Estado do
Rio de Janeiro
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Estado do Rio de Janeiro História e Geografia
Siomara Sodré Spinola
ST
História e Geografia
Livro Regional – Volume Único 4o ano ou 5o ano
Este livro didático é um bem reutilizável da escola e deve ser devolvido em bom estado ao final do ano para uso de outra pessoa no próximo período letivo.
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MANUAL DO PROFESSOR
Livro Regional
4º º 5
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CÓDIGO DO LIVRO:
48695L5629
PNLD16_RJ_Hist-Geo_Capa-PR.indd 1
TIPO:
M
Ensino Fundamental Anos Iniciais
30/09/15 09:07
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História e Geografia
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Rio de Janeiro
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MANUAL DO PROFESSOR
Siomara Sodré Spinola
Jornalista com pós-graduação em Teoria e Técnica da Comunicação pela Cásper Líbero e especialização em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Editora especializada em História e Geografa
1a edição São Paulo, 2014
Livro Regional
4
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ou
5
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ano
Ensino Fundamental | Anos Iniciais
Volume Único
Diretoria editorial: Lidiane Vivaldini Olo Editoria de Ciências Humanas: Heloisa Pimentel Editoras de História: Regina Gomes, Vanessa Gregorut Editor de Geografia: Ildete Oliveira Assistentes editoriais: Mirna Acras Imperatore; Márcio Santos de Souza (cartografia) Supervisor de arte e produção: Sérgio Yutaka Supervisor de arte e criação: Didier Moraes Editor de arte: Katia Kimie Kunimura
Gerente de revisão: Hélia de Jesus Gonsaga Equipe de revisão: Rosângela Muricy (coord.), Ana Curci, Ana Paula Chabaribery Malfa e Patrícia Travanca; Flávia Venézio dos Santos e Gabriela Macedo de Andrade (estags.) Supervisor de iconografia: Sílvio Kligin Pesquisa iconográfica: Ana Cristina Melchert, Sara Plaza e Claudia Cristina Balista (assist.) Tratamento de imagem: Cesar Wolf e Fernanda Crevin Foto de capa: Bromélia da Mata Atlântica. Cybermama/Istock/Getty Images Cartografia: AllMaps
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Ilustrações: Dam d'Souza e Luis Moura
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Diagramação: Cristof Grunkel Design gráfico: Sic Comunicação (miolo e capa)
Título original da obra: História – Rio de Janeiro Geografia – Rio de Janeiro 4 o ou 5 o ano – volume único Copyright © Siomara Sodré Spinola
Direitos desta edição cedidos à Editora Ática S.A. Av. das Nações Unidas, 7221, 3o andar, setor C Pinheiros – São Paulo – SP – CEP 05425-902 Tel.: 4003-3061
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www.atica.com.br / editora@atica.com.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Spinola, Siomara Sodré Estado do Rio de Janeiro, 4 o ou 5 o ano : volume único : livro regional / Siomara Sodré Spinola. -- 1. ed. -- São Paulo : Ática, 2014. Bibliografia
1. Rio de Janeiro – Geografia (Ensino fundamental) 2. Rio de Janeiro – História (Ensino fundamental) I. Título. CDD–372.8918153 –372.898153
14–06493
Índices para catálogo sistemático:
1. Rio de Janeiro : Geografia : Ensino fundamental 2. Rio de Janeiro : História : Ensino fundamental
2014
ISBN 978 85 08 16692-3 (AL)
ISBN 978 85 08 16693-0 (PR) Código da obra CL 712989 CAE 515203 (AL)
CAE 515204 (PR) 1a edição 1a impressão Impressão e acabamento
372.8918153 372.898153
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ApresentAção A
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Queridos alunos
Neste volume você vai encontrar dois livros: um sobre a História e outro sobre a Geografia do estado do Rio de Janeiro.
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O primeiro é um livro de histórias dentro da História, um registro da diversidade de olhares e memórias sobre o Rio de Janeiro, que busca resgatar o valor de personagens célebres e anônimas que construíram – e continuam a construir – a história do estado.
O segundo é um testemunho da diversidade presente no território fluminense: seu mar, seus morros, suas florestas, suas cidades, sua cultura, sua gente. Assim como na vida, todos esses aspectos – história, espaço, gente, cultura e arte – não estão separados, mas se manifestam juntos, ao mesmo tempo. Por isso mesmo, estes dois livros dialogam entre si. E você é convidado a tomar parte! Mais do que uma obra regional, esta é uma declaração de amor ao nosso estado, o Rio de Janeiro! A autora 3
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Sumário geral ESTADO DO RIO DE JANEIRO — HISTÓRIA 5 ESTADO DO RIO DE JANEIRO — GEOGRAFIA 209
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Rio de Janeiro Hist贸ria 5
Sumário Tempo e História......................................................................8
Capítulo 5 O in’cio da coloniza•‹o ........................40
Capítulo 1 Hist—rias dentro da Hist—ria .............10
As capitanias heredit‡rias .........................................................41 O governo-geral ................................................................................45 Memórias de colonizadores ........................................... 47
A hist—ria de cada um de n—s ................................................11 Memórias de pessoas ............................................................... 14
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Capítulo 6 A Fran•a Ant‡rtica ......................................48
Uma hist—ria que come•ou h‡ milhares de anos .......................................................................................................16 Memórias de antepassados ............................................... 20 Capítulo 3 Os povos da terra e os
Uma col™nia francesa no Rio de Janeiro .....................49 A rea•‹o portuguesa .....................................................................52 A Confedera•‹o dos Tamoio ..................................................53 Memórias do Rio francês......................................................56
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portugueses: a hist—ria de um encontro ................................................................21
Capítulo 7 A expuls‹o dos franceses....................57
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Giacomo Gastaldi/Instituto de Estudos Brasileiros, USP, São Paulo.
Os povos da terra..............................................................................22 Os primeiros habitantes do Rio de Janeiro ..............24 Os Tupinamb‡ e outros povos..............................................27 Memórias de indígenas........................................................... 30
S‹o Sebasti‹o do Rio de Janeiro ........................................58 A cidade sobe o morro ................................................................60 Rio de Janeiro, capital da Reparti•‹o do Sul ...........64 A capitania de Cabo Frio ............................................................66
Entre a cana-de-a•œcar e a cria•‹o de gado ....................67
Memórias de capitanias...........................................................70 Capítulo 8 Novas riquezas,
novos caminhos............................................71
A rota do ouro......................................................................................72 A nova capital da col™nia ..........................................................73 Os franceses de volta ˆ ba’a de Guanabara .............75 O Òouro verdeÓ do Vale do Para’ba.....................................77
Capítulo 4 As primeiras ocupa•›es
portuguesas ......................................................31 Portugal: um reino em busca de territ—rios alŽm-mar .......................................................................33 As primeiras feitorias .....................................................................35 Portugueses na ba’a de Guanabara ................................37 Memórias de navegantes ..................................................... 39 6
Guerra e ÒpazÓ no Vale do Para’ba .............................................79 CafŽ e escravid‹o ..................................................................................79
O turismo e a hist—ria cultural das fazendas de cafŽ ................................................................................82 Memórias de café...........................................................................85 Rio de Janeiro: tempo e espaço Mudan•as na paisagem..............................................................86
Jayme Moreira Crespo Filho/Arquivo da editora
Capítulo 2 Muito antes de Cabral ............................15
Capítulo 9 O Rio de Janeiro
Capítulo 12 O Rio de Janeiro e
nos tempos da Corte...............................88
o nascimento da República ....... 134
Um império na América do Sul............................................89
A República no Brasil................................................................. 135
“Ponha-se na rua” .................................................................................91
Uma mulher rompe as regras .................................................. 137
Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves ..............92
Sai Deodoro, entra Floriano ..................................................... 138
Revolução em Portugal...............................................................95 Memórias da Corte......................................................................96 Capítulo 10 O Rio de Janeiro africano ................97 O trabalho escravo ...................................................................... 103
Entre a escravidão e a resistência .................................. 105 Quilombos e quilombolas.................................................... 107
Da escravidão à liberdade .................................................... 110 E depois da abolição? ............................................................... 113 Memórias de quilombos ..................................................... 115
Novas agitações ............................................................................. 145 Memórias da República ....................................................... 148 Capítulo 13 O Rio de Janeiro após 1930 ....... 149
A República em crise ................................................................. 150 O movimento de 1930 ............................................................. 152 Vargas e a “voz do morro” ..................................................... 154 As mulheres vão às urnas...................................................... 158 O Rio de Janeiro e o Estado Novo ................................. 159 Memórias da política ............................................................ 161
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Rio de Janeiro: tempo e espaço
A Revolta da Vacina ......................................................................... 142
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Na rota África-Brasil ........................................................................98
A Belle Époque e a reforma urbana da capital .... 140
Trabalho escravo hoje .............................................................. 116 Capítulo 11 Rio de Janeiro,
capital do Império ................................. 120 Às vésperas da Independência ........................................ 121
“anos dourados” ..................................... 162
Os “anos dourados” de JK e da bossa nova ........... 163 O cenário cultural dos anos 1950 .................................. 167 Memórias da bossa nova .................................................... 170
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A princesa Leopoldina e a Independência ........... 123
Capítulo 14 O Rio de Janeiro nos
A bandeira imperial .................................................................... 125
A “Velha Província” e o Município Neutro .............. 126 O Rio de Janeiro no Segundo Reinado .................... 129
Memórias do Império ............................................................. 133
Capítulo 15 O Rio de Janeiro nos
“anos de chumbo” ................................ 171
Guanabara, um estado-capital ........................................ 172 A ditadura militar e a agitação cultural.................... 176 Memórias da tropicália...................................................... 181
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allière/Museu Im Julien P peria a ndl, Pe tr ó
po
lis
Capítulo 16 O Rio de Janeiro, ontem
e hoje................................................................... 182
O Rio de Janeiro nos novos tempos............................ 184 Diversidade cultural ................................................................... 185 Memórias do passado e do presente..................... 189 Rio de Janeiro: tempo e espaço Paraty, natureza e cultura ..................................................... 190 Glossário ..............................................................................................193 A História no cinema ................................................................199 Sugestões de leitura e sites da internet ..................202 Bibliografia ........................................................................................205 7
Tempo e História
Como ponto de partida, é fundamental introduzir as noções de tempo (tempo histórico, tempo vivido e tempo concebido) e espaço e os conceitos de historicidade e construção (social, histórica), aproveitando para verificar os conhecimentos prévios dos alunos. Convém também elucidar os conceitos de acontecimento e fato histórico.
A História é construída pelas pessoas ao longo do tempo.
Vamos começar observando duas imagens.
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Para melhor aproveitamento deste livro como instrumento de suporte pedagógico, sugere-se que seja utilizado com o acompanhamento do Manual do Professor, que se encontra no fim do volume.
Rua São Clemente, com o morro do Corcovado ao fundo (ainda sem a estátua do Cristo Redentor), em cartão-postal de aproximadamente 1910. Rio de Janeiro, RJ.
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A. C. da Costa Ribeiro, C. 1910/Arquivo da editora
Ao longo deste livro nós vamos ver que o tempo e a História estão intimamente ligados.
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O tempo, por sua vez, é marcado por uma série de episódios.
Ricardo Siqueira/Acervo do fotógrafo
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Compare as imagens e responda no caderno: ££Estas fotos mostram o mesmo local? ££Elas foram tiradas na mesma época? ££O que mudou nesse lugar?
Rua São Clemente, com o morro do Corcovado ao fundo, fotografada em 2007. Rio de Janeiro, RJ.
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Capítulo
1
Histórias dentro da História Voc• sabia que h‡ muitas hist—rias dentro da Hist—ria?
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O estado do Rio de Janeiro tem uma hist—ria que faz parte da hist—ria do Brasil e se confunde com ela. Esta, por sua vez, faz parte da hist—ria do mundo em que vivemos. A hist—ria de cada um de n—s tambŽm faz parte dessa grande Hist—ria. ƒ isso o que n—s vamos ver nas p‡ginas a seguir.
Rogerio Reis/Arquivo da Editora
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Beyond/Opção Brasil Imagens
Acervo Folha Imagem/Folhapress
Agustin Cuevas/Brazil Photo Press/Folhapress
Miguel N. Canizares, 1888/Museu Imperial, Petrópolis/Foto: Lula Rodrigues
Pixinguinha, músico.
Wallis/Opção Brasil Imagens
Moradora de Resende, RJ. Acervo Folha Imagem/Folhapress
G. Evangelista/Opção Brasil Imagens
J.C. Guillobel, S.D./Biblioteca Nacional, RJ
Júlio César, goleiro da seleção. Machado de Assis, escritor.
José Olimpio/Futura Press
Princesa Isabel.
Alexandre Rezende/Folhapress
Ismar Ingber/Pulsar Imagens
Camila Pitanga, atriz.
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Porta-bandeira do Salgueiro, 2013.
Clementina de Jesus, compositora e cantora.
Coleção José Mindlin, São Paulo/ Arquivo da Editora
Moradora de Paraty, RJ.
Monica Zaratini/Agência Estado
Chico Buarque
Chefes Tupinambá adornados com plumas, de Hans Staden, século XVI.
Beatriz Milhazes, artista plástica.
Paula Giolito/Folhapress
Observe o painel de fotos a seguir.
Carla Camurati, cineasta. Na medida das possibilidades cognitivas de cada um, o aluno deve deduzir que todas as pessoas e situações retratadas têm uma história própria que está inserida numa história comum, mais ampla. Este exercício de aquecimento é fundamental para a apreensão da noção de que todos nós somos sujeitos históricos, fazemos parte da História. Por isso, se necessário, ajude os alunos a chegar a essa conclusão antes de Depois de observar as fotos, responda no caderno: dar início ao estudo do capítulo. Resposta pessoal.
Figura popular do Rio de Janeiro, desenho de J. C. Guillobel, século XIX.
Crianças da cidade do Rio de Janeiro.
Para observar e refletir
££Você reconhece algumas das pessoas representadas nestas fotos? Quem são elas?
Consulte o Manual
££Na sua opinião, que relação essas fotos têm com o título do capítulo? do Professor. ££Converse com os colegas e o professor sobre as suas conclusões.
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A história de cada um de nós Todos n—s temos uma hist—ria. Nossa hist—ria pessoal pode ser registrada por meio de documentos, como fotos, certidão de nascimento, carteira de identidade, cartas, diários, registros sonoros, filmagens, etc.
Paul Vasarhelyi/Shutterstock/Glow Images
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Montagem: Fernanda Crevin. Foto: Fábio Pozzebom/ABr/Radiobrás
Voc• tambŽm tem documentos que atestam a sua hist—ria, assim como Gilberto Luis.
Ao lado, vemos a reprodução da certidão de nascimento de Gilberto Luis. Quando foi feita a foto acima, em 2014, Gilberto Luis tinha 3 anos.
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A história pessoal também pode ser transmitida por meio de relatos orais. Esses relatos são narrativas pelas quais as pessoas contam a sua vida, dão testemunho de suas memórias, ou seja, das lembranças de momentos vividos. É o que chamamos de história oral.
Diomarcelo Pessanha/ Arquivo da editora
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José Pereira Correia Lopes fotografado na Confeitaria Colombo, na rua Gonçalves Dias, centro da cidade do Rio de Janeiro, em 2007.
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Diomarcelo Pessanha/Arquivo da editora
As memórias fazem parte da história de cada um de nós. Todos temos memórias e histórias para contar. Vamos ver o que nos conta o senhor José?
A carteira de trabalho do José também é um documento.
Vista do bairro de Santa Teresa, em foto de 2013.
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Fonte: Museu da Pessoa. Luiz Grillo/Flickr RF/Getty Images
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Eu me chamo José Pereira Correia Lopes. Nasci em 1939, em Viana do Castelo, uma cidade que fica no norte de Portugal. Quando eu era criança, depois da escola ia brincar em uma pracinha, junto com os colegas. Bater uma bolinha era a principal brincadeira. Em 1958, vim para o Brasil. Cheguei à cidade do Rio de Janeiro no dia 24 de setembro desse ano e fui morar no bairro de Santa Teresa. Logo consegui meu primeiro emprego, na Confeitaria Colombo, onde trabalhei durante cinquenta anos.
1 Na p‡gina anterior, n—s conhecemos uma pequena parte da hist—ria de JosŽ Pereira Correia Lopes.
a) Releia o texto, observe as fotos e leia as legendas. b) Com base nessas refer•ncias, escreva no caderno tudo o que voc• sabe sobre a hist—ria dessa pessoa.
IMPORTANTE! N‹o escreva neste livro. Fa•a todos os exerc’cios no caderno.
Resposta pessoal. Consulte o Manual do Professor.
2 JosŽ Pereira Correia Lopes veio para o Brasil como imigrante. Voc• sabe o que Ž um imigrante? Imigrante: aquele que entra em um país estrangeiro para viver nele.
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a) Procure no dicion‡rio o significado da palavra e registre-o no caderno. b) AlguŽm da sua fam’lia veio de outro pa’s? Quem? Resposta pessoal. c) Caso ninguŽm da sua fam’lia tenha vindo de outro pa’s, voc• conhece algum imigrante? Quem? Resposta pessoal. Consulte o Manual do Professor. 3 Agora Ž a sua vez. Que tal voc• contar a sua pr—pria hist—ria? Vamos l‡.
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a) Fa•a um relato por escrito, no caderno, registrando a data e o local de seu nascimento; o nome de sua m‹e, de seu pai e seus av—s; acontecimentos importantes da sua vida; lembran•as, enfim, tudo aquilo que fa•a parte de sua hist—ria pessoal. b) Complemente seu depoimento com fotos ou desenhos. Consulte o Manual do Professor para encaminhamento das atividades 3, 4 e 5.
4 Relatos orais tambŽm s‹o documentos. Entreviste uma pessoa da fam’lia, um amigo ou vizinho e registre seu depoimento com um gravador, uma filmadora ou por meio de anota•›es no caderno.
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5 Que outros tipos de documento voc• conhece? Registre em seu caderno.
Para contar a história de um lugar podemos recorrer a diversos tipos de documento: cartas, manuscritos, objetos, vestimentas, fotos, pinturas, filmes, músicas, livros, vestígios arqueológicos, etc. Tudo aquilo que, de alguma forma, registra os acontecimentos e nos ajuda a lembrar, contar, escrever e compreender a história de uma pessoa ou de um lugar é um documento.
Sempre que voc• encontrar este destaque, procure a defini•‹o da palavra ou express‹o no Glossário, na p‡gina 193.
Os relatos orais são documentos importantes no registro da história de uma pessoa ou de um lugar. A história oral permite o registro de testemunhos e o acesso a histórias dentro da História. Toda história de vida tem valor e faz parte da memória social.
No próximo capítulo nós vamos conhecer uma história muito mais antiga do que você pode imaginar. É uma longa história, que teve início há muito, muito tempo...
Saiba mais ! Veja no final do livro as seções A história no cinema e Sugestões de leitura e sites da internet relacionados aos temas estudados no capítulo. 13
Memórias de pessoas O Morro dos Prazeres é uma das comunidades do bairro carioca de Santa Teresa. Desde 2002, um grupo de pessoas e de Organizações Não Governamentais (ONGs) vem desenvolvendo ali atividades com o objetivo de dar voz à comunidade e valorizar a cidadania. Conheça alguns de seus projetos. Em 2005, diversas histórias de vida de pessoas da comunidade foram reunidas no livro É nóis – afeto, vida e cotidiano em morros de Santa Teresa.
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Em 2007, o resultado de seis anos de trabalho educativo realizado com crianças e jovens da comunidade, utilizando arte, tecnologia e meio ambiente, foi transformado em vídeo. O projeto foi fruto de uma parceria entre o Instituto Pólen e os coletivos Galera.com, Dança pra Galera e Hortinhapinzr.
Casarão dos Prazeres, onde funciona a sede do projeto de resgate da história do morro dos Prazeres, no
bairro de Santa Teresa. Além do acervo histórico, o Casarão promove aulas de dança, música e fotografia para crianças e adolescentes. Foto de 2012.
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Ivo Korytowski/Acervo do fotógrafo
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Em 2013, a cineasta Maria Augusta Ramos terminou de produzir um documentário sobre a comunidade. No ano anterior, tinha sido instalada no Morro dos Prazeres uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Durante quatro meses, entre abril e julho de 2012, Maria Augusta e sua equipe acompanharam o cotidiano da favela de Santa Teresa. Observaram com muito cuidado o processo de pacificação do ponto de vista de seus moradores. O documentário testemunha os esforços feitos para estabelecer um diálogo entre a sociedade e o governo e construir uma nova noção de cidadania.
Capítulo
2
Muito antes de Cabral
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Você já deve saber que no dia 22 de abril de 1500 uma esquadra portuguesa, comandada por Pedro Álvares Cabral, aportou nas terras que viriam a se chamar Brasil. No entanto, Cabral não foi o primeiro. Antes dele, outros viajantes europeus haviam visitado o território. E ainda muito antes, há milhares de anos, estas terras já eram habitadas por diversos povos. Ao contrário do que muita gente pensa, a história do Brasil não começou em 1500. Ela teve início há milhares de anos. A história do estado do Rio de Janeiro também! Vamos conhecer essa história? Comece observando a imagem reproduzida a seguir.
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Pedro Kirilos/Agencia O Globo
Para observar e compreender
Observe a foto e responda no caderno:
Pesquisadores trabalham em um dos sítios arqueológicos encontrados no município de Seropédica, RJ, durante a construção de uma rodovia no entorno da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Foto de 2011.
Mesmo que o aluno não saiba ainda o que é Arqueologia ou o que sejam sítios arqueológicos, ele deve perceber que as pessoas estão trabalhando em uma escavação. Consulte o Manual do Professor.
O que os pesquisadores estão fazendo?
Você imagina qual o nome da ciência relacionada ao trabalho desses pesquisadores? Arqueologia. Converse com os colegas e o professor sobre a relação entre o trabalho representado na foto e a História. 15
Uma história que começou há milhares de anos
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Nos países da América espanhola, o processo de ocupação europeia é chamado de “conquista”. No Brasil, ao contrário, é chamado de “descobrimento”. Isso revela o desconhecimento sobre as populações indígenas que habitavam a região antes da chegada de Pedro Álvares Cabral e o desprezo pela sua história. Muitos historiadores denominam Pré-História o período compreendido entre o surgiComente com os alunos que se trata de uma vis‹o euroc•ntrica da Hist—ria, que privilegia a Europa como centro do mundo. mento da humanidade e a criação da escrita. No Brasil, os estudos sobre a chamada “pré-história” brasileira só ganharam impulso nas últimas décadas. Desde então, importantes descobertas têm sido feitas em diversos sítios arqueológicos. Um dos temas mais pesquisados atualmente é a chegada dos primeiros habitantes ao território brasileiro. A documentação existente comprova que outros povos viveram aqui pelo menos entre 11 e 12 mil anos atrás. De acordo com novas evidências, essa ocupação humana pode ter ocorrido há 20 mil anos. Segundo pesquisadores, os primeiros ocupantes do território não se pareciam com os indígenas que conhecemos. Eles acreditam que todo o continente americano tenha sido ocupado há milhares de anos por uma grande diversidade de povos, incluindo africanos. Algumas estimativas indicam que na época da conquista da América pelos europeus havia no continente uma população de 53 milhões de pessoas.
Jaci Maquiche/Acervo da fotógrafa
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1 Observe a foto e leia a legenda.
No in’cio de 2008, cerca de cinquenta ind’genas Guarani de Paraty Mirim retornaram a um espa•o sagrado de seu povo na praia de Camboinhas, em Niter—i, RJ, onde h‡ cemitŽrios ind’genas e um importante s’tio arqueol—gico. Depois de ser destru’da por um inc•ndio criminoso, em julho desse mesmo ano, a aldeia Tekoa Itarypu foi reconstru’da e rebatizada como Tekoa Mboy-Ty (Aldeia de Sementes). A foto ao lado registra o encontro de um grupo de a•‹o social com os habitantes da aldeia, em agosto de 2009.
a) Respostas pessoais. Explore o conhecimento prŽvio dos alunos e estimule-os a compartilhar suas experi•ncias com o grupo. Procure sondar se eles j‡ tiveram algum tipo de contato com habitantes de uma aldeia ind’gena ou oportunidade de visitar um s’tio arqueol—gico.
a) Você conhece alguma aldeia indígena? Já ouviu falar em sítio arqueológico? b) Reúna-se com um grupo de colegas. Anotem no caderno tudo o que vocês sabem sobre aldeias indígenas e o que entendem por sítio arqueológico.
16
Em algumas cidades, Ž poss’vel encontrar s’tios em ‡reas centrais, de f‡cil acesso. No centro da cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, foram descobertos vest’gios arqueol—gicos no cais do Valongo e no bairro da Gamboa. TambŽm no bairro do Leblon, na Baixada Fluminense e na Regi‹o dos Lagos foram feitas importantes descobertas. Alguns desses s’tios ser‹o conhecidos no final deste cap’tulo e nos cap’tulos 7 e 10.
Sítios arqueológicos são lugares onde se encontram vestígios de ocupação humana no passado. Esses vestígios podem ser ossos, restos de fogueiras, pontas de flechas, potes de barro, etc. No estado do Rio de Janeiro, atualmente, há mais de oitocentos sítios arqueológicos cadastrados1. Eles se encontram espalhados por diversos municípios fluminenses. O mais importante deles, o Sambaqui de Camboinhas, está em Niterói. Datado de cerca de 8 mil anos, é o mais antigo sítio arqueológico do litoral brasileiro do qual se tem conhecimento. 2 Observe os mapas.
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Rio de JaneiRo: SítioS aRqueológicoS ESPÍRITO SANTO
LEGENDA Sítio arqueológico
MINAS GERAIS
ST
22¼ S
Baía de Guanabara
SÃO PAULO
Rio de Janeiro
OCEANO ATLåNTICO
REGIÃO DOS LAGOS Búzios
Lagoa de CAMBOINHAS Araruama
São Pedro da Aldeia
N
Saquarema
0
36
km
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camboinhaS
43¼ O
NITERÓI
RIO DE JANEIRO
MARICÁ
Itaipu
N
L
O
4
km
8
OCEANO ATLåNTICO 43¼ O
S
Lagoa de Piratininga
Baía de Guanabara
NITERÓI
0
S
42¼ O
SÃO GONÇALO
Baía de Guanabara
23¼ S
L
O
72
0
1,9
3,8
Lagoa 2 1 3 de Itaipu
Praia de Camboinhas
5
km
LEGENDA Sítios arqueológicos 1. Sambaqui de Camboinhas 2. Sítio Arqueológico do Sossego 3. Sítio Arqueológico Duna Pequena 4. Sítio Arqueológico Duna Grande 5. Recolhimento de Santa Teresa 6. “Pequeno sambaqui de anomalocárdia”
Praia de Itaipu 6 Itaipu
4
N L
O S
OCEANO ATLåNTICO 23¼ S
Fonte: Revista Carta na Escola, n. 8, agosto 2006. p. 36-37.
a) Itaipu. Os sítios são: 1. Sambaqui de Camboinhas; 2. do Sossego; 3. Duna Pequena; 4. Duna Grande; 5. Recolhimento de Santa Teresa; 6. “Pequeno sambaqui de anomalocárdia”.
a) Como se chama a área onde se localizam os sítios arqueológicos de Camboinhas? Quais são os sítios desse local? b) No mapa maior aparece representada outra região do estado do Rio de Janeiro na qual há diversos sítios arqueológicos. Qual é ela? Região dos Lagos. c) Em que municípios se localizam os sítios arqueológicos da Região dos Lagos? Búzios, São Pedro da Aldeia e Saquarema. É importante ressaltar para os alunos que estes são os sítios mais importantes, mas há outros na região. Consulte informações sobre os sítios arqueológicos citados no Manual do Professor.
1
Fonte: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/portal/montarDetalheConteudo.do?id=12743&sigla=Institucional&retorno=detalheInstitucional>. Acesso em dez. 2013.
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3 Observe o mapa reproduzido abaixo. bRaSil: PRinciPaiS SítioS aRquelógicoS
.
55¼ O
RR
AP
0¼
Equador
Marajó 5 000 anos
PA
CE
MA
RA
AM
AC
São Raimundo Nonato 20 000 anos
TO
Abrigo do Sol 11 000 anos
RO
AL SE
BA
DF
ST
Mato Grosso 12 000 anos
PE
Gruta do Padre 7 000 anos
Serra Geral 10 000 anos
MT
RN PB
PI
Serra dos Carajás 8 000 anos
GO
Serranópolis 11 000 anos
OCEANO PACêFICO
MS
MG
Brito 7 000 anos
OCEANO ATLåNTICO
RJ
SP
José Vieira 6 000 anos
ES
Lagoa Santa 12 000 anos
Camboinhas 8 000 anos Tr—pico d e Capric
Alice Boer 12 000 anos
—rnio
AM O
PR
SC
RS
LEGENDA
Sítio arqueológico
N
0
300 km
600
L
O S
Fonte: Revista Carta na Escola, n. 8, agosto 2006. p. 36-37.
Certifique-se de que os alunos estão familiarizados com o conceito de linha do tempo e aproveite a oportunidade para fazer um exercício com eles. Consulte o Manual do Professor.
a) Trace uma linha do tempo no caderno e registre nela o nome dos principais sítios arqueológicos brasileiros por ordem cronológica, ou seja, do mais antigo para o mais recente. b) Procure no mapa a localização de Camboinhas e registre no caderno a idade aproximada desse sítio. 8000 anos.
Você sabia ? A cronologia se refere às divisões do tempo, com o objetivo de distinguir a ordem de ocorrência de fatos, datas e acontecimentos históricos. 18
4 No estado do Rio de Janeiro há mais de oitocentos sítios arqueológicos cadastrados. Com a ajuda do professor, faça uma pesquisa em livros ou na internet para descobrir onde se localiza o sítio arqueológico mais próximo do lugar onde você mora. Consulte o Manual do Professor. Uma boa fonte de referência é a própria página do Iphan indicada na página 17.
5 Reúna-se com alguns colegas para fazer um trabalho em grupo, sob a orientação do professor.
RA
a) Com as informações do livro e os dados que vocês coletaram na pesquisa, produzam os grupos na um texto sobre os sítios arqueológicos do estado do Rio de Janeiro. Oriente execução desta atividade. b) Ilustrem o texto com imagens. Vocês podem usar fotos, mapas, desenhos, etc. c) Depois de prontos, os trabalhos poderão ser expostos na sala de aula.
AM O
Ivo Barreto/Iphan
ST
Nos últimos anos, novas descobertas arqueológicas têm sido feitas no estado do Rio de Janeiro. Em 2011, um grupo de arqueólogos descobriu uma ossada de mais de dois mil anos no bairro de Novo Portinho, em Cabo Frio. O esqueleto foi encontrado em excelente estado de conservação. No local também foram descobertos um fuso de pedra e agulhas de osso, comprovando que essas sociedades fiavam algodão (ou seja, trabalhavam o algodão, transformando-o em fio; veja a foto desta página). Os vestígios pertencem a duas sociedades que viveram na Região dos Lagos há milhares de anos, os Sambaquieiros e os Una. Na Baixada Fluminense também têm sido descobertos muitos sítios arqueológicos. Além de uma ossada de mais de 2 mil anos, foram encontradas agulhas de osso e pontas de flechas no sítio arqueológico de Novo Portinho, em Cabo Frio, RJ. Foto de 2011.
Saiba mais ! Veja no final do livro as seções A história no cinema e Sugestões de leitura e sites da internet relacionados aos temas estudados no capítulo. 19
MEMÓRIAS de antepassados A presença das mulheres O papel decisivo das mulheres de sociedades do passado foi por muito tempo esquecido pelos pesquisadores e pela historiografia tradicional. A participa•ão feminina ao longo da História vem ganhando nova luz com base em estudos recentes do cotidiano.
AM O
ST
RA
Sabemos, pelos cronistas, que as mulheres Tupinambá orgulhavam-se da sua maestria em preparar a cerâmica, decorá-la e da sua capacidade para preparar o cauim. (...) Dos Tupi e dos Guarani históricos, guardamos informações escritas pelos cronistas – todos homens, que se interessavam essencialmente pelas atividades masculinas e dispunham de informantes masculinos. Os vestígios desses índios, valorizados como corajosos guerreiros na época da independência e do nativismo, são bem poucos: sua produção (armas de madeira, grandes malocas, adornos de pena...) está quase toda desaparecida. Paradoxalmente, o que subsistiu foi a cerâmica – certamente feita pelas mulheres –, a partir da qual temos hoje a difícil tarefa de reconstituir algo da vida cotidiana e das crenças dos seus prováveis ancestrais, bem como limites territoriais e estilos, ambos submetidos a mudanças temporais. As pintoras eram cientes da importância da sua tarefa: ao criar e pintar seus potes dentro das normas, elas expressavam os valores coletivos que distinguiam sua tribo das outras. Por isso cuidavam de guiar os passos das aprendizes. Encontramos vários recipientes nos quais se verifica a presença de muitas mãos: uma habilidosa, que traçava um esboço, e outra (ou outras) ainda hesitante, que treinava a realização dos pingos, dos bastonetes, das linhas paralelas.
Urna funerária tupinambá do século XVI encontrada no sítio arqueológico Bananeiras, no município de Araruama. A peça faz parte do acervo arqueológico do Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista. Foto de 2006.
20
Museu Nacional, Rio De Janeiro/ Foto: Fabio Rossi/Agência O Globo
Fonte: André Prous. Arte pré-histórica do Brasil. Belo Horizonte: C/Arte, 2007. p. 104.
Capítulo
3
Os povos da terra e os portugueses: a história de um encontro
Neste capítulo nós vamos estudar como a história do estado do Rio de Janeiro sofreu uma grande mudança com a chegada dos portugueses. O contato desses europeus com os habitantes da terra não foi um encontro pacífico.
AM O
ST
Oscar Pereira da Silva, 1822/Museu Paulista da USP, SP
RA
Para começar, observe a pintura reproduzida a seguir.
Desembarque
de Cabral em Porto Seguro, 1922, tela de Oscar Pereira da Silva, artista nascido em 1867 na cidade de São Fidélis, RJ.
Para observar, analisar e compreender Depois de observar a tela de Oscar Pereira da Silva, responda no caderno: A tela representa o desembarque dos portugueses integrantes da esquadra de Cabral
££O que essa tela representa? em Porto Seguro, Bahia, sendo recebidos pelos indígenas habitantes do território. ££Será
que o artista representou o desembarque de Cabral exatamente como ele ocorreu? Justifique.
££Converse com o professor e os colegas sobre suas conclusões. Consulte as orientações do Manual do Professor.
21
Os povos da terra Nossas terras são invadidas, nossas terras são tomadas, os nossos territórios são invadidos... Dizem que o Brasil foi descoberto; o Brasil não foi descoberto não, santo padre. O Brasil foi invadido e tomado dos indígenas do Brasil. Essa é a verdadeira história.
RA
Fonte: Trecho do discurso de Marçal TupãÕi, líder do povo Guarani-Nhandeva, ao papa João Paulo II, em 1980, durante sua visita ao Brasil. Em: Conselho Indigenista Missionário Ð Cimi. Outros 500 – Construindo uma nova história. São Paulo: Salesiana, 2001.
Quando os portugueses desembarcaram em Porto Seguro, no atual estado da Bahia, não encontraram um “espaço vazio”. Havia um território já bastante povoado.
ST
Entre o final do século XV e o início do século XVI, havia nestas terras cerca de mil povos indígenas, que somavam uma população total de 2 a 5 milhões de pessoas. Hoje, essa população está reduzida a pouco mais de 230 povos, totalizando cerca de 800 mil habitantes. Os grupos que compõem essa população falam mais de 180 línguas diferentes.1 Não se sabe a origem exata desses povos, mas acredita-se que eram descendentes de populações vindas da Ásia.
Calcula-se que povos Tupi já se encontravam nas terras que formariam o atual território brasileiro por volta de 5 mil anos atrás.
Acervo Museu Forte Defensor Perpétuo, Paraty, RJ
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O encontro dos povos da terra com os portugueses não foi pacífico. A maioria da população nativa foi exterminada, ou seja, destruída, nesse contato.
Dona Marciana, da etnia guarani, em Paraty, RJ. Foto
de 2011. 1
22
Fonte: Instituto Socioambiental, em setembro de 2013.
Sem compreender a complexa divisão das diversas sociedades indígenas, os europeus ignoraram suas características particulares e denominaram esses habitantes, genericamente, de índios. Também desprezaram a diversidade de línguas faladas, agrupando-as em uma espécie de “língua geral”. Entretanto, a população indígena não era formada por um povo único e homogêneo. Era, na verdade, composta por muitos povos, cada qual com usos e costumes próprios.
1 Releia o trecho do discurso de Marçal Tupã’i, na página anterior, e responda: ££Você concorda com o líder guarani? Por quê? Justifique sua opinião no caderno. O líder indígena afirma que as terras brasileiras pertenciam aos indígenas e foram invadidas. O texto confirma essa posição.
2 Com base no que você acabou de ler, escreva no caderno um pequeno texto sobre a diversidade dos povos indígenas. Consulte o Manual do Professor. 3 Observe a representação a seguir.
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Giacomo Gastaldi/Instituto de Estudos Brasileiros, USP, São Paulo.
Xilogravura de Giacomo Gastaldi (detalhe) para obra do geógrafo Giovanni Battista Ramusio, de 1556. Representa o Brasil desde o norte até o rio da Prata.
Você sabia ?
A palavra índio se originou do engano de Cristóvão Colombo, que, ao chegar à América, em 1492, pensou ter chegado à Índia.
Esse mapa representa o Brasil cerca de cinquenta anos após o desembarque de Cabral em Porto Seguro. Em termos cartográficos, não é uma representação fiel do território, mas uma ilustração. Nela não aparece a rosa dos ventos indicando as direções cardeais. Repare que o mapa está na posição horizontal. Note também que ele apresenta detalhes muito Podemos observar nas ilustrações o trabalho indígena na extração do pau-brasil, a captura de animais interessantes. 3a) silvestres, uma habitação indígena, um vulcão em plena selva, caravelas e peixes voadores no oceano. Acima, na região das montanhas, ficava a “Terra Non Discoperta”.
a) Anote no caderno os elementos do mapa que você consegue identificar. b) O que esses elementos representam? Responda no caderno. c) Reproduza o mapa no caderno e desenhe nele uma rosa dos ventos, indicando as direções cardeais. Esclareça que não é incorreto representar o Brasil ou qualquer território na posição horizontal ou mesmo invertida, desde que haja indicação da rosa dos ventos como forma de orientação. Nesse mapa estão indicados, em italiano: Levante (leste) e Tramontana (norte). b) Os elementos representam cenas da vida cotidiana dos indígenas e o seu contato com os europeus.
23
Os primeiros habitantes do Rio de Janeiro Entre os séculos II e V, populações do povo Tupi-Guarani vindas do norte chegaram à região do atual estado do Rio de Janeiro. Estima-se que, em 1500, havia nessa região cerca de 97 mil indígenas.2
RA
Por volta de 1600, as populações instaladas no litoral, entre Cabo Frio (no atual estado do Rio de Janeiro) e São Vicente (no atual estado de São Paulo), encontravam-se reduzidas a 4 ou 5 mil pessoas. Além dos diversos confrontos com os europeus, contribuíram para o extermínio desses povos as sucessivas epidemias de doenças trazidas pelos estrangeiros. Observe no mapa abaixo a distribuição aproximada dos grupos indígenas no território fluminense entre fins do século XV e início do século XVI. Rio de JaneiRo: distRibuição dos povos indígenas (final do século XV e início do século XVI) LEGENDA
ST
FAMÍLIA BOTOCUDO, AIMORÉ ou BATACHOA Aldeia: 17. Botocudo, Aimoré ou Batachoa
FAMÍLIA PURI Aldeias: 6. Puri, Telikong ou Paqui 7. Coroado 8. Coropó 9. Goitacá, Guaitacá, Waitaca ou Aitacaz 10. Guaru ou Guarulho 11. Pitá 12. Xumeto 13. Bacunin 14. Bocayú 15. Caxiné 16. Sacaru
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ESPÍRITO SANTO
18
FAMÍLIA MAXAKALI Aldeia: 18. Maxakali
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FAMÍLIA TUPI ou TUPI-GUARANI Aldeias: 1. Tupinambá ou Tamoio 2. Temiminó ou Maracajá 3. Tupiniquim ou Margaya 4. Ararape ou Arary 5. Maromomone ou Miramomim
S‹o Jo‹o
1
OCEANO ATLåNTICO
Lagoa de Araruama N L
O S
0
530
1 060
km
Fonte: mapa elaborado segundo dados da pesquisa realizada pelo Programa de Estudos dos Povos Indígenas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj)/Governo do Estado do Rio de Janeiro. Esclareça aos alunos que o mapa corresponde aos contornos atuais do estado
do Rio de Janeiro, já que à época representada não havia ainda essa configuração territorial. Trata-se de uma adaptação para melhor identificação da distribuição dos povos indígenas nas terras que viriam a formar o território fluminense. 2
24
Fonte: IBGE. Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de Janeiro, 2000. Disponível em http://brasil500anos.ibge.gov.br/territoriobrasileiro. Acesso em outubro 2013.
Agora observe neste outro mapa a distribuição atual dos grupos indígenas no estado do Rio de Janeiro. Rio de JaneiRo: distRibuição atual dos povos indígenas
LEGENDA Aldeias Guarani
RA
ESPÍRITO SANTO
MINAS GERAIS
Lagoa Feia
SÃO PAULO
OCEANO ATLÂNTICO
Baía de Guanabara
N
Rio de Janeiro
AM O
Angra dos Reis
ST
22º S
L
O S
Paraty
0
23
46
km 42º O
Fonte: mapa elaborado com base em dados da Fundação Nacional do Índio (Funai), agosto de 2007.
4 Compare o mapa acima com o da página ao lado e depois responda no caderno:
a) Que grupos indígenas habitavam o território fluminense entre o final do século XV e o início do século XVI? Grupos indígenas das famílias Tupi ou Tupi-Guarani; Puri; Botocudo, Aimoré ou Batachoa; Maxakali. b) E hoje, que grupos indígenas habitam o atual estado do Rio de Janeiro? Guarani. c) Em que cidades fluminenses vivem esses grupos? Angra dos Reis e Paraty. d) O que você conclui dessa observação? Houve uma grande redução dos grupos indígenas. Esclareça aos alunos que o aventureiro alemão Hans Staden, em seu livro Viagem ao Brasil, fez um relato de sua estada como prisioneiro dos Tupinambá no século XVI, registrando muitas cenas do cotidiano indígena. Ao que se sabe, as ilustrações foram feitas sob sua orientação, e não por ele próprio.
Nas terras do atual estado do Rio de Janeiro os habitantes que os portugueses primeiro encontraram foram os Tupinambá. Eles estavam espalhados aos milhares em aldeias formadas, cada uma delas, por cerca de quinhentas a 3 mil pessoas. Os Tupinambá que povoavam o litoral entre a Guanabara e São Vicente eram inimigos dos Tupiniquim. 25
A aldeia tem uma composição circular e é cercada por paliçadas. As casas têm o mesmo formato e têm pequenas aberturas.
ST
Esta gravura do livro Viagem ao Brasil, de Hans Staden, mostra um ataque dos Tupiniquim a uma aldeia Tupinambá.
RA
5 Observe a imagem ao lado. a) Descreva no caderno a cena representada. b) Em que livro essa gravura foi publicada? Como se chamava Viagem ao Brasil, de seu autor? Hans Staden. c) Repare na aldeia Tupinamb‡ representada na cena. Como ela Ž? Registre no caderno os elementos que voc• observa.
Hans Staden, C.1557/Col. José Mindlin, USP
5a) Do lado de fora da cerca, um grupo de indígenas (Tupiniquim) ataca outro grupo (Tupinambá), que se defende no interior da aldeia. Podemos observar armas (arco e flecha), algumas canoas no canto inferior direito, e um indígena soprando um instrumento no canto superior esquerdo da imagem.
Hans Staden, C.1557/BMA, São Paulo
AM O
Alguns viajantes europeus registraram aspectos da vida dos indígenas. Um deles foi Hans Staden, mercenário alemão que viveu oito anos no Brasil, em meados do século XVI, a serviço dos portugueses. Trabalhava como canhoneiro quando foi aprisionado pelos Tupinambá do Rio de Janeiro. Foi mantido prisioneiro de 1554 a 1557. Nos trechos a seguir, extraídos de seu relato, ele descreve o espírito guerreiro desse povo Tupi.
Encontro de Hans Staden (ao centro) com o
chefe Cunhambebe (à direita) em uma aldeia Tupinambá próxima a Ubatuba, na baía de Angra dos Reis, Rio de Janeiro.
26
Finalmente chegou o momento em que deveriam iniciar a guerra para a qual vinham se preparando há três meses. Foi assim que reuniram, perto da aldeia de Ubatuba, algumas canoas, nas quais queriam partir para a guerra. Também o chefe Cunhambebe veio com suas embarcações. Havia 38 canoas, guarnecidas mais ou menos com 18 homens, num total de quase 700 pessoas. (...) Por volta de 14 de agosto iniciamos esta expedição guerreira. (...) Nesta época partem eles todos para a guerra, tanto os Tupinambá como seus inimigos. Fonte: Hans Staden. Duas viagens ao Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia/São Paulo: Edusp, 1974.
Os Tupinambá e outros povos
ST
RA
Os povos das famílias Tupi e Puri foram os que mais contribuíram para a formação étnica do povo fluminense. Os Tupinambá, que ocupavam a região do Rio de Janeiro até Ubatuba (no atual litoral de São Paulo), constituíam o mais antigo povo Tupi. De certa forma, os demais grupos descendiam deles. Segundo o significado da palavra na língua tupi, tupinambá seria o ‘pai de todos’.
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Albert Eckhout, c. 1641/Museu Nacional da Dinamarca, Copenhague
Hoje sabemos que no Rio de Janeiro viveram grupos indígenas que falavam pelo menos vinte idiomas diferentes. Esses grupos pertenciam a quatro grandes famílias linguísticas: Tupi, Puri, Botocudo e Maxakali.
Também chamados de Tamoio, os Tupinambá dominavam a baía de Guanabara. Tamoio ou tamuya, na língua tupi, significa ‘nativo’, ‘velho’, ‘ancestral’ ou ‘do lugar’. Isso indica que os Tupinambá habitavam o território há mais tempo do que outros povos.
Mulher tupinamb‡ com seu filho, em pintura de Albert Eckout, do sŽculo XVII.
Os Temiminó, ou Maracajá, ocupavam principalmente a atual ilha do Governador, na baía de Guanabara. Cerca de oito mil Temiminó viviam nessa ilha, que nos mapas antigos muitas vezes aparece com o nome de ilha do Gato. Expulsos pelos seus inimigos Tamoio, foram viver no Espírito Santo até meados do século XVI, quando então retornaram à Guanabara. Embora tenham sido decisivos na conquista do território do Rio de Janeiro pelos portugueses, os Temiminó foram pouco a pouco expulsos da região pelos próprios colonos portugueses (como veremos no capítulo 6). 27
Os Tupiniquim, ou Margaya, concentravam-se mais ao norte, principalmente na ‡rea litor‰nea situada entre os atuais estados do Rio de Janeiro e do Esp’rito Santo.
RA
Da fam’lia Puri, os Goitac‡ habitavam a regi‹o onde hoje se localiza o munic’pio de Campos dos Goytacazes (que n‹o tem esse nome por acaso). Desde o in’cio da coloniza•‹o, esses ind’genas combateram portugueses e franceses, destruindo povoa•›es e engenhos de a•œcar constru’dos em seu territ—rio.
J. M. Rugendas, c. 1835/FBN, Rio de Janeiro
Os Tupi do litoral foram dizimados por epidemias, escraviza•‹o e guerras entre os sŽculos XVI e XVII.
Mulher Puri, em desenho de Johann Moritz Rugendas, século XIX.
Em 2010, a popula•‹o ind’gena do estado do Rio de Janeiro chegava a 15 800 pessoas3.
ST
Os Goitac‡ foram exterminados sem deixar registro de qualquer palavra de seu idioma, mas h‡ alguns anos foram descobertos vest’gios de sua presen•a na Regi‹o dos Lagos.
Os povos da fam’lia Puri resistiram atŽ o sŽculo XIX. Esses ind’genas viviam no interior, em local de dif’cil acesso. Por isso n‹o tiveram contato permanente com os europeus atŽ o sŽculo XVIII.
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Os povos das fam’lias Botocudo e Maxakali tambŽm desapareceram do territ—rio fluminense.
3
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Representações de um homem Maxakali feita por Rugendas (à esquerda) e de um cacique Botocudo (à direita), feita por Heinrich Keller, século XIX.
Heinrich Keller, c. 1817/FBN, Rio de Janeiro.
J. M. Rugendas, c. 1835/FBN, Rio de Janeiro
Hoje, no Rio de Janeiro, os ind’genas da etnia Guarani se distribuem em tr•s ‡reas situadas no litoral: duas em Paraty e uma em Angra dos Reis, como vimos no mapa da p‡gina 25.
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estat’stica (IBGE). Dispon’vel em: ftp.ibge.gov.br/censos/censo_demografico_2010/caracteristicas_gerais_indigenas. Acesso em: set. 2013.
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Théodore de Bry, c. 1592, Bma, São Paulo
6 Os Tupinambá tinham o costume de depilar, pintar e enfeitar o corpo com plumas em ocasiões especiais. Observe a imagem abaixo.
