MANUAL DO ROFESSOR ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS
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Sumário Apresentação: nossos ideais........................................................131 Orientações gerais para a coleção...............................................132 Para que ensinar Ciências? – Uma ciência por todos e para todos......132 O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) e os livros didáticos de Ciências.....................................................133 A ciência, a sociedade e a tecnologia – O que é ciência? Como pensa um cientista?...................................................................136 Uma breve história do método científico e do uso das habilidades de investigação científica na escola..............................................139 Fundamentação teórico-metodológica: a alfabetização científica.......141 A importância de promover a alfabetização científica.......................144 Avaliação: como fazer?...............................................................145 Estrutura da coleção – livro do aluno.............................................148 O que ensinar? A escolha dos conteúdos.......................................151 Por que integrar as aulas com recursos da informática?....................168
Orientações para desenvolvimento de conceitos e conteúdos – 2o ano......................................................................170 Unidade 1 – Seres vivos e ambiente...............................................172 Unidade 2 – Os animais.................................................................180 Unidade 3 – Os vegetais................................................................189 Unidade 4 – Os seres humanos.......................................................195 Unidade 5 – Saúde........................................................................201 Unidade 6 – Matéria e energia........................................................212 Unidade 7 – Os recursos da Terra...................................................219 Unidade 8 – Nós e o planeta......................................................227
Bibliografia consultada e recomendada.......................................236 Planilha de avaliação individual – 2o ano....................................238 Planilha de autoavaliação – 2o ano..............................................240
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Apresentação: nossos ideais Idealizar um projeto educativo para o mundo contemporâneo exige um olhar abrangente para o contexto sociocultural em que vivemos. A complexidade das relações entre os indivíduos e a sociedade e a troca de informações em escala global multiplicam as possibilidades de acesso aos dados e aos fatos, fazendo que a educação assuma como dever essencial permitir que todos possam receber, selecionar, ordenar, gerir e utilizar essas informações. A educação atual é voltada para a autonomia, para a seleção de informações e, principalmente, para a criação. São alunos e professores produtores, inventores e investigadores. Esperamos que este projeto auxilie a desenvolver em cada um a autonomia do aprendizado e a consciência de agir individualmente para o bem da sociedade. Este livro didático é uma ferramenta que contém mais que um conjunto de textos e atividades; há nele a possibilidade de infinitas perguntas, que nas mãos dos alunos se transformam em descobertas e, mais importante, em novas perguntas. Professor, este material pretende ser seu aliado na jornada letiva, estimulando seu lado curioso, pesquisador e criativo. Um excelente trabalho!
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Orientações gerais para a coleção Para que ensinar Ciências? – Uma ciência por todos e para todos Convidamos você, professor, a folhear um jornal ou acessar uma página de notícias da internet e verificar quantos temas relacionados à ciência e à tecnologia são encontrados: pesquisas sobre robótica, supercondutores, nanotecnologia, técnicas agrícolas, terapia de células-tronco, alimentos transgênicos, novos medicamentos, descoberta de espécies novas e, também, desastres ambientais, poluição, epidemias etc. Fica claro, nos dias de hoje, que as implicações da ciência e da tecnologia1 afetam a sociedade e a vida de cada indivíduo. Acreditamos que os conhecimentos da ciência devem ser incorporados à vida de cada cidadão, de modo que esses saberes possam ser efetivamente aplicados nas mais diversas situações e contribuir efetivamente para a qualidade de vida dos indivíduos e da sociedade. É preciso trabalhar a favor da socialização da linguagem, das técnicas e dos produtos da ciência. Que tipo de alimento escolher? Por que comprar este e não aquele eletrodoméstico? Como prevenir o surto de dengue que pode atingir a comunidade onde moro? Que parte da conservação ambiental cabe a mim e que parte cabe aos governantes? Devo cobrar providências da prefeitura pelo aumento da conta de luz? O que acontece se o lixo não for recolhido das ruas? Como posso ter água potável se não há tratamento de água na cidade onde moro? Apropriar-se dos conhecimentos científicos é fundamental para a prática da cidadania, pois amplia a capacidade de compreensão e transformação da realidade. Entender a ciência como “uma linguagem construída pelos homens e pelas mulheres para explicar o nosso mundo natural”2 também facilita controlar e prever as transformações da natureza, buscando melhor qualidade de vida para todos. As crianças são espontaneamente curiosas, questionadoras e abertas ao novo. Tais características são fundamentais para desenvolver os objetivos que pretendemos. Resta aos educadores alimentar o “bichinho da curiosidade” com propostas desafiadoras e interessantes, motivando-os a ir além, a produzir, criar e ser, efetivamente, pesquisadores. Acreditamos que esta coleção constitui uma boa ferramenta para a concretização dessa tarefa.
1 Entendemos por ciência a relação entre fatos e ideias, a reunião e a organização do conhecimento. A tecnologia é o uso prático que as pessoas fazem dos conhecimentos científicos e fornece ferramentas para o avanço da ciência. 2 Attico Chassot, no artigo “Alfabetização científica: uma possibilidade para a inclusão social”, disponível em: <www.scielo.br/pdf/rbedu/n22/n22a09.pdf>. Acesso em: maio 2014.
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Ciência e Tecnologia como cultura Juntamente com a meta de proporcionar o conhecimento científico e tecnológico à imensa maioria da população escolarizada, deve-se ressaltar que o trabalho docente precisa ser direcionado para sua apropriação crítica pelos alunos, de modo que efetivamente se incorpore no universo das representações sociais e se constitua como cultura. Em oposição consciente à prática da Ciência morta, a ação docente buscará construir o entendimento de que o processo de produção do conhecimento que caracteriza a Ciência e a Tecnologia constitui uma atividade humana, sócio-historicamente determinada, submetida a pressões internas e externas, com processos e resultados ainda pouco acessíveis à maioria das pessoas escolarizadas, e por isso passíveis de uso e compreensão acríticos ou ingênuos;
ou seja, é um processo de produção que precisa, por essa maioria, ser apropriado e entendido. Cabe registrar, sem rodeios, a dificuldade da grande maioria dos docentes no enfrentamento desse desafio. Se solicitarmos exemplos de manifestações e produções culturais, certamente serão citados: música, teatro, pintura, literatura, cinema... A possibilidade de a Ciência e a Tecnologia estarem explicitamente presentes numa lista dessa natureza é muito remota! No entanto, a própria concepção de Ciência e Tecnologia aqui apresentada — uma atividade humana sócio-historicamente determinada — acena para um conjunto de teorias e práticas culturais, em seu sentido mais amplo. DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. A.; PERNAMBUCO, M. M. Ensino de Ciências: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2002. p. 34-35. (Coleção Docência em Formação).
O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) e os livros didáticos de Ciências O PNAIC é um compromisso nacional no qual as crianças devem ser alfabetizadas até os 8 anos de idade, ao final do 3o ano do Ensino Fundamental. O pacto apoia-se em alguns princípios centrais, entre os quais o de que “conhecimentos oriundos das diferentes áreas podem e devem ser apropriados pelas crianças, de modo que elas possam ouvir, falar, ler, escrever sobre temas diversos e agir na sociedade”3. Assim, os livros didáticos devem estar preparados para, além de atender aos interesses próprios de sua disciplina, contribuir para os processos de letramento e alfabetização matemática da criança, constituindo uma ferramenta de introdução ao mundo da escrita e da leitura. O ensino básico de Ciências passa, assim, a compor um conjunto interdisciplinar focado na introdução do aluno aos conhecimentos científicos e tecnológicos, e também tem seu importante papel na alfabetização, levando em conta o impacto dos conhecimentos da ciência na qualidade de vida e na formação cidadã dos alunos por meio de temas do cotidiano. Com isso em vista, buscamos conceber uma obra que considere esses eixos orientadores no cerne da escolha de conteúdos e propostas de atividades, levando em consideração o processo de aprendizagem das crianças. A escolha dos textos e das atividades, o uso do vocabulário, o trabalho com a leitura, a escrita e a oralidade são promotores da alfabetização.
3 BRASIL. Ministério da Educação. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. Disponível em: <http:// pacto.mec.gov.br/o-pacto>. Acesso em: jun. 2014.
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PARA SABER MAIS Recomendamos a visita ao site do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (disponível em: <http://pacto.mec.gov.br/index.php>)e o estudo dos materiais do Programa de Formação Continuada de Professores dos Anos/Séries iniciais do Ensino Fundamental (Pró-Letramento), do Ministério da Educação e Secretaria da Educação Básica. Há dois volumes do material: “Alfabetização e linguagem” e “Matemática”. Os fascículos estão disponíveis para download no site do MEC, disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_ content&view=article&id=12616%3Aformacao&Itemid=698> (acessos em: abr. 2014).
Muitas das habilidades envolvidas no fazer ciência e na leitura, na escrita e na oralidade são semelhantes. Em ambos os processos utilizamos a análise e o pensamento crítico, necessitamos acessar conhecimentos prévios, criar hipóteses, estabelecer planos, verificar constantemente nosso entendimento, determinar a importância das informações, fazer comparações, inferências, generalizar e tirar conclusões, por exemplo. Essas habilidades nos levam a pensar que aprender Ciências (assim como qualquer outra disciplina) e ser alfabetizado são processos que caminham lado a lado e se complementam. É importante ficar atento aos momentos em que a leitura ou a escrita possam constituir uma dificuldade aos alunos iniciantes. Diversas orientações sobre esses momentos são encontradas nos livros, auxiliando tanto o docente quanto a classe. Além das orientações da própria página do livro do aluno, há orientações para o desenvolvimento de conceitos e conteúdos para cada unidade, que oferecem ideias que podem complementar o trabalho de alfabetização.
Professor: repensando seu papel em um momento de transição A experiência de se questionar e de refletir não é habitual para muitos adultos. Eles deixaram de buscar significados em suas experiências, tornando-se exemplos da aceitação passiva da realidade. Tristemente, muitas crianças têm nesses adultos modelos para sua própria conduta.
Em pouco tempo, as crianças que agora estão na escola serão pais. Se pudermos, de algum modo, preservar o seu senso natural de deslumbramento, sua prontidão em buscar o significado e sua vontade de compreender o porquê de as coisas serem como são, haverá uma esperança de que ao menos essa geração não sirva aos seus próprios filhos como modelo de aceitação passiva. SHARP, A.; LIPMAN, M.; OSKANIAN, F. A filosofia na sala de aula. São Paulo: Nova Alexandria, 1994. p. 55.
Os desafios educacionais atuais, em se tratando dos anos iniciais do Ensino Fundamental, estão centrados na inserção dos alunos na cultura letrada. Entre os eixos de atuação do PNAIC, encontra-se a formação continuada do professor. Nesse cenário, torna-se ainda mais importante que os educadores assumam o papel de pesquisadores e de produtores do conhecimento, em conjunto com seus alunos, na sala de aula.
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Os professores exercem papel central no processo de formação social. Professores são formadores de opinião, modelos, exemplos de conduta. Professores são desafiados a propiciar um desenvolvimento humano, cultural, científico e tecnológico a seus alunos, em um mundo que se transforma todos os dias. Assim, a função do professor não pode ser dissociada das mudanças sociais, e sua profissão deve receber atenção especial no que se refere à atualização e à formação. É preciso transpor o papel do professor como mero transmissor de conhecimento e executor de decisões alheias para uma nova perspectiva, em que ele possa conduzir os alunos a descobrir, pesquisar e produzir o conhecimento, e também decidir por estratégias de ensino que sejam adequadas a seus alunos e coerentes com a realidade em que atua. Trata-se, portanto, do professor-pesquisador – que busca desenvolver o pensamento reflexivo e autônomo em seus alunos, tornando-se, ele próprio, reflexivo e autônomo em sua prática – e do professor-problematizador – que leva propostas diferenciadas para a classe (propostas estas que vão além do livro didático), estimulando a investigação, a comparação e a crítica. Buscamos, nesta coleção, favorecer e orientar a autoria e o protagonismo dos professores. Certo é que o professor busque refletir sobre sua própria prática. Periodicamente, dedique algum tempo para perguntar a si mesmo: §§Busco entender os saberes básicos da disciplina e torná-los acessíveis aos alunos? §§Procuro mostrar articulações entre as diferentes áreas do conhecimento durante minhas aulas? §§Busco atualizações sobre as novas descobertas da ciência? §§Uso o livro didático como uma de minhas ferramentas de trabalho e não como único guia para as aulas? §§Conheço e uso diferentes formas de trabalho típicas da ciência (como pesquisas, visitas, leituras, entrevistas e experimentos) em minha prática? §§Procuro enfatizar o uso das habilidades de investigação em minhas aulas? §§Discuto com os alunos, sempre que possível, sobre as aplicações do conhecimento científico no cotidiano, suas implicações éticas e seus efeitos na sociedade? Concordamos com o autor Pedro Demo (Educação e alfabetização científica. Campinas: Papirus, 2010. p. 37) ao afirmar que “o desafio maior é a docência. Alunos – mais ou menos – saem à imagem e à semelhança de seus professores: se estes são pesquisadores educadores, podemos esperar que os alunos também se tornem cidadãos que saibam pensar”. O desafio é grande, porém factível. Procure ser aquele que pesquisa e elabora, que cria e inventa, e não apenas aquele que “dá aula” reproduzindo ideias alheias. Produza conhecimento, crie um jornal escolar, organize feiras de Ciências, escreva um blog, faça roteiros e experimentos próprios, seja autor de sua própria aula. Questione o livro, o jornal, a revista, o site. Compartilhe esse pensar com seus colegas de profissão. Certamente a sala de aula não será apenas um espaço de transmissão vertical de saberes, mas uma rede de conhecimentos em que há troca, em que todos se sentem efetivamente pensando, aprendendo e ensinando.
PARA SABER MAIS DEMO, P. “Educação e alfabetização científica”. In: ______. Educação e alfabetização científica. Campinas: Papirus, 2010. p. 37.
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A ciência, a sociedade e a tecnologia – O que é ciência? Como pensa um cientista? Se pretendemos que nossos alunos aprendam Ciências, a utilizem em sua vida de maneira a melhorar seu entorno, é preciso não incutir a ideia de que ciência é difícil, é para gênios ou está somente nas universidades e nos laboratórios. É preciso trabalhar intencionalmente para desmistificar a ciência. Vamos iniciar trocando algumas palavras sobre a ciência em si. Se você, professor, perguntar a seus alunos como imaginam que um cientista é e como trabalha, provavelmente, muitos deles imaginarão um profissional vestido de branco, em geral do sexo masculino, trabalhando solitário em seu laboratório repleto de equipamentos sofisticados, onde explosões acontecem a todo momento e descobertas são fruto de sua genialidade acima da média. Geralmente, o cientista também é visto como uma figura atrapalhada e socialmente incompreendida.
Heritage Images/Diomedia
Mary Evans/Ronald Grant/Diomedia
Everett Collection/Keystock
Essa representação das crianças (e mesmo dos adultos) é comum; muitas vezes, é assim que o cientista é retratado em filmes, desenhos animados e programas de TV. Talvez você conheça alguns dos “cientistas geniais e malucos” das imagens:
Dr. Wayne Szalinski, do filme Querida, encolhi as crianças, 1989.
Dr. Frankenstein.
Prof. Schermman, do filme O Professor Aloprado, 1996. Everett Collection/Keystock
Snap/Rex Features/Glowimages
Mauricio de Sousa Produções
Dr. Emmet Brown, do filme De volta para o futuro, 1985.
Franjinha, da Turma da Mônica.
Garoto Dexter.
PARA SABER MAIS Propomos a leitura do artigo “As múltiplas imagens do cientista no cinema” para uma reflexão de como a imagem do cientista foi sendo construída ao longo do tempo e divulgada em filmes e programas de TV. O artigo está disponível em: <www.revistas.usp.br/comueduc/article/ view/37507/40221> (acesso em: abr. 2014).
Será que é assim mesmo? Seriam os cientistas criaturas geniais que, trabalhando sozinhos em seus laboratórios, fazem descobertas maravilhosas em um dia especialmente inspirador?
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Para compreender melhor a natureza do trabalho do cientista, vamos analisar algumas definições de ciência: ela é o conjunto de conhecimentos que descreve a natureza e seus fenômenos; é também a atividade humana dinâmica que se traduz em saberes, descobertas, teorias e leis. Uma de nossas preferidas é: ciência é uma forma própria de interação entre os fatos e as ideias. Nesse contexto, podemos observar apenas os fatos: a chuva caindo, a variedade de seres vivos na natureza, um bailarino dançando. Já as ideias são as maneiras de interpretar e explicar os fatos. Ciência, portanto, é a forma pela qual os cientistas relacionam fatos e ideias. Se queremos ensinar Ciências, devemos, entre outros procedimentos, ensinar que é possível aprender a maneira científica de relacionar fatos e ideias. Para aprender a pensar como um cientista, precisamos conhecer qual é o seu método – o chamado método científico4 – e quais habilidades ele utiliza em suas investigações. Aprender Ciências não é saber tão somente o método científico, mas também apropriar-se das habilidades necessárias para seu desenvolvimento; aprender Ciências é entender ciência e fazer ciência5. De maneira simplificada, o método científico consiste em observar um evento, questionar-se sobre ele, elaborar hipóteses que possam responder a esses questionamentos e, em diversas situações, planejar cuidadosamente um experimento que possa testar as hipóteses. Depois, é preciso analisar os resultados do experimento e chegar a conclusões sobre a hipótese inicial: ela estava correta ou incorreta? O cientista então deve comunicar os resultados do trabalho para que outras pessoas (da comunidade científica ou de fora dela) possam se beneficiar de sua pesquisa. Discorreremos mais sobre o método científico (com exemplos) em outros momentos deste Manual. Todos podem aprender a observar, questionar, predizer explicações para questões (hipóteses), planejar, experimentar, analisar, concluir e comunicar. Essas são habilidades de investigação científica que podem e devem ser ensinadas na escola. É certo também que os cientistas pensam – assim como todas as demais pessoas. Pensar, segundo Lipman (1995), “é articular ideias produzindo significados”. Há, no entanto, características próprias do pensar científico ou, nas palavras de Lipman, do pensar bem, que desejamos aprimorar. O que é o pensar bem que buscamos? É aquele que propicia a capacidade de formular questões passíveis de serem testadas, questões que fazem evoluir o conhecimento – aqui vemos uma clara ligação com o método científico. O pensar bem apresenta algumas características especiais que o aproximam da maior efetividade e que merecem atenção por parte do professor em sala de aula. A seguir, apresentamos essas características e algumas questões para que você, professor, reflita sobre sua prática. 4 Embora o método científico seja efetivo, nem sempre as descobertas científicas acontecem por meio dele. Muitos avanços da ciência envolvem tentativa e erro ou descobertas acidentais. Apesar de diferentes métodos científicos serem reconhecidos (Marconi e Lakatos, 2007), esta obra refere-se ao método científico como a aplicação das habilidades comuns da investigação (observação, elaboração de hipóteses, análise de resultados, entre outras) e das etapas que os professores e os alunos devem percorrer para a compreensão do trabalho científico. 5
Mais comentários sobre entender e fazer ciência na página 143 deste Manual.
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O pensar bem... É um pensar autônomo, no qual o aluno é autor de suas próprias ideias e não fica limitado a repetir ideias de outros, sejam eles professores ou outros autores. Como podemos estimular nossos alunos a ser pensadores autônomos? É um pensar reflexivo, que retoma os próprios pensamentos com o objetivo de aprimorá-los. Na sociedade atual, em que tudo é rápido e imediato, como podemos ajudar nossos alunos a refletir? É um pensar crítico, que é capaz de colocar em xeque, com a ajuda de outras fontes de conhecimento, aquilo em que acreditamos. Que oportunidades podemos criar para fazer com que os alunos critiquem seus próprios pensamentos? É um pensar rigoroso, sistemático, ordenado e disposto à autocorreção, como o que é feito no método científico: há uma questão, uma hipótese, um teste ou uma análise da hipótese, dos resultados e das conclusões. Os alunos estão habituados a ter rigor com seus próprios pensamentos? É um pensar radical, no sentido de que tem a intenção de analisar a raiz da questão, e não sua superfície. Como estimular os alunos a ter disposição para ir à origem dos problemas? É um pensar abrangente, que não se atém às partes, não é parcial. Devemos analisar fatos e situações por diversos ângulos, de forma contextualizada. Que oportunidades podemos criar para estimular o pensamento abrangente na sala de aula? É um pensar criativo, que busca alternativas e outras respostas e experimentações. Há espaço para a criatividade em sala de aula ou os alunos se contentam com a primeira resposta ou a primeira solução encontrada? Vamos ampliar a visão que as pessoas têm dos cientistas: eles são homens, são mulheres, são de todas as nacionalidades e, para além de uma genialidade natural, pensam com método, com rigor, são insistentes, criativos e usam habilidades que todos podemos aprender a usar. Nesse contexto o professor deve mostrar possibilidades de aprender de forma ativa, utilizando, entre outros recursos, as mesmas ferramentas e estratégias de pensamento que um cientista usa. Professores e alunos, portanto, devem buscar trabalhar como pesquisadores, apropriando-se da linguagem científica e de sua maneira de relacionar fatos e ideias. Não desprezamos, aqui, a aprendizagem teórica, a aquisição dos conhecimentos acumulados ao longo de décadas de desenvolvimento da ciência: eles são fundamentais para a reconstrução dos conceitos que o aluno fará por si, como sujeito da aprendizagem. À transmissão de conhecimentos, dedicamos boa parte deste material didático. Em outras palavras, professores e alunos devem ser estimulados a entender e fazer ciência. Isso significa também ter mais dúvidas do que respostas, não ter receio do desconhecido e de gerar indagações. As dúvidas são parte da história e da rotina da ciência; são elas, mais do que as certezas, que verdadeiramente impulsionam o desenvolvimento humano.
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Uma breve história do método científico e do uso das habilidades de investigação científica na escola A ciência não é senão bom senso treinado e organizado. Thomas Huxley, 1894.
Diversas formas de explicar o mundo natural, anteriores à criação do método científico, já foram adotadas pela humanidade. Por muito tempo, as pessoas invocavam os espíritos, e não as causas naturais, para explicar fenômenos que não compreendiam. Importante destacar que os domínios da ciência e da religião são diferentes. A ciência se ocupa de descobrir e explicar fenômenos naturais com base em explicações racionais, enquanto a religião diz respeito à origem, ao propósito e ao significado de tudo o que existe. A ciência não tem intenção de julgar os preceitos religiosos ou fazer distinções entre eles. O método científico foi introduzido na Europa no século XVI. Atribui-se sua fundação ao físico italiano Galileu Galilei e ao filósofo inglês Francis Bacon. Um dos ganhos proporcionados pelo método científico é que ele busca minimizar a influência da parcialidade (crenças pessoais, culturais e religiosas e preferências, ou seja, tudo o que pode nos levar a filtrar as informações e tender para um ou outro lado). Para o método científico interessam os fatos, os dados, aquilo que pode ser observado e medido, o argumento. Esse método, embora apresente limitações, confere objetividade e rigor lógico e experimental à pesquisa, sempre indo além da parcialidade e do que as aparências podem mostrar. As bases do método científico são o pensamento racional e a experimentação. Seus passos principais são: 1. Observar e identificar um fato e sobre ele tecer uma questão ou um problema. 2. P ropor uma suposição (hipótese) que possa ser testada para responder à pergunta ou ao problema. 3. F azer uma previsão do que deve e do que não deve acontecer se a hipótese estiver correta. 4. Propor detalhadamente experimentos para verificar se as condições previstas acontecem, registrando seus resultados de forma ordenada. Para determinadas questões, não é preciso um experimento, mas sim o levantamento de conhecimento (pesquisa bibliográfica, por exemplo) para verificação da hipótese. 5. A nalisar os resultados, compará-los ao conhecimento que se tem e concluir se a hipótese estava ou não correta. 6. Comunicar os resultados. Por ser simples, é possível apresentar o método científico às crianças mais novas. Veja um exemplo:
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Ana e Rafael estão brincando de jogar pião: Ana roda seu pião sobre um piso cerâmico e Rafael, sobre o de cimento. As crianças observam que, quando jogam o pião ao mesmo tempo, o de Rafael sempre para primeiro. Eles se perguntam por que isso ocorre sempre. Rafael tem uma hipótese: ele acha que o tipo de piso em que está brincando é enrugado e faz seu pião parar mais rápido. Ana propõe então uma forma de testar a hipótese do amigo: com um caderno para anotar e um relógio que marca os segundos, ela sugere rodarem o pião em diferentes tipos de piso: madeira, cimento, tapete, cerâmica, asfalto. Eles devem registrar os dados, marcando o tempo que o pião demora para parar, sempre tentando girá-lo com a mesma força. Se a hipótese de Rafael estiver correta, o pião deve parar mais rápido quando girar sobre o chão áspero do que quando rodar sobre o chão liso. Após realizarem os testes, as crianças compararam os resultados obtidos. Perceberam que o pião girava por mais tempo sobre o chão de madeira e de cerâmica e que parava mais rápido no chão de cimento, no tapete e no asfalto. Os amigos concluíram, então, que a hipótese inicial estava correta: o piso áspero faz o pião parar de girar mais rapidamente. Fica a questão: por quê? Ana e Rafael resolvem levar a pergunta para o professor de Ciências, ampliando, assim, as descobertas da pesquisa. É necessário destacar que a metodologia científica não deve ser confundida com a metodologia do ensino de Ciências: a primeira é importante e deve ser incluída no conjunto de ferramentas que os alunos dispõem para aprender Ciências. Ao longo do Ensino Fundamental, além do contato com as etapas do método científico, é importante promover um trabalho com algumas habilidades específicas que são particulares da investigação científica. A tabela a seguir apresenta as principais habilidades envolvidas no processo de investigação científica trabalhadas na coleção. Habilidades de investigação científica ■■
Observar
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Medir Comparar Classificar
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Registrar e interpretar dados
Usar os sentidos para informar-se; usar instrumentos que potencializem os sentidos (como microscópios, lupas e telescópios); reconhecer a observação como fonte de dados de uma pesquisa. Conhecer com relativa precisão (com ajuda de instrumentos, se necessário) a altura, o comprimento, a largura, a massa, o volume, a acidez ou outra medida qualquer que se deseje. Perceber diferenças e semelhanças entre dois objetos, eventos ou processos. Organizar objetos ou eventos em categorias distintas, usando, para isso, um ou mais critérios preestabelecidos. Coletar e documentar organizadamente as informações obtidas em uma pesquisa ou experimento (dados); dispor dados em organizadores que facilitem sua interpretação (textos, figuras, quadros, tabelas e gráficos, por exemplo); usar os dados para responder à hipótese inicial.
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Habilidades de investigação científica Seguir instruções para realizar experimentos ou propor a execução de experimentos simples
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Fazer predições
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Inferir
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Elaborar hipótese Interpretar ou criar modelos
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Pesquisar Concluir
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Conhecer procedimentos de segurança
Valorizar a divulgação dos resultados da investigação Valorizar a ciência como produto de um trabalho coletivo e histórico
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Valorizar o trabalho em grupo
Seguir procedimentos experimentais por meio de roteiros, prevendo alguns resultados de acordo com os procedimentos adotados; planejar maneiras cientificamente válidas de testar uma hipótese. Utilizar a experiência e os padrões conhecidos para antecipar eventos futuros. Usar o raciocínio lógico (a dedução) para tirar conclusões com base em dados ou observações. Criar uma explicação passível de teste científico para questões ou problemas preestabelecidos. Criar representação esquemática de uma estrutura ou de um processo. Buscar dados em diferentes fontes com a finalidade de complementar um saber, responder a um questionamento ou resolver um problema. Interpretar os dados para tirar conclusões. Manter a segurança durante as atividades práticas (a própria e a dos colegas); usar apenas os materiais indicados pelo professor; não realizar procedimento experimental sem o auxílio ou a supervisão de um adulto responsável. Compreender que as conclusões de uma investigação podem ser úteis para diversos públicos e reconhecer a importância de sua divulgação. Entender que o trabalho científico é realizado por diferentes pessoas ao longo de diferentes períodos; nesse processo, umas se beneficiam do trabalho das outras. Perceber e valorizar as contribuições dos colegas nas diferentes etapas da investigação, entendendo que a soma dos conhecimentos e das habilidades de todos pode fazer com que o resultado do trabalho seja mais satisfatório e mais efetivo do que se tivesse sido feito por apenas uma pessoa.
Fundamentação teórico-metodológica: a alfabetização científica Trabalhar para o pensar bem, eis o princípio da moral. MORIN, E. O método 6: ética. Porto Alegre: Sulina, 2005. p. 60.
Convidamos você, professor, a se lembrar de suas aulas de Ciências, nos tempos de criança; tente trazer à memória, também, histórias que você ouviu sobre a vida escolar de seus pais, seus avós ou seus responsáveis. Provavelmente, essas escolas, seus alunos e seus professores tinham muitas diferenças em relação à realidade atual. A escola de nossos pais, avós ou responsáveis era a referência de conhecimento da comunidade, era o espaço do saber. Os professores detinham o conhecimento e o repassavam aos alunos, que tentavam desesperadamente absorvê-lo – a transmissão massiva de saberes era o que importava, quanto mais recheada a “enciclopédia” na cabeça de cada aluno,
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melhor. Quantas classificações zoológicas decoradas, quantos nomes de músculos do corpo humano e de elementos químicos “engolidos”... Atualmente, a escola e o professor vêm perdendo (se é que já não perderam completamente) o papel de centro de referência no saber. Alunos não só escutam, mas também trazem conhecimento para a sala de aula. Professores aprendem com seus alunos, cada vez mais globalizados e plugados às fontes de informação disponíveis: internet, TV a cabo, celulares e muito mais. O fluxo de informação não é mais unidirecional, propriedade de uma instituição.
PARA SABER MAIS Uma discussão sobre o uso da investigação na escola, inclusive suas limitações e inadequações, é feita no artigo “Novos rumos para o laboratório escolar de Ciências” (coleção Explorando o ensino, volume 7). A obra é destinada ao Ensino Médio, mas traz ideias válidas para o Ensino Fundamental, que complementam as que apresentamos aqui. O artigo encontra-se disponível em: <http://portal.mec.gov.br/ seb/arquivos/pdf/EnsMed/ expensfisica.pdf> (acesso em: abr. 2014).
Se cada vez mais pessoas podem ter informação fora da escola, qual é o papel dessa instituição e, mais especificamente, seu papel no ensino de Ciências? Embora mais pessoas tenham acesso à informação científica, será que a compreendem e a utilizam de maneira adequada? Um ensino que auxilie a interpretação da linguagem própria e, para muitos, hermética da ciência é um ensino que leva em conta a perspectiva social. Como já comentamos no tópico “Para que ensinar Ciências?”, entender os fundamentos da ciência é um instrumento poderoso para que as pessoas possam compreender o mundo, as implicações da tecnologia e das interferências humanas na natureza. Mais do que isso, compreender a ciência torna as pessoas capazes de entender as necessidades de transformar positivamente o mundo, tomando decisões coerentes com esses propósitos. Considerando o que foi tratado até aqui, este projeto utiliza-se de fundamentos da alfabetização científica. Esta linha didática pretende formar um cidadão crítico, consciente e capaz de compreender temas científicos e aplicá-los para o entendimento do mundo e da sociedade em que vive. Trata-se, portanto, de ensinar Ciências para o exercício da cidadania. Em uma sociedade em que se convive com a supervalorização do conhecimento científico e com a crescente intervenção da tecnologia no dia a dia, não é possível pensar na formação de um cidadão crítico à margem do saber científico. Nos dias atuais, torna-se fundamental saber lidar com as questões da ciência e da tecnologia porque elas interferem diretamente em nossas vidas. Como não sentir os efeitos da poluição nas grandes cidades? Por que devemos economizar água ou energia elétrica? Em que nos afeta a produção de alimentos transgênicos ou o consumo de gorduras trans? Por essas e por outras questões, é notória a relevância da ciência e de suas implicações na vida das pessoas; a alfabetização científica defende o entendimento da ciência e de sua utilização no cotidiano. Podemos entender por alfabetizada aquela pessoa que sabe ler e escrever. No entanto, buscamos outro significado: um indivíduo com capacidade de compreender e interagir com a informação, aplicando-a em situações diversas. A alfabetização científica defendida neste projeto prioriza a divulgação do conhecimento científico visando contribuir para a formação de uma sociedade participativa e apta a aplicar o conhecimento adquirido para o benefício das pessoas e das futuras gerações. Acreditamos que a alfabetização científica é um bom caminho para que o ensino de Ciências não seja resumido à simples transmissão de informações,
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como ainda hoje o fazem muitas escolas. As crianças têm razão em reclamar das aulas de Ciências que estão repletas de “nomes complicados” e nas quais é preciso “decorar muita coisa”. Defendemos a ideia de que transmitir conhecimento é essencial, porém esse não é mais o único papel da escola, do professor, nem mesmo do livro didático. Informar sim, mas também questionar, buscar, interagir, opinar, produzir e transformar. Concordamos com Attico Chassot sobre o papel do professor atual:
Observa-se que deter a informação, que antes fazia uma professora ou um professor distinguido, hoje não é mais algo que dê status. Olhemos um pouco a disponibilidade de informação que inexistia em nosso meio há dois ou três anos atrás. A internet, para dar apenas um exemplo de algo que está a determinar a suplantação do professor informador, é um recurso cada vez mais disponível, a baixo custo, para facilitar o fornecimento de informações. [...] Como não existe, e muito provavelmente não existirá nas próximas gerações, nenhum programa de computador que faça formação — lamentavelmente ainda são poucos os professores formadores —, se o professor informador é um sério candidato ao desemprego, o professor formador ou a professora formadora será cada vez mais importante. Assim, para essa profissão, a informatização não é uma ameaça e sim uma fabulosa oportunidade. Vou repetir que o professor informador está superado pela fantástica aceleração da moderna tecnologia que ajuda a educação a sair de sua artesania. Mas o professor formador é insuperável mesmo pelo mais sofisticado arsenal tecnológico. CHASSOT, A. Alfabetização científica: questões e desafios para a educação. 4. ed. Ijuí: Editora Unijuí, 2006. p. 88-89. (Coleção Educação em Química).
