Boletim Técnico 002 - Amarração de Equipamentos para Transporte

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BOLETIM TÉCNICO 002

AMARRAÇÃO DE EQUIPAMENTOS PARA TRANSPORTE

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N. Veloso N. Veloso Elaborado por

03/11/2021 10/09/2021 Data

Inclusão itens 3.5, 4.3 e 5. Alteração itens 3.3.5, 3.3.6 e 4.1. Obs.


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AMARRAÇÃO DE EQUIPAMENTOS PARA TRANSPORTE Assunto:

ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 2 2. AMARRAÇÃO ........................................................................................................... 3 2.1. Riscos ............................................................................................................................ 3

3. ACESSÓRIOS DE FIXAÇÃO .......................................................................................... 5 3.1. Cabos de aço ................................................................................................................. 5 3.1.1. Esticador de cabo de aço ...................................................................................... 5 3.1.2. Cordoalha de aço .................................................................................................. 6 3.2. Cordas............................................................................................................................ 6 3.3. Cintas têxteis ................................................................................................................ 6 3.3.1. Requisitos de segurança ....................................................................................... 8 3.3.2.Etiqueta de identificação ....................................................................................... 8 3.3.3.Catracas de cinta .................................................................................................. 8 3.3.4.Terminais de amarração ....................................................................................... 9 3.3.5. Proteções ............................................................................................................. 9 3.3.6. Manutenção das cintas ........................................................................................10 3.4. Correntes ......................................................................................................................11 3.4.1. Tensionador de corrente .....................................................................................11 3.4.2. Manutenção de correntes ...................................................................................11 3.5. Calços de rodas ............................................................................................................11

4. COMO FAZER A AMARRAÇÃO .................................................................................13 4.1. Meios de fixação da carga ........................................................................................... 13 4.2. Cálculo da amarração .................................................................................................. 16 4.2.1.Exemplo ............................................................................................................... 17 4.3. Casos específicos ......................................................................................................... 18 5. REFERÊNCIAS........................................................................................................................ 19 ANEXO 1 – Coeficientes de atrito estático e dinâmico de alguns materiais usuais ................... 20 ANEXO 2 – Coeficientes de aceleração no transporte rodoviário ............................................. 20 ANEXO 3 – Modelo de Ficha Técnica de Amarração de Carga ...................................................21

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1. INTRODUÇÃO As máquinas são definidas como cargas indivisíveis, ou seja, que não podem ser divididas em partes para fins de transporte. O transporte desse tipo de carga normalmente requer condições especiais referentes a percursos, horários, velocidade, sinalização, escolta e outras medidas necessárias. A amarração de máquinas é fundamental para garantir a segurança do transporte do equipamento. Se a carga não estiver bem amarrada, o risco de danos à carga e/ou acidentes envolvendo o veículo transportador ou outros veículos que estiverem trafegando pela rodovia, têm grande chance de ocorrer e precisam ser evitados. Para que a amarração seja feita adequadamente, é necessário que os envolvidos tenham o treinamento adequado dos procedimentos operacionais e das técnicas de inspeção e validação dos acessórios de amarração. É comum se ver nas estradas caminhões transportando cargas pesadas com cintas e cabos afrouxados. Numa frenagem, a carga solta corre o risco de se movimentar em direção à cabina, podendo causar danos significativos a ela e a seus ocupantes. Se os pontos de fixação não tiverem resistência suficiente, poderão se romper ou entortar, causando também movimentação da carga. A mudança na distribuição de peso poderá levar à queda da carga ou ao tombamento do veículo. Para podermos compreender por que ocorrem acidentes, é preciso antes entender quais são as forças que atuam sobre a carga, a distribuição do peso, a estrutura do veículo de transporte, os acessórios utilizados e os pontos de conexão na carroceria do veículo. Ao arrancar, frear ou fazer curvas, serão criadas cargas dinâmicas que atuam nas pessoas, no veículo e na carga. Conhecendo esses esforços, poderemos executar uma amarração segura e evitar perdas, que podem ser:    

Materiais, tais como equipamentos, cargas, edificações, instalações, redes urbanas, etc. Indiretas, como atraso nas entregas, lucros cessantes, processos jurídicos, etc. Humanas, representadas por mortes, mutilações, invalidez, ferimentos de maior ou menor gravidade. Legais, representadas por ressarcimentos, indenizações e outros.