Dan•a em ritual canibalista, gravura de ThŽodore de Bry, sŽculo XVI.
a) O que ela apresenta? Repare nos indígenas no centro da imagem. O que eles estão A imagem mostra um grupo de ind’genas dan•ando. Os que est‹o em c’rculo usam adornos de plumas, usando? 6a) enquanto os que est‹o no centro da cena usam cocares e mantos cerimoniais Tupinamb‡. Os tr•s do centro seguram nas m‹os instrumentos parecidos com chocalhos; os dois nas laterais t•m na boca longos cachimbos.
b) Faça uma pesquisa, individual ou em grupo, sobre os costumes dos Guarani que habitam o atual estado do Rio de Janeiro e produza um texto para ser lido em classe. Se quiser, enriqueça seu trabalho com ilustrações. 6b) Oriente os alunos em suas pesquisas. Estimule a participa•‹o dos alunos, mostrando, se poss’vel, imagens ou mesmo objetos fabricados e usados pelos ind’genas. O importante Ž que, a partir da pesquisa, os alunos elaborem um texto-s’ntese pr—prio. Consulte, por exemplo, o site <www.paraty.com.br/guarany>.
Saiba mais !
Veja no final do livro as se•›es A hist—ria no cinema e Sugest›es de leitura e sites da internet relacionados aos temas estudados no cap’tulo. 29
MEMîRIAS de ind’genas Br’gida, ou Bu-y-syde Pouco se sabe da vida e da história das mulheres indígenas que habitavam o território conquistado pelos portugueses a partir de 1500. Menos ainda sobre sua bravura e suas lutas de resistência.
AM O
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RA
Brígida, ou Bu-y-syde, foi uma das 26 indígenas escravizadas e levadas a bordo de uma nau que, em 1511, partiu do litoral de Cabo Frio rumo a Lisboa. Ela pertencia à nação Tamoio, que habitava o litoral fluminense. Mais não nos conta o escrivão que documentou toda a viagem, a não ser que Brígida sobreviveu à travessia do Atlântico e chegou a Portugal como encomenda para certo Francisco Gomes. A escravidão indígena iria perdurar até, pelo menos, 1755, data oficial de sua proibição, embora o trabalho compulsório tenha continuado ainda por muito tempo. Os índios escravos, ou “negros da terra”, eram obtidos através da “guerra justa” ou do resgate. Nas chamadas guerras justas, as aldeias indígenas resistentes à evangelização portuguesa eram invadidas, e mulheres, homens e crianças eram brutalmente capturados e destinados à escravidão. Depois de incendiada, a aldeia tinha suas terras repartidas entre os colonos. Índios arredios ou hostis eram ainda arregimentados nas ditas “missões de resgate”, quando era negociada com os portugueses a venda de inimigos capturados. Nas missões, os indígenas eram catequizados e qualquer tentativa de resistência era punida, muitas vezes, com violentos castigos físicos. O resultado foi uma aculturação tão radical que, segundo alguns historiadores, poucos vestígios teriam restado em nossa cultura da presença das índias, além de contribuições à culinária (o beiju e o mingau, os mais citados) e um ou outro artesanato (a rede, por exemplo). Sabe-se hoje quão pouco isto representa e quão pouco a história oficial revela das inúmeras trajetórias desses povos. Pouco mencionadas são as mulheres indígenas que mostraram bravura nas lutas de resistência ou ainda as que personificavam ideais místico-religiosos. J-B. Debret, c. 1825/Funda•‹o Biblioteca Nacional,Rio de Janeiro.
Fonte: SCHUMAER, Schuma (Coord.). Um Rio de mulheres. Rio de Janeiro: Redeh, 2003. p. 6-7.
30
Aldeia de caboclos em Cantagalo, litografia colorida a mão de Jean-Baptiste Debret. A cena representa a chegada de dois viajantes europeus aos arredores da aldeia indígena de São Pedro e Cantagalo, no Rio de Janeiro. Em primeiro plano, à direita, um grupo de três mulheres indígenas.
Capítulo
4
As primeiras ocupações portuguesas
RA
Já estudamos no capítulo anterior que Cabral encontrou muitos povos ao desembarcar com sua tripulação no território que anos depois passaria a se chamar Brasil. Os portugueses se apossaram das terras que hoje formam o estado do Rio de Janeiro, derrotando os nativos que aí habitavam. Neste capítulo nós vamos estudar como os primeiros portugueses ocuparam o espaço que viria a formar o atual território fluminense. Para começar, leia no quadrinho abaixo os nomes que o Brasil já teve e veja um detalhe do mapa Terra Brasilis. Em seguida, observe uma área maior do mesmo mapa reproduzido na página a seguir.
ST
Pindorama (nome indígena)
Terra dos Papagaios (1501)
Terra de Santa Cruz do Brasil (1505)
Ilha de Vera Cruz (1500)
Terra de Vera Cruz (1503)
Terra do Brasil (1505)
Terra Nova (1501)
Terra de Santa Cruz (1503)
Brasil (a partir de 1527)
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Lopo Homem/Bibliothèque Nationale de France, Paris.
Os nomes do Brasil
Detalhe do mapa Terra Brasilis, com o qual você vai trabalhar na página seguinte.
31
Para observar, analisar e compreender Repare na beleza das ilustrações deste mapa e responda no caderno: ££Quais são os elementos nativos representados? Aves, macacos, mata e indígenas (alguns deles carregando troncos de pau-brasil), arco e flechas, adornos de plumas.
££Quais são os elementos europeus registrados? A caravela portuguesa, a bandeira, o machado e a rosa dos ventos.
££É possível observar neste mapa pelo menos um ser mitológico1. Você sabe qual é? O animal em forma de dragão verde, representado no centro, à esquerda.
££Converse com o professor e os colegas sobre suas conclusões.
AM O Terra Brasilis, mapa do Atlas Miller, 1515-1519, atribuído aos cartógrafos portugueses Lopo Homem e
Pedro e Jorge Reinel, feito a mão sobre pergaminho.
1
32
Mitológico: algo que não tem (ou não teve) existência real; fictício, inventado, fantástico.
Lopo Homem/Bibliothèque Nationale de France, Paris.
ST
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Consulte o Manual do Professor.
Portugal: um reino em busca de territórios além-mar Navegar é preciso; viver não é preciso. Fonte: Fernando Pessoa, em citação de uma frase atribuída por Plutarco a Pompeu. Plutarco de Queroneia (46 a 126 d.C.): filósofo e prosador grego do período greco-romano. Estudou na Academia de Atenas, fundada por Platão. Cneu Pompeu Magno (106 a.C. a 48 a.C.): general e político romano, conhecido como Pompeu, o Grande, tradução de seu nome latino Magnus. A frase acima inspirou os navegantes portugueses durante a expansão marítima euro-
Observe a ilustração.
RA
peia conhecida como Grandes Navegações. Essa expansão teve início no século XV, quando portugueses e espanhóis começaram a procurar um novo caminho para as Índias e para o Extremo Oriente. É que nessas regiões encontravam-se produtos muito procuraas Grandes Navegações, dos na Europa. Alguns deles eram conhecidos como especiarias. Sobre consulte o Manual do Professor.
ST Os portugueses procuravam um caminho marítimo direto
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Ac a d emia de Ciências de Lis
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Em 1500, o rei de Portugal, dom Manuel I, O Venturoso, enviou uma segunda frota em direção à Índia. Sob o comando de Pedro Álvares Cabral, a esquadra partiu de Lisboa no dia 9 de março.
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Assim, em 1492 o navegador Cristóvão Colombo, a serviço da Espanha, chegou à América. Em 1498, o português Vasco da Gama desembarcou em Calicute, na Índia, depois de contornar a África. Abria, dessa forma, para Portugal, o tão sonhando Caminho Marítimo para as Índias.
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para as Índias e o Extremo Oriente contornando a África. Já os espanhóis exploravam o oceano Atlântico seguindo na direção oeste.
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AM O
Mapa ilustrativo produzido para fim didático, sem escala. Fabio Eugenio/Arquivo da editora
PORTUGAL: ROTAs de cOméRciO (sécULOs XV e XVI)
Gravura do Livro das Armadas,
manuscrito anônimo do século XVI, representando o navegador português Pedro Álvares Cabral.
33
A chegada da esquadra de Cabral às terras que receberam o nome de Porto Seguro, no atual estado da Bahia, foi registrada pelo escrivão de bordo, Pero Vaz de Caminha. Você conhece essa carta? Leia abaixo um trecho dela, no qual Caminha descreve a terra recém-descoberta.
RA
Esta terra, Senhor (...) nela, até agora não podemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém, a terra em si é de muitos bons ares, assim frios e temperados... As águas são muitas, infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem. Pero Vaz de Caminha
ST
A carta escrita por Pero Vaz de Caminha no dia 1o de maio de 1500 é o primeiro documento oficial da história brasileira. Por isso ela se tornou uma espécie de “certidão de nascimento” do Brasil.
Pero Vaz de Caminha descreveu a nova terra como boa, com bons ares e muita água, mas afirmou que não sabia se havia nela riquezas, como metal precioso ou ferro.
AM O
1 Releia o trecho da carta de Caminha reproduzido acima e responda no caderno:
a) Como Pero Vaz de Caminha descreveu a nova terra? b) Tente reescrever a carta com suas palavras, em linguagem atual. c) Por que a carta de Caminha se tornou uma espécie de “certidão de nascimento” do Brasil? Porque foi o primeiro documento oficial da história brasileira.
Página da carta enviada ao rei de Portugal por Pero Vaz de Caminha.
2 A História é construída a cada momento por cada um de nós. Vamos fazer um pequeno exercício? Oriente os alunos na execução da atividade, estimulando a criação do texto a partir dos dados já apresentados.
a) Imagine que você fazia parte da esquadra de Cabral e foi encarregado de comunicar ao rei de Portugal a notícia da chegada à nova terra. Como você relataria o episódio? que a carta de Caminha representa uma visão europeia Pense e escreva o texto em seu caderno. Observe da terra, na qual se destaca o interesse por metais preciosos. b) Com a orientação do professor, os textos produzidos serão lidos e comentados em classe. 34
b) Sugestão de resposta: Não vimos nesta terra ouro, prata ou outro metal. Mas o local é muito bom, com clima agradável e muita água, onde é possível plantar e colher.
Instituto dos Arquivos Nacionais/Torre do Tombo, Lisboa, Portugal.
O texto integral da carta de Pero Vaz de Caminha pode ser acessado através do Portal Domínio Público (www.dominiopublico.gov.br).
As primeiras feitorias Ao tomar conhecimento da chegada de Cabral às novas terras, dom Manuel I logo se apressou em organizar expedi•›es para explorar e conhecer as riquezas do lugar. J‡ em 1501, antes mesmo do regresso de Cabral a Lisboa, uma nova frota foi enviada. A terra que os nativos chamavam Pindorama (ÒTerra das PalmeirasÓ, na língua tupi) recebeu diversos nomes após a chegada dos portugueses, como vimos na p‡gina 31.
RA
O pau-brasil Ð que, segundo a versão mais difundida, teria dado origem ao nome Brasil Ð foi a primeira riqueza encontrada aqui pelos portugueses. Essa ‡rvore, chamada pelos Tupi de ibirapitanga, fornecia uma madeira avermelhada muito usada na Europa para produzir corantes e tingir tecidos.
ST
A primeira feitoria no Rio de Janeiro foi fundada em Cabo Frio, em 1503, por Gon•alo Coelho e AmŽrico Vespœcio.
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SPL/Latinstock
Para explorar o pau-brasil, o rei de Portugal oferecia terras em arrendamento (um tipo de aluguel) aos portugueses que tivessem interesse em vir para c‡. Em troca, os arrendat‡rios se comprometiam a construir um forte no local escolhido e entregar à Coroa uma parte da madeira obtida. Esses fortes, que serviam tambŽm de armazŽns, eram conhecidos como feitorias.
Os indígenas cortavam as ‡rvores e carregavam as toras da madeira atŽ os navios que faziam o transporte para Portugal, onde o produto era revendido para o restante da Europa. Os indígenas trabalhavam em troca de ferramentas e objetos como espelhos, mi•angas, facas, etc. Essa pr‡tica de troca Ž chamada de escambo. Junto com os carregamentos de madeira que seguiam para a Europa, embarcavam papagaios, araras, tucanos, macacos e outros animais considerados exóticos pelos europeus. H‡ registros de naus que partiam levando tambŽm indígenas na condi•ão de escravos.
Representação de autoria desconhecida e sem data do navegador italiano Américo Vespúcio (1454-1512).
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AM O
3 A devastação das matas brasileiras começou logo após a chegada dos portugueses.
a) Em seu caderno, explique como isso aconteceu, com base no texto. b) Junte-se a alguns colegas e, com a orientação do professor, procurem informações sobre a mata Atlântica em livros, revistas ou na internet. Uma boa dica é o site da Fundação SOS Mata Atlântica (www.sosmatatlantica. org.br). Consulte o Manual do Professor. c) Qual é a situação atual da mata Atlântica?
a) A devasta•‹o das matas brasileiras come•ou com a chegada dos portugueses e o estabelecimento das feitorias para a explora•‹o do pau-brasil. c) Atualmente, a mata Atl‰ntica est‡ reduzida a apenas 12,5 por cento da floresta original.
Pau-brasil, espŽcie nativa da mata Atl‰ntica, no Jardim Bot‰nico do Rio de Janeiro. Foto de 2008.
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Fábio Motta/Agência Estado
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Miniatura que ilustra o manuscrito an™nimo Entrada de Henrique II, rei da França, na cidade de Rouen, em 1o de outubro de 1550. A imagem retrata ˆ esquerda um grupo de ind’genas trazidos do Brasil.
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Anônimo/Bibliotecas de Rouen, França.
Calcula-se que só no primeiro século de exploração do pau-brasil tenham sido derrubados aproximadamente dois milhões de árvores, o equivalente a 6 mil quilômetros quadrados de mata.
Portugueses na baía de Guanabara
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Oriente os alunos a observar a imagem e ler a legenda para reconhecer que se trata de um detalhe da baía de Guanabara, parte de um mapa de 1631, representando a capitania do Rio de Janeiro.
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Reprodução/Mapoteca do Itamaraty, Rio de Janeiro, RJ.
Observe a representação abaixo:
Detalhe de Capitania do Rio de Janeiro, 1631, mapa de João Teixeira Albernaz (O velho). Manuscrito aquarelado sobre pergaminho. O mapa destaca o canal por onde os navios entravam com segurança no porto do Rio de Janeiro.
Segundo a maioria dos historiadores, a primeira expedição a entrar na baía de Guanabara partiu de Lisboa em 1501. No dia 1º de janeiro de 1502, os viajantes teriam chegado ao que lhes parecia ser a foz (ou desembocadura) de um grande rio, que denominaram de Janeiro por estarem no primeiro dia desse mês. Daí o nome Rio de Janeiro. Na realidade, tratava-se da entrada da baía que as populações Tupi chamavam de iguaá-mbará (Guanabara) – ‘braço de mar’ – ou de y-teroi (Niterói) – ‘água que se esconde’. Na primeira metade do século XVI, os portugueses eram uma presença constante na baía de Guanabara. No entanto, tinham pouco interesse em se fixar nessas terras. As feitorias eram construídas e logo abandonadas. Isso deixava o território livre para outros estrangeiros, como os franceses. 37
4 Na época dos antigos navegantes, as pessoas acreditavam na existência de monstros e seres fantásticos. O texto que você vai ler a seguir faz parte de um conto popular que fala de um bicho lendário que habitava o rio Paraíba do Sul, em Campos dos Goytacazes. Os índios Goitacá da região o chamavam de Ururau.
Campos e o Ururau da Lapa
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Graça Lima/Acervo da Ilustradora
Campos, cidade rica em tradições e lendas possui a fantástica história do Ururau da Lapa, gigantesco jacaré que vivia às margens do rio Paraíba do Sul, exatamente na curva em que se situava o convento da Lapa. Conta a lenda que, pelo ano de 1896, um pescador chamado José dos Reis vinha navegando pelo rio numa viagem de Cambuci a São João da Barra transportando mercadorias, quando cansado de navegar resolveu pescar. Após longa espera, o anzol deu um violento puxão. Pensando ser um enorme peixe, sacou da peixeira para aparar a linha, mas, ao puxar a mesma, feriu os olhos do bicho, que, saltando muito alto, arrancou-lhe um braço. Dias depois, ao acordar perto do convento da Lapa, viu que seu braço continuava no lugar. Mesmo não entendendo nada, resolveu esquecer o assunto. No outro mês, saiu do convento deixando em agradecimento um carregamento de açúcar, seguindo viagem para São João da Barra. Lá chegando, contou a história a um primo, que, calmamente disse: – Por isso que o povo diz que o Ururau é a madre superiora do convento, que vira jacaré nos dias de lua cheia. Fonte: Afonso Castelo Branco. Campos dos Goytacazes. Rio de Janeiro, 9/12/2006. Em: <www.overmundo.com.br/banco/campos-e-o-ururau-da-lapa>. Acesso em: 8 ago. 2013.
a) Você conhecia essa história? Resposta pessoal. b) Reúnam-se em pequenos grupos para contar aos colegas outros casos e lendas que vocês conheçam. Vocês podem produzir um texto coletivo com base nessas histórias e ilustrá-lo. Consulte o Manual do Professor.
Saiba mais ! Veja no final do livro as seções A história no cinema e Sugestões de leitura e sites da internet relacionados aos temas estudados no capítulo. 38
memórias de navegantes O diário da Nau Bretoa No começo da conquista, o governo português não se mostrou interessado na ocupação das novas terras. Assim, as feitorias eram instaladas para a exploração imediata do pau-brasil e logo abandonadas.
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Nos primeiros 30 anos de ocupação, a colonização foi praticamente inexistente. Apenas pequenas feitorias foram criadas para funcionar como depósito de produtos nativos, o principal deles, o pau-brasil. A exploração dessa madeira logo se provaria bastante lucrativa, o que atraiu a pirataria para a costa brasileira, sobretudo de corsários franceses, que chegariam a fundar, em 1555, uma colônia no Rio de Janeiro – a França Antártica. Uma das principais regiões visadas para a exploração e contrabando do pau-brasil era a região do litoral norte fluminense, lugar da primeira feitoria no estado, a de Cabo Frio. É do escrivão da Nau Bretoa, Duarte Fernandes, um dos primeiros relatos sobre índias brasileiras. Através dele, tomamos conhecimento da “bem-sucedida” expedição de mercadores portugueses ao litoral cabo-friense, que, em 1511, zarpou de volta a Portugal levando em seus porões cinco mil toras de pau-brasil e 26 índias [entre elas, Brígida, ou Bu-y-syde, que vimos na página 30] e dez índios para serem vendidos na praça de Lisboa.
Reprodução de página do manuscrito da Nau Bretoa, cerca de 1511.
Coleção Roger Viollet/Getty Images
Acervo da Torre do Tombo, Lisboa/Arquivo da editora
Fonte: Schuma Schumaer (Coord.).Um Rio de mulheres. Rio de Janeiro: Redeh, 2003. p. 6.
Ilustração do Manual de pilotagem
para marinheiros bretões, manuscrito de Guillaume Brouscon, de 1548, representando uma embarcação com vela latina, em formato triangular, utilizada pelos navegadores ibéricos na época das Grandes Navegações.
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Capítulo
5
O início da colonização
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Detalhe do original manuscrito da Biblioteca Nacional de Paris, Le vrai pourtraict de Geneure et du Cap de frie
(O verdadeiro retrato do Rio de Janeiro e de Cabo Frio), de Jacques de van de Claye, cerca de 1579.
Para observar, analisar e compreender Observe a imagem, leia a legenda e responda no caderno:
££O que a imagem representa? A imagem representa a cidade do Rio de Janeiro, incluindo Cabo Frio, por volta de 1579. ££Que elementos você identifica nessa imagem? Descreva-os no caderno. ££Converse com o professor e os colegas sobre suas conclusões. Consulte o Manual do Professor.
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Jacques de Van de Claye/Bibliothèque Nationale, Paris.
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Observe a imagem abaixo.
RA
Como vimos no capítulo anterior, a princípio os portugueses não demonstraram interesse em colonizar as novas terras. Entretanto, a colonização mostrou-se necessária, pois só assim os portugueses poderiam manter seu domínio sobre estas terras. Neste capítulo vamos saber como teve início esse processo.
As capitanias hereditárias A imagem da página anterior representa a cidade do Rio de Janeiro, incluindo Cabo Frio, por volta de 1579, ou seja, cerca de doze anos após sua fundação. Observe a ilustração abaixo. Ela foi produzida por volta de 1624, já no início do século XVII. Nessa época, os portugueses já haviam se estabelecido definitivamente no território. Essa foi a primeira representação da cidade do Rio de Janeiro a mostrar detalhes como casas, igrejas e fortificações.
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A presença francesa, principalmente no litoral do Rio de Janeiro, dificultava o controle português do comércio de pau-brasil. Essa atividade, que se mostrou muito vantajosa, logo atraiu outros europeus além de franceses, ingleses e holandeses.
Diversas expedições guarda-costas eram enviadas pelo rei de Portugal para patrulhar o litoral. Essas expedições combatiam as embarcações estrangeiras cujos marinheiros extraíam e transportavam o pau-brasil para seus países na Europa. Porém, de nada adiantava porque era difícil controlar a extensa faixa litorânea.
ST
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Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, RJ.
Os franceses passaram a frequentar a costa de forma cada vez mais intensa. Ao contrário dos portugueses, foram hábeis em conquistar a simpatia dos Tamoio e com isso conseguiram o apoio deles na extração do pau-brasil.
Diante disso, o governo português chegou à conclusão de que era preciso fundar vilas e cidades, trazendo gente para habitá-las. Era a única forma de Portugal garantir a posse das terras e ter o controle de toda a colônia.
Rio Genero, ilustração do “Reys-Boeck”, um relato de viagens publicado nos Países Baixos em 1624. A tradução do título é “Livro de viagem ao reino Brasileiro, Rio da Prata e Estreito de Magalhães...”.
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Bibli
Assim, em 1530 o rei de Portugal, dom João III, enviou para o territ—rio conquistado uma expedição colonizadora, comandada por Martim Afonso de Sousa. Seus principais objetivos eram expulsar os franceses, encontrar novas terras e riquezas a serem exploradas e fundar povoados. Essa expedição costuma ser vista como o início da colonização portuguesa no Brasil.
oteca al, Rio de Nacion
Janeiro, RJ.
RA
Na baía de Guanabara, onde ficou durante tr•s meses, Martim Afonso ordenou a construção de duas embarcaç›es e de uma casa de pedra na foz de um riacho.
Por causa dessa construção, os indígenas passaram a chamar Martim Afonso de Carioca (Ôcasa de brancoÕ, na língua tupi).
ST
Pero Lopes de Sousa, irmão de Martim Afonso e escrivão da expedição, fez a primeira descrição do lugar em língua portuguesa. Leia a seguir.
Martim Afonso de Sousa, gravura
publicada em Lisboa, em 1839.
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Sábado, 30 dias de abril (...).
Éramos com a boca do Rio de Janeiro e por nos acalmar o vento surgimos a par de uma ilha que está na entrada do dito Rio (...). Mandou o capitão fazer uma casa forte com cerca ao redor e mandar sair a gente em terra e pôr em ordem a ferraria para fazer coisas de que tínhamos necessidade (...). A terra deste Rio é de montanhas e serras muito altas, as melhores águas há neste Rio que podem ser. Aqui estamos três meses tomando mantimentos para um ano, para 400 homens que trazíamos (...). Fonte: Diário de navegação de Pero Lopes de Sousa, edições de Francisco Adolfo Varnhagen. In: Joaquim Veríssimo Serrão. O Rio de Janeiro no século XVI. II – Documentos dos arquivos portugueses. Lisboa, 1965. Edição da Comissão Nacional das Comemorações do IV Centenário do Rio de Janeiro. p. 13.
Em 1532, Martim Afonso de Sousa e seus homens ergueram a primeira vila em territ—rio brasileiro. Ficava no litoral do atual estado de São Paulo e foi batizada de São Vicente. Entre 1534 e 1536, o governo de Portugal dividiu as terras brasileiras em faixas horizontais, de norte a sul do territ—rio. Eram as capitanias hereditárias. 42
CAPITANIAS HEREDITÁRIAS
Equador
RIO GRANDE
de Trópico
Capricórni
o
ITAMARACÁ PERNAMBUCO BAHIA DE TODOS-OS-SANTOS
RA
As capitanias foram chamadas hereditárias porque passavam de pais para filhos. Observe as capitanias hereditárias representadas no mapa ao lado.
0º
PARÁ MARANHÃO MARANHÃO CEARÁ
LINHA DO TRATADO DE TORDESILHAS
Esses gigantescos lotes de terra foram doados a doze capitães-donatários, que tinham liberdade para administrá-los, povoá-los e defendê-los.
ILHÉUS
PORTO SEGURO
ESPÍRITO SANTO
OCEANO ATLÂNTICO
SÃO TOMÉ SÃO VICENTE SANTO AMARO
SÃO VICENTE
N
ST
SANTANA
LEGENDA Capitanias situadas no atual território do Rio de Janeiro
L
O S
0
400
800
km
Adaptado de: Atlas histórico escolar. Rio de Janeiro: MEC, 1996.
Releia o último parágrafo da carta de Pero Lopes de Sousa, na página 42. Ela está escrita em linguagem antiga. Abaixo, esse mesmo trecho está transcrito em linguagem atual:
AM O
1
(...) A região que circunda o rio é formada por montanhas e serras muito altas. A água aqui encontrada é excelente. Estivemos nesse lugar três meses e recolhemos mantimentos suficientes para manter 400 homens por um ano. (...) Fonte: Jean Marcel Carvalho França. Visões do Rio de Janeiro colonial. Antologia de textos 1531-1800. Rio de Janeiro: Ed. Uerj/José Olympio, 2000. p. 14.
Estimule o aluno a interpretar o documento e, com base nele, elaborar o próprio texto.
Agora você vai fazer o mesmo!
££Escolha
outro trecho da carta de Pero Lopes de Sousa. Interprete-o e escreva-o de 2a) Capitanias hereditárias foi um sistema de novo em seu caderno usando a linguagem atual. administração adotado pelo governo portu-
2
guês, que dividiu as terras brasileiras em faixas horizontais, de norte a sul. Os lotes de terObserve novamente o mapa das Capitanias hereditárias. ra eram doados a capitães-donatários, que dispunham de liberdade para administrá-los, povoá-los e defendê-los. Eram assim chamadas porque passavam de pais para flhos.
a) O que foram as capitanias hereditárias? Escreva no caderno o que você sabe sobre elas. b) Anote no caderno o nome das antigas capitanias hereditárias cujas terras formam o atual estado do Rio de Janeiro. São Tomé; São Vicente; e um pedacinho da capitania do Espírito Santo. 43
Quando a capitania de São Vicente foi doada a Martim Afonso de Sousa, em 1534, já havia nela uma vila: era São Vicente, fundada em 1532. Essa capitania era formada por terras dos atuais estados do Rio de Janeiro e de São Paulo. Em 1556, Martim Afonso de Sousa concedeu algumas sesmarias na região de Paraty e Angra dos Reis.
Você Sabia ?
RA
A capitania de São Tomé foi doada a Pero de Góis da Silveira em 1536. Em 1539, ele fundou, nas proximidades do rio Itabapoana, a Vila da Rainha, que daria origem à cidade de São João da Barra. Essa foi a primeira vila fundada nas atuais terras fluminenses. Seu nome foi dado em homenagem à rainha de Portugal.
As órfãs da rainha eram meninas portuguesas recolhidas em conventos ou casas de família até serem mandadas às colônias para se casar. Essa era a forma de a Coroa portuguesa garantir descendência legítima para ocupar os territórios conquistados.
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Detalhe de mapa do geógrafo e cartógrafo francês Jean Baptiste Bourguignon d’Anville (1697-1782), parte de um Atlas publicado em 1737. O detalhe reproduzido na foto representa parte dos atuais estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Pergunte aos alunos quais nomes do mapa eles conseguem identificar.
Reprodu•‹o/Instituto Cultural Banco Santos
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Maria Barbosa foi a única órfã a ser enviada para o Rio de Janeiro, onde se casou com Manuel Gonçalves, nomeado pelo governador Mem de Sá como escrivão do campo, da cidade e da capitania.
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Casa da Cultura Zenriques, São João da Barra/Arquivo da Editora
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A igreja mais antiga de São João da Barra foi erguida em 1630, em homenagem ao padroeiro da cidade. A pequena
capela de madeira ficava no mesmo local onde hoje se ergue a Igreja Matriz, construída em 1852. Essa construção, após sofrer um incêndio em 1882, passou por várias reformas. A foto mostra a igreja na década de 1940.
Em 1619, boa parte da capitania de São Tomé foi incorporada à capitania do Rio de Janeiro, criada em 1567.
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Entretanto, de modo geral, o sistema de capitanias hereditárias não deu os resultados esperados pelo governo de Portugal. Em alguns casos, por causa da luta dos indígenas em defesa de suas terras, como ocorreu nas capitanias de São Tomé e do Espírito Santo. Em outros casos, os capitães-donatários não chegaram a vir para o Brasil para tomar posse das terras. Apenas as capitanias de Pernambuco e São Vicente prosperaram. Dessa forma, as terras foram pouco a pouco abandonadas pelos donatários e retomadas pelo governo português. Em 1759, o sistema de hereditariedade foi extinto, mas ainda permaneceu a denominação de capitania; só na primeira metade do século XIX o sistema foi oficialmente extinto.
O governo-geral
O fracasso das capitanias hereditárias levou o rei de Portugal a criar, em 1548, um governo-geral para administrar a colônia brasileira sob um governo único. A capitania da Bahia de Todos-os-Santos foi escolhida para sede da colônia portuguesa na América. Tomé de Sousa, um nobre português, foi escolhido para ser o primeiro governador-geral do Brasil. 45
RA
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Em 1552, durante viagem ao litoral sul, Tomé de Sousa visitou a baía de Guanabara. Em carta ao rei de Portugal, descreveu as condições naturais daquela baía e o aconselhou a criar ali “uma povoação honrada e boa” para desenvolver e tomar posse definitiva daquelas terras.
Autor desconhecido/Biblioteca Municipal M‡rio de Andrade, S‹o Paulo.
Em 1549, Tomé de Sousa desembarcou na baía de Todos-os-Santos e fundou a cidade de Salvador, primeira capital brasileira.
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Imagem representando o primeiro governador-geral do Brasil, Tomé de Sousa, sendo recebido pela população indígena ao chegar à Bahia, s.d.
3
Registre no caderno o que aconteceu de importante nas capitanias de S‹o TomŽ e S‹o Vicente. Se achar necessário, pesquise mais informa•›es sobre essas capitanias em livros de Hist—ria e na internet. Consulte o Manual do Professor.
4
De acordo com o que voc• leu, quais foram os principais motivos para o fracasso das capitanias hereditárias no Brasil? Escreva em seu caderno.
5
Imagine que voc• vive na Žpoca do governo-geral e acompanha TomŽ de Sousa em suas visitas ˆs capitanias do litoral. a) Descreva os lugares por onde passou e as coisas que viu. b) Escreva no caderno um relato da viagem. Consulte o Manual do Professor.
Saiba mais ! Veja no final do livro as seções A hist—ria no cinema e Sugest›es de leitura e sites da internet relacionados aos temas estudados no capítulo. 46
memóriaS de colonizadores A contribuição das mulheres na colonização
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Os relatos de cronistas e viajantes que percorreram o territ—rio em diferentes Žpocas não ajudam muito a esclarecer o papel das mulheres ao longo da hist—ria do pa’s e do estado do Rio de Janeiro. Do sŽculo XVI ao in’cio do sŽculo XIX, pouco sabemos sobre elas. As mulheres citadas quase sempre aparecem em posição secund‡ria, em geral ligadas a uma figura masculina.
ST
Com o intuito de selar uma aliança com os nativos, algumas índias foram tomadas como esposas pelos portugueses. Foi o caso de Bartira, ou Mbcy, filha do cacique Tibiriçá, o mais poderoso líder indígena tupiniquim da região. Batizada com o nome de Isabel Dias, uniu-se conjugalmente ao português João Ramalho, fato que teria sido determinante, segundo as autoridades coloniais, para a viabilização do processo de colonização. (...) As tentativas de traçar a história das índias esbarram em um conjunto de representações, intolerâncias e julgamentos que povoam as fontes históricas. O grande desafio é o de criticar permanentemente os dados, para que não se aceite como certas, sem questionamento prévio, as representações dos colonizadores sobre as mulheres indígenas.
Hudson Pontes/Agência O Globo
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Fonte: Schuma Schumaer (Coord.). Um Rio de mulheres. Rio de Janeiro: Redeh, 2003. p. 8-9.
A neta de Bartira, Marquesa Ferreira, foi uma das primeiras colonizadoras do Rio de Janeiro. Com a morte de seu marido, Crist—v‹o Monteiro, por volta de 1574, tomou posse das sesmarias de Igua•u, atual Baixada Fluminense, e de Guaratiba. Em testamento, doou ˆ Companhia de Jesus parte das terras que possu’a, entre elas a antiga fazenda Santa Cruz, que hoje abriga um quartel do ExŽrcito, no bairro de Santa Cruz, zona oeste carioca.
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Capítulo
6
A França Antártica
AM O Villegagnon assiste à primeira missa celebrada no Rio de Janeiro em 1555, mural do artista brasileiro Carlos
Oswald (1882-1971), Sala de Recepção do Palácio São Joaquim, Rio de Janeiro, RJ.
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Carlos Oswald/Palácio São Joaquim, Rio de Janeiro.
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Observe a imagem a seguir.
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Enquanto os portugueses não se decidiam a estabelecer aqui uma colônia, os franceses aproveitaram para se instalar na região da baía da Guanabara. Neste capítulo nós vamos estudar o Rio de Janeiro francês. Allons-y! (expressão francesa que quer dizer ‘Vamos lá!’).
Para observar, analisar e compreender Depois de observar a pintura da página ao lado e ler a legenda, responda no caderno: ££O que essa imagem representa? A primeira missa celebrada no Rio de Janeiro, em 1555. ££Descreva no caderno a cena representada. Indique alguns objetos e detalhes que apa-
recem nela. ££Converse com o professor e os colegas sobre
suas conclusões.
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Consulte o Manual do Professor.
Uma colônia francesa no Rio de Janeiro
Você sabe quem foi Villegagnon? Esse nome aparece na legenda da imagem reproduzida na página ao lado e também na legenda da imagem abaixo.
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Chavane/Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro.
Havia tempo os franceses frequentavam a baía de Guanabara. Como vimos, eles mantinham um contato amigável com os Tamoio da Guanabara, ajudando-os a se defender dos portugueses. Em troca, os Tamoio os ajudavam no comércio do pau-brasil, do gengibre, da hortelã-pimenta e de outros produtos da terra. No início os franceses chegavam e partiam logo em seguida, após carregarem seus navios com mercadorias. Não permaneciam na terra, não criavam povoados. Isso até 1555. Em novembro de 1555, uma esquadra francesa, comandada por Nicolau Durand de Villegagnon, entrou na baía de Guanabara (veja a imagem ao lado). Dessa vez, os franceses vinham com o objetivo de permanecer no território.
Chegada de Villegagnon à baía de Guanabara em 10 de novembro de 1555. Chavane. Litogravura colorida, século XIX.
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Observe o mapa abaixo.
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Luís Teixeira, C.1578/Biblioteca da Ajuda, Lisboa.
Rio de Janeiro e a cidade de São Sebastião, 1573-1578, de Luís Teixeira. Este é o primeiro mapa a mostrar a cidade do Rio de Janeiro com detalhes.
1
No mapa acima, podemos perceber diversos detalhes, como, por exemplo, a indicação forte Vilaganhão, ao centro. Responda no caderno: a) Você sabe o que essa indicação significa?
Espera-se que o aluno relacione a indicação do forte Vilaganhão ao nome do vice-almirante francês Villegagnon, que aparece na legenda de duas imagens deste capítulo.
b) Que outros aspectos já estudados neste livro você identifica no mapa? 50
É possível identificar, por exemplo: ao centro, na parte superior do mapa, a ilha do Gato (mencionada no capítulo 3); na parte inferior, à esquerda, as indicações Cidade de S. Sebastiam, A Carioca (referente ao local onde foi erguida a primeira construção portuguesa, citada no capítulo 5), Cidade Velha e Pão de Sucar (Pão de Açúcar); no canto inferior à direita, terra que vai do Cabo Frio.
Na ilha que os nativos chamavam de Seregipe (atual ilha de Villegagnon) os franceses construíram armazéns, casas e fortificações. Na colina ao centro da ilha ergueu-se um castelo, batizado forte de Coligny. Estava fundada a França Antártica. Explique aos alunos que esse nome foi dado em homenagem a Gaspar de Coligny, chefe dos protestantes calvinistas.
Fazia parte dessa expedição o missionário católico André Thevet, que permaneceu na Guanabara durante alguns meses. Em seu livro As singularidades da França Antártica, Thevet registrou vários episódios ocorridos na Guanabara.
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A FRANÇA ANTÁRTICA
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Jean de Léry, C. 1558/Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro.
Dois anos mais tarde, em 1557, uma nova expedição – comandada pelo sobrinho de Villegagnon, Bois-le-Comte – trouxe a bordo de três navios cerca de trezentos calvinistas, incluindo algumas mulheres. Fazia parte dessa tripulação Jean de Léry, autor do mapa reproduzido a seguir.
Mapa representando a França Antártica extraído do livro de Jean de Léry, Viagem à Terra do Brasil.
Como não se entendiam com os católicos, os calvinistas voltaram para a França em janeiro de 1558. No ano seguinte, Villegagnon retornou à Europa para tentar recrutar reforços na França. Foi então que o rei de Portugal percebeu que precisava agir com urgência se não quisesse perder para os franceses o território conquistado. Assim, dom João III ordenou a Mem de Sá, terceiro governador-geral do Brasil, que expulsasse os franceses da Guanabara. Em fevereiro de 1560, a expedição de Mem de Sá chegou à entrada da baía de Guanabara e ficou aguardando reforços vindos de São Vicente. 51
A reação portuguesa O ataque à França Antártica ocorreu no dia 15 de março de 1560. Liderados por Bois-le-Comte, os franceses e seus aliados Tamoio resistiram por dois dias e uma noite, mas ao final foram derrotados. Observe abaixo uma representação do ataque.
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André Thevet, c. 1575/Arquivo da Editora
Gravura de André Thevet, cerca de 1575, representando o ataque dos portugueses ˆ França Antártica em 1560.
Com o auxílio dos Tamoio, os franceses sobreviventes fugiram a bordo de canoas e se esconderam nas matas.
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ST
Assim que o governador-geral voltou para Salvador, os franceses construíram novas fortificações na ilha dos Maracajá (atual ilha do Governador) e em Uruçu-mirim (atual praia do Flamengo).
Observe a imagem abaixo e descreva no caderno a cena representada. Consulte o Manual do Professor.
Aparição de São Sebastião, painel de Carlos Oswald pintado em sala do palácio S‹o Joaquim, Rio de
Janeiro, RJ. Conta a lenda que S‹o Sebasti‹o, padroeiro da cidade do Rio de Janeiro, apareceu ao lado dos portugueses no ataque contra os franceses de Paranapu‹ e Uruçumirim, em 20 de janeiro de 1567. Os franceses, que contavam com o apoio dos Tamoio, foram derrotados e expulsos da baía de Guanabara.
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Carlos Oswald, s/d /Palácio São Joaquim, Rio de Janeiro.
2
A Confederação dos Tamoio Derrotados pelas tropas de Mem de S‡, em 1562 os Tamoio uniram-se a outras na•›es ind’genas que tentavam resistir ˆ escraviza•‹o imposta pelos portugueses e reconquistar suas terras. Com o apoio dos franceses, formaram uma grande alian•a de guerra que ficou conhecida como Confederação dos Tamoio.
RA
Em Iperoig (atual Ubatuba, no estado de S‹o Paulo) reuniram-se as diversas na•›es ind’genas que formaram essa confedera•‹o. Nesse local, os nativos mantiveram como refŽm o padre jesu’ta JosŽ de Anchieta, que chegara ao Brasil em 1554, acompanhando o segundo governador-geral, Duarte da Costa. Os jesu’tas vinham para a col™nia com o objetivo de catequizar os ind’genas, tentando convenc•-los a aceitar a religi‹o cat—lica. Colaboravam com os colonizadores portugueses aconselhando os nativos a n‹o se aliar aos franceses. José de Anchieta e Manuel da Nóbrega faziam parte de um grupo de padres da Companhia de
Observe o mapa abaixo. Procure nele a localiza•‹o de Iperoig: Jesus que se instalou no planalto de
ST
Piratininga. Nesse lugar, em 25 de janeiro de 1554, eles fundaram o Colégio dos Jesuítas. Ao redor desse colégio ergueram-se as primeiras casas de taipa que dariam origem ao povoado de São Paulo de Piratininga (atual cidade de São Paulo).
CoNFedeRAÇão dos TAmoIo
44¼ O
GOITACÁ
BÁ
M NA
PI
UBATUBA (ANGRA)
AM O
TU
IPEROIG (UBATUBA)
GUAYANÁ
I. SÃO SEBASTIÃO
M
UI
Q NI
PI
Trópico de Capricórnio
BERTIOGA
SANTOS SÃO VICENTE I. SANTO AMARO (GUARUJÁ) ITANHAÉM
TU
CABO FRIO
SÃO SEBASTIÃO (RIO DE JANEIRO) TUPINAMBÁ TEMIMINÓ (MARACAJÁ) URUÇUMIRIM
N
OCEANO ATLåNTICO
CANANEIA
L
O S
0
35
70
km
Adaptado de: Atlas hist—rico escolar. Rio de Janeiro: MEC, 1996.
A revolta dos Tamoio e de seus aliados come•ou com ataques ˆs vilas de S‹o Vicente e de S‹o Paulo de Piratininga. Estes eram os dois nœcleos portugueses mais importantes situados ao sul da Guanabara. Em S‹o Paulo, vila fundada em 1554, os jesu’tas resistiram aos Tamoio gra•as ˆ alian•a com o chefe tupiniquim Tibiri•‡. 53
AndrŽ Thevet/Biblioteca Municipal M‡rio de Andrade, S‹o Paulo.
São Vicente escapou à destruição graças à intervenção dos padres Manuel da Nóbrega e José de Anchieta. Em abril de 1563, na aldeia de Iperoig, os dois jesuítas firmaram com os Tamoio um acordo de paz. Entretanto, esse acordo foi logo rompido.
RA
No início de 1564, portugueses e Tamoio voltaram a se enfrentar. Os combates duraram até 1575, quando os Tamoio foram definitivamente vencidos e exterminados.
Observe a pintura reproduzida abaixo e responda ˆs quest›es:
AM O
O último tamoio, 1883, óleo sobre tela do pintor brasileiro Rodolfo Amoedo, nascido em Salvador, BA, em 1857, e falecido na cidade do Rio de Janeiro em 1941.
3a) A tela mostra uma visão romantizada dos jesuítas portugueses, que para cá vieram a fim de converter os indígenas à religião católica, com o objetivo de dominá-los. Os Tamoio eram aliados dos franceses e, portanto, inimigos dos portugueses.
a) O que representa a tela reproduzida acima? Descreva-a em seu caderno. b) Voc• acha que essa cena, pintada no final do sŽculo XIX, representa a realidade do epis—dio da derrota dos Tamoio pelos portugueses e seus aliados Temimin—, em meados do sŽculo XVI? Justifique sua resposta no caderno. 54
Aceite as diferentes opiniões. Depois de ouvi-las, esclareça que a tela se enquadra no estilo da escola indigenista romântica e expressa os fatos sob essa ótica, que não reflete, necessariamente, a realidade histórica. Conte aos alunos que Amoedo foi criticado por representar o religioso, supostamente o padre José de Anchieta (que era jesuíta), com roupas de franciscano.
Rodolfo Amoedo/Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro.
3
ST
O chefe tupinambá Cunhambebe, representado por André Thevet em La cosmographie universelle (A cosmografia universal), obra de sua autoria publicada em 1575.
4
A fortaleza de Santa Cruz (foto abaixo) representa um marco importante na história do estado do Rio de Janeiro. Ela é uma das diversas fortificações construídas na baía de Guanabara. ££Por que foram construídas fortificações na baía de Guanabara? As fortificações foram construídas para a defesa do território de possíveis ataques e invasões, como a dos franceses.
Observe o mapa.
ST
5
RA
Jayme Moreira Crespo Filho/Arquivo da editora
A fortaleza de Santa Cruz originou-se da primeira fortificação francesa, construída em 1555, em Niterói, na entrada da baía de Guanabara. Após a expulsão dos franceses do Rio de Janeiro, uma nova fortaleza foi construída no mesmo lugar para proteger a entrada da baía de Guanabara. Durante sua construção, as pedras da muralha foram trazidas de Portugal. Em 1730, com 135 canhões, era a principal unidade de defesa da cidade. A fortaleza de Santa Cruz foi ampliada nos séculos XVII e XVIII e restaurada pela primeira vez em 1896.
LoCALIZAÇão dAs FoRTIFICAÇÕes HIsTÓRICAs dA BAÍA de GUANABARA LEGENDA Localização das fortifcações
AM O
Baía de Guanabara
Forte de São Luiz
Fortaleza de São João
Fortaleza de Santa Cruz Forte do Imbuhy
Niterói Rio de Janeiro
Forte Duque de Caxias (Forte do Vigia)
N
Forte de Copacabana
L
O S
OCEANO ATLÂNTICO
23º S
0 43º O
2
4
km
Fonte: Ministério da Defesa.
££Registre
no caderno o nome das demais fortificações da baía de Guanabara e das cidades onde se situam.Fortaleza de São João, forte Duque de Caxias (forte do Vigia) e forte de Copacabana – Rio de Janeiro. Forte de São Luiz, fortaleza de Santa Cruz e forte do Imbuhy – Niterói.
Saiba mais ! Veja no final do livro as seções A história no cinema e Sugestões de leitura e sites da internet relacionados aos temas estudados no capítulo. 55
memórias do Rio francês Ind’genas lutadoras Nos confrontos entre portugueses e franceses, mulheres da nação Tamoio lutaram bravamente ao lado dos homens na defesa do territ—rio.
RA
Em 1565, os portugueses haviam aliciado os Tupiniquim e os Temiminó para lutar contra os invasores franceses, que, por sua vez, tinham a nação Tamoio como aliada. Certamente, para os índios, a maior consequência da guerra não foi a derrota francesa, mas a grande perda populacional indígena que a ela se seguiu.
ST
Nos confrontos, as índias eram participantes ativas. Conhecida é a história da índia Potira, filha do chefe tamoio Aimberê. Ainda menina, casou-se com Ernesto, francês que se integrou plenamente à vida da aldeia. Vale salientar que o casamento de franceses com nativas, ao contrário do que ocorria com os portugueses, era bastante estimulado como tática de ocupação do território. Potira morreu lutando contra as tropas de Estácio de Sá, ao lado do pai e do marido Ernesto.
AM O
Na mesma batalha que expulsou definitivamente os franceses da baía de Guanabara, lutava Iguaçu, casada com Aimberê. Capturada e levada como escrava para São Paulo de Piratininga, foi libertada pelos Tamoio, que a trouxeram de volta ao Rio de Janeiro, para, pouco tempo depois, vir a morrer na batalha que deu vitória decisiva aos portugueses, no dia 20 de janeiro de 1567, dia de São Sebastião, desde então homenageado como o padroeiro da cidade.
Victor Meirelles/Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro.
Fonte: Schuma Schumaer (Coord.). Um Rio de mulheres. Rio de Janeiro: Redeh, 2003. p. 9.
No quadro Ruínas da fortaleza de Villegagnon, cerca de 1894, o pintor Victor Meirelles (nascido em Florian—polis,
SC, em 1832 e falecido na cidade do Rio de Janeiro em 1903) reproduziu o que restou da primeira fortifica•‹o militar no Brasil, construída pelos franceses.
56
Capítulo
7
A expulsão dos franceses
No capítulo anterior nós conhecemos a colônia francesa batizada de a França Antártica. Agora nós vamos saber como os portugueses expulsaram os franceses da baía de Guanabara e fundaram a cidade do Rio de Janeiro. A. Firmino Monteiro/Câmara Municipal, Rio de Janeiro/Foto: gilson Ribeiro
AM O
ST
RA
Observe a imagem reproduzida a seguir.
Fundação da cidade do Rio de Janeiro (1881), óleo sobre tela de Antônio Firmino Monteiro, artista nascido no Rio
de Janeiro em 1855 e falecido na mesma cidade em 1888.
Para observar, analisar e compreender Com base na imagem observada, responda no caderno:
Que acontecimento a tela representa?
Compare essa imagem com a da abertura do capítulo 6. O que elas têm em comum?
Você sabe quando, como, onde e por que a cidade do Rio de Janeiro foi fundada?
A fundação da cidade do Rio de Janeiro.
Converse com o professor e os colegas sobre suas conclusões. Consulte o Manual do Professor.
Ambas representam uma cerimônia religiosa, uma missa. Nas duas podemos ver uma cruz, um altar e um padre. A paisagem de fundo é a baía de Guanabara.
57
São Sebastião do Rio de Janeiro Observe a pintura abaixo e leia a legenda. O que ela representa?
AM O
ST
RA
Benedito Calixto/Palácio São Joaquim, Rio de Janeiro.
A partida de Estácio de Sá para o Rio de Janeiro.
(1913), óleo sobre tela de Benedito Calixto, pintor brasileiro nascido em Itanhaém, SP, em 1853 e morto em São Paulo, SP, em 1927. O quadro representa, na visão do artista, o momento em que o capitão português parte de Bertioga com sua frota de guerra rumo ao Rio de Janeiro, onde combateria os franceses durante dois anos.