No contexto escolar, a alfabetização científica traz dois propósitos, intimamente relacionados e interdependentes: §§O entender ciência, em que a incorporação dos saberes e da cultura científica no dia a dia de alunos e professores contribua para a formação de cidadãos mais críticos e conscientes de seu poder de decisão e de atuação, e que facilite a eles fazer uma leitura do mundo, entendendo as possibilidades de transformá-lo para melhor. §§O fazer ciência, em que cada professor e cada aluno assumam o papel de autores, pesquisadores e produtores de conhecimento, participando da construção dos saberes à medida que ensinam e aprendem. O livro didático pode colaborar com a alfabetização científica à medida que incentiva os dois seguintes propósitos: entender ciência e fazer ciência. Nesta coleção, buscamos propostas que incentivem o levantamento de conhecimentos prévios, o questionamento, o uso das habilidades de investigação e a discussão de questões com enfoque na cidadania. Incentivamos alunos e professores a produzir conhecimento de diferentes formas. Pro-
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curamos compor um material claro, sem excessos, coerente e, ao mesmo tempo, funcional e adequado à realidade da sala de aula. Enfatizamos que o livro, por si, não é o agente da alfabetização científica; esta deve ser complementada pelo diálogo com os alunos, pelas suas questões e pela mediação problematizadora do professor. Em outras palavras, para que a alfabetização científica aconteça, a dinâmica da sala de aula deve ser orientada para isso (apoiada pelo livro didático).
A importância de promover a alfabetização científica Apropriar-se dos conhecimentos da ciência é importante à medida que contribui para a compreensão de saberes, métodos e valores que permitem às pessoas tomar decisões conscientes sobre si mesmas e sobre os rumos de sua vida em sociedade. É importante também quando oferece subsídios tanto para perceber os benefícios e aplicações da ciência na sociedade como suas limitações e consequências negativas. Muitas vezes, a ciência é tomada como a detentora das respostas para todas as questões e das soluções para todos os problemas. É fundamental que esse equívoco seja desmistificado na escola. Por exemplo: a ciência produz tanto o adubo que pode melhorar a produtividade das plantas que comemos como os pesticidas que podem envenenar a água dos rios. Outro exemplo: são tributos da ciência tanto os computadores que nos conectam ao mundo como as armas que, na guerra, podem destruir cidades e seres vivos em questão de segundos. Desenvolver o pensamento crítico está estritamente relacionado a promover a alfabetização científica. Um aluno crítico questiona e reflete sobre as informações que recebe e é capaz de ir além, por exemplo, ao buscar e pesquisar novas fontes. Além disso, um aluno crítico percebe suas dificuldades e pontos fortes, começando a exercer autonomia em seu aprendizado. Por que não trazer para a classe livros e jornais e incentivar os alunos a encontrar “erros” ou incoerências nos textos? Isso vale não somente para Ciências, mas para as demais disciplinas também. É preciso duvidar e criticar sempre. A dúvida gera curiosidade e desperta a vontade de saber mais, enquanto a certeza acomoda. Fundamental também é compreender que a ciência não produz verdades absolutas: os conhecimentos científicos são parciais, relativos e passíveis de mudança. Muitos exemplos na história nos mostram como uma suposta verdade pode ser substituída por outra, também passível de mudança. A cada dia a ciência e a tecnologia nos mostram novas descobertas, o que acarreta a mudança de conceitos e a criação de outros mais. Nenhum conhecimento é definitivo, existem apenas verdades momentâneas em um contexto histórico e social específico. Outras oportunidades trazidas pela implementação da alfabetização científica se relacionam ao desenvolvimento social, científico e tecnológico do país. Pedro Demo cita:
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a) Aproveitar conhecimentos científicos que possam elevar a qualidade de vida, por exemplo, em saúde, alimentação, habitação, saneamento etc., tornando tais conhecimentos oportunidades fundamentais para estilos de vida mais dignos, confiáveis e compartilhados; b) Aproveitar chances de formação mais densa em áreas científicas e tecnológicas, como ofertas de Ensino Médio técnico, frequência a cursos de universidades técnicas, participação crescente em propostas de formação permanente técnica, em especial virtuais; c) Universalizar o acesso a tais conhecimentos, para que todos os alunos possam ter sua chance, mesmo aqueles que não se sintam tão vocacionados — é propósito decisivo elevar na população o interesse por Ciência e Tecnologia, em especial insistir na importância do estudo e da pesquisa; d) Tomar a sério a inclusão digital, cada vez mais o centro da inclusão social [...], evitando reduzi-la a meros eventos e opções esporádicas e focando-a no próprio processo de aprendizagem dos alunos e professores; ainda que o acesso a computador e internet não tenha os efeitos necessários/automáticos, pode significar oportunidade fundamental para “impregnar” a vida das pessoas de procedimentos científicos e tecnológicos; e) Trabalhar com afinco a questão ambiental, precisamente por conta de seu contexto ambíguo: de um lado, a degradação ambiental tem como uma de suas origens o mau uso das tecnologias (por exemplo, o abuso de agrotóxicos); de outro, o bom uso de Ciência e Tecnologia poderia ser iniciativa importante para termos a natureza como parceira imprescindível e decisiva da qualidade de vida. DEMO, P. Educação e alfabetização científica. Campinas: Papirus, 2010. p. 56-57.
Para saber mais CHASSOT, A. Alfabetização científica: questões e desafios para a educação. 4. ed. Ijuí: Editora Unijuí, 2006. (Coleção Educação em Química). DEMO, Pedro. Educação e alfabetização científica. Campinas: Papirus, 2010. Documentos do PISA (Programa Internacional de Avaliação dos Alunos). O PISA é um programa internacional de avaliação comparada, cuja principal finalidade é produzir indicadores sobre a efetividade dos sistemas educacionais, avaliando o desempenho de alunos na faixa dos 15 anos, idade em que se pressupõe o término da escolaridade básica obrigatória na maioria dos países. Embora a prova seja destinada a alunos de 15 anos, as dimensões avaliadas são aquelas que devem ser consideradas desde o início do ensino fundamental. (Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/pisa-programa-internacional-de-avaliacao-de-alunos>. Acesso em: abr. 2014.)
Avaliação: como fazer? A avaliação eficiente é aquela que transforma, e não apenas atribui uma nota. Por meio dos erros e das dificuldades dos alunos, o professor pode direcionar e ajustar seu próprio trabalho. De acordo com a coordenadora do Centro Internacional de Estudos em Representações Sociais e Subjetividade da
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Fundação Carlos Chagas, Clarilza Prado de Souza, “a avaliação escolar, assim concebida, permite ao professor um retorno constante da adequação das atividades realizadas em classe e do desempenho do aluno. Para ela, a avaliação é de fundamental importância para garantir ao professor o direcionamento de suas atividades em sala de aula. “Sem uma avaliação escolar bem planejada e bem desenvolvida o professor desenvolve suas atividades às cegas, apenas na intuição e o aluno não tem parâmetros seguros para orientar seu comportamento, seus estudos e toda sua vida escolar”. (Portal do Professor – MEC. Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/conteudoJornal. html?idConteudo=272>. Acesso em: maio 2014). Considerando que aprender é um processo contínuo, não é recomendável avaliar o aluno por meio de um produto final único, como uma prova ou um trabalho. A avaliação deve acontecer “ao longo de” e não “após o” processo de aprendizagem. Podemos avaliar o aluno até mesmo antes de iniciarmos um conteúdo, por exemplo, detectando seus conhecimentos prévios e trazendo à sua memória tudo o que ele já sabe, mesmo que esse saber seja cientificamente incorreto. O erro, aqui, deve ser considerado uma ponte entre o que não se sabe e o que será aprendido. Não se deve esquecer também da avaliação da postura do aluno em relação ao aprender e em relação aos colegas e ao professor. É preciso analisar se há integração, respeito ao colega e aos demais profissionais da escola, valorização do patrimônio escolar, interesse, criatividade, participação nos trabalhos em grupo, empenho em melhorar o que não está adequado, entre outros valores. Também é interessante solicitar aos alunos uma autoavaliação, de modo que eles se acostumem a refletir sobre o próprio desempenho e tirem proveito disso, traçando estratégias para superar suas dificuldades. A autoavaliação pode abordar vários tópicos, como participação nas atividades em grupo, nível de esforço para a realização das atividades, formas de lidar com dificuldades específicas etc. Em resumo, a avaliação pode ser considerada segundo alguns aspectos: 1. A avaliação deve ser contínua e sistemática, e deve ser constante e planejada ao longo do processo escolar. 2. A avaliação deve ser funcional, ou seja, realizada em função de objetivos preestabelecidos que se pretende que o aluno alcance. 3. A avaliação deve ser orientadora, indicando ao professor e ao aluno que caminhos seguir para progredir na aprendizagem. 4. A avaliação deve ser integral, considerando o aluno como um todo e analisando todas as suas dimensões (elementos cognitivos, comportamentais, sociais e físicos). Há diversas maneiras de avaliar e cada professor, dentro de sua vivência, deve recorrer àquelas mais adequadas a seus objetivos predeterminados. No entanto, não podemos esquecer que há diferentes aspectos – com maior ou menor importância, dependendo da intenção – a serem avaliados. Por isso,
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é importante dispor de um conjunto de formas de avaliação e aplicá-las de maneira combinada. Seguem alguns tipos possíveis: §§Observação e análise das produções dos alunos: são feitas ao longo das aulas, quando o professor tem a chance de analisar os alunos e suas interações em sala de aula, sua participação nos trabalhos em grupo, sua expressão oral, as perguntas que faz, os textos que escreve, entre outros aspectos. §§Prova escrita e prova oral: a prova escrita é, talvez, a avaliação mais comum e permite identificar a aquisição de conhecimentos e a capacidade de expressar-se por escrito. Uma prova bem elaborada contempla questões que exigem diferentes habilidades, tais como identificar, definir, explicar, exemplificar, comparar e justificar. Já a prova oral pode constituir um recurso importante para avaliar as habilidades de clareza do discurso, o uso de vocabulário, a pronúncia e a elaboração do raciocínio rápido, bem como a disposição em respeitar o direito dos colegas no momento em que estiverem falando. §§Pesquisas, atividades práticas e projetos: se feitos em grupo, demonstram o nível de envolvimento, o respeito aos colegas e a disposição do aluno em colaborar com os demais. Também permitem avaliar se o aluno lida de forma adequada com materiais no laboratório, normas de segurança e procedimentos e se apresenta os resultados do trabalho com clareza e organização. Por fim, ressaltamos a importância de apresentar o resultado da avaliação ao aluno. Não é possível avaliar sem que o objeto de interesse (o aluno) tenha um feedback; sem esse retorno, a avaliação não faz sentido. Importante também é o próprio aluno ser ensinado sobre o que é a avaliação e como usá-la a seu favor; comentar com eles que não se trata somente de dar nota, de punir ou de comparar os membros da classe ou as classes da escola (como se o intuito fosse fazer um ranking), mas de obter indicadores a fim de reorientar a prática educacional. Por meio da avaliação, os alunos são estimulados a estudar de maneira sistemática e podem conhecer com mais objetividade seus avanços e dificuldades: os pontos bem avaliados devem continuar a ser desenvolvidos e os pontos mal avaliados devem ser mais bem trabalhados de modo que se obtenha um conjunto equilibrado de competências e habilidades. Nas páginas finais deste manual, propomos para cada bimestre uma planilha para registro da avaliação individual dos alunos. Além disso, na última página apresentamos uma sugestão de planilha de autoavaliação que poderá ser modificada de acordo com os critérios estabelecidos juntamente com os alunos.
Para saber mais MORALES, P. Avaliação escolar: o que é, como se faz. Trad. Nicolás Nyimi Campanário. São Paulo: Edições Loyola, 2003.
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Estrutura da coleção – livro do aluno Esta coleção está estruturada de maneira simples e clara, de modo a facilitar a compreensão de sua organização pelo aluno e favorecer os objetivos propostos. As seções são apresentadas de forma sistemática ao longo de cada volume.
Páginas de abertura Com a finalidade de despertar o interesse para os conteúdos a serem trabalhados na unidade, estas páginas procuram ainda levantar conhecimentos prévios do aluno. É possível explorar outras possibilidades na leitura das imagens, deixando que o interesse dos alunos guie a conversa inicial e os questionamentos que dela possam surgir.
Páginas de conteúdo Abordam os temas propriamente ditos, desenvolvendo-os em textos objetivos e adequados ao nível de leitura dos alunos (em crescente aumento de complexidade, ao longo dos volumes da coleção), além de imagens colocadas de forma a complementar e facilitar sua compreensão. Os temas também são tratados por meio de atividades que buscam o desenvolvimento de habilidades que favoreçam a investigação, o pensamento crítico, a comunicação oral e escrita e a produção de materiais próprios.
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Seções especiais Trazem recortes da informação principal, leituras (de textos ou imagens) e curiosidades. Complementam o assunto principal e despertam o interesse para os temas abordados.
Gente que faz! Trabalha com atividades práticas, produção de modelos, pequenos experimentos e outras propostas do método científico. Oferece oportunidades para familiarizar o aluno com o fazer ciência e com as habilidades mais comuns da investigação científica.
Atividades São propostas que conectam os temas estudados na unidade. Trabalham com diferentes habilidades e procuram levar o aluno a aplicar os conhecimentos adquiridos, visando à sistematização e à aplicação dos conceitos apresentados.
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Glossário Traz a explicação de palavras ou expressões consideradas mais complexas.
Rede de ideias Apresenta atividades um pouco mais complexas do que as da seção Atividades. Muitas vezes, são trabalhados temas interdisciplinares. A leitura e a interpretação de textos, mapas, tabelas e gráficos são recorrentes nesta seção.
Qual é a pegada? A sustentabilidade é enfatizada nesta seção. Os alunos serão estimulados a refletir sobre valores e atitudes, percebendo que pode haver diferentes caminhos para um problema. A seção ainda tem o papel de promover o debate, a tolerância e as ferramentas que ajudem os alunos a resolver conflitos, considerando tanto aspectos individuais como coletivos.
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O que ensinar? A escolha dos conteúdos A escola é o local em que são transmitidos, de forma sistematizada, os saberes que a humanidade vem acumulando ao longo do tempo. A escola também é espaço de conhecer experiências e estratégias de aprendizagem, e de adquirir os valores tidos como desejáveis na formação de crianças e jovens. Sendo assim, os conteúdos que a escola deve proporcionar não podem ser reduzidos aos temas, aos fatos e aos conceitos (conteúdos conceituais). Devem também servir de base para o desenvolvimento das estratégias, das habilidades e do saber fazer (conteúdos procedimentais) e das atitudes, dos comportamentos e dos valores considerados adequados à sociedade atual (conteúdos atitudinais). Esse conceito amplo não se identifica, portanto, apenas com a aquisição de informações, mas também com as práticas e técnicas de estudo e com a discussão sobre valores, elementos estes contemplados nos livros desta coleção. Em Ciências, o conjunto de conhecimentos acumulados, de estratégias de trabalho e de valores a eles associados é muito vasto. Por isso, para adequá-los ao nível de desenvolvimento dos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental, é necessário fazer uma seleção. Buscamos, nesta coleção, oferecer aos alunos uma introdução às principais áreas das Ciências Naturais: Física, Química, Biologia, Ecologia, Geologia e Astronomia, além das implicações da tecnologia. A questão da interdisciplinaridade também é considerada. É importante conceber o mundo natural como um todo; a divisão em áreas é produto do ser humano em sua busca de organizar e compartimentalizar o conhecimento. Oriente seus alunos sobre isso, discutindo, sempre que possível, a interação e o “uso” que as diferentes áreas fazem umas das outras. Procuramos oferecer diferentes momentos, oportunidades e subsídios para o trabalho interdisciplinar. Na tabela de conteúdos e objetivos de aprendizagem para cada ano, são apresentados os eixos temáticos adotados na coleção: Seres vivos e ambiente, Corpo humano, Matéria e energia, Terra e Universo e Educação ambiental.
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2o ano Unidade
Conteúdos
Objetivos de aprendizagem ■■
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1. Seres vivos e ambiente
O ciclo vital O ciclo vital das plantas Os seres vivos e o ambiente Rede de ideias – Uma grande invenção (linha do tempo do microscópio)
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2. Os animais
A alimentação dos animais (classificação em herbívoros, carnívoros e onívoros) Seção especial – Dinossauros A reprodução dos animais (classificação em ovíparos e vivíparos) Rede de ideias – Como foi extinto o pássaro dodô? Qual é a pegada? – Comércio ilegal de animais
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Reconhecer o ciclo vital dos seres vivos. Perceber as diferenças entre os seres vivos e os elementos não vivos. Identificar e relacionar as adaptações dos seres vivos à sua sobrevivência nos ambientes em que vivem. Valorizar os cuidados com o ambiente como forma de preservação da vida. Saber que existem seres microscópicos. Reconhecer a função do microscópio no trabalho científico. Valorizar a pesquisa e a observação como importantes instrumentos de aprendizagem. Reconhecer algumas características dos animais, como hábitat, cobertura do corpo e formas de locomoção, de alimentação e de reprodução.
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Distinguir animais herbívoros, carnívoros e onívoros.
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Distinguir animais ovíparos e vivíparos.
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Reconhecer que no passado havia animais que, hoje, estão extintos. Valorizar a formulação de questões como ponto de partida para o trabalho de investigação.
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2o ano Unidade
Conteúdos
Objetivos de aprendizagem ■■
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3. Os vegetais
As plantas são seres vivos As plantas respiram e se alimentam (respiração e fotossíntese) Gente que faz! – Plantando uma semente de abacate Rede de ideias – A agricultura sempre existiu?
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4. Os seres humanos
Os seres humanos Nascemos e crescemos Gente que faz! – Convivendo com as mudanças Rede de ideias – Como surgiu a vida humana na Terra? Qual é a pegada? – Sustentabilidade
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Reconhecer os vegetais como seres vivos. Reconhecer algumas funções das plantas para outros seres vivos. Identificar as principais partes externas que compõem um vegetal. Reconhecer como as plantas obtêm seu alimento. Compreender que as plantas precisam de gás oxigênio para sua respiração. Reconhecer a semente como órgão de reprodução dos vegetais. Reconhecer a importância de escrever instruções (procedimentos) claras, de modo que outras pessoas consigam segui-las para concluir algum roteiro ou experimento. Reconhecer a importância da prática agrícola para os seres humanos. Reconhecer o ser humano como um animal com grande capacidade de raciocinar e de modificar o ambiente. Identificar algumas funções e necessidades básicas do organismo humano. Saber que os seres humanos são gerados no útero da mãe e se desenvolvem física e mentalmente ao longo da vida. Saber que os primeiros seres humanos surgiram na África e migraram para outras regiões do planeta. Valorizar atitudes sustentáveis como cuidados que as pessoas têm com seu ambiente para essa e para as próximas gerações.
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2o ano Unidade
Conteúdos
Objetivos de aprendizagem ■■
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5. Saúde
O corpo e as doenças Prevenindo doenças Rede de ideias – Higiene é saúde! Qual é a pegada? – Vamos combater a dengue
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6. Matéria e energia
A matéria Gente que faz! – Cabe mais um? (a matéria ocupa lugar no espaço) Gente que faz! – A matéria tem massa A energia Veículos: máquinas movidas a energia Rede de ideias – Apagão, o que é isso?
Reconhecer que o corpo humano apresenta formas de se defender de agentes causadores de doenças. Reconhecer algumas formas de transmissão de doenças. Reconhecer algumas formas de prevenção de doenças. Reconhecer a importância da vacinação para a manutenção da saúde. Relacionar a falta de higiene e a presença de microrganismos patogênicos com a ocorrência de doenças. Reconhecer algumas formas de prevenção de acidentes. Reconhecer a organização da alimentação proposta pela pirâmide alimentar e valorizar hábitos saudáveis de nutrição. Usar dados numéricos e organizá-los adequadamente para comparar e descrever objetos e eventos. Saber o que é dengue e conhecer algumas formas de preveni-la. Reconhecer algumas propriedades dos materiais e aprender o que é matéria.
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Identificar a matéria em estado sólido, líquido e gasoso.
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Identificar algumas formas de energia.
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Saber que os cientistas realizam diversas predições, ou seja, são capazes de antecipar alguns resultados de eventos tendo como base experiências ou padrões anteriores. Reconhecer que a temperatura pode influenciar nas mudanças de estado físico da matéria. Reconhecer que as balanças são instrumentos utilizados para medir a massa dos objetos. Reconhecer que diversos equipamentos utilizados nos procedimentos científicos fornecem mais informações a respeito de objetos ou eventos do que aquelas que podem ser obtidas apenas com nossos órgãos dos sentidos. Relacionar a presença de energia à realização de tarefas e ao funcionamento de aparelhos.
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2o ano Unidade
Conteúdos
Objetivos de aprendizagem ■■
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7. Os recursos da Terra
O planeta Terra Gente que faz! – O mistério da água A água Ciclo da água O ar As funções da atmosfera O solo Rede de ideias – Erosão
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Reconhecer que a água faz parte do planeta e está presente em seus diferentes estados físicos. Reconhecer o ciclo da água.
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Compreender que o solo é formado a partir das rochas.
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8. Nós e o planeta
Perceber que o planeta é dinâmico e sofreu (e ainda sofre) transformações em sua estrutura.
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O ser humano e o ambiente O uso dos recursos naturais Gente que faz! – Água é vida Rede de ideias – Como é feito um telefone celular? Qual é a pegada? – Com o que você brinca? Do que você precisa?
Identificar as camadas líquida, sólida e gasosa que formam a Terra.
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Reconhecer o solo fértil como adequado para o cultivo de plantas. Compreender que o ar atmosférico é uma mistura de gases. Reconhecer algumas das funções da atmosfera. Relacionar o aumento da quantidade de gás carbônico na atmosfera ao aquecimento do planeta. Reconhecer que o ser humano é capaz de adaptar-se a quase todos os ambientes da Terra. Reconhecer que os seres humanos, muito mais do que os demais seres vivos, modificam o ambiente em que vivem. Aprender o que são recursos naturais e saber que os seres humanos dependem deles para sobreviver. Identificar o desperdício de recursos naturais e reconhecer a importância do consumo consciente desses recursos. Compreender que a água é um recurso natural limitado e reconhecer a importância de seu uso racional. Reconhecer a matemática como ferramenta para resolução de problemas em diversas áreas do conhecimento. Reconhecer a importância do uso racional dos materiais e dos recursos do dia a dia como forma de conservar os recursos naturais.
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3o ano Unidade
Conteúdos
1. Organizando os seres vivos em grupos
Organizando os elementos da natureza (classificação em grupos) Classificando os animais Animais vertebrados Gente que faz! – Vamos agrupar os seres vivos? Os peixes Os anfíbios Os répteis As aves Os mamíferos Aquecimento central (controle de temperatura em mamíferos e aves) Rede de ideias – Bem debaixo dos nossos pés (trabalho científico)
Objetivos de aprendizagem
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Compreender que a ciência organiza a diversidade de seres vivos em grupos, de acordo com diferentes critérios. Conhecer as principais características que definem os animais como vertebrados e, dentro desse grupo, nos subgrupos dos peixes, dos anfíbios, dos répteis, das aves e dos mamíferos. Aplicar o conceito de critério na classificação. Interpretar conceitos comuns ao trabalho científico (conclusão, probabilidade, prova e vestígio).
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3o ano Unidade
Conteúdos
Objetivos de aprendizagem ■■
2. Conhecendo outros grupos de animais
Animais invertebrados Seção especial – Invertebrados causadores de doenças Grupos de animais invertebrados Os anelídeos Os moluscos Os aracnídeos Os crustáceos Os insetos Seção especial – A metamorfose dos insetos Rede de ideias – Vai um espetinho hoje? (consumo de insetos na alimentação humana) Qual é a pegada? – Muito mais do que iscas (preservação de minhocas e qualidade do solo)
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Reconhecer que os animais invertebrados constituem um grupo muito mais numeroso do que os animais vertebrados. Identificar a metamorfose como um processo de alguns grupos de invertebrados. Conhecer as principais características que definem os animais como invertebrados e, dentro desse grupo, em alguns de seus principais subgrupos: os anelídeos, os moluscos, os insetos, os aracnídeos e os crustáceos. Reconhecer os cuidados com certos animais invertebrados considerados perigosos. Compreender que o progresso do conhecimento científico pode se dar de diferentes formas e abranger diferentes etapas: observação de como as coisas são ou o que acontece com elas, realização de experimentos (análise controlada de eventos, sob diferentes condições) ou coleta e análise de espécimes seguida de sua descrição, comparação e classificação. Comunicar resultados de atividades investigativas com clareza. Valorizar a higiene na prevenção de verminoses e na infestação por piolhos. Refletir sobre a importância de atitudes coletivas de manutenção da saúde, por meio do problema da infestação de piolhos.
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3o ano Unidade
Conteúdos
Objetivos de aprendizagem ■■
3. Os alimentos
4. Movimentos e sentidos
Por que precisamos comer? Alimentos e nutrientes Gente que faz! – A conservação dos alimentos Alimentação saudável Saúde e má alimentação Rede de ideias – A história da feijoada Qual é a pegada? – Alimentação sustentável
Os músculos e os ossos Como nos movimentamos Seção especial – Representações do corpo humano Gente que faz! – A mochila ideal O cérebro e as sensações Gente que faz! – Como sentimos o sabor dos alimentos? Seção especial – Nem sempre é o que parece! (ilusões de ótica) Os órgãos dos sentidos Gente que faz! – A escola e a pessoa com deficiência física Rede de ideias – Jogos Paralímpicos
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Relacionar a necessidade da alimentação com a produção de energia e com a obtenção de elementos necessários ao organismo. Conhecer os principais nutrientes dos alimentos, suas funções e alguns alimentos dos quais podem ser obtidos. Compreender que uma dieta saudável requer alimentos variados, em quantidades adequadas. Saber que, para cada faixa etária ou estilo de vida, há um tipo de dieta mais adequada. Relacionar a obesidade com alimentação inadequada. Repensar sobre o consumo dos alimentos, conhecendo atitudes favoráveis ao seu bom uso, tanto para a manutenção da saúde quanto para o cuidado com o uso dos recursos de forma sustentável. Perceber que o esqueleto e a musculatura cumprem as funções de sustentação e de movimentação do corpo. Compreender o mecanismo do movimento por meio da contração e da distensão dos músculos, bem como o papel das articulações. Relacionar a função dos sentidos à sobrevivência e à percepção de diferentes estímulos do ambiente e do próprio corpo. Identificar os principais órgãos dos sentidos do ser humano. Saber que certos instrumentos do trabalho científico nos informam dados mais precisos que nosso próprio corpo e sentidos podem fornecer. Entender algumas necessidades especiais do espaço escolar para a pessoa com deficiência física. Valorizar a inclusão das pessoas com deficiência física na sociedade por meio do esporte.
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Conteúdos
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5. A água
Os estados físicos da água A ebulição e a evaporação Gente que faz! – Água quente ou fria: qual é melhor solvente? O ciclo da água Rede de ideias – Você come água? (água na composição dos alimentos) Qual é a pegada? – Prevenindo enchentes
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Saber que a água pode mudar de um estado físico para outro. Perceber que a água é um solvente e que a água que bebemos contém algumas substâncias dissolvidas. Compreender que a água está em constante movimento na natureza, mudando de lugar e de estado físico, no chamado ciclo da água. Identificar os principais usos da água e reconhecer que ela é essencial à vida. Saber que modelos são distintos do objeto real, mas são utilizados para compreender como este objeto é ou como um processo funciona. Relacionar o uso da água à produção de energia elétrica, nas usinas hidrelétricas, reconhecendo que sua construção causa grande impacto ambiental. Compreender atitudes que contribuem para evitar enchentes e aplicar esse conhecimento na interpretação de um exemplo fictício.
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3o ano Unidade
Conteúdos
Objetivos de aprendizagem ■■
6. Água para todos
Um recurso precioso Distribuição de água no planeta Economizando água Gente que faz! – O quanto desperdiçamos de água Tratamento de água e esgoto Rede de ideias – A água que você não vê (água na produção industrial e agrícola) Qual é a pegada? – É hora de decidir (debate sobre impactos na construção de usina hidrelétrica)
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7. O céu
Como estudamos o céu? O Sistema Solar Os movimentos da Terra Gente que faz! – Vamos observar? A Lua Os dias e as noites Rede de ideias – A astronomia da bandeira brasileira
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Reconhecer que a água disponível para consumo está presente em quantidade relativamente pequena, comparada ao total de água do planeta. Compreender a importância do uso racional da água, relacionado à distribuição desigual desse recurso entre os diferentes locais do planeta e à necessidade de evitar seu desperdício. Saber que a água distribuída às cidades geralmente recebe um tratamento que a torna adequada ao uso, e que a água utilizada deveria passar por tratamento antes de ser devolvida à natureza ou reutilizada pelas pessoas. Compreender que a água potável é aquela adequada ao consumo humano, e que o consumo de água contaminada pode provocar doenças. Reconhecer que atitudes individuais são tão importantes quanto as coletivas para a conservação ambiental. Reconhecer que o estudo dos astros é bastante antigo e que novos equipamentos e tecnologias permitem descobertas cada vez maiores sobre o Universo. Saber que a Terra pertence a um conjunto de astros, denominado Sistema Solar, e que está ao redor de uma estrela chamada Sol, junto de outros planetas. Reconhecer as diferenças entre planetas e estrelas. Compreender que os conhecimentos científicos modificam-se ao longo do tempo. Saber que a Terra se movimenta no céu, ao redor do Sol e ao redor de si mesma. Reconhecer a importância de questionar o senso comum. Compreender que a sucessão dos dias e das noites está relacionada ao movimento de rotação da Terra ao redor do Sol.
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Conteúdos
Objetivos de aprendizagem ■■
8. O lixo
Lixo e decomposição Lixo: problemas e soluções Conheça os cinco "Rs" Reciclagem dos materiais Gente que faz! – Decomposição de materiais no solo Rede de ideias – Um rap diferente (5 “Rs” e o lixo) Qual é a pegada? – O consumo consciente está na moda!
