Acordo Adicional retroativo beneficia 164 na Metso
Campanha Salarial Sindicatos da FEM se reúnem sábado no ABC
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Jaraguá e Metso Dois metalúrgicos são reintegrados ao trabalho PAG. 8
Informativo do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região
Nº 867 1ª edição de junho de 2017 Rua Júlio Hanser, 140 Lageado - Sorocaba/SP
CEP 18030-320 Filiado a CUT, CNM e FEM
CONTRA OS ATAQUES GOLPISTAS
Daniela Gaspari
Movimentos provam capacidade de resistência
Participantes de movimentos sociais e de centrais sindicais que estiveram em Brasília no dia 24 de maio para pedir a saída de Temer e protestar contra as reformas Trabalhista e da Previdência enfrentaram uma prova de resistência diante da repressão do governo. A passeata pela cidade transcorreu sem problemas e cerca de 200 mil pessoas, de todos os estados, idades e categorias profissionais, lotaram uma das principais avenidas da capital federal.
Mas quando se aproximaram da sede do poder, tomada pelo governo golpista, foram recebidos à base de bombas de gás e balas de borracha. O saldo foi de 49 manifestantes feridos, inclusive um atingido no pescoço por munição letal. Mas a truculência de Temer e aliados não intimidou participantes de outro grande ato pelas Diretas Já, que aconteceu domingo, 28, no Rio de Janeiro. PÁG. 4 e 5
FORA TEMER
EM CINCO MESES
Direção do SMetal toma posse em dia de luta
PPR da categoria injeta R$ 35 milhões na região
Como a luta pela democracia e pela manutenção dos direitos dos trabalhadores não pode parar, a nova diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) participou do ato em Brasília no dia 24 de maio e, após enfrentar a repressão do governo Temer, foi empossada na própria capital federal para dirigir a entidade pelos próximos três anos. PÁG. 7
A primeira parcela dos acordos de Programa de Participação nos Resultados (PPR) firmados de janeiro a maio deste ano, por meio de negociação entre o SMetal e 22 empresas do setor, soma R$ 35,5 milhões. Essa quantia foi paga a 9.380 metalúrgicos e ajudou a aquecer a economia local. A segunda parcela será paga no início de 2018. PÁG. 3
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editorial
Unir e resistir para avançar e vencer Quem lê, ouve e vê notícias por veículos de comunicação não-golpistas, do Brasil e do exterior, está ciente de que o governo Temer, mesmo ilegítimo, ataca física e moralmente seus opositores, destrói direitos adquiridos da população, corrompe e é corrompido, mantém relações suspeitas com membros dos poderes Legislativo e Judiciário, entre outras condutas deploráveis que não apenas emperram, mas retrocedem em décadas o desenvolvimento do Brasil. O cenário caótico atual é um resultado costumeiro de governos golpistas. É essa a faceta verdadeira da direita. Sempre foi. Com Temer não é diferente. Para quem não é refém dos órgãos de comunicação convencionais, os acontecimentos de Brasília, durante o ato do dia 24, ajudaram a expor ainda mais essa forma de atuar da direita usurpadora. Imagens abertas da passeata, como as divulgadas pela Imprensa SMetal, revelam o quanto são absurdas as estimativas de público divulgadas por alguns jornais, que contavam 25 mil pessoas no ato. A própria Polícia Militar chegou a estimar, no início da tarde, 150 mil participantes. Número que, horas mais tarde, por motivos não explicados, foi reduzido pela corporação. Já a organiza-
As sementes do ódio que se infiltram nas manifestações e nas redes sociais foram plantadas por golpistas ção do movimento contabilizou 200 mil pessoas. Os golpistas têm a certeza de poder contar com veículos de imprensa como a Globo, a Veja, os jornalões Folha de SP e Estadão, entre outros, para encobrir a truculência policial e focar as notícias em ações isoladas de Black Blocks. Anos atrás, vândalos também agiram de maneira irresponsável, mas tiveram bem menos destaque nas notícias sobre o ato. Justamente o oposto do que aconteceu na semana passada, durante a manifestação contra Temer, por eleições diretas e contra as reformas. As sementes do ódio que se infiltram nas manifestações e nas redes sociais foram plantadas por golpistas, coxinhas e equivocados. Dessas sementes germinaram vândalos de atos públicos e o caos social, político e econômico de hoje. Diante do panorama sinistro que ajudaram a