Partida de Est‡cio de S‡ para o Rio de Janeiro
Preocupado com a presença dos franceses, Mem de Sá decidiu ocupar definitivamente a baía de Guanabara. Para auxiliá-lo, seu sobrinho Estácio de Sá foi enviado de Portugal com dois navios de guerra, chegando à Bahia em 1563. No início de 1564, o capitão partiu em direção à baía de Guanabara. No Espírito Santo juntaram-se à expedição, com suas velozes canoas, indígenas Temiminó, chefiados pelo cacique Arariboia. Ao chegar à Guanabara, Estácio de Sá foi recebido a flechadas pelos Tamoio. Depois dessa tentativa frustrada, Estácio de Sá recuou a fim de planejar nova ofensiva e reunir reforços em São Vicente. Com a ajuda dos padres Manuel da Nóbrega e José de Anchieta,
58
conseguiu juntar à expedição um bom número de colonos, mestiços e indígenas Guaianá (que habitavam a capitania de São Vicente). No dia 1º- de março de 1565, Estácio de Sá desembarcou em terra firme com seus homens, junto à entrada da baía de Guanabara. Ali, ele fundou, nesse mesmo dia, a cidade que receberia o nome de São Sebastião do Rio de Janeiro. Os primeiros tempos na recém-fundada cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro não foram fáceis para os portugueses. Estácio de Sá teve de enfrentar a resistência de franceses e Tamoio durante dois anos. Além disso, não haviam encontrado água doce no lugar.
RA
De 1565 a 1567, portugueses e franceses (os primeiros auxiliados pelos Temiminó; os segundos, pelos Tamoio) enfrentaram-se em intensos combates. Os franceses resistiam, recebendo constantes reforços de Cabo Frio. Diante da gravidade da situação, Estácio de Sá teve de recorrer ao tio, Mem de Sá.
ST
Em 18 de janeiro de 1567, uma frota comandada pelo governador-geral chegou à entrada da baía de Guanabara. Em 20 de janeiro, os portugueses atacaram os franceses. Com dificuldade, conseguiram ocupar a aldeia de Uruçumirim. Alguns dias depois, Mem de Sá expulsou os franceses e os Tamoio também da ilha dos Maracajá. Em uma dessas batalhas, Estácio de Sá foi ferido no rosto por uma flecha envenenada. Morreu um mês depois.
AM O
Os Temiminó tiveram participação decisiva na vitória dos portugueses. Entretanto, foram pouco a pouco expulsos da região pelos próprios portugueses, até serem totalmente exterminados.
Apesar de ter sido fundada no dia 1º- de março, o aniversário da cidade do Rio de Janeiro é comemorado no dia 20 de janeiro. Você sabe por quê? É que nessa data, que marcou a expulsão definitiva dos franceses da baía de Guanabara, comemora-se o dia de São Sebastião, padroeiro da cidade. Estátua de São Sebastião, padroeiro da cidade do Rio de Janeiro, na praça Luís Camões, no bairro da Glória.
Diomarcelo Pessanha/Arquivo da editora
Você sabia ?
1
Compare as imagens das páginas 57 e 58. O que elas têm em comum? O aluno deve perceber
2
Com base no que você já estudou até aqui, responda: com que objetivo os portugueses fundaram a cidade do Rio de Janeiro?
que em ambas há a presença das crenças religiosas dos portugueses. A pintura da página 57 representa a cerimônia religiosa por ocasião da fundação da cidade do Rio de Janeiro; na imagem da página 58, Estácio de Sá parte de Bertioga sob as bênçãos da Igreja.
Ao fundar a cidade, os portugueses tinham por objetivo garantir a posse da região, disputada com os franceses, e fortalecer a baía de Guanabara contra futuras tentativas de invasão.
59
A cidade sobe o morro Em mar•o de 1567, logo ap—s a expulsão dos franceses, Mem de S‡ decidiu transferir o povoado original. O local escolhido foi o morro do Castelo, inicialmente chamado São Janu‡rio.
RA
Que motivo teria levado Mem de S‡ a escolher esse lugar? O mais prov‡vel Ž o fato de que o morro oferecia maior seguran•a. Dele podia-se ver toda a baía de Guanabara, o que facilitava a defesa das terras. Era possível avistar de longe a aproxima•ão de qualquer embarca•ão. De passagem pelo Rio de Janeiro em dezembro de 1584, o padre portugu•s Fernão Cardim assim descreveu seu encanto ao avistar do colŽgio dos jesuítas a baía de Guanabara:
ST
A cidade est‡ situada em um monte de boa vista para o mar, e dentro da barra tem uma ba’a que bem parece que a pintou o supremo pintor e arquiteto do mundo Deus Nosso Senhor, e assim Ž coisa formos’ssima e a mais apraz’vel que h‡ em todo o Brasil (...). Os padres t•m aqui o melhor s’tio da cidade. T•m grande vista com toda esta enseada defronte das janelas (...). Fonte: Fern‹o Cardim. Tratados da terra e da gente do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia/S‹o Paulo: Edusp, 1980. p. 170-171.
St. Sebastien Ville Episcopal du Brésil (São Sebastião, cidade episcopal do Brasil), 1695 (detalhe), de François
Froger. Esse é o mais antigo panorama da cidade do Rio de Janeiro e de seu porto. Ao fundo da imagem, à esquerda, vê-se o morro do Castelo com o colégio dos jesuítas (identificado pela letra D ).
60
F. Froger, c.1695/Museu Imperial, Petrópolis
AM O
Foi assim que nasceu de fato a cidade do Rio de Janeiro. Os primeiros povoadores se estabeleceram no morro do Castelo e, em seguida, na região da atual Baixada Fluminense.
Para recompensar os colonos que ajudaram na expulsão dos franceses e estimular o povoamento e o cultivo das terras, Mem de Sá doou algumas sesmarias. As terras eram entregues ao casal e os homens não podiam transferi-las sem a aprovação de suas mulheres. Muitas delas, quando viúvas, doaram suas propriedades à Igreja.
RA
Ana Barroso, Ana Dias, Ângela Rodrigues, Catarina de Bittencourt, Francisca da Costa, Maria de Mariz e Vitória de Sá são alguns dos nomes de colonizadoras encontrados em documentos datados do século XVI.
Logo após a ocupação do morro do Castelo foram erguidas as primeiras construções: o forte de São Januário (mais tarde São Sebastião), o colégio dos jesuítas e a igreja de São Sebastião, em homenagem ao padroeiro da cidade. No Castelo foram também construídas a Cadeia e a Casa da Câmara, primeiro sobrado da cidade.
ST
Auto ria D
esco nhec ida/I hg
B; Rio
de J aneir o
Após a morte do fundador da cidade, Mem de Sá nomeou outro sobrinho – Salvador Correa de Sá – para o cargo de capitão e governador da recém-criada Capitania Real do Rio de Janeiro, desmembrada da capitania de São Vicente.
Salvador Correa de Sá, primeiro governador da
Arquivo Nacional, Rio De Janeiro/Arquivo da editora
AM O
capitania do Rio de Janeiro. Seu governo durou de 1567 a 1572.
Festa de São Sebastião no morro do Castelo. Fotografia de autoria desconhecida, tirada por volta
de 1915. Ao fundo, vê-se a antiga igreja construída em homenagem ao padroeiro da cidade do Rio de Janeiro.
61
Em 1568, antes de voltar para Salvador, Mem de Sá premiou alguns de seus aliados Temiminó. Foi assim que Arariboia recebeu como recompensa as terras situadas na margem leste da baía de Guanabara. Ali ele ergueu a aldeia de São Lourenço (origem da atual cidade de Niterói), onde alguns remanescentes do povo Temiminó conseguiram sobreviver até o século XIX.
Diomarcelo Pessanha/Arquivo da editora
RA
A povoação inicial do Castelo espalhou-se pouco a pouco pelo vale. Várias casas foram construídas nos morros vizinhos de São Bento, de Santo Antônio, da Conceição e, mais tarde, ao longo do litoral. As primeiras ruas, que passaram a fazer a ligação de um morro a outro, foram abertas no século XVII. Uma delas foi a rua Direita, atual rua 1º- de Março. A ausência de fonte de água potável no morro do Castelo dificultava o dia a dia dos moradores. Por isso, muitos deles desceram o morro em direção a áreas mais próximas ao rio que abastecia a cidade.
O rio Carioca foi de grande importância como fonte de abastecimento de água potável para os moradores da cidade do Rio de Janeiro. Tanto que dele se originou a designação das pessoas que nascem nela: carioca.
AM O
Estátua em homenagem ao
ST
No século XVI, foram iniciadas obras para canalizar o rio Carioca. Mas só em 1723 foi inaugurado o primeiro chafariz de pedra da cidade, no atual largo da Carioca (veja a imagem abaixo).
chefe temiminó Arariboia, em frente à estação das barcas, no centro de Niterói, RJ.
3
Observe a gravura reproduzida abaixo. Ao fundo da imagem, da esquerda para a direita, veem-se o convento e a Igreja de Santo Ant™nio e a Igreja de São Francisco da Penitência. No canto direito, o hospital. Que outros aspectos você identifica na cena?
W. Smyth/Coleção gilberto Ferrez; Rio de Janeiro
Resposta pessoal. Consulte o Manual do Professor.
62
Gravura de W. Smyth, de 1833. Ao centro, o chafariz da Carioca, no largo de mesmo nome.
Você sabia ? A palavra fluminense, que identifica quem nasce no estado do Rio de Janeiro, vem do latim flumen, que significa ‘rio’.
O morro do Castelo pode ser considerado o verdadeiro berço da cidade do Rio de Janeiro: foi a partir da povoação aí estabelecida que ela se desenvolveu. A origem de seu nome foi o forte erguido em 1567, juntamente com as primeiras construções, conhecido como “castelo da cidade”.
RA
Observe o portão do Forte do Castelo na representação abaixo.
ST
AM O
gustavo Dall’ara/Museu histórico Nacional/Instituto do Patrimônio histórico e Artístico Nacional, Rio de Janeiro.
O morro do Castelo já não existe. Foi posto abaixo na década de 1920. Dele restou apenas um pequeno trecho na ladeira da Misericórdia.
Port‹o do Forte do Castelo, 1922. Óleo sobre tela de Gustavo Dall’Ara.
63
4
Leia os versos a seguir, de um poema de Vinicius de Moraes, e responda às questões.
Meu avô é um velho lindo com um olhar sempre altaneiro E que anda sempre de alpaca Ainda agora posso vê-lo À luz da aurora imediata Subindo, sempre subindo Pelo morro do Castelo Em demanda do mosteiro... – Que Castelo? Já acabou!
RA
Não tem mais. Puseram abaixo... Tem sim. Ainda posso vê-la Subindo em paralelepípedos E no alto, luzindo, a estrela À beira do precipício... Tem sim! Tem sim! Lá está ela Parada... e eis-me aqui, Vinicius Menino, com meu velho avô E minha branca avozinha Que com um beijo me acordou...
ST
Fonte: Vinicius de Moraes. O Morro do Castelo (A Lira que não escreveu Gonzaga). Roteiro lírico e sentimental da cidade do Rio de Janeiro. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. p. 61-63.
a) A destruição do morro do Castelo. O poeta faz um registro afetivo, e talvez imaginário, do menino ao se lembrar da imagem do avô subindo o morro do Castelo, que não existe mais.
a) Qual é o tema do poema? Explique no caderno.
b) Inspirado nos versos de Vinicius de Moraes, escreva em seu caderno um pequeno b) Os poemas poderão ser lidos em grupo ou expostos na sala de aula. poema dedicado ao morro do Castelo. Explique aos alunos que os franceses também se estabeleceram
em terras do norte e nordeste brasileiros no século XVII. A França Equinocial, colônia fundada em 1612 no território do atual estado do Maranhão, teve início com a construção do forte de São Luís (homenagem ao rei francês Luís XIII, o Justo), que deu origem à cidade de São Luís. Os franceses frequentavam toda a costa brasileira praticando o escambo e, na Paraíba, conquistaram a amizade dos indígenas Potiguar.
AM O
Rio de Janeiro, capital da Repartição do Sul
Expulsos da baía de Guanabara, franceses e Tamoio se refugiaram em Cabo Frio. Durante os oito anos seguintes, atacaram diversas vezes as povoações dos portugueses e aldeias de seus aliados Temiminó.
Para ter maior controle sobre o território, em 1574 o rei dom Sebastião decidiu dividir o governo do Brasil em duas administrações: Repartição do Norte e Repartição do Sul, como vemos no mapa da página seguinte. O Brasil passou a ter duas capitais: Salvador, sede da Repartição do Norte; e Rio de Janeiro, sede da Repartição do Sul. Para governar a Repartição do Sul foi escolhido Antonio de Salema. Em agosto de 1575, Salema partiu do Rio de Janeiro rumo a Cabo Frio. Seu objetivo era liquidar o último foco de resistência da Confederação dos Tamoio e acabar com o domínio francês na região, que já durava vinte anos.
Ao chegarem a Cabo Frio, as tropas de Salema atacaram uma fortaleza defendida por mais de mil Tamoio. Após alguns combates, Salema negociou um acordo com o cacique Iapuguaçu, mas não cumpriu o trato. Traiçoeiramente, invadiu a fortaleza e matou toda a população da aldeia. 64
BRASIL: REPARTIÇÕES DO NORTE E DO SUL (SÉCULO XVI) Equador
0º ma oA Ri
zonas
Olinda
RA
São Fra
ncisco
OCEANO ATLÂNTICO Salvador IlhŽus
io
MERIDIANO DE TORDESILHAS
REPARTI‚ÌO DO NORTE
R
Porto Seguro
REPARTI‚ÌO DO SUL Vit—ria
Trópico de Capricórnio
Rio de Janeiro S‹o Vicente
Ao se espalhar a notícia do massacre, indígenas de outras aldeias fugiram para as matas. Salema e seu exército perseguiram e mataram mais de 10 mil deles, escravizando cerca de 4 mil. O episódio ficou conhecido como a “Guerra de Cabo Frio”.
ST
N
Logo os portugueses vieram se estabelecer nessas terras, formando aldeias, freguesias e vilas. Novos povoamentos se formaram, principalmente na foz do rio Paraíba e na faixa litorânea de Angra dos Reis e Paraty.
L
O
0
340
680
Na cidade do Rio de Janeiro muitos Tamoio ainda Adaptado de: Atlas hist—rico escolar. Rio de Janeiro, MEC, 1996. viviam perto da lagoa Rodrigo de Freitas, à qual chamavam Sacopenapan (‘lagoa das raízes chatas’, em tupi). Na área onde hoje se encontra o Jardim Botânico, o governador pretendia instalar um engenho de cana-de-açúcar. Para se livrar dos Tamoio que ocupavam as terras, mais uma vez Salema agiu de modo traiçoeiro: ordenou que se espalhasse pelas margens da lagoa roupas usadas por doentes de varíola. Os indígenas vestiram as peças encontradas e morreram contaminados. km
AM O
S
Foi assim que o governador conseguiu exterminar os Tamoio da lagoa e aí instalar o Engenho del Rey, em 1575. Alguns anos depois, o antigo engenho passou a se chamar Nossa Senhora da Conceição da Lagoa de Rodrigo de Freitas. Em 1808, a área foi desapropriada para dar lugar a uma fábrica de pólvora e, mais tarde, a um horto. Em 1578, o governo de Portugal se convenceu de que a divisão do Brasil em dois governos não havia dado certo. Decidiu, então, restabelecer o antigo sistema de governo único. O Brasil voltou a ter uma só capital, a cidade de Salvador.
Você sabia ?
O nome da lagoa Rodrigo de Freitas tem uma origem curiosa. Conta a história que Petronilha, viúva de Sebastião Fagundes Varela, que havia comprado do governador Salema as terras do Engenho del Rey, casou-se novamente, aos 50 anos, com um rapaz de apenas 18, chamado Rodrigo de Freitas. Daí o nome. 65
Observe a imagem reproduzida abaixo e responda às questões:
RA
Nicolao Facchinetti/Mnba, Rio de Janeiro
5
Vista da lagoa Rodrigo de Freitas (1887), óleo sobre tela do pintor italiano Nicolau Facchinetti (1824-1900).
a) Em que ano a lagoa foi representada na pintura de Facchinetti?
1887.
ST
b) Descreva a imagem no caderno. Resposta pessoal. Consulte o Manual do Professor.
A capitania de Cabo Frio
Mais tarde, h‡ pouco mais de 1500 anos, os Tupinamb‡ iniciaram a conquista do litoral da regi‹o. L‡ foram encontrados quatro poss’veis s’tios arqueológicos Tupinamb‡.
O mais importante deles Ž o S’tio Sagrado do Itajuru, ou Pedras Sulcadas do Morro da Guia (foto ao lado). Essas pedras sofreram a a•‹o de seres humanos, que as riscavam e escavavam centenas de anos antes da chegada dos europeus.
Pedras sulcadas do Morro da Guia em foto sem data.
66
Reprodução/<http://casa500anosdehistoriadecabofrio.blogspot.com.br>
AM O
A ocupa•‹o humana das terras onde viria a se estabelecer a cidade de Cabo Frio teve in’cio h‡ mais ou menos 6 mil anos. Por essa Žpoca, um pequeno grupo n™made chegou em canoas pelo mar e acampou no morro dos êndios, uma pequena ilha na atual Barra da Lagoa de Araruama.
Com a chegada dos portugueses, teve in’cio na região de Cabo Frio a exploração do pau-brasil, que durou atŽ 1615. Nesse ano, foi constru’da pelos portugueses, com a ajuda dos ind’genas, a fortaleza de Santo In‡cio. TambŽm foi fundada a vila de Santa Helena do Cabo Frio, a sŽtima mais antiga do Brasil. Em 1616, o povoado original foi transferido para o atual bairro da Passagem, rebatizado de Cidade de Nossa Senhora da Assunção do Cabo Frio. Ao mesmo tempo, teve in’cio a demolição da fortaleza de Santo In‡cio para a construção do forte de São Mateus (foto abaixo), finalizada em 1620.
RA
Em 1617, os jesu’tas criaram na região a aldeia ind’gena de São Pedro do Cabo Frio, com quinhentos Tupinamb‡ catequizados vindos do Esp’rito Santo.
Os habitantes da aldeia de São Pedro e as tropas do forte da Barra derrotaram diversas tentativas de desembarque ingl•s e holand•s na região. Isso contribuiu para que a cidade fosse elevada a sede da Capitania Real do Cabo Frio, criada em 1619.
AM O
CŽsar Diniz/Pulsar Imagens
ST
A partir de então, Cabo Frio se tornou independente da capitania do Rio de Janeiro.
Esplanada do forte São Mateus. A construção do século XVII se encontra na principal praia de Cabo Frio, a praia do Forte, também conhecida como praia da Barra. Foto de 2012.
Entre a cana-de-a•œcar e a criac‹o de gado
O cultivo da cana-de-açœcar foi introduzido em São Vicente no in’cio dos anos 1530 e da’ se espalhou para outras capitanias. No Rio de Janeiro, os engenhos começaram a ser instalados ap—s a expulsão dos franceses da ba’a de Guanabara, mas se expandiram de fato a partir do sŽculo XVII. Entre 1614 e 1617, v‡rios engenhos de cana-de-açœcar se instalaram ao redor da ba’a de Guanabara. Formaram-se, assim, novos nœcleos de povoamento. 67
Vista de Campos dos Goytacazes, em fotografia tirada por volta de 1900. Em primeiro plano, o prŽdio dos Correios e TelŽgrafos. Campos de Goytacazes foi a cidade fluminense que mais prosperou com a atividade canavieira. Em fins do sŽculo XIX, era uma das mais desenvolvidas do pa’s. Foi a primeira em todo o Brasil a receber luz elŽtrica, em 1883.
ST
RA
Biblioteca Nilo Peçanha, Campos/Arquivo da editora
No final do sŽculo XVII, a cultura açucareira era a principal atividade econ™mica da col™nia. O açœcar produzido no Rio de Janeiro era vendido a Portugal e de lá seguia para outros mercados da Europa. Campos dos Goytacazes foi a região onde a cana-de-açœcar mais prosperou.
AM O
CAMPOS DOS GOYTACAZES: SESMARIAS NO INêCIO DO SƒCULO XVII
LEgENDA
ESPÍRITO SANTO
Planícies ocupadas pelo cultivo da cana-de-açúcar na área de sesmarias dos “sete capitães”
Campos dos goytacazes
MINAS gERAIS
Rio A•u
22¼ S
Cabo de São Tomé Rio
c Ma a
Ž
A atividade canavieira, porŽm, não foi a primeira que a’ se desenvolveu, mas sim a pecuária (criação de gado). Sua origem foram as sesmarias concedidas, em 1627, a sete homens que ficaram conhecidos como os sete capit‹es. As terras doadas se estendiam do rio MacaŽ atŽ o antigo rio Iguaçu (atual Açu), ao norte do cabo de São TomŽ. Observe essa área representada no mapa ao lado.
RIO DE JANEIRO
SÃO PAULO
N
Rio de Janeiro
Os novos proprietários ocuparam as plan’cies da região com as primeiras OCEANO ATLåNTICO cabeças de gado vindas dos Açores e de Cabo Verde. A produção de cana- Adaptado de: Atlas hist—rico escolar. Rio de Janeiro, MEC, 1996. -de-açœcar só teve in’cio por volta de 1659, quando foi instalado o primeiro engenho em Campos dos Goytacazes. Da’ as plantaç›es se espalharam por todo o norte fluminense. O cultivo da mandioca, a pesca e a extração do sal foram outras atividades econ™micas importantes para o desenvolvimento das capitanias de Cabo Frio e do Rio de Janeiro. L
O
S
0
46
km
42¼ O
68 Esclare•a que A•ores e Cabo Verde eram col™nias portuguesas no Atl‰ntico. Cabo Verde tornou-se independente em 1975, mas o arquipŽlago dos A•ores ainda Ž uma possess‹o de Portugal.
92
Observe as imagens abaixo.
Domingue
/Foto Fabio São Paulo ro Brasil,
AM O
Formas de metal (chamadas pão de açúcar) usadas para purificar o caldo da cana-de-açúcar já cozido. Para isso elas tinham um furo, por onde escorria o melaço. Depois de passar pelo processo de purificação, que durava alguns dias, os Òpães de açúcarÓ eram retirados das formas para secar ao sol. Estava pronto o açúcar.
Museu Af
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Engenho de a•œcar, gravura de Johann Moritz Rugendas, [s.d].
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RA
J. M. Rugendas/Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro
6
a) Procure na gravura de Rugendas os pães de açúcar retirados das formas. Onde eles estão? Responda no caderno. Os pães de açúcar estão enfileirados sobre a mureta, à direita da imagem.
b) Você sabe como se chama a instalação que aparece no centro da cena? Qual é sua utilidade? Moenda. É usada para esmagar a cana, extraindo dela o caldo que, fervido, produz o melaço. c) Que outros aspectos você identifica na gravura?
Trabalhadores escravizados, animais utilizados no trabalho, o senhor do engenho e sua mulher na varanda da casa, etc.
Você sabia ?
O morro do Pão de Açúcar, na cidade do Rio de Janeiro, foi assim chamado pelos portugueses por causa de seu formato, semelhante às formas que vimos na imagem. Já o morro da Urca recebeu esse nome porque parece uma urca de cabeça para baixo. Urca era como se chamava a embarcação utilizada para transportar o açúcar até a Europa.
Saiba mais ! Veja no final do livro as seções A hist—ria no cinema e Sugest›es de leitura e sites da internet relacionados aos temas estudados no capítulo. 69
memórias de capitanias A hero’na de Campos Falar das mulheres e de suas atividades ao longo da história do Rio de Janeiro na época das capitanias é uma forma de lembrar a importante participação feminina na formação do estado fluminense.
RA
Benta Pereira destacou-se como l’der da Revolta de Campos. Na Žpoca das primeiras capitanias, o dom’nio dos [viscondes de] Assecas na regi‹o de Campos dos Goytacazes foi extremamente atribulado. Martim Correia de S‡, filho do governador Salvador Correia de S‡ e de dona In•s de Sousa, foi o primeiro visconde de Assecas, donat‡rio da recŽm-criada Capitania do Para’ba do Sul, no norte fluminense.
ST
Uma disputa entre a C‰mara Municipal de S‹o Salvador dos Campos de Goytacazes e os herdeiros do terceiro visconde de Assecas levou a uma revolta da popula•‹o, que ficou conhecida como a Revolta de Campos. Benta Pereira teve importante atua•‹o no conflito, e seus bens lhe foram sequestrados. Ela n‹o desanimou e, em 1748, liderou as mulheres de Campos no cerco dos revoltosos ˆ C‰mara, ent‹o ocupada por tropas do visconde.
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Consta que foram elas que comandaram a investida final, invadiram o plen‡rio e algemaram os usurpadores, tornando poss’vel, no dia seguinte, a posse dos leg’timos representantes. As for•as a favor do donat‡rio, porŽm, acabaram por derrotar os revoltosos. Benta teve a filha, Mariana, condenada ao degredo e foi obrigada a abandonar a vila. Benta e Mariana s‹o lembradas atŽ hoje como hero’nas pelos campistas.
Projeto historiar/Arquivo da editora
Fonte: Schuma Schumaer (Coord.). Um Rio de mulheres. Rio de Janeiro: Redeh, 2003. p. 10-11.
70
Ilustração representando Benta Pereira de Souza, líder da revolta de Campos. A heroína, nascida em 1675, era filha de Isabel de Souza e do padre Domingos Pereira Cerveira. Ao ficar viœva, ainda jovem, Benta Pereira se encarregou sozinha da criação de seus seis filhos e da administração de seus bens.
Capítulo
8
Novas riquezas, novos caminhos
Vimos no capítulo anterior que a região que hoje forma o estado do Rio de Janeiro começou a se desenvolver com a introdução do cultivo da canadeaçúcar e de outras atividades econômicas.
RA
Neste capítulo nós vamos conhecer novas riquezas e novos caminhos. E também no vas invasões...
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Thomas Ender/Academia de Belas Artes de Viena
Observe a imagem reproduzida a seguir.
Vista da subida da serra da Estrela, por trás da Fazenda da Mandioca, aquarela (c. 1817) do pintor austríaco
Thomas Ender (1793-1875). A imagem representa a parte inicial do Caminho Novo (no atual município de Magé, RJ), aberto no início do século XVIII em direção à região das minas.
Para observar, analisar e compreender A aquarela representa a parte inicial do Caminho Novo, aberto no início do século XVIII para facilitar o acesso à região das minas de ouro (atual estado de Minas Gerais). O primeiro caminho para a região das minas era ££O que essa imagem mostra? inseguro, especialmente no trecho marítimo entre Paraty e o porto do Rio de Janeiro, sujeito a ataques de piratas. No fim do século XVII, o governador da capitania informou à Coroa a necessidade de abrir um caminho ££Que elementos você identifica na imagem? Descreva-os no caderno. mais curto e seguro para a região das minas.
Depois de observar a imagem, responda:
££Converse com o professor e os colegas sobre suas conclusões. Consulte o Manual do Professor.
71
A rota do ouro
Se possível, programe com os alunos uma visita ao Caminho do Ouro. Veja o site <www.paraty.com.br/caminhodoouro>. Acesso em dez. 2013.
No final do século XVII, bandeirantes paulistas descobriram ouro na região do atual estado de Minas Gerais. Muita gente de Portugal e de outras regiões do Brasil correu para lá. Todos queriam enriquecer com o ouro das Gerais. Foi aberta, então, uma estrada que ficaria conheci da como Caminho do Ouro e, mais tarde, como Caminho Velho das Gerais. Essa estrada ligava o Rio de Janeiro a Minas Gerais saindo de Paraty. Foi construída a partir de trilhas dos índios Guaianá, que habitavam a região. A aquarela da página anterior representa uma estrada cons truída posteriormente, o Caminho Novo, que ligava as Gerais à cidade do Rio de Janeiro.
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RA
O Caminho do Ouro foi durante muito tempo a via de transporte do ouro das Gerais para a capitania do Rio de Janeiro, de onde o ouro era embarcado para Portugal. As primei ras jazidas de ouro foram descobertas em 1693. Nessa época, o governo português incen tivava as bandeiras porque a atividade açucareira no nordeste brasileiro já não rendia mui tos lucros para Portugal. Bandeiras eram expedições que percorriam o interior do território em busca de ouro, drogas do sertão e indígenas para serem escravizados. Elas partiam em geral das capitanias de São Vicente e de São Paulo; algumas saíam do Rio de Janeiro. O Caminho Velho se tornou uma estrada larga e movimentada, percorrida por forastei ros, tropas de animais e comboios de escravos. Entretanto, quem partia do Rio de Janeiro em direção a Minas era obrigado a fazer um longo desvio até Paraty.
AM O
No início do século XVIII, o governador da capitania do Rio de Janeiro mandou abrir o Caminho Novo. Essa estrada atravessava as serras do Mar e da Mantiqueira e reduzia o tem po da viagem. Entre 1722 e 1725, foi aberto um desvio do caminho, passando pela serra da Estrela (representada na imagem de abertura do capítulo) e pela atual cidade de Petrópolis. 1
J. M. Rugendas/Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, RJ.
Observe as imagens 1 (abaixo) e 2 (na página 73) e, a seguir, responda às questões no caderno:
72
1
Caravana de tropeiros (condutores de tropas de burros) próxima à serra dos Órgãos, Teresópolis, Rio de Janeiro. Gravura de Johann Moritz Rugendas, cerca de 1835.
Gabriela Mori/Acervo da fotógrafa
2
O “frigoburro”, animal que transporta bebidas geladas para os turistas em passeio pelo Caminho do Ouro.
RA
a) A imagem 1 é uma gravura de Rugendas que representa uma caravana de tropeiros próxima à serra dos Órgãos, em Teresópolis, Rio de Janeiro; a imagem 2 é uma foto do “frigoburro”, animal que transporta bebidas geladas em um passeio turístico pelo Caminho do Ouro.
a) O que representa a imagem 1? E a imagem 2?
A gravura foi produzida por volta de 1835, no século XIX; a
b) Em que época foi produzida cada imagem? foto foi feita em 2005.
imagens registram um trecho do caminho para as minas, no c) Que diferenças você percebe entre elas? As passado e nos dias atuais. Podemos observar que o caminho, antes utilizado por tropeiros, hoje é percorrido por turistas.
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d) Que semelhanças há entre as imagens?
A paisagem natural e a utilização de animais de carga, que no passado carregavam mercadorias para comércio e hoje transportam bebidas para turistas.
A nova capital da colônia
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J.
Durante o século da mineração, o Rio de Janeiro recebeu muitos melhoramentos urbanos: abertura de ruas, construção de fortes, chafarizes, aterros, iluminação pública, etc. O principal deles foi o Aquedu to de Santa Teresa, ou da Cario ca, que vemos representado na pintura ao lado, de au toria do pintor, arquiteto e cenógrafo Leandro Joa quim, nascido no Rio de Janeiro por volta de 1738 e falecido na mesma cida de por volta de 1798. Le
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A mineração foi muito importante para a capitania do Rio de Janeiro porque dali par tiam para o exterior os navios com carregamentos de ouro. Em pouco tempo, a influência política da cidade do Rio de Janeiro superou a de Salvador. Em 1763, uma Carta Régia transferiu a sede do governo da colônia para o Rio de Janeiro.
Vista da lagoa do Boqueirão e do aqueduto de Santa Teresa (c. 1790), óleo sobre tela de Leandro Joaquim.
73
2
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Os Arcos da Lapa, em foto de 2010, quando ainda funcionava o tradicional bondinho de Santa Teresa.
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Além de alterar o percurso original do aqueduto, o novo projeto incorporou as arcadas, hoje conhecidas como Arcos da Lapa (foto ao lado). A obra foi concluída em 1750. Entre o final do século XIX e o início do século XX a maior parte do rio Carioca recebeu canalização subterrânea e o aqueduto pas sou a ter outra função.
Bruna Prado/Futurapress
O aqueduto tinha a função de transportar as águas canalizadas do rio Carioca para abastecer a cidade. A primeira obra de canalização do rio, iniciada no século XVII, foi feita de madeira, depois substituída por pedra.
Leia a notícia a seguir.
AM O
Moradores de Santa Teresa fazem protesto pela volta do bondinho Rio de Janeiro Ð Dois anos depois do acidente que interrompeu o servi•o de bondes no bairro de Santa Teresa, na zona sul do Rio, moradores fizeram um protesto diante da rua onde fica a moradia do governador do Rio, SŽrgio Cabral, no Leblon, zona sul. [...] Uma moradora do bairro [É] destacou que a falta dos bondes tem prejudicado a comunidade, que perdeu o seu principal meio de transporte.
a) O aluno pode mencionar que a pintura mostra, ao lado do aqueduto, Fonte: Vladimir Platonow. Ag•ncia Brasil, 27/08/2013. uma área alagada, por onde passam pessoas e animais. Dispon’vel em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-08-27/ No primeiro plano, algumas mulheres (provavelmente lavadeiras) e um homem carregam moradores-de-santa-teresa-fazem-protesto-pela-volta-do-bondinho>. trouxas de roupa na cabeça. Outro personagem toca um instrumento. Há diversas edificações, como Acesso em: 7 set. 2013. a igreja, no alto do morro à esquerda da pintura (Igreja de Santo Antônio, no atual largo da Carioca). Na foto, vê-se um bondinho circulando sobre o aqueduto e embaixo uma área pavimentada, com árvores, postes de iluminação e vias de circulação de carros e pedestres.
a) Compare a foto da página ao lado, de 2010, à pintura de Leandro Joaquim, de cerca de 1790, também reproduzida na página 73. Quais são as diferenças entre as duas imagens?
b) A notícia de 2013 informa que dois anos antes (portanto, em 2011) ocorreu um acidente que interrompeu o serviço de bondes no bairro b) Que informações a notícia nos dá? de Santa Teresa, na zona sul do Rio. Os moradores fizeram um protesto diante da residência do governador do estado e uma moradora do bairro destacou que a falta dos bondes prejudicava a comunidade. Esclareça aos alunos que os bondes começaram a circular no final do século XIX, fazendo a ligação de Santa Teresa ao centro da cidade.
No final do século XVIII, a mineração entrou em decadência e provocou grandes mu danças na vida social da capitania do Rio de Janeiro. Houve um retorno em massa da população às terras abandonadas, e os canaviais tornaramse mais numerosos na região de Campos dos Goytacazes. 74
Os franceses de volta à baía de Guanabara A prosperidade alcançada pela capitania do Rio de Janeiro graças à mineração desper tou a cobiça de corsários franceses. Em setembro de 1711, uma esquadra francesa comandada por René DuguayTrouin aproximouse do Rio de Janeiro.
AM O
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Ferdinand Perrot/Coleção Gilberto Ferrez, Rio de Janeiro
Observe a imagem reproduzida a seguir.
A esquadra de Duguay-Trouin na Guanabara (1844), litografia de Ferdinand Perrot (1808-1841) representando a
frota, composta de dezoito navios e uma tripulação de cerca de 3 300 homens.
Voc• sabia ?
Ao contrário dos piratas, os corsários eram combatentes legais, muitas vezes mantidos pelo governo. O rei concedia a eles uma carta de corso ou carta de marca, que os autorizava a atacar os navios e saquear os domínios das nações inimigas. O corso reservava de um terço a um quin to do produto do saque para o tesouro real. 75
Museu Imperial, Petrópolis/Arquivo da editora
Favorecida por um forte nevoeiro, no dia 12 de setembro de 1711 a esquadra de Du guayTrouin rompeu a estreita e fortificada entrada e penetrou na baía de Guanabara sem ser vista. Em poucas horas os franceses eram donos da cidade.
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Sob o comando de DuguayTrouin, os corsários ocuparam e saquearam a cidade do Rio de Janeiro. Durante os dois meses em que aí permaneceram, espalharam o pânico entre os habitantes.
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Na noite de 21* de setembro, as forças de DuguayTrouin bombardearam a cidade. Em meio a uma tempestade, grande parte da população fugiu para o interior. Duguay Trouin e seus homens se retiraram da cidade em novembro de 1711. Mas para isso o go Gravura representando Duguay-Trouin como vernador Francisco de Castro Morais teve de almirante, oficial da Marinha francesa. lhes pagar um resgate de 610 mil cruzados, cem caixas de açúcar e duzentos bois.* Algumas fontes registram a data de 20 de setembro de 1711.
Ataque geral por terra e por mar ao Rio de Janeiro, tomado de assalto durante uma violenta tempestade. Litografia
sem data de François Jacques Dequevauviller (1783-1848) com base em desenho de Nicolas Ozanne (1728-1811).
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François Jacques Dequevauviller/Coleção Maria Cecília e Paulo Geyer/Museu Imperial, Rio de Janeiro, RJ
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Observe abaixo uma representação desse episódio.
3
Durante o per’odo colonial, as pessoas viviam em clima de grande insegurança, como descreve o texto abaixo.
Durante todo o período de sua história colonial, o Rio de Janeiro vivenciou dois tipos de medo. De um lado, o temor do perigo externo, da ameaça de embarcações estrangeiras de corso e de guerra, da possibilidade de invasão, do contágio de doenças (...). A proximidade de velas desconhecidas na baía de Guanabara provocava invariavelmente o pânico.
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Fonte: Maria Fernanda Bicalho. Medo e violência no Rio de Janeiro colonial. Revista História Viva, ano I, n. 1, nov. 2003. p. 80.
££Segundo o texto, com que tipos de medo convivia a populaç‹o da cidade do Rio de
Janeiro na época colonial?
A popula•‹o convivia com o medo do perigo externo, da amea•a de embarca•›es estrangeiras, de roubo, invas›es, guerras e doen•as.
ST
O Òouro verdeÓ do Vale do Para’ba
No final do século XVIII, um novo produto começou a ser explorado na colônia: o café. As primeiras sementes de café plantadas no Rio de Janeiro foram trazidas do Pará. O cultivo da planta foi introduzido em 1727 por Francisco de Melo Palheta, com mudas importadas da Guiana Francesa.
J. M. Rugendas/Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, RJ.
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Observe a gravura abaixo. O que ela representa? Você consegue identificar que lu acordo com a legenda, a gravura representa uma colheita de cafŽ. O local Ž a cidade do Rio de Janeiro, o que Ž gar é esse? De poss’vel distinguir pela presen•a do P‹o de A•œcar ao fundo da cena.
Colheita de café, de Johann Moritz Rugendas, cerca de 1835.
77
A gravura da página anterior representa uma cena típica das primeiras culturas cafeei ras na cidade do Rio de Janeiro. Na capital da colônia, o café começou a ser cultivado em hortas e pomares a partir da década de 1760. A princípio, o café competiu com lavouras tradicionais, como as de canadeaçúcar, algodão e tabaco. Embora sua expansão pelo território brasileiro tenha sido lenta, entre o final do século XVIII e o início do século XIX o café já havia se transformado no principal produto nacional.
RIO DE JANEIRO: EXPANSÃO DO CAFÉ (SÉCULO XIX) LEGENDA
ESPÍRITO SANTO
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A expansão do café Início do século XIX
Itaperuna
A partir de 1830
MINAS GERAIS
Cantagalo
22º S
Três Rios
Nova Friburgo
Valença
N
Resende
Vassouras
S
Rio de Janeiro
Paraty
Fazenda do Secret‡rio, em Vassouras, Rio de Janeiro. Fotografia de Victor Frond, 1859-1861.
0
OCEANO ATLÂNTICO
40
80
km 42º O
Victor Frond/Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, RJ.
Angra dos Reis
L
O
SÃO PAULO
Observe ao lado a foto da casagrande de uma das mais imponentes propriedades da região, a fazenda do Secretário, construída em Vassouras, na década de 1830.
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Miracema
Itacoara
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Fonte: Anuário Estatístico do Estado do Rio de Janeiro 2009, Rio de Janeiro: Fundação Centro estadual de estatísticas, Pesquisas e Formação de servidores Públicos do Rio de Janeiro, 2009.
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Cultivado em lugares próximos da cidade do Rio de Janeiro, o café logo passou a ser consumido pela população. Com o crescimento do consumo, as plantações também se expandiram. Assim, o café passou a ser plantado em grandes fazendas do Vale do Paraíba a partir de 1776. Foi aí que a atividade cafeeira mais prosperou, principalmente devido às condições de clima e solo favoráveis ao seu cultivo. Em pouco tempo, ele se transformou no “ouro verde” do Vale do Paraíba.
Guerra e “paz” no Vale do Paraíba No começo da colonização do atual estado do Rio de Janeiro, o governo português encontrou uma grande barreira para distribuir sesmarias na região onde hoje se situam os municípios de Vassouras, Valença, Barra do Piraí, Barra Mansa, Rio das Flores, etc. Isso porque os indígenas resistiram firmemente à invasão de suas terras. Para ocupar a re gião, os colonizadores decretaram guerra aos nativos que habitavam o Vale.
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M‡rcio Alves/Ag•ncia O Globo
Em Vassouras, após violentos combates, os Coroado foram levados a uma aldeia em Valença. Em Resende, os Puri também resistiram à invasão. Mas foram quase todos mortos pela contaminação das águas do rio pela varíola, provocada pelos invasores. Parte dos sobreviventes da aldeia partiu para a serra da Mantiqueira, em direção à atual Visconde de Mauá; outra foi expulsa para uma aldeia em São Vicente Ferrer (atual Vila da Fumaça).
Praça central da cidade de Vassouras, RJ, fotografada em 2012.
Café e escravidão
O primeiro passo para a expansão do café no Vale do Paraíba foi a expulsão dos indíge nas que ainda restavam na região (veja o boxe acima). Em seguida, foi necessário desma tar os terrenos, construir a sede das fazendas, etc. Para isso os novos proprietários rurais tiveram de investir dinheiro nas plantações. Ao contrário da canadeaçúcar (que foi em grande parte financiada por holandeses), as plantações de café foram estabelecidas com recursos financeiros familiares. Algumas das famílias que primeiro se estabeleceram na região vieram de Portugal; outras já estavam instaladas no Vale, cultivando canadeaçúcar e algodão (ou anil, no caso de Resende). Mas a maioria veio de Minas Gerais, após o esgotamento das minas de ouro, e da cidade do Rio de Janeiro. Aos poucos, formouse uma rica elite local de fazendeiros de café. 79
Maria Benedita Gonçalves Martins, filha de uma indígena Puri e de um comerciante português, foi considerada a maior produtora de café do Vale do Paraíba. A “rainha do café”, como era chamada, usou sua fortuna para promover o desenvolvimento de Resen de, onde nasceu, em 1809. Até hoje é lembrada pela população como uma das principais responsáveis pela construção da cidade.
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Maria Benedita destacouse dos demais fazendeiros em diversos aspectos. Organizou uma banda de música famosa na região, financiou a construção de um teatro e esteve à frente de diversas iniciativas sociais. Maior empresária do Vale do Paraíba, foi proprietária de diversas fazendas nos arredores de Resende. Acreditase que a fazenda Penedo, que deu origem ao distrito de mesmo nome, tenha sido uma de suas propriedades.
O fot—grafo Marc Ferrez registrou nesta cena a partida para a colheita do cafŽ de um grupo de trabalhadores
escravizados em uma fazenda do Vale do Para’ba, em 1885.
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O Instituto de Pesquisas e An‡lises Hist—ricas e de Ci•ncias Sociais da Baixada Fluminense Ð IPAHB desenvolve diferentes projetos, inclusive roteiros de visita•‹o ao patrim™nio hist—rico local. Maiores informa•›es no site <http://www.ipahb.com.br>.
Marc Ferrez, C. 1885/Ims, S‹o Paulo, SP.
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Nos últimos anos do século XVIII, as plantações de café avançavam de forma cada vez mais rápida pelo Vale do Paraíba, estimuladas pela boa aceitação do produto no exterior. O Vale do Paraíba se tornou então o destino da maior parte dos africanos escravizados que chegavam ao porto do Rio de Janeiro. Em 1789, cerca de metade dos 170 mil habi tantes da província do Rio de Janeiro era formada por trabalhadores escravizados. A maior parte deles (três quartos) se encontrava nas áreas rurais do Vale do Paraíba. Essa proporção se manteve até o início do século XIX.
J. M. Rugendas/Funda•‹o Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, RJ.
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Os carregamentos de café produzido no Vale do Paraíba eram trans portados no lombo de animais ou nas costas de trabalhadores escraviza dos, que seguiam pelas margens dos rios em di reção à Baixada Flumi nense.
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Um dos pontos de parada desses trabalha dores e das tropas de burros carregadas de mercadorias era Porto da Estrela (imagem ao lado). Situado à margem do rio Inhomirim, era passagem Porto da Estrela, de Johann Moritz Rugendas, sŽculo XIX (1822). Porto da Estrela foi um importante ponto de cruzamento de v‡rios obrigatória para quem ia caminhos de tropeiros. do Rio de Janeiro a Minas Gerais via Córrego Seco, futura cidade de Petrópolis. O Inhomirim, que banha o atual municí pio de Magé, foi o primeiro rio brasileiro a receber navegação a vapor.
À margem dos rios, ao longo dos caminhos percorridos pelas tropas de burros, nasce ram diversas vilas de comércio: Porto das Caixas, Inhomirim, Pilar, Iguaçu. Na segunda metade do século XIX, teve início a construção de estradas de ferro. Entrava em cena um novo meio de transporte, o trem, que facilitava o escoamento da produção cafeeira. Com esse avanço da tecnologia, as tropas de burros perderam sua antiga importância e as vilas que surgiram à sua passagem entraram em decadência. Até o final da década de 1870, o Vale do Paraíba foi o maior produtor de café do Bra sil. Com o solo esgotado e a libertação dos trabalhadores escravizados, que viria a ocor rer em 1888, a produção cafeeira fluminense entrou em decadência. Os fazendeiros de café do Rio de Janeiro não conseguiram se manter após a abolição da escravatura por que dependiam do trabalho escravo. Já os cafeicultores do Oeste paulista introduziram em suas fazendas trabalhadores livres, imigrantes, que começaram a chegar ao país no final do século XIX. Ao adotar essa medida, eles não sofreram com a abolição e pude ram enriquecer, enquanto os do Vale do Paraíba empobreciam. Lembre aos alunos que o Vale do Para’ba abrange tambŽm parte do atual estado de S‹o Paulo, onde o plantio de cafŽ foi introduzido mais tarde.
4
Os caminhos do café deram origem a diversas vilas e algumas delas tornaram-se cidades. A sua cidade foi uma dessas vilas? Pesquise a origem dela. Resposta pessoal. 81
O turismo e a história cultural das fazendas de café Atualmente, o turismo é a atividade econômica mais importante do Vale do Paraíba. Alguns dos municípios hoje fazem parte do Circuito do Vale do Café.
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Luciana Whitaker/Pulsar Imagens
Observe a foto abaixo.
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Dessa forma, antigas sedes de fazendas foram transformadas em hotéis fazendas que oferecem hospedagem e recebem turistas para visitação. Rio das Flores é um desses mu nicípios. Outro é o antigo distrito da freguesia de Nossa Senhora da Glória da Vila de Va lença (atual município de Valença), que nasceu em 1851 com a inauguração da capela de Santa Tereza, hoje igreja matriz.
Matriz de Santa Tereza dÕçvila, situada na pra•a central de Rio das Flores, em foto de 2014.
Os trabalhadores escravizados das antigas fazendas do Vale do Paraíba produziram manifestações culturais de enorme importância para a formação da cultura brasileira. O jongo, o calango e as bandas formadas por eles enriqueceram a música brasileira e con tribuíram para o surgimento de gêneros musicais como o samba. Boa parte dos morado res da Serrinha (local de origem da escola de samba Império Serrano) e do morro do Sal gueiro, no Rio de Janeiro, por exemplo, vieram do Vale do Paraíba e das redondezas.
Você sabia ?
O jongo, o caxambu, o lundu e o calango são manifestações de origem africana. Outras são as cirandas, chamadas de chibas; a dança do fado, o mineiropau, as pastorinhas, as cavalhadas, o jaraguá, o caiapó e o boi de reis. 82
A combinação de gêneros musicais europeus e africanos nas bandas formadas por trabalhadores escravizados e mantidas pelos “barões do café” contribuiu para a criação do choro. Esse gênero musical foi popularizado no Rio de Janeiro pelo compositor e flautista Joaquim Calado (18481880) na segunda metade do século XIX.
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J-B. Debret, c. 1825/Museus Castro Maya/IPHAN, Rio de Janeiro, RJ.
Marimba – O passeio de domingo à tarde, litografia colorida a mão de Jean-Baptiste Debret. A marimba, instrumento de percussão semelhante a um xilofone que vemos nas mãos dos dois homens à frente, é uma versão da mbira, de origem africana.
As apresentações começaram a ganhar popularidade a partir da déca da de 1950, mas acreditase que o cos tume tenha sido introduzido no sécu lo XIX, quando músicos tocavam para os fazendeiros do café e suas famílias.
Luciana Whitaker/Pulsar Imagens
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Conservatória, distrito de Valença, conhecida como “Cidade da Seresta”, também pre serva a memória da música popular brasileira. Seresta é um tipo de manifestação musical na qual um grupo de músicos e cantores tocam e cantam pelas ruas músicas simples e sentimentais. Todos os fins de semana as ruas da cidade são tomadas por grupos de seres teiros, seguidos por um cortejo de moradores e turistas. No repertório estão clássicos da música popular brasileira, como Carinhoso, de Pixinguinha e João de Barro, e sucessos de cantores como Sílvio Caldas e Orlando Silva.
O compositor e bandolinista Carlos Henrique Machado Freitas, nascido e criado em Volta Redonda e autor do estudo Vale dos Tambores (2005), chama a atenção para as influências de Baden Powell (1937-2000): “Seu avô era maestro de banda de escravos”.
Monumento ao seresteiro em Conservatória, distrito de Valença, RJ. Foto de 2014. O movimento musical de Conservatória acontece às sextas-feiras, sábados e domingos. Se possível, organize uma visita à cidade com a classe. 83 A cidade tem vários museus musicais, entre eles o Museu Vicente Celestino e Gilda Abreu; o Museu Sílvio Caldas e o Museu da Seresta. Os acervos são compostos de figurinos, fotos, manuscritos, recortes de jornais, gravações musicais e objetos pessoais dos artistas.