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Compreender que alguns tipos de materiais sofrem decomposição orgânica, enquanto outros não a sofrem ou levam muito tempo para ser decompostos. Relacionar a decomposição à ação dos seres vivos decompositores. Reconhecer o problema do acúmulo de lixo no ambiente e a sua consequente poluição. Conhecer as principais maneiras de descarte do lixo. Compreender que o problema do lixo pode ser amenizado por meio de algumas atitudes, como reduzir o consumo, reutilizar ou reciclar materiais e repensar nossas atitudes em relação ao uso dos recursos. Identificar e operar algumas etapas do método científico: a pesquisa, a predição, a análise de resultados, a verificação da hipótese e a conclusão. Refletir sobre o consumismo da sociedade em geral e dos nossos próprios hábitos, analisando as consequências do consumismo exagerado para o planeta.
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Algumas estratégias que favorecem os objetivos desta coleção Nesta coleção, procuramos incluir propostas motivadoras que trabalhem os conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais. Em diversos momentos, tanto as etapas do método científico como as habilidades próprias da investigação anteriormente citadas oferecem oportunidades de trabalho em diferentes estratégias de aprendizagem (por exemplo, leituras, experimentos, confecção de modelos, pesquisas, entrevistas, elaboração de textos e exposições orais), contribuindo, desse modo, para o processo de alfabetização científica. O Manual do Professor orienta muitas vezes esse trabalho, além de oferecer sugestões que o professor poderá aplicar em sala de aula, conforme seu planejamento. Salientamos que a aplicação de muitas dessas estratégias favorece o trabalho em grupo. Por meio dele, os alunos interagem, desenvolvem o senso de cooperação e vivenciam a construção do conhecimento característica do processo de investigação científica. O trabalho em grupo também propicia a vivência de conteúdos procedimentais e atitudinais, por exemplo: cooperação, divisão de tarefas, diálogo e respeito à opinião e ao trabalho dos colegas. O registro também é outro aspecto fundamental na disciplina Ciências. Uma sugestão é que cada aluno tenha um caderno ou bloco de notas (um “Caderno de descobertas”) para escrever os resultados de suas atividades. É importante que as crianças desenvolvam, cada vez mais, o texto científico, aprimorando-o, aproximando-o do rigor e da clareza característicos desse gênero textual. Uma variedade de estratégias pode ser usada pelo professor, de acordo com seus objetivos, com os interesses da classe e com os recursos da escola. A seguir, apresentamos alguns caminhos possíveis.
1. A tividades práticas: experimentos6, demonstrações e construção de modelos Comentamos anteriormente sobre as principais etapas da investigação científica e as habilidades a ela atreladas – consideremos esses aspectos aqui, também. Além do que já foi mencionado, lembremos que, em geral, as crianças gostam muito de investigar, usar o laboratório e lidar com materiais diferentes – essa já é uma vantagem da atividade prática: estimular e motivar. Outro ponto positivo da atividade prática é tornar o abstrato mais concreto para os alunos, uma vez que é mais fácil compreender aquilo que observamos, manipulamos e escutamos. As aulas práticas contribuem de forma significativa para a compreensão de ideias gerais da cultura e da metodologia científica, tais como: §§reconhecer a importância do trabalho em grupo e compreender que a ciência é um produto coletivo; §§saber que o conhecimento científico é construído ao longo do tempo e depende, entre outras coisas, da disponibilidade de tecnologia do momento em que está inserido; 6 Usamos
o termo experimento no sentido didático e não com o rigor acadêmico, que abrange várias etapas.
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§§identificar um modelo como algo que nos ajuda a compreender a realidade; §§perceber que a pesquisa e a observação são meios de se obter dados; §§compreender que as hipóteses são respostas possíveis a uma determinada questão, e que para testar hipóteses existem procedimentos adequados; §§compreender que formular hipóteses, maneiras de testá-las e prever resultados constitui grande parte do trabalho dos cientistas; §§reconhecer a importância de registrar e comunicar resultados de maneira adequada e que, para isso, são usados textos, tabelas, fichas, desenhos, gráficos e outros organizadores.
2. Leitura de imagens A leitura das imagens (ilustrações, fotografias, reproduções de obras de arte, mapas, gráficos e infográficos) faz parte da compreensão de um conteúdo. A leitura de imagens permite que os alunos desenvolvam habilidades de descrição, identificação e comparação, entre outras. Por vezes, não conseguimos imaginar “concretamente” como é o objeto representado em uma figura, principalmente quando ele nos é apresentado pela primeira vez. Muitos de nós já nos surpreendemos ao perceber que uma célula, apesar de ser representada no plano, é uma estrutura tridimensional. A proporção entre os elementos, os cortes e o uso de cores artificiais são recursos muitas vezes utilizados nas imagens dos livros didáticos e que precisam ser ensinados aos alunos. Para isso, recomendamos explicar para eles as particularidades de algumas imagens disponíveis na coleção. Ao longo dos comentários específicos das unidades, oferecemos outras propostas para o trabalho com imagens. §§Proporção. Explique que, nas páginas de um livro, nem sempre é possível respeitar a proporção entre os elementos (é o caso dos astros do Sistema Solar, por exemplo). É isso o que pretendemos explicitar com a informação “Elementos não representados em proporção de tamanho entre si”. Por exemplo: se houvesse um desenho de um elefante e uma formiga, não seria possível representá-los proporcionalmente: a formiga ficaria muito pequena ou o elefante ficaria muito grande. §§ Uso de cores artificiais. Mostre que a fotografia de um microrganismo foi colorida artificialmente (com o uso de substâncias corantes, por exemplo) para destacar melhor sua forma ou que cores diferentes das reais foram usadas nas figuras do corpo humano para que pudéssemos diferenciar melhor suas estruturas. §§Cortes e figuras do corpo humano. Faça que os alunos percebam que algumas estruturas do corpo humano são desenhadas em corte, o que permite serem vistas “por dentro”. Em outros casos, alguns órgãos não são desenhados para possibilitar a visualização de outros. §§Tamanho dos seres vivos. Em diversas fotografias, procuramos apresentar ícones com silhueta e barra de escala que visam informar sobre os tamanhos reais dos seres vivos, de modo que os alunos possam ter noção de tamanho e fazer comparações.
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§§Ampliação das imagens feitas ao microscópio. O número que aparece nas legendas de fotografias feitas com auxílio do microscópio mostra quantas vezes a imagem foi ampliada em relação ao tamanho original do item mostrado. Explique aos alunos que esses números geralmente são muito grandes porque o objeto/ser é muito pequeno; é preciso ampliar a imagem muitas vezes, com a ajuda do microscópio, até que possamos enxergá-lo.
Os livros didáticos usualmente tentam suprir as dificuldades de entendimento da escrita com a utilização de ilustrações. A compatibilização das ilustrações com as informações apresentadas já é, por si só, um problema, ainda que, nas edições mais cuidadosas, esteja resolvido. [...] A maioria das ilustrações que se encontram nos bons livros é pouco explicativa para quem tem um primeiro contato com as informações a ser passadas. A utilização de cortes, de projeções bidimensionais, de perspectivas distorcidas e de ampliações torna os objetos tridimensionais irreconhecíveis para a maioria dos sujeitos que os veem pela primeira vez. Mais do que isso, leva à construção errônea de conceitos, relações e dimensões. Quem só conhece o fígado pelos desenhos do aparelho digestivo dificilmente tem noção de seu tamanho e de sua posição no organismo. A representação usual do Sistema Solar, em perspectiva, acentua a forma elíptica das órbitas, fazendo com que seja impossível perceber que a órbita terrestre é praticamente circular. Dadas as distâncias e tamanhos dos planetas, revela-se inviável a representação em escala do Sistema Solar. Esse aspecto é muito pouco assinalado nas representações usuais, dificultando a tarefa de compreender, por exemplo, a diferença entre as fases da Lua e seus eclipses ou por que é a inclinação dos eixos associada ao movimento de translação da Terra, e não a excentricidade, a responsável pelas estações do ano. DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. A.; PERNAMBUCO, M. M. Ensino de Ciências: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2002. p. 296-297. (Coleção Docência em Formação).
3. Pesquisas Pesquisar permite descobrir ou ampliar o que sabemos sobre determinado assunto. É fundamental que os alunos associem a pesquisa como uma importante ferramenta de aprendizagem. Pesquisar proporciona ao aluno desenvolver as habilidades de localizar, selecionar e usar informações, produzindo conteúdo próprio e significativo para ele. Como cientistas fazem pesquisas o tempo todo, entendemos que esse tipo de atividade contribui para o desenvolvimento de habilidades de investigação científica e autonomia do aluno. A pesquisa, para ser efetiva, deve ser ensinada na escola. Resumidamente, uma boa pesquisa pode ser guiada pelos seguintes passos: 1. D efinir qual será o tema ou o objetivo da pesquisa: responder a um questionamento, aprender mais sobre um processo ou pessoa, encontrar a
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solução para um problema, divulgar informações corretas sobre determinado assunto. 2. P esquisar dados em fontes confiáveis e atuais (há mais comentários sobre a identificação de fontes confiáveis em outros pontos dos manuais da coleção). A troca de informações entre os alunos é desejável nesta etapa. 3. S eleção e registro das informações, quando se destacam, dos dados obtidos na pesquisa, aqueles relevantes para atingir o objetivo estabelecido. 4. A presentar o resultado da pesquisa de modo organizado, em forma de texto, cartaz, palestra ou outros meios. 5. Avaliar se a pesquisa atendeu ao objetivo inicial. Nas primeiras atividades de pesquisa (e sempre que considerar necessário), é desejável expor para os alunos os passos descritos anteriormente, de forma a familiarizá-los com o método. Também se pode questionar os alunos de modo que eles próprios estabeleçam quais devem ser os passos para uma boa pesquisa escolar. Por exemplo: a. Qual é o objetivo da nossa pesquisa? O que queremos saber? b. Q ue materiais usaremos para chegar ao nosso objetivo? Iremos à biblioteca ou acessaremos a internet? Que tipo de livros ou sites deveremos procurar? epois de encontrar os materiais sobre o assunto, o que deveremos fazer? c. D Será preciso ler o material inteiro para encontrar o que desejamos? d. C omo deveremos apresentar o resultado da pesquisa? Para quem apresentaremos essas informações? e. A pós o término do trabalho, deveremos nos perguntar: nossa pesquisa atingiu o resultado desejado? Conseguimos descobrir o que queríamos?
4. Competência comunicativa: leitura, escrita e oralidade Trabalhar com o desenvolvimento da competência comunicativa auxilia o educando a tornar-se um leitor e produtor competente nas diferentes áreas do conhecimento. Nesta coleção, exploramos as oportunidades de aprimoramento da leitura, da escrita, da fala e da ampliação do vocabulário dos alunos, além de oferecermos textos adequados ao nível de compreensão deles, isto é, de acordo com sua faixa etária. Saber expressar-se e compreender uma linguagem é atribuir significado à informação, é dar sua própria interpretação de algo, é, por fim, aprender. O domínio da linguagem é essencial em todas as disciplinas, pois cada uma delas é, em si, uma linguagem. Aprender Ciências envolve o conhecimento de um vocabulário específico, de uma estrutura de pensamento e de um modo de ver o mundo característicos dessa área. Ler e fazer ciência têm muito em comum: em ambas as atividades é preciso dispor de conhecimentos prévios, levantar hipóteses, determinar a relevância das informações, comparar, fazer pausas para avaliar a compreensão e detectar eventuais falhas etc.
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Para saber mais O desenvolvimento da linguagem é parte do desenvolvimento da própria sociedade humana. Saiba mais sobre isso em: CAVALLI-SFORZA, L.; CAVALLI‑SFORZA, F. “Quando surgiu a linguagem?”. In: ______. Quem somos? História da diversidade humana. (Trad. Laura Cardellini Barbosa de Oliveira.) São Paulo: Editora UNESP, 2002. Material do MEC sobre Ensino Fundamental, implementação do Ensino Fundamental de nove anos e Alfabetização. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_conten t&view=article&id=12624%3Aensino-fundamental&Itemid=859>. Acesso em: mar. 2014.
5. Entrevistas A entrevista é um tipo particular de pesquisa. Ela pode ser usada tanto para conhecer a opinião dos entrevistados, quanto para obter informações sobre algo da especialidade deles. Por meio dela, os alunos podem trabalhar habilidades de comunicação oral e escrita, além de vivenciar situações em que devem exercitar o respeito ao próximo, a cordialidade, a capacidade de elaborar boas questões e de valorizar outras formas de aprender e informar-se. Na coleção, estimulamos o uso da entrevista como maneira de se informar. Da mesma maneira que as demais estratégias, fazer uma entrevista também deve ser algo que o aluno aprende, portanto, deve ser um processo orientado pelo professor. É comum que alunos muito novos tenham dificuldade em fazer o registro das respostas do entrevistado; por isso, fique atento para auxiliá-los nessa tarefa e adequar o conteúdo e a quantidade de informações a ser registrada à faixa etária da classe. Para que seja proveitosa, a entrevista deve ser orientada e planejada. A seguir, listamos algumas etapas que podem facilitar esse processo. §§Informar aos alunos o objetivo da entrevista e, se não houver uma pessoa pré-definida, indicar o perfil que o entrevistado deverá ter (por exemplo, quem poderá ser, que características/conhecimentos ele deverá ter). §§Oferecer aos alunos (principalmente aos mais novos) uma entrevista de revista, jornal ou site, nos moldes daquela que eles deverão fazer. Promover a leitura coletiva e pedir que a turma levante alguns aspectos relevantes, como o tipo de questão, os indicativos da fala do entrevistador e do entrevistado e o registro escrito das expressões das pessoas (por exemplo: sorriso, silêncio). §§Fazer uma pesquisa prévia sobre o entrevistado: nome, perfil profissional ou educacional, interesses, trajetória de vida etc. §§Coletivamente, definir os assuntos de interesse da pesquisa com base em seu objetivo e na curiosidade dos alunos. Selecionar as questões que deverão ser feitas ao entrevistado, evitando as muito distantes do objetivo inicial e as que possam gerar respostas semelhantes. Organizar a dinâmica da entrevista: quem fará as perguntas, em que ordem as perguntas serão feitas, quem registrará as respostas, como será feito esse registro etc. Estruturar a dinâmica por escrito.
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§§Combinar com os alunos como será a entrevista: ao vivo, por telefone ou por e-mail. Instruir os alunos a perguntar ao entrevistado quais dias e horários são bons para a realização da entrevista, informando-lhe também quanto tempo, aproximadamente, ela deverá durar. Destacar a importância de se respeitar o entrevistado, especialmente no momento em que ele estiver falando e, ao final, agradecer pelas informações fornecidas. §§Em classe, organizar o material obtido de acordo com a proposta inicial. §§Promover uma conversa coletiva com a classe para que os alunos avaliem o resultado do trabalho e verificar se os objetivos foram alcançados.
6. Visitas a espaços culturais É importante que o professor seja um agente disseminador dos espaços culturais de sua região. Conheça-os com seus alunos e aproveite seus recursos. Os alunos devem ser ensinados a valorizar espaços fora da escola que favoreçam a pesquisa e a aprendizagem. Além de museus e centros de pesquisa, há observatórios astronômicos, universidades, zoológicos, jardins botânicos, bibliotecas e centros de ciência, por exemplo. Para conhecer os museus de seu interesse, consulte o Guia dos Museus Brasileiros, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram/Ministério da Cultura) e disponível em <www.museus.gov.br/guia-dos-museus-brasileiros> (acesso em: abr. 2014). O guia traz dados como ano de criação, endereço, horário de funcionamento, tipologia de acervo, acessibilidade, infraestrutura para recebimento de turistas estrangeiros e natureza administrativa de mais de 3 mil museus já mapeados pelo Ibram em território nacional. O material está dividido por região, para facilitar o acesso.
7. Projetos e feiras de Ciências Projetos caracterizam-se por unidades de trabalho relativamente amplas, com um objetivo próprio. Os projetos geralmente são produzidos em grupo, sendo que os alunos partem de um problema em busca de sua solução. Os resultados dos projetos (em geral, demonstrações de experimentos, procedimentos, modelos, inovações tecnológicas ou resultados de pesquisas) podem ser apresentados nas tradicionais feiras de Ciências. Em linhas gerais, os projetos devem ser orientados segundo alguns passos: §§Definição do tema: considerar um tema de importância particular para a turma ou comunidade. Ele pode ser trabalhado de forma interdisciplinar, isto é, envolvendo as demais áreas do conhecimento. §§Escolha do problema: momento de transformar o tema em uma questão que estimule a busca de informações e soluções. §§Conteúdos e atividades necessárias para o tratamento do problema: momento de elaborar com a classe as formas de conduzir a investigação – quais atividades serão realizadas, quem deverá realizá-las, quais materiais serão necessários, como os dados serão organizados e que público será alvo do projeto.
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§§Intenções educativas ou objetivos: definição e apresentação dos objetivos da investigação para os alunos. §§Fechamento: é feito por meio da organização e interpretação dos dados que respondem ao problema inicial e da definição de como esses dados serão apresentados ao público a que se destinam. Aqui se enquadram a elaboração de folhetos, jornais, cartazes, encenações, maquetes, demonstrações ou exposições em feiras de Ciências. §§Avaliação: pode-se avaliar a colaboração dos alunos no grupo, o resultado final, as dificuldades ao longo do percurso, a recepção do público-alvo, entre outros aspectos. Também é interessante promover a autoavaliação dos participantes sobre suas contribuições durante a execução do projeto em grupo. Acreditamos que as propostas de projeto devem ser uma decisão coletiva e fundamentada pelos critérios do professor, levando em consideração a realidade da escola e da comunidade, o tempo disponível, o público-alvo, o interesse da classe e a integração com as demais disciplinas. Ressaltamos que a coleção oferece vários temas e ideias que podem incitar a montagem de projetos e exposições em feiras de Ciências.
Para saber mais Programa Nacional de apoio às feiras de Ciências. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/ index.php?option=com_content&view=article&id=13168%3Afeira-nacional-de-ciencias-fenaceb&catid=195%3Aseb-educacao-basica&Itemid=1035>. Acesso em: abr. 2014.
Por que integrar as aulas com recursos da informática? Sabemos que o livro didático é apenas uma das ferramentas de que o professor e o aluno dispõem para o aprendizado. É preciso que o professor disponha de um conjunto de ferramentas, cada uma para um determinado objetivo, de forma que uma possa complementar a outra. Nos dias de hoje, a tecnologia está fortemente presente na vida das pessoas. Muitas crianças já nascem “plugadas”, acostumadas desde cedo a lidar com computadores, controles, botões etc. Elas são nativas nesse mundo digital, enquanto nós, adultos, somos meros imigrantes. É muito natural, para elas, que computadores e internet sejam indissociáveis do processo de aprender. Vemos nas novas mídias muitas vantagens: elas são atrativas e contribuem para aguçar a curiosidade das crianças. Além disso, a internet é fonte inesgotável de troca: nela, somos tanto consumidores quanto produtores de conhecimento e informação. Com isso, o professor assume cada vez mais o papel de problematizador, passando a desafiar os alunos a encontrar as informações, distinguir informações confiáveis e atualizadas daquelas que não podem ser utilizadas, disponibilizá-las na mídia, entre outras “novas” habilidades que o mundo digital nos apresenta. Estamos de acordo com Regina Célia C. Haydt quando diz que:
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[...] podemos concluir que a preocupação da escola não deve ser apenas com a aprendizagem da Informática. Sua tônica deve recair principalmente sobre a aprendizagem pela Informática. Pois é pelo uso do computador que o educando experimenta e verifica as formas de pensamento, num contexto de resolução de problemas e de comunicação, bem como desenvolve processos que ele pode transpor para outras disciplinas. O aluno deve ter a possibilidade de manipular o computador como um suporte para as suas descobertas. HAYDT, R. C. C. Curso de Didática Geral. 8. ed. São Paulo: Ática, 2006. p. 280.
Há diversas formas de trabalhar com esses recursos e a própria rede mundial de computadores nos dá dicas. Ensinar aos alunos que, nos dias de hoje, saber como obter e selecionar informações tem cada vez mais valor. Uma pessoa pode deter uma quantidade limitada de conhecimento; porém, se ela aprende como e onde buscar esse conhecimento, não há limites para o que pode conseguir. A rede também é democrática: os usuários são, ao mesmo tempo, consumidores e produtores de conhecimento. Veja o caso da Wikipédia, em que o produto final é construído coletivamente pelos usuários. Nela, segundo Pedro Demo, “se pode aprender como fazer texto científico de qualidade, discutir produtivamente on-line, preferir a autoridade do argumento ao argumento da autoridade, participar do ambiente científico sem pruridos acadêmicos.7” Estimular os alunos a não apenas buscar, mas construir conhecimento com o auxílio dos recursos digitais: criar um blog, uma página de fotografias dos procedimentos experimentais da turma, um grupo de discussão, o site da classe com slides de explicações sobre conceitos aprendidos, a escrita coletiva de um livro digital, tabelas e gráficos para ilustrar conceitos, entre outros. No Portal do Professor do MEC, há muitas ideias e sugestões; ver, por exemplo, as sugestões disponíveis nos links abaixo: §§http://portaldoprofessor.mec.gov.br/links.html §§http://portaldoprofessor.mec.gov.br/interacao.html §§http://portaldoprofessor.mec.gov.br/linksCursosMateriais.html?categoria=88 Acessos em: abr. 2014.
Para saber mais Guia do uso responsável da internet para crianças. Disponível em: <www.internetresponsavel. com.br/criancas/guia>. Acesso em: abr. 2014. SANCHO, J. M.; HERNÁNDEZ, F. Tecnologias para transformar a educação. Porto Alegre: Artmed, 2006.
Infelizmente, é fato que há ainda um grande número de pessoas excluídas dessa realidade digital. Muitos professores não têm acesso a computadores, enquanto seus alunos navegam na rede e ouvem música em seus tocadores digitais; o contrário também é verdadeiro. Faz-se realmente necessário que as escolas disponham de uma estrutura básica para o trabalho com as novas mídias. 7 DEMO,
P. Educação e alfabetização científica. Campinas: Papirus, 2010.
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Orientações para desenvolvimento de conceitos e conteúdos – 2o ano Muitas ideias, sugestões e informações importantes que constam deste manual podem ajudá-lo a elaborar suas aulas, problematizando os temas e trazendo para os alunos aspectos diferentes daqueles que estão no livro do aluno. Além disso, textos complementares e uma discussão sobre os conceitos principais de cada unidade são apresentados nele. Aproveite também as sugestões de leitura (de livros e de sites) e a bibliografia; nelas você encontrará ainda mais material para enriquecer suas aulas. Que tal começar a aula conversando com a turma sobre como eles acham que um cientista é? O que faz? Com o que trabalha? Que equipamentos utiliza? Nesse momento, você pode dizer que há muitos tipos de cientistas, que trabalham com os mais diversos temas (ver tópico “A ciência, a sociedade e a tecnologia – O que é ciência? Como pensa um cientista?” na página 136 deste Manual). Explique para os alunos que a ciência é feita por homens e mulheres, de diversos lugares do mundo, incluindo o Brasil. Diga também que alunos e professores, ao estudar, fazer perguntas, propor respostas, observar, analisar, comparar, produzir materiais, estão também fazendo ciência. Aproveite a curiosidade dos alunos, sugerimos alguns miniprojetos que podem ser criados agora e acompanhar os alunos ao longo do ano. §§Uma ideia para valorizar o trabalho da classe é reservar um caderno (ou criar um blog ou página na internet) para registrar as descobertas e produções científicas da classe. O material pode ter textos, desenhos, fotografias e outras formas de registro. §§Uma forma criativa de acompanhar o trabalho é criar com a classe a figura de um mascote que represente o estudo de Ciências. Pode ser um animal, uma planta, um elemento qualquer da natureza. Façam uma votação para escolher o nome do mascote e escolham um desenho que o simbolize. §§Criem uma caixa de materiais recicláveis, que podem ser usados nas atividades práticas ao longo do ano. Caixas, potes vazios, embalagens diversas, colheres plásticas, copos e outros. §§Adotem uma planta para enfeitar a sala. Pesquisem que variedade seria boa para as condições de luminosidade da classe e façam um pequeno manual de como cuidar dela. Os alunos podem se revezar nas regas, adubação e outros cuidados. Este livro é um dos materiais que vai acompanhar os alunos no estudo de Ciências ao longo do ano. Em geral, as crianças gostam dos temas científicos, e esse é um bom momento para deixá-los folhear o livro, ver as imagens e temas que ele contém. Como ponto de partida na utilização do livro, é interessante
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explorar com os alunos a seção Conheça a organização do seu livro, localizada nas páginas iniciais, que descreve a estrutura da obra. Chamar a atenção para os ícones que servem de orientação ao aluno durante a realização das atividades. É também importante observar com os alunos o sumário do livro como forma não apenas de apontar sua utilidade, mas de antecipar os conteúdos que serão trabalhados nas unidades, capítulos e seções. Neste ano, os alunos estão em processo de alfabetização. Pensando nessa particularidade, o livro e o Manual do professor apresentam inúmeras sugestões de formas de registro não escrito, além da tradicional produção textual. É fundamental também que o professor realize a leitura dos textos, comandos de atividades e outras informações, garantindo a compreensão de todos na realização das atividades. Os conteúdos deste ano representam uma introdução da maioria dos temas que fazem parte das chamadas ciências: começamos por um tema bastante querido aos alunos: a vida, os seres vivos, em especial os animais e as plantas. Depois, vamos observar algumas características da nossa espécie e focar na importância da saúde. Seguimos com um olhar mais atento aos materiais que nos cercam, aos recursos do planeta dos quais fazemos uso e, por fim, à relação de cuidado que devemos ter com a Terra, único planeta capaz de abrigar a vida como a conhecemos, retomando a primeira unidade e fechando um ciclo de estudos.
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UNIDADE 1
Seres vivos e ambiente
páginas 8 a 21
Nesta unidade, os alunos serão apresentados aos seres vivos e a algumas de suas características. Um dos objetivos centrais do tema é distinguir os elementos vivos dos não vivos. Toda a sequência didática dessa unidade é voltada à compreensão de que os seres vivos dependem dos elementos não vivos para sua sobrevivência. Compreender que seres vivos e elementos não vivos do ambiente estão intimamente relacionados e dependem uns dos outros é essencial para desenvolver atitudes preservacionistas e sustentáveis desde a infância, visando à formação de cidadãos conscientes e participativos nos assuntos relacionados ao ambiente e à vida. Uma das ideias mais importantes que gostaríamos de passar é a de que qualquer pessoa pode aprender a pensar como um cientista, ou seja, todos podemos desenvolver habilidades de investigação e interpretar o mundo por meio de um olhar científico. Basicamente, um cientista observa um evento, questiona a si mesmo sobre ele, elabora hipóteses que possam explicá-lo (ou seja, prediz o que acha que pode responder às suas questões) e, então, planeja cuidadosamente um experimento que possa testar sua hipótese. Depois, analisa os resultados do experimento e chega a conclusões sobre sua hipótese: ela estava ou não correta? O cientista, então, divulga os resultados de sua pesquisa, para que outras pessoas possam se beneficiar dela. Vamos começar com a observação. É importante que os alunos compreendam que os cientistas aprendem muito sobre o ambiente ao redor (por exemplo, sobre animais, plantas e outros seres vivos) por meio de uma observação cuidadosa. Para que essa observação seja feita, utilizamos os nossos sentidos: olhamos, escutamos, tocamos, sentimos. Os sentidos nos dizem muito sobre o ambiente e é a partir da observação que as investigações científicas começam. Para trabalhar a importância da observação com seus alunos, levá-los a uma praça, parque ou mesmo ao pátio da escola em um horário mais silencioso. Pedir que eles se sentem em um local tranquilo e fechem os olhos, tentando ouvir atentamente todos os barulhos. Depois, comentem sobre o que ouviram e o que acham que causou tais barulhos. Em uma próxima etapa, analisem o ambiente ao redor e observem que elementos estão presentes nele. Registrem, em uma lista, os nomes dos objetos observados (leve um caderno para executar essa atividade). Comentar com a classe que os cientistas utilizam frequentemente a observação e o registro do que observaram como parte de suas atividades. Quanto mais detalhadas forem as descrições das observações, mais se torna fácil que outras pessoas compreendam e comparem os dados umas com as outras. Por exemplo: ao observar e descrever uma substância química, um cientista analisa
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sua cor, seu aspecto, o que acontece com ela quando é misturada com outras substâncias, a que temperatura ela congela, entre outras particularidades. É relevante comentar, também, sobre a importância de manter a segurança durante a condução de atividades de investigação. Dependendo da situação (se precisarem manipular algum material, ser vivo ou substância química, por exemplo), é importante que usem luvas, aventais e óculos de proteção. Também não devem, em nenhuma situação, colocar objetos ou substâncias na boca, a menos que sejam orientados para isso. Um dos bons momentos para ressaltar a importância da observação encontra-se nas páginas 20 e 21 da seção Rede de ideias. Nessas páginas, os alunos veem o microscópio, importante instrumento de observação dos cientistas. É interessante que façam a conexão com a habilidade de observação: um microscópio aumenta a capacidade de nosso sentido da visão, ele potencializa um de nossos sentidos, assim como outros instrumentos o fazem (e serão vistos ao longo da coleção). Dar aos alunos exemplos de outros instrumentos que potencializam nossa capacidade visual; se possível, permitir que os manipulem: uma lupa aumenta imagens de objetos pequenos, porém não tem o poder de um microscópio; um telescópio aumenta imagens de objetos que estão muito distantes, como astros no céu; e um estetoscópio amplia os sons do corpo humano, como os batimentos cardíacos. Observar a fim de obter dados é uma habilidade fundamental para o estudo de Ciências. Solicitar aos alunos que observem atentamente os seres vivos, suas características físicas e, nas imagens com essa informação, o ambiente do entorno. A intenção é que eles explorem visualmente as imagens e levantem conhecimentos prévios, principalmente os relacionados aos assuntos que serão tratados na unidade. É importante que eles não tenham receio de expor suas ideias, mesmo que elas não sejam as esperadas para o momento. Toda resposta pode ser aproveitada e conduzida para a construção do conhecimento, valorizando a competência comunicativa. Outra forma de desenvolver a competência comunicativa é montar um “Vocabulário de Ciências” coletivo. No começo do ano, separar um caderno para isso, identificando a classe. Dividir algumas folhas do caderno para cada letra do alfabeto. Esse será um material em que serão registradas novas palavras ou expressões aprendidas nas aulas de Ciências. Permitir que os alunos, coletivamente, definam como deve ser feito o registro da palavra ou expressão em questão: é importante haver um texto (acompanhado, se possível, de uma figura) que, proporcione um exercício de escrita (trabalhando a disciplina Língua Portuguesa); o essencial é que a classe produza o próprio material, atribuindo significado ao novo vocabulário. Orientar a atividade e auxiliar os alunos na busca de significado.
Interdisciplinaridade com a área de Língua Portuguesa.
Nesse início da exploração da teoria, permitir que os alunos participem do que está exposto no texto da página 10. Sempre é mais fácil compreender aquilo com que se tem mais familiaridade. Portanto, questionar quem já teve um bicho de estimação e que animal era esse, ou quem já viu um gato ou um cachorro recém-nascido. Perguntar aos alunos se eles se lembram de algum
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acontecimento de quando eram mais novos, se eles tinham algum bichinho de pelúcia ou outro objeto do qual não se separavam ou se já observaram algum filhote logo após o seu nascimento. Orientá-los a comparar as transformações que ocorrem no organismo dos seres vivos e nas mudanças que acontecem com os objetos ao longo do tempo. O que é diferente? O que é semelhante? Possibilitar a troca de informações entre os alunos. O envolvimento deles com o assunto apresentado é um passo importante para o aprendizado. Auxiliar os alunos a identificar os seres vivos e os elementos não vivos da imagem da atividade 1 na página 16, citando características próprias do fenômeno vida. Fazer que percebam que os seres vivos nascem, crescem, podem se reproduzir e, depois de certo tempo, envelhecem e morrem. Ressaltar que esse processo/ ciclo não acontece com os elementos não vivos. Esses elementos até podem se modificar ao longo do tempo – por exemplo, uma rocha pode se desgastar pela ação do vento e da água, mas ela não é capaz de deixar descendentes. Talvez os alunos tenham dificuldades em justificar e compreender que as plantas também são seres vivos pois, diferentemente dos animais, a maioria das plantas não é capaz de movimentos amplos (como algumas carnívoras que fecham suas folhas, por exemplo), assemelhando-se, muitas vezes, a seres inanimados. Incentivá-los a observar os vegetais próximos, no pátio da escola ou na própria sala de aula. Questioná-los sobre as mudanças que acontecem com as plantas, que também são seres vivos: o crescimento, o surgimento de novas estruturas (folhas, flores ou frutos, no caso) e o que ocorre se elas não recebem água ou luz suficiente, por exemplo. Plantar e acompanhar o desenvolvimento dessa planta ao longo do ano também é uma atividade recomendada, como a que sugerimos a seguir. Ela pode ser até mesmo utilizada como um projeto para feira ou semana de Ciências.