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2. AMARRAÇÃO Hoje em dia é comum se ver cabos de aço, cordas, correntes e, mais recentemente, cintas de amarração para fixar cargas em veículos. Mas não basta dispor de acessórios de qualidade se estes não estiverem em boas condições e não forem utilizados corretamente. A norma ABNT NBR-15883 estabelece os conceitos, planejamento e forma de cálculo para execução de uma amarração que permita evitar o desprendimento ou movimentação da carga durante o transporte, que poderá causar danos à carga e a seus ocupantes, acidentes com outros veículos ou tombamento do veículo transportador. O resultado de sua aplicação serão condições mais seguras de tráfego nas pistas. Essa norma é complementada pela Resolução 552 do CONTRAN, modificada pela Resolução 676, que fixa os requisitos mínimos de segurança para o transporte em veículos de carga. Segundo a mesma, todas as cargas transportadas devem estar adequadamente amarradas, ancoradas e travadas na superfície de carregamento do veículo, de modo a impedir movimentos relativos em situações como manobras bruscas, solavancos, curvas, frenagens ou desacelerações repentinas. Para tanto, devem ser utilizados dispositivos de amarração como cintas têxteis, correntes ou cabos de aço, com resistência à ruptura de pelo menos duas vezes o peso da carga, bem como dispositivos adicionais como barras de contenção, trilhos, malhas, redes, calços, mantas de atrito, separadores, bloqueadores, protetores, etc. Os veículos do tipo prancha ou carroceria aberta que transportem equipamentos, máquinas, veículos ou qualquer outro tipo de carga fracionada deverão amarrar cada unidade com os acessórios indicados, ancorados nos pontos de amarração da estrutura metálica, em pelo menos quatro pontos, que receberão os terminais dos acessórios de amarração (ganchos, manilhas e outros). A resistência desses pontos deverá ser compatível com os esforços máximos atingidos durante o transporte. O fator de segurança deverá ser, no mínimo, 2. Recomenda-se que as empresas que executem amarrações de carga com frequência tenham essas normas e resoluções em seus acervos, para consulta quando necessário.

2.1. Riscos Os principais riscos associados à amarração malfeita da carga se referem ao veículo, à própria carga, ao entorno e às pessoas envolvidas, e envolvem: 

  

Possibilidade de danos pessoais graves ou fatais devido ao tombamento ou deslizamento da carga, queda por falta de força de tensão devido a equipamento defeituoso, ruptura ou defeito nos meios de tensão. Lançamento ou deslocamento da carga em estradas ou vias, podendo atingir edificações, outros veículos e estruturas como túneis, pontes, etc. devido a deficiências na amarração ou uso de sistemas de fixação inadequados ou defeituosos, ou que não permitam movimentar as cintas adequadamente. Tombamento e/ou capotagem do veículo em curvas ou manobras bruscas. Deslocamento da carga tornando a distribuição de peso desigual, podendo causar acidente. Possibilidade de projeção da carga sobre a cabina do veículo. 4


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  

Possibilidade de contato com redes de transmissão de energia elétrica. Riscos na descarga devido a amarração inadequada, mau dimensionamento dos equipamentos de apoio e redução da tensão nas cintas. Cortes ou esmagamento nas mãos e braços devido ao contato com os cantos vivos da carga.

Antes de liberar a tensão de amarração, deve-se confirmar se a carga está estável e se não há risco de deslizamento ou queda durante a operação. Durante o transporte, pode ocorrer o afrouxamento da tensão da carga devido à acomodação, variações de temperatura ambiente e outros fatores. Por essa razão, deve-se inspecionar frequentemente a carga, executando-se, quando necessário, novo tensionamento dos elementos de fixação, conforme sugerido no item 4.1.

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3. ACESSÓRIOS DE FIXAÇÃO Os acessórios de fixação devem ser de marca idônea e trazer indicação permanente e visível do fabricante, com indicação da carga máxima de trabalho admissível, data de fabricação, lote, código de rastreabilidade e normas que são atendidas. Deve-se exigir o certificado de garantia do fabricante. A capacidade de carga (resistência à ruptura por tração) deve ser, no mínimo, duas vezes a carga.

