Passionate Addiction - Eden Summers (Reckless Beat 02)

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T.A.D

&

Rhealeza Traduções

Presents

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Sinopse Ele tem sido o seu desejo impossível. Não há um presente de feliz aniversário melhor do que um deus do rock voando milhares de quilômetros para surpreender uma mulher que ele nunca encontrou. Mas isso é exatamente o que acontece quando Gabi Smith convida seu melhor amigo para uma descontraída noite de meninas. Mas ela nunca esperou que realmente fosse encontrar o olhar de Blake Kennedy preso ao seu corpo na pista de dança. Ela é o seu tudo, mesmo quando ele nunca a viu. Gabi significa mais para Blake do que a própria vida. Ela é a sua força, a sua salvadora e a única pessoa que o ajudou a vencer seus demônios. Ninguém significa mais para ele do que o seu anjo. Então, quando as coisas entre eles começam a dar certo, ele está pronto para lutar pelo futuro que nunca pensou que mereceria. Segredos do passado dele vão ameaçar sua única chance no amor... Blake já percorreu um longo caminho – com a ajuda de Gabi – para deixar o 3


inferno de sua juventude para trás, mas, às vezes, as memórias não querem ficar enterradas. Determinado a se levantar sozinho pela primeira vez, Blake está disposto a esticar a verdade para evitar que seus problemas sobrecarreguem a mulher que ele adora.

Pequenas mentiras podem criar buracos negros em qualquer relacionamento. Só o tempo dirá se uma australiana com um coração de ouro perdoará o namorado bad boy ou se um segredo vai acabar com seu vício apaixonado.

Staff Tradução e Revisão Inicial TAD Revisão Final, Leitura Final e Formatação Rhealeza Disponibilização: TAD & Rhealeza Traduções 11/2017 4


Prólogo Lost: Tem alguém aí? Eu preciso de ajuda. Blake Kennedy digitou com as mãos trêmulas, esperando que uma das quatro pessoas on-line na sala de bate-papo lhe respondesse. Não houve qualquer conversa desde que se conectara havia cinco minutos, e ele começou a se preocupar se não iriam respondê-lo. Esta era a sua última opção. Sua única opção. Ele não sabia mais o que fazer. Ele não tinha ninguém a quem recorrer nem em quem confiar. Se ele não resolvesse seus problemas em breve, sua vida não valeria à pena. Modaroo: Eu estou aqui. Como posso ajudar? Ele descansou os dedos contra o teclado. A tatuagem preta e grossa nos nós dos dedos de sua mão direita zombava dele – Reckless1. Sem brincadeira. Ele deveria tatuar “imbecil” na outra mão. Lost: Eu preciso de uma distração. Não posso ter uma recaída. Eu

quero

uma

companhia

até

a

vontade

desaparecer. Os demônios estavam vencendo-o, ferindo-o, seduzindo-o, quase conseguindo arrastá-lo de volta para o lado negro. Ele deixou escapar um suspiro e limpou o suor de exaustão de sua testa. 1

Imprudente

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O anonimato da internet era o seu único consolo. Reuniões de apoio não eram uma opção, nem a reabilitação. Se os paparazzi ou qualquer pessoa descobrissem sobre o seu problema, ele seria banido da banda Reckless Beat e desonrado na frente de uma multidão em todo o mundo.

Modaroo: Eu posso fazer isso. Eu sou bastante experiente em conversar sobre coisas sem importância até que as pessoas durmam. É uma coisa feminina. Ele deu uma risada hesitante, mas o ruído saiu como um gaguejar meio louco. Isso foi bom, no entanto. Era um começo. A agitação em seu peito vacilou, acendendo uma centelha de esperança. Lost: Então você é uma mulher e desfruta de ficar acordada até tarde conversando em grupos de apoio de dependência de drogas? Você é uma mediadora ou uma usuária? Modaroo: Sim, eu sou mulher. A mais admirável e brilhante mulher que você vai conhecer. Mas não, eu não sou uma pessoa da madrugada. Eu amo dormir. Suponho que estou do outro lado do mundo para você. Eu vivo lá embaixo 2;)

E sim, eu sou uma mediadora.

O celular de Blake vibrou na almofada do sofá ao lado dele com uma chamada recebida. Ele se esticou para agarrá-lo e abafar o pequeno barulho. O 2

O termo “Down Under” é um coloquialismo referindo-se à Austrália. É um termo utilizado majoritariamente pelos australianos, norte-americanos e europeus a fim de atribuir um apelido engraçado ao país que possui todo o seu território no sul do Hemisfério Sul, normalmente usando o termo “The Land Down Under”, ou “As Terras Lá Embaixo”.

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laptop oscilou em suas coxas, ameaçando cair. —Merda. —Segurando o celular em uma mão e o laptop na outra, ele fechou os olhos, respirou fundo e esperou que o zumbido parasse. Cada segundo que passava o tentava, exigindo que ele respondesse. Seus demônios sabiam quem estava ligando. Ele não precisava ver a tela para saber quem era. Segundos depois, um doce alívio correu por suas veias. Ele passou no primeiro teste. Se era capaz de ignorar as chamadas, talvez ele pudesse superar todo o resto. A primeira coisa a fazer pela manhã seria mudar seu número de celular. Por enquanto, porém, ele iria desligar o maldito aparelho. Ele olhou em volta da suíte do hotel em direção à porta aberta do quarto de Mitchell Davies. O guitarrista deve ter percebido a inquietação de Blake após a apresentação desta noite porque começou a fazer perguntas. Perguntas que Blake não queria responder ou não podia se quisesse manter a sua posição na banda. Ele só estava na banda há oito meses e já tinha fodido tudo. Ao nível máximo. Lost: Sim, eu estou nos Estados Unidos. São três horas aqui, e estou tão cansado. Eu só quero dormir, mas os pesadelos malucos não param. Então me diga algo sobre a Austrália. Como é aí embaixo? Ele precisava parar de pensar nisso. Parar de pensar no pó branco que estava destruindo sua vida. Modaroo: Abstinência pode ser desagradável para sua mente e corpo. Apenas lembre-se de que tudo é temporário, e você VAI ficar melhor. Você tem alguém que pode lhe ajudar? E como é aqui embaixo? Bastante impressionante. No 7


momento, o clima está quente, o ar condicionado está frio, e a praia está parecendo perfeita. Blake ignorou a pergunta. Ele não tinha ninguém. Nem uma única alma, e ele se recusou a dizer por quê. Lost: Você surfa? Modaroo: Um pouco. Eu posso ficar em pé em uma prancha desde que eu consiga segurar minha respiração. Ele soltou outra risada. Desta vez, foi mais natural, menos histérica. Lost: KKK. Portanto, em outras palavras, você meio que é uma porcaria. Modaroo: Ei. Não há necessidade de apontar minhas falhas. Prefiro

pensar

nisso

como

uma

imperfeição

de

equilíbrio. Blake riu e passou a mão preguiçosamente pelas pontas emaranhadas na frente de seu cabelo. Uma total estranha, do outro lado do mundo, fez com que ele risse pela primeira vez em meses. Ela era a sua salvadora. Lost: Seus defeitos não são nada em comparação com os meus,

querida. Eu

vou

perder

a

melhor

coisa

que

aconteceu comigo se não controlar meus desejos por cocaína. Modaroo: Desculpe, Lost, mas, por favor, não use nomes específicos das drogas nas salas de bate-papo abertas. O 8


lembrete pode ser prejudicial para os outros. Merda. A última coisa que ele queria fazer era dificultar as coisas para outro viciado. Lost: Desculpe. Modaroo: Sem problema. Então, é uma mulher? Lost: Uma mulher? Ele girou os ombros, estalou o pescoço e esticou os braços acima da cabeça. Ele estava longe de estar relaxado. No entanto, a cada segundo conversando com essa mulher, ele ficava cada vez mais perto de relaxar. Modaroo: A “melhor coisa” que você vai perder. Ele cerrou os punhos. Nojo e aversão própria eram seus companheiros, e ele estava fraco demais para enfrentá-los. Toda a dor, loucura e sofrimento por causa de uma simples coisinha: beleza. Ah, e luxúria. Lost: Não. Uma mulher que me meteu nessa bagunça em primeiro lugar.

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Capítulo 1 Gabrielle Smith olhou para a mensagem de texto da sua amiga, Tammy. Envelhecendo, Gab. Espero que seus ossos frágeis estejam preparados para uma grande noite. Ela sorriu e jogou o celular em sua cama. Tammy não precisava se preocupar. Com 29 anos, Gabi tinha muita experiência com o álcool. Ela podia até beber como seu pai em uma noite boa. Esta noite, ela colocaria essas habilidades em uso. Era um caso de beber para comemorar ou ficar sóbria e se afogar em mágoas. Ela escolheu a primeira opção. Ela sempre a escolhia em seu aniversário. O celular vibrou, desta vez com a chegada de um e-mail. Em vez de saltar para a cama como sua ansiedade exigiu, ela continuou a secar o cabelo com a toalha e preguiçosamente se estirou sobre o colchão para pegar o aparelho. Na idade dela, ela deveria ter superado este frenesi que sentia por conversar com um homem. Devia ser o seu relógio biológico e todas as outras porcarias hormonais. Oh, quem ela estava enganando? Ela estava experimentando a mesma emoção durante os últimos quatro anos. Tudo por causa de um homem. Quando o nome de Blake apareceu na tela, seu coração pulou para a garganta. Ei anjo, se você tiver livre, ligue o Skype. Ela riu com deboche. Como se lhe negar alguma coisa fosse uma opção. Ela podia estar nos braços de outro homem e ainda encontraria tempo para se afastar e conversar com Blake. Com um clique, ela ligou o aplicativo... e observou... e esperou. Depois dos dez segundos mais longos da sua vida, a conta recebeu uma chamada de voz. O 10


sangue correu por suas veias, da mesma forma que sempre fazia quando ele ligava, mesmo depois de todo esse tempo. Ela apertou o botão para atender, colocou o telefone no ouvido, e tentou conter o sorriso. —Se bem me lembro, acho que hoje é o aniversário de uma pessoa especial. —Ele ronronou. Deus, ele tinha uma voz tão suave e sedutora. E esse sotaque. Ela fechou os olhos e deixou o som afundar sob sua pele. Caras americanos pareciam ter uma petulância sexy na ponta da língua. Ou talvez fossem apenas as estrelas do rock mundialmente famosas. —Oi, Blake. —Oi, anjo. Você já teve um grande dia? Ela pensou: bom dia de trabalho, clima excelente, presentes, café, noite das garotas chegando e um telefonema do homem que adorava. —Tem sido incrível. —Você acha tudo é incrível. Ela riu. —É verdade. Tenho sorte, eu acho. —Então, você vai ter uma festa? Ela balançou a cabeça, mesmo que ele não fosse ver. Nos últimos cinco anos, ela havia se sentido culpada com o pensamento de fazer grandes planos em seu aniversário. Não parecia certo celebrar a noite que seu irmão entrara em coma, respirando por aparelhos. Deus sabia que os pais dela não apareceriam para qualquer tipo de celebração. —Vou sair com as meninas. —Ela caminhou para seu guarda-roupa e pegou uma calça jeans skinny confortável. Ir a um clube e manter-se ocupada é o que ela fazia todos os anos. A bebida ajudava a atenuar a dor e a culpa. 11


Blake limpou a garganta. —Onde está o meu convite? Hein? Ela segurou o celular no ouvido com o ombro e removeu o top de seda rosa de um cabide. —Humm, eu sinto muito. Eu nem sequer pensei, já que você está do outro lado do mundo e... também tem um pênis. Você me ouviu dizer “noites das meninas”, né? Ele riu, e o peito dela apertou. O destino era cruel. Ela sempre foi exigente com os homens, no entanto, em um estalar de dedos, ela se apaixonou por um cara do outro lado do mundo. Nada menos que uma celebridade. —Sim, na última vez que verifiquei, eu tinha esse membro. É totalmente funcional também. Então acho que isso significa que não recebo um convite. Aii. A lembrança de sua política de porta giratória de mulheres não foi apreciada. O ciúme revirou seu estômago, e quanto mais ela tentava ignorá-lo, mais persistente se tornava. —Obrigada pela imagem, mas, apenas no caso de você estar se perguntando, eu ocasionalmente leio os tabloides e o lembrete de quão bem essa parte de sua anatomia funciona é sempre mencionada. —Talvez “ocasionalmente” fosse um eufemismo. Ela tinha as hashtags dele salvas no Twitter, além de receber em seu email alertas do Google do nome dele e de ter um hábito de verificar as notícias no site Reckless Beat. Stalkear3 não era um termo que Gabi gostava de usar. Blake apenas morava do outro lado do mundo, e a internet era uma ótima ferramenta para que ela se atualizasse sobre a vida dele. Caminhando de volta para a cama, ela largou as roupas que escolhera. Seu humor mudou, agora pairando longe do estado de espírito anterior “vamos dançar e se divertir”. O monstro de olhos verdes exigiu que ela estivesse mais sexy. Então guardou os sapatos confortáveis que eram mais apropriados para dançar. Ela precisava de sandálias brilhantes e pretas com saltos de sete centímetros e tiras que teciam em torno de seus tornozelos e amarravam em um 3

Perseguir

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laço na frente. Não que Blake alguma vez fosse vê-la. Ela teria que jogar suas frustrações e dores de cabeça em outro desavisado solteiro. —Isso é um “não” para o convite? —O quê? —Ela fez uma careta. —Por que você continua falando disso? — Não somos melhores amigos? Por que eu não recebi um convite? Ela balançou a cabeça em frustração e rosnou para o celular. Se ele soubesse o que ela sacrificaria só para vê-lo esta noite. Talvez então ele não zombasse dela com suas perguntas idiotas. —Oh, você sabe que eu amo quando você faz esse som. —Ele murmurou. Caramba. Ela estava rindo de novo. —Tudo bem, Blake. Eu adoraria se você viesse para minha noite das meninas hoje. —Ela revirou os olhos e ficou de quatro para pegar as sandálias sexy debaixo de sua cama. —OK, vou vê-la em breve. Ela fez uma pausa, com as mãos apoiadas no tapete e os olhos fixos na caixa de sapatos. —O que você quer dizer? Silêncio. —Blake? Ela sentou-se sobre seus calcanhares, pegou o celular de seu ombro e olhou para a tela. Ele terminou a ligação. Que diabos? Gabi pressionou seu nome no aplicativo Skype e fez uma chamada de voz. Nenhuma resposta. O filho da mãe mudou seu status para “off-line”. Levantando-se, Gabi sentou na beira da cama e começou a digitar um email. 13


O que está acontecendo? Por que você disse isso? Após anos de e-mails, bate-papos na Internet e chamadas de voz, eles nunca se encontraram. Ela tinha certeza de que Blake não sabia como ela era. Ela se assegurou disso meses após a conversa deles se transformar de sessões de bate-papo ocasionais a uma parte natural de sua vida cotidiana. No mesmo dia, ele confiou-lhe o segredo sobre sua identidade, que ele era o baixista mundialmente famoso da Reckless Beat. Ela guardara uma quantidade razoável de segredos, e ainda assim seu ego seria esmagado com o pensamento do escrutínio dele. Já era ruim o suficiente quando ele era um viciado anônimo em recuperação que facilmente iluminava seu dia e a fazia sorrir com cada frase escrita. Acrescente a isso a aparência sexy de bad-boy, os dedos talentosos, e um estilo de vida invejável... Sim, ela decidiu se esconder atrás da internet por um pouco mais de tempo. Gabi olhou para a tela do celular, sentindo seu o coração bater loucamente sob suas costelas. Ela não estaria pronta quando Tammy chegasse para buscá-la e pela primeira vez, estar atrasada não a aborrecia. Ela estava preocupada com uma ideia insana que seu cérebro sabia que nunca aconteceria, mas que ainda mexia com suas emoções. Por que ele iria provocá-la assim? Não fazia sentido. Ele tinha o compromisso de terminar a parte britânica da turnê mundial da Reckless Beat. Maldito seja por fazê-la contemplar a possibilidade de encontrá-lo. E no seu aniversário! Ele sabia que sua amizade era tudo para ela. Seu celular vibrou com a chegada de um e-mail. Desculpe. Internet ruim. Espero que você tenha uma ótima noite. ;) O coração dela afundou, ficando na boca do estômago. Ela era 14


estúpida. Estúpida. Estúpida. Estúpida. Claro que ele não estava na Austrália. Reckless Beat não estava programada para tocar em Melbourne até sexta-feira, seis dias de distância. E mesmo assim, Blake já lhe disse que não teria tempo para encontrá-la. Entre performances da turnê e obrigações promocionais, ele mal conseguiria um pingo de sono. “Será melhor nos encontrarmos pela primeira vez quando as coisas não estiverem tão loucas para mim. Quero ver você quando eu não estiver delirando por falta de sono e ligado por causa da cafeína.” Com um bufo de frustração, ela jogou o celular de volta na cama e continuou se preparando. Bye, bye, estilo descontraído e jeans confortáveis. Sua rabugice exigia cem por cento de um visual femme fatale. Ela correu para seu armário e pegou o vestido preto de renda que ia até a sua coxa. Ela precisaria usar sua melhor lingerie e ser cautelosa para não dar vislumbres não intencionais a estranhos, mas ela não se importava. Se a atenção de Blake era inalcançável, ela iria buscá-la de outro lugar. Ela poderia fechar os olhos e fingir tão bem quanto qualquer mulher.

***

Blake caminhou pela Cavill Avenue, Surfers Paradise, tentando encontrar o clube que a amiga de Gabi avisara por e-mail. O céu da noite estava limpo, o ar quente e denso em torno dele. O cansaço de viagem sobrecarregava sua mente, fazendo sua cabeça pesar, e seu corpo cambalear com a mudança brusca do tempo frio de Londres, ao calor e à umidade de Queensland, na Austrália. As coisas não seriam tão ruins se ele tivesse esperado para viajar pelo mundo com o jato particular. Mas ele queria ver Gabi, o que significava que tinha de viajar antes da banda, se acomodando em uma linha aérea comercial. Não que a primeira classe estivesse em falta, ele simplesmente não conseguia dormir quando as pessoas estavam olhando para ele. E havia muitas pessoas olhando, 15


todas curiosas e ansiosas pela oportunidade de falar com ele. Ele podia lidar isso, no entanto. Ele podia lidar com qualquer coisa agora mesmo. Durante anos, ele mantinha uma paixão por uma mulher que nunca tinha visto. Quase mil e quinhentos dias que ele estava louco por alguém que, provavelmente, podia ser um Yeti4 de duzentos quilos. Quatro malditos anos. Quando Blake finalmente tomou coragem de lhe contar quem ele era, não apenas um idiota fraco viciado em drogas dos EUA, mas também o baixista de uma banda mundialmente famosa, Gabi recuara, dizendo francamente que ela queria manter o anonimato. Na maior parte do tempo, ela manteve o anonimato. Demorou mais de um ano para saber seu nome completo. Levou ainda mais tempo para lhe contar em que parte da Austrália vivia. Ele ainda não sabia como ela era, e sua relutância em compartilhar uma foto de si mesma falava mais alto que as palavras. Só que ele não estava escutando. Gabi era sua melhor amiga. Sua salvadora. Seu anjo. Yeti ou não, ele sempre a amaria. Embora, seu interesse pudesse mudar de emoções sexualmente carregadas que o mantinham duro durante a noite para uma afeição fraternal, se ela se parecesse com um jogador de futebol americano. Ele só precisava vê-la de uma vez por todas para parar a sua imaginação selvagem cada vez que conversavam por e-mail ou por ligações online. Ela tinha a voz mais doce e brincalhona que ele já tinha ouvido. E sua risada o deixava sem sentido. Ele balançou a cabeça e continuou a descer a rua, ignorando os olhares 4

Abominável Homem das Neves

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curiosos das pessoas que passavam. Se fizesse uma pausa rápida, as pessoas estariam em cima dele como groupies no show. Pela primeira vez na sua vida, a sorte brilhou para ele e ninguém lhe deu mais do que um olhar curioso. Isso tudo mudaria se ele diminuísse o ritmo. As pessoas que passavam teriam mais chance de observar sua aparência e descobrir quem diabos ele era. Então ele continuou andando pela calçada, com o coração vibrando de ansiedade. Sentindo as vibrações de uma música eletrônica, ele leu o nome familiar do clube. Ele parou na frente das janelas de vidro, checou duas vezes o nome em seu celular, e depois olhou para o sinal de néon azul na frente do edifício: Pink Ox. Este era o lugar. Ele andou ansioso neste último mês, sabendo o que aconteceria ao final da turnê britânica. As mulheres nunca o haviam perturbado antes. Sim, ele gostava de apreciá-las, tanto quanto qualquer cara, de falar com aquelas com metade de um cérebro e de ficar entre as coxas das atraentes. Não faz o estilo dele ficar nervoso. No entanto, neste momento, estava de pé a poucos metros de distância do segurança da boate Pink Ox, com as mãos formigando com algo semelhante ao terror. Não recue agora. Ele se aproximou do cara que tinha um peitoral do tamanho de uma geladeira e sacudiu a cabeça em saudação. —Olá. O homem levantou uma sobrancelha e olhou para Blake. A reação não era nova. Com a preferência de Blake para roupas escuras, o cabelo preto espetado, braceletes de couro no pulso, e toda a pele visível de seus braços tatuados, ele era a encrenca personificada. A expressão foda-se que ele atualmente ostentava também não ajudava. —Você tem identidade? Blake reprimiu um escárnio. Ele não parecia ter um dia a menos do que 17


seus trinta anos. Obviamente o cara não era um fã do Reckless. —Sem problema. —Ele enfiou a mão no bolso de trás da sua calça jeans, tentado em dar uma saudação com o dedo médio, e mostrou ao segurança a sua identidade. O homem grunhiu e Blake passou, assumindo que a reação do homem das cavernas era uma autorização para entrar. No interior, o barulho estava mais alto. O ritmo do som pulsava do andar de cima, vibrando através das paredes e abafando as letras das músicas. Casais se sentaram em cabines ao longo do bar. Nenhum deles lhe deu atenção, todos estavam absortos em suas conversas. Tomou seu tempo analisando todas as mulheres, com o coração na garganta. Até agora, ele não conseguiu encontrar o grupo de mulheres que ele estava procurando. Dirigiu-se para as escadas, subindo os degraus de dois a dois. A música tornava-se mais alta a cada passo, pulsando em seu peito com mais força. Quando ele chegou ao segundo andar, fez uma pausa e examinou o lugar. O bar brilhava envolto em uma luz roxa, enquanto o resto do clube estava em sombras. Um grupo de pessoas dançava no canto mais distante sob luzes estroboscópicas e lasers. Também havia mais cabines protegidas por janelas de vidro que iam até o teto que as separavam de uma varanda. Um homem se aproximou dele, batendo no ombro de Blake, em um esforço bêbado para descer as escadas. Ele o ignorou. Estava muito concentrado em encontrar Gabi para dar atenção a algum idiota que não conseguia entender os fundamentos básicos de andar. Seu olhar passou por cada grupo de pessoas, cada indivíduo sentado em um banquinho do bar. Ele se aproximou da cabine do meio, uma mesa de mulheres que riam, e fez uma pausa. Engoliu em seco. Elas estavam em uma noite de bebedeira, no estágio de tirar suas calcinhas. Alguns copos vazios e outros quase cheios cobriam a mesa. Ele examinou cada rosto, à espera de um reconhecimento, de uma ligação, de um sinal de familiaridade. 18


Nada veio. Uma mulher chamou sua atenção e o olhar dela se iluminou. Ah, porra, essa era o seu anjo? Ele parou de respirar. Ela era alta, grande o suficiente para fazê-lo se sentir como um anão, com ombros largos de nadador e um bronzeado saudável. Gabi nadava. Ela gostava de surf. Esta mulher poderia ser ela. Ela deslizou da cabine, tropeçou um pouco, então se endireitou, sua expressão agora tinha um sorriso bobo. Seu coração bateu mais forte quando ela se aproximou. Ele tentou convencer-se de que era só nervosismo, mas ele não podia mentir para si mesmo. Não houve faísca, nenhuma besteira de amor de conto de fadas à primeira vista que ele esperava. Em vez de ficar deprimido, ele se concentrou em ser o melhor amigo que deveria ser e esboçou um sorriso no rosto. —Gabi! —Ele gritou sobre a música. A mulher ergueu as sobrancelhas e inclinou a cabeça para trás com um grunhido. Pelo menos ele achava que isso é o que era aquele som animalesco. —Não, eu sou Tammy. —Ela colocou a mão em seu peito, sobre um enorme decote. Ahh, amiga de Gabi. Obrigado por isso, porra. —Gabi está ali. —Ela apontou para o canto atrás dele. Ele respirou fundo, expirou e lentamente se virou para a pista de dança. O grupo de pessoas saltava com uma canção desconhecida. A maioria eram homens, todos disputando os poucos pedaços de bunda para moer. —Ela está pedindo uma música. —A voz de Tammy gritou por cima do ombro. Sua atenção foi para o DJ e a mulher se inclinando sobre os alto19


falantes. Suas pernas tonificadas foram iluminadas pelas luzes, exibindo o material de renda na parte inferior do vestido que subia pelas suas coxas enquanto ela se inclinava para falar com o cara. Blake gravitou para frente, parando em uma mesa perto da pista de dança. Ele se apoiou sobre a madeira e a observou. —Eu vou deixar você sozinho. —Tammy gritou. Ele deveria ter respondido, ao menos ter agradecido a amiga de Gabi por toda ajuda ao proporcionar o encontro dessa noite, só que ele não conseguia pensar. Sua mente havia se afogado em admiração e privou-o de falar. Ele ficou fascinado, seu olhar guloso devorava a mulher que o coração dele tinha reivindicado como sua. Ela era loira, exatamente como ele imaginava, com cabelo ondulado curto acima dos ombros. Seu corpo, a partir da visão das costas, mostrava curvas de dar água na boca. O vestido preto que ela usava abraçava sua bunda e apertava mais a cintura magra e ombros delicados. Ela era impecável. Não demorava muito para um cara com um apetite sexual saudável imaginar essas deliciosas pernas enroladas seus quadris, ou o rosto. Ele balançou a cabeça, afastando a depravação. Ela tinha que ter um rosto feio como de um coiote. Ele acreditava em karma e sabia que não merecia que a parte da frente do corpo dela fosse tão boa quanto à visão das costas para sua masturbação. Ela acenou para o DJ. O filho da puta lhe deu um sorriso como se estivesse recebendo um boquete de uma supermodelo. Ciúme tomou conta dele, e Blake lutou muito para contê-lo. Ele agarrou a lateral da mesa, e, pela primeira vez em um longo tempo, desejou ter uma bebida em suas mãos. Uma coisinha para acalmar seus nervos, seu ciúme, sua obsessão. 20


Então ela se virou. —Foda. Me. —As palavras sussurraram de seus lábios. Ele fechou a boca e manteve os dedos ocupados limpando o suor das mãos em sua camiseta. Seu anjo era lindo. Uma mistura de beleza doce e sexualidade confiante. Seu cabelo loiro emoldurava um rosto que ele ansiava por ver de perto e seus lábios estavam inclinados em um sorriso devorador de homens enquanto manobrava para o centro da multidão dançando, os braços acima da cabeça, balançando com a batida. A música terminou e outra começou. Uma que ele sabia de cor. Era a canção dela: Angel of Mine. A que ele escreveu com Mason Lynch, o vocalista da Reckless Beat e Sidney Higgins, um compositor famoso do mundo com um talento especial para letras brutalmente cruas e de partir o coração. Ela falava sobre a salvadora de Blake. Seu anjo. A mulher que o tirou da beira do penhasco e lhe deu força para viver. A única canção com que ele tinha contribuído liricamente significava mais para ele do que qualquer outra conquista na carreira. Durante seus dias escuros, quando Gabi dormia do outro lado do mundo, essa música lhe deu a vontade de seguir em frente. Ele se lembrava do buraco de onde tinha saído e como sobreviveu. Só que ele não dissera a seus companheiros de banda que a letra na verdade, era sobre suas experiências. Ele mentiu, mais uma vez, dizendo a eles que as emoções eram sobre as experiências de um velho amigo. Você salvou a minha alma. Me deu um novo significado. Lutou contra meus demônios, enquanto eu dormia. Ela sabia que esta era a sua música? Ele nunca mencionou. Não era possível. As letras enigmáticas tinham muita importância. Elas expuseram a sua alma para o mundo ver. Apesar de Gabi saber que era importante para ele, ela não teria a menor ideia de quanto ele a amava. Ele tinha escondido isso por trás de uma tela de computador e de uma persona arrogante durante a sua amizade. 21


Ele sorriu, olhando-a dançar, tentando não piscar. Cada segundo que passava o fez querer estar com ela, ao lado dela, contra seu corpo macio. Se ao menos ele pudesse se mover. Suas pernas estavam coladas no chão, e ele duvidava que seu cérebro encadearia uma frase coerente, muito menos as palavras monumentais que ele deveria ter preparado para a primeira vez que se encontrassem. Ele viu os homens roçando contra ela, devorando seu corpo com os olhos. Nem uma vez ela lhes deu atenção. Ela levantou os braços sobre a batida, balançou os quadris com o ritmo e tornou-se uma com a música. Era como se ele estivesse em um sonho. Seu anjo dançando a música de sua alma. Minha salvadora com um coração de ouro. A música terminou e ela seguiu seu caminho através da multidão, sorrindo para os homens que sorriam para ela e pedindo desculpas para os outros em quem esbarrava. Quando ela chegou à beira da pista de dança, seu olhar deslizou por ele, em direção ao bar. Ela hesitou, fez uma pausa, endurecendo sua postura voltando sua atenção para onde ele estava. Sua boca se abriu bem devagar e o tempo parou. Ele estava perdido. Completamente e totalmente perdido em seus olhos. Sua mente gritou para que ele se aproximasse para determinar a cor. Ele faria isso se soubesse como andar. O clube estava muito escuro, as luzes Techno piscavam rápido demais para lhe dar a confirmação que ele ansiava. Um homem esbarrou nela por trás, e ela tropeçou em seus saltos pretos sensuais. Atento, Blake estava pronto para correr para ela. Sem ajuda, ela endireitou-se e moveu para frente, seu foco nunca o deixou. A cada passo, seu rosto ganhava mais clareza, a curva de seu nariz pequeno, os lábios suaves, a pele bronzeada. Cada detalhe mostrava a beleza dela, deixando a boca dele seca. Ela caminhou até ele, parando a trinta centímetros de distância. A suavidade de sua testa franzida em uma carranca quando seu olhar pairou em seu rosto. 22


Azul. Suas írises eram de um tom claro de azul-celeste, tão frias, calmas e completamente inebriantes. Seu nervosismo desapareceu sob a confusão dela. Gabi foi feita para ele. Não havia dúvida. O destino os unira, agora ele só precisava provar que merecia manter o presente. Ele sorriu para ela, tentando mostrar toda a emoção que manteve guardada por anos. —Olá, anjo.

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Capítulo 2 Gabi olhou para o homem que assombrava suas fantasias e tentou controlar os joelhos trêmulos. Ela só tinha bebido pelas últimas duas horas, certo? Certamente ela não poderia ter bebido o suficiente para ter alucinações. —Blake? —Sua voz vacilou, mal sendo audível devido à música alta. Os cantos dos lábios dele subiram um pouquinho. —Feliz aniversário, linda. —Ele deu um passo contornando a mesa e se aproximando dela, dando-lhe uma visão completa de sua gostosura. Seu corpo entrou em combustão. Tensão e incerteza se aqueciam pela excitação e pânico por causa do olhar de escrutínio dele. Merda. Ninguém deveria ser tão pecaminoso. Um rico, talentoso, bad boy todo embrulhado em um pacote de eu-não-dou-uma-merda, eu-sei-quão-bonito-eu-sou. O que ele estava fazendo aqui? Como ele chegou aqui? Como ele a encontrou? As perguntas continuaram vindo à sua mente, atacando-a, tornando mais difícil se concentrar. Sua respiração estava irregular, e ela piscou tentando tirar a umidade de lágrimas em sua visão, e cobriu a boca aberta com a mão. Era um sonho. Uma ilusão. Tinha que ser. Talvez alguém tenha colocado algo em sua bebida e o desejo de seu coração milagrosamente ganhou vida. Ele era ameaçador e francamente perigoso, na aparência e ao seu coração. Um bracelete de couro adornava seu pulso direito, com tatuagens coloridas de ambos os lados, ao longo de seus braços tonificados, e sua camiseta esticava contra peitorais musculosos. Ela tinha memorizado a tatuagem que adornava seu corpo, tinha caído sob o feitiço delas e sabia a maneira como elas se contorciam quando ele tocava seu baixo. O cabelo negro e curto dele estava espetado e sua íris misturava de cor na penumbra. 24


Tão. Malditamente. Gostoso. Ela engoliu em seco. Em seguida, respirou fundo mais de uma vez. Ele riu, e seu sorriso impecável iluminou suas feições diabólicas. —Eu vou receber um abraço da aniversariante? Um ruído escapou de seus lábios, algo entre um choramingo e um gemido. Graças a Deus pela música alta. Ela deu um passo para frente, com o coração batendo descontroladamente, e se jogou em seus braços abertos. Seu peito era duro como pedra, e ela tentou afastar a fantasia do corpo nu de seu melhor amigo de sua mente. Envolvendo seus braços ao redor de sua cintura, ela se aconchegou contra ele, agarrando-o com força, não querendo deixá-lo ir. O perfume sedutor de sua loção pós-barba infiltrou seus pulmões, aumentando o ligeiro burburinho embriagado zunindo em suas veias. Quando ele se afastou para olhá-la, ela mordeu o lábio e tentou não se afogar em seus olhos mais escuros do que chocolate. Não ajuda que o filho da mãe atrevido não conseguia tirar o sorriso do rosto. —Posso ficar com a aniversariante para uma bebida? —Ele levantou a voz para falar sobre a batida da música. Ela olhou para o bar e todas as garrafas de bebida que revestiam a parede, e sorriu para disfarçar seu súbito pânico. Blake não deveria estar em um bar rodeado por álcool. —Eu vou buscá-la. —Com relutância, ela tirou seus braços ao redor de sua cintura e imediatamente sentiu falta da perda repentina de seu calor. —Qual bebida que você quer? Um leve franzir de cenho marcou sua testa. —Eu posso pegar, Gabi. 25


Ela balançou a cabeça e ficou nas pontas dos dedos dos pés, apoiando-se em seu ouvido, para que ela não precisasse gritar. Bem, certo, ela queria tocá-lo de novo, mas a proximidade iria ajudá-lo a ouvir. —O mínimo que posso fazer é comprar-lhe uma bebida depois que você veio de tão longe para me surpreender. Ou você quer uma limonada? Seu cenho franzido se aprofundou, depois, lentamente, ele assentiu. Com um aceno, ela se afastou, indo para o bar. Ela bateu o pé, tamborilando os dedos ao longo da madeira polida, e mordiscou o lábio enquanto esperava ser servida. Uma vez que ela tinha as suas bebidas, caminhou de volta para ele, incapaz de suportar perder um só instante da sua presença. Ela colocou sua bebida em cima da mesa em frente a ele, mas a atenção dele se manteve na pista de dança, com sua expressão em branco. —Aqui está. Ele pegou o copo e virou-se para ela. Ela sentiu o olhar dele acariciar sua pele fazendo com que sua espinha formigasse. Em vez de lamber os lábios como instinto ordenou, ela tomou um gole de água. —Você não está bebendo? Ela se esforçou para ouvir a sua voz sobre o som alto. —Não. —Bem, não mais. Para começar, ela não queria beber na frente dele, e ela precisava ficar sóbria para que pudesse se lembrar cada segundo que passassem juntos. —Você quer ir para a varanda? —Ela acenou para seus ouvidos. —Não posso ouvir nada. Ele assentiu. Foi um movimento simples, apenas uma inclinação de sua cabeça, mas, porra, ele era bom nisso. Era como se ele fosse o deus dos movimentos suaves. E sim, ela estava totalmente consciente de que sua obsessão com um simples aceno de cabeça não era nada bom. Não demoraria muito para que ela se fizesse de boba e anunciasse com suas ações que seus sentimentos por 26


ele iam além da amizade. Quebrando o contato visual, ela foi até a varanda e abriu a porta de vidro para o ar quente da noite. Blake a seguiu, sua proximidade manteve seus nervos em alerta máximo. Um grupo de pessoas estava do lado de fora, esperando para entrar. Pessoas que ela reconheceu e com quem não tinha intenção de falar. A apreensão revirou seu estômago. Ela não podia fugir. Blake estava colado em suas costas como uma segunda pele, uma deliciosa e de enrolar os dedos do pé, segunda pele, não permitindo uma rota de fuga. Ela baixou os olhos e continuou em frente. Não havia espaço suficiente para ambas as partes passarem facilmente, mas alguém bateu em seu ombro e uma bebida gelada pinicou em sua pele. —Merda. Desculpe, Gabi. —A mão de Blake descansou em seu ombro. — Babaca fodido. —Ele acrescentou, mais alto. A mão dele foi arrancada do ombro dela, e ela virou-se para encontrá-lo em pé peito a peito com um homem que desejou não ter conhecido. Ambos os ombros estavam retos, queixo levantado enquanto olhavam um para o outro. —Blake, não! —Ela tirou as gotas da bebida de cima dela e ficou entre eles, de frente para o outro homem. —Cai fora, John. —Você conhece esse babaca? —Blake rosnou atrás dela. Ela ignorou a pergunta e implorou a John com seu olhar. Ele a ignorou, com sua carranca direcionada a Blake. Colocando as mãos sobre o peito dele, ela lentamente o empurrou. —John, por favor. —O que você está fazendo com esse monte de merda, Gabi? —As pupilas de John estavam anormalmente dilatadas pelo uso de drogas. —Você precisa ficar longe de caras como ele. —Caras como eu? —Blake repetiu, seu tom calmo, com uma leve sugestão de ameaça. —Afaste-se, linda. Deixe o duende e eu termos uma 27


conversa. O medo apertou sua garganta. Ela virou-se, sabendo que John tinha passado do ponto de escutar e engoliu em seco ao ver o ódio nos olhos de Blake. —Blake, ele é um dos velhos amigos de meu irmão. Ele está drogado. — Ela segurou as bochechas de Blake e chamou sua atenção para o seu rosto. —Por favor. Basta deixar para lá e se afastar. Ele não vale à pena. —Ele deliberadamente bateu os ombros em você. Seu vestido está arruinado. Ela sorriu para ele, tocada por seu cavalheirismo. —Tudo ficará bem. Eu prometo. Ele olhou para ela, sua mandíbula tencionando quando ela baixou as mãos para os lados. Soltando um suspiro, ele balançou a cabeça e virou as costas, levando os poucos passos até a porta da varanda. —Frouxo. —John gritou. Gabi se virou para ele. Ela não sentia raiva. Tudo o que ela poderia fazer é olhar para ele com piedade. — Ele é um bom homem, John. Ele zombou. —Ele é apenas mais um viciado tatuado como o resto de nós. Você é melhor do que isso, Gabi. Você deve isso ao seu irmão, fique longe de um perdedor como ele. —Isso é o suficiente. —Lá se foi sua incapacidade de encará-lo sem sentir raiva. Agora ela estava cutucando-o com a mão livre, enquanto a outra segurava firmemente a bebida. —Você não sabe nada sobre ele. Ele não é um usuário de drogas. Só porque ele tem algumas tatuagens, não significa que seja um perdedor. —Ela se aproximou e ficou cara a cara com John. — Como você. Ele riu muito e alto, mostrando seu delírio. —Aí está a altiva e poderosa Gabster que eu me lembro. —Ele segurou o ombro dela em um gesto amigável, 28


mas ela podia ver o brilho ameaçador em seus olhos. —Eu só estava tentando cuidar de você. Ele deu um passo para trás e se virou para ir embora. Depois que já estava a certa distância, olhou por cima do ombro, perfurando-a com um sorriso mal de escárnio. —Pelo menos não sou tão fraco como o seu irmão. A provocação atingiu com a força de um caminhão, exatamente como ele queria, mas ela se recusou a reagir. No ensino médio, seu irmão, Greg, John, e ela eram amigos íntimos. Então John e Greg começaram a experimentar drogas e tudo mudou. Gabi ergueu o queixo e não vacilou até que ele continuou andando. Uma vez que ele estava fora de vista, ela soltou um gemido de dor e deu de ombros para controlar sua respiração. Por um momento, ela fechou os olhos, vendo a imagem de seu irmão olhando para ela com tristeza. Deus, ela odiava drogas. Acima de tudo, odiava que elas afastaram Greg dela. Ele tinha sido inocente, charmoso, cheia de vida e potencial. Com um profundo suspiro, ela olhou para a varanda e encontrou Blake encostado na grade, olhando para ela. Sua expressão era de simpatia, e tudo o que ela queria fazer era cair em seus braços, afundar nele e deixar o resto do mundo se afastar. —O que está acontecendo? —A voz de Tammy chamou ao lado dela. —Mesmo aniversário, ano diferente. —Gabi deu de ombros e revirou os olhos para a amiga. —John é um idiota. Tammy entregou a bolsa que Gabi tinha deixado na mesa. —E o seu quentíssimo astro do rock? O pensamento de Blake trouxe um sorriso aos seus lábios. Oh, ele era extremamente quente. Nada de errado com esse espécime masculino perfeito. 29


Não. Só que agora havia um constrangimento que ela não queria lidar. —Ele é bom. Eu não tenho nenhuma ideia de como ele me encontrou, no entanto. Os olhos de Tammy brilharam. —Talvez eu tenha tido algo a ver com isso. —Você? —Gabi estreitou seu olhar. —Mandei um e-mail a ele alguns meses atrás, quando você mencionou que a banda estava vindo para a Austrália em turnê. Eu disse a ele que se quisesse surpreendê-la com uma visita, eu poderia ajudar. Gabi ficou boquiaberta. —Como diabos você manteve isso em segredo? — Tammy guardava segredos pior do que se abstinha de bebida. O peito de Tammy puxou com uma respiração profunda que ela soltou dramaticamente. —Foi tão difícil. Mas totalmente valeu a pena. Eu vou viver indiretamente através de você para o resto da minha vida. Gabi riu e olhou por cima do ombro para Blake. Ele estava a encarando, seu olhar devorando-a lentamente. —É melhor eu ir entreter meu convidado. Acho que vou para casa em breve. Tenho limonada pelas minhas costas que está começando a secar, eu estou toda pegajosa. Tammy riu alto o suficiente para ela ouvir sobre o som da música pesada. —É... tá bom. Seja qual for a desculpa que você precisa. Divirta-se. O coração de Gabi martelou quando Tammy se afastou. Demorou mais alguns segundos para ter coragem antes de voltar para Blake. A cada passo, o thump, thump, thump no peito dela ficava mais forte, apertando sua garganta. Ela moveu-se para a varanda, desta vez abafando a música alta do clube quando fechou a porta de vidro, deixando-os a sós. —Eu sinto muito. —A voz dele era quase inaudível, mesmo sem o barulho de dentro. —Não se preocupe. —Ela balançou a cabeça. —John gosta de causar 30


problemas. Ele pensou que estávamos juntos, e acho que foi a sua maneira louca de mostrar que se importa. Ela encostou-se no parapeito ao lado dele, tentando olhá-lo como uma amiga normal, em vez de varrer o olhar dela sobre seu peito como se quisesse lamber cada centímetro de pele por baixo da camisa. Ele balançou a cabeça e se concentrou nas tábuas do piso de madeira. — Você quer ir para o meu hotel? Os lábios dela puxaram em um sorriso. Ela não podia evitar. Quantas vezes os homens lhe fizeram essa pergunta com a intenção de levá-la para casa para uma noite quente e suada? Blake não quis dizer isso dessa forma. Seu tom de voz não tinha qualquer indício de insinuações. No entanto, ela não pode evitar de sentir a vertigem com a possibilidade. Ele olhou para cima e seus olhos se arregalaram ao ver a expressão dela. —Oh, merda. Isso soou totalmente como uma cantada. —Ele ergueu a mão livre em sinal de rendição. —Eu realmente não quis dizer isso dessa forma, Gabi. Eu nunca... —Ele se afastou da grade, endireitando a postura e sua fachada calma desapareceu. Risos explodiram dos lábios dela. —Ah, e o insulto de eu não ser boa o suficiente para dormir com você é ainda melhor? Você realmente sabe como tornar a noite de uma garota especial. Sua boca se abriu e ele estendeu a mão para ela, agarrando-a ao redor das costelas. O peito dele retumbou com um grunhido, e ele a puxou contra seu corpo. —Você sabe o que eu quis dizer, Gabrielle. —Seu toque era natural, como se ele tivesse a mantido assim inúmeras vezes, mas, por dentro ela estava pronta para entrar em combustão com o choque... e excitação. Ela inclinou a cabeça para o lado e levantou as sobrancelhas, ignorando o calor que ia da ponta dos seus pés até suas bochechas. — É Gabrielle agora? Você deve estar falando sério. 31


Ele balançou a cabeça com humor e sorriu para ela. —Deus, eu amo seu sotaque. A risada dela morreu diante dos olhos penetrantes dele que arrancaram suas defesas. Queria dizer que ele amaria ainda mais se ela sussurrasse seus pensamentos sacanas em seu ouvido, mas não teve coragem. —Vamos sair daqui. —Ela sussurrou e limpou a garganta. —Estou toda pegajosa. Seu sorriso se transformou em um sorriso malicioso. Bem, essa não é a forma como as mulheres se sentem quando saem de um clube comigo, mas vou aceitar. Gabi se afastou dele, com a mão ao peito em indignação fingida. —Agora você está flertando? Puxa, Blake, eu estou enojada. Seus olhos se estreitaram por um breve momento antes de ele cutucá-la nas costelas. —Pare de mexer comigo, anjo, ou vou ser obrigado a fazer algo. Ela tentou disfarçar o seu ofego e falhou miseravelmente. Sua ameaça segurava intenção erótica demais para o seu coração ignorar. Caramba, até os mamilos formigaram com a necessidade. Se ela não começasse a tomar água e limpar o álcool de sua mente, ela acabaria fazendo algo que se arrependeria. Como se sufocar em chocolate e se atirar aos seus pés.

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Capítulo 3 Blake focou em colocar um pé na frente do outro, enquanto eles caminhavam lado a lado pela Avenida Cavill. O silêncio constrangedor estava o matando. “Você quer ir para o meu hotel?” Que idiota. E ela riu na cara dele. Ainda pior. —Droga. —Gabi bufou e pulou em um pé. —Tenho uma pedra presa debaixo do meu salto. Você pode esperar um pouco? —Claro. —Ele fez uma pausa, mantendo-se perto da calçada, enquanto ela mancava para o prédio mais próximo e se encostava à vitrine escura. O olhar dele estava colado em suas coxas perfeitamente lisas e na forma como o vestido subiu quando ela levantou a perna para trás para inspecionar seu sapato. —Foda-me. Sério? —Ele sussurrou para si mesmo. Outro centímetro a menos e ele poderia ver a Terra Prometida. Sua falta de força de vontade não era algo que se orgulhava, mesmo em seu melhor dia. Agora ele tinha que ignorar o caminho para o céu de sua melhor amiga. —Não estou nem aí para a tentação. — Ele murmurou, vagando seu olhar para os prédios em torno deles. —O que foi? —Gabi perguntou. —Nada. —Ele falou mais alto para que ela pudesse ouvi-lo, então murmurou: —Só estou tentando manter meu olhar longe da porra da calcinha da minha melhor amiga, isso é tudo. —Ele deu um passo para frente, discretamente reajustando a protuberância que se formou em sua calça. —Ótimo. Apenas o que preciso. —Ei, cara. —Uma voz chamou atrás dele. — Posso “filar” uma bundinha quente? Blake fez uma pausa e repassou as palavras em sua cabeça. —Que porra é 33


essa que você disse? —Ele se virou para olhar o cara que se aproximava. A pele do homem estava suja, suas roupas esfarrapadas, seu rosto tinha uma barba por fazer, e seu cabelo estava despenteado. O homem foi pego de surpresa e franziu a testa para Blake. Gabi arfou, e ele jurou que a ouviu rindo. —Eu só queria filar uma bundinha quente. —O idiota deu de ombros. Foi exatamente isso o que Blake pensou que ele tinha dito, e certo como o inferno não iria ouvir esse tipo de calúnia. Ele tinha amigos gays. Mesmo que ele não fosse, não deixaria essa ofensa passar. Se este insulto sexual tivesse acontecido em seu país, o homem estaria no chão a essa altura. Blake deu um passo adiante. O homem endireitou-se, dando um passo para trás. Blake não tinha planejado bater no homem, sua vida girava em torno do uso de seus dedos. Ele só queria ficar cara a cara e lhe ensinar uma lição de boas maneiras. —Blake. —Gabi chamou, seus saltos estalando enquanto ela se aproximava. Ela ainda estava rindo. Ele virou-se para encará-la. —O que ele... A frase morreu em seus lábios. Seus seios saltavam a cada passo, um movimento muito atraente para afastar os olhos. —Como diabos isso é engraçado? —Ele estava chateado, mas não podia deixar de sorrir de volta para ela. Ela parou bem na frente dele e levantou a mão para a boca, tentando abafar o riso. —Yank5 estúpido. —O homem resmungou.

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Termo usado por britânicos, australianos, e vários outros para se referir aos americanos...

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Blake lançou um olhar por cima do ombro, mas o cara já tinha virado e ido embora. Gabi baixou a mão, os lábios bem apertados no sorriso mais brilhante que ele já tinha visto. —Ele estava te pedindo um cigarro. Blake recuou, com os olhos arregalados. —Por que você acha isso? O idiota estava me cantando. Ela deu outra gargalhada, tentando esconder com ambas as mãos, e ele deu um passo em direção a ela, diminuindo a distância. —Se importa em me dizer por que isso é tão engraçado? O humor dela vacilou com a sua expressão, e ela baixou as mãos para os lados, se afastando dele. —Ele estava te pedindo para fumar um cigarro. Ele queria “filar” que significa emprestar, e “bundinha quente” é uma antiga gíria australiana para o cigarro. Ele continuou a se mover em direção a ela. —Não sei se eu acredito em você. Ela deu um passo maior para trás. —Pesquise no Google... No seu celular... agora. Ela estava tentando dissuadir sua abordagem. Ele não podia chegar perto o suficiente. Quanto mais encurtava a distância, mais rápido ela recuava. O brilho de expectativa na íris azul dos olhos dela fervia seu sangue. Os lábios dela se levantaram em um sorriso brincalhão. —Tão atraente quanto você parece pensar que é, ele não estava cantando você. Ele arqueou uma sobrancelha, agora a poucos metros da vitrine escura. — Estou feliz que você tenha gostado de rir às minhas custas em vez de gritar para me avisar. Ela colidiu com o prédio e descansou contra ele, olhando para ele. — Foi a 35


coisa mais engraçada que já vi em anos. Ele inclinou a cabeça em reconhecimento, fingindo uma calma que não sentia, e se inclinou para que sua pélvis descansasse contra a dela. O calor do corpo dela embebia cada centímetro de sua pele. A forma como a respiração dela engatou transformou seu pau em pedra. Ele aproximou-se para tirar o sorriso de sua linda boquinha e funcionou. Mas agora ele não poderia se afastar de seu cheiro doce de baunilha, de suas curvas deliciosas, ou da tentação de seus lábios. Ele foi inteiramente nocauteado por uma boceta em tempo recorde mundial. Ele estudou os olhos dela, o azul hipnotizante virando um cinza tempestuoso. Ela permaneceu parada, imóvel, exceto pela batida pesada de seu pulso no fundo de sua garganta e o minúsculo movimento de sua língua contra o lábio inferior. Ela era uma tentação e de novo, ele estava fraco demais para se abster. Sem pensar, ele segurou sua nuca e roçou a boca contra a dela, seus lábios formigando com o contato. Ele inalou seu suspiro e agarrou seu quadril, incapaz de manter sua mão parada. Ela era suave, seus cabelos, sua cintura, suas coxas, com o cheiro do céu e do sabor doce do álcool. Ele queria moer dentro dela, sentir o atrito do corpo dela contra o comprimento de seu pênis. Ela choramingou, descansando suas mãos em seu peito, agarrando-se a sua camisa. O som o assustou, controlando sua libido e permitindo que sua mente recuperasse o pensamento racional. Que diabos ele estava fazendo? Agarrando sua melhor amiga, sem aviso prévio, quando ela tinha bebido? Ele não tinha dado um pensamento para as consequências. Ela não era uma groupie, disposta e pronta para cair de joelhos. Esta era Gabi. Seu anjo. Alguém que ele não poderia viver sem. Ele se afastou, cortando a ligação entre eles. Afastou sua mão do pescoço dela e a observou, prendendo a respiração enquanto os olhos dela se abriam lentamente, suas pupilas agora enormes e penetrantes. 36


—Eu sinto muito. —Ele tirou a mão de sua cintura e deu um passo atrás. —Foi só a minha maneira de tornar a noite um pouco mais embaraçosa. A respiração irregular escapou dos lábios dela. —Está... bem. —A carranca obscureceu suas feições, e ela se afastou da parede, contornando-o para continuar andando na calçada. Ótimo, maravilhoso, porra. Agora ele tinha que consertar essa merda. Ele não podia perdê-la. Não por causa de algo estúpido como hormônios adolescentes e um pau duro. Se ela não queria levar o seu relacionamento a outro nível, ele podia lidar com isso. O que ele não podia lidar era não tê-la em sua vida. Por que diabos ele não tinha esperado mais dois segundos antes de enfiar a língua em sua garganta? Eles terem sido amigos durante anos não muda o fato de que eles só se conheceram pessoalmente há poucos instantes. Só porque ele se sentia bem com ela não significava que ela tenha experimentado a mesma conexão imediata. Ele correu poucos passos para diminuir a distância entre eles e manteve sua boca fechada. Era mais seguro assim. Ele já tinha feito o suficiente para arruinar o aniversário dela. Esperançosamente, se ele permanecesse quieto, ele não agravaria sua idiotice. Andaram os quarteirões restantes para o hotel em silêncio. Cada passo fazendo o peito dele pesar ainda mais com arrependimento. Quando ele abriu a porta da suíte, se virou para ela e orou pelas palavras certas para corrigir a situação. Nada veio. Viu-a levantar uma sobrancelha impaciente antes de continuar andando mantendo-se o mais longe possível dele.

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Gabi estava diante da janela e olhou para as ruas abaixo. Ela cruzou os braços sobre o peito e ignorou a forma que seus lábios queimavam por causa do beijo de Blake. Caramba, que beijo. O roçar confiante de sua boca excitou todos os nervos de seu corpo, trazendo suas fantasias à tona. Ela não sabia como seguiria em frente depois disso. Ela não imaginava encontrar seu melhor amigo assim pela primeira vez. Ela sempre torceu que eles se dessem bem. Que seus flertes de brincadeiras on-line de alguma forma se transferissem para a vida real. Mas ela nunca esperou o constrangimento desconfortável. Nunca teria pensado que estaria coberta de limonada pegajosa em suas costas. O reflexo de Blake brilhou no vidro. A maneira forte e confiante que ele caminhou em sua direção a fez querer revirar os olhos e gemer. Ele era muito masculino. Muito forte e viril. Um sonho trazido à vida, e ela não sabia como parar os pequenos tremores que assolavam o seu corpo quando olhava para ele. Quando chegaram à suíte, ele desapareceu em seu quarto. Ela observou discretamente a sala enquanto ele revirava a mala dele. Durante todo o tempo, ela fingiu estar distraída com a suíte de luxo. A verdade era que ela não tinha notado nada do quarto. Seu cérebro, olhos e coração estavam tentando descobrir o que ele estava fazendo e quando ele voltaria para que ela o cobiçasse. —Eu sinto muito, Gabi. —Ele parou atrás dela, fazendo contato visual através do vidro. —Não queria que o nosso primeiro encontro fosse assim. — Suas mãos pousaram sobre seus ombros, e ele a virou para encará-lo. —Me perdoa? Ela não podia evitar de olhar para o carnudo lábio inferior dele enquanto umedecia o seu. As narinas dele aumentaram e ela desviou o olhar, não querendo complicar ainda mais a situação. —Não há nada que se desculpar. —Ela balançou a cabeça e forçou um sorriso. —Estou encantada que você está realmente aqui. —Ela deu um passo em torno dele, precisando cortar a forte conexão. 38


Ele segurou a mão dela, interrompendo sua retirada, e puxou-a de volta para ele. —Tenho algo para você. Seus nervos formigavam ao toque dele, e seu olhar passou dos olhos sorridentes dele para a caixinha de joalheria que estava em sua outra mão. — Você não tem que... —É o seu aniversário. Gabi revirou os olhos. —Você voou pelo mundo para me ver. Você não tem que comprar... Ele abriu a caixa e as palavras morreram nos lábios dela. Sob o veludo estava um brilhante pingente de tartaruga com marcações tribais que cobriam sua casca em uma grossa corrente. Também havia um pingente de palheta prata e um baixo. —É... —Sua boca tentou falar, mas nada saiu. Nenhuma palavra poderia expressar quão bonita a peça era. —Eu sei que você ama tartarugas, então pensei que poderia gostar. A palheta e o baixo são inteiramente para o meu próprio ego. Não quero que você me esqueça quando eu for embora. Seu peito inchou, e ela sabia que se olhasse para o rosto dele, choraria incontrolavelmente. Ela pegou o colar, pesando o adorno com a palma da sua mão. —Você usa ouro branco, certo? Eu não estraguei essa parte, não é? Ouro. Branco. Seus lábios sussurraram as palavras. Caramba, deve ter lhe custado uma fortuna. Ela puxou sua mão e balançou a cabeça. —Não posso aceitar isso. É demais. Ela encontrou seu olhar e sentiu seu coração vacilar. Ele a olhava com o que esperava ser orgulho. —Você salvou a minha vida e é a minha melhor 39


amiga. Nada é demais para você. Ela piscou rapidamente, tentando parar a umidade que se formava em seus olhos. —Se você me fizer chorar, Blake Kennedy, eu irei machucar você. Ele riu e quebrou o contato visual, concentrando-se em soltar o fecho do colar. —Vire-se. —Ele sussurrou. Ela se virou. Sua garganta estava seca, sua pele se arrepiou quando levantou o cabelo para que ele colocasse o colar em volta do seu pescoço. Os dedos dele roçaram seus ombros, fazendo com que seus mamilos franzissem. Quando o peso do ouro descansou contra sua pele, ela se virou e estendeu a mão para os pingentes que agora estavam em seu pescoço. —Como está? —Ela tocou a palheta do baixo, sentindo o ouro suave. —Lindo. —Sua voz estava rouca, completamente sedutora. A atenção dele estava no colar, e ela engoliu em seco, esperando que ele não pudesse ver seus mamilos através de seu vestido apertado e sutiã de renda fina. Eles estavam muito perto, quase de igual para igual, e tudo o que ela queria fazer era beijá-lo. Devagar. Roçando os lábios nos dele em uma carícia delicada. Ela queria mostrar a ele o quanto o amava, derramar seu coração em uma conexão íntima. Para o inferno com isso. Era seu aniversário! Ficando na ponta dos pés, ela deslizou sua mão sobre o peito musculoso dele até os ombros. Ela olhou-o nos olhos, esperando que ele reagisse ou recuasse. Quando ele não fez isso, ela se aproximou, sentindo o hálito quente dele roçando o rosto dela, e apertou sua boca contra a dele. Não foi um beijo ardente, apenas um suave contato de lábios, e ainda assim o seu sangue inflamou e cada centímetro de sua pele queimou com o 40


toque. As mãos dele pousaram sobre seus quadris, segurando-a levemente. Ela desejava gemer, demonstrar o seu desejo. Mas, em vez disso, permaneceu em silêncio, esperando que pudesse usar a desculpa de um amistoso beijo de obrigado caso ele se afastasse de novo. Ela se decidiu quando a língua dele acariciou os seus lábios. Ela gemeu e apertou os ombros dele, roçando seu corpo contra o dele. A pele de suas costas estava viscosa por causa da limonada seca, mas ela ignorou. Não havia mais nada no mundo, exceto os dois. Eles golpearam suas línguas, disputando, provocando, devorando. Nenhum homem a tinha beijado tão profundamente, tocando-a de dentro para fora, até as pontas de seus dedos do pé. Seus quadris estavam unidos, sua pélvis moendo na dele, esfregando a dureza da ereção dele. Ele gemeu, aprofundando ainda mais a língua em sua boca. Mãos fortes a apertaram na bunda, passando por sua cintura e parando ao lado de seus seios doloridos. Deus, ela queria que ele fosse mais longe, segurando seus seios e tocando seus mamilos através do material da roupa. Então tudo parou. Déjà vu. Ele se afastou e olhou para ela. Sua garganta se apertou enquanto ambos ofegavam pesadamente. Diga algo. Ela engoliu em seco e recuou. Por favor, não peça desculpas e aja como se nada tivesse acontecido. Mais uma vez. —Gabi, eu não acho que posso continuar com isso sem perder meu 41


coração para você. Suas palavras a atingiram com um milhão de pequenas faíscas de prazer. Ela mordeu o lábio para conter sua excitação. Nada poderia ser mais maravilhoso do que segurar a parte mais preciosa dele. —Você segurou meu coração por muito tempo, Blake. Isso é o que torna estranho tê-lo tão perto. —Sério? —Seus olhos procuraram os dela. —Sério. Ele afastou uma mecha de cabelo do rosto dela, arrastando o dedo ao longo de seu queixo. —O que eu fiz para merecer você? Ela deu um passo para ele, não deixando espaço entre seus corpos. — Você merece o mundo. Eu só espero que possa dá-lo a você. Ele arrastou a mão para baixo em sua cintura e acomodou-a na parte baixa de suas costas. Ela se encolheu por causa da pele pegajosa que estava agarrando em seu vestido. —O que está errado? —Eu preciso me lavar para tirar a limonada. Você se importa se eu tomar um banho? —Não, claro que não. —Ele sacudiu a cabeça em direção ao que ela assumiu ser o quarto principal. —Há uma mala com suas roupas sobre a cama lá dentro. Ela ficou rígida, fazendo com que a pele pegajosa puxasse. —Ah, como você pegou as minhas roupas? Puta merda. Se ele tivesse arrombado seu apartamento, ela estaria mortificada. Não só pela violação da privacidade, mas também porque havia fotos dele penduradas por todo o seu quarto. —Não é uma fã de eu vendo suas gavetas? —Ele riu e levantou uma sobrancelha. —Tammy separou as roupas. Ela disse que tinha uma chave reserva 42


e poderia esgueirar-se em seu apartamento enquanto você estivesse na faculdade. O lado negativo de trabalhar e viver no mesmo condomínio à beira-mar com sua melhor amiga. —Esta noite estava destinada para celebrar seu aniversário. Encontrar você pela primeira vez, a suíte na cobertura, serviço de quarto. Ela sorriu para ele. —Você planejou... —Sim, e ainda tenho toda a intenção de dormir no sofá. —Ele estreitou seu olhar. —Então tire esse sorriso malicioso de seu rosto. —Ele se inclinou e lhe deu um beijo na boca. —Eu não planejei ser incapaz de manter minhas mãos longe de você. Vencer a tentação nunca foi a minha maior virtude. Ela odiava quando ele ficava assim. Ele nunca reconhecia a determinação que o levou a superar o seu vício em drogas. Não importava que ele não fosse um usuário que tomou os primeiros passos para lidar com seu vício assim que percebeu o poder da cocaína sobre ele. Vício era vício. No entanto, Blake sempre pensou que era fraco. —Você é o homem mais forte que eu conheço. —Ela segurou seu rosto e tentou transmitir sua sinceridade com o toque suave. Ele deu uma risada irônica, e ela ignorou. —E eu te agradeço por tudo que você fez por mim. Eu não poderia pedir um melhor... —Amigo parecia inapropriado vendo como eles estavam apalpando um ao outro durante os últimos quinze minutos. Ele sorriu. —Toda a luxúria e a minha ereção meio que colocam nossa amizade sob uma nova perspectiva, não é? —Sim, meio que sim. —Felicidade a oprimiu, e ela se sentiu quase tonta. Ele se moveu em sua direção, e ela sentiu o leve toque de barba em seu rosto e a respiração dele roçando seu ouvido. —Você quer ver aonde isso nos leva? 43


Ela apertou os lábios e fechou os olhos. Isso era exatamente o que ela queria. Libertar-se e, finalmente, compartilhar seus sentimentos, o desejo reprimido, a admiração e o amor. —Sim. —A palavra saiu em um suspiro. Os dentes dele roçaram sua orelha, enviando um raio de prazer através de seus mamilos até o seu sexo. —Bem, então, vá tomar um banho. A paciência não é uma das minhas virtudes.

