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CELEIRO DE ALTA TECNOLOGIA A

CONECTIVIDADE, AUTONOMIA, SUSTENTABILIDADE, DIVERSIDADE E INCLUSÃO SÃO

PONTOS QUE A

JOHN DEERE VEM

INVESTINDO PARA

SE TORNAR MAIS

DO QUE UMA

FABRICANTE DE MÁQUINAS

Por Melina Fogaça os 186 anos de história, a John Deere vem se reinventando como empresa para se tornar um centro de desenvolvimento de novas tecnologias, visando tornar os clientes mais rentáveis, produtivos e sustentáveis por meio do uso de equipamentos que utilizam, por exemplo, recursos de inteligência artificial para realizar as operações.

Essa é uma das premissas atuais da fabricante, que busca expandir sua atuação em P&D com investimento global diário acima de dois dígitos (em milhões de dólares) na área. Esses aportes já viabilizaram a implantação de um campo experimental, localizado próximo à cidade de Des Moines, capital do estado de Iowa, nos EUA, além de um centro de tecnologia e inovação que integra o ISG (Intelligent Solutions Group), situado em Urbandale, onde são desenvolvi- das novas tecnologias. “Temos como objetivo levar soluções de tecnologia para todas as máquinas, tanto as que saem de fábrica, quanto as antigas, além de outras cores (referindo-se a outras marcas) para todos os hectares e fazendas”, comenta Heather Richards Van Nest, diretora de sistemas de produção e agricultura de precisão da John Deere para a América Latina.

Conectividade

O projeto para alcançar essa meta é ambicioso, admite Heather. Segundo ela, a Deere conta atualmente com 500 mil máquinas conectadas, mas pretende atingir o número de 1,5 milhão até 2026.

De acordo com a executiva, a ideia é conectar máquinas, processos e serviços nas fazendas, incluindo todos os ativos que atuam na operação, desde a preparação do solo e o plantio até a pulverização e a colheita em diferentes tipos de culturas, como grãos finos, soja, milho, cana de açúcar e algodão, entre outras. “Como muitas fazendas ainda não têm conectividade, um dos projetos que estamos trabalhando é fazer com que a conectividade via celular chegue a mais locais, longe dos centros urbanos, além da conexão via satélite”, diz ela. “Esse seria o melhor dos mundos.”

Um dos passos da empresa para dar um destino certo a essa conectividade é centralizar as informações obtidas em campo. Nesse sentido, o Operations Center cumpre o papel ao oferecer uma plataforma aberta e gratuita para permitir que o agricultor possa planejar, monitorar e analisar tanto a propriedade quanto as máquinas e as operações, tudo simultaneamente. “No Operation Center, os dados ficam sempre disponíveis, sendo possível ao produtor monitorar como tudo está acontecendo na operação em dado momento, para tomar as melhores decisões sobre o que está acontecendo e o que ainda virá”, complementa Heather.

O foco na digitalização é patente, mas a John Deere promete ir além. Durante a feira de tecnologia CES 2022, realizada em Las Vegas, a fabricante mostrou ao mercado um trator autônomo que tem como base o modelo 8R. Segundo a executiva, o trator já vem sendo testado tanto nos EUA quanto no Brasil, prevendo que a automação seja expandida para todos os processos nos próximos anos. “É um trabalho em progressão”, afirma a executiva. “Iniciamos com pequenos grupos de clientes e vamos expandindo a automação, com um prazo ambicioso até 2030 para chegarmos a outras culturas e equipamentos.”

De acordo com o especialista brasileiro Felipe Santos, gerente de marketing global de linha de produtos digitais da John Deere, as tecnologias desenvolvidas pela marca são baseadas e adaptadas às necessidades dos clientes. Para ele, essas soluções serão apresentadas no decorrer do tempo, à medida que estiverem prontas. “Nosso objetivo é oferecer um sistema de produção totalmente autônomo em todas as máquinas”, comenta o executivo, que atua nos Estados Unidos desde 2021. “Mas nem todos os clientes necessariamente utilizarão esse tipo de tecnologia em sua integridade, pois os dois mundos continuarão a existir.”

Estrat Gia

Quem certamente deve utilizar as soluções é o agronegócio brasileiro, cuja força global é um fato inquestionável. Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA Brasil), o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro pode chegar a R$ 2,65 trilhões neste ano, ou 35,9% a mais que em 2022. Ainda de acordo com a CNA, o Brasil é hoje o 4º maior exportador mundial de produtos agropecuários, com aproximadamente US$ 100,7 bilhões em receitas, atrás apenas de União Europeia, EUA e China.

Nesse cenário, é nítida – e compreensível – a importância que a John Deere dedica ao mercado brasileiro. Para divulgar sua estratégia focada em novas tecnologias, a fabricante recebeu em agosto um grupo de cerca de 40 produtores agrícolas brasileiros, além de jornalistas – incluindo a Revista M&T – em sua sede, quando exibiu novas tecnologias em uma fazenda de teste localizada nas proximidades de Des Moines.

No campo de teste, foi possível acompanhar in loco como o trator autônomo atua. Segundo Van Nest, o trator é equipado com seis pares de câmeras que permitem a detecção de obstáculos em 360o ao redor da máquina, o que lhe confere capacidade de calcular com exatidão a distância em relação aos objetos ao redor.