3.1. Cabos de aço Os cabos de aço para amarração de cargas devem ser inspecionados e estar em bom estado. Cabos danificados ou oxidados, com olhais ou presilhas danificados, com redução de diâmetro, ruptura de pernas ou amassamentos devem ser descartados. Os cabos não devem ser torcidos nem utilizados em cantos vivos. O uso de laços com grampos Crosby (clips) não é recomendado para esta aplicação, uma vez que os esforços são grandes e pode ocorrer escorregamento. Normalmente, os veículos de transporte de máquinas possuem pontos de amarração. É preciso que os cabos sejam sempre fixados em locais com resistência suficiente. De acordo com a Resolução 552 do CONTRAN é proibido o uso de pontos de fixação em madeira ou que estejam fixados nas partes de madeira da carroceria Os cabos de aço trabalham com catracas fixas e, muitas vezes, em combinação com cintas e correntes.

3.1.1. Esticador de cabo de aço

Figura 1 – Esticador de cabo de aço É um produto bastante versátil para uso na amarração de uma determinada carga. Pode servir como suporte ou gancho para o maquinário, uma vez que está sempre conectado a outros acessórios.

3.1.2. Cordoalha de aço

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Da mesma forma que os cabos de aço, são um conjunto de fios entrelaçados. Normalmente, a cordoalha de amarração pode ter até sete fios, servindo somente para esse fim. Difere dos cabos de aço por utilizar arames bem mais densos. São muito usadas no transporte de blocos de concreto e não podem ser usadas em içamento.

3.2. Cordas O uso de cordas para amarração de cargas de qualquer tipo foi proibido pela Resolução 552 do CONTRAN. De acordo com essa resolução, a partir de 01/01/2017, as cordas só podem ser utilizadas para fixação da lona de cobertura. Assim, não vamos nos estender em detalhes para seleção de cordas (rendimento, seção mínima de 12 mm, uso de cordas trançadas, não ter nós, etc.)

3.3. Cintas têxteis São fios trançados, normalmente de fibras artificiais (usualmente poliéster ou poliamida), que trabalham em conjunto com catracas de tensionamento.

Figura 2 – Amarração com cintas têxteis

Figura 3 – Cintas pesadas e catracas 7


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As larguras mais comuns variam entre 25 e 100 mm. As cintas de 50 mm têm capacidade de carga de 2 a 2,5 ton, e as de 100 mm são usadas para cargas acima de 5 ton. Os conjuntos de amarração podem ser de dois tipos: 

Direta, composto por uma cinta formada por uma parte fixa e outra móvel, com elementos de tração e terminais.

 Figura 4 – Fixação direta 

Envolvente, composto por uma cinta e um elemento tensionador (esticador ou catraca) com terminais, quando requeridos.

Figura 5 – Fixação envolvente Para evitar imprevistos:     

Use sempre a cinta correta para sua carga. Escolha um produto que esteja dentro das normas e tenha certificado de garantia. Verifique o estado de conservação, desgaste e danos aparentes (perfurações, desfiamentos, danos químicos, deformações). Não dê nós na cinta. Não confunda as cintas de amarração com as de elevação de carga, que possuem outras características. Conjuntos de amarração não podem ser usados para elevação de cargas. Inspecione sempre a carga antes de iniciar o transporte.

Em algumas aplicações, é interessante proteger os pontos de inflexão e cantos vivos da carga com cantoneiras plásticas (deslizadores), que asseguram uma melhor distribuição da força ao longo da carga e evitam danos nas cintas (v. item 3.3.5).

3.3.1. Requisitos de segurança Quando submetidas a uma força de 1,25 CMT1:   

Todos os componentes metálicos não podem apresentar deformação ou defeitos que afetem sua função. A deformação permanente em relação ao eixo longitudinal não pode ser maior que 2% da largura. Não pode ocorrer falha nas costuras nem deslizamento da fita no dispositivo de tração.

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Capacidade máxima de trabalho (máxima força permitida para o trabalho de um conjunto de amarração no sentido longitudinal, respeitando o fator de segurança (NBR 15883-1).

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No ensaio (v. NBR-15883-2), todas as peças devem suportar duas vezes a CMT. O alongamento não pode ser maior que 7% do comprimento original.