criar, agora alguns golpistas tentam tirar o corpo fora e fazer pose de críticos do governo. A partir das delações e gravações dos donos da JBS, as organizações Globo (TV, rádio, jornal e editora) passaram a ensaiar uma campanha pelo Fora Temer. Mas é prudente tomarmos cuidado com as intenções dessa mudança de postura. Como o presidente ilegítimo está em situação insustentável, tanto política quanto moralmente, há uma facção da direita disposta a dispensá-lo para que seja substituído por outro representante das grandes corporações. Mas a troca se daria por eleições indiretas e sem renovação do Congresso, onde a maioria dos deputados e senadores ainda atende muito bem aos interesses do Capital, nacional e internacional. Tanto para barrar as reformas como para tirar Temer do poder e forçar a realização de eleições diretas já, é necessário o aumento cada vez maior do engajamento popular. E isso já vem acontecendo, como demonstraram a greve geral de abril e os atos deste mês em Brasília e no Rio de Janeiro. Desde já, parabéns e saudações a quem tem coragem de promover a unidade da classe trabalhadora, de resistir aos ataques dos golpistas para avançar e vencer em benefício da democracia, dos direitos adquiridos e da justiça verdadeira a todos os brasileiros
debate Foguinho
João Batista Desembargador do Trabalho é homenageado pela Câmara trabalho do desembargador. “Trata-se de uma justa homenagem a um sorocabano ético e idealista, que engradece a terra em que nasceu com seu incansável trabalho em prol da Justiça e em defesa da dignidade dos trabalhadores”. Nascido em Sorocaba, João Batista Martins César tomou posse em 2013 como desembargador do TRT da 15ª Região. Mestre em Direito pela Universidade Metodista de Piracicaba, fez cursos de especialização na Universidade de Sevilha, na Espanha, e é autor do livro “A Tutela Coletiva dos Direitos Fundamentais dos Trabalhadores” e de vários artigos especializados. Secom Câmara Municipal
Pela importância do trabalho desenvolvido em defesa dos direitos dos trabalhadores e no combate ao trabalho escravo e infantil, o desembargador João Batista Martins César, do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (TRT15), foi homenageado com Título de Cidadão Emérito sorocabano. De iniciativa do vereador Francisco França (PT), a solenidade aconteceu na última terça-feira, dia 30, na Câmara Municipal, e contou com a presença de várias autoridades do Judiciário paulista e de representantes de diversos setores da cidade. Em seu discurso, França afirmou ser um grande admirador do
O NEGRO E O MERCADO DE TRABALHO: O educador e militante de movimentos sociais, Douglas Belchior, esteve no SMetal Sorocaba, no dia 20 de maio, para falar sobre a história do negro no Brasil e o mercado de trabalho. Durante o debate, ele criticou ainda as reformas Trabalhista e da Previdência: “Tudo o que acumulamos de vitórias, de garantias sociais e direitos trabalhistas, nós estamos correndo o risco de perder e voltar no tempo em 100 anos”. O debate contou ainda com a presença da Secretária da Mulher da FEM/CUT, Andrea Ferreira de Sousa.
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Folha Metalúrgica Impressão: Bangraf Publicação: Semanal Tiragem: 30 mil exemplares
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participação nos resultados
Antecipação de PPR injeta R$ 35 milhões na economia regional em cinco meses Até o dia 26 de maio, 9.380 trabalhadores (25% da base do SMetal) já foram contemplados com acordos de PPR
Foguinho
Até o dia 26 de maio, a diretoria do SMetal firmou 22 acordos do Programa de Participação nos Resultados (PPR), contemplando 9.380 trabalhadores. A primeira parcela totaliza R$ 35,5 milhões (61,8% do total). Conforme o economista da subseção do Dieese/SMetal Sorocaba, André Corrêa Barros, “esse montante impacta a economia e ajuda a aquecer comércio e setor de serviços”. Com a segunda parcela dos 22
Dieese: André Corrêa é economista
acordos firmados, até o início de 2018 serão injetados R$ 57,4 milhões, fruto do PPR parcial de janeiro a maio deste ano. Sem contar os acordos que serão fechados nos próximos meses. Segundo o economista da subseção do Dieese/SMetal Sorocaba, André Corrêa Barros, o número de metalúrgicos beneficiados até o momento representa 25% da categoria, formada por 36.800 trabalhadores na região.