Plantando girassóis Fornecer aos alunos sementes de girassol, vasos para o plantio, pedras e terra para jardim. Disponibilizar, também, regador e água. Os vasos podem ser feitos a partir do reaproveitamento de garrafas PET. Para isso, basta cortá-las ao meio, transversalmente. Assim, de uma garrafa é possível obter dois vasos. Essa é uma forma de incentivar os alunos a reutilizar materiais. Para escoar a água, é preciso fazer pequenos furos com um prego no fundo do vaso de garrafa. Fornecer as garrafas já cortadas e com furos. Incentivar os alunos a pintar e a decorar os vasos que serão usados para o plantio das sementes. Depois de fazer os vasos, é hora de prepará-los para o plantio. Explicar aos alunos que é necessário colocar pedras no fundo do vaso para ajudar a escoar o excesso de água (as pedras facilitam a drenagem do excesso da água da rega). Pedir a eles que coloquem uma camada de pedras no fundo do vaso e, sobre ela, adicionem terra de jardim até quase a borda. Depois, pedir que façam, com o auxílio de um palito de sorvete, três pequenos buracos na terra e introduzam em cada buraquinho uma semente de girassol, cobrindo-as com
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mais um pouco de terra. Orientar os alunos a regar a terra o suficiente para deixá-la úmida, mas sem encharcá-la. Escolher um local apropriado para que os alunos deixem os vasos. Eles devem ser colocados em local bastante iluminado. Pedir aos alunos que reguem os vasos todos os dias se o tempo estiver seco ou, se estiver úmido, um dia sim, outro não. Ao acompanhar a germinação e o crescimento da planta de girassol, os alunos poderão vivenciar processos típicos dos seres vivos, compreendendo que os vegetais também apresentam um ciclo vital. A planta de girassol foi escolhida para essa atividade por apresentar a capacidade de realizar movimentos na direção da luz, que podem ser facilmente observados. Quando as plantas produzirem inflorescências (conjuntos de flores reunidas na mesma estrutura), pedir aos alunos que observem para qual direção elas estão viradas no período da manhã e repetir o procedimento à tarde. Questioná-los sobre por que isso ocorre (ver texto a seguir).
Por que o girassol gira com a luz do Sol? Esse movimento permite à flor capturar mais luz para realizar a fotossíntese. Antigamente, um dos quesitos que diferenciava o reino animal do vegetal era a presença de movimento. Assim: caso se mexesse por iniciativa própria, era animal; se não se mexesse, vegetal. Essa forma de diferenciação foi abandonada porque hoje sabemos que muitas plantas são capazes de se movimentar inteiramente ou apenas algumas de suas estruturas, como as folhas e as flores. Um exemplo bem bonito desse bailado é o que faz a flor do girassol. O girassol se mexe estimulado pela luz solar. Esse fenômeno é chamado heliotropismo ou rastreamento solar, o que significa dizer: orientado pelo curso do Sol. O fenômeno é classificado como positivo quando o vegetal busca a luz e negativo quando foge dela. No caso do girassol, você já deve ter notado, é positivo. Para ele, quanto mais luz melhor! Só tem um detalhe, girassol é flor e flor não faz fotossíntese. Então, por que essa planta se movimenta em busca da luz solar? Pois bem: o girassol não é apenas uma flor, mas a união de várias flores, cujo conjunto recebe o nome de capítulo.
Essas flores são sustentadas por um cabo (ou pedúnculo) e este sim é o responsável pelo movimento do girassol. Numa plantação de girassóis, à medida que o Sol segue seu curso, do nascimento até se pôr, vemos a flor se movimentar. Agora sabemos que é o pedúnculo que está seguindo na direção dos raios solares. Ele é quem precisa da luz para melhor aproveitar a energia na realização da fotossíntese, além de suas folhas. Esse movimento é temporário e reversível: quando cessa a luz do sol, a planta volta à sua posição original porque suas células deixam de receber o estímulo luminoso que provoca o movimento. Com esse fenômeno, o girassol assegura a maturação dos frutos, que vão gerar novas plantas. Assim como o girassol, outras plantas se movimentam de maneira diferente e por estímulos também diversos. A “dormideira”, por exemplo, se fecha quando é estimulada pelo toque. Mas esta é outra conversa... Preste mais atenção nas plantas. Você vai se surpreender! ESTEVES, R. L. Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes, Departamento de Biologia Vegetal, Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Publicado em: abr. 2006. Atualizado em: ago. 2010. Disponível em: <http://chc.cienciahoje.uol.com.br/multimidia/ revistas/reduzidas/167/files/assets/seo/page4.html>. Acesso em: maio 2014.
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Interdisciplinaridade com a área de Matemática.
Uma atividade interessante que pode motivar os alunos é fazer que notem que eles próprios mudam ao longo do tempo. Para isso, é possível fazer medições da altura dos alunos no início e no final do ano letivo – aproveite para trabalhar noções matemáticas do uso desse instrumento de medida. Se a coordenação da escola permitir, faça marcações da altura de cada aluno em uma parede no pátio da escola, na sala de aula ou mesmo em uma folha de papel fixada na parede. Pedir que cada aluno escreva seu nome abaixo da marca referente à sua altura e que anote a data da medição. Estipular uma data para a nova medição dias antes do final do ano letivo. Pedir aos alunos que comparem não apenas o crescimento físico, mas também o aprendizado que acumularam durante o ano.
Ciclo vital, metamorfose e morte
Interdisciplinaridade com a área de Matemática.
Algumas das imagens desta unidade trazem ciclos de vida (do cão, do coqueiro, da borboleta e do sapo); elas permitem trabalhar, com os alunos, o sequenciamento de fatos e a produção de pequenos textos. Uma sugestão de atividade é preparar fichas com figuras que mostrem a sequência de um procedimento ou acontecimento qualquer, como as etapas da preparação de um bolo ou as etapas da vida do ser humano ou, ainda, as transformações da semente em planta, entre outros. Dividir os alunos em grupos e distribuir as fichas. Pedir que eles ordenem as fichas na sequência temporal correta, da mais antiga até a mais recente. Depois, eles podem dizer em voz alta frases que descrevam cada etapa. Anote as frases na lousa, com as sugestões da turma. Isto feito, escolham juntos a frase que julgarem melhor. Os alunos devem, após isso, copiar as frases nas respectivas fichas. Para enriquecer a atividade, perguntar a eles que unidade de tempo pode ser usada em cada sequência: minutos, horas, dias, meses ou anos. Esse é um bom momento para relacionar a disciplina de Ciências com a de Matemática, ao trabalhar a medida de tempo. Os termos que aparecem no glossário também devem ser explorados. Como essa é a primeira vez em que o glossário aparece no livro, informe à classe qual é a sua função: explicar ou detalhar palavras ou expressões novas, auxiliando o leitor na compreensão do texto. Nos tempos atuais, é essencial que os alunos se habituem a utilizar os recursos digitais disponíveis, não apenas para consulta, mas também para produção de materiais de sua autoria. Desafie os alunos a construir, com fotografias, o ciclo vital de um animal eleito pela turma (quanto mais incomum, melhor). a tarefa do grupo será pesquisar, na internet, imagens desse animal ao nascer, filhote, adulto e, se houver, idoso. Mostre a eles como utilizar uma ferramenta de busca. Você pode usar a pesquisa de imagens do Google (www. google.com.br), digitando no campo de busca a palavra golfinho filhote, por exemplo. Aproveite para explicar aos alunos o que é uma palavra-chave, termo principal do assunto que se deseja pesquisar. A metamorfose dos insetos é algo que fascina as crianças. Se julgar oportuno, pesquisem sobre eles, ampliando o que foi visto na página 11.
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Comentar com os alunos que vários insetos apresentam metamorfose em seu ciclo vital, como as borboletas, as moscas e os mosquitos, por exemplo. Se possível, trazer para a classe algumas crisálidas (de borboleta) e folhas da planta na qual elas foram coletadas. Dispor as crisálidas em um recipiente transparente, coberto com tule; manter no recipiente um pedaço de algodão molhado para garantir a umidade. Observar, com os alunos, o nascimento das borboletas ou mariposas; depois, libertar os animais. Pedir aos alunos que façam registros semanais e discutam as diferenças observadas no animal com o passar do tempo. Outro tema que pode ser questionado pelos alunos é a morte, um acontecimento certo e natural na vida dos seres vivos. Perguntar a eles se já tiveram um animal de estimação que tenha morrido. Incentive-os a descrever as sensações que tiveram no momento. É importante que os alunos tenham oportunidade de lidar com as emoções e expressar o que sentem. Permitir que troquem experiências com os colegas, valorizando assim a vida em todas as suas formas.
PARA SABER MAIS O site a seguir, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, disponibiliza alguns vídeos com imagens e informações sobre insetos e sobre a metamorfose das borboletas. Se julgar oportuno, acesse o site disponível em: <http:// imago.ufrj.br/videos/index. html> (acesso em: maio 2014). Nesse endereço também há diversas imagens que mostram o desenvolvimento de uma borboleta.
Adaptação Adaptação é a peculiaridade comportamental, fisiológica ou estrutural que auxilia determinado organismo a ajustar-se ao seu ambiente. RAVEN, P. H.; EVERT, R. F. & EICHHORN, S. E. Biologia vegetal. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
A adaptação ao ambiente, conceito tratado de forma superficial nesse momento, permeará muitos temas da coleção; por ora, não é necessário nem esperado que os alunos dominem o conceito. Aos poucos, com a introdução da palavra e de diferentes exemplos, os alunos assimilarão o significado geral do termo e os contextos onde poderá ser aplicado. As caracteristicas adaptativas não surgem por “necessidade”, e sim são geradas ao acaso e selecionadas pelo ambiente. Charles Darwin foi quem primeiro organizou a teoria da seleção natural. Leia no texto a seguir.
Ao olharmos a nossa volta, durante um passeio pelo campo ou por uma floresta, é impossível não notarmos a magnífica diversidade da vida. [...] Temos a impressão de que existe um “maestro” por trás disso tudo, conduzindo essa harmonia entre os seres vivos ao som de uma música inaudível aos nossos ouvidos mas plenamente visível aos nossos olhos. Fica difícil não nos perguntarmos de onde vem essa diversificação da vida, essa incrível variedade entre os seres vivos, ou quem é esse tal maestro, responsável por toda essa diversidade.
Foram essas as perguntas a que Charles Darwin tentou responder durante as suas explorações pelo mundo. [...] Darwin viveu em uma época em que a explicação mais aceita para a variação das espécies era dada pela Bíblia, segundo a qual Deus fez o mundo com todos os animais. Se alguém questionasse essa explicação, por exemplo, perguntando por que não existiam mais dinossauros (cujos fósseis, é claro, já eram conhecidos bem antes do século XIX), a resposta seria que esses monstros eram muito grandes para caber na Arca de Noé e, portanto, acabaram
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afogados pelo Dilúvio. Darwin não se convencia muito com esse tipo de explicação. Tal como Galileu, Kepler, Newton e outros grandes cientistas antes dele, Darwin achava que a Bíblia não deveria ser usada como um texto científico, como um compêndio de respostas sobre o funcionamento da Natureza. Para ele, deveria ser possível entender a mecânica do mundo através de seu estudo meticuloso, a partir da coleta e da análise de dados. Em suas viagens, especialmente pela América do Sul, Darwin percebeu que existia uma profunda relação entre a história dos seres vivos e a história geológica da Terra. Ele conhecia as ideias do geólogo Charles Lyell, que afirmava que as variações geológicas da Terra ocorriam de forma extremamente lenta. Aliás, tão lenta que seria impossível justificá-las dentro de aproximadamente 5763 anos (em 2002) definidos pela Bíblia como a idade da Terra. [...] Darwin descobriu conchas marinhas a 4000 metros de altitude, confirmando a lenta elevação da cordilheira (dos Andes) e o consequente isolamento da fauna em ambos os lados do maciço montanhoso. Esse isolamento geográfico, extremamente
antigo, proporcionou tempo de sobra para que várias espécies de cada lado da cordilheira evoluíssem de forma diversa. A partir de suas observações, Darwin concluiu não só que o mundo era bem mais velho do que se imaginava, mas também que os seres vivos sofriam lentas modificações com o tempo. Espécies sofrem mudanças involuntárias durante a sua reprodução, que hoje chamamos de mutações genéticas. Embora, em geral, essas mutações sejam extremamente destrutivas, de raro em raro uma mutação acaba por beneficiar a sobrevivência de uma espécie. Por exemplo, se um rato nascer mais peludo do que os outros de sua espécie, ele terá melhores chances de sobreviver se uma mudança climática provocar uma queda brusca na temperatura. Ao se reproduzir, ele poderá gerar mais ratos peludos até que, após um longo tempo, sobreviverão apenas os ratos peludos. Darwin havia encontrado o maestro que conduz a sinfonia da diversificação biológica na Terra: a seleção natural. [...] GLEISER, M. In: BIZZO, N. Darwin: do telhado das Américas à teoria da evolução. São Paulo: Odysseus Editora, 2002. (Coleção Imortais da Ciência).
Pedir aos alunos que comparem ambientes extremos, como um deserto e uma geleira. Uma sugestão de atividade é montar com a classe um mural de seres vivos que vivem em lugares frios e seres vivos que vivem em lugares quentes. Nessa atividade, peça que os alunos busquem imagens de animais, plantas e seres microscópicos (há bactérias, por exemplo, capazes de sobreviver em fontes termais que alcançam temperaturas elevadíssimas). Explorar com os alunos as características de cada ser vivo que permitem a sobrevivência nos locais onde vivem: a capacidade de armazenar gordura, a pelagem, a forma do corpo etc. A intenção dessa atividade é que, aos poucos, os estudantes consigam associar determinadas características dos seres vivos à sua função.
Interdisciplinaridade com a área de História.
A História e a tecnologia integram-se nessa unidade pelo exemplo da invenção do microscópio, na seção Rede de ideias (páginas 20 e 21). A linha do tempo é uma forma de representação muito comum para a disciplina História e pode ser explorada aqui de maneira que os alunos se familiarizem com ela em diferentes disciplinas. Microscópios são instrumentos de ampliação capazes de aumentar muitas vezes a imagem de um objeto. A ampliação total obtida com o microscópio óptico consiste no produto da ampliação da lente objetiva (a do
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tipo imersão é de 100 vezes) pela ampliação da ocular (que é geralmente de 10 vezes). Com algumas modificações, como lentes oculares de alta potência, a ampliação máxima pode ser ainda maior, chegando a 2000 vezes. Comentar com a classe que as imagens dessas páginas foram feitas com auxílio de um microscópio com capacidade de ampliação ainda mais potente; trata-se dos microscópios eletrônicos. Para tornar o conceito mais concreto, desenhar na lousa um círculo ou outra figura simples, com 1 cm de diâmetro. Pedir aos alunos que copiem no caderno e, em seguida, que façam um novo desenho, ampliando a figura de modo que ela tenha o dobro do tamanho do desenho original. Essa ampliação feita pelos alunos é de duas vezes. Explicar então que os microscópios são capazes de ampliar muitas vezes (mil vezes, por exemplo) as imagens originais. O conteúdo dessas páginas permite que os alunos tenham o primeiro contato com o ambiente de um laboratório. Se houver um laboratório na escola, uma sugestão é levá-los até lá para que conheçam o microscópio e observem alguns microrganismos. Antes, em sala de aula, reproduzir o esquema a seguir e distribuir aos alunos, para que eles observem as principais partes de um microscópio óptico e conheçam para que serve cada uma delas. No laboratório, pedir que os alunos identifiquem no aparelho cada parte apresentada no esquema. Uma sugestão é dispor algumas lâminas com materiais previamente preparados e identificados. Nesse primeiro contato, peça aos alunos que não mexam no microscópio, mas que apenas observem pelas lentes oculares e descrevam o que estão vendo. Auxilie-os explicando quais estruturas/seres vivos estão sendo observados. Se julgar oportuno, comente que há outros tipos de microscópios, muito mais potentes, como os microscópios eletrônicos que funcionam com feixe de elétrons. Entre eles, há o microscópio eletrônico de transmissão e o microscópio eletrônico de varredura. Esse último fornece uma visão tridimensional da superfície do material observado. O poder de resolução desses microscópios – ou seja, a capacidade de distinguir dois pontos próximos – é centenas de vezes maior que o dos microscópios ópticos. Com esses equipamentos, é possível observar estruturas celulares e examinar vírus.
Braço
Ocular
Canhão
Revólver
Objetiva
Charriot Presilha Parafuso macrométrico
Parafuso micrométrico
Diafragma e condensador Espelho Base
Condensador: possui lentes que servem para focalizar a luz na amostra. Suporte para amostra: local onde é colocada a lâmina com o material a ser observado. Botões de ajustes: permitem fazer pequenos ajustes foco para que a imagem ampliada seja visualizada sem borrões. Objetivas: lentes que permitem ampliar a imagem material que está na lâmina. Oculares: lentes que também permitem ampliar a imagem do material a ser observado. Além disso, é nesse local que o observador posiciona os olhos na observação do material.
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UNIDADE 2
Os animais páginas 22 a 37
Esta unidade traz as principais características dos animais, tema bastante querido aos alunos e presente no cotidiano, principalmente nas centenas de personagens de filmes e desenhos que as crianças veem. De maneira muito próxima aos alunos, podemos iniciar o tema confrontando ficção e realidade. Solicite aos alunos que citem filmes ou desenhos animados que têm personagens que são animais ou que são inspirados neles. Depois, pesquisem e tragam materiais sobre eles, fazendo com que os alunos analisem e apontem, segundo a sua visão, quais aspectos dos animais retratados podem ser reais e quais são advindos da imaginação do ser humano. Nos filmes, desenhos e livros de ficção os animais e as plantas geralmente adquirem características próprias dos seres humanos. É comum que, nessas situações, os animais carnívoros e predadores representem os vilões e o “mocinho” na história, em geral herbívoro e presa na vida real, sofra por causa de sua inocência e honestidade. Pedir para que comparem a ficção com a realidade, deixando que exponham suas ideias e conversem sobre suas vivências. No final da conversa, explicar que muitas das cenas que vemos em filmes ou livros de ficção não acontecem na natureza: são frutos da criatividade humana. Ressaltar que não há animais bons ou maus na natureza: cada ser vivo desempenha seu papel e é importante para a manutenção do equilíbrio nos ecossistemas. Os animais apresentam características próprias e agem por instinto. Suas ações e reações visam a sua sobrevivência. Explicar que muitos animais atacam ao serem ameaçados e, quando fazem isso, não é uma questão de bondade ou maldade, mas de proteger a própria vida. Por isso, não se deve tocar ou importunar um animal com o qual não se tem familiaridade, mesmo que seja um animal domesticado pelo ser humano, como cão e gato. Se desejar, sugerimos marcar um dia para a exibição do filme Procurando Nemo (2003 – Distribuição: Buena Vista International e Walt Disney Pictures). Após o filme, para conectar a atividade aos conteúdos trabalhados, fazer perguntas como: Quais as características que os animais da animação apresentam que são próprias dos seres humanos?; Em que ambiente os animais do filme vivem?; O que aconteceu quando o tubarão sentiu cheiro de sangue do peixe? Além de o filme proporcionar uma conversa sobre algumas características dos animais, ele também permite a discussão de temas como diferenças individuais, ações humanas que podem afetar o ambiente, importância da amizade e do esforço coletivo para se conseguir um objetivo, entre outros. É sempre válido discutir temas que vão além do enfoque científico, pois os alunos estão desenvolvendo a capacidade argumentativa. Uma conversa sobre esses temas contribui para a formação de cidadãos mais participativos e críticos.
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Os animais Os animais pertencem ao reino Animalia, que reúne seres pluricelulares (formados por várias células), eucarióticos (com núcleo celular delimitado por membrana nuclear) e heterotróficos (que não são capazes de fabricar o próprio alimento, alimentando-se de outros seres). Há uma diversidade imensa de animais que diferem quanto à forma e ao hábitat. Uma classificação informal é dividir os animais em vertebrados e invertebrados. Essa classificação baseia-se na presença ou ausência de coluna vertebral e crânio. Entre os invertebrados, o filo Arthropoda é mais numeroso, reunindo mais de 1 milhão de organismos conhecidos, entre crustáceos (siri, caranguejo, camarão), quelicerados (aranha, escorpião, carrapato e ácaro) e unirrâmios. Esses últimos reú nem os insetos (formiga, abelha, mosca, libélula, barata, gafanhoto, entre outros), os diplópodes (piolho-de‑cobra) e os miriápodes (centopeia). Há também poríferos (esponjas), cnidários (águas‑vivas, corais e anêmonas‑do‑mar), platelmintos (planárias, tênias e esquistossomos), nematódeos (lombrigas, ancilóstomos e filarias), anelídeos (mi-
nhocas, sanguessugas e poliquetos), moluscos (ostras, mexilhões, polvos, lulas, lesmas e caramujos) e equinodermos (estrelas‑do‑mar, ouriços‑do‑mar, bolachas‑do‑mar). Nós, seres humanos, somos mamíferos e fazemos parte dos vertebrados. Os vertebrados formam um subfilo dos Cordados. O filo Chordata reúne animais cujo embrião apresenta, sob o tubo nervoso, um bastão semirrígido, a notocorda (ou corda dorsal), que define o eixo corporal e sustenta a musculatura e o sistema nervoso durante o desenvolvimento embrionário. Nós e os outros cordados – ascídias, anfioxos, ágnatos, peixes, anfíbios, répteis e demais mamíferos – tivemos um ancestral comum no passado do qual herdamos a notocorda, entre outras características típicas do filo. Ascídias, anfioxos e ágnatos são considerados cordados primitivos e não têm crânio nem vértebras. Nos peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos, a notocorda embrionária desaparece durante o desenvolvimento e, em seu lugar, surgem a coluna vertebral e o crânio.
Nas páginas 22 e 23 (abertura da unidade 2), crianças indígenas estão com alguns deles; provavelmente os alunos não indígenas não estão acostumados a conviver com macacos ou tucanos, o que para os povos da floresta é algo comum. A língua tupi tem um termo específico para designar os animais de estimação: xerimbabo, que significa algo como “minha coisa querida”. É bastante normal que as crianças indígenas convivam com animais silvestres, criando-os como de estimação, o que demonstra uma forma de respeito e amor dos povos indígenas para com outros seres vivos.
PARA SABER MAIS Um texto bastante interessante sobre a relação dos indígenas com os animais pode ser encontrado em: SAEZ, O. C. O melhor parente do homem, Revista de História.com.br. Disponível em: <www. revistadehistoria.com.br/secao/capa/o-melhor-parente-do-homem>. Acesso em: mar. 2014.
Aproveite a temática para valorizar a cultura indígena. Caso considere adequado, ver com os alunos um dos filmes da série Tainá: Tainá, uma aventura na Amazônia; Tainá, a aventura continua; Tainá: a origem. O site do filme traz material para o professor no item “Cinema na escola”. Disponível em: <www. taina3.com.br/#/OPrograma>. Acesso em: maio 2014.
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O tema dos animais de estimação é uma maneira proveitosa de iniciar essa unidade. Conduzir a discussão para levar os alunos a perceber que ter um animal de estimação implica diversas responsabilidades, gastos e tempo para cuidar dele. Muitas pessoas desistem do animal e simplesmente o descartam, principalmente quando ficam velhos ou doentes. Dessa forma, o número de animais abandonados nas ruas ou nos centros de controle público aumenta. Há muitas pessoas organizadas em associações dispostas a ajudar animais abandonados. Pesquisar com seus alunos, na internet, se existem associações desse tipo na cidade onde moram. Seria interessante trazer uma pessoa que trabalhe em uma associação como essa – muitas delas realizam trabalhos educacionais – para conversar com a classe. Uma sugestão de ação cidadã é promover uma campanha para arrecadar ração e outros itens e doá-los a uma organização local. Estudar os animais em sala de aula é uma proposta interessante que rende diferentes atividades, proporcionando o trabalho de observação, de coleta de dados e de formulação de hipóteses. Os alunos podem observar os animais em cativeiro (ver proposta a seguir) e, a partir dessa observação, formular questões: O que eles comem?; Quanto tempo vivem?; Como dormem?; Como são seus filhotes? Entre os livros do acervo do PNBE, indicamos o título Histórias de bichos brasileiros, de Vera do Val, editora Martins Fontes. Pode-se solicitar aos alunos que escolham um dos animais e descubram mais sobre ele no livro, compartilhando as informações com os demais. Auxilie-os nessa pesquisa e leitura. Fazer perguntas é o ponto de partida para o trabalho dos cientistas; é a partir da formulação das questões que eles decidem o que devem estudar e por onde começar. Toda criança faz perguntas, e devemos estimular nelas essa característica que é fundamental para a aquisição de conhecimentos. A partir de uma pergunta, é possível formular uma hipótese e desenvolver outras habilidades investigativas. A ciência busca fornecer explicações para os fenômenos que acontecem na natureza e com os seres vivos. O trabalho do cientista é descobrir os “porquês” dos fenômenos, normalmente iniciando com uma pergunta: Por que esse fenômeno ocorre? ou Como isso acontece? ou Será que esse fenômeno tem a ver com aquele outro? Ao formular perguntas, geralmente, os cientistas já têm um “palpite” sobre a resposta. Esse “palpite” é chamado hipótese. As hipóteses são explicações que devem ser testadas. Um cientista, para propor uma boa hipótese, analisa, interpreta e reúne todas as informações disponíveis sobre o assunto em questão. Para validar uma hipótese, ela precisa ser testada de alguma forma. Esse teste pode ser feito com um experimento, uma pesquisa ou uma simulação matemática, por exemplo. A seguir, apresentamos exemplos bastante simples de questões que envolvem as etapas do método científico. Elas podem servir de base para conduzir novos questionamentos dos alunos em outras situações.
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§§O que um coelho come? (Questão) §§Acho que ele só come cenouras. (Hipótese) §§Vamos dar algum outro alimento (verduras) para ver se ele come? (Teste da hipótese) §§O coelho também come verduras! Então ele não come só cenouras. (Conclusão: a hipótese estava errada) §§Vamos pesquisar em livros e na internet para descobrir todos os alimentos que um coelho come? (Ampliação do questionamento inicial)
A importância do registro em Ciências Uma questão importante para a ciência são as formas de registro de informações. Explicar aos alunos que o desenho é uma importante forma de comunicação entre as pessoas, usado desde os tempos da pré-história, quando os seres humanos ainda não dominavam a escrita. Nesse momento, vale comentar sobre as pinturas rupestres, encontradas nas paredes de cavernas e feitas por nossos ancestrais humanos. Na época das grandes expedições em busca de terras desconhecidas, tudo que era descoberto pelos exploradores era registrado na forma de texto e de desenhos, já que não havia máquina fotográfica. Nos dias de hoje, o desenho é uma importante fonte de registro e aprendizado, já que em uma figura, por exemplo, é possível representar dados, ideias e processos de uma forma muitas vezes mais eficiente do que em palavras. Para fundamentar essa afirmação, dar a um aluno uma fotografia de um animal ou objeto relativamente desconhecido pela maioria da classe. Pedir ao aluno que a descreva para a turma sem mencionar seu nome, até que eles adivinhem de que animal ou objeto se trata. Depois, mostrar a fotografia à classe para que a identifiquem e vejam que, pela figura, é mais rápido compreender do que se trata o item descrito. Vale comentar também que, atualmente, a fotografia e o filme são muito mais utilizados que o desenho para retratar os seres vivos na natureza. Há, inclusive, diversos fotógrafos e cineastas especializados em produzir imagens e documentários do mundo natural. A unidade permite mostrar aos alunos alguns critérios de classificação dos animais: quanto ao ambiente onde vivem, ao modo de locomoção, à alimentação, à cobertura do corpo etc. Comentar que a ciência se utiliza de diferentes critérios de classificação e níveis de organização, tanto para os seres vivos quanto para os elementos não vivos (corpos celestes, rochas, solo etc.). Nesta unidade há, nas páginas 25 e 30, algumas fichas de classificação e organização de informações. Explicar aos alunos que as fichas são organizadores que facilitam a localização de informações. Na lousa, construir uma ficha modelo para que os alunos vejam como fazê-la e preenchê-la. Dar a eles outros exemplos de fichas ou tabelas simples, como: quantidade de meninas e meninos na sala, nomes de animais com pelos e animais com penas etc.
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Um dos critérios mais simples de classificação dos animais é a forma de alimentação. Explicar aos alunos que o tipo de dieta, ou seja, o tipo de alimento que é consumido pelos animais, permite classificá-los em herbívoros, carnívoros e onívoros. Solicitar aos alunos que mencionem outros exemplos de animais herbívoros, carnívoros e onívoros, além dos mostrados nessas páginas. Para reforçar critérios de classificação, sugerimos a aplicação do jogo abaixo. Ele pode ser recriado com outros critérios, além dos mostrados.
Jogo dos animais 1. Dividir a classe em grupos de cinco alunos. 2. Distribuir folhas de sulfite para os alunos e pedir que cada um faça duas colunas na folha, escrevendo na parte superior de uma das colunas ANIMAIS OVÍPAROS e, da outra coluna, ANIMAIS VIVÍPAROS. 3. A cada jogada, escolher uma letra do alfabeto e marcar um tempo (cinco minutos, por exemplo). Durante esse tempo, os alunos devem escrever o maior número possível de animais cujo nome comece com a letra escolhida. É importante que, ao escrever o nome do animal, o aluno o classifique em ovíparo ou vivíparo. 4. O nome de cada animal escrito na coluna correta vale um ponto. O aluno do grupo que fizer mais pontos ganha a jogada. 5. O aluno vencedor de cada grupo vai participar da rodada final. As regras são as mesmas: ganha o jogo aquele que fizer mais pontos. Perguntar aos alunos como o ser humano seria classificado de acordo com a dieta, reforçando o fato de que somos também animais, porém com algumas características próprias. Já não é tão simples perceber as ações instintivas humanas, pois o instinto é muitas vezes encoberto pela capacidade de raciocínio. É possível citar, por exemplo, o movimento instintivo das mãos de um recém-nascido que busca agarrar o dedo ou a roupa de quem o esteja carregando. Essa ação retrata uma característica dos nossos ancestrais primatas. Os filhotes tinham que se agarrar ao corpo da mãe para não cair durante o transporte de um lugar a outro. Uma das dificuldades que pode ser encontrada é justamente a definição de características para a espécie humana. É comum as crianças se interessarem pelas histórias sobre a origem da nossa espécie. É preciso, no entanto, não reforçar ideias equivocadas. Ressaltar, por exemplo, que o ser humano não “veio do macaco”. Tanto seres humanos como macacos tiveram um ancestral comum. Essas linhagens de animais, no entanto, seguiram caminhos evolutivos diferentes. Um dos eixos centrais da evolução é a ideia de mudança e transformação. Ela pode ser trabalhada de maneira inicial por meio do tema apresentado na página 26; pretendemos que os alunos se familiarizem com a ideia da dinâmica do planeta: ele nem sempre foi como o conhecemos hoje; criaturas surgi-
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ram e desapareceram da Terra. Mesmo nos dias atuais, os jornais e noticiários da televisão frequentemente relatam casos de extinção de seres vivos, alguns ocasionados pela ação humana, outros, por causas naturais. Os dinossauros ilustram essa dinâmica, além de despertar o interesse das crianças, que começam a construir o conhecimento sobre a diversidade da vida (atual e do passado). O texto a seguir pode ser compartilhado com a turma, caso desejem mais informações sobre os dinossauros.