O Festival Vale do Café acontece todos os anos no mês de julho. Veja a programação no endereço <http://festivalvaledocafe.com> e verifique a possibilidade de levar seus alunos para visitar fazendas e aproveitar as atrações do festival. Acesso em 12 jul. 2014.
A foto abaixo mostra a sede de uma fazenda do Circuito do Vale do Café. Observe-a e leia a legenda para conhecer um pouco de sua história.
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Acervo da autora/Arquivo da editora
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A casa-grande da Fazenda União (foto acima) foi edificada em 1836, nas terras de uma sesmaria do capitão
Bernardo Vieira Machado. Após sua morte, em 1838, as terras foram divididas entre os herdeiros, dando origem às fazendas União, Esperança, Sapucaia, São Luís, São Policarpo, Divisa e Sossego. As fazendas União e Esperança foram adquiridas em 1853 por Antônio Pereira da Fonseca Júnior, que as reuniu em uma só propriedade. Em 1859, essa propriedade retomou seu antigo nome, União. ££Com
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A foto ao lado mostra o Museu Casa da Hera, em Vassouras. Antiga residência da família do comissário de café Joaquim José Teixeira Leite, essa fazenda oferece uma programação cultural que inclui mostras sobre a cultura afro-brasileira no Vale do Café.
Museu Casa da Hera, em Vassouras, RJ.
££Que
museus você conhece na sua cidade ou no seu município? Que tal visitar um deles para conhecer um pouco mais da história do lugar?
Saiba mais ! Veja no final do livro as seções A história no cinema e Sugestões de leitura e sites da internet relacionados aos temas estudados no capítulo. 84
Acervo da autora/Arquivo da editora
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base no que você estudou, busque informações sobre uma das fazendas de café do Vale do Paraíba e escreva no caderno um texto sobre sua história.
memórias do café Uma mulher de neg—cios
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Antes que muitas mulheres ingressassem na pol’tica, dirigissem grandes conglomerados financeiros, participassem dos destinos de um pa’s, como acontece hoje no mundo ocidental, algumas conseguiram ultrapassar as barreiras dos limites que lhes eram impostos pela educaç‹o. Aut™nomas em relaç‹o ˆ conduç‹o do rumo de sua vida, puderam exercer uma nova forma de poder social e privado, fugindo do tradicional papel feminino que a sociedade da época lhes reservava. [...] Eufrásia, nascida em Vassouras, o mais rico munic’pio produtor de café da prov’ncia do Rio de Janeiro, era neta de dois bar›es; o de Itambé (fam’lia Teixeira Leite) e o de Camde Eufrásia Teixeira Leite (1887), po Belo (fam’lia Correa e Castro). îrf‹ de pai Retrato —leo sobre tela de Lawlis Duray. e m‹e, e com os inventários terminados, partiu com sua irm‹, aos 23 anos, para a Europa. Com algumas aç›es de estradas de ferro e do Tesouro Nacional e mais o dinheiro que tinha recebido pelas mortes de pai, m‹e e av—, refugiou-se em Paris. N‹o manteve escravos nem produç‹o de café. Guardou a casa em que nasceu em Vassouras e todos os seus pertences, hoje Casa da Hera, mandando cuidar de enorme biblioteca deixada pelo pai, advogado já formado em S‹o Paulo, e iniciou um aprofundamento naqueles conhecimentos que ele lhe ensinara: bolsa de valores e aplicaç›es no mercado financeiro. [...] Seu inventário, com 30 volumes, alguns em francês, todos mantidos no Centro de Documentaç‹o de Hist—ria da Universidade Severino Sombra, em Vassouras, nos revela a genialidade na compreens‹o do mundo financeiro.
Lawlis Duray, 1887/Museu da Casa da Hera, Vassouras.
RA
Herdeira de uma das maiores fortunas do Vale do Para’ba, Eufr‡sia Teixeira Leite (1850-1930) desafiou os costumes numa Žpoca em que as mulheres eram educadas com o œnico objetivo de se casar e ter filhos. Bela, rica e culta, noiva do pol’tico e diplomata Joaquim Nabuco, preferiu manter-se solteira e se dedicar ao mundo dos neg—cios. Sem herdeiros, deixou seu patrim™nio a institui•›es de caridade.
Fonte: Miridan Britto Falci. De herdeira do café a milionária das finanças. Revista História Viva. Ano IX, n. 115. p. 20-22.
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Rio de Janeiro: tempo e espaço Mudanças na paisagem No capítulo 8 você viu que no século XVIII o Rio de Janeiro recebeu melhoramentos, como o Aqueduto de Santa Teresa, hoje chamado de Arcos da Lapa. Mas como era a paisagem do lugar na época da construção do aqueduto? O que aconteceu com o A atividade aproxima os alunos do conceito de paisagem, fundamental no ensino da passar do tempo? Geografia. Nas palavras de Milton Santos, Òa paisagem n‹o tem nada de fixo, de im—vel.
1
RA
Hora da dupla
Cada vez que a sociedade passa por um processo de mudan•a, a economia, as rela•›es sociais e pol’ticas tambŽm mudam, em ritmos e intensidades variados. A mesma coisa acontece em rela•‹o ao espa•o e ˆ paisagem que se transforma para se adaptar ˆs novas necessidades da sociedadeÓ.
Observem a sequência de imagens desta e da página seguinte.
a) Notem a data de cada imagem e os detalhes das paisagens retratadas.
86
1758
1906
Armazenzinho/Intituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos-PCRJ
1988
Armazenzinho/Intituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos-PCRJ
ST
AM O
Os alunos devem perceber que as imagens retratam o mesmo lugar em anos diferentes. AlŽm de comentar o que mudou e o que permaneceu em cada paisagem, estimule a turma a levantar hip—teses sobre as causas das transforma•›es. N‹o se trata de apontar erros; o que vale Ž propiciar momentos de reflex‹o.
Armazenzinho/Intituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos-PCRJ
b) Façam duas listas: uma do que mudou e outra do que permaneceu em cada paisagem observada. Ao terminar, confiram as listas com o professor.
Armazenzinho/Intituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos-PCRJ
RA
1991
2 Leiam o texto a seguir e conversem sobre ele com o professor e a turma.
AM O
ST
O espaço em que você vive é formado pela combinação de elementos produzidos pela natureza (vegetação, rios, solos, etc.) e de elementos resultantes da atividade humana (ruas, edifícios, parques, plantações) no passado e no presente. No Rio de Janeiro, como em outros lugares do Brasil e do mundo, a natureza vai sendo modificada para atender às necessidades e interesses da sociedade. Como resultado, as paisagens se transformam ao longo do tempo. Apesar das mudanças, permanecem alguns elementos, tanto naturais (rios, montanhas) como culturais (monumentos, prédios antigos), que nos ajudam a compreender como o espaço geográfico é construído.
3 Se poss’vel, acessem o endere•o eletr™nico: <http://portalgeo.rio.rj.gov.br/armazenzinho/ web/> para ver uma anima•‹o que mostra as mudan•as nas paisagens do entorno dos Arcos da Lapa. Sigam as orienta•›es do professor.
Hora do grupo
Oriente os alunos sobre como e onde pesquisar. Dê tempo suficiente para a realização da proposta. Ajude a turma a organizar o material coletado em painéis, murais, livro coletivo ou outras formas de sistematização. Questionar as fontes documentais trazidas pelos alunos é um passo importante a ser conduzido em sala de aula.
1 Pesquisem fotos antigas e atuais de uma mesma rua, do bairro ou do munic’pio onde voc•s moram. Procurem em livros, revistas, jornais locais, na biblioteca da escola ou do munic’pio, entrevistem antigos moradores. Se poss’vel, pesquisem na internet. 2 Em classe, organizem o material pesquisado e decidam como apresent‡-lo aos colegas (em colagens, cartazes, murais, ‡lbuns, etc.). Depois, conversem sobre as mudan•as nas paisagens do munic’pio onde voc•s moram.
87
Capítulo
9
O Rio de Janeiro nos tempos da Corte
AM O
Chegada do príncipe dom João à Igreja do Rosário, pintura a óleo de Armando Martins Vianna, artista nascido no
Rio de Janeiro em 1897 e falecido na mesma cidade em 1992.
Para observar, analisar e compreender Depois de observar a imagem e ler a legenda, responda:
Que acontecimento está representado na pintura? A chegada do príncipe dom João à Igreja do Rosário.
Você sabe qual é o significado da chegada do príncipe dom João e da Corte portuguesa ao Brasil?
Que aspectos você identifica na imagem? Descreva-os no caderno.
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Converse com o professor e os colegas sobre suas observações.
Consulte o Manual do Professor.
Armando Martins Vianna/Museu Histórico da Cidade do Rio de Janeiro
ST
Para começar, observe a imagem.
RA
Vimos no capítulo anterior que a capitania do Rio de Janeiro prosperou com a descoberta de ouro nas Minas Gerais e com o cultivo do café. Neste capítulo vamos saber como a cidade do Rio de Janeiro se transformou em capital do Reino com a chegada da Corte ao Brasil.
Um império na América do Sul No início de 1808, uma notícia se espalhou rapidamente pela cidade e agitou a população: a família real portuguesa estava vindo para o Brasil!
AM O
ST
RA
Geoff Hunt/Royal Society of Marine Artists; Londres.
Observe a imagem abaixo.
Chegada de dom João e da Corte portuguesa ao Rio de Janeiro, 7 de março de 1808, óleo sobre tela do pintor inglês
Geoff Hunt, pintado em 1999, é a única representação conhecida da chegada da comitiva real à baía de Guanabara. Explique aos alunos que, para garantir a fidelidade dessa representação histórica, o artista fez uma reconstituição com base em diários de bordo da época e orientação por satélite.
A chegada da família real portuguesa iria mudar os rumos da história do Brasil e do Rio de Janeiro. Vamos saber por quê? A família real portuguesa não veio para a colônia, em 1808, a passeio, mas para morar nela. A transferência da Corte de Portugal para o Brasil foi consequência de uma necessidade. No início do século XIX, a Europa estava em guerra. Em 1806, o imperador da França, Napoleão Bonaparte, proibiu o comércio de todas as nações europeias com a Inglaterra. Essa proibição recebeu o nome de Bloqueio Continental.
Você sabia ?
Mesmo impedida de governar, na época da vinda da família real ao Brasil, dona Maria I ainda era a rainha de Portugal. Seu governo durou de 1777 a 1792, quando foi declarada incapaz. Apelidada de “a louca” por alguns, por outros era chamada de “a piedosa”. 89
RA
Nessa época, Portugal era governado pelo príncipe regente dom João, que em 1792 assumiu a Coroa portuguesa com a morte do príncipe herdeiro dom José aos 26 anos, em 1788, e a doença mental de sua mãe, dona Maria I. Com o decreto de Napoleão, dom João se viu em apuros porque Portugal devia muito dinheiro à Inglaterra e dependia do comércio marítimo inglês. Se fechasse seus portos a essa nação, corria o risco de ter suas colônias invadidas pelos ingleses. Mas, se não aceitasse participar do bloqueio, seu território poderia ser invadido pelas tropas francesas. Parecia não haver saída. Foi então que o representante da Inglaterra em Lisboa, lorde Strangford, sugeriu a dom João que partisse com toda a Corte para o Brasil. A Marinha inglesa se encarregaria de escoltar a frota portuguesa, garantindo sua segurança durante a travessia marítima. Em novembro de 1807, quando as tropas de Napoleão avançaram sobre Lisboa, a Corte portuguesa partiu, deixando o restante da população para trás. Leia o texto a seguir.
ST
Milhares de homens, mulheres e crianças estavam constantemente na praia, empenhando-se por escapar a bordo. Muitas senhoras distintas entraram na água na esperança de alcançar os botes, mas (...) morreram na tentativa.
AM O
Veja, ao lado, o mapa do roteiro da viagem acompanhado de um quadro-resumo dos principais acontecimentos.
No meio da travessia, uma tempestade dividiu a frota. O navio de dom João foi desviado para Salvador, onde chegou no dia 22 janeiro de 1808. Enquanto isso, outra parte da frota chegava ao Rio de Janeiro. Em Salvador, dom João decretou a abertura dos portos brasileiros ao comércio com as nações amigas. Isso significava o fim do Pacto Colonial: Portugal deixava de ter controle exclusivo sobre o comércio do Brasil.
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Editoria de Arte/Folhapress
Fonte: A vinda da família real portuguesa para o Brasil. Thomas O’Neil. Rio de Janeiro: José Olympio, 2007.
Em fins de fevereiro, dom João partiu para o Rio de Janeiro. Chegou no dia 7 de março de 1808. No dia seguinte, o príncipe regente e o restante da família real desembarcaram no cais situado defronte ao antigo Palácio dos Vice-Reis.
“Ponha-se na rua”
RA
A população da cidade se reuniu nas proximidades do largo do Paço para assistir ao espetáculo. Era um acontecimento extraordinário porque, pela primeira vez, uma Corte europeia se estabelecia em uma colônia. Muitas pessoas acenavam e saudavam a família real das varandas das casas. Por essa época, o Rio de Janeiro ainda era uma cidade pequena e acanhada. Até a chegada da Corte portuguesa, não havia transporte nem calçamento na cidade. Com a chegada do príncipe regente, o antigo Paço dos Vice-Reis (título concedido ao governador-geral a partir de 1720) sofreu reformas para se transformar em Paço Real e abrigar a residência oficial de dom João. Sua esposa, dona Carlota Joaquina, e a mãe, a rainha dona Maria I, ficaram no Convento do Carmo.
A família real portuguesa foi recebida pela população do Rio de Janeiro com muita alegria. Em Lisboa, porém, a partida da Corte não foi um acontecimento alegre. Por quê? Justifique real foi obrigada a abandonar Portugal devido à ameaça em seu caderno, com base no que você leu. Adefamília invasão do território pelas tropas francesas; portanto, não foi um acontecimento feliz.
Carlota Joaquina, a esposa do príncipe regente, teve papel de grande destaque na história do Brasil, de Portugal e da Espanha, onde nasceu. Com apenas 10 anos de idade, em 1785, a infanta da Espanha foi obrigada a abandonar sua terra natal e sua família para se casar, em Lisboa, com o infante português, dom João.
Reprodução/Museu do Prado, Madri, Espanha.
AM O
1
ST
Segundo relatos da época, entre 10 mil e 15 mil pessoas formavam o grupo que acompanhava a família real. Fontes mais recentes, contudo, chegam a citar em torno de quinhentas pessoas. Para acomodar tantos recém-chegados, foram solicitadas diversas moradias da cidade. Ao ver as iniciais P. R. (príncipe regente) gravadas em suas casas, os moradores eram obrigados a desocupá-las em apenas 24 horas. Essa determinação do governo português gerou revolta e protestos da população, que interpretou a sigla P. R. como “ponha-se na rua”.
Nessa época, as regras de comportamento eram muito duras e rígidas. Por exemplo, uma mulher não podia sair sozinha à rua. Carlota Joaquina, porém, tinha um temperamento forte e não obedecia muito a essas regras. A infanta Carlota Joaquina de Bourbon, óleo sobre tela do pintor espanhol Mariano Salvador Maella (1739-1819). Segundo a historiadora Francisca Nogueira de Azevedo, em seu livro Carlota Joaquina Ð Cartas inŽditas: “Carlota foi vítima da historiografa liberal, masculina, que tem pouca tolerância com o contrário, especialmente em relação às mulheres”.
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ST
RA
Juan Gutierrez/Arquivo da editora
Dom João costumava passar muito tempo em sua casa de campo, em São Cristóvão. Esse lugar tem uma história interessante. Após ter sido decretada a expulsão dos jesuítas do Brasil pelo marquês de Pombal, em 1759, as terras do Engenho Velho, do Engenho Novo e de todas as propriedades jesuíticas foram divididas em grandes chácaras. A fazenda de São Cristóvão, adquirida por um comerciante português, foi doada por ele ao príncipe regente. Depois de algum tempo, dom João se instalaria aí definitivamente. A antiga residência oficial do largo do Paço seria transformada em sede administrativa do governo.
Palácio do Paço de São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista, fotografia de Juan Gutierrez, cerca de 1892. A propriedade
foi residência de campo da família real de 1808 a 1821 e pertenceu à família imperial de 1822 a 1889. Hoje abriga o Museu Nacional, a mais antiga instituição científica do Brasil e o maior museu de história natural e antropológica da América Latina.
AM O
Com a instalação da Corte no Rio de Janeiro, a cidade colonial se transformou em sede da monarquia portuguesa. Todos os órgãos do governo foram transferidos para o Brasil. A mudança imprimiu um grande desenvolvimento à cidade e representou o primeiro passo para a independência do Brasil, que aconteceria em 1822. Além disso, modificou radicalmente o dia a dia dos habitantes do Rio de Janeiro. Os espaços públicos e privados passaram por grandes transformações. A população cresceu muito e diversos costumes da Corte portuguesa foram introduzidos em seu cotidiano. Em 1814, uma notícia vinda da Europa passou a circular pelo Rio de Janeiro: Napoleão Bonaparte havia sido derrotado e deposto. A notícia foi motivo de comemorações por toda a cidade. Muitas pessoas disseram que a derrota do imperador francês traria mudanças favoráveis para a colônia e, de fato, trouxe.
Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves
A família real decidiu permanecer no Brasil. Em 1815, dom João elevou o Brasil à condição de Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. O Brasil deixou, então, de ser uma colônia. Em 1816, com a morte da rainha dona Maria I, o príncipe regente tornou-se rei com o título de dom João VI. 92
AM O
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Carlo Wrede/O Dia/Futura Press
Mesmo antes de se tornar rei, o príncipe regente tomou uma sŽrie de medidas importantes. Já em abril de 1808 ele havia anulado um decreto de sua mãe que proibia a instala•ão de fábricas no Brasil. Foi fundada, então, a primeira indœstria brasileira, a Fábrica de P—lvora.
A Biblioteca Nacional, antiga Biblioteca Real, uma das instituições criadas por ordem de dom João VI, fica na Cinelândia,
centro do Rio de Janeiro, onde estão também o Theatro Municipal e o Museu Nacional de Belas Artes. Foto de 2010.
Nos anos seguintes, dom João ordenou a cria•ão do Banco do Brasil, da Biblioteca Real (futura Biblioteca Nacional), de escolas especializadas, do Museu Real (atual Museu Nacional), da Academia Real Militar e da Academia da Marinha, do Horto Real (atual Jardim Bot‰nico), do Teatro São João (atual João Caetano) e da Imprensa RŽgia, que deu origem ao primeiro jornal impresso no Brasil, a Gazeta do Rio de Janeiro. A partir de 1816, diversas expedi•›es científicas e artísticas estrangeiras passariam a visitar o Brasil. Delas fizeram parte, em diferentes momentos, Auguste de Saint-Hilaire, Georg Heinrich von Langsdorff, Karl Friedrich Philipp von Martius e Johann Baptist von Spix e muitos outros. Para destacar a import‰ncia do novo Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, em 1816 dom João VI promoveu a vinda de diversos artistas franceses para o Rio de Janeiro. Esse grupo de escultores, pintores, arquitetos e gravuristas chefiado por Joachim Lebreton ficou conhecido como Miss‹o Art’stica Francesa. Todos eles seriam professores na Academia Real, que daria origem à Academia de Belas-Artes, fundada em 1826. Jean-Baptiste Debret e Nicolas-Antoine Taunay foram dois de seus principais representantes. 93
Jean-Baptiste Debret; c. 1825/Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro
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Chegada da arquiduquesa Leopoldina. îleo sobre tela de Jean-Baptiste Debret, 1825.
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Dom João doou sesmarias a comerciantes e militares para estimular o plantio de café e a cultura de chá. O antigo Horto Real, elevado a Jardim Botânico em 1811, foi o local escolhido para o plantio de chá, cultivado na colônia portuguesa de Macau. Para isso, entre 1812 e 1819 o governo português ordenou a vinda de duzentos colonos chineses.
A cultura de chá, porém, não deu certo e os agricultores chineses, sem trabalho, passaram a se dedicar ao comércio ambulante pelas ruas do Rio de Janeiro.
Resposta pessoal. O aluno pode notar a presen•a de chineses e de africanos escravizados.
Plantação chinesa de chá dentro do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Litografia colorida a m‹o de Johann Moritz Rugendas, c. 1835.
3
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Vamos produzir nossa própria história em quadrinhos representando cenas da vida cotidiana do Rio de Janeiro nos tempos da Corte? Reúnam-se em grupos e sigam as orientações do professor. Consulte o Manual do Professor para realizar esta atividade.
J.M. Rugendas; c. 1835/Biblioteca Mário de Andrade
Observe uma representação do cultivo de chá no Brasil e responda no caderno o que mais chama sua atenção na cena.
AM O
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Revolução em Portugal
ST
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O governo de dom João VI foi marcado pelo desenvolvimento cultural e científico do Brasil, particularmente no Rio de Janeiro. Entretanto, muitas pessoas achavam que sua política era absolutista, isto é, um sistema autoritário, no qual o governante centraliza o poder e o exerce sem limite nenhum. Por esse motivo, começou a haver descontentamento em diversas regiões do Brasil. O povo português também não estava satisfeito. Reclamava, entre outras coisas, do fim do Pacto Colonial e da elevação do Brasil a Reino Unido, medidas que prejudicaram os comerciantes portugueses. As ideias políticas liberais, que tomavam conta da Europa, influenciaram grande parte da sociedade portuguesa. Em 1820, a insatisfação explodiu na forma do movimento conhecido como Revolução Liberal do Porto. Essa revolução deu origem a uma Assembleia Constituinte (as Cortes) que começou a escrever uma Constituição para Portugal e exigiu que dom João VI retornasse a Lisboa. Em fevereiro de 1821, dom João VI jurou obediência à Constituição que estava sendo elaborada em Portugal. Observe a imagem a seguir.
AM O
Jean-Baptiste Debret/Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, RJ.
Aceitação provisória da Constituição de Lisboa no Rio, gravura de Debret, 1821. Veem-se na imagem o antigo Teatro S‹o Jo‹o (ˆ esquerda) e o pelourinho (ao centro).
4
Com base na gravura acima e no texto que você leu, responda no caderno:
Porque, ap—s o per’odo napole™nico,
a) Por que ocorreu em Portugal a Revolução Liberal do Porto? Portugal estava numa situa•‹o econ™mica
dif’cil. Com o fim do Pacto Colonial e a eleva•‹o do Brasil a Reino Unido, os comerciantes portugueses se sentiam prejudicados.
b) Em que local dom João VI prestou seu juramento à Constituição?
Na cidade do Rio de Janeiro, no largo onde se situava o antigo Teatro S‹o Jo‹o.
No dia 26 de abril de 1821 dom João VI partiu para Lisboa, deixando no Brasil seu filho dom Pedro como príncipe regente. Prevendo que a independência política do Brasil ocorreria mais cedo ou mais tarde, antes de partir, deu ao filho o seguinte conselho: “Pedro, se o Brasil se separar, antes seja para ti, que me há de respeitar, que para alguns desses aventureiros”.
Saiba mais! Veja no fim do livro as seções A história no cinema e Sugestões de leitura e sites da internet relacionados aos temas estudados no capítulo. 95
memórias da Corte O cotidiano da cidade no século XIX
RA
J.-B. Debret/Museus Castro Maya, Rio De Janeiro.
No trecho a seguir, a historiadora Mary del Priore fala do cotidiano na cidade do Rio de Janeiro, no in’cio do sŽculo XIX. Ela descreve como o toque dos sinos das igrejas marcava as atividades das pessoas e fala dos sons da cidade, dos h‡bitos e costumes da popula•‹o.
AM O
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Mil oitocentos e oito, no Terreiro do Paço. Ës 5h da manhã, um tiro vindo da ilha das Cobras estreJean-Baptiste Debret representou cenas cotidianas da sociedade mece as janelas. A corneta brasileira na primeira metade do século XIX, como a que vemos da guarda municipal soa a acima, intitulada Voto de uma missa pedida como esmola. Esta é uma das gravuras que compõem o livro Viagem pitoresca ao Brasil alvorada. Badalos parecem (coleção composta de três volumes, com um total de 150 ilustrações). querer acordar os mortos. Rangem as correntes dos presos que passam a buscar ‡gua. Vendilh›es j‡ estão a tagarelar. Uma mœsica celestial ou infernal marca o ritmo da cidade. Por cima de tudo, o som cont’nuo dos sinos lembra que Ž a igreja quem controla o tempo. Ës 6h soa o ‰ngelus. Ës 12h se anuncia que o dem™nio anda ˆ solta, melhor rezar. Ës 18h são as ave-marias nas esquinas, em frente aos orat—rios. Tantos toques indicam um enterro, outros tantos, um nascimento. Ao pedit—rio em altos brados dos mendigos se junta aquele dos irmãos de confrarias, com bandejas de esmolas e imagens de santos, numa cacofonia sem fim. Um hor‡rio r’gido marca o dia a dia dos ambulantes. As vendedoras de cafŽ saem ˆs ruas cedo. As de pão de l— circulam atŽ o almoço. Ao longo da praia, um mercado informal oferece de tremoço a bananas e lenha. ƒ comum comer fora de hora. O prato mais solicitado Ž a carne-seca preparada com feijão e farinha em braseiros a cŽu aberto. Nas ruas, negros, escravos e livres circulam e se misturam no labirinto da cidade. [...] Fonte: Mary del Priore. Sinos, esmeraldas e carne-seca. Em Caderno Mais! Folha de S.Paulo, 25 nov. 2007. p. 9.
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Capítulo
10
O Rio de Janeiro africano
No capítulo anterior, vimos que o Rio de Janeiro sofreu muitas mudanças após a vinda da família real portuguesa para o Brasil. Algumas coisas, porém, permaneceram iguais.
RA
Agora nós vamos estudar por que a mão de obra africana foi introduzida no começo da colonização e de que modo ela foi explorada.
AM O Quitandeiras do largo do Paço
Charles Martin/Museu Imperial, Petrópolis
ST
Observe a pintura reproduzida abaixo.
(1848), óleo sobre tela do pintor inglês Charles Martin (1820-1906).
Para observar, analisar e compreender Depois de observar a cena representada, vamos analisá-la: A cena mostra algumas quitandeiras no largo do Paço. O aluno
O que você vê? Descreva no seu caderno. pode registrar detalhes da cena. Consulte o Manual do Professor.
O que têm em comum as pessoas representadas?
O que você conclui dessa observação?
Converse com o professor e os colegas sobre suas observações.
Consulte o Manual do Professor.
Essas pessoas não são, em sua maioria, trabalhadoras livres, mas escravizadas, e todas elas têm a pele negra, exceto o homem atrás do cavalo, provavelmente mestiço.
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Na rota África-Brasil
AM O
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J. M. Rugendas/Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro
A cena que vimos na abertura do capítulo mostra algumas trabalhadoras escravizadas no largo do Paço, na cidade do Rio de Janeiro. Trata-se de um grupo de quitandeiras, vendedoras de alimentos. Essa era uma cena comum no Rio de Janeiro entre os séculos XVIII e XIX. Observe a imagem abaixo e leia o texto a seguir.
Desembarque, gravura colorida de Johann Moritz Rugendas, cerca de 1830.
[...] o que caracterizava o Rio de Janeiro como uma cidade ainda colonial, apesar de todas as mudanças, era a permanência da escravidão. Os escravos estavam em todos os lugares e em todas as ocupações. Fonte: Ilmar Rohloff de Mattos; Luís Affonso S. de Albuquerque; Selma Rinaldi de Mattos. O Rio de Janeiro, capital do Reino. São Paulo: Atual, 1995. p. 37.
A prática da escravização e do comércio de africanos durou séculos. Ela arrancou milhões de homens e mulheres de suas terras na África subsaariana (parte do continente africano situada abaixo do Saara). Essas pessoas foram levadas para a Ásia, a Europa e a América através de três rotas: a oriental (pelo oceano Índico), a transaariana (pelo Saara e pelo mar Vermelho) e a transatlântica (pelo oceano Atlântico). As duas primeiras, controladas pelos árabes de 650 a 1600, destinavam-se ao continente asiático; a terceira, administrada pelos europeus, tinha como principal destino as Américas. Foi por essa rota que vieram os africanos trazidos para o Brasil.
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Calcula-se que, até o século XIX, tenham desembarcado no Brasil cerca de 4 milhões de africanos escravizados. Os primeiros grupos vindos da África eram compostos, na maioria, de povos que falavam línguas da família banto, principalmente o quicongo, o quimbundo e o umbundo.
O mapa a seguir mostra o deslocamento dos principais grupos étnicos africanos trazidos para o Brasil e as regiões de onde provinham. Observe-o e leia a legenda.
RA
Rota ÁfRica-BRasil
ÁFRICA
Trópico de Câncer
GUINÉ
COSTA DO OURO
CONGO
L
O
km
3 000
0º
AMB IQUE
ANGOLA
OCEANO ATLÂNTICO
S
1 500
Salvador Vila Rica Rio de Janeiro
Meridiano de Greenwich
N
Recife
OCEANO ÍNDICO
Trópico de Capricórnio
ST
OCEANO PACÍFICO
AMÉRICA DO SUL
MOÇ
Equador
0
NIGÉRIA
LEGENDA Principais grupos trazidos para o Brasil Bantos
Sudaneses
AM O
Adaptado de: Atlas histórico escolar. 8. ed. Rio de Janeiro: MEC, 1996.
Os bantos provinham do Congo, de Angola e Moçambique; os sudaneses eram originários da Nigéria, Guiné e Costa do Ouro. Os bantos foram, em sua maioria, para Pernambuco, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Os sudaneses foram para a Bahia.
Como podemos observar no mapa, a maioria dos africanos trazidos para o Brasil pertencia a dois grandes grupos étnicos: sudaneses e bantos. Entre 1730 e 1750, a cidade do Rio de Janeiro passou a receber um terço dos africanos trazidos para o Brasil, a maioria de origem banta. Mais numeroso, foi o grupo que exerceu maior influência nos vários aspectos da vida colonial brasileira. Essa etnia incluía diferentes nações de Angola, do sul do Congo e de Moçambique, além dos povos cabindas, benguelas e quilinames. O comércio de africanos era feito por meio de embarcações conhecidas como “navios negreiros”. Os africanos que sobreviviam à longa travessia do Atlântico eram desembarcados no porto da cidade do Rio de Janeiro e levados para um mercado na região do Valongo. Ali permaneciam, amontoados, à espera de um comprador. Na página ao lado, vimos como o artista alemão Johann Moritz Rugendas representou o desembarque de um pequeno grupo no cais do porto do Rio de Janeiro, no início do século XIX. Na página seguinte, veja gravuras que representam africanos escravizados pertencentes a diferentes etnias. 99
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Fotos: J. M. Rugendas/Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro
As gravuras abaixo representam africanos de diferentes etnias que se fixaram no Rio de Janeiro, para onde foram trazidos nos navios negreiros.
AM O
Gravuras de Rugendas representando indivíduos de etnias africanas no Rio de Janeiro do século XIX: 1. Mina; 2. Benguela; 3. Angola; 4. Congo; 5. Monjolo.
Deve-se levar em conta que as ilustrações registram algumas características comuns a esses grupos, mas não podem ser tomadas à risca, pois há diferenças individuais. É preciso cuidado para não incorrer em estereótipos. Chame a atenção dos alunos para esse Observe a foto abaixo e leia o texto a seguir. fato, de modo a evitar uma leitura estereotipada das imagens.
Guito Moreto/Agência O Globo
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Cacos de louça, talheres e outros objetos encontrados em escavações na região do Valongo, no Rio de Janeiro. Foto de 2011.
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RA
O porto do Rio de Janeiro tornou-se um ponto estratégico para o desembarque dos navios e o principal local era a atual Praça Quinze. Nesta época, o lucro de uma viagem negreira era muito superior à receita anual de um grande engenho. [...] Ao chegarem da África, os negros eram amontoados em galpões e depois expostos para venda. Cerca de 40% dos escravos que desembarcavam no Rio, neste período, morriam antes de 4 anos. Em virtude da aglomeração dessas atividades comerciais, portuárias e negreiras, no final do século XVIII, as regiões do Morro da Conceição e do Morro do Livramento apresentavam-se bastante densas. Esses fatores contribuíram para a mudança do mercado de escravos para um local menos incômodo, mais arejado, com hortas e chácaras. Foi escolhida, então, a região do Valongo, que compreendia Gamboa, Saúde e Santo Cristo. [...] Com a chegada da família real em 1808 e a abertura dos portos em 1815, a intensificação do movimento comercial acabou por provocar a ocupação populacional das encostas e morros do Rio. Para se ter uma ideia de como o crescimento da população na cidade foi estrondoso neste período, o índice de aumento habitacional entre os anos de 1808 e 1821 foi de 88%. Tal incremento levou à construção de residências em áreas antes ocupadas pelos cemitérios e à consequente transferência do Cemitério dos Pretos Novos para o antigo Caminho da Gamboa. [...] Em uma casa construída no início do século XVIII, na [atual] Rua Pedro Ernesto, 36, na Gamboa, seus donos, Merced e Petruccio, resolveram realizar reformas. Durante as escavações, no ano de 1996, eles acharam um verdadeiro sítio arqueológico enterrado a seus pés. Embaixo da estrutura do prédio havia um cemitério secular de negros vindos da África, que não resistiam à viagem e morriam antes de serem comercializados - o então desconhecido Cemitério dos Pretos Novos. [...] O local foi transformado em sítio arqueológico e, mais tarde, em Centro Cultural, visando manter viva não só a história da cidade do Rio de Janeiro, como também a do Brasil e da África. Fonte: Portal Arqueológico dos Pretos Novos. Disponível em: <www.pretosnovos.com.br>. Acesso em: 26 dez. 2013.
a) O fato de ser uma atividade altamente lucrativa. O texto diz que o lucro de uma viagem negreira era muito superior à receita anual de um grande engenho.
2
Com base no texto acima e no que você já estudou, responda no caderno.
a) Além da necessidade de trabalhadores para a lavoura, cite outro motivo para a intensa prática do comércio escravo no Rio de Janeiro do século XVIII. b) Que fatores contribuíram para a mudança do mercado de escravos das imediações do porto da Praça Quinze para a região do Valongo, no final do século XVIII? c) Que bairros a região do Valongo abrangia? Gamboa, Saúde e Santo Cristo. Foi descoberto um cemitério
d) Que descoberta foi feita no bairro da Gamboa na década de 1990? de negros.
e) Que importância teve a transformação desse local em um Centro Cultural? Resposta pessoal. b) No fim do século XVIII, a intensificação de atividades comerciais, portuárias e negreiras fez crescer a ocupação do Morro da Conceição e do Morro do Livramento. Isso contribuiu para a mudança do mercado de escravos para um local mais amplo.
101
Os navios negreiros que ancoravam na baía de Guanabara impressionavam os visitantes estrangeiros, que também se espantavam com o que viam nas ruas da cidade. Segundo alguns autores, entre os séculos XVIII e XIX, mais de 1 milhão de africanos chegou ao Rio de Janeiro. Na primeira metade do século XIX, a cidade contava com a maior população escrava urbana das Américas. Em 1849, o pintor francês Edouard Manet esteve no Rio de Janeiro. Leia no texto a seguir algumas de suas impressões.
ST
RA
Pelas ruas veem-se somente negros e negras, pois os brasileiros saem pouco, e as brasileiras, menos ainda. As mulheres podem ser vistas somente quando v‹o ˆ missa ou depois do jantar, ao entardecer, quando aparecem nas suas janelas. As mulheres aqui nunca saem s—s, mas sempre acompanhadas de suas negras ou de seus filhos. [É] Tive a oportunidade de visitar um mercado de escravos; espet‡culo bastante revoltante para n—s.
AM O
J.-B. Debret/Fundação Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro
Fonte: Edouard Manet. Viagem ao Rio. Cartas da juventude (1848-1849). Rio de Janeiro: JosŽ Olympio, 2008. p. 76-77.
Vendedor de flores à porta de uma igreja, no domingo, litografia colorida ˆ m‹o de Jean-Baptiste
Debret, cerca de 1825.
102
Consulte o Manual do Professor.
3
O relato de Manet nos revela alguns costumes da sociedade do Rio de Janeiro no século XIX. Com base na leitura do texto e na observação da imagem da página ao lado, responda no caderno: a) Que trecho evidencia a presença de uma grande população urbana de origem africana no Rio de Janeiro da época? O trecho 1, que diz: “Pelas ruas veem-se somente negros e negras...”. b) Que passagem evidencia a condição de escravização africana? O trecho 3: “Tive oportunidade...”. c) Em que trecho o autor comenta os hábitos das mulheres brancas do Rio de Janeiro nesNos trechos 1 e 2. Eles nos revelam que as mulheres brancas só podiam ser se período? O que ele nos revela? vistas quando iam à missa ou depois do jantar, ao entardecer, quando apareciam nas janelas, e que elas nunca saíam sós, mas sempre acompanhadas de escravas ou dos filhos.
RA
d) A gravura de Debret confirma ou não a realidade descrita por Manet em seu texto? Por quê?
Sim, porque na gravura vemos uma mulher branca acompanhada de escravas, à porta de uma igreja, no domingo, provavelmente na saída da missa. Consulte o Manual do Professor.
O trabalho escravo
J.-B. Debret/Fundação Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro
ST
Os africanos escravizados eram enviados principalmente para o trabalho na lavoura. Em razão da grande concentração de fazendas de café, o Vale do Paraíba foi uma das áreas que receberam maior número de trabalhadores de origem africana. A outra foi Campos dos Goytacazes, grande produtora de cana-de-açúcar a partir do século XVII.
AM O
No campo, a maioria dos africanos trabalhava pesado nas plantações. Apenas alguns (a maior parte, mulheres) eram designados para os serviços domésticos, nas funções de cozinheiras, amas de leite, mucamas,, copeiras. Nas cidades, exerciam as mais diversas funções, dentro e fora das casas de seus senhores. Alguns aprendiam a desempenhar um ofício (barbeiro, sapateiro, ferreiro, carpinteiro). Havia também os “escravos de ganho”, Detalhe da imagem como registra o texto a seguir. da página anterior.
Os negros de ganho eram escravos que trabalhavam nas ruas, sendo obrigados a dividir com seus senhores o que ganhavam. Os negros de aluguel eram aqueles alugados a outras pessoas, a quem prestavam serviços. Desde cedo, os negros de ganho ocupavam as ruas da cidade. Uns vendiam de porta em porta todo tipo de mercadoria: aves, verduras, legumes, doces, licores, etc.; outros armavam seus tabuleiros em esquinas movimentadas, nas escadarias das igrejas e nas praças [...]. Fonte: Ilmar Rohloff de Mattos; Luís Affonso S. de Albuquerque; Selma Rinaldi de Mattos. O Rio de Janeiro, capital do Reino. São Paulo: Atual, 1995. p. 37.
103
4
Vamos analisar as imagens abaixo. Consulte o Manual do Professor para esta atividade.
Sapateiro aplicando castigo, gravura de Debret, publicada entre 1834-1839.
a) A primeira imagem representa uma cena de rua com vendedoras de doces. Que tipo de trabalhadoras eram elas? Negras de ganho.
b) Na segunda gravura, trabalhadores escravizados exercem o ofício de sapateiro. Note que um deles está sendo castigado pelo dono do estabelecimento com um instrumento de madeira, chamado palmatória. O que isso significa, na sua opinião? Resposta pessoal.
c) Que semelhanças e diferenças há entre os trabalhadores das duas gravuras? Anote-as no caderno. Consulte o Manual do Professor. 104
J.-B. Debret/Museu Castro Maya, Rio de Janeiro
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J.-B. Debret/Museu Castro Maya, Rio de Janeiro
Vendedoras de pão de ló, gravura de Jean-Baptiste Debret, 1826.
Entre a escravidão e a resistência Os diversos grupos de diferentes etnias africanas que vieram para o Brasil criaram uma rica cultura afro-brasileira que se mantém viva até os dias de hoje. Observe as imagens e a seguir leia os textos que as acompanham.
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J. M. Rugendas/Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro.
RA
O lundu é um gênero musical que alguns estudiosos afirmam ser o “avô do samba”. Rugendas (1802-1858) representou-o nesta gravura chamada Danse Landu, 1835.
A capoeira é uma luta de ataque e defesa introduzida no Brasil pelos bantos. Aqui ela aparece registrada em uma gravura de Rugendas, Jogo de capoeira, 1835.
J. M. Rugendas/Fundação Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro.
Aquarela de Carlos Julião representando a Coroação de uma rainha negra na festa de Reis, 1776.
Carlos Julião/Fundação Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro, RJ.
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Leia outro registro anotado por Edouard Manet em seu diário de viagem, em 1849, sobre o carnaval do Rio de Janeiro.
RA
O carnaval do Rio tem caracter’sticas muito especiais. No domingo gordo, durante todo o dia, passeei pela cidade. Ës 3 horas da tarde, todas as mulheres brasileiras saem ou ˆs janelas ou aos balc›es de suas casas e atiram, em todos os homens que passam pela rua, umas bolas de cera coloridas, a que d‹o o nome de lim›es*. Em v‡rias ruas por onde passei, seguindo o costume do pa’s, fui atacado. Trazia os meus bolsos cheios desses lim›es e respondi da melhor maneira poss’vel aos assaltos, o que Ž muito apreciado. Tal brincadeira dura atŽ as 6 horas da tarde, quando tudo volta ˆ perfeita ordem. Fonte: Edouard Manet. Viagem ao Rio. Cartas da juventude (1848-1849). Rio de Janeiro: JosŽ Olympio, 2008. 2. ed. p. 85.
ST
* Lim›es de cheiro, como eram conhecidos.
As diferentes formas de expressão cultural criadas pelos africanos escravizados no Brasil foram uma maneira de resistir à dominação dos senhores. Não é verdade que os africanos eram submissos, aceitavam o trabalho forçado e se submetiam sem resistir a uma nova cultura. Essa noção é hoje rejeitada pela maioria dos estudiosos.
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Hoje, muitos historiadores afirmam que sempre houve resist•ncia contra a escravidão no Brasil, como evidencia a citação a seguir. AlŽm de movimentarem engenhos, fazendas, minas, cidades, planta•›es, f‡bricas, cozinhas e sal›es, os escravos da çfrica e seus descendentes imprimiram marcas pr—prias sobre v‡rios outros aspectos da cultura [...]. Onde houve escravid‹o houve resist•ncia. Fonte: Jo‹o JosŽ Reis; Fl‡vio dos Santos Gomes (Org.). Op. cit. p. 9.
Havia outras maneiras de lutar contra a escravidão, além das diversas formas de resist•ncia por meio dos rituais religiosos, da mœsica, da dança e das artes. A fuga, mesmo envolvendo muitos perigos, era uma forma comum de resist•ncia (veja a primeira imagem da página ao lado). Os fugitivos eram caçados pelas matas pelos capitães do mato. Quando capturados, eram levados de volta às propriedades de seus senhores e castigados pelos feitores. Os que conseguiam escapar juntavam-se a outros fugitivos e formavam quilombos.
106
Fran•ois-August Biard, C. 1859/Col. Sergio Fadel. Rio de Janeiro
5
RA
Fuga de escravos. îleo sobre madeira de Fran•ois Biard, 1859.
Releia a citação de João José Reis (na página anterior) e escreva no caderno um comentário sobre ela. Depois troque ideias com os colegas. Lembre aos alunos que era costume entre as tribos da çfrica aprisionar seus inimigos e vend•-los como escravos aos traficantes europeus. Consulte o Manual do Professor.
ST
Quilombos e quilombolas
Os quilombos eram aldeias fortificadas nas quais os que fugiam da escravidão tentavam conservar sua cultura.
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O quilombo de Palmares, no atual estado de Alagoas, foi o mais famoso de todos. Outra importante rebelião de trabalhadores escravizados ocorreu em 1838 na região de Paty do Alferes, no Vale do Paraíba. Numa fuga liderada por Manuel Congo, mais de quinhentas pessoas fugiram das fazendas Freguesia e Maravilha para formar um quilombo.
“Morrer, sim, entregar-se, não!”
Mariana Crioula foi presa, mas conseguiu ser absolvida. Manuel Congo não teve a mesma sorte: foi julgado e condenado à morte.
Diomarcelo Pessanha/Arquivo da editora
Uma mulher teve papel de destaque nessa luta: Mariana Crioula. Ela se juntou aos fugitivos que tomavam a direção da serra da Mantiqueira. Lá chegando, tornou-se “rainha” do quilombo, ao lado do “rei”, Manuel Congo. Segundo depoimentos de soldados, quando a guarda nacional chegou, Mariana resistiu ao cerco com grande valentia, gritando aos companheiros:
Memorial Manuel Congo, em Vassouras, Rio de Janeiro, em foto de 2011.
107
Outra mulher guerreira que teve atuação importante na luta dos quilombolas (habitantes dos quilombos) foi Maria Conga, líder dos quilombos da região de Magé, entre a Baixada e a serra fluminense. O morro do Bonfim era a rota utilizada por centenas de trabalhadores fugidos das fazendas das vizinhanças para chegar ao Quilombo de Maria Conga, que se transformava em campo de batalha quando os capitães do mato tentavam invadir suas terras para resgatar os fugitivos.
RA
Os quilombolas resistiam no local onde hoje se situa o bairro de Piedade, tradicional comunidade negra. O Quilombo de Maria Conga é o œnico que resta na Baixada Fluminense. Já não é um quilombo como os da época da escravidão. ƒ, na verdade, uma comunidade formada por descendentes dos antigos quilombolas. Maria Conga, esquecida pela historiografia oficial, assim como a maioria das mulheres, morreu aos 95 anos de idade.
ST
No Rio de Janeiro os quilombos se concentraram principalmente na região do Vale do Paraíba e nos arredores da baía de Guanabara. A baixada iguaçuana (onde hoje se situa Nova Iguaçu, município da Região Metropolitana do Rio de Janeiro) parece ter sido o local de maior concentração de quilombolas no século XIX, segundo o historiador Flávio dos Santos Gomes*. Observe o mapa a seguir.
Recôncavo da GuanaBaRa: QuilomBos no século XiX
LEGENDA
AM O
Capital do estado Sede do munic’pio
MagŽ
Outros quilombos
Rio S
ap
uc
Igua•u
Fazenda dos Beneditinos
a’
Rio Igua•
Quilombos de Igua•u
Ba’a de Guanabara
u
Estrela Itabora’
Marapicu
S‹o Jo‹o de Meriti
S‹o Gon•alo
Itagua’
Niterói
Rio de Janeiro
Maric‡
Ba’a de Sepetiba
23¼ S
OCEANO ATLåNTICO
0
9
18
km
43¼ O
Adaptado de: Quilombos espa•o de resist•ncia de homens e mulheres negros. Rio de Janeiro: Redeh, 2005.
Em 2012, cerca de 500 fragmentos de objetos dos séculos XVI e XVII foram encontrados durante escavações para a construção de um prédio no bairro do Leblon. Entre esses fragmentos, havia pedaços de louças, ferramentas, ossos de animais, azulejos e parte de uma construção. O local fica pr—ximo ˆ rua Dias Ferreira, que, segundo historiadores, seria o caminho para o antigo quilombo do Leblon. * Liberdade por um fio Ð Hist—rias de quilombos no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. p. 270.
108
Leia o texto e observe a imagem a seguir.
Mapa comprova que o bairro do Leblon é mais antigo
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ST
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Documento encontrado em arquivo do Exército mostra que o Leblon já era povoado em 1809. Quem passa pelo Leblon todos os dias não imagina que um dos bairros mais jovens da cidade é na verdade um senhor de idade avançada. A arqueóloga Jackeline de Macedo, que estava trabalhando num sítio arqueológico da região, descobriu no Arquivo Histórico do Exército um mapa de 1809 que mostra os possíveis donos das terras da região [...]. O mapa teria sido feito a pedido de dom João VI, que precisava saber quem eram os donos das terras da então Fazenda Nacional da Lagoa — que englobava os bairros de Humaitá, Jardim Botânico, Gávea, Lagoa, Ipanema e Leblon — para poder desapropriá-las e construir uma fábrica de pólvora. Os achados no sítio arqueológico, no entanto, mostram que a região já era habitada muito tempo antes. — As peças encontradas na escavação datam dos séculos XVI e XVII. Esse mapa comprova que havia algumas chácaras e até engenhos aqui. O que muda tudo (que se sabia sobre o bairro) — disse Jackeline. [...] O bairro ficou conhecido como Leblon por causa de um comerciante francês chamado Charles, conhecido Le Blond (o louro). Ele era dono de uma chácara na região e, em 1845, criou uma empresa que explorava a pesca de baleia. Na época, o óleo extraído do mamífero era utilizado no sistema de iluminação pública e na construção civil.
Ana Branco/Ag•ncia O Globo
Fonte: O Globo, 07 de julho de 2012. Veja reportagem completa e leia mais sobre o assunto em: <http://oglobo.globo.com/rio/mapa-comprova-que-bairro-do-leblon-mais-antigo-5415950>. Acesso em: 22 ago. 2013.
Especialistas em Arqueologia e Museologia trabalham em sítio arqueológico no Leblon. Foto de 2012.
109
6
Rio de janeiRo – atuais comunidades de QuilomBos ESPÍRITO SANTO
LEGENDA Comunidades reconhecidas Comunidades tituladas
MINAS GERAIS
5 Carumbi Conceição do Imbé
4 São José da Serra
11 Machadinha
22º S
3 Santana
SÃO PAULO
8 Maria Conga
7 Rasa
RA
10 Manuel Congo
1 Santa Rita do Bracuí
N
6 Caveiras/ Botafogo
9 Sacopã
L
O
S
2 Campinho da Independência
OCEANO ATLÂNTICO
0
42º O
37
74
km
Fonte: Quilombos – Espaço de resistência de homens e mulheres negros. Bras’lia: MEC/ Rio de Janeiro: Redeh, 2005. p. 20.
ST
Atualmente, ainda restam no Rio de Janeiro comunidades que já foram quilombos. Elas s‹o formadas por descendentes dos quilombolas que, no passado, conseguiram escapar da escravid‹o. Alguns desses quilombos já s‹o reconhecidos pelo governo; outros est‹o em processo de reconhecimento. Verifique a localizaç‹o de algumas dessas comunidades, numeradas no mapa.