Mais negociações
A nova diretoria, que foi empossada no dia 24 de maio para a gestão 2017-2020, continuará as negociações em outras empresas, de todos os portes, com a participação dos trabalhadores. O presidente do SMetal, Leandro Soares, ressalta que a mobilização e união dos trabalhadores é muito importante para as negociações do programa.
Metalúrgicos de mais seis fábricas conquistaram PPR nos últimos dias
Assembleia: Proposta de PPR foi aprovada pelos trabalhadores na Scórpios na sexta, dia 26
No dia 17, os trabalhadores da Johnson Controls aprovaram os valores do PPR para este ano e também 2018. Metalúrgicos das duas unidades da ZF, Metal Borracha, Bosch e Wobben aprovaram negociações do Programa de Participação nos Resultados (PPR), deste ano, em assembleias realizadas pelo SMetal, no dia 22. Na Wobben o aumento do PPR é de 12% em relação ao ano passado e a primeira parcela será depositada em 9 de junho. Já a segunda,
será feita em fevereiro de 2018. Nas ZF, Metal Borracha e Bosch foram fechados acordos para dois anos, sendo que a primeira parcela, de 50% do total, referente a 2017,será depositada em junho e a outra em janeiro de 2018. Já na sexta-feira, dia 26, os trabalhadores da Scórpios também aprovaram o PPR de 2017. A primeira parcela será paga em 5 de junho deste ano e a segunda, no dia 20 de fevereiro de 2018. Houve um aumento de 9,73% em relação ao valor do ano passado.
Trabalhadores da Metso conquistam adicional noturno retroativo a 2011 Acordo coletivo firmado entre o Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) e a Metso garante a 164 trabalhadores, das duas unidades, o pagamento do adicional noturno estendido após às 5h, retroativo a agosto de 2011 até agosto de 2016. Com o acordo, serão pago, os 35% de adicional das 22h às 6h, de agosto de 2011 a agosto de 2016. De 2016 para cá, a empresa já efetua o pagamento do adicional. Não há diferenciação de sócio
para não sócio do Sindicato. Para os funcionários que tiverem valores a receber até R$ 1.000,00, o pagamento será efetuado de uma só vez só. Acima desse valor, o pagamento será feito em duas parcelas, junto com o salário. No caso de demissão antes do pagamento da 2ª parcela, o pagamento da parcela restante será feito na rescisão. Os demitidos no período de agosto até maio deverão procurar diretamente a empresa para que a mesma efetue o pagamento.
Aprovação: Acordo foi discutido e aprovado pelos trabalhadores no domingo, 28, no SMetal
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diretas já
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O ato que a imprensa golpista não mostrou
Unidade: Multidão de defensores das eleições diretas e do fim das reformas caminhou pacificamente pelo Eixo Monumental, mas foi recebida com violência quando se aproximou da Praça dos Três Poderes
O presidente ilegítimo Michel Temer e o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), não tinham o direito de barrar à força uma manifestação popular legítima como a que aconteceu em Brasília no dia 24 de maio. O ato público conteve uma representação clara da diversidade da população brasileira. Cerca de 200 mil pessoas, do campo e da cidade, da indústria e do comércio, da iniciativa privada e do serviço público, de todas as idades e etnias, reuniram-se em Brasília para pedir a saída de Temer e para protestar contra as reformas trabalhista e previdenciária. Mas as decisões irresponsáveis e truculentas de Temer e Rollemberg transformaram as imediações do Congresso e do Palácio do Planalto em uma praça de guerra.