Era uma vez uma época muito distante dos dias atuais, na qual o ser humano ainda nem existia e os continentes do planeta ficavam juntos, formando um grande bloco de terra. Imagine só: poder ir do Brasil ao Japão, sem precisar de navios ou aviões? Bom, claro que os animais que se aventurassem a fazer essa viagem tinham que ser bons de pernas, pois precisariam caminhar muito! Sem contar que ainda nem existiam Brasil e Japão, nem os outros países e continentes. Como dissemos, naquela época os continentes formavam um único bloco imenso de terra, que tinha o nome de Pangeia. Nessa época, chamada Mesozoica, o planeta foi habitado por dinossauros. No início da era Mesozoica, a Terra era bastante quente e repleta de vulcões ativos, ou seja, aqueles que podem explodir a qualquer momento e vivem soltando lavas. Não existiam árvores nem plantas com flores. Os desertos predominavam na paisagem. É nesse cenário que viveram os primeiros dinossauros. Com o passar do tempo, depois de milhares de anos, as condições do planeta foram mudando. Surgiram plantas parecidas com as samambaias, que formavam florestas imensas. Com mais comida, os dinossauros herbívoros fizeram a festa e aumentaram em número. Daí, sabe como é, né! Com mais animais herbívoros, aumentou também o número de animais carnívoros e onívoros, que encontraram mais alimento e melhores condições para se reproduzir. Aliás, vocês sabiam que os dinossauros nasciam de ovos, como os pássaros, os lagartos e os jacarés? Alguns ovos eram tão grandes que chegavam a mais de cinco quilos! Na metade da era Mesozoica, os dinossauros eram os reis absolutos do pedaço! Existiam dinossauros gigantescos, como o Tiranossauro, que
media mais de 12 metros de comprimento! Mas, como tamanho não é documento, existiam também dinossauros menores, mas que também metiam medo. O Velociráptor media cerca de um metro, mas era um caçador tão ligeiro que muitos dinos maiores o temiam! Ao longo dessa época, surgiram alguns animais com características semelhantes aos ratos que conhecemos atualmente. Pequenos roedores e dinossauros conviveram por algum tempo, mas não eram o que podíamos chamar de amigos. Muitos pequenos roedores saíam de suas tocas à noite, para não virarem comida de dinossauros, que geralmente eram mais ativos durante o dia. Não se sabe ao certo o que aconteceu, mas acreditam os cientistas que um imenso meteoro colidiu com a Terra, causando um impacto tão grande que levantou uma nuvem gigantesca de poeira que encobriu o céu. Além disso, vulcões entraram em erupção e a fumaça expelida por eles também contribuiu para ofuscar a luz do Sol. As plantas foram as primeiras a sentirem a falta de luz solar. Sem plantas, os animais herbívoros começaram a morrer de fome. Sem presas, os carnívoros também morreram. Resumindo, a era dos dinossauros havia chegado ao fim. Nessa época, a Pangeia já começava a se fragmentar, formando os continentes separados pelos oceanos. Os dinossauros desapareceram da Terra e os animais parecidos com os roedores sobreviveram, entocados em fendas no solo, comendo o que encontravam pela frente – digamos que eles não tinham um paladar muito refinado! Acredita-se que eles foram os ancestrais de algumas espécies de animais que conhecemos atualmente. Texto elaborado especialmente para esta obra.
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Interdisciplinaridade com as áreas de História e Geografia.
Outro ponto em que a questão da extinção é abordada são as páginas 34 e 35, da seção Rede de ideias. É possível que os alunos tenham alguma ideia de que o mundo foi colonizado por diferentes povos, em diferentes momentos históricos. Comentar com a turma que um exemplo dessa colonização foi a chegada dos portugueses ao Brasil, quando se encontraram com os nativos indígenas e viram animais e plantas nunca vistos em suas terras. Auxiliar os alunos também na leitura do mapa, que propõe uma questão de localização bastante simples. Caso considere interessante, levar um mapa-múndi para que os alunos localizem o Brasil e a Europa. A reprodução, em especial a humana, é outro tema fascinante para as crianças. Nesse momento, vamos mostrar algumas características da anatomia externa da mulher gestante e a evidência de que os bebês nascem das mães: a barriga. Mostrar aos alunos uma fotografia de uma mulher grávida. Perguntar a eles como o ser humano pode ser classificado em relação à forma de nascimento e quanto tempo leva para que um bebê nasça. Juntar essa resposta ao ambiente onde o ser humano vive e à sua forma de alimentação. Dessa maneira, os alunos podem fazer outra classificação do ser humano: animal terrestre, onívoro e vivíparo, que permanece cerca de 9 meses no útero da mãe até que esteja pronto para o nascimento. A unidade traz ainda o tema do tráfico ilegal de animais. Atualmente, a riqueza natural do país está ameaçada e o tráfico de animais silvestres é uma das causas dessa ameaça. O tráfico de animais silvestres é o terceiro maior comércio ilegal do mundo, perdendo apenas para o tráfico de drogas e de armas. Por se tratar de uma atividade ilegal, os dados reais sobre esse comércio são difíceis de serem calculados. De cada dez animais traficados, apenas um chega ao seu destino final e nove acabam morrendo no momento da captura ou durante o transporte. Todos os animais traficados sofrem nesse esquema de contrabando. Algumas aves têm os olhos furados para não enxergar a luz do sol e não cantar, evitando chamar a atenção da fiscalização. Outros animais são anestesiados, para que pareçam mansos. Para que o trabalho seja mais efetivo, é importante sensibilizar os alunos sobre a temática; uma pesquisa na internet trará bastante material (fatos e imagens tristes também) sobre o tema. A produção de textos, em diferentes níveis, é algo que todas as disciplinas devem oferecer. Um exemplo dessa solicitação está proposto nas páginas 36 e 37 da seção Qual é a pegada? Aqui, os alunos devem produzir um folheto informativo. O planejamento do texto e o público que o receberá devem ser discutidos pela turma previamente. Auxiliar os alunos a pensar para quem gostariam de oferecer o material, que tipo de informações ele vai trazer e que itens o texto deve abordar, antes de ser escrito. Um rascunho montado pela classe pode ajudar na tarefa. Outra sugestão de uso da internet para esta unidade é dividir a turma em grupos e solicitar que cada um escolha um animal. Depois, sem dizer o nome do animal, cada grupo deve dar pistas aos outros grupos para que encontrem na rede a fotografia do animal específico. Vamos supor que um grupo escolha o caracol. Podem dar pistas como: é um animal pequeno, tem o corpo mole, come plantas, e assim por diante. Utilizando a busca, o primeiro grupo que apresentar a foto do
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animal é o vencedor. Por ser um assunto muito amplo e atraente para as crianças, é possível que elas se percam ao fazer a busca na rede. Essa é uma ótima oportunidade para orientá-las a usar eficientemente as palavras-chave. Em um site de busca (como o Google, por exemplo), perguntar aos alunos qual a maneira mais fácil para descobrir o animal: digitando somente a palavra “pequeno” ou a frase “animal pequeno que come folhas”? Provavelmente, ao digitar somente a palavra, o site de busca apresentará muito mais páginas como resultado da pesquisa do que se restringirmos a busca a mais palavras-chave. Dar orientações simples aos alunos vai auxiliá-los a navegar na rede com mais efetividade. Considerando que a classe está em processo de alfabetização, em diversos momentos do livro os alunos são solicitados a expor um trabalho oral, em grupo. É importante que todos tenham a oportunidade de falar e de ser ouvidos; por isso, os demais devem respeitar a vez dos colegas, escutando-os com atenção. Explicar também que, quando precisamos expor nossas ideias oralmente, é importante falarmos em um tom apropriado, de modo que todos possam nos escutar. Aproveitar a oportunidade para estimular os alunos a usar algumas palavras do vocabulário científico em seus discursos, por exemplo: “O cão é um animal vivíparo”; “Os gatos são carnívoros” etc. Esta unidade apresenta diversos termos novos aos alunos, o que vai aos poucos ampliando o vocabulário de cada um. Ao apresentar os termos herbívoro, carnívoro e onívoro, você pode contar aos alunos que muitas palavras que se referem aos seres vivos e à natureza, em geral, têm origem no latim, uma língua antiga que não é mais falada atualmente (a não ser em casos específicos, como por alguns religiosos). Comentar que o latim, considerado por alguns como uma “língua morta”, ainda é empregado pela Igreja Católica e tem influência8 sobre diversas línguas vivas, ao servir de fonte vocabular9 para a ciência, o meio acadêmico e o Direito. Ao conhecer a origem das palavras, é mais fácil compreender seu significado. Por exemplo, nesse contexto, o sufixo “voro” significa “aquele que come”. Então, carnívoro é “aquele que come carne”. Pergunte aos alunos o que significaria, por analogia, os termos frugívoro (aquele que come frutos) e insetívoro (aquele que come insetos). É importante que os alunos percebam a semelhança entre algumas palavras e estabeleçam relações entre os termos. Os quadrinhos fazem parte dos interesses dos alunos dessa faixa etária. Uma história em quadrinhos é apresentada nas páginas 26 e 27 (dinossauros); aproveitar o texto para incentivar os alunos a produzir histórias também. O tema, neste caso, pode ser animais.
Interdisciplinaridade com a área de Língua Portuguesa.
Ainda relacionado ao trabalho com o vocabulário, o texto sobre os dodôs da seção Rede de ideias (páginas 34 e 35) traz palavras um pouco mais rebuscadas. É interessante fazer uma primeira leitura com os alunos. Perguntar a eles quais palavras presentes no texto eles desconhecem ou não têm certeza quanto ao sig-
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“influência” se deve ao fato de o latim ser a “mãe”, a origem das línguas românicas atualmente faladas: português, italiano, espanhol, francês, romeno, catalão, sardo e provençal.
9 Para o meio acadêmico, o latim não é meramente fonte vocabular. Podem-se ler, traduzir e interpretar textos (escritos em latim clássico, medieval etc.) dos mais diversos autores antigos. Nesse sentido, o campo é imensamente mais vasto do que o etimológico.
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nificado. Depois, é o momento de inferir significados. Fazer perguntas como: “O que vocês acham que a palavra X quer dizer?”; “Por quais outras palavras poderíamos substituir a palavra X no texto, sem alterar muito o seu sentido?”; “Se eu mudar a palavra X pela palavra Y, o sentido da frase é mantido ou ele se altera?”. A estratégia de pedir aos alunos para definir palavras é extremamente rica e pode ser usada sempre que se mostrar necessária. É interessante não fornecer a resposta aos alunos nem considerar definições “corretas” ou “erradas”. Explicar que cada palavra depende de um contexto e pode ter diversos significados. Após esse trabalho, dividir a classe em grupos de no máximo 4 alunos. Distribuir um dicionário para cada grupo. Mostrar aos alunos que as palavras estão dispostas no dicionário em ordem alfabética. Nesse momento, recordar com eles a ordem das letras no alfabeto. Pedir aos alunos que busquem uma palavra qualquer. Comentar que, para muitas palavras, são apresentados mais de um significado. Nesse caso, é preciso analisar os significados e utilizar aquele que melhor se enquadra na frase ou situação descrita. Solicitar que cada aluno do grupo busque alguma palavra do texto e leia o seu significado para os demais colegas. Outra sugestão de atividade para que os alunos se tornem mais íntimos do dicionário é colocar várias palavras na lousa e perguntar a eles em que ordem elas apareceriam no dicionário. Permitir aos alunos que o manuseiem, familiarizando-se com ele.
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UNIDADE 3
Os vegetais páginas 38 a 49
Esta unidade apresenta as plantas e suas características mais evidentes, partindo daquilo que os alunos podem observar – o corpo do vegetal. Escolhemos também algumas curiosidades e temas interessantes que podem motivar a classe no estudo dos vegetais. Aqui, as habilidades de observação e registro atenciosos são muito requisitadas. As plantas pertencem ao reino Plantae, que reúne organismos pluricelulares, eucarióticos (com núcleo celular delimitado por membrana nuclear) e autótrofos (capazes de produzir seu próprio alimento). Esta última característica as distingue dos animais, já que, por meio da fotossíntese, são capazes de produzir as substâncias orgânicas que lhes servem de alimento.
Fotossíntese: uma perspectiva histórica A importância da fotossíntese não era reconhecida até relativamente pouco tempo. Aristóteles e outros filósofos gregos, observando que os processos vitais dos animais eram dependentes dos alimentos que eles ingeriam, pensavam que as plantas retiravam todo o seu alimento do solo. Há mais de 350 anos, em um dos primeiros experimentos biológicos cuidadosamente planejados e reportados, o médico belga Jan Baptista van Helmont (1577-1644) ofereceu a primeira evidência experimental de que o solo sozinho não nu-
tria a planta. Ele cultivou uma pequena árvore de salgueiro em um pote de cerâmica, adicionando apenas água ao recipiente. Ao final de 5 anos, o salgueiro tinha aumentado em peso cerca de 74,4 quilogramas, enquanto o solo tinha diminuído em peso cerca de 57 gramas. Com base nesses resultados, van Helmont concluiu que todas as substâncias da planta foram produzidas a partir da água e nenhuma a partir do solo! Entretanto, as conclusões de van Helmont foram amplas demais. [...] RAVEN, P. H. et al. Biologia vegetal. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001, p. 126.
Há uma imensa variedade de plantas, que podem ser agrupadas em avasculares e vasculares, de acordo com a ausência ou presença de vasos condutores, respectivamente. Entre as avasculares, estão as plantas mais simples do ponto de vista morfológico, que são as briófitas (musgos, por exemplo). Por não apresentarem vasos condutores, a distribuição de seiva inorgânica e seiva orgânica deve ser feita célula a célula. Isso justifica o pequeno tamanho dessas plantas, que são limitadas a viver em ambientes úmidos e sombreados, pois a água é essencial para que ocorra a distribuição das substâncias célula a célula pelo corpo do vegetal. Entre as plantas vasculares, há as pteridófitas (como as samambaias e as avencas), as gimnospermas (como os pinheiros) e as angiospermas (como a rosa, a orquídea, a mangueira, a videira e todas as plantas que produzem flores e sementes protegidas por fruto).
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As angiospermas são as plantas com maior sucesso evolutivo, ocupando diversos ambientes do planeta. Entre seus representantes há desde árvores de grande porte, como as sequoias, até capins com poucos milímetros de altura. As angiospermas compõem a maior parte da vegetação atual do planeta.
Hipóteses O estudo dos vegetais oferece diversas aberturas para o trabalho com as habilidades de investigação. A ciência busca explicações para os fenômenos da natureza. O cientista age como um detetive em busca de provas e evidências que ajudem a comprovar uma hipótese. Todo problema começa com uma pergunta. Os palpites sobre as possíveis respostas são as hipóteses. As hipóteses se apoiam em informações que já existem sobre o assunto. De acordo com o pensamento científico, todas as ideias e hipóteses são valiosas, mesmo que se perceba, mais tarde, que elas não são corretas. As hipóteses levam os cientistas a propor maneiras de investigação que, muitas vezes, trazem novas perguntas. Para introduzir essas ideias no estudo dos vegetais, propor aos alunos que pensem em uma solução para o problema descrito a seguir.
Do que as plantas se alimentam? • Um aluno disse que a planta do vaso se alimenta de terra. Ajude o menino, criando uma forma de testar essa hipótese. Avaliar todas as sugestões dos alunos, incentivando-os a pensar nas propostas de cada teste. Um experimento semelhante àquele feito por van Helmont, descrito a seguir, pode ser reproduzido em sala de aula. Para isso, usar uma muda de planta de crescimento rápido, como o girassol. Comparando as massas da muda de girassol e da planta adulta, bem como a massa de terra no momento do plantio da muda e no final do experimento, mostrar aos alunos que o aumento da massa do vegetal foi muito maior que a perda de solo, o que invalida a hipótese levantada inicialmente pelo menino. Conversar com a turma sobre a importância de levantar hipóteses e discutir ideias para testá-las. Deixar que os alunos troquem ideias entre si, discutam e vejam possibilidades; interfiram na discussão, levantando possíveis problemas. Essa atividade propicia o levantamento de hipóteses e a busca por uma “metodologia científica” adequada. Ao final, ajudar na sistematização da melhor ideia encontrada pela classe. O teste de hipóteses nos leva a aceitá-las ou rejeitá-las. É importante não confundir hipótese com teoria. Teoria é um conjunto de conhecimentos que procura explicar fenômenos abrangentes da natureza. Já hipótese é um palpite baseado em conhecimentos prévios e possível de ser testada.
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Ecologia e sustentabilidade As páginas 38 e 39 (de abertura da unidade) mostram uma cena da animação Wall-e. No braço do robô Wall-e está a plantinha tão valiosa para a humanidade no futuro. Seria interessante assistir com a turma essa animação, que de forma sutil também aborda conceitos da ecologia. As plantas são, de fato, a base da cadeia alimentar de boa parte dos seres vivos. Sem elas, a vida como a conhecemos na Terra não seria possível. A partir do reconhecimento da importância dos vegetais, os alunos compreenderão melhor outros conceitos da biologia e da ecologia, explicados posteriormente. Uma maneira adicional de introduzir o assunto é conversar com a classe sobre a importância dos vegetais na produção de medicamentos, já que muitos princípios ativos dos remédios provêm deles. Comentar com os alunos que, atualmente, diversas empresas pesquisam a cultura popular e indígena a fim de descobrir novas plantas e suas propriedades no tratamento e na cura de doenças. Os saberes populares e indígenas são passados de geração a geração; é por isso que, com o desaparecimento de diversos povos indígenas, esses saberes podem ser completamente perdidos. É importante deixar claro que, assim como os animais, as plantas são seres vivos. A evidência mais forte de que as plantas estão vivas é a sua morte. Uma planta, se não receber água, luz ou outra substância da qual necessita, definha e morre. É possível mostrar isso aos alunos em um passeio a uma praça ou parque, onde possam observar vegetais mortos. Ressaltar, nesse momento, a importância de cuidar dos vegetais e respeitá-los, como seres vivos que são. Até alguns anos atrás, predominava no ensino a visão utilitarista da natureza, ou seja, o estudo dos seres vivos focado no uso do ser humano (talvez você se lembre da clássica divisão entre animais úteis e animais nocivos). A biologia enfoca, no entanto, a interdependência entre os seres vivos, de modo que todos são “úteis” uns para os outros, de maneira direta ou indireta. Nesta unidade, ressaltar que as plantas não participam apenas da vida do ser humano, mas também da maioria dos outros seres vivos. Muitas aves e outros animais, por exemplo, usam gravetos para a construção de seus ninhos. Recordar com os alunos a importância dos vegetais para os animais herbívoros e onívoros. Por meio da constatação de que as plantas servem de alimento a muitos outros seres vivos, introduzimos a noção de cadeia alimentar (relações de alimentação entre os seres vivos). Posteriormente, esse conceito será trabalhado e formalizado. Após discutir sobre o uso das plantas pelos seres humanos, é imprescindível conversar acerca do impacto da exploração excessiva desse recurso natural. Sempre que possível, é importante despertar nos alunos o olhar ecológico sobre os temas apresentados, fazendo com que eles desenvolvam a consciência ecológica e construam, aos poucos, o conceito de sustentabilidade, que deve estar presente em todas as ações dos seres humanos na sociedade atual. Escrever na lousa e explorar a definição da expressão “recurso natural”: qualquer elemento da natureza utilizado pelo ser humano, como as plantas, a água, os minerais. Comentar com os alunos que os recursos naturais são fundamentais para o desenvolvimento da sociedade humana e, por isso, devem ser usados de forma racional para que não faltem às gerações futuras.
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Fisiologia vegetal Um dos temas mais complicados, porém importantes, no estudo dos seres vivos é a fisiologia vegetal, aqui exemplificada pelo processo fotossintético e respiração. Essa compreensão depende de conhecimentos extremamente sofisticados, que não estão ao alcance dos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental. É suficiente que saibam, por ora, que os vegetais são capazes de produzir seu alimento e, para isso, necessitam de luz. Dessa forma, os alunos começam a compreender a importância dos vegetais como seres produtores na cadeia alimentar (que será estudada em anos posteriores). Explicar aos alunos que é a clorofila – pigmento que confere cor verde às folhas dos vegetais e fica contida dentro dos cloroplastos – que permite a absorção da energia luminosa do Sol pelas plantas.
Observação e registro É possível, através da observação de uma planta no vaso, estudar mais demoradamente um vegetal e perceber alguns fenômenos relacionados à vida. Nesse caso, as crianças podem concluir que, ao longo do tempo, muitas modificações podem ser constatadas no vegetal: novas folhas nascem, outras caem, a altura do vegetal aumenta, ele produz flores ou frutos etc. Seria interessante manter uma planta na sala e fazer observações e registros periódicos de sua aparência. Uma outra maneira de fazer isso é dispor de uma horta, jardim ou mesmo um canteiro com plantas. Se a escola tiver espaço disponível para a formação de uma pequena horta, os vegetais plantados poderão ser usados na merenda dos alunos. Nesse caso, é importante que eles participem de cada etapa da formação da horta: preparo da terra, plantio das sementes, cuidado das plantas e colheita. Essa atividade permite que os alunos, além de fazerem observações sobre o ciclo vital dos vegetais, desenvolvam e aprendam a lidar com responsabilidades. Se julgar mais prático, divida a classe em grupos para que cada grupo fique responsável pelas tarefas da semana na horta, como retirar as ervas daninhas do canteiro, regar as plantas, verificar se algumas já estão no ponto de serem colhidas, entre outras. Outra habilidade bastante utilizada para se trabalhar a metodologia científica é escrever instruções (procedimentos) que outros possam seguir para realizar um experimento (ou outra atividade) de forma correta. Usar o texto das páginas 44 e 45 (atividade do abacateiro) para comentar com os alunos sobre a forma como as instruções são mostradas, salientando que a organização do texto em itens facilita a execução da atividade. Propor aos alunos que pesquisem e escrevam um pequeno manual sobre como cuidar do abacateiro em suas primeiras semanas de vida. Espera-se que eles relatem cuidados como a rega, a manutenção do vaso em um local iluminado, a proteção contra possíveis animais que possam comer ou danificar a planta, entre outros. Se desejar, a classe pode ilustrar o manual com base na atividade dessas páginas. Essa atividade, ou outra semelhante, com a planta escolhida pela turma, pode ser usada como um projeto para feira de Ciências da escola. As plantas produzidas podem ser doadas à comunidade, ou usadas para um projeto de áreas verdes do bairro, por exemplo.
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Embora a capacidade de planejar a fala em situações formais seja consolidada nos anos posteriores do Ensino Fundamental, a participação em debates, rodas de conversa e entrevistas – escutando com atenção, tentando compreender o que é ouvido, respondendo às perguntas dos colegas e do professor e expondo opiniões – deve ser introduzida e trabalhada desde o primeiro ano do Ensino Fundamental. Fazer desse momento, portanto, mais uma oportunidade para desenvolver a capacidade comunicativa dos alunos. No livro, há uma proposta de entrevista na mesma atividade mencionada anteriormente (produção de muda de abacateiro, página 45). Esse exercício rende boa oportunidade de trabalho com expressão oral e escrita (registro da entrevista), colaborando para o processo de alfabetização dos alunos. Um passeio pelo jardim ou praça próximos será muito proveitoso para que os alunos observem as plantas com atenção, apontando as principais partes do vegetal. É possível que os alunos percebam com mais facilidade que algumas partes da planta só aparecem em determinadas épocas. Dependendo do tamanho e da idade da planta, é possível observar flores, frutos e sementes. Levar os alunos para o pátio ou jardim da escola, se houver, e escolher com eles uma planta para observação. Distribuir folhas sulfite e lápis a cada um e pedir que desenhem a planta que estão observando. Mostrar aos alunos, na atividade, a importância da atenção aos detalhes para fazer o registro. Aproveitar a oportunidade para explicar aos alunos que muitos fenômenos e processos são mais facilmente compreendidos quando são mostrados por meio de desenhos. Essa é uma importante forma de comunicação entre as pessoas, além de ser um meio bastante eficiente de aprendizagem, muito utilizado em Ciências. Solicitar aos alunos que identifiquem e escrevam os nomes das partes do vegetal que desenharam. Esse momento também traz a oportunidade de trabalhar com biografias de pesquisadores e ilustradores botânicos. Sugerimos o exemplo da ilustradora botânica inglesa Margaret Mee (informações em <http://planetasustentavel.abril. com.br/noticia/ambiente/dama-flores-502111.shtml>; acesso em: maio 2014). Compartilhar, com os alunos, as informações sobre essa artista. Comentar que Margaret Mee passava horas em meio à natureza, observando as plantas e desenhando‑as. A artista produziu mais de 400 aquarelas de alto valor artístico e científico, além de 15 diários com anotações de suas viagens, esboços e livros sobre a flora brasileira, em especial da região amazônica. Fazer com a turma uma busca na internet para observar imagens produzidas pela pesquisadora e artista, além de obter outras informações sobre a vida de Margaret Mee. Os alunos costumam se interessar bastante pelos processos de produção de vegetais, germinação, colheita de flores ou frutos etc. Aproveitar o tema para propor que a classe faça uma coleção de sementes – tanto de frutos comestíveis como de não comestíveis. Privilegiar as plantas comuns da região onde os alunos moram. Essa atividade pode ser enriquecida com uma pesquisa sobre as plantas usadas na alimentação da localidade onde vivem. Alertar os alunos sobre os perigos da ingestão de plantas desconhecidas. Comentar com os alunos que a estaquia também permite a reprodução de muitas plantas. Nesse processo, retira-se um galho da planta, que então é plantado na terra. Desse galho, uma nova planta se desenvolverá. Isso é feito com rosas, por exemplo.
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É possível mostrar aos alunos que a folha de algumas plantas, como a violeta e a flor-da-fortuna, também pode originar uma nova planta. Se julgar oportuno, retire uma folha de um vaso de violeta e coloque o talo da folha em copo com água. Espere alguns dias até que apareçam raízes. Depois, transfira a folha para um vaso com terra e observe o desenvolvimento do vegetal. Ter um terrário na sala é fácil e oferece diversas possibilidades de observação e registro. No endereço eletrônico <http://revistaescola.abril.com.br/ ciencias/pratica-pedagogica/terrario-pedaco-natureza-426134.shtml> (acesso em: maio 2014) há orientações de como construir um terrário e formas de uso na sala de aula.
Interdisciplinaridade com a área de Arte.
A unidade termina com uma obra de arte sobre práticas agrícolas (página 48) e uma visão histórica da produção de alimentos de origem vegetal pelo ser humano. A obra de arte escolhida é de Aécio de Andrade, pintor paulistano autodidata que retrata temas populares do Brasil, como a agricultura, a paisagem, os animais e as festas populares. Suas obras podem ser classificadas como arte naïf, ou seja, o tipo de produção feita por artistas não acadêmicos, e que se caracteriza pelo desenho simples e pela beleza das formas livres, descompromissadas com muitas das técnicas ensinadas tradicionalmente aos artistas que têm formação acadêmica. Orientar os alunos a analisar a obra, percebendo as formas que sugerem plantas, frutos, animais, instrumentos para colheita e outros típicos da paisagem rural. Observar que ao fundo da pintura há um trilho de trem com vagões, provavelmente utilizados para o transporte do café. Explorar o texto com os alunos e ressaltar a importância da observação da natureza para o desenvolvimento de técnicas. O ser humano, observar os fenômenos naturais, conseguiu reproduzir e imitar muitos deles, garantindo a sua sobrevivência e o desenvolvimento da sociedade. Uma sugestão adicional para trabalhar a compreensão do texto é pedir para que a classe faça desenhos representando cada uma das etapas citadas no texto: • a coleta de vegetais; • a descoberta do plantio das sementes e nascimento de novas plantas (informação adicional para essa etapa: trazemos, nesse momento, uma breve noção de hereditariedade no trecho do texto que aponta que as plantas nascidas de sementes plantadas eram semelhantes àquelas de onde as sementes tinham se originado). Outro ponto a ser destacado nessa seção é a tecnologia. As imagens da página 49 mostram um carro de boi e alguns tratores modernos, ambos como exemplos de aplicação tecnológica. O carro de boi é um artefato mais antigo, mas nem por isso deixa de ser tecnologia e ter aplicações específicas, úteis em diferentes realidades. Com o trabalho nessa seção, queremos que a palavra tecnologia não fique restrita à modernidade, de modo que os alunos possam compreendê-la como produto do conhecimento humano, em todas as épocas, em diferentes lugares.
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UNIDADE 4
Os seres humanos
páginas 50 a 65
Por meio do estudo do conteúdo desta unidade, pretendemos que os alunos tenham uma visão do ser humano como animal social e integrado ao ambiente. O ser humano, ao mesmo tempo em que tem características comuns aos demais animais, distingue-se deles pela grande capacidade de raciocínio que lhe permite explorar e modificar profundamente o ambiente em que vive. Embora as pessoas apresentem semelhanças, são as diferenças entre elas que mais nos chamam a atenção. A temática da página de abertura permite iniciar a conversa sobre diferenças individuais. Aproveitar a oportunidade para discutir com os alunos sobre respeito à todas as pessoas, independentemente de suas características físicas ou culturais. Comentar que a população do Brasil é heterogênea: seu povo descende principalmente dos povos indígenas que já viviam aqui antes da chegada dos colonizadores, e também de imigrantes europeus e africanos. Isso faz a cultura brasileira – culinária, religião, música, dança e crença – ser uma das mais ricas e diversificadas do mundo. Pedir aos alunos que reflitam sobre semelhanças entre as pessoas, distribua o texto abaixo aos alunos e promova uma leitura coletiva. Depois, solicitar que cada um faça uma ilustração sobre ele.
Todas as crianças vão à escola? Deveriam ir, mas nem todas vão. Ou porque moram muito longe de uma escola, ou porque precisam trabalhar para ajudar os pais. As crianças pobres das cidades ou as que vivem no campo, isoladas, e não frequentam escola, também deveriam ter o direito à educação garantido, como qualquer cidadão. LÍSIAS, R. (trad.). Meu 1o Larousse dos porquês. São Paulo: Larousse, 2004. p. 126.
Se possível, apresentar aos alunos o livro Meu 1o Larousse dos porquês, ou outro tipo de enciclopédia destinada a crianças. Ensiná-los a ler o sumário, a observar a forma como as informações estão organizadas e a melhor maneira de encontrá-las (isto é, por assunto, por ordem alfabética etc.). Atualmente, a grande referência de busca não são mais as enciclopédias, e sim os sites da internet. Site deriva do latim situs e quer dizer lugar demarcado, local, posição. Tanto em inglês como em português, significa sítio e se refere a um lugar virtual, um conjunto de páginas virtualmente localizado na web. A web, por sua vez, é composta pelo conjunto de todos os sites públicos existentes e significa, em português, rede de alcance mundial. A web é um sistema de documentos em hipermídia – que podem estar na forma de vídeos, sons, hipertextos e figuras – interligados e executados na internet. Comentar com os
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alunos que, para acessar um site, é preciso ter o “endereço” e escrevê-lo no lugar específico – chamado barra de endereços – do navegador da internet. Em caso de não possuir o endereço do site, é possível pesquisar em um site de buscas, como o Google, por exemplo. Nesse caso, é preciso inserir a(s) palavra(s)-chave(s) e clicar no botão “Pesquisar”. É necessário selecionar os sites indicados pelo buscador, pois o ambiente da internet é livre e nem todas as informações são de fonte segura e idônea. Dar preferência aos sites de universidades, instituições governamentais ou associações reconhecidas. A atividade pode ser enriquecida com uma roda de conversa. O tema proposto é: Por que é importante, para mim, ir à escola? Por que a escola é importante para todas as crianças e jovens? Permitir que os alunos conversem entre si e exponham as suas ideias. Ressaltar que, pela educação, as pessoas adquirem conhecimentos e se tornam cidadãos capazes de compreender o mundo, torná-lo um lugar melhor para todos, preservar seus recursos para as pessoas que vivem hoje e para aquelas que ainda vão viver. Levar para a sala de aula um espelho, se possível, em que os alunos possam se observar de corpo inteiro (no entanto, um espelho de mão basta). Pedir a um aluno de cada vez que se observe no espelho e note suas características físicas: cor dos olhos, cor do cabelo, formato do rosto e do nariz, entre outras. Essa atividade tem por objetivo fazer que os alunos percebam que não há uma pessoa igual à outra – todas são diferentes. Cada pessoa é única e deve ser respeitada. Essa é uma boa oportunidade para conversar sobre pessoas que têm necessidades especiais. Comentar que essas pessoas, independentemente de suas necessidades ou limitações, têm os mesmos direitos das demais, devendo ser respeitadas e valorizadas como cidadãs. A conversa sobre características e comportamentos dos seres humanos pode ser a chance de abordar problemas de “piadinhas” entre os alunos ou casos mais sérios, como o bullying (ver texto a seguir). O professor deve intervir nesses casos e, em situações mais graves, comunicar a família dos alunos envolvidos. Conversar com os alunos e levá-los a refletir sobre suas ações e comportamentos em relação aos demais colegas: “Estou sendo legal com ele/ ela quando faço isso?”, “O que eu sentiria se ele/ela fizesse o mesmo comigo?”. O exercício de colocar-se no lugar da outra pessoa pode ajudar o aluno a discernir o que é certo ou errado e a respeitar os colegas e demais pessoas de seu convívio.