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Capítulo 4 Blake passeou pela cozinha escutando o som do chuveiro zombando dele. Ele era um idiota fraco. Seu cérebro parava de funcionar diante da menor tentação e suas ações eram inteiramente governadas por seus desejos. Ele precisava estar lá com ela, lavar a sua pele suave, conhecer suas curvas. Ele tinha de mostrar a ela as coisas que estava fantasiando sobre fazer ao seu corpo por mais de mil dias. Ele esfregou a sua nuca e deu um passo em direção à porta. Ela estava cantarolando algo inaudível, dando-lhe uma desculpa para se aproximar. Ele ouvia uma melodia desconhecida sob a água que caía. O som feminino chamava por ele, cada nota pedia que ele se aproximasse mais. Neste momento, ele usaria qualquer desculpa. Quando chegou à porta do banheiro, ele descansou sua testa contra a madeira fria, impedindo-se de bater contra ela. —Ideia brilhante. —Ele murmurou para si mesmo. —Vá ver, Gabi. Descubra se ela é gostosa. Isso não vai complicar nada. —Ele era um idiota. Ele não podia nem culpar a influência de drogas para esta merda de decisão. O diabo em seu ombro insistiu para que entrasse lá e tomasse o que ela lhe ofereceu. Sentado no outro ombro, um anjo deu de ombros e disse “Por que não?” —Exatamente. —Ele se endireitou. —Por que não? Ele se lembrava vagamente das grandes razões que o impediram apenas alguns momentos antes. Agora, ele não podia pensar além da imagem do corpo dela molhado. Agarrando a maçaneta da porta, ele a virou e empurrou para frente. Vapor quente o atingiu, mas não foi nada em comparação ao que a visão 45


diante dele fez ao seu corpo. Seus joelhos enfraqueceram e suas coxas ficaram tensas. Mesmo seu estômago deu um pequeno salto, e ele engoliu em seco quando entrou e descansou contra a porta. Gabi estava em pé com suas costas bronzeada para ele, a água escorria sobre os ombros descendo pela sua coluna. O vapor embaçou o vidro do box, restringindo a visão da sua metade inferior, mas ele ainda conseguia distinguir o arredondamento de sua bunda e o contorno das lindas pernas que ele desejava ter logo ao redor da cintura dele. Seu corpo desafiava a lógica, um mix de tentação e do delicioso pecado celestial, não havia nenhuma imperfeição. Com sedução natural, ela olhou por cima do ombro, deu-lhe um olhar devasso e se virou para frente. — Você vai ficar encarando ou vai entrar? Luz verde. Vá, vá, vá, amigo. Normalmente, ele teria tirado suas roupas mais rápido do que alguém poderia dizer “ereção”, mas este era o seu anjo. Não havia chance de errar. Se esta noite fosse um teste, então ele precisava ter certeza de que o que eles compartilhassem fosse perfeito. Inesquecível. Nada apressado e cheio de remorsos. —Tem certeza que você quer isso? —Ele perguntou e não tinha ideia do porquê. Se ela mudasse de ideia, iria deixá-lo de joelhos. —Não há como voltar atrás com isso. Ela riu, o som feminino penetrando seu coração. —Acho que é um pouco tarde para isso. —Ela lhe lançou outro olhar sobre o ombro. —E além disso, você já me viu nua. Eu não vou deixar você sair daqui até que estejamos iguais nessa contagem. Ele levantou uma sobrancelha, e ela se virou com um sorriso. Longe dele deixar uma mulher insatisfeita, especialmente uma tão importante. A única coisa que o fez parar com as mãos na bainha de sua camisa 46


foi ter percebido que sua nudez revelaria... muito mais do que apenas seu poderoso Johnson. Ele tinha tatuagens. Muitas delas. Todas possuíam algum significado especial. Gabi sabia sobre a maioria delas, assim como o mundo inteiro, mas havia uma que ela definitivamente não estava ciente. Uma que ele não exibia. Uma que mantinha as suas mãos na parte inferior de sua camisa, refletindo se essa realmente era a coisa certa a fazer. Para o inferno com isso. Ele finalmente estava aqui com o seu anjo e não iria se acovardar agora. Vire homem, Kennedy. Em segundos, sua camisa estava no chão e chutou-a para o canto, seguido de suas botas, meias, boxers e jeans. Seu pau estava duro como pedra e ansioso como o inferno para alcançar o nirvana. Ele caminhou até o chuveiro não se incomodando com a sua nudez, mas suas entranhas se agitaram com a vulnerabilidade. Seu corpo nunca foi uma fraqueza, e sim todo o resto, sua mente, seu coração, sua alma. Tudo parecia contaminado por causa de suas escolhas estúpidas no passado. E ele tinha feito muitas. A única coisa que lhe dava forças para continuar era saber que Gabi conhecia todos os seus erros e continuou a ser sua amiga independentemente deles. Ele nunca mentiria para ela. Nem mesmo sobre seus sentimentos. Se ela lhe perguntasse o que ele queria como resultado deste encontro, ele diria a ela, sem dúvida a enlouquecendo com a resposta. Ter um relacionamento com uma mulher não o assustava. Na verdade, era o oposto. Ele pode não merecer o amor, mas isso não o impedia de desejar. Começando por ela. Quando diabos ele se transformou em uma garota? Ele engoliu o nervosismo, cerrou os punhos algumas vezes e em seguida, abriu o box para o paraíso. O chuveiro era grande, quase do tamanho do que havia em seu apartamento, com brilhantes azulejos pretos e dois chuveiros em cada extremidade. Mas ele não tinha interesse em ficar em um chuveiro sozinho. Seu lugar era com Gabi. Ela se manteve de costas para ele, sem perceber, ou talvez não se 47


importando, que ele agora estivesse atrás dela com um fraco controle sobre seu corpo. Ele fez uma pausa na porta do box, olhando para a trilha de água que descia em cascata pela sua coluna e cobrindo a bunda exuberante que ele ansiava para espalmar. Ele balançou a cabeça e se convenceu de que esta noite não terminaria bem. Qualquer pessoa que conhecesse os segredos de sua vida saberia que ele merecia o prazer de ter essa mulher em sua vida em um nível íntimo. Ele não a merecia. Provavelmente por isso que Michelle continuava ligando. A víbora de mulher era um lembrete constante de seus lapsos de escolha. A herdeiraaspirante-a-celebridade-viciada-em-cocaína se assemelhava mais ao tipo de mulher com quem ele iria acabar. Mas, até o seu passado alcançá-lo, ele iria tomar e apreciar cada pedaço do céu que poderia ter em suas mãos. Afastando as memórias que o assombravam, ele avançou, deixando um centímetro entre eles, seu pau pedindo ansiosamente para ser atendido. Quando ela se virou, o seu coração parou completamente. Ele teve um vislumbre de seus seios cheios e os mamilos rosados esticando em direção a ele antes de arrastar o olhar para o rosto dela. Ela entreolhou para ele, seus olhos azuis ficaram mais escuros quando ela sorriu. —Sabe quantas vezes eu imaginei você nua? —Ele não podia evitar o sorriso em seus lábios quando os olhos dela se arregalaram. —Mentiroso. Ele passou seu olhar para baixo de seu corpo, tentando não focalizar no trecho diminuto de cachos entre suas coxas. Então ele fechou a distância entre eles, descansando sua ereção contra o ventre dela. Sua pele era tão suave. —É verdade. Mesmo que eu não tivesse ideia de como você era, eu fantasiava sobre você o tempo todo. Ela estreitou seu olhar e suas mãos seguraram os bíceps dele. 48


— Ainda não acredita em mim? —Ele a questionou. Ela ergueu as sobrancelhas e balançou a cabeça. —Nem um pouco. Eu que tive uma imagem sua me provocando durante anos. Eu sou a pessoa que passou um inferno querendo vê-lo de perto... e completamente nu. —Ela terminou de falar com um grande sorriso. Ele se inclinou para acariciar seu pescoço, escondendo o choque das suas palavras. O calor do corpo dela em sua pele aqueceu sua alma gelada. Ele era uma estrela do rock que abusava das drogas. Ele não merecia sua amizade, e muito menos que ela estivesse interessada nele. As mãos dela se arrastaram dos quadris dele até seu abdômen musculoso. A ponta de seus dedos correu levemente pela sua pele, encontrando uma pequena cicatriz do seu lado. —Um tiro. —Ele murmurou e adorou o jeito que ela riu em resposta. Ela sabia todas as suas histórias, todos os desafios e conquistas que fizeram dele quem ele era hoje. Quando ela chegou ao seu músculo peitoral esquerdo, ela fez uma pausa. Ela puxou o ar e ele ficou tenso, sabendo exatamente por que ela tinha feito isso. Palavras lhe escaparam enquanto ela estudava a sua pele. O peito dele batia enquanto ele esperava que ela se afastasse, fugisse. Ela não o fez, no entanto. Ela ficou de pé diante dele, com os olhos focados no anjo tribal com o nome de Gabrielle escrito ao longo da parte superior de uma asa estendida. Seus olhos arregalados fixaram-se nos seus enquanto sua boca entreabria. Temendo o pior, ele engoliu em seco, convulsionando desconfortavelmente seu pomo de Adão. Todas as suas tatuagens tinham um significado e nenhuma delas era mais monumental do que aquela sobre o coração. —Você é meu anjo, Gabi. 49


Sua boca fechou e seu nariz começou a se movimentar quando ela começou a piscar os olhos rapidamente. —Ei, não chore. —Ele segurou seu queixo, inclinando-se para colocar um beijo suave em seus lábios. Então se inclinou para trás sorrindo. Se ela não tinha fugido até agora, com toda a loucura estranha e intensa emoção, então ele estava confiante de que ela nunca fugiria. Não havia loucura maior do que tatuar o nome de alguém que você nunca conheceu. —Você salvou a minha vida. Eu nunca quero esquecer isso. Mesmo quando eu estiver velho e senil. Mesmo se nos afastarmos. Não importa o que aconteça, eu sempre vou te segurar perto do meu coração.

***

Gabi olhou para as linhas que adornavam o anjo no peito de Blake. Cada segundo que passava fazia seus olhos queimarem e seu coração bater mais forte. Sentiu seus pulmões apertarem e uma pura felicidade e emoção, lutou para não demonstrá-las. Eles haviam passado por tanta coisa juntos. Ela o ajudou a combater seu vício e os demônios que continuavam tentando derrubá-lo, e em troca ele era sua rocha. Ele a confortou da dor de perder seu irmão, ouvindo a sua tristeza e não teve uma vez que ele tinha lhe virado as costas. —Diga alguma coisa. —Ele pediu com a voz áspera. —Eu te amo. —As palavras saíram de seus lábios antes que ela pensasse. Ela o amou por tanto tempo como um amigo e muito, muito mais. Não era a primeira vez que ela se declarava. Eles partilhavam essas palavras há anos, mas em uma maneira amigável. 50


Desta vez era diferente. Esta foi uma declaração do coração dela e foi um alívio confessá-la. Ela ergueu o olhar para os seus escuros olhos e sentiu a paixão vinda deles. Ele rosnou baixo e por instinto, eles se inclinaram um para o outro, suas bocas se encontrando. A língua dele varreu o lábio inferior dela, deixando seus joelhos fracos e fazendo seu coração pular. Ele era tão forte, tão imponente. Ela precisava estar mais perto dele. Ela roçou seu corpo contra o dele, deixando seu desejo implícito. Ele agarrou a bunda dela em resposta, fazendo com que pequenos gemidos escapassem de sua garganta. O beijo tornou-se mais rápido, mais forte, até que ela estava muito delirante de paixão para fazer qualquer som. Ele quebrou a ligação, deixando-a cambalear e apertando-a no peito dele por apoio. —Eu quero fazer amor com você. —Ele disse entre mordidinhas de tirar o fôlego em seus lábios. —Quero passar a noite toda dentro de você. Tocar você. Provar você. —Seus braços a envolveram, abraçando-a. —E eu nunca vou querer parar. Ela assentiu, passando as mãos em seu pescoço, acariciando o cabelo curto na nuca. Porra, ela amava esse homem, com seus olhos pretos como a noite e seu coração de ouro. Ele tinha o exterior de um diabinho e uma alma divina, uma combinação confusa que ela nunca tinha sido capaz de resistir. Ele a segurou com força e a girou no grande box. Gritando, ela se agarrou nele quando ele abriu a porta do chuveiro. Gotejando e nus, ele os levou do banheiro ao quarto. Eles se beijaram a cada passo. Os selinhos suaves lhe faziam enrolar os dedos dos pés. Os golpes profundos de língua apertavam seu ventre. Suas mãos corriam um sobre o outro em uma necessidade voraz, roçando e deslizando, pele contra pele. Suas panturrilhas atingiram o colchão e Blake os virou novamente. Ele abaixou até a cama e a puxou com ele, para que ela montasse seu colo. Provocando-a com a dureza de sua ereção em sua entrada. 51


Ele olhou nos olhos dela, um sorriso brincalhão em seus lábios. —Eu morri e fui para o céu, não é? Ou Mitch me drogou e eu estou sonhando. —Ele acariciou sua bochecha e deu beijos ao longo de sua mandíbula. —Eu nunca fiz nada para merecer isso... Você. O calor de sua respiração em sua pele molhada lhe dava arrepios, levando-a à loucura. Os dedos dela correram em seu cabelo, arranhando, puxando, permitindo-lhe algo para agarrar enquanto a língua dele chupava um ponto sensível abaixo da orelha. Seus mamilos endurecidos doíam pela ternura de sua boca e ela se arqueou contra ele, dando aos seios o atrito que desejavam contra o pouco pelo que cobria o torso dele. —Você é tão linda. —Ele murmurou em seu pescoço. Um braço a segurou pela cintura, enquanto o outro se moveu para seu seio. —Vou fazer você se sentir tão bem, Gabi. Você nunca vai se arrepender do que nós compartilharmos esta noite. Ela se inclinou para trás para fazer contato visual. Eles estavam cobertos pela escuridão, apenas o suave brilho da lâmpada da sala de estar os iluminava. Isso deixava a íris dele com um preto ainda mais intenso, mais profundo do que a tinta em ambos os braços e em seu peitoral esquerdo. —Eu nunca vou me arrepender de você, Blake. Nunca. Por longos momentos eles se olharam, amando um ao outro com os toques provocantes dos dedos das mãos e com as ligeiras oscilações de seus quadris, nunca quebrando o contato visual. O momento era surreal. Ele estar aqui era surreal. Ela não conseguiria superar isso. Ela estaria louca de questionar o que estava acontecendo entre eles. Isso foi o que ela sempre quis. Enquanto ela o amava com seu olhar, sua pele começou a esfriar com os pingos da água de seu cabelo e ela estremeceu. —Com frio, anjo? —Ele murmurou baixo. Ela sorriu, amando o apelido mais do que palavras podiam expressar. — 52


Um pouco. Talvez você pudesse me aquecer. —Ela ficou de joelhos contra o colchão, erguendo-se para passar o calor de sexo dela pelo seu pênis. —Você acha que pode fazer isso? Ele riu e agarrou seus braços, puxando seu corpo para que ela se deitasse na cama e ficasse à sua mercê. Suas pernas ficaram abertas sobre o colchão, e ele se elevou sobre o corpo dela, segurando-a no lugar com o seu sorriso confiante. —Com certeza eu posso tentar. Sua palma da mão esquerda arrastou ao longo de sua pele, de seu ombro, em torno da curva de seu peito, ao longo de seu ventre. Ela prendeu a respiração, deleitando-se com a forma como ele adorava seu corpo. Ela o sentia em suas terminações nervosas, cada batida do coração fraquejava esperando seu próximo movimento. Ele deslizou sobre ela, inclinando a cabeça em direção ao seu seio. Ela agarrou a colcha e mergulhou em êxtase enquanto ele lambia pingos de água de suas costelas e finalmente de seus seios. Sua boca pairou sobre seu mamilo, e ele olhou para ela sob os grossos cílios negros. —Ainda com frio? Ela engoliu em seco, a ponto de implorar-lhe para continuar. —Hummhmm. —Ela assentiu e mordeu o lábio, lutando contra um sorriso quando ele sorriu. —Talvez agora não seja a hora de dizer que é provavelmente o seu coração frio causando o proble... Ela agarrou as mechas curtas de seu cabelo e levemente puxou até que seu rosto se aproximou dela. Ele riu e se estabeleceu entre suas coxas, sua ereção cutucando sua entrada. —Eu tenho um coração frio, não é? Ele deu de ombros, seu inabalável sorriso. —Esse é o meu diagnóstico médico. A confortável familiaridade entre eles era irritante e totalmente 53


emocionante ao mesmo tempo. Ela teve namorados antes, alguns duraram mais do que outros, no entanto, demorava semanas, às vezes meses, para perder o constrangimento da insegurança entre os lençóis. Não com Blake. Seu olhar fixo a fortalecia, a fazia se sentir especial. Adorada. Ele se afastou, pegando a carteira na mesa de cabeceira e puxando uma camisinha. Com golpes rápidos, colocou a proteção ao longo de seu comprimento, e moveu-se de volta sobre ela. Olhando fixamente em seus olhos, ele moeu em seu sexo, colocando a cabeça de seu pênis em sua entrada. —Você tem certeza sobre isso, anjo? —A brincadeira deixou seus olhos dando lugar à preocupação. —Eu te quero tanto, Gabi, mas se eu perder você... —Ele fechou os olhos e balançou a cabeça. Ela cobriu o rosto dele com as palmas das mãos e o puxou para mais perto. —Você nunca vai me perder. Eu prometo. Ele se inclinou, pairando os seus lábios nos dela delicadamente, colocando cada pedaço de seu coração e alma nas mãos dela. Ela podia sentir seu amor por ele ultrapassava a barreira de uma coisa que ela poderia controlar e ignorar para algo muito mais potente e exigente. Centímetro por centímetro, lentamente ele empurrou dentro dela, fazendo com que sua boceta apertasse e convulsionasse com pequenas explosões de prazer. —Deus, Gabi, eu nunca esperei que fosse ser assim. Ele empurrou de novo, desta vez com mais força, mais profundo. Seus lábios encontraram seu pescoço quando ele se inclinou e acariciou o lado de seu seio com a mão livre. —Você é perfeita. —Ele murmurou em seu ouvido. —Tão quente e apertada. Cristo, você é o céu. Ela gemeu e soltou os lençóis, colocando uma mão na parte das costas 54


dele. Seus músculos estavam tensos sob seus dedos, flexionando a cada impulso de seus quadris. A outra mão agarrou a bunda dele, cravando as unhas, exigindo mais. —Faça amor comigo, Blake. Ele rosnou em seu ouvido, a vibração do seu peito ecoou pelo corpo dela. Ela encontrou cada impulso suave de seus quadris e levantou as pernas para envolver suas coxas, aprofundando a penetração. Eles se encaixavam com perfeição, física e espiritualmente. Gemidos escaparam de seus lábios quando ele arrastou beijos, lambidas e mordidas, do pescoço até o peito, então sugou o mamilo na boca. Ela arqueou sentindo o prazer dos seus seios, até suas coxas. O ritmo dele aumentou, dando as estocadas íntimas com mais força. Gabi agarrou seu cabelo, segurou-o contra o peito mais forte, agarrando-o mais apertado com as coxas. —Droga, Gabi. Estou tão perto. A fricção de sua pele esfregando contra seu clitóris cada vez que seus corpos se uniam. Ela choramingou, à beira do precipício. Sua boca arrastou até o peito, deixando um beijo ardente cada vez que ele movia-se profundamente dentro dela. Quando o queixo mal barbeado roçou o ponto sensível na base do pescoço dela, ela estremeceu, suas paredes apertando o pau dele. —Eu amo você, Gabi. —Ele sussurrou. A declaração foi a sua ruína. Ela gritou seu clímax, apertando suas coxas ao redor do corpo pecaminoso. Sua boceta pulsava e suas costas arquearam. O prazer se apoderou dela inteiramente. Sentiu a boca dele sugar a pele em seu pescoço enquanto aumentava o ritmo, saciando sua necessidade. Em seguida, com uma forte estocada final, Blake soltou um grito gutural e gozou dentro dela. Seus movimentos diminuíram, enquanto saía de seu clímax, saciado e atordoado. Ele rolou para o lado, levando-a com ele, com suas pernas 55


entrelaçadas e seu pau amolecendo ainda dentro do corpo dela. Eles ofegavam em meio ao silêncio, e Gabi não conseguia desviar o olhar dele, sem acreditar que ele estava realmente aqui. —Você sabe que não conta, certo? —Ela deitou a cabeça no colchão e traçou as linhas de sua tatuagem de anjo com o dedo. Seu braço veio ao redor da cintura dela, puxando-a para mais perto. —O que não conta? —Dizer que me ama. —Ela fez contato com os olhos e o viu levantar uma sobrancelha. —Não conta. Se você diz isso durante o sexo ou na tentativa de conseguir sexo, não conta. —Ela deu de ombros. —É de conhecimento comum. Seus lábios tremeram. —Sério? E se eu dissesse isso agora? —Ele se inclinou para ela, roçando sua boca contra a dela. —Eu amo você, Gabrielle Smith. Ela fechou os olhos, memorizando as palavras antes de balançar a cabeça. —Ainda não conta se você está delirando de um orgasmo. Seus lábios roçaram os dela de novo e de novo, um toque ainda mais íntimo e delicado. —Oh. —Ele sussurrou. —Bem, acho que eu vou ter que provar isso para você amanhã. O som de um solo de guitarra quebrou o momento. Blake soltou seu corpo e saiu da cama. —Desculpe. É o meu celular. Ela murmurou em protesto, já sentindo falta do seu calor. Ele retirou a camisinha e atravessou o quarto, completamente nu, completamente impressionante de se ver. —Estou esperando um telefonema dos caras. Ela assentiu e descansou os olhos por um momento. O sono a arrastava a cada segundo, mas ela não se permitiria adormecer. Ela não queria perder um 56


segundo de Blake. Momentos depois, ela acordou assustada ao ouvir o som de sua voz áspera. Antes que ela pudesse sentar-se para afastar o cansaço, ela adormeceu novamente, seu corpo cantarolando em êxtase.

***

Blake pegou seu celular do balcão da cozinha, incapaz de tirar o sorriso do rosto. Dizer a Gabi que a amava foi algo natural. As palavras fluíram de sua língua mais fácil do que ele poderia imaginar. Ele nunca se sentiu assim antes. Ele pensou uma ou duas vezes que tinha se apaixonado e agora ele sabia que estava errado. Totalmente errado. Ele levantou o celular ao seu ouvido e manteve sua voz baixa. —Alô. — Gabi estava a segundos de adormecer quando ele saiu do quarto, e ele esperava que ela estivesse sonhando quando ele voltasse. —Blake? A voz feminina congelou o sangue em suas veias. Por que diabos não tinha verificado o identificador de chamadas? —Este não é um bom momento, Michelle. Eu tenho que ir. —Espere! Não desligue. Ele fez uma pausa, movimento idiota. Apesar da forma contundente que ele terminou seu relacionamento, ainda não houve um real encerramento. Muitas vezes a curiosidade o consumia, querendo saber por que ela continuava ligando depois de todos esses anos. Mesmo que ele tivesse ido embora sem olhar para trás, ele ainda tinha esperança de que um dia ela iria pedir desculpas por arrastálo para o inferno com ela. —Eu preciso de você. —Sua voz já não detinha o ronronar hipnótico que 57


ele se lembrava. As palavras eram arrastadas, sem dúvida por causa do efeito de drogas. Ele andou cuidadosamente pela cozinha, passando por um pequeno corredor e indo até a porta da frente da varanda da suíte, esperando estar em um local longe o suficiente para que Gabi não o ouvisse. Parecia errado estar no celular com sua ex quando ele tinha estado com suas bolas profundamente em Gabi momentos antes. Não ajudava que ele estava com a bunda nua e com o doce perfume dela no seu corpo. —Sinto muito. Eu segui em frente com a minha vida. Você precisa fazer o mesmo. Ele tinha sido o único a se libertar dela e ainda sentia culpa por não tentar salvá-la no processo. Ele não tinha sido forte o suficiente para resistir a ela na época. Toda vez que ela o chamava para “se divertir um pouco”, ele corria para ela. A decisão de mudar de vida envolveu se afastar dela completamente. A melhor decisão da sua vida. —Blake, por favor. Meu pai cortou minha mesada. Eu não tenho dinheiro. Ele suprimiu uma risada irônica. Pobre menina rica. Rumores circularam nos tabloides de que seu pai, um magnata multimilionário, tinha ficado cansado das festas de sua filha mais velha. Blake não podia culpá-lo. Se o pai dela soubesse da missa a metade. —Eu sinto muito, Michelle. Por favor, não me ligue de novo. Ele desligou, passou a mão áspera por seu cabelo, e se arrastou para a cozinha para colocar seu celular sobre o balcão. Segurando a borda do mármore frio, ele se curvou e tomou longas respirações. Ele não era um cara irritadiço. Não estava em sua natureza. Ele somente sentia um aperto em seu peito quando Michelle sorrateiramente tentava se arrastar de volta para sua vida ou quando ele se lembrava de seu passado. —Idiota fodido. Fazia mais de 12 meses desde a última vez que falou com ela. Ele 58


aprendeu a bloquear seus telefonemas e a apagar suas mensagens assim que ouvia a voz dela. Mas, de vez em quando, ele fraquejava. Seu celular tocou novamente, e ele rapidamente silenciou o solo de guitarra. Ela deveria estar drogada para pensar que ele responderia a sua chamada depois ter desligado na cara dela. Quando um alerta de mensagem de voz soou, ele rangeu os dentes. Ele estava com o Reckless Beat por dois meses quando ela escorregou nos bastidores em uma de suas primeiras apresentações ao vivo, deixando implícito seu interesse... com a boca talentosa dela. Ele tinha sido um ninguém, o mais novo membro da banda, que os fãs não receberam bem. Ela sorriu para ele, piscou os longos e falsos cílios, e ele se sentiu excitado como um adolescente com hormônios à flor da pele, com a capacidade mental correspondente. Vindo de uma infância de merda, ele nunca teve uma mulher como ela olhando para ele. Ela vinha de uma família bem-sucedida, tinha um monte de dinheiro e era estonteante em suas roupas de grifes. Ele não teve a menor chance. Bebidas nos bastidores se transformaram em um passeio de limusine para seu hotel. Então, antes que ele percebesse, ela estava tirando um pequeno saquinho de pó branco de sua bolsa. Além de fumar maconha na escola, drogas não lhe interessaram antes, mas a estupidez o fez aceitar a cocaína, pela primeira vez em um esforço para impressioná-la. Foi assim que, com um mergulho de seu nariz, sua vida desabou e ele não se levantou antes de bater completamente no chão. Esfregando a mão pelo rosto, ele clicou na mensagem para ouvir a mensagem de voz. Ele começou a tocar a gravação de Michelle. — Blake, eu sinto muito ter de fazer isso... Antes que ele perdesse mais tempo com pena dela, apertou a opção para excluir a mensagem e desligou o telefone. Se Mason ligasse, Blake retornaria à 59


ligação pela manhã. Ele não arriscaria outra interrupção de Michelle esta noite. Ele planejava passar as próximas oito horas dormindo e fazendo amor com Gabi. O resto do mundo que se danasse.

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Capítulo 5 Gabi colocou o cabelo atrás da orelha e se concentrou no menu de café da manhã. O olhar aquecido de Blake estava lhe distraindo. Ela podia senti-lo em sua pele, em seus seios e entre as coxas. Merda, ela tomou café da manhã neste lugar mais vezes do que podia se lembrar, mas, nem que custasse a vida dela, ela não conseguia se lembrar do que eles serviam. Levantando os olhos, ela encontrou o olhar dele focado em seu decote, em seu colar, fazendo sua pele corar. Ela limpou a garganta. Sem resposta. —Blake? —Humm? —Lentamente o foco do olhar dele levantou. Ela sorriu e ele respondeu com um sorriso arrogante. Droga, ela amava aquele sorriso. Combinava com a persona bad boy que ele se escondia tão bem. —Você quer uma bebida? —Levantar-se para pedir uma bebida iria parála de despi-lo mentalmente de sua regata preta e calça cargo cinza. Ele fez amor com ela nas primeiras horas da manhã, e mais uma vez no chuveiro quando se levantaram. Partes do seu corpo estavam doloridas e ela ainda desejava mais. Ele balançou a cabeça. —Vou pegar as bebidas. Você fica aqui. —Não. —Ela empurrou a cadeira e deu um passo para o lado da mesa. — Está tudo bem. Vou pegá-las. Havia um monte de cafeterias na área, então ela se incomodou quando Blake insistiu em ir a um pub que servia café da manhã. Ele disse que se lembrava de suas histórias sobre as suas enormes refeições de cura ressaca e precisava comprovar. Ela queria ir para algum lugar calmo, mais íntimo, onde o álcool não 61


revestia as paredes atrás do bar. Blake franziu o cenho, olhando por cima de seu ombro. Ela seguiu o caminho do seu olhar para as garrafas de bebidas. Quando se virou para estudála, ela mexeu em sua bolsa, fingindo manter-se ocupada. Ele agarrou a mão dela, acalmando seus movimentos. —Gabi, você sabe que eu não tenho um problema com o álcool, certo? A emoção crua na voz dele fez sua garganta secar. Lentamente, ela arrastou sua atenção para o seu rosto e apertou os lábios, com a vergonha refletindo em seus olhos. —Anjo, o meu problema era com a cocaína. Só cocaína. Parei de beber porque o meu uso de drogas tendia a acontecer quando estava bêbado e eu não gosto da lembrança. Ela assentiu. —Eu sei. Eu só... —Ela deu de ombros e reajustou a alça de seu vestido verde limão. Aparentemente a ideia de Tammy de roupas adequadas envolvia algo com fácil acesso às calcinhas de Gabi. —Eu não quero que você se sinta desconfortável. Tanto quanto nós já conversamos sobre isso on-line, eu nunca estive por perto para ver o efeito que isso tem sobre você. —Sua voz era fraca, cada palavra cheia de lembranças cruas. Ela não podia deixar de recordar as experiências com seu irmão quando ele estava no auge de seu vício. Blake merecia mais respeito do que isso. Ele não era como Greg, nem perto disso. — Os olhos do meu irmão iriam vibrar à menor lembrança de drogas ou álcool. Eu não quero colocá-lo nessa posição. Blake empurrou a cadeira e puxou-a para baixo para se sentar em seu colo. —Você é linda, sabe disso? —Ele beijou os lábios dela e colocou a mão em suas costas. —Eu não sou seu irmão, e você não precisa mais se preocupar com os meus problemas, ok? Eles acabaram. Isso faz um longo tempo. Ela fechou os olhos e inclinou-se em seu corpo, descansando a cabeça em seu ombro. —Eu sei. Estou nervosa, eu acho. Sempre fico assim em meu 62


aniversário. Ele beijou sua testa e envolveu seu outro braço em volta da cintura. —Eu odeio que você se preocupe comigo. Eu nunca vou ter uma recaída. Ela continuou sentada em silêncio, enquanto suas inseguranças a corroíam. Não é que ela não confiasse em Blake. Era a desconfiança de seu irmão que tinha passado para ela. Greg prometeu muitas vezes que estava bem, que ele poderia lutar contra a tentação. E, no entanto, há cinco anos, em seu aniversário, ele teve uma overdose e acabou precisando de ajuda de aparelhos, morrendo quatro dias depois. —Você fala com ela com frequência? —A questão veio do nada. Ela não tinha sentido as palavras saindo de seus lábios. Depois de todo esse tempo, a memória da ex de Blake ainda pairava em sua mente. Quando começaram a se comunicar on-line, ele lhe confessou que a tentação não estava apenas associada a medicamentos, mas também a Michelle Clarkson. Naquela época, a mulher tinha sido atraente em todos os sentidos imagináveis: beleza, corpo quente, riqueza e popularidade. Gabi não o culpava por ter uma queda pela atriz. Se Gabi jogasse desse lado, ela provavelmente teria tido uma queda pela mulher também. Ele ficou rígido com a sua pergunta, e ela se endireitou para olhá-lo nos olhos. —Não de bom grado. —Ele murmurou. Ela franziu a testa, esforçando-se para suprimir a mistura de inveja e desgosto para com a mulher que arrastou Blake para o mundo das drogas. —O que isso significa? Ele apertou-a com mais força, e ela notou a forma como sua pele empalideceu com a sua pergunta. —Ela liga às vezes, quando a banda está no centro das atenções. Aprendi a bloquear suas ligações e apagar suas mensagens de voz sem escutá-las. 63


Gabi se aconchegou contra seu peito, não querendo denunciar sua insegurança. Michelle seria sempre uma parte da vida dele, uma grande parte de seu passado. E embora Gabi já não visse beleza na herdeira, ela não tinha certeza se Blake ainda via. —Quando foi a última vez? —Ela manteve a voz baixa, mascarando a maneira como seu corpo vibrava com medo. Cada segundo que passava aumentava sua ansiedade, como se tivesse uma bola de nervos no estômago. Ela concentrou-se na forma como o coração dele batia em seu peito e fechou os olhos, desejando que ele respondesse. —Ontem à noite. —Sua voz era um sussurro. Seu coração parou. —O quê? Quando? —Ela endireitou-se para olhar para ele. —Antes de vir para o clube? Ele fez uma careta e balançou a cabeça. —Não. Depois que estivemos juntos. A bílis subiu em sua garganta, e ela agarrou os pingentes de seu colar, balançando-os para ocupar-se e aliviar o ciúme que tomou conta dela. Ela não tinha nada para se preocupar. Blake a amava. Ele disse isso na noite passada. Após tudo que eles tinham passado, toda a confiança que ele tinha dado a ela, todos os “esqueletos” que ele tinha revelado, o mínimo que podia fazer era confiar nele. —Foi ela que ligou antes que eu adormecesse? Ele fez uma pausa com o braço ainda em volta da sua cintura. —Sim. E ele atendeu. Ela tinha o ouvido dizer “Alô” antes adormecer. Gabi deu um aceno trêmulo e saiu de seu colo. Forçou um sorriso em seu rosto e se virou para ele. —Então, que tal aquela bebida? O que você gostaria? Ela gostaria de receber uma dose de vodca agora mesmo. Ou até mesmo 64


scotch. A bebida afastaria sua mente de Michelle. Ela não iria implorar por detalhes. Se ele não queria falar sobre isso, estava tudo bem. Ela podia lidar com isso. Sem problemas. Ele agarrou a mão dela e levou-a aos seus lábios com os dedos entrelaçados. Ele olhou para ela, sua dor evidente nas profundezas escuras de seus olhos. —Você não tem nada com que se preocupar, meu anjo. Eu não quero ter nada a ver com ela. Ela provavelmente acreditaria nisso se não soubesse todos os detalhes íntimos de seu relacionamento com sua ex. Ele esteve apaixonado. Seu primeiro amor, e isso não era algo que você facilmente esquece. Gabi balançou a cabeça, desta vez com mais entusiasmo. Ela precisava se afastar, tomar um fôlego e colocar as coisas em perspectiva. Ele estava aqui com ela. Ela tinha que se lembrar disso. —Eu sei. —Sua voz era otimista e ainda assim, ele fez uma careta. Ele era muito perspicaz para seu próprio bem. —Então você quer suco de laranja para o café da manhã? Eu vou fazer o pedido enquanto estiver no bar.

***

A culpa por ocultar informações sobre Michelle queimava a garganta de Blake. Ele podia ver a angústia de Gabi, podia sentir a sua ansiedade. Droga, suas mãos ainda estavam tremendo. Encerrar a conversa parecia ser a única maneira de parar esse desastre. Ele lidava com essa parte de sua vida há anos. Não que isso fosse um segredo; ele simplesmente não via o ponto em se preocupar sem necessidade. As ligações de Michelle eram incômodas, nada mais e pela primeira vez, ele queria resolver seus próprios problemas, sem despejá-los em Gabi. —Suco, obrigado. 65


Confie em seu karma para foder o momento. Isso acontecia naturalmente. Em meio às coisas boas, seu karma gostava de jogar bombas em vida sempre que possível. —Ok, voltarei em um minuto. Ele largou a mão dela e girou em sua cadeira para vê-la se afastar. Cristo, ele a amava, desde as sandálias bonitinhas, todo o caminho até suas suaves e tonificadas pernas e mais além. Dentro e fora, cada centímetro dela foi feito para ele. —Ei, Gabi. —Ele gritou quando ela chegou ao bar. Ela virou-se para encará-lo, junto com a atendente do bar e muitas pessoas nas mesas vizinhas. O sorriso dela era doce e brilhava em seus olhos desta vez, em vez da inclinação falsa de seus lábios que ela ostentou durante os últimos cinco minutos. Ele sorriu para ela. —Eu te amo. Ele ignorou os murmúrios dos estranhos e focou exclusivamente em Gabi. Ela arregalou os olhos, brilhando à luz fluorescente do pub. Suas bochechas subiram em um sorriso, mostrando aqueles belos e adoráveis lábios. Antes que ela pudesse responder, ele piscou e girou em sua cadeira para encarar a mesa, dando-lhe as costas. Ele não estava procurando uma resposta. Ele arriscou e seguiu as regras bobas dela sobre declarações de amor espontâneas. Aposto que você não contava com essa, senhorita. Dois minutos depois, ela voltou com as bebidas, deslizou em sua cadeira, e recompensou-o com uma expressão aturdida. —Então, essa declaração conta nas regras? —Ele levantou uma sobrancelha e pegou sua bebida. 66


Os olhos dela estavam brilhando com o que ele esperava ser felicidade. — Ah... sim. —Ela concordou rapidamente e se atrapalhou com o canudo antes de tomar um grande gole de suco de laranja. —Essa definitivamente conta. O calor em seu peito o fez se sentir melhor do que qualquer coisa que ele já tinha experimentado antes. Ele amava o sexo e tinha experimentado o êxtase de consumir drogas, no entanto nada se comparava à sensação que fluía em cada centímetro de seu ser. Ele pegou a mão dela com necessidade de mostrar-lhe em seu toque o que ele não podia explicar com palavras. Antes de seus dedos encontrarem, seu celular vibrou no bolso. Um segundo depois, o familiar solo de guitarra encheu o silêncio. O rosto de Gabi caiu, a felicidade desaparecendo de suas feições quando ela olhou para o lado e limpou a garganta. —Deve ser Mason. —Ele pegou o celular do bolso da calça e sentiu uma sensação vertiginosa de alívio quando o nome do líder da banda brilhou na tela. —Você se importa se eu atender? Ela balançou a cabeça. —Não. De modo algum. Mentirosa. Havia fragilidade em sua voz. Ele não podia acreditar que Michelle ainda tinha a capacidade de arruinar a sua vida. Ele não tinha pagado o suficiente por esses pecados? Obviamente não. Cristo, Michelle tinha sido um ligeiro incomodo nos últimos anos. Seu telefonema tinha sido em mau momento, uma dessas conexões aleatórias que ela gostava de jogar no seu caminho por um capricho... ou, mais precisamente, quando estava drogada. Tudo o que podia fazer era olhar para o lado positivo. Eles tinham discutido por causa de ex, então ele aprendeu que esse seria um assunto para manter para si no futuro. Ele nunca mentiria para Gabi, no entanto não mencionar as coisas que ele sabia que iria perturbá-la era diferente. 67


Ele pressionou atender e levantou o celular ao ouvido. —Ei, garoto bonito. —Ei, babaca. —Mason respondeu. —Como está o calor aí embaixo? Ele olhou para Gabi, seu olhar ainda abatido. —Não é tão ruim. —Ele mentiu, sabendo que Mason não estava falando sobre o tempo. —Não é tão ruim? Isso soa como a porra de uma desilusão. O que há de errado com ela? Ela não gosta do visual emo? Emo. As piadas nunca acabam. —Eu não sou a porra de um emo. —Blake rebateu, mas seu aborrecimento se esvaiu quando percebeu Gabi sorrindo. —Sim, está bem, que seja. Então, quando vamos conhecê-la? Ele levantou uma sobrancelha. Os caras do Reckless Beat, não só da banda, mas os roadies e sua gerente, Leah, eram sua família. A única família que valia a pena conhecer, de qualquer maneira. Apresentar o grupo a Gabi seria um grande passo. Um que ele não podia esperar para dar. —Espero que em breve. Não discutimos isso ainda. —Bem, resolva suas coisas. Nós já estamos no ar. —E você está falando no celular? — Sim, a impertinente aeromoça me liberou se eu fosse rápido. —O tom de voz de Mason era sacana, algo que Blake não gostava de ouvir do outro lado da linha. —Isso seria a primeira vez. Normalmente as senhoras estão furiosas com o quanto você é rápido. —Oh, hahaha, muito engraçado, idiota. Mas não, esta encantadora senhora é muito generosa. 68


—Ela está bem ao seu lado, não é? —Totalmente... Enfim, Mitch e eu temos algo planejado em Melbourne amanhã e nós precisamos de você lá. Blake fez uma careta. — O que você planejou? Mitch não mencionou nada para mim. O guitarrista era a coisa mais próxima que Blake tinha de um irmão. Eles geralmente emparelhavam em turnê e passavam a maior parte de seu tempo compartilhando suítes e, às vezes, as mulheres. Tudo isso mudou quando a namorada de Mitch, Alana, entrou em cena. Agora Blake tinha o dever de se ausentar ou de ter tampões em seu ouvido para se impedir de ouvir todos os seus gritos ofegantes ao Pai Celestial. —É uma coisa de agente secreto. E você tem que estar lá. —A conexão da ligação falhou. —Traga sua garota. —A ligação está falhando. Você pode pedir a Leah para me enviar por email os detalhes do nosso hotel? Vou tentar pegar um voo para Melbourne hoje à noite. A cabeça de Gabi girou e o ligeiro vinco em sua testa se aprofundou. Ele sorriu para ela, tentando explicar sem palavras que tudo ficaria bem. —Tudo bem. Falo com você em breve. Blake terminou a chamada e colocou o celular sobre a mesa. —O que você acha de viajar para Melbourne? —Eu adoraria... mas tenho que trabalhar amanhã. —Você tem certeza disso? —Ele sorriu para o olhar dela se estreitando. — Eu pedi a Tammy para providenciar uma dispensa de trabalho para você. Ela não me respondeu, então você precisa verificar. Gabi enfiou a mão na bolsa. —Você pensou em tudo, né? 69


Nem perto disso. Ele sรณ esperava que Tammy tivesse conseguido a troca de turnos de Gabi. Ele nรฃo estava pronto para deixรก-la. Ele duvidou que algum dia estivesse.

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Capítulo 6 —Eu combinei com Janice para que ela pegue seus turnos na segunda e na terça-feira. E o chefe arranjou alguém para estar de plantão durante a noite. — Tammy respondeu por telefone. Uau. Isso era inesperado. Gabi geralmente sabia de tudo quando se tratava de trabalho. Ela conseguiu a gerência de tempo parcial e lidar com a alocação de turnos era uma de suas funções. Ela também passou quase todas as noites e fins de semana de plantão para emergências, o que compensou as horas que ela precisava para estudar e assistir às aulas para o seu diploma. Como ela não percebeu que Tammy era uma agente secreta de Blake? —E o chefe não se importa? —Gabi perguntou. —Você tem certeza que eu vou ter um trabalho quando voltar? —Não se preocupe. Vai dar tudo certo, e você já tem quarta-feira livre pela sua licença anual... O silêncio incômodo que se seguiu rastejou sob a pele de Gabi. Todos os anos, ela teve certeza de que não tinha que trabalhar no quarto dia após seu aniversário. Ela sempre passava o aniversário da morte de seu irmão com os seus pais. —Ótimo. —Ela forçou um tom alegre. —Obrigada por organizar tudo. Você é uma campeã. —Então, você vai me dar detalhes? Gabi riu. Ela esperava essa questão mais cedo. —Não. —Foi ruim, hein? Ela baixou a voz. Mesmo que estivesse do lado de fora, enquanto Blake 71


tinha ido pagar por suas refeições, ela não queria ser ouvida fofocando. —Longe disso. —Bem, então, conte tudo, mulher! Você está me matando. —Eu não quero te deixar com ciúmes. —Gabi sussurrou sobre o riso contido. —Ciúmes de quê? —Perguntou Blake. Ela engasgou com sua voz sussurrada tão perto de seu ouvido e derreteu no peito dele quando ele passou os braços em volta de sua cintura. —Eu tenho que ir, Tam. Vamos conversar mais tarde durante a semana. Blake beijou a curva de seu pescoço e passou a mão sob a bainha de sua camisa, provocando seu ventre com os dedos. —Você não pode me deixar pendurada assim! Vamos lá. Pelo menos me dê alguns detalhes suculentos. —Tammy implorou. Gabi conteve um gemido enquanto o toque de Blake deslizava sobre sua pele. Eles estavam em plena luz do dia, no meio de uma rua movimentada e tudo o que ela podia pensar era em suas mãos se movendo mais alto para seus seios, para apertar seus mamilos. —Não é possível... tenho que ir... desculpe. —Ela desligou o telefone, jogou o celular em sua bolsa, e virou dentro dos braços de Blake. A visão dele, seus olhos com pálpebras pesadas e os lábios a poucos centímetros dos seus, lhe roubava o fôlego. —Quem você estava deixando com ciúmes? —Ele se inclinou e acariciou sua bochecha. Sua cabeça caiu para o lado, dando-lhe um melhor acesso para trabalhar a sua magia. —Não é da sua conta. —Ela gemeu. 72


—Como posso fazer que seja da minha conta? —Ele murmurou. Algo despertou dentro dela, uma sensação quente, oscilante e avassaladora. Ela não queria nada mais em toda a sua vida que ser da conta dele. Que eles compartilhassem tudo. No entanto, a distância entre as suas vidas fazia isso parecer inalcançável. —Blake. —Ela se endireitou, precisando de toda a sua atenção para ser capaz de ler os olhos deles. Ele não afastou seus lábios do pescoço dela. —Humm? —Ele a beijou novamente, delicado e leve. —O que é preciso, meu anjo? —Suas mãos deslizaram em volta da cintura para segurar sua bunda. —Para eu ser seu tudo? Ela fechou os olhos e estremeceu. Sentia com suas palavras, seu toque, sua emoção. Ele a excitava, mas ela sabia que isso desapareceria assim que não estivessem mais juntos. O pensamento era demais para suportar. —O que vai acontecer com a gente depois que eu voltar de Melbourne? —Ela perguntou. Ele parou de beijá-la. —Você está vindo para Melbourne? —Ele se endireitou e deslizou suas mãos até a cintura. Ela balançou a cabeça para ele. —Sim. Seus olhos brilharam. —É demais pedir que você vá para os Estados Unidos comigo? Seu coração apertou com a vulnerabilidade em seu tom. Ela desejava que fosse tão fácil ouvir seu coração e dizer “sim”. Gabi não podia partir. Não tão cedo. Faltavam poucos meses para ela se formar em Gerenciamento Hospitalar. E ela precisava se formar. Ela tinha que se formar. Seis anos de educação a tempo parcial, incluindo seis meses de estudo no exterior e um ano adiado para se recuperar da morte de Greg. Ela estava pronta 73


para encerrar esta fase da sua vida. —Blake, eu adoraria, mas você sabe que não posso. Ainda não. —Não era como se ela não tivesse sonhado em fugir com ele há anos. Ela desistiria de seu mundo para estar ao lado dele se ele esperasse um pouco mais. —Eu sei. —Ele lhe deu um sorriso triste. —Eu não esperava que você fosse. É mais um desejo, eu suponho. Isso a matava. Ele era tão forte, tão leal aos seus amigos e ainda não acreditava em seu próprio valor. Se ele soubesse que ela estava planejando mentalmente seu casamento e escolhendo os nomes do bebê, assim que começaram a conversar pelo Skype... Mudar-se para a América não era um problema. Colocando as mãos em volta de seu pescoço, ela olhou para aqueles olhos escuros até ter toda a sua atenção. —Eu iria me mudar para estar com você. A esperança brilhou em seus olhos e ele mordeu o lábio. —Eu simplesmente não posso fazer isso agora. Preciso terminar a minha licenciatura. Mas depois disso... Ele segurou seu rosto, estudando sua expressão, procurando em cada pedacinho de sua alma. —Você se mudaria por mim? Lá se foi o seu coração novamente, doendo em sua vulnerabilidade. —Eu faria qualquer coisa por você. Um caleidoscópio de emoções cintilou no rosto dele: descrença, admiração, felicidade e, em seguida, sua personalidade arrogante se acomodou no lugar, e um largo sorriso inclinou seus lábios. —Eu tenho que testar essa teoria. Ela ergueu o queixo, ignorando a forma como ele se escondeu atrás de um fino véu de arrogância, e puxou a alça de sua bolsa mais alto em seu ombro. — 74


Pode testar.

***

—Me ensina a surfar. Soava como uma ideia naquele momento, ele estava em Queensland, na Austrália, o lugar do poderoso surf e do sol escaldante. Agora, ele estava muito além de indeciso com a profundidade da estupidez de sua sugestão. O que ele estava pensando? Bem, ele estava pensando exatamente a mesma coisa que qualquer cara pensaria. Gabi em um biquíni? Fantástico! O que Blake não tinha previsto era a ereção desenfreada aparecendo em sua bermuda ou as pessoas olhando para ele. Mulheres, crianças, até mesmo os homens. —Basta deitar na prancha e fingir que está remando. —Gabi se inclinou sobre ele, com os pés na frente da prancha, seu delicioso decote o tentando. — Então, o que quero que você faça é saltar em cima... —Gabi, isso não vai funcionar. —Ele murmurou. Nem mesmo o desconforto da areia arranhando seu estômago poderia diminuir a dureza de seu pênis. Duvidava que uma lixadeira elétrica contra suas bolas conseguisse. Não havia nenhuma maneira que ele pudesse “saltar em cima” em seu estado atual, sem escandalizar os habitantes locais. —É fácil. Tudo que você tem que fazer... —Ela se inclinou mais para baixo, pairando os seios sobre a cabeça dele. Sim, ter Gabi em um lugar público, usando um pequenino, minúsculo, biquíni preto. Ideia brilhante, porra. 75


—Gabi. —Ele rosnou e se apoiou nos cotovelos para olhar para ela. —Se você não tirar seus peitos da minha cara, eu vou te foder onde você está. Você me entendeu? Ela o encarou com os olhos arregalados, sua língua deslizando para fora para umedecer os lábios curvados. A visão só o fez apertar os olhos fechados. —Eu não tenho certeza sobre a lei dos EUA, mas isso é totalmente ilegal aqui. —Ela sussurrou com uma risada. — Eu. Não. Me. Importo. Porra. Sua risada aumentou, e quando ele abriu os olhos novamente, seus montes tentadores de carne estavam balançando para cima e para baixo, seus mamilos duros e aparecendo contra o material fino de seu biquíni. —Você foi avisada. —Ele ergueu-se da prancha, levantou-a e correu rapidamente para o mar. Ela gritou e balançou os braços delicados em torno de seu pescoço. Quando ele se deparou com as ondas, o agarre dela intensificou, seu grito se transformando em demandas para colocá-la para baixo. Ele a ignorou até que suas pernas estivessem fora de vista, sob a água morna australiana. Ele se concentrou nas ondas. O som do oceano o distraiu, e o sol quente do meio-dia tornou a escuridão que o contaminava um pouco mais clara. Ele nunca se sentiu tão em casa. Mesmo em um país estrangeiro, com uma mulher que tinha visto pela primeira vez na noite passada, seu coração se sentia completo. Ele nunca realmente pertenceu a qualquer lugar. No colegial, ele tinha sido o garoto pobre com os pais que não prestavam. Outros alunos zombavam dele sobre suas roupas de segunda mão e sapatos usados. Amigos íntimos tinham sido difíceis de encontrar, e mesmo aqueles tendiam a apunhalá-lo pelas costas quando ele mais precisava. 76


Seu único consolo foi a música, mais especificamente o professor de música que tentou orientar Blake afastando-o do caminho errado, ocupando-o em intervalos de almoço com aulas de violão. Desde o primeiro momento que ele segurou a madeira fria de um baixo em suas mãos, ele sabia o que queria fazer com sua vida. E levou um monte de shows e determinação para chegar lá. Depois veio a Reckless Beat. Os caras não o julgavam em outra coisa senão a sua capacidade de balançar as cordas. Mesmo a sua posição como baixista não parecia segura, no entanto. Ele segurava muitos segredos e cometeu muitos erros para sentir que seu lugar no grupo duraria para sempre. Um dia, seus esqueletos sairiam do armário, e ele seria expulso, sem qualquer consideração. Agora, aqui com Gabi, ele sabia que tinha alguém para pertencer. A pessoa que ele desejava que fosse permanente em sua vida, mesmo que ele não merecesse isso. —Você é uma provocação. —Ele sussurrou em seu ouvido, saltando sobre a primeira onda. Ele precisava manter em movimento com as ondas da água salgada até que o fluxo de sangue voltasse para seu cérebro, em vez de seu pênis. Ela riu e beijou sua mandíbula. —Talvez. Talvez? Ele olhou para ela e pulou mais uma vez na água. —Isso foi deliberado? O sorriso dela se alargou. —Os peitos na minha cara? Esfregar-se contra mim? O menor fodido biquíni já visto pelo homem? Você fez tudo isso de propósito? Suas bochechas levantaram, seu sorriso aumentando para mostrar os dentes brancos deslumbrantes quando ela deu de ombros. Atrevida. —Você vai pagar, meu lindo anjo. —Ele se inclinou para ela, a água agora lambendo seu peito, e tomou os lábios com os seus. Não havia nada delicado sobre seu beijo. Foi duro, inflexível e sem remorso, assim como a dureza 77


crescente entre as suas pernas. Gabi se agarrou a ele, colocando as coxas ao redor de sua cintura, o que provocou sua excitação a novas alturas. O desejo e o amor que segurava por esta mulher batiam tão forte em suas veias que ele queria se ajoelhar aos seus pés e pedir-lhe para ser sua. Não por um fim de semana. Não por um mês. Para sempre. Ela quebrou a conexão com um suspiro e olhou para trás. —Onda. —Ela gritou, em seguida, empurrou seu peito, mergulhando no azul profundo. Ele teve um segundo para olhar por cima do ombro e segui-la sob a água antes de mergulhar. Quando subiu para respirar, Gabi estava na frente dele, com os cabelos na altura dos ombros agora penteados para trás em ondas leves. —Vamos para o fundo. Não haverá muitas ondas. —Ela agarrou sua mão, entrelaçando os dedos, enquanto caminhavam para águas mais profundas. Quando outra onda formou, ela soltou sua mão e mergulhou sob a onda aproximando, tão fluida e ágil. Desta vez, quando ele mergulhou atrás dela, ele abriu os olhos, ignorando a picada de água salgada, e agarrou-a pela cintura. Ela não vacilou, nem sequer fraquejou quando ele a puxou para seus braços e levouos à superfície para respirar. Ele deu-lhe um segundo para recuperar o fôlego antes de grudar sua boca contra a dela, sua língua se aprofundando entre os lábios. Seu peito retumbou, expressando a demanda feroz de seu corpo para essa mulher. Ele não se importava em se afogar durante o beijo. Respirar parecia banal diante da paixão em seu estado atual. Ela enrolou as pernas em volta dele novamente, moendo seu calor contra o seu comprimento. Seu corpo sacudiu com o prazer, exigindo-lhe que puxasse seu biquíni para o lado e a tomasse. Bem aqui. Agora mesmo. Cercado por surfistas, banhistas, pais e filhos. Foda-se todo mundo. Eles não importavam. Nada importava. Exceto Gabi. 78


Seu corpo doce excitando-o, levando-o a um lugar que nunca tinha estado antes. Ele aprofundou o beijo, segurando a parte de trás de sua cabeça com uma mão, enquanto a outra agarrava a bunda dela. A força do mar puxou contra suas coxas e ele quebrou o beijo para encontrar uma enorme onda se formando. —Nós vamos fazer isso de novo. —Gabi se soltou de seu corpo e nadou em frente, correndo para mergulhar na onda antes que ela quebrasse. Ele a seguiu, tentando muito duro ignorar sua ereção, o que retardou o progresso. Ambos chegaram ao topo da onda, já que começou a quebrar, e navegaram para baixo buscando o final, um metro de distância, olhando um para o outro com a necessidade febril. Quando a água nivelou, ele mergulhou novamente, ressurgindo contra seu corpo. Ele não teve tempo para beijá-la ou segurar seus quadris, antes que ela estivesse sobre ele, sua língua em sua boca, com as mãos no peito. Seu toque deslizou mais baixo, ao longo de sua cintura, para agarrar seu pênis, fazendo com que ele pulasse. —Puta merda. —Ele estava perto, tão empolgado no toque, gosto e luxúria que não demoraria muito para explodir. —Cuidado, meu anjo. —Ele se manteve à tona na água, o oceano batendo em seu queixo. Tomando a mão de Gabi, ele nadou alguns metros de volta à costa, onde podia sentir a areia entre os dedos dos pés. Uma vez que arrumou sua posição, ele agarrou seus quadris e puxou-a em sua cintura. —Quero fazer você gozar. Ela apertou os lábios e sorriu. —O que está te impedindo? —Ela disse com seu olhar sedutor sob os cílios molhados, os cabelos escorrendo ao redor do rosto. Ele rosnou e esmagou seus lábios contra os dela, violando sua boca com a língua, enquanto sua mão deslizava de seu quadril para a virilha, e para o fundo do biquíni. Ela respirou fundo. Cristo. Ambos estavam uma pilha de nervos hipersensíveis. Ele segurou-a pela cintura com a mão livre e bateu em sua boceta 79


com a mão já aninhada contra seu calor. Seu corpo estremeceu contra ele, suas pálpebras tremulando enquanto suas costas se arqueavam em seu peito. O oceano subiu em torno deles, arrastando-os para mais próximo da costa antes de recuar. Seus dedos brincavam com a boceta dela, enquanto sua boca devorava a dela. O prazer do seu corpo o fazia arder, fazendo-o ansiar para arrastá-la até a costa e tomá-la em uma praia cheia de estranhos. Mas ele não podia. Ele não podia nem levá-la nas profundezas da água, onde suas ações seriam escondidas sob as ondas azuis profundas. Ele não tinha proteção e não tinha testado para DST em seis meses. Ele fodia com segurança e nunca arriscaria a saúde de Gabi para a sua satisfação. Sabendo que teria que esperar até que eles estivessem de volta ao seu hotel só fez a dor pulsar com mais força. —Quer que eu faça você gozar? —Ele rosnou em seu ouvido. Ela choramingou e acenou com a cabeça aninhada em seu pescoço. Ele sorriu, amando como podia uma mulher tão bonita ficar carente e atordoada com a paixão. —Tem certeza? —Ele brincou, acariciando os dedos para frente e para trás e para o seu núcleo. —Oh, Blake, por favor. —Ela cravou as unhas em sua pele e esfregou seus mamilos eretos contra seu peito. —Não vai demorar muito... eu... Basta parar de me provocar, por favor. Com um deslizar suave, ele enfiou seus dedos nela. Ela gemeu, as paredes de seu interior imediatamente apertaram seus dedos. —Você é tão linda, porra. —Ele sussurrou em seu ouvido. Seus lábios estavam entreabertos, os olhos fechados, o rosto corado. A água ao redor deles enquanto deslizavam sobre uma onda se formando. Ele ignorou, desligando-se do mundo ao seu redor. Ele queria dar a Gabi algo para se lembrar dele, algo para pensar cada vez que olhasse para o oceano. E prazer era 80


uma coisa em que ele se destacava. Trabalhando com os dedos dentro e fora de seu corpo, encontrou um ritmo. Ele a puxou mais apertado contra ele e trabalhou sua coxa entre as pernas, aumentando a pressão. Suas bolas pulsavam, seu pênis pulsava, mas ele se concentrou unicamente nela. Tudo era para ela. —A sensação é boa, anjo, estar aqui na frente de centenas de pessoas com os meus dedos em sua boceta? Eu nunca teria pensado em você como uma garota safada. Ela gemeu em seu pescoço, afundando seus dentes em sua pele. —É... tão... bom. Ele moveu os dedos mais rápido, esticando o material de seu biquíni para descansar o polegar contra o clitóris. —Ah... merda. —Ela ofegou e contraiu contra a mão dele. Ela levantou a perna, envolvendo-a em torno de sua coxa, dando-lhe um melhor acesso ao seu calor apertado. —Mais, por favor. —Sua boca sugava a pele dele e seu toque viajou para baixo de seu corpo, abaixo da cintura. —Por favor, Blake. —Ela agarrou sua ereção e começou a acariciar. Ele apertou a mandíbula, engoliu em seco e pensou em atrasos nos aeroportos, em qualquer coisa para afastar o seu foco dos golpes rítmicos de seu aperto de seda. Eles estiveram fazendo amor a noite toda, e ele não conseguia o suficiente dela. Ele não tinha imunidade contra essa mulher. —Oh, Blake. —Ela beijou seu pescoço, dando mordidinhas que deixaram suas coxas tensas. —Você vai gritar por mim, linda? —Ele moveu os lábios de seu ouvido e raspou os dentes contra seu lóbulo. —Quero ouvir você chamar meu nome. Eu quero que todos ouçam, para que saibam que você é minha e que nunca duvidem 81


de quem você pertence. Ele intensificou seu aperto, ele estava tão perto, mas não queria gozar sem ela. Colocando mais pressão sobre o clitóris, ele afundou um terceiro dedo em sua boceta e sentiu suas bolas apertarem com o gemido dela. —Eu estou... ahh... A voz dela o deixava louco. Então seu núcleo começou a pulsar em torno dele. O sangue correu em seus ouvidos, ensurdecedor e sua mão apertava forte seu pênis. Ele ficou parado, dando continuidade ao impulso de seus dedos quando ela arqueou as costas e gemeu de prazer. Pelo canto do olho, espuma branca chamou sua atenção e ele virou a cabeça para ver uma onda ameaçadora acima deles. Não houve tempo para pensar. —Gabi! —Ele deslizou as mãos de sua boceta e agarrou seu braço. Seus olhos se abriram, não registrando o perigo quando ele respirou fundo e afundou. Ele tentou arrastá-la com ele, mas a força da onda contra as costas a afastou. A torrente puxou as pernas dele, retorcendo o seu corpo, sugando o ar de seus pulmões. Então, tão rapidamente como bateu, tinha ido embora. Ele subiu para a superfície, rompendo sob a água com um suspiro e virou em um círculo rápido para procurá-la. Onde ela estava? Gabi sempre subia antes dele. Ela era aquela que gostava de nadar, mas não podia vê-la em qualquer lugar. Seu coração batia forte e o medo apertou sua garganta. Ele estava prestes a levantar a mão para chamar um salva-vidas, quando a cabeça dela surgiu sob a água mais de dez metros de distância. Ela estava mais perto da costa, agora presa na principal área onde as ondas estavam quebrando. 82


—Gabi. —Ele nadou até ela. Ela não sorriu, não tirou a massa de cabelo emaranhado de sua testa. Ela simplesmente ficou ali, a água agora lambendo seus seios enquanto piscava em transe. Ele nadou ainda mais e sentiu outra onda puxando em seus calcanhares. —Gabi! Ela ergueu o queixo, procurando por ele. —Gabi, se abaixe. —Todo o seu corpo endureceu, sua ereção se foi depois de todo o tormento. Ela avistou a onda atrás dele, e ele esperou que ela mergulhasse antes de fazer o mesmo. Ele procurou-a sob a água e subiu segurando-a pela cintura. —Você está bem? Ela se inclinou para ele e fez uma careta. —Pior... orgasmo... de sempre. Ele apertou-lhe mais forte e deu uma risada tímida. —Sim? —Algo não estava certo. Ela estava balançando em seus pés, olhando para longe como se estivesse desorientada. Ele precisava tirá-la da água. —Pensei que teria que chamar ajuda vendo como você ainda parece atordoada. Ela deu uma risada superficial que aumentou sua preocupação. Não havia nada de superficial em Gabi. Ela era entusiasmada, jovial, apaixonada. Sempre. Não a pessoa que estava diante dele, olhando através dele. —Eu preciso chamar ajuda para você. Ela balançou a cabeça, em seguida, fez uma careta. —Não, eu estou bem. —Ela colocou os dedos nas têmporas. —Só preciso me sentar. Essa é a primeira vez em anos que levei um caldo6. Ele a tirou da água, segurando-a perto para ter certeza de que ela não 6

Bater de frente com uma onda no mar, na linguagem dos surfistas

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caísse com o bater contínuo das ondas. Quando chegaram à costa, um salva-vidas veio para eles, correndo para a água na altura do tornozelo em sua bermuda vermelha brilhante e uma camiseta amarela. —Gabi? —O cara foi para o outro lado e colocou a mão em volta da cintura dela. A familiaridade entre eles surpreendeu Blake. Ele não era do tipo ciumento, mas ver este garoto bonito com o braço em volta de Gabi teve o mesmo resultado que acenar uma bandeira vermelha para um touro. Ninguém tocava em sua mulher. Mesmo que ela não fosse realmente a sua mulher. —Eu estou bem, Troy. Ambos estão sendo melodramáticos. Troy: seu instrutor de surf. Blake se lembrou de Gabi falando sobre ele mais de uma vez. Eles a levaram até a praia, ajudando-a a sentar-se na areia fofa perto de suas toalhas. —Sério! —Ela protegeu os olhos do sol e encarou ambos. —Estou bem. Ambos podem parar com a superproteção. Eu só preciso recuperar o fôlego. —Ela levou um caldo e ficou submersa por um tempo. —Blake rangeu os dentes cerrados. Ele não tinha nenhuma formação médica e se o grande, loiro salva-vidas era o único que poderia basear para verificá-la, então que assim seja. O idiota deu a Blake um olhar desdenhoso, então voltou sua atenção para Gabi. —O que diabos você estava fazendo para ser esmagada tão forte? Você geralmente é uma com o oceano. A insegurança fez Blake ajoelhar-se para permanecer perto de Gabi. Fodase a irracionalidade, ele não se importava. De repente, se sentiu sobrecarregado com a necessidade de marcar uma posição. —Desta vez, ela foi “uma” comigo. — Um sorriso puxou seus lábios. Sim, ele era um idiota arrogante, mas queria que o cara soubesse o placar. 84


Gabi bufou e levantou uma sobrancelha quando virou o olhar para ele. — Sim. Foi inteiramente culpa sua. —Ela sorriu. —Ahh... Certo. —O cara murmurou, dando um passo para trás. O sorriso de Gabi se aprofundou. —Blake, este é Troy. Troy, este é Blake, o baixista da Reckless Beat. Blake ainda exibia o sorriso estou-dormindo-com-ela-então-beije-minhabunda quando virou sobre seus calcanhares para Troy. O cara não ficou impressionado. Ele olhou com o nariz torto, seu olhar vagando sobre as tatuagens de Blake com nojo. —Oi. —Troy murmurou e estendeu uma mão para Blake apertar. —Oi. — Blake sacudiu a cabeça em reconhecimento e apertou a mão do cara. Eles apertaram por mais tempo do que o necessário, encarando um ao outro, nenhum deles disposto a quebrar o contato visual. Gabi limpou a garganta e ficou de pé, e ainda assim o idiota não afrouxou seu aperto. Ele se soltou, ignorando a forma como Troy continuou a encará-lo. Foda-se o salva-vidas. Não seria a última vez que Blake teria que lidar com a desaprovação de alguém onde Gabi estaria em causa. —Vamos para casa. —Gabi disse, sacudindo a areia de sua bunda. A forma como ela disse “casa” o fez engolir. Ele conjurou imagens de uma família e os sentimentos de uma união permanente. Era um doce alívio contra a ansiedade da ideia de ficar sem ela de novo. Deus, como ele queria isso. Ele queria merecer isso. Troy deu um passo adiante. —Preciso verificar você primeiro. Gabi fez uma pausa e deu a Troy um olhar incrédulo. —Você está falando sério? É só um pouco de dor de cabeça. Você me viu tomar caldos como esse antes. 85


Ela limpou a areia molhada de sua barriga bronzeada, sacudindo os seios deliciosos. Blake estava chateado que não era o único a ver os movimentos. —Eu estou no turno, Gabi. Se você acabar no hospital depois que eu deixá-la ir embora, vou estar encrencado por não checá-la corretamente. Gabi colocou a mão em seu quadril e olhou para Troy. Blake não tinha ideia do que uma “checagem adequada” envolvia e já odiava a ideia, no entanto, ele iria dar um passo atrás e deixar que o garoto bonito fizesse o trabalho dele. Infelizmente, eles pareciam bem juntos. A garota surfista com o salvavidas. Ambos bronzeados, tonificados e pelos padrões das sociedades de estética: perfeitos. —Tudo bem. —Gabi rosnou. —Me cheque. —Ela balançou os braços em aborrecimento. Troy deu um passo para perto dela. Seus corpos se aproximaram como se fossem íntimos. Quando a mão dele suavemente segurou-lhe o queixo para que pudesse espiar em seus olhos, Blake quase perdeu o rumo. Todo esse tempo, ele ouviu Gabi compartilhar os detalhes sobre os caras com quem ela namorou, e embora ele quisesse estar perto dela, ele não morava na Austrália. Os homens eram algo que estava fora de seu controle. Agora os dedos do imbecil estavam em seu cabelo, vagando em sua cabeça e Blake desejava castrar o filho da puta, só para eliminar qualquer ameaça no futuro. —Não tenho um ferimento na cabeça, Troy. —Gabi olhou para ele com irritação. —Como eu disse, eu tenho que verificar. —Claro que sim. —Blake murmurou e se virou. A única coisa que doía mais era saber que Troy estaria por perto assim que Blake voltasse para os EUA. Sua relação com Gabi não seria um caso de poucos quilômetros de distância, com visitas nos fins de semana. Eles teriam que lidar com estarem em diferentes 86


países, no outro lado do mundo. Quando Blake girou na areia para olhá-la, ela estava olhando para ele, com cenho franzido em desculpas. Os lábios dela se moviam, murmurando as palavras, “Eu te amo” e seu coração balançou. Ela realmente era um anjo, e talvez ele estivesse errado pensando que as coisas entre eles funcionariam. Ele não tinha nenhum problema em ser fiel. Isso não era um problema. No entanto, viver sem ela, não importa o quão temporário fosse, iria matá-lo. Tinha sido difícil o suficiente nos últimos quatro anos. Ir para casa agora, sabendo que Gabi estava tão longe, sabendo o que eles tinham compartilhado e quão certo parecia, poderia ser uma tortura implacável. —Eu também te amo. —Ele murmurou de volta. Ela sorriu, felicidade brilhando em seus olhos azuis brilhantes. —Você perdeu a consciência? —Troy perguntou abaixando as mãos. —Eu não sei, talvez por um segundo. —Gabi deu de ombros. —Foi mais o choque de ser surpreendida que me deixou em transe. Eu não estava esperando por isso. Troy deu um passo atrás. —E quanto à fadiga? Você está se sentindo cansada? —Ah, vamos lá, Troy. Você sabe que eu estou bem. —Gabi se moveu em direção a Blake e pegou sua mão. Ela entrelaçou os dedos, colocando um beijo na tatuagem Reckless que adornava os dedos. O olhar de Troy seguiu suas ações, sua mandíbula apertando. —É uma pergunta simples, Gabi. Ela bufou e balançou a cabeça. —Sim, Troy, estou cansada. E você quer saber por quê? —Ela levantou as sobrancelhas, erguendo a cabeça com atitude. —Porque eu estive com Blake durante toda a noite. 87


Se Blake tivesse uma boca cheia de água, teria pulverizado por todo o rosto chocado de Troy. Nenhum deles viu isso vindo. —Sim, você ouviu direito. E não pense que não percebi o desdém em seu olhar quando olhou para ele. —Gabi soltou a mão de Blake e se abaixou para pegar as toalhas. —Eu te apresentei ao meu melhor amigo, Troy. —Ela falou por cima do ombro. —E tudo o que você fez foi encarar. Então, obrigada por sua preocupação, mas tenho certeza de que se eu precisar de alguma coisa, Blake será capaz de me dar. Toma! Menino fresco foi nocauteado. Blake sentiu pena do cara. Da forma como Troy ficou boquiaberto e os ombros caídos, era óbvio que o cara sentia como se suas bolas tivessem sido pisadas. Blake contemplou defender o idiota... Foda-se. O homem músculo teria tempo para puxar o saco dela, quando Blake tivesse ido embora. Ele acreditava em ajudar um irmão, mas não quando se tratava de Gabi. Ela afastou-se, indo para a calçada e tentou não sorrir quando ele a seguiu. Blake sempre foi um cara de amigos antes de bocetas. Mas, quando ele a segurou, e caminharam de mãos dadas para o apartamento dela, ele não conseguia parar de pensar em nenhum irmão, Mitchell ou os outros membros da banda incluídos, que significasse mais para ele do que Gabi.