Atos isolados
Com exceção de um grupo formado por algumas dezenas de pessoas sem ligação com os mo-
vimentos que organizaram o ato, a imensa maioria dos participantes pretendia apenas ocupar a praça dos três poderes para manifestar sua indignação diante do caos que os golpistas impuseram ao Brasil. Porém a imprensa manipuladora transformou justamente a exceção em manchetes, dando destaque aos atos isolados e não ao volume e ao objetivo da manifestação: Fora Temer! Diretas Já! e não às reformas trabalhista e da previdência.
Marcha pacífica
A concentração de manhã, nas imediações do estádio Mané Garricha, foi marcada pela diversidade de movimentos, de perfis de público e de sotaques dos manifestantes. Todos os estados brasileiros estavam ali representados. Bandeiras e carros de som traziam mensagens de movimentos da juventude, dos negros, das mulheres, LGBT e de sindicatos das mais diversas categorias profissionais, incluindo alguns repre-
sentantes de policiais, como Polícia Rodoviária Federal e Polícia Prisional. A marcha de cerca de cinco quilômetros, pelo Eixo Monumental, até a entrada da Esplanada dos Ministérios, transcorreu de forma absolutamente pacífica.
Intimidação
Quando a passeata chegou na Esplanada, a mais de 1 km do Congresso, os manifestantes já começaram a sentir os efeitos das bombas de gás. Quem seguiu em frente para exercer seu direito a protestar contra o governo e a retirada de direitos da população, foi recebido com intimidação e repressão. Quem avançou ainda mais, no limite entre a Esplanada e a Praça dos Três Poderes, foi testemunha e vítima dos ataques que se viu nas redes sociais e nas TVs. Os órgãos da imprensa à serviço dos golpistas, porém, editaram as imagens para criminalizar todos os que participaram do ato, sem distinção.
Dezenas de milhares de pessoas se reuniram no domingo, dia 28, em Copacabana, para exigir a saída de Temer, o fim da truculência dos governantes, eleições diretas já e a paralisação das reformas que tramitam no Congresso Nacional. Assim como aconteceu quatro dias antes no ato em Brasília, a manifestação popular mereceu destaque na imprensa nacional como um gesto de repúdio ao golpismo que se apossou do Brasil no ano passado. A manifestação contou com a adesão de artistas como Caetano Veloso, Criolo, Mano Brown, Maria Gadú, Otto, Mart’nália, Wagner Moura, Antônio Pitanga, Osmar Prado, Daniel de Oliveira, Renato Góes, Humberto Carrão e Bete Mendes, entre outros.
Foto: Movimento Diretas Já
Manifestação no Rio também exige Fora Temer
Juntos pelas Diretas: Ato no Rio de Janeiro ocupou a praia e as ruas de Copacabana
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diretas já Paulo Andrade
Temer trata diversidade à base de bombas e balas
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Foguinho
A ação da PM de Brasília no dia 24 de maio foi violenta, desproporcional e covarde. Eram visíveis as atitudes de despreparo, desequilíbrio emocional ou de sede de violência por parte de alguns policiais. Bombas de gás e balas de borracha eram atirados à vontade contra grupos de manifestantes, mesmo que estivessem a dezenas de metros de distância e desarmados. Os ataques foram direcionados também contra repórteres de veículos de comunicação alternativos ou independentes. Muitos jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas foram atingidos. Inclusive repórteres da Imprensa SMetal ficaram sufocados com gás de pimenta e lacrimogêneo e um foi atingido na coxa por uma bala de borracha. No meio da tarde, bombas de gás já estavam sendo arremessadas para o alto com a intenção de caírem sobre as cabeças de manifestantes; e balas de borracha eram disparadas na altura do peito de pessoas que estavam a mais de 50 metros das barreiras policiais.