3.3.2. Etiqueta de identificação As etiquetas devem estar de acordo com o disposto na NBR-15883-2. Todos os conjuntos de amarração devem estar etiquetados em todas as suas partes. As etiquetas devem estar sempre limpas e legíveis, e devem conter, no mínimo, as seguintes informações:        

Carga máxima de trabalho (CMT) Modelo e identificação individual Fabricante (ou importador) e data de fabricação Código de rastreabilidade Matéria prima da cinta Força de tensão nominal e manual Norma aplicável Fator de segurança

3.3.3. Catracas de cinta As catracas de cinta podem ser fixas ou móveis. O tensionamento da cinta é feito, respectivamente, por uma alavanca ou um punho.

Figura 6 – Catraca fixa

Figura 7 – Catraca móvel com punho

As catracas não devem estar posicionadas entre os pneus do veículo, pois essa posição traz maior risco. Devem ser inspecionadas, limpas e lubrificadas antes de cada utilização para confirmar se não foram danificadas, se estão em condições de uso e se a trava de segurança encaixa por gravidade entre os dentes de travamento. Devem ser armazenadas em local protegido e arejado (para evitar mofo). O funcionamento das catracas, mostradas na figura anterior, é simples:  

Antes do tensionamento, deve-se passar o excesso de cinta pela fenda do tambor. O tensionamento deve se iniciar com 2,25 giros da cinta em torno do tambor. Quando a cinta estiver totalmente tensionada, deverão permanecer duas a três voltas no tambor (4 a 6 camadas de cinta).

Nas catracas fixas, deve-se segurar firmemente a alavanca quando liberar o tensionamento para evitar a liberação brusca da tensão. 9


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As catracas móveis devem ter um sistema de travamento e devem ser construídas de modo a impedir o desprendimento do punho.

3.3.4. Terminais de amarração Os terminais de amarração colocados nas extremidades das cintas não podem ter cantos vivos nem fissuras, deformações ou defeitos que possam prejudicar sua atuação e, consequentemente, a segurança da amarração.

3.3.5. Proteções São usadas para evitar cortes ou reduzir a abrasão das cintas quando usadas em cargas com cantos vivos 2 ou superfícies ásperas. Normalmente são constituídas por luvas (de poliéster, aramida ou correia laminada) ou cantoneiras rígidas de plástico. As luvas podem ser simplesmente corrediças ou, dependendo do material, costuradas lateralmente ou no corpo da cinta. As cantoneiras são usadas para fitas com largura acima de 50 mm, aplicadas sobre os cantos vivos, aumentando a área de contato com a amarração e protegendo a cinta e a carga. Cintas de amarração sem proteção não podem ser usadas em cantos vivos ou superfícies ásperas (p.ex. concreto)Características dos materiais aplicados nas proteções: Propriedade

Poliéster

Aramida

Temperatura ambiente Resistência a abrasão Resistência a cortes Resistência a intempérie Resistência a produtos químicos

<100 oC ótima muito boa ótima muito boa

<300 oC muito boa muito boa ótima muito boa

Correia laminada <100 oC ótima ótima ótima muito boa

Poliuretano <100 oC ótima ótima boa ótima

O uso das proteções aumenta significativamente a vida útil e a segurança das cintas, além de evitar acidentes e danos na carga.

3.3.6. Manutenção das cintas As etiquetas de identificação devem estar limpas e legíveis. A falta da etiqueta em qualquer componente torna o produto proibido para uso, devendo ser descartado ou encaminhado ao fabricante para revalidação. Devem conter as informações relevantes citadas no item 3.3.1 e outras, conforme item 8.1 da NBR 15883-2.

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Pode-se definir como cantos vivos os pontos em que a área de contato da cinta com a carga forma um raio inferior à largura da cinta.

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Devem também estar acompanhadas por um certificado emitido pelo fabricante, com todas as informações pertinentes. Na inspeção das cintas, tensionadores e terminais, deve-se verificar a ocorrência de danos como fissuras, trincas, amassamentos, rupturas, corrosão, redução da área metálica (máximo 10% no diâmetro e 5% nas demais medidas), deformações do tambor da catraca, desgaste das engrenagens da trava de segurança e outros. As cintas não podem ter cortes, abrasões, ruptura de costuras, desfiamentos ou danos causados por solda, queimadura ou ataque químico. Além das inspeções rotineiras, deve-se manter registros das inspeções, feitas ao menos uma vez por ano, conforme norma. Recomenda-se, contudo, inspecionar com maior frequência, dependendo das condições locais e de uso dos conjuntos. Deve-se verificar a ocorrência de abrasão, cortes transversais ou longitudinais (se constatados, recolher a cinta e providenciar o descarte) e de danos nas ferragens de fixação, verificando alongamentos, amassamentos, trincas e outros danos mecânicos.