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Capítulo 7 —Como você está se sentindo? —Blake murmurou em seu pescoço ao lado dela no assento na classe executiva. Ele lhe fez a mesma pergunta mais vezes do que podia contar. Sua preocupação a fazia sorrir. Desde o caldo na praia, ele agia como um completo cavalheiro, a banhando com beijos suaves, lavando suavemente o cabelo no chuveiro e escolhendo um vestido floral para ela vestir. A roupa escolhida era elegante, fazendo-a se sentir como uma esposa de Stepford 7, especialmente quando estava em pé ao lado de Blake. Mas ela usou de qualquer maneira por causa do olhar dele que a devorava. Ele sentou-se na beira da cama, observando-a desempacotar as roupas da noite passada e refazer as malas por roupas mais quentes para o frio do fim de primavera de Melbourne. Nem uma vez ele agiu sobre a luxúria vidrada de seus olhos. E ela estava agradecida. Apesar de sua necessidade, ela ainda estava abalada com o golpe que tinha tomado na praia. Suas pernas tinham sido atacadas pelo oceano e sua cabeça batera no chão, deixando-a atordoada e confusa e possivelmente sofrendo de uma pequena concussão. —Bem. —Ela agarrou a mão de Blake no descanso de braço e deu-lhe um aperto. Além de uma dor de cabeça assassina, ela estava bem. Assim que seus pés estivessem de volta em terra firme, ela tomaria duas aspirinas e ficaria bem. —Você está pálida. Isso pode ter algo a ver com a dor aguda que cortava sua cabeça sempre que o avião sacudia com a turbulência. —Vou ficar bem, na terra. —E se a aspirina não funcionasse, ela planejava testar a teoria de que o sexo curava dores de cabeça. 7

Referência ao filme homônimo onde todas as esposas são perfeitas.

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Respirando fundo, ela se concentrou no bracelete de couro no pulso de Blake. Era muito sexy. Era estranho que uma joia poderia derreter suas entranhas como manteiga. Em seguida, havia as tatuagens que envolviam o braço dele. Com o dedo indicador, ela seguiu os padrões, traçando as letras de músicas familiares, redemoinhos tribais, e notas musicais, apreciando a forma como o olhar dele acompanhou seus movimentos sobre as imagens. O avião sacudiu com outra explosão de turbulência e ela fechou os olhos, cravando as unhas na pele de Blake em um golpe repentino de dor. —Puta... merda. —Blake engasgou e pegou a mão dela. —Recolha as garras, gatinha. Ela abriu um olho e fez uma careta antes de fechá-lo novamente. —Sinto muito. —Por que você não se levanta e estica as pernas? Pode fazer você se sentir melhor. O pulsar entre suas têmporas diminuía quando o avião voava sem problemas. —Talvez mais tarde. —Neste momento, seu único conforto vinha dele, e ela não queria perder isso. Ele levou a mão dela aos lábios, que descansou de volta contra o encosto de cabeça para olhar para ele. Seus olhos eram da tonalidade mais escura de castanho. A tonalidade beirava o preto e refletia pecado e luxúria. Ela não tinha resistência a este homem. Ele tinha a capacidade de seduzi-la com um único olhar. Mesmo quando ela lutava sob a ameaça de uma enxaqueca, ele fazia seu corpo incendiar. —Você precisa de mim para distraí-la? Ela adorava aquele tom dele, que saía de seus lábios com uma masculinidade tentadora. Ele colocou sua boca na ponta de seu dedo indicador e mordeu de leve na 90


unha. Seus mamilos formigaram em resposta, e ela discretamente se moveu no assento, tentando desalojar a dor que se formou entre suas coxas. —Você sabe, talvez dar um passeio seja uma ótima ideia. —Ela disparou, já saindo de seu feitiço. —Vou ao banheiro me refrescar. —Ele já provou que a bússola moral dela não funcionava na sua presença. Cristo. Eles haviam provocado um ao outro na praia esta manhã, pelo amor de Deus. Entre as bandeiras vermelhas e amarelas e rodeado por um monte de pessoas. Que elegante. Se ela não tivesse cuidado, poderia encontrar-se montada nele na frente da classe executiva. Abrindo seu cinto, ela ignorou seu sorriso e manobrou para o corredor. — Voltarei em um minuto. Ela atravessou com as pernas trêmulas, segurando os encostos de cabeça toda vez que o avião balançava. Quando chegou à porta do banheiro, uma mão firme pousou em seu quadril, assustando-a. Ela virou-se rapidamente e fez uma careta ao encontrar Blake pairando sobre ela, seus lábios se inclinaram em um sorriso perverso. Ele se inclinou para ela, colocando sua boca em seu ouvido. —O que você está fazendo? Seu hálito quente enviou uma emoção através de seu corpo traidor, apagando seu desconforto com algo quente e formigante. —Blake... —Alertou. — Eu vim aqui para ficar longe de você e de seus dedos pegajosos. —Humm... —Ele rosnou em seu pescoço. —Meus dedos não estão pegajosos ainda, mas podemos mudar isso. O ar abandonou seus pulmões, e ela recuou um passo para se salvar. Sua mãe ficaria horrorizada se soubesse os pensamentos lascivos atualmente correndo pela mente de sua filha. —Querida, você não parece bem. —Ele disse alto o suficiente para os 91


passageiros próximos ouvirem. O sorriso de antes saiu de seu rosto, e a mudança repentina de tesão para amante preocupado a deixou apreensiva. Certamente ela não parecia tão ruim. —Você é estranho, meu amigo. —Ela sussurrou e destravou a porta do banheiro. —Está tudo bem aqui, Sr. Kennedy? —Perguntou uma voz feminina. Gabi revirou os olhos e virou-se para encontrar uma das aeromoças batendo os longos cílios para Blake. Parecia ser um padrão delas, correndo para o seu lado quando ele tossia, espirrava ou respirava. E esta gostava de mostrar sua preocupação acrescentando seu decote. —Estou muito preocupado com ela. —Blake disse para a morena peituda. —Gabi levou uma pancada na cabeça esta manhã, e tenho certeza que ela está sofrendo de uma concussão. Eu não quero deixá-la sozinha. A mulher poupou a Gabi um olhar fugaz antes de se concentrar de volta em Blake. —Entendo a sua preocupação, no entanto, a política da empresa não permite mais de um passageiro no banheiro a cada vez. —Sim, eu sei. Eu só não quero deixá-la sozinha. —Blake continuou. — Especialmente quando ela diz que está enjoada e tonta. Gabi ignorou e entrou no banheiro minúsculo. Antes que pudesse fechar a porta para a conversa deles, ele enfiou o pé. —Não quero que você feche a porta, docinho. —Ele terminou com um exagerado sotaque sulista. —O que acontece se você desmaiar? Gabi revirou os olhos. Não havia risco de ela desmaiar. Ela tinha uma dor de cabeça, e a única razão pela qual ela tinha náuseas era porque os pilotos não sabiam como fazer o maldito avião voar em linha reta. —Blake. —Ela franziu o cenho para ele, colocando as mãos nos quadris. 92


Quando seu sorriso aumentou e ele piscou, seu estômago deu um leve giro. Ahhhh. Talvez sua concussão fosse mais séria do que ela pensava. Ele estava interessado em sexo nas alturas, e não seriamente preocupado com uma concussão. Ela não havia percebido as segundas intenções dele até então. Ela estreitou o olhar e tentou pensar enquanto seu coração batia loucamente contra suas costelas. Será que ela realmente quer contornar a linha de vadia e se juntar ao clube de milhas com uma estrela do rock sexy que ela amava sem remorsos? Ahh, sim... Ela definitivamente tinha uma concussão se ela tivesse de contemplar a questão. Deixando escapar um suspiro derrotado, ela tentou uma atuação digna do Oscar. —Bem, não quero vomitar minhas tripas na frente dos passageiros, não é? Assim, ou entra ou sai. —Ela manteve o aborrecimento estampado em seu rosto enquanto lutava bravamente contra a gargalhada que exigia se libertar. A aeromoça recuou no tom sarcástico de Gabi. —Humm, se ela está realmente doente, vou deixá-lo cuidar dela, Sr. Kennedy. Se a sua condição piorar, por favor, venha me chamar imediatamente. —Sem problema. —Blake respondeu, enquanto seu olhar passava lentamente pelo corpo de Gabi um centímetro de cada vez. Ele deu um passo para frente, dominante e talvez um pouco arrogante, quando ela inclinou para a parede oposta do banheiro compacto. Quando ele fechou a porta, fechando-os no espaço minúsculo, ela engoliu sua excitação. —Demorou um pouco para que você entendesse, anjo. Talvez você não seja tão impertinente quanto pensei. Ela levantou uma sobrancelha. Seu fluxo constante de amantes do passado a fez longe de ser pura. No entanto, ela não estava nem perto de ser uma detentora do ticket do clube de milhas. Ou uma titular do ticket de sexo no oceano. Antes de hoje, de qualquer maneira. —Ou isso foi o galo na sua cabeça? —Ele agarrou a mão dela e puxou-a 93


em seu peito. —Talvez eu estivesse tentando ficar longe de você, depois do jeito que você quase me afogou com o último orgasmo. Ele riu e inclinou para beijar seu queixo. —Vou compensar isso. Ela fechou os olhos e começou a se afogar novamente, desta vez, na explosão de prazer que pulsava através dela com o toque de seus lábios. Com um pequeno empurrão de seus quadris, ele a virou de frente para a pequena pia, de costas para o peito dele. Ele nunca parou de beijá-la, acariciandoa, com as mãos loucamente vagando pelo corpo dela. Ela agarrou o balcão e empurrou em sua ereção, amando a sensação da carne dura contra sua bunda. —Nós não deveríamos estar fazendo isso. —Sua consciência falou em voz alta. —Há centenas de pessoas do outro lado da porta. —Assim como na praia... O pensamento fez os olhos se abrirem. —Você gosta desse tipo de coisa? Ele fez uma pausa e seus olhares conectaram no espelho, seus longos cílios escuros emoldurando olhos ferozes. Ela limpou a garganta. —Quero dizer, você é um exibicionista? Você gosta de fazer sexo ao redor de muitas pessoas? Ele inclinou a cabeça em um ângulo e a estudou. —Eu sou um músico, Gabi. Eu amo uma multidão. Ela parou de respirar. Embora esta manhã na praia tenha sido bom, ela não achava que poderia fazer isso o tempo todo. Ela nunca tinha sido do tipo pervertida. Ele se inclinou e chupou duro em seu pescoço, sacudindo o colar que ela não poderia pensar em tirar. —Mas não quando se trata de sexo. —Ele falou em seu ouvido. —Eu morreria antes de deixar outro homem vê-la nua. Sou muito ciumento para isso. —As mãos dele se arrastaram por sua cintura, reunindo seu 94


vestido de verão para que a barra na altura do joelho chegasse ao topo de suas coxas. —Eu quero você só para mim. Ambas as mãos foram para baixo do cós da calcinha dela, os dedos brincando com seu clitóris com movimentos leves. Seu núcleo convulsionou com a promessa em seu toque, e ela descansou contra seu corpo, levantando um braço para trás dela para embalar a nuca dele enquanto a outra agarrava o balcão de apoio. —Não quero dividir você também. —Sua admissão a atordoou. Ela não queria compartilhá-lo, nunca quis nem mesmo durante a amizade. Só que eles viviam tão distantes. Ele era um homem extremamente lindo, e sua vida era cercada de mulheres livres e oferecidas. Será que ele não ficaria com outras mulheres, temporariamente ou permanentemente? —O que você está pensando? —Ele perguntou por entre seu cabelo. Ela saiu de seus pensamentos e colou um sorriso no rosto. Ela precisava aproveitar cada minuto que tinha com ele, e não se debruçar sobre o que aconteceria assim que o conto de fadas acabasse. —Nada. —Ela balançou a cabeça e virou para beijar o queixo dele. —Os anjos não devem mentir. —Ele ronronou e puxou os dedos de sua calcinha. Ele colocou uma mão em seu ombro, aumentando a pressão, girando-a em seus braços. Eles estavam a centímetros de distância, as mãos dele descansando agora no balcão de cada lado de seus quadris quando ela olhou para ele. —Diga-me. —O olhar dele passou em seu rosto, um leve vislumbre de preocupação surgindo na íris profunda. Ela agarrou o seu cinto e começou a abri-lo. Este não era o momento nem o lugar para essa conversa. Este tempo, este lugar, estava reservado para uma 95


coisa: clube de milhas e ela de repente estava com pressa para ser um membro de pleno direito. —Podemos falar sobre isso mais tarde. —Diga-me, Gabi. Ela puxou a fivela e abriu o fecho da calça jeans. —Agora não. —Ela ignorou a maneira como ele estufou o peito em desafio, e abaixou o zíper. —Eu quero você. —Mais do que tudo, ela queria que ele tirasse sua dúvida por alguns momentos fugazes, fazendo-a sentir como se não houvesse nada a temer no futuro. Colocando a mão na dura e longa ereção através de sua cueca. Ela o acariciou. Ele se inclinou para ela, apoiando a testa contra a dela. —Você vai me dizer... —Ele gemeu. Ela continuou os golpes, mais longos e mais rápidos, e não pôde evitar o sorriso perverso quando os olhos dele fecharam de prazer. —Talvez... não exatamente... agora. —Ele continuou e terminou com um gemido. —Mas você vai... me dizer, Gabi. Agarrando a cintura da calça jeans e da cueca, ela empurrou o material até que descansou no meio da coxa. Seu pênis grosso caiu para frente e ela espalmou-o na mão, esfregando o polegar sobre a cabeça sensível. —Jesus... —Ele sussurrou e abriu os olhos. —Faça isso de novo. Ela obedeceu, esfregando a ponta do seu polegar sobre o fluido gotejando de sua fenda. —Porra, anjo. Seus dedos me levam direto para o céu. Seus lábios esmagaram contra o dela e ela suspirou em sua boca. Ele moeu nela, empurrando sua ereção contra sua cintura. Ela continuou a brincar com ele, acariciando a cabeça e para baixo de seu eixo. Suas línguas emaranhadas e dentes colidindo enquanto ele a levantava em cima do balcão. 96


—Merda, espera. —Ele colocou-a de volta em seus pés e puxou a camisa sobre a cabeça. —Aqui, sente-se nela. —Ele colocou a camisa sobre o balcão e a colocou sobre o balcão. Porra, ele era tão cavalheiro. Como poderia um homem, tatuado e repleto de cicatrizes emocionais ser... tão perfeito para ela? Sua ternura não conhecia limites. Ela olhou para ele, sua bunda pairando sobre a borda do balcão com a apenas espaço suficiente para descansar o seu peso. Será que isso importa? Claro que não. Ele agarrou seu quadril com uma mão e apertou-a com o outro braço em volta da cintura. —Você pode alcançar o meu bolso? —Ele ofegou em sua boca, mordendo seus lábios. Ela avançou lentamente para trás, confusa. —À esquerda. —Ele beijou sua orelha, seu queixo, seu pescoço. — Camisinha. Oh. Ela procurou em seu bolso, ansiosa e impaciente. Seu sangue estava correndo por suas veias, sua boceta agora estava desconfortavelmente encharcada e esperando ser preenchida. A embalagem de alumínio ondulou contra as pontas dos dedos e ela puxou-a rapidamente. Ele continuou a banhá-la em beijos, sua mão movendo-se de sua bunda, para a sua cintura, para abaixar a frente de seu vestido e o busto do sutiã. A primeira chupada em seu mamilo a fez sorver uma respiração, e a camisinha quase caiu de seus dedos. Prazer deslizou de seu peito, pingando através de cada membro, unindo com o profundo latejar de luxúria em seu núcleo. —Quero que você a coloque em mim. —Ele sussurrou. —Depressa, Gabi. Eu quero pra caralho estar dentro de você. Ela sufocou um gemido e rasgou a embalagem de alumínio da camisinha. Seus dedos tremiam quando ela jogou a embalagem no chão e colocou a 97


proteção ao longo de seu comprimento. Sua ereção empurrou em seu aperto, pulsando com cada golpe de sua mão. Assim que ela chegou ao fim do seu eixo, ele levantou seu vestido até a cintura e puxou a calcinha até os tornozelos. —Oh, foda-me. Você realmente tem a boceta mais linda que eu já vi. —Shhhhh. —Gabi bateu com a mão sobre a boca dele. Seria bastante difícil caminhar de volta para os seus lugares mesmo se eles fizessem sexo em silêncio. Mas se Blake não fizesse nenhum esforço para ficar quieto, ela ia morrer de humilhação. —O quê? —Ele sussurrou. —É verdade. —Ele segurou seu pênis na mão e o empurrou para cima e para baixo em sua fenda. —Humm, tão bom. Ele levantou sua coxa, mantendo-a aberta e em seguida, em um impulso rápido, mergulhou nela, enchendo-a ao máximo. Ela abriu os lábios para gritar, choramingar, gemer e ele bateu a boca contra a dela, entorpecendo o som, aumentando o prazer com um golpe de sua língua. Ela balançou para ele com pequenos movimentos de seus quadris e passou as mãos sobre o peito dele. Sua pele era suave sob seus dedos, seus músculos se contorciam a cada batida de sua pélvis. Um formigamento começou a vibrar no inferior de seu ventre, crescendo a cada segundo que passava. Ela podia sentir a aproximação rápida do clímax em seus mamilos, seu ventre, sua boceta. Cada parte dela estava viva para ele, vibrando com o delicioso atrito do pênis. Ele rosnou em sua boca e aumentou seu ritmo. —Gabi? —Sim... eu estou perto. Sua mão encontrou seu seio, esfregou o mamilo sensível. —Vou ter que parar. Ela balançou a cabeça, com a mão serpenteando entre eles para encontrar 98


seu clitóris. Ela estava tão perto, prestes a ter um orgasmo. Ignorando o resto do mundo, ela se focou no prazer. A testa de Blake estava franzida com a tensão, com a mão ainda segurando a coxa dela, mantendo-a aberta para que ela pudesse ver onde eles se uniam. A camisinha brilhava com sua umidade, suas bolas batiam contra o inferior de sua bunda. —Oh, Deus, eu vou... —Ela mordeu o lábio para segurar seu grito, seu corpo convulsionou com espasmo após espasmo de clímax. Blake gemeu longo e baixo. Seus quadris bateram, bombeando mais forte, tornando-se selvagens empurrões rítmicos. O pequeno espaço encheu com o barulho de carne batendo contra a carne. Lentamente, a nuvem de prazer começou a vacilar, e ela afrouxou seu agarre firme nele. Eles desceram do alto juntos, seus movimentos dissiparam quando o pico de felicidade desapareceu. —Você... —Ele arquejou em seu pescoço. —É demais. Colocando os braços ao redor de suas costas, ela o abraçou, não querendo deixá-lo ir. Eles foram feitos um para o outro. Seu coração sabia isso, tanto quanto sua alma. —Você não é muito ruim também. —Ela respondeu e sentiu o calor de seu fôlego contra seu ombro enquanto ele ria baixinho.

***

Depois de sua frequência cardíaca voltar ao normal, Blake descartou a camisinha, ajeitou a roupa e deu um beijo rápido nos lábios de Gabi. —Então, você vai lá fora e fingir que ainda estou me refrescando? Ela estava em pânico. Seus olhos estavam arregalados, sua garganta convulsionando com um profundo engolir. —Você vai ficar bem. Basta andar por aí e fingir que nada aconteceu. 99


—Sim, claro, fingir que nada aconteceu. E espero que todo mundo não perceba como meu vestido está agora ostentando mil rugas e meu rosto está vermelho. Seus lábios se curvaram. —Não se esqueça do chupão no seu pescoço. Seus olhos saltaram, e ela voltou a inclinar-se para o espelho. —Você está brincando comigo? Ele riu, e ela girou na ponta dos pés para bater com uma mão sobre sua boca... novamente. —Ria o quanto quiser, Blake, mas se eu for presa e meus pais descobrirem que era porque um tatuado astro do rock, o meu namo... —Ela se atrapalhou, quebrando o contato visual antes de continuar seu discurso. — Porque eu estava transando em um banheiro de uma companhia aérea comercial, você vai ter que lidar sozinho com a ira de meu pai. Namorado. Foda-se, isso soava bem, mesmo que seus olhos estivessem com o que ele assumiu ser vergonha. Ele tinha estado em relacionamentos antes, e normalmente, o título fez suas bolas murcharem e darem o pontapé inicial para sua mente planejar uma rota de fuga. Não desta vez. Agora ele sabia que tinha encontrado o que estava procurando e não podia esperar para conhecer o pai dela. —Ele vai castrá-lo. —Ela desviou o olhar para sua camisa e o cutucou no peito. Ok, bem, isso diminuiu a emoção de conhecer o pai dela só um pouquinho. —Você não vai ser presa. —Ele fingiu ignorar o comentário de namorado, não querendo aumentar sua ansiedade. Ele bateu em sua bunda, apreciando a forma como ela sacudiu em choque. —Siga-me em poucos minutos e aja com naturalidade. —Agir com naturalidade. —Ela murmurou. —Falou como um homem 100


experiente. Ele bateu em sua bunda novamente, desta vez com mais força, em advertência. Sua “experiência” significava porra nenhuma quando ele agora se sentia como um adolescente virgem em torno de Gabi. —Vejo você lá fora. Ela sorveu uma respiração afiada e assentiu. Blake escapou do banheiro, fechando a porta atrás de si e se dirigiu para seu assento. Ele estufou o peito e não conseguia tirar a expressão de eu-sóacabei-de-ter-sexo de seu rosto. Ah, sim, todos na classe executiva sabiam. Alguns olharam para ele com nojo, a maioria sorriu compartilhando a grandiosidade do que ele fez. Ele não conseguia tirar o orgulho de seus passos e não se preocupou em tentar escondê-lo. Por que diabos ele deveria? Quando se trata de Gabi, ele estava feliz em deixar o mundo saber o quanto ele era um tolo apaixonado. Assim que tomou o seu lugar, a aeromoça se aproximou dele, dando uma sacudida quase imperceptível de cabeça, seus lábios vermelhos curvando em desgosto. —Sr. Kennedy. —Ela agachou-se no corredor ao lado de seu assento e levantou uma sobrancelha. —Espero que a sua amiga esteja se sentindo melhor. Ele se esforçou para não rir. —Sim, tenho certeza que a minha namorada vai estar perfeitamente bem pelo resto do voo. Ele nunca sentiu a necessidade de esclarecer um relacionamento com ninguém antes. Nunca. No entanto, agora ele queria que essa mulher soubesse que ele estava tomado. Ele queria tirar o sorriso de paquera de seu rosto e fazê-la perceber que nenhuma outra mulher jamais iria tentá-lo. Ela inclinou a cabeça e enfiou a mão no bolso da calça. —Você se importaria de autografar isso para mim? —Ela entregou-lhe um pequeno bloco e uma caneta. —É contra a política da empresa pedir autógrafos, mas vendo como você provavelmente está sobrecarregado com... alívio da súbita recuperação da 101


sua amiga, eu pensei que você não se importaria. Tradução: Assine o bloco de notas ou vou dizer ao comandante que você foi pego fodendo no avião e ter a segurança do aeroporto recebendo-o, assim que pousarmos. Não era a primeira vez que ele foi chantageado por causa de um momento de prazer enquanto estava a 36.000 pés no ar. —Claro. —Ele agarrou o bloco de notas e assinou seu nome, escrevendo embaixo: Totalmente desfrutei do passeio. Quando ele olhou para cima para entregar-lhe o bloco, Gabi estava atrás da aeromoça, com o rosto em branco, desprovido de emoção. Ela estava com ciúmes? O monstro de olhos verdes acompanhava todas as relações que tinha estado desde que começou a tocar em apresentações ao vivo. Mesmo nos dias de pequenos clubes locais, as mulheres que ele namorou nunca confiaram nele e odiavam a atenção que ele recebia. Era um pé no saco, mas ele estava acostumado. Ele também não poderia culpar Gabi quando teve o mesmo sentimento agressivo no início do dia por causa de Troy. —Oi, linda. —Ele passou o bloco de notas para a aeromoça e pegou a mão de Gabi, puxando-a para sentar-se ao lado dele. —Como você está se sentindo? Ela limpou a garganta e se sentou. —Humm... —Ela se encolheu no assento, seu olhar indo dele para a morena agora de pé ao lado dele. —Tudo bem. A mulher se inclinou. —Vou deixar vocês sozinhos para aproveitarem o resto do voo. Blake manteve-se focado em Gabi, determinado a não dar à aeromoça a atenção que ela desejava. Quando a mão da aeromoça veio descansar em seu ombro, apertando levemente em um adeus silencioso, ele apertou sua mandíbula e esperava como o inferno que a expressão em branco de Gabi não escondesse 102


sua raiva. Gabi observou a mulher andando seguindo-a até à frente da cabine antes de seu foco voltar para ele. —Que coisa embaraçosa. —Ela sussurrou com os lábios sorridentes. —Ela sabia totalmente o que estávamos fazendo ali, e ainda assim estava dando em cima de você. Ele esperava por seu aborrecimento. Que o desprezo substituísse a alegre expressão. —Sim. Os fãs fazem coisas malucas. Gabi estremeceu. —Estou feliz que seja você e não eu. —Isso não te incomoda? —O quê? Uma mulher louca pedir um autógrafo? Ou pedir o seu número? —Ela deu de ombros. —De qualquer maneira, não importa. Você não pode deixar que as outras pessoas pensem que você é incrível. Meio que me faz sentir pena dela porque conheço o verdadeiro você, e não é tudo brilhante. —O sorriso dela ampliou. Ele ignorou o descaramento, precisando se certificar de que ela não estava fingindo. —Você não está com ciúmes? Ela olhou em seus olhos, seu sorriso suavizando em um olhar que ele esperava que fosse admiração. —Talvez um pouco. Mas confio em você. Se eu não posso fazer isso quando você está a poucos metros de distância, como vou lidar quando você estiver do outro lado do mundo? Essa era uma lógica malditamente perfeita. Ele agarrou a mão dela e levou seus dedos à boca para um beijo. —Eu te amo, você sabe disso. —Não con... Ele colocou a mão dele sobre a boca dela, dando o troco para quando ela tinha feito a mesma coisa no banheiro. —Conta. —Ele se inclinou para sussurrar em seu ouvido. —Conta cada maldita vez que eu disser. Não importa se estou 103


fodendo você, te amando ou tentando afogá-la no mar australiano. Eu amo você, Gabi, mais do que a vida. Ele quis dizer cada palavra. Nada importava mais para ele. Reckless era a sua carreira. Gabi era dele para sempre. A partir de agora, ele sempre a colocaria em primeiro lugar. —E enquanto estamos discutindo sobre nós, eu quero falar sobre a coisa toda de namorado-namorada. Suas bochechas coraram. —Eu não quis dizer isso antes. Eu estava perturbada. Acabou saindo. O nervosismo dela era engraçado. —Então, você não quis dizer isso? Ela se acalmou e se concentrou na parte de trás do assento em sua frente. —Não... eu só... não sei como classificar isso. —Ela acenou preguiçosamente com a mão entre eles. —Como eu disse, eu confio em você... com o meu coração e sei que você não iria deliberadamente me magoar. Só não sei o que essa coisa entre nós é e o que exatamente vai acontecer quando estivermos separados. O nervosismo dela podia ser engraçado, mas ouvir a vulnerabilidade em sua voz fez suas bolas murcharem. —Olhe para mim. —Ele manteve sua voz baixa, não querendo que a conversa privada fosse ouvida e incluída em uma coluna de fofocas de celebridades. Lentamente, ela se virou para ele, inclinando a cabeça para trás contra o assento. —O que você quer que aconteça? Ela quebrou o contato visual para olhar para o corredor, e ele arrastou um dedo ao longo de sua mandíbula, chamando sua atenção de volta para ele. —Eu quero tudo o que eu possa ter, Blake. —Sua voz era crua e completamente brutal contra o seu coração. —Eu quero tudo o que você me der. 104


Capítulo 8 Blake tinha estado no piloto automático pelo restante do voo e durante a ida para o seu hotel. As coisas entre eles estavam muito certas. Ambos queriam a mesma coisa, então por que se sentia como se estivesse contornando o desastre em vez de estar feliz com o vislumbre de um futuro perfeito? Ele continuou se perguntando se os sentimentos de Gabi mudariam quando ela enfrentasse os aspectos mais duros de sua vida. Até agora, as coisas tinham sido tranquilas. Apenas um guarda de segurança tinha sido necessário para escoltá-los dentro e fora dos aeroportos. Ele havia sido convidado para uma ou duas fotografias, tinha assinado a mesma quantidade de autógrafos. Quase ninguém o reconheceu. Isso tudo mudaria quando ele se encontrasse com o resto dos fãs da Reckless Beat, os fãs eram indisciplinados, havia falta de privacidade e uma distância seria colocada entre eles enquanto estivesse em turnê. Agora era a parte fácil. No entanto, quando eles chegaram ao hotel Crown, bem depois do anoitecer, e seu carro com motorista foi cercado por uma horda de fãs gritando, seu pânico inicial foi substituído por um olhar de admiração. Ela esperou pacientemente ao lado dele enquanto ele conversava com a multidão antes de seguir para o hotel. Foi surreal. E muito fácil. —Você está quieto —Gabi quebrou o silêncio enquanto pegavam o elevador para o 31 º andar. —Você está cansado? Ele balançou a cabeça. —Não, anjo, mas você parece abatida. —Ele não a deixou dormir muito na noite anterior, e as sombras de exaustão tinham se estabelecido sob os olhos. Ela soltou uma risada irônica. —Oh, você é tão doce. 105


Fechando o espaço entre eles, ele segurou seu rosto e esfregou o polegar em sua bochecha. —Não fique atrevida comigo. —Ele pressionou nela, deixando beijos carinhosos nos lábios, repetidamente. —Como está sua cabeça? O elevador parou e as portas se abriram. —Melhor do que o meu estômago. —Ela respondeu, movendo-se em torno dele para entrar no corredor. —Estou morrendo de fome. Como as coisas entre eles eram tão simples? De um dia para o outro, eles estavam em um relacionamento mais sólido do que qualquer outro que ele já tinha estado. Agora, só tinham que descobrir como fazê-lo dar certo. A monogamia seria um componente importante, para ele de qualquer maneira. Ele não podia estar longe dela, sabendo que qualquer homem poderia reivindicar seu lindo corpo antes de ele terminar a turnê australiana. Uma vez que os concertos terminassem, ele seria capaz de passar algum tempo com ela, talvez uma ou duas semanas, antes de voltar para os EUA. E até lá, não demoraria muito até que ela se formasse. Ainda não era suficiente. Ele não podia suportar a ideia de vê-la indo embora na terça-feira. Admitir isso o fez se sentir como um fracote, mas ficar em torno de Gabi o fazia sentir um ardor em seu peito, em seu coração partido e em sua alma gelada. Ela o trouxe de volta à vida e ele queria ser capaz de retribuir o seu apoio inabalável. Ele esperou no sofá que a sua bagagem fosse entregue enquanto Gabi se refrescava. No momento em que ela saiu do chuveiro, vestida com uma lingerie rosa de dar água na boca, sua boca não desejava a comida que o serviço de quarto tinha entregue. —Oh, Deus, isso cheira bem. —Ela gemeu e desabou na cadeira em frente a ele na mesa de jantar. —Parece bom, também. —Ele murmurou, seus olhos nunca deixando as 106


curvas femininas do corpo dela. Ela bateu a língua sobre os lábios, endurecendo o pênis dele em uma ação simples. —Você é insaciável. —Ela riu e começou a cortar seu bife. —Só por você. Ele colocou a comida em sua boca, mas não sabia nem se importava com o que era. Ele estava muito centrado na forma como Gabi brevemente fechava os olhos com cada pedaço e gemia baixo em sua garganta. —Isso é tão bom. Parece que não comi por dias. Ele parecia como se não tivesse a tocado há dias. —Você me estraga, Blake Kennedy. Deus, ele amava como ela falava o seu nome, como se o castigasse e o seduzisse. Ele ficaria feliz em banhá-la em dinheiro e levá-la para hotéis de luxo todas as noites da semana se ela continuasse a recompensá-lo com carinho. A maneira como seu rosto se iluminou com a simples visão de sua suíte e da vista de Melbourne, foi inestimável. Sedutor. Edificante. Sexy como o inferno... e caramba, ele a desejava tanto. Foco. Ele teve uma ideia de eles terem outra oportunidade para passar mais tempo juntos e queria abordar o assunto antes de seu pênis assumir. Alcançando sua mão sobre a mesa de madeira escura, entre os pratos e copos, ele disse. —Eu quero ir para casa com você na terça-feira. Com os olhos arregalados, ela limpou sua garganta. —Nós já temos o acesso ao local do show. —Ele continuou. —Então, os caras e eu podemos ir mais cedo. Então posso estar com você na quarta-feira e pegar um voo de volta. 107


Ela não respondeu com a emoção que esperava. Sua garganta engoliu em seco, e ela moveu seu olhar para seus dedos entrelaçados. —Blake... Eu não acho que seja uma boa ideia. Vou passar a quarta-feira com a minha família, fazendo a mesma coisa que fazemos todos os anos no aniversário da morte de Greg. —Seu olhar lentamente levantou para o dele, seu rosto agora tenso. —Eu sei e quero estar lá com você. Eu gostaria de conhecer seus pais. — Merda. Ele estava colocando o seu coração em risco e por alguma razão, ele não tinha um bom pressentimento sobre o resultado. Ela balançou a cabeça lentamente. —Não seria o melhor momento para conhecê-los. —Eu sei que o momento não é perfeito, mas ainda gostaria de estar lá. Com você. Ela sorriu para ele, apertando os dedos. —Você é doce. Mas não posso. Ele esperou que ela explicasse, dar-lhe uma razão diferente do que não seria um bom momento. Só o silêncio veio. —Por quê? —Ele deslizou a mão dele e se recostou na cadeira. Durante anos, ele a ouviu chorar no aniversário da morte de seu irmão. Não ser capaz de segurá-la nos braços e de confortá-la acabava com ele... e agora que tinha a oportunidade de estar ao lado dela, ela o dispensou. Ela se concentrou em sua própria mão, assim que a dele a soltou. —Os meus pais. —O que têm eles? —Ele pegou a faca e o garfo e começou a brutalizar o seu bife. —Blake... —Ela implorou. A dor em sua voz foi sua ruína. Havia algo que ela estava tentando esconder dele. Ele precisava saber o que era. 108


Ele colocou seus talheres de volta para baixo. —O que tem os seus pais? Gabi fez uma careta e olhou diretamente nos olhos dele. —Não importa como eu diga isso, você vai entender errado, e eu não quero isso. Porra. Agora ele estava além de preocupado. Sua testa começou a suar frio. —Diga-me. Ela se esticou sobre a mesa em busca de sua mão, e ele a segurou. Algo ruim estava por vir. Ele podia sentir o calor se dissipando de seu peito. —Meus pais vão julgá-lo. Ele lutou para conter sua irritação. As pessoas sempre o julgaram. O conceito estava longe de novo quando se tratava de sua aparência. Então, por que isso nunca o incomodou até agora? Ele balançou a cabeça e deu de ombros. —Não se preocupe com isso. — Ele soltou a mão dela, levantou da cadeira, já sem fome. Pegando o copo vazio, ele caminhou até a cozinha e encheu-o com água, bebendo tudo para abafar a dor. —Blake. —Ele ouviu seus passos suaves quando ela se aproximou. —Eu disse para não se preocupar com isso, Gabi. Eu entendo. Ela moveu-se atrás dele e envolveu suas mãos ao redor de sua cintura, descansando a cabeça em seu ombro. —Eles se preocupam comigo. Ele entendia isso. Realmente. Ele entendia. Ele estava cansado de viver sabendo que não era bom o suficiente para ela. Ele não ser o cara que ela merecia. Nunca seria. Mesmo antes deste fim de semana ele sabia disso. E aqueles eram seus próprios julgamentos sobre ele. Qual seria a sensação quando alguém reiterasse o quanto ele era indigno dela? —Eu já lhe disse antes que eles são preconceituosos. Eles sempre quiseram me ver com um investidor, advogado ou alguém pomposo. —Ela 109


continuou falando contra as costas dele. —E isso é problema deles. Eu sabia que, mais cedo ou mais tarde, eles teriam que aceitar o cara que eu levasse para casa, porque o tipo de homem que eles imaginam com quem eu deveria estar é diferente do qual eu imagino. Mas... —Ela apertou-o com força e deu um beijo em seu ombro. —Você vai lembrá-los de Greg. As tatuagens. As roupas. A confiança em si mesmo. Eles vão olhar para você e entrar em pânico. Ele apertou o copo e segurou o balcão com a outra mão. Cada palavra o despedaçava como um lembrete de sua falta de valor. Mas, como um masoquista, ele não pediu que ela parasse. —Em qualquer outro dia, eu não me importaria, Blake. Eu juro. Apenas não posso fazer isso com eles no dia do aniversário da morte de Greg. Ele virou-se, pronto para colocar um pouco de espaço entre eles. — Entendo. E eles têm todo o direito de tirar essas conclusões. Eu sou tudo o que Greg era. Eu sou o viciado em drogas. —Ele tentou se afastar dela. Ela agarrou a frente de sua camisa, puxando forte. —Não, você não é. — Ela estendeu a mão ficando na ponta dos pés para que eles ficassem boca a boca, seu hálito quente pairando sobre a pele dele. —Você gosta de pensar que é o cara mau. Mas você não é. Você é um urso de pelúcia que se esconde atrás de tatuagens, braceletes de couro e roupa escura. —Seus dedos se enroscaram na nuca dele, e ele fechou os olhos por alguns instantes com a sensação. —Eu te amo. Ele queria afastá-la para que pudesse pensar sozinho, mas Gabi não iria deixá-lo. —Eu não posso esperar para você conhecer os meus pais. —Ela continuou. —Para nós provarmos que eles estão errados. Juntos. —Seus lábios estavam pressionados contra os dele, suaves e doces, tornando impossível que o corpo dele não reagisse. Quando ela se afastou e fez contato visual, suas írises eram insondáveis no mais profundo azul. —Mas quarta-feira não é o dia para isso. Deixe-me passar este último aniversário com eles para no próximo ano passar 110


sozinha com você. Gabi tinha uma maneira de transformar a situação e de deixá-lo com esperanças. —Venha, deite-se comigo. —Ela continuou. —Minha cabeça dói e eu preciso descansar um pouco. Ele ficou parado, com o coração acelerado. Ele sempre se sentiu inferior. Mas não importava o quanto isso machucasse seu peito, ele não poderia se imaginar indo embora. Ele lutaria contra qualquer coisa para estar com ela, mesmo com as suas próprias inseguranças. Ela moveu-se em volta dele e puxou sua mão. —Vamos lá, sexy deus do rock. Se você tiver sorte, vou deixá-lo fazer amor comigo. E rápido assim, seu humor mudou de auto “depreciação” para “vamos foder”.

***

Gabi acordou tarde da noite com um sobressalto. O relógio de cabeceira marcava 00:47. Eles tinham ido para a cama, feito amor, e caído em um sono exausto. Uma batida forte soou na porta da suíte, assustando-a novamente. Ela se levantou e olhou para a escuridão. —Blake. —Ela sussurrou. —Há alguém na porta. Ele gemeu e rolou de costas. —Ei, garanhão, abra a porra da porta. —O grito ecoou pela suíte e fez a cabeça de Blake levantar. 111


—Porra, Mason. —Ele rosnou e sentou-se, passando uma mão preguiçosamente sobre o rosto. —Vá embora! Uma risada masculina ecoou a distância. —Não posso, amigo. Temos planos e quero conhecer a mulher com mamilos sabor de cerveja. Gabi sentiu o estômago afundar. Eles queriam conhecê-la? Bem, pelo menos supôs que fosse ela. Não que ela tivesse qualquer parte do corpo com sabor de cerveja. Blake gemeu novamente. —Ele não vai embora. —Ele se inclinou e deu um beijo em seu ombro. —Volte a dormir, anjo, vejo você pela manhã. —Aonde você vai? —Ela perguntou, percebendo de repente a inevitabilidade de conhecer uma banda famosa de astros do rock. A chegada de Blake tinha sido uma surpresa, mas eles se conheciam há anos. Seus amigos, por outro lado, eram um assunto completamente diferente. Eram os homens altamente cobiçados da Reckless Beat. —Vou para a suíte de Mason para que você possa dormir. Eu não vou demorar muito. Ele pegou suas roupas da poltrona no canto e se vestiu. —Quer que eu vá com você? —Ela segurou o lençol contra o peito nu. —Não. Mason parece estar em um humor instável. Você não vai querer estar por perto. —Ele caminhou até a porta, segurando a maçaneta quando olhou para ela. —Você pode encontrá-los na parte da manhã. —Sem um adeus, ele se afastou. Luz entrou no quarto quando ele abriu a porta da suíte, e voz de Mason tornou-se mais alta. —Onde está a gostosa? —Dormindo. Então mantenha a porra de sua voz baixa. Ela ouviu barulhos de tapas, esperando que eles estivessem se abraçando 112


e não socando um ao outro. —Aposto que poderia encontrar uma maneira prazerosa de acordá-la. — Mason riu. —Ela é mulher demais para você, Mace. Você não poderia satisfazê-la. —Foda-se. Estou disposto a tentar. —Cai fora. Deixe-a voltar a dormir. A luz começou a desaparecer. —Boa noite, dama-com-mamilos-sabor-de-cerveja. Gabi sufocou uma risada com a mão. —Você é um idiota. —Blake respondeu. A porta da suíte fechou com um clique, deixando-a na escuridão. O humor de Gabi desapareceu quando ela caiu de costas na cama. Suas preocupações de mais cedo voltaram à tona. Talvez ela não devesse ter sido honesta com Blake sobre o encontro de seus pais. Ela poderia ter dado uma desculpa para que ele não voltasse para casa com ela, em vez de dizer a verdade brutal. Mas essa não era ela. Ela não mentia. Não podia suportar pessoas mentindo para ela, então ela deu-lhe o mesmo respeito que ele sempre recebeu. Só que ela o machucou e adormeceu antes de se certificar de que ele estivesse bem. —Eu sou uma idiota. —Ela apertou os olhos. A primeira coisa a fazer na parte da manhã seria falar com ele, quando sua cabeça já não latejasse e ela conseguisse pensar direito. Até então, ela precisava de todo o sono de beleza que ela conseguisse para conhecer a família Reckless Beat. 113


Capítulo 9 Blake caminhou ao lado de Mason para o elevador e esperou que o vocalista da Reckless Beat apertasse o botão. —Então... Existe uma razão pela qual você me acordou no meio da noite? —Blake bocejou e piscou os olhos, até que ficassem totalmente abertos. Mason espetou-o levemente nas costelas com os punhos. —Eu senti sua falta, mano. —Não me venha com essa merda. Faz apenas alguns dias que não nos vemos. As portas do elevador se abriram e Mason entrou, segurando o cartão do hotel no painel de segurança, antes de pressionar o número para o andar de cima. —Sim, eu nunca fui um bom mentiroso. Blake seguiu-o para o curto percurso até o próximo andar. —Então, o que aconteceu? Mason balançou as sobrancelhas. —Temos um plano. Ele seguiu Mason para o corredor. —Que plano? —Vou deixar o Sr. Smitten lhe contar tudo. Sr. Smitten? Mitch, obviamente. Mason abriu a porta para a única suíte do seu lado do corredor e levou-o para uma sala de jantar mal iluminada. Mitch estava sentado em um sofá cor café, com a cabeça apoiada para trás e os olhos fechados. Leah, a empresária da banda, do outro lado lendo uma revista. —Blake. —Leah cumprimentou-o com um sorriso e jogou a revista na 114


mesa de café na frente dela. —Pelo menos um de nós está tendo um pouco de sono. —Blake resmungou. Mitch sentou-se em linha reta e abriu os olhos e deu um bocejo. —É bom ver você também, seu babaca. Mason caiu sobre o sofá em frente e cruzou as pernas. —Onde estão todos? —Blake caminhou em torno de Mason e sentou-se no braço do sofá. —Dormindo. Alana e eu estamos no mesmo andar que você. —Mitch apontou o polegar por cima do ombro. —E Sean e Ryan estão lá atrás, roncando. Como está a sua mulher? —Gabi está bem. Ela estaria melhor se eu estivesse dormindo ao seu lado, então comece logo com isso. Mitch sorriu. —Considere isso como um favor devolvido. Eu não vou esquecer o dia em que se esfregou em Allie em seu sono. Os lábios de Blake curvaram. Embora seus tempos de jogador tivessem acabado, a memória daquele dia com Alana e Mitchell fez seu sangue bombear mais rápido. —Ainda posso sentir o gosto dela em meus lábios. O sorriso de Mitchell mudou para um olhar furioso e suas mãos apertaram as almofadas do sofá. —Seu troco está vindo, filho da puta. —Blake riu. Mitch era muito fácil de irritar. —Ria. Você vai receber o troco em breve. Gabi pode acordar comigo se esfregando nela. Leah girou na poltrona e pregou Mitch com seu olhar azul-esverdeado. — Não acha que é um pouco inapropriado considerando que você e Alana estão noivos? Noivos? 115


Mitch cruzou os braços sobre o peito, parecendo com raiva. —Você sabe o que quero dizer, Leah. Ele tem que pagar por ser um canalha arrogante. Mason fica no meu lugar se for preciso. Noivo? Muita coisa mudou em pouco mais de quarenta e oito horas. —Não se preocupe. Se ela for gostosa, não vou precisar de encorajamento. —Mason sorriu e todos se viraram para Blake esperando ele morder a isca. —Então, ela é gostosa? Blake franziu a testa. Ele havia se afastado por dois dias e tudo mudou. — Quando diabos você ficou noivo? Mitch sorriu e sentou-se na ponta do sofá. — Eu irei propor amanhã. Blake ignorou o aperto na garganta, não querendo reconhecer a sensação de inveja. Não tinha nada a ver com a linda namorada de Mitchell, e sim tudo a ver com o que Blake desejava ter com Gabi. Ele queria pedi-la em casamento. Ele queria ficar de joelho e olhar para o belo rosto da mulher que amava. Exceto que ele estava preso na zona de namorado secreto onde nem mesmo podia conhecer seus pais. Forçando um sorriso, ele se levantou e deu um passo para o lado da mesa, segurando a mão de Mitch. —Puta merda, mano. Isso é incrível. —Era incrível. Mitch teve sorte quando se tratava de Alana. Ela era um tipo especial de mulher. Uma que você não deixa ir. Ambos se pertenciam. Eles apertaram as mãos e bateram ombros um do outro na única forma de afeto masculino aceitável. —Obrigado. Essa é a razão de você estar aqui. Blake deu um passo para trás e sentou-se no braço do sofá. —Preciso de ajuda para planejar o pedido. —Mitch suspirou. —Quero tornar o momento especial para ela. 116


Blake assentiu. —Bem, vendo como sua primeira tentativa foi feita em um traje de super-herói sem nenhum cuidado ou planejamento prévio, acho que você está um passo à frente. Mitch deu-lhe o dedo e murmurou: —Era um traje do pirata, idiota e você foi o único que me desafiou a usá-lo. A conversa fiada continuou por mais de uma hora até que nenhum deles conseguia manter os olhos abertos. —Preciso dormir um pouco, pessoal. Está tudo certo com o planejamento da proposta amanhã? —Leah levantou-se e olhou para Mitch. Ela não parecia ela mesma. Não desde que Blake entrou na suíte. Havia rugas de preocupação em sua testa, e seu sorriso normalmente constante não estava à vista. —Sim, eu acho. —Mitch se inclinou e esfregou as mãos pelo rosto. — Ainda vou acabar estragando isso de alguma forma. Mason assentiu. —É verdade. Felizmente, para você, é sempre a intenção que conta. —Hahaha, garoto bonito. Pelo menos a partir de agora, eu sempre vou saber o nome da mulher com quem estou dormindo. —Pfff. —Mason zombou. —Os nomes são superestimados. —Isso é ser decente, aparentemente. —Leah virou-se e começou a caminhar para a porta. —Vejo vocês mais tarde. —Espera. Eu vou com você. —Blake levantou e se despediu dos caras. Mason inclinou-se no sofá e colocou as mãos na boca. —Cuidado, tigre. Leah tem estado mal-humorada como o inferno desde Londres. Certifique-se de proteger suas bolas. Blake olhou para Leah recuando, enquanto ela continuou andando lentamente pelo corredor até a porta da frente. —Por quê? 117


Mason deu de ombros. —Parece-me que o monstro da TPM pode estar dando-lhe uma visita. Para Leah estar distante, Blake sabia que tinha que ser mais do que problemas femininos —Certo... Bem, vou ver vocês mais tarde. Tenho um encontro com o céu. Mitch zombou. —Certifique-se de trancar a porta. Você nunca sabe quem pode acabar te espionando do armário. —Sério, cara. —Mason sentou-se e olhou para Mitch quando Blake riu e saiu depois de Leah. —Você não pode dizer essa merda mais. Eu sou o safado do grupo e até eu sei que isso é errado. Blake correu o caminho restante para a porta da frente que Leah manteve aberta. —Você sabe que porra quero dizer! —O grito de Mitch ecoou pelo corredor, enquanto a porta se fechava. Leah caminhou em frente e Blake teve que alongar o passo para acompanhá-la. Ela não era distante e inacessível. Embora ela ficasse estressada às vezes, ela tinha sempre um sorriso pronto e a espera. —O que está acontecendo, Lee-Lee? Ela olhou por cima do ombro, perfurando-o com os olhos cansados. Tirou uma mecha de cabelo loiro do rosto e suspirou. —Sinto muito. Eu sei que tenho estado mal-humorada hoje. Ele colocou uma mão em seu ombro e puxou-a para seu lado. —Quer falar sobre isso? Ela deu de ombros e balançou a cabeça. —Eu não posso... não deveria. —Certamente, não pode ser tão ruim assim. 118


Silêncio. —Lee? —Sua falta de resposta o deixou nervoso. Não havia tons de cinza em sua vida. As coisas eram ou incríveis ou um inferno. Não havia nada entre os dois. E se a sua empresária estava agindo assim, as coisas não poderiam ser boas. —Um dos tabloides está dizendo que tem uma exclusiva e quer a outra versão da história antes de publicar. —Ela soltou um suspiro, seus ombros caindo desanimados —Se o que eles dizem é verdade... —Ela balançou a cabeça. —Não. Tem que ser mentira. —Ela endireitou-se e entrou no elevador assim que as portas se abriram. —Eu só não sei como resolver. Isso irá machucar um de vocês. Muito. Blake a seguiu, sua camisa de repente muito apertada em torno de sua garganta. Se eles tivessem descoberto sobre seu passado? Era sobre isso? Leah estava tentando protegê-lo? —É sobre mim? —Ele inclinou a cabeça para entrar em sua linha de visão. —A história é sobre mim? Ela engoliu em seco e as rugas ao redor dos olhos se aprofundaram. —Eu não deveria ter dito nada. —Ela apertou o botão para o andar de baixo. — Eu me tornei muito ligada a vocês. Eu não suporto ver um de vocês se machucando. As palmas das mãos começaram a suar. Seus pecados tinham o pego, ele sabia disso. Bile começou a subir até a garganta. —Não é você. —Ela sussurrou. Oh, graças. Ele respirou fundo e soltou o ar lentamente, tão feliz que já não sentia vontade de vomitar seu jantar. As portas do elevador se abriram e eles saíram para o corredor vazio. —Então, quem? —Ele perguntou quando Leah começou a caminhar na direção oposta à sua suíte. 119


Ela parou e girou na ponta dos pés. Seus lábios se curvaram em um sorriso triste. —Esqueça isso por agora. —Ela começou a girar novamente. —Como diabos eu posso? Esses caras são a única família que tenho. Eu não posso esquecer isso. Seus ombros caíram e ela ainda estava de costas para ele. Ele fechou a distância entre eles em três passos. —Diga-me. Ela fungou e quando ela se virou seus olhos estavam cheios de lágrimas não derramadas. —Oh, Lee. —Ele abriu os braços e ela caiu em seu peito, segurando-o pela cintura. —Por favor, ignore o colapso. Estou exausta e, ao contrário do que Mason pensa, não é semana do monstro da TPM. Ele riu e abraçou-a. Esse foi um vislumbre da Leah normal. —Você ouviu isso? Ela zombou. —Aquele homem diz coisas deliberadamente alto o suficiente para eu ouvir. Ele faz isso porque acha que eu não vou dar o troco. Em breve, vou provar que ele está errado. Seu peito retumbou com uma risada. Então, se ela não estava preocupada com ele ou Mason, sobrava Sean, Ryan e Mitch. Foda-se. Poderia ter algo a ver com Mitch e Alana? Se isso significasse salvá-los da humilhação pública, Blake ficaria feliz em se jogar na frente de uma granada de tabloide para ambos. Eles não mereciam a rejeição pública tanto quanto ele. Nenhum dos membros de sua banda merecia. —Quem é, querida? Um barulho que parecia um soluço e uma risada ecoou entre eles. —Você não desiste, não é? —Ela se afastou e suas mãos caíram para os lados enquanto 120


recuava. Enxugando as lágrimas de suas bochechas, ela o encarou. —É Ryan. Eles afirmam ter fotos de sua esposa com outro homem. Blake recuou. Ryan? Ele era o mocinho, o cara fiel que nunca falou uma palavra negativa sobre sua esposa, Julie, mesmo que ela merecesse. Blake tinha menos fé na fidelidade de Julie do que Leah. Ele podia imaginá-la traindo Ryan em qualquer oportunidade. —Você já viu as fotos? Leah balançou a cabeça. —Eles querem falar com Ryan antes. —Isso é besteira. Se eles tivessem uma prova teriam enviado. Ela assentiu. —Sim, isso é o que estou esperando. —Então o que acontece agora? Ela apertou os lábios e deu de ombros. —Eu deixei o escritório de Nova York lidar com isso. Eles estão negociando com o tabloide. Eles só queriam me informar caso contatem com Ryan diretamente. Desespero zumbia dela, denunciando mais do que mera exaustão. —Você se preocupa com ele. Seus olhos se arregalaram. —Claro que sim. Eu me importo com todos vocês. —Sim, mas você se importa mais com ele. Ela riu. —Eu me importo mais com ele a este respeito, porque ele não merece. Quando recebo um telefonema sobre um problema de relações públicas, instintivamente espero que seja sobre Mason porque ele é um depravado arrogante, Mitchell e sua boca grande, ou você e Sean sendo espertinhos. Vocês 121


criam drama e sabem lidar com isso. —O sorriso dela desapareceu. —Ryan não. Verdade. Exceto pela parte em que Blake era um espertinho. Ele preferia pensar que tinha um raciocínio rápido. —Bem, me avise se você precisar de mim para qualquer coisa. Se você quiser que eu fale com ele... —Não! Por favor, não. Eu quero manter isso em segredo, na esperança que eles derramem informações. Não quero machucá-lo desnecessariamente. Estar longe de Julie é difícil para ele. Os dois não precisam de tensão adicional. Verdade. Ryan estava tendo dificuldade com o celibato. Ter groupies perseguindo-o e uma esposa traidora só iria testar o pobre homem ainda mais. — Não se preocupe. Vou manter minha boca fechada. Mas se você precisar de alguém para conversar, saiba que estou aqui. Ela sorriu e desta vez alcançou seus brilhantes olhos azul-esverdeados. — Obrigada, Blake. Sua mulher tem sorte de ter você. Ele deu uma risada irônica. —Discordo. Gabi é definitivamente mais do que eu mereço. —Ele virou indo para sua suíte. —Noite, Leah. —Noite, garanhão. —Ela riu. —Certifique-se de dormir um pouco, Ok?

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Capítulo 10 O sol da manhã espreitou por entre as cortinas, ajudando Gabi a memorizar todos os detalhes de Blake. Ele dormia tranquilamente, com o braço direito apoiado em seu estômago, enquanto o esquerdo estava no travesseiro sobre sua cabeça. Para um homem que tentava parecer áspero, tudo o que ela via era beleza. Seu cabelo preto, geralmente espetado, estava ao redor de sua testa, seus lábios sensuais entreabertos. Ela queria se inclinar e beijá-lo, acordá-lo com paixão e amor. Mas sabia que ele não tinha dormido muito. Ele não tinha se arrastado de volta para a cama até depois das três e meia. Então, por agora, ela iria refrear seu desejo de aprender com detalhes todas as suas tatuagens. Lentamente, ela correu os dedos milímetros acima de sua pele, seguindo o rastro de tinta. Ao redor de seus pulsos estavam faixas tribais grossas que mantinham a aparência de algemas. Acima da faixa em seu braço direito estava a cauda de uma cobra. O réptil estava enrolado ao redor de seu antebraço, até seu bíceps. No espaço em torno da serpente estavam imagens menores, grande quantidade de intrincados desenhos de notas musicais, símbolos, até mesmo um raminho de flor de cerejeira rosa, a árvore favorita dela. Todos eles colados juntos em uma bela colagem de luz e sombra, alegria e desespero. —Eu me sinto um pouco violado. Sua mão parou quando seu olhar subiu para encontrar o dele. —Bom dia. —Ela sorriu. As profundas e escuras irises dele faziam nela coisas que nenhum homem jamais deveria ter o poder de fazer em uma mulher. Ele esticou os braços acima da cabeça e gemeu. —Há quanto tempo você está me comendo com os olhos? Ela rastejou sobre ele, colocando seu corpo nu em cima do dele e se 123


posicionando entre as pernas dele. —Muito tempo. —Ela balançou sua pélvis sobre seu pênis endurecendo e saboreou a vibração do seu peito sob as palmas das mãos. Gabi sorriu quando seus olhares colidiram. Ela amava esse homem, com todo o seu coração. Ela sempre o amou. Ele era honesto, sincero sobre suas falhas, e mesmo que ela soubesse que ele tentava se esconder atrás de uma casca dura, ela podia claramente ler a emoção em suas feições. —Estamos bem? —Ela sussurrou. A conversa da noite anterior ainda pesava sobre ela. Ele baixou as mãos até a cintura. —O que você quer dizer? —Sobre eu ir para casa... sozinha? Suas sobrancelhas se estreitaram. —Eu disse que não importa, então não se preocupe sobre isso. —Eu sei que você me disse. —Ela falou baixinho. —Mas sou eu, Blake. Apesar de não termos passado muito tempo juntos fisicamente, eu ainda te conheço. Posso ler a dor em seus olhos. Por favor, seja honesto comigo. Um canto de seus lábios se curvou, e ele cutucou suas costelas fazendo-a se contorcer. —Voltando a ser minha pequena conselheira é? Tentando me ajudar a melhorar as coisas? Seu estômago se apertou. —Não faça isso. O sorriso dele desapareceu. —Não transforme cada conversa em um lembrete do que você costumava ser. Eu não sou sua conselheira de dependência de drogas há um longo tempo. Eu sou sua amiga. —Ela engoliu. —Sua amante. Sua namorada. Você não é mais aquele homem, então pare de se torturar e deixe-me entrar. Ela não sabia como ele tinha escondido a sua luta contra as drogas de seus 124


amigos por tanto tempo. Para ela, a dor era absolutamente óbvia. Suas cicatrizes tão visíveis quanto a tinta em sua pele. —Eu gostaria de ser bom o suficiente para você. —Ele sussurrou. Ela ficou boquiaberta. —Você é perfeito para mim. —Ela quebrou o contato visual, escondendo as lágrimas e baixou o queixo para beijar a pele lisa ao lado da sua tatuagem de anjo. —Eu te amo. Você não só é bom o suficiente, mas também me faz inteira. Eu não seria quem sou sem você. Ele balançou a cabeça e permaneceu em silêncio. —Quando você se encontrar com os meus pais. —Ela continuou levantando o olhar. —Vamos mostrar a eles o quanto somos perfeitos. Eles vão ver o quão feliz você me faz e superar seus preconceitos. —Eles iriam superar. Ela teria certeza disso. Uma vez que quarta-feira acabasse, ela falaria com eles. O olhar dele focou nela. —Isso soa bem.

***

O estômago de Gabi rosnou entre eles, mas Blake ignorou. Ele nunca tinha ficado assim com uma mulher antes. Nunca. Era confortável, simplesmente olhar para ela o fazia sentir coisas estranhas. Coisas que ele nunca tinha sentido antes. —Você ainda está comigo? —Ela perguntou em voz baixa, interrompendo seus pensamentos. —Sim, linda. Só pensando. —Ele sorriu, mas ela não parecia convencida. Ela acariciou seus peitorais com os dedos, através das asas de seu anjo, deixando um rastro de arrepios. —Sobre o quê? 125


Ele riu para distraí-la. Tinha havido muita merda profunda e emocional entre eles já. Quando eles estivessem separados, ele queria que ela se lembrasse da diversão que compartilharam, e não o drama. —Sobre o que você... —Ele colocou as mãos em sua bunda e aterrou sua ereção no abdômen dela. Seu pênis tinha estado engatilhado desde o momento em que ele a viu do outro lado da pista de dança lotada. Com o atrito do seu corpo e do conhecimento de que seu calor estava a apenas alguns centímetros de distância, agora zumbia, exigindo ação. —E eu... —Ele inclinou seu pescoço e tomou sua boca em um beijo apaixonado. Suas línguas emaranharam e suas unhas cravaram em sua pele. — Estamos ocupados. Ele deu um golpe final de sua língua pelos lábios e gostou do jeito que o azul claro do olho dela ficou escuro e sensual. —Você sempre faz carranca assim quando está pensando em ficar ocupado? Pego. Ele não queria arrastá-la para seus pensamentos. Ela passou por muita coisa. Era hora dele lidar com as suas coisas sem puxá-la para a escuridão. Em vez de lhe responder, ele a beijou novamente. Forte. Esmagou seus lábios e tirou o ar dos seus pulmões. Quando ele se afastou, ela estava ofegante, as mãos segurando seus ombros. Ele virou-a, colocando-a de costas e pairou sobre ela. Ele cutucou as pernas dela e afundou entre elas, o tempo todo chegando para a mesa de cabeceira e cegamente vasculhando por uma camisinha. Quando encontrou uma embalagem de alumínio, ele a trouxe à boca e abriu com os dentes. No espaço de poucos batimentos cardíacos, ele sentou-se sobre os calcanhares, embainhou a si mesmo, e depois descansou de volta contra o seu corpo. Ela estava quente e confortável, um lar. Todas as coisas que ele nunca teve. Todas as coisas que ele achava difícil de viver sem quando estiverem separados. —Tentando me distrair? —Ela perguntou, então choramingou quando ele 126


abaixou a boca para chupar um mamilo. Ele passou a língua ao redor do pico rígido, sacudindo a carne endurecida. —Quando vou encontrar os seus amigos? Ele soltou seu peito com um pop e levantou uma sobrancelha. —Você está me perguntando isso agora? —Sim. —Ela ofegou, piscando para ele em transe. —Eu quero saber. Arrastando a língua em torno de sua aréola, ele deslizou a mão até seu lado. —Assim que eu marcar cada centímetro de você com meus chupões e meu cheiro estar em toda a sua pele. Seus olhos se fecharam por um segundo. —E como... —Ela gemeu quando a mão dele segurou o outro seio, provocando o pico com batidas leves. —E como você vai fazer isso? Como você vai ter o seu cheiro em cima de mim? Porra, ela era persistente. Ele não conseguia pensar em nada além de ficar dentro dela, e ela estava arrastando uma conversa longa. —Vou explodir a minha semente em sua barriga e espalhá-la em toda a sua pele. —Eca! —Seus olhos se abriram e ela enrijeceu. —Isso é nojento. —Ela bateu no peito dele e começou a rir. Ele riu junto com ela, feliz por tê-la tirado do vórtice do nirvana, considerando embora, que ela tinha feito isso com ele primeiro. —Eu amo fazer você rir. —Era o som mais doce do mundo. Junto com os ruídos femininos que ela liberava quando ele a fazia gozar. —Eu amo que posso dizer tudo ao seu redor e você sabe quando estou brincando. Ela sorriu de volta para ele. —Bem, eu espero que você esteja brincando. —O quê? —Ele ficou sobre os seus cotovelos e franziu o cenho para ela. — Você não gosta da ideia de meu molho de bebê em todo o seu corpo? 127


—Eca, Blake. —Ela se contorceu sob ele. Ele respondeu mordendo levemente a pele do pescoço dela, fazendo-a guinchar. —Dentro de mim? —Ela assentiu. —Sobre mim? Talvez. Espalhado por todo o meu corpo como se estivesse confeitando um bolo? Cai fora. —Ela empurrou seus ombros, mas ele não se mexeu. —Parece fetiche pornô. Então, não. Não, obrigada. Ele inclinou a cabeça na contemplação. —Eu estou meio impressionado que você sabe sobre fetiche pornô. —Pff. —Ela revirou os olhos. —Minha avó sabe sobre fetiche pornô. —Eu realmente estou começando a gostar das mulheres australianas. —Oh, sério? —Ela sedutoramente arrastou um dedo delicado sob o queixo e sustentou o olhar. —Mulheres australianas em geral, ou uma em particular? Ele deu de ombros, e a curva de seus lábios se transformou em um sorriso. —Seria ruim se eu reduzisse a apenas uma. Imagine todas aquelas pobres, desoladas Sheilas 8. —Ele usou o seu melhor sotaque australiano na última palavra e era tão ruim que ele se encolheu. Gabi olhou para ele, mas não conseguia esconder o humor em seus olhos quando enrolou as pernas em torno de sua cintura e tentou virá-lo. Ele não se moveu. Ela resmungou e linhas de esforço se formaram em sua testa. Ainda assim, ele não se moveu nenhum pouquinho. Quando ela cavou seus dedos em suas costelas, ele jogou a cabeça para trás e riu. —Está bem. Está bem. Eu vou parar de provocá-la. —Sua risada diminuiu e ele descansou suas mãos sobre sua barriga, apoiando o queixo para olhar para 8

Forma que os australianos chamam as mulheres bonitas.