Desproporção
Houve sim, além de Black Blocks, raros episódios de astes de bandeiras e pedras do gramado lançados a dezenas de metros contra pelotões policiais que, apesar de portarem coletes, escudos, capacetes, máscaras de gás, escopetas, lança-bombas, cães e cavalos, reagiram como se estivessem sob fogo cerrado. No fim da tarde, helicópteros do polícia também passaram a despejar bombas de gás contra a multidão na Esplanada. O saldo da barbárie repressora de Temer e Rollemberg foi de 49 feridos atendidos (fora aqueles que tiveram ferimentos leves e não procuraram socorro). Um dos feridos foi atingido no pescoço por munição letal.
SAIBA MAIS Confira galeria de fotos e vídeos da cobertura do ato em Brasília dia 24 pela Imprensa SMetal. www.smetal.org.br
Foguinho
COMPARE
Antes a liberdade; agora a repressão Distância do povo
maio de 2017 Jessica Nascimento G1
dez. de 2015
dez. de 2015 Mídia Ninja
O recado dos golpistas foi claro: opositores do governo não poderiam chegar a menos de 300 metros da sede do poder. Vale lembrar que, em 2013 e 2015, os manifestantes anti-Dilma puderam ocupar a rampa e o teto do Congresso, banhar-se no espelho d’água e passear pelos gramados do Palácio do Planalto, tudo sob fartos elogios da imprensa golpista. Em 2015, os chamados “coxinhas” chegaram a queimar caixões de madeira, bandeiras, papel e outros materiais contra o PT a poucos metros do Planalto, sem quaisquer sinais de repressão. Dois anos depois dos atos de 2015 e um ano após o golpe, a PM e o Exército são acionados para deixar a democracia e as manifestações populares bem longe das sedes do poder no Distrito Federal.
Felipe Motoso G1
Diferente de 2013 e 2015, quando as pessoas tiveram liberdade para protestar contra o governo em Brasília, no dia 24 de maio de 2017 o povo foi tratado à base de bombas de gás, balas de borracha e ataques letais da polícia. No dia 25, Temer foi denunciado na ONU pela truculência inaceitável em um Estado Democrático de Direito. A denúncia foi apresentada por deputados federais da oposição. Diferente do que ocorreu antes do golpe que levou Temer ao poder, desta vez os órgãos tradicionais de imprensa falaram menos do público e dos motivos do protesto e mais das ações isoladas de Black Blocks. Quem acompanhou o ato da última quarta-feira, em Brasília, desde o início, como a imprensa SMetal e a própria diretoria da entidade, foi testemunha da injustiça criminosa cometida pelo governo contra a multidão.
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pressione os parlamentares
Julgamento de Temer Está previsto para ser retomado no próximo dia 6 o julgamento do processo de cassação da chapa DilmaMichel Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Porém, já especula-se que um dos ministros da Corte pode pedir vista para analisar com mais tempo o processo. O julgamento do TSE ganhou ainda mais importância após STF aprovar o pedido de investigação de Temer feito pela Procuradoria-Geral da República, após a gravação na qual o presidente confirma a compra de silêncio de Eduardo Cunha, feita pelo dono da JBS, Joesley Batista.
Mais doações do Grupo JBS Os deputados sorocabanos Jefferson Campos (PSD), federal, e Carlos Cezar (PSB), estadual, estão entre os 346 parlamentares e 28 senadores eleitos que receberam doações do grupo JBS nas eleições de 2014. De acordo com as prestações de contas, que constam no TSE, Jefferson recebeu da JBS, por meio do diretório estadual do PSD, o total de R$ 200 mil. Já Carlos Cezar recebeu R$ 100 mil, por meio do comitê financeiro único. Os donos da JBS denunciaram o pagamento de propina a políticos, inclusive ao presidente Michel Temer.