O que é bullying? Bullying é uma situação que se caracteriza por agressões intencionais, verbais ou físicas, feitas de maneira repetitiva, por um ou mais alunos contra um ou mais colegas. O termo bullying tem origem na palavra inglesa bully, que significa valentão, brigão. Mesmo sem uma denominação em português, é entendido como ameaça, tirania, opressão, intimidação, humilhação e maltrato. “É uma das formas de violência que mais cresce no mundo”, afirma Cléo Fante, educadora e autora do livro “Fenômeno Bullying: Como Prevenir a Violência nas Escolas e Educar para a Paz” (224 págs., Ed. Verus [...]). Segundo a
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especialista, o bullying pode ocorrer em qualquer contexto social, como escolas, universidades, famílias, vizinhança e locais de trabalho. O que, à primeira vista, pode parecer um simples apelido inofensivo pode afetar emocional e fisicamente o alvo da ofensa. Além de um possível isolamento ou queda do rendimento escolar, crianças e adolescentes que passam por humilhações racistas, difamatórias ou separatistas podem apresentar doenças psicossomáticas e sofrer de algum tipo de trauma que influencie traços da personalidade. Em alguns casos extremos, o bullying chega a afetar o estado emocional do jovem de tal maneira que ele opte por soluções trágicas, como o suicídio. [...] Nova Escola. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/crianca-e-adolescente/comportamento/ bullying-escola-494973.shtml>. Acesso em: maio 2014.
No endereço do texto anterior há diversas outras informações sobre bullying que podem ajudar a enfrentar o problema, caso ele seja percebido entre os alunos da escola onde leciona.
Reconhecimento e respeito às diferenças Por meio do estudo do nascimento do ser humano, é possível introduzir algumas noções de herança genética: as pessoas herdam características de seus pais. Pedir para cada aluno desenhar o pai e a mãe (ou imaginar como são, caso não convivam com eles ou não os conheçam) e fazer também um desenho de si mesmo. Orientar os alunos a observar, entre outras características, a cor da pele e dos olhos, o tipo de cabelo, o formato do nariz e a altura dos pais, e reproduzi-las no desenho. Depois, na sala de aula, solicitar que cada aluno apresente o desenho para os demais colegas e diga em quais características acha que se parece com o pai ou com a mãe. Você pode explicar que algumas características são herdadas de nossos pais (como a cor do cabelo ou dos olhos), enquanto outras são aprendidas por nós (como a capacidade de ler ou de operar o computador, por exemplo). Comentar com os alunos que cada fase da vida de uma pessoa tem suas particularidades e, em cada uma dessas fases, as pessoas devem ter seus direitos preservados e respeitados. Questioná-los sobre como se comportam em relação aos idosos e como se pode demonstrar respeito aos mais velhos, por exemplo: quando um motorista freia o veículo e permite que uma pessoa idosa atravesse a rua, é sinal de respeito? Ajudar um idoso a subir as escadas é sinal de respeito? Bancos e outros estabelecimentos que proporcionam atendimento preferencial aos idosos estão demonstrando respeito aos mais velhos? Em que outras situações cotidianas podemos demonstrar respeito por qualquer outra pessoa? O que os idosos podem aprender? O que as crianças poderiam ensinar a uma pessoa idosa? O que poderiam aprender com ela? Incentivar os alunos a serem solidários não só com os idosos, mas com as pessoas em geral, ajuda-os a construir a noção de cidadania. Atualmente, grande parte dos idosos leva uma vida muito diferente daquela que
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outros tinham há poucas décadas. Com o Estatuto do Idoso, direitos foram conquistados e essas pessoas estão ganhando destaque. Hoje, já há um nicho de comércio especializado em lazer para os idosos, como agências de viagens. Complementar o tema solicitando aos alunos que tragam (com a devida autorização do responsável) duas fotos: uma de quando eram bebês e outra atual. Em sala de aula, usar folhas de cartolina e retalhos de papel colorido para montar uma ficha para cada criança com as fotos de “antes” e “depois”. Cada aluno deverá levar sua ficha para casa e pedir aos pais ou responsáveis que escrevam uma pequena mensagem nela, em um espaço reservado para isso. O aluno deve fazer uma entrevista com os pais ou responsáveis sobre seu nascimento e coletar as respostas para as perguntas a seguir: §§Como eu era quando bebê? §§Eu nasci com cabelo? §§Quando eu nasci, eu tinha dentes? §§O que eu mais fazia até completar 1 ano de idade? Explicar a eles que é preciso perguntar aos pais ou responsáveis sobre qual é o melhor momento para se fazer a entrevista. Orientá-los a conversar com a pessoa entrevistada, pedindo para que ela fale pausadamente, de forma que eles possam anotar as respostas no caderno; as respostas devem ser breves, para possibilitar o registro. Caso seja possível gravar a entrevista em áudio ou vídeo, melhor. De volta à sala de aula, no dia combinado, os alunos devem expor aos colegas as fichas com as fotos e as informações obtidas.
A alfabetização matemática em Ciências Interdisciplinaridade com a área de Matemática.
Diferentes temas, ao longo do ano, oferecem oportunidade de trabalho com a alfabetização matemática, importante em todas as demais disciplinas. Nas páginas 56 e 57 da seção Gente que faz! os alunos utilizarão dados numéricos para construir uma tabela e chegar a algumas conclusões. Os alunos podem tentar antecipar os resultados da pesquisa respondendo com quantos anos eles acham que a maioria dos alunos da classe perdeu o primeiro dente de leite (aproveitar para trabalhar com a turma o significado de maioria: a maior parte da turma, qualquer número maior do que a metade dos alunos da classe). Depois, pedir aos alunos que comparem o resultado da predição com o resultado dado pela pesquisa. Perguntar a eles qual resultado é o mais preciso: o “chute” dado pela turma antes de fazer a atividade ou o resultado obtido pela pesquisa com os alunos da classe? No final da atividade dessa dupla de páginas, conversar com os alunos sobre a importância da Matemática para o estudo de Ciências. Os cientistas usam a Matemática em seu trabalho para montar tabelas, gráficos e muitas outras aplicações que ajudam a organizar os dados que coletam. Portanto, faz parte do trabalho de um cientista usar dados numéricos e organizá-los adequadamente para comparar e descrever objetos, eventos e resultados. Encorajar os alunos a observar como os dados numéricos os auxiliaram a responder às atividades propostas nessas páginas.
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Integrando habilidades na apresentação da origem da espécie humana A seção Rede de ideias, nas páginas 62 e 63, aborda um tema bastante interessante, trazendo também a integração entre a Biologia, a História e a Geografia: os alunos conhecerão algo sobre a origem da espécie humana, localizando-a no tempo e no espaço, em um mapa. Aqui, é importante auxiliar os alunos na leitura, fazendo-a em voz alta e acompanhando os termos mais difíceis. Comentar que o texto é uma carta de uma leitora para uma revista de divulgação científica para crianças. Certamente os alunos terão questões interessantes para elaborar: que tal reuni-las e escrever um e-mail ou carta para uma revista de divulgação científica?
Interdisciplinaridade com as áreas de História e Geografia.
Para a leitura do mapa, os alunos podem consultar um mapa-múndi, nomeando alguns países que fazem parte de cada um dos continentes. Dessa maneira, fica mais fácil interpretar o mapa da atividade e fazer o que se pede. A seguir, algumas informações sobre a evolução da espécie humana, também nos aspectos comportamentais.
A evolução física e mental da espécie humana [...] Com o aumento da capacidade para a cultura, os seres humanos foram moldando para si próprios um meio social cada vez mais complexo e variável, que, seguramente, trouxe pressões seletivas novas e fortes. Pode ser ponderado, como já foi feito por muitos autores, que as pressões culturais foram responsáveis pela aquisição de características tais como o pênis grande (comparado com o dos grandes macacos) e a receptividade sexual contínua da fêmea (ao invés de sazonal, como na maioria das espécies); a primeira poderia ser consequência da seleção natural e a segunda, uma possível adaptação para manter a união de um casal. Entretanto, existem pouquíssimas evidências tanto contra como a favor dessas hipóteses e é muito difícil imaginar maneiras de testá-las. Nós nem mesmo sabemos por que os seres humanos são os primatas com menos pelos – embora as especulações sejam abundantes. Por que a inteligência evoluiu a um grau tão extraordinário? É quase certo que a seleção para a inteligência seja positivamente dependente da frequência; quer dizer, quanto mais frequente a característica, mais vantajosa ela é. [...] Frequentemente tem sido sugerido que a competição e a agressão entre os grupos hominídeos primitivos foi a força motriz da seleção para habilidades mentais cada vez maiores. Isso pode realmente ter acontecido – não há evidências contra ou a favor. Mas não é necessário recorrer à agressão porque é igualmente fácil imaginar cenários mais pacíficos nos quais indivíduos menos inteligentes teriam uma desvantagem na sobrevivência ou na reprodução. O status social, juntamente com o acesso maior a acasalamentos e aos recursos disponíveis, pode perfeitamente ter sido relacionado com a habilidade mental superior dos hominídeos primitivos. FUTUYMA, D. J. Biologia evolutiva. 2. ed. Ribeirão Preto: Sociedade Brasileira de Genética, CNPq, 1992. p. 545.
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Finalizamos a unidade com a intenção de mostrar que o ser humano interfere no planeta, e que essa interferência pode se dar de maneira positiva. Para o primeiro contato da turma com o termo “sustentabilidade”, escolhemos mostrar algumas atitudes concretas, próximas do aluno e ligadas a seu cotidiano, na seção Qual é a pegada? (páginas 64 e 65). Trouxemos também uma definição simplificada do conceito. Dessa atividade podem se desdobrar muitas outras, tais como: §§avaliação dos lanches consumidos na escola e propostas de alternativas mais saudáveis; §§produção de uma salada de frutas coletiva, semanal; §§produção de um porta-lanche feito pelos próprios alunos, em conjunto com as aulas de Arte; §§feira de troca de brinquedos, livros, roupas e outros objetos na escola (podem envolver os familiares também); Interdisciplinaridade com as áreas de Arte e Língua Portuguesa.
§§produção de livreto com sugestões de brincadeiras que não exijam brinquedos; §§debate com o tema “o que as crianças compram” e se consumir muito é essencial para ter uma infância feliz.
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Unidade 5
Saúde páginas 66 a 79
Nesta unidade, o foco é a saúde. É fundamental conhecer como manter a saúde, prevenindo possíveis problemas, sejam eles decorrentes da alimentação incorreta, da falta de atividade física ou da falta de higiene, os principais motivos que nos levam a ficar doentes. Para manter a saúde, é importante saber alguns dos motivos pelos quais o corpo adoece. É recomendável reforçar a ideia de higiene e hábitos saudáveis para manter o corpo livre de enfermidades, pois os alunos estão aprendendo a cuidar de si mesmos. A unidade também aborda prevenção de acidentes e oferece a oportunidade de conversar sobre os acidentes domésticos.
Boa saúde: homeostase é a base [...] O termo homeostase é definido como uma condição na qual o meio interno do corpo permanece relativamente estável. O que isso significa para você no seu dia a dia? Homeostase: o poder de curar A capacidade do corpo para manter a homeostase dá-lhe um tremendo poder de cura e uma notável resistência às lesões. Os processos fisiológicos responsáveis pela manutenção da homeostase são também responsáveis, em grande parte, pela sua boa saúde. Para a maioria das pessoas, a boa saúde durante toda a vida não acontece por acaso. Dois dos numerosos fatores desse equilíbrio denominado saúde são o ambiente e o seu próprio comportamento. Também é importante sua constituição genética. A homeostasia do seu corpo é afetada pelo ar que você respira, pela comida que você come e até pelos seus pensamentos. O seu modo de vida pode ajudar ou interferir na capacidade do seu corpo para manter a homeostase e recuperar-
-se dos inevitáveis estresses que a vida coloca em seu caminho. [...] Homeostase e prevenção de doenças Muitas doenças são o resultado de anos de comportamento pouco recomendável para a sua saúde, que interfere na tendência natural do seu corpo para manter a homeostase. Um exemplo óbvio é a doença relacionada ao fumo. O fumo de tabaco expõe o sensível tecido pulmonar a muitas substâncias químicas que causam câncer e que prejudicam a capacidade pulmonar de se recuperar. Doenças como o enfisema e o câncer de pulmão são difíceis de tratar, e muito raramente são curadas. Por isso, é muito mais sábio deixar de fumar – ou nunca começar – do que esperar que seu médico possa curá-lo, quando você for diagnosticado com uma doença pulmonar. Desenvolver um estilo de vida que, ao invés de prejudicar, colabora com os processos homeostáticos do seu corpo e auxilia-o a maximizar seu potencial pessoal para ótima saúde e bem estar. TORTORA, G. J.; GRABOWSKI, S. R. Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. p. 10.
Explorar, com os alunos, as imagens das páginas 66 e 67, de abertura da unidade. É provável que muitos conheçam as personagens da Turma da Mônica, de Mauricio de Sousa. Caso não conheçam, explicar que Franjinha é o cientista da turma. Nesse trecho, explica-se simplificadamente a importância da vacinação. Fazer uma roda de conversa para que as crianças exponham suas experiências com as vacinas. Deixar que relatem sobre alguns medos,
Para saber mais SOUSA, M. Franjinha. Turma da Mônica. Disponível em: <http://turmadamonica.uol. com.br/personagem/fran jinha>. Acesso em: jun. 2014.
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como o de injeção, explicando que a dorzinha causada por ela é pequena perante os benefícios que a prevenção de doenças representa.
PARA SABER MAIS Para informações sobre vacinação de crianças, adolescentes, adultos e idosos, visitar o site da Sociedade Brasileira de Imunizações: <www. sbim.org.br> . Acesso em: mar. 2014. Este site trata de prevenção de acidentes e é direcionado às crianças. Você poderá acessá-lo com seus alunos: Terra crianças – Cuidar não dói, disponível em: <www. terra.com.br/criancas/cui darnaodoi/capa.htm>. Acesso em: maio 2014.
Para começar, perguntar aos alunos se já ficaram doentes e se sabem de que maneira contraíram a doença. Vamos iniciar com a ideia de que o corpo humano tem muitos mecanismos de se defender de doenças e na maior parte do tempo, manter-se saudável. Nessa faixa etária, é comum as crianças ficarem com febre ou terem outras manifestações clínicas por motivos emocionais. Perguntar aos alunos, por exemplo, se já tiveram dor de cabeça ou dor na barriga ao se irritarem ou ficarem nervosos por um motivo qualquer. Explicar que as emoções também são capazes de desequilibrar o organismo e deixá-lo doente e que, por isso, é importante cuidar tanto do corpo como da mente. Incentivar os alunos a contar os seus receios aos pais ou responsáveis e conversar com outras pessoas de confiança para que, assim, possam expressar seus sentimentos. Esse é mais um motivo para que todos reflitam sobre suas atitudes perante as outras pessoas, entendendo assim que o ser humano é um ser social, e que seus atos interferem na vida dos outros, assim como somos afetados pelas atitudes dos demais. Outra manifestação comum da idade são as gripes e resfriados. Explicar a importância da utilização de um lenço ou pedaço de papel na frente do nariz e da boca ao espirrar ou tossir. Comentar que, dependendo da doença, é preciso que o doente não mantenha contato com outras pessoas e não compartilhe lanche e objetos, pois isso evita a transmissão da doença. É importante aproveitar essa ocasião para comentar com os alunos que o corpo humano dispõe de mecanismos que o protegem contra agentes causadores de doenças. A pele, a cera da orelha e o muco do nariz são exemplos de barreiras que visam impedir a entrada de agentes causadores de doença no corpo. Se mesmo com esses mecanismos de proteção os causadores de doença conseguirem entrar no organismo, no sangue há células especiais que tentarão protegê-lo e combater o agente estranho. Se esses mecanismos de defesa não conseguirem impedir a ação dos agentes estranhos, a doença se estabelecerá no organismo. Perguntar aos alunos o que eles sabem sobre o funcionamento dos mecanismos de defesa do corpo. Compartilhar com eles o texto abaixo, que explica de forma bem humorada a função do muco nasal.
Na ponta do dedo [...] A meleca é o produto de um sistema de limpeza que existe no nariz. É pelo nariz que o ar vai parar dentro dos pulmões. Só que o ar vem sempre carregado de tranqueiras indesejáveis – umas 800 mil partículas bem pequenas de sujeirinhas de todo tipo recebem cada “gole” de ar que você respira. E é por isso que você tem melequilda no nariz. Aliás, se o ar fosse puro, limpinho mesmo, não ia existir a palavra meleca no dicionário [...]. Acon-
tece que a sujeira vem junto com o ar – é fumaça, bactéria, pólen das plantas, cinza, areia, fungo, poeira... E essa tranqueira toda não pode de jeito nenhum entrar no seu corpo e se instalar. Ou seja, o nariz tem que filtrar esse ar. Ele tem que funcionar como uma peneira, separando o que é bom do que é ruim – separando o ar limpo da sujeira. Para isso, dentro do nariz de todo mundo existem pelos. Mesmo que você não os veja, pode crer: eles estão lá e funcionam como uma barragem em
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forma de vassoura, retendo ali um bom punhado de impurezas. Para completar, um líquido pegajoso – o muco – é produzido ali. O muco é outra armadilha (além dos pelos) para a sujeira que flutua invisível no ar. E aí o que rola é o acúmulo: sujeira, pelo, muco e mais sujeira e mais pelo e mais muco... e de repente um baita de um melecão já está formado! E esse melecão vai ficar ali, no mesmo lugar, até que você assoe o nariz, ou cutuque
o narigão ou mesmo respire o bichinho – sem querer. [...] Cutucar o nariz pode parecer divertido, gostoso, mas você pode se machucar. Às vezes, o nariz até sangra. Porque na ânsia do cutuque, sua unha – mesmo curtinha – fere as pequenas veias que a gente tem em tudo quanto é milímetro da parte interna do nariz. MESQUITA, F. Almanaque de puns, melecas e coisas nojentas. São Paulo: Editora Panda, 2003. p. 159-160.
Ao tratar de saúde, encontramos muitos pontos de intersecção com a disciplina de História. A ideia de que a higiene interfere na saúde é relativamente recente, como mostra a seção Rede de ideias (páginas 76 e 77). Outro exemplo é a invenção dos antibióticos, que salvou muitas vidas e foi determinante em momentos importantes da história, como guerras. Contar aos alunos como era o tratamento de infecções antes da invenção dos antibióticos. Aproveitar o momento da leitura para estimular os alunos a tirar dúvidas e refletir, com esse exemplo, o quanto a ciência avançou nos últimos tempos.
Como fazíamos sem antibióticos? O título [do texto] foi inspirado no ótimo livro Como fazíamos sem..., de Barbara Soalheiro (São Paulo, Panda Books, 2006). Se você não conhece, vale a pena! O livro tem respostas ótimas para perguntas que a gente nem sabia que tinha. Vai dizer que alguma vez você se perguntou como as pessoas viviam sem escovas de dentes (não vale dizer que era melhor!)? Ou sem papel higiênico (certamente era pior)? Pois é, mas houve um tempo em que nada disso existia. Abri o livro na esperança de saber como se vivia antes da descoberta dos remédios antibióticos. Afinal, verão, praia e sol não combinam com doenças. Perguntem para a minha filha, que mal chegou de viagem e já embarcou em uma semana de febre alta e... antibióticos! Hoje em dia, estes são remédios que nenhuma criança quer tomar, com aquele gosto horrível! Como não achei nada no livro sobre os antibióticos, resolvi eu mesma ir atrás da informação. Os antibióticos são remédios contra doenças causadas pela presença de infecções causadas por bactérias em nosso corpo. O primeiro antibiótico moderno a
Interdisciplinaridade com a área de História.
ser descoberto foi a penicilina, pelo cientista Alexander Fleming. Em 1928, ao estudar uma bactéria, Fleming notou que o fungo Penicillium destruía as bactérias. Embora na época ninguém tivesse acreditado muito na sua descoberta, outros cientistas comprovaram mais tarde que era verdade. Durante a Segunda Guerra Mundial, a penicilina foi utilizada pela primeira vez em um paciente humano, e é usada até hoje, junto com outros remédios mais modernos. Mas... e antes? Como as pessoas faziam para curar infecções? Esta é uma daquelas perguntas que ficam meio sem resposta. Há quem diga que os chineses usavam coalhada de soja para tratar de infecções. Outros usavam pão velho embolorado e até teia de aranha para tratar de ferimentos. Mas a verdade é que muitas doenças causadas por bactérias eram incuráveis. Não é a toa que a penicilina é considerada uma das grandes descobertas do século 20. E, se você precisar tomar um antibiótico algum dia, antes de se lamentar, é melhor pensar: ainda bem que existe! GRINBERG, K. Ciência Hoje das Crianças. Instituto Ciência Hoje/RJ. Disponível em: <http://chc.cienciahoje.uol.com.br/como-faziamossem-antibioticos>. Acesso em: maio 2014.
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Usar as imagens e os textos da unidade para discutir com os alunos as formas de prevenção de doenças. Ler cada item do infográfico das páginas 70 e 71 com os alunos e incentivá-los a praticar atitudes saudáveis. Estimulá-los a participar da conversa e pedir que olhem para as mãos e vejam se as unhas estão aparadas e limpas. Ressaltar também a importância de uma escovação correta dos dentes. Se julgar oportuno, organizar um lanche com alimentos saudáveis. Se possível, pedir que os alunos tragam de casa uma fruta ou hortaliça, pão ou outro alimento saudável. Com os alimentos trazidos, será possível preparar saladas de frutas, sucos e sanduíches naturais e saladas de hortaliças. Durante o lanche, ressaltar a importância de uma alimentação adequada para a manutenção da saúde do organismo. Ao final do lanche, será possível abordar outra atitude que ajuda a prevenir doenças: a escovação dos dentes. Levar os alunos a um local adequado (banheiro ou vestiário) e ensiná-los a escovar os dentes de maneira correta. Explicar que é importante escovar os dentes depois das refeições, antes de dormir e após acordar. Comentar que não é preciso colocar grande quantidade de creme dental na escova e que os movimentos devem ser delicados para não ferir as gengivas. Explicar também a importância do uso do fio dental antes da escovação, pois ele ajuda a retirar restos de comida que ficam entre os dentes, locais que a escova não consegue alcançar.
PARA SABER MAIS Guia Alimentar para a população brasileira. Esse e outros livros – alguns destinados às crianças – encontram-se disponíveis no site do Ministério da Saúde: <http://nutricao.saude.gov.br/ guia_conheca.php>. Acesso em: maio 2014. Também há informações interessantes no documento feito pela revista Ciência Hoje das Crianças, em parceria com o Ministério da Saúde, disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ folder/10006002277.pdf> (acesso em: fev. 2011).
Prática de atividade física Para estimular os alunos a praticar atividades físicas, organizar com a classe uma apresentação sobre esportes. Uma sugestão é promover um mês para conhecer algumas modalidades esportivas – um ou dois esportes por semana. No dia combinado, os alunos deverão dizer qual esporte desejam conhecer. Isso pode ser decidido, por exemplo, por meio de votação ou enquete entre os alunos. Levar à classe informações sobre o esporte: como ele é praticado e em quais países, que tipo de roupa é utilizada ao praticá-lo, que parte do corpo é mais exigida na prática da atividade etc. Ao apresentar as informações, promover uma conversa entre as crianças. Outra maneira de desenvolver essa atividade é dividir a classe em grupos e solicitar que cada um pesquise sobre um esporte específico – futebol, basquete, vôlei, natação, ginástica olímpica etc. –, fornecer alguns tópicos para a pesquisa e marcar uma data para a troca de informações. Estimular os alunos a obter informações com familiares. No dia combinado, cada grupo deverá fa-
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zer sua apresentação contando aos demais o que descobriu (se possível, pedir que tragam materiais usados no esporte em questão e/ou imitem os movimentos físicos dos atletas). Aproveitar o estudo do corpo humano para ressaltar a importância de ir ao médico ou dentista para consultas de rotina. Explicar que não se deve esperar ficar doente ou sentir dor para procurar esses especialistas, pois consultas regulares ajudam a prevenir muitas doenças. A imagem que aparece na página 76 da seção Rede de ideias é uma xilogravura (técnica de fazer gravuras em relevo sobre madeira) feita por um artista alemão em 1532. Como não havia sistema de saneamento básico naquela época, em muitas cidades os dejetos (fezes e urina) das casas eram simplesmente atirados nas ruas e calçadas. Ver mais informações a seguir, para embasar sua explicação aos alunos, contextualizando historicamente os temas tratados.
As águas do tempo: a história do banho Públicos ou privados, sagrados ou profanos, os banhos são uma tradição milenar. Em nome da religião, da beleza e da saúde, civilizações celebraram – e amaldiçoaram – o ato de se lavar. A humanidade melhora com o passar dos séculos, certo? Nem sempre. Prova disso é o que ocorreu com um de nossos hábitos mais comuns, o banho. Durante a Idade Média, os ocidentais abandonaram os sofisticados rituais de limpeza da Antiguidade e mergulharam numa profunda sujeira. Principalmente por causa da religião, o homem medieval comum achava suficiente tomar um banho por ano. Foi preciso muito tempo – e alguns bons exemplos dos povos orientais e indígenas – para que voltássemos às nossas asseadas origens. Pesquisadores acreditam que todos os povos, desde tempos imemoriais, tenham praticado alguma forma de higiene pessoal. Os primeiros registros do ato de se banhar individualmente pertencem ao antigo Egito, por volta de 3000 a.C. Os egípcios realizavam rituais sagrados na água e tomavam ao menos três banhos por dia, dedicados a divindades como Thot, deus do conhecimento, e Bes, deus da fertilidade. “Mais do que limpar o corpo, eles presumiam que a água purificava a alma”, diz o egiptólogo francês Christian Jacq, fundador do Instituto Ramsés, em Paris. “A crença valia tanto para a realeza, cortejada com óleos aromáticos e massagens apli-
cadas pelos escravos, quanto para as populações mais pobres, que recorriam inclusive a profissionais de rua quando não conseguiam tratar da própria beleza.” O apreço pela higiene é o motivo ao qual arqueólogos atribuem a sobrevivência dos egípcios às pragas e doenças que assolaram a Antiguidade. A Grécia foi outro local em que os banhos prosperaram. Em Cnossos e Faístos, na ilha de Creta, é possível encontrar bem preservados palácios de 1700 a.C. a 1200 a.C. que, até hoje, surpreendem por suas avançadas técnicas de distribuição da água. “Todo banquete que precisava ser luxuoso incluía uma sessão de banho para os convidados”, explica Georges Vigarello, professor de Ciências da Educação da Universidade de Paris-5. Embora os gregos tenham iniciado a prática dos banhos públicos no Ocidente, os pioneiros nos balneários coletivos foram os babilônios. A diferença é que, na Grécia, o banho não era motivado apenas pela higiene e espiritualidade. Entre 800 a.C. e 400 a.C., o esporte, particularmente a natação, era um dos três pilares da educação juvenil – ao lado das letras e da música. Bom cidadão era aquele que sabia ler e nadar, como comprovam imagens presentes em centenas de vasos de cerâmica pintados naquela época. Os romanos herdaram muito da cultura da Grécia, incluindo a adoração pelo banho. Mas, entre eles, esse hábito tomou proporções inéditas. Enquanto construíam um dos maiores impérios de to-
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dos os tempos, os romanos levavam a suntuosidade de suas termas (enormes balneários públicos) aos mais diversos lugares. Por causa disso, algumas cidades europeias ganharam nomes que incluem, literalmente, a palavra “banho” – é o caso de Bath, na Inglaterra, Baden Baden e Wiesbaden, na Alemanha, e Aix-le-Bains, na França. Mas as maiores termas ficavam mesmo na capital do império, Roma: eram as de Caracala, inauguradas em 217, e as de Diocleciano, do ano 305. Esses edifícios, cujos nomes homenageavam imperadores, tinham capacidade para receber, respectivamente, 1600 e 3200 pessoas. A engenharia romana teve que se desdobrar para acompanhar o frenesi dos banhos. Na onda das termas surgiu o hipocausto, uma espécie de assoalho construído sobre câmaras de gás subterrâneas. Esse sistema ajudava a esquentar os cômodos e mantê-los climatizados. Cada salão das termas era decorado com estatuetas e mosaicos. Ao redor de um pátio central, havia uma espécie de sauna, um vestiário e piscinas de água quente, morna, fria e ao ar livre. Os complexos de banho do Império Romano tinham ainda jardins, bibliotecas e restaurantes (como se fossem antepassados dos spas e resorts de hoje). As visitas diárias às termas tinham fundo religioso, já que o banho público era um ato de adoração à deusa Minerva. E o costume não era restrito às classes mais abastadas. Boêmios, prostitutas, imperadores, filósofos, políticos, velhos e crianças, todos se banhavam no mesmo espaço, sem constrangimento. Ponto de encontro e de troca de informações, era o lugar onde um aristocrata podia medir sua popularidade de acordo com a quantidade de cumprimentos que recebia. “Em épocas de plebiscito, os plebeus nem precisavam pagar a pequena taxa que geralmente era cobrada. Os custos da entrada eram cobertos pelos ricos e nobres”, escreveu o historiador francês Jérôme Carcopino no livro Aspects Mystiques de la Rome Païenne (“Aspectos místicos da Roma pagã”, não lançado em português). Prazeres perdidos A liberdade que os romanos tinham de se banhar e ficar nus em público foi entrando em declínio à
medida que uma nova religião se tornava popular por todo o império. Era o cristianismo, que pregava a castidade e se tornou a crença oficial de Roma no ano 380. Menos de um século depois, o império viria abaixo, junto com vários de seus costumes. Enquanto isso, a Igreja seguiria cada vez mais forte. Foi a gota d’água para que os prazeres do banho fossem boicotados durante cinco séculos. Começava a Idade Média, época em que a cristandade varreu da Europa as termas, o esporte e outras atividades em que as pessoas se expusessem demais. Gregório I, o Grande, que foi papa entre 590 e 604, chegou a qualificar o corpo de “abominável vestimenta da alma” – ou seja, a carne era o depósito de tudo o que era pecado. Com tantos pudores, o prazer de tomar banho de corpo inteiro passou a ser visto como um ato de luxúria. Lavar as mãos e o rosto (às vezes nem isso) bastava. Quando muito, era aceitável tomar um banho por ano. Um único barril de água servia para toda a família, sem que a água fosse trocada. “O privilégio do primeiro mergulho era do homem da casa, enquanto as crianças ficavam por último, na sopa suja que sobrava”, escrevem as consultoras Renata Ashcar e Roberta Faria no livro Banho – Histórias e Rituais. Sem água corrente, as pessoas se viravam como podiam. A limpeza da pele era feita friccionando-a com um pano úmido. Mas, mesmo entre os nobres, o ritual era repetido apenas a cada dois dias. Os cabelos deviam ser escovados com um tipo de pó que supostamente mantinha os fios limpos. E, como não podia deixar de ser, era preciso muita maquiagem e perfume – nas roupas, nos corpos e nos cabelos – para amenizar o mau cheiro. Toda essa falta de higiene abriu as portas para epidemias devastadoras, propagadas principalmente por roedores. Foi o caso da peste, que matou cerca de 200 milhões de pessoas ao longo da Idade Média. Ao notar que muitos judeus não pegavam a doença, a Inquisição chegou a julgá-los e executá-los, acusados de bruxaria. Mas eles, na verdade, não agiam de má-fé – muito pelo contrário. O que fazia os judeus serem menos suscetíveis a doenças era uma recomendação religiosa que seguiam: lavar
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as mãos antes das refeições e tomar banho ao menos uma vez por semana. Foi só durante as Cruzadas, as guerras religiosas travadas entre os séculos 11 e 13, que muitos europeus puderam redescobrir as delícias da água, na aproximação – ainda que violenta – entre Oriente e Ocidente. É que, fora dos territórios dominados pela Igreja, onde ocorreram muitos combates, os banhos públicos da Antiguidade haviam sido mantidos, com seus rituais e instalações sofisticados. Nas hamans, casas de banho turco-árabes, os muçulmanos aproveitavam o prazer de alternar águas quentes e frias. Sessões de banhos completos incluíam depilação, massagem, hidratação, branqueamento dos dentes e maquiagem – ritual que, até hoje, é seguido meticulosamente. Os cavaleiros cristãos que partiram para o Oriente com a missão de tomar a Terra Santa dos muçulmanos não se fizeram de rogados. “Não só passaram a se banhar por lá mesmo, como espalharam pela Europa a prática de jogar água pelo corpo quando retornavam dos combates”, contam Renata Ashcar e Roberta Faria. A certa altura, a atitude contagiou o restante da população europeia medieval e alguns banhos públicos chegaram a reabrir as portas. Nem só aos sábados Depois do fim da Idade Média, a religião voltou a suprimir os banhos no Ocidente. Nos séculos 16 e 17, irredutíveis cristãos bradavam que a água dilatava os poros da pele, por onde a saúde escaparia e o mal penetraria, em formas como a friagem e os germes. Todo mundo acreditou nisso, incluindo os médicos. E, enquanto nações como Portugal e Espanha descobriam, na América, populações que amavam tomar banho, os europeus voltavam para o mundo da sujeira. Existiam algumas medidas de higiene, é verdade. Mas elas não eram lá essas coisas. Antes ou depois de qualquer atividade física e após as refeições enxugava-se a pele com um pano e simplesmente mudava-se de camisa. Supunha-se que a roupa branca agia como “esponja” e absorvia a sujeira. Assim, trocar de roupa passou a ser sinônimo de se lavar – e, para se sentir limpas, as pessoas usavam punhos e colarinhos impecáveis.