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ela. Eles permaneceram em silêncio, ambos sorrindo um para o outro, como apaixonados tolos de amor. Mesmo que a nuvem de luxúria tivesse sido quebrada, seus nervos zumbiam, ansioso para ser um só com ela novamente. E a cada momento que ela olhava para ele com admiração tornava isso mais palpável. —Podemos voltar para a parte onde sua boca estava fazendo coisas muito legais para o meu corpo? —Ela perguntou em voz baixa. Seus olhos se estreitaram, e ele não pôde deixar de brincar com ela mais um pouco. —Você pode abster-se de falar sobre meus amigos, enquanto estou tentando manter uma ereção? Ela apertou os lábios, sufocando o riso. —Eu prometo. Ele levantou uma sobrancelha e moveu a cabeça em seu peito, lambendo o mamilo. Ela choramingou quando ele continuou batendo com lentidão torturante. Quando as coxas dela afrouxaram em torno de sua cintura, ele subiu no corpo dela, levando a respiração dela com os lábios. As mãos dela deslizaram ao redor de seu pescoço, segurando-o no lugar, enviando um arrepio das costas por todo o caminho para a base de sua espinha. Ele estava em cima dela, o calor do seu corpo envolvendo-o, mas ele não estava perto o suficiente. —Nós vamos discutir isso... —Ela parou um xingamento quando ele cutucou dentro dela, a cabeça de sua ereção separando suas paredes lisas. —... mais tarde. Ele riu e afundou ainda mais, vendo como as costas dela arquearam para fora da cama. Ela apertava em torno dele, atormentando, levando-o para a beira, sem esforço algum. Passando a mão para baixo de sua coxa, ele incentivou as pernas a dar a volta em sua cintura. Ela balançou contra ele, levantando seus quadris cada vez que ele empurrava, e eles ainda não estavam perto o suficiente. Ele queria estar mais fundo, estar dentro de seu coração, sua alma. Ele queria ser 129


uma parte de sua vida que ela nunca poderia viver sem. Ele queria ser seu vício, como ela era o dele. Envolvendo seus braços ao redor da cintura dela, ele se afastou, levantando-a com ele. Ela cruzou as pernas sob ele, mantendo seus corpos conectados enquanto ele descansava em seus calcanhares e sentava Gabi em seu colo, no seu pênis. Os braços dela correram em volta do pescoço, os dedos brincando com seu cabelo, suas unhas arranhando seu couro cabeludo. Agora isso... isso era o paraíso. Ele a abraçou e fechou sua boca contra a dela, amando-a enquanto eles moíam mutuamente. Seus dentes se chocaram, suas línguas dançavam e com cada batida de seu pênis, ela gemia em sua boca. —Mais forte. —Ela arqueou, puxando seu cabelo. —Sim, senhora. —Ele se moveu para os joelhos e os subiu na cama. Descansando as costas dela contra a cabeceira, ele segurou-a e bateu no interior. Ela gritou e esfregou o peito com seus mamilos. O aroma de sua excitação no ar, intoxicando-o. Ele mexeu seus quadris em círculos lentos, moendo nela antes de quebrar o ritmo com um golpe duro. Prazer se reuniu em suas bolas e apertou a base do seu eixo. Ele estava perto. Muito perto. Um passo do paraíso. Ele abriu a boca e limpou a garganta, incapaz de falar. — Quão... perto... —Estou gozando. —Ela arquejou, e suas pernas apertaram ao redor de seus quadris. Merda. Ele a seguiu, sem pensamento ou sentimento, e gemeu seu nome quando gozou. Ela convulsionou em torno dele, sua boceta apertando, prolongando o seu prazer. Ele fechou os olhos enquanto sua mente apagava e seu coração disparava. Nunca haveria mais ninguém para ele. Seu coração tinha sido reivindicado. Ele descansou sua testa contra o ombro dela, o peito se expandindo e 130


caindo com respirações profundas. Ela beijou sua mandíbula, os dedos soltando seu cabelo quando seu corpo ficou lânguido contra o dele. —Eu te amo. —Ela murmurou, aninhando contra sua bochecha. Ele virou o rosto em seu pescoço, mordiscou o ponto sensível abaixo da orelha, e sussurrou: —Não conta.

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Capítulo 11 —Eu pareço bem? —Gabi perguntou pela terceira vez quando o elevador parou. Ela estava nervosa. Além de nervosa. No começo, ela estava ansiosa para conhecer os homens da Reckless Beat, mas agora... E se os amigos de Blake não gostassem dela? Oh, Deus. Ela ia vomitar. —Gabi, você está linda. —Blake a levou pelo corredor com um braço ao redor da cintura dela. —E eles vão te amar. Especialmente Leah e Alana. Ele deu um beijo em sua têmpora, mas o ato reconfortante em nada acalmava seus nervos. —Mas fique longe de Mitch e Mason. Eles são propensos a causar problemas. —P-problemas? —Sua voz se quebrou. Ele riu, e as vibrações ecoaram pelo seu corpo. —Você vai ficar bem. Só não repare em qualquer merda. —Merda... —Isso ela poderia suportar. Era a desaprovação que a preocupava. E se eles a odiassem? Essas pessoas eram a família dele. —Pare de se preocupar. —Ele os levou a uma porta e bateu com força. — Seja você mesma e vai ficar tudo bem. Ela assentiu. Sem problemas. Ela poderia fazer isso. A porta abriu e Mason Lynch estava diante dela, seu olhar ávido a devorou de suas sandálias de tiras pretas, passando por sua calça e o top cor de pêssego, para finalmente descansar em seus olhos. —Bem, olá, senhora raposa. 132


Ela ficou boquiaberta e teve que se concentrar para fechá-la. Mason Lynch. Ela engoliu em seco, descansando a mão sobre o estômago para acalmar as borboletas esvoaçantes. Havia uma maneira correta de responder a esse tipo de saudação? —Foda-se, Lynch. —Blake riu. Bem, OK, aparentemente Blake sabia como responder. Ele empurrou Mason no peito e abriu caminho para a suíte, arrastando Gabi ao lado dele. — Esse é Mason —Mason, esta é Gabi. —Sim, apresentação legal, mano. —Mason chamou por trás deles. Ela olhou por cima do ombro, para o cantor mundialmente famoso, pronta para se desculpar pela grosseria de Blake, só para encontrar o olhar de Mason colado à sua bunda. Os rumores sobre ele eram obviamente verdadeiros. Ele era sexy como pecado e ofensivamente arrogante em igual medida. —Esse não é o meu rosto. —Ela murmurou e voltou sua atenção para onde andava. —Não estava interessado em seu rosto, querida, mas se você quiser colocar os lábios sensuais ao redor do meu... —Cala boca, Lynch. —Blake não diminuiu seu ritmo, ele nem sequer olhou para trás ou levantou a voz. —Ela não é uma groupie e não necessita ser testada. —Testada? —Ela guinchou. Blake olhou para ela, sua expressão em branco. —Para ver se você me deixaria chupar seu... —Para ver se você é digna. —Concluiu Mason, aproximando-se e colocando um braço em volta dos ombros dela. 133


Mais uma vez, Blake não vacilou. Ele não parecia perturbado pela proximidade de Mason. —Meu homem merece uma grande mulher. —Acrescentou Mason. — Você é essa mulher, Gabi? —Ahh... —Sua boca abriu de novo, com a cabeça girando para o homem lindo da sua esquerda para o da sua direita. —Ela é. —Blake apertou-lhe a cintura e piscou para ela. Ela poderia ter desmaiado se Mason não estragasse o momento. —Eu acho que foi o seu primeiro PDA 9, homem. —O braço saiu do ombro dela. —Eu não sei se eu deveria estar horrorizado ou feliz por você. Eles pararam e Blake olhou para o amigo. —Esteja feliz. —Ele baixou a mão da cintura dela e entrelaçou seus dedos. —E agora que eu suponho que a primeira fase da sua idiotice acabou, Mason, eu gostaria que você conhecesse corretamente Gabi. Gabi olhou para Mason, que ainda tinha um sorriso diabólico em seus lábios, só que de humor e não arrogância. Ele inclinou a cabeça e estendeu a mão. —Prazer em conhecê-la, Gabi. —Seu sorriso era contagiante, brincalhão e totalmente adorável. —Você também. Mason soltou sua mão, todo flerte desaparecendo em um instante. — Venha conhecer os outros. Ela assentiu e começou a segui-lo para a sala de jantar quando Blake puxou-lhe a mão, parando-a. —Você está bem? —Ele lhe perguntou. 9

Demonstração pública de afeto.

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Ela se virou, grata que ele a envolveu na segurança de seus braços. —Sim. —Um a menos, faltam seis. —Ele falou em seu cabelo. Ela conteve um gemido e o seguiu até a sala com janelas que iam do chão ao teto. Uma mulher em um terno sob medida estava no canto, encostada ao vidro, olhando para o rio Yarra. Sob o lustre de cristal branco no centro do teto havia uma mesa rodeada de pessoas “famosas” todas elas conversando e rindo sobre pratos de comida, copos de suco de laranja e canecas de café. —Gabi! — O grito feminino foi seguido de uma cadeira raspando sobre o piso de ladrilho. Gabi engoliu o pânico e tentou não demonstrar sua surpresa com a mulher correndo em sua direção. Blake deixou a mão cair quando a beleza de cabelos escuros e olhos verdes a abraçou. —Eu sinto muito. —A mulher recuou. —Sou Alana. Blake me falou muito sobre você. Ele falou? —Ele falou? —Uma voz masculina veio da mesa, seguido por outra cadeira raspando. —Quando no inferno você estava falando com a minha mulher? Mitchell Davies. O guitarrista e lenda do rock caminhou para frente, seu olhar avelã focado em Blake. Blake deu de ombros. —Toda vez que você saía da sala, começamos a nos agarrar. Tornou-se um hábito. Mitchell deu o dedo do meio à Blake, seu belo rosto se contorcendo em um sorriso de escárnio. Então seu olhar voltou-se para Gabi, e ela prendeu a respiração. Seu cabelo castanho escuro e seus olhos brilhavam com diversão contida. Talvez ela devesse ter ciúmes ou até mesmo um pouco ofendida com a forma como Blake brincou com Mitchell, mas ela sabia que ele era assim. Ao 135


longo dos meses, Blake tinha gostado de compartilhar histórias de como ele irritou Mitch sobre sua bela namorada. A maneira como ele recapitulava as histórias sempre a fazia rir. Vendo o agir pessoalmente não tinha mudado isso. —Oi, Gabi. —Ele estendeu a mão, e ela apertou-a com a sua, deixando o toque suave tirar seu nervosismo. —Oi. Essas pessoas eram uma família. Ela podia ver pela maneira que conversavam com sorrisos genuínos e a comunicação que estava além das palavras ditas. Mitch sorriu para ela. —Se você quiser encontrar um homem melhor, sabe onde me encontrar. A boca de Gabi caiu. Ao mesmo tempo, a mão de Alana deu um tapa no peito de Mitch. Um suspiro feminino veio do extremo da sala. —Mitchell Davies! Você precisa fechar a boca. —A outra mulher falou. Gabi virou-se para a loira no terno que desencostava da janela e ia em direção a eles. Ela era profissional e autoritária, tudo em um corpo de modelo. — Ignore-o. Ele tem a doença de enfiar os pés pelas mãos. Eu sou Leah, sua agente. Gabi só podia sorrir em saudação quando Alana deu a Mitch um olhar de morte. —O quê? —Perguntou Mitch bufando. —Oh, vamos lá! —Ele jogou os braços no ar. —Como é que Blake pode dizer essas merdas, mas eu não? —Você percebe que eu estava bem ao seu lado? —Alana murmurou. —Sim, meio estranho. —Um homem com cabelo curto adicionou a partir da mesa. 136


Sean? Gabi o reconheceu como o baterista da banda. —Oi. —Ele deu-lhe um aceno preguiçoso. —Bem-vinda ao drama. —Drama, a porra da minha bunda. —Mitch retrucou. —Por que Blake pode falar sujo com a minha namorada, mas eu não posso dar o troco? —É bom ver você também, Blake. —Alana ignorou o namorado dela e deu um passo para frente, abraçando Blake. —Senti sua falta. Gabi ficou parada, tentando se enfiar na parede. Seu peito estava pesado, tentando conter o riso, embora não tivesse certeza se Mitch estava brincando ou genuinamente ofendido. —Aposto que você sentiu, querida. —Blake ronronou e piscou para Mitch sobre o ombro de Alana. Mitch balançou a cabeça. —Você está brincando comigo? —Ele virou-se para a mesa em direção aos outros. —Por que diabos ele não é repreendido por dizer isso? Hein? Vocês podem enfiar seus comentários inteligentes nas suas bundas, eu já tive o suficiente. —Ele saiu da sala num acesso de raiva. O silêncio caiu pesado entre eles. Em seguida, assim que a porta da frente bateu, Gabi assistiu todos rirem histericamente. —Meu pobre bebê. —Alana balbuciou quando o riso cessou. —Vocês realmente têm que parar de implicarem com ele. —Nós? —Outro homem perguntou, o único que Gabi não tinha sido apresentada. Ele balançou a cabeça, com cabelo castanho claro ondulado. — Você é pior que Mason, com sua atitude de namorada ofendida. Eu honestamente não sei como Mitch ainda não viu isso. —Porque ele me ama. —Alana sorriu e voltou ao seu lugar. —Esse é Ryan. —Blake se inclinou para ela e apontou um dedo preguiçoso para o homem com joviais olhos azuis e uma barba por fazer. Ele parecia tão 137


jovem. Muito jovem para ser o único homem casado do grupo. Ryan sacudiu a cabeça em saudação e sorriu. —Prazer em conhecê-la, Gabi. —Você também. —Ela acrescentou. Uma mão veio descansar no interior de suas costas, aliviando a tensão e enchendo-a de conforto. —Você quer se sentar? —Blake falou junto ao seu pescoço. Mesmo nervosa e na frente de todas essas pessoas, a sensação de sua respiração contra sua pele ainda a excitava. Ela ignorou o formigamento que começou a se formar em sua barriga e balançou a cabeça, brincando com seu colar enquanto o seguia para as duas cadeiras vagas ao lado de Alana. —Oh, isso é lindo. Onde você conseguiu? —Alana focou na maneira nervosa que Gabi brincava com a joia. —Ah... humm... —Ela gaguejou, sentindo o peso do olhar de mais de uma pessoa em seu decote. —Blake me deu no meu aniversário. —Ela abaixou a mão e se remexeu em sua cadeira. Os olhos de Alana brilharam. —É lindo. —Obrigada. —O colar tinha se tornado mais do que apenas um presente. Dava-lhe a força, fazia com que ela se sentisse amada e quando eles estivessem separados, seria um lembrete constante do tempo que passaram juntos. —Uau, Blake, você fez um ótimo trabalho escolhendo isso. —Leah acrescentou. —Quais são os pingentes? Gabi segurou o colar para fora de seu peito, mostrando-lhes cada um dos pingentes. —Ela adora tartarugas. —Acrescentou Blake. 138


—E o seu ego adicionou os pingentes de baixo? —Mason riu. —Ótima maneira de marcar seu território. —Sim. —Blake deu de ombros. —Um colar com as palavras “Propriedade de Blake Kennedy” não parecia adequado, por isso eu me conformei com esse. Gabi bufou e lhe deu uma cotovelada nas costelas. Ele era diferente na frente de seus amigos, mais descontraído. Feliz. Ou talvez esta fosse mais uma persona que ele usava para esconder a sua dor. Ele riu e a puxou para beijá-la na testa. —Você sabe que estou brincando. —Ele murmurou no ouvido dela, na zona erógena abaixo do pescoço. —Sim, eu sei. Ele inalou, esfregando o nariz ao longo da pele perfumada. —Cristo, Gabi, seu cheiro é delicioso. —Shhh. —Ela afastou-o. Teria alguém ligado o termostato? De repente, seu top estava agarrado em seu corpo e suas coxas úmidas de suor. —Você vai fazer compras com a gente? —Alana perguntou, puxando Gabi da névoa de luxúria. Ela lançou um olhar de relance para Blake. —Humm, eu não sei. Eu vou? —Eles não tinham muito tempo juntos, e a ideia de estar longe dele fez seu coração apertar. Essas mulheres eram agradáveis, acolhedoras, mas não eram a razão por que ela estava aqui. Por favor, Blake, diga-lhes que temos planos.

***

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Blake apertou a mandíbula, lendo o apelo mudo nos olhos de Gabi. Ele não teve tempo de contar a ela o que fariam hoje. Bem, isso era uma mentira. Ele teve tempo de sobra. Só que quando ele foi lhe contar sobre a proposta de Mitch, seu pênis assumiu o controle e eles acabaram nus, em um emaranhado de braços, pernas e lábios. Ela não sabia sobre o jantar de hoje nem que deveria se vestir formalmente. Ir às compras permitiria que ela escolhesse um vestido de coquetel enquanto ele ia com os caras arrumar os ternos. —Desculpe, anjo. —Ele se inclinou e deu um beijo em sua têmpora. —Eu e os caras temos algumas coisas para cuidar. Não vai demorar muito. —O arrependimento que sentia refletiu em seus olhos. Ela lhe deu um sorriso falso e assentiu. —Sem problemas. Mas era um problema. Ele queria estar com ela o dia inteiro, todos os dias, sem interrupção ou interação social. Só que ele não podia deixar de ajudar Mitch na proposta. O cara poderia foder uma carta de amor e, ao mesmo tempo, imaginar algo monumental. —Aonde vocês irão? —Ela voltou sua atenção para Leah e Alana. —Eu não tenho certeza. —Alana franziu a testa — Eu não consigo lembrar o que o porteiro disse. Church Street? —Chapel Street. —Leah corrigiu, esfregando as mãos com animação. —Eu pensei que nós poderíamos comprar roupas para o jantar de hoje à noite. —Seria ótimo se você pudesse vir. —Alana empurrou para trás em sua cadeira. — É melhor eu ir ver se Mitchell está bem. Mason riu. —Sim, como se vocês não tivessem planejado isso. —Ele continuou em um tom agudo —Eu vou fingir estar ofendido e correr para o nosso quarto como uma garotinha, então você vem atrás de mim em poucos minutos. Eu estarei esperando na cama, nu e coberto de óleo de bebê. 140


Alana levantou uma sobrancelha e empurrou a cadeira. —Francamente, estou enojada que você sequer pense uma coisa dessas. —Ela voltou sua atenção para Gabi, um sorriso puxando o canto de seus lábios. —Prazer em conhecê-la, Gabi. Eu espero que você venha fazer compras com a gente. —Inclinando a cabeça em sinal de despedida, com os lábios sorrindo quando se virou na ponta dos pés para sair da sala. —Oh, eu estou tão orgulhoso. —Sean olhou para a porta de uma maneira peculiar. —O nosso menino está tendo sorte. Parece que foi ontem que ele estava gastando todo o seu tempo em seu laptop, se masturbando com pornografia... oh, espere. —Ele se concentrou em Blake com um sorriso. —Essa era você. As piadas pornográficas nunca ficavam velhas... para eles de qualquer maneira. Não importava que agora soubessem que ele tinha conversado com Gabi o tempo todo. Para eles, era sempre pornô. Seria sempre pornografia, mesmo quando ele estivesse conversando com Gabi on-line no futuro. —O que posso dizer. —Blake deu de ombros. —Sua mãe parece ótima na tela. Gabi riu e o som doce o fez sorrir. Ela se encaixaria perfeitamente com seus amigos. Ele poderia dizer que Mason e Mitch já gostavam dela, Ryan também gostaria, ele se dava bem com todos. E Sean... era Sean. Ele não iria pronunciar-se de qualquer forma e sempre estava em consenso com o grupo. —Sirva-se de um almoço tardio. —Leah ofereceu, indicando a comida sobre a mesa. —Vou me preparar para a maratona de compras. —Ela tirou um cartão do bolso e o colocou sobre a mesa para Gabi. —Vamos sair em torno de uma hora. Me ligue ou mande mensagem se quiser vir. Adoraríamos se você se juntasse a nós. —Obrigada. —Gabi pegou o cartão e tocou a escrita. —Eu definitivamente vou com vocês. Vou precisar de algo para vestir hoje à noite. Uma pontada de arrependimento bateu no peito de Blake. Ele 141


discretamente esfregou a pressão e silenciosamente inalou até que seus pulmões estivessem em plena capacidade. Se esta era a maneira como ele reagia à ideia de estar longe dela por uma hora, como diabos se sentiria amanhã à tarde, quando ela fosse para casa? Isso não era bom. Ele estava preso em um oceano profundo, com um tijolo amarrado em volta de seu tornozelo. E a partir do pânico nos olhos azuis claros de Gabi, ele poderia dizer que ela estava junto com ele.

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Capítulo 12 Gabi puxou um vestido preto do cabide e suspirou. Era de tirar o fôlego. O vestido tinha alças finas, decote, tiras ao redor do espartilho e uma saia que fluía até a altura do joelho. Tanto Leah quanto Alana já tinham comprado a roupa que planejavam usar esta noite, cinco lojas atrás, enquanto ela ainda estava se preocupando com os preços da boutique. —Isso é divino. —Alana disse por cima do ombro. —Ficaria ótimo em você, também. Seria ainda melhor se tivesse uma cor mais clara, porque você tem uma pele bem bronzeada. Gabi virou a etiqueta com o preço e fez uma careta. Os botões devem ser de cristal, a linha de ouro, o vestido deve ter sido costurado por princesas do Oriente Médio. —Puta merda. —Não olhe para o preço. —Leah mandou. —Blake está pagando. E antes de começar a discutir, lembre-se de que ele vai ser o único se beneficiando de vêla nisso. Vai valer à pena cada centavo. Gabi queria discutir. Ele já tinha gasto muito dinheiro com ela. Primeiro com a passagem para o voo comercial de Londres para a Austrália, quando ele poderia ter voado em um jato particular dias mais tarde. Em seguida, seu colar, que ela preguiçosamente acariciava com o dedo. Então os voos de classe executiva de Queensland para Melbourne. Ela nunca seria capaz de reembolsá-lo. —Eu não deveria. —Ela não queria gastar o dinheiro dele, não importa o quanto ele fosse generoso. Leah pegou o celular e tirou uma foto. —Dê-me um segundo. —Seus dedos digitaram com super velocidade. —Você vai se arrepender se não levar. —Alana olhou para a etiqueta de 143


preço. —E não custa tão caro assim. Gabi levantou uma sobrancelha. —Bem, ok, pode ser um pouco caro, mas tenho certeza de que Blake vai ser recompensado. Leah colocou seu celular de volta no bolso. —Você sabe que não tem nada a ver com o estilo e tudo a ver com o quão rápido ele vai querer tirá-lo, certo? E ele vai querer tirá-la dele. Considere uma forma agradável de tortura. —Vá experimentá-lo. —Alana espalmou suavemente o ombro de Gabi e empurrou-a na direção aos provadores. —Se ele não ficar absolutamente perfeito, não vamos insistir. Temos mais dez quarteirões de lojas que podemos visitar. Gabi gemeu e marchou para frente, colocando o vestido no gancho do provador. Não havia nenhuma maneira que ela pudesse comprar um vestido que custava mais do que um pequeno país Africano. E se ela derramasse algo sobre ele? Um celular soou longe quando ela puxou a cortina e começou a se despir. —Blake disse: —Leah gritou. —Se ela não comprar o vestido não haverá sexo hoje à noite. Gabi riu e puxou o vestido pela cabeça, ajeitando-o para baixo em suas coxas. Blake nunca faria jus à ameaça. —Eu estou brincando. —Leah riu: — Ele disse: “Diga a ela que ela merece o vestido, e mal posso esperar para vê-la nele”. Então ele disse: “diga a ela que eu a amo e que se apresse em voltar para o hotel”. Gabi zombou e puxou a cortina. —Ele não disse isso. —Blake era doce, no entanto, ela não poderia imaginá-lo dizendo à agente de sua banda para transmitir uma mensagem cheia de amor. 144


Alana engasgou e Leah se aproximou. —Você está deslumbrante. —Leah disse e entregou-lhe o telefone. — Olhe se você não acredita em mim. Ela pegou o telefone e leu a mensagem na tela. Diga a ela que ela merece o vestido e mal posso esperar para vê-la nele. E diga a ela que eu a amo... e faça ela se apressar e voltar para o hotel. Tenho necessidades. ;) O telefone tocou na sua mão e outra mensagem apareceu por baixo da última. Se ela ainda se recusar a levar o vestido, peça à vendedora da loja para colocá-lo atrás do balcão e eu mesmo vou buscá-lo. Eu quero esse vestido, Leah. Arrepios passaram em seu corpo, de seus dedos para seus mamilos. Ela não se importava mais com o vestido. Ela só queria voltar para o hotel e fazer com que Blake a apreciasse. Como ela viveria sem ele quando voltasse para Queensland? O pensamento revirou o seu estômago, apertou-lhe o coração e fez lágrimas encherem seus olhos. —Tudo bem. Eu levo, mas me deixe provar o creme em primeiro lugar. —Eu vou buscá-lo para você. —Leah se afastou. —Blake vai enlouquecer quando te ver nisso. —Os olhos de Alana brilharam. —Vocês são tão lindos juntos. Ele é tão doce, engraçado e apaixonado. Um peso indesejado de ciúme estabeleceu nos ombros de Gabi. O “doce” e “engraçado”, ela poderia lidar, mas “apaixonado” falava de intimidade. Uma intimidade que Gabi não queria saber. Suas inseguranças deveriam ter aparecido em sua expressão porque Alana endureceu e sua garganta engoliu em seco. —Sinto muito, isso saiu errado. —As bochechas de Alana coraram. Gabi não queria perguntar. Ela não deveria perguntar. Seu coração não podia lidar com ela perguntando. —Vocês... dois... humm. 145


Estranho não chegou perto de descrever o ar entre elas, mas ela precisava saber a resposta. Nenhum outro homem a tinha feito sentir esta incômoda sensação irritante rastejando sob sua pele. Ou ela nunca se importou o suficiente com qualquer um para sentir isto. Alana desviou o olhar, seu olhar procurando Leah. —Vocês tiveram. —As palavras cambalearam da boca de Gabi. A apreensão em seu estômago pesou ainda mais, e ela sorveu o ar em seus pulmões para combater o ciúme que tentava assumir. Alana era bonita, provavelmente a pessoa mais doce que Gabi já conheceu... e engraçada. O pacote perfeito. Não importava que seu amor por Mitch fosse evidente na maneira como ela falava sobre ele, ou que Gabi confiava em Blake. Ela simplesmente sentia uma insegurança injustificada. —Eu sinto muito. —Gabi balançou a cabeça, precisando consertar sua estupidez. Ela não tinha ciúmes. Ela nunca teve, e não era hora de começar agora. —Não é da minha conta. —Não, nós não tivemos... eu não... houve uma vez... Gabi levantou as mãos para o sinal universal “por favor não conte isso, porra” e se apoiou no vestiário. —Sério, não é da minha conta. —E não era. O que Blake fez antes de ficarem juntos não tinha nada a ver com ela. Ela fechou a cortina na expressão de dor de Alana e recostou-se contra a parede. Tenha controle sobre seus hormônios, mulher! Ela não tinha o direito de ficar chateada com isso. Segundos depois a cortina escancarou e Leah estava na porta, desanimada. —O que está acontecendo? —Ela colocou o vestido de noite creme no gancho da parede e deu um passo para trás, seu olhar correndo entre Gabi e Alana. —Nada. —Gabi balançou a cabeça, constrangimento aquecendo suas 146


bochechas. Isso era ridículo. Alana avançou, seus olhos suaves com pedido de desculpas. —Foi um malentendido. —Sobre? —Leah perguntou. Alana olhou para Gabi. —Blake esteve presente em uma ocasião, quando Mitchell e eu... Leah limpou a garganta, sufocando uma risada e Alana lhe lançou um olhar sério. —Ele viu... —Alana continuou. Curiosidade fez com que Gabi perguntasse quando ela deveria ter mantido a boca fechada. —Viu? —Um riso quebrou o constrangimento. —Eu não posso imaginar Blake apenas observando. A garganta de Alana convulsionou. —Bem, ele manteve-se... ocupado, eu suponho que você possa dizer. Leah bufou. —Desculpe. Não quis estragar o momento. —Como eu estava dizendo, ele se divertia, enquanto Mitchell e eu... —Fodiam. —Leah soltou. —Pelo amor de Deus, mulher, desembucha! Alana cruzou os braços sobre o peito e ergueu o queixo. —Tudo bem. Nós estávamos fodendo enquanto Blake observava. —Ela voltou sua atenção para Gabi. —Mas ele nunca me tocou de uma forma sexual. Nunca. Eu juro. Mitchell é muito possessivo para permitir isso. Obviamente não possessivo o suficiente para impedir alguém de observar. —Uau. Eu não imaginava isso. —De suas experiências entre os lençóis com Blake, ele não parecia contido o suficiente para simplesmente observar. Ele era sexual e voraz. Ela não podia imaginá-lo não estar no comando. 147


Leah riu. —Eu aposto que sim. Gabi riu sem pensar, e depois fez uma careta. Ela tinha muito a aprender sobre o estilo de vida de astros do rock. —Não se preocupe. —Leah apertou seu braço. —Os caras da Reckless não estão realmente para a maratona de sexo 24/7. Eu sei que Sean e Mason dividem mulheres de vez em quando, mas eles são tímidos em comparação com algumas das bandas que eu representava. Eles recebem um monte de ofertas quando estão solteiros, eles desfrutam do estilo playboy. Mas tenho certeza de que todos eles são capazes de monogamia. Bem, talvez não Mason. Eu ainda estou indecisa sobre se esse garoto consegue manter seu pênis em sua calça por mais tempo do que é preciso para tocar em um show inteiro. Alana adiantou-se e encostou na parede do provador. —Blake te ama, e ele nunca faria nada para machucá-la. —Eu sei. —Gabi respondeu, focando sua atenção no vestido de noite. A confiança não era a questão. Era sua estupidez. Nada mais. —Eu fiquei chocada, só isso. —Ela sorriu, tentando se desculpar. —Desculpem-me por preocupá-las. Alana se afastou da parede e abraçou Gabi. —Está bem. Está tudo acabado e esquecido. —Ela se afastou. —Agora tudo o que temos a fazer é convencê-la a deixar Blake comprar esse vestido lindo.

***

Blake estava sentado em uma poltrona, olhando pela janela. Ele passou uma hora com os caras, sob um forte esquema de segurança, ajeitando os smokings para eles usarem esta noite. Uma hora. 148


As mulheres tinham ido embora há três horas e ainda não tinham voltado. Cinco homens provaram e se arrumaram em uma hora. Três mulheres que ficariam perfeitas não importa o que usassem, mas três horas não foi suficiente. Seu celular tocou no bolso. Mais uma vez. Desta vez, foi um som rápido que anunciava uma mensagem de texto. Seu coração num pulo vertiginoso pensando que poderia ser Gabi até que ele se lembrou da mensagem de voz que Michelle deixou mais cedo hoje e pavor o tomou. Ele só ouviu as primeiras palavras frenéticas de “Blake eu preciso...” —Antes de excluir a mensagem. Mas ele ainda tinha medo de verificar seu próprio celular. Ele precisava mudar de número. Ele estava farto de mudar seu número. Orando por outra foto enviada por Leah, ele destravou a tela e abriu a mensagem. Seu estômago afundou, e suas pernas teriam fraquejado se estivesse estado em pé. Esta definitivamente não era uma foto enviada por Leah. Não. Isto veio de um número privado e, mesmo sem ler o texto sob a imagem, ele sabia que vinha de Michelle. Ele olhou fixamente para a imagem de si mesmo, sua garganta apertando a cada segundo que passava. Os segredos do seu passado estavam na tela à sua frente. Ele estava de joelhos diante de uma mesa de vidro revestida de pó branco, sem camisa, suas pupilas dilatadas e loucas enquanto sua mão apertava o canto do nariz para cheirar a cocaína. —Foda-se. Foda-se. Foda-se. Foda-se. Você tem duas opções. Ou me ajuda ou eu vou ter que vender

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tabloides. Sinto

muito,

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Blake,

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muitas

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dinheiro. Sua lucidez sumiu, deixando-o em uma agitação, confusão e pânico. Leah iria matá-lo. Mason iria expulsá-lo da banda, se sua gravadora não o fizesse antes. Mitch iria olhar para ele com desapontamento e desaprovação, e Gabi... Oh, foda-se. Ele perderia Gabi durante a perseguição dos tabloides. O que você quer de mim? Suas mãos tremiam quando ele digitou a mensagem e pressionou enviar. Talvez, se ele pagasse, ela o deixasse em paz. Cristo. Ele se levantou da cadeira e começou a andar. Ele não era tão ingênuo. Michelle deve estar desesperada se estava disposta a chantageá-lo nas primeiras horas da manhã dos EUA. Ele negociaria, imploraria, se esforçaria para destruir essas imagens. Ele soltou uma risada irônica e esfregou a nuca, tentando aliviar a dor. Sim, negociar com uma viciada em drogas que tinha todas suas malditas bolas na mão. Michelle não tinha nada a perder. Ela estava sem dinheiro, tinha uma carreira esfarrapada, sua reputação estava na sarjeta e seu pai bilionário não queria nada com ela. Um barulho soou na frente da suíte, enviando milhares de volts em seu coração. Foda-se. Ele limpou o suor da testa e voltou sua atenção para o corredor, ouvindo quando a porta se abriu. Os saltos de Gabi soaram no piso, e ele respirava como uma mulher em trabalho de parto, tentando se acalmar até que ela aparecesse. Ele não podia dizer a ela. Não agora. Não tão perto do aniversário da morte de seu irmão. —Olá, estranho. —Ela sorriu para ele, jogando as sacolas na sala antes de passear em direção a ele. —Você está com saudades de mim? Ele ignorou a maneira que o peito pulsava e empurrou seu celular no bolso, diminuindo a distância entre eles em dois passos. 150


—O que há de errado? —Ela colocou as mãos sobre o peito dele e estudou seu rosto. —Eu senti sua falta. —Ele a beijou forte, lhe impedindo de estudá-lo ainda mais. Seu peito afundou enquanto suas línguas se emaranhavam e suas mãos envolviam o pescoço dela. Ele abraçou-a, lutando contra a culpa que o oprimia, sabendo que iria machucá-la, preocupá-la, não importasse como isso acabasse. Ela se afastou e o encarou. —Está tudo bem? —Com certeza. Deixe-me ver o seu vestido. —Ele tentou agarrar as sacolas no sofá, precisando colocar distância entre eles. —Ei! —Ela golpeou-o para longe. —Você não tem permissão para ver isso até hoje à noite. —Pegando as sacolas, ela apertou contra o peito e caminhou para o quarto. —A que horas é o jantar, para saber quando me arrumar? Ele deu um suspiro de alívio e olhou para o relógio. —Nós temos uma hora ou algo assim. —O quê? —Ela girou nos calcanhares. —Uma hora? Eu pensei que estávamos indo para um jantar. São apenas quatro e meia. Seu telefone tocou no bolso e ele fechou os olhos por um breve segundo orando para que fosse uma mensagem de Leah, Mitch ou mesmo Mason. — Mitch tem uma surpresa planejada para Alana esta noite. Gabi engasgou e começou a caminhar de volta em direção a ele pulando nos seus passos. —O que é? —Seus olhos se iluminaram com antecipação. —Ele vai pedi-la em casamento. Ela gritou e pulou na ponta dos pés. A reação foi tão garotinha e bonita que por uma fração de segundo seus problemas desapareceram. —Como ele vai fazer isso? No jantar? Estamos todos indo para lá? 151


Ele balançou a cabeça. —Não e sim, é por isso que precisamos nos preparar mais cedo. Vamos de helicóptero ao longo da costa. Em seguida, jantar em uma propriedade privada com vista para o oceano. Os olhos de Gabi se arregalaram, seu sorriso de excitação, que o fez rir. — É melhor eu me preparar. —Ela ficou nas pontas dos pés para lhe dar um beijo estalado nos lábios e saiu da sala. Quando o chuveiro ligou, ele soltou a respiração que apertava seu peito, e então se lembrou da mensagem não lida em seu telefone. Ele pegou o celular do bolso, o estômago embrulhado de medo. Preciso de dinheiro e ajuda para me tirar da crise. Ligue para mim. Ela colocou um número de telefone no final da mensagem. Pelo menos ela era otimista. Para ele, seus problemas estavam de ser uma “crise”. Eles eram mais como férias permanentes na sarjeta. A ilusão dela poderia funcionar a seu favor, no entanto. Se ela estava delirando, talvez as coisas não fossem tão ruins. Ele poderia dar-lhe o dinheiro e convencê-la a entregar as fotos ou assinar um acordo legal para excluí-las permanentemente. —Foda-se! —Ele cerrou os punhos. Ele nunca realmente saberia o que ela faria com as imagens, não importa o acordo que a fizesse assinar. Ele abaixou a cabeça. Mais uma vez ele estava sozinho. Não tinha ninguém a quem recorrer. Ninguém em quem confiar. E desta vez ele estava determinado a manter Gabi fora disso. Ele não iria machucá-la e além disso, nenhuma mulher jamais poderia respeitar um homem que ela tinha que salvar constantemente. Era hora de corrigir isso de uma vez por todas, por conta própria. Avançando para o quarto, ele puxou seu smoking do armário e pegou seus sapatos. Ele precisava de espaço para pensar e um lugar calmo onde poderia ligar para Michelle sem ser ouvido. Com uma respiração profunda, ele abriu a porta do 152


banheiro e fez uma pausa. Gabi estava sob o chuveiro, suas curvas perfeitas brilhando sob as luzes. Ela se virou com um sorriso. —Você está se juntando de novo? Ele balançou a cabeça quando as palavras lhe faltaram. Michelle entrando em contato com ele agora era um sinal. Um sinal de que Gabi valia muito e não precisava ser arrastada para seus problemas. —Eu queria, anjo. —Ele sorriu, com a esperança de conter sua expressão até que ele saísse. —Vou me vestir e em seguida, sair por um tempo. Eu tenho algumas coisas que preciso organizar para esta noite. —Era a verdade. Ele precisava organizar a bagunça gigantesca chamada: sua vida. —Oh. —Seu cenho franziu. —Está bem. Quando você vai voltar? —Eu não devo demorar muito. —Ele agarrou a maçaneta da porta, odiando-se por esconder as coisas dela. —Quando estiver pronta, envie-me uma mensagem, e eu venho buscá-la. —Não se preocupe. —Ela balançou a cabeça lentamente. —Tem certeza de que está tudo bem? Ele se virou para sair do banheiro, precisando esconder o rosto do olhar dela. —Sim. Tudo vai ficar bem. A faca atravessou seu peito, sabendo que ele mentiu para a mulher que amava. Tudo não ficaria bem. Na verdade, sua mente continuava cantando que este era o começo do fim.

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Capítulo 13 Blake estava sentado em uma poltrona no canto vazio da sala VIP no terceiro andar do hotel, olhando fixamente para o número de telefone de Michelle na tela de seu celular. Ele estava fazendo a mesma coisa pelos últimos quinze minutos, incapaz de fazer a chamada. No momento, ele podia se convencer de que as coisas dariam certo. Ele poderia dar-lhe todo o dinheiro que ela precisava, ele nunca teve apego as coisas materiais de qualquer maneira. Em troca, ele exigiria ter cada imagem que ela possuísse. Fácil, não é? Um casal de meia-idade entrou, sentando perto das janelas. Merda. Ele abaixou a cabeça e afundou ainda mais em sua cadeira. Ele estava correndo contra o tempo. Os últimos 45 minutos não foram mentalmente produtivos. Tinha chafurdado na aversão própria, enquanto lutava contra o instinto de correr e se esconder. Agora ele não tinha escolha. Ele tinha que fazer isso. Com uma respiração profunda, ele fez a ligação e tentou ignorar a forma como o peito apertou com cada toque. —Blake? —A voz de Michelle era áspera, de sono ou de drogas. Ele não sabia o que era e nem se importava. —Quanto você quer? —Ele não tinha estômago para brincadeiras. — Não é apenas sobre o dinheiro... —Quanto, Michelle? —Q- quarenta mil dólares. —Seu tom tinha uma pitada de remorso que ele optou por ignorar. 154


—Feito. —Quarenta mil dólares não iriam prejudicar a sua conta bancária. Se era isso o que era preciso para livrá-lo do passado, ele entregaria sem relutância. —Eu quero todas as fotos. Tudo o que você tem sobre mim. Eu não me importo o que é, eu quero. CDs, roupas, tudo. Depois que eu lhe pagar o dinheiro, acabou, Michelle. Quero você fora da minha vida. Ela limpou a garganta. —O dinheiro não é tudo que eu preciso, Blake. Ele cerrou os dentes. Ele tinha feito exigências e com autoconfiança enquanto ela tinha permanecido em silêncio. —O que mais? —Eu preciso... preciso organizar a minha vida. Eu preciso da sua ajuda. —Como diabos eu posso te ajudar? —Ele levantou e ignorou os olhares de funcionários e dos hóspedes. Ele estava prestes a perder a cabeça. Seus sapatos estavam muito apertados, o smoking e gravata pesavam em seu corpo, sufocando-o, fazendo-o querer arrancar o colarinho. —Eu quero ter minha carreira de volta para que eu possa cuidar de mim no futuro. Eu preciso que público me veja e que os produtores estejam dispostos a me contratar de novo. —Não. —Ele não precisava ouvir mais nada. A direção da conversa estava se tornando muito perigosa. —Esse é o negócio, Blake: o dinheiro e a sua ajuda. Você só precisa fingir que estamos namorando por algum tempo. Poucos meses no máximo, só até as pessoas começarem a se lembrarem de mim. Não. Inferno. Não. —Eu não posso fazer isso. —Não havia nenhuma maneira. —Então eu não tenho escolha a não ser vender as fotos. As revistas de fofoca vão me dar o que eu preciso. Dinheiro e atenção temporária. Blake apertou o celular, com tanta força que as juntas dos dedos doeram. 155


—Não faça isso comigo, Michelle. Eu tenho uma coisa boa acontecendo aqui. Minha vida está no caminho certo. —Depois que você me ajudou a acabar com ela. —Eu não posso ajudá-la assim. Vou lhe dar mais dinheiro. Oitenta mil, cem mil. Eu não me importo. Só não me suborne para estar perto de você de novo. Eu não posso fazer isso. Ela deu uma risada irônica. —Você não pode ficar perto de mim? Como se você não tivesse se divertido quando nós estávamos juntos? Eu não o forcei a fazer nada, Blake. Na verdade, eu me lembro de você estar mais do que ansioso para me agradar naquela época. —As coisas mudam. —Ele atirou, passando os dedos pelos cabelos. —Bem, as coisas vão voltar a ser como eram. Você vai me levar para eventos sociais e me ajudar a construir uma nova reputação para mim. Uma vez que eu estiver bem, você pode ter suas fotos estúpidas. Aquilo era pior do que o dinheiro. Pior do que ter suas contas bancárias limpas. Isso feriria Gabi, e o pensamento de fazer isso fez um pedacinho de sua alma morrer. —Eu não posso fazer isso. —Ele murmurou para si mesmo. Aquilo não podia estar acontecendo. Ele tinha estado tão perto do céu. Seu amor por Gabi havia se consolidado em sua alma. Ela mencionou que se mudaria para os EUA para ficar com ele. Embora fosse mais do que merecesse, ele tinha se animado. Agora todas as suas esperanças para o futuro foram esmagadas. Sua vida estava em queda livre sem nada para puxá-la para cima. —Tudo bem. Boa sorte com a reação... —Espere! —Que escolha ele tinha? Talvez, pudesse fazer algumas ligações e conseguir um emprego para ela antes dele terminar a turnê australiana. Então, ele não teria que vê-la. Sim. Isso é o que ele poderia fazer. Ele pediria alguns favores. Certificar-se de que ela tivesse um trabalho, então as coisas estariam feitas e acabadas. Para o bem de todos. 156


—Eu vou ajudá-la a conseguir um emprego, Michelle e eu vou dar-lhe o dinheiro. Mas você vai ter que esperar até que eu volte para os EUA e fale com um advogado. Eu não vou deixar você me chantagear de novo depois disso. O telefone dele fez um som, anunciando uma mensagem recebida. Gabi deve estar procurando por ele. —Tanto faz. Esteja ciente de que eu sei quando sua turnê termina, e espero vê-lo alguns dias depois. Eu preciso do dinheiro. Sim. Ele apostava que ela precisava. —E eu espero que você pare de me perseguir até então. —Ele rosnou. — Não há mais chamadas ou mensagens. Deixe-me em paz até voltar para Nova York. —Feito. Seu peito afundou com o acordo. Ele desmoronou sob suas ameaças e aumentou sua aversão própria. Ele estava tão fraco que bile subiu em sua garganta. Sem um adeus, ele terminou a chamada e saiu da sala VIP. Agora ele tinha que descobrir como viveria consigo mesmo uma vez que ele contasse outra mentira para a mulher que amava.

***

Gabi retocou sua sombra dos olhos e passou as mãos para baixo no tecido creme de seu vestido se impedindo de pairar sobre o telefone. Blake tinha ido embora por quase uma hora, sem uma palavra. Ele não tinha sequer respondido a sua mensagem de texto. Alguém bateu na porta e seu estômago revirou, esperando que fosse 157


Blake. Ela caminhou com os pés descalços metade do corredor antes de perceber que ele tinha sua própria chave e não precisava bater. Curiosa, ela olhou pelo olho mágico para encontrar Mason, Sean e Ryan. Onde estava Blake? Ela abriu a porta e tentou não cobiçar os homens. Eles eram lindos. Todos imaculadamente vestidos de smoking e gravata, seus cabelos arrumados e rostos barbeados. Até mesmo Ryan. —Merda, mulher. Você está gostosa. —Mason recuou em choque. — Como diabos você acabou com Blake em vez de comigo? Ela sorriu e ergueu as sobrancelhas. —Porque Blake tem uma maneira sutil de cumprimentar uma mulher que a faz se sentir bonita. Considerando que a sua abordagem me faz me sentir como uma vadia. Os olhos de Mason brilharam com risos e Sean riu, apoiando o ombro contra a parede ao lado da porta. —Você está deslumbrante, Gabi. —Ryan inclinou a cabeça com um sorriso suave. —Vocês estão prontos para ir? Os outros estão lá embaixo se certificando de que a limusine está pronta. —Ah. —Gabi engoliu a ansiedade que começou a borbulhar. —Eu pensei que Blake estivesse com vocês. Ele saiu há cerca de uma hora e disse que tinha coisas para organizar. Os homens franziram o cenho e olharam um para o outro. —Enviei-lhe uma mensagem há mais de cinco minutos, mas ele não respondeu. —Ela acrescentou. Sean saiu da parede e pegou o celular do bolso da calça. —Eu vou ligar para ele. —Você pode querer pegar seus sapatos. —Ryan falou baixinho. —Nós 158


vamos nos atrasar se não o encontrarmos logo. Ela assentiu e deixou Mason manter a porta aberta quando ela correu para o quarto. Ela pegou sua bolsa e seus sapatos altos azul-cobalto com tiras no tornozelo e voltou para se sentar no sofá. —Ele não está respondendo. —Sean murmurou. —O que vamos fazer? O ding do elevador do hotel ecoou na suíte. Gabi inclinou a cabeça para ouvir quando ela pegou a bolsa e se levantou. —Onde diabos você estava? —Mason atirou. —Fodendo sua mãe. — Blake respondeu. Gabi deixou escapar um suspiro de alívio e saiu da sala em direção à porta da frente. Ela entrou no corredor, estalando seus saltos a cada passo. Quando Blake entrou na suíte, ela fez uma parada abrupta. Ele tirou o fôlego dela. Ele estava transformado, toda sua rebeldia estava coberta sob o traje formal, no entanto nada podia esconder o brilho faminto em seus olhos. O smoking que tornavam os outros homens elegantes e confiantes. Com Blake era o oposto. Ele possuía a roupa, assumindo um ar natural de sofisticação. A simples visão secou sua boca. Ele piscou para ela, seu olhar viajando das tiras azuis do salto alto passando por cima do vestido e para o rosto, até fazer todo o caminho de volta para baixo novamente. —Uau. —Ele deu um passo para frente, com os olhos arregalados de admiração. —Só... Uau. —Ele passou um braço em volta da cintura e a puxou contra seu corpo. —Você está deslumbrante. —Você está parecendo poderosamente elegante. —E o cheiro dele era divino, provocando-a para lamber a base de seu pescoço. 159


Ele deu um beijo suave em seus lábios em seguida se inclinou um pouco para passar um dedo ao longo da parte superior de seu vestido, brincando com os pingentes de seu colar. —Você está vestida de branco. —Creme. —Ela esclareceu e estreitou o olhar em seu rosto. Ele parecia diferente e não tinha nada a ver com o que usava. Sua pele estava pálida, com os olhos ariscos e sua mandíbula tensa. —Você parece... —Ele olhou para seu terno. —Nós parecemos como... — Ele balançou a cabeça tristemente. —Temos que ir, amigo. — Ryan falou da porta. Blake ficou olhando para ela. —Basta dar-nos um minuto. Nós vamos encontrá-los no lobby. Os lábios dele afinaram em uma linha, a seriedade em sua expressão fazendo o coração dela fraquejar. —Eu sei que você é rápido, Emo. —Mason falou do corredor. —Mas não temos tempo para a sua maratona de trinta segundos. Nós vamos nos atrasar. Gabi apertou os lábios, lutando para não sorrir. —Tudo bem menino bonito, pegue o elevador, nós estaremos lá em um segundo. —Blake murmurou. Ele a puxou para que eles se sentassem lado a lado no sofá. Seus dedos entrelaçados, suas coxas tocando enquanto a felicidade desaparecia de seu rosto. —O que está errado? Ele olhou por cima do ombro e esperou a porta da suíte fechar. —Eu preciso que você confie em mim. Seu peito encheu de borboletas, que batiam as asas como falcões em seus pulmões. Não havia um tom de brincadeira em sua declaração. Alguma coisa 160


tinha acontecido. Alguma coisa importante. —Sobre o que? Ele olhou para suas mãos e seu pomo de Adão balançou. Agora eles estavam próximos e a surpresa ao vê-lo tinha desvanecido, ela notou o brilho de suor na testa dele. —Alguma coisa aconteceu, e eu preciso que você confie em mim para fazer a coisa certa. Ela franziu o cenho e balançou a cabeça, confusa. —Eu sempre confiei em você. —Eu sei. Mas desta vez quero lidar com os meus problemas por conta própria. Eu não posso envolvê-la nisso. Um arrepio percorreu a espinha dela e se espalhou através de seus membros. —Blake, você está me assustando. —Cristo, Gabi, eu sinto muito. Essa não foi minha intenção. Eu simplesmente não conseguiria esconder isso de você. Mas eu também não posso arrastá-la para isso. —Ele a encarou com seus olhos castanho escuro com um pedido de desculpas. —Por quê? Eu não entendi. São as drogas? É por isso que você não quer me dizer? —Ela estava divagando, sua boca expressando todos os pensamentos aleatórios que atiravam em sua cabeça. —Não. Deus, não. —Ele apertou suas mãos. —A minha posição sobre as drogas nunca vai mudar. Você é a única droga que eu preciso, Gabi. Mas isso é algo que quero fazer por mim mesmo, sem a sua ajuda ou a da banda. A porta da frente trovejou com a batida do punho de alguém. —Anda logo, porra. Blake rosnou, franzindo as sobrancelhas em uma carranca. —Eu juro que você não tem nada para se preocupar. Eu vou resolver isso. Eu só não quero 161


sentir que estou escondendo nada de você. —Certo... porque me dizer que você está ocultando segredos é totalmente diferente de esconder coisas de mim. —Ela sussurrou e voltou sua atenção para os sapatos brilhantes. —Gabi. —A mão de Blake veio para o seu queixo, arrastando o olhar dela de volta para ele. —Eu sempre quero ser honesto com você. —Ele soltou um suspiro derrotado. —Eu só... droga! Eu não deveria ter dito nada. —Ele fechou os olhos e massageou a testa. Gabi estava começando a desejar a mesma coisa. —Blake! —Mason gritou. Cristo. Ela sabia por experiência própria que novas relações eram muitas vezes cheias de turbulência, no entanto isso era ridículo. —É melhor irmos. —Ela ficou em pé, sentindo-se dormente, querendo se distanciar dessa conversa evasiva. Blake também se levantou e puxou a mão dela, trazendo seu corpo no dele. —Você significa o mundo para mim, anjo, você sabe disso não é? Ela assentiu, sem entusiasmo. Ela sabia ou tinha sabido até poucos momentos atrás. —Obrigado. —Sua voz era áspera. —Pelo quê? —Por não forçar. Gabi se aproximou, colocando um beijo em seus lábios. —Eu não quero que você tenha segredos comigo e eu espero que um dia, em breve, me diga o que tudo isso se trata. Mas, por enquanto, eu só quero que você saiba que eu estou aqui se precisar de mim. 162


O que mais ela poderia dizer? Ela notou o sofrimento dele e que algo não estava bem quando voltou das compras. Ela nunca iria forçá-lo a contar seus segredos, no entanto. Seus lábios se encontraram, e sua mão descansou na parte superior do pescoço dela, abraçando-a possessivamente. Ele a beijou com intensidade, quando o mundo estava desabando em torno deles e ela se agarrou a ele, precisando ter certeza de sua paixão. —É melhor vocês não estarem fodendo! —Mason gritou. O peito de Blake retumbou e Gabi rompeu o beijo com uma risada. — Venha. É melhor se apressar. —Ela pegou a bolsa do sofá, e eles saíram da suíte. —Que bom que se juntaram a nós. —Mason murmurou, caminhando para o elevador que Sean mantivera aberto. A porta da suíte fechou com um estrondo enquanto Gabi e Blake caminharam de mãos dadas até o elevador. Blake inclinou-se contra uma parede do elevador, puxando-a para o seu lado, enquanto Ryan e Sean descansaram contra a parede traseira e Mason ficou parado na frente dos botões. —Tudo bem? —Perguntou Ryan. — Além de Blake ser incapaz de manter seu pau em sua calça quando estamos com pressa? —Mason rosnou. Blake apertou os dedos dela suavemente quando a olhou. Havia uma tempestade de emoções nos olhos castanhos escuro. A dor que emanava dele afundou sob sua pele, roendo-a de dentro para fora. Queria pedir-lhe para deixála entrar, mas ela não fez. Ele não devia a ela um passe livre para todos os seus problemas. Ele tinha direito à seus segredos. —Anjo, eu já lhe disse sobre o tempo em que Mason deu um passeio no lado bi? —Ah, vá se foder. —Mason estalou e bateu a mão sobre o botão do lobby. 163


A miséria deixou os olhos de Blake. Ele se escondeu novamente, mascarando sua dor em um sorriso pretensioso e arrogante. —Não, querido. —Ela sorriu, também fingindo que tudo estava bem. —O que você quer dizer? —Era uma mentira descarada. Ele lhe contara a história há meses atrás, mas permitir-lhe tirar sarro de Mason iria aliviar o clima. —Bem, nós estávamos em uma festa depois do lançamento do nosso último álbum e Mason começou a dar em cima de uma gostosa com um vestido decotado no bar. —Você realmente vai contar essa história? —Perguntou Mason, encarando-o. —Depois de toda a merda que eu tenho sobre você? Sean riu e Blake não parou. —Os dois se deram bem e acabaram desaparecendo. Meia hora depois, eu acho o bonitão aqui no banheiro, caído sobre um vaso sanitário, vomitando as tripas. Gabi sufocou uma risada atrás de sua bolsa. —Acontece que a gostosa tinha mais do que belos peitos. Não é, Mace? —Chupa meu pau. —Mason rosnou. —Você não é meu tipo. —Blake atirou de volta. —E, além disso, acho que a moral da história é que você não gosta do seu pau sendo chupado por um cara. Ryan balançou a cabeça. —Isso nunca termina, Gabi. Eles vão continuar assim toda a noite até que Mason admita derrota ou fique de mau humor. O elevador parou e as portas se abriram. Ela entrou no lobby ao lado de Blake, com seus saltos clicando a cada passo. Ela viu Alana e Mitch se escondendo em um recanto ao lado da recepção. Seus corpos estavam próximos, e eles se olhavam alheios à atenção dos hóspedes que passavam. Com uma explosão de barulho, gritos eclodiram do lado de fora, assustando-a, quase lhe fazendo correr com seus saltos agulha. Em seguida, 164


flashes de câmeras começaram a piscar. —Merda. —Ela engasgou e se encolheu nos braços de Blake, escondendo o rosto de vista. Não tinha pensado nos fãs e paparazzi. E não, ela não era arrogante. Ela podia lidar com o voo de primeira classe, carros com motorista, suítes caras e pessoas loucas gritando. No entanto, estar aqui e experimentar a loucura em primeira mão... era esmagador. Especialmente quando a presença de Blake tinha passado despercebida para a maioria do público australiano até agora. —Mason e Mitch não podem ir a lugar algum sem ter alguém na cola. — Blake murmurou em seu ouvido. —Nós temos esses caras, por isso não se preocupe. —Ele apontou para uma equipe de seis homens corpulentos de pé ao lado da recepção. Sua atenção estava voltada para Leah que estava diante deles, que mantinha o queixo erguido e sua expressão confiante enquanto andava em um vestido apertado malva com sapatos de prata cintilantes. O decote em suas costas mostrava uma pele impecável e bronzeada enquanto seu salto agulha exibiam os músculos da panturrilha. —Porra, é errado querer fodê-la? —Sean perguntou, e em seguida, soltou o ar com um assovio. —Sim. —Mason e Blake responderam em uníssono. Leah olhou por cima do ombro, fixando Sean com um olhar atrevido antes de voltar para a equipe de segurança. Momentos depois, eles se separaram e Leah caminhou na direção deles, a bainha de seu vestido apertando as coxas tonificadas. Mitch e Alana a seguiram, e todos ficaram juntos no meio do lobby, fazendo com que a multidão do lado de fora estourasse novamente em gritos. —Vamos fazer isso. —Leah sorriu discretamente e piscou para Mitch, que deu um leve aceno. Três seguranças abriram o caminho, mantendo as portas de vidro abertas, deixando o ruído delirante entrar no edifício. Do lado de fora, barreiras de metal 165


detinham a multidão, fazendo um caminho em direção a uma limusine com a porta traseira aberta e esperando. —Você está bem? —Blake fez uma pausa no meio do lobby e apertou a mão dela. Ela assentiu, embora a tensão passasse em seu corpo. As pessoas estavam por toda parte, agitando os braços, saltando para cima e para baixo, tornando-se mais forte com a histeria. E os flashes, Deus, os flashes de câmeras estavam a deixando louca. —Você está tremendo. —Blake levantou a sua voz sobre a multidão gritando. —Eu estou bem. —Ela sorriu e prendeu a respiração quando ele a levou para fora. O barulho aumentou, e a gritaria chamando o nome dos homens ecoou em torno deles. Alguém gritou para Blake, e ele virou-se para olhar por cima do ombro. Ele sorriu, deu um aceno, ao mesmo tempo abraçando-a, protegendoa. Ela seguiu sua linha de visão, parando em um grupo de mulheres que gritava de emoção. Uma centelha de desconforto se misturou com a adrenalina em suas veias, substituindo-a por uma sensação de enjoo. Caramba, havia um rio de decotes diante dela que, sem dúvida, tentava até mesmo o homem mais forte. —Pare de pensar o que você está pensando —Blake falou contra seu rosto antes de colocar um beijo fugaz em seus lábios. —Eu te amo. Flashes de câmeras os banharam em um resplandecer branco brilhante enquanto suspiros, gritos e choros responderam à exibição pública de afeto. Era uma declaração aos seus fãs e admiradores: “eu estou tomado”. Repórteres com cadernos gritaram perguntas em suas costas, enquanto eles continuavam indo para a limusine e esperavam os outros subirem. —Depois de você, milady. —Blake acenou com a mão, ignorando a 166


multidão que disputava sua atenção, devorando-a com seu olhar. Por um momento ela o olhou, paralisada e sentindo um louco amor e admiração. Que homem. Que lindo, talentoso, doce, engraçado e carinhoso. Não adiantava resistir. Ela estava perdida por ele. Para sempre. Abaixando a cabeça, ela deslizou ao longo do banco de trás para o canto oposto. Puta merda. O interior da limusine era enorme. Uma vez que Blake deslizou ao lado dela e um segurança fechou a porta, tudo ficou muito mais silencioso. Havia luzes rosa, brancas e roxas e um bar de um lado do veículo. Mason, Ryan, Sean, e Leah se sentaram juntos nos bancos em frente ao bar, servindo-se das bebidas, enquanto Alana e Mitchell sentaram-se ao canto extremo, se aconchegando um contra o outro. Leah, sentada em um assento próximo no canto, inclinou-se e murmurou o nome de Gabi. —Será que Blake lhe contou sobre o que está acontecendo? — Ela sussurrou. Gabi olhou para Alana que estava ocupada com a boca de Mitch, antes de concordar. —Sim. Você precisa de mim para fazer alguma coisa? Leah se sentou e balançou a cabeça. —Está tudo sob controle. Bem, até que ele... —Ela virou a cabeça na direção de Mitch. —Ferre tudo, de qualquer maneira. É inevitável. —Você nunca sabe, ele pode surpreendê-la. —Estou rezando por isso. —Leah riu. —E eu não disse que você pareceria fabulosa nesse vestido? —Seu riso se transformou em um sorriso atrevido. — Aposto que Blake adorou. —Blake não adorou. —Ele respondeu, deslizando mais perto de Gabi até que eles estavam se tocando, e descansou a mão sobre sua coxa. —Ele amou muito. Ele amará ainda mais quando a roupa estiver no chão do nosso quarto. 167


Gabi cruzou as pernas e apertou suas coxas para afastar sua excitação. A ideia fez calor se espalhar pelos seus mamilos, e o deslize de sua mão ao longo do tecido macio do vestido enviou uma onda de arrepios sobre sua carne. Leah riu. —Está bem. Está bem. Isso é o suficiente. Não escandalize meus ouvidos virginais, ou olhos já que estou no assunto. Blake se inclinou para Gabi, roçando seus dentes ao longo de sua orelha, enquanto a mão dele subia em sua perna. Sua boceta se apertou, sentindo-se carente. Eles não estavam sozinhos, e ainda assim seu corpo gritava para que ela rastejasse em cima dele e o tomasse, aqui e agora. Leah limpou a garganta, e sua mão parou no topo da coxa de Gabi. —Você precisa parar. —Gabi murmurou baixinho. Seu corpo não estava preparado para lidar com os picos repentinos de adrenalina, ansiedade e excitação. Seu coração palpitava em suas costelas, ameaçando explodir em seu peito. Ela precisava de uma distração. —Onde você estava? —Ela perguntou, inclinando a cabeça para olhá-lo nos olhos. —Quando eu estava me arrumando, aonde você foi? —Foi uma tática de desvio de atenção. Uma que ela deveria ter pensado. Ela não queria se intrometer. Ela só queria pensar em tirar cada peça de roupa para ver o homem nu e tatuado por baixo delas. Ele a olhou, suas sobrancelhas franzindo ligeiramente. —Eu precisava de espaço para pensar. —Sua mão deslizou de sua perna, colocando uma distância entre eles. —Eu não pretendia me intrometer em seus negócios. Que mudança de humor. Seu interior sentiu a reação dele como uma chicotada. 168