Retomada no Congresso a tramitação das reformas Trabalhista e Previdenciária, após ser suspensa devido a divulgação da gravação do dono da JBS, Joesley Batista, na qual o presidente Temer (PMDB) confirma a compra do silêncio de Eduardo Cunha. As propostas podem ser votadas já nas próximas semanas. Aprovada na Comissão Especial sobre o tema, a Reforma da Previdência (PEC 287) aguarda apenas ser colocada na pauta de votação do plenário. O presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM), já afirmou que isso deve ocorrer nas próximas semanas. Já a Reforma Trabalhista, após reunião tumultuosa da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado na semana passada, oposição e a base governistas fizeram um acordo nesta terça-feira, dia 30, adiando a votação do relatório para a próxima terça, 6. Nas contas do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar, os trabalhadores precisam
Foto: Roberto Parizotti / CUT
A Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou, por unanimidade, na quarta-feira, dia 31, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 67/2016, que estabelece eleições diretas se a Presidência da República ficar vaga nos três primeiros anos de mandato. A eleição direta ocorreria caso os cargos de presidente e vice-presidente fiquem vagos. A proposta segue para o plenário do Senado, onde será votada em dois turnos.
que três senadores da CAE mudem de voto para enterrar a proposta. O SMetal e a CUT orientam os trabalhadores que pressionem os parlamentares a votarem contra as medidas. “Nossa pressão tem de ser constante e ainda maior porque temos de barrar esses projetos do ilegítimo e corrupto Temer”, afirma Vagner Freitas, presidente da CUT.
LAVA JATO
FORA TEMER
Moro absolve esposa de Cunha e procurador contesta decisão
Nova greve geral contra as reformas deve acontecer em junho
A mulher do ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB), Cláudia Cruz (foto), foi absolvida pelo juiz Sérgio Moro na última quinta-feira, dia 25, dos crimes de lavagem de dinheiro e evasão fraudulenta de divisas em ação relacionada à Operação Lava Jato. De acordo com a denúncia feita pelo Ministério Público, Cláudia era a única controladora de conta da offshore Köpek, na Suíça, abastecida com pelo menos US$ 1 milhão relacionado ao pagamento de propina negociado por Cunha. Para Moro, não há prova suficiente de que ela teria agido com dolo e de que teria participado conscientemente do esquema. Em entrevista à agência Estado, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, da força-tarefa da Lava Jato, contestou a deliberação de Moro e afirmou que a decisão veio do “coração generoso” do juiz. Ele classificou ainda como “injustificável” a absolvição de Claudia e anunciou que vai recorrer da decisão.
A CUT e demais centrais sindicais aprovaram na última segunda-feira, dia 29, a realização de uma nova greve geral contra o governo Temer e as reformas Trabalhista e Previdenciária para o mês de junho. A data ainda será definida, mas deve ocorrer entre os dias 26 e 30, para acompanhar o calendário de tramitação das reformas. Na próxima segunda-feira, dia 5, os dirigentes devem se reunir novamente para, junto com movimentos sociais que integram a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo, definir detalhes da greve. A organização espera uma participação maior que a registrada no dia 28 de abril.
Mobilização
Além da greve, os sindicalistas afirmam que serão mantidas as manifestações nas bases eleitorais de deputados e senadores, para pressionar os parlamentares a defenderem que as propostas de reformas parem de tramitar no Congresso. Beto Romagnoli
Diretas já
Reformas podem ser votadas nas próximas semanas
Foto: Dida Sampaio/Estadão
notas
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em Brasília
Fotos: Foguinho
Diretoria do SMetal toma posse em dia de luta pela defesa dos direitos
Bom começo: Após enfrentarem a repressão de Temer e do governador do Distrito Federal, diretoria do SMetal tomou posse ainda no dia 24 de maio, à noite, na sede do Sindicato dos Professores em Brasília
Em um dia histórico de luta pela defesa dos direitos dos trabalhadores, na última quarta-feira, dia 24 de maio, a nova diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) tomou posse para gestão do triênio 2017-2020. A solenidade aconteceu em Brasília, no Sindicato dos Professores (Sinpro/CUT-DF), em função do protesto convocado pelos movimentos sociais e sindicais, que reuniu mais de 200 mil manifestantes contrários às reformas Trabalhista e Previdenciária, o governo de Michel Temer (PMDB), e clamando por Diretas Já. De acordo com o novo presidente do SMetal, Leandro Soares, o local da posse “não poderia ser outro”, visto a urgência da retomada da democracia no país. “Diante da crise política, com um presidente corrupto e ilegítimo, que está desperdiçando dinheiro público para aprovar a retirada de direitos via reformas trabalhista e previdenciária, a única saída para nós trabalhadores é ir para as ruas pressionar pelas eleições diretas”.