A privação de água durou até o século 18, quando se provou definitivamente que as doenças se originavam não do banho, mas da falta dele. O iluminismo, que celebrava a razão e defendia a tese de que o mundo deveria ser esclarecido pela ciência, ajudou a fazer do ato de se lavar o símbolo da saúde. Banhos públicos para higiene, esporte e terapia foram, aos poucos, sendo reabilitados. Mas, após anos de religiosos dizendo o contrário, não foi todo mundo que voltou a tomar banho, mesmo com insistentes conselhos médicos. Quando a célebre rainha Vitória subiu ao trono, em 1837, ainda não havia local para banho no palácio de Buckingham, sede da coroa inglesa. Até os anos 1870, eram raras as casas ocidentais que tinham um cômodo para seus habitantes se lavarem. Já cientes do bem que a água podia fazer pela saúde, médicos banhavam doentes à força em hospitais. “Não era difícil encontrar um sujeito que, tendo de enfrentar a experiência do primeiro banho, demonstrasse verdadeiro terror, gritasse, tentasse escapar da sensação de sufocamento e palpitação que a água fria proporcionava”, diz um relato da época, citado pelo historiador americano Lawrence Wright no livro Clean and Decent: The Fascinating History of the Bathroom (“Limpo e decente: a fascinante história do banheiro”, não editado no Brasil). Os banhos rotineiros reapareceram definitivamente nas grandes cidades ocidentais apenas por volta dos anos 1930. Mas, no começo, eles não eram lá tão frequentes. Eram tomados aos sábados, dia em que também eram trocadas as roupas de baixo das crianças. Nessa época, navios ofereciam cabines de banho e barcos delimitavam áreas em rios que serviam como piscinas naturais. Após o fim da Segunda Guerra, em 1945, quando boa parte das casas europeias teve que ser reconstruída, elas ganharam banheiros, abastecidos com a cada vez mais comum água encanada. A França foi a pioneira nas inovações sanitárias, seguida pela Inglaterra e pela Alemanha. Hoje, voltamos a expor nossos corpos sem pudor, como fazíamos na Antiguidade. Mas isso não ocorre mais durante o ato de se lavar, e sim depois dele. “Ao
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mesmo tempo em que os trajes começam a valorizar o corpo e deixar adivinhar suas formas, realçando-as e, por vezes, revelando o bronzeado e a pele lisa e firme, o banho se transforma num hábito estritamente íntimo”, escrevem os historiadores franceses Gerard Vincent e Antoine Prost na obra História da Vida Privada: da Primeira Guerra aos Dias Atuais. Tomar banho virou um método individual de se preparar para a exposição pública. Não é à toa que todo banheiro contemporâneo que se preze tem um espelho – um objeto que, há cerca de dois séculos, dificilmente seria visto num lugar como esse.
Difícil higiene Saiba como os antigos se viravam sem sabão, chuveiro ou xampu Ferro no couro Uma espátula de ferro de mais ou menos 30 centímetros, o strigil era usado pelos antigos gregos e romanos para esfregar vigorosamente a pele, untada com um óleo verde-oliva. Entre os ricos, essa limpeza era feita por escravos. Cascata caseira Sem rede encanada, os povos antigos tomavam banho com água derramada de bacias e jarros. Às vezes a pessoa ficava dentro de uma banheira rasa de pedra, mas o mais comum era se inclinar num banco de pedra. Limpeza pesada Os babilônios ferviam gordura animal com cinzas vegetais para passar sobre a pele e os cabelos. Já no Egito, uma mistura de bicarbonato de sódio, cinzas e argila fazia as vezes do sabão. Arranca-cascão No Oriente, materiais ásperos feitos de rocha ou cerâmica eram (e ainda são) usados para esfoliar a pele e retirar a sujeira. O ritual se completava com o uso de água de flor de laranjeira, pentes, pastas e perfumes.
Asseio preguiçoso As banheiras portáteis se popularizaram no fim do século 19, primeiramente entre os ingleses. Quando um fidalgo ia tomar banho, camareiras carregavam a banheira para o quarto e a enchiam à mão, com água aquecida.
Mania de brasileiro A higiene dos índios demorou a ser aceita pela elite portuguesa Quando aportaram por aqui, em 1500, os portugueses se assustaram com a limpeza dos índios, que mergulhavam em rios e no mar até 12 vezes ao dia. Pero Vaz de Caminha, escrivão da esquadra de Cabral, chegou a escrever, surpreso: “São tão limpos e tão gordos e tão formosos que não podem ser mais”. Os portugueses acabaram cedendo aos hábitos dos nativos brasileiros, percebendo que eles eram muito mais saudáveis que os da Europa. Os membros da corte, entretanto, resistiram aos deleites da água, pois estavam acostumados a passar meses sem sequer mudar de camisa. Já os mais humildes aceitaram o banho mais facilmente – começaram lavando os pés diariamente em bacias. “Com o tempo, o rio se tornou extensão da casa. Sem rede encanada, era nele onde se lavavam as roupas, as louças e o corpo”, escrevem Renata Ashcar e Roberta Faria no livro Banho – Histórias e Rituais. No século 18, algumas cidades já usavam a água de poços e chafarizes mantidos pelo Estado. Quando a família real portuguesa chegou ao Brasil, em 1808, fez do Rio de Janeiro o primeiro município a contar com água encanada no país – benefício que ainda está longe de atingir todos os brasileiros. FEIJÓ, B. V. Disponível em: <http://historia.abril.com.br/ comportamento/aguas-tempo-historia-banho-435136.shtml>. Acesso em: jun. 2014.
Utilizar as informações dessa unidade para solicitar aos alunos que construam, coletivamente, uma cartilha (ou folheto informativo) sobre prevenção de acidentes direcionada(o) a crianças mais novas que eles. Fazer com os alunos uma leitura do texto e pedir para que cada um represente, por meio de desenhos, um dos conselhos; também deverá ser escrita uma pequena legenda para a figura elaborada. Em seguida, reunir os desenhos dos alunos e
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montar a cartilha (ou o folheto informativo). Depois de concluído o trabalho, os alunos poderão apresentá-lo aos alunos mais novos de outra classe e entregar o material desenvolvido. A atividade de leitura dos quadrinhos da personagem Calvin, na página 75, é bastante enriquecedora, pois envolve sofisticadas habilidades de interpretação de texto. É fundamental auxiliar os alunos na leitura e na compreensão das falas, de modo que as inferências possam ser feitas coletivamente pela classe, com a ajuda do professor.
Interdisciplinaridade com a área de Língua Portuguesa.
Explicar que Calvin é um menino esperto e travesso, que muitas vezes “tira a mãe do sério” com suas aventuras e questionamentos sobre o mundo que o cerca. Calvin é uma personagem criada para uma série de histórias em quadrinhos do escritor e ilustrador norte-americano Bill Watterson, publicada em jornais do mundo inteiro entre 1985 e 1995. Calvin é um garoto de seis anos de idade, bastante observador, sagaz e sonhador. Tem como melhor amigo o tigre de pelúcia Haroldo, que, para ele, é como se fosse de verdade. A personagem usa e abusa da ironia em seu discurso. Quando Calvin pergunta se o médico é veterinário, ele está criticando o diagnóstico dado, duvidando do que o doutor diz, talvez com medo das consequências de sua doença. Quando a mãe faz uma careta e pergunta se o menino terá de ficar em casa por uma semana, ela imagina as possíveis travessuras que ele fará e o trabalho que ela terá para cuidar dele. Os alunos podem chegar a essas conclusões se conhecerem um pouco sobre a personagem e forem orientados por meio de perguntas, como: Vocês acham que a mãe de Calvin o levaria a se consultar com um veterinário?; Por que será que Calvin pergunta se o médico é um veterinário?; Por que a mãe faz uma careta ao saber que terá de cuidar dele por uma semana, enquanto ele se recupera da doença?; Será que Calvin é um menino inteligente?; Será que é levado?; Por que ele fica bravo com o médico quando ele orienta a mãe a afastá-lo das outras crianças?; Você, no lugar de Calvin, gostaria de ficar uma semana inteira sem poder ver seus amigos? Pode-se solicitar uma pesquisa para que os alunos descubram se há vacina para a doença de Calvin. Atualmente, a internet é a primeira fonte de pesquisa dos alunos que dispõem de acesso à rede. É fundamental orientá-los a encontrar informações confiáveis e atualizadas nos sites disponíveis, assim como a começar a questionar-se sobre os resultados de busca na internet, refinando esses questionamentos à medida que avançam na jornada escolar: Quem são as pessoas responsáveis por este site?; De onde elas retiraram essas informações?; Será que minha pesquisa será confiável e correta se eu utilizar o primeiro site que encontrar?; E se eu comparar as informações encontradas em sites diferentes? Sobre fontes confiáveis na internet, veja material disponibilizado no Portal do Professor do MEC, no endereço: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/ 0000015305.pdf> (acesso em: maio 2014).
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Cuidado na análise do resultado [...] Ao avaliar o resultado da pesquisa, considere o porquê de um site aparecer antes dos demais. “Nem sempre o primeiro endereço indicado é o mais interessante”, explica Nelson Pretto, diretor da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia. Veja o que levar em conta na hora de optar pelas páginas que irá utilizar. Critério de exibição As ferramentas de busca vasculham a web em segundos e trazem a informação mais relevante segundo normas próprias. “Entre os mais de 100 critérios com pesos e análises diferentes, estão o número de vezes que cada link já foi clicado por outros internautas e a ocorrência da palavra no nome da página”, explica o especialista Thiago Rodriguez, gerente de marketing do site BuscaPé. Há também fatores comerciais. “A maioria dos buscadores cobra para que um site apareça entre os primeiros dez
resultados em casos de pesquisa por determinadas palavras”, alerta Thiago. Data A data de publicação da página é outro dado importante se a procura for por notícias. Há risco de os sites exibirem informações desatualizadas. Assinatura Observando o endereço da página, é possível ter uma ideia da credibilidade do conteúdo. As extensões .gov (governamentais), .org (instituições sem fins lucrativos) e .edu (universidades, fora do Brasil) são mais indicadas. A extensão .com, que é a mais comum, abriga de tudo – muita bobagem, mas também sites de jornais e revistas. “É importante observar ainda quem é o responsável pela página. Para conhecê-lo, procure o link quem somos”, afirma o jornalista Marcelo Soares, da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/linguaportuguesa/pratica-pedagogica/como-fazer-boa-buscainternet-423567.shtml>. Acesso em: maio 2014.
Os gráficos na organização dos dados científicos Interdisciplinaridade com a área de Matemática.
Ao tratar de saúde e alimentação, a matemática está sempre presente, seja na leitura de uma tabela nutricional (que nos mostra as porcentagens e quantidades dos ingredientes), seja ao buscar informações sobre um medicamento (dosagens, posologia), entre muitos outros exemplos. Por isso, sugerimos na página 73 (seção Atividades) um exemplo dessa ligação dos conteúdos com a matemática, em que a proposta é fazer a leitura de um gráfico de setores simples e também uma leitura da tradicional pirâmide alimentar. Essas figuras ilustram um exemplo de alimentação saudável, indicando não só os tipos de alimento que devem ser consumidos, como também as quantidades. Para os alunos do 2o ano, não incluí mos no gráfico as porções de alimentos, de modo a torná-lo mais simples; basta, por enquanto, que identifiquem os alimentos que devem ser ingeridos em maior ou menor quantidade. Ajudar a classe na interpretação do gráfico, explicando que o setor (fatia) maior indica os alimentos que podem ser consumidos em maior quantidade; conforme o tamanho dos setores diminui, diminui também a quantidade recomendada de ingestão dos respectivos alimentos. Para tornar mais concreto o entendimento do gráfico, sugerimos que seja feito seu desenho em uma cartolina. Depois, pedir aos alunos para colorir com tinta ou giz de cera as divisões da figura, usando uma cor para cada setor. Naturalmente, as crianças perceberão que será mais demorado pintar os setores
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maiores. Ao final, pedir que completem o gráfico da cartolina colando fotos ou fazendo desenhos dos alimentos de cada grupo e escrevendo legendas. Aproveitar para incluir, na imagem, alimentos típicos da localidade onde moram. A forma mais tradicional de representar a dieta adequada não é o gráfico de setores, mas a pirâmide alimentar, vista na página 74. Ressaltar que ela é uma representação gráfica que tem por objetivo facilitar a compreensão de quais alimentos devem ser ingeridos com moderação e quais devem estar presentes em maior quantidade em uma alimentação saudável. Auxiliar os alunos a compreender o gráfico de setores e a pirâmide. Dar outros exemplos a eles e pedir que construam o gráfico correspondente, por exemplo, propondo a construção de um gráfico na lousa que mostre a quantidade de meninos e meninas da classe. Para isso, contar coletivamente o número de meninos e meninas. Depois, perguntar quantos setores o gráfico deverá ter (ou seja, em quantas partes o gráfico deverá ser dividido) – explicar que, como se deseja mostrar o número de meninos e meninas, o gráfico deverá ter dois setores. Perguntar se o gráfico deve ser dividido em partes iguais ou não, o que requererá avaliar os números de meninos e meninas na classe: se o número de meninos for igual ao de meninas, o gráfico deverá ter setores de mesmo tamanho; se o número de meninos e meninas for diferente, os setores deverão ter tamanhos diferentes. Se as partes forem diferentes, perguntar aos alunos qual deverá ser de maior tamanho e por quê. Nesse momento, explicar que o maior setor do gráfico corresponderá ao gênero que está em maior número na classe. Não temos a intenção, nessa etapa, de que eles saibam montar um gráfico, mas que comecem a identificar os dados envolvidos em cada caso. No exemplo do gráfico com o número de alunos da sala, esses dados são o número de meninos e de meninas.
Saúde: uma responsabilidade social É importante trabalhar a informação de que manter a saúde não é somente uma responsabilidade individual, mas também social, já que o ambiente pode ser responsável por diversos males ao corpo humano. No caso da dengue, trabalhada nas páginas 78 e 79 da seção Qual é a pegada?, o papel social é importante porque, se uma pessoa deixa de cuidar de seu espaço, sua atitude pode prejudicar muitos outros indivíduos. Uma sugestão para enriquecer o assunto é criar com as crianças uma melodia para o texto. Para acompanhar a melodia, os alunos também podem construir instrumentos musicais (como chocalhos e tambores) feitos com sucata. Depois, a música pode ser cantada coletivamente.
Interdisciplinaridade com a área de Arte.
O tema da dengue permite, ainda, rever o conceito de metamorfose: a transformação do mosquito desde o estágio de larva aquática até o de adulto terrestre. Procurar imagens para ilustrar as etapas de desenvolvimento desse inseto e compartilhá-las com os alunos, ressaltando a importância de eliminar recipientes que acumulam água. Orientar a classe mais uma vez a sempre consultar sites confiáveis, de instituições sérias, oferecendo a eles esse tipo de opção. Aos poucos, as maneiras de encontrar aquilo de que se precisa vão ficando mais intuitivas para a turma.
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UNIDADE 6
Matéria e energia
páginas 80 a 93
O estudo da matéria e da energia é um tema aparentemente complexo, por se tratar de algo abstrato e difícil de definir, até mesmo por pesquisadores. Para iniciar de maneira tranquila, é importante manter-se atento aos conhecimentos que os alunos já têm sobre o tema. Em geral, esses conhecimentos trazem ótimas oportunidades de confronto e reestruturação do pensamento. Muitas dúvidas podem surgir dessas conversas, o que é extremamente valioso para futuras investigações. Uma dificuldade pode vir à tona se for solicitado aos alunos que definam conceitos abstratos, como matéria ou energia; não é desejável que isso seja pedido a eles. Acreditamos que a maioria dos temas científicos podem ser abordados já nos anos iniciais do estudo, desde que haja uma adequação ao nível e um enfoque dos objetivos que se pretendem atingir. O livro procura trazer exemplos concretos, que podem ser facilmente percebidos pelas crianças e ajudá-las a incorporar, na sua vida cotidiana, as primeiras noções sobre matéria e energia; aproveitar para trazer outros exemplos e/ou solicitar que os alunos o façam. Por meio da associação das palavras a exemplos concretos, o aluno, espontaneamente, pode dar a elas um significado e, mais tarde, tornar-se capaz de elaborar definições cada vez mais refinadas para elas. A energia elétrica é um tema do cotidiano e seus efeitos são facilmente perceptíveis. As imagens das páginas de abertura e as questões formuladas a partir delas permitem que os alunos percebam, logo no início do estudo da unidade, um uso ainda pouco comum para a energia elétrica, que é o abastecimento de energia para automóveis – a maior parte da frota atual usa combustíveis como gasolina, álcool ou diesel. Além disso, eles também podem perceber que os objetos são feitos de materiais específicos de acordo com a função que desempenham. Comentar que conhecer os materiais é importante para usá-los de maneira adequada; perguntar, por exemplo, o que aconteceria se os botes salva-vidas, em vez de serem feitos de borracha, fossem feitos de chumbo. É possível que alguns alunos concluam que o bote afundaria e não ajudaria a salvar pessoas em uma situação de emergência. O estudo da matéria e de suas propriedades, com alunos do 2o ano, deve começar com fenômenos observáveis: perceber o que é sólido, líquido ou gasoso, o que é transparente ou frágil, o que é elástico etc. Ao tratar de matéria, a ideia proposta na unidade é introduzir esse conceito para que se familiarizem com ele. Aos poucos, aprenderão a usá-lo e, em anos posteriores do ensino, a defini-lo formalmente. O experimento proposto na seção Gente que faz!, página 83, permite mostrar de forma concreta o que é volume e ilustra de maneira simples
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uma propriedade da matéria: a impenetrabilidade, isto é, dois corpos não ocupam o mesmo espaço no mesmo intervalo de tempo. Comentar que volume é o espaço ocupado por um objeto. Explicar, ao final do experimento, que a água e as pedrinhas são exemplos de matéria e, portanto, não podem ocupar, ao mesmo tempo, o mesmo lugar no espaço. Quando a água foi colocada no copo, ocupou todos os espaços disponíveis e, quando o espaço acabou, a água transbordou. Usar as questões propostas após o experimento para trabalhar a comunicação oral. Pedir que os alunos expliquem a resposta que foi discutida com os colegas e qual foi a conclusão a que chegaram. Ao final do experimento, verificar se a hipótese proposta pelos alunos estava adequada. Ainda nessa atividade, ao longo do procedimento, os alunos são solicitados a fazer algumas predições. A habilidade de predizer é a capacidade de antecipar resultados tendo como base a experiência ou padrões anteriores. O trabalho de um cientista inclui diversas predições. Ao colocar um objeto em um copo com água, será que o nível dela aumenta?; Será que os alunos já presenciaram o que acontece ao entrar em uma banheira ou piscina repleta de água?; Será que já observaram o que ocorre ao mergulhar o pão em um prato cheio de sopa? Possivelmente muitos já têm experiência prévia para antecipar o resultado dessa atividade. Incentivá-los a ser cuidadosos na predição, buscando, em sua vivência, outras situações semelhantes. É importante também que a turma se familiarize com o uso e a função das balanças. No desenvolvimento de experimentos, os cientistas utilizam diversas ferramentas e aparelhos como termômetros, lupas, réguas e balanças. Comentar com os alunos que esses equipamentos fornecem mais informações a respeito de objetos ou eventos do que as informações que podem ser obtidas sem a ajuda deles, isto é, com base apenas nas observações ou no uso dos órgãos dos sentidos. Essa ideia é muito importante e será trabalhada em outras oportunidades na coleção. Para auxiliar os alunos a compreender a importância do uso de instrumentos, pedir que tentem, em grupos, colocar em uma sacola plástica objetos que somem 1 quilograma, sem a ajuda da balança. Depois, verificar a massa das sacolas com o auxílio da balança para ver qual grupo se aproximou mais do resultado pretendido.
Os conceitos de massa e de peso Ler as legendas das fotografias da página 84 e explorar as imagens com os alunos. Perguntar a eles quais tipos de balança eles já viram, e em quais locais. Perguntar para que a balança é utilizada. Depois, comentar que a balança é o instrumento utilizado para conhecer a massa de um objeto. Embora usualmente se utilize o termo “peso” no lugar de massa, tratam-se de conceitos diferentes. A massa é a quantidade de matéria de um corpo, medida por meio da balança; já o peso é a força com que a gravidade atrai um corpo. A massa não varia, mas o peso pode variar de acordo com a força de atração gravitacional – e isso depende do local. O peso de um objeto na Terra é diferente do seu peso na Lua ou em outro planeta.
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Interdisciplinaridade com a área de Matemática.
Lidar com balanças e unidades de medida é uma oportunidade também de trabalho com conceitos da Matemática. A graduação das balanças, por exemplo, apresenta divisões decimais. Orientar os alunos a ler as unidades e perceber que elas aumentam, por exemplo, de 10 em 10 gramas. Os números maiores marcam múltiplos desses últimos: 1 kg, 2 kg e assim por diante. A leitura da massa dos objetos na balança permite também que se comente sobre a aproximação, principalmente se a balança usada não for digital. As medidas terão de ser aproximadas para cima ou para baixo, a não ser que o ponteiro pare exatamente sobre uma das marcações graduadas.
As mudanças de estado físico Embora as mudanças de estado físico da matéria ocorram em razão da variação da temperatura e da pressão, nesse momento do ensino optamos por mostrar apenas a influência da temperatura. É provável que os alunos já tenham noção do que é sólido, líquido e gasoso. Explorar a atividade 1 da página 90. Ao perguntar para onde vai o vapor de água, é provável que alguns alunos respondam que ele vai para o céu. Se essa for a resposta, perguntar o que há no céu. A intenção é que os alunos comecem a compreender que as nuvens também são formadas de água. Explicar que o vapor – no caso, a água no estado gasoso – vai para o ar. À medida que aumenta a altitude, a temperatura do ar diminui e o vapor volta a ser água líquida. As nuvens são formadas pelo acúmulo de milhares de gotículas de água. O item b da questão 1 permite que os alunos percebam que as mudanças de estado físico levam algum tempo para acontecer. Além disso, possibilita demonstrar como ver as horas no relógio. Se julgar oportuno, aproveitar a ocasião para ensinar aos alunos como ver as horas em relógios analógicos e digitais. Para isso, é possível desenhar relógios na lousa ou mesmo levar alguns desses aparelhos para a sala de aula. Além do exemplo da água, dar outros exemplos aos alunos. Perguntar: “Em qual estado físico está um picolé no congelador?”; “O que acontecerá ao picolé se o retiramos do congelador e demorarmos para chupá-lo?”. Muitos alunos responderão que o picolé derreterá. Explicar que, como a temperatura é maior fora do que dentro do congelador, o estado físico do picolé muda de sólido para líquido. Com isso, reforçar a ideia de que tanto a diminuição quanto o aumento da temperatura podem ocasionar mudanças de estado físico. A matéria é constituída de pequenas partículas – os átomos. Dependendo do estado de agregação dos átomos (ou das moléculas que eles podem formar), a matéria pode ser encontrada no estado sólido, líquido ou gasoso (há também outros estados físicos da matéria, como o plasma e o gel). Como dito, a matéria pode mudar de estado físico se houver variação na temperatura ou na pressão do ambiente. Quando a matéria muda de estado físico, há alterações em suas características físicas (volume, forma e arranjo das partículas); porém, não ocorrem alterações em sua composição química. No estado sólido, a matéria tem forma e volume definidos e suas partículas estão bastante unidas (há uma forte coesão entre elas).
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No estado líquido, a matéria tem volume constante, porém não existe uma forma definida (a forma depende do recipiente que a contém). As partículas que formam os líquidos apresentam maior mobilidade (a coesão não é tão forte quanto a dos sólidos). Os gases não têm forma nem volume constantes. A coesão entre suas partículas é muito fraca. Sugerimos a realização do experimento abaixo, que permite aos alunos constatar que o ar tem massa.
Materiais §§1 cabide de roupas §§2 balões de borracha §§Barbante Procedimentos §§Amarrar um balão vazio com um pedaço de barbante a uma das extremidades do cabide. Encher o outro balão e amarrá-lo na outra extremidade do cabide. §§Nesse momento, perguntar aos alunos o que acontecerá com o cabide: ele ficará reto? Ou penderá para algum lado? Qual lado? §§Depois de os alunos exporem suas ideias, pendurar o cabide em um suporte reto e analisar o resultado com as crianças. Essa atividade pode ser utilizada como base para trabalhar, com a classe, uma habilidade fundamental da investigação científica: fazer boas predições (inferências) com base em experiências e conhecimentos anteriores. Os alunos já têm algum conhecimento para fazer uma boa predição a respeito do que ocorrerá quando o cabide for erguido: em um balão há ar e, como o ar é matéria, ele tem massa. Logo, um balão inflado de ar tem mais massa do que um balão murcho e, desse modo, o cabide penderá para o lado do balão com mais massa. É fundamental que os alunos analisem cuidadosamente as hipóteses disponíveis (o cabide não vai se desequilibrar, o cabide vai pender para o lado do balão inflado, o cabide vai pender para o lado do balão murcho) antes de responder à questão.
Introduzindo o conceito de energia Energia é um conceito abstrato e de difícil definição. Por isso, sugerimos introduzir o termo com algumas ideias simples: a energia é algo necessário para fazer coisas funcionarem, moverem-se ou acontecerem, e pode apresentar-se em várias formas (por exemplo: energia solar, energia elétrica, energia dos combustíveis, energia eólica etc.). Embora esse conceito seja difícil de compreender, ele é necessário para o entendimento de muitas das ideias da ciência. Sempre que possível, perguntar aos alunos “O que faz isso funcionar?”, de modo que associem a ação a uma fonte de energia.
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Interdisciplinaridade com as áreas de Língua Portuguesa, História e Geografia.
A energia, principalmente os problemas relacionados à energia elétrica, é tema de notícias divulgadas frequentemente na mídia. Possivelmente, a turma já ouviu os adultos comentando sobre o valor da conta de luz, ou problemas em equipamentos elétricos, ou mesmo presenciou quedas de energia que deixaram equipamentos indisponíveis. As atividades das páginas 92 e 93 da seção Rede de ideias oferecem oportunidade de interpretação de um tema utilizando ferramentas de diversas disciplinas: leitura de texto jornalístico (Língua Portuguesa); montagem de linha do tempo (História) e leitura de mapa (Geografia). Explorar e, se necessário, aulixiar os alunos na leitura desses tipos de informação. A linha do tempo é um organizador gráfico comumente usado para dispor conteúdos em sequência temporal. Inicia-se pelo evento mais antigo e adicionam-se os mais recentes. Para que os alunos habituem-se a essa representação, fazer na lousa uma linha para representar diferentes eventos, como os aniversariantes do ano em sequência, as datas comemorativas do semestre ou outras. Aproveitar o tema para discutir a importância da economia de energia elétrica – o uso racional dos recursos é um tema que permeará toda a coleção e será trabalhado mais detalhadamente em uma unidade de cada livro. Comentar que o chuveiro elétrico é, em geral, o aparelho que mais consome energia elétrica em uma residência, daí a importância de tomar banhos mais rápidos. Incentivar a economia de energia também de outros equipamentos, como televisão e computador. Propor aos alunos as questões a seguir. Solicitar que discutam, respondam o que souberem e pesquisem outras respostas em livros ou na internet. Ao final, a turma pode sintetizar as ideias em um desenho que represente a importância da energia e de seu uso. a) Qual é a principal forma de produção de energia elétrica no Brasil? Qual é a fonte dessa energia? Resposta: É a produção de energia nas usinas hidrelétricas. Essa energia provém da queda‑d’água (energia do movimento da água). b) Se a energia elétrica produzida nas usinas hidrelétricas não causa poluição, por que ela pode prejudicar a natureza? Resposta: Porque, para a construção de uma usina hidrelétrica, é preciso alagar uma área enorme e muitas vezes alterar o curso do rio. Essa alteração prejudica a vida dos animais e das plantas da região. Além disso, as pessoas que moram por perto são prejudicadas, pois precisam se mudar devido à inundação da área que habitavam. c) De onde vem a energia usada para o funcionamento dos automóveis? Resposta: Vem da queima de combustíveis fósseis. d) Por que o uso dos combustíveis fósseis causa poluição? Resposta: Porque a queima desses combustíveis libera gases que prejudicam a qualidade do ar.
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e) Converse com os colegas sobre os itens a seguir: §§Por que é melhor andar de bicicleta ou a pé para percorrer distâncias curtas em vez de andar de automóveis? Resposta: Espera-se que os alunos associem o uso de automóveis com a queima de combustíveis fósseis e a consequente poluição do meio ambiente. Há outras vantagens também: economia de dinheiro, exercício físico e contribuição para diminuição do trânsito. §§Ao economizar energia elétrica, estamos contribuindo com o ambiente? Resposta: Espera-se que os alunos digam que sim, pois, se o consumo de energia ultrapassar a capacidade de produção, haverá necessidade de construir novas usinas hidrelétricas e, consequentemente, novos prejuízos recairão sobre o ambiente. A leitura do texto a seguir pode ampliar a discussão da atividade.
A cidade, um centro de consumo A cidade é, atualmente, um centro de consumo de matérias-primas, de alimentos, de energia. Os materiais e a energia provêm de fora da cidade: são os minérios, retirados de minas ou jazidas situadas, às vezes, em locais muito distantes; os combustíveis, trazidos de outros estados ou até de outros países; os cereais, a carne e outros alimentos, vindos das regiões rurais; as madeiras, as fibras e outros materiais de construção, provenientes de florestas longínquas; a energia elétrica, procedente de usinas e barragens localizadas, quase sempre, a grande distância das cidades. Todos esses elementos são consumidos, transformados ou processados na cidade e desse consumo resulta uma grande variedade de resíduos e mesmo um excesso de energia que são eliminados no ambiente, alterando sua qualidade. Assim, dos alimentos consumidos pela população resulta a formação de lixo e esgotos que poluem os solos e os rios. Da transformação de combustíveis e matérias-primas nas fábricas resultam gases, fumaças e resíduos tóxicos – sólidos e líquidos – que também contaminam o ambiente. Todo uso que é feito da energia resulta em produção de calor, de modo que, pelo próprio uso de energia nas casas, nos veículos e nas indústrias resulta um resíduo energético, na forma de excesso de calor, responsável pela elevação da temperatura ambiente nas cidades. O resíduo energético forma aquilo que os especialistas costumam chamar de ilhas de calor. A consequência de tudo isso é a alteração do clima das cidades, bem como da qualidade do ar, da água, do solo, da paisagem e da própria vida. A cidade torna-se um concentrador de energia, de ruídos, de materiais poluentes, que afugentam a vida animal e vegetal equilibradas, e favorecem, em contrapartida, a proliferação de seres como roedores e insetos, responsáveis pela propagação de epidemias. BRANCO, S. M. Ecologia da cidade. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2003. p. 15-17. (Coleção Desafios).