Blake não respondeu. Ficou sentado com uma expressão preocupada ou ansiosa, ela não tinha certeza. Eles foram abertos e honestos durante anos, e apesar de ter prometido que estava bem com o seu segredo, o pensamento dele lhe escondendo algo quando eles estavam cara a cara a machucava. Ela conhecia a escuridão em sua vida, seus medos, e o ajudou em seus momentos de fraqueza. No entanto, agora, ele tinha algo a esconder dela? Ela balançou a cabeça. Não. Ela estava sendo egoísta. A última coisa que Blake precisava era se preocupar com as inseguranças dela. Ela sentiu a respiração dele roçando seu pescoço, fazendo com que seu corpo traiçoeiro explodisse em arrepios. —Eu fui para a área VIP, no terceiro andar, para que eu pudesse pensar, sem preocupar você. Ela apertou os lábios e balançou a cabeça, sem encontrar o seu olhar. — Está tudo bem. —Não. —Ele falou baixinho, segurando o queixo e suavemente guiando sua atenção de volta para ele. —Você foi minha protetora durante anos. Você lutou minhas batalhas, lidou com meus demônios e foi a única a me manter forte. —A linha firme de seus lábios e o olhar intenso não admitiam discussão. —Eu quero ficar em meus próprios pés pela primeira vez. Eu quero lutar as minhas próprias batalhas e provar a mim mesmo que não sou mais fraco. —Ele passou a mão pelo cabelo dela, colocando uma mecha atrás de sua orelha, enquanto o olhar dela seguia seus movimentos. —Está tudo bem, anjo. Você não precisa se preocupar. Ela pegou a mão dele, descansando a bochecha em sua palma brevemente antes de trazê-la para seu colo. —Eu realmente não quero me intrometer. —Ela se inclinou em seu ombro. —Você estava me deixando... excitada, então fiz a primeira pergunta que me veio à mente para distraí-lo de seu joguinho. Ele riu. —Bem, você deve estar orgulhosa, porque funcionou. 169


Ela fez uma careta. —Eu sinto muito. —Por que eles não poderiam encontrar um equilíbrio? Ora eles estavam nas alturas ora em queda. Não havia meio termo. Talvez essa fosse a vida ao lado de um astro do rock famoso: drama e emoção intermináveis. Ele colocou um beijo suave em seus lábios, roubando sua respiração com a sua ternura. —Você nunca, nunca precisa se arrepender por se importar comigo. Eu aprecio sua preocupação mais do que você jamais saberá. É por sua causa que agora posso ficar sobre meus próprios pés. O canto dos lábios dele levantou em um sorriso, e ele inclinou-se de novo, colocando sua boca contra a dela. Sua língua lambeu em seus lábios, exigindo entrada para devorá-la completamente. Uma mão se moveu em seu cabelo, segurando, até que ela estava à sua mercê, enquanto a outra mão, oh, sua outra mão, deslizou na sua perna, até o ápice de suas coxas. Leah limpou a garganta, alto, assustando Gabi antes que ela se rebaixasse a ser uma prostituta indecente. Ela empurrou a dureza do peito de Blake, quebrando a conexão escaldante. Ele riu, afastando suas mãos, e recostou-se no assento. —Leah, você não é divertida. —Não se preocupe, Blake. —Mason chamou do outro lado da limusine, erguendo o copo de scotch em saudação. —Eu gostei do show. Calor penetrou nas bochechas de Gabi. Ela não corava. Ela raramente ficava envergonhada. Então, por que, de repente, ela estava se sentindo como uma adolescente? Ah, sim, provavelmente porque ela estava agindo como uma adolescente hormonal. —Acho até que vislumbrei um pedaço minúsculo de calcinha branca. Gabi gemeu e olhou para fora da janela. Eles eram adolescentes presos em corpos de homens, ela tinha certeza disso. 170


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Capítulo 14 Blake olhou pela janela da limusine, conforme ela estacionava em um pequeno aeroporto, um diferente de onde eles desembarcaram ontem. —Droga! —Leah resmungou e se inclinou para a porta. —Ok, pessoal. Temos uma multidão. Gabi se encolheu ao lado dele. Ele colocou um braço reconfortante em torno de seu ombro, segurando-a firme. —Fomos seguidos? —Não tenho certeza. A companhia com que estamos voando poderia ter dito a alguns amigos que disseram para mais alguns amigos. Isso acontece o tempo todo. Ela não tinha nada para se preocupar. A equipe de segurança deles estaria lá fora, na frente ou atrás da limusine. Não levaria muito tempo para eles controlarem o pequeno grupo de pessoas que se reuniram na cerca que levava para a pista. —Paramos aqui? —Alana perguntou, virando os olhos arregalados para Mitch. —Eu pensei que fossemos para um jantar. —Paramos. —Leah interrompeu. —Nós vamos a um lugar especial. Eu pensei que seria uma agradável surpresa. —Pegando outro avião? —O olhar de Alana percorreu os rostos na limusine, um por um e todos focaram seus olhares em outro lugar, no chão, na janela, no teto. —Helicóptero, querida. —Mitch respondeu, com a voz sem o nervosismo que Blake teria esperado. 172


—Você sabia? —Sua voz se elevou em emoção. Mitch limpou a garganta e deu de ombros. —Leah mencionou, mas eu não estava realmente escutando. Alana lhe deu um tapa de brincadeira no peito, olhando para fora da janela para o helicóptero azul parado no meio da pista vazia. —Vou sair e ver se eles estão prontos para partirmos. —Leah abriu a porta, desencadeando os gritos dos fãs. A equipe de segurança se moveu para ficar de guarda ao redor do veículo. Um dos seguranças inclinou-se para a porta aberta, oferecendo a mão para Leah, fechando a porta assim que ela saiu. Juntos, eles se dirigiram para o prédio mais próximo e entraram pelas portas de vidro automáticas. —Não se preocupe, anjo. —Blake beijou os cabelos de Gabi, inalando o doce aroma floral. Ele não podia deixar de reconhecer que gostava de vê-la assim, precisando de sua orientação e segurança, ao menos uma vez. Sua aversão própria diminuía ao finalmente se sentir necessário, em vez de ser o cara necessitado. Minutos depois, Leah caminhou de volta para a limusine, abrindo a porta brevemente antes de deslizar para dentro. —Eles estão prontos para irmos. O barulho das pás da hélice reiterou sua declaração, o ruído aumentando mais a cada segundo. —Vamos começar a festa. —Sean deslizou do assento do canto, até Leah. —Mostre o caminho, linda. Leah arqueou uma sobrancelha. —Uma palavra inadequada. Ele sorriu de volta, sem remorso. —Eu vou sair primeiro. —Blake falou para Gabi. —E você pode seguir em frente depois. 173


Ela assentiu. A porta se abriu novamente e eles deslizaram ao longo do assento, saindo do interior tranquilo da limusine para o barulho do lado de fora. O vento soprou forte devido ao giro das hélices do helicóptero, enquanto o pequeno grupo de fãs começava a cantar. A barulheira aumentou quando Gabi se afastou e Mason saiu logo atrás dela. —Oh, meu Deus. —Gabi fez uma careta. —Isso é loucura. Loucura, sim. Mas uma ocorrência diária, quando eles estavam em turnê ou viajavam juntos. Quando eles estavam em uma pausa, Blake, Ryan e Sean normalmente não tinham que lidar com os fãs ou paparazzi raivosos. Mason e Mitch eram os únicos que eram seguidos 24 horas toda a semana. —Aonde vocês estão indo? —Uma mulher falou, inclinando-se em torno de um dos seguranças que formavam uma cerca humana. —Vocês dois estão se casando? A mão de Gabi puxou de seu agarre, e ela lhe lançou um olhar. Seus olhos estavam arregalados, sua boca aberta. Ele tinha imaginado a mesma coisa antes. Ele estava em um smoking. Ela estava em um vestido branco. Creme, corrigiu mentalmente. A cor não importava, ela ainda parecia uma noiva deslumbrante, e ele meio que queria que ela fosse. —Não. —Blake voltou seu olhar para a mulher. —Nós não vamos nos casar. —E puta merda, ele esperava que a notícia não aparecesse na primeira página de uma revista de fofocas. —Então, quem é ela? Blake ignorou a questão e seguiu Leah e Alana para a parte de trás do veículo. Os outros membros da banda foram para a multidão, posando para fotos, dando autógrafos, e esperançosamente esclarecendo quaisquer dúvidas de casamento no processo. —Hora de ir. —Leah chamou, olhando incisivamente para Mitch e 174


tocando seu relógio. Isso chamou a atenção de todos, exceto de Alana, que estava ao lado de Leah, completamente ignorante sobre a importância do horário. Em grupo, eles caminharam até a pista, curvando-se quando se aproximaram do helicóptero e foram recebidos por um homem de calça preta social, camisa de colarinho branco e gravata. —Olá. —Ele gritou e puxou a porta principal do helicóptero. —Subam a bordo e vamos conversar lá dentro. Sean abriu o caminho, mantendo a cabeça abaixada, enquanto entrava na cabine principal. Assim que eles estavam sentados em filas de pares, o piloto apontou para a parte de trás do assento de Gabi, indicando o fone de ouvido pendurado no encosto do assento. —Coloque isso. —Ele murmurou, então fechou a porta com uma pancada. Blake colocou os fones e posicionou o microfone na frente de sua boca. Estática abafou o barulho das hélices rodando. —Você é tão mau por não me contar sobre o helicóptero. —A voz de Alana soou alta através do fone de ouvido. Blake voltou seu olhar questionador para Gabi que tinha os lábios pressionados com um riso reprimido. Será que Alana não percebeu que todos podiam ouvi-la? —Não se preocupe, você pode me punir mais tarde. —Mitch respondeu. —Opa, opa, opa! —Mason virou-se em sua cadeira na frente e apontou para seus fones de ouvido. —Fone de ouvido, idiota. Tanto quanto eu amo imaginar Alana nua, pensar na sua bunda branca sendo punida está fazendo minhas bolas murcharem. Compreende? 175


Risos ecoaram pelo fone de ouvido de Blake, e o piloto virou com um sorriso tímido. —Desculpe, pessoal. Eu não tive a chance de me apresentar ainda. Meu nome é Paul e vou ser seu piloto hoje. O voo vai levar cerca de uma hora e meia para chegar ao nosso destino. Se vocês tiverem alguma dúvida ao longo do caminho, por favor, não hesitem em perguntar. Agora, eu deveria ter mencionado de imediato que os fones de ouvido estão preparados para permitir que nós todos nos comuniquemos. Se você falar com a pessoa ao seu lado, todos nós vamos ouvi-lo. —Ele sorriu para Alana. —Então, basta estarem atentos. —Sim, obrigado por isso, Capitão Óbvio. —Mitchell murmurou. Blake olhou por cima do ombro, passando de Sean e Ryan até Mitch e Alana na parte de trás. Ela fez contato com seus olhos, encolheu-se, em seguida, apontou para ela mesma e murmurou a palavra “idiota” antes de afundar no peito de Mitch. —Tenho certeza de que Mason ou Sean vão dizer algo igualmente embaraçoso ou inadequado nos próximos cinco minutos, então não se preocupe com isso, Al. —Blake a confortou. Ela revirou os olhos. —Sim, obrigada. Gabi se afastou da janela ao lado dela para sorrir para ele. Ela cheirava como o céu, a doçura dela enchia seus pulmões em cada inalação. Seus lábios estavam escuros, gostosos e tentadores. Ansiava beijá-la, deslizar a língua em sua boca, e respirar seu gemido de submissão. Mas ele não podia. Se ele começasse, não iria parar, e ele já tinha que sofrer por pelo menos mais cinco horas antes de voltar à sua suíte do hotel. —Ok, pessoal, vamos tirar esse pássaro do chão. —O piloto anunciou. O barulho das hélices aumentou e Blake entrelaçou seus dedos com os de Gabi. Eles se afastaram do chão, subindo lentamente para o céu de Melbourne. A boca de Gabi se separou quando ela se concentrou na vista da janela. Ele amava seus olhos arregalados com inocência em suas feições doces quando ela 176


experimentava algo novo. Encheu-o de orgulho saber que ele estava realmente fazendo algo digno, em vez de decepcioná-la. Eles foram feitos um para o outro. Tinham se encaixado como duas peças solitárias de um quebra-cabeça. De maneira alguma ele permitiria que Michelle ficasse entre eles. Todo mundo ficou quieto quando eles dispararam sobre o oceano, seguindo o litoral, enquanto o sol se punha no horizonte. —É lindo. —Gabi murmurou, inclinando-se sobre ele para olhar para fora da janela do seu lado. O céu estava coberto de tons de rosa, roxo e laranja, dando à paisagem um brilho especial. —Eu gostaria de ter trazido a minha câmera. —Alana suspirou. —Merda, eu sabia que tinha esquecido alguma coisa. —Acrescentou Mitch. —Sinto muito, baby. O piloto apontou os locais interessantes ao longo do caminho fazendo o tempo passar mais rápido. —Essa é a rodovia saindo de Melbourne... ela leva ao porto da cidade portuária de Geelong... Bem ali é Torquay, que marca o início da estrada Great Ocean. A luz do dia lentamente desapareceu e Gabi se aninhou em Blake, o calor de sua mão se movendo ao redor de sua cintura. Ele estendeu o braço em volta dos ombros dela, segurando-a mais perto, contando mentalmente os minutos até que pudessem ficar a sós. —Lá na frente estão os doze apóstolos 10 —O piloto anunciou. — Eu sei que não temos muita luz, mas talvez vocês consigam vê-los antes que a noite caia. —O que são os doze apóstolos? —Ryan perguntou. —Uma formação rochosa de calcário que sobressai da água. É bastante impressionante durante à luz do dia. Embora, não haja, na verdade, doze 10

Parque nacional onde é possível ver colunas de arenito sobre o mar.

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rochas. A força do oceano derrubou algumas. Minutos se passaram, preenchendo o céu com tons de azul escuro e uma faixa rosa suave no horizonte. — Ali. — O piloto desceu o helicóptero e foi em direção à costa, dandolhes uma visão para fora de uma janela lateral. Gabi se endireitou para olhar pela janela, e o corpo dele imediatamente perdeu o calor. Blake podia ver o contorno de uma grande formação rochosa, que estava erguida no meio das ondas. Eles passaram outra e depois outra, todas elas saindo da água como soldados. —Uau. —Leah admirou ao lado de Mason. —Elas são lindas. —Nós deveríamos ter vindo mais cedo. —Acrescentou Alana. —Teria sido incrível vê-las ao pôr do sol. Ninguém comentou. Todos eles sabiam que precisavam da escuridão da noite para definir o cenário para a proposta de Mitch. —Talvez da próxima vez, querida. —Mitch ofereceu. O litoral afundou sob a escuridão, e a cabine escura era somente iluminada pelo suave brilho da luz do helicóptero. —Estamos quase lá. —Disse o piloto. —Bem na hora. Mitch limpou a garganta e Blake olhou por cima do ombro para encontrar seu amigo puxando a gola de sua camisa. Nem mesmo a luz fraca escondia seu nervosismo. —Acho que estou enjoado. —Mitch murmurou, e todos se viraram para encará-lo. Ele pareceu surpreso e depois franziu a testa. —Porra de fone de ouvido. —Você está bem? —Perguntou Alana rapidamente, inclinando-se para 178


trás para examinar seu rosto. —Estou bem. Eu esqueci o maldito microfone. Basta continuar olhando para fora da janela, nós chegaremos em breve. Ela sorriu e se apoiou nele. —Não há nada para ver mais, só escuridão. —O lugar em que estaremos hospedados deve ser visível daqui de cima —Leah mencionou. —É uma propriedade costeira. Disseram-me que parece linda do mar à noite. —Sério? —Alana se endireitou e olhou para fora da janela do outro lado da pequena passagem entre bancos. Todo mundo seguiu seu olhar. Gabi se inclinou sobre Blake, Ryan empurrou contra Sean e Leah fez o mesmo com Mason. Abaixo, em um manto de escuridão, havia escrita uma enorme mensagem em lanternas tremeluzentes: Case-se comigo, Allie. O silêncio era palpável. Espesso e pesado, enquanto todo mundo esperava por uma reação. Então, lá estava, uma inalação seguida de um choramingo, então Alana girou lentamente para Mitch com olhos arregalados, enquanto sua mão apertava o peito. —Allie... —Mitch começou e em seguida, limpou a garganta. —Você é a minha felicidade. Blake levantou uma sobrancelha e deu um aceno de aprovação. Talvez seu amigo não fosse estragar tudo, afinal. —Cada pensamento, sonho e fantasia que tenho são sobre você. Você me faz inteiro, e não posso voltar a viver sem você na minha vida. Você quer se casar comigo? 179


O coração de Blake apertou com orgulho, felicidade e sim, um pouco de ciúme. Mitch e Alana eram perfeitos um para o outro. Uma combinação inevitável a partir do momento que se conheceram. Ele desejava a eles um relacionamento sem distância ou esqueletos do passado assombrando-os. —Sim. —Alana sussurrou, balançando a cabeça. —Deus, sim. Gabi respirou ao lado dele, e ele a puxou para perto, precisando ter certeza de que ela não estava indo a lugar algum. Eles poderiam não ter o para sempre, ainda, mas eles tinham esta noite. Mitch puxou uma caixa de joias do bolso e a abriu com cuidado, tirando de dentro dela um anel. Suas mãos tremiam quando ele se endireitou pegando os dedos de Alana com os seus. —Merda! —Ele se atrapalhou, o anel escorregou de sua mão e caiu no chão. O anel caiu silenciosamente e rolou pelo chão até que Mitch ficou de joelhos e o pegou. Alguém gemeu. —Ele estava quase no fim. Pobre, idiota, filho da puta. —Sean murmurou. Mitch pegou o anel e olhou para Sean, enquanto apontava para o seu fone de ouvido. —Eu posso ouvi-lo. —Oops, desculpe. —Sean fez uma careta. O sorriso radiante de Alana iluminou o interior do helicóptero. Mitch se virou para sua mulher, o barulho de sua respiração pesada assobiou pelo fone de ouvido de Blake, e deslizou o anel em seu dedo. —Eu te amo. Houve mais respirações; uma de Gabi, outra de Leah. Em seguida, Mitch se inclinou para beijar Alana... e empurrou para trás quando seus microfones se emaranharam. —Merda de fone de ouvido. —Mitchell rosnou, tirando os fones de 180


ouvido. Alana baixou o fone para descansar em torno de seu pescoço e murmurou algo que fez Mitch sorrir de orelha a orelha. Quando seus lábios finalmente se encontraram, o interior do helicóptero explodiu com aplausos. Um assobio fino perfurou a orelha de Blake e ele xingou sob sua respiração. —Merda, desculpe. —Ryan falou sobre o ruído. —Meus parabéns ao casal feliz. —Anunciou o piloto. —E nós estamos pousando na terra firme. —Eles não podem ouvi-lo. —Leah respondeu. Um por um se virou para frente do helicóptero conforme Mitch e Alana transformavam sua comemoração em uma sessão de amasso e para algo que beirava a uma transa à seco. —Eu gostaria que eles pudessem nos ouvir. —Mason falou lentamente, —Então eu poderia dizer ao garanhão para manter o pau em sua calça até sairmos desta maldita coisa.

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Capítulo 15 —Olá. —Blake cumprimentou o cara segurando aberta a porta da frente da casa Oceanside. O garoto, que mal tinha vinte anos, usava uma roupa de garçom, e tinha sua postura reta, queixo para frente. Tudo a partir do pescoço para baixo falava de profissionalismo. Era o rosto, com os olhos esbugalhados e boca escancarada, que entregava a sua admiração. —Você organizou tudo isso? —Gabi perguntou a Leah. —Mitch foi específico com o que ele queria para esta noite. Apenas fiz os telefonemas. —Uau. É incrível. —Oh, meu Deus! —A voz estridente de Alana vagou pelo corredor da entrada. Blake se virou para encará-la, assim como todo mundo, e a encontrou de pé na porta, olhando para a mão dela. —É... É... —Um anel. —Mason murmurou. —É lindo. —Alana derreteu. —Eu não podia vê-lo direito no helicóptero. Estava muito escuro. Mas, oh meu. É... estou sem palavras. Ela correu para os braços de Mitch, sufocando-o. —Acho que precisamos de um pouco de privacidade. —Mitch murmurou entre beijos e a levantou do chão. —Leah, onde é o quarto? O homem na porta limpou a garganta e apontou. —O quarto principal é para baixo do primeiro salão à sua esquerda. 182


Mitch e Alana saíram sem olhar para trás. —E eu espero que vocês tenham um sistema de som alto o suficiente para abafar essa merda. —Acrescentou Sean. Blake se encostou na parede e esperou por Gabi para fechar a distância entre eles. A casa era do estilo de uma estrela do rock extravagante. Tudo brilhava, desde os azulejos polidos até os vasos e as obras de arte emolduradas. Uma garçonete com uma bandeja de taças de champanhe caminhou em direção a eles, usando saia preta e camisa de colarinho branco, parecendo formal e elegante. —Champagne? —Seu sorriso era brilhante e coquete. Não havia surpresa nisso. —Não, obrigado. —Ele dispensou a sua oferta. Gabi entrou na frente dele e agarrou sua mão. —Eu estou bem, também, obrigada. Blake olhou para ela, tanto frustrado quanto lisonjeado que ela não ia beber por causa dele. —Pensando bem. —Ele levantou a sua voz quando a garçonete começou a se afastar. —Eu vou aceitar um. —Ele pegou uma taça da bandeja e a entregou a Gabi. —Para você, anjo. —Eu disse que estava bem. —Eu sei disso, mas você só disse isso por minha causa, e eu não quero isso. —Eu não preciso beber para me divertir, Blake. Ele fechou a boca para evitar que um rosnado escapasse e puxou-a para o início de outro corredor. Ele pressionou suas costas contra a parede e apoiou uma mão perto de sua cabeça, inclinando-se para ela. —Eu quero ser claro, Gabi. Eu 183


fico sóbrio porque eu quero, não porque tenho um problema com o álcool. Portanto, não há necessidade de você parar de beber. Os lábios dela apertaram, a empatia em seus olhos azuis afundando sob a pele dele enquanto uma mão apertava a taça de champanhe e a outra segurava sua bolsa. —Portanto, ficar sóbria só torna mais difícil para tirar vantagem de você. O canto de seus lábios se curvou, e ela revirou aqueles olhos lindos para ele. —Como se você precisasse de ajuda nisso. Ele deu de ombros. Ela estava certa. Sempre que estavam juntos, ele assumia o papel de garoto de fraternidade com tesão, e ela se transformava em uma gatinha sedenta por sexo. —Você é divertida de ver quando está bêbada. —Lembrou-se da noite que se conheceram, quando ela dançou com graça sexual desinibida e o deixou mais duro do que pedra no mero balanço de seus quadris. Ela limpou a garganta e quebrou o contato visual para tomar um grande gole de seu champanhe. Quando ela abaixou a taça, ela olhou para ele através de cílios. —Sim, me disseram que você gosta de assistir. Alerta. Alerta. Essa merda não soava bem. Ele arqueou uma sobrancelha e ignorou Sean, Mason e Ryan enquanto passavam pelo corredor principal. —Seu tom tem um significado oculto que não me deixa muito seguro para perguntar o que é. Ela riu e passou a mão que segurava a bolsa em volta do pescoço. —Um passarinho me contou que você gosta de observar. —Ela fechou a boca, mordendo o lábio inferior carnudo. —Quem lhe disse isso? Ela deu de ombros, baixando o olhar. Seu coração deu um pequeno pulo, 184


aconselhando-o a pisar levemente. Ele não espalhava fofocas sobre o que fazia no quarto, nunca o fez e nunca o faria. Havia apenas uma experiência voyeurista que tinha participado no ano passado. Uma que não tinha estado nas manchetes dos tabloides, porque todas as partes envolvidas estavam aqui esta noite. —Ei. —Ele ergueu o queixo. —Será que Mitch disse alguma coisa? —Se esse filho da puta tinha aberto a boca e chateado Gabi, ia se ver com ele. —Não. —Ela deu uma risada tímida. —Esqueça isso, eu não deveria ter dito nada. —Então foi Alana. —Ele presumiu. Havia também Leah ou talvez Sean, Mason, ou Ryan, mas ele tinha certeza de que eles não iriam se intrometer compartilhando algo privado que não os envolvia. —Ela não disse isso para causar problemas. —Gabi defendeu. —Foi um deslize. Uma escolha de palavra ruim que me fez tirar conclusões precipitadas. Então ela teve de me contar. —E agora você está preocupada. —Sua incapacidade de fazer contato visual a denunciava alto e claro. —Não. —Ela balançou a cabeça, baixando seu olhar tentando esconder a verdade. —Certo. —Ele limpou a garganta e a pressionou com mais força contra a parede, colocando seus quadris contra os dela. Como diabos essa conversa tinha começado? A necessidade de saber cravava as garras nele. Mas ele ignorou, concentrando-se na insegurança de quem realmente importava, Gabi. Ele sabia tudo sobre sentir-se inferior e nunca quis que ela experimentasse a sensação. Especialmente quando não havia necessidade. —Alana é uma ótima pessoa. —Ele examinou-a, esperando o momento em que ela iria fazer contato visual novamente e começar a acreditar nele. —Sim, ela é atraente. Mas, para começar, ela está com Mitch e em segundo lugar, ela 185


não se compara a você. Ela não está nem perto. Seu olhar azul voltou para encontrar o dele. —Não há mais ninguém para mim, Gabi. Não em um longo tempo, eu só não tinha percebido isso. Ela se inclinou para ele, pressionando o calor de seus lábios contra os seus por um segundo escaldante antes de se afastar. —Eu nunca a trairia. —Ele sussurrou, precisando que ela soubesse a verdade. —Por favor, confie em mim o suficiente para acreditar nisso. Sua cabeça acenou, as sobrancelhas agora firmemente juntas. —Eu não acho que você trairia. Não é isso. —Ela balançou a cabeça. —Foi a coisa toda de sexo bizarro. —A coisa toda de sexo bizarro? —Ele perguntou, acariciando as mechas de cabelo no rosto dela. —Você parece gostar... de coisas diferentes. Voyeurismo. Exibicionismo. Eu não tenho certeza se posso acompanhar. Era a sua vez de estar em choque. Nunca tinha associado essas palavras com a sua vida sexual antes. Ele não tinha quaisquer fantasias específicas. Ele simplesmente amava o sexo, não importa a forma que vinha. —Eu tive a minha quota de trios e ficadas com groupies, mas sou bastante simples quando se trata de sexo, Gabi. Sinceramente não tenho ideia do que você está falando. Ela olhou para ele, o branco de seus olhos brilhando das luzes do corretor. —Bastante simples? —Ela recuou. —Trios? Ter relações sexuais sobre o oceano. Em um avião. Isso não é simples para mim. —Sua voz guinchou. —Isso é bastante louco no meu mundo. Ele riu, sem conseguir evitar. Ela olhou para ele. —Não ria de mim! —Sua mão caiu de seu pescoço e ela 186


se moveu para caminhar ao redor dele. Ele agarrou seu pulso, detendo-a em um instante. —Os trios são uma coisa do passado. Mitch era o meu braço direito, algumas vezes Sean, mas nós não temos feito isso há anos. Ok? Ela olhou para ele com o canto do olho e deu uma leve inclinação de sua cabeça em reconhecimento. —E a coisa toda do avião não tinha nada a ver com excentricidade e tudo a ver com o quanto eu quero você. —Ele a puxou para seus braços, sem se importar que o champanhe derramou da taça. Encostou sua pélvis contra o ventre dela, provando o seu ponto, esfregando seu pênis endurecido nela. —Eu te foderia agora mesmo se deixasse. —Para começar eu não “fodo”. —Ela sussurrou. —Eu faço am... —Eu odeio dizer isso a você, meu anjo, mas o que nós compartilhamos no oceano não foi fazer amor. Foi uma foda. Foi uma foda sexy como o inferno, digna de sonho. E o mesmo vale para o avião. Hoje à noite, no entanto, ele se inclinou e sussurrou em seu ouvido. —Eu vou fazer amor com você e mostrar-lhe a diferença. —Onde estão todos? —A voz de Leah ecoou pelo corredor. —Eu acho que essa é a nossa sugestão. —Ele falou contra os lábios de Gabi, ignorando o pulsar em sua virilha, que se tornou mais insistente a cada segundo que passava. Ela circulou sua cintura com os braços. —Eu vou sentir sua falta. Bam. Um soco direto no coração. Seria pior quando ela voltasse para Queensland. Ela tinha um trabalho e uma vida para ocupar seu tempo, enquanto tudo o lembrava o tempo todo de Gabi. Sua música. As noites em que ficava sozinho, enquanto os caras saíam para beber. Mesmo em seus sonhos o perseguia. 187


—Não será por muito tempo. —Ele se concentrou sobre o colar que lhe dera e amava que ela raramente tirava. —Eu sei. —Ela assentiu e colocou a bolsa debaixo do braço antes de pegar sua mão. —Vai valer a pena no final. Valeria. Ele teria certeza disso. Um dia, em breve, todos estariam comemorando o noivado de Blake e Gabi, o compromisso deles com o para sempre. Era inevitável, ele não deixaria a chance escapar por entre os dedos. Ele só precisava esperar o momento certo. —Eu vou ter certeza de que será, querida. Eu prometo.

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Capítulo 16 A noite continuou como um conto de fadas que Gabi não podia acreditar que era realidade. A garçonete e garçom, o homem que originalmente os cumprimentou na porta da frente, tinham servido canapés, champanhe e bebidas mistas até Mitch e Alana consumarem a “comemoração”. Então, um chef preparou um caranguejo de dar água na boca, uma torre de abacate, manga para uma entrada, e codorna recheada com vegetais cozidos para a refeição principal. No momento em que terminou de comer, Gabi vibrava com o álcool que Blake continuou lhe dando. Cada vez que ele lhe dava uma nova taça de champanhe, piscava para ela e lhe dava um sorriso diabólico que falava de coisas más que não podia esperar para experimentar. Depois do jantar, Leah anunciou que eles tinham mais uma hora antes do helicóptero voltar. Mitch e Alana foram em um passeio privado ao luar ao longo da praia, enquanto o resto deles ficou conversando dentro da casa, rindo e bebendo. —Saia para a varanda comigo. —Blake a puxou para o deck de madeira que compunha o chão do lado de fora. Ele tinha descartado o paletó no início da noite e arregaçou as mangas da camisa para expor a pele que ela tanto amava. A brisa costeira gelada estava sendo esquentada por quatro aquecedores no pátio que ficaram uniformemente espaçados. Em cada extremidade da varanda havia uma escada que levava até uma piscina que cintilava com luzes subaquáticas. O barulho das ondas do mar soava ao longe. —Estou contando as horas até voltarmos ao hotel, você sabe disso, né? —Ele murmurou em seu ouvido, pressionando seu corpo no dela contra uma grade. O fogo dos aquecedores portáteis aqueceu seu rosto, aumentando seu 189


zumbido alcoólico e a lava correndo em suas veias. Seu núcleo pulsou em resposta, seus mamilos endureceram, e foi só por pura determinação que ela não gemeu. Eles estavam à vista de todos lá dentro, mesmo estando escondida atrás da vasta extensão de seus ombros. Ela não se importava. Ela queria Blake demais para se preocupar com a opinião dos outros. —Eu não tenho certeza se posso esperar tanto tempo. —Ela brincou. A mão dele subiu para traçar o colar que tinha dado a ela, fazendo com que mais sangue fluísse para as partes carentes do seu corpo. O som da porta de correr de vidro se abrindo foi seguido pelo baque pesado de passos. —Cristo, vocês estão me deixando louco. —Ryan falou baixinho. Blake olhou por cima do ombro. —Sofrendo de bolas azuis, amigo? —Bolas azuis e mãos irritadas. —Ryan murmurou e começou a descer as escadas, movendo-se para fora de vista. Os olhos de Gabi se arregalaram. Esses homens não tinham um filtro social? —Pobre homem. —Blake correu um braço por suas costas, parando na base de seu pescoço para mantê-la firme. —Agora, onde estávamos? Ela gemeu ao arrepio que percorreu sua espinha e colocou as mãos em sua cintura. —Acho que você estava tentando me matar lentamente com prazer. Ele riu e roçou o queixo dela com os dentes. —Eu senti sua falta hoje. Gabi respirou. Seu toque sempre achava suas zonas erógenas, fazendo-a tremer com um simples toque de seus dedos, boca ou língua. 190


—Deus, mulher, eu posso cheirar sua excitação. —Ele rosnou. —Bem, pare de me tocar. —Ela respondeu sem fôlego, totalmente esperando que ele ignorasse sua declaração. Ela fechou os olhos, afundando-se na sensação de sonho tomando conta de seu corpo, em seguida, gemeu quando a porta de vidro se abriu novamente. —Desculpe, gente... não queria interromper. —Leah fechou a porta atrás de si e caminhou em direção a eles. —Vocês viram o Ryan? Com um suspiro pesado, Blake olhou por cima do ombro. —Ele desceu as escadas há poucos minutos. Gabi colocou a cabeça em torno de Blake para olhar para Leah. Sua testa estava enrugada com preocupação, os lábios pressionados firmemente juntos. —Está tudo desconfortável.

bem?

—Gabi

perguntou,

percebendo

um

clima

—Sim. —Leah engoliu. —Apenas verificando todos os meus pintinhos. —Você falou com ele? —Perguntou Blake. Leah estreitou seu olhar e o olhou com raiva. —Blake... —Ela repreendeu. —Falou comigo sobre o quê? —Ryan surgiu no topo da escada, seu celular alinhado na palma da mão. O silêncio pairou pesado no ar, enquanto ele olhava entre Leah e Blake. —Falou comigo sobre o que, Leah? Blake praguejou baixinho e Leah virou-se para Ryan. —Nós precisamos conversar. Ryan deu de ombros. —Então fale. Blake obviamente sabe o que você está prestes a dizer, então vá em frente. —Humm. —Leah lançou um olhar para Gabi, em seguida para Blake, arregalando os olhos em pânico. —Nós devemos fazer isso em particular. 191


Ryan deu um passo adiante e deslizou seu celular no bolso do paletó. — Vamos, Leah. Desembucha. Ela soltou um suspiro trêmulo, seu olhar encontrando Blake por um segundo fugaz antes de voltar para Ryan. —É só fofoca e inteiramente infundada. Eu não queria comentar a não ser que as acusações fossem verdadeiras. Ryan cruzou os braços sobre o peito e levantou uma sobrancelha. Quando ela não entrou em detalhes, ele xingou: —Quais acusações? —Um dos tabloides em casa está dizendo que têm provas de uma traição de Julie... As feições de menino de Ryan se transformaram em uma mistura de fúria e choque. —O quê? —Ele andou para frente, com as mãos em punhos. O estômago de Gabi afundou, e ela se virou para a grade, olhando para a praia escura. Ela não queria estar aqui. Ela não tinha nada que estar a par de algo tão privado. —É uma bobagem. Eles não têm como validar suas acusações. —Leah continuou. —Eles estão cavando apenas para uma história. Ryan soltou uma risada autodepreciativa. —Se eles não têm nenhuma prova, então por que diabos eu sou o último a saber? Gabi olhou por cima do ombro, surpresa com a veemência na voz de Ryan. Ele jogou as mãos para o ar. —Jesus Cristo, Leah, como se atreve a dizer a Blake antes de mim? Leah se sobressaltou, com a boca escancarada por um breve momento antes de fechar para engolir. —Ninguém mais sabe. —Ela baixou a voz —Eu não queria machucá-lo desnecessa... —Oh, ok. —Ryan assentiu com sarcasmo. —Então, eu deveria estar feliz 192


que você só disse a Blake antes de mim? Blake ficou tenso e deixou cair as mãos do corpo de Gabi. —Acalme-se, Ryan. Sei que deve ser difícil de ouvir, mas a culpa não é de Leah. Ryan voltou seu olhar fulminante para Blake, fazendo Gabi encolher sob a fúria em seus olhos. —Você acha que isso é justo, não é? —Ele se aproximou deles, ficando no rosto de Blake. —Você deveria ser meu amigo. A porra do meu irmão. Ainda assim você manteve isso de mim. Por quanto tempo, Blake? —Acalme-se. —Por quanto tempo? —Ryan ergueu a voz. —Só esta manhã! —Blake atirou. —Porra, Ryan. Eu sei que você está machucado, mas Leah teve de tomar uma decisão difícil. Ela não queria machucálo sem motivo. Todos nós sabemos o quanto é difícil para você ficar longe de Julie. Ryan cutucou Blake no peito. —Você não sabe de nada. Gabi cobriu a boca com um suspiro. Eles iriam brigar, e ela não podia ver qualquer um deles ferido. O clique de saltos de Leah bateu contra o chão de madeira do pátio, seguido do som da porta de vidro sendo aberta. —Mason. Sean. —Ela chamou. — Eu preciso de vocês. —Ótimo. —Ryan recuou. —Tenha todos os envolvidos. —Ele balançou a cabeça e se virou em seus calcanhares. —Eu estou fora daqui. —Aonde você vai? —Gritou Leah. —O helicóptero vai estar de volta em meia hora. Ryan ignorou, caminhando para o topo da escada antes de saltar para baixo mais do que um degrau de cada vez e saindo de vista. 193


—O que está acontecendo? —Perguntou Mason, seguindo seu olhar para o fim da varanda. Blake deu um passo adiante, dando espaço a Gabi para respirar. Ela se sentiu horrível por Leah e Blake e, acima de tudo, seu coração doeu por Ryan. A ideia de deixar a pessoa que amava amanhã já rasgava, mas Ryan vinha fazendo isso há anos. Leah soltou um suspiro trêmulo e abaixou a cabeça. —Oh, Deus, o que eu fiz? Blake foi para a sua gerente da banda, abraçando-a e segurando-a enquanto ela chorava. Enquanto lágrimas de Leah continuaram a cair, Gabi avançou ao longo das grades, movendo-se silenciosamente para o outro lado da varanda. Ela não pertencia a este momento. Blake estava dando conforto e achando conforto com Leah... não com ela. Ela precisava limpar a cabeça e colocar as coisas em perspectiva. Era um abraço amigável, nada mais. Seu cérebro podia entender isso, mas, ainda assim ela se sentiu insignificante. Álcool maldito. No degrau final, ela ficou na ponta dos pés para o caminho de cascalho e deixou as luzes de dentro da casa guiá-la para o portão na frente do edifício. O som do oceano chamou por ela, e ela estava grata para encontrar uma trilha de areia do lado de fora da cerca. Ela tirou seus sapatos, carregando-os com as tiras, e lentamente andou para a escuridão. À frente havia um caminho com tábuas de madeira formando degraus improvisados para facilitar o caminho. Acima, a lua cheia brilhava, tornando as dunas de areias visíveis. Ela sentiu seu coração quase parar quando chegou à praia. Mais à frente, Ryan estava sentado na areia, com as mãos coladas em seus joelhos puxados ao peito e com seu olhar focado na água. 194


—Ryan? —Ela perguntou em voz baixa. Ela olhou por cima do ombro, perguntando-se se deveria virar para trás e deixá-lo sozinho com seus pensamentos. Ele não respondeu. Em passos silenciosos, ela ficou ao lado dele. —Ryan? —Merda! —Sua cabeça se ergueu. —Você me assustou, caramba. —Desculpe. Eu não queria. Ele bufou e voltou sua atenção para as ondas. —Deveria ser eu a pessoa a pedir desculpas. —Não, não mesmo. Você tem uma boa razão para estar com raiva. —Sim? —Ele tirou paletó e o colocou ao lado dele. —Quer se sentar? Tão doce, tão atencioso, mesmo quando ele estava caindo aos pedaços. — Obrigada. —Endireitando seu vestido sobre sua bunda, ela se sentou no paletó estendido, levando os joelhos contra o peito. Eles ficaram em silêncio, observando a espuma branca que surgia com todas as ondas quebrando. —Você sabe... —Ryan começou, sua voz baixa. —Por um breve segundo, eu me senti aliviado quando Leah disse que Julie estava me traindo. Gabi voltou seu olhar para encará-lo, descansando o lado de sua cabeça sobre os joelhos. —Eu acho que não estou mais apaixonado por ela. Ela congelou, não sabendo o que dizer. Além das informações que Blake tinha compartilhado ao longo dos anos, Gabi não sabia muito sobre este homem dolorosamente vulnerável. No entanto, tudo dentro dela gritava para se 195


aproximar e abraçá-lo. Assim como Blake tinha feito com Leah. —Nós não somos mais felizes. Nem mesmo somos amigos. Gabi abriu a boca, mas as palavras não saíam. —Eu me sinto como um fracasso. —Não. —Ela se endireitou e balançou a cabeça. —O casamento não é fácil. —Não, não é, mas amar alguém não deveria ser tão difícil. Ryan continuou olhando para a água em silêncio com o coração partido. Ela não sabia que tipo de mulher iria deixar um cara maravilhoso como Ryan se desapaixonar dela. Se fosse Gabi, ela lutaria com tudo o que tinha para mantê-lo em sua vida. —Você e Blake têm algo de especial acontecendo, não é? Foi a vez de Gabi olhar para a água em contemplação. O que ela tinha com Blake era além de especial. No entanto, ela não tinha certeza se eles poderiam levar isso adiante com o tempo. —Ele é um ótimo cara. —E? Ela deu uma risada sem entusiasmo. —Eu o amo. —Ela olhou para Ryan, que esperou que ela continuasse. —Ele significa o mundo para mim. Eu só estou com medo e insegura. Ela cravou os calcanhares na areia e viu seus pés desaparecerem. Seu rosto aqueceu, sabendo que Ryan ainda olhava para ela. —Entendo a parte de estar assustada. Blake me assusta às vezes, também. —Ryan inclinou-se e cutucou seu ombro com uma risada. — 196


Infelizmente, acho que a insegurança será uma batalha para quem decide ter um de nós. Eu sei que minha esposa odeia só de pensar nas groupies. Mas ei, eu nunca a traí. Nem uma única vez, em todos os anos que estivemos juntos. O barulho de um helicóptero soou ao longe, cada vez mais alto sobre a corrida do oceano. Ryan suspirou. —Eu realmente não quero voltar lá em cima. Ela não podia culpá-lo. Ela também não queria voltar. Felizmente seu zumbido alcoólico havia diminuído. Agora, ela só tinha que acalmar seus pensamentos irracionais para ficar bem. —Vamos. —Gabi se levantou e pegou o paletó, fazendo seu melhor para tirar a areia. Ela estendeu a mão e ele a tomou, permitindo que ela o puxasse de pé. —Vamos superar e terminar com isso.

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Capítulo 17 Blake ficou atrás das portas de vidro com vista para a varanda, olhando para a escuridão. Onde ela estava? Ele tinha fodido tudo. Mais uma vez. A briga com o Ryan era culpa dele, e quando Leah tinha parado de chorar contra seu peito acelerado, ele se virou em busca do conforto dos braços de Gabi, apenas para encontrá-la ausente. —Onde diabos está todo mundo? —Mason perguntou na sala silenciosa, o barulho fraco do helicóptero se aproximando a cada segundo. Ele se sentou no banco da cozinha, com os pés balançando para trás e para frente. —Vamos esperar que eles voltem, agora que a nossa carona está aqui. — Leah falou de seu lugar ao lado de Sean no sofá. Ela ainda estava chateada, aninhada ao lado de Sean, fungando a cada respiração. Passos ecoaram pelo corredor, seguido de uma risada feminina. —Pare com isso. —Alana resmungou, ficando à vista ao lado de Mitch no reflexo do vidro. —Vocês não foram para uma caminhada? —Mason perguntou. Blake virou-se para olhá-los, ignorando a forma como a sua ansiedade aumentava a cada minuto que Gabi estava fora. Alana olhou para Mitch, em seguida, corou e desviou o olhar. —Pegamos um desvio. —Mitch sorriu, passando os braços ao redor da cintura de Alana, fazendo-a se contorcer e gemer. —Deixe-me adivinhar, para o quarto? —Mason murmurou. Alana empurrou dos braços de Mitch e deu a volta no sofá indo até Leah. 198


—Onde estão Ryan e Gabi? —O olhar dela se estreitou. —Leah? O que está errado? —Tudo está bem. —Blake interrompeu, girando de volta para a janela. Eles deviam a Ryan manter a fofoca entre eles. Se Ryan quisesse que todos soubessem, ele mesmo diria. —Tudo não parece bem. —Alana ficou ao lado de Leah e Mitch ao de Blake. —O que está acontecendo? —Mitch murmurou. Blake voltou-se para seu amigo e colocou um sorriso falso no rosto. — Nada para você se preocupar, mano. —Ele deu um passo para frente e puxou Mitch para um rápido abraço de homem. —Eu não tive a oportunidade de parabenizá-lo ainda. Estou muito feliz por vocês. Mitch bateu-lhe nas costas. —Estou feliz homem. Parece que você encontrou a mulher certa.

por

você

também,

Blake deu um aceno. —Sim, eu encontrei. —Bem, eu espero que ela nunca perceba o quanto você é idiota. —Sim. —Blake riu, mas não sentiu humor. —Eu também espero. — Karma era uma coisa fodida porque Blake definitivamente não merecia ter Gabi em sua vida. Mitch olhou ao redor da sala e fez uma careta. —Então, onde ela está? Eu não tenho nenhuma fodida ideia. Alguém se moveu na sua periferia, e ele deu um passo adiante sem pensar. Gabi. Ela estava do lado de fora, caminhando ao longo da cerca em torno do quintal com Ryan ao seu lado, com paletó dele sobre os ombros. Ele soltou um suspiro profundo, liberando o aperto no peito. Graças a 199


Deus. Ela inclinou a cabeça para se concentrar na casa e encontrou seu olhar. O leve sorriso que ela lhe enviou quase o derrubou. —Uh, porque ela está com Ryan? —Perguntou Mitch. —É uma longa história. —Blake abriu a porta de correr de vidro e foi para a varanda. Gabi e Ryan saíram de vista, e momentos depois o portão lateral rangeu. Quando passos na escada soaram, o ritmo de seu coração aumentou. Ele tinha se preocupado. Ele não tinha percebido o quanto até que seu corpo inundou de alívio ao vê-la novamente. Ryan chegou ao degrau mais alto primeiro, com os olhos cheios de remorsos e sacudiu a cabeça em saudação. —Onde está Leah? —Lá dentro. —Certo. Eu vou manter distância por um tempo. Encontro vocês no helicóptero. —Ryan moveu-se para passar por ele. Blake colocou a mão sobre o peito de seu amigo, parando sua caminhada. —Olha Rye, me desculpe por não dizer nada, e Leah não queria machucá-lo também. Eu sabia que ela estava preocupada com alguma coisa e a persuadi até que ela me contasse. Ryan passou a mão pelos cabelos confusos na altura dos ombros. — Entendo. Sim, Ryan era o cara mais compreensivo que Blake conhecia, o que tornava a situação mais difícil de suportar. Blake deixou cair a mão e o observou se afastar, deixando-o descer as escadas da varanda. Uma vez que seus passos foram abafados pelo barulho distante do helicóptero, ele virou seu foco para Gabi que ficou esperando no topo da escada. —Você me deixou preocupado. 200


Ela caminhou em direção a ele com os pés descalços, seus saltos altos pendurado em sua mão. —Eu precisava dar um passeio e limpar a minha cabeça. —Você estava fugindo de mim. —Ele manteve sua expressão impassível, escondendo a dor que o agarrou pelas bolas. Ele esperava que ela tivesse ido em busca de Ryan, em vez de sair para ficar longe dele. Ela veio para frente, seus grandes olhos azuis escuros com pupilas dilatadas. —Não. —Ela balançou a cabeça ligeiramente. —Fiquei sobrecarregada. Eu precisava de tempo para pensar. Suas palmas coçaram para tocá-la, para tirar o paletó de Ryan dos ombros e substituí-lo pelo seu. —Eu fiz alguma coisa de errado? Gabi passou os braços ao redor de sua cintura. —Você não fez nada de errado. —Ela sussurrou, sua voz quase se misturando com o som das hélices girando no campo ao lado deles. —Acho que eu estava em estado de choque ao ver você e Ryan quase chegarem às vias de fato. Isso me assustou, isso é tudo. —Por que você não me contou? Quando me virei e vi que você se foi, eu não sabia o que pensar. Ela aninhou a cabeça sob o queixo, abraçando-o com mais força. —Você estava ocupado... com Leah. Ele endureceu. Quando Ryan fugiu mais cedo, Blake tinha sido consumido pela culpa. Ele tinha sido a causa de toda a raiva e instintivamente foi consolar Leah. Era culpa dele que ela estava chorando. —Leah é uma parte da família. —Ele falou os seus pensamentos em voz alta. —Eu sei. —Gabi assentiu contra seu peito. —Ela é como uma irmã para mim. —Sim... eu sei disso também. 201


Ele passou o braço em volta dela, passando a mão para cima e para baixo o material de paletó de Ryan. —Os últimos dias têm sido uma loucura, não é? — Encontrá-la pela primeira vez foi monumental. Acrescente a isso todos os outros acontecimentos, tornado tudo altamente emocional. Ele ficou surpreso que um deles ainda não quebrou. —Humm-hmm. E amanhã iria ser pior. —Era isso com que você estava preocupado? —Ela perguntou, recuando para olhar para ele. —Os segredos sobre a esposa de Ryan, era isso o que você teve que lidar mais cedo? Ele encarou seus olhos esperançosos. Sua resposta deveria ter sido um fácil “não” no entanto, ele fez uma pausa e contemplou se seria melhor para aplacar sua preocupação com uma pequena mentira. —Em parte sim. —As palavras não picaram tanto quanto ele esperava. Na realidade, era uma espécie de verdade. Os problemas com a fidelidade de Julie tinham pairado no fundo de sua mente. Seus lábios se curvaram, e ela se aconchegou de volta sob o queixo. — Podemos ir para casa? Casa. Se ao menos ele pudesse levá-la para seu apartamento nos EUA. As coisas seriam muito mais simples lá. Ele a amarraria na sua cama e realizaria qualquer desejo dela e nunca a deixaria ir embora. —Sim, anjo. —Ele beijou o topo de sua cabeça e inalou o cheiro doce da madressilva. Quando ele se endireitou, Leah chamou sua atenção de dentro das portas de vidro. Ela murmurou um “se apresse”, então se virou e saiu da sala. — Eu acho que todo mundo já entrou no helicóptero. 202


Gabi saiu de seus braços. —Deixe-me pegar meus sapatos. —Ela inclinou a bunda firme sobre a sua frente e amarrou suas tiras. Quando ela se levantou, ele pegou a mão dela, puxando-a para perto, para que pudesse falar-lhe ao ouvido. —Você se lembra do que eu prometi ensiná-la quando voltássemos ao hotel? —Ela respirou fundo e estremeceu. Ele passou o dedo para baixo a pele sensível de seu pescoço e seguiu a trilha com a língua. —Eu acho que sim. Blake estava agradecido que o voo de volta para Melbourne não demoraria tanto tempo. Viajar por cima oceano reduzia meia hora da viagem, o que foi um bônus quando ninguém falava. Após a decolagem, Gabi aninhou a cabeça em seu ombro e não tinha falado uma palavra desde então. Alana e Mitch estavam na parte de trás do helicóptero, aconchegados juntos, com olhos fechados. Mason e Ryan se sentaram juntos na frente de Blake, Ryan encostado na janela, enquanto Mason olhava para o lado oposto. E Sean estava no banco da frente ao lado de Leah, com o braço descansando confortavelmente em seus ombros. O passeio de limusine foi igualmente divertido. Eles chegaram ao Crown pouco depois da uma hora da manhã, sem multidão à vista. Alguns suspiros de reconhecimento soaram quando eles caminharam pelo lobby, mas a segurança do hotel manteve as pessoas afastadas. O elevador subiu em silêncio, todos eles estavam muito cansados ou desconfortáveis para falar. Quando as portas se abriram, Leah saiu primeiro, com a cabeça baixa, quando ela disse um calmo: —Noite, rapazes. Blake saiu em seguida, segurando a mão de Gabi com Mitch e Alana os seguindo. Todos eles tinham suítes king, enquanto Mason, Sean, e Ryan dividiam o quarto maior no andar de cima. —Café da manhã tardio em nossa suíte às onze? —Perguntou Mason. 203


—Parece-me bom. —Mitch disse por cima do ombro. —Sim. —Blake soltou a mão de Gabi e observou Ryan colocar um pé para fora do elevador. Leah não respondeu. Ela já tinha começado a andar em passos largos para sua suíte na direção oposta. —Ei, Leah. —Ryan chamou, seu rosto sombrio, os lábios em uma linha fina. Leah fez uma pausa e em seguida, virou-se lentamente sobre os saltos. Ela olhou para Ryan, mantendo-se em silêncio enquanto seus dedos agarravam a bolsa nas mãos. —Você se importa se conversarmos? —Ele deu outro passo, movendo-se para fora do elevador e permitindo que as portas fechassem com Mason e Sean ainda dentro. Leah apertou os lábios e assentiu. Sem dizer uma palavra, ela continuou no final do corredor, não parando para Ryan, que correu para alcançá-la. Blake os assistiu entrar em sua suíte e sentiu a culpa corroer seu estômago. Por que diabos ele tinha aberto a boca? —Eles vão ficar bem. —Gabi sussurrou ao lado dele, entrelaçando os dedos. —Vamos. —Ela puxou seu braço, e eles caminharam para a sua porta. Gabi pegou o cartão-chave de sua mão e abriu a suíte. Ele a seguiu pelo corredor mal iluminado, passou em torno da mesa de jantar pequena e da cozinha, até cair à beira de sua cama king size. Ela acendeu a luz e fechou a cortina, deixando o mundo do lado de fora. Ele puxou a gravata, afrouxando o pano que o sufocava, e então começou a tirar os botões da camisa. As horas de silêncio lhe deram uma nova perspectiva, não favorável. Por que ele era a porra de um fracasso? Ele causou uma briga 204


entre seus amigos, arruinou sua última noite com Gabi e acima de tudo isso, teve de lidar com Michelle. —Fale comigo. —Ela pediu suavemente, levantando as mãos para tirar o seu colar e colocá-lo no topo da sua mala fechada. Ele ficou de pé, pegou a mão dela, e arrastou-a de volta para a cama para que ficasse entre os joelhos dele. Ela era a luz em sua vida. O brilho que tornava toda a escuridão mais fácil de suportar. —O que você quer que eu diga? —Ele estava entorpecido em seus membros, seu peito, sua mente. A única coisa que ele podia sentir era o seu coração e o calor de seu anjo. Ela passou a mão pelo cabelo dele. O delicado tecido de seu vestido moveu contra suas coxas. Observou como a roupa brilhava na luz do quarto, agarrando-se a suas curvas, abraçando seus seios. Seu perfume, doce e feminino encheu seus pulmões, excitando-o. Momentos atrás, ele estava morto por dentro. Agora, em um instante, ela aqueceu seu sangue e endureceu seu pau. Ela ergueu o queixo e olhou para ele. — Eu quero que você me diga o que posso fazer para você sorrir de novo. Um sorriso torto puxou seus lábios. —Essa é uma pergunta capciosa. Suas bochechas levantaram. —Você poderia ter usado a seu favor, mas agora você já está sorrindo. Meu trabalho aqui está feito. —Ela se virou para se afastar. Ele estendeu a mão para seus quadris, e ela gritou quando ele a puxou de volta para ele. Ele apertou suas coxas em volta dela, olhando-a, desafiando-a a se mover enquanto ele desfez o cinto de sua calça e baixou o zíper. —Tire. —Ele mandou, indicando seu vestido com uma saliência do queixo. 205


Ela levantou uma sobrancelha, passou seu olhar altivo por todo corpo dele até a ereção levantando sua cueca e engoliu em seco. Forte. Um segundo depois, ela obedeceu, desfazendo o zíper atrás das costas. Ele abriu as pernas, dando-lhe espaço para se movimentar e sentiu seu pulso acelerar. Ela moveu as alças de seus ombros de maneira sedutora, permitindo que o vestido caísse no chão. —O que mais, Mestre?

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Capítulo 18 Gabi apertou os lábios, lutando contra uma risada. Foi um alívio ver a felicidade de volta nos olhos dele. Embora ele sempre mantivesse seus amigos divertidos e entretidos, ele carregava o peso do mundo sobre os ombros. Para esta noite, ela queria fazê-lo cair no sono sorrindo, livre de todas as suas preocupações. —Venha aqui. — Ele passou um braço em volta da cintura e puxou-a contra seu peito. —Me beije. Ela obedeceu, baixando a cabeça para encontrar o rosto dele. Seus lábios roçaram delicadamente, e ela gemeu quando a língua dele procurou a entrada de sua boca. Seu outro braço serpenteava em torno de suas costas para o fecho do sutiã, desfazendo-o com uma mão. Em seguida, as duas mãos vagaram mais para baixo, pegando a bunda dela em um firme aperto. A respiração irregular escapou e ela se agarrou a ele, apalpando levemente sua bochecha com barba com uma mão enquanto a outra foi para o cabelo em sua nuca. Seu peito retumbou, o som masculino apertando seus mamilos e enviando desejo entre as coxas. Era tão fácil amá-lo, física e emocionalmente. Nenhum outro homem se comparava a ele. Nenhum outro homem sequer existia. Ele recuou, e ela cambaleou, fazendo-a puxar mais apertado em seu cabelo para ficar de pé. — Tire sua calcinha. Eu quero provar você. Ela choramingou com suas palavras, e as grandes pupilas dele dilataram. As mãos dele apertaram sua bunda como se estivesse amassando pão. —Agora, Gabi. —Ele a libertou de seu agarre. Ela recuou, seu olhar ainda colado ao dele, e deixou as alças do sutiã cair 207


dos braços para o chão. As narinas dele bufaram, enviando um manto de arrepios sobre seu corpo enquanto ele arrancava sua camisa desabotoada e a jogava. Com dedos trêmulos, ela agarrou o elástico de seu fio dental de renda branca e empurrou-a para baixo em suas coxas. Ela ficou completamente nua diante dele, exceto por seus saltos altos cor azul cobalto e um sorriso nervoso. —Porra, você me dá muito tesão. —Ele murmurou. Sentia-se da mesma maneira. Ele roubava sua respiração, seu coração, suas inseguranças, e a fez flutuar. Mesmo agora, com um pé de espaço entre eles, ela podia sentir seu toque. A visão dele era algo que ela nunca esqueceria, não importa o quão longe e por quanto tempo ele estivesse longe. Ele era um homem sem defeito físico. Seus braços eram musculosos, e as cores intensas de suas tatuagens a deixavam excitada. A barba escura por fazer marcava sua pele lisa e os lábios de rubi que a fizeram estremecer com muitas promessas. —Eu adoro você. —Ela sussurrou. As narinas dele bufaram de novo quando ele a puxou para mais perto, levantando-se e a empurrando para o colchão. —Você não quer que eu tire meus saltos? Ele se ajoelhou no colchão entre as coxas entreabertas e segurou seus quadris, empurrando-a mais na cama. —Claro que não. —Pegando a parte de trás do seu sapato, ele levantou e esfregou o tornozelo. —Você está gostosa pra cacete. —Sua boca correu uma trilha até o lado de sua canela, parando em seu joelho. Seu olhar deslizou por suas pernas, demorando-se em seu sexo aberto, depois subiu para o rosto dela. — Pronta para uma lição de como fazer amor, anjo? Ela mordeu o lábio e assentiu. —Eu estou sempre pronta para você. Ele sorriu, tornando suas feições ainda mais diabólicas antes de se inclinar para soprar suavemente contra seu botão inchado. —Primeira lição. —Sua língua 208


saiu para apertar o clitóris, enviando uma explosão imediata de prazer através de seu corpo. Ela arqueou as costas, buscando freneticamente algo para se agarrar. —Eu não te provaria lentamente se estivéssemos fodendo. —Ele abaixou a boca para sua fenda, lentamente a lambendo de cima para baixo e viceversa. Então, ele pegou o clitóris em sua boca e o chupou. — Eu te devoraria com as pernas ao redor do meu pescoço, fazendo você gritar meu nome. Ela cercou as costas dele com as pernas, os saltos de seus sapatos tilintando juntos e fechou os olhos. O jeito carinhoso que ele a lambia com sua língua a fez desejar que eles estivessem fodendo em vez da tortura que ele a submetia. Os movimentos contra seu clitóris eram leves, provocantes, fazendo seu ventre vibrar. —Se estivéssemos fodendo... —Ele passou o dedo ao longo da sua boceta até sua entrada, afundando-o e aumentando a pressão. —Eu teria lubrificado meus dedos com a sua excitação e provocado a sua bunda, fazendo com que você se contorcesse até que me implorasse para penetrar lá. —Seu toque foi mais baixo, até o seu buraco apertado. Ela se esticou e abriu os olhos com um sobressalto. —Blake. Ele levantou a cabeça de seu monte e riu. — Você não gostaria que eu tocasse você lá? Ela balançou a cabeça. —Eu teria certeza que você gostaria. Ela não duvidou por um segundo. Neste momento, seu interesse estava em um tipo de penetração diferente. —Quando você vai parar de falar e realmente fazer amor comigo? Ele se inclinou para baixo, beliscando a carne macia na parte interna da coxa e arqueou uma sobrancelha. —Está com pressa? 209


Sim. Não. Sua mente queria que isso durasse para sempre, enquanto o seu corpo gritava por ação. —Por favor, Blake. —Ela se moveu para ficar sobre os cotovelos. —Eu preciso de você. —E o seu desejo é uma ordem. —Ele se levantou do colchão e ficou ao pé da cama. Com movimentos rápidos, eficientes, empurrou a calça e a boxers no chão, expondo sua ereção. —Você é lindo. —Ela murmurou, tomando o tempo para apreciar cada parte dele. Ela amava seu abdômen definido. No entanto, era seu peitoral e braços que a deixava de boca seca. Eles eram esculpidos, como se fossem de pedra, e ficavam ainda mais pecaminosamente perversos com a tinta que os adornava. —Não, querida, você é linda. —Ele deslizou sobre o corpo dela, deixando um beijo na parte interna da coxa, um arranhão de dentes contra seu quadril, uma lambida de sua língua sobre o mamilo. —E tentadora. —Ele afundou a boca para baixo de seu pescoço, sugando e lambendo. —E feita só para mim. Ela deixou cair a cabeça para trás e gemeu com as sensações de seu corpo. Seus mamilos formigavam. Seu ventre se apertou, e entre as coxas dela tinham o mais delicioso pulsar que só Blake poderia aliviar. Ela envolveu as coxas ao redor da cintura dele e aterrou sua pélvis contra ele. O atrito era bom, mas não aliviava a sua necessidade. Ainda assim ele continuou a banhá-la com beijos, deslizando suas mãos sobre cada curva, amando-a, adorando-a de uma forma que ela nunca tinha experimentado antes. Sem dúvidas, Blake sabia como foder. Mas a forma como ele a amava, acalentando-a com pequenos beijos suaves quando encontrou um ponto sensível em seu corpo, reafirmou a profunda emoção que ele falou que ela sentiria. Ele tinha sido seu amigo em segredo durante anos, e a ouviu compartilhar coisas que não podia expressar com as pessoas que a cercavam. Ele a confortou, a fez rir, a excitou e agora realizando seus sonhos de amá-la de uma forma que 210


nunca iria ser comparada. Ela relaxou no colchão, soltando seu aperto na colcha para tocá-lo. Ela correu os dedos na pele suave de suas costas, arrastando as unhas ao longo de seus músculos. Ele respondeu ao seu toque com beijos mais fortes, movimentando sua língua e raspando sua pele com seus dentes. —Você é tudo para mim. —Ele murmurou em seu ouvido. —Eu quero dizer isso, Gabi. Não há mais ninguém. Nunca haverá. Ela fechou os olhos por alguns instantes e encheu seus pulmões completamente, flutuando em uma nuvem. Este era o momento que ela tanto desejou. O momento em que ela estava nua nos braços de Blake, sendo amada por seu corpo e suas palavras. —Eu me sinto da mesma maneira. Ele se afastou para olhá-la, subindo apenas um pouco para que sua pélvis descansasse contra a dela. Um sorriso puxou seus lábios, sutilmente, mas ele fez seus dedos enrolarem. —Você é a minha felicidade. Ele beijou os lábios dela, deslizando a língua em sua boca, dançando com a dela. Sua ereção cutucou sua entrada, provocando e atormentando seu corpo já torturado. Ele se inclinou sobre ela, alcançando a mesa de cabeceira com uma mão estendida e pegando uma camisinha. A embalagem foi destruída em segundos, a proteção colocada sobre o pênis com a mesma virilidade. Então, ele se posicionou na boceta dela de novo, a cabeça de seu pênis cutucava sua entrada. Ela beijou seu queixo, sua boca, seu pescoço, a cada carícia de seus lábios era suave e lenta, como o desejo que ondulava de seu corpo. —Eu te amo. —Seu coração disse transbordando de emoção. Ele apalpou o peito dela e beliscou seu mamilo. —Não conta. Você sabe disso. —Seu sorriso era feito de céu e felicidade. Nada na vida jamais a consumira mais como a ligeira inclinação de seus lábios. —Mas eu levarei seu amor de qualquer maneira que eu possa obtê-lo, Gabi. 211


Então sua boca encontrou a dela, levando a sua respiração, fazendo-a se agarrar aos seus ombros. Esse beijo era exigente, e em um impulso forte estava dentro dela, deslizando para casa. Seus gemidos encheram o quarto, o barulho aumentando à medida que seus quadris começaram a se mover, deslizando dentro e fora lentamente. —Toque-se. —Ele ordenou. — Eu quero sentir seus dedos em seu clitóris. Um gemido escapou de seus lábios. Ela sempre precisou do atrito para atingir o orgasmo, mas, neste momento se sentiu pronta para gozar sem isso. —Faça. Ele continuou a pressão, seus quadris balançando em um movimento lânguido quando a mão dela deslizou para baixo, onde seus corpos se juntaram. Ela sentiu a ponta dos dedos roçar em seu pênis enquanto ele se movia. —Não é uma boa ideia. —Ele grunhiu. Ela fez contato com os olhos e arqueou uma sobrancelha enquanto tocava a base de seu eixo. Ele fechou os olhos e rosnou, sua cabeça inclinando ligeiramente para trás. —Ahh, maldição você está indo bem. —Ele bombeou mais forte, uma vez, duas vezes e então parou. —Você tem que mover sua mão, querida. Com relutância, ela mudou seu toque para seu clitóris. Os lábios dele encontraram sua orelha, chupando seu lóbulo, enquanto a respiração quente pairava pesada em seu pescoço. —Nunca se esqueça de mim, Gabi. Eu não poderia suportar se você seguisse em frente quando estivermos separados. Ela virou a cabeça e olhou para seus olhos escuros, encontrando uma angústia escondida em suas profundezas. —Você é uma parte da minha vida, Blake. Uma que eu não posso viver sem. Eu nunca vou te esquecer. Isso não é possível. Eu te amo muito. 212


Ele descansou sua testa contra a dela, mantendo contato com os olhos enquanto ele empurrava e se retirava. —Eu quero te fazer feliz. Ela riu suavemente. —Você está fazendo um ótimo trabalho. Ele soltou uma risadinha, seus olhos se iluminaram por um instante antes da tristeza voltar. —Meu anjo. —Ele sussurrou, depois fechou os olhos e afundou dentro dela. Seus quadris balançaram juntos, a fricção entre eles inflamando seu orgasmo iminente. Ela arqueou as costas, empurrando os seios para esfregar os mamilos contra a pitada de cabelo no peito dele. —Estou tão perto... Ele martelou ainda mais forte, mais rápido, abrindo os olhos para olhála. Sua determinação substituiu a sua dor, e um fino brilho de suor cobria sua pele. Sua boceta convulsionou quando ele mergulhou duro, deixando-a em seu limite, fazendo com que ela gritasse o êxtase que tomou conta de seu corpo. Seus ouvidos zumbiam, e ela tinha certeza de que seu aperto nele era firme o suficiente para tirar sangue. Mas ela não podia evitar, não conseguia recuperar o controle de seu corpo com o fogo líquido correndo em suas veias. O gemido dele vibrou contra as paredes, o som que ele fez quando gozou a excitou um pouco mais fazendo com que sua boceta apertasse o pau dele. As estocadas se tornaram um suave balanço que cessou quando Blake caiu ao seu lado, puxando-a com ele. Gabi sorveu ar, tentando recuperar a respiração estável, enquanto o seu olhar passava por cima dele. Seus lábios estavam vermelhos e inchados. Seu cabelo normalmente bagunçado estava caído contra sua testa. Seus ombros estavam relaxados, o anjo sobre o seu coração subia e descia em movimentos rápidos. —Por que você parou? —Ela perguntou, passando seu dedo sobre as linhas que desenhavam as asas do anjo. —Humm? —Ele levantou uma sobrancelha. 213


—Suas tatuagens. Quando começamos a conversar, você sempre fazia uma tatuagem. Você me contou sobre algumas, como a serpente. —Ela traçou o dedo ao longo do desenho de um corpo escamoso que rodeava seu braço até ficar fora da vista. —Mas os outros eu não tinha ideia, como o anjo. —Ela deu um beijo sobre seu coração e amou o jeito que ele estremeceu sob seus lábios. — Então você parou. —Eu não precisava mais delas. Ela levantou o olhar de seu peito e franziu o cenho. —O que você quer dizer? Ele passou o braço em volta de sua barriga e a puxou para mais perto. — Elas eram lembretes dos erros que cometi e das coisas que eu preciso agarrar para me manter firme. A dor também ajudou. Obter uma nova tatuagem era como um castigo para os meus erros. —Ele deu de ombros. —Então eu te encontrei. —Ele levantou o braço e para que ela pudesse ver uma mensagem escrita no interior de seu antebraço. Você salvou a minha alma. Me deu um novo significado. Lutou contra meus demônios, enquanto eu dormia. —São letras da Reckless. Ele balançou a cabeça. —Essas são suas letras. A música é sobre você. Ela engoliu em seco para eliminar o aperto na garganta e agarrou seu pulso para ler a escrita novamente. —Eu lhe devo minha vida, Gabi. Eu não teria conseguido sem você. Eu não tinha ninguém para me ajudar, e depois que nos conhecemos na sala de batepapo, eu não quis mais ninguém. Ninguém teria me apoiado como você. E quando nos falamos pela primeira vez, seu rosto se iluminou com um sorriso, eu sabia, sem sombra de dúvida, que não teria uma recaída porque eu tinha você. Sua mão caiu para o colchão. Sim, ela sabia que ele tinha estado sozinho em suas lutas, mas não tinha compreendido o quanto seu apoio tinha significado 214


para ele. Blake estreitou seu olhar. —Isso foi demais? Ela balançou a cabeça. Ele passou a mão pelo cabelo dela, escovando-o atrás de sua orelha, enquanto olhos seguiam os movimentos dele. —Eu parei de me marcar quando não precisava mais. —Seus cílios levantaram e suas pupilas dilatadas se focaram nela. —Eu parei nessa. —Ele apontou para o anjo. Mais uma vez, as palavras lhe escaparam. Ela não sabia como responder, ou se mover ou respirar. Ele a tinha derrubado com sua honestidade brutal. Ela soltou uma respiração irregular, então desejou que não tivesse quando Blake endureceu. —Eu gostaria de ter sabido. —Ela disse rapidamente, tentando aliviar sua preocupação. —Então, talvez a gente tivesse se conhecido mais cedo. Ele deu um aceno de cabeça e deu um beijo em sua testa. —Eu acho que não. Eu não era bom o suficiente para você antes... eu ainda não sou. Mas pelo menos agora superei um dos meus demônios, e posso me concentrar em tentar ser o homem que você merece. —Blake. —Sua voz tinha um aviso. —Por favor, não faça isso. —Ela inclinou o queixo e deu um beijo suave em seus lábios, sentindo o seu pau amolecido deslizar de seu corpo. —Você precisa se perdoar. Nós dois temos inseguranças, e não podemos nos concentrar nessas coisas. Precisamos confiar um no outro sem desconfiança. A partir de agora, é só você e eu, ok? —Sim. Ok. —Ele falou e passou a língua contra a dela. —Eu posso fazer isso. —Ótimo. —Ela tentou aprofundar o beijo, mas um bocejo a venceu. —Oh, sim, isso é ótimo. Me diz para não me sentir inseguro, então boceja na minha boca. Isso realmente aumenta o meu ego. 215


Ela riu e se aconchegou sob o queixo. —Desculpe. Eu não pude evitar. Ele beijou sua testa e deslizou do colchão. —Vá dormir. As pálpebras dela caíram, enquanto ele caminhava ao redor da cama, retirando a camisinha. Ela escutou a água escorrendo no banheiro e em seguida, as luzes se apagaram. Momentos depois, ele puxou as colchas da cama e deslizou seu corpo para também deitar sobre os lençóis frios. —Boa noite, anjo. —Ele disse, ficando de conchinha atrás dela, colocando a dureza de seu peito contra as costas dela, aninhando o rosto em seu cabelo. Gabi gemeu, amando a sensação de seu braço possessivo ao redor de sua barriga. —Eu te amo. —Humm, isso ainda não conta. —Ele murmurou. —Mas boa tentativa, querida.