Responda com base nos textos das páginas 107 e 108. a) O que eram os quilombos?
Eram aldeias organizadas pelos escravizados que fugiam do cativeiro, nas quais eles procuravam preservar sua cultura. Eram, assim, espaços de liberdade.
b) Procure no mapa acima os dois quilombos citados nas páginas 107 e 108. Os quilombos de Maria Conga e Manuel Congo, citados nas páginas 107 e 108, estão identificados no mapa pelos números 8 e 10, respectivamente.
Pesquise a história de um dos quilombos ainda existentes no estado do Rio de Janeiro e procure saber que tradições essa comunidade ainda mantém. Com base nos dados recolhidos, escreva um texto no caderno e ilustre-o, se quiser. Você pode pesquisar o quilomIncentive os alunos a pesquisar a história do quilombo mais próximo do lubo mais próximo do lugar onde vive. gar em que vivem, se possível situado no mesmo município. Verifique a
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7
possibilidade de programar uma visita a um desses quilombos com seus alunos para que eles possam ter contato com a realidade dessas comunidades e conhecer seu modo de vida, seus costumes e tradições, ouvir relatos dos próprios moradores, tendo acesso a registros orais que permitam desvendar a memória dos antepassados.
Da escravid‹o ˆ liberdade
Como voc• já sabe, a escravid‹o foi abolida no Brasil em 1888. Para que isso ocorresse, foi preciso que milhares de pessoas protestassem contra o trabalho escravo. Essas pessoas eram conhecidas como abolicionistas. Vejamos alguns acontecimentos nesse processo. Em 7 de novembro de 1831, foi decretada a liberdade de todos os africanos escravizados desembarcados no Brasil a partir dessa data. Essa lei, porém, jamais se firmou na prática. S— em 1850 o tráfico escravo foi efetivamente proibido pela Lei Eusébio de Queirós. Entre 1839 e 1880, houve um grande aumento do nœmero de alforrias, ou seja, liberdade concedida. No entanto, n‹o bastava ganhar a liberdade. Ap—s a alforria, os ex-trabalhadores escravizados precisavam lutar para mant•-la. Ser alforriado n‹o significava ser considerado um cidad‹o como outro qualquer, nascido livre, pois o preconceito era forte. Bastava que uma pessoa tivesse a pele escura para ser considerada escravizada ou ex-escravizada.
110
No dia 28 de setembro de 1871, foi assinada a Lei do Ventre Livre, que declarava livres os filhos de trabalhadores escravizados. Em 1885, uma nova lei entrou em vigor, libertando aqueles com mais de 60 anos de idade: a Lei dos Sexagenários. Alberto Henschel/Coleção G. Ermakoff, Rio de Janeiro
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Joaquim Nabuco (1849-1910). Embora não tivesse raízes africanas, lutou contra a escravidão por meio de intensa atuação política e de seus escritos. Nasceu no Recife, mas viveu grande parte de sua vida no Rio de Janeiro.
JosŽ do Patrocínio (1854-1905).
Filho de uma jovem escravizada, nasceu em Campos dos Goytacazes. Formou-se farmacêutico, mas optou pelo jornalismo, atuando em diversos jornais abolicionistas.
AndrŽ Rebou•as (1838-1898). Nasceu na Bahia, mas mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se formou engenheiro. Foi membro atuante da Sociedade Brasileira contra a Escravidão e da Confederação Abolicionista.
Fundação Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro/Arquivo da editora
Tulio Mugnaini; S/D/Arquivo da editora
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J. B. Perillol/Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro
Na segunda metade do século XIX, o movimento abolicionista estava no auge. Quando a Lei Áurea foi assinada pela princesa Isabel, no dia 13 de maio de 1888, pondo fim à escravidão no Brasil, 95% dos descendentes de africanos já haviam conquistado sua alforria, eram livres. Alguns deles eram pessoas cultas e faziam parte do grupo que liderava as lutas abolicionistas, como era o caso de José do Patrocínio. Outros importantes líderes abolicionistas que atuaram no Rio de Janeiro foram Joaquim Nabuco, André Rebouças e Francisco de Paula Brito.
Francisco de Paula Brito (1809-1861). De
origem humilde, nunca foi à escola. Mesmo assim, tornou-se poeta, tradutor, jornalista, editor e livreiro famoso. Em 1833, publicou O homem de cor, um dos primeiros jornais a discutir o preconceito racial.
111
Uma das publicações que participaram da campanha abolicionista foi a Revista Illustrada. A foto abaixo reproduz a capa de um de seus números, publicado logo após a abolição. Observe-a e responda às questões: Capa da Revista Illustrada comemorativa da Lei de 13 de maio de 1888.
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Revista Illustrada; 1888/Arquivo da editora
8
a) O que essa capa comemora?
8b) 7 de novembro de 1831: lei que afirmava que todos os africanos escravizados que entrassem no Brasil a partir daquela data seriam livres e os contrabandistas de escravos seriam punidos (esta lei teve pouca eficácia); 28 de setembro de 1871: Lei do Ventre Livre.
Comemora a Lei de 13 de maio de 1888, que declarava extinta a escravidão no Brasil.
b) O que significam as duas datas que aparecem no alto da ilustração? c) Há dois nomes citados à esquerda da imagem. Quem foram eles? José do Patrocínio e Joaquim Nabuco, líderes do movimento abolicionista.
d) Que flores estão representadas na ilustração? As camélias, símbolo do movimento abolicionista. e) Nessa imagem o povo festeja a extinção da escravidão no Brasil, mas a parte da população mais interessada não aparece. Quem é ela? A população até então escravizada. f ) Na sua opinião, por que essa parte da população não aparece? 112
Resposta pessoal. Lembre os alunos de que essa população pouco participava dos eventos públicos da vida social.
E depois da aboli•‹o? A palavra áurea significa Ôbrilhante, da cor do ouroÕ, mas a lei assinada pela princesa Isabel em 13 de maio de 1888 n‹o foi t‹o ‡urea assim.
ST
Ap—s a aboli•‹o, os ex-escravos enfrentaram enormes dificuldades para se integrar ˆ sociedade e ingressar no mercado de trabalho livre, assalariado. Havia muito preconceito contra os trabalhadores de origem africana. O problema se tornou ainda maior com a concorr•ncia dos imigrantes europeus. Calcula-se que entre 1891 e 1900 mais de 1 milh‹o de imigrantes chegaram ao Brasil, a maior parte para trabalhar nas lavouras de cafŽ. Eram principalmente italianos, portugueses e espanh—is.
AM O
A assinatura da Lei çurea, portanto, n‹o resolveu os problemas da popula•‹o afrodescendente, pois n‹o houve um plano de inserir essas pessoas na sociedade. Elas foram abandonadas ˆ pr—pria sorte. A escravid‹o africana no Brasil marcou profundamente a sociedade, n‹o apenas no passado, mas tambŽm a sociedade atual, que ainda enfrenta muitos problemas gerados pelo sistema escravista. Leia o texto a seguir:
Marc Ferrez; C; 1890/Acervo Instituto Moreira Salles, Rio de Janeiro.
RA
ƒ certo que os escravos foram libertados de sua condi•‹o. Entretanto, o fim da escraviza•‹o no Brasil n‹o significou a conquista da igualdade para os ex-escravizados. De fato, n‹o foi adotada nenhuma medida de inclus‹o e cidadania para os ex-trabalhadores escravizados e seus descendentes. N‹o houve, por exemplo, distribui•‹o de terras para os ex -escravizados do campo. Dessa forma, com a aboli•‹o teve in’cio um processo pelo qual muitos trabalhadores do campo se mudaram para as cidades em busca de condi•›es de sobreviv•ncia. Isso gerou um grave problema social.
Ex-trabalhador escravo fotografado
por Marc Ferrez por volta de 1890. Detalhe da fotografia apresentada na página 114.
Depois do 13 de Maio, muitas fam’lias continuaram como m‹o de obra nas mesmas fazendas onde tinham sido escravas. Alguns indiv’duos migraram para os grandes centros urbanos, em muitos casos refor•ando o nœmero de subempregados ou ÒdesocupadosÓ, segundo a terminologia da Žpoca, e lotando os corti•os e favelas que se formavam nas cidades. Alguns outros adquiriram consci•ncia da sua condi•‹o e associaram-se para denunciar a situa•‹o e defender seu lugar na sociedade, como no caso da Guarda Negra, espŽcie de mil’cia que procurava proteger a liberdade dos negros. Fonte: S’lvia Capanema P. de Almeida. Somos ou n‹o somos racistas? Revista Hist—ria Viva. S‹o Paulo: Duetto, n. 37, nov. 2006.
113
9a) Resposta pessoal. Cidadania: qualidade de cidadão e de ter todos os direitos consagrados na Constituição. Inclusão: ato de incluir, de passar a fazer parte de algo. Consulte o Manual do Professor.
9
Responda, com base no que leu no capítulo e no texto da página anterior. a) O que voc• entende por inclusão e cidadania? Se necessário, consulte o Glossário, no final do livro. Em seguida, escreva no caderno um pequeno texto sobre esse tema. b) Por que a Lei çurea não significou igualdade, ou seja, não promoveu a inclusão e a cidadania para os ex-trabalhadores escravizados e seus descendentes? Quais foram 9b) Porque não houve qualquer as consequ•ncias sociais? Justifique sua resposta no caderno. programa de integração dessa poc) Qual era a função da Guarda Negra? Proteger a liberdade dos ex-escravos.
Em seu livro O povo brasileiro, o antropólogo Darcy Ribeiro escreveu que Òa dist‰ncia social mais espantosa do Brasil é a que separa e opõe os pobres aos ricos. A ela se soma a discriminação que pesa sobre índios, mulatos e negrosÓ.
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10
pulação pobre e praticamente analfabeta. As consequências sociais foram o desemprego e o subemprego; a falta de moradia, que levou à formação de cortiços e favelas; a discriminação. Essa população se tornou marginalizada, excluída do acesso aos bens materiais e culturais.
a) Reœna-se com alguns colegas para discutir o significado do texto de Darcy Ribeiro. b) Anotem no caderno as principais ideias discutidas no grupo.
c) Reœnam as anotações e escrevam um texto sobre o assunto. Não se esqueçam de dar um título a ele e citar a refer•ncia da obra e do autor das duas frases.
Você sabia?
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d) As produções coletivas podem ser lidas em classe ou expostas em um mural, sob a orientação do professor. Consulte o Manual do Professor.
AM O
Vinte de novembro é o Dia Nacional da Consciência Negra. A data foi escolhida em homenagem a Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares e símbolo da resistência negra, assassinado em 20 de novembro de 1695.
Na foto alguns ex-trabalhadores escravos, na rua das Laranjeiras, por volta de 1890, dois anos após a abolição da escravatura.
Marc Ferrez; C; 1890/Acervo Instituto Moreira Salles, Rio de Janeiro.
Saiba mais ! Veja no final do livro as seções A história no cinema e Sugestão de leitura e sites da internet relacionados aos temas estudados no capítulo. 114
mem—rias de quilombos O jongo do Quilombo S‹o José O jongo Ž um g•nero musical de ra’zes africanas muito praticado em regi›es do estado do Rio de Janeiro. Considerado uma das origens do samba, influenciou a forma•‹o da mœsica popular brasileira e representa um legado africano para a cultura do pa’s.
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RA
A comunidade do Quilombo São José, localizada na serra da Beleza […] fica no município de Valença, a três horas do centro do Rio de Janeiro. O trabalho em conjunto na agricultura de subsistência, a crença religiosa da umbanda e do catolicismo, a sabedoria das ervas medicinais, o artesanato tradicional, as benzeduras, o calango, o terço de São Gonçalo e o jongo fazem parte do cotidiano dos moradores do quilombo desde a chegada dos seus antepassados naquela fazenda por volta de 1850. O jongo, ou caxambu, é um ritmo cujas matrizes vieram da região africana do Congo-Angola para o Brasil Colônia com os negros de origem banto, trazidos como escravos para o trabalho forçado nas fazendas de café do Vale do Paraíba, interior dos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. [...] Os jongueiros dançam muitas vezes descalços, vestindo as roupas comuns do dia a dia.
Este jongo, cantado no Quilombo S‹o JosŽ, foi recolhido na regi‹o vizinha de Vassouras, em 1850, pelo historiador estadunidense Stanley Stein. Trata-se de um n’tido exemplo de jongo que zomba do patr‹o (o coronel) de forma metaf—rica, ao relacion‡-lo ˆ embaœba, ‡rvore oca por dentro, que n‹o serve para nada. AlŽm disso, pergunta por que existem tantas ‡rvores desse tipo (ou seja, coronŽis) no mundo.
AM O
Pisei na pedra lisa Trupiquei1 na capituba2 Quando o machado não corta Cacumbu3 também derruba.
Embaúba4 é coronel Pra que tanto pau no mato?
(Embaúba é coronel, D. P.)
Fonte: Marcos André (Coord.). Jongo do Quilombo São José. Rio de Janeiro: Associação Brasil Mestiço/Sesc Rio. [s.d.].
1
trupiquei: tropecei capituba: tipo de capim 3 cacumbu: enxada gasta 4 embaúba: tipo de árvore oca por dentro
Reprodu•‹o Acervo do Pont‹o de Cultura do Jongo/Caxambu
(Pisei na pedra lisa, de Mãe Zeferina)
2
Jongo da Serrinha, em Madureira, RJ, comemora a festa de
S‹o Cosme e Dami‹o em setembro de 2012. A comunidade se reuniu no espa•o da ONG Grupo Cultural da Serrinha para celebrar o jongo e outras tradi•›es da cultura negra.
115
Rio de janeiro: tempo e espa•o Trabalho escravo hoje Como você viu no capítulo 10, a assinatura da Lei Áurea, em 1888, não significou a inclusão e a cidadania de milhares de ex-trabalhadores escravos que viviam no Brasil. E hoje, mais de 125 anos depois da abolição, o trabalho escravo ainda persiste no Rio de de iniciar os exerc’cios, explique aos alunos que hoje se configura traJaneiro e em outros estados do Brasil. Antes balho escravo quando a pessoa Ž submetida a trabalhos for•ados ou a jor-
Hora da dupla 1 Leiam os textos a seguir.
RA
nada exaustiva, quando est‡ sujeita a condi•›es degradantes de trabalho e alojamento ou quando tem sua liberdade restringida em raz‹o de d’vida contra’da com o empregador.
AM O
ST
Texto 1 Mais de 125 anos após a abolição da escravatura, o Brasil ainda combate uma versão moderna do tipo de trabalho forçado. Mais de 2 mil pessoas são libertadas todos os anos no país em condições análogas à de escravos. Se, por um lado, não existem mais correntes ou senzalas, por outro, são inúmeras as semelhanças relatadas por trabalhadores em condições que remetem a uma escravidão contemporânea. Ameaças de morte, castigos físicos, dívidas que impedem o livre exercício do ir e vir, alojamentos sem rede de esgoto ou iluminação, sem armários ou camas, jornadas que ultrapassam 12 horas por dia, sem alimentação ou água potável, falta de equipamentos de proteção, promessas não cumpridas. O Código Penal define uma pena de reclusão de dois a oito anos e multa para quem “reduz alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto”. Fonte: <http://g1.globo.com/economia/trabalho-escravo-2014/platb/>.
Texto 2
Um estudo divulgado pela da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) mostrou que de 2003 a 2010 foram registradas denúncias envolvendo 7 400 pessoas em situações de trabalho escravo em 12 municípios de diferentes regiões do estado. Campos de Goytacazes, no norte fluminense, é o município que registra o maior número de denúncias e de libertação. No mesmo período, também foram registradas denúncias de trabalho escravo nos municípios de Bom Jardim, Resende, Cantagalo, Petrópolis, Araruama e Paracambi. A extração de pedras para a construção civil passou a ser outro polo de exploração de trabalho escravo e o município de Santo Antônio de Pádua é o mais afetado.
116
Conhe•a algumas condi•›es de trabalho escravo: • Alojamentos em condi•›es humilhantes • Falta de apoio mŽdico • Comida em pŽssimas condi•›es
• çgua suja para beber • Transporte de risco • Amea•a por d’vida
2 Com base nos textos 1 e 2, façam o que se pede.
RA
a) No caderno, registrem algumas condições que caracterizam o atual trabalho escravo. b) Anotem as punições que a lei brasileira define para quem submete pessoas ao trabalho escravo. c) Quais municípios fluminenses apresentaram, entre 2003 e 2010, o maior número de pessoas em situação de trabalho escravo? Anotem no caderno.
ST
3 Analisem os gráficos a seguir sobre o trabalho escravo no Brasil em 2013. Observem os títulos e a nomenclatura de cada gráfico. Depois, anotem no caderno: a) o número de trabalhadores resgatados em 2013. b) o número de trabalhadores libertados no Rio de Janeiro. c) o setor de atividade onde houve o maior número de trabalhadores libertos. d) o número total de trabalhadores já libertados no Brasil. Trabalhadores libertados (por ano)
AM O
46 478
Ž o nœmero total de trabalhadores j‡ libertados no pa’s.
Fonte: <http://g1.globo.com/economia/trabalho-escravo-2014/platb/>.
Trabalho escravo no país
Trabalhadores libertados
Libertados na ‡rea urbana s‹o maioria pela 1»- vez
2 208
1 228
Ž o nœmero de trabalhadores libertados em 2013.
Ž o nœmero de resgatados nas cidades.
SP 538
MG 440
BA 149
PA 141
RJ 138
Por setor (em %) Constru•‹o civil
41 21
Lavouras
12
Pecu‡ria
5
Confec•›es
3
Reflorestamento 0
10
20
30
40
50
Fonte dos três gráficos acima: <http://g1.globo.com/brasil/noticia/2014/02/libertacoes-por-trabalho-escravo-naarea-urbana-superam-do-campo.html>.
117
4 Confiram as respostas dos exercícios 2 e 3 com o professor.
Se possível acessem o site <http://g1.globo.com/economia/trabalho-escravo-2014/platb/>. Nesse site, vejam o vídeo ÒDa abolição aos dias de hoje Ð Um retrato (fotográfico) da escravidão no BrasilÓ. Vejam tambŽm depoimentos de trabalhadores resgatados.
RA
Cartaz de campanha alertando contra o trabalho escravo nas áreas rurais. Foto de 2014.
118
Ministério Público Federal
ST
Cartaz de campanha alertando contra o trabalho escravo nas áreas urbanas. Foto de 2014.
AM O
Ministério Público Federal
5 Em 2014, o MinistŽrio Público Federal lançou uma campanha para conscientizar a sociedade, mostrando como o trabalho escravo se configura atualmente. Observe abaixo dois cartazes dessa campanha, idealizada com o objetivo de que a pessoa em condições análogas ˆ de escravo identifique a prática do crime e denuncie o empregador. Espera-se tambŽm que outras pessoas denunciem casos de trabalhadores submetidos a condições degradantes, jornadas exaustivas, situações de moradia e higiene precárias ou alimentação inadequada.
Hora do grupo
7. Explique aos alunos que os panfletos podem ser feitos em meia folha de papel sulfite sem linhas ou em uma folha de sulfite dobrada em tr•s, na vertical. Informe que 28 de janeiro Ž o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo e 12 de junho Ž o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo Infantil.
1 Elaborem um panfleto de combate ao trabalho escravo, incluindo o infantil, no município fluminense onde vocês moram. Utilizem textos, frases, desenhos, recortes, colagens ou pinturas para montar o panfleto.
RA
2 Para elaborar o panfleto, aproveitem o que vocês aprenderam nos textos, gráficos e imagens desta atividade.
http://www.paulohabib.com.br/#!cartazes/c14ca
AM O
ST
3 Com o professor, decidam sobre como, onde e quando distribuir os panfletos.
Cartaz de campanha contra o trabalho escravo infantil, S‹o Jo‹o do Meriti, R. J.
119
Capítulo
11
Rio de Janeiro, capital do Império
Neste capítulo nós vamos conhecer os acontecimentos que levaram o Rio de Janeiro a passar de capital do Reino a capital do Império, como resultado da independência do Brasil.
AM O
Sessão do Conselho de Estado, tela de Georgina de Albuquerque, pintada por ocasião das comemorações do
Centenário da Independência, em 1922. A obra representa a princesa Leopoldina (esposa de dom Pedro) em reunião com os conselheiros.
Para observar, analisar e compreender Depois de observar a cena representada, responda:
O que você vê nela? Descreva no caderno os aspectos que mais lhe chamam a atenção.
Você sabe a que evento histórico essa tela se relaciona?
Converse com o professor e os colegas sobre suas observações. Consulte o Manual do Professor.
120
À Independência do Brasil.
Georgina de Alburquerque, 1922/MHN, Rio de Janeiro
ST
RA
Observe a imagem.
Ës vŽsperas da Independ•ncia A imagem que vimos na abertura do capítulo é uma tela inspirada em um grande evento histórico: a Independência do Brasil. Pelo que se sabe, foi a primeira cena histórica brasileira pintada por uma mulher, Georgina de Albuquerque (1885-1962).
RA
ST
AM O
J. B. Debret/Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro
A seguir, vamos tentar entender melhor esse acontecimento. Ele marcou o início da história do Brasil como país independente de Portugal e do Rio de Janeiro como capital do novo Império. É importante saber que a independência do Brasil não foi algo que aconteceu de repente, a partir de um simples gesto. Foi resultado de um longo processo que começou logo após a partida de dom João VI e dona Carlota Joaquina para Portugal, em abril de 1821, representada abaixo em uma gravura de Debret.
Partida da rainha para Portugal, litografia de Jean-Baptiste Debret, cerca de 1821.
O movimento pela independência ganhou força a partir do momento em que as Cortes de Portugal começaram a tentar rebaixar o Brasil à antiga condição de colônia e forçar a volta de dom Pedro a Lisboa. Muitos brasileiros protestavam contra essas intenções das Cortes e insistiam em que dom Pedro ficasse no Brasil. Assim, no dia 9 de janeiro de 1822, após receber uma petição com 8 mil assinaturas pedindo sua permanência, dom Pedro anunciou: “Se é para o bem-estar de todos e felicidade geral da nação, estou pronto, digam ao povo que fico.” 121
A data ficou conhecida como Dia do Fico. Após tomar a decisão, desrespeitando as Cortes de Lisboa, dom Pedro chamou para fazer parte de seu governo o paulista José Bonifácio de Andrada e Silva. No dia 7 de setembro de 1822, ao fazer uma parada de descanso em uma viagem a São Paulo, dom Pedro foi comunicado de novas exigências e imposições feitas pelas Cortes. O príncipe não teve outra escolha a não ser declarar, ali mesmo, a Independência do Brasil.
AM O Independência ou morte!
1
(1888), óleo sobre tela de Pedro Américo.
Observe a pintura de Pedro Américo reproduzida acima e responda:
a) Em que data a obra foi produzida? Essa data corresponde à da Independência do Brasil? 1888. Não. A data é posterior, pois a independência ocorreu em 1822.
b) Descreva o ambiente, as personagens e as atitudes que mais chamaram a sua atenO aluno deve ter a liberdade de expressar sua observação. O professor deve apenas acompanhar para ção na obra. depois apontar os fatos históricos e possíveis equívocos, como: dom Pedro não montava um cavalo, mas uma mula; estava em viagem e, portanto, os uniformes usados não seriam de gala como os que aparecem na cena.
c) Como não presenciou a cena, o autor pesquisou, leu, entrevistou testemunhas oculares e visitou o local. Apesar disso, ele alterou a cena original. Por que será que o O autor fez mudanças nas personagens e no cenário a fim de produzir algo mais pintor agiu dessa maneira? grandioso, de acordo com a importância do fato para a história do Brasil. É uma imagem heroica.
d) O que pode simbolizar a imagem do carreteiro com seu carro de bois, à esquerda da pintura? O povo brasileiro, assistindo à cena, surpreso, sem dela participar. e) Uma pintura pode representar um fato com exatidão? Justifique. 122
Não. A intenção do artista sempre aparece. Neste caso, o objetivo foi construir a imagem de um herói guerreiro, criador de uma nação.
Pedro Américo, 1888/Museu Paulista da USP, São Paulo
ST
RA
O quadro abaixo é uma representação muito conhecida da Independência do Brasil. Você já o conhecia? Será que essa pintura representa a Independência tal como ela ocorreu?
2
Agora observe novamente a imagem da abertura do capítulo, uma pintura de Georgina de Albuquerque. Compare-a à tela de Pedro Américo e responda: a) Em que ano foi feita a pintura Sessão do Conselho de Estado? Que acontecimento ela pretendia comemorar? A pintura foi feita em 1922, por ocasião do Centenário da Independência do Brasil. b) Quem é a mulher que aparece representada em destaque na cena? A princesa Leopoldina, reunida com os conselheiros, aparentemente decidindo algo importante.
c) Na pintura de Pedro Américo, há mulheres representadas na cena? Por quê? Justifique sua opinião no caderno. Não. Aceite as diferentes opiniões, mas ressalte o caráter heroico da cena, centrada na figura masculina de dom Pedro I.
RA
d) A tela de Georgina de Albuquerque destaca o mesmo sentido heroico da obra de Pedro Não. Essa obra mostra a importância da princesa Leopoldina em um processo de decisão Américo? Por quê? Justifique no seu caderno. junto ao Conselho de Estado, ou seja, no planejamento estratégico da Independência do Brasil; não o representa como um ato meramente heroico e individual, tomado por impulso, mas como um ato político.
e) Como vimos, uma pintura sempre apresenta a intenção de seu autor. Explique o A artista procurou destacar a importância do aspecto que a artista procurou destacar em sua obra. papel feminino nas decisões políticas do país.
Na tela Sessão do Conselho de Estado, Georgina de Albuquerque ressaltou o papel desempenhado pela esposa de dom Pedro nas decisões políticas do Estado. A artista identificou na reunião presidida por dona Leopoldina a ocasião em que teria sido, de fato, decidida a Independência do Brasil. Consulte o Manual do Professor para informações adicionais.
A princesa Leopoldina e a Independência
AM O
ST
Como capital do Império, o Rio de Janeiro foi o grande palco das principais transformações ocorridas ao longo do século XIX. Uma delas dizia respeito à participação das mulheres na vida pública. É verdade que a escravização de grande parte das mulheres negras continuava (a escravidão só foi abolida definitivamente, como vimos, em 1888). Também é certo que a maioria das mulheres brancas, ricas e “livres” permanecia restrita ao espaço doméstico. Entretanto, aos poucos elas iam conquistando novos espaços. Já naquela época havia no Rio de Janeiro professoras, parteiras, modistas francesas, comerciantes e quituteiras. As mulheres sempre trabalharam, e muito.
© J. B. Debret, c. 1825/Museu Nacional de Belas Artes
Mulheres do povo, como as quilombolas Mariana Crioula e Maria Conga, e senhoras da nobreza, como Carlota Joaquina e Maria Leopoldina, são exemplos de personagens femininas que interferiram direta ou indiretamente nos rumos da História.
Chegada da arquiduquesa Leopoldina. Óleo sobre tela de Jean-Baptiste Debret, 1825.
123
No caso de dona Maria Leopoldina, sua participação na política foi importante para a conquista da independência do Brasil. Nascida em Viena, em 1797, a arquiduquesa e princesa austríaca Carolina Josefa Leopoldina Habsburgo chegou ao Brasil em 1817, acompanhada de uma comitiva de artistas. Era uma mulher muito culta. Desde cedo demonstrou interesse pelas ciências naturais, dedicando-se, principalmente, ao estudo de minerais e plantas. Gostava de andar a cavalo, pintava aquarelas, fazia versos, tocava piano e lia muito.
RA
Dona Maria Leopoldina, como passou a ser chamada no Brasil, exerceu grande influência sobre dom João VI, seu sogro. Ela o convenceu, por exemplo, a acabar com as fazendas de café que destruíam a floresta ao redor da cidade e a estimular um projeto de replantio para preservação da mata; ordenou a reorganização da Casa dos Pássaros, que viria a ser o Museu Nacional, e fundou, numa pequena sala do palácio de São Cristóvão, o Museu de História Nacional. Nos dois principais episódios históricos de 1822, ela esteve à frente na defesa da independência brasileira. Por isso, foi considerada defensora do Fico e paladina da Independência.
ST
Quando dom Pedro viajou para São Paulo, no dia 13 de agosto, Leopoldina assumiu pela primeira vez a regência do país. Em 2 de setembro, presidiu a sessão do Conselho de Estado, cena que vimos representada na tela de abertura do capítulo. Nessa reunião foi decidida, por sugestão sua, a separação entre o Brasil e Portugal. Cinco dias depois, a independência era proclamada por dom Pedro às margens do riacho do Ipiranga.
Coroação de dom Pedro I, de Jean-Baptiste Debret, 1828.
124
J. B. Debret/Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro
AM O
Em 1o de dezembro de 1822, quando dom Pedro foi coroado imperador, dona Leopoldina se tornou a primeira imperatriz do Brasil. Em novembro de 1826, quando dom Pedro viajou para o sul do país, Leopoldina assumiu temporariamente, pela segunda vez, a regência do Brasil. Logo depois, ficou gravemente doente e faleceu no dia 11 de dezembro de 1826, aos 29 anos de idade.
Retrato a óleo, sem autoria e
sem data, de dona Maria Leopoldina, primeira imperatriz do Brasil.
RA
Arquivo Gk/Arquivo da editora
A primeira mulher a governar provisoriamente o Brasil foi muito querida pelo povo. Ao contr‡rio de sua sogra, dona Carlota Joaquina, dona Leopoldina parecia amar o Brasil e o povo brasileiro, embora tenha enfrentado dificuldade para se adaptar ao clima quente dos tr—picos. AlŽm de ter atuado diretamente no processo de independ•ncia do Brasil, a princesa reprovava a escravid‹o e a combateu com ardor. Durante sua doen•a, pessoas de diferentes camadas sociais lotavam igrejas, faziam preces, promessas, vig’lias e prociss›es nos port›es do pal‡cio de S‹o Crist—v‹o. Sua morte causou grande como•‹o popular.
Você sabia?
Algumas cartas escritas pela imperatriz Leopoldina est‹o dispon’veis na internet!
ST
Acesse o site <www1.folha.uol.com.br/folha/ ilustrada/ult90u64878.shtml>. Acesso em: 2 jan. 2014.
AM O
A primeira bandeira nacional foi criada por decreto em 18 de setembro de 1822. Em 1o de dezembro desse mesmo ano, ela sofreu uma modifica•‹o e se transformou na Bandeira Imperial do Brasil. Com a Independ•ncia, o Brasil passou a ser governado por ministros do ImpŽrio e se tornou uma monarquia heredit‡ria. O Rio de Janeiro se manteve como capital.
Ilustração Digital/Arquivo da editora
A bandeira imperial
Bandeira imperial do Brasil. Idealizada por José de Bonifácio,
com desenho de Debret, 1822. O governo de dom Pedro I durou de 1822 a 1831. Durante esse per’odo, chamado de Primeiro Reinado, o Brasil corria o risco de voltar a ser uma col™nia de Portugal. O governo portugu•s teve de reconhecer a independ•ncia, mas, em troca, exigiu que o Brasil lhe pagasse dois milh›es de libras. Assim, o ImpŽrio brasileiro j‡ nasceu endividado.
Em 1823, dom Pedro I dissolveu a Assembleia Constituinte encarregada de elaborar uma Constitui•‹o para o Brasil e contratou um grupo de juristas para escrev•-la. Foi assim que nasceu a primeira Constitui•‹o brasileira, de 1824. Feita para atender aos interesses pessoais do imperador, ela institu’a o Poder Moderador. 125
3
Vamos falar de Constituição? a) Consulte o Glossário, na página 192, e anote no caderno o significado da palavra Constituição. É o conjunto das principais leis do país. b) Em que ano foi aprovada a atual Constituição brasileira? Você sabe quantas Constituições o Brasil já teve? Pesquise com o auxílio de seu professor. Foi aprovada em 1988. Esta é a sétima Constituição do Brasil, sem contar as reformas e emendas realizadas.
c) A primeira Constituição do Brasil foi estabelecida por dom Pedro I em 1824. Podemos dizer que ela foi outorgada. Você sabe o que isso significa? Procure em um dicionário o significado de outorgar. Outorgar significa ‘dar, conceder’. A Constituição de 1824 foi aprovada sem votação. Pela atual Constituição brasileira, o governo é constituído de três poderes: o Executivo, que executa as leis; o Legislativo, que elabora as leis; e o Judiciário, que julga a aplicação das leis. Na Constituição de 1824 estava previsto um quarto poder: o Moderador, exclusivo do imperador e que lhe conferia muito poder. Podemos afirmar que dom Pedro I se mostrava um governante autoritário? Justifique sua resposta no caderno.
RA
4
Sim. Ele dissolveu a Assembleia Constituinte para elaborar uma Constituição segundo os seus interesses e usou o poder moderador para ter ainda mais poder.
ST
A ÒVelha Prov’nciaÓ e o Munic’pio Neutro
AM O
Nos primeiros anos do Império, dom Pedro I contava com a aprovação popular. Entretanto, em 1823, como vimos, ele dissolveu a Assembleia Constituinte. No ano seguinte, outorgou sua própria Constituição. Essas medidas causaram muito descontentamento no país. Em Pernambuco, o povo pegou em armas. Foi a Confederação do Equador, movimento popular esmagado pelas tropas do imperador. Além disso, dom Pedro I teve que enfrentar o problema da sucessão ao trono de Portugal. Após a morte de dom João VI, em 1826, os portugueses queriam que dom Pedro retornasse a Lisboa para assumir o trono português. O imperador hesitou, mas acabou desistindo devido à pressão dos brasileiros, que temiam a reunificação das duas coroas. A partir daí, desenrolou-se um longo processo de disputas pela Coroa portuguesa. Nessa época, as tensões entre brasileiros e portugueses se intensificaram, provocando conflitos em várias províncias. Manifestações populares tomaram conta das ruas. Os liberais se revoltavam e a imprensa protestava contra o imperador. O conflito mais grave aconteceu em 12 de março de 1831. Nesse dia, as ruas do Rio de Janeiro se transformaram em um verdadeiro campo de batalha, num violento confronto entre aliados e opositores do imperador, que resultou em muitos feridos. O episódio ficou conhecido como Noite das Garrafadas. No dia 7 de abril de 1831, dom Pedro I abdicou do trono brasileiro em favor de seu filho Pedro, na época com apenas 5 anos de idade. Dom Pedro I partiu então para Portugal. Como seu filho não poderia assumir o governo até atingir a maioridade (completada aos 18 anos, segundo a Constituição de 1824), teve início o período regencial, que durou até 1840. Durante essa fase, o Brasil foi governado por regentes nomeados pela Assembleia Geral, formada por deputados e senadores (Poder Legislativo). Essas pessoas eram quase todas homens ricos, fazendeiros, grandes comerciantes, etc.
126
Assim, o governo ficava nas mãos dos grandes proprietários de terras e de outros representantes das elites.
Pedro de Alcântara, filho do imperador
dom Pedro I e da imperatriz dona Maria Leopoldina, com cinco anos de idade, em retrato de Armand-Julien Pallière, c. 1830.
RA
Armand-Julien Pallière/Museu Imperial, Petrópolis
O descontentamento popular se manifestou por meio de revoltas que explodiram em diversas províncias do país. Nesse cenário, a centralização dos poderes na cidade do Rio de Janeiro tornava a capital do Império muito vulnerável. O país corria o risco de sofrer um golpe de Estado.
Foi por isso que, em 12 de agosto de 1834, votou-se uma nova lei para garantir a segurança nacional: o Ato Adicional, que separava a cidade do Rio de Janeiro da Província do Rio de Janeiro, transformando-a em Município Neutro.
ST
AM O
A. J. Pallière, 1819/Sociedade de Geografia de Lisboa/Arquivo da editora
Para capital da nova Província do Rio de Janeiro foi escolhida a Vila Real da Praia Grande. Em 1835, uma lei elevou a vila à categoria de cidade. Em 1841, ela receberia o título de Nictheroy (‘água escondida’, na língua tupi). A separação durou até 1875. Nesse ano, a cidade do Rio de Janeiro juntou-se novamente à Província.
Reprodução do projeto de edificação da nova Vila Real da Praia Grande (atual Niterói), delineado em 1819 por José
Clemente Pereira, primeiro juiz de fora da vila, sobre a planta do terreno.
127
Durante o período regencial várias instituições foram fundadas na cidade do Rio de Janeiro, como o Arquivo Nacional, a Escola de Medicina, o Colégio Pedro II e o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB).
Fundado em 1838, o IHGB ocupa desde a década de 1950 o edifício Pedro Calmon, na bairro da Glória. Conta com dois auditórios, biblioteca com sala de leitura, mapoteca, museu e arquivo.
5
Com base nas informações, responda no caderno. a) Por que o Brasil foi governado por regentes durante o período regencial? Porque o herdeiro, dom Pedro II, não tinha idade para governar, de acordo com a Constituição de 1824.
b) Qual foi o motivo da separação da cidade do Rio de Janeiro da Província, de 1834 até 1875? Em meio às revoltas do período regencial, a capital do Império estava muito vulnerável e foi transformada em Município Neutro a partir da aprovação do Ato Adicional de 1834.
c) Que cidade passou a ser a capital da Província do Rio de Janeiro nesse período? 128
A capital da Província do Rio de Janeiro passou a ser Niterói.
Diomarcelo Pessanha/Arquivo da editora
RA ST
AM O
O Colégio Pedro II (em foto de 2013) foi criado em 1837. Primeira instituição secundária oficial do Brasil e primeira escola no país a adotar aulas de História, o colégio teve entre seus professores personalidades como o escritor Joaquim Manuel de Macedo, o poeta Gonçalves Dias e o historiador Capistrano de Abreu.
Bárbara Olyveyras/D.A Press
Joaquim Manuel de Macedo, autor do romance A Moreninha, além de outras obras, como O moço loiro e Memórias da rua do Ouvidor, escreveu um dos primeiros livros para o ensino de História, Lições de História do Brasil (1861-1865).
O Rio de Janeiro no Segundo Reinado Observe a imagem abaixo e leia a legenda para saber o que a imagem representa. A coroa•‹o do imperador dom Pedro II.
ST
RA
F. R. Moreaux, 1842/Museu Imperial, Petrópolis
O ato de coroa•‹o do imperador dom Pedro II, 1842, —leo sobre tela de Fran•ois RenŽ Moreaux, pintor nascido na Fran•a e radicado no Rio de Janeiro.
Numa tentativa de dar fim à crise do Império no período regencial, a Assembleia Geral (ou Parlamento) decidiu antecipar a maioridade de Pedro de Alcântara. Assim, em julho de 1840, o jovem Pedro foi coroado imperador do Brasil, com apenas 14 anos de idade.
Col. Orleans e Bragan•a/Museu Imperial; Petrópolis
AM O
Teve início um período mais tranquilo na política do país. Logo nos primeiros anos do governo de dom Pedro II, as revoltas foram sufocadas. Ao mesmo tempo, o país entrava em uma fase de crescimento econômico. A produção de café crescia sem parar. Milhões de sacas de café eram vendidas a outros países. Muito dinheiro era ganho com essas vendas. O Segundo Reinado foi um período de grande prosperidade para a Província do Rio de Janeiro.
Em 1843, dom Pedro II casou-se com dona Teresa Cristina Maria de Bourbon das Duas Sicílias, nascida em Nápoles, na península Itálica. A imperatriz marcou sua presença na Corte como uma mulher suave e discreta. Tinha grande interesse pelas artes e empenhava-se em ajudar os necessitados.
Imperatriz Thereza Christina, fotopintura
de J. Courtois a partir de fotografia do ateli• Carneiro & Gaspar, c. 1870.
O casal teve quatro filhos: Pedro, Isabel, Leopoldina e Afonso. Os dois meninos faleceram ainda pequenos. Isabel, a segunda filha, foi educada então para assumir o governo como sucessora do pai. 129
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Ale Silva/Futurapress
Dom Pedro II e sua família costumavam passar os verões em seu palácio de Petrópolis. Transformado em Museu
Imperial, nele estão expostos objetos, instrumentos musicais, móveis, joias, louças, quadros, fotos e documentos da época do Segundo Reinado. Foto de 2013. A coroa que foi usada por dom Pedro II contém 639 brilhantes.
AM O
O setor de Educação Patrimonial do Museu Imperial desenvolve projetos voltados para crianças e jovens. O Projeto Dom Rat‹o Ž um teatro de fantoches que conta a hist—ria de dom Ratão e sua fam’lia. Um Sarau Imperial Ž uma dramatização que reœne mœsica, poesia e temas relativos ao sŽculo XIX extra’dos da correspond•ncia particular da fam’lia imperial.
Transformaç›es importantes ocorreram no Segundo Reinado. Em 1854, foi constru’da a primeira estrada de ferro do Brasil, por iniciativa do barão de Mau‡. Essa linha fŽrrea ligava o antigo porto de Mau‡, no atual munic’pio de MagŽ, ˆ Raiz da Serra da Estrela, no caminho de Petr—polis.
A pena de ouro, cravejada de 27 diamantes e 25 pedras vermelhas, era passada de geração em geração ao primogênito da família. Foi com ela que a princesa Isabel assinou a Lei Áurea.
Fotos: Museu Imperial, Petrópolis/Arquivo da editora
ST
Você sabia ?
Um ano depois, começou a ser constru’da uma ferrovia para ligar o Rio de Janeiro a São Paulo pelo Vale do Para’ba: a Estrada de Ferro Dom Pedro II (atual Estrada de Ferro Central do Brasil), cuja estação vemos representada na p‡gina ao lado. O primeiro trecho dessa ferrovia foi inaugurado em 1858, mas sua construção s— foi terminada em 1875, quando a produção de cafŽ no Vale do Para’ba j‡ estava em decl’nio. Em 1861, foi inaugurada a primeira estrada de rodagem brasileira, a União e Indœstria, ligando Petr—polis a Juiz de Fora, em Minas Gerais. Em 1862, a Companhia de Barcas a Vapor iniciou as operaç›es de transporte mar’timo entre o Rio de Janeiro e Niter—i.
130
S. A .S im
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Antiga Estação da
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Estrada de Ferro Dom Pedro II, cuja construção teve início em 1855. Gravura de Sébastien Auguste Sisson, cerca de 1858-1862.
ST
A partir de 1870, ano que marcou o fim da guerra do Paraguai, na qual o Brasil estava envolvido, o Segundo Reinado entrou em crise. Nesse ano foi elaborado o Manifesto Republicano de 1870, que pedia o fim da monarquia.
AM O
Nos três per’odos em que dom Pedro II teve de viajar para tratar de assuntos no exterior, ap—s a guerra do Paraguai, a princesa Isabel assumiu o governo. Ao ocupar o trono pela primeira vez, com 24 anos, ordenou a libertação de todos os trabalhadores escravizados pertencentes ao governo e aprovou a Lei do Ventre Livre, que libertou os filhos das mulheres escravizadas. Durante a œltima regência, iniciada em 5 de janeiro de 1887, assinou a Lei çurea, no dia 13 de maio de 1888, abolindo definitivamente a escravidão no Brasil.
Rovello/Museu Hist—ri
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Embora a historiografia oficial dê pouco destaque ˆs regências da princesa Isabel, suas iniciativas como governante foram de grande import‰ncia para o Brasil. AlŽm de sua adesão ˆ causa abolicionista, ela foi a principal responsável pela aprovação de decretos referentes ao estabelecimento de relações comerciais com pa’ses vizinhos, ˆ naturalização de estrangeiros, ˆ organização do primeiro recenseamento do ImpŽrio, ao desenvolvimento do transporte ferroviário e ˆ solução de questões de limites territoriais.
Princesa Isabel, regente do
Brasil. Óleo sobre tela de Rovello, c. 1887.
Com o retorno do imperador, em agosto de 1888, a princesa Isabel deixou a regência aclamada pelo povo, que a chamava de Òa RedentoraÓ. A abolição, como era esperado, desagradou aos fazendeiros fluminenses, que reclamaram indenizações pela perda de seus ÒbensÓ. Não atendidos, muitos deles aderiram ao movimento republicano. 131
Observe a charge:
6a) Dom Pedro II Ž A charge do ilustrador Agostini empurrado do trono por um ridicularizava dom Pedro II. A legenda homem fardado (que representa a Repœblica), dizia o seguinte: ÒAs falas do trono enquanto Ž observado do fabricadas pelos nossos governos camarote por duas figuras: parecem n‹o ter outro fim sen‹o um palha•o e um ind’gena, abalar o pr—prio trono e colocar a que simboliza o Brasil. Embaixo, ˆ direita, um grupo Monarquia em trist’ssima posi•‹oÓ. de homens parece se divertir com o epis—dio.
RA
a) Descreva no caderno os principais aspectos da charge.
b) Qual foi o objetivo do artista ao criar essa charge? Explique no caderno. 7
Essa charge foi publicada em 1882 e tem um conteœdo pol’tico, de cr’tica ˆ fase final da Monarquia. Explique aos alunos que charge Ž uma ilustra•‹o caricatural.
Leia o texto e responda às questões a seguir.
AM O
ST
Não é de hoje que aumentos das tarifas de transporte público tornam-se estopim para manifestações e revoltas populares no Brasil. Em 1880, a cobrança de uma taxa na passagem de bonde transformou a capital do Império, o Rio de Janeiro, em praça de guerra — e contribuiu para desestabilizar a monarquia brasileira, que cairia nove anos depois. O movimento, considerado o primeiro grande distúrbio urbano no país pela melhoria dos serviços públicos, ficou conhecido como Revolta do Vintém. Pelo menos três pessoas morreram e centenas ficaram feridas durante os dias em que a confusão tomou conta das ruas do Rio. Um vintém equivale a menos de 20 centavos em dinheiro de hoje, mas o cálculo é uma aproximação. A revolta começou em 13 de dezembro de 1879, quando a Coroa anunciou um imposto de 20 réis — equivalente a um vintém - sobre as tarifas de bondes puxados a burro, um dos principais meios de transporte da população na época. Fonte: Marcus Lopes. Revolta do Vintém, o passe livre do século 19. Em: Aventuras na Hist—ria ed. 121, ago. 2013. Disponível em: <http://guiadoestudante.abril.com.br/aventurashistoria/revolta-vintem-versao-passe-livre-seculo-19-748808.shtml>. Acesso em: 22 ago. 2013.
a) Como se chamou a revolta citada no texto e qual foi a sua causa? Explique no Revolta do VintŽm, que come•ou em 13 de dezembro de 1879, quando a Coroa anunciou um imposto de 20 caderno. rŽis Ñ equivalente a um vintŽm Ñ sobre as tarifas de bondes puxados a burro, um dos principais meios de transporte da popula•‹o na Žpoca.
b) Você tem conhecimento de revoltas populares recentes cujo motivo tenha sido o aumento em tarifas de transporte? Escreva no caderno.
7b) Resposta pessoal. O aluno pode mencionar, por exemplo, manifesta•›es contra o aumento das tarifas de transporte pœblico que ocorreram em diversas cidades no Brasil, incluindo o Rio de Janeiro, a partir de junho de 2013. Esclare•a aos alunos que esses protestos se diferenciam bastante do que aconteceu na dŽcada final do ImpŽrio. ÒAmbos tiveram como estopim o aumento do custo das passagens do transporte pœblico, depararam-se com rea•›es violentas da pol’cia e a quest‹o inicial
Saiba mais !
Veja no final do livro as se•›es A hist—ria no cinema e Sugest›es de leitura e sites da internet relacionados aos temas estudados no cap’tulo. 132
Angelo Agostini/Revista Illustrada, 1882/Arquivo da editora
6
dos transportes apontou para outros problemas enfrentados pela popula•‹oÓ, afirma o historiador Cl‡udio Batalha. E acrescenta: ÒMas na Revolta do VintŽm as lideran•as pol’ticas tiveram papel essencial, enquanto o processo recente Ž muito mais horizontalizadoÓ.
O Rio de Janeiro de Machado de Assis
RA
Machado de Assis é considerado por muitos especialistas o maior escritor brasileiro de todos os tempos. Além de contos, poemas e romances, ele escreveu sobre a vida cotidiana no Rio de Janeiro durante o Segundo Reinado.
Marc Ferrez, C. 1890/Acervo IMS, Rio de Janeiro
MEMîRIAS do ImpŽrio
Acervo da Autora/Arquivo da editora
AM O
ST
Neto de um ex-escravo, nascido em uma Òcasa de agregadosÓ de uma fazenda do Rio de Janeiro, em 1839, Machado de Assis enfrentou tanto o preconceito pela cor da pele quanto o preconceito pela origem humilde. Contempor‰neo do Segundo Reinado, ninguŽm narrou melhor do O escritor Machado de Assis que ele as contradi•›es da sociedade de seu tempo. fotografado em 1890 por AlŽm de ter sido um dos cronistas mais importantes de Marc Ferrez. sua Žpoca, mestre do romance e do conto, Machado foi funcion‡rio pœblico e chegou a ser assessor de ministro. Em 1896 fundou a Academia Brasileira de Letras. O ÒBruxo do Cosme VelhoÓ (bairro carioca onde morou durante a maior parte de sua vida), como era conhecido, presenciou a queda da Monarquia e o nascimento da Repœblica; acompanhou a Guerra do Paraguai (1865-1870); testemunhou a instala•‹o dos primeiros telefones (1878), a introdu•‹o dos bondes de tra•‹o animal (1868) e dos bondes elŽtricos (1892), o voo inaugural do 14-Bis de Santos Dumont, entre outros acontecimentos. Foi autor de obras-primas como Quincas Borba, Dom Casmurro e Memórias póstumas de Brás Cubas. Com este, publicado em 1881, Machado revolucionou a literatura brasileira ao utilizar o humor e a ironia para tratar de assuntos n‹o muito divertidos, como a pol’tica. Embora monarquista, o escritor era Largo do Botic‡rio, no Cosme Velho, em foto de 2010. liberal e abolicionista. O bairro foi imortalizado por Machado de Assis, o ÒBruxo do Cosme VelhoÓ.