Após a manifestação, por volta das 21h, os 103 diretores tomaram posse no Sinpro, com a participação de diversos representantes sindicais, como Paulo Cayres, da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT), e de sindicatos parceiros, inclusive de Sorocaba, que também foram à luta em Brasília, como Rodoviários, Vestuário e dos Jornalistas, entre outros. Para dar apoio à nova gestão, o deputado federal Vicentinho (PT), que trabalhou como metalúrgico em São Bernardo do Campo e foi presidente do sindicato da categoria no ABC e da CUT Nacional, reforçou a importância da luta sindical, principalmente neste momento tenso pelo qual o país está passando, de repressão e criminalização aos movimentos sociais e sindicais.
Data marcante
A dirigente do Sinpro (DF), Rosilene Correa Lima, destacou as circunstâncias da posse SMetal. “Este dia foi um marco na vida de cada um de nós. O Brasil deu demonstração de muita
força. Os dirigentes metalúrgicos de Sorocaba vieram para a luta em Brasília e tomam posse nesta data histórica. E tem muita gente nova tomando posse para sua primeira gestão. Juntos formarão um time de primeira linha”. Dos 103 diretores que tomaram posse, 21 assumem mandato pela primeira vez, representando renovação de 20,4% na diretoria da entidade.
Posse ao vivo
A posse contou com transmissão ao vivo pela internet, via página do SMetal no Facebook (www.facebook.com/ smetalsorocaba) e contabilizou mais de duas mil visualizações e 7.500 pessoas alcançadas.
NOVA DIRETORIA Os nomes e cargos de todos os membros da nova diretoria do SMetal (gestão 2017-2020) estão disponível em www.smetal.org.br/diretoria
Orgulho para os metalúrgicos “Os metalúrgicos de Sorocaba e região são motivo de orgulho para nossa confederação, por exercer de fato a política da CUT. E não tem DNA melhor da política da CUT do que estar presente na luta em defesa dos direitos sociais, trabalhistas e previdenciários”, afirmou Paulo Cayres, presidente da
Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT). Ademilson Terto, ex-presidente do SMetal, ressaltou o orgulho de passar a gestão para Leandro, com o sentimento e comprometimento de defesa da classe trabalhadora. “Desejo muito sucesso e empenho para todos. Quero
“Eu só posso me sentir extremamente recompensado e energizado por saber da escolha de vocês. É um batismo de luta, que demonstra porque os metalúrgicos de Sorocaba e região são motivo de orgulho para nossa confederação”, Paulo Cayres, Presidente da CNM/CUT
dizer para o Leandro que não tenho dúvida nenhuma de que esse sindicato continua com todo o comprometimento de 1983, quando a entidade foi tomada das mãos dos pelegos, ainda durante a ditadura militar. Como naquela época, com união, a gente conquista a democracia novamente para este país”.
“Esse momento ficará marcado na história desse Sindicato e de cada dirigente. Sempre que lembrarmos desse dia 24 de maio de 2017, da nossa posse, vamos lembrar do enfrentamento que fizemos em Brasília na defesa dos direitos da classe trabalhadora”, Leandro Soares, presidente do SMetal.
“Além de barrar essas reformas que estão colocadas pelo Temer, nós temos uma missão maior que é de resgatar novamente o Estado Democrático de Direito neste País”, Ademilson Terto da Silva, ex-presidente do SMetal.
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jurídico
SMetal reintegra metalúrgicos na Metso e na Jaraguá O Departamento jurídico do Sindicato conseguiu reintegrar ao trabalho dois trabalhadores que estão em tratamento de saúde cimento do convênio médico, visto que o trabalhador precisa continuar o tratamento de saúde. Ele fez cirurgia para retirada de câncer da próstata, em outubro de 2016. A advogada do SMetal, Erika Mendes, ressalta que, na Metso, não é o primeiro caso de trabalhador demitido portando doença grave. Em 2015, a justiça concedeu a reintegração imediata de outro funcionário com câncer.