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Capítulo 19 Gabi sentou em uma cadeira de plástico na manhã seguinte, tentando não cruzar e descruzar as pernas com muita frequência, enquanto olhava para frente. Os caras da Reckless Beat, junto com os homens dos bastidores, estavam zumbindo ao redor do palco, instalando cabos, configurando caixas de som, afinando instrumentos. Era como assistir a uma colônia de formigas se preparando para uma tempestade. Todo mundo tinha uma função, e todos eles trabalharam juntos em uma sincronia suave. —É difícil acreditar que dezesseis mil pessoas vão encher essa arena em poucos dias. —Alana falou ao lado dela, tirando-a de um devaneio que envolvia o palco, a música alta e o “instrumento” de Blake. Gabi limpou a garganta. —Sim. —Ela resmungou. Droga, a visão de Blake em uma camiseta branca, cabelo espetado, tatuagens à mostra, calça jeans rasgada, e braceletes só... droga. Ele segurava cada uma de seus baixos com reverência confiante, a concentração deixava vincos em sua testa quando ele afinava as cordas. A mera preparação deixou seu coração palpitante. Ela não queria pensar em como seu corpo reagiria se ele começasse a tocar. Alana riu. —Fascinante, não é? Gabi arrastou seu olhar do palco para dar a Alana um breve sorriso. — Definitivamente. Eles todos parecem tão... —Não houve uma palavra digna de descrever a mistura de autoconfiança, intensidade e quão sexy eram. Alana voltou ao palco com uma risada. —Gostosos. — Sim, muito gostosos. Tão quentes que dava água na boca. Qualquer mulher de sangue quente não seria capaz de resistir à tentação de seduzir esses homens por todos os meios 217


possíveis. Uma vez que Gabi fosse para casa, ela não seria conseguiria afastá-las. —Teste. Um. Dois. —Mason falou sobre o microfone, ricocheteando sua voz pela arena vazia. —Parece bom. —Um membro da equipe técnica gritou, levantando um polegar. —Eu gostaria de poder vê-los tocar... corretamente quero dizer. —Gabi expressou seus pensamentos e suspirou. —Eu acho que verei no futuro. —Cortar esse item de sua lista teria que esperar um pouco. Ela não tinha muito tempo antes de pegar seu voo para Queensland. —Você nunca viu Blake tocar? —A voz de Alana levantou, e os joelhos dela giraram para tocar os de Gabi. — Você não pode sair sem ouvir pelo menos uma música. Espere um minuto. —Ela se levantou e deu um passo em direção ao palco. —Espere! —Gabi agarrou a mão dela e puxou-a de volta. —O que você está fazendo? —Eles estão quase prontos. Tenho certeza de que não se importariam de tocar pelo menos uma música antes de você sair. —Não. —Gabi balançou a cabeça. Ela não queria interromper o ensaio. Eles tinham uma rotina, uma agenda, e estava tudo indo muito bem. E, além disso, ela só iria envergonhar a si mesma quando tivesse um orgasmo em sua cadeira. —Está tudo bem. Sério. —O que está acontecendo? —A voz de Mitch veio do meio da agitação, e Gabi olhou para cima para vê-lo de pé na beira do palco, olhando para elas. —Gabi nunca ouviu Blake tocar. —Alana explicou. Blake levantou a cabeça ao ouvir o som de seu nome e franziu o cenho. — O que foi? 218


Os lábios de Mitch se contraíram e ele virou-se para Blake, falando muito baixo para que Gabi pudesse ouvir. Ela prendeu a respiração enquanto falavam, a tensão crescente em seu peito até que Blake moveu seu foco para Mason e perguntou: —Temos tempo para uma canção? Mason deu de ombros. —Eu estou pronto. —Sean, e você? —Perguntou Blake. Gabi não podia ver Sean na parte de trás do palco atrás de sua bateria, mas ouviu sua resposta. —Sim. Estou bem. —Rye? —Mitch sacudiu a cabeça em questão. Ryan dedilhou sua guitarra, uma mão deslizou sobre o braço do instrumento quando o som atravessou o ar com um tinido do solo ousado. Seus dedos se moviam com precisão. Gabi olhou para capturar todos os detalhes, com o coração batendo com o impacto de cada nota. Então ele agarrou a alavanca11 e o uivo sedutor que se seguiu fez adrenalina correr em suas veias. Quando o ruído se desvaneceu, Mason se posicionou na frente do microfone. —Um simples “sim” teria bastado, espertinho. Outra guitarra soou de uma direção diferente, perfurando seu peito com o som feroz. Gabi atirou sua atenção para Mitch. Ele estava pronto na ponta do palco, olhando para Alana, enquanto tentava superar Ryan, tocando mais rápido, mais forte e mais longo. Cada homem da equipe técnica pegou cadeiras de plástico, todos eles sentados para assistir a performance de improviso. Quando Mitch continuou, Leah saiu da lateral do palco, caminhando em direção a Mason, com seu tablet debaixo do braço. Com um ar de autoridade, ela pegou o microfone e limpou a garganta. —Licença, rapazes. 11

Whammy bar/Alavanca: é uma peça de metal que permite a manipulação da ponte da guitarra fazendo as cordas afrouxarem (a afinação desce) ou apertarem (a afinação sobe). Seu uso pode ser variado, permitindo efeitos singulares no instrumento.

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Mitch bateu a palma da mão sobre as cordas, o peso repentino de silêncio pesado pairou na arena vazia. —Obrigada. Agora que vocês pararam de acariciar seus paus, vocês poderiam, por favor tocar algo adequado para Gabi? Ela tem que ir para o aeroporto em 15 minutos. —Leah fixou os olhos em Mitch. Ela estava profissional e determinada em seu terninho azul marinho, seu cabelo loiro solto e caindo sobre os ombros. Houve uma breve pausa, e então os pratos bateram, altos e ensurdecedores, seguidos de uma batida forte dos tambores em um ritmo alucinante. Sean estava em seu lugar na parte de trás do palco, batendo forte, com os braços movendo-se em um borrão constante antes de parar abruptamente. —Desculpe. —Ele gritou. —Meu pau se sentiu deixado de fora. Leah sacudiu a cabeça e empurrou o pedestal do microfone para Mason antes de caminhar para fora do palco. Gabi não poderia dizer se a sua gerente de banda estava realmente irritada ou agindo com o habitual ar bem-humorado. Ela esperava que fosse o último. Ninguém havia discutido sobre a noite passada, e Ryan e Leah estavam calmos e mantendo distância durante toda a manhã. —Eu acho que estamos prontos. —Mason anunciou, com voz suave e sedutora. —Que música, Emo? Blake apontou para sua virilha e soletrou as palavras “me chupe” antes de virar para Gabi. Seus olhares conectados criaram uma reação em cadeia de sensações que corriam através de seu corpo. Seu estômago virou, os mamilos se apertaram e sua boca secou. Ela adorava esse homem. Sempre o adorou. Vê-lo no palco, em um lugar onde ele se sentia mais confiante, fez com que ela se tornasse ainda mais viciada em seu charme. Ele estava em casa, lá em cima e foi revigorante vê-lo tão vivo. 220


—Angel of Mine. —Ele anunciou e continuou a olhar para ela, enquanto Mason olhou entre eles. Ninguém sabia que essa era sua canção. Cristo, até ontem à noite, ela pensou que foi escrita sobre um amigo de Blake, como todo mundo pensava. Agora Mason estava os observando, seu olhar de questionamento se infiltrando sob a pele deles em busca da verdade. —Ok, vamos tocar. —Mitch anunciou. —Pronto, Mace? —Sean chamou, segurando as baquetas acima de sua cabeça. Gabi prendeu a respiração, esperando. Houve um momento de silêncio. —Sim, estou pronto. —Respondeu Mason, espalmando o microfone no suporte, seu olhar focado nela. Gabi deixou escapar a respiração presa em seus pulmões e sorriu com alívio para Blake. Ele sorriu de volta e murmurou as palavras eu te amo. Gabi ignorou o suspiro de Alana e murmurou as palavras de volta. Eu te amo. —Obrigada linda, eu também te amo. —Mason respondeu. Gabi perfurou o vocalista com um olhar nada convincente, sem conseguir evitar que seus lábios tremessem. Mason tinha um jeito de ser tão doentiamente arrogante que se tornava atraente. Ele sorriu para ela com seus olhos castanhos brilhantes, mas sua expressão não tinha nenhum flerte. Ele estava brincando com ela como um amigo, tratando-a como parte da família, mostrando que ela pertencia ao grupo. Ela não acha que muitas pessoas já experimentaram o lado carinhoso de Mason e ela estava feliz por ser uma das poucas sortudas. 221


Sean bateu as baquetas sobre sua cabeça três vezes forçando-a a se concentrar. Na próxima batida, eles começaram a tocar, a mistura de guitarras, baixo, e bateria com voz de Mason faziam as paredes da arena vibrarem. Com as mãos trêmulas, ela avançou para frente em sua cadeira, sentada na beira para obter uma visão melhor. Blake roubou a atenção dela, hipnotizando-a com cada movimento de seus dedos, com seus braços tatuados flexionados e o toque de seus pulsos com braceletes. Letras ecoaram no fundo de sua mente, e, pela primeira vez, depois de se apaixonar por esta canção há muito tempo atrás, as palavras agora tinham um novo significado. Você me salvou de mim mesmo, do afogamento e da dor. Por mais que ela ordenasse mentalmente, Blake não olhou para ela. Desde o primeiro momento em que seus dedos dedilharam as cordas do baixo, ele manteve-se focado em seu instrumento. Sua cabeça pendia, e seus olhos ficaram fechados por longos momentos. Meu anjo doce, mantenha-me longe da escuridão, acalme o ácido em minhas veias. Quando Mitch deu um passo adiante para seu solo, Blake olhou para cima e ela respirou fundo com vulnerabilidade nua em seu olhar. Ela podia ver o quanto a música significava para ele, podia até mesmo senti-la ecoar dentro dela. Ele se concentrou no instrumento dele, mesmo ouvindo o som agudo que emanava de guitarra de Mitch, atingindo seu peito com a ferocidade. A intimidade das letras, a brutalidade da vida de Blake foi exposta para milhões de pessoas ouvirem. No entanto, ninguém sabia que era sobre ele. Eles. Conforme Mason repetia o refrão pela última vez, Gabi ficou de pé. A música terminou com uma nota de guitarra prolongada, e a essa altura ela estava caminhando para frente. Sem pensar, suas pernas se moviam sozinhas para a 222


escada portátil de pé ao lado do palco. Seu coração batia contra seu peito ficando mais frenético a cada passo. O olhar de Blake a seguiu, tornando-a fraca e vulnerável, forte e determinada, tudo ao mesmo tempo. Ela o observou arrancar sua correia sobre a cabeça e empurrar o baixo para Mitch enquanto corria em direção a ela. Eles se encontraram no topo da escada, e sem dizer uma palavra, se moveram um para o outro, os braços dele a envolveram pela cintura e os dela rodearam seu pescoço, até que seus lábios se encontraram no meio do caminho. Ele roubou sua respiração, seu coração, seu amor e deu o seu em troca. Ele a beijou como se vivesse para sentir o gosto dela. Ele a segurou como se ela fosse sua âncora e ele precisasse de sua segurança. As mãos dele delicadamente acariciaram suas costas, acariciando cada centímetro de pele que tocava. Ela ainda queria mais. Ela não conseguia ficar perto o suficiente, não podia beijar forte suficiente, mesmo assim ela tentou com cada movimento da sua língua e com cada carícia de seus lábios. Suas mãos deslizaram para a bunda dela, levantando-a do chão. Ela envolveu suas pernas ao redor de sua cintura, agarrando-se a ele, não se importando quem assistia. Eles só tinham o agora. Amanhã ela estaria sozinha, perturbada, e com o coração partido. Nada a impediria de desfrutar estes últimos momentos juntos. —Por que vocês não levam isso para os bastidores? —A voz de Leah chamou baixinho. —Vocês têm dez minutos. Blake quebrou a conexão, seu rosto tinha um misto de angústia e luxúria inegável. —Ele só precisa de dois. —Sean riu. Blake descansou sua testa contra a de Gabi, o peito de ambos, arfava em um ritmo feroz. Então, sem aviso ele virou-se, ainda agarrando a bunda dela em suas mãos e caminhou para o corredor lateral. A área estava escura, silenciosa, e 223


levava a uma pequena sala na parte de trás. Uma vez dentro, ele fechou a porta com um chute. Ele caiu contra a porta, imprensando o corpo dela com o dele. —Eu não posso fazer isso. —Ele murmurou. —Eu não posso dizer adeus. —Shhh. —Ela colocou um dedo sobre os lábios. —Não. —Ela não poderia ouvi-lo de qualquer maneira. —Todos os dias nos trarão mais perto de onde queremos estar. É só uma questão de tempo. Ela soltou as pernas de sua cintura, deixando os pés tocarem o chão. Sua boca encontrou a dele, sua língua lambeu seu lábio inferior. Um grunhido retumbou em seu peito, seduzindo-a. —Mostre-me o quanto você me ama. —Ela implorou. —Gabi. —Seu nome era uma súplica. —Eu nunca vou ser capaz de lhe mostrar o quanto te amo. Você nunca acreditaria em mim. Ela ignorou a mágoa em seu tom e passou os lábios até o queixo, em seguida, ao longo de sua mandíbula. Ela acariciou seu pescoço, sugou sua pele em sua boca, marcando-o. Ele respirou fundo e aterrou a dureza de seu pênis em sua pélvis. Sua mão trabalhou entre eles, mexendo no bolso, tirou uma camisinha. Quando ele desfez a fivela do cinto, ela tirou os sapatos e puxou a calça, baixando-a para o chão junto com a calcinha e chutando-as. Eles arfaram um para o outro, as mãos, os lábios e línguas tocando, esfregando e acariciando. Ele a levantou do chão, colocando-a sobre a pequena mesa na altura de sua cintura e empurrou entre as pernas. Gabi agarrou sua camisa em suas mãos e levantou o material, arrastandoo sobre seu estômago e peitoral. Ele rapidamente colocou o canto da embalagem da camisinha entre os dentes e puxou a camisa sobre a cabeça. Ele puxou para baixo a frente da camisa de seda dela, expondo seu sutiã e abaixando as taças 224


para agarrar seus seios com as mãos. Ele gemeu, tirando a cueca que cobria a ereção, que já aparecia entre em suas coxas. —Toque-me. Ela obedeceu, baixando a cueca para expor a pele com muitas veias de seu pênis, envolvendo-o em um punho apertado. Ele assobiou e deixou cair as mãos de seus seios, rasgando a embalagem da camisinha com os dentes e cuspindo a embalagem para o chão. —Isso não vai durar muito tempo. —Bom. —Ela ofegou. Ela queria sexo duro, rápido e brutal. Ele se embainhou com empurrões ferozes, fazendo sua boceta apertar. Agarrando seu pau na mão, ele colocou a cabeça em sua entrada, e em um selvagem impulso afundou em casa, arrancando um grito de sua garganta. Ela se agarrou nele, com as mãos segurando seus bíceps, cercando sua cintura com as pernas. A mesa abalou com seus movimentos, batendo contra a parede, cada vez mais duro. —Oh, Blake... Oh... —Ela fechou os olhos, delirando de tesão. Ele pegou o sutiã novamente, baixando o tecido para apertar seus mamilos. Prazer apertou seu sexo, fazendo-a se empurrar contra ele. —Gabi. —Alertou, uma mão saindo de seu peito a arrastando em torno de suas costas e agarrando o cabelo dela. Ele puxou, expondo seu pescoço. O bang, bang, bang contra a parede aumentou quando a cabeça dele abaixou para o ombro dela. Ela queria gozar, mas não só. Não desta vez. Ela inclinou a cabeça, movendo os lábios ao ouvido dele. — Eu sou uma escrava do jeito que você me fode. Ele puxou mais seu cabelo, fazendo com que sua boceta apertasse seu 225


pau. Tão perto. Oh, tão perto. —Anjo. —O carinho foi um alento neste momento, a fala mansa contra sua pele. O corpo dela estourou com arrepios, a sensação de formigamento espalhou de seu pescoço para seus seios até seu núcleo, empurrando-a para um pico de êxtase. Ela respirou fundo, gemeu seu nome e segurou enquanto onda após onda de prazer pulsava através dela. —Foda-se. —Blake gritou, segurando-a com mais força, afundando mais forte enquanto ambos tinham um orgasmo. Ela se contorceu, arqueando as costas, arranhando as unhas em sua pele até que a névoa de luxúria começou a desaparecer e os seus movimentos se acalmaram, abrandaram até que pararam. —Cada minuto será como uma semana sem você ao meu lado. —Ele puxou para o seu peito, pegando a sua nuca com a palma da mão. —Vai ser infer... Uma batida leve soou na porta e Gabi endureceu. —Sinto muito, pessoal, mas o carro de Gabi está esperando. —Disse Leah. —Nós vamos sair em um minuto. —Blake falou por sobre seu ombro. Era isso. O momento que eles temiam. O coração dela ameaçou rachar sob o peso da inevitável solidão. Ela circulou o corpo dele com os braços, abraçando apertado. —Eu não quero que você venha para o aeroporto comigo. —O quê? —Ele empurrou para trás, e seus olhos frenéticos em busca dela. Ela não queria uma audiência para o seu adeus. Ela precisava fazer isso 226


aqui, enquanto as coisas eram perfeitas. Íntimas. —Vamos fazer isso agora. Assim você pode ajudar os caras e não terá que percorrer todo o caminho para o aeroporto e vice-versa. —Foda-se, Gabi. Eu quero ir com você. —Pense nisso. —Ela colocou a palma da mão contra a bochecha dele e apoiou sua testa contra a dele. —Haverá centenas de pessoas. Será agitado, confuso e apressado. —Ela balançou a cabeça. —Eu não quero isso. Ambos estavam sofrendo, e Gabi preferia sofrer em privado do que ter fãs ou paparazzi gritando e se intrometendo em seu adeus. Ele deu um passo para trás, segurando a camisinha antes de puxar de seu corpo. —Dê-me um minuto. —Ele eliminou a camisinha e fechou o zíper, prendendo o cinto enquanto ela saía da mesa e puxava a calcinha e a calça. Depois de ajeitar as roupas, ela olhou para cima para encontrá-lo com seus olhos escuros torturados olhando para ela. Sem dizer nada, ele abriu os braços e ela foi até ele, caindo neles, sentindo o seu amor e adoração cobrindo-a como uma manta. Ele beijou o cabelo dela e abraçou-a, sem soltá-la. —Nós nos veremos em poucas semanas. —Ele prometeu. —Assim que a turnê terminar, vou estar no primeiro avião de volta para você, ok? —Ele agarrou seus ombros e recuou para que pudesse vê-la. —Nós vamos fazer isto funcionar. Ela assentiu. —Eu sei. —Ela estava determinada a fazer seu relacionamento durar, não importa quão duro o caminho fosse. O fato reconfortante era que ela podia ver a mesma determinação espelhada nos olhos de Blake. —E nós vamos conversar da mesma forma que sempre fizemos. Isso não vai mudar. Ela sorriu para ele. Era bonito como ele estava começando a divagar. —Eu 227


sei. —Ela passou as mãos em volta do pescoço, gravando cada detalhe de seu rosto em sua memória. —Eu não planejo deixar você ir com facilidade. Ele sorriu. —Eu não planejo deixar você ir de jeito nenhum. —Ele deu um beijo suave em seus lábios antes de se retirar com um suspiro. —Onde estão suas coisas? Seu coração se apertou. —Leah estava cuidando delas. —Ok. —Ele pegou a mão dela. —Vamos fazer isso. Ela se endireitou e balançou a cabeça, piscando com a umidade que começou a se formar em seus olhos. —Não. Diga adeus para mim agora. Por favor. Eu não posso lidar com isso na frente dos outros. Sua mão apertou a dela e seu pomo de Adão balançou engolindo. —Puta que pariu, Gabi. Isto é tão difícil. Ela ergueu o queixo e balançou a cabeça. —Não, não é. Nós não vamos deixar isso ser difícil. Nós vamos fazer isso rápido e indolor, como se nós fôssemos nos ver de novo amanhã. —Ela ergueu seu corpo e sorriu para ele. —Eu vou te beijar, e então eu vou embora. Ele a observou por um longo momento, olhando para seu cabelo, seus olhos, sua boca. —Tudo bem. Gabi lambeu o lábio inferior e lentamente ficou na ponta dos pés. —Eu amo você, Blake Kennedy. Ele sorriu por um breve momento. —Eu te amo, doce anjo. Ela colocou a boca contra a dele, e seu nariz começou a formigar com a ameaça de lágrimas. O beijo foi leve como pluma, macio e com toda a força em seu interior reunida, ela se afastou. —Tchau. —Ela sussurrou e virou em seus braços para sair. 228


Seus pés estavam pesados, seus membros doeram quando ela deu o primeiro passo. A mão dele agarrou a dela e puxou-a para trás, arrancando um soluço de seu peito. Ele a puxou em seus braços e segurou seu rosto com as palmas das mãos. Seus lábios esmagaram duramente os dela, demonstrando sua mágoa, multiplicando a sua dor. Suas línguas se emaranharam e suas mãos se enfiaram sob a camisa dele precisando do calor do seu coração. Ela enroscou sua língua na dele, amando o jeito que ele embalou carinhosamente suas mãos. Lágrimas arderam em seu rosto, queimando-a de fora para dentro, fazendo com que seu estômago embrulhasse de paixão e de miséria. Seus lábios se abriram em um suspiro aquecido e ela não se permitiu vacilar. Num piscar de olhos, suas mãos estavam debaixo de sua camisa, no outro ela estava caminhando da sala. —Até logo, anjo.

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Capítulo 20 Eu contei aos meus pais sobre você. Gabi pressionou enviar a mensagem de texto e segundos depois o celular tocou. —Oi, anjo. Estou com saudades. —A voz de Blake parecia cansada. —Eu sinto sua falta, também. —Ela sentia falta de sua voz, seu toque, seu amor, e quase 24 horas haviam se passado. —E obrigada pelos lírios. A florista entregou esta manhã. —Eu esperava que você gostasse deles. —Eu sempre gostei deles. —Blake mandou flores três anos seguidos, e isso sempre lhe dava forças para enfrentar o dia. —Então o que aconteceu com seus pais? Ela inalou e caiu de costas na cama. Eles tinham agido como esperado, ficaram apreensivos, protetores e a desaprovaram. Ela não tinha planejado lhes contar sobre Blake, refletiu sobre o assunto toda a noite de terça-feira. Mas quando ela voltou para casa na quarta-feira, ela sabia que não iria passar um dia sem se libertar da bolha que a oprimia. Se ela não pudesse estar com Blake, então precisava falar sobre ele. E não era como se os pais dela não tivessem tido uma distração. Ela tinha ido com eles até o cemitério, tinha segurado sua mãe enquanto ela chorou no túmulo de Greg, e viu seu pai alto e orgulhoso se concentrar na lápide de seu filho. Gabi fez o chá da manhã, ajudou com o almoço, e lavou os pratos para fazer um novo chá na parte da tarde. Quando eles se sentaram para outro café, as palavras flutuaram de seus lábios. —Mamãe... papai... Eu conheci alguém. —Eu disse a eles que eu estou saindo com alguém. 230


—E então? —Ele rosnou. —Vamos lá, querida, você está me matando. Ela riu. Nada era mais sexy do que aquele som gutural que ele fazia. —Eu suponho que terminou melhor do que o esperado. —O que significa? Ela podia ouvir batidas no fundo, guitarras sendo afinadas e pessoas gritando. —Você está trabalhando? É um momento ruim? —Cristo. Não. Apenas me diga! —Eu posso ouvir o barulho no fundo. Eu não quero incomodá-lo. —Estamos prestes a fazer um ensaio com a banda de apoio. Eu não estou tocando por mais de uma hora, então me diga. Agora, mulher! Ok, ela adiou por tempo suficiente. —Meus pais ficaram... preocupados sobre sua carreira. O que suponho ser justificado. Que pai quer sua única filha namorando um astro do rock? No final, porém, acho que os conquistei. Eles querem conhecê-lo... Bem, acho que meu pai realmente quer te examinar minuciosamente até que você chore, mas pelo menos ele não prometeu não pegar sua espingarda. Silêncio. —Blake? —Isso é ótimo. —Seu tom disse o contrário. —Eu não entendi. Achei que você quisesse conhecer meus pais. —Eu queria... eu quero. —O silêncio a seguir foi constrangedor. —Agora que realmente vai acontecer, eu estou meio que cagando de medo. Suas bochechas levantaram com um sorriso largo. —Eu não estou ansiosa para isso, também. Mas você vai ficar bem. Eles vão te amar. Eventualmente. 231


—Hahaha. Muito engraçado. Deduzo que não lhes disse como nos conhecemos ou como eu me pareço. —Uh, sim e não. Eu disse a eles que nos conhecemos on-line. Gabi se encolheu, lembrando a maneira como seu pai lhe respondeu: —Eu espero que não tenha sido em um desses sites de relacionamento bregas. Ela queria sorrir e dizer: —Não, papai, o site era sobre viciados em drogas. —Em vez disso, ela mordeu a língua. —Eu disse os detalhes básicos. Sua carreira, onde você mora e o mais importante, que você me faz feliz. Por enquanto, isso é tudo o que precisam saber. Dar passos de bebê era a chave para que tudo desse certo. —Bem, eu estou contente que eles já sabem. Você passou o dia bem? Eu queria ligar a cada segundo. Gabi fechou os olhos e encostou a cabeça no travesseiro. Aniversários da morte de seu irmão sempre foram difíceis. Este ano foi pior por causa de suas emoções em ping-pong e o modo como seu coração ansiava pelo conforto do Blake. —Eu consegui passar o dia. —Eu gostaria de estar o seu lado. Ela enrugou o nariz e apertou os lábios. Nenhuma única lágrima caiu pelo seu rosto hoje. Ela não iria começar a chorar agora. —Eu queria que você estivesse aqui, também. —Deus, como ela desejava que ele estivesse aqui. Um simples abraço de Blake iria acalmar o cansaço, a angústia e a tristeza. —Lembreme de novo, quanto tempo até terminar a sua turnê?

*** 232


—Muito tempo, anjo. Muito maldito tempo. —Blake olhou para o chão de cimento cinza e imaginando Gabi em sua mente. As horas em que ficaram separados o deixou determinado. Ele lhe daria a vida de conto de fadas, tudo para a mulher que amava, sua melhor amiga. Seu primeiro obstáculo era Michelle. Ele ficou acordado até de madrugada, escrevendo uma lista de contatos, fazendo chamadas para os EUA e fazendo pedidos a pessoas que lhe deviam favores, de algum modo. Graças a Deus pelo status de celebridade. Algumas pessoas tinham prometido ficar atentas caso surgisse algum papel na área de atuação. Alguns até se ofereceram para procurar em diferentes meios de mídia, o que poderia apaziguar a cadela demônio. —Você vai me ligar antes de subir ao palco amanhã? —Perguntou Gabi. —Com certeza. —Ele empurrou uma pedra com a bota preta e a assistiu rolar pelo chão. Esta merda de distância realmente era uma droga. Como diabos Ryan conseguia fazer isso? —Eu vou te ligar logo no início da manhã e cada quinze minutos depois, se quiser. Ele faria isso se achasse que ela não se cansaria dele no processo. Ele estava morrendo de vontade de estar com ela novamente. Até mesmo o cheiro persistente de seu shampoo em seus travesseiros do hotel o deixava insano. A camareira queria mudar os lençóis pela manhã, e ele teve que mandá-la embora, agarrando-se naquele pedaço de Gabi que lhe restava. Sua risada ecoou pelo celular, e o som de espírito livre feminino aqueceu e quebrou seu coração ao mesmo tempo. —Eu acho que uma vez antes do show será o suficiente. —Ela respondeu. —Já é muito difícil me concentrar em nada além de você sem a promessa de chamadas a cada 15 minutos. Ele também não conseguia se concentrar em nada. As obrigações promocionais da banda começaram esta manhã com entrevistas de rádio e 233


televisão, e Blake estava muito distraído quando perguntaram: —O que você tem feito desde que chegou à Austrália? Aparentemente, “Gabi” não era a resposta correta. Leah não achou a resposta divertida. Não que tenha piorado seu humor já péssimo. Ela ainda não havia se recuperado de sua discussão com Ryan, e nem um deles iria falar sobre isso. —Eu vou deixar você voltar ao trabalho. A despedida na voz de Gabi acelerou seu coração em um ritmo mais rápido. Durante toda a noite sua consciência o incomodou para contar a ela sobre Michelle. As poucas horas de sono só tinham aumentado sua potência. Ele não poderia fazer isso agora, porém, não no aniversário da morte de seu irmão. Blake provavelmente não diria a ela até que se visse pessoalmente outra vez, e esperava que o problema estivesse resolvido até lá. Não, estaria resolvido. Ele tinha certeza disso. Até então, ele teria que lidar com guardar as informações dela. —Está bem. Eu vou falar com você em breve. —Eu amo você, Blake. Um lado de seus lábios levantou em um sorriso. Ele nunca se acostumaria a ouvir isso. —Você sabe, anjo, eu acho que esse realmente conta. —Sempre conta quando eu digo. Ele com certeza esperava que sim, porque agora o seu amor era a única coisa que o mantinha são.

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Capítulo 21 —Eu não quero o seu trabalho de pena, Blake. —Michelle reclamou sobre a ligação crepitante de celular. Após uma semana esperando que um de seus contatos retornasse lhe dando uma resposta, ela finalmente recebeu um convite para um papel. O papel não era grande, era uma coadjuvante em uma próxima comédia paranormal, mas era um trabalho. Um trabalho que pagava, que iria colocar o pé de Michelle de volta a mídia... a tiraria da sua bunda. —Nós fizemos um acordo, e estou farta de esperar. Eu não tenho nada. Nada, Blake! Sem dinheiro. Sem trabalho. Sem vida social. Ou esteja aqui um dia depois de seu último show, e sim, eu sei quando é, ou o acordo estará terminado. Blake agarrou a grade da varanda do hotel e rangeu os dentes até sua mandíbula ameaçar estourar. —Não me pressione, Michelle. Você parece esquecer que não sou o único que será humilhado publicamente com essas imagens. Sua ameaça o aborrecera por muito tempo, deixando-o cada vez mais irritado. Estar longe de Gabi não ajudava. Ele achava difícil de respirar quando não estava perto dela e não queria partir o coração dela. —Pegue a porra do trabalho. —Pegue você a porra do trabalho! —Ela gritou. Como diabos ele tinha sido alguma vez atraído por esta mulher? Ela era louca. Ele fechou os olhos e silenciosamente contou até dez, deixando a leve brisa de Adelaide aliviar sua raiva. Reckless Beat estava voando para o seu destino final, Perth, para uma semana de apresentações. Isso lhe dava sete dias para 235


encontrar uma maneira de acalmar a cadela Malvada do Oeste e obter o seu feliz para sempre. Chame de intuição, mas sempre que ele pensava em Michelle e em Gabi uma dor incessante profunda se estabelecia em seu peito. —Tudo bem. Vou continuar procurando por outra coisa. —Ele rosnou. —Não, você não vai. Esse não foi o acordo. Eu vou encontrar o papel que eu quero. Seu trabalho é fazer com que o meu rosto volte às revistas. Ele não podia permitir isso. Ele precisava apaziguá-la antes de chegar a esse ponto. Dar-lhe dinheiro e lidar com seu falatório era uma coisa. Ferir Gabi com imagens dele com sua ex não era aceitável. Ele não seria capaz de ver a mulher que amava com outro homem, não importa o quão inocente fosse a cena. Assim, ele não faria isso com ela. —E se eu não puder fazer isso? O que acontece, então? —Blake prendeu a respiração esperando a resposta inevitável. —Então você não me deixa escolha. Ele zombou. —Eu não tinha escolha desde o início. Porque você não pode aceitar o papel? Sim, é um papel pequeno, mas pelo menos é alguma coisa. Será uma melhor notícia para as revistas do que nos verem conversando em eventos sociais. O som maníaco do riso dela lhe deu arrepios e o deixou com medo. —Nós não vamos conversar, Blake. Nós seremos manchetes. Chamaremos a atenção e faremos o necessário para que eu consiga um grande papel em um próximo filme. Não vou aceitar um papel pequeno em uma comédia sem nome. Então pare de perder tempo telefonando para seus amigos. Passos suaves soaram atrás dele, e ele se virou para ver o olhar preocupado de Alana do outro lado da porta de tela deslizante. —Eu tenho de ir. —Ele murmurou e terminou a chamada. Quando ele colocou o celular de volta no bolso de sua calça, Alana entrou na varanda 236


segurando um café em suas mãos. —Tudo bem? —Seu cabelo estava despenteado do sono, seu corpo coberto por um roupão de seda rosa. —Tudo bem, Allie. —Ele sorriu e encostou-se à grade do segundo andar, fingindo uma calma que não sentia. Ela quebrou o contato visual e se sentou em uma das cadeiras de madeira, olhando para o seu café. —Isso não soa bem. —Ela lhe lançou um rápido olhar por baixo dos cílios, e depois olhou para sua caneca. Ele deu de ombros. —Não é nada. —Ele queria dizer com um “por favor, pare de perguntar”, mas ela não merecia a sua raiva. —Só uma velha conhecida causando alguns pequenos problemas. Vou resolver isso. Ela tomou um gole de café, olhando para ele por cima da borda. Quando a caneca voltou para baixo para descansar em suas mãos, ela continuou a olhá-lo. —Eu não tenho tanta experiência de vida, Blake, mas não sou estúpida. Eu posso dizer que você está em apuros. Só espero que você venha a mim ou a Mitchell se precisar de ajuda. Blake endureceu sua mandíbula e mordeu o interior de sua boca até provar o leve sabor de sangue. Gabi sempre foi a única com quem ele compartilhou seus fardos, com quem ele contou para aliviar o peso de seus problemas. Buscar Mitch ou Alana seria como uma traição à mulher que tinha estado com ele nos momentos mais difíceis. —Obrigado. —Ele se afastou da grade e ficou reto. —Tudo vai se resolver. Eu não estou preocupado. —Mais uma vez, mentiu. Toda vez que ele proferiu falsas-verdades o peso da culpa se tornava mais pesado. Ela tomou outro gole de café e acenou com a cabeça, focando sua atenção para o parque logo abaixo. —Como está Gabi? Golpe certeiro. 237


—Gabi está... ótima. —Suas palavras não tinham convicção. Inferno, nem sequer ele acreditou em seu tom. —Eu sinto falta dela. —Ele sentia falta dela, ansiava por ela não só em sua cama, mas também em seus braços, queria o cheiro dela em seus pulmões, seu sorriso brilhante em sua mente. No entanto, ele tinha parado de ligar com tanta frequência. Toda vez que conversavam, sentia como se estivesse a traindo. —Eu terei de cancelar nossos planos quando a turnê terminar. Preciso resolver algumas coisas em casa. Alana olhou para ele com o canto do olho. —Gabi tem um bom coração, mas tenho certeza que ela vai entender se você explicar as razões para ela. Ele acenou com a cabeça. Não havia mais nada a fazer. Gabi tinha um bom coração. Um que ele sabia que partiria se descobrisse sobre Michelle. A confiança era uma coisa importante para Gabi, e ele a tinha quebrado. Ela só não sabia disso ainda. E ele esperava que ela nunca descobrisse. —Sim. Ela vai entender. Não deixo de sentir falta dela, no entanto. Alana deu um sorriso triste. —Oh, surpresa, surpresa. —Mitch abriu a porta de correr e pisou na varanda, dando um beijo na testa de Alana. —Bom encontrar vocês dois sozinhos. Alana lançou a seu noivo um sorriso perverso. —Bom dia, querido. Mitch segurou seu queixo e beijou-lhe os lábios com força. —Bom dia. O ciúme era um traço que Blake desprezava, no entanto, sentiu-o de qualquer maneira. Ele estava feliz por seus amigos, mas ver a facilidade de seu relacionamento esfregada em seu rosto só o fez sentir mais falta de Gabi. —Vejo vocês mais tarde. —Ele murmurou e abriu a porta de correr para entrar. —O que há de errado com B? —Perguntou Mitch suavemente. —Eu não sei. —Respondeu Alana. —Mas estou preocupada que seja algo importante. 238


***

Os dias se passaram, como meses, semanas, anos, Gabi até mesmo considerou trancar a sua licenciatura para ficar com Blake. Durante os primeiros 10 dias depois de deixar Melbourne, eles tinham se falado ao telefone e usado todas as redes sociais possíveis para manter contato: Skype, Snapchat, Facebook, Twitter, eles estavam em todas. E ainda não tinha sido suficiente. Por mais de uma semana, ela tinha acordado com e-mails sinceros em contagem regressiva do tempo que eles estariam juntos. Então as coisas começaram a mudar. Blake já não respondia às suas chamadas de Skype, e quando as retornava, suas conversas eram vagas e sem emoção. Ele já não enviava fotos para ela. Não comentava no Facebook ou enviava tweets. Quando ela perguntou a ele sobre isso, ele pediu desculpas e disse estar cansado e desgastado. Ela entendia. Realmente entendia. A vida dele era cheia de noitadas, de adrenalina por causa dos shows e de intermináveis aparições públicas. Era difícil para ele. Porém, ele vivera assim por anos, e não teve uma vez que a ignorou assim. Algo havia mudado, ela só não sabia o quê. Ele tinha conhecido outra pessoa? Tammy estava insinuando isso por alguns dias, mas mesmo sua amiga não admitia essa possibilidade. Seu celular tocou em seu bolso, e ela olhou o professor universitário antes de puxá-lo e verificar a mensagem. Blake: Precisamos conversar. Está livre? Medo consumiu seu estômago e filtrou para seus membros. Ele deveria saber que ela estava na aula hoje. Ela lhe disse em um de seus e-mails que ele não havia respondido. 239


Com um aperto na garganta, ela discretamente arrumou seus livros de texto, pegou sua bolsa e saiu da sala de aula. Ela colocou suas coisas no chão do corredor e começou a procurar o número dele quando seu celular começou a vibrar com uma chamada silenciosa. Ela olhou para a tela, enquanto sua intuição lhe implorava para não atender. Será que ele estava ligando porque pensou que ela estivesse na sala de aula, esperando que ela não atendesse? Será que ele pretendia terminar as coisas em uma mensagem de voz? Bem, muito ruim para ele, ela não tinha nenhuma intenção de deixar a chamada passar para a caixa postal. Ela atendeu a chamada e colocou o telefone no ouvido dela, projetando o queixo. —Alô. —Gabi? Eu não sabia se você ia responder. Ele não queria que ela respondesse, mais parecido com isso. —Saí da aula. —Ela respondeu, retendo a dor em sua voz. —Você não respondeu minhas ligações em tanto tempo que não queria perder a oportunidade quando você realmente quisesse falar comigo. —Ela pode ter escondido a dor de seu tom de voz, mas seu ressentimento era visível. Ela estava fora de si por muito tempo, cheia de dor e insegurança para deixá-lo simplesmente ir sem dizer nada. —Eu sei. —Sua voz era baixa, partindo seu coração um pouco com cada palavra de fala mansa. —Sinto muito. Eu tive problemas em casa que me mantiveram distraído. Eu pensei que conseguiria resolvê-los a essa altura. —O que aconteceu? O que há de errado? —Sua frequência cardíaca aumentou, fazendo suas mãos tremerem ligeiramente. Ela podia ouvir a dor em sua voz, podia sentir a inevitável má notícia que sabia que iria afetá-la. —Nada... maneira. Mas...

nada

que

você

precisa

se

preocupar, de

qualquer

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Ele soltou um suspiro, e ela segurou o dela. Esperando. Em pânico. —Eu não posso me encontrar com você quando a turnê terminar, anjo. Eu sinto muito. Ela fechou os olhos, desejando que a dor se fosse. Os dias separados foram uma luta longa e interminável. Sentia-se separada do seu coração. Sozinha e incompleta. A única coisa que a manteve seguindo em frente era a contagem regressiva para quando eles estivessem juntos novamente, quando as chamadas não atendidas e e-mails sem resposta já não importariam mais porque eles estariam juntos. —Eu-eu entendo. —Ela mentiu. Ela não tinha ideia do que tinha feito de errado ou o que havia mudado entre eles. Eles estavam terminando? Se sim, ele precisava dizer isso. Ela não queria se estagnar por dias, semanas, meses, se perguntando onde eles estavam. —Esse é o fim, Blake? Apenas me diga se é. Diga-me agora, então eu não vou esperar. —Sua voz quebrou, traindo a emoção que a sufocava. Raiva se misturou à dor e a confusão. Ele nunca a deixou no escuro antes, nunca manteve segredos dela, mesmo nos piores tempos. Saber que ele mantinha segredos agora, mesmo depois de terem estado juntos, doía mais do que ela pensava. —Não, Gabi! —Sua resposta repentina acalmou um pouco da tensão que apertava seu peito. —Isso não tem nada a ver conosco. Eu ainda quero estar com você, isso é tudo que quero, só não posso no momento. Assim que eu consertar a bagunça, vou estar no primeiro avião de volta para você. Silenciosamente, ela soltou um suspiro pesado e descansou contra a parede fria. —Eu odeio quando você esconde as coisas de mim. Você nunca fez isso antes. Quão ruim pode ser o seu problema quando você me disse coisas piores no passado? Ela desejou que pudesse ver seu rosto para ler a reação dele. 241


—Por favor, não se preocupe comigo. Essa é a última coisa que eu quero. Pela primeira vez, vou resolver minha própria bagunça. —Ele riu, mas o humor não a alcançou. —Eu não estou acostumado a limpar os meus erros. Eu sempre tive que confiar em você. Ela balançou a cabeça para si mesma. Ele ainda tinha a necessidade de corrigir sua própria vida sozinho e ela tinha que respeitar isso, não importa o quanto doía ficar de fora. —Eu quero que você tenha orgulho de mim. —Ele sussurrou. Ar saiu de seus lábios e ela olhou para o teto, sentindo a esperança desaparecer de seus olhos. —Eu sempre fui orgulhosa de você. Gostaria que você soubesse disso. —Eu sei. Mas preciso fazer isso para me sentir como se eu realmente tivesse duas bolas. Homens de verdade corrigem sua própria merda, sabe? Ela riu e fungou. —Está bem. —E eu sinto muito por estar distante. Eu queria falar com você todos os dias, mas meu estado de humor é contagiante. Eu não quero arrastar você para baixo. Assim que eu tiver a minha vida sob controle, as coisas vão voltar ao normal, e estarei no primeiro voo de volta para você. —Por favor, não leve muito tempo. —Ela não deveria sobrecarregá-lo, mas sentia tanta falta da amizade dele que não podia se permitir não dizer essas palavras. Estar sem ele fisicamente era algo que ela viveu por anos. Ficar sem seu apoio e sua bondade era completamente diferente. —Eu recebi um e-mail de Alana sobre a festa de noivado. —Ela falou rapidamente, na esperança de mudar de assunto. O convite veio uma semana depois que Gabi deixou Melbourne. A celebração acontecerá em Nova York, não muito tempo depois da Reckless Beat terminar a turnê. Blake ficou em silêncio por um momento, antes de perguntar. —Você 242


acha que você pode vir? —Eu gostaria de poder. —Eu também. —Ele sussurrou. —Mas espero que antes eu consiga voltar para a Austrália. —E perder a festa de noivado? —Ele estava falando sério? O Blake que ela conhecia nunca perderia um evento como esse. Ele não estava fazendo sentido. Primeiro, ele não falava com ela nem retornava seus e-mails, agora ele queria perder um evento monumental para voar de volta para ela? Dúvida obscureceu sua mente, e ela afastou suas suspeitas antes que tivessem tempo para se formar completamente. —Você não pode perder isso. Nós estaremos juntos em breve. —Ela falou as palavras, mesmo que não acreditasse tanto nelas. Cada segundo que passava a deixava nervosa, deixando-a ansiosa para ver Blake pessoalmente. —Sim. Mas logo parece uma eternidade. Logo não significava nada para Gabi. Ela não sabia que problemas ele tinha para resolver em casa. —Você me perdoa por cancelar os nossos planos? Ela suspirou, longo e alto. —Sim. —Ela não tinha escolha. —Eu vou te recompensar. —O flerte insolente de suas palavras aqueceu seu coração. —Não se preocupe. Eu vou lembrá-lo disso. Ele riu, e ela podia imaginá-lo sorrindo, com seus olhos escuros brilhando e seus músculos flexionando enquanto reclinava em uma espreguiçadeira. —Ok, anjo. Eu vou deixar você ir. Desculpe-me por interrompê-la durante a aula. Quando as coisas se acalmarem, vou deixar você saber. 243


O coração dela capotou, apertou e caiu para as solas dos seus pés. Ela queria saber quando falaria com ele de novo, mas também não queria parecer carente. —Tudo bem, tchau. Ela esperou por sua despedida e terminou a chamada. Agarrando seus livros e bolsa do chão, caminhou até a porta da sala de aula. O palestrante falou alto, apontando para o quadro branco atrás dele com uma régua de madeira, mas de maneira nenhuma ela poderia se concentrar agora. Não quando sua mente soava freneticamente como uma máquina de pinball. Recuando, ela começou a descer o corredor, indo para o estacionamento. Quando estivesse em casa, enviaria um e-mail para um de seus colegas de classe pedindo anotações e outro para Alana. Se Blake não poderia lhe dar qualquer resposta, talvez a noiva de Mitch pudesse.

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Capítulo 22 Os dedos de Blake pairavam sobre o botão de envio de e-mail. Oito dias se passaram desde a última vez que falou com Gabi, e agora ele voltando para casa, sentado no jato da Reckless Beat enquanto aterrissava no aeroporto de Teterboro. Ela tinha enviado um e-mail a ele todos os dias, suas mensagens estavam cada vez mais preocupadas sobre quanto mais tempo ele ficaria sem responder, mas ele ainda não sabia o que dizer a ela. Ele

releu

o

e-mail

que

ele

ainda

não

tinha

enviado: Ei,

anjo. Desculpe que eu estive distante. Eu só queria que você soubesse que eu cheguei em segurança e espero estar com você em breve. Amor, Blake. —O que há de errado? —Mason perguntou do assento ao lado dele. Blake olhou para cima e encontrou os olhares examinando-o de cada membro da banda, juntamente com Leah e Alana. Todos sabiam que algo estava errado. Eles só assumiram que era sobre estar longe de Gabi. —Nada. —Ele se concentrou novamente em seu celular e pressionou enviar. O e-mail era sem graça, na melhor das hipóteses, mas pelo menos ele estava mantendo contato. Ele não poderia falar com ela nem ouvir a dor em sua voz, especialmente quando ele não poderia tranquilizá-la. Não demoraria muito até que seus problemas estivessem resolvidos. Ele e Michelle teriam um café-damanhã juntos uma ou duas vezes, seriam vistos nas mesmas casas noturnas e criariam algumas manchetes excitantes o suficiente para chegar às revistas de fofoca globais. Em seguida, bam! o diabo iria deixá-lo em paz. 245


Até então, ele precisava manter distância de Gabi. Ela precisava se concentrar em seus estudos de qualquer maneira, e ele tinha ido longe demais com os segredos para que ela soubesse sobre Michelle agora. —Nada? Como o mesmo “nada” que tem mantido você mal-humorado pelas últimas três semanas? —Mason perguntou. —Ou o mesmo “nada” o faz você xingar toda vez que olha seu celular? Para pessoas que você se recusa a nomear. —Acrescentou Mitch. —Deixe-o em paz. —Alana falou baixinho. —Ele vai contar quando estiver pronto. Leah se inclinou de seu lugar em direção a ele. —Estamos preocupados com você, Blake. —Não há nada para se preocupar. —Ele respondeu, tentando não se mover desconfortavelmente em sua cadeira com toda a atenção. —Sinto falta de Gabi. Fim da história. —Então por que você não ficou na Austrália? —Leah fez uma careta. — Não haverá compromissos da banda por um tempo. Você não tinha que voltar com a gente. —Eu tenho coisas que preciso resolver em casa. Uma vez que estiverem resolvidas, vou estar no próximo voo de volta para ela. —Ele deu de ombros. — Não é grande coisa. Eu só sinto falta dela, isso é tudo. O jato parou e um por um, eles soltaram os cintos de segurança, permitindo que a conversa acabasse. Enquanto ele se levantava e recolhia sua bagagem de mão, Ryan surgiu ao lado dele. —É difícil, não é? Deixá-la para trás, quero dizer. Eu tenho feito isso há anos, e nunca fica mais fácil. —Ryan deu um tapinha no ombro de Blake. — Espero que o problema que você tem de resolver não seja muito grave. 246


Blake virou-se para Ryan e bateu em seu ombro. —Não, está tudo bem. Eu tenho um novo respeito por você. A coisa toda de longa distância é uma merda. Como você faz isso? Ryan zombou: —Obviamente, não muito bem. Meu casamento está por um fio. —Você vai sair dessa. Tenha fé. —Eu honestamente não acho que vamos. —Ryan deu de ombros. —E não tenho certeza se quero mais tentar. Qual é o ponto? Além de estarmos miseráveis, juntos não é melhor. Eu estou começando a pensar que flagrar Julie me traindo vai ser uma boa desculpa para um divórcio. Blake recuou, surpreso, enquanto seu amigo caminhou até a porta da cabine aberta. Ele tinha estado muito consumido com seus próprios problemas para perceber o que Ryan estava passando? —Eu sou a porra de um idiota. —Ele murmurou para si mesmo e agarrou seu iPad que estava entre as almofadas do assento e o colocou no bolso da calça jeans para o passaporte. —Ei, Rye, espere. Blake foi o último a descer a escada do jato, protegendo os olhos do sol da manhã. O transporte do aeroporto os esperava a poucos metros de distância, e ele subiu, decepcionado ao encontrar Ryan já sentado ao lado de Mason. Casamento sempre significou muito para Ryan, assim Blake não poderia deixar a conversa passar em branco. Eles teriam que conversar mais tarde, depois que dormissem e no conforto de casa seus problemas seriam menos desgastantes. O ônibus os levou para o edifício da alfândega, onde passaram pelo protocolo de segurança habitual. Em poucos minutos, todos estavam indo para as portas da frente, sendo seguidos por dois seguranças habituais. —Outra multidão? —Leah perguntou. 247


Um dos homens deu de ombros. —Não é muito grande. —Ok, pessoal, vamos fazer uma saída rápida. Eu quero ir para casa. — Leah caminhou para fora e esperou. A explosão de barulho de seus fãs entrou em erupção quando eles saíram do edifício. Mulheres seguravam cartazes declarando o seu amor, os homens gritavam enquanto suas câmeras brilhavam, nada de novo ou fora do comum. Exceto pela mulher passando pela multidão. Um dos seguranças se lançou para ela, mas suas mãos deslizaram de sua cintura fina quando se desviou de seu alcance. Ela correu em direção a Blake, jogando seus grossos óculos escuros e boné de beisebol para o chão, liberando uma massa de cabelo loiro morango e sedoso. Merda. Michelle se lançou sobre ele, envolvendo as pernas ao redor de sua cintura. Ele não teve escolha, senão agarrar seus quadris para se firmar e cambaleou até se estabilizar. Ela se agarrou a ele, suas coxas apertando-o com força, suas mãos correndo em volta de seu pescoço. —Receba o inferno... —Suas palavras morreram em seus lábios, e ele sentiu o choque de sua boca dura e inflexível contra a dele. Ele recuou e deixou as mãos cair do corpo dela, deixando-a cair a seus pés. Câmeras brilharam, pessoas aplaudiram, mas nada disso interrompeu o thump, thump, thump de seu peito enquanto ele se perguntava como explicaria isso para Gabi. —Filha da pu... —Agora, agora. —Ela sussurrou, colocando um dedo sobre sua boca. — Isso é jeito de cumprimentar sua namorada? Ele deu um passo para trás, ganhando distância para respirar. Mason caminhou em direção a eles, seu olhar pulando de Michelle, depois de volta para Blake. —É este o “nada” que você estava falando? Não havia uma pedra grande o suficiente sobre a qual Blake pudesse se 248


esconder. Todos olharam para ele, os fotógrafos, os fãs, os seguranças, Mitch, Leah, Alana e Sean. O pontapé final para as bolas veio quando ele pegou o olhar mordaz de Ryan. —Lembre-me de não deixá-lo perto da minha esposa. —Agora, este é o tipo de atenção que eu estava falando. —Michelle ronronou, o canto de seus lábios levantando em um sorriso ameaçador. Ele queria estrangulá-la. Envolver as mãos em volta de seu pescoço e torcer a vida dela. Ela deu um passo em direção a ele, colocando as mãos sobre o peito. Tudo o que ele podia fazer era ficar em pé, chocado demais para descobrir como lidar com a situação sem fazer uma bagunça maior. —Saia de perto de mim. —Ele rosnou baixinho. —Oh, querido, as fotos já foram feitas. Não adianta se preocupar com isso agora. —Ela esfregou seus seios contra o seu corpo, e ele se encolheu. —Não foi tão ruim, foi? Ele ignorou a pergunta, evitando-a e andando para limusine. Tudo o que ele conseguia pensar era em Gabi. Como ela reagiria. O que ela diria. E como seu belo rosto se contorceria de dor quando visse as fotos inevitáveis. —Blake, espera. —Michelle chamou sobre o vociferar de perguntas dos fãs. Ele continuou caminhando em passos largos em todo o asfalto, subiu no veículo que o esperava e fechou a porta. No interior, o silêncio que reinou era palpável e desconfortável. —Gabi vai ficar devastada. —Alana sussurrou para Mitch, alto o suficiente para que todos pudessem ouvir. É. Gabi ficaria devastada. E o pior? Blake teve um sentimento que este era apenas o começo.

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Capítulo 23 Gabi acordou com o toque do seu alarme do celular e fez uma careta por causa da rigidez do pescoço e da cabeça latejando. Ela tinha ido para a cama cedo. Todas as noites ela adormecia preocupada com seu relacionamento com Blake, isso estava prejudicando sua saúde e nada parecia melhorar seu humor. Tudo o que ela precisava eram respostas. Alguma dica. Ela estava presa no limbo, sem saber se a distância emocional que tinha colocado entre eles foi por causa dos problemas que enfrentava ou simplesmente porque não sabia como acabar com as coisas entre eles. Alcançando o celular na mesa de cabeceira, ela silenciou o alarme e franziu o cenho para todas as notificações sobre a parte superior de sua tela. Twitter, e-mail, Facebook, chamadas não atendidas, mensagens. Todos os ícones ficaram lado a lado. Ela sacudiu o dedo sobre a tela e clicou na primeira notificação de mensagem de texto de Tammy: Gabi me ligue o mais cedo possível, querida. As chamadas não atendidas vinham de seus pais e... Tammy. Mais uma vez, nada de Blake. Era cedo demais para retornar todas as chamadas, então ela entrou no Twitter e procurou suas hashtags favoritas. #recklessbeat e #blakekennedy era tudo o que ela se preocupava em seguir, e havia muitos tweets recentes. #blakekennedy contente de ver que você voltou com Michie. A mulher é malditamente gostosa. Seu coração se apertou e ela pulou na cama. Tinha que haver um engano. Ou talvez ela ainda estivesse dormindo. 250


#blakekennedy vai BANG! Mal sai do jato e já tem uma mulher literalmente correndo para ele. Eu me curvo ao mestre da b*ceta. Gabi não conseguia respirar por causa do aperto em sua garganta. Ela deslizou o feed do Twitter, lendo comentários semelhantes, a maioria mencionando algo entre Blake e Michelle. Alguns incluíam links para fotos, e a curiosidade exigiu que ela desse uma olhada, mesmo que sua mente implorasse que não. #RecklessBlake desolada por vê-lo se reencontrar com Michelle no aeroporto. Mas feliz por vocês. Tirei essa foto... O sangue dela batia forte em seus ouvidos enquanto ela clicava no link da imagem. Na batida seguinte, seu peito apertou e ela cobriu a boca com um suspiro. —Oh, Blake, o que você fez? A foto mostrava uma vista lateral dele de pé, com as mãos segurando a cintura fina de uma mulher que tinha as pernas em torno de seus quadris e sua boca contra a dele. Gabi soube imediatamente quem era. Ela. Michelle Clarkson. Ex de Blake. Ou o que o feed do Twitter agora esclareceu como sua nova namorada. Gabi deixou cair o celular, segurando seus dedos contra os lábios para se impedir de vomitar. Ele não faria isso com ela. Como ele podia fazer isso com ela? Ela deslizou do colchão e colocou seus pés no chão. Ele não faria isso. Não Blake. Não depois de tudo que haviam compartilhado. Ele tinha mais decência do que jogar com suas emoções. 251


Então, por que não entrou em contato com você? A razão zombava dela. Ela não queria pensar sobre isso. Se o fizesse, ela perderia o controle e cairia em um lugar escuro do qual não poderia se recuperar. Talvez seja esta a razão pela qual ele se distanciou. Ele estava jogando com Gabi fazendo-a de tola? Ou Michelle era a situação que ele queria resolver sozinho? Sim, parecia que ele estava resolvendo satisfatória e adequadamente. —Oh, Deus! —Ela engasgou. Seu celular vibrou em cima da cama, piscando com uma chamada recebida. Ela congelou, sem saber o que fazer se o nome de Blake estivesse na tela. Avançando, ela ergueu o queixo e olhou para baixo. Tammy. Claro que não era Blake. Outro punho bateu em seu peito. Mesmo que ela não soubesse o que dizer a ele, ela queria que ele se importasse o suficiente para ligar. O seu reencontro com Michelle espalhado por toda a internet não era algo que ele não podia notar. Ou, oh Deus e se ele não se importasse? Talvez ele estivesse muito ocupado fodendo a prostituta. Ela correu para o banheiro e caiu de joelhos, arfando sobre o vaso sanitário. Seu estômago se apertou e bílis embargou sua garganta, mas nada saiu. Minutos se passaram, sua cabeça ainda pendia sobre o vaso e lágrimas queimavam em seus olhos. Ela precisava se preparar para o trabalho: Tomar banho. Se vestir. Comer. se ela puder engolir qualquer comida e superar a indisposição que a consumia. Não era como se ela não esperasse algo assim. Blake sempre tinha sido muito bom para ser verdade. Esta era a realidade e isso a ajudaria a abrir seus olhos. Levantando-se, ela caminhou até seu quarto, pegou as roupas dela do 252


armário e voltou para colocá-las na pia ao lado do chuveiro. O nariz fungou, recusando-se a chorar. Tabloides prosperavam na criação de fofocas. Esta poderia ser outra cena de uma celebridade fora de proporção... Ou ela estava sendo fraca e ingênua procurando desculpas improváveis? Pare! A boca de Blake em outra mulher nunca seria aceitável para ela, não importa o modo como a imprensa noticiasse a história. Com as mãos dormentes, ela abriu as torneiras e deu um passo sob o chuveiro. Rumores não iriam derrubá-la. Não. Ela era mais forte do que isso. Eles eram mais fortes do que isso. Blake só chegou nos EUA há menos de 12 horas atrás, e se algo tão monumental como a sua relação estava em jogo, ela tinha certeza de que a sua primeira prioridade seria entrar em contato com ela. Ela fechou os olhos e pensou na imagem do Twitter. Ele tinha os olhos abertos. Blake tinha beijado Michelle com os olhos abertos! Um vislumbre de esperança despertou em seu coração morto. Ela ajeitou a postura e inclinou a cabeça para trás sob a água. Nenhum homem jamais beijou uma mulher com quem se importasse com os olhos abertos. Tinha que ser uma armação. Blake ia ligar para ela. Ela podia sentir isso. Ele iria chamar ou mandar um e-mail ou ligar pelo Skype e explicar tudo. Ela só precisava se esforçar mais para convencer-se disso.