Fonte: Revista Entrelivros, nov. 2005, p. 33. Biblioteca Entrelivros. Retratos do Brasil, edi•‹o especial, n. 8. S‹o Paulo: Duetto.
133
Capítulo
12
O Rio de Janeiro e o nascimento da República
AM O
Pátria, 1919, pintura de Pedro Bruno, artista nascido na ilha de Paquetá (RJ) em 1888 e falecido na cidade do Rio de
Janeiro em 1949.
Para observar, analisar e compreender Depois de observar a pintura, responda:
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Mulheres costurando, três bebês e uma criança abraçada a uma grande bandeira do Brasil.
O que você vê nessa imagem? Descreva-a no seu caderno.
O que ela significa, na sua opinião? Consulte o Manual do Professor.
Converse com o professor e os colegas sobre suas observações.
Pedro Bruno, 1919/Museu da República, Rio de Janeiro
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Observe a imagem.
RA
Com a conquista da independência pelo Brasil, em 1822, o Rio de Janeiro passou a ser capital do Império. Neste capítulo vamos estudar como ocorreu o nascimento da República e conhecer os principais acontecimentos que marcaram a história do Rio de Janeiro nas primeiras décadas do Brasil republicano.
A República no Brasil
RA
Nessa data, logo após a proclamação, as tropas militares republicanas, comandadas pelo marechal Deodoro da Fonseca, saíram em desfile pela rua do Ouvidor, no centro da cidade do Rio de Janeiro. A multidão aí reunida para assistir à passagem do cortejo aplaudia, surpresa. Republicanos, como José do Patrocínio, Lopes Trovão e Silva Jardim, discursavam das sacadas das redações dos jornais.
A. Bellenger/L’illustration, 1889/Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro
A imagem da abertura do capítulo é uma representação simbólica do nascimento da República do Brasil. Como vimos no capítulo anterior, desde 1870 os descontentes com o regime monárquico apoiavam a causa republicana, que alcançou seus objetivos no dia 15 de novembro de 1889, quando foi proclamada a República.
ST
Observe a cena representada na ilustração ao lado.
Correio do Povo, 1889/Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro
AM O
La Révolution Brésilienne (A Revolução Brasileira), desenho de A. Bellenger, publicado no periódico francês LÕIllustration de 21 de dezembro de 1889. Na imagem, o marechal Deodoro da Fonseca, Benjamin Constant e outros líderes do movimento republicano desfilam à frente das tropas na rua do Ouvidor, após a proclamação da República. Em destaque na cena o edifício sede do jornal O Paiz.
A Proclamação da República foi muito festejada pelos republicanos e pela imprensa. Desde 1870, quando foi redigido o Manifesto Republicano, os jornais combatiam a Monarquia e faziam intensa propaganda da República. Observe à esquerda a reprodução da primeira página do jornal Correio do Povo do dia 15 de novembro de 1889, comemorando o acontecimento. Na Monarquia o rei representava a nação e sua vontade devia ser obedecida por todos. Na República a ideia era que houvesse participação coletiva nas decisões políticas do país. Será que isso aconteceu na prática?
Reprodução da primeira página do jornal Correio do Povo, de 15 de novembro de 1889.
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A ilustração que vimos no alto da página anterior representa a rua do Ouvidor em clima de festa. Será que essa imagem é fiel à realidade da época? Será que toda a população comemorou a República ou teve motivos para comemorá-la? Aqueles que receberam a notícia com alegria eram quase todos republicanos de origem europeia, com boa formação intelectual e boa situação financeira. A grande maioria da população, porém, aceitou o novo regime sem grandes reações. Não ofereceu resistência à República, mas também não teve participação no episódio da proclamação.
RA
A forma passiva com que a maior parte da população assistiu à Proclamação da República e à deposição do imperador dom Pedro II causou espanto em algumas pessoas. Em uma carta endereçada ao jornal Diário Popular em 18 de novembro de 1889, o republicano Aristides Lobo escreveu: O povo assistia àquilo bestializado, sem voz, surpreso, sem saber o que aquilo significava. Muitos acreditavam sinceramente estar vendo uma parada.
ST
A falta de participação política do povo brasileiro era motivo de piada para muitos. Daí criou-se uma personagem, um palhaço chamado “Zé Povo”, que era usada para criticar a situação.
AM O
Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro/Arquivo da editora
O texto de Aristides Lobo deu origem à expressão bestializado, usada para expressar ausência de reação.
No dia 16 de novembro de 1889, foi formado um Governo Provisório. O marechal Deodoro da Fonseca assumiu a Presidência. O novo governo tomou uma série de medidas. A primeira delas foi a expulsão da família real do Brasil. Outras medidas foram a criação da bandeira da República; o estabelecimento de uma República Federativa, que transformava as províncias em estados da Federação; a nomeação de go “Zé Povo”, caricatura da época representando o povo brasileiro. vernadores para os estados; a promulgação da primeira Constituição Republicana, em 24 de fevereiro de 1891. Com a República, a província do Rio de Janeiro passou a se chamar estado do Rio de Janeiro. A cidade do Rio de Janeiro, sede do governo nacional, tornou-se Distrito Federal.
Eram muitas as mudanças no final do século XIX. Muitos estavam otimistas, mas a realidade não era tão “cor-de-rosa”. Com a abolição da escravidão, por exemplo, uma enorme população formada por ex-trabalhadores escravizados e seus descendentes ficou praticamente abandonada, excluída, à margem da vida social. Essas pessoas tiveram muita dificuldade de se integrar à sociedade e encontrar trabalho. Apesar de todas as mudanças ocorridas no Brasil no final do século XIX, uma coisa permanecia: o preconceito.
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ƒ bom lembrar que n‹o era apenas a popula•‹o afrodescendente que sofria os efeitos do preconceito. TambŽm as mulheres (principalmente aquelas que n‹o pertenciam ˆ elite e ˆ nobreza) eram discriminadas. Aquelas que ousavam contrariar as regras estabelecidas eram marginalizadas pela sociedade.
Uma mulher rompe as regras
RA
Francisca Edwiges Neves Gonzaga foi uma das mulheres que contrariaram os costumes do sŽculo XIX. Chiquinha Gonzaga, como ficou conhecida, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1847. Filha mais velha do major do ExŽrcito Imperial, JosŽ Basileu, e de dona Rosa, mulher de origem humilde, Chiquinha adorava mœsica desde crian•a. Leia o texto a seguir, extra’do de um livro infantil sobre a vida de Chiquinha.
AM O
ST
Chiquinha pediu ao pai e ganhou dele um piano, se dedicou muito ao instrumento, tomando aulas com um professor e praticando com o seu tio e padrinho Antônio Eliseu. Todos os dias, o tio Antônio, que era flautista, visitava o sobrado da rua do Príncipe. Era ele quem levava as músicas da moda. Criança nunca atravessava os portões; estudava em casa e brincava no quintal. Mas os sons da rua chegavam a Chiquinha. Eram cantos de vendedores, hinos religiosos, […] pequenas bandas. E sinos e gritos e assobios. Aos 11 anos Chiquinha já tocava […]. A casa vivia sempre animada pelo seu piano.
Chiquinha lutou contra os preconceitos da sociedade de seu tempo. Rejeitou certas regras da Žpoca, que n‹o permitiam ˆs mulheres comuns expressar ideias pr—prias, exercer atividades profissionais ou participar da vida pol’tica. Talentosa e criativa, Chiquinha foi a primeira compositora profissional brasileira.
Autoria desconhecida/Arquivo da editora
Fonte: Edinha Diniz; Angelo Bonito. Chiquinha Gonzaga. 2. ed. São Paulo: Callis, 2000.
Chiquinha Gonzaga foi tambŽm uma das principais defensoras da aboli•‹o da escravatura. Para ajudar a causa abolicionista, ela chegou a vender suas mœsicas para, com o dinheiro obtido, comprar a alforria de trabalhadores escravizados. A pianista e compositora Chiquinha Gonzaga, primeira maestrina brasileira, em foto do século XIX.
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Estefan Radovicz/CPDOC JB
Algumas de suas músicas são executadas até hoje em bailes carnavalescos, como a marchinha Ô abre alas, de 1889 (ano da Proclamação da República): Consulte o Manual do Professor.
Sai Deodoro, entra Floriano
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Ô abre alas que eu quero passar Ô abre alas que eu quero passar Eu sou da Lira não posso negar Eu sou da Lira não posso negar Livro de partituras de obras para
piano, de Chiquinha Gonzaga.
ST
Novidades e crises marcariam o ano de 1891. Em janeiro, o chefe do governo provisório demitiu todo o Ministério. Mesmo sob forte oposição, no dia 25 de fevereiro Deodoro conseguiu se eleger à Presidência da República pela votação dos congressistas (deputados e senadores), pressionados pelos militares. Como vice-presidente foi eleito o marechal Floriano Peixoto.
A Constituição brasileira de 1891 estabeleceu os poderes federais: Legislativo (Senado e Câmara Federal, que formavam o Congresso Nacional); Executivo (presidente, vice-presidente e ministros); e Judiciário (juízes e tribunais federais). Em 29 de junho foi aprovada a primeira Constituição do estado do Rio de Janeiro.
A primeira providência do marechal Floriano ao assumir a Presidência foi reabrir o Congresso, que havia sido fechado por Deodoro da Fonseca. Em seu governo, Floriano Peixoto teve de enfrentar vários movimentos revoltosos. No Rio de Janeiro, além das revoltas da Fortaleza de Santa Cruz e do Forte de Lage, que exigiam novas eleições presidenciais, houve a Revolta da Armada, em setembro de 1893. Liderada pelo almirante Custódio de Melo, foi um movimento organizado por grupos da Marinha que se opunham à permanência de Floriano Peixoto no governo. Observe ao lado a representação do episódio em uma pintura da época. Revolta da Armada, 1893, óleo sobre tela de A. A. Santos.
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A. A. Santos, 1893/Arquivo da editora
AM O
Em outubro, Deodoro deu um golpe de Estado e fechou o Congresso Nacional. No dia 23 de novembro, uma frota ancorada na baía de Guanabara apontava seus canhões para a capital, exigindo a renúncia do marechal. Deodoro foi obrigado a se demitir, transferindo o cargo a seu vice, Floriano Peixoto.
Várias construções situadas na área urbana e em bairros de Niterói foram destruídas pelos tiros de canhão. Essa foi a principal causa da transferência provisória da capital para Petrópolis e da divisão de seu território: bairros próximos passaram a formar o município de São Gonçalo. Niterói só voltou à condição de capital do estado em 1903, em grande parte devido à sua proximidade da cidade do Rio de Janeiro. Em 1894, foi eleito sucessor de Floriano Peixoto o paulista Prudente de Morais, um republicano civil (não militar) que governou até 1898. 1
RA
ST
Ilustração de Angelo Agostini publicada na Revista Illustrada número 607, de 12 de novembro de 1890.
AM O
A. Agostini/Revista Illustrada/Museu da República, Rio de Janeiro
Observe a imagem abaixo e em seguida responda às questões:
2
1a) O aniversário de um ano da República. A legenda da imagem indica isso: Um anno! 15 de Novembro de 1890.
a) O que a imagem representa? Explique no caderno como você chegou a essa conclusão. b) Quem é a personagem que está segurando a menina? O marechal Deodoro da Fonseca.
c) O que a menina representa? A República.
Vimos que, com a proclamação da República pelo marechal Deodoro, os militares tomaram o poder. Vimos também que, em 1891, Deodoro deu um golpe de Estado. a) O que é um golpe de Estado? Procure o significado dessa expressão no Glossário e de Estado é um ato contra a ordem constitucional do país e pelo qual um setor do anote-o no caderno. Golpe Estado (nesse caso, o exército) assume todo o poder. b) Que relação existe entre a tomada do poder pelos militares por meio da Proclamação da República e o golpe de Estado? Explique no seu caderno.
A Proclamação da República foi obra principalmente dos militares, que deram um golpe de Estado ao depor dom Pedro II. Sentindo-se fortalecido, Deodoro tentou novo golpe de Estado em 1891.
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M. L. Rodrigues, S.d./Museu de Arte da Bahia
A Belle Époque e a reforma urbana da capital Você sabe o que representa a imagem ao lado? A República. A expressão francesa Belle Époque (‘bela época’) passou a designar um período marcado por profundas transformações culturais e inovações tecnológicas (como o telefone, o telégrafo sem fio, o cinema, a bicicleta, o automóvel e o avião).
RA
Paris, capital da França, era considerada o centro da cultura mundial. Nesse clima de otimismo, em 1902, sob o governo do presidente Rodrigues Alves (1902-1906), teve início a maior reforma urbana já vista pela cidade do Rio de Janeiro.
AM O
Manuel Lopes Rodrigues (1861-1917). À época da proclamação, diversos artistas representaram a República de forma simbólica como uma mulher que defendia a liberdade com uma espada na mão.
Até o início do século XX grande parte da população pobre da cidade do Rio
de Janeiro habitava cortiços do centro, como este da rua dos Inválidos, fotografado em 1905.
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Augusto Malta, 1905/Col. G. Ermakoff/Arquivo da editora
Alegoria da República, pintura de
Augusto Malta, 1906/Arquivo da editora
ST
Rodrigues Alves queria transformar o Brasil em um país “civilizado” e o Rio de Janeiro em cartão-postal do país. Para isso, o presidente nomeou prefeito da capital o engenheiro Francisco Pereira Passos e lhe deu a tarefa de reformar e sanear a cidade. De fato, no início do século XX, o Rio de Janeiro era uma cidade um tanto suja e sujeita a diversas epidemias. No centro da capital havia muitos quiosques (locais de venda de petiscos e outros produtos bastante consumidos pela população pobre) e cortiços como os das fotos abaixo.
Moradores à porta de um dos
cortiços do centro do Rio de Janeiro, em 1906.
Autor Desconhecido/Funda•‹o Biblioteca Nacional, RJ
Leia os versos escritos pelo tatuador Madruga e recolhidos pelo jornalista e cronista Paulo Barreto, conhecido como João do Rio. Venha quanto antes D. Elisa Enquanto o Chico Passos não atiça Fogo na cidade.
RA
Fonte: João do Rio. A alma encantadora das ruas. Rio de Janeiro: Ed. da Org. Simões, 1951. p. 56.
Caricatura do escritor Paulo Barreto, o João do Rio, figura lendária do mundo artístico do Rio de Janeiro no início do século XIX, autor do livro A alma encantadora das ruas.
AM O
(…) o prefeito Pereira Passos queria transformar o Rio de Janeiro numa nova e moderna cidade (...). Para isso ordenou o “bota abaixo!”. A construção da avenida Central começou em fevereiro de 1904 e arrasou o velho centro em poucos meses para abrigar uma via que reuniria as melhores casas comerciais, grandes companhias, jornais e prédios públicos. Cruzava a área mais antiga da cidade, ligando o porto à praia de Santa Luzia, na Trecho da avenida Central fotografado por Augusto Malta em 1905. base do morro do Castelo. (...) As demolições destruíram cerca de 2 700 prédios, arrasando o labirinto de ruelas estreitas da cidade velha. (...) O custo social foi enorme. A obra desabrigou milhares de pessoas, cujo modo de vida foi totalmente desorganizado.
Augusto Malta, 1922/Arquivo da editora
ST
Você sabe a que se referem os versos acima? Se você respondeu que eles se referem à reforma urbana comandada pelo prefeito Pereira Passos, acertou! Batizada pelo povo de “bota abaixo”, a reforma foi uma ampla e profunda transformação pela qual passou a cidade do Rio Janeiro a partir de 1902. Na época, ela provocou protestos e foi ridicularizada por muita gente, como atesta o texto a seguir.
Fonte: Elisabeth Von der Weid. Bota abaixo! Revista Hist—ria Viva. São Paulo: Duetto, fev. 2004.
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Entre 1902 e 1906, as principais ruas do centro do Rio de Janeiro foram alargadas e novas vias de circulação foram abertas. Quarteirões inteiros de cortiços foram arrasados. A reurbanização da cidade afetou principalmente a população pobre, obrigada a abandonar suas casas, sem ter para onde ir. A expulsão dos moradores dos cortiços foi um dos fatores que deram origem às primeiras favelas do Rio de Janeiro. A demolição dos velhos casarões, quase todos transformados em pensões baratas, provocou uma séria crise de habitação. Pressionada pelo aumento dos aluguéis, a população se deslocou em direção aos subúrbios e aos morros ao redor da cidade.
RA
Após a proclamação da República, os morros da Providência (que passou a ser chamado popularmente morro da Favela) e o de Santo Antônio foram os primeiros a abrigar barracos no Rio de Janeiro. Muitas das novas habitações eram construídas com restos das demolições da área central da cidade.
A palavra favela teve origem na Guerra de Canudos, ocorrida no sertão nordestino entre 1896 e 1897. O povoado de Canudos foi construído próximo de um morro chamado Favela, nome de uma planta da região. Depois da guerra, alguns combatentes, que voltaram à cidade do Rio de Janeiro, sem condições financeiras, se instalaram no morro da Providência em barracos provisórios. Esse local ficou conhecido como morro da Favela.
ST
AM O
Augusto Malta; 1920/Arquivo geral da cidade do Rio de Janeiro
Você sabia?
Grupo de moradores do morro da Favela fotografado em agosto de 1920.
A Revolta da Vacina
Naquele início do século XX, outra iniciativa do governo geraria protestos. Desde o começo de 1904, o assunto mais discutido em toda a cidade do Rio de Janeiro era a decisão do governo de tornar obrigatória a vacinação. Tratava-se de uma campanha de vacinação em massa conduzida pelo médico sanitarista Oswaldo Cruz. O objetivo era erradicar doenças como varíola, malária e febre amarela, que infestavam o Rio de Janeiro, na época uma cidade com poucas condições de higiene. Essa campanha deu origem a uma grande revolta popular.
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Havia uma sŽrie de motivos para que a popula•‹o se revoltasse: a cren•a de que a vacina•‹o em massa tinha a finalidade de matar os pobres; o descontentamento dos populares pelo fato de terem sido removidos de suas casas nas ‡reas centrais da cidade e empurrados para os morros e periferias; os maus-tratos a que eram submetidos. A vacina obrigat—ria foi o ponto culminante do processo de urbaniza•‹o da cidade, que deveria ganhar ares de modernidade, refletindo as mudan•as estabelecidas pela Repœblica. No entanto, essas mudan•as n‹o trouxeram melhorias para a popula•‹o pobre, que foi exclu’da e marginalizada.
RA
O trecho reproduzido abaixo faz parte de uma can•‹o popular da Žpoca, que se refere ao evento. N‹o embarco na canoa Que a vacina me persegue V‹o meter ferro no boi Ou nos diabos que os carregue.
ST
Eu n‹o vou nesse arrast‹o Sem fazer o meu barulho Os doutores da ci•ncia Ter‹o mesmo que ir no embrulho
Fonte: A vacina obrigatória, can•‹o popular da Žpoca, de autoria desconhecida.
AM O
A lei de vacina•‹o, aprovada no dia 31 de outubro de 1904, tornou a vacina obrigat—ria inclusive para estrangeiros em visita ao pa’s. A popula•‹o reagiu com fœria. Muitas pessoas sa’ram ˆs ruas com paus e pedras nas m‹os, montaram barricadas. Houve choques entre os populares e a pol’cia. O epis—dio ficou conhecido como Revolta da Vacina. Leia o registro do escritor Lima Barreto sobre a Revolta da Vacina. Escreva no caderno que ideia o autor expressa no texto. A ideia geral expressa no texto Ž a de que os batalh›es de funcion‡rios pœblicos, que trabalham para o governo na inspe•‹o e seguem suas determina•›es, s‹o gente pobre como os revoltosos, gente do povo.
Autoria desconhecida/Acervo Iconographia/Reminiscências
3
Durante as mazorcas de novembro de 1904, eu vi a seguinte e curiosa coisa: um grupo de agentes fazia parar os cidad‹os e os revistava. O governo diz que os oposicionistas à vacina, com armas nas m‹os, s‹o vagabundos, gatunos, assassinos, entretanto ele se esquece de que o fundo dos seus batalh›es, dos seus secretas e inspetores, que mant•m a opini‹o dele, Ž da mesma gente. Fonte: Lima Barreto. Diário íntimo. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2001. Dispon’vel tambŽm em: <www.dominiopublico.gov.br>.
Lima Barreto, em foto sem data.
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Observe a charge reproduzida a seguir e responda às questões.
4c) Uma seringa, usada para vacinar as pessoas. Ela está representada como se fosse um cavalo, sobre o qual Oswaldo Cruz está montado, em alusão ao comando de um “exército”. Por causa desse episódio, Oswaldo Cruz recebeu o apelido de “Napoleão da seringa”.
RA
O Malho, 1904/Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro
4
Charge publicada na revista O Malho de 29 de outubro de 1904.
a) O que a charge representa? A Revolta da Vacina.
O médico Oswaldo Cruz.
ST
b) Quem é a personagem que aparece no centro da imagem?
c) O que representa o objeto sobre o qual a personagem está montada?
AM O
A rebelião só foi controlada no final de novembro de 1904, quando tropas do governo bombardearam o bairro da Saúde. Esse bairro foi um dos focos da revolta. Observe a foto ao lado.
Revista da Semana, 1904/Arquivo da editora
d) E as figuras que aparecem em fileira atrás da personagem central? Quem elas representam? Atrás dele aparece um batalhão representando os inspetores de saúde pública.
Duas décadas depois, em 1922, o que havia restado do morro do Castelo, no centro da cidade do Rio de Janeiro, foi totalmente destruído. Observe a foto.
As mudanças ocorridas nas primeiras décadas do século XX transformaram radicalmente o local onde se formou, em 1567, o povoamento que deu origem à atual cidade do Rio de Janeiro. Na foto, as obras da segunda fase do desmonte do morro do Castelo, em 1922.
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Augusto Malta, 1922/Arquivo da editora
Barricada na Saúde durante a Revolta da Vacina. O bairro foi o último foco da rebelião. Foto publicada na Revista da Semana, Rio de Janeiro, em 27 de novembro de 1904.
A destruição do morro fez crescer ainda mais a população das favelas que começaram a se formar no início da reforma urbana da cidade. Dessa vez, outros milhares de pessoas foram desalojadas. 5
Pense sobre esta questão: o progresso é sempre bom para todos? Depois de refletir, escreva no caderno um texto justificando sua opinião. Argumente com prós e contras.
Novas agitações
RA
Consulte o Manual do Professor.
Em 1910, uma nova agitação tomou conta da capital federal, conforme registra o texto a seguir.
ST
Em 22 de novembro de 1910 os moradores da cidade do Rio de Janeiro acordaram sobressaltados. Tiros de canhão eram ouvidos por todos os lados. O que estaria ocorrendo dessa vez? Mais uma tentativa de golpe de Estado? Revoltas contra o aumento das passagens dos bondes? Uma nova vacinação obrigatória? Ou alguma outra atitude impopular do governo?
AM O
Fonte: Álvaro Pereira do Nascimento. Contra a chibata, canhões. Revista de História da Biblioteca Nacional. Ano I, n. 9, abr. 2006. p. 18.
Arquivo Edgard Leuenroth-Unicamp/Arquivo da editora
O texto acima se refere a uma rebelião de marinheiros ocorrida como reação aos violentos castigos e às duras condições de trabalho a que eram submetidos. A Marinha brasileira continuava a aplicar castigos corporais como forma de disciplinar os marinheiros, muitos deles negros ou mulatos comandados por oficiais brancos, com um tipo de chicote usado nos tempos da escravidão: a chibata. Decididos a lutar contra essa situação, os marujos tomaram modernos navios de guerra e ameaçaram atacar a cidade com tiros de canhão. A população fugiu, apavorada. Assim começou a Revolta da Chibata, duramente reprimida pelo governo. O líder dos revoltosos se chamava João Cândido Felisberto. Filho de ex-trabalhadores escravizados, ficou conhecido como “Almirante Negro”.
João C‰ndido, o Almirante Negro, em foto de 1910.
145
Leia a seguir trechos da letra de uma can•‹o e depois observe a imagem reproduzida letra de “Mestre-sala dos mares” tem duas versões. A transcrita aqui é a versão original. abaixo. ADurante o regime da ditadura militar a canção recebeu outra letra, devido à censura da época.
ST
Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro/ Arquivo da editora
RA
Há muito tempo nas águas da Guanabara O dragão do mar reapareceu Na figura de um bravo marinheiro A quem a história não esqueceu Conhecido como o almirante negro Tinha a dignidade de um mestre-sala (...) Rubras1 cascatas jorravam das costas dos negros pelas pontas das chibatas Inundando o coração de toda tripulação (...) Salve o almirante negro Que tem por monumento As pedras pisadas do cais
João Cândido era também bordador. No bordado reproduzido acima, ele expressou seu sofrimento pela morte de
companheiros presos durante a revolta. Ele próprio esteve na prisão do quartel da ilha das Cobras por duas vezes. 1
146
Rubras: vermelhas
Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro/Arquivo da editora
AM O
Fonte: Mestre-sala dos mares, de Aldir Blanc e João Bosco, 1975.
Em meados da dŽcada de 1910 Ð Žpoca da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Ð houve no Brasil um grande desenvolvimento da indœstria, com a abertura de milhares de f‡bricas. Ao mesmo tempo, as oligarquias agr‡rias entraram em decl’nio. Para isso contribuiu a forma•‹o de novas camadas sociais urbanas (industriais, classe mŽdia e operariado), que passaram a fazer press›es sobre o governo. Mas o que mais abalou o poder das oligarquias foi o movimento iniciado por jovens oficiais do ExŽrcito (tenentes, em sua maioria), que se rebelaram contra o governo. Esse movimento recebeu o nome de Tenentismo.
RA
Houve revoltas em diversas regi›es do pa’s. A primeira delas ocorreu no Rio de Janeiro, em 1922. Foi a Revolta do Forte de Copacabana, que ficou conhecida como Os 18 do Forte. A foto abaixo registra uma cena relacionada a esse epis—dio.
AM O
ST
Zenóbio da Costa/Acervo Iconographia
Consulte o Manual do Professor para obter mais informa•›es sobre Os 18 do Forte e orientar os alunos na atividade l‡ sugerida.
A foto acima registra Os 18 do Forte em marcha pela avenida Atl‰ntica, em Copacabana, Rio de Janeiro, em 5 de
julho de 1922.
Jornal do Rio Republicano 6
Você sabe como é que se faz um jornal? Que tal produzirmos o nosso próprio jornal? Siga as instruções do professor e mãos à obra! Consulte o Manual do Professor.
Saiba mais Veja no final do livro as se•›es A história no cinema e Sugestões de leitura e sites da internet relacionados aos temas estudados no cap’tulo. 147
memórias da república A imprensa feminina O cotidiano das primeiras jornalistas n‹o foi nada f‡cil. Elas eram ridicularizadas em pœblico e acusadas de se envolver em “of’cios masculinos”.
AM O
Entre as jornalistas que lutaram pelo sufrágio feminino no início do século XX, destaca-se Eugenia Álvaro Moreira, que foi considerada a primeira mulher repórter do país. Nesse período, as redatoras militantes incluíram em seus textos as reivindicações quanto à formação profissional das mulheres e à regulamentação do trabalho feminino. Fonte: Schuma Schumaer (Coord.). Um Rio de mulheres. Rio de Janeiro: Redeh, 2003. p. 45.
Reprodu•‹o da primeira p‡gina do jornal A Família, 1889, escrito por Josephina çlvares de Azevedo.
148
Acervo Iconographia/Reminisc•ncias
ST
RA
O primeiro periódico brasileiro feito exclusivamente por mulheres foi O Jornal das Senhoras, fundado pela argentina Joana Paula Manso de Noronha, em 1852, no Rio de Janeiro. Em seu […] lançamento, propunha-se a trabalhar pelo melhoramento social. Afirmava ainda que, para as mulheres gozarem de seus direitos, era necessário tanto o aprimoramento da educação feminina, como a conscientização dos homens de que as mulheres não faziam parte de suas propriedades. Anos depois, surgiram vários outros jornais no Rio de Janeiro. Amélia Carolina da Silva Couto foi responsável pela criação do Eco das Damas, em 1879. Dez anos depois, na época da instalação do regime republicano, chegava ao Rio de Janeiro o jornal A Família, fundado por Josephina Álvares de Azevedo. Esse periódico transformou-se no principal veículo de expressão para dezenas de mulheres em todo o país. As colaboradoras escreviam em defesa do direito ao voto e ao divórcio, além de debaterem entusiasticamente sobre os novos caminhos políticos da nação.
Capítulo
13
O Rio de Janeiro após 1930
AM O
ST
Fundação Getúlio Vargas/Arquivo da editora
Observe a imagem e leia a legenda.
RA
No capítulo anterior nós conhecemos algumas das transformações ocorridas durante os primeiros anos da República no Rio de Janeiro. Neste capítulo vamos estudar outro período tumultuado da vida republicana brasileira.
Participantes de desfile comemorativo do Primeiro de Maio carregam cartaz com foto do presidente Getúlio Vargas
no campo do clube Vasco da Gama, Rio de Janeiro, RJ, em 1942.
Para observar, refletir e compreender Com base no que você observou e leu, responda:
Que evento é representado na foto?
Converse com o professor e os colegas sobre suas observações.
Desfile comemorativo do Primeiro de Maio, em 1942. A foto mostra um cartaz do presidente Que relação tem essa imagem com o tema do capítulo? Getúlio Vargas, cujo nome é mencionado na legenda. Consulte o Manual do Professor.
149
A Repœblica em crise
Fonte: Paulo Teixeira Souza. História do Catete. (Folhetim de cordel.)
ST
Fachada do palácio do Catete, projetado em 1858 pelo arquiteto alemão Gustav Waehneldt (1830-1873).
RA
[...] Daí pra cá o Catete Passou a centro do Brasil De um bairro de passagem Tornou-se um bairro fértil Surgiram vários hotéis, Restaurantes e cafés Cheios de encantos mil.
Acervo da autora/Arquivo da editora
Observe a foto abaixo e leia os versos que a acompanham.
O Museu da República conserva lembranças da época em que o palácio do Catete funcionava como sede do governo federal, entre 1897 e 1960. Na foto, o Salão Nobre do palácio.
150
Sergio Tahuata/Acervo do fotógrafo
AM O
Os versos acima se referem à importância do Catete desde que passou a ser sede do governo federal, em 1897, até a transferência da capital federal para Brasília, em 1960. Nos luxuosos salões do palácio, hoje transformado em Museu da República, declararam-se guerras; tomaram-se importantes decisões políticas; foram recebidos reis, príncipes, artistas e presidentes.
Nas décadas de 1930 a 1950, o palácio do Catete ganharia destaque como palco de acontecimentos marcantes na história do Rio de Janeiro e do país. A década de 1920 foi marcada por agitações sociais, por rebeliões militares e pelo agravamento das divisões políticas entre as oligarquias dominantes.
RA
Na década anterior, ocorrera um forte crescimento do movimento operário no Brasil, com greves por todo o país entre 1917 e 1919. A maior parte do operariado brasileiro era então formada por imigrantes europeus. Os trabalhadores lutavam por direitos sociais e políticos. Eles queriam melhores salários e melhores condições de vida. Mas a resposta das oligarquias no poder era a prisão e a repressão dos operários que faziam greves e manifestações. As crises e os movimentos de caráter político e social indicavam que a maioria da população já não suportava mais a República oligárquica. De fato, ela veio a cair no final da década, com o Movimento de 1930, que muitos denominam “Revolução” de 1930. Observe a charge abaixo.
J. Carlos/Revista Careta, 1917/Fbn, Rio de Janeiro
AM O
ST
Veja acervo do ilustrador J. Carlos disponível na internet, no projeto J. Carlos em revista, em: <www.jotacarlos.org/revista/index.html>. Acesso em: jun. 2014.
Nesta charge de 1917, o ilustrador J. Carlos representou um italiano tentando convencer um trabalhador brasileiro a
fazer greve.
151
O movimento de 1930 Observe o cartaz a seguir e leia seus dizeres. O que ele representa?
ƒ um cartaz de propaganda eleitoral da Allian•a Liberal.
ST
RA
Fac-símile/Arquivo da editora
O cartaz reproduzido ao lado revela a existência de uma organização política chamada Alliança Liberal. Essa organização foi resultado de um acordo entre políticos de Minas Gerais, do Rio Grande do Sul e da Paraíba. Foi formada com o objetivo de se opor ao governo, presidido por Washington Luís. Com o gaúcho Getúlio Vargas como candidato a presidente e o paraibano João Pessoa como candidato a vice, a Alliança Liberal concorreu às eleições que se realizaram no dia 1o de março de 1930.
Cartaz de propaganda da Allian•a Liberal.
Acervo iconographia/Reminiscências
AM O
A derrota de Getúlio Vargas para o candidato do governo, Júlio Prestes, deu início a uma grande agitação política no país. A oposição acusou o governo de ter falsificado a contagem de votos. Alguns meses depois, no final de julho, João Pessoa foi assassinado. O motivo do crime não foi político. Apesar disso, Vargas e seus aliados usaram o assassinato como justificativa de um movimento armado para tomar o poder. Não se tratou, portanto, de uma revolução, mas de um golpe político, que contou com grande apoio popular.
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Populares comemoram no centro do Rio de Janeiro, em 24 de outubro de 1930, o fim da Repœblica olig‡rquica. .
No Rio de Janeiro, militares liderados pelos generais Mena Barreto e Tasso Fragoso depuseram Washington Luís no dia 24 de outubro. Populares saíram às ruas para comemorar o fim da República oligárquica, como registra a foto da página anterior. O governo foi colocado provisoriamente nas mãos de uma junta militar, que decidiu reconhecer Getúlio como chefe do governo provisório. No dia 31 de outubro de 1930, uma multidão se acotovelou nas ruas do Rio de Janeiro para assistir à chegada de Getúlio Vargas, que passaria sua primeira noite no palácio do Catete. Observe a foto abaixo.
ST
RA
CpdoC/Fundação Getúlio Vargas
Getúlio Vargas (de farda), logo após sua chegada ao palácio do Catete no dia 31 de outubro de 1930. À sua esquerda (de chapéu branco), Maria Luísa Beltrão, que faria o discurso de saudação ao chefe do governo provisório.
AM O
No dia 3 de novembro Getúlio Vargas assumiu provisoriamente o governo da República. Nos dois primeiros anos de governo, Getúlio concentrou nas mãos os poderes Executivo e Legislativo. Isso significa que o próprio presidente elaborava as leis do país. Durante a chamada Era Vargas (1930-1945), os antigos governadores estaduais foram substituídos por interventores federais. Vários deles se sucederam na chefia do estado do Rio de Janeiro.
Outra mudança importante desse período foi a atitude do governo em relação aos trabalhadores. Vargas criou o Ministério do Trabalho e estabeleceu leis que atendiam a certas reivindicações da classe operária, como a jornada de trabalho de oito horas por dia e o direito à aposentadoria.
Você sabia ?
A estátua do Cristo Redentor (no morro do Corcovado), um dos principais cartões-postais do Rio de Janeiro e do Brasil, demorou cinco anos para ser construída e foi inaugurada durante o governo de Getúlio Vargas, em 1931. Hoje o monumento é uma das ÒSete Novas Maravilhas do MundoÓ.
1
Reúna-se com os colegas para pesquisar a história do palácio do Catete, desde sua construção até sua transformação em Museu da República. Com os dados anotados, escrevam um texto coletivo, ilustrando-o com fotos antigas e atuais.
Uma boa fonte de consulta é o próprio site do Museu da República: <www.museudarepublica.org.br>. Verifique a possibilidade de levar os alunos para uma visita ao museu, onde eles poderão fazer uma pesquisa no próprio local.
153
Vargas e a “voz do morro”
RA
Em agosto de 1928, Alcebíades Barcelos (conhecido como Bide) e Ismael Silva, juntamente com um grupo de amigos do bairro do Estácio, decidiram criar uma “escola”. Foi assim que nasceu a primeira escola de samba do país, a Deixa Falar, que anos mais tarde passaria a ser a Escola de Samba Estácio de Sá.
Autor desconhecido/Fbn, Rio de Janeiro
Nos últimos anos da década de 1920, começaram a se formar no Rio de Janeiro “associações” criadas por sambistas moradores de bairros pobres e de morros.
Nesta foto, de 1964, Cartola (ao centro) passeia pelo morro da Mangueira. O sambista ganhou esse apelido por
causa do chapéu-coco que usava em seu trabalho de pedreiro. Com muitas músicas gravadas na década de 1930, ficou esquecido até 1950. Retomou sua carreira e gravou seu primeiro disco aos 65 anos de idade, consagrando-se como um dos maiores compositores brasileiros.
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Autor desconhecido/Fbn, Rio de Janeiro
AM O
ST
No ano seguinte, em abril de 1929, Alcebíades Barcelos, o Bide, compositor nascido em Niterói (1902) e falecido no Rio de Janeiro (1975). um grupo de sambistas, que incluía Cartola e Carlos Cachaça, transformava o Bloco dos Arengueiros na Escola de Samba Estação aos alunos que, até por volta de 1934, o termo escola de samba não era usual; era um Primeira de Mangueira. Explique codinome dos mangueirenses, que ainda eram chamados, muitas vezes, de bloco.
Na primeira fase do samba, outros compositores se destacaram, entre eles Sinhô e Heitor dos Prazeres, que, além de sambista, era pintor. Foi um dos fundadores da Escola de Samba da Mangueira.
No entanto, não foi nem no bairro do Estácio nem no morro da Mangueira que o samba nasceu. Foi no bairro da Saúde, mais precisamente na casa da baiana Hilária Batista de Almeida, conhecida como tia Ciata.
Autor desconhecido/MiS, Rio de Janeiro
Heitor dos Prazeres representava em suas telas cenas cotidianas do morro, com personagens em constante movimento. Acima, aquarela de Heitor dos Prazeres intitulada Arcos da Lapa, de 1965.
AM O
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RA
Heitor dos prazeres, 1965/Col. particular, Rio de Janeiro
Observe abaixo a reprodução de uma de suas telas.
A primeira composição registrada em disco foi o samba “Pelo telefone”, de Donga, criado em 1916.
O compositor Donga (Rio de Janeiro, 1890-1974), autor do primeiro samba gravado.
155
RA
MiS, Rio de Janeiro/Arquivo da editora
Nos anos 1920, muitos sambistas começaram a falar em suas composiç›es de sua condição de exclu’dos, ˆ margem da sociedade. No final dessa dŽcada, o samba produzido nos morros começou a ser ouvido e valorizado por outras camadas sociais. TambŽm ocorreu uma aproximação entre os compositores pobres dos morros e das periferias do Rio de Janeiro e músicos origin‡rios de classes mais abastadas, como Noel Rosa.
ST
É importante lembrar aos alunos que a população dos morros era, naquele tempo, assim como hoje, marginalizada e excluída da sociedade por fatores socioeconômicos. Ressalte que a maior parte da população dos morros cariocas continua a ser formada por pessoas pobres e trabalhadoras.
Capa de um disco em vinil do compositor Noel Rosa.
Augusto Malta, 1920/Col. G. Ermakoff/Arquivo da editora
AM O
Nas primeiras dŽcadas do sŽculo XX havia, na cidade do Rio de Janeiro, o carnaval dos pobres, na praça Onze, e o das pessoas mais ricas, nos grandes clubes e nos corsos das avenidas Central e Beira-Mar.
Foliões em foto de Augusto Malta, 1920.
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Augusto Malta, 1930/Col. G. Ermakoff/Arquivo da editora
Corso na avenida Beira-Mar
RA
em foto de Augusto Malta, 1930.
A realização dos desfiles carnavalescos nas avenidas estimulou os sambistas a descerem o morro. Com o tempo, as escolas de samba se tornariam importantes instituições culturais e se transformariam em marca registrada do carnaval do Rio de Janeiro. A foto da página ao lado e a desta página registram duas cenas de carnaval no Rio de Janeiro nas décadas de 1920 e 1930. Observe-as e anote no caderno a principal difeA principal diferença é que a foto de 1920 registra uma cena de carnaval rença que você percebe entre elas. popular, enquanto a de 1930 mostra um corso, manifestação carnavalesca
ST
2
mais sofisticada, restrita às classes mais abastadas da sociedade carioca. Os corsos eram desfiles feitos em carros enfeitados.
Nas primeiras décadas do século XX, os grupos de samba eram malvistos e mesmo perseguidos pela polícia.
AM O
Na década de 1930, com o apoio de Vargas, o samba se transformou em símbolo nacional. Divulgado no final da década, um novo estilo de samba se firmou como uma espécie de identidade nacional: o samba-cívico ou samba-exaltação, inaugurado com “Aquarela do Brasil”. A música foi composta em 1939 por Ary Barroso. Leia abaixo um pequeno trecho da canção.
Brasil, meu Brasil brasileiro Meu mulato inzoneiro Vou cantar-te nos meus versos [...] Trecho de Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, 1939.
3
Que tal pesquisar a letra completa do samba “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso?
a) Organizados em duplas, selecionem as palavras desconhecidas, consultem um diInzoneiro – manhoso; Merencória – melancólica; cionário e anotem o significado delas no caderno. 3a) Sestrosa – esperta; Trigueiro – moreno.
b) Esse é um samba-exaltação. O que isso significa? Consulte o Manual do Professor para demais respostas e comentários desta atividade.
c) Quais são as características do Brasil e do brasileiro destacadas nesse samba? d) Hoje é possível perceber as características nacionais que aparecem na letra do samba? Discutam a questão em grupo e anotem no caderno o resultado da discussão. 157
As mulheres vão ˆs urnas Após uma revolta ocorrida em São Paulo em 1932, que ficou conhecida como Revolução Constitucionalista, no dia 3 de maio de 1933 os brasileiros foram às urnas para eleger a Assembleia Nacional Constituinte, que iria elaborar a nova Constituição. Pela primeira vez no Brasil, a votação foi secreta e as mulheres puderam votar e se candidatar.
RA
Coleção npd/biblioteca do Congresso dos EUA;,Washington d.C.
Desde o Império as mulheres brasileiras reivindicavam o direito ao voto. O movimento ganhou força com o engajamento da zoóloga Bertha Lutz na campanha. Em 1928, ela sobrevoou oito capitais brasileiras distribuindo panfletos nos quais defendia os direitos femininos.
AM O
ST
A campanha deu bons resultados. Em 1932, Getúlio Vargas assinou um decreto garantindo o direito de voto às mulheres.
A zo—loga Bertha Lutz, do Museu Nacional, envolveu-se ativamente no movimento feminista. Foto de 1925.
No ano seguinte, em 3 de maio de 1933, pela primeira vez na história do país as mulheres participaram de uma votação e se lançaram como candidatas. A médica paulista Carlota Pereira de Queiroz foi eleita a primeira deputada federal brasileira; e Bertha Lutz se elegeu como suplente (substituta). A terceira Constituição brasileira incorporou vários artigos que beneficiavam as mulheres, como a regulamentação do trabalho feminino, a igualdade salarial e a proibição de demissão por gravidez. A nova Constituição foi promulgada em 16 de julho de 1934. No dia seguinte, Getúlio Vargas foi eleito presidente da República pelo Congresso Nacional, por meio de uma eleição indireta, sem a participação popular. 4
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As mulheres só conseguiram direito ao voto a partir do código eleitoral de 1932, confirmado na Constituição de 1934. E hoje, como é a participação feminina na política as mulheres participam ativamente do processo como eleitoras e como candidatas? Pesquise. Hoje eleitoral, atravŽs do voto. Nas elei•›es de 2010, quase oitenta anos ap—s a conquista do voto feminino, as mulheres representavam 52% dos eleitores nas urnas, com 69,4 milh›es de votos. Isso significa que, numericamente, as mulheres t•m poder de decis‹o eleitoral. Consulte informa•›es adicionais no Manual do Professor.
O Rio de Janeiro e o Estado Novo Em novembro de 1937, com o apoio das Forças Armadas, Getúlio Vargas deu um golpe de Estado: suspendeu as eleições presidenciais, fechou o Congresso Nacional e impôs uma nova Constituição. Com essas medidas, Vargas assumiu poderes totais. Seu governo tornou-se então uma ditadura, que não permitia a liberdade de imprensa e reprimia toda e qualquer oposição. Assim teve início o período que ficou conhecido como Estado Novo.
Renata Mello/pulsar imagens
ST
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), fotografada em 1946 (ao lado) e em 2013 (abaixo).
AM O
Raul brandão Jr./Agência Estado
Observe as fotos abaixo.
RA
Durante o Estado Novo, Getúlio Vargas passou a incentivar ainda mais a indústria nacional. Em 1941, ele firmou um acordo com os Estados Unidos para a construção da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda. As atividades da CSN só tiveram início em 1946 — quando ela ficou pronta —, dando grande impulso à produção de aço no país.
Em outubro de 1945, Getúlio foi deposto pelos militares. Era o fim do Estado Novo. Começaria uma nova fase na vida política e social no Rio de Janeiro e no Brasil. As transformações ocorridas durante o primeiro período da Era Vargas teriam fortes reflexos nos anos que se seguiram à deposição de Getúlio. Em dezembro de 1945, realizaram-se eleições livres para escolha do presidente da República, dos senadores e deputados federais. O povo elegeu para a Presidência o marechal Eurico Gaspar Dutra, antigo ministro da Guerra, candidato apoiado por Getúlio Vargas, que tomou posse em janeiro de 1946. 159
AM O
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RA
Uma nova Constitui•‹o foi promulgada em setembro de 1946. O Rio de Janeiro continuava a ser governado por interventores federais. Apenas em 1947 foi eleito um governador para o estado, o general Edmundo de Macedo Soares e Silva. Em 1950, ocorreram novas elei•›es presidenciais e Getœlio Vargas foi eleito, agora pelo voto popular. Ao assumir o governo, em 1951, Getœlio voltou a adotar a interven•‹o do Estado na economia e o nacionalismo econ™mico. Por exemplo: em 1953, por influ•ncia sua, apoiada na campanha ÒO petr—leo Ž nosso!Ó, foi criada a Petrobras. Essa empresa pertencia ao Estado e n‹o a empres‡rios particulares. Era por meio de empresas como a Petrobras e a CSN, principalmente, que o governo tinha participa•‹o direta na economia. A pol’tica de Getœlio, considerada populista, contribu’a para aumentar o nœmero de seus inimigos. Seu maior advers‡rio pol’tico era o jornalista Carlos Lacerda, l’der da Uni‹o Democr‡tica Nacional (UDN), um forte partido de oposi•‹o ao governo na Žpoca. Na madrugada do dia 5 de agosto de 1954, um pistoleiro tentou matar Carlos Lacerda quando ele chegava a sua casa, no bairro carioca de Copacabana. Lacerda conseguiu escapar, mas seu acompanhante, o major da Aeron‡utica Rubens Vaz, foi morto. A a•‹o havia sido planejada pelo chefe da guarda pessoal de Getœlio Vargas. O incidente agravou ainda mais a crise pol’tica. Pressionado pela oposi•‹o e abandonado por seus aliados pol’ticos, Getœlio s— tinha uma sa’da: a renœncia. PorŽm, surpreendeu a todos. Enquanto seus advers‡rios j‡ comemoravam a vit—ria, Vargas mudou o rumo da Hist—ria: suicidou-se com um tiro no cora•‹o, no dia 24 de agosto de 1954. Antes, deixou em sua mesa de cabeceira uma carta-testamento, da qual foram extra’dos os trechos abaixo. [...] tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante [...]. Nada mais vos posso dar a não ser meu sangue. [...] Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História. Trechos da carta-testamento de Getúlio Vargas, escrita em 24 de agosto de 1954.
O suic’dio de Getœlio foi tido como seu œltimo ato pol’tico. Ao tomar conhecimento de sua morte, milhares de pessoas sa’ram ˆs ruas para protestar contra a oposi•‹o. Dessa forma, ele impediu o golpe de Estado que levaria seus inimigos ao poder. Jornal do Rio Republicano 5
Vamos continuar a organizar o nosso Jornal do Rio Republicano? Siga as instru•›es do professor e m‹os ˆ obra!
Você sabia ? Veja no final do livro as se•›es A história no cinema e Sugestões de leitura e sites da internet relacionados aos temas estudados no cap’tulo. 160
memórias da política
ST
Com’cio feminino realizado na Esplanada do Castelo, Rio de Janeiro, para propaganda eleitoral da prŽ-candidatura de NatŽrcia da Cunha Silveira, em 6 de maio de 1933.
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Como vimos neste cap’tulo, foi depois de muita luta que as mulheres finalmente conquistaram o direito ao voto na dŽcada de 1930, durante o governo Vargas. Os movimentos femininos organizados foram decisivos para essa conquista.
Acervo iconographia/Reminiscências
A conquista do voto e a emancipa•‹o feminina
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Na Revolução Francesa, associações de mulheres republicanas já reivindicavam que os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade se estendessem ao sexo feminino, mas os avanços obtidos no período foram perdidos em boa parte durante a era napoleônica que se seguiu. Quase na mesma época, Abigail Adams, esposa de John Adams, um dos fundadores da República dos Estados Unidos, pediu em carta ao marido que o texto da Declaração de Independência “se lembrasse das senhoras”. Curioso é que, embora ela tenha sido atendida num primeiro momento, os direitos das mulheres foram retirados da versão final do documento. Alguns consideraram que o movimento feminista teve início de fato em 1848, quando um grupo de senhoras americanas, liderado por Lucretia Mott e Elizabeth Stanton, divulgou manifesto exigindo igualdade de direitos, livre acesso à educação e oportunidades iguais de trabalho e remuneração para todas as mulheres. A partir da segunda metade do século XIX, o movimento de emancipação feminina espalhou-se gradativamente pelo mundo, causando grande polêmica e gerando reações inflamadas de diversos setores do poder instituído. Também no Brasil um número crescente de mulheres passou a assumir abertamente a campanha pela obtenção de seus direitos. Organizando-se em associações e valendo-se fartamente da imprensa, buscavam o apoio de parlamentares e da opinião pública, sem abrir mão, no entanto, de um tom político predominantemente moderado. Entre tais ativistas destacou-se a zoóloga paulista Bertha Lutz (1894-1976), sobretudo por causa da luta que desenvolveu pelo voto feminino, que veio a ser conquistado em 1932. Fonte: Raquel Soihet. Revista Nossa Hist—ria. Ano 1, n. 3, jan. 2004. p. 18.