3.4. Correntes As correntes devem ser de aço de alta resistência (no mínimo grau 8) e devem ser inspecionadas antes de cada utilização. Normalmente são tensionadas por dispositivos específicos (v. item 3.4.1). Correntes com amassamentos, deformações, corrosão acentuada ou nós devem ser sumariamente descartadas.

3.4.1. Tensionador de corrente São dispositivos tipo catraca ou alavanca utilizados para o tensionamento de correntes de amarração de cargas pesadas. O tensionador de alavanca é indicado para aplicações que não necessitem de alto grau de tensionamento. O tensionador de catraca é aplicado em correntes de grau 8, em amarrações que requeiram maior tensionamento e resistência. Há diversos modelos, mas o conceito é sempre o mesmo.

Figura 8 – Tensionadores de corrente 11


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3.4.2. Manutenção de correntes As correntes devem ser inspecionadas ao menos uma vez por ano, recomendando-se maior frequência quando forem usadas com cargas altas ou em ambientes agressivos. Devem ser substituídas quando seu diâmetro médio em qualquer ponto tenha tido uma redução igual ou superior a 10% de seu diâmetro nominal. Devem também ser substituídas quando apresentarem elos dobrados, amassados, torcidos ou com entalhes, trincas ou alongamentos acima de 5% no passo interno.

3.5. Calços de rodas Embora a norma não tenha previsão de uso desse dispositivo para amarração, mas somente para manter a máquina ou veículo estacionado em caso de avaria ou acidente, podem ser usados calços fixados no piso da carreta como medida complementar de segurança na amarração de máquinas sobre pneus. Os calços normalizados, de utilização obrigatória em veículos com semirreboque ou reboque, devem fazer parte do conjunto de acessórios do veículo, na seguinte quantidade: Caminhão ou trator com semirreboque........................................................ 2 Caminhão com reboque (Romeu e Julieta), bitrem ou rodotrem ................. 4 Tritrem ........................................................................................................... 6 Outros veículos de transporte, inclusive utilitários ........................................ 2 A Figura 9 mostra as dimensões e tipos mais comuns de calços para rodas de caminhão.

Figura 9 – Exemplos de calços

No caso de auxílio suplementar à fixação de máquinas para transporte, as proporções podem ser mantidas, alterando-se as dimensões em função do tamanho dos pneus.

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4. COMO FAZER A AMARRAÇÃO A situação de maior risco no transporte de cargas é a de frenagem brusca. O objetivo da amarração é impedir que a carga se desloque em situações como essa, evitando acidentes e garantindo a integridade da carga e a segurança das pessoas envolvidas. Em situações de maior responsabilidade é fundamental atender às diretrizes da norma NBR-15883 Parte 1 (cálculo de tensões). O posicionamento e a distância entre os elementos de fixação devem ser definidos antes do tensionamento dos conjuntos de amarração. Antes de executar a amarração, é necessário tomar alguns cuidados gerais, tais como:     

Certificar-se de que não há nenhuma peça solta. Usar equipamento de proteção individual (EPI). Certificar-se que o engate do veículo está funcionando perfeitamente. Avaliar o peso e as dimensões do produto antes de carregar. Nunca alterar as características originais dos acessórios de amarração.

Em seguida, deve-se levantar as forças decorrentes de freadas, arrancadas, aclives, declives e lombadas. O conhecimento das forças de atrito entre as cargas e o veículo é importante para se estabelecer o valor da força restritiva. É preciso levar em conta, em alguns casos, a influência do vento e da inclinação da pista. Em qualquer situação, não se deve exceder as cargas de trabalho dos elementos utilizados. Além de reduzir a possibilidade de avarias, a correta distribuição da carga no veículo evita a sobrecarga dos eixos, o desgaste prematuro dos pneus, freios, molas, amortecedores e outros componentes e assegura maior estabilidade e aderência, além de reduzir o consumo de combustível. A altura máxima é regulamentada. Caso fique acima vos valores indicados, deve-se executar uma verificação do trajeto e entrar em contato com as concessionárias de redes aéreas, para que acompanhem a movimentação do equipamento. Finalmente, deve-se dar especial atenção aos pontos sensíveis, como hastes de pistões hidráulicos, mangueiras, fiação elétrica e outros, buscando-se sempre evitar danos aos componentes e/ou superfícies.