***

Blake apertou o botão de canal no controle remoto de sua televisão repetidamente. Ele não tinha ideia do que estava na tela, mas a ação manteve as mãos ocupadas e longe de seu celular. Um dia tinha passado desde que voltou 253


para casa, e tudo o que ele tinha feito era se esconder do mundo em seu apartamento. —Você já ligou para Gabi? —Mitch entrou na sala, sentando-se ao lado dele no sofá de couro e lhe entregando uma lata de refrigerante. Blake sacudiu a cabeça. Ele não podia ligar para ela. Ouvir sua respiração fraquejar enquanto lhe contava sobre Michelle iria destruí-lo. Ela ainda acreditaria nele? Esta manhã, os tabloides descreveram um reencontro entre antigos amantes, e não a volta para casa estressante e cheia de ódio que realmente foi. Tudo o que ele queria era fazer Gabi feliz, mantê-la com os olhos brilhantes cintilando e seu lindo sorriso. Ele queria deixá-la orgulhosa, mas tudo o que fez foi decepcioná-la. Ele passara todo tempo rezando para que Gabi não tivesse visto as fotos. Não era um exagero desejar isso. O frenesi no Twitter e no Facebook foi um mini turbilhão de fofocas que logo se dissipou, no entanto as fotos estariam na internet para sempre. Se Gabi soubesse onde procurar, iria encontrá-las. —Ela não ligou ou mandou um e-mail desde que voltei para os Estados Unidos, então vou levar isso como um bom sinal de que ela não viu as fotos. E eu disse a ela que estaria fora de contato por um tempo, porque tenho coisas para resolver, e ela tem trabalho e faculdade para mantê-la ocupada. —Você precisa ligar para ela. —Mitch abriu sua lata e descansou de volta nas almofadas. —Allie está extremamente chateada e se preocupando com ela. Allie estava extremamente chateada? Blake deixou o estresse, a raiva e o medo tomarem conta dele, permitindo que o seu sangue fervesse com irritação, enquanto seu coração doía. Ele bateu com a lata de refrigerante na mesa de café e jogou o controle remoto, observando-o deslizar contra a madeira polida e cair no chão acarpetado. Em uma explosão de emoção incontida, ele ficou de pé. — Allie precisa cuidar da porra da sua própria vida. Ele deu dois passos, começando a andar, antes de parar. Merda. Ele 254


finalmente perdeu a cabeça. Seus amigos estavam ocupados com o planejamento da festa de noivado, mesmo assim Mitch continuou encontrando tempo para parar e ver como ele estava e Alana sempre lhe enviava comida. Blake passou as mãos pelos cabelos e os puxou, tentando aliviar a dor emocional com física. Isso precisava parar. Ele precisava assumir o controle de sua vida. Só que toda vez que ele tentava, parecia foder tudo ainda mais. Era hora de decidir o seu futuro. Ou então ele perderia Gabi, ou sua posição na Reckless Beat. Ou os dois. Mitch limpou a garganta e lentamente, Blake virou-se para encontrar o olhar de seu amigo. —Desculpe. —Ele murmurou. —Eu não pretendia... —Ser um babaca? Blake sorveu uma respiração profunda e engoliu em seco. —Sim. —Bem, ache-se afortunado que Alana não o ouviu. Eu teria que chutar a sua bunda. E apesar de você merecer e eu definitivamente apreciar, parece que você está sofrendo o suficiente. Blake deu uma risada tímida. Ele merecia uma surra. A dor de algumas costelas quebradas seria uma bênção em comparação com o tumulto em sua mente que o mantinha acordado à noite. —O que está acontecendo, Blake? —Mitch acenou com a mão preguiçosamente para cima e para baixo em sua direção. —Esse não é você. Eu nem o reconheço mais. A decepção bateu-lhe no peito, quase o derrubando. —Nem eu. —Ele sussurrou. Ele se perdeu quando Gabi voltou para Queensland. Ele não sabia como encontrar-se novamente. Não sem a orientação dela. —Eu estou em apuros. Mitch levantou uma sobrancelha e se inclinou para frente, colocando a lata na mesa de café. —Que tipo de problemas? 255


Blake continuou a andar. Ele não tinha ideia de por onde começar ou se ele deveria mesmo revelar seu passado. Não havia muito o que dizer, muito o que esconder. —Se você precisar de ajuda, sabe que só tem que pedir. Seja o que for, nós podemos corrigir. Blake riu. Se fosse assim tão fácil. Ele sabia que uma vez que os esqueletos estivessem fora, Mitch olharia para ele de forma diferente, e o que ele conseguiria? Não havia nada que alguém pudesse fazer. No entanto, ele não poderia aguentar a pressão mais. Ele precisava se apoiar em alguém. Ele era um idiota tão fraco. —Você está Gabi e Michelle.

com

ambas? É

isso? Você

tem

uma

coisa

com

Blake parou. —Não. Inferno não. Eu não quero ter nada com a Michelle. —Então qual é o drama? Basta dizer-lhe para se afastar. Blake se arrastou até o sofá, sentou-se então se inclinou para frente para colocar a cabeça entre as mãos. —Você está começando a me preocupar. —Mitch murmurou. —Eu tenho essa sensação horrível, e quanto mais você adia para me dizer, mais me assusta. Blake fechou os olhos, tentando limpar sua mente. Sua cabeça estava confusa e seu coração pesado. Ele não podia ver nada além de uma imagem de Gabi, seus olhos se encheram de lágrimas e sua boca franzida de dor. Ele faria isso com ela. Ele iria despedaçá-la. —Ela está me chantageando. —Ele abriu os olhos e se endireitou quando o peso saiu de seus ombros. —Chantageando? —Mitch soprou as palavras. —Com o quê? 256


Inclinando-se para trás, Blake puxou o celular do bolso, rolando suas mensagens e clicando na imagem que Michelle tinha enviado. Ele entregou a Mitch. Uma imagem falava mais que mil palavras o que era conveniente, pois Blake não poderia proferir um som. Ele esperou, e seu peito apertou durante os segundos que Mitch não fez nenhum comentário. O silêncio tornou-se ensurdecedor, soando em seus ouvidos até que o celular foi entregue de volta para ele. Droga. Blake não devia ter arrastado mais ninguém para essa situação. Era a sua batalha para lutar, sua merda para corrigir. Ele era fraco e egoísta para colocar os seus problemas aos pés de outra pessoa. Ele estava prestes a abrir a boca e pedir para Mitch esquecer o que viu, quando a voz de seu amigo quebrou o silêncio. —Diga-me o que eu tenho que fazer para ajudá-lo a corrigir isso.

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Capítulo 24 Dois dias se passaram desde que a fofoca sobre o reencontro do antigo casal tomou conta do ciberespaço. Talvez três. Gabi estava muito emocional para se lembrar. E Blake ainda não tinha entrado em contato com ela. Nem por telefone, email, Skype, Twitter, ou pombo-correio. Quanto mais o tempo passava, menos com coração partido ela ficava. A raiva era agora sua melhor amiga. Nem mesmo Alana podia responder às perguntas que lhe fizera por e-mail. Parecia que Blake não queria falar com ninguém sobre o seu problema. Ela estampou uma fachada corajosa para o que pareceu uma eternidade e enfrentou seus pais e amigos de cabeça erguida, junto com suas perguntas sobre a fidelidade de Blake. —É um golpe de publicidade. —Ela respondeu à sua mãe e às perguntas cuidadosamente formuladas do seu pai. —Ele está passando por alguns problemas particulares em casa que eu não posso discutir. —Ela explicou a Tammy. Pelo menos essa não tinha sido uma mentira. Gabi não podia discuti-lo com sua amiga porque não tinha ideia do que era. Todos a olhavam com simpatia, como se ela estivesse delirando. Talvez ela estivesse. Parecia ainda mais provável agora que estava sentada na frente de seu laptop, prestes a comprar um bilhete de ida para Nova York. Em seu caminho para casa após o trabalho no dia anterior, ela passara por um outdoor que anunciava o início de uma grande venda das companhias aéreas internacionais. Coincidência? Talvez. O destino era uma putinha conivente? Definitivamente. 258


Durante a noite, Gabi havia se resignado a ver Blake o mais rápido possível. Mesmo que ele ligasse agora e explicasse cada uma das milhares de perguntas que a assombravam não seria o suficiente. Suas inseguranças tinham ido além do pensamento racional dias atrás. Ela precisava vê-lo, para ler a expressão dele e não desistir de perturbá-lo até que ele cedesse e lhe dissesse o que diabos estava acontecendo. Ela havia enviado um e-mail a seu professor universitário e deixou uma mensagem para seu chefe. Nenhum deles ficaria feliz com seu súbito sumiço, mas era apenas uma questão de tempo antes que ela arruinasse suas notas ou fosse demitida em seu atual estado de aflição. Todos os detalhes vieram à sua mente. Seu passaporte estava válido. Ela poderia fazer a mala hoje, trabalhar amanhã, e assim que o seu turno terminasse, tomaria o último voo disponível para Sydney, esperaria no aeroporto até a sua conexão de voo para os EUA chegar. Isso. Seria. Fácil. E a cereja no topo era a festa de noivado de Mitch e Alana como uma patética desculpa para um voo de 20 horas. Aplausos para mim. Parecia muito irracional, mesmo em seu estado de espírito louco, gastar todas as suas economias nesta viagem sem falar com Blake antes. Seu orgulho exigia que ela esperasse que ele fizesse o primeiro contato, mas o tempo apropriado para isso já tinha passado. Sim, ela precisava vê-lo, mas não se ele planejava terminar com ela assim que ela chegasse. Antes que ela pudesse pensar nas consequências, Gabi pegou seu celular e rolou para o número dele. Mesmo que a taxa de chamada internacional a mandasse à falência, ela apertou o botão para ligar. 259


Com o primeiro toque, sua pele começou a suar, e ela enxugou as palmas das mãos úmidas em seu pijama. O fato de que era dez horas da manhã e ela ainda estava de pijama falava muito sobre seu estado de motivação, mas esse era o menor de seus problemas. A chamada conectou e o segundo de silêncio parou seu coração. A voz da mulher que ouviu a quebrou completamente. —Alô. —Disse a mulher, com a voz baixa e áspera de sono. —Ahh... alô. —Gabi se engasgou com as palavras. Uma mulher estava atendendo o celular de Blake. Uma mulher com uma voz tão rouca que soava como se tivesse dando boquete por horas. Com um pensamento mais rápido que a levou para fazer a chamada, Gabi desligou. —Puta merda! —Ela agarrou o telefone, e seu estômago apertou com as emoções que ameaçavam explodir. —Argh! —Um grito irrompeu de seus lábios e seu celular saiu voando pelo quarto. O estalo alto quando atingiu o gesso da parede a fez desabar no chão. Ela rastejou de quatro para buscá-lo. —Por favor, não esteja quebrado. Por favor, não esteja quebrado. Por favor, não esteja... filho da puta! A tela foi esmagada, e um pedaço de plástico estava faltando na parte de trás, expondo os componentes eletrônicos no interior. Isto era exatamente o que ela precisava. Isso não a impediu de andar de joelhos ao seu laptop e bater o dedo no botão Enter. Há! Bilhetes comprados. Uma coisa era romper o curto relacionamento com sua namorada de longa distância, outra era arruinar uma longa amizade. Blake tinha algumas explicações a dar, e Gabi não descansaria até saber o que diabos estava acontecendo. —Nova Iorque, aqui vou eu. 260


***

Alana entrou na sala de jantar de Blake, colocando uma bandeja de biscoitos em cima da mesa. Ele observou enquanto ela sorria para Michelle, que estava sentada em frente a ele e em seguida, passou por Mitch na cabeceira da mesa, ficando ao lado de Blake. Sua pele estava pálida; suas belas feições estavam mais cansadas por causa de uma gripe do que quando ela entrou em seu apartamento uma hora atrás. Ela não deveria estar lá, mas Mitch insistiu em ser seu braço direito quando enfrentasse Michelle e aparentemente, Alana se recusou a ficar em casa. Ela se inclinou para ele, e ele inclinou o ouvido em direção a ela para ouvir melhor seu sussurro rouco. —O telefone tocou enquanto eu estava na cozinha. Me desculpe, eu pensei que poderia ser uma chamada de negócios e poderia levar uma mensagem... Blake se inclinou para trás e percebeu que sua falta de cor era por causa da ansiedade, e não da gripe. —Isso é bom, Al, sem problema. O que queriam? Seu olhar saltou para Mitch, então voltou para Blake. Ela se aproximou mais, o calor de sua respiração roçando sua pele. — Quando eu o peguei, o nome de Gabi estava na tela. Sinto muito, Blake. Eu sei que você está mantendo distância dela, mas eu não podia deixar de responder. Ele se endireitou, seu coração começando a bater como se estivesse correndo uma maratona. —Como ela está? O que ela disse? —Eu disse “alô”, e ela respondeu. Então desligou. Acho que ela não reconheceu minha voz. Claro que ela não reconheceu. Os golpes do destino continuavam chegando. A voz de Alana estava quase irreconhecível com a tosse e os sintomas da gripe. 261


—Ok. —Ele acenou com a cabeça, mantendo a sua voz sem emoção, assim Michelle não sentiria seu pânico. —Eu vou resolver isso mais tarde. Alana recuou, com o cenho franzido. —Não se preocupe, querida. —Ele deu-lhe um sorriso indiferente. —A situação não poderia ficar mais fodida mesmo se eu tentasse. Um suspiro doloroso escapou de seus lábios. Ela virou-se e foi embora. Mitch se inclinou para frente, seu olhar focado nas costas de Alana, enquanto ela fugia da sala. —O que está acontecendo? —Eu odeio interromper. —Michelle zombou. —Mas tenho um compromisso em menos de uma hora. Você me chamou aqui para conversar, então fale. Mitch se endireitou na cadeira, com sua mandíbula pulsando. —Tudo bem. —Blake rosnou. —Eu chamei aqui porque já tive o suficiente. Estou desenhando uma linha na areia. Você me pegou de surpresa no aeroporto, e eu não vou correr o risco de que você faça alguma merda parecida novamente. Vou te dar mais uma oportunidade para chamar a atenção da mídia que você acha que precisa, então isto termina. Eu termino. A cabeça de Michelle inclinou, seu olhar lentamente se voltando para Mitch. —Ele sabe? —Sim, eu sei. —Mitch cruzou os braços sobre o peito. — E eu também planejo fazer sua vida um inferno se você compartilhar essas fotos. Michelle sorriu friamente. —Querido, eu já estou lá. —Sim. — Mitch zombou. —Eu posso dizer pelas suas unhas feitas e roupas de grife. Seu sorriso se transformou em um olhar furioso, e ela empurrou da mesa 262


para ficar de pé. —Eu não preciso disso. —Sente-se. —O comando vociferou do peito de Blake, alto o suficiente para chocar Michelle e a fazê-la sentar em sua cadeira. —Você tem uma oportunidade, a inauguração de um clube, um aniversário de celebridade, eu não me importo. Apenas decida para que possamos acabar com isso. E deixe-me esclarecer este ponto, vamos ser vistos como amigos e nada mais. Michelle estreitou seu olhar. —Você acha que uma aparição pública em uma inauguração estúpida de um clube vai me dar a atenção que eu preciso? Você tem que estar brincando. Eu não vou aceitar isso. Sua resposta era esperada e apenas o deixou firme na decisão de seguir em frente. —Então faça o que você tem que fazer, Michelle. Solte as fotos. Eu não dou a mínima. Eu estou farto. —Ele empurrou da cadeira e se afastou da mesa. Seguir em frente era sua única opção. Ele não poderia continuar a temer o futuro, e ele precisava voltar para Gabi. Ele passaria o próximo século lamentando e desculpando por tomar a decisão errada, tanto para ele como a mulher que amava. —Espere. —Michelle chamou. Ele olhou por cima do ombro e a encontrou de pé, com o queixo alto e bochechas coradas. —Tudo bem. —Ela levantou as sobrancelhas. —Eu escolho a festa de noivado de Mitch como evento. —Hahaha! —Mitch riu. —Isso é engraçado. —Então, seu rosto caiu. — Espere, você está brincando, certo? Michelle revirou os olhos e concentrou seu olhar confiante em Blake. — Uma noite. É isso aí. Os paparazzi estarão fervilhando, e eu posso lhes dar uma cena melosa de um casal feliz. 263


—Não. —Não havia necessidade de pensar sobre isso. Aceitar não era uma opção. —Nós poderíamos fazer dar certo. —A voz rouca de Alana veio de trás dele. —Desculpe. —Ela sorriu timidamente, quando ele se virou. —Eu estava ouvindo do corredor. —Não, Blake está certo. —Mitch se levantou da cadeira e caminhou para o lado de Alana. —É a nossa festa de noivado. —Ele colocou uma mecha do cabelo solto em seu rosto por trás da orelha. —Eu não vou deixá-la estragar tudo. —Ela não vai estragar tudo, vai Michelle? —O tom de Alana estava leve, mas o veneno subjacente era inconfundível. Os lábios de Michelle puxaram em um sorriso de escárnio. —Claro que não. —Alana, não. —Blake não podia arriscar arruinar a festa de noivado deles. —Não é uma opção. Alana avançou, parando perto dele. —Vamos fazer isso por você. —O olhar dela estava cheio de esperança, seus olhos brilhando com otimismo. —Se tê-la na festa de noivado é tudo o que é preciso para limpar essa bagunça, nós estaremos felizes em fazê-lo. Ela preencheu a distância entre eles e o abraçou com força, descansando sua bochecha contra seu ombro. Algo dentro dele quebrou. Ele fechou os olhos, lutando contra a sua impotência e circulou seus braços ao redor da cintura dela. Ele não queria soltá-la. Ela lembrava Gabi. O cheiro dela. O material macio de suas roupas, o calor do seu corpo, do jeito que ela não o deixava ir. Cristo. Ele não podia fazer isso. Ele abriu os olhos e encontrou com o brilho de desaprovação de Mitch. — Afaste-se, amigo. A brincadeira lúdica familiar fez Blake sorrir. Através da escuridão, da 264


desilusão e da desesperança sempre haveria tempo para irritar Mitch. Ele beijou Alana na têmpora e a soltou. —Nós podemos terminar isso mais tarde, docinho. Mitch levantou uma sobrancelha e os cantos de seus lábios tremeram. — Vamos terminar isso para que possamos sair daqui. —Você está realmente disposto a arriscar sua noite especial? — Perguntou Blake. Ele podia rir, flertar e brincar com Mitch e Alana para o resto de sua vida, mas agora ele precisava ser sincero. Mitch deu de ombros. —Se Allie está feliz, então eu estou feliz. E, além disso, sua mãe com arma em punho está chegando. Então, trazendo uma puta como seu encontro é a última de suas preocupações. Blake fez uma careta com a lembrança da Sra. Shelton, e Michelle limpou a garganta, o que todos eles ignoraram. —Tem certeza? —Agora que a liberdade estava ao seu alcance, seu coração começou a pular. —Sim, não há problema. —Mitch deu de ombros ignorando a enormidade da situação. —Você é meu irmão. Eu faria qualquer coisa por você. Um momento profundo e significativo não era o estilo deles. Na verdade, era estranho. Realmente estranho. Blake sorriu, esperando quebrar o desconforto. —Como me deixar seduzir sua noiva? —Ele não tinha interesse em Alana sexualmente, mas a emoção de provocar Mitch era muito difícil de resistir. —Como me abster de usar o meu punho para quebrar o seu rosto. Ambos sorriram e olharam para Alana que revirou os olhos. —Bem, agora que o seu momento efeminado acabou, podemos decidir os detalhes? —Michelle silvou. —Preciso sair daqui. 265


—Ah, ela é uma coisinha bonitinha, não é? —Alana murmurou, entrelaçando os dedos nos de Mitch. —Vamos deixá-los sozinhos. Mitch deu um tapinha no ombro dele antes de caminhar para sair da sala. —Certo. —Ele se virou para enfrentar Michelle. —Vamos fazer as regras.

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Capítulo 25 Gabi se olhou no espelho do elevador, lutando contra o impulso de correr as mãos nervosas sobre o cetim prata brilhante do vestido. O tecido se ajustava em seu corpo, acentuando os quadris e cintura, graciosamente caindo até os tornozelos. O vestido não era novo. Inferno, após o dinheiro que ela tinha gastado no voo e com a acomodação de uma noite no The Plaza, ela nunca seria capaz de pagar por algo caro novamente. Mas ela estava lá, descendo para o terraço, onde a festa de noivado já estaria ocorrendo. Seu estômago já enjoado das horas gastas no avião apertado se agitava à medita que ela pensava em fazer a sua entrada na festa. Sua raiva havia desaparecido em pleno voo, sendo substituída por uma clareza assustadora. Esta noite não terminaria bem. Ela podia sentir isso em seus ossos e no pulsar fraco do seu coração. Ela ainda fez questão de não ligar para Blake e anunciar a sua chegada, dando-lhe o elemento surpresa. Sua reação inicial à sua aparição diria a ela tudo o que precisava saber. Saindo do elevador vazio no segundo andar, ela caminhou em um foyer amplo com cheiro de rosas. As flores foram colocadas em grandes vasos ao longo de uma longa mesa para colocar presentes. Ela fez seu caminho até o meio da sala vazia e olhou para a entrada a esquerda. —Senhora. —Uma voz masculina cumprimentou. Dois seguranças estavam na sala ao lado, de pé ao lado das quatro portas francesas que abafavam o riso e a conversa que Gabi podia ouvir vindo do outro lado. —Você está aqui para a festa de noivado? —Um deles deu um passo adiante com uma prancheta, enquanto mexia no fio de seu fone de ouvido. 267


Droga. Ela não tinha previsto segurança. —Sim. —Ela respondeu, um pouco sem fôlego. —Me desculpe, estou atrasada. Meu voo de Sydney só chegou algumas horas atrás, e eu precisava me arrumar. —Fez um longo caminho da Austrália? —Ele sorriu, seu olhar fixado sobre o seu decote. —Qual o seu nome? —Ah. —Ela congelou e limpou a garganta. —Eu sou convidada de Blake Kennedy. O homem franziu a testa e se concentrou na prancheta em suas mãos. — Eu pensei que tinha visto o Sr. Kennedy entrar há um tempo com outra mulher. Sua boca franziu, e ela sentiu o sangue fugir de seu rosto. Pense. Pense. Pense. Tinha chegado longe demais para desistir agora, com outra mulher o acompanhando ou não. —Ele pode ter chegado com outra convidada. —Ela falou educadamente quando o que realmente queria fazer era se bater contra a parede. —Eu disse a ele para me encontrar lá dentro, porque eu não chegaria a tempo. —As mentiras deslizaram de seus lábios fácil demais porque o segurança não estava olhando para ela, e o homem de pé ao lado da porta ao lado parecia meio adormecido. —Humm. —Ele continuou a rolagem para baixo na lista. — Aqui está o nome dele. Ele bateu com o dedo indicador na parte inferior da página, e Gabi parou de respirar. Se houvesse o nome de outra mulher ao lado de Blake, ela estaria ferrada. —Ele só diz “mais uma”. Gabi levantou o queixo e balançou a cabeça, fingindo entusiasmo. —Essa sou eu. Ele olhou para cima novamente, desta vez examinando-a. —Certo. —Ele deu um passo para trás, dando ao outro guarda de segurança um olhar hesitante 268


antes de abrir a porta atrás dele. O barulho de pessoas conversando, rindo, e comemorando invadiu o foyer. —Obrigada. —Ela ignorou seu olhar cético e caminhou para frente, agindo como se fosse dona do lugar. E cara, que lugar. Ela ficou de pé sobre uma passarela que corria o comprimento da sala. Diante dela estavam enormes arcos dourados, dando uma visão dos convidados logo no andar abaixo. Pessoas bonitas eram banhadas pelo brilho alaranjado suave de um lustre de tirar o fôlego. Onde quer que olhasse, funcionários do hotel cumprimentavam convidados com bandejas de comida ou vinho. Gabi realmente precisava de vinho. Com o corpo trêmulo, ela caminhou perto da parede, esperançosamente se misturando ao cenário. Quando ela chegou ao último arco, escondeu-se atrás do pilar e respirou fundo. —Gabi! —A voz familiar de Alana chamou. Oh, merda. Gabi não tinha planos de fugir, mas agora que ela tinha sido vista tornava a situação mais real. Mais louca. Ela olhou ao redor do pilar e encontrou Alana e Mitch subindo as escadas. —O que você está fazendo aqui? —Os olhos de Alana estavam cheios de emoção. Ela correu para frente em um vestido rubi brilhante e envolveu Gabi em um abraço. —É tão bom ver você. Gabi retribuiu o abraço e olhou para Mitch sobre o ombro de Alana. Seu olhar estava freneticamente examinando a multidão abaixo, com seus lábios pressionados firmemente juntos. —É bom ver você também. —Gabi recuou e passou os dedos nervosamente ao longo do colar que Blake tinha lhe dado. Mesmo com a ameaça 269


de ele ter seguido em frente, ela não tinha encontrado forças para parar de usar seu presente. Mitch deu um passo adiante. —Oi, Gabi. Estamos felizes que você veio. — Suas palavras eram hesitantes, enquanto ele olhava entre ela e Alana, uma ligeira carranca fincou em sua testa. —Ah... Blake sabe que você está aqui? Ela queria rir de sua falta de sutileza. O pânico em sua voz fez a tensão crescer dentro dela. Seu corpo agora simplesmente esperava o golpe da má notícia. —Não. —Ela balançou a cabeça. —Sei que apareci sem avisar, mas eu precisava vê-lo. Eu espero que vocês não se importem. —Nem um pouco. —Alana pegou as mãos de Gabi e apertou, os três agora se escondendo atrás do arco. —Por que você não deixa que Mitchell vá encontrá-lo enquanto nós conversamos? Gabi olhou nos olhos de Alana, implorando. —Não, por favor, deixe-me encontrá-lo. —Ela agarrou as mãos de Alana, enquanto Mitch nervosamente examinava a multidão. —Eu não estou aqui para causar problemas. Só preciso descobrir o que está acontecendo. Se ele não quiser me ver eu vou sair, eu prometo. Alana olhou por cima do ombro para Mitch. As feições dele suavizaram, e sua expressão se tornou de pena. —Gabi, Blake está tentando resolver algumas coisas no momento. Ele está... —Eu sei. —Ela interrompeu. —Eu sei que ele tem coisas acontecendo, e os segredos são o que mais me assustam. Ele sempre me contou tudo. —Seus olhos começaram a arder, e ainda assim ela não desviou o olhar. Ela precisava que Mitch soubesse a seriedade da situação. Se ela saísse, não haveria volta. — Eu não posso sentar e me perguntar se ele está me excluindo de sua vida. Preciso de uma resposta para que eu possa seguir em frente. Mitch se fixou em seu olhar, seus ombros caindo lentamente. Finalmente, ele soltou um suspiro. —Deixe-me ir com você. Podemos encontrá-lo juntos. 270


Gabi soltou a respiração apertando seus pulmões. —Obrigada. —Ela virouse para Alana. —Obrigada. Eu não vou fazer uma cena. Eu prometo. Com um sorriso triste, Alana se virou para descer as escadas. Gabi a seguiu, dando cada passo com cautela, examinando a multidão enquanto Mitch permaneceu a seu lado. —Ali. —Mitch acenou a cabeça para o outro lado da sala. —No bar. Gabi ignorou o ritmo desenfreado de seu pulso enquanto procurava Blake. Grupos de pessoas faziam fila no bar. Homens de terno, mulheres em vestidos de coquetel, todos esperando o barman encher as bandejas com bebidas. Então, lá estava ele. Ela teria reconhecido o seu perfil em qualquer lugar, o cabelo escuro espetado e os ombros largos. —Deixe Mitchell ir buscá-lo para você. —Disse Alana. Gabi balançou a cabeça, seu foco permanecendo no homem lindo no bar. Blake não lhe poupou a decência de um telefonema. Ela não iria dar-lhe a oportunidade de se esconder ou ter um plano de fuga. —Não. —Ela olhou para Alana e sorriu. —Eu estou bem, obrigada. Gabi estava prestes a dar mais um passo quando Blake girou, virando para mostrar o seu rosto. Ela fez uma pausa. Esse realmente era ele? Ele parecia mais obscuro, mais severo na penumbra. Talvez fosse a distância entre eles. Ele não se parecia com o homem divertido por quem ela tinha se apaixonado. Ele levantou um copo aos lábios, e ela apertou os olhos, certificando-se de seus olhos não estavam enganando-a. Segundos passavam em doloridos batimentos cardíacos, e nenhuma vez mudou a visão. Blake permaneceu no bar, bebendo o líquido escuro de um copo meio cheio de scotch. —Ele está bebendo. —Ela sussurrou para si mesma, baixando o olhar para o chão. Uma faca de traição esfaqueou-a no peito, enquanto seu pé pisava no degrau a seguir. Ele tinha interrompido a sua sobriedade, sem nem mesmo 271


mencionar para ela. Que diabos? Ele sempre lhe disse tudo. E não, ela não era sua mãe, mas, caramba ela tinha sido sua melhor amiga durante anos. —Merda. —Mitch murmurou ao seu lado. Ela olhou de volta para o bar e a força do olhar de Blake a atingiu como uma explosão de chamas. Seus olhos estavam arregalados, sua boca agora entreaberta. Lentamente, quase imperceptivelmente seus lábios inclinaram em um sorriso e seu sangue aqueceu em resposta. Isso era tudo que ela precisava. Um simples sorriso dele e sua dor se dissipou, iluminando sua vida. Ela sorriu de volta para ele, erguendo seu rosto. Ele não ficaria feliz em vê-la se não tivesse mais sentimentos por ela. Ele não ficaria satisfeito com a sua presença se ele tivesse algo a esconder. Ele foi em sua direção e sua barriga apertou, esperando, querendo o conforto de sua proximidade. Em seguida, uma mão feminina agarrou o ombro dele, e ele congelou. Seus lábios apertaram, mas foi a compaixão e a vergonha em seus olhos que fez a pele de Gabi arrepiar. Ela não precisava olhar para a mulher que agarrou a camisa dele. A intuição e o bom senso lhe disseram quem era. Michelle. A víbora abraçou Blake, passando as mãos ao longo de seu peito e rodeando seu pescoço, com seu longo e bonito cabelo caindo nas costas. Gabi segurou o corrimão para se impedir de cair. As fotos deles nas mídias sociais tinham machucado. Elas a feriram, deixando-a vulnerável e fraca. Mas vê-los na vida real rasgava sua alma em pedaços irreparáveis. Blake deu um passo para trás, ignorando a atenção de Michelle. Foi quando a herdeira se virou, seguindo sua linha de visão para onde Gabi estava na escada. Mitch agarrou seu cotovelo. —Talvez devêssemos... 272


—Não se preocupe, eu vou embora.—Eu sinto muito por aparecer sem avisar. —Ela se virou para Alana, pondo um sorriso no rosto, mesmo que a expressão doesse. —Desejo a ambos felicidade—Gabi se virou e saiu correndo. Antes de sua garganta fechar, Gabi usou o corrimão como apoio para subir as escadas. —Gabi. Ela ignorou os apelos de Alana e Mitch, subindo os degraus, passando ao longo dos arcos dourados e atravessando as portas francesas. Ela manteve a cabeça erguida, apesar de seus tornozelos vacilarem e chegou ao elevador sem olhar para trás. Ela ignorou os seguranças e o cheiro doce de rosas que sempre a lembraria desse momento de traição. Ela bateu o dedo no botão do elevador. — Anda logo. —Gabi... espere! —A voz de Blake veio do salão principal. Ela mordeu o lábio, recusando-se a olhar por cima do ombro. As portas se abriram e ela deslizou para frente. Blake era sua fraqueza, seu coração, seu tudo. Ela não podia ouvir uma explicação de por que ele decidiu voltar para Michelle. Ela merecia mais do que isso de um homem que tinha apoiado por tanto tempo. —Gabi! —Sua voz tornou-se mais alta, mais próxima. Ela correu para o painel, batendo freneticamente no botão para fechar as portas que se moveram com a velocidade de um caracol dopado de valium, fechando um centímetro de cada vez. Quando elas estavam quase fechadas, um estrondo soou de fora e o rosto de Blake ficou à vista através de uma pequena fresta. —Gabi, pare! 273


Ela quebrou o contato visual, incapaz de lidar com a angústia das feições dele. Ele era tão perfeito. Irritado, chateado, frustrado, não importava. Ele sempre seria lindo para ela. —Puta que pariu! —Seu berro ecoou, rasgando um soluço sufocado de sua boca. Assim que as portas estavam firmemente fechadas, ela pressionou um dedo no botão que indicava o hall e caiu de costas na parede. Ela precisava de ar fresco. Ou o mais fresco que pudesse ter em Nova York. O frio da noite amarga manteria sua mente longe da dor emocional. Sim, ela era patética, completamente e totalmente ridícula. Quem voava por todo o mundo para ter uma resposta que já tinha sido escrita na parede? Qualquer um poderia ter previsto isso. No entanto, ela tinha ignorado seus instintos e desperdiçou suas economias no bônus de ser humilhada em público. O elevador sacudiu, e ela ergueu o olhar do chão quando as portas se abriram. Ela levou um momento para recuperar a compostura e em seguida, empurrou-se da parede, passando por um casal que a esperava sair. —Desculpe-me. —Ela murmurou e deu alguns passos antes do peso da traição de Blake fazê-la cair contra o descanso de braço da cadeira mais próxima. Mentir. Enganar. Beber. Esse não era Blake. Esse era um idiota no corpo do homem que possuía seu coração. Ela conhecia o verdadeiro Blake. Conhecia a alma bondosa, compassiva e simpática que ele era. No entanto, ela não tinha forças para enfrentar o desconhecido que tinha assumido seu corpo. —Gabi! —A voz de Blake vibrou pelas paredes do hall. Ela se endireitou, seu corpo em alerta quando o avistou descer a escadaria do hotel e atravessar o hall, com o peito arfando. Ele estava ameaçador, a camisa de seda preta estava para fora da calça, os dois primeiros botões estavam abertos, as mangas arregaçadas para expor suas tatuagens. Barba por fazer cobria 274


sua mandíbula e seus olhos brilharam com determinação suficiente para fazê-la querer correr. Ela olhou para as portas, tentando descobrir se poderia escapar a tempo. Não. Tentar seria inútil, especialmente de saltos e em um vestido de noite. Os flashes brilhantes do lado de fora anunciavam que os paparazzi estavam espreitando, resignando-a ao seu destino. A última coisa que ela queria era ser humilhada em uma escala global. Levantando o queixo, ela se aprumou para enfrentá-lo. Ele caminhou em sua direção, diminuindo o seu ritmo quanto mais se aproximava. Ele parecia da maneira como ela se sentia, quebrado, cansado e miserável. Ela não sentiria pena dele entretanto. Ele merecia. —Gabi... Ofegante, ele disse seu nome soando tão torturado que quase a fez querer chorar. Em vez disso, sua raiva aumentou. Ele estendeu a mão para ela e ela recuou. Um vinco angustiado marcou sua testa, enquanto sua mão caía ao seu lado. —Deixe-me explicar. —Explicar? —Ela soltou uma risada sarcástica. —Não, eu não penso assim. O tempo para explicações passou semanas atrás. Eu que fui muito estúpida para perceber. Espero que você tenha encontrado tudo em Michelle que deve ter faltado em mim... —Ela não é... —E —Ela rosnou. —Eu também espero que você aproveite a sua ruptura com a sobriedade. —Ira aqueceu seu rosto, fazendo com que seu nariz formigasse. Por que diabos o seu corpo decidia reagir quando ela estava revoltada? Ela não queria chorar. Ela não estava triste. Ela estava terrivelmente furiosa! 275


Ele deu um passo mais perto. —Eu não estava bebendo. —Ele baixou a voz e olhou por cima do ombro para os curiosos. —Eu não me importo. —Ela deu de ombros. —Não é mais da minha conta. Ele deslizou ainda mais perto, diminuindo a distância entre eles e agarrou seu braço em um aperto leve. Ela ergueu o queixo e olhou para ele, odiando que seu coração tenha reagido assim que seus dedos roçaram sua pele. —Cheire meu fôlego. —Ele se inclinou para ela, seus lábios pairando um centímetro dos dela. —Eu não estava bebendo. Por um breve segundo ela gostou de sua proximidade, seu cheiro, seu calor, sua atenção. E não, não havia cheiro de álcool. Mas isso não importava. — Eu não entendo por que você está se preocupando em tentar me convencer. Eu já não me importo. —Ela terminou em um sussurro e puxou o braço. Sua carne queimava onde a mão dele tinha estado, e antes que pudesse se afastar, ela estava de volta em seus braços. As mãos dele seguravam seus ombros, puxando-a para frente. A boca dele bateu na dela em uma paixão inabalável e sua língua passou por seus lábios, deslizando para dentro quando ela ofegou. O choque a deixou fraca e confusa. Ela não conseguia separar as memórias agradáveis de seu passado, desse beijo apaixonado. Mas o gemido que vibrou no peito dele quebrou o feitiço. Ela se afastou, cambaleando para trás enquanto ofegava. —Seu filho da puta. —Ela cobriu os lábios com a mão trêmula. —Seu mentiroso sem coração, filho da puta. —Sua voz subiu a cada palavra. —Blake? —A voz feminina desconhecida veio de trás dele, segundos antes de Michelle vir à tona. Gabi recuou, não querendo estar em qualquer lugar perto do casal 276


feliz. Ela sempre imaginou que sua ex seria menos atraente em pessoa. Que o brilho e glamour desapareceriam na vida real, mas não, o destino não era gentil. Michelle irradiava beleza, mesmo debaixo de um caminhão carregado de maquiagem e olhos vidrados de drogas. —Estou pronta para sair, querido. —Ela murmurou, inclinando-se para pressionar seus lábios vermelhos brilhantes contra a bochecha de Blake. Ele se afastou. —Não agora. —Ele rosnou. —Sim, agora. —Michelle sorriu para Gabi quando entrelaçou os dedos com os de Blake. —Não me faça explicar ao seu brinquedinho por que estou tão ansiosa para sair. Gabi levantou uma sobrancelha e ignorou a provocação. Ela não precisava de peitos falsos e de lipoaspiração para saber como as coisas funcionavam em Upper East Side12. Ela assistiu Gossip Girl uma ou duas vezes e sabia que cadelas ricas lutavam suas batalhas na segurança de suas torres de marfim. Gabi não teria a menor chance. —Divirta-se. —Gabi sorriu docemente. Blake fechou os olhos por um breve segundo antes de abri-los novamente, fixando-a com o olhar. —Eu vou explicar tudo. Michelle puxou sua mão e resmungou algo. Gabi olhou para o homem que tinha estado apaixonada por anos e encontrou um novo alguém, alguém que ela já não queria conhecer. Ela não precisava reiterar os seus pensamentos; o reconhecimento já estava nos olhos dele. Com um leve aceno de cabeça, ela se afastou e caminhou para os elevadores, ignorando os olhares curiosos dos hóspedes do hotel. O tempo de tomar ar fresco tinha acabado. Ela precisava tomar um banho, 12

É um bairro nobre do condado de Manhattan, em Nova York, entre o Central Park e o Rio East.

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refazer as malas, e dormir um pouco antes de implorar à sua companhia aérea pelo primeiro assento disponível no aeroporto JFK. Entrando no elevador, apertou o botão para seu andar e mentalmente felicitou-se por não olhar para trás. Ela poderia seguir em frente, começar de novo. Então as portas se fecharam, sinalizando o fim de uma parte importante de sua vida. Seu peito apertou, rasgando um soluço de sua garganta. Blake era tudo para ela. Ele era a sua força, a sua felicidade, a sua luz, e nenhuma quantidade de negação ou determinação poderia convencê-la de que ela poderia viver sem ele.

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Capítulo 26 Blake estava no lobby, o choque congelando-o no lugar, enquanto as portas do elevador se fechavam, levando Gabi para longe dele. Ele estava oscilante, confuso e espantado por vê-la. —Vamos. —Michelle reclamou ao lado dele, suas palavras carregando um leve insulto. Bom. Ele iria levá-la para casa, terminando o dever final de seu acordo, em seguida, voltaria para explicar tudo para Gabi em particular. Se não fosse pelos olhares dos funcionários do hotel e dos hóspedes, ele teria dito a Michelle para se foder enquanto implorava que Gabi o ouvisse. Mas ele não podia ignorar os idiotas que gritavam e estavam a poucos metros de distância, com seus celulares apontados em sua direção tirando fotos ou filmando. Ele atravessou o lobby em direção às portas. Os saltos de Michelle clicaram freneticamente atrás dele, tentando acompanhar seu ritmo. —Espere. —Ela sussurrou. —Precisamos sair juntos. Você me deve isso. Ele parou e esperou por ela. Quando a mão dela agarrou seu cotovelo, ele apertou a mandíbula, concentrando-se nos minutos até que ela estaria fora de sua vida para sempre. O porteiro de meia-idade cumprimentou-os na porta. —Gostaria que o seu carro fosse trazido, Sr. Kennedy? Blake assentiu. —Sim. Obrigado. —Só vai levar um minuto. Você prefere esperar dentro? —Não. —Michelle respondeu por ele. —Nós queremos ver os nossos fãs antes de sair. 279


As narinas de Blake queimaram. Se ela fizesse algo estúpido agora, ele enlouqueceria. Ele estava exausto e com vontade de dizer ao mundo sobre seus jogos de manipulação. —Sem problema. —O porteiro abriu a porta, os flashes das câmeras dispararam e a multidão rugiu. Com Michelle em seu braço, ele desceu as escadas para o ar frio da noite. Ela se afastou dele e foi para a barreira que retinha a multidão. Um segurança do hotel veio para ficar ao lado de Michelle, proporcionando uma presença protetora enquanto ela ia para a primeira pessoa com uma câmera. Blake ficou tenso, com os sentidos em alerta. Ele estava atrás dela, com seus lábios apertados, concentrando-se em toda a palavra que saía de sua boca mentirosa. Minutos se passaram e sua confusão aumentou. Ela não mentiu, não causou uma cena, e quando seu carro parou, ela agarrou a dobra do cotovelo e se despediu com extravagância. Eles deslizaram silenciosamente em seu Camaro branco, e em segundos ele estava decolando pela estrada escurecida pela noite. —Vire à esquerda e vá ao Central Park. Ele fez conforme solicitado. —Eu acabei com os jogos, Michelle. Vou levála para casa, ou deixá-la aonde você queira ir, mas ambos concordamos que acabou. Chega de jogos. —Que seja, idiota! —Ela murmurou. Ele deu uma risada irônica e balançou a cabeça. —Sim, eu sou o idiota chantageado, apunhalado pelas costas. Eu sou o único que quer arrastar o seu nome pela lama e arruinar tudo o que você já trabalhou. —Foda-se! —Ela se virou para ele, apontando o dedo perto de seu rosto. —Você não tem ideia de como é a minha vida. Você anda de cabeça erguida como se fosse inocente e não tem nada a esconder, mas você é exatamente como 280


eu. Você é tão fraco como eu. —Eu não sou como você. —Ele zombou e diminuiu a velocidade do carro. Seu estado irracional o deixava nervoso. —Apenas me diga onde você mora para que eu possa levá-la para casa. —E se eu dissesse que eu moro nos subúrbios, mais de uma hora de distância? —Ela ronronou. —O que você faria? Ele apertou a mandíbula e virou no Central Park West, ignorando a forma como ela mudou de cadela escrota para psicopata sedutora em um piscar de olhos. —Uma hora de carro valeria a pena para você sair da minha vida. —Foda-se! —Ela gritou e bateu as mãos contra o painel. Ele se assustou e praguejou. O clique do seu cinto de segurança o fez virar a cabeça para ver o que diabos ela estava fazendo. —Coloque-o de volta, Michelle. Ela o ignorou, pegando sua bolsa com uma mão e a maçaneta da porta com a outra. —Michelle! —Ele alertou, verificando seu espelho retrovisor e encostando no meio-fio. Sem uma palavra, a porta se abriu e ela girou para sair. —Porra. —Ele bateu nos freios momentos antes que ela pulasse para fora do carro, tropeçando com seus saltos na calçada. —Michelle, volte para o maldito carro! Ela se virou, perfurando-o com o olhar perverso e deu-lhe dedo. — Eu vou a pé para casa para que eu possa “sair da sua vida” mais cedo. —Ela fez aspas no ar com os dedos, em seguida se endireitou. —Porra. —Ele socou o volante e estacionou em uma zona permitida. No momento em que ele abriu a porta e saiu, ela já estava caminhando pelo Central 281


Park. —Michelle! Ela não parou, desaparecendo na luz fraca. Ele se virou para as pessoas passando e olhando. —Tire uma foto do caralho. —Ele xingou e voltou para carro para pegar o celular. Ele discou o número de Michelle, ouviu o som distante de seu toque antes de responder. —Eu vou ficar bem, Blake. —Ela fungou, aparentemente, sucumbindo a outra mudança de humor. Ele se inclinou contra o teto do carro e esfregou a testa. Ele não podia aturar mais essa merda. —Não seja estúpida. Não é seguro andar sozinha à noite. —Eu vou a pé e chamo um táxi. Não se preocupe, eu estou fora da sua vida agora. —Sua voz estava embargada. —Tchau, Blake. A linha ficou muda, e ele abaixou a cabeça para encostar a testa no metal frio do teto do carro. Ele deveria estar grato, mas não importava o quanto Michelle fosse uma cadela insensível e manipuladora, ele ainda estava preocupado com a segurança dela. Seu celular tocou em sua mão, e ele se endireitou, esperando que ela tivesse mudado de ideia. Não. O nome de Mitch estava na tela. —Sim. —Ele respondeu, deslizando de volta para o banco do motorista e colocando seu celular no console. —Você está bem? Onde você está? Blake checou seus espelhos e puxou para o tráfego. —Michelle simplesmente pulou para fora da porra do meu carro enquanto eu estava dirigindo e saiu pelo Central Park. Eu não sei o que diabos fazer. —Jesus Cristo. Ela está machucada? —Não, só louca, porra. 282


—E Gabi? Onde está ela? Blake apertou o pé no acelerador. —Eu não sei. Eu estou esperando que ela ainda esteja no Plaza. Silêncio, longo e acusador. —Você quer que eu procure por ela? —Não. —Blake sacudiu a cabeça. —Divirta-se em sua festa e não se preocupe comigo. —Embora as coisas com Michelle não tenham terminado do jeito que ele planejou, eles tinham acabado. Ele manteve a sua parte do trato, e ela concordou em parar de chantageá-lo assim que eles seguissem caminhos separados no final da noite. Seu advogado tinha toda a papelada legal para provar isso. Uma parte de seu pesadelo havia acabado. Agora ele tinha que se concentrar com Gabi. —Eu estou voltando. —Blake acrescentou, seu sangue bombeava com determinação. —Eu vou encontrá-la e fazer tudo certo.

***

Gabi limpou o vapor do espelho do banheiro e prendeu os botões de seu pijama de flanela. Ela verificou seu cabelo desgrenhado, a pele sob os olhos agora vermelhos de tanto chorar e suas bochechas pálidas de exaustão. Ela ligou para a companhia aérea e garantiu um assento em um voo no final da manhã para Sydney. Tudo o que tinha de fazer era dormir, comer e sair. Fácil. Pendurando a toalha sobre os trilhos, ela se arrastou pela porta do 283


banheiro e entrou no quarto principal da suíte. Seus pés tocaram o tapete grosso, e no segundo seguinte, seu estômago caiu. —Como você entrou aqui? —Ela sussurrou, com a voz fraca. Blake estava nas sombras perto da porta da suíte, seus ombros estavam caídos e seus os olhos escuros e sonolentos. Ele deu um passo para frente, a luz da lâmpada fraca revelando uma marca dos lábios de Michelle em seu rosto. —O dinheiro fala. Seus lábios tremeram. —Aposto que sim. Agora saia. Outro passo para frente. Outra revolta em seu estômago. Ela levantou a mão, querendo que ele parasse. Precisando que ele parasse. —Saia! —Ela gritou, sua respiração mais rápida agora, ofegante em seus pulmões. Seu corpo enfraqueceu enquanto ela esperava que ele saísse, a agonia crescia dentro dela. Ele não se moveu, não vacilou, simplesmente ficou ali, com a cabeça inclinada, olhando para ela através de grossos cílios escuros. — Por favor — ela implorou. Ele balançou a cabeça. —Não até que você me deixe explicar. Não. —Não quero uma explicação. —Ela queria bater seu pé. Em vez disso, ela passou por ele indo para a porta, abrindo-a para ele sair. —Quero voltar para casa e seguir em frente com minha vida. Ele suspirou, longo e pesado. —Eu vou sair depois de você entender o que aconteceu. —Você não pode me ouvir? —A voz dela subiu, vacilando. —Eu não me importo. Ele a ignorou e caminhou para dentro do quarto. Desgraçado. Ela deixou a 284


porta se fechar e esbravejou atrás dele, agarrando a frente de sua camisa de seda preta, em um esforço para fazê-lo mover-se. Ele levantou o queixo enquanto ela puxava com força o tecido macio. Um botão estourou, e ela gritou em frustração. Seus olhos ardiam, fazendo-a piscar repetidamente até lágrimas riscarem por suas bochechas. No entanto, ele não se moveu. Nem falou. Ela não era forte o suficiente, física, mental ou emocionalmente. Soluços romperam de seus lábios e seus joelhos cederam. Antes que ela caísse no chão, os braços dele a envolveram, levantando-a, consolando-a. —Não. —Ela gritou. —Tire suas mãos de mim! —Ela esmurrou o peito dele com os punhos, batendo com a pouca energia que lhe restava. Ele a segurou com mais força, a respiração dele também estava ofegante, enquanto a acompanhou até a parede mais próxima. Em seguida, ele a soltou. Graças a Deus, ele a soltou. E ela desmoronou contra o gesso frio, as mãos dele embalaram seu rosto. Ele a enjaulou, sua coxa dura pressionada contra a dela. Ela o sentiu em toda parte, em sua pele, em seu coração partido, em sua alma. —Por favor... —Ela gritou, fechando os olhos, deixando escapar soluços ofegantes. —O que você quer de mim? Ele tocou seus braços, segurando-a mais apertado a cada segundo que passava. O cabelo dele roçou sua bochecha. —A mesma coisa que eu sempre quis, Gabi. —Ele murmurou em seu ouvido. — Tudo. Ela abriu os olhos, encarando-o intensamente até empurrar seu peito. — Você não pode ter nós duas! —Ela queria estar livre dele e no entanto, queria que ele continuasse segurando-a, para nunca deixá-la ir. —O batom dela está em seu rosto pelo amor de Deus! Ele esfregou o rosto, borrando as marcas vermelhas em sua pele. —Gabi. —Ele sussurrou. —Deus, Gabi, por favor, deixe-me explicar. —Ele suspirou e segurou seu rosto com as mãos fortes, fazendo-a olhar para ele, fazendo-a ver a 285


dor refletida em seus olhos castanho escuro. —Michelle me chantageou. Ela congelou e balançou a cabeça em confusão. Ele limpou as lágrimas que molhavam os fios de cabelo do rosto dela. — Eu não estive com ela, anjo. Eu juro para você. Eu não estive com ninguém. —Eu não entendo. —Ela fungou e apertou os lábios para impedi-los de tremer. Sua testa descansou contra a dela, com os braços ainda segurando-a firme. O calor de sua respiração roçou sua boca e pela segunda vez naquele dia, ela reconheceu que não havia indício de álcool. —Ela tem fotos minhas cheirando cocaína. Ela ameaçou entregá-las para a mídia se eu não ajudasse a colocá-la no centro das atenções. Não há nada entre nós, eu juro. Foi tudo um show. Gabi ficou em silêncio e olhou para ele. A verdade estava refletida em sua expressão, na derrota e na exaustão de suas feições, mas isso não o redimiu de qualquer forma. Tudo o que ele tinha feito era explicar as ações de Michelle. —E você não poderia ter me dito isso antes? Você quer saber como foi encontrar essas fotos sua e Michelle juntos? Como absolutamente devastada me senti? Eu nunca tinha experimentado uma dor assim antes. —Ela olhou para ele. —A morte de Greg me rasgou em pedaços, mas eu sabia de antemão que ele estava brincando com a vida dele. Sabia que ele podia não sobreviver. Mas com você... Ela ergueu o queixo e o olhou diretamente nos olhos dele, ignorando as lágrimas que borraram sua visão. —Eu nunca esperava que você me traísse assim. E para quê? —Ela jogou as mãos para cima. —Você sabe o que? Não importa. O que está feito está feito. —Deus, Gabi, eu não sabia o que fazer. —Ele fechou os olhos e sacudiu a cabeça. —Eu pensei que poderia dar a ela o que ela queria e resolver tudo sem te 286


machucar. Eu nunca esperava que acabasse assim. —Você nunca esperava isso? —Ela acusou. —É engraçado. Eu nunca esperei que meu melhor amigo me traísse também. —Por um momento, culpa a consumiu ao ver a dor no rosto dele. Então ela se lembrou do que ele a fez passar, como ele a tinha quebrado irrevogavelmente. —Eu confiei em você. Novas lágrimas se formaram e ameaçaram cair. —Mesmo quando você me deixou no escuro, eu defendi você. Eu fiquei do seu lado quando os meus amigos e familiares disseram que você era um traidor, mentiroso filho da puta. — Ela empurrou o peito dele e desta vez ele a soltou, cambaleando para trás. —Eu fui humilhada. —Ela limpou a umidade do rosto com as costas da mão. —Você me afastou e me fez acreditar que nunca se importou comigo. Gastei minhas economias, arrisquei o meu diploma e o meu trabalho só para vir aqui e descobrir algo que você poderia ter me dito pelo telefone. —Ela se moveu para frente, empurrando o corpo dele, batendo seu punho contra seu peito. —Você mentiu para mim... Ele agarrou seu pulso e a puxou para mais perto, para que eles estivessem próximos. —Eu nunca menti para você. —Não? — ela zombou. —Bem, esconder a verdade é exatamente o mesmo. Você me traiu. O peito dele vibrou com um rosnado. —Eu não sou perfeito, Gabi, você sabe disso melhor do que ninguém. —Eu sei. —Ela assentiu. —Só nunca pensei que seria uma vítima de sua estupidez. Ela lamentou a brutalidade de suas palavras antes de Blake estremecer. Afastando seu olhar, ela franziu o nariz, recusando-se a chorar enquanto as mãos dele ainda seguravam seus pulsos. O silêncio tornou-se ensurdecedor, até que ela pensou que não podia aguentar mais. Parte dela queria 287


pedir desculpas, enquanto a outra parte precisava que ele sofresse. —Esta não é você. —Ele sussurrou. —E eu sinto muito. Eu sinto muito por tudo. Eu vou compensar você. Ela balançou a cabeça, mais para si mesma do que para ele. Vazio a consumia. Ela não podia ver um caminho de volta para onde eles tinham estado antes. Para a perfeição do que ela gostava de acreditar ser o amor verdadeiro. Ele agarrou o queixo dela, obrigando-a a encontrar seu olhar selvagem. — Sim, eu vou. Você vai me amar de novo e me perdoar. Eu sei que você vai. Seus lábios colidiram contra os dela, firmes e inflexíveis. Um gemido saiu de seu peito, arrancando suas últimas defesas. Ela o odiava. Odiava por quebrar sua confiança, por humilhá-la, por seguir em frente com sua vida e ignorá-la tão facilmente. Ela nunca teria feito isso. E, no entanto, ela se agarrou a ele. Suas mãos seguravam sua camisa e seus lábios o beijavam de volta. Sua língua entrou em sua boca, atacando a dela com golpes ferozes. Ela não queria precisar dele, mas seu sangue fervia de qualquer maneira. Seu corpo ansiava por algo que ela sabia que seu coração não poderia suportar. —Não. —Ela se afastou, amaldiçoando sua falta de convicção. Os lábios dele queimaram uma trilha ardente ao longo de sua mandíbula, seu pescoço e sua clavícula. Ela queria chorar, gritar, berrar. Ela amava esse homem, desejava tê-lo dentro dela e em igual medida, não podia suportar a angústia que seu toque trazia. Ele soltou os pulsos dela e puxou os botões de seu pijama, desfazendo alguns, rasgando outros. Em seguida, suas mãos estavam em seus seios, e o prazer era como uma facada em seu coração. Ela jogou a cabeça para trás e fechou os olhos, o acúmulo de lágrimas corria livremente pelo rosto. Os dedos dela agarraram seu cabelo e a boca dele sugou seu mamilo, arrancando um grito de sua garganta, desta vez de prazer. 288


Ninguém jamais amou seu corpo do jeito que Blake amava. Nenhum homem jamais se compararia a ele, e era a honestidade brutal que a fez morder o lábio e desfrutar deste último adeus. Estar com ele mais uma vez não mudaria o que tinha acontecido. Não iria limpar a bagunça do passado ou consertar a desonestidade. Apenas iria entorpecer seu sofrimento, mesmo que apenas por um tempo. Ele empurrou a blusa dos ombros dela e a levantou do chão, encostando-a na parede. Os pés dela pousaram suavemente contra o tapete, e ele agarrou o tecido em sua cintura, agachando-se para puxar suavemente para baixo sua calça e calcinha até que ambas caíram aos seus tornozelos. Ele olhou para ela a partir do chão. Ela viu seu olhar terno, e observou a maneira como ele abriu os poucos botões restantes de sua camisa e a deixou cair no chão. A visão dele a fez engolir em seco. Os músculos, as tatuagens, o anjo adornando seu tórax sempre mexeriam com ela. Ela fechou os olhos e tentou em vão se lembrar de um tempo melhor. Um lugar em que só tinha a distância entre eles para se preocupar, não mentiras e chantagens e desgosto. —Não feche seus olhos, anjo. Não me afaste. —Ele se levantou, o material duro da calça roçando suas coxas nuas. —Olhe para mim. —Ele sussurrou contra seus lábios. Lentamente, ela se rendeu, levantando os cílios para o rosto do homem que sempre possuiria seu coração. —Eu amo você, Gabi. —Ele olhou nos olhos dela. —Não há mais ninguém para mim. Eu não vou deixar haver outro homem para você. Ele estava certo. Ela tinha sido arruinada. Nunca haveria outro homem para ela. Virando a cabeça, ela enfrentou a janela com a cortina, não querendo que 289


ele soubesse o quão certo ele realmente estava. Ela podia lidar com seus corpos entrelaçados, não com suas palavras suaves. Ele beijou-a na clavícula, seu pescoço, e cada pressão de seus lábios fez seu corpo traidor vibrar. Ela arqueou as costas, enrolando uma perna em torno de sua coxa e esperou alguns momentos fugazes para se distanciar da realidade. —Olhe para mim. —Ele ergueu o queixo dela. Ela balançou a cabeça e se esfregou, em busca de sua ereção através de sua calça. Ele moveu seus quadris para trás, fora do alcance dela. —Olhe para mim, anjo, ou isso acaba agora. —Seus dentes beliscaram sua mandíbula, e uma mão calejada correu de sua cintura para seu seio. —A única razão pela qual você não quer olhar para mim é porque sabe que estou dizendo a verdade. Você sabe que eu te amo. Sabe que não há mais ninguém. Quando ela não respondeu, ele parou de se mover e abaixou a testa em seu ombro. Um suspiro irregular escapou dele. —Eu estraguei tudo, querida. Ela apertou os lábios e franziu o cenho, sentindo a queimadura nos olhos. —Por favor, me perdoe. —Eu vou te perdoar. —Sua resposta era sufocada. Ela iria perdoá-lo. Ela o amava demais para não perdoá-lo. Ela só não o perdoara ainda, e provavelmente levaria muito tempo. Ele inclinou a cabeça para encontrar seu olhar. —Vou esperar. Não importa quanto tempo leve. —Os lábios dele encontraram seu rosto até o lado de sua boca, e sua pélvis se recostou contra ela. Ele a beijou suavemente, sua língua acariciando a dela com adoração delicada, cobrindo sua pele com arrepios. —Eu valorizo você, anjo. Eu vou dedicar o resto da minha vida para você acreditar nisso. Apenas me diga o que fazer. Diga-me o que eu tenho290


—Shhh. —Ela apertou os lábios nos dele e agarrou a fivela do seu cinto. Suas línguas dançavam enquanto ela desabotoava o fecho e o ajudava a sair de sua calça. —Leve-me para a cama. Ele a levantou do chão e a levou a poucos metros até deitá-la no colchão. A dor ainda permanecia nos olhos dele, marcando suas feições. Ela a ignorou, segurando a nuca dele encorajando-o a subir em cima dela. Ela se recostou nos travesseiros, e ele se aninhou entre suas coxas. Sua ereção, grossa e insistente, cutucou sua entrada e deslizou através da umidade de sua excitação. Com um gemido, ele avançou dentro dela, com cuidado deliberado. Ele não faria o caminho rápido para o céu que ela queria. Ele iria devagar, amá-la lentamente. Ela podia dizer pela forma como suas mãos preguiçosamente percorriam sua pele, reaprendendo cada centímetro dela, e como ele a olhava a cada poucos minutos, tentando ler seus pensamentos. Ela não podia fazer sexo lento e íntimo. Isso esmagaria seu coração e a faria querer perdoá-lo rapidamente, e ela devia a si mesma não deixar a traição passar em branco. Empurrando seus ombros, ela o encorajou a rolar de costas. Ele seguiu seu exemplo e a puxou para seu colo. Isso lhe deu controle. Ela olhou fixamente para a parede creme rebocada e o montou, moendo seus quadris com impulsos rígidos, fazendo-o gemer e alcançar a cabeceira. Então seu olhar caiu, aterrissando em seu peito e no anjo adornando seu peitoral que a olhava. Ela vacilou. Parou. O anjo era um símbolo de sua amizade, da lealdade entre eles, uma lealdade que ele tinha esmagado. Ela não era forte o suficiente para fazer isso, amá-lo uma última vez antes que se afastasse. —Eu sinto muito. —Ela sussurrou e saiu de cima dele. 291


—Gabi, espera. —Seu braço veio ao redor de sua cintura. —Está certo. Nós não temos que fazer isso, apenas... Ela endureceu quando sua cabeça veio descansar contra o inferior de suas costas, e ele soltou um suspiro de dor. —Deixe-me segurá-la por um tempo. Gabi afundou no colchão, de costas para ele, o calor sumindo de seu corpo, permitindo que o vazio a infiltrasse novamente. O toque dele a deixava fraca, vulnerável. Não importava o quanto sua cabeça exigisse que ela fosse embora agora, seu coração queria mais um toque, mais um beijo, mais um ofegante sussurro de amor contra o pescoço dela. Ela ficou debaixo das cobertas e Blake fez o mesmo. Ele ficou de conchinha contra ela, colocando seu braço direito ao longo de sua cintura e a mão em sua barriga. A palavra tatuada “Reckless” olhava para ela a partir de seus dedos, provocando-a. Sim, ela tinha sido imprudente. Com seu coração, seu futuro, e com a única relação que ela não poderia viver sem. Mas como ela poderia confiar nele novamente? O mundo pensava que ele estava em um relacionamento com Michelle. Falso ou não, isso ainda humilhou Gabi na frente de sua família e amigos. Ele havia retido a verdade e tomou decisões que afetava ambos sem consultá-la. Ele partiu o coração dela e a consumiu com seu sumiço, sem ligar nenhuma vez para ver o que suas ações tinham feito. Ela não estava totalmente delirante. Blake teria sempre a sua amizade. Ela sabia que perdê-lo de sua vida seria insuportável. Mas, ao mesmo tempo, não podia imaginar dando-lhe de volta o poder de destruir o seu coração mais uma vez. Seu corpo começou a tremer e o braço de Blake apertou ao redor de sua cintura. —Não perca a fé em nós, Gabi. 292


Tarde demais. Blake era o único homem que ela sempre quis. O único amor cujo ela alguma vez ansiou. No entanto, agora que as mentiras se instalaram e a verdade tinha aparecido, o seu amor já não parecia suficiente.

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Capítulo 27 Blake estava acordado desde que a primeira fissura de luz solar se infiltrou pelas cortinas do hotel. Ele passou horas olhando para Gabi que estava dormindo pacificamente ao lado dele, se perguntando quanto tempo iria levar para perdoálo. Se ao menos ela o deixasse fazer amor com ela. Ele queria fazê-la se sentir bem, mostrar a ela que eles foram feitos um para o outro da forma mais primitiva, mas ela o afastou. Mesmo quando ele a segurou em seus braços depois, ela permaneceu rígida, sem relaxar até que sua respiração ficou pesada com o sono. Ele lhe devia muito emocional e financeiramente. Ela não tinha dinheiro para saltar em um avião e voar para o outro lado do mundo, contudo ela fez isso. Por ele. E como ele lhe pagou? Ele suspirou e descansou contra o travesseiro. O dinheiro era fácil de resolver. Ele tinha o suficiente em sua conta bancária e iria transferir o dinheiro quando ela voltasse para casa. Os problemas emocionais levariam tempo para consertar. Muito, muito mais. Seu celular tocou, quebrando o silêncio com a música tema de Tubarão e despertando Gabi. O tom pertencia a Leah, alguém que sabia que não devia ligar tão cedo pela manhã. —Desculpe, anjo. —Ele fugiu da cama, pegou as calças do chão, enfiando a mão no bolso para pegar seu celular. —Eu deveria ter desligado. Ele contemplou bater rejeitar, mas pensou melhor. Leah não tinha o hábito de ligar sem uma razão relacionada ao trabalho. Clicando aceitar, ele levantou o telefone ao ouvido. —É meio cedo, Lee. 294


—Onde está você? —Suas palavras eram frenéticas. —Estou humm... —Ele olhou para Gabi que tinha o lençol apertado contra o peito, sem encontrar seu olhar. —Ainda estou no The Plaza com Gabi. Por quê? —O que aconteceu ontem à noite? —Havia um tom de súplica em sua voz, uma mistura de pânico e preocupação que o perturbou. —Eu precisava falar com Gabi. É sobre subornar o recepcionista do hotel por uma chave do quarto? Eu sei que foi errado, e eu vou falar com o gerente, se for preciso. —Blake... O silêncio que se seguiu enviou um arrepio na espinha. —Leah, fale comigo. —Ligue a TV. —Qual canal? —Ele girou na ponta dos pés em busca do controle remoto, encontrando-o na mesa de café. —O que está acontecendo? —O que aconteceu entre você e Michelle na noite passada? Oh, foda-se. As fotos tinham ido a público. —Jesus Cristo. —Ele ligou a televisão e jogou o controle remoto de volta para a mesa para que pudesse esfregar a testa agora dolorida. Ele deveria ter pensado melhor antes de pensar que Michelle tinha calmamente deixado sua vida. —Nós precisamos conversar. — Oh, Deus, Blake, por favor, não me diga que é verdade. Seu coração apertou. —Sinto muito. Eu era estúpido, mas foi há muito tempo atrás. —Há muito tempo atrás? —Sua voz se quebrou. —Cada repórter em 295


Nova York está dizendo que aconteceu ontem à noite. —O quê? —Sua voz se levantou. —Não. Isso é um monte de merda. Eu não usei drogas nos últimos anos. —Ele correu para pegar o controle remoto e procurar um canal de notícias. —Drogas? — Leah perguntou. —Que drogas? Eu estou falando sobre a agressão física contra Michelle Clarkson na noite passada. Ele tropeçou para trás, suas canelas batendo na mesa de café onde ele se sentou ao ver a notícia na televisão. Um vídeo de Michelle apareceu na tela. Alguém estava escoltando-a para o serviço de emergência de um hospital, o céu ainda escuro com a noite. —Puta. Merda. Gabi engasgou por trás dele, e ele se virou para encontrar seu olhar sobre a televisão. Seu rosto estava pálido, evidenciando suas olheiras. —Eu não quero perguntar, Blake, porque conheço você e eu nunca pensaria que você fosse capaz de algo assim. Mas tenho que perguntar porque é o meu trabalho. Eu preciso saber. Por favor, diga-me que não a machucou. —As palavras de Leah eram rápidas e sua respiração ofegante, como se estivesse correndo. —Não! Deus, não! —Ele nunca fez mal a uma mulher. Nem mesmo a uma como Michelle. —Está bem. Bom. Fico feliz em ouvir isso. Agora em que quarto você está? Eu estou no meu caminho para o Plaza. Blake recitou o número do quarto e tropeçou em seus pés, começando a andar. Leah iria matá-lo. Devagar. —Leah? —Sim? —O som do tráfego veio através da linha. —É melhor você pegar Mason no caminho. Eu tenho algumas coisas que 296


eu preciso dizer a vocês dois. Ela suspirou. —Claro. Nós estaremos aí em breve. Ele desligou o celular e se virou, precisando da garantia que a presença de Gabi sempre trouxe. Só que ela não estava lá. O clique suave da porta do banheiro o acertou com a força de um soco. Ela tinha visto as notícias, ouviu a conversa e, no entanto, ela ainda se afastou.