161
Capítulo
14
O Rio de Janeiro nos “anos dourados”
Vimos que o Rio de Janeiro foi palco dos principais acontecimentos políticos durante o governo de Getúlio Vargas.
AM O
Participantes do concurso de beleza Miss Elegante Bangu desfilam pelo gramado do estádio do Maracanã,
no Rio de Janeiro, na década de 1950.
Para observar, analisar e compreender Com base no que você observou, responda:
Em que lugar ocorreu a cena registrada pela foto? No estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro.
Descreva no caderno os aspectos que mais lhe chamam a atenção na cena.
Que relação tem essa foto com o título do capítulo?
Converse com o professor e os colegas sobre suas observações. Consulte o Manual do Professor.
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Autor desconhecido/IMs, Rio de Janeiro
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Observe a imagem a seguir.
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Neste capítulo nós vamos conhecer os novos tempos da era JK.
Os “anos dourados” de JK e da bossa nova Observe a foto a seguir. Ela significa alguma coisa para você?
RA
Lucio Kodato/Caliban/Embrafilme
É provável que você já tenha ouvido falar de JK, mas saberia dizer quem foi ele? Juscelino Kubitschek, o JK, se comprometeu a ser o último presidente a entrar no palácio do Catete, a sede do governo federal que conhecemos no capítulo anterior.
ST
A ideia de transferir o Distrito Federal já tinha sido pensada na década de 1890. Pois bem. Antes mesmo de ser eleito, durante JK passeia em bonde com destino ao bairro carioca de Cascadura, um comício em abril de 1955, durante campanha presidencial no Rio de Janeiro nos anos 1950. Juscelino prometeu construir uma nova capital federal no planalto Central e inaugurá-la antes do fim de seu mandato. Em janeiro de 1956, ele era eleito presidente da República.
AM O
A promessa de JK foi cumprida. Cinco anos mais tarde, no dia 21 de abril de 1960, Brasília seria inaugurada. Os arquitetos Oscar Niemeyer (foto abaixo) e Lúcio Costa foram os responsáveis pelo projeto da nova Capital Federal.
A intenção do novo presidente era incentivar o progresso econômico estimulando a industrialização. Para isso o governo conseguiu empréstimos e atraiu empresas estrangeiras para o Brasil. Foi assim que as grandes empresas internacionais – as multinacionais ou transnacionais – começaram a se instalar no país. Entre essas empresas estavam as fábricas de automóveis.
Arquivo Folha Imagem/Folhapress
Ao assumir a Presidência da República, Juscelino anunciou um Plano de Metas que previa “cinquenta anos de progresso em cinco de governo”. Esse plano dava especial atenção aos setores de energia, transportes, alimentação, indústria de base e educação.
O arquiteto carioca Oscar Niemeyer (à esquerda) com o presidente Juscelino Kubitschek em Brasília, 1959.
163
Com JK na Presidência tinha início um período marcado pelo otimismo. Tão grande era esse otimismo que muitas pessoas chamam esse período de “anos dourados”. De fato, nele ocorreram profundas transformações econômicas e culturais no Brasil. Por isso, o governo JK tem sido associado a uma imagem de progresso, de modernidade, de um país “ideal”, onde todos eram felizes.
Leia a seguir um trecho de uma composição de Juca Chaves, na qual o autor faz uma aproximação bem-humorada, e também irônica, entre o presidente Juscelino Kubitschek e a bossa nova.
RA
Bossa nova mesmo é ser presidente desta terra descoberta por Cabral. Para tanto, basta ser tão simplesmente simpático, risonho, original.
Trecho da canção “Presidente bossa-nova”, de Juca Chaves.
Autor desconhecido/Fbn, Rio de Janeiro
AM O
ST
Os “anos dourados” marcaram uma mudança de comportamento na sociedade brasileira e aceleraram o processo de urbanização e industrialização do país. No Rio de Janeiro, o desenvolvimento podia ser percebido nas ruas da Zona Sul. A paisagem de bairros antes pacatos, como Ipanema e Copacabana (foto abaixo), se modificava.
Na era JK, o processo de urbanização se intensificou no Rio de Janeiro. A cidade se desenvolveu
e a agitação tomou conta de bairros antes tranquilos, como o de Copacabana. Acima, a avenida Atlântica, na Copacabana dos anos 1950, já tomada pelos automóveis. Note o cartaz de propaganda à direita da foto, indicador da influência das multinacionais no cotidiano brasileiro.
No entanto, o progresso econômico alcançado pelo Brasil durante a era JK também produziu efeitos negativos, trazendo sérias consequências sociais e econômicas: o inchaço das cidades, a falta de empregos e de moradia, o agravamento da pobreza, a marginalidade, além do aumento da dívida externa e a crescente desvalorização da moeda brasileira. Isso provocou a inflação (aumento dos preços dos produtos) e a diminuição do poder aquisitivo da população, além de problemas ambientais: desmatamentos, poluição do ar e das águas, enchentes, deslizamento de morros, etc.
164
RA
Autor desconhecido/Arquivo da editora
Protesto de operários contra a carestia em frente ao Palácio Tiradentes, no centro da cidade do Rio de Janeiro, em
1959. Nem tudo era alegria nos “anos dourados”.
Observe a foto acima. Que problema social e econômico ela retrata? A carestia, ou inflação.
2
Em que aspectos a industrialização, a urbanização e a modernização das cidades são positivas ou negativas? Responda no caderno, justificando sua resposta com base no texto As melhorias urbanas, como iluminação, saneamento, transportes, indústrias, possibilitam empregos e melhores acima. condições de vida. Entretanto, o crescimento da população das cidades em busca de emprego pode levar à falta
3
Leia a seguir o trecho de um poema do compositor, escritor e ator Mário Lago, nascido e criado na cidade do Rio de Janeiro:
ST
1
dessas condições para todos, gerando violência, falta de moradia em condições adequadas e poluição.
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[...] cresci assistindo à constante derrubada de velhos casarões, à permanente substituição de paralelepípedos por asfalto. [...]
Fonte: Mário Lago. Na rolança do tempo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira/São Paulo: Círculo do Livro, [s.d.]. p. 61.
A realidade das mudanças provocadas pela urbanização da cidade do Rio de Janeiro: a derrubada de velhos casarões para dar lugar a edifícios e a substituição das ruas de paralelepípedos por ruas asfaltadas.
Marc Ferrez, C. 1913/Col. Gilberto Ferrez/IMs, Rio de Janeiro
a) Que realidade Mário Lago registrou no texto citado? Responda no caderno. b) Observe a foto abaixo. Qual é a relação entre o poema e a foto?
Vista de Copacabana por volta de 1913 em fotografia de Marc Ferrez. Ao fundo, à esquerda, vê-se a antiga
igrejinha de Nossa Senhora de Copacabana, posteriormente derrubada para a construção do Forte de Copacabana, inaugurado em 1914. A foto mostra os antigos casarões citados no poema, que não existem mais.
165
Você sabia ? O nome do bairro carioca Copacabana tem origem religiosa. Conta-se que uma imagem de Nossa Senhora de Copacabana foi trazida de uma pen’nsula entre o Peru e a Bol’via, ˆs margens do lago Titicaca, para a igrejinha situada no local onde Ž hoje o Forte de Copacabana.
4
RA
Acervo sergio Fridman/Arquivo da editora
AM O
ST
Acervo Elysio belchior/Arquivo da editora
Agora observe estas duas imagens do bairro de Ipanema:
O bairro de Ipanema mostrado em cartão-postal colorido de 1917 (no alto) e fotografado
nos anos 1950 (acima). Ao fundo das duas imagens, o morro Dois Irmãos.
a) Em que ano essas imagens foram produzidas? Em 1917 e nos anos 1950. b) Compare as duas fotos e observe as mudan•as e perman•ncias registradas na O morro ao fundo, o mar e a praia permanecem nas duas fotos, mas paisagem. Anote-as no seu caderno. na mais recente a avenida à beira-mar aparece reurbanizada, com 166
canteiros, etc., e há mais construções, até mesmo um edifício com vários andares, mais ao fundo.
O cenário cultural dos anos 1950
AM O
ångela Maria (1954) e Vera Lœcia (1955),
em foto de 1953.
Os reis do rádio também faziam sucesso: Cauby Peixoto, Nelson Gonçalves, Lúcio Alves, Ivon Curi, Dick Farney e outros, além de grupos vocais como os Garotos da Lua e Os Cariocas. Esse grupo é o único da época que se mantém ativo desde sua criação, em 1942, e ainda conta com um dos integrantes de sua formação original, o maestro Severino Filho. AtŽ o fechamento da edição deste livro, em junho de 2014, o grupo Os Cariocas se mantinha em atividade.
em foto de 1955. Acervo badeco/Arquivo da editora
Emilinha Borba (1953) e Mary Gonçalves (1952),
Jean solari/Arquivo da editora
ST
Arquivo O Globo/Agência O Globo
RA
A primeira transmissão oficial de rádio no Brasil aconteceu no dia 7 de setembro de 1922, como parte das comemorações do centenário da Independência. Uma estação instalada pela empresa estadunidense Westinghouse Electric Company colocou no ar o discurso inaugural do então presidente da República, Epitácio Pessoa. Em seguida, foi transmitida ao vivo do Theatro Municipal a ópera O Guarany, de Carlos Gomes. A carioca Maria Beatriz Roquette-Pinto foi a primeira locutora de rádio do país. Nos anos 1950, o rádio vivia seu auge. Milhares de fãs lotavam os auditórios das emissoras para ver seus ídolos de perto. Havia votações para eleger as rainhas do rádio: Marlene, Emilinha Borba, Dalva de Oliveira, Mary Gonçalves, Ângela Maria e Dóris Monteiro, entre outras. Observe abaixo algumas das “rainhas do rádio” fotografadas na década de 1950.
Os Cariocas (Waldir, Ismael Neto, Severino Filho, Badeco e Quartera) cantam acompanhados de Tom Jobim ao piano. Foto de 1954.
167
Autor desconhecido/Fbn, Rio de Janeiro
Nesse cen‡rio despontou a cantora e compositora Dolores Duran, que se destacou ao criar uma nova forma de interpretar o samba, alŽm de compor preciosidades da mœsica popular. Dolores foi uma mulher ˆ frente de seu tempo, desafiando os padr›es tradicionais da Žpoca ao manter um estilo de vida fora do convencional. Em 1958, ano em que a seleç‹o brasileira de futebol conquistou sua primeira Copa do Mundo, tinha in’cio no Rio de Janeiro uma revoluç‹o musical: a bossa nova.
RA
Pode-se dizer que a bossa nova começou a nascer a partir do encontro do poeta Vinicius de Moraes e do pianista e maestro Ant™nio Carlos Jobim. A parceria teve in’cio no ver‹o de 1956. Vinicius estava em busca de um compositor para escrever as mœsicas para a sua peça Orfeu da Conceição. Foi ent‹o que o apresentaram ao jovem e quase desconhecido Tom Jobim.
Com sua voz versátil e suas
composições inspiradas, Dolores Duran conquistou muitos admiradores, até mesmo os ouvintes da Rádio Nacional, a maior emissora da época.
Vinicius de Moraes lê o primeiro ato da peça Orfeu da
Conceição para Tom Jobim, ao piano. A cena é acompanhada por Suzana de Moraes (filha de Vinicius, sentada), Léa Garcia (atriz) e Leo Just (diretor). Foto de 1956.
Você sabia ?
Reprodução da capa do disco Orfeu da
Conceição, de 1956, com composições de Tom Jobim e Vinicius de Moraes.
Orfeu da Conceição era uma adaptação da tragédia grega de Orfeu, transposta para o cenário das favelas cariocas. A história daria origem ao filme Orfeu negro (Orfeu do carnaval), que ganharia a Palma de Ouro, em Cannes, e o Oscar de melhor filme estrangeiro. Mais tarde inspirou o filme brasileiro Orfeu, de 1999. Consulte o Manual do Professor para obter informações sobre o mito de Orfeu.
A peça musical Orfeu da Conceição entrou para a hist—ria do teatro brasileiro ao levar, pela primeira vez no pa’s, um elenco de atores negros para o palco. 168
Raimundo nogueira/Emi Music brasil Ltda/Arquivo da Editora
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Arquivo/Agência O Globo
ST
Orfeu da Conceição foi encenada pela primeira vez no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em noite de grande gala. Observe abaixo a foto de uma leitura da peça.
CPDOC Jb/Agência Jb
A criação da “batida” do violão – marca registrada da bossa nova –, porém, é atribuída a um baiano, João Gilberto. Foi em 1958 que ela nasceu. Logo outros compositores vieram se juntar aos pioneiros do movimento, que revolucionou os padrões musicais da época. Roberto Menescal, Carlos Lyra e Ronaldo Bôscoli foram alguns deles.
RA
Instituto Cultural Cravo Albin/Arquivo da editora
A cantora e compositora Maysa foi outra presença importante na divulgação do novo estilo musical. Seu disco O barquinho marcou sua estreia no gênero. A música que dá nome ao disco foi também gravada por Nara Leão (foto ao lado), que ganhou o título de musa da bossa nova.
ST
Capa do compacto Chega de saudade,
de Jo‹o Gilberto, de 1958, com mœsicas de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Jo‹o Gilberto Ž considerado o criador da Òbatida da bossa novaÓ.
Vamos montar um programa inspirado nos programas de rádio dos anos 1950? Vamos precisar de um gravador, um microfone, ideias e muita animação! Siga as orientações do professor. Consulte o Manual do Professor.
AM O
5
É bom lembrar que na origem da bossa nova estava o samba. Nara Leão, por exemplo, incorporou ao seu repertório vários compositores “do morro”, como Zé Keti e Nelson Nara Le‹o e o seu insepar‡vel viol‹o, Cavaquinho. em foto de 1974.
6
Leia o texto a seguir:
No dia em que se reescrever a Constituição, um dos novos artigos dirá: Todo brasileiro tem direito a um cantinho e um violão. Tem direito também a cidades saudáveis, matas verdes, céu azul, mar limpo e seis meses de verão. Quando ninguém falava em paz, saúde e ecologia, essa já era a plataforma da Bossa Nova. Hoje, quando essas coisas se tornaram aspirações nacionais, a Bossa Nova voltou a ser a trilha sonora de um Brasil ideal. Fonte: Ruy Castro. A onda que se ergueu no mar. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
a) Qual é a sua opinião sobre o texto de Ruy Castro? Faça no caderno uma pequena pessoal. Destaque para a necessidade de redação que expresse o que você pensa sobre ele. Resposta cidades saud‡veis e de preserva•‹o da natureza. b) Em classe, o professor poderá coordenar uma leitura conjunta das produções de cada um. Professor, organize a atividade em sala de aula.
Jornal do Rio Republicano 7
Vamos continuar a organizar o nosso Jornal do Rio Republicano? Então vamos lá para mais uma etapa! Siga as instruções do professor. Consulte o Manual do Professor. 169
MEMÓRIAS da bossa nova A revolução musical dos anos 1950
Chega de saudade
RA
Vai, minha tristeza, e diz a ela Que sem ela n‹o pode ser Diz-lhe numa prece que ela regresse Porque eu n‹o posso mais sofrer Chega de saudade...
Acervo pariticular/Arquivo da editora
Foi na Zona Sul, no bairro de Copacabana Ð da’ seguindo para Ipanema Ð, que nasceu um novo ritmo recebido como uma Òrevolu•‹o musicalÓ: a bossa nova.
ST
Trecho de Chega de saudade, mœsica de Tom Jobim e letra de Vinicius de Moraes.
Canção do amor demais Ž o famoso LP que Elizete Cardoso gravou em abril de 1958 (...). No futuro, iriam festej‡-lo como o disco que inaugurou a Bossa Nova, por ser todo dedicado ˆs can•›es de uma nova dupla, Tom e Vinicius Ð e, principalmente, porque Jo‹o Gilberto acompanhava Elizete ao viol‹o em duas faixas (ÒChega de saudadeÓ e ÒOutra vezÓ), fazendo pela primeira vez o que seria a Òbatida da Bossa NovaÓ. Diz a Hist—ria que Jo‹o Gilberto provocou tal espanto naqueles seus poucos segundos de participa•‹o em ÒChega de saudadeÓ que, mal o LP de Elizete chegou ˆs lojas, foi s— uma quest‹o de tempo para que o chamassem a fazer um disco s— seu. De fato, menos de tr•s meses depois, em julho, Jo‹o Gilberto estava gravando na Odeon o seu hist—rico 78 [rota•›es] com o pr—prio ÒChega de saudadeÓ de um lado e ÒBim BomÓ do outro.
AM O
Revista Manchete/Arquivo da editora
Capa do disco Can•‹o do amor demais, de Elizete Cardoso, que inaugurou a bossa nova, em 1958.
Vinicius de Moraes e Tom Jobim ao piano, fotografados no auge da parceria, nos anos 1960.
Fonte: Ruy Castro. Chega de saudade Ð A hist—ria e as hist—rias da Bossa Nova. S‹o Paulo: Companhia das Letras, 2001. p. 175.
Saiba mais Veja no final do livro as seções A hist—ria no cinema e Sugest›es de leitura e sites da internet relacionados aos temas estudados no capítulo. 170
Capítulo
15
O Rio de Janeiro nos “anos de chumbo”
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ST
Wilton Júnior/Agência Estado
Observe a imagem.
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Depois dos tempos de relativa tranquilidade que caracterizaram a era JK, viriam anos turbulentos, nas décadas de 1960 e 1970. Novas mudanças tiveram início no cenário político e social do estado do Rio de Janeiro. É o que nós vamos ver neste capítulo.
Manifestantes na Passeata dos Cem Mil, na cidade do Rio de Janeiro, em 26 de junho de 1968. Entre eles se
encontravam diversos artistas, como Edu Lobo, Chico Buarque, Caetano Veloso, Nana Caymmi, Gilberto Gil, Paulo Autran e Leonardo Villar.
Para observar, analisar e compreender Vamos analisar a imagem. Responda:
Que acontecimento essa imagem registra? A Passeata dos Cem Mil, no Rio de Janeiro, em junho de 1968.
Você já ouviu falar de algum dos artistas citados na legenda? Resposta pessoal.
Converse com o professor e os colegas sobre suas observações. Consulte o Manual do Professor.
171
Guanabara, um estado-capital
Acervo da autora/Arquivo da editora
O Palácio Guanabara, na cidade do Rio de Janeiro,
ST
O Palácio Nilo Peçanha, atual Museu do Ingá, em
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Acervo da autora/Arquivo da editora
Com a mudança da capital do Brasil para Brasília, em 1960, o até então Distrito Federal foi transformado em estado da Guanabara. A cidade do Rio de Janeiro passou a ser um estado-capital. Niterói voltou a ser capital do estado do Rio de Janeiro.
Niterói, foi sede do governo do estado do Rio de Janeiro até 1975, quando a cidade deixou de ser capital.
tornou-se sede do governo do novo estado da Guanabara, em 1960. Desde 1975 é sede do governo estadual.
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Ao ser inaugurada, Brasília era ainda uma espécie de canteiro de obras, uma cidade semideserta e poeirenta, que não oferecia condições de trabalho nem de moradia. Isso levou um grande número de deputados a voltar para a antiga capital no dia seguinte à inauguração. O Rio de Janeiro continou a ser o centro das decisões políticas do país até 1968. O jornalista e deputado Carlos Lacerda foi eleito governador do recém-criado estado da Guanabara. O ex-inimigo político de Getúlio Vargas era igualmente adversário de Juscelino Kubitschek e de João Goulart (este último, “afilhado” político de Vargas e vice-presidente da República).
No governo do estado, Lacerda (na foto ao lado) colocou em prática um amplo programa de obras públicas: construção de escolas, hospitais, túneis, viadutos e canais de abastecimento de água. Sua administração foi reconhecida como competente até mesmo por seus rivais. Entretanto, seu governo foi marcado pela violência antipopular.
172
O governador do estado da Guanabara, Carlos Lacerda (no
canto direito da foto), visita uma favela na década de 1960.
Editora Odisseia/Arquivo da editora
Lacerda pretendia concorrer à Presidência da República. Sua eleição para o governo da Guanabara favorecia essa pretensão.
1
Observe neste mapa a divisão do estado da Guanabara em regiões administrativas em 1965: Guanabara: reGiões administrativas – 1965 RIO DE JANEIRO
XXI XX XI
XXII
Baía de Guanabara
XIV XV
XVII
X XII VII
XIX XVIII
IX
Guanabara
I
II Rio de III XXIII Janeiro IV
XIII
RA
VIII
XVI
V
Baía de Sepetiba
VI
N
43º S
O
L
LEGENDA
S
OCEANO ATLÂNTICO
0
6
12
km
XXI Regiões administrativas Limites regionais Limite estadual
43º 30’ O
Fontes: Secretaria de Governo – Serviço de Cartografia e Desenho; Divisão de Geografia/Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, 1965.
ST
a) Você sabe em que data o município onde você mora foi fundado? Resposta pessoal. b) Se você não souber, pesquise e anote a data no seu caderno.
c) Caso o município onde você mora tenha sido criado entre 1960 e 1975, verifique se nessa época ele fazia parte do estado da Guanabara ou do Rio de Janeiro.Resposta pessoal. b) Indicações para a pesquisa: <www.citybrazil.com.br/rj/index.htm> e <www.governo.rj.gov.br>. Acesso em: jun. 2014.
Agora observe este outro mapa. Ele mostra a localização de aldeias do século XIX localizadas no território do atual estado do Rio de Janeiro:
AM O
2
rio de Janeiro: aldeias indíGenas do século XiX ESPÍRITO SANTO
OCEANO ATLÂNTICO
MINAS GERAIS
12
10
11
9
8
22º S
15 14
7
6
N
13
2
SÃO PAULO
4
5
3
O
L S
1
0
40 km
80
LEGENDA Aldeias no século XIX – localização atual 1. São Lourenço – Niterói 2. São Barnabé – Itaboraí 3. São Francisco Xavier – Itaguaí 4. Nossa Senhora da Guia – Mangaratiba 5. São Pedro – Cabo Frio 6. Sacra Família de Ipuca – Casemiro de Abreu 7. Nossa Senhora das Neves – Macaé 8. Santa Rita – Cantagalo 9. Santo Antônio de Guarulhos – Campos 10. São Fidélis de Sigmaringa – São Fidélis 11. São José de Leonissa ou Aldeia da Pedra – Itaocara 12. Santo Antônio de Pádua – Santo Antônio de Pádua 13. Aldeia de São Luís Beltrão – Resende 14. Nossa Senhora da Glória – Valença 15. Santo Antônio do Rio Bonito – Conservatória
42º O
Fonte: Aldeamentos indígenas do Rio de Janeiro. Adaptado de: <historiadoriouff.blogspot.com.br/2010_05_01_archive.html>. Acesso em: jun. 2014.
a) Leia na legenda do mapa o nome das cidades às quais essas aldeias deram origem. b) A cidade onde você mora se originou de uma delas? Pesquise. Em caso afirmativo, anote o nome dessa aldeia no caderno.
Oriente os alunos na pesquisa. Podem ser consultados os sites indicados acima e outras fontes de referência.
173
Uma das principais obras públicas do governo de Carlos Lacerda (1960-1965) foi o aterro do Flamengo. Iniciado em 1961, o aterro foi inaugurado em 1965, com o nome de Parque do Flamengo. Com suas quadras para a prática de esportes, é hoje uma das mais belas e frequentadas áreas de lazer da cidade. A idealizadora do projeto foi a arquiteta e urbanista Lota (Maria Carlota) de Macedo Soares (1910-1967), a convite do governador Carlos Lacerda. Com projeto paisagístico de Roberto Burle-Marx (1909-1994), o novo parque completou aterros preliminares, nos quais destacou-se a atuação do arquiteto Affonso Eduardo Reidy (1909-1964).
ST
Arquivo “O Globo”/Agência O Globo
Reprodução/Arquivo da editora
RA
Lota de Macedo Soares. Foto sem data.
Aterro do Flamengo em foto de 2012.
Entre 1960 e 1975, período em que o estado esteve dividido em dois – Guanabara e Rio de Janeiro – houve uma grande reestruturação urbana de Niterói, então capital do estado do Rio de Janeiro. Em 1974, foi concluída a Ponte Presidente Costa e Silva, conhecida como ponte Rio-Niterói. Veja a foto na página ao lado. 174
Luciana Whitaker/Pulsar Imagens
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Aterro do Flamengo em construção. Foto de 1960.
Arquivo/Agência O Globo
Arquivo/Agência O Globo
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H. Hassad/Arquivo da editora
Em 1974, a Lei Complementar no 20 efetivou a fusão dos estados da Guanabara e do Rio de Janeiro, destituindo Niterói da condição de capital estadual. Um ano depois, em julho de 1975, foi promulgada a Constituição do Estado do Rio de Janeiro. O presidente Emílio Garrastazu Médici e o ministro dos Transportes, Mario Andreazza, passeiam em carro aberto na inauguração da ponte Rio-Niterói, que Fortes pressões políticas estabeleceu ligação direta entre as duas cidades. Foto de 4 de março de 1974. levaram o presidente eleito em 1960, Jânio Quadros, à renúncia, no dia 25 de agosto de 1961. No dia 7 de setembro, o vice-presidente João Goulart – popularmente conhecido como Jango – assumiu a Presidência, tomando posse no dia 14 desse mesmo mês. Durante os onze dias anteriores, o Brasil esteve à beira do caos. A maioria dos membros do Congresso Nacional defendia o respeito à Constituição e a posse de João Goulart, mas havia aqueles que exigiam seu impedimento (entre eles os ministros da Guerra, da Marinha e da Aeronáutica). Os militares não queriam que Jango tomasse posse porque o acusavam de comunista. No dia 13 de março de 1964, Jango participou de um enorme comício na cidade do Rio de Janeiro. Diante de uma multidão calculada em cerca de 200 mil pessoas concentradas na avenida Presidente Vargas – entre a estação Central do Brasil e o edifício do Ministério da Guerra –, o presidente anunciou que iria lutar pela reforma da Constituição para garantir “o desenvolvimento do país com justiça social”. No dia 31 de março teve início o golpe contra o governo Jango: tropas do Exército partiram de Minas Gerais em direção ao Rio de Janeiro, ganhando a adesão de militares de todo o país. No dia 1o de abril, João Goulart seguiu para Porto Alegre, de onde embarcaria, três dias depois, para o exílio no Uruguai. Uma nova fase na história do Brasil e do Rio de Janeiro estava por vir...
João Goulart discursa, ao lado da primeira-dama Maria Teresa, durante o comício organizado no Rio de Janeiro em 13 de
março de 1964 (foto à esquerda). No dia 1o de abril, militares ocupam a cidade do Rio de Janeiro (foto à direita).
175
3) No parlamentarismo as funções de chefe de Estado e chefe de governo são exercidas por pessoas distintas. O chefe de governo é indicado pelo Parlamento. No presidencialismo as funções de chefe de Estado e chefe de governo são exercidas pelo presidente da República.
3
Com o auxílio do professor, pesquise a diferença entre sistema parlamentarista e sistema presidencialista. Anote as informações no caderno.
4
Jango assumiu a Presidência sob o regime parlamentarista. Responda no caderno: Para que o presidente tivesse seu poder diminuído. Ele não tinha apoio de muitos políticos
a) Por que isso ocorreu? e empresários.
b) O plebiscito realizado em janeiro de 1963 garantiu a volta do presidencialismo. A decisão, tomada pela maioria da população, permitiu que João Goulart assumisse o poder tranquilamente e completasse seu mandato como presidente? Por quê? Explique com suas palavras. Não. Ele sofreu um golpe de Estado e foi deposto.
RA
A ditadura militar e a agitação cultural
As décadas de 1960 e 1970 ficaram conhecidas como os “anos de chumbo”. Vamos saber por quê?
AM O
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Arquivo do Jornal O Globo/Agência O Globo
Observe a foto abaixo.
Estudantes se manifestam contra a repressão em passeata pelas ruas da cidade do Rio de Janeiro, em julho de 1968.
Poucos dias depois do golpe, em 10 de abril de 1964, foi decretado o Ato Institucional n 1, o AI-1, primeiro de vários atos institucionais que seriam decretados no decorrer dos vinte anos seguintes. Com base no AI-1, cento e duas pessoas, entre elas os ex-presidentes João Goulart e Jânio Quadros; os políticos Luís Carlos Prestes, Miguel Arraes e Leonel Brizola; o sociólogo Darcy Ribeiro e o economista Celso Furtado, foram privados de todos os seus direitos políticos por dez anos. Alguns dias mais tarde, Juscelino Kubitschek seria incluído em outra lista. Muitos parlamentares do estado da Guanabara faziam parte dessas listas, que se tornaram comuns nos tempos da ditadura militar. Muitos líderes sindicais foram presos. Artistas como Geraldo Vandré (leia o boxe da página seguinte), Chico Buarque, Edu Lobo, Milton Nascimento, Gilberto Gil e Caetano Veloso passaram a compor músicas que denunciavam os abusos do regime militar. Quase todos tiveram o mesmo o
176
ST
Vou voltar Sei que ainda vou voltar Para o meu lugar Foi lá e é ainda lá Que eu hei de ouvir cantar uma sabiá, Cantar uma sabiá [...]
Tom Jobim, Cynara, Cybele e Chico Buarque
durante apresentaç‹o no 3o FIC, em 1968.
Antonio Andrade/Arquivo da editora
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Trecho de “Sabiá”, de Antônio Carlos Jobim e Chico Buarque, 1968.
Há soldados armados, amados ou não Quase todos perdidos, de armas na mão Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição: De morrer pela pátria e viver sem razão [...] Trecho de “Pra não dizer que não falei das flores”, de Geraldo Vandré, 1968.
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Pedro Henrique/Arquivo da editora
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destino: o exílio. Ou seja, foram obrigados a abandonar o Brasil para viver em outro país. Tornaram-se exilados políticos. Como reação às medidas do governo militar, houve nas décadas de 1960 e 1970 uma enorme agitação cultural nos meios artísticos. Um exemplo disso foram os Festivais Internacionais da Canção (FIC). Esses festivais faziam enorme sucesso e eram transmitidos ao vivo pela televisão. Em 1968, um episódio marcou história. Ao ser apresentada como vencedora do 3o Festival Internacional da Canção, a música “Sabiá”, de Tom Jobim e Chico Buarque, interpretada pelo Quarteto em Cy, foi vaiada. O público, que preferia “Pra não dizer que não falei das flores”, de Geraldo Vandré, segunda colocada, ficou revoltado com o resultado do júri. Ao contrário da suave “Sabiá”, a letra da canção de Vandré (“Pra não dizer que não falei das flores”), fazia referências claras à situação política no Brasil. Leia abaixo trechos das letras das duas canções.
O cantor e compositor Geraldo Vandré apresentando sua mœsica no 3o FIC, em 1968.
Releia os versos das canções “Sabiá” e “Pra não dizer que não falei das flores” e responda no caderno: a) Porque a letra dessa mœsica apresentava a realidade do período: luta armada, viol•ncia, repress‹o.
a) Tendo em vista o período político em questão, por que a canção “Pra não dizer que não falei das flores” se tornou símbolo da luta contra a ditadura militar? b) A música vencedora do 3o Festival Internacional da Canção, “Sabiá”, não parecia ser de protesto. Depois, porém, se tornou um hino dos exilados. Cite o trecho da letra que comprova essa afirmação. ÒSei que ainda vou voltar para o meu lugar.Ó Professor, se possível, traga as mœsicas para serem ouvidas na sala de aula.
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Jorge Butsuem/Arquivo da Editora
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Nos tempos da ditadura militar, músicos e atores transformavam a arte em uma forma de participação política, manifestando-se contra a repressão de diversas formas. Uma delas era o protesto nas ruas, como mostra a foto ao lado.
ST
A principal forma de participação política, porém, era através da pró Atores durante a manifestação Contra a Censura em Defesa da Cultura, no Rio de pria arte: nas letras das Janeiro, em fevereiro de 1968. No centro da foto, Paulo Autran e Tônia Carrero. músicas, nos textos de teatro, no cinema e nas artes plásticas.
Da esquerda para a direita, Zé Keti, Nara Leão e
João do Vale em ensaio do show Opinião, encenado em 1965 no Teatro de Arena, Rio de Janeiro, com direção de Augusto Boal.
Péricles de Araújo Fortunato, o Mosquito, em foto de 1986, veste um parangolé criado por Hélio Oiticica nos anos 1960.
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Antonio Ribeiro/Arquivo da editora
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Acervo Iconographia/Reminiscências
Observe as fotos abaixo.
Arquivo/Agência O Globo
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Enquanto isso, a Banda de Ipanema animava os bairros da Zona Sul carioca, reunindo ao redor de Leila Diniz (foto ao lado) a juventude bronzeada da praia. Leila foi uma presença marcante nos anos 1960. Com sua liberdade e alegria de viver, transformou radicalmente os padrões femininos da época. Ex-professora primária, tornou-se atriz de TV e musa do Cinema Novo.
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O Tropicalismo, nascido em 1967, foi uma inovação musical (veja boxe no final do capítulo). Pela primeira vez na música brasileira utilizaram-se guitarras elétricas e arranjos muito diferentes de nossa tradição musical. Foi uma ousadia para a época. Por isso, o novo ritmo foi recebido com estranheza pelo público.
AM O
No dia 13 de dezembro de 1968, o governo decretou o Ato Institucional no 5. Esse decreto dava Leila Diniz, nascida em Niterói, atriz e musa de Ipanema entre as ao presidente poderes especiais, como o de fedécadas de 1960 e 1970. char o Congresso Nacional, suspender os direitos políticos de qualquer pessoa, estabelecer a censura sobre os meios de comunicação (jornais, revistas, rádio, televisão, etc.) e submeter o poder Judiciário ao governo.
Em 1968, multiplicaram-se os protestos contra o regime militar, em vigor desde o golpe de 1964. Greves e passeatas se espalharam por todo o país. O ponto culminante foi a Passeata dos Cem Mil (que vimos na foto de abertura do capítulo), realizada em junho, na cidade do Rio de Janeiro. Apesar da repressão, a contestação política continuava nas ruas, nos palcos e nas letras das músicas, mesmo de forma disfarçada.
Assim, além de perseguições e prisões, a ditadura fazia uso de uma pesada censura que impedia a criação artística, a reflexão e a produção intelectual. Em dez anos, os censores fizeram cortes em centenas de filmes, peças de teatro, livros, revistas, letras de música, programas de rádio e de TV. O cantor e compositor Chico Buarque, após voltar do exílio em 1970, foi várias vezes convocado aos gabinetes da Polícia Federal. Os censores o obrigavam a alterar versos e substituir palavras que consideravam “ofensivas”. No entanto, seu samba “Apesar de você” vendeu 90 mil discos antes de eles perceberem que a letra se referia ao governo da época. 179
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Hoje você é quem manda Falou, tá falado Não tem discussão A minha gente hoje anda Falando de lado E olhando pro chão, viu Você que inventou esse estado E inventou de inventar Toda a escuridão Você que inventou o pecado Esqueceu-se de inventar O perdão [...] Apesar de você Amanhã há de ser Outro dia [...]
Paulo Salom‹o/Arquivo da editora
Leia abaixo alguns trechos extraídos da letra de “Apesar de você” e responda às questões a seguir, com o apoio do texto da página anterior.
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Chico Buarque em apresenta•‹o na
dŽcada de 1970.
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Trechos de “Apesar de você”, de Chico Buarque, 1970.
a) Em que ano essa música foi composta? 1970. b) A que personagem política, portanto, ela se refere? Ao presidente MŽdici. c) Explique no seu caderno o que Chico Buarque quis expressar com esses versos.
Consulte o Manual do Professor.
7
Você sabe o que são direitos e deveres? Por que podemos afirmar que os direitos não eram respeitados na época da ditadura militar? a) Com a orientação do professor, faça uma pesquisa sobre os direitos e os deveres dos cidadãos em uma sociedade democrática. b) Aproveite para pesquisar os direitos das crianças. Anote os resultados no caderno.
Consulte o Manual do Professor.
Jornal do Rio Republicano 8
7a) Direitos e deveres: o que pertence ao cidad‹o de acordo com a lei e o que lhe cabe fazer, o que Ž sua obriga•‹o. Os direitos e deveres constam da Constitui•‹o brasileira. H‡ direitos civis (como liberdade de express‹o, de ir e vir), econ™micos e sociais (trabalho, educa•‹o) e políticos
Vamos finalizar a edição do nosso Jornal do Rio Republicano? Siga as orientações e bom (votar, candidatar-se, filiar-se a um partido). O direito de cada um Ž trabalho! Consulte o Manual do Professor. limitado pelo direito do outro. Os direitos humanos s‹o aqueles que
Saiba mais!
cabem a todos e s‹o garantidos pela legisla•‹o internacional.
Veja no final do livro as seções A história no cinema e Sugestões de leitura e sites da internet relacionados aos temas estudados no capítulo. 180
memórias da tropicália A revolução cultural do Tropicalismo O golpe de 1964 interrompeu as reformas sociais pretendidas pelo presidente João Goulart e o processo de democratização. Ao mesmo tempo, o cenário cultural era de agitação e transformação...
AM O
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O movimento mais consciente dessa transforma•‹o provavelmente foi o Tropicalismo. Em 1967-1968, ele teve destaque especialmente na mœsica popular, com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom ZŽ, Capinan, Gal Costa, Torquato Neto, a que se agregam os maestros e arranjadores RogŽrio Duprat, Jœlio Medaglia e Damiano Cozzella, alŽm do grupo de rock Os Mutantes, dentre outros. Mas o Tropicalismo tambŽm envolveu artistas de diversos campos, como HŽlio Oiticica, Lygia Clark e RogŽrio Duarte nas artes pl‡sticas, JosŽ Celso Martinez Corr•a e o grupo do Teatro Oficina, Glauber Rocha e outros herdeiros do Cinema Novo. Contrapondo-se ao nacional-popular, o Tropicalismo n‹o pretendia ser porta-voz da revolu•‹o social, mas revolucionar a linguagem e o comportamento, incorporando-se ˆ sociedade de massa e ao mercado cultural, mas sem deixar a ordem da ditadura. [...] Mas todo esse cen‡rio efervescente mudaria ap—s o fechamento pol’tico e o Ato Institucional no 5 (AI-5), em 13 de dezembro de 1968, com a derrota das esquerdas pela ditadura. Dissolveram-se as bases hist—ricas que deram vida ao florescimento cultural e pol’tico. Paralelamente ˆ repress‹o, realizou-se o Òmilagre econ™micoÓ que viria consolidar a Òmoderniza•‹o conservadoraÓ (ou o desenvolvimento econ™mico com a concentra•‹o da riqueza, sem amplia•‹o de direitos sociais democr‡ticos) da sociedade brasileira, que n‹o deixaria de dar um lugar de destaque para artistas e intelectuais.
Oliver Perroy/Arquivo da editora
Cristiano Mascaro/Arquivo da editora
Fonte: Marcelo Ridenti. Revista Nossa História. Ano 3, n. 26, p. 65, dez. 2005.
Arnaldo Baptista, Rita Lee e Sérgio Dias, integrantes da
banda Os Mutantes, fotografados durante uma apresentação em 1967. Capa do LP Tropic‡lia, lançado em 1968, que reunia Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e Os Mutantes.
181
Capítulo
16
O Rio de Janeiro, ontem e hoje
Ao longo deste livro nós conhecemos mudanças e permanências verificadas no curso de uma história que começou há milhares de anos e continua nos dias de hoje. Vimos também que a história do Rio de Janeiro tem sido resultado da ação de diferentes grupos humanos.
RA Cerimônia do fogo
Thiago Lontra/Agência O Globo
Cortejo de Tradições Populares no Festival Vale do Café, Vassouras, 2013.
Apresentação
do grupo AfroLata em Duque de Caxias, 2011.
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Paulo Rodrigues/festivalvaledocafe.com
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na Aldeia indígena Carioca, em 2012.
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Pablo Jacob/Agência O Globo
Antes de encerrarmos este último capítulo, vamos observar mais algumas imagens que mostram a diversidade do Rio de Janeiro.
Acervo da autora/arquivo da editora
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Escola Livre de Cinema de Nova Iguaçu, Rio de Janeiro
Imagem da videoinstalação Quero Ser, resultado do processo de criação artística de jovens de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, entre 2012 e 2013. Os jovens utilizaram como referência trabalhos de grandes nomes da arte contemporânea: Andy Warhol, Lygia Pape, Emma Benany e Peter Campus. O projeto faz parte do curso de Video-Arte da Escola Livre de Cinema de Nova Iguaçu.
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Acervo da autora/Arquivo da editora
Fachada do Museu Antônio Parreiras, em Niterói, 2009.
Prédio
abandonado grafitado no bairro da Lapa, na cidade do Rio de Janeiro, 2009.
Para observar, comparar e compreender Depois de observar as imagens, compare-as e responda: Registram manifestações e construções que revelam diferentes aspectos da cultura e das artes
££O que elas registram? do Rio de Janeiro, demonstrando a diversidade artístico-cultural do estado. ££Descreva brevemente cada uma delas no caderno. ££Converse com o professor e os colegas sobre suas observa•›es. Consulte o Manual do Professor.
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O Rio de Janeiro nos novos tempos
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Fernando Bueno/Agência Estado
Carlos Magno/Cpdoc/Agência JB
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Com o golpe de 1964, como vimos no capítulo anterior, o Brasil passou a ser governado por presidentes militares. Entretanto, no final da década de 1970, a ditadura militar começou a perder apoio de grupos sociais. Entre esses grupos estavam os empresários e setores da classe média. Assim, o próprio governo teve de conceder anistia aos presos políticos, em 29 de agosto de 1979. Com essa medida tinha início um processo que levaria ao retorno da democracia. Foi um longo processo, que perdurou até a saída do último presidente militar, o general João Baptista Figueiredo, em 15 de março de 1985. Antes disso, em 1984, os grupos de oposição organizaram grandes comícios em diversas cidades brasileiras, entre elas o Rio de Janeiro. Nessas manifestações, a oposição ao governo militar exigia eleições diretas para a Presidência da República. Observe ao lado um registro fotográfico do evento das Diretas Já no Rio de Janiero. Essa campanha foi derrotada no Congresso Nacional. Assim, a primeira eleição direta para a Presidência da República só se realizaria em 1989, após o restabelecimento da democracia. Na história mais recente do país, a partir de 2003 o Brasil foi governado durante oito anos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cujo segundo mandato se encerrou em 2010. Nesse No dia 10 de agosto de 1984 o comício pelas Diretas Já reuniu milhares de pessoas na avenida ano, foi eleita a primeira mulher presidente do Presidente Vargas, em frente à Candelária, no Brasil, Dilma Rousseff, que tomou posse no dia centro da cidade do Rio de Janeiro. 1o de janeiro de 2011. Dessa forma, as mulheres conquistam pouco a pouco seu espaço na política. No Rio de Janeiro, Benedita da Silva foi a primeira mulher a assumir o governo do estado, em 2002. Sua história de vida é um exemplo de superação dos preconceitos em relação à mulher e ao afrodescendente. Sua atuação ajudou a escrever a história recente do país. De origem humilde, Benedita formou-se aos 40 anos de idade em Estudos Sociais e Serviço Social e, em 1982, tornou-se a primeira mulher afrodescendente a ocupar uma cadeira na Câmara de Vereadores da cidade do Rio de Janeiro. Posteriormente, foi eleita duas vezes deputada federal. Nesse cargo, foi autora de 84 projetos de leis de grande importância para a população. Em 1994, Benedita da Silva foi eleita a primeira mulher negra a chegar ao Senado Federal, o mais alto escalão do Poder Legislativo brasileiro. Em 2003, indicada pelo então presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, assumiu o Ministério da Assistência Social. Quatro anos depois, tornou-se secre- Benedita da Silva, fotografada em março de 2010.
tária de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro. Em 2010, foi eleita mais uma vez para a Câmara Federal. 1
Apesar dos avanços democráticos verificados no Brasil após o fim da ditadura militar, nossa sociedade ainda convive com a discriminação. São exemplos a violência praticada contra mulheres, o preconceito contra afrodescendentes e a homofobia, entre outros. Atitudes como essas contrariam os princípios de uma sociedade democrática, na qual todos devem usufruir dos mesmos direitos. Em uma democracia, é preciso respeitar as diferenças e a diversidade.
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a) Reúna-se com os colegas para discutir sobre democracia, direitos e discriminação, sob a orientação do professor. b) Anotem no caderno os principais pontos apresentados e escrevam um texto coletivo sobre direitos democráticos e respeito à diversidade. Consulte o Manual do Professor.
Voc• sabia?
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O estado do Rio de Janeiro, assim como o Brasil e todos os outros estados brasileiros, tem alguns símbolos que o representam: a bandeira, o brasão e o hino. Faça uma pesquisa para conhecê-los.
Oriente os alunos a pesquisar os símbolos do estado no site <http://portalgeo.rio.rj.gov.br/armazenzinho/web/simt>. Acesso em: 12 jul. 2014.
Diversidade cultural
Igor Abreu/Angra News
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Hoje o estado do Rio de Janeiro abriga uma grande diversidade cultural, fruto da influência dos diversos grupos que contribuíram para a formação de sua população, principalmente indígenas, africanos e portugueses.
Moradores da Terra Indígena Guarani de Bracuí, em Angra dos Reis, em foto de 2013.
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Como vimos, muita coisa mudou no decorrer da história do Rio de Janeiro, e essa história teve início há milhares de anos. Como e onde será que vivem hoje os descendentes dos primeiros habitantes do Rio de Janeiro? Leia o texto a seguir. Existem índios no Rio de Janeiro. São os Guarani do subgrupo Mbya, falantes da língua Tupi. [...]
RA
Em 1996, as três terras indígenas existentes no Rio de Janeiro — a Terra Indígena Guarani de Bracuí, localizada no município de Angra dos Reis, a Terra Indígena Araponga e a Terra Indígena Parati-Mirim, localizadas no município de Paraty — tiveram o processo de demarcação concluído e foram homologadas pelo governo federal. [...]
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Vivem nas três aldeias, aproximadamente, 450 pessoas. A Terra Indígena Guarani de Bracuí é a que tem a maior população, cerca de 320 indivíduos. Mais da metade é constituída por crianças menores de 14 anos. [...]
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O subgrupo Mbya, em Angra dos Reis, vive no alto da serra em meio à Mata Atlântica, de onde podem avistar o mar. Atravessar o mar e encontrar a Terra Sem Mal, o paraíso mítico, é o sonho dos Guarani. Na busca incessante desse paraíso, que segundo a tradição pode ser alcançado em vida, eles precisam cumprir e respeitar um conjunto de regras e conduta divina que lhes são transmitidas pelos xamãs. São elas que norteiam as relações que mantêm com a natureza, com todos os seres humanos e com os espíritos. É o modo de ser e viver guarani, o nandereko. Um bom lugar para viver, de acordo com o seu nandereko, é próximo ao mar, mas distante dele. Tem que ter terra boa para plantar, pois são, tradicionalmente, agricultores, mantendo roças familiares e plantando, em sistema de rodízio, os principais alimentos de sua dieta, como o milho (awati), mandioca (mandio), batata-doce (djety’i), amendoim (manduvi) e feijão (kumandá), uma média de três hectares ao ano. Tem que ter um lugar para pescar, caçar e colher as frutinhas do mato. Costumam ter sempre próximo às casas de moradia (o’y) árvores frutíferas como complemento alimentar, tais como o abacateiro e a bananeira. A mata é necessária para os índios para colherem o material necessário para a construção de casas, cestos, arcos, ornamentos e objetos rituais, mágicos e religiosos. [...] Há quinhentos anos os Guarani têm enfrentado o desafio de sobreviver de acordo com suas tradições, interagindo com a sociedade brasileira. [...] Fonte: Museu do Índio – Funai. Disponível em: <www.museudoindio.org.br/template_01/default. asp?ID_S=33&ID_M=112>. Acesso em: 20 ago. 2013.
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2c) Vivem nas três aldeias, aproximadamente, 450 pessoas. A Terra Indígena Guarani de
Com base no texto da página anterior, responda: Bracuí é a que tem a maior população, cerca de 320 indivíduos, mais da metade constituída por crianças menores de 14 anos.
a) Que grupos indígenas habitam o atual estado do Rio de Janeiro? Apenas o dos Guarani do subgrupo Mbya, falantes da língua Tupi.
b) Quais são as terras indígenas existentes atualmente no estado do Rio de Janeiro e As três terras indígenas existentes atualmente no Rio de Janeiro são: a Terra Indígena Guarani de Bracuí, onde se localizam? localizada no município de Angra dos Reis, a Terra Indígena Araponga e a Terra Indígena Parati-Mirim, localizadas no município de Paraty.
c) Quantos habitantes, aproximadamente, vivem nessas aldeias? d) Como vivem esses grupos? Mencione alguns costumes e práticas da vida cotidiana nessas aldeias indígenas. As respostas devem ser dadas com base nas informações do texto. O aluno pode Reprodu•‹oArquivo da editora
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Os costumes e tradições transmitidos de geração em geração se mantêm vivos por meio da constante recriação pelas comunidades. Eles representam a cultura popular. São exemplos de patrimônio imaterial. Esse tipo de patrimônio transmite às comunidades um sentimento de identidade que contribui para promover o respeito à diversidade cultural.