4.1. Meios de fixação da carga Conforme Resolução 552 do Contran, cargas indivisíveis requerem no mínimo quatro pontos de amarração e utilização de cintas têxteis, cabos de aço, correntes ou a combinação desses itens. Existem basicamente dois métodos de fixação da carga no veículo: amarração por atrito e amarração direta.

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Figura 10 – Tipos de amarração Na amarração por atrito, a carga é pressionada contra o veículo através dos conjuntos de amarração, aumentando o atrito e permitindo manter a carga na posição mesmo durante uma frenagem brusca. Na amarração direta, a carga é fixada diretamente entre os pontos de ancoragem (na carga e no veículo), sem aumento do atrito. A carga é presa pelos pontos de ancoragem, que combatem os esforços de deslocamento horizontal e/ou diagonal. É possível utilizar ambos os sistemas em conjunto. Um fator importante a considerar é o ângulo de amarração α, diretamente relacionado com a eficácia da amarração. O ideal é ter um ângulo de 90º, que não oferece redução da capacidade do acessório utilizado.

30

15

75

90 100

60 80

%

45 60

40

Eficiência

Ân gu lo de am arr aç ão

ângulo de amarração

20

0

Figura 11 – Influência do ângulo na eficiência de amarração Deve-se buscar sempre manter o centro de gravidade o mais baixo possível. Contudo, as características da carga definem essa posição e permitem muito pouca variação. Quando forem usadas correntes, deve ser feita uma amarração em “X” na frente e na traseira da máquina, que pode ser presa no pino de reboque.

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Figura 12 – Amarração em “X” na traseira Para maior proteção do motorista, recomenda-se usar 3 tensores puxando a carga para trás e 2 puxando a carga para a frente.

Figura 13 – Amarração com correntes e tensionadores (v. também fig.8) Alguns equipamentos possuem orientações nos manuais referentes à posição adequada e aos dispositivos necessários para garantir a fixação correta. Os equipamentos normalmente possuem também uma indicação clara dos pontos de amarração e içamento. Se houver necessidade, podem ser soldados vergalhões em pontos da estrutura da máquina e no piso da carreta. Esta é uma simples recomendação para avaliação, uma vez que não há nenhuma regulamentação a respeito. É importante lembrar que há procedimentos a serem tomados para executar soldas na máquina, para evitar danos aos componentes eletroeletrônicos. Após o início do transporte, recomenda-se inspecionar periodicamente a fixação da carga, para evitar sua movimentação caso ocorra algum afrouxamento. Sugerimos executar uma primeira inspeção uma hora após o início da movimentação, fazendo-se os reapertos necessários. A partir dessa inspeção inicial, sugerimos uma nova verificação a cada três horas. É importante lembrar, contudo, que cada carga tem suas características específicas, que poderão demandar inspeções mais frequentes. Assim, o motorista deve estar sempre atento ao posicionamento da carga e a eventuais anormalidades que, se constatadas, deverão implicar a parada imediata do veículo e a correção da amarração antes que a situação se agrave.

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4.2. Cálculo da amarração O cálculo da amarração deve sempre levar em conta as diretrizes, determinações e fundamentação teórica da NBR-15883. O meio mais comum de amarração no transporte de máquinas é o de fixação direta por dispositivos de fixação (v. figura 10). Por essa razão, vamos detalhar apenas essa solução, para transporte rodoviário, embora as demais constem em detalhe na referida norma. Caso haja necessidade de maior precisão ou se use a amarração diagonal, recomendamos consultar a NBR15883-1 item 6. Recomenda-se ainda executar o cálculo e manter registros similares aos dos planos de rigging, usados para elevação de cargas. As variáveis a serem consideradas em cada situação estão indicadas na tabela a seguir. Variável Coeficiente de atrito (ꙡ) Peso da carga (m) Força de tensionamento (STF) do conjunto de amarração Resistência de carga (CMT) do conjunto de amarração Coeficiente de aceleração longitudinal Coeficiente de aceleração diagonal Ângulo longitudinal (α) Ângulo transversal (β) Centro de gravidade O dimensionamento envolverá:   