***

Gabi tinha tomado seu tempo no banho, finalmente saindo para vestir seus jeans e uma blusa confortável que pegou da sua mala, enquanto Blake estava ao telefone. Ela estava sentada no assento do vaso sanitário abaixado, com os braços envolvendo suas coxas levantadas contra o peito, esperando os minutos passarem. O amanhecer não lhe trouxe a clareza que ela esperava. O sono não havia tirado a dor. Tudo ainda estava lá, pesando no peito, pulsando em suas veias com cada batida do coração partido. Ela sabia agora que Blake não a traiu, mas ele a afastou. Traiu sua confiança. E nenhuma quantidade de sono mudaria isso. Ele queria resolver seus problemas sozinho? Tudo bem. Com a ligação tensa desta manhã e o tema da notícia na televisão, parecia que ele tinha um monte com que lidar. Então ela respeitaria seus desejos e ficaria com o seu plano de estar no voo de volta para Sydney. Não importa o quanto lhe doesse virar as costas para ele. —Gabi. —Blake bateu suavemente na porta. —Leah e Mason estão vindo. Eu preciso falar com você antes de eles chegarem aqui. —Eu sairei em um minuto. —Ela mentiu. 297


Ela já assumiu que Leah e Mason estavam a caminho e planejava se esconder até que eles chegassem. Mesmo que a curiosidade exigisse que ela descobrisse quais eram os novos problemas de Blake, seria um momento oportuno sair enquanto ele estivesse distraído. Ela só esperava que eles não demorassem muito tempo. Embora o pensamento de comida a deixou enjoada, seu estômago roncou em frustração. —Gabi, preciso usar o banheiro. Merda. —Eu estou saindo. —Ela aceitou a derrota e se levantou. O reflexo no espelho parcialmente embaçado zombou dela. Nenhuma quantidade de maquiagem esconderia sua tristeza e suas olheiras. Com uma respiração profunda, ela empurrou a maçaneta da porta e entrou na suíte. Ela desviou o olhar da forma dominante de Blake, mas sua mão pegou a dela, puxando-a. Ele não falou. Ele simplesmente a puxou em seu peito, deixando-a mais miserável quando a envolveu com braços gentis, descansando o rosto em seu cabelo. Ela ignorou o calor dele, o cheiro de loção pós-barba que ela sempre associava à paixão e olhou para a camisa preta de colarinho. Vestido com as roupas da noite anterior, sua calça de alfaiataria estava afiveladas com um cinto, enquanto sua camisa aberta expunha seu estômago musculoso. Ela não tinha botões. Bem, tinha, eles só estavam espalhados pelo chão. A cada segundo se tornava mais difícil manter as mãos em seus lados. Ela queria reivindicar seu afeto, agarrá-lo com tudo o que tinha e levá-lo para casa com ela. Finalmente, ela desistiu de tentar resistir. Com braços pesados, ela circulou sua cintura, apoiando a cabeça em seu pescoço. Adeus, Blake. Ela o agarrou mais apertado, ouvindo o fraco batimento do seu coração e as exalações doloridas de respiração. Quando recuperassem a amizade que tinha sido perdida, a confiança já teria sido quebrada. Ela iria perdoá-lo, e eles 298


poderiam voltar para o modo como as coisas eram antes de se conhecerem pessoalmente. O barulho de alguém batendo na porta a assustou. Blake não se moveu, ele só a apertou mais forte, passando a mão na parte de trás do seu cabelo. —Eu te amo, anjo. Sua respiração engatou, sufocada por outra batida na porta. —Blake? —A voz de Leah chamou do corredor. Gabi abaixou os braços e deu um passo para trás com os ombros endireitados. Sem fazer contato com os olhos dele, ela agarrou seu pijama do chão, enquanto Blake caminhou até a porta. Rapidamente, ela colocou as roupas no bolso da frente de sua mala e correu para o banheiro para recuperar seus itens pessoais. Vozes de Leah e Mason ecoaram enquanto ela agarrava as coisas, escova de dentes, pente, maquiagem e finalmente, o colar que Blake lhe deu de aniversário. Ela segurou os pingentes na palma da mão, passando a corrente por entre os dedos. O presente tinha lhe dado força ao longo das últimas semanas. Ela brincava com a escolha da tartaruga e do baixo sempre que conversavam ao telefone e quando estava acordada durante a noite corria os dedos sobre o ouro branco. Agora a ideia de colocá-lo a sufocava. Seja forte. Empurrando o colar no bolso da calça jeans, ela agarrou o balcão. Ela não iria quebrar. Ela iria para casa, se concentraria em seus estudos, trabalharia o máximo possível e seguiria em frente com sua vida. Oh, quem ela estava enganando? Blake era sua vida e tinha sido assim por muito tempo. Mas ela prometeu respeitar a si mesma o suficiente para dar a ele o espaço que precisava para 299


espairecer. Um dia, em breve, ele arrumaria sua vida. Esperava que até então Gabi já tivesse superado o modo como ele a excluiu. Agarrando o estojo de maquiagem debaixo do braço, ela caminhou de volta para a suíte e vacilou. Blake estava sentado na extremidade do colchão, com a cabeça entre as mãos, completamente quebrado. Gabi segurou sua necessidade de ir até ele e olhou para Leah e Mason, que a observavam com expressões misturadas com preocupação e confusão. Ela ignorou seu escrutínio, dando a Leah um breve sorriso antes de continuar andando para sua mala, colocando seus itens pessoais dentro do compartimento principal, e fechando-a novamente. Em seguida, ela pegou suas ankle boots no chão ao lado dela para calçá-las. —O que você está fazendo? —Blake levantou a cabeça e fixou-a com o olhar. Gabi focou em suas botas, puxando para cima os zíperes antes de fazer contato visual. —Eu estou indo embora. —Felizmente sua voz não vacilou. Após os dias de angústia, ela finalmente ganhou força para seguir em frente sem lágrimas. Blake ficou de pé, franzindo suas expressões. —Por favor, Gabi. Não vá. Ainda não. Dê-me a chance de consertar as coisas. Então, podemos conversar. Ela balançou a cabeça. Ela já havia decidido. Um relacionamento era sobre compartilhar fardos e ficar junto nos tempos difíceis, não importava como. — Não. Eu vou para casa. Ele se moveu em sua direção, bufando em frustração. —Por favor. Seu apelo quase a desfez, quase roubou suas forças. Antes que cedesse, ela enfiou a mão no bolso e respirou fundo. —Aqui. —Ela tirou o colar e o colocou em sua mão estendida. —Quando você me deu isso, me disse que os pingentes eram para que eu me lembrasse de você quando estivéssemos separados. Ele se afastou, e ela agarrou-lhe o pulso com a mão livre, colocando o 300


colar em sua palma. —Eu não quero mais um lembrete. —Ela nunca precisou de um. Ele sempre esteve em seu coração. Mas o colar a sufocava, provocando-a com o que ela não poderia ter. —Não. —Ele empurrou-o de volta para ela. —Não faça isso. Eu vou resolver tudo. Eu vou consertar as coisas. Apenas me dê algum tempo. —Seus olhos imploraram junto com suas palavras. —Eu não posso fazer isso sem você. Ela bufou. Será que ele não entende? Ele não podia compreender? —É exatamente isso. Os problemas começaram quando você tentou me afastar. Nós deveríamos ser um casal. Nós deveríamos compartilhar tudo. Mas você mentiu. Você me excluiu... —Eu não... —Não. Deixe-me terminar. Nada disso teria acontecido se você fosse honesto. Eu sabia que você tinha demônios para lutar. Eu sabia disso. Eu também sabia o quanto significava para você ser capaz de enfrentá-los sozinho. Mas esconder isso de mim... Deixando-me acreditar que você estava com outra pessoa. Por que diabos não me ligou? Ele se aproximou, e ela deu um passo atrás. —Eu não sabia como lhe dizer e não queria fazer isso por telefone. Sua decepção teria me matado. Ela respirou fracamente e estremeceu, expondo a dor que tentava esconder. —Eu sempre estive orgulhosa de você. Sempre. O toque de um celular quebrou o silêncio e a voz suave de Leah respondeu à chamada. —Anjo. —Blake se aproximou em sua direção, a camisa aberta expunha sua tatuagem de anjo. 301


Ela estremeceu e se afastou. —Não. Se ele a tocasse agora, ela desabaria em seus braços acolhedores e nunca seria capaz de ir embora. Ela ainda o amava com todo seu coração e tudo o que ela era. Nunca haveria outro homem para preencher o buraco que ele deixou em seu interior. —Eu preciso de tempo. —Blake. —A voz de Leah interrompeu. —Eu sinto muito. —Ela deu um sorriso arrependido para Gabi. —Precisamos discutir isso agora. A gravadora ligou exigindo respostas. Gabi levantou a alça da mala e a puxou para frente. —Eu não me importo. —Ele grunhiu, movendo-se para bloquear seu caminho. —Gabi, eu não posso deixar você ir. Ela continuou passando ao redor dele. —Você já fez.

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Capítulo 28 Blake olhou para a porta, com o corpo dormente, exceto pela dor aguda em suas costelas. Ele não precisava mais lutar. Se ele não tivesse Gabi para proteger, não importava quem descobrisse sobre a escuridão em sua vida. Reckless Beat não importava. A banda era a sua casa, seu santuário, mas Gabi era o seu coração e a sua alma. Sem ela, não havia nada. —Blake, precisamos discutir isso. —Leah falou por trás dele, colocando as mãos em seus ombros. Seu toque deveria lhe trazer conforto, mas ele não sentiu nada, nenhuma esperança, alívio, paz. —Eu não dou a mínima. —Ele sussurrou e quis dizer isso. — Estou acabado. Ele se virou, e ela deu um passo atrás, com o cenho franzido. —Dê a Gabi o tempo que ela pediu. Eu não sei o que está acontecendo com vocês, mas você vai corrigir isso. Ela te ama. —Ela me amou. —Ele a corrigiu. O amor que Gabi uma vez teve por ele não estava em questão. Ela tinha amado. Ele sabia disso. E agora o amor tinha ido embora. Mason se levantou do sofá. —Vamos lá, Blake. Há uma merda de confusão e você está no meio. Precisamos resolver isso e lidar com a mídia antes que fique fora de controle. Merda de confusão era um eufemismo. A mancha de abusar de uma mulher nunca iria deixá-lo, culpado ou não. A pergunta sempre iria pairar no fundo da mente das pessoas. —Eu não fiz isso. —Ele murmurou, deslizando os dedos pelo cabelo agora 303


sujo. Deus, como ele desejava que Michelle nunca tivesse entrado em sua vida. Ele nunca teve uma reputação para defender, mas ele não queria entrar para a história como o viciado em drogas agressor de mulher. —Eu sei disso! —Mason reclamou, caminhando para frente. — Você realmente acha que qualquer um de nós acreditaria que você é capaz de fazer isso? Cristo, Blake, seja a porra de um homem. —Mason ficou em frente a ele e o encarou. —Somos uma família. Sua inocência não está em questão. Nós apenas precisamos dar sua versão para a mídia antes que a merda não possa ser corrigida. Blake desviou o olhar, franzindo o cenho para combater o aperto no peito. —Eu não posso. —Ele limpou a garganta, controlando sua emoção. —Eu não posso fazer isso sem ela. Ele deveria ter sabido desde o início que excluí-la era a coisa errada a fazer. Ela era seu anjo da guarda, aquela que lutou suas batalhas e sempre o colocou no caminho certo. Ela era sua força. Sua clareza. Seu tudo. —Não se preocupe com Gabi. Essa mulher sabe que você tem um pau de sabor de champanhe. Ela vai voltar implorando por mais. —Mason sorriu, mas a arrogância não alcançou seus olhos, ao invés disso a preocupação pairava nos olhos castanhos de seu amigo. —E se não voltar, você sempre pode apelar para a mendicância. Eu nunca tive que fazer isso. Talvez você tenha de pedir dicas a Ryan. Blake deu um sorriso sem graça e os levou de volta para o sofá. Sentandose sobre o colchão, ele esperou por Leah e Mason se sentirem confortáveis. Era isso, o fim. —Eu estava com Gabi na noite passada. —Ele olhou para seus pés e pressionou os dedos dos pés no carpete. —Ela é meu álibi. Leah soltou um suspiro aliviado. —Isso é ótimo. Por que você não me 304


disse imediatamente? A notícia dizia que Michelle não tinha feito uma declaração, mas que vocês dois foram vistos brigando no lobby ontem à noite. Há até filmagens amadoras. —Pelo menos é um reparo fácil com a mídia e os policiais. —Acrescentou Mason. —Vou ligar para a administração do hotel. —Leah levantou, seu alívio era óbvio. —Podemos fazer uma declaração na frente do prédio e parar os rumores antes de que se espalhem. —Espere. —Blake murmurou, olhando para cima para fazer brevemente o contato visual com Mason. Deus, isso ia doer. Ele sempre tinha admirado o vocalista. Mason aguentava suas merdas todos os dias, enquanto Blake sentia continuamente que estava falhando. —Michelle estava me chantageando. —Por quê? —Leah franziu o cenho, recuando e caindo de volta para o sofá. —Com o quê? O que ela tem sobre você? Blake pegou o celular do bolso de trás e rolou até a mensagem de imagem de Michelle. Com uma respiração profunda, ele fez exatamente o que tinha feito com Mitch e passou o celular de novo. Leah não disse uma palavra. Sua decepção era evidente. De maneira quase imperceptível, ela balançou a cabeça. —Mostre-me. —Mason pegou o celular e olhou para a imagem. — Quando esta porra foi tirada? Você se parece com um menor. —Poucos meses depois que eu comecei com a Reckless. —Você ainda está usando? —Leah perguntou suavemente. —Não. —Ele balançou a cabeça e olhou para ela, tentando transmitir sua sinceridade. — Eu não toquei em drogas ou até mesmo álcool em quatro anos... Sinto muito, Leah. Eu sei que isso vai criar um pesadelo para você e isso é a última 305


coisa que quero. Eu esperava resolver a situação sozinho. Obviamente não posso nem mesmo fazer isso direito. Ele apertou a mandíbula e voltou sua atenção para seus pés. —Michelle me iniciou na cocaína na primeira noite que nos conhecemos, e não demorou muito para eu perceber que tinha um problema. Comecei a desejar ficar alto, no palco, sozinho, mesmo quando acordava no meio da noite para dar uma mijada. Foi quando eu encontrei Gabi. Silêncio. Leah e Mason não se moveram, eles quase não respiravam. —Ela era uma conselheira de dependência de drogas online. Bem, ela não era uma conselheira treinada adequadamente. Ela estava lá para manter um olho sobre os grupos de bate-papo e dar apoio moral quando possível. A primeira noite que nos falamos, ela me salvou. Ele olhou para Leah e estremeceu com as lágrimas nos olhos. Ele não choraria. Ele não choraria, porra. —Com algumas palavras simples, ela me deu força e me ajudou a passar os dias mais difíceis... Ela era tudo. Gabi é a única razão pela qual eu estou aqui. Nada mais. Eu não poderia me salvar. Eu nunca pude. Sou muito fraco. Eu devo tudo a ela. Leah levantou-se, fechando a distância entre eles e se sentou ao lado dele na cama. Ele engoliu em seco e inclinou-se quando ela passou a mão ao redor de seus ombros. —Droga. —Mason sussurrou. —Eu me curvo às suas habilidades de sigilo, homem. Eu não tinha ideia. —Nem eu. —Leah sussurrou. —Isso mostra como falhei horrivelmente em minha posição. Eu deveria ter notado... prestado mais atenção. —Não. —Blake sacudiu a cabeça. —Isso não tem nada a ver com você. Minha vida é fodida o suficiente para eu saber como manter minha boca fechada, e no começo eu não conseguia pensar além de perder a minha posição 306


na banda. Eu teria feito qualquer coisa para manter esse segredo. —E agora? —Perguntou Mason. Blake respirou profundamente. Ele ainda estava vazio, entorpecido e sentindo nada do pescoço para baixo. —E agora, nada disso parece importar. Tudo que quero é o perdão de Gabi. Eu não posso perdê-la. Ela é tudo o que importa para mim. —Ele levantou o olhar para Mason. —Eu sinto muito, mano. Eu fodi tudo e sei que me expulsar da banda vai causar um monte de trabalho extra para você. —Te expulsar da banda? O inferno. —Mason franziu o cenho. —Isso não vai acontecer. Leah limpou a garganta e soltou seu aperto no ombro de Blake. — Infelizmente, pode acontecer. O contrato de Blake com a gravadora tem uma cláusula de moralidade por exatamente esta razão. Qualquer um visto trazendo descrédito para a gravadora ou fazendo qualquer coisa que possa prejudicar as vendas pode estar em quebra de contrato. Eu já vi isso acontecer antes... principalmente em grupos com membros que a gravadora sente que são substituíveis. Significa eu. —Então, você está dizendo que ele seria expulso porque a gravadora acha que pode encontrar um substituto? —Mason zombou. —Isso é besteira. —Essa é a vida. —Leah respondeu. —Reckless sempre esteve orgulhosa de ser contra o consumo de droga na indústria da música. Na última vez que estivemos em Richmond, você visitou o centro de reabilitação de drogas e a história foi coberta pelo jornal local. Essa história não vai ser aceita facilmente pela gravadora ou pelo público. —Está tudo bem. —Blake deu de ombros. —Eu sabia dos termos sobre sair. 307


—Não. Foda-se isso! —Mason ficou de pé. —Não é uma opção. Se Blake for, eu vou. Simples assim. O coração de Blake apertou, mostrando o primeiro sinal de vida desde que Gabi saiu. Ele não tinha ideia do que tinha feito para merecer amigos “família” como estes. Se fosse ao contrário, Blake colocaria sua carreira em risco por qualquer um dos caras da Reckless, sem qualquer dúvida. Ele simplesmente não esperava que Mason fizesse o mesmo. —Leah, ligue para a gravadora. Diga-lhes o que está acontecendo e descubra o que eles pretendem fazer. —Mason se levantou, os olhos faiscando de raiva. —Se eles planejarem se livrar de Blake, vou sair da banda. Eles podem encontrar alguém para fazê-los ganhar milhões. —Isso não funciona assim. —Leah suspirou. —Você é o vocalista, Mason, está sob um contrato. Você não pode ir embora porque não concorda com uma decisão que eles estão legalmente autorizados a fazer. —Eu sei que não posso. —Mason atirou de volta. —Mas eu posso estar na Time Square cheirando cocaína na calçada em menos tempo do que é preciso para organizar uma conferência de imprensa. E ao contrário de Blake, eu não dou a mínima para minha reputação. Minha baixa moralidade foi cimentada anos atrás. —Cristo! —Leah esfregou a testa. —Só se acalme. Quem disse que isso precisa ir a público de qualquer maneira? Não podemos continuar a manter segredo? —Não. —Blake os surpreendeu, incapaz de acreditar no que Mason faria apenas para salvá-lo, mas ele não podia continuar se escondendo. —Eu não posso mais viver uma mentira. Eu preciso dizer a verdade para poder seguir em frente.

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Capítulo 29 O zumbido baixo do avião foi abafado pelos pensamentos de Gabi. Ela olhava pela janela, ignorando o profundo oceano azul abaixo. Tudo o que ela podia ver era Blake. A comida de avião a manteve ocupada por meia hora, em seguida, ela tentou ouvir uma música, ver um filme, um documentário, mas nem mesmo episódios de The Big Bang Theory a distraíram. Infelizmente, ela teve que aceitar usar o tempo que tinha para refletir antes de desembarcar em Sydney, horas nas quais ela não tinha um celular ou computador para mantê-la ocupada. Sua mente era o inimigo. Ela já tinha começado a duvidar de suas ações. Partir tinha sido a decisão certa. Ela precisava de espaço e tempo para avaliar todas as coisas que não faziam sentido. E, no momento, era um monte de coisas, vendo Blake com Michelle, a forma como ela o tocou com a familiaridade, a forma como ela beijou sua bochecha. Mesmo que ele tenha lhe dito que aquilo significava nada, o choque a tinha desequilibrado, afetando a maneira como ela pensava em cada detalhe depois daquele momento. Talvez se ela não tivesse sido pega de surpresa as coisas teriam sido diferentes. Talvez se ela tivesse tempo para sentar e pensar antes de sair do quarto de hotel e correr para o aeroporto. Talvez... Ou talvez não. Ir para casa foi a melhor opção. Não precisava ser uma decisão permanente. Ela amava Blake demais para desistir do para sempre, mas agora o pensamento de estar perto dele a fazia doer com desconfiança. —Ele fez isso com certeza. —A mulher corpulenta ao lado de Gabi zombou em voz alta, seu foco na tela da minitelevisão que descansava na cabeceira do banco a frente dela. —Basta olhar para ele. Tatuado, vestido como a 309


morte e aqueles olhos. —A mulher empurrou o fone de ouvido nas orelhas e estremeceu. —Quem sabe o que ele é capaz de fazer? Gabi seguiu a linha de visão da mulher e seu peito apertou na imagem na tela pequena. Era Blake, em pé na frente do Hotel The Plaza, com microfones em torno dele. Ele usava a camisa pólo marrom que Mason estava usando mais cedo, olheiras escuras estavam sob seus olhos, cansaço gravado em suas feições. Com as mãos trêmulas, ela estendeu a mão para os fones de ouvido que descansavam em seu pescoço e colocou-os. —Que canal que você está assistindo? —Ela perguntou, ativando a tela de toque dos canais saindo da opção de entretenimento e escolhendo a de notícia. A mulher olhou para Gabi. —É o primeiro, eu acho. Gabi empurrou seu dedo para baixo no primeiro ícone e inclinou-se para frente ao mesmo tempo que começou a carregar. —Vamos. Vamos. Vamos. Então, lá estava ele, de pé diante dela, seus lábios se movendo sem som saindo. Merda. Ela clicou no volume, não parando até que o som subiu o máximo que podia. —Eu cometi erros. —Sua voz soou áspera e sem emoção. —Alguns relacionados a Michelle Clarkson. Mas eu não a machuquei. —Ele estava sofrendo, ela podia perceber isso em seus lábios apertados e nos olhos sem vida. Repórteres gritaram fazendo perguntas, agitando os microfones na cara dele, mas ele os ignorou com indiferença. —Eu fiquei aqui, no Hotel The Plaza na noite passada. O vídeo de vigilância pode confirmar que entrei aqui horas antes da que os médicos disseram que Michelle foi atacada. —Como está Michelle? —Um repórter gritou. —Quem estava com você? — Perguntou outro. 310


Blake encarou a esquerda da câmera filmando. —Eu não falei com Michelle. Até onde eu sei, ela ainda tem que fazer uma declaração. E com quem estava a noite passada não é da conta de ninguém. Um sorriso triste puxou os lábios de Gabi. Ele estava tentando protegê-la, mesmo depois que ela foi embora. Mais perguntas eclodiram, e Blake falou por cima delas, as suas palavras foram momentaneamente perdidas ao longo o barulho das vozes. — ...Os rumores de que Michelle e eu estamos namorando. Isso é incorreto. —Ele levantou o queixo e endireitou os ombros. O cinegrafista ampliou a imagem, e Leah e Mason ficaram à vista de cada lado dele, com suas posturas rígidas. —Ela estava me chantageando com os erros do meu passado. Erros que eu tenho vergonha e lutei muito para esconder. O pulso de Gabi começou a bater. Por que ele estava trazendo à tona o seu passado? Se a imprensa soubesse que ele tinha segredos, não pararia até descobri-los. Sua garganta apertou, e ela engoliu em seco para tentar aliviar a dor. Ela não queria isso para ele. Não importava quanta raiva e mágoa que ela sentia, ele não merecia isso. —Eu não vou esconder mais. Ela engasgou e cobriu a boca com a mão. Não. Ela balançou a cabeça, em silêncio, pedindo-lhe para parar. Blake limpou a garganta enquanto o silêncio reinava em torno dele, os urubus aguardavam ansiosamente a notícia. —Eu era um viciado em drogas. Um fato que estou enojado de admitir. Repórteres avançaram para frente, ficando na cara dele. Gabi não podia ouvir o que diziam, porque todos falavam ao mesmo tempo, mas a partir do desgosto no rosto de Leah e a fúria em Mason, ela sabia que não era bom. Blake baixou o olhar, em silêncio, tomando o ataque. Então Mason se 311


inclinou e sussurrou algo no ouvido dele, fazendo Blake erguer seu foco, com sua mandíbula apertada e seus olhos brilhando com determinação. —No início da minha carreira com a Reckless Beat, eu comecei a usar cocaína para fins recreativos. Recreação transformou em vício, e embora eu tenha percebido os meus erros cedo, demorou um pouco para voltar do inferno que eu tinha afundado. —Ele falou sobre as perguntas arremessadas contra ele. —Eu mantive esta parte de mim escondida das pessoas que eu amava e da banda que se tornou a minha vida. E eu tenho feito isso há anos. Os olhos de Gabi queimaram. O que aconteceria com ele agora? Será que ele perderia a Reckless Beat? Inferno, então o que ele faria? A senhora ao lado de Gabi murmurou alguma coisa ininteligível e ela ignorou, focada exclusivamente em Blake, desejando que ela estivesse lá com ele. —Nada disso importa mais. —Ele proclamou, olhando diretamente para a câmera. —A minha lealdade para com a banda, o meu amor pela música... —Ele balançou a cabeça e torceu o nariz. —Nada disso importa, porque eu arruinei a única coisa na minha vida que significa mais para mim do que a própria vida. Eu decepcionei a mulher que detém o meu coração e fiz a única coisa que eu prometi que nunca faria, machucá-la. A tela borrou e Gabi freneticamente piscou suas lágrimas. Quando sua visão clareou, a cabeça de Blake estava baixa e os ombros caídos. Seu peito arfava enquanto ele passava a mão por seu cabelo emaranhado e olhava para a multidão. —Agradeço o apoio dos fãs leais da Reckless Beat e espero que um dia possa compensá-los. Mas, por agora, com a minha posição como baixista em risco, peço que todos vocês me considerem totalmente responsável pela forma como eu trouxe a banda e nossa gravadora em descrédito. Peço que todos vocês, por favor, deixem Mason, Mitch, Ryan e Sean fora do drama que eu causei. Obrigado. Blake se virou, ignorando as perguntas dos repórteres e caminhou de 312


volta para o hotel, Leah e Mason o seguiram. A reportagem acabou, voltando à tela de notícias. Gabi baixou os fones de ouvido. Seu coração batia forte, acusando-a sobre a decisão de partir. Ela não podia se culpar agora. Blake tinha que lutar esta batalha sozinho. Ela de todas as pessoas precisava entender o porquê. Ele sempre se considerou fraco, mesmo quando era o homem mais forte, de bom coração e determinado que ela conhecia. Ele nunca acreditou nela, nunca acreditou em si mesmo. E não importa o quanto ela ansiava correr de volta para ele, para ajudar a suavizar a dor em sua vida, isso não era sobre ela. Ele precisava fazer isso por conta própria.

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Capítulo 30 Uma semana mais tarde

Blake ouviu uma batida na porta e gemeu. Ele não queria ver ninguém. Porra, ele nem sequer pretendia se mover. Sentado em sua cadeira favorita, em frente da televisão, com o apoio para os pés para cima, era o lugar onde queria estar. Mais importante ainda, sozinho. A batida veio novamente, mais alta. —Espere. —Ele rosnou e ficou de pé. Caminhou chutando as caixas de pizza vazias e pedaços de papel amassados espalhados pelo chão antes de abrir a porta. —Puta merda. Será que eu bati na porta certa? —Sean riu, virando-se para Mason. —Para ser honesto, não tenho certeza. —Respondeu Mason. —Emo, é você embaixo de todo esse pelo? Blake esfregou a barba que cobria a mandíbula e se encolheu. Ele não tinha raspado em... bem, ele não podia se lembrar, mas não dava a mínima. —Parem. —Ryan disse, passando por Blake e entrando em seu apartamento. —Todos nós temos aspirações. Ele pode ser um yeti se quiser. Mitch bufou e deu em Blake um soco fraco no intestino enquanto seguia Ryan. —Parecendo... bem, amigo. Mason e Sean não pediram um convite também, simplesmente caminharam em seu apartamento carregando garrafas de refrigerante e cerveja. 314


—Sintam-se em casa. —Blake murmurou, batendo com a porta fechada. Os caras lhe haviam perseguido durante toda a semana, ligando diariamente, visitando muitas vezes e sempre lhe lembrando sobre o mundo exterior, mesmo que ele não quisesse ser uma parte dele. —Eu gosto do que você fez com o lugar. —Mason disse da sala de estar. —É muito “gueto” e se adapta ao novo visual que você está ostentando. Blake deu-lhe o dedo e começou a pegar o lixo do chão. —Então me diga o plano de novo. —Sean inclinou-se no sofá, seu foco em Mitch. —Eu posso segurá-lo enquanto vocês raspam essa merda de seu rosto, ou eu fico com a lâmina? —Foda-se. —Blake agarrou. —Por que tanto papel? —Perguntou Mason, olhando para as centenas de folhas de bloco de notas amassadas no chão. —Nada. —Blake o olhou, levando a primeira carga de lixo para a cozinha. Durante toda a semana, ele concentrou sua pouca energia nas emoções que atravessam sua mente, o arrependimento, a mágoa, o amor. Ele queria escrever tudo, talvez compor uma canção, mas as palavras que ele riscou ao longo de cada página eram uma merda. Blake ouviu um som de papel amassado sendo desdobrado e caminhou de volta para a sala de estar, arrancando a página da mão de Mason. Mason descansou na cadeira e franziu o cenho. —Eram letras? Elas não eram da conta dele. Blake fechou os olhos, respirou fundo para acalmar seu aborrecimento e amassou a página em seu punho. —Elas são boas, cara. —Ryan disse atrás dele. 315


Blake girou e pegou o papel que Ryan tinha aberto. —Deixe minha merda em paz! —Essas páginas foram preenchidas com pedaços de sua alma. As palavras eram pessoais, íntimas e algo que ele não queria que ninguém visse. Especialmente estes idiotas provocadores. —Mas você tem tanta merda para compartilhar. —Sean deu uma risadinha. Blake endureceu sua mandíbula. Ele ia perder a cabeça, porra. Se eles não saíssem, ele machucaria um deles. Todos eles. Não importava quantos eles eram. Ele só queria limpar esses sorrisos idiotas de seus rostos. —Por que vocês estão aqui? Os quatro se entreolharam antes de olharem de volta para ele. —Para ajudá-lo a limpar o lugar depois de sua festa de piedade. —Ryan respondeu. Mitch fixou-o com um olhar sério. —O homem que atacou Michelle foi preso, os fãs estão do seu lado e a maldita gravadora amou a publicidade. Então é hora de ser homem e seguir em frente. Blake rangeu os dentes. —Não, obrigado. Eu estou bem. —Oh, sim, nós podemos ver isso. —O olhar de Mason passou por Blake, desde o velho e sujo moletom até a camiseta rasgada. —Quando foi a última vez que você tomou banho? —Isso é um convite para esfregar minhas costas? —Eu não curto zoofilia. Mas se for preciso fazer isso para torná-lo humano novamente... —Mason deu de ombros. Blake ficou na ponta do sofá e cruzou os braços sobre o peito. Isto era besteira. Ele era a porra de um homem adulto. Ele poderia deixar a barba crescer e se esquecer de tomar banho se quisesse. Inferno, ele era um astro do rock. Este 316


comportamento era como o público esperava que ele agisse em seu tempo de inatividade. Mason abriu uma garrafa de cerveja e inclinou a cabeça enquanto tomava um gole. —Eu não me importo quanto tempo leve para tirar você desse pelo. Tenho cerveja suficiente para durar até amanhã de manhã. Babacas. Cada um deles. —Tudo bem. Eu vou tomar banho. —Blake se virou e foi para seu quarto. —Então vocês podem sair. —Não seja estúpido. —Mitch deu uma risadinha. Quinze minutos mais tarde, Blake saiu do seu banheiro para seu quarto agora limpo. —Que porra é essa? Sua cama estava feita, as roupas previamente espalhadas pelo chão estavam longe de serem vistas e sua janela estava aberta, deixando entrar o ar fresco. Ele jogou a toalha em cima da cama e caminhou pelo corredor. Sua máquina de lavar louça cantarolava na cozinha, e ele enfiou a cabeça na sala para encontrar Sean empilhando caixas de pizza vazias no balcão. —Filhos da puta! Ele continuou pelo corredor até a sala de estar encontrando o chão agora impecavelmente limpo. Mason e Mitch estavam ajoelhados sob sua mesa de café, desdobrando as páginas do bloco de notas antes amassadas e as colocando em uma pilha. Não! Oh, Deus, não. Ele sentiu suas bolas encolherem. Nada poderia tê-lo castrado mais do que ter seus amigos lendo as páginas sobre coração partido. As coisas que ele tinha escrito eram profundas, inteligivelmente profundas. E totalmente 317


embaraçosas. Os caras pensariam que ele era o maior frouxo na terra. —Por que você não pede para Sidney ajudá-lo com isso? —Mitch perguntou, batendo na pilha de páginas. Blake fechou os olhos e deixou cair a cabeça para trás. Será que ele realmente queria ir por esse caminho? Ligar para a famosa compositora significaria que ele deliberadamente compartilharia suas fraquezas com o mundo. Ele não tinha feito o suficiente disso? —Elas são boas. —Acrescentou Mason. —Muito boas. São todas sobre Gabi? Blake esfregou as mãos pelo seu rosto agora limpo e soltou um gemido, que acabou soando como uma gargalhada delirante. Cada palavra era sobre ela, cada pensamento, cada memória, cada arrependimento. Ele esperava que escrever suas emoções fosse tirá-la de sua mente, e que eles poderiam ter uma nova chance se ele conseguisse fazer as frases soltas se encaixarem corretamente. —Sim. —Ele admitiu, e abriu os olhos, à espera das gargalhadas. Nada veio. Seus amigos só balançaram a cabeça e continuaram a empilhar os pedaços de papel. —Você vai ficar bem, princesa. —Ryan entrou na sala, batendo nas costas de Blake quando passou. —Nós demos uma de Cinderela na sua casa, e você parece quente novamente. É só uma questão de tempo antes que você esteja de volta ao normal. —Você realmente deve chamar Sidney. —Mitch se levantou e apontou o polegar na direção de Mason. —Ou mandar o garanhão chamá-la. —Adoraria. —Mason respondeu. —Só que eu não acho que trabalharia em seu favor. Essa mulher quer me estripar. 318


Blake riu, e todos os garotos pararam o que estavam fazendo para olhar para ele. —Oh, Cristo, vamos lá. Não é como se eu nunca tivesse rido antes. Mitch deu de ombros. —É apenas bom de ouvir, isso é tudo. Blake ignorou a pontada de arrependimento que revirou seu estômago. Mesmo que ele fosse infeliz sem Gabi, ele precisava lembrar que tinha muito a agradecer. Seus amigos estavam no topo da lista, seguido de perto por sua posição na Reckless Beat. Ele não sabia o que teria feito se a gravadora rasgasse seu contrato. Caminhando para o sofá, sentou-se no canto, ao lado de Ryan. Era hora de ser homem. Uma vez que os pensamentos enjoativos estivessem fora de sua mente, ele seria capaz de seguir em frente. Bem, pelo menos ele teria a capacidade mental para descobrir como dar o primeiro passo. Puxando seu celular do bolso, abriu a tela e olhou para Mason. —Ok, então. Qual é o número da Sidney?

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Capítulo 31 Blake releu a letra da música escrita por Sidney, seu sorriso crescendo a cada linha. —É bom. —É claro que é bom. —Ela sorriu e seus olhos castanhos brilharam. — Você embalou muita mágoa e amor nessas letras. Acho que todo mundo vai pegar os lenços quando ouvirem você cantá-la. Ele agarrou o violão no colo e engoliu o nervosismo. Cantar não era o seu forte. Ele era bom o suficiente para acompanhar Mason na turnê quando a música era alta e os fãs abafavam sua voz. No entanto, cantar sozinho, com apenas violão para mantê-lo, o assustava. —Não se preocupe. —Sidney deu um tapinha no joelho. —Na verdade, Blake, você parece apaixonado e sincero. A mulher sobre quem você está cantando não será capaz de resistir a se apaixonar por você mais uma vez. Confie em mim. Ele assentiu, embora não inteiramente convencido. —OK... Vamos fazer isso. Vou chamar Mason. —Ele se levantou, mas nem a franja escura cobrindo a testa de Sidney conseguiu esconder sua hesitação. —Tem certeza de que você está de acordo? —Blake perguntou, sentandose de volta. Eles planejaram a criação de um vídeo de sua música, da música de Gabi, e fazer o upload para o YouTube. Ele não podia ligar para ela, não sabia o que dizer por e-mail, mas talvez sua música fosse transmitir as emoções que ele tinha dificuldade para colocar para fora. O único problema era o som. Ele poderia cantar a música ele mesmo e acompanhá-la com seu violão, mas fazê-lo em harmonia com a doce voz de Sidney e o tom suave de Mason seria mágico. Sidney teria de suprimir sua aversão por Mason enquanto eles fizessem isso, no entanto. —Eu? —Ela ignorou seu comentário. —Eu estou bem. 320


Blake estreitou seu olhar. Ele não tinha certeza se Sidney e Mason tinham se falado desde o escândalo do vídeo de sexo. E olhando para ela agora, com os seus olhos inocentes e seu sorriso suave, ele não conseguia entender como uma mulher tão doce teria alguma vez se permitido ser gravada nua com Mason, muito menos com Sean ao mesmo tempo. —Vamos lá, Blake. Vamos fazer isso. —Ela se levantou e caminhou até a porta do estúdio, hesitando brevemente antes de abri-la. —Ei, idiota. —Ela chamou pelo corredor. Blake limpou a garganta para sufocar uma risada. Nos últimos dois dias, ele havia trabalhado com Sidney e nenhuma vez ela tinha sido pouco profissional. Ela era uma verdadeira dama, uma com costumes, moral e respeito próprio. —Estamos prontos para você. —Ela continuou gritando, em seguida, deixou a porta fechar na cara de Mason. Em seu sofisticado vestido na altura do joelho e saltos pretos delicados, ela se virou e caminhou de volta para a cadeira ao lado dele. —Viu, eu estou bem. Ele sorriu e balançou a cabeça. Ela poderia fingir estar bem durante todo o dia. Ambos sabiam que era apenas uma fachada. Ele podia ver a dor em seus olhos e a negação em seu sorriso fraco. Mason abriu a porta e caminhou para dentro —É bom ver você também, gata selvagem. —Eu gostaria de sentir o mesmo. —Ela zombou. —Espere. Não, eu não gostaria. Eu ficaria muito feliz de nunca ver seu rosto novamente. —Ela sorriu, batendo os cílios grossos. —Ah, eu quase esqueci. —Ela se inclinou e agarrou sua bolsa do chão, pegando o conteúdo. —Eu tenho algo para você. Mason parou a alguns metros de distância, apoiando-se no encosto de uma cadeira de madeira, observando-a. Ela colocou a bolsa de volta para baixo e jogou algo pequeno e brilhante em seu peito. —Vá se foder. —Ela murmurou, 321


depois baixou o olhar para as folhas de música em seu colo. Os olhos de Blake se arregalaram com a veemência em seu tom, para não mencionar a sua linguagem. Ele nunca a tinha ouvido xingar antes e eles se conheciam há anos. Mason tinha esse efeito sobre as mulheres. Ou elas o amavam ou queriam arranhar seu rosto bonito. Mason se atrapalhou para pegar o pacote de prata e em seguida, ergueu-o entre os dedos. —Eu amo o drama, Sid, mas se é para eu me foder, isso não faz a camisinha redundante? —Ele levantou uma sobrancelha. Sidney não olhou para ele. —Com a sua propensão para dormir com prostitutas, eu estaria protegendo cada parte do meu corpo contra as doenças que essa coisa... —Ela olhou para sua virilha e depois para as folhas. —Poderia transportar. Mason fixou Blake com um sorriso torto. —Ela acabou de chamar-me de um prosti... —Mason. —Blake avisou. —Você se lembra que nós dormimos juntos, certo? —Mason provocou. —Se você não lembra, eu posso sempre chamar Sean. Tenho certeza de que ele ainda tem uma cópia do vídeo. Blake viu o olhar de mágoa de Sidney que tinha seu lábio inferior entre os dentes. Ele queria confortá-la, mas ela não precisava. No segundo seguinte, ela ergueu o queixo. Levantando-se, ela se virou para Mason. —Eu lembro. Você foi o maior erro da minha vida. O sorriso de Mason aumentou. —Bem, eu definitivamente não seria o menor. —Oh, isso é bonito. —Ela deu um passo para frente e sorriu. —Você acha que você tem algo especial entre suas coxas. Desculpe dar a notícia, amigo, mas você realmente precisa saber como usá-lo para que possa ser útil. 322


Mason vacilou, franzindo seu cenho, antes que ele se inclinasse para frente, a centímetros de sua boca. —Eu me lembro de você gritando o meu nome quando a sua boceta apertada gozou ao redor do meu pau. O olhar de Blake pulava entre os dois como uma partida de tênis. Cada resposta aborrecia o outro, deixando-os mais lívidos. Se ele não conhecesse as circunstâncias por trás da aversão, ele teria imaginado que isto era uma dança de acasalamento cheia de raiva. Fez-se silêncio pesado na sala. Sidney cerrou os punhos, endireitou os ombros e virou-se, movendo-se de volta ao seu lugar. Mason riu, o som ficava cada vez mais alto à medida que ela permanecia em silêncio. Por que Mason estava sendo um idiota? Ele não podia ver que ela estava sofrendo? Sidney limpou a garganta e encontrou o olhar de Blake. —Podemos apressar isso?

***

Gabi sentou na recepção, ocupando-se com o clique, clique, clique de sua caneta. Ela não deveria estar trabalhando hoje, mas quando outro membro da equipe ficou doente, Gabi aproveitou a chance para se manter ocupada. Só que ela não estava ocupada. Ela estava entediada. E o tédio a levou a pensar em Blake, o que levou à depressão que ela estava tentando se livrar há dias. —Oh, meu Deus. —A voz de Tammy veio da sala de armazenamento atrás dela, seguido por murmúrios de um vídeo. —O quê? —Gabi perguntou, girando em sua cadeira para encarar a porta. Tammy entrou em seu campo de visão, com os olhos arregalados e seu 323


celular na mão. —Você já viu a internet ultimamente? —Sim. —Gabi fez uma careta. —Eu checo meus e-mails. —Ela checou seus e-mails a cada segundo livre do dia, sempre na esperança de encontrar algo de Blake. Infelizmente, ele ouviu seu apelo para lhe dar um tempo sozinha, e ela não tinha ouvido falar dele desde que deixou os EUA. —Humm. —Tammy engoliu. —O que foi? —Pânico começou a alcançá-la, as palmas das mãos começando a suar. Por favor, não deixe que seja outro escândalo na mídia de Blake. —Entre no YouTube. Gabi fez uma pausa, incapaz de determinar se Tammy estava animada ou em pânico, antes de girar em sua cadeira para encarar a tela de seu computador. Abriu um navegador de internet e digitou o endereço do site. —E agora? —Seus dedos estavam posicionados sobre o teclado, e seu o corpo tenso, esperando para descobrir o que era tão importante. Se fosse outro vídeo de gato, Tammy estaria em sérios apuros. —Escreva, “Blake Kennedy – Shattered Heart.” Gabi congelou. Ela ficou sentada, olhando para a tela, enquanto seu peito palpitava. Ela não sabia o que esperar, mas o “coração despedaçado” soou ridiculamente sinistro. —Faça isso, Gabi. A mão de Tammy descansou em seu ombro, não proporcionando nenhum conforto. Mais uma vez, Gabi se sentiu sozinha, a dormência rastejava sob sua pele, tentando assumir o controle. —Tudo bem. Eu vou fazer isso. —Tammy passou ao redor dela para pegar o teclado. Seus dedos clicando sobre os botões, cada toque suave aumentando a 324


ansiedade de Gabi. —Eu não acho que... —As palavras dela se afastaram quando surgiu na tela uma imagem de Blake embalando um violão em seu colo. Ele usava uma camisa da Reckless Beat preta, seus braços com tatuagens estavam à mostra junto com seu bracelete de couro. Seus lábios se moviam, assim como os de uma bela mulher de cabelos escuros que se sentou ao lado dele, enquanto Mason estava em seu outro lado. —Aumente. Aumente. Tammy clicou no volume, chamando sua atenção para a data em que o vídeo foi carregado, ontem e já havia mais de vinte mil visualizações. — Você está pronto? —A voz suave da mulher sussurrou. Blake assentiu, roçando os dedos ao longo das cordas do violão. O barulho delicado fez o coração de Gabi palpitar, e ela se sentou atordoada em silêncio, observando cada movimento seu. Ela adorava suas mãos, a maneira como elas fluíam sem esforço sobre o instrumento, criando um som celestial. Então, ele começou a cantar, e o ar correu de seus pulmões. —Uau. —Tammy falou sobre uma exalação. —Só... uau. —Shhh. —Gabi não queria perder nada. Ela nunca o tinha ouvido cantar antes, não sozinho, de qualquer maneira. Sua voz era crua e áspera, o tom masculino totalmente hipnótico. Mason e a mulher apoiaram seus vocais em uma suave melodia, repetindo letras, aumentando a emoção. Você é meu vício apaixonado, a única droga que eu almejo... Blake olhava para seu violão, seus ombros caídos e suas mãos tocando o instrumento com beleza sincronizada. Ela queria passar os dedos sobre a barba por fazer no seu queixo, correr suas mãos através dos comprimentos grossos de seu cabelo. As cores estão desbotando. Nada importa mais… 325


Sua cabeça lhe disse para olhar para longe, mas sua adoração por ele não permitiria isso. Ela sentia falta dele, o amava. Tanto que nunca iria parar de doer. Estou dilacerado, quebrado e machucado, mas isto não se compara com a maneira como eu te tratei. Mason bateu o pé, criando uma batida suave, enquanto Blake cantava mais alto, com mais emoção. O som zumbia em seus ouvidos, aquecendo seu corpo gelado. Em um ponto sua voz falhou e Gabi prendeu a respiração, incapaz de reagir ao ver a tristeza dele. Eu não vou ficar longe. Eu estarei de volta para você um dia. Até então, você mantém as peças quebradas do meu coração em suas mãos. Blake deu um dedilhar final no violão e olhou para a câmera. O canto dos lábios inclinados em um sorriso triste, seus olhos escuros insondáveis encaravam a alma dela. Em seguida, o vídeo desvaneceu para preto e, finalmente, ela pode respirar novamente. —O que você está pensando? —Tammy perguntou. Gabi deu de ombros e estendeu a mão sobre o balcão para pegar um lenço. —Ele é um músico. Escrever canções é uma parte do trabalho dele. —Ela não queria se perguntar quais foram as razões dele para escrever esta canção em particular quando sabia que ele não tinha contribuido muitas vezes liricamente para Reckless Beat. Sua mente já tinha perguntas que não podia responder, e depois de dias sofrendo por ele, agora ela desejava a dormência com que tinha se acostumado. —Você está brincando, certo? —Não, eu não estou. —Gabi se levantou da cadeira. —Ele não se preocupou em ligar desde que eu deixei os EUA. Por que isso deveria mudar a forma como eu me sinto? —Sim, parecia ridículo, mesmo para seus ouvidos, mas 326


um simples telefonema teria significado muito mais. Gabi não esperou por uma resposta. —Estou indo almoçar. Tammy assentiu, ainda olhando para ela com pena. Porra, ela estava cansada desse olhar, de seus amigos, de seus pais, de quando se olhava no espelho. Agarrando seu novo celular, ela caminhou para fora. O pensamento de comida revirou seu estômago. O que precisava era do conforto do oceano. Ela atravessou a rua desceu as escadas do calçadão que levavam à praia, a brisa do mar quente soprou o cabelo do rosto, mas não a acalmou. No degrau final, ela tirou os sapatos e mexeu os dedos dos pés na areia. Ainda nada. Toda sua vida o mar tinha lhe acalmado. A correnteza, o som das ondas. Ela se sentia em casa. Agora só servia para lembrá-la do que ela já teve. O rosto de Blake zombava dela toda vez que ela olhava para a água. O som de sua voz ecoava entre as pessoas quando ela nadava. O mar já não a confortava. Nada a confortava. Ela sentia muita falta dele para permitir que a dor desaparecesse. Com um suspiro, ela sentou-se na areia com sua saia cinza. Ela desejou que ele tivesse ligado antes de liberar o vídeo. Talvez, então, ela acreditasse que ele tinha escrito para reconquistá-la, e não por causa de um golpe publicitário. Só que ele não entrou em contato com ela desde então, e ela não sabia o que fazer sobre isso. Se ela ligasse, se arrependeria. Ela correu atrás dele pela última vez. Ela nunca respeitaria a si mesma ou a qualquer relacionamento futuro se tivesse que correr atrás dele novamente. O celular começou a soar em sua mão e ela olhou para a tela, esperando por respostas. —Eu deveria seguir em frente. —Ela falou as palavras em voz alta, tornando a declaração real. Mas como ela poderia deixar Blake ir? Ela acreditava 327


que ele a amava, apenas o seu compromisso não parecia tão forte quanto o dela. —Merda. —Ela não tinha ideia de como consertar as coisas. — Está tudo bem, anjo? Ela ficou rígida. Certamente não era a sua voz. Lentamente, ela olhou por cima do ombro, e sua respiração parou ao vê-lo. —Blake? Seus lábios se curvaram. —Sim, linda. Sou eu. —Ele ficou ali, com as mãos nos bolsos da calça jeans, vestindo uma camisa casual preta de colarinho para fora da calça, e os pinos de prata em seus braceletes brilhavam ao sol. —O que você está fazendo aqui? —Seu coração acelerou. Mau, coração traidor. Ele deu de ombros, nervosismo e apreensão marcados em suas feições. — Eu estava no bairro e pensei em parar. —Ele deu um passo à frente e estendeu a mão, ajudando-a a se levantar. —Tammy pensou que talvez você estivesse aqui. Quando ele a soltou, ela limpou a areia de sua bunda, sentindo a necessidade de manter as mãos ocupadas. Ele estava tão perto, a distância de um toque. Seus dedos coçaram para se conectar com ele. Ela queria acariciar as manchas escuras sob os seus olhos e afastar a exaustão. Ele levantou a mão para afastar os cabelos que voavam em seu rosto. — Sinto muito. Eu sei que você queria tempo para pensar, mas não posso ficar longe por mais tempo. —Seus olhos escuros olharam para ela, aquecendo seu sangue. —Eu não posso mais viver sem você, anjo. Ela balançou a cabeça. —Eu não acredito em você. Suas sobrancelhas franziram. —O que você não acredita? Que eu não posso viver sem você? Basta perguntar aos caras, eles são os únicos que tiveram que puxar a minha vida de volta. —Não. Eu não quero perguntar aos caras ou ouvir canções de amor no 328


YouTube. Tudo que eu preciso é que você seja honesto e me diga tudo. Sua mão caiu de seu rosto. —Eu tenho muito o que explicar. —Sim, você tem. —E ela esperava que ele fosse convincente, caramba. —Você quer ir a um lugar mais privado? Ela balançou a cabeça. Ela não podia esperar mais para ouvi-lo. —Está bem. Quer sentar-se? Ela assentiu e seguiu até a areia, sentando ao lado dele. Ele pegou a mão dela, e por longos momentos, permaneceu em silêncio enquanto seus dedos corriam trilhas ao longo dos vincos na palma da mão. —Eu não sei o que dizer, Gabi. Eu não quero piorar isso. Eu não posso suportar a ideia de você indo embora para sempre. —Eu preciso da verdade. No momento, estou lutando para descobrir isso. As coisas entre nós tinham sido fantásticas e em seguida, você mudou. Você me afastou, e isso é uma coisa que eu não consigo entender. Eu nunca teria feito isso com você. —Eu estava cansado de ser o único quebrado. —Ele falou baixinho, sua voz mal soando sobre o barulho do oceano. —E o meu medo de magoar você nublou meus pensamentos. Quando Michelle me chantageou, tudo que eu conseguia pensar era em como você reagiria. Quão decepcionada e chateada você ficaria. Então mantive isso para mim mesmo, prometendo fazer tudo certo sem afetar você. —Sua honestidade teria machucado muito menos. O rosto dele franziu, e ele concordou. —Eu... —Ele soltou uma risada irônica e desviou o olhar. —A verdade é que eu realmente pensei que estava fazendo a coisa certa. —Seu olhar voltou para encontrar os dela. —Você sempre foi minha protetora, Gabi, e pela primeira vez eu queria protegê-la, de mim. 329


Seu coração apertou. —Eu nunca precisei de sua proteção, Blake. Eu só precisava de você. Ele voltou sua atenção para o oceano, com o olhar perdido. —Eu sei disso agora. Entender isso tem sido doloroso. —Ele levantou a mão dela, levando-a aos lábios para deixar um beijo na palma da mão. —Eu cometi muitos erros para contar. E na maioria das vezes, não posso acreditar na minha própria estupidez. Eu deveria ter lhe contado. Eu simplesmente não poderia ser o fraco novamente. Gabi se inclinou para ele, sentindo a força que ele não acreditava que existia. —Você precisa parar de deixar seu passado defini-lo, Blake. Eu gostaria que você pudesse ver o homem brilhante que eu vejo. Seu braço rodeou o ombro dela, segurando-a firme. —Você está me dizendo isso há anos, e enquanto estivemos separados, eu tive um monte de tempo para pensar sobre isso. Eu percebi que nunca vou fazer qualquer um de nós feliz a menos que eu me perdoe. —E você se perdoou? —Ela se afastou para olhá-lo nos olhos. Sua boca inclinou de um lado, dando a dica mais breve de um sorriso nos lábios. —Depois de um pouco de terapia de tinta, sim, eu acho que me perdoei. —Você tem outra tatuagem? Ele balançou a cabeça e levantou a barra de sua camisa, revelando a pele abaixo do anjo em seu peitoral esquerdo. Perdoe. Esqueça. Finalmente seja livre. As palavras foram escritas em uma fina letra preta. —É linda. —Ela passou o dedo sobre a carne e o estômago dele apertou, os músculos se definindo sob seu toque. Um brilho de excitação correu por suas veias, aquecendo as partes íntimas do seu corpo. —Obrigado. 330


Ela ignorou o calor em seu olhar e descansou novamente em seu ombro. Haveria tempo para intimidade mais tarde. Agora ela só queria ser abraçada e sentir a força do seu amor protegendo-a. Ele abaixou a camisa e puxou-a para o seu lado, seus dedos preguiçosamente acariciando para cima e para baixo de sua cintura, dando-lhe arrepios. —Eu vou compensar você, querida. —Ele sussurrou em seu ouvido. — Nada é mais importante para mim do que fazer você feliz para o resto da minha vida. Gabi fechou os olhos, cheia de alívio. Esta manhã, ela estava perdida em mágoa, e agora, mesmo que ele não tivesse dito uma palavra, ela acreditaria no arrependimento e sinceridade em seus olhos. —Nunca minta para mim de novo. —Ela manteve o rosto escondido, não querendo que ele visse o sorriso que não podia controlar. —Nunca. Eu prometo. —Ele beijou sua testa, transformando seu coração em chamas. —Você acredita em mim? Você pode acreditar em mim depois de tudo que eu fiz? Ela se aconchegou na escuridão do seu pescoço, inalando o perfume que ela associava ao amor e à paixão. Eles foram feitos um para o outro. Haveria mais erros no futuro, mais obstáculos a serem superados e compromissos a serem feitos, mas nada disso importava se eles confiavam um no outro. Eles poderiam fazer a relação dar certo. —Sim. —Ela não poderia elaborar uma resposta mais completa, seu coração estava batendo muito forte e seu estômago parecia cheio de borboletas com asas de águia. Ele a segurou com força, pressionando os lábios em seu cabelo. —Deus, eu senti sua falta. —Ele a beijou novamente. —Eu ansiava por você a cada batida do coração. —Ela acreditou nele. Ela sempre iria. —Não há mais ninguém para mim. Nunca haverá. —Ele continuou derrubando as barreiras. 331


Gabi olhou para o rosto dele. Ela leu a sinceridade em seus olhos, sua seriedade na linha fixa de seus lábios. Quando ela estava em seus braços, rodeada por seu calor e afeto, nada mais importava. Ele baixou o olhar, focando em algo atrás dela. Um reflexo brilhante cintilou em suas pupilas e o tilintar de algo metálico soou sobre o som das ondas. Ela endireitou-se e apertou os lábios ao ver seu colar emaranhado em torno dos dedos dele. —Você devolver isso quase me matou. —Ele fez uma pausa, deixando que suas palavras a atingissem com a brutalidade de seu arrependimento. —Eu nunca estive mais orgulhoso ou feliz do que quando você usava esse colar. Eu amava saber que um pedaço de mim estava com você, tocando em você. —Ele virou a mão, mostrando o colar na palma da mão. —Pegue-o de volta, Gabi. Por favor. Ela tinha devolvido o colar em Nova York porque acreditava que sentiria o peso de sua traição em seu pescoço. Ela estava errada. Não era traição que pesava o colar, e sim o amor dele, o lembrete de que ele tinha escolhido um presente mais perfeito e sincero do que qualquer coisa que ela já tinha recebido antes. O presente de aniversário de tirar o fôlego a fez se sentir culpada por se sentir traída por ele. E, naquele momento, ela não queria ter essas emoções. Ela só queria ficar com raiva. Ela deslizou a mão sobre a dele e agarrou o colar. O simples toque do ouro acalmou seu coração. Ele a viu com o canto do olho quando ela colocou o colar em volta do pescoço e o deixou descansar contra seu peito. Blake se inclinou, enfiando a mão no bolso. Desta vez, ele pegou outra joia. Uma menor, redonda, que ostentava uma esmeralda em corte de diamante no centro. Meu Deus. —Não é suficiente. —Ele começou, girando o anel, fazendo com que o sol 332


refletisse na pedra deslumbrante. —Nada que eu tenho jamais será bom o suficiente para o que você merece, mas eu quero que você seja minha, anjo. Ele virou o rosto para ela, e ela se surpreendeu com o amor que emanava dele. Ela não conseguia pensar, não conseguia respirar. Na verdade, ela estava controlando cada respiração desde que se encontraram pessoalmente. Ele se levantou, pegando a mão dela e levantou. Em seguida, ele ficou sobre um joelho e levantou o anel entre eles. Os olhos dele brilhavam com lágrimas não derramadas, os lábios ligeiramente inclinados em um sorriso adorador. — Meu doce anjo, eu te amo com tudo o que sou, com tudo o que já fui, e com tudo que serei. Quer se casar comigo e completar a minha vida? Trêmula, Gabi respirou fundo sentindo seu peito bater rápido. Ela sentia o mesmo. Amava-o com tudo o que ela era e tudo o que jamais seria... Mas isso era muito cedo. Muito rápido. —Por favor? Uma risada de pânico borbulhou dos lábios dela, e ela caiu de joelhos na frente dele, segurando seu rosto com as palmas das mãos. —Blake Kennedy, você é um homem incrível que eu amo muito. E eu quero casar com você. A expressão dele caiu. —Eu não disse “não”. —Ela balançou a cabeça em sinal de advertência, e segurou-o com mais força. Ela olhou em seus olhos, o tom escuro que quase se tornava preto. A cor sempre a fazia derreter. —Antes de ficarmos noivos, não podemos primeiro desfrutar ser um casal? Eu quero me divertir com você, aprender mais um sobre o outro, sem o stress de planejar um casamento e um futuro. Ele inclinou a cabeça e abaixou o anel. Ela estendeu a mão para ele, segurando as mãos dele. —Não o guarde. —Ela sorriu, atrevida e sedutora, deixando-o saber que 333


as coisas entre eles estavam bem. —Eu quero usá-lo. Eu quero me lembrar de sua promessa a cada dia, mas, por pouco tempo posso colocá-lo em meu colar? Ele arqueou uma sobrancelha e colocou o anel na mão dela. —Então, é um não por enquanto? —É um sim, adiantado. Eu quero este anel. Eu quero nós dois. E com mais tempo juntos iremos conseguir isso. Temos um monte de coisas para descobrir, e não quero apressar um único segundo com você. Os lábios dele inclinaram até se transformar em um sorriso completo. — Nós vamos nos casar? —Sim, nós vamos. —Ela o beijou, segurando-o com mais força, querendo nunca deixá-lo ir. —Mas, primeiro, vamos trabalhar para isso.

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Epílogo —Quem quer uma cerveja? —Mason perguntou, entrando na cozinha de sua casa em Richmond, Virginia. —Eu. —Sean e Mitch resmungaram em uníssono. Blake olhou para as duas garrafas vazias ao lado dele na mesa de pôquer e sorriu. —Sim. Pegue outra para mim, também. Obrigado. Ele nunca pensou que voltaria a compartilhar bebidas com seus amigos. Inferno, ele nunca pensou que teria força para parar de odiar a si mesmo cada vez que olhava para uma garrafa de cerveja. Mas ele tinha mudado. Nos poucos meses que passara vivendo com Gabi, ele aprendeu muito sobre si mesmo. Ela o convenceu a criar novas memórias para substituir o desejo de drogas. Então é isso que ele estava fazendo, relaxando, desfrutando de uma boa risada com seus amigos enquanto eles celebravam a véspera de Natal na mansão isolada de Mason. Ele só queria que Ryan estivesse aqui com eles, em vez de escolher ficar em casa com sua esposa. —Aqui vamos nós. —Mason entregou a Blake uma garrafa de cerveja e sentou-se ao lado dele. —Como você está? Blake voltou seu olhar para Gabi que estava sentada no sofá com Alana, ambas ocupadas com uma pilha de revistas de noivas. —Estou ótimo... obrigado por nos deixar ficar aqui para o fim de semana. Gabi não havia retirado o anel de noivado de seu colar, mas as coisas entre eles não poderiam estar melhores. Eles estavam apaixonados, o tipo intenso e avassalador de paixão que provocava repetidas demonstrações de afeto, deixando seus amigos loucos. Mason abriu a tampa de sua garrafa. —Sem problemas. Para dizer a 335


verdade, eu meio que tinha um motivo oculto. Blake arqueou uma sobrancelha. —Se algum de seus “motivos” incluírem Gabi, você pode pensar de novo, garoto bonito. —Não, não é nada disso. —Mason tomou um gole de sua cerveja. —Eu estive ficando sem ideias para músicas e pensei que com vocês aqui ajudaria. Eu ainda nem sequer comecei o próximo álbum, e qualquer dia Leah vai começar a me perseguir por atualizações. —Por que você não liga para Sidney? embaralhando as cartas para outra rodada.

—Mitch interrompeu,

—Sim, essa é uma ideia incrível. Eu também poderia enfiar meu pau em um liquidificador, apenas por diversão. Mitch riu. —Seria mais divertido se você deixá-la fazer isso. Eu adoraria ver o rosto dela iluminar. —Deixe-a em paz —Sean rosnou. — Ela passou por muita coisa sem vocês tirando sarro dela. Mason encarou Sean. O crepitar do fogo e os murmúrios suaves de Alana e Gabi eram o único barulho a quebrar o desconforto tranquilo. —Sensível demais? —Mason perguntou, levantando-se da cadeira. —O que aconteceu não foi a porra da minha culpa, então atire seus olhares bravos em outro lugar. Sean estreitou seu olhar. —Você tem um problema grave de ego se acha que a reputação arruinada dela não é culpa sua. —Seu pau estava nela também, mano. —Mason atirou, andando em volta da mesa de pôquer. —Sim, mas você era o único com uma câmera. 336


Instantes se passaram com todos na sala em estado de alerta, esperando para ver se discussão se agravaria. Mason levantou o queixo, virando seu olhar para Mitch. —Deixe-me fora da próxima rodada. Vou mijar. —Ele lançou um olhar de advertência final para Sean antes de sair da sala. Sean não reagiu. Mitch continuou embaralhando as cartas. E Blake ficou lá, bebendo sua cerveja, contente e um pouco tonto que sua vida não era a mais dramática dessa vez. —Por que você está sorrindo? —Gabi o rodeou, colocando os braços ao redor de seus ombros para cair sobre o peito dele. —Só pensando o quanto eu te amo. —Ele sussurrou contra sua bochecha. Ela riu, o som delicado o embebia assim como o álcool. A vida era malditamente perfeita. Ele venceu seus demônios, tinha o melhor emprego do mundo, e ficou com a garota. —Você sabe... —Ela murmurou em seu ouvido, o calor de sua respiração fazendo seu pau endurecer. —Eu não acho que conta quando você está bêbado. Atrevida. Deus, ele amava essa mulher. Mitch observou-os, embaralhando as cartas, enquanto o seu olhar focava no peito de Blake. —Bonito brilhante, Gabi. Blake fez uma careta. —Que brilhante? Gabi limpou a garganta e se afastou, levando o calor de seus braços com ela. —Que brilhante? —Ele repetiu e se virou para encará-la. Ela lhe deu um sorriso suave, com suas bochechas coradas. Seus dentes mordiam o lábio inferior, fazendo o pau dele se contorcer enquanto procurava 337


respostas em seu rosto. —Eu estava testando o tamanho. —Sua garganta convulsionou quando ela engoliu e ergueu a mão esquerda, mostrando o anel de noivado. Thump, thump, thump. Seu coração decolou, enquanto seu cérebro parou de funcionar. Ele colocou a sua cerveja em cima da mesa e acenou com a cabeça, fingindo uma calma que não sentia. —Você está provando-o para o dia? Ou talvez um pouco mais? Ela deu de ombros, ainda mordendo o lábio, levando seu pau à loucura. — Eu pensei que permanentemente. —Ela sussurrou, mas as palavras o acertaram como se tivessem sido amplificada por um microfone. Ele olhou para ela em silêncio, sobrecarregado com descrença e felicidade. Ele queria correr. Ele queria gritar. Ele queria levá-la nos braços e beijála até que não conseguisse respirar. Feliz Natal do caralho, pessoas. Acabei de tirar a sorte grande. Ele levantou-se da mesa, sem tirar o olhar da mulher mais bonita que ele já tinha visto, e puxou-a em seus braços. Ela gritou enquanto suas mãos agarraram-se ao redor de seu pescoço. — O que você está fazendo? —Nós vamos celebrar... em privado. E eu vou mostrar para a mulher que amo, exatamente o quanto ela me faz feliz. Gabi riu, com um som doce e hipnótico. —E se ela não se convencer? Ele sorriu para ela, amando o jeito que ela sorriu de volta para ele com os olhos arregalados e os lábios brilhantes e convidativos. —Então nunca vou parar de tentar, anjo. Nunca vou deixar de amar você. FIM 338


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