RA
mencionar, por exemplo, o modo de viver do subgrupo Mbya de Angra dos Reis, cuja aldeia fica no alto da serra, de onde podem avistar o mar. Para eles, um bom lugar para viver, de acordo com o seu nandereko, é não muito longe do mar.
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Construções e monumentos de importância histórica são exemplos de patrimônio material, composto de bens culturais móveis (peças arqueológicas, acervos de museus, documentos, etc.) e imóveis (como núcleos urbanos, sítios arqueológicos e paisagísticos). Ontem e hoje, o Rio de Janeiro é um estado plural.
Consulte mais informações sobre patrimônio material e imaterial no Guia de orientações pedagógicas.
Pixinguinha, em foto de autoria desconhecida. Ele foi o principal representante de um gênero musical genuinamente brasileiro, o choro, exemplo de patrimônio imaterial.
Consulte mais informações sobre patrimônio material e imaterial no Manual do Professor.
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Você entendeu o que são patrimônio material e imaterial? Cite alguns exemplos.
Os alunos podem citar como exemplos de patrimônio material: peças arqueológicas, documentos escritos, material audiovisual e fotográfico, construções e monumentos; como exemplos de patrimônio imaterial: festas, danças, lendas, cantigas, etc.
Escreva um texto no caderno sobre a importância de preservar as manifestações e traÉ importante que os textos expressem a noção de que a cultura popular representa o patrimônio dições culturais. imaterial e traz ao grupo um sentimento de identidade que contribui para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana.
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Escolha uma manifestação artística e produza uma obra. Use sua criatividade! Atividade livre. 2d) (continuação) Eles precisam de terra boa para plantar, pois são, tradicionalmente, agricultores, mantendo roças familiares e plantando, em sistema de rodízio, os principais alimentos de sua dieta: milho (awati), mandioca (mandio), batata-doce (djety’i), amendoim (manduvi) e feijão (kumandá), uma média de três hectares ao ano.
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Observe a foto a seguir.
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Coleção Alberto A. Cohen/Arquivo da editora
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O Palácio Monroe foi erguido em 1906 para a Terceira Conferência Pan-Americana, realizada no
Rio de Janeiro. Na década de 1970, foi demolido para as obras de construção do metrô. O obelisco ainda permanece. No lugar do antigo palácio hoje há um chafariz de origem francesa.
O Palácio Monroe, inaugurado em 1906, foi a segunda sede do Senado e sediou outras instituições públicas, entre elas a Câmara. Perdeu sua função com a inauguração de Brasília, em 1960. Em 1974, alegando que o prédio atrapalhava o trânsito e a construção do metrô do Rio de Janeiro, o presidente Ernesto Geisel autorizou sua demolição e a utilização do local para outros fins, o que ocorreu em 1975, ignorando as manifestações populares de apoio à manutenção do prédio. Apesar de destruída, a construção tem seu lugar na memória e na história do Rio de Janeiro. a) Por que o Palácio Monroe foi demolido?
O palácio foi demolido para que fossem realizadas as obras de construção do metrô do Rio de Janeiro.
b) Embora tenha sido destruído, o palácio continua a fazer parte da história da cidade do Rio de Janeiro? Por quê? Explique no caderno.
Saiba mais! Veja no final do livro as seções A história no cinema e Sugestões de leitura e sites da internet
Cultura, cidadania e diversidade: o Rio de Janeiro, ontem e hoje relacionados aos temas estudados no capítulo. 6b) A cultura material tem seu lugar na História e deve ser preservada. Mesmo quando o local se modifica, sua posição na história daquele lugar
188 permanece. O Palácio Monroe continua a fazer parte da história do Rio de Janeiro porque foi sede de instituições importantes da República.
memórias do passado e do presente Cultura, cidadania e diversidade: o Rio de Janeiro, ontem e hoje A cultura de um povo é formada pelos costumes, crenças e tradições que se mantêm vivas ao passar de geração a geração. No passado e no presente, a diversidade marca a tradição cultural do Rio de Janeiro.
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Hoje, em todo o estado do Rio de Janeiro, convivem as mais diversas formas de manifestação cultural, das mais tradicionais às mais modernas. Entre as tradicionais estão o próprio lundu, o jongo, as cantigas e brincadeiras de roda, etc. Entre as modernas, encontram-se o grafite e as intervenções de rua. Até mesmo a internet pode servir de exemplo, pois é um espaço virtual em que diversas formas de expressão cultural se manifestam por meio de produções literárias e artísticas.
Cifrantiga Ð Hist—ria da MPB
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Muitas manifestações culturais são meios de expressão política. O lundu, por exemplo, antigo ritmo de origem africana, foi utilizado pelo cantor e compositor Eduardo das Neves (1874-1919) para valorizar o negro, a experiência escrava, a capoeira e a abolição.
AM O
As ações das ONGs (Organizações Não Governamentais) Eduardo das Neves, conhecido também merecem destaque. No Rio de Janeiro há muitas como Dudu das Neves. dessas organizações. Algumas desenvolvem projetos com o objetivo de promover a inclusão social de moradores de comunidades carentes. Esse é o caso do AfroReggae e do Nós no Morro. A ação de grupos como esses contribui para que os moradores de comunidades pobres tenham acesso à educação, à cultura e à cidadania. Ao lado disso, há ainda a ação dos Pontos de Cultura, projetos de caráter cultural organizados pela própria sociedade. Eles conquistaram força e reconhecimento ao estabelecer parcerias com o governo.
Muro grafitado do Circuito das Casas-Telas, realizado por artistas e moradores das comunidades Cantagalo-Pavão-Pavãozinho. O projeto, uma iniciativa da ONG Museu da Favela (MuF), contava 27 casas pintadas em outubro de 2013.
Marcia Foletto/Ag•ncia O Globo
A cultura revela a diversidade de um povo e, como meio de expressão social e política, é uma forma de exercício da cidadania.
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Rio de Janeiro: tempo e espaço Paraty, natureza e cultura No capítulo 8 você aprendeu que no século XVII a vila de Paraty era o ponto final do Caminho do Ouro. Hoje, com um centro histórico bem preservado e paisagens exuberantes, Paraty é um município fluminense que combina tradições culturais e um rico atividade aproxima Hist—ria, Geografia e o patrimônio natural. Vamos conhecê-lo mais de perto? ATema Transversal Pluralidade Cultural,
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proporcionando aos alunos novos conhecimentos e informa•›es sobre Paraty, munic’pio fluminense localizado na regi‹o da Costa Verde. Natureza, paisagem e cultura s‹o os conceitos trabalhados nos exerc’cios.
Hora da dupla
1 Abram o livro na p‡gina 242 e fa•am o que se pede:
a) Localizem o munic’pio de Paraty.
b) Anotem no caderno o nome da regi‹o administrativa onde Paraty se localiza. Regi‹o da Costa Verde.
c) Anotem o nome do munic’pio fluminense mais pr—ximo de Paraty. Angra dos Reis.
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d) Anotem o nome do estado que faz faz divisa com o estado do Rio de Janeiro, onde se localiza Paraty. S‹o Paulo. 2 Leiam o texto a seguir e conversem sobre ele. Se necess‡rio, pe•am ajuda ao professor.
3 Observem cada um dos planos indicados com letras na foto ao lado. Com o apoio do texto que voc•s leram, descrevam os planos da paisagem destacando os principais elementos de cada um. Anotem no caderno.
E D
C B A
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José Bassit/Pulsar Imagens
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Um dos encantos de Paraty Ž a presen•a da grandiosa serra do Mar. Em Paraty, a serra ÒmergulhaÓ no mar. Esse encontro d‡ origem ˆs praias, ilhas e enseadas do litoral. O relevo de Paraty Ž montanhoso em certas ‡reas enquanto em outras predominam extensas v‡rzeas. Em Paraty, a Mata Atl‰ntica que cobre a serra do Mar Ž considerada Reserva da Biosfera pela Unesco. Muitos rios, como Mambucaba, Graœna e Perequ•-a•u, que nascem na ‡rea serrana de Paraty, formam belas cachoeiras e des‡guam no mar. As ruas do centro hist—rico de Paraty evocam o passado colonial, com um tra•ado engenhoso, adequado ˆ proximidade do mar. Uma leve curvatura em forma de leque favorece o r‡pido escoamento da ‡gua da chuva e da ‡gua do mar, que nas marŽs de lua cheia e lua nova avan•a pela cidade.
César Diniz/Pulsar Imagens
4 Na fotografia ao lado, observem uma rua de Paraty. Depois, selecionem um parágrafo do texto que poderia servir de legenda última frase do terceiro parágrafo para a foto. Apoderia servir de legenda.
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5 Confiram as respostas dos exercícios 1, 3 e 4 com o professor. 6 A população brasileira se formou a partir de diferentes etnias: indígenas, africanos, europeus, asiáticos. Nossa cultura é fruto da combinação dos costumes, tradições, crenças, línguas e modo de vida desses povos. Em Paraty, a cultura popular se manifesta em diversas expressões. Veja as fotos e leia os textos a seguir. Na internet, há vários vídeos sobre a festa. “Do sagrado ao profano – Paraty em festa” é um deles e pode ser acessado digitando esse título em um buscador.
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Durante nove dias a cidade enfeitada com bandeirinhas é percorrida pela procissão de estandartes do Divino Espírito Santo, acompanhada pela Folia e a Banda Santa Cecília. No sábado, um almoço é oferecido a toda a população; à tarde, o Imperador (um menino da família do festeiro) é coroado na missa e passa a presidir os festejos. Uma grande queima de fogos encerra a festa.
Alexandre Carvalho/Fotoarena
Festa do Divino
Cultura caiçara
Procissão durante a Festa do Divino, Paraty,
2013.
Resultado do encontro entre as tradições dos colonizadores portugueses e os costumes indígenas das regiões litorâneas, a cultura caiçara acumula também um conhecimento profundo do ambiente. Essa cultura ancestral e típica da região ainda é preservada em algumas comunidades por meio do modo de vida tradicional, baseado na pesca artesanal, na agricultura de subsistência e no extrativismo – em geral em sistema comunitário de trabalho. O artesanato caiçara, que vai da canoa aos brinquedos, é um dos aspectos de um rico repertório cultural que inclui culinária e vocabulário próprios, danças, músicas e festas. A culinária paratiense é tipicamente caiçara. O legado indígena pode ser encontrado em pratos como o “Azul Marinho”, o peixe enrolado em folha de banana e assado na fogueira (sobre ela ou debaixo da areia sob a fogueira), o peixe e as ovas secas de tainha. 191
Da culinária portuguesa veio o peixe assado na telha, a sardinha na brasa, o cozido de carnes; dos africanos herdamos a galinha ao molho pardo, o gengibre e outros temperos. Comunidade Quilombola
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Duas antigas tradições musicais se mantêm em Paraty: a da ciranda e a das bandas. Presente durante o ano todo, em festas religiosas e profanas, ciranda é o nome dado a um conjunto de danças de roda (ciranda, caranguejo, cana-verde-de-mão e marrafa) e valsadas (canoa, arara, cana-verde-valsada, felipe e marca-de-lenço), puxadas pelos versos cantados por um grupo de músicos.
Acervo Quilombo do Campinho da Independência, Paraty, RJ.
Música
RA
Depois da abolição, os negros que ficaram em três fazendas da região se organizaram sob a liderança de Vovó Antonica, Tia Marcelina e Tia Luiza, preservando sua cultura no local onde é hoje a Comunidade Quilombola Campinho da Independência. Em 1999, a comunidade conquistou o título de propriedade de suas terras, atualmente um Ponto de Cultura (Cultura Viva/MinC) onde são realizadas atividades de resgate cultural.
Capoeira no Quilombo Campinho da Independ•ncia.
Artesanato
Foto sem data.
Essencial ao modo de vida caiçara, o artesanato integra também o cotidiano de Paraty. Com a expansão do turismo, a confecção manual de utensílios decorativos e utilitários tornou-se uma significativa fonte de renda. Miniaturas de barcos, cestaria, colchas de retalhos, bordados e bonecas de pano, flores e máscaras de papel machê são alguns exemplos do variado artesanato comercializado em lojas da cidade ou nas comunidades onde é produzido. Textos adaptados de: <www.paratycultura.org.br/>. Acesso em: 12 jul. 2014.
Hora do grupo
7 Pesquisem as festas, dan•as, música, artesanato, culinária e outros elementos da cultura popular do município fluminense onde voc•s moram. Onde pesquisar? Em livros, revistas, jornais locais, na biblioteca da escola ou do município, entrevistando antigos moradores e, se possível, na internet. 8 No dia combinado com o professor, levem o material pesquisado para a classe e decidam como organizá-lo (resumos, desenhos, colagens, cartazes, murais, álbuns, livro coletivo, dossi•, etc.). Decidam, também, como e quando apresentar os trabalhos para a turma.
192
Oriente antecipadamente os alunos sobre como, onde e quando realizar a pesquisa solicitada no exercício. D• tempo suficiente para a realizaç‹o da proposta.
Glossário A seguir, você encontra o significado de algumas palavras e expressões utilizadas no livro.
A
Ações (p. 85)
Aculturação (p. 30)
Pessoa que trabalha a troco de salário.
Assembleia Constituinte (p. 95)
Reunião de pessoas eleitas para elaborar uma Constituição.
Ato Institucional (p. 176)
Estatuto ou regulamento estabelecido pelo governo, sem votação ou discussão.
ST
Processo que envolve duas culturas diferentes e no qual uma delas impõe à outra seus costumes e crenças, obrigando sua aceitação de modo geralmente violento. Isso ocorre principalmente em situações de colonização.
Afrodescendente (p. 137)
Descendente dos africanos.
B
Bandeirante (p. 72)
Integrante de uma bandeira, expedição que percorria o interior do Brasil, entre o final do século XVI e o início do século XVIII, em busca de ouro, drogas do sertão e para aprisionar e escravizar indígenas.
AM O
Alforria (p. 110)
Assalariado (p. 113)
RA
Papéis que representam títulos de propriedade de uma empresa. As pessoas que têm ações de uma empresa são proprietárias de uma parte dessa empresa. As ações são compradas e vendidas nas bolsas de valores.
vestígios arqueológicos e documentos como pedras, objetos, instrumentos, pinturas em rochas, vestígios de fogueiras há séculos apagadas, etc.; todos esses são registros deixados por povos que viveram há milhares de anos.
Liberdade concedida a pessoas em condição de escravidão.
Ama de leite (p. 103)
Mulher que amamenta crianças que não são seus filhos. No texto, refere-se às trabalhadoras negras escravizadas que amamentavam os filhos das mulheres brancas.
Anistia (p. 184)
Perdão, absolvição.
Arqueólogo(a) (p. 109)
Especialista em Arqueologia. Os arqueólogos são cientistas que estudam vestígios de grupos humanos do passado e que, em muitos casos, não deixaram documentos escritos.
Arqueológicos (p. 13)
Referentes à Arqueologia, o estudo científico do passado da humanidade. Constituem
Banto (p. 99)
Relativo aos bantos, povo originário do sul da África ao qual pertenciam diversos dos grupos africanos escravizados trazidos para o Brasil: angolas, cabindas, benguelas, congos, moçambiques, entre outros.
Bolsa de valores (p. 85)
Instituição na qual são vendidas e compradas as ações das empresas.
C
Calvinista (p. 51) Seguidor da religião calvinista, exposta e defendida por Calvino à época da Reforma protestante no século XVI. 193
Capitão do mato (p. 106)
Indivíduo que se dedicava à captura dos escravos fugidos.
Carta Régia (p. 73)
Carta de um monarca a uma autoridade para legislar sobre determinado assunto.
Cartográfico (p. 23)
Catequizar (p. 53)
Instruir sobre princípios religiosos.
Cauim (p. 20)
Conjunto das principais leis de um país.
Contrabando (p. 39)
Comércio ou tráfico ilegal, proibido.
Coroa (p. 35)
Governo de um rei ou de uma rainha.
Corsário (p. 75)
Ao contrário dos piratas, aventureiros dos mares, os corsários tinham o apoio do governo de seu país.
RA
Relativo à cartografia, que consiste na arte ou ciência de compor mapas, cartas geográficas.
Constituição (p. 95)
Corso (p. 75)
Caça a navios mercantes inimigos efetuada por navio particular armado, com a devida autorização de um governo.
Cidadania (p. 14)
Corso (p. 156)
ST
Bebida dos indígenas tupi preparada com mandioca cozida e fermentada.
Qualidade de cidadão, pessoa com direitos civis e políticos.
Cinema Novo (p. 179)
Cortiço (p. 140)
Habitação coletiva utilizada por famílias pobres (também chamada cabeça de porco).
AM O
Movimento artístico-cultural de cineastas brasileiros da segunda metade da década de 1950 e início dos anos 1960. Sua proposta era romper com a indústria cinematográfica internacional e criar um cinema nacional de apelo popular capaz de discutir questões da realidade do Brasil e de seu povo. “Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça” era o lema de diversos cineastas desse movimento.
Desfile de carros, de carruagens.
Colônia (p. 41)
Território pertencente a um Estado e situado fora do seu território; região dominada por uma metrópole.
Colonização (p. 28)
Ato ou efeito de colonizar, ou seja, transformar um território em colônia, explorando economicamente seus recursos.
Congresso Nacional (p. 138)
Instituição formada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado. O Congresso exerce o Poder Legislativo federal. 194
D
Democracia (p. 184)
Sistema político em que os cidadãos elegem os seus dirigentes por meio de eleições periódicas.
Distrito Federal (p. 136)
Território ou cidade onde se estabelece a sede do governo central ou a capital de uma república federativa.
Dívida externa (p. 164)
Dívida de um país para com outros países ou bancos estrangeiros.
Drogas do sertão (p. 72) Nome genérico de alguns produtos vegetais como a canela, o cacau, a castanha, a salsaparrilha e a pimenta, entre outros, considerados valiosos na atividade extrativista da região amazônica no Brasil colonial de fins do século XVII até a primeira metade do século XVIII.
E
G
Golpe de Estado (p. 138)
Elite (p. 79) Minoria privilegiada em uma sociedade.
Esquadra (p. 15) Conjunto dos navios de guerra de um país.
Derrubada de um governo, geralmente promovida pelas Forças Armadas. Todo golpe de Estado é uma violência contra a ordem constitucional estabelecida.
H
Estado Novo (p. 159)
Historiografia (p. 108)
RA
Regime político autoritário governado por Getúlio Vargas.
Etnia (p. 28)
Homofobia (p. 185)
Nome dado a uma série de atitudes e sentimentos negativos (rancor, desprezo, preconceito, medo, etc.) em relação a homossexuais, bissexuais e transgêneros. Manifesta-se como comportamento crítico e hostil, que frequentemente inclui discriminação e violência.
ST
Grupo humano com a mesma língua, as mesmas crenças e a mesma cultura; grupo étnico. Para alguns, a etnia consiste em um grupo formado por pessoas que apresentam características homogêneas não apenas socioculturais, mas também biológicas.
Ciência que estuda e descreve a História; estudo e descrição da História ou que reflete sobre a obra de historiadores.
Étnica (formação) (p. 27)
Relativa à etnia; designa uma determinada população.
Exílio (p. 175)
Imprensa (p. 126)
Meio de comunicação de massa (jornais, revistas, rádio, televisão); arte da tipografia.
AM O
Afastamento forçado ou expulsão de uma pessoa do país em que vive, em geral por motivos políticos.
I
Exótico (p. 35)
Extravagante, pouco comum, estranho.
F
Imprensa Régia (p. 93)
Imprensa oficial no Brasil a partir da chegada da família real portuguesa em 1808; também chamada Impressão Régia.
Inclusão (p. 113)
Família linguística (p. 27)
Ato de incluir, de passar a fazer parte de algo.
Conjunto de línguas derivadas de uma língua original comum.
Indústria de base (p. 163)
Federação (p. 136)
União política entre estados ou províncias, com certa autonomia para cada um.
Feitor (p. 106) Supervisor dos trabalhadores; capataz.
Forças Armadas (p. 159) O exército, a marinha e a aeronáutica.
Nome geral dados à indústrias de extração e transformação de minérios, produção de máquinas e equipamentos para indústrias, exploração de recursos energéticos, etc. Também chamada de indústria pesada.
Infanta (p. 91)
Filha dos reis de Portugal ou da Espanha, mas que não era a herdeira da coroa. Pode ser também a esposa de um infante (filho de reis). 195
Infla•‹o (p. 164)
Aumento geral de preços que ocasiona perda do poder de compra da população.
M
Mem—ria social (p. 13)
Aquele que se dedica aos estudos; que tem muita cultura geral.
É uma construção coletiva sobre o passado feita a partir das condições de um grupo no momento presente. Envolve a memória individual, coletiva e histórica, além de práticas e rituais.
Interventor (p. 153)
Mercado financeiro (p. 85)
Intelectual (p. 136)
Inventário (p. 85)
Lista de bens deixados por uma pessoa que morreu.
J
Jazida (p. 72)
Os bancos são empresas que negociam com dinheiro; as bolsas de valores negociam com ações; as casas de câmbio negociam com dinheiro de outros países. O mercado financeiro é a reunião de todas essas atividades e de outras voltadas para o comércio de valores financeiros (isto é, de dinheiro).
RA
Pessoa a quem o presidente da República entrega provisoriamente o governo de um estado.
Mercenário (p. 26)
Aquele que trabalha ou que luta em um exército apenas pelo pagamento.
ST
Depósito natural de uma ou mais substâncias úteis, como minerais.
Jesu’ta (p. 53)
Nascido de pais de etnias diferentes.
Monarquia (p. 92)
Forma de governo na qual o poder está nas mãos de um rei.
AM O
Padre da Companhia de Jesus, ordem religiosa católica fundada pelo espanhol Inácio de Loyola no século XVI.
Mesti•o (p. 59)
Juiz de fora (p. 127)
Magistrado nomeado pelo rei de Portugal para atuar em concelhos (circunscrições administrativas) em que era necessária a intervenção de um juiz isento e imparcial, geralmente vindo de fora da região.
L
Liberais (p. 95)
196
Movimento operário (p. 151)
Conjunto de grupos, partidos e sindicatos de trabalhadores organizados para reivindicar direitos e melhorias.
Mucama (p. 103) Jovem trabalhadora escravizada escolhida para auxiliar nos trabalhos domésticos da casa-grande ou acompanhar pessoas da família.
N
Partidários do liberalismo político e econômico; apoiam a maior descentralização política e a menor intervenção do Estado na economia.
Nacionalismo (p. 160)
L’ngua geral (p. 22)
Naturaliza•‹o (p.131)
Mistura de línguas faladas por povos Tupi-Guarani reunidas em um idioma único pelos padres jesuítas.
Ato pelo qual um estrangeiro se torna cidadão de um Estado que não é o seu e ao mesmo tempo perde a sua nacionalidade de origem.
Patriotismo; que exalta o sentimento nacional; que pretende desenvolver o poderio nacional.
Nômade (p. 66)
Pau-brasil (p. 35)
Aquele que muda constantemente de lugar, que não tem habitação fixa.
Árvore de madeira avermelhada, resistente, muito comum no território brasileiro à época da chegada dos portugueses (1500), mas que hoje é rara devido à grande exploração feita pelos portugueses no início da colonização.
O
Oligarquia agrária (p. 147)
P
Paladina (p. 124)
Mulher de grande bravura; defensora corajosa.
Requerimento, pedido, solicitação.
Poder Moderador (p. 125)
Poder exclusivo do imperador do Brasil, que lhe concedia direitos sobre os demais poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). Constava da Constituição de 1824 (Império).
ST
Parangolé (p. 178)
Petição (p. 121)
RA
Governo de poucas pessoas pertencentes à elite agrária; grandes fazendeiros detentores do poder político em uma região.
Populista (p. 160)
Prática pela qual um líder político procura ter contato direto com a população sem depender de partidos, ou por meio de um partido inteiramente controlado por ele. Seu objetivo é chegar ao poder, ou manter-se nele, explorando os sentimentos e emoções dos grupos menos favorecidos, principalmente dos trabalhadores.
AM O
Na definição de seu criador, o artista plástico Hélio Oiticica (Rio de Janeiro, 1937-1980), o parangolé é uma “antiarte por excelência” e uma pintura viva e ambulante. É uma espécie de capa (ou de bandeira, estandarte ou tenda) que revela suas formas, texturas, cores e grafismos por meio dos movimentos de quem o usa. Por isso, é considerado uma escultura móvel. Os parangolés criados por Oiticica entre as décadas de 1960 e 1970 eram confeccionados em tecido, borracha, tinta, papel, vidro, cola, plástico, corda ou palha.
Patrimônio imaterial (p. 187)
Conjunto de tradições, realizações artísticas não materiais (a música, por exemplo) e manifestações culturais de um povo.
Patrimônio material (p. 187)
É composto de um conjunto de bens culturais divididos em bens imóveis, como monumentos, bairros antigos de cidades modernas, construções de valor arquitetônico, e bens móveis, como obras de arte (pinturas, esculturas), documentos antigos, móveis antigos, peças de museus, etc.
Preconceito (p. 110) Julgamento ou opinião formada sem maior conhecimento baseada em ideias preconcebidas.
Preso político (p. 184) Pessoa mantida em prisão pelo governo, à época da ditadura militar brasileira, por defender a democracia e lutar pela liberdade.
Privado (p. 92)
Que não é de domínio público; que não pertence ao governo; particular.
Público (p. 92) De uso ou domínio público, coletivo. 197
Q
T
Quicongo (p. 99)
Tenentismo (p.147)
Povo originário da região do rio Congo, na África, e que se instalou no nordeste de Angola.
Movimento militar liderado por tenentes e outros jovens oficiais das Forças Armadas e atuante no Brasil entre 1922 e 1930.
Quimbundo (p. 99)
Tesouro Nacional (p. 85)
Língua africana da região de Angola.
Conjunto dos dados estatísticos dos habitantes de uma cidade, província, estado, ou nação; censo demográfico.
Em uma sociedade organizada, todas as pessoas pagam impostos ao governo. Esses impostos nas mãos do governo e mais outros recursos formam o Tesouro Nacional. Assim como as empresas, o Tesouro Nacional também vende suas ações, que se chamam títulos do Tesouro Nacional.
Regente (p. 126)
Tupi (p. 22)
Recenseamento (p.131)
RA
R
Ritual (p. 29)
Conjunto de cerimônias geralmente de caráter religioso.
U
Umbundo (p. 99)
Língua de origem banta falada em Angola.
AM O
S
Conjunto de diversos povos indígenas, espalhados por todo o litoral brasileiro. Hoje, existem cerca de 42 povos Tupi no Brasil.
ST
Pessoa que governava na impossibilidade de o imperador governar.
Sambaqui (p. 17)
Antiquíssimos depósitos de conchas, objetos de pedra, cerâmica e ossos humanos acumulados por grupos humanos pré-históricos no litoral, rios ou lagoas.
Urbanização (p. 143)
Processo de desenvolvimento das cidades, com instalação de infraestrutura (água, esgoto, eletricidade, etc.) e de serviços (transporte, educação, etc.).
Sesmaria (p. 44)
Lote de terra doado àqueles que deveriam cultivá-la.
Sufrágio (p. 148) Voto, votação.
198
X
Xamã (p. 186)
Espécie de sacerdote que realiza curas, advinhações, etc. e que para isso recorre a entidades sobrenaturais.
A História no cinema Lembre aos alunos que os filmes nunca devem ser tomados como retratos fiéis da realidade. Assim como pinturas, gravuras, fotos, ilustrações, o filme é também uma representação da realidade e, muitas vezes, mostra uma visão romanceada, idealizada, fragmentada e até distorcida dos fatos, de acordo com o ponto de vista do autor. Por isso, é necessário cuidado ao analisar uma obra cinematográfica.
O cinema é uma das formas mais agradáveis de estudar História. Por isso, nesta seção, você encontra diversas sugestões de filmes relacionados aos temas de cada capítulo.
Capítulo 1 Narradores de Javé Brasil, 2003, direção de Eliane Caffé.
RA
Capítulo 6
Capítulo 2
Guerra do fogo (La guerre du feu) França/Canadá, 1981, direção de Jean-Jacques Annaud.
A história do filme gira em torno da descoberta do fogo e da origem da linguagem humana.
Capítulo 7
Morro da Conceição Brasil, 2005, direção de Cristiana Grumbach. No documentário, oito entrevistados, escolhidos entre os mais velhos moradores do Morro da Conceição, no centro do Rio de Janeiro, narram histórias de suas vidas, atravessadas pelas histórias do bairro, da cidade e do país.
AM O
Capítulo 3
Curta-metragem baseado na obra de Jean de Léry sobre a ocupação do Rio de Janeiro por franceses no século XVI. As cenas foram filmadas em locações originais, no forte de Coligny, na ilha das Cobras.
ST
A comunidade-vilarejo de Javé decide preparar um documento contando os grandes acontecimentos de sua história. Como a maioria da população é analfabeta, é preciso encontrar alguém que possa escrever os relatos orais dos habitantes.
Viagem e descrição do Rio Guanabara por ocasião da França Antártica (Villegagnon) Brasil, 1976, direção de Rogério Sganzerla.
Hans Staden Brasil, 1999, direção de Alberto Pereira.
O filme reconstitui as aventuras de Hans Staden no Brasil do século XVI e seu contato com os indígenas.
Caramuru, a invenção do Brasil Brasil, 2001, direção de Guel Arraes.
O português Diogo Álvares, o Caramuru, é deportado na caravela comandada por Vasco de Athayde. Ao chegar ao litoral brasileiro, conhece Paraguaçu e sua irmã Moema, torna-se chefe dos Tupinambá e ajuda a fundar a cidade de Salvador, na Bahia.
Capítulo 4
Capítulo 8 Piratas França, 1986, direção de Roman Polanski. No final do século XVII, o capitão Red e seu aprendiz encontram-se à deriva em um bote. São recolhidos por uma embarcação espanhola, que guarda em seu porão o lendário trono asteca de Kapatek-Anahuac, em ouro maciço.
Capítulo 9
O descobrimento do Brasil Brasil, 1937, direção de Humberto Mauro.
A coroa do imperador Brasil, 2002, direção de César Charlone.
O filme faz uma reconstituição da chegada dos portugueses ao território brasileiro baseada na Carta de Pero Vaz de Caminha.
Primeiro episódio da primeira temporada da série de TV Cidade dos Homens sobre a fuga da corte portuguesa para o Brasil.
Também é recomendável assistir aos filmes previamente para selecionar as cenas. Consulte no Manual do Professor outras sugestões de filmes sobre os diferentes temas tratados nos capítulos, pois alguns deles não foram incluídos nesta lista por serem inadequados à faixa etária dos alunos.
199
Memórias póstumas de Brás Cubas Brasil, 2001, direção de André Klotzel.
Cap’tulo 10 Ganga Zumba Brasil, 1964, direção de Carlos Diegues. O filme conta a história de Ganga Zumba, futuro líder do famoso Quilombo dos Palmares.
Quilombo Brasil, 1984, direção de Carlos Diegues.
Rio de memórias Brasil, 1987, direção de José Inácio Parente. O documentário narra a história da fotografia e da cidade do Rio de Janeiro, de 1840 a 1930, por meio de fotos que documentam os costumes, os tipos humanos e a arquitetura da época.
RA
Por volta de 1650, um grupo de escravos se rebela e foge para o Quilombo dos Palmares. Entre eles está Ganga Zumba. Seu herdeiro e afilhado, Zumbi, se opõe a suas ideias conciliatórias.
Após morrer, em 1869, Brás Cubas decide narrar sua história e os fatos mais importantes de sua vida, tendo como cenário o Rio de Janeiro do Segundo Reinado. Filme baseado na obra de Machado de Assis.
Jongos, calangos e folias: música negra, memória e poesia Brasil, 2007, direção de Hebe Mattos e Martha Abreu.
Policarpo Quaresma – Herói do Brasil Brasil, 1988, direção de Paulo Thiago.
Adaptado da obra de Lima Barreto, o filme conta a história de um homem patriota e sonhador. A trama se passa no início da República.
ST
Documentário dirigido por professoras da Universidade Federal Fluminense – UFF, sobre a história dos jongos, calangos e folias como patrimônios culturais, destacando o papel da poesia negra nessas três manifestações. Disponível em: <www.pontaojongo.uff.br> Acesso em: jan. 2014.
Cap’tulo 12
Cap’tulo 13
Revolução de 30 Brasil, 1980, direção de Sylvio Back.
AM O
Memórias do cativeiro Brasil, 2005, direção de Guilherme Fernandez e Isabel Castro
O documentário registra lembranças dos afrodescendentes no interior do Rio de Janeiro. Disponível em: <www.labhoi. uff.br/passadospresentes/filmes_m>. Acesso em: jun. 2014
Cap’tulo 11
Independência ou morte Brasil, 1972, direção de Carlos Coimbra.
O filme aborda a vida pessoal de dom Pedro I paralelamente à história do Brasil.
Mauá, o imperador e o rei Brasil, 1999, direção de Sérgio Rezende.
O filme narra o percurso de Irineu Evangelista de Souza, barão e depois Visconde de Mauá, um dos maiores empresários brasileiros do século XIX.
200
O documentário enfoca a chamada “Revolução” de 1930, que deu início à era Vargas.
Cartola – Música para os olhos Brasil, 2006, direção de Lírio Ferreira e Hilton Lacerda. O documentário conta a história de Cartola, um dos mais importantes compositores da música popular brasileira.
Noel, poeta da Vila Brasil, 2006, direção de Ricardo van Steen. Neste filme, a trajetória artística de Noel Rosa, o poeta nascido em Vila Isabel, é acompanhada desde os seus 17 anos de idade.
A moreninha Brasil, 1971, direção de Glauco Laurelli.
Rio, Zona Norte Brasil, 1957, direção de Nelson Pereira dos Santos.
Baseado no romance de Joaquim Manoel de Macedo, o filme conta a história de um grande amor vivido por dois jovens no Rio de Janeiro do século XIX.
Ao abordar as relações entre a favela e o “asfalto”, o filme conta como um compositor pobre tem suas obras roubadas pelos empresários das gravadoras e das rádios.
Marcelo Zona Sul Brasil, 1970, direção de Xavier de Oliveira.
Capítulo 14 Os anos JK, uma trajetória política Brasil, 1980, direção de Sílvio Tendler.
Sobre o cotidiano da adolescência carioca dos anos 1960.
Documentário sobre a ascensão de Juscelino Kubitschek de Oliveira, o JK, a construção de Brasília e a luta do presidente para reaver seus direitos políticos após o golpe de 1964.
Documentário sobre o Festival Internacional da Canção de 1967, com gravações da época e depoimentos de vários artistas.
RA
Oscar Niemeyer – A vida é um sopro Brasil, 2007, direção de Fabiano Maciel.
Documentário sobre a vida e a obra do arquiteto Oscar Niemeyer.
Coisa mais linda – História e casos da Bossa Nova Brasil, 2005, direção de Paulo Thiago.
Uma noite em 67 Brasil, 2010, direção de Renato Terra e Ricardo Calil.
Capítulo 16
Rio de Jano Brasil, 2003, direção de Anna Azevedo, Eduardo Souza Lima e Renata Baldi.
Documentário produzido durante viagem do desenhista francês Jano ao Rio de Janeiro, em 2000, resultando num álbum bem-humorado da diversidade cultural e dos contrastes sociais da cidade.
Vinicius Brasil, 2005, direção de Miguel Faria Jr.
Central do Brasil Brasil, 1998, direção de Walter Salles Jr.
Documentário sobre a vida e a carreira do compositor e poeta Vinicius de Moraes.
Mulher que escreve cartas para analfabetos na estação Central do Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, ajuda um menino a tentar encontrar o pai que nunca conheceu, no interior do Nordeste.
AM O
ST
O documentário conta a história do nascimento da Bossa Nova nos anos 1950, com entrevistas, apresentações e imagens de arquivo de grandes nomes do movimento.
Orfeu negro/ Orfeu do Carnaval França/Itália/Brasil, 1959, direção de Marcel Camus. Durante o Carnaval, Orfeu, condutor de bonde e sambista que mora no Morro da Babilônia, apaixona-se por Eurídice, uma jovem vinda do interior para a cidade do Rio de Janeiro.
Crônica da cidade amada Brasil, 1965, direção de Carlos Hugo Christensen.
Capítulo 15
O Rio de Janeiro visto pelo olhar de cronistas como Paulo Mendes Campos, Carlos Drummond de Andrade, Dinah Silveira de Queiroz, Fernando Sabino, Paulo Rodrigues e Orígenes Lessa.
Jango Brasil, 1984, direção de Sílvio Tendler.
Villa-Lobos, uma vida de paixão Brasil, 2000, direção de Zelito Viana.
Documentário sobre a vida política brasileira nos anos 1960, tendo como fio condutor a biografia do presidente João Goulart.
Sobre a vida e a obra do maestro e compositor Heitor Villa-Lobos.
O ano em que meus pais saíram de férias Brasil, 2006, direção de Cao Hamburguer.
Brasileirinho Brasil, 2007, direção de Mika Kaurismaki.
Em 1970, a ditadura militar é o pano de fundo para a história de um menino separado dos pais devido aos conflitos políticos.
Documentário sobre a história do choro, gênero musical nascido no Brasil no final do século XIX, com apresentações de músicos e intérpretes contemporâneos.
201
Sugest›es de leitura e sites da internet Livros Agbalá, um lugar-continente, de Marilda Castanha, Cosac Naify, 2011.
A autora, natural do Rio de Janeiro, narra sua experi•ncia de retorno ao Brasil ap—s viver um longo per’odo na Fran•a. Filha de pai franc•s e m‹e brasileira, ela conta suas lembran•as de inf‰ncia e adolesc•ncia e suas impress›es da volta ao Brasil. TambŽm retoma o papel da Fran•a na hist—ria do Brasil desde o sŽculo XV. Temas: Hist—ria, Brasil, pluralidade cultural.
RA
O livro apresenta a hist—ria dos negros no Brasil, desde a chegada como africanos escravizados. Com belas ilustra•›es e elegante projeto gr‡fico, este livro premiado apresenta diferentes aspectos das culturas negras, da çfrica e do Brasil, tratando de religiosidade, valores tradicionais, estŽtica, forma•‹o de quilombos, escravid‹o e alforria, entre outros temas. Temas: Hist—ria, pluralidade cultural, cultura afro-brasileira.
Do outro lado do Atlântico, de Pauline Alphen, Companhia das Letrinhas, 2003.
Bibliotecas do mundo, de Daniela Chindler, Casa da Palavra, 2012.
Numa vŽspera de Carnaval, Tiago, Renata e Rita, que moram em diferentes bairros do Rio de Janeiro, encontram-se na praia de Copacabana e relembram v‡rios fatos hist—ricos sobre a origem e a forma•‹o da Cidade Maravilhosa. Temas: Hist—ria, sociedade.
ST
A hist—ria de sete bibliotecas famosas, de diferentes Žpocas e partes do mundo, entre elas a Biblioteca Nacional e a Biblioteca Parque da Rocinha, no Rio de Janeiro Ž apresentada sob a forma de contos, narrados por personagens que fizeram parte da hist—ria de cada biblioteca. Temas: Hist—ria, pluralidade cultural.
Encontros e desencontros no Rio de Janeiro, de Luiz Bras, Callis, 2007.
Chiquinha Gonzaga e a melodia das palavras, de Lœcia Fidalgo, Paulus, 2010.
Lembran•as de um personagem que passou a inf‰ncia e parte da juventude em uma favela. A autora contesta a vis‹o preconceituosa sobre o que Ž viver no morro e revela recorda•›es de um cotidiano cheio de emo•‹o e esperan•a, apesar da pobreza e da viol•ncia. Temas: ƒtica e cidadania, pluralidade cultural.
AM O
Com ilustra•›es delicadas, o livro conta a vida de Chiquinha Gonzaga, compositora e maestrina que nasceu no Rio de Janeiro nos primeiros anos do Segundo Reinado. Temas: Biografia, hist—ria, cultura popular.
Favela, de D’lvia Ludvichak, Mundo Mirim, 2013.
Contos e lendas de um vale encantado, de Ricardo Azevedo, çtica, 2010.
O autor faz um resgate das manifesta•›es culturais populares da regi‹o do Vale do Para’ba. S‹o contos, adivinhas, receitas, quadras e lendas que expressam um pouco da cultura e do modo de viver de homens e mulheres dessa regi‹o, localizada entre S‹o Paulo e Rio de Janeiro. Temas: Cultura popular, pluralidade cultural.
D. João carioca: a corte portuguesa chega ao Brasil (1808-1821), de Spacca e Lilia Moritz Schwarcz, Companhia das Letras, 2007.
O cartunista Spacca e a historiadora Lilia M. Schwarcz narram a aventura da fam’lia real portuguesa, que atravessa o oceano e governa um impŽrio a partir de sua col™nia americana. A hist—ria Ž recontada na linguagem dos quadrinhos, a partir de pesquisa documental, historiogr‡fica e iconogr‡fica da Žpoca. O livro inclui uma bibliografia sobre o tema, esbo•os preliminares e estudos de personagens, cen‡rios e vestimentas. Temas: Hist—ria, Brasil, sociedade, pluralidade cultural.
202
Ludi na chegada e no bota-fora da Família Real, de Luciana Sandroni, Manati, 2008.
Neste livro, Ludi viaja no tempo e desembarca no Rio de Janeiro para assistir ˆ chegada da Fam’lia Real. De forma bem-humorada, a hist—ria retrata fatos e curiosidades sobre os personagens da corte portuguesa, como um dom Pedro ainda crian•a em uma partida de futebol. Temas: Hist—ria, Brasil, fantasia.
Meu amigo indiozinho, de Luiz Antonio Aguiar, Biruta, 2009.
Nessa hist—ria de amizade, inclus‹o e preconceito, crian•as de uma comunidade ind’gena enfrentam dificuldades ao serem matriculadas em uma escola e devem conviver com os moradores da regi‹o. O livro convida a refletir sobre como a sociedade brasileira lida com esse assunto e quais as consequ•ncias da falta de di‡logo. Temas: Pluralidade cultural, sociedade, Žtica e cidadania.
Um quilombo no Leblon, de Luciana Sandroni, Pallas, 2011.
Neguinho do Rio, de Luís Pimentel, Pallas, 2011.
O leitor vai conhecer muitos recantos da Cidade Maravilhosa nesse passeio guiado por Neguinho, um menino de rua que gosta de futebol e de Carnaval e que conhece o Rio como ninguém. Acompanhe Neguinho ao Maracanã, depois de passar pelo Largo do Machado e dar um pulinho na Central do Brasil. Temas: História, pluralidade cultural, sociedade.
O livro mistura fatos reais e ficção para contar a história do comerciante e abolicionista José de Seixas Magalhães, que ajudava escravos fugidos a se esconder em sua chácara no Leblon. Em cada página, um glossário situa o leitor no devido período histórico, além de apresentar pequenas biografias de personagens da época. Temas: História, sociedade, diversidade cultural.
O pano de boca, de Sandra Pina, Cortez, 2009.
Júnior acompanha sua mãe ao Theatro Municipal do Rio de Janeiro, onde ela vai restaurar o pano de boca do palco, pintado em 1908 por Eliseu Visconti. O garoto explora os espaços do teatro e fica sabendo um pouco sobre a história e os mistérios dessa antiga construção. Temas: História, cultura, família.
RA
Villa-Lobos – o maestro, de Lúcia Fidalgo, Paulus, 2010.
O livro conta a história de Heitor Villa-Lobos, um menino nascido no Rio de Janeiro em 1887, que se tornou um dos maestros mais importantes do Brasil e do mundo. O leitor vai conhecer um pouco da vida do músico: sua família, seus estudos, viagens e influências de sua música inspirada na cultura regional e indígena. Temas: Biografia, história, culturas regionais, culturas indígenas.
Os ibejis e o Carnaval, de Helena Theodoro, Pallas, 2009.
ST
Neste livro, a autora conta a seus netos histórias sobre o Carnaval, uma das manifestações populares mais importantes do Brasil. A obra conta com belas ilustrações e um glossário com termos relacionados ao tema. Temas: História, cultura afro-brasileira.
Sites
Pindorama, terra das palmeiras, de Marilda Castanha, Cosac Naify, 2008.
AM O
O livro nos leva a Pindorama, nome dado às terras brasileiras pelos povos indígenas que aqui viviam antes da chegada dos portugueses. Com imagens de artefatos indígenas, pinturas rituais e obras de arte, este livro busca revelar o modo de vida indígena e suas contribuições para nossa identidade. Temas: História, pluralidade cultural.
Rio de Janeiro – A Cidade Maravilhosa, de Márcia Noêmia Guimarães, Cortez, 2007.
O livro apresenta episódios importantes da história da cidade do Rio de Janeiro, desde a época em que suas terras eram habitadas por indígenas e cobertas pela Mata Atlântica até os dias atuais. Temas: História, memória, sociedade.
Sacopenapan, de Ana Teresa Jardim. Belo Horizonte: RHJ, 2012.
O livro conta as aventuras de um garoto que se muda com os pais para um novo bairro do Rio de Janeiro e encontra um diário misterioso. Para resolver as charadas que o livro propõe, Vicente anda pelas ruas do bairro e desvenda alguns de seus mistérios. Temas: Aspectos históricos e geográficos do bairro de Copacabana, na cidade do Rio de Janeiro.
A cor da cultura
Projeto desenvolvido em parceria com a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Promove ações educativas que buscam valorizar a cultura afro-brasileira. Apresenta artigos, textos, vídeos, livros animados, entrevistas, notícias e muito mais. Disponível em: <www.acordacultura.org.br>. Acesso em: 15 jan. 2014.
Armazém de dados Apresenta e divulga estudos e pesquisas estatísticas sobre a cidade do Rio de Janeiro. Na seção Armazenzinho do site há informações, mapas e conteúdos com linguagem acessível para crianças e adolescentes. Disponível em: <www.armazemdedados.rio.rj.gov.br>. Acesso em: 15 jan. 2014.
Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro O site disponibiliza a memória da instituição e informações sobre o horário de funcionamento e condições de acesso ao acervo. Há, ainda, seções especiais sobre a memória da resistência à ditadura militar, com um acervo digitalizado de documentos e fotografias, uma videoteca digital e um acervo de fotografias relacionadas ao governo e aos governadores do Rio de Janeiro. Disponível em: <www.aperj.rj.gov.br/>. Acesso em: 15 jan. 2014.
203
Charles Landseer
O site traz imagens das obras de Charles Landseer, artista encarregado de registrar e documentar a missão diplomática britânica que chegou ao Rio de Janeiro em 1825. Seus desenhos e aquarelas representam paisagens da Mata Atlântica, o Pão de Açúcar, o Corcovado, a pedra da Gávea, a baía de Guanabara e suas ilhas, a lagoa Rodrigo de Freitas, entre outros. Disponível em: <http://ims.uol.com.br/hs/charleslandseer/ portfolio.html>. Acesso em: 15 jan. 2014.
Fundação Biblioteca Nacional
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Legislação e informações sobre meio ambiente, patrimônio cultural, direitos humanos e dos povos indígenas brasileiros. A Enciclopédia dos Povos Indígenas traz verbetes sobre os diferentes povos indígenas que vivem no Brasil. Disponível em: <http://www.socioambiental.org/>. Acesso em: 16 jan. 2014.
Museu da República Neste site é possível fazer uma visita virtual ao museu, fundado em 1960. A partir de imagens e áudios, são apresentadas informações sobre o Palácio do Catete e outros símbolos que fizeram parte da história do Brasil e do Rio de Janeiro.
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Além de informações sobre a instituição e seu funcionamento, o site oferece acesso completo aos catálogos da biblioteca. A visita virtual permite que o usuário conheça os espaços da biblioteca e visite a exposição virtual. Disponível em: <www.bn.br/portal/>. Acesso em: 16 jan. 2014.
Instituto Socioambiental
Museu Imperial
Localizado na cidade de Petrópolis, o museu possui um acervo constituído por objetos dos séculos XVIII e XIX, além de um arquivo histórico formado por documentos, gravuras, mapas e fotografias. O site possui uma seção na qual podem ser vistas as fotografias das peças e obras digitalizadas.
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Censos, estatísticas, perfil dos municípios brasileiros, mapas e informações sobre cidades, estados e países. Na página inicial, clicando em Canais temáticos, há links para sites dedicados ao público jovem (teen) e infantil (7 a 12 anos), com mapas, informações e outros dados. Disponível em: <www.ibge.gov.br/home/>. Acesso em: 17 jan. 2014.
Disponível em: <www.eravirtual.org/mrepublica_01_br/>. Acesso em: 16 jan. 2014.
Governo do Estado do Rio de Janeiro
Disponível em: <www.museuimperial.gov.br>. Acesso em: 16 jan. 2014.
Viva Favela
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Portal do governo do estado, com informações gerais sobre o Rio de Janeiro, notícias, serviços prestados ao cidadão e ações do governo. Disponível em: <www.rj.gov.br>. Acesso em: 16 jan. 2014.
Heitor dos Prazeres
O site traz a biografia e notícias sobre Heitor dos Prazeres e Heitorzinho dos Prazeres, músicos e pintores cariocas importantes na história do samba e do desenvolvimento do cavaquinho. Disponível em: <www.heitordosprazeres.com.br/>. Acesso em: 16 jan. 2014.
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Projeto da organização Viva Rio, vincula notícias e informações sobre as favelas e as periferias do Rio de Janeiro visando à sua integração social. Seu conteúdo é produzido pelos próprios morados que atuam como correspondentes comunitários. Disponível em: <http://vivafavela.com.br/>. Acesso em: 16 jan. 2014.
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Estado do
Rio de Janeiro História e Geografia
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Estado do Rio de Janeiro História e Geografia
Siomara Sodré Spinola
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Livro Regional – Volume Único 4o ano ou 5o ano
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MANUAL DO PROFESSOR
Livro Regional
4º º 5
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ou
ano
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TIPO:
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Ensino Fundamental Anos Iniciais
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