Para Jeffrey Runde, gerente de entrega técnica de autônomos da John Deere, a autonomia é uma necessidade do mercado, em especial por concentrar energia e recursos nas funções prioritárias, além de expandir a janela operacional, ou seja, garantir a operação 24 horas por dia, 7 dias por semana, mesmo em condições de baixa visibilidade. “Com os equipamentos autônomos é possível garantir maior consistência ao resultado do trabalho e, assim, aumentar a produtividade”, diz o especialista.

Com o trator, que também opera sem a autonomia, o agricultor pode controlar a operação a distância por meio de um aplicativo no celular, assim como programar a rota, classificar terrenos transitáveis, visualizar a presença de postes, cercas e árvores e, em especial, garantir que o equipamento opere onde realmente deveria, com precisão de 1” (2,5 cm). “Basta ao agricultor configurar o trator para operação autônoma”, completa Runde.

Para o agricultor Henrique Cenci, com atuação no Distrito Federal e em Goiás, as margens financeiras das empresas estão cada vez mais baixas e, por isso, todos se mantêm constantemente em busca de máquinas mais eficientes. “A tecnologia vem contribuindo para sermos mais produtivos e lucrativos”, diz ele, também presente na comitiva brasileira. “A autonomia e a conectividade contribuem para que possamos sair do operacional e ficar na gestão, controlando as operações para ganhar tempo e, com isso, obter mais lucro.”

Intelig Ncia

Outra tecnologia apresentada em primeira mão aos produtores brasileiros foi o sistema See & Spray, que utiliza inteligência artificial para diferenciar uma erva daninha de uma cultura sadia, aplicando o defensivo específico no local. “O sistema consegue identificar se uma erva daninha está presente entre as linhas de cultura, competindo pelos recursos e diminuindo o potencial produtivo”, afirma Marcio Neutzling, líder de ges- tão de produtos de pulverização da John Deere. “O See & Spray aciona os bicos para que a erva daninha receba a dose necessária.”

Segundo Neutzling, o portfólio da empresa inclui três produtos na linha See & Spray, incluindo Select (lançado em 2021), Ulitmate (de 2022) e Premium (apresentado este ano). O

Foco Crescente Em Tecnologia E Inclus O Muda Perfil De Recrutamento

Visando atrair novos talentos dos grandes centros urbanos, há um ano a John Deere inaugurou um novo escritório em Chicago. Localizado na região do Fulton Market, antigo bairro de armazéns, hoje uma área empresarial, o escritório da John Deere é distribuído por quatro andares, com a capacidade para 150 funcionários, configurando-se como um novo centro de tecnologia da informação. “Em geral, as pessoas conhecem a John Deere pelos equipamentos, mas não sabem como as tecnologias funcionam”, afirma Crystal Jones, líder regional de aquisição de talentos da companhia. “Estamos buscando mudar essa visão, tornando a John Deere mais conhecida como uma empresa de tecnologia.”

Atualmente, o escritório de Chicago reúne 107 profissionais, voltados especificamente para as áreas de inteligência artificial, engenharia de dados e softwares, automação, big data e eletrificação. “Contamos com recrutadores para que possamos atrair talentos em tecnologia, pois o mercado está bem-competitivo nesse segmento”, diz Jones. Outro foco atual da empresa é a busca por diversidade e inclusão. Até pelo perfil tradicional, esse ponto ainda é um desafio dentro da companhia, afirma a diretora global de diversidade, equidade e inclusão, Johane Domersant, “Acredito que faço parte dessa transformação”, comenta Domersant, ela própria uma mulher negra, nascida e criada no Caribe. De acordo com ela, o perfil dos profissionais na área de tecnologia é muito diversificado, o que exige estratégias não só para atraí-los, mas principalmente mantê-los dentro da empresa. “Minha principal discussão com os líderes é fazer com que esses talentos cresçam dentro da companhia”, ressalta. “Afinal, a John Deere tem deixado de ser uma empresa industrial para se tornar uma empresa industrial inteligente, capaz de atrair diferentes talentos não apenas onde opera tradicionalmente, mas também externos, em diferentes áreas.” pulverizador Ultimate, ele descreve, conta com dois tanques separados –desde a entrada do produto no tanque até e saída no bico. “Com essa capacidade, conseguimos separar a aplicação de um herbicida residual aplicado em área total de um não residual, que é aplicado apenas onde está a erva daninha”, diz. “Assim, conseguimos ser mais efetivos quando separamos os dois no tanque.”

O sistema See & Spray, afirma o especialista, utiliza 36 câmeras acopladas na barra de pulverização que têm a capacidade de enxergar o que está acontecendo no campo, diferenciando o alvo por cores: verde (planta para cultivo) e marrom (erva daninha). “Temos observado mais de 2/3 de redução de volume de herbicida aplicado, contribuindo assim para que o produtor tenha diminuição de custos, produzindo mais com menos e, o mais importante, contribuindo para a sustentabilidade do negócio”, complementa Neutzling.

Além da configuração de fábrica, o pulverizador também oferece a possibilidade de aquisição de um kit para máquinas já em atuação, com câmeras e processadores oferecidos como opção para vários pulverizadores, sem a necessidade de aquisição de uma máquina nova. Disponível para comercialização na América do Norte, o sistema até o momento é treinado para identificar três culturas (algodão, milho e soja), mas com projeto de ampliação. “O sistema também está em teste no Brasil, visando adaptar-se ao cenário local, pois as formas da agricultura brasileira e americana são diferentes”, conta Neutzling. “Temos planos de lançamento no mercado brasileiro em breve, mas ainda sem uma data definida.”

Saiba mais: John Deere: www.deere.com

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