Amarração Amarração por atrito direta x x x x x x x x x x x x x

Cálculo da força necessária que o conjunto deve exercer para fixar a carga. Decisão sobre o uso de cantoneiras ou deslizadores de proteção Cálculo da quantidade de conjuntos necessários, com base no STF

Conforme a norma, no caso de amarração por atrito temos: ( cx,y - ꙡD.cz) m Força de tensão: FT = --------------------------k. ꙡD.sen α ( cx,y - ꙡD.cz) m Quantidade de amarrações: n = -------------------------k. ꙡD.sen α. FT 1 m ( cx,y h - cz ) FT mínima para evitar tombamento: FT = ---- ------------------------------------------2 (k – 1) w sen α – (2-k) h cos α onde:

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w = largura da carga h = altura da carga FT = força de tensão (fixação) c = coeficiente de aceleração em cada sentido (v. Anexo 2) ꙡD = coeficiente de atrito dinâmico (v. Anexo 1) m = peso da carga em kg k = fator de amarração – considerado 1,5 (somente um dispositivo de tração sem deslizadores em cada amarração. Se for usado um dispositivo de tração e houver dois ou mais deslizadores, considerar 2,0) α = ângulo base n = número de amarrações No caso de amarração diagonal, a CMT é definida através da equação: 2 (cosα.cosβx,y + ꙡD.senα) CMT > (cx,y - ꙡD.cz)m Onde: CMT = capacidade de amarração cx, cy e cz = coeficientes de aceleração (v. Anexo 2) βx = ângulo longitudinal βy = ângulo transversal Para mais detalhes, consultar a NBR-15883-1 item 6.

4.2.1. Exemplo De um modo simplificado, a força de fixação pode ser calculada através da expressão: m (0,8 - ꙡ)

F = ----------------------k ꙡ sen α Onde: F = força de fixação (suficiente para evitar o deslocamento da carga) em kgf 0,8 = constante de ajuste de unidades Demais indicações: citadas anteriormente (item 4.2) Se considerarmos uma carga de 15000 kg numa superfície de contato de aço contra madeira (ꙡ = 0,3) e uma amarração com ângulo de 60o (sen α = 0,866), teremos uma força de: F= [15000 x (0,8 – 0,3)] / 1,5 x (0,3 x 0,866 ) = 19230 kgf 17


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Usando uma cinta com CMT de 5000 kg, haveria necessidade de 19230/5000 = 3,8, ou seja, 4 conjuntos de amarração. Se forem utilizadas cantoneiras ou deslizadores, o STF será o dobro e poderiam ser usados somente 2 conjuntos, se a norma permitisse. É preciso, contudo, avaliar cada caso. Por exemplo, se a carga for muito longa, será melhor ter mais amarrações de menor capacidade.

4.3. Casos específicos Alguns tipos de máquinas podem ser transportados com maior segurança se forem tomados alguns cuidados específicos. Não se trata de medidas normalizadas, mas simplesmente de boas práticas adotadas pelas empresas do ramo. Se o piso da carreta for de madeira com estrutura de aço, recomenda-se que máquinas de pneus sejam transportadas sobre os pneus, pois o atrito entre as superfícies será suficiente. O transporte sobre as patolas não é indicado, pois implicará um coeficiente de atrito menor, aumentando os riscos. Com respeito a máquinas de esteiras, pode-se observar na tabela do Anexo 1 que o coeficiente de atrito aço x madeira é maior que o aço x aço, ou seja, nesse piso é melhor transportar a máquina diretamente sobre o piso de madeira. Em piso de chapa, lisa ou multicrip, recomenda-se a colocação de pranchões de madeira ou mantas de borracha entre a esteira e o piso da carreta, para assegurar um coeficiente de atrito satisfatório. Em qualquer situação, contudo, é fundamental executar a amarração na forma indicada na norma e com tensão adequada, de modo a garantir a segurança no transporte.