Foguinho
O Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), por meio do departamento jurídico, conseguiu reintegrar ao trabalho, no dia 23, um metalúrgico da Metso. O trabalhador, contratado em 2005, desempenhava a função de operador de transporte interno e foi demitido em março deste ano, apesar de estar em pleno tratamento contra um câncer. De acordo com os princípios da dignidade humana e da Súmula 443, do Tribunal Superior do Trabalho (TST), presume-se discriminatória a despedida de empregado portador de doença grave que suscite estigma ou preconceito, como é o caso do câncer. Além da imediata reintegração, para a mesma função que desempenhava, a liminar concedida pela justiça também garante o reestabele-
Doença ocupacional
O auxiliar técnico de acabamento Vanderlei de Jesus foi reintegrado na manhã de terça-feira, 30, na empresa Jaraguá. Na função desde 2008, ele utilizava lixadeira para fazer o acabamento de solda e adquiriu doença ocupacional, prejudicando os membros superiores (ombros, cotovelos e também punho direito). Mesmo
Justiça: Ação do SMetal comprovou que Vanderlei, da Jaraguá, tem sequelas de doença ocupacional
assim, foi demitido pela empresa em 2012. Conforme explica a advogada do SMetal, Flávia Machado de Arruda Franques, a decisão definitiva da
justiça reconheceu a sequela com incapacidade parcial para o exercício da função original. A empresa vai alocar o trabalhador numa função compatível.
IMPASSE
RESISTIR PARA CONQUISTAR
Trabalhadores em transportes de Sorocaba aprovam estado de greve
Metalúrgicos da FEM/CUT realizam plenária da Campanha Salarial
Os trabalhadores em transportes urbano, rodoviário e fretamento de Sorocaba e de Votorantim rejeitaram a contraproposta patronal de 2,5% de reajuste salarial e aprovaram, por unanimidade, o estado de greve. A paralisação já pode ter início 72h após a notificação de greve, que foi protocolada nas empresas na quarta-feira, 31. A decisão pela greve aconteceu em assembleias realizadas na terça, dia 30, às 10h e às 18h, na sede do Sindicato dos Rodoviários, em Sorocaba, que contou com a participação de mais de 800 trabalhadores. A data-base da categoria é 1º de maio. Os trabalhadores reivindicam reposição da inflação, mais aumento real de 6%. “Os trabalhadores estão cons-
Em meio à crise política instalada pelo governo ilegítimo de Michel Temer (PMDB), com projetos de retiradas de direitos, os Metalúrgicos da CUT São Paulo realizam debate no próximo sábado, dia 3, sobre a Campanha Salarial de 2017. Cerca de 150 dirigentes dos sindicatos da base da FEM/CUT vão discutir, no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, os desafios da categoria e como enfrentar os ataques colocados para a classe trabalhadora na Plenária Estatutária da entidade. As sugestões de cláusulas que foram recebidas das entidades também serão debatidas pelos participantes. A FEM-CUT/SP representa quase 200 mil metalúrgicos no
Fabiana Caramez
cientes do difícil momento político e econômico e sabem da importância da unidade e luta para a conquista de um bom aumento salarial. Nossa assembleia foi representativa e, mais uma vez, a categoria deu o recado aos empresários: terá enfrentamento!”, resume o presidente do Sindicato, Paulo João Estausia.
72h: Aviso de greve foi aprovado nesta terça
estado de São Paulo. A atividade vai contar com uma análise econômica do Dieese. Neste ano, a campanha salarial será marcada por forte resistência contra a terceirização e as reformas da previdência e trabalhista, que estão tramitando no Congresso. Por ser uma das mais fortes e amplas do país, as convenções coletivas dos metalúrgicos devem receber cláusulas de proteção. “Nós sabemos que, depois de financiar o golpe em 2016, a FIESP está cobrando a conta que é justamente essa pauta de retirada de direitos da classe trabalhadora. A Campanha vai demandar muita resistência, unidade e luta de toda categoria”, explica o presidente da FEM-CUT/SP, Luiz Carlos da Silva Dias, o Luizão.