorocaba e Região (FIPE).
Denúncias
A organização pede também que a população denuncie empresas e patrões que forcem os trabalhadores a furar a greve. O SMetal terá um plantão para atender essas denúncias, que poderão ser feitas pelo telefone 3334-5426.