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5. REFERÊNCIAS As referências utilizadas compreendem normas diversas, resoluções do Contran e textos de apoio publicados em sites ou blogs, como segue. DEUTSCHE INDUSTRIE NORMEN (DIN) EN 12195 – Partes 1 a 4. Standard for load restraining on road vehicles. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT) – NBR 15883- Cintas têxteis para amarração de cargas – segurança. Compreende duas partes: Parte 1 – Cálculo de tensões; Parte 2 – Cintas planas. ABNT, 2015 CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO (CONTRAN). Resolução 552. Requisitos mínimos de segurança para amarração das cargas transportadas em veículos de carga. CONTRAN, 2015. Revisada pelas Resoluções676, de 2017, e 831, de 2016. TECNOTEXTIL. Catálogo de amarração de cargas. WWW.AMARRAÇÃO DE CARGAS.COM.BR. Amarração de cargas indivisíveis. OPERACTION (blog). Amarração de máquinas – transporte em longas distâncias. MARTINS, Fernanda. Saiba qual a maneira correta de fazer a amarração de carga. Vida de caminhoneiro (blog), 2020. RIGGING BRASIL. Segurança na amarração de cargas. Rigging Brasil (blog), 2021.

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BOLETIM TÉCNICO

Nº: 002

AMARRAÇÃO DE EQUIPAMENTOS PARA TRANSPORTE Assunto:

ANEXO 1 – COEFICIENTES DE ATRITO ESTÁTICO E DINÂMICO DE ALGUNS MATERIAIS Combinação material x superfície de contato Madeira de corte Madeira contra madeira Madeira contra chapa de aço Madeira contra plástico Plástico contra madeira compensada Plástico contra chapa de aço Caixa de papelão Aço contra madeira Aço contra aço (oleoso) Concreto contra concreto, sem camada intermediária Armação metálica com camada intermediária de madeira (aço/madeira) Palete de madeira, aço ou plástico Palete de madeira aglomerada

Coeficiente estático 0,5 0,4 0,4 0,3 0,4 0,4 0,5 0,5 0,7 0,5

Coeficiente dinâmico 0,35 0,3 0,3 0,2 0,3 0,3 0,35 0,35 0,1 0,5 0,4 0,2 0,15

Para mais detalhes, v. anexos B e C da NBR-15883-1

1 ANEXO 2 – COEFICIENTES DE ACELERAÇÃO cx, cy e cz NO TRANSPORTE RODOVIÁRIO Direção Longitudinal Transversal

Cx horizontal Para frente Para trás 0,8* 0,5

Coeficiente de aceleração Cy transversal Deslizamento Tombamento 0,5

0,5 + 0,2**

Cz vertical (força p/ baixo) 1,0 1,0

Para mais detalhes, consultar NBR-15883-1 item 5 * Para caminhões e reboques, somente para transporte rodoviário em combinação com o coeficiente de atrito ** Somente para cargas instáveis

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BOLETIM TÉCNICO

Nº: 002

AMARRAÇÃO DE EQUIPAMENTOS PARA TRANSPORTE Assunto:

ANEXO 3 – MODELO DE FICHA TÉCNICA DE AMARRAÇÃO DE CARGA (Baseado no Anexo D da NBR 15883-1)

FICHA TÉCNICA DE AMARRAÇÃO DE CARGA Empresa: Endereço: Telefone: e-mail: Local do carregamento: Data do carregamento: Peso da carga, ton: Amarração no veículo:

Características da carga: ( ) Protegida com lona Características da superfície:

( ( ( ( ( ( ( ( (

Transporte por: ( ) Rodovia ( ) Mar ( )Hidrovia ( ) Aeronave ( )Transp. comercial No Nota Fiscal: No Conhecimento: Centro de gravidade frontal: ) Frontal ( ) Parede frontal ( ) Ponto de ancoragem ) Lateral ( ) Parede lateral ( ) Outros ) Amarração ( ) Calços ( ) Outros ) Metal ( ) Seca ( ) Cantos vivos ) Madeira ( ) Molhada Cantos vivos protegidos? ) Concreto ( ) Gordurosa ( ) sim ( ) não ) Metal ( ) Seca Coeficiente de atrito (v. ) Madeira ( ) Molhada Anexo 1): ) Concreto ( ) Gordurosa AMARRAÇÃO Quantidade CMT ou FT Equipamento usado

Tipo ( ) Diagonal ( ) Direta ( ) Bloqueio ( ) Combinada Ângulo de amarração por α= atrito: Esboço da amarração (ABNT NBR 15883):

Data:

Responsável:

Ângulos de amarração direta:

α= β=

Assinatura:

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