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Interdisciplinaridade com as áreas de História e Geografia.
PARA SABER MAIS SECCO, P. E. Energia elétrica: sabendo usar, não vai faltar. São Paulo: Melhoramentos, 2009. Para indicar aos alunos: o livro conta a história de Nina, que está entediada por causa da chuva nas férias. Entretanto, a garota aprende a relação da água com a energia elétrica e a importância da chuva para o abastecimento de energia.
O estudo dos veículos é algo que costuma despertar bastante o interesse das crianças. Essas máquinas extraordinárias permitiram que o mundo ficasse mais acessível, de maneira geral, a muitas pessoas. Tornaram viável que pessoas e objetos fossem transportados com uma velocidade impensável antes de sua invenção. Esse caráter histórico da tecnologia é algo a ser explorado em sala de aula. Uma pesquisa sobre a invenção do automóvel ou do avião leva a perguntas como “O que as pessoas faziam antes disso?; Como se transportavam?; Quanto tempo demoravam as viagens?”. Esse é um ponto de interseção com a História ou com a Geografia que se pode apresentar à turma, propondo pesquisas. Construir modelos de veículos é uma forma lúdica e eficiente de trabalhar alguns conceitos iniciais da física do movimento. Na página 88, por exemplo, há uma ilustração que mostra um “barco movido a balão”. Esse tipo de brinquedo pode ser facilmente construído com materiais simples, e os alunos podem ser desafiados a construir diferentes modelos: mais velozes, mais estáveis, que chegam mais longe, entre outras possibilidades. Deixar que testem diferentes possibilidades de construção dos modelos propicia um aprendizado muito rico, no qual a tentativa e o erro são tão valorizados quanto o acerto.
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UNIDADE 7
Os recursos da Terra
páginas 94 a 105
Esta unidade aborda os recursos naturais, como a água, o solo e o ar. O enfoque é voltado às principais características físicas desses recursos e à sua utilização pelos seres humanos. É interessante mostrar, desde os primeiros anos do ensino de Ciências, que tanto os seres vivos como os elementos não vivos passam por constantes mudanças e transformações – algumas lentas, outras rápidas. Talvez por causa do ritmo lento de algumas mudanças, tenhamos dificuldade em percebê-las. Explicar aos alunos que o planeta não é estático. Os recursos naturais são elementos encontrados na natureza que podem ser utilizados pelos seres humanos. Depois dessa conceituação, perguntar: “Quais são os recursos naturais que vocês conhecem?; Quais deles podem ser vistos ao seu redor?; E no livro, quais você encontra?”. Incentive-os a perceber os elementos como a água, o solo, a madeira das árvores e o ar, que são exemplos de recursos naturais. Fazer mais perguntas, como: Qual é a utilidade de cada recurso para nós?; O que aconteceria se esses recursos acabassem? Comentar com os alunos que o ser humano depende dos recursos naturais para sua sobrevivência. Nesse momento, é possível iniciar uma conversa sobre preservação ambiental. Mostrar aos alunos que os indígenas não utilizam agrotóxicos para sua lavoura. Perguntar o que eles acham que os agrotóxicos podem fazer de prejudicial, e para quem. Para os povos indígenas, existe uma relação muito estreita com a natureza e seus recursos. Essa relação é muitas vezes diferente da que as pessoas não indígenas mantém, principalmente os moradores de grandes centros urbanos. Muitas crianças raramente têm contato com a natureza, mal sabem de onde vêm os alimentos que consomem e os recursos que utilizam. Valorizar os cuidados que os indígenas têm com a natureza. As páginas 94 e 95, de abertura da unidade, oferecem um exemplo de uma dessas relações, mostrando uma forma de cuidado com a lavoura que se utiliza de produto não tóxico ao ambiente, que é o veneno da própria mandioca. É preciso despertar a consciência ecológica desde cedo nas crianças, para que elas se tornem adultos mais responsáveis e participativos no que se refere aos assuntos ambientais. Caso a turma tenha curiosidade em conhecer mais sobre a vida do povo Kisêdjê, usado como exemplo para ilustrar a relação dos indígenas com a natureza, compartilhar as informações do texto a seguir, retirado do livro Geografia Indígena (1996), que conta um pouco sobre o que fazem os homens e as mulheres na aldeia.
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Uma aldeia no Xingu Nós vivemos na aldeia, cada povo habitante do Xingu tem seus costumes diferentes dos outros. Nas aldeias, os homens e as mulheres têm os seus trabalhos para fazer, mas nem todos são iguais. Os trabalhos dos homens são: fazer canoa, arco, flecha, borduna, casa, cocar, bancos para sentar, remo, jirau para secar massa de mandioca, roçar, derrubar, plantar, pescar, buscar lenha, capinar em baixo das plantas, caçar, rachar lenha, tirar mel, cortar ramas de mandioca e mais outros serviços. Os trabalhos das mulheres são: fazer rede, esteira para espremer massa de mandioca, beiju, comida, colares, limpar a casa, ralar mandioca, de vez em quando os homens ajudam a buscar macaxeira na cabeça. Quem recebe as visitas sempre é o cacique, se ele não estiver, os representantes dele podem receber e as visitas têm que respeitá-los para conversar.
Não é qualquer pessoa que pode se apresentar e levar a visita para sua casa, tem que ser na casa do cacique ou dos representantes. No centro da aldeia tem uma casinha onde só os homens podem andar, mas de vez em quando as mulheres também podem entrar, quando tem alguma notícia muito importante para todos. Nessa casinha, os homens podem se reunir, podem fazer artesanato, podem fazer comida e qualquer outra coisa. As mulheres, de vez em quando, podem se reunir, fazer comida, bebida, fazer as coisas de sua parte, mas os homens que são os donos da casinha. Na aldeia, tem festa que as mulheres e os homens podem dançar juntos, têm outras festas que as mulheres não podem ver, também têm as brincadeiras na chuva. SUYÁ, K. Disponível em: <http://pibmirim.socioambiental.org/ como-vivem/quem-faz-o-que>. Acesso em: maio 2014.
Alfabetização, Arte e Ciências
Interdisciplinaridade com as áreas de Arte e Língua Portuguesa.
Uma sugestão de atividade que pode ser feita ao longo do estudo desta e da próxima unidade é pedir que os alunos escrevam mensagens de alerta, por exemplo: “Mantenha o rio limpo”; “Não jogue lixo no solo”; “Proteja os animais”; “Não maltrate as plantas”; entre outras. As frases deverão ser escritas em pedaços de cartolina que, por sua vez, deverão ser presos em palitos de sorvete. Os alunos poderão, ainda, complementar as mensagens com desenhos, recortes de jornal e revista ou fotos impressas extraídas de sites da internet. O trabalho pode ser útil para a alfabetização e pode ser feito conjuntamente com as aulas de Língua Portuguesa. Se julgar oportuno, é possível propor uma campanha de limpeza de uma praça próxima ou, até mesmo, do pátio da escola. Os alunos, depois da retirada do lixo, poderão fixar as mensagens de alerta para conscientizar outras pessoas sobre a preservação do local.
Introduzindo a noção sobre a composição do planeta Terra Para iniciar o tema que explora do que o planeta Terra é feito, sugerimos retomar o conceito dos estados físicos da matéria, associando-os às camadas da Terra apresentadas nesta unidade. Explicar aos alunos que as fotografias do planeta Terra são feitas do espaço, por meio de equipamentos especiais, como as sondas e os satélites. Contar aos alunos que a primeira pessoa a avistar a
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Terra do espaço foi o astronauta russo Yuri Gagarin, em 1961. Quando viu o planeta, a primeira coisa que disse foi: “Eu vejo a Terra. Ela é tão bonita!”. É importante reforçar, mais uma vez, a ideia de que o planeta não é estático e que sofre constantes transformações, como sugere o trecho a seguir:
A Terra é um planeta dinâmico. Se fosse fotografado do espaço a cada século, desde a sua formação até hoje, e essas fotos compusessem um filme, o que veríamos seria um planeta azul se contorcendo com os continentes ora colidindo, ora se afastando entre si. TEIXEIRA, W. et al. (Organização). Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos-USP, 2000. p. 98.
Um dos recursos naturais que podem passar mais despercebidos é o ar. Pedir à turma que observe como o vento faz balançar as folhas das árvores ou carrega areia da praia de um lugar a outro. Trazer para a sala notícias sobre fenômenos naturais (por exemplo, terremotos, tsunamis, erupções de vulcão e surgimento de ilhas) e promover uma leitura coletiva do material. Incentivar os alunos a perceber a dinâmica da Terra por meio dos acontecimentos relatados nas notícias. Comentar o trabalho inserindo conceitos da Geografia, como localização, tempo e clima, de forma simplificada, para que a turma veja a ligação entre as disciplinas. O texto da questão 1 (página 96) permite reforçar a ideia de dinâmica da Terra. Na verdade, ele fornece uma explicação muito simplificada para fenômenos como vulcanismos e terremotos. Promover uma leitura desse texto com os alunos e explicar que no interior do planeta, mais precisamente na região chamada núcleo, as temperaturas são altíssimas e as rochas estão derretidas devido ao calor intenso. Mostrar fotografias de vulcões expelindo lava incandescente e comentar que a lava é formada pelo material que extravasa do interior da Terra. A temperatura dessa região é tão alta que sua medida foi estimada por meio de aparelhos; nunca ninguém chegou perto do núcleo do planeta, pois não sobreviveria.
Interdisciplinaridade com a área de Geografia.
Iniciando o estudo do ar Outro elemento que faz parte da composição do planeta, embora invisível aos olhos, é o ar. O estudo do vento é facilitar a percepção de sua existência. Pedir aos alunos que observem ao redor. Se houver árvores ou qualquer outro elemento por perto que denuncie a presença de vento, perguntar às crianças o que está fazendo com que esse elemento balance. Provavelmente, muitas responderão que o vento é o responsável. Perguntar, então, o que é o vento. Explicar que o vento é o ar em movimento e que, quando atinge velocidades muito altas, superiores a 100 km/h, recebe o nome de furacão. Retomar a fotografia do planeta Terra ou fazer um desenho na lousa, evidenciando a camada da atmosfera. Explicar que o ar é formado por diversos gases misturados, como o gás nitrogênio, o gás carbônico e o gás oxigênio.
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Comentar também que alguns gases presentes no ar são essenciais para os seres vivos, como o gás oxigênio, que é usado na respiração (nós o absorvemos por meio dos pulmões), e o gás carbônico, que é essencial para o processo de fotossíntese. No boxe Você sabia? da página 100, as informações sobre aquecimento global são apresentadas de maneira introdutória e simplificada. É possível que muitos alunos já tenham ouvido falar dos assuntos abordados nessa página; portanto, esse momento pode ser aproveitado para desfazer equívocos. Muitos alunos podem achar que o efeito estufa é um problema; na verdade, trata-se de um fenômeno natural em que a atmosfera retém parte do calor do Sol, o que possibilita manter o planeta aquecido e permite o desenvolvimento da vida tal como a conhecemos. Explicar que o problema reside na intensificação desse efeito. Atualmente, com o aumento da emissão de gás carbônico proveniente da queima dos combustíveis fósseis, o efeito estufa vem se intensificando, o que tem causado o chamado aquecimento global. É desejável que os alunos associem o uso dos combustíveis fósseis ao aumento da temperatura do planeta, porém, não pretendemos que compreendam todo o fenômeno, que será revisto em maior detalhe posteriormente na coleção.
Iniciando o estudo da água Para iniciar o estudo sobre o ciclo da água, levar para a sala de aula uma garrafa de água mineral. Colocar um pouco da água em copos descartáveis e pedir que os alunos a observem atentamente, descrevam sua cor, seu cheiro e seu sabor. Explicar que somente a água pura é incolor, inodora e insípida; a água que é usada para beber, mesmo limpa, têm outros componentes misturados (sais minerais, por exemplo), o que pode dar a ela odor, sabor ou mesmo cor característicos. Ler o rótulo da água mineral para que os alunos comprovem o que foi dito. Perguntar aos alunos que outras utilidades da água eles conhecem, além de servir para beber. Comentar que a água é necessária em quase todas as atividades humanas, como a manutenção da saúde pública, a agricultura e a nutrição. Recordar com os alunos os estados físicos da água, reforçando onde a água sólida, líquida e gasosa pode ser encontrada na natureza. Retomar as transformações de estado físico e dizer que, na natureza, a água muda constantemente de estado. Nesse momento, explorar o esquema do ciclo da água. Explicar que a neve e o granizo são água no estado sólido, formada apenas quando as temperaturas estão muito baixas. No site <http://objetoseducacionais2.mec. gov.br/handle/mec/10752>, (acesso em: maio 2014), há uma animação sobre o ciclo da água para apresentar aos alunos. A atividade da página 98 da seção Gente que faz! ajuda a reforçar as transformações de estado físico da água e do ciclo da água na natureza. A proposta trabalha, entre outras habilidades da investigação científica, a elaboração de uma conclusão a partir da análise da atividade e das questões propostas. Explicar à classe que tirar conclusões é o último passo de
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uma investigação científica: isso acontece quando interpretamos os dados de um experimento, de uma pesquisa ou, até mesmo, de uma leitura. Partimos do princípio de que as crianças conhecem o processo de evaporação da água. Ao executar a atividade, elas observarão que a água do copo vai “sumindo” ao longo do dia sem que ninguém a tenha bebido ou jogado fora. Espera-se que os alunos relacionem o que sabem ao fenômeno observado e que isso os leve à conclusão de que a água evaporou. A vaporização é a passagem do estado líquido para o estado gasoso. Ela pode acontecer de duas maneiras: §§evaporação, que é lenta e ocorre na superfície do líquido, sem a formação de bolhas (por exemplo, evaporação na superfície dos oceanos); §§ebulição, que é rápida, com agitação do líquido e formação de bolhas (por exemplo, fervura da água). A atividade a seguir pode ser feita também, ampliando o repertório da classe sobre evaporação de água. 1. C olocar a mesma quantidade de água (pouca) em três recipientes diferentes (um prato, uma garrafa e um copo) e deixá-los sob o Sol, perto de uma janela. 2. P erguntar aos alunos de que recipiente eles acham que a água evaporará mais rapidamente. Anotar as respostas (predições). guardar até que a água tenha evaporado totalmente de um dos recipien3. A tes (certamente a água do prato). Depois, explicar que quanto maior é a superfície da água exposta ao ar, mais rapidamente ela evapora. Isso está relacionado ao fato de a quantidade de água que evapora da superfície dos oceanos ser muito grande. Durante todo o ano, os alunos tiveram contato com ilustrações, seja no livro didático, seja em outros materiais. Essas ilustrações são uma forma de aplicar a arte à compreensão de conceitos e fenômenos. Usar a figura do ciclo da água da página 99 para mostrar aos alunos como as informações podem aparecer em um esquema. Comentar que um desenho pode auxiliar na compreensão de fenômenos. Além disso, informar que, se houver textos associados ao esquema, eles devem ser curtos e objetivos. Pedir aos alunos que expliquem oralmente o esquema do ciclo da água. Com o objetivo de aprimorar a capacidade descritiva dos alunos, sugerimos a apresentação de outro exemplo de processo de produção. Podem ser usados os vídeos da série “De onde vem?” do canal do MEC TV escola <http://tvescola.mec. gov.br/index.php?Itemid=98&option=com_zoo&view=category&alpha_char=d> (acesso em: maio 2014). Exibir o vídeo aos alunos, dizendo somente do que se trata. Depois, repetir a exibição, pedindo que eles prestem atenção nas etapas de produção do objeto. Ao final, solicitar que enumerem sequencialmente essas etapas de produção. Se julgar oportuno, elaborar um esquema sobre a produção do objeto, xerocá-lo e distribuí-lo aos alunos. Pedir a eles que escrevam uma pequena legenda descrevendo cada uma das etapas. No esquema, inserir apenas as principais etapas do processo, por exemplo, no caso de um lápis:
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1. plantação das sementes que crescem em viveiros; 2. plantação das mudas; 3. crescimento e colheita das árvores; 4. transporte das toras para a fábrica; 5. corte da madeira em pequenas tábuas, que passam por secagem e tingimento; 6. abertura de canaletas nas tabuinhas; 7. produção e corte das minas do tamanho do lápis; 8. colocação das minas nas tabuinhas; 9. colocação de outra tabuinha sobre as minas; 10. corte do conjunto formado pelas tabuinhas e pela mina no formato do lápis; 11. envernização e apontamento do lápis.
Iniciando o estudo do solo Ao iniciar o estudo do solo, trazer para a classe um recipiente cheio de areia, outro cheio de terra úmida de jardim e outro com pedrinhas. Deixar que os alunos observem e manuseiem (com luvas) os materiais, percebendo a cor, a textura e o cheiro. Perguntar a eles em que tipo de solo as pessoas costumam plantar e por que esse solo é melhor para o desenvolvimento das plantas. Permitir que os alunos discutam livremente. Depois, esclarecer que os solos mais escuros são ricos em matéria orgânica (húmus), o que é importante para o desenvolvimento dos vegetais, pois fornece nutrientes e retém uma quantidade adequada de água. Além disso, os solos humíferos garantem a respiração das raízes das plantas, pois os espaços entre suas partículas permitem a circulação do ar.
Examinando os componentes do solo Materiais §§Caneta
§§Luvas
§§Etiquetas
§§Pá de jardim
§§Folhas de jornal
§§Potes de margarina vazios
§§Lupa Procedimentos 1. Sair com os alunos para um passeio de exploração pelos arredores da escola e coletar pequenas amostras de solo, de diferentes locais. Usar luvas. 2. Colocar as amostras nos potes de margarina, identificando o local da coleta com a etiqueta. 3. Em classe, colocar o solo sobre o jornal e, com a lupa, examinar para tentar identificar seres vivos, restos de folhas e outros elementos. Fazer isso com um solo de cada vez. Anotar tudo o que for encontrado. 4. Por fim, tentar agrupar os solos por tipos, de acordo com categorias criadas pelos próprios alunos: umidade, presença de animais, cor etc.
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Explicar que há diferentes tipos de solo no Brasil e que, além do clima, o solo também influencia a agricultura de cada região. É por isso que tipos específicos de vegetais são cultivados em locais determinados do país, uma vez que os tipos de solo variam de uma região para outra. Pergunte aos alunos o que eles sabem sobre os vegetais cultivados na região em que vivem. Explorar o esquema da formação do solo. Além de reforçar a ideia de que a Terra e os elementos que a formam estão em constante transformação, o esquema permite compreender um fenômeno natural que não seria possível ser observado do início ao fim por uma pessoa, já que leva milhares de anos para acontecer. Durante a análise da fotografia do Cristo Redentor, na página 101, pedir aos alunos que pesquisem, no dicionário, outros significados para a palavra “desgaste”, além daqueles apresentados no glossário. Solicitar que empreguem essa palavra em uma frase para explicar a formação do solo (por exemplo: “O desgaste das rochas contribui para a formação do solo”). Depois, pedir que citem uma frase em que a palavra “desgaste” seja usada com outro sentido (por exemplo: “Esse trabalho tem me causado um grande desgaste!”) e perguntar em que sentido a palavra foi aplicada. A intenção é mostrar aos alunos que o significado da palavra está relacionado ao contexto em que é utilizada. De maneira geral, os textos dessa unidade progridem em complexidade, a medida que os alunos se habituam à leitura (própria ou realizada pelo professor). A compreensão de um texto depende, muitas vezes, das perguntas que nós mesmos nos fazemos durante a leitura. Um bom leitor sabe identificar suas lacunas e é capaz de preenchê-las voltando ao ponto onde encontrou dificuldades, por exemplo. Para os alunos das séries iniciais, é fundamental o auxílio do professor nesse processo, com a apresentação de questões que efetivamente os levem a compreender o que se lê. Podemos dividir as questões de compreensão em: 1. Q uestões imediatas, que são respondidas com uma primeira leitura do texto. Exemplo: O que é atmosfera? 2. Q uestões que exigem retornar ao texto e pensar sobre ele. Exemplo: Como ocorre o efeito estufa? 3. Q uestões que exigem o conhecimento prévio do aluno. Exemplo: Dos gases que compõem a atmosfera, quais são os gases de efeito estufa? uestões “pessoais”, que não exigem conhecimento prévio e são respondi4. Q das com opiniões e julgamentos. Exemplo: Que atitudes poderiam reduzir o aquecimento global? Ao longo da leitura, certificar-se de propor aos alunos questões de diferentes tipos, de modo a auxiliá-los na compreensão do texto. Na seção Rede de ideias, páginas 104 e 105, as atividades visam fazer uma junção entre a Ciência, a Língua Portuguesa e a Cultura popular brasileira. Muitos dos alunos talvez nunca tenham ouvido falar em Luiz Gonzaga, pois esse cantor e compositor não foi contemporâneo deles. Se possível, levar um CD com músicas desse artista e apresentar algumas delas aos alunos. Suge-
Interdisciplinaridade com as áreas de Língua Portuguesa e Arte.
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rimos a canção “Asa Branca”, uma das mais conhecidas. Comentar que Luiz Gonzaga, artista nordestino, ficou conhecido como “rei do baião”, sendo um dos responsáveis por divulgar esse ritmo musical pelo Brasil a partir da década de 1940. O baião utiliza instrumentos musicais como viola caipira, sanfona, triângulo, flauta doce e acordeom. Os temas empregados nesse estilo musical versam sobre o cotidiano dos nordestinos e das dificuldades presentes na vida dessas pessoas. Além disso, o baião recebe influência das modas de viola, da música caipira e de danças indígenas.
Interdisciplinaridade com a área de Geografia.
PARA SABER MAIS Mais informações sobre ero são podem ser encontradas no site: <http://noticias. ambientebrasil.com.br/clip ping/2008/03/29/37257degradacao-do-solo-e-asconsequencias-da-erosaoac e l e rad a - p e l o - home m . html> (acesso em: mar. 2014).
Esse tema também permite fazer um intercâmbio com a disciplina de Geografia. Ao tratar da erosão, explicar aos alunos que ela é um fenômeno natural e essencial para a formação dos solos, por exemplo. No entanto, o ser humano pode intensificar esse processo e, quando isso acontece, a natureza é prejudicada. Orientar os alunos na pesquisa complementar sugerida a seguir. É importante que eles percebam que a preservação da vegetação nativa de um lugar é essencial para a conservação do solo. Como o ser humano depende desse recurso natural para sua sobrevivência, é seu dever usá-lo de forma consciente e sustentável; com isso, as gerações futuras também poderão usufruir dele.
A erosão do solo é a perda de partículas desse recurso natural, causada principalmente pelo vento e pela água. O ser humano pode agravar esse processo ao retirar a cobertura vegetal para práticas agropecuárias, industrialização, mineração e urbanização. Dessa forma, os solos são degradados, perdendo a parte superficial que normalmente é a mais fértil. A erosão pode acarretar a desertificação e a arenização do solo, processos que transformam áreas agricultáveis em regiões não produtivas. As enxurradas, por exemplo, carreiam as partículas mais finas (silte e argila) do solo, deixando apenas grãos de areia, o que não favorece o crescimento de vegetação. A erosão do solo também pode levar ao assoreamento, que é o acúmulo de materiais – carreados por agentes erosivos, como a água e o vento – em rios, lagos, córregos e açudes. O assoreamento pode chegar a impedir o curso de rios e córregos e prejudicar o equilíbrio da vida aquática nesses locais. A erosão pode ser evitada por meio da preservação da cobertura vegetal. Os agricultores podem empregar práticas agrícolas adequadas, como o plantio em nível e a rotação de culturas. A manutenção da mata ciliar – isto é, aquela que margeia os cursos d’água – ajuda a evitar o assoreamento. É possível que os alunos que não residam na região Nordeste do Brasil não conheçam alguns termos presentes na letra da música, como macaxeira, jerimum ou feijão‑de‑corda. Perguntar a eles quais palavras desconhecem e ajudá‑los a procurar os sinônimos dessas palavras no dicionário. Nesse momento, também é possível ensinar aos alunos que o dicionário, além de conter os significados, traz a escrita correta das palavras. Por exemplo, se os alunos tiverem dúvida sobre escrever a palavra jerimum (se com “g” ou com “j”), podem procurá-la no dicionário e verificar sua grafia.
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UNIDADE 8
Nós e o planeta
páginas 106 a 119
Essa unidade procura mostrar o papel que o ser humano desempenha como modificador do ambiente onde vive. Relembrar com a turma o conceito de recursos naturais e sua importância para o desenvolvimento da sociedade humana. O hábitat é um dos conceitos centrais da ecologia. Trabalhar com a classe o significado da palavra hábitat. Pedir aos alunos que encontrem seu significado no dicionário. Conversar sobre o termo e pedir aos alunos que elaborem uma definição. Em seguida, no topo de uma folha de cartolina, escrever a definição de hábitat e colar, no restante da página, fotografias de alguns animais brasileiros, como tamanduá-bandeira, pirarucu, mico‑leão‑dourado, arara-azul, onça-pintada, entre outros. Escrever o nome de cada animal abaixo da respectiva fotografia e pedir aos alunos que pesquisem o hábitat de cada ser vivo apresentado. Sugerimos que, em algum momento do trabalho com essa unidade, seja trazido para a classe um jornal do dia. Em grupos, os alunos deverão recortar todas as fotografias de paisagens que encontrarem. Depois, deverão analisar juntos cada imagem, observando se há muita ou pouca interferência humana na paisagem. Comentar com a classe que todos os seres vivos são responsáveis por transformar a paisagem da Terra. Citar, como exemplos, animais que fazem tocas no solo (certas espécies de coelhos, tatus, corujas, roedores etc.) e aqueles que usam árvores ou galhos para construir abrigos e ninhos (certos tipos de aves e castores). Ressaltar, porém, que nenhum ser vivo é capaz de transformar o ambiente na mesma proporção que o ser humano. Um dos adventos que mais contribuiu para que o ser humano ocupasse os diferentes ambientes da Terra foram os meios de transporte. Primeiro utilizando os animais, e depois charretes, embarcações, carros e aviões, as pessoas alcançaram os mais inóspitos lugares. O tema do transporte, tão falado atualmente, foi escolhido para abrir a unidade. Amsterdam é uma cidade famosa pela quantidade de bicicletas nas ruas. Diversas cidades brasileiras também elegem a bicicleta como meio importante de transporte urbano; conversar com a turma para ver se esse é o caso da sua cidade e da realidade dos seus alunos e familiares. Estimular os alunos a conversar com pessoas mais velhas sobre as mudanças que aconteceram no bairro ou na cidade onde moram. Informar aos alunos que, atualmente, há poucos lugares na Terra intocados pelo ser humano. Isso significa que na maioria dos lugares do planeta há pessoas; consequentemente, esses lugares devem apresentar interferências humanas. É interessante contar aos alunos um pouco sobre a história do Brasil no tempo em que os portugueses chegaram aqui: no país havia inúmeros povos indíge-
Interdisciplinaridade com a área de História.
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nas, porém, a paisagem ainda era pouco modificada. Os portugueses ficaram admirados com a exuberância das florestas brasileiras e relataram tudo o que viram, por carta e por desenhos, às autoridades que ficaram em Portugal. No site <http://revistaescola.abril.com.br/fundamental-2/carta-pero-vaz-caminha-como-interpretar-nosso-primeiro-documento-702761.shtml> (acesso em: maio 2014), é possível ver uma proposta de atividade que analisa trechos da carta que Pero Vaz de Caminha escreveu ao rei de Portugal, descrevendo a paisagem da região onde sua tripulação atracou pela primeira vez aqui no Brasil: a região de Mata Atlântica. Comentar com os alunos que a ocupação do país pelos europeus não teve apenas impactos negativos sobre os indígenas e a natureza brasileira. Portugueses, italianos, alemães, holandeses e espanhóis – além de outros povos que não os europeus, como os africanos, os asiáticos e os americanos – contribuíram significativamente para a construção da cultura brasileira, influenciando áreas como a culinária, a música e a religião. Comentar que a população brasileira é caracterizada pela miscigenação dos povos. A seguir, um trecho sobre a importância do resgate do passado para o processo de educação.
Hobsbawm (1998) enfatiza a necessidade de buscarmos no passado as lições para o futuro. Com esta dimensão aceno para algumas perspectivas que podem ser trazidas para a sala de aula. Podemos mostrar que, quando nossas alunas e nossos alunos nasceram, o fato de serem meninas ou meninos, talvez, não fosse mais uma surpresa para aqueles que os esperavam... Mas quando os pais deles nasceram, os avós só ficaram sabendo o sexo do filho ou da filha no dia do nascimento... A partir de quando e como tudo isso aconteceu? Quais as modificações que a Ciência determinou com o tirar a surpresa dos nascimentos nos comportamentos sociais? Aqui estão algumas direções de como professores e professoras podem ser pesquisadores da realidade em que atuam. Amplio minha proposta: façamos de nossas alunas e de nossos alunos pesquisadores: que esses perguntem para os pais ou para os avós como era o mundo em que eles viveram quando tinham a idade deles. CHASSOT, A. Alfabetização científica: questões e desafios para a educação. 4. ed. Ijuí: Editora Unijuí, 2006. p. 175-176. (Coleção Educação em Química).
O estudo do uso racional dos recursos naturais é central na educação ambiental. Desde cedo, qualquer criança pode aprender atitudes práticas que, somadas ao conhecimento técnico, contribuirão para torná-la um cidadão responsável. Uma sugestão é providenciar, no início do ano letivo, uma caixa de papelão para guardar sucata, que poderá ser útil para diversas atividades. Estimular os alunos a abastecer a caixa com embalagens, papéis e outros materiais. Antes de ler o significado da palavra reciclagem, pedir aos alunos que digam o que essa palavra significa. É provável que muitos deles já tenham
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algum conhecimento sobre o termo ou reconheçam a importância do processo de reciclagem para a preservação do ambiente. Permitir que os alunos conversem livremente e exponham suas ideias. Depois, ler com eles o texto e o significado da palavra destacada no glossário da página 111. O tema da reciclagem (e outras formas de diminuir a produção de lixo) será apresentado de maneira mais aprofundada nos outros volumes da coleção. Entretanto, esse é um assunto que pode ser abordado a qualquer momento. Se achar oportuno, fazer a atividade a seguir em classe:
Preservação Materiais • Canetinhas coloridas • Cartolina azul • Cola branca • Fita-crepe • Régua • Tesoura com ponta arredondada, recortes de revistas contendo ilustrações de itens recicláveis, como vidro, papel, alumínio, plástico e alimentos Passo a passo feito pelo educador Disponha uma folha de cartolina na horizontal e divida-a em 5 colunas de 13,5 cm cada. Em seguida, faça 2 linhas: uma a 5 cm da extremidade superior e outra a 10 cm. Na segunda, escreva os termos “plástico”, “papel”, “metal”, “vidro” e “resíduos orgânicos”, porém cada um com a cor que o represente (azul, o papel; vermelho, o plástico; verde, o vidro; amarelo, o metal; e marrom, os resíduos orgânicos).
Colocando em prática Discuta sobre o meio ambiente e as questões ambientais com os alunos. Fale sobre as diversas campanhas de preservação existentes e explique que cada um pode fazer a sua parte na hora de ajudar a conservar a natureza, como separar o lixo para ser reciclado. Promova discussões sobre o assunto e peça para as crianças trazerem, na próxima aula, recortes de jornais e revistas de materiais que podem ser reciclados, como figuras de potes de plástico, garrafas de vidro, latas de refrigerante e alimentos. No dia da dinâmica, mostre o cartaz feito por você anteriormente e explique que os itens recicláveis são divididos por grupos de materiais (vidro, papel, metal...) e que cada grupo tem uma cor específica. O azul, por exemplo, representa o papel, enquanto o verde, o vidro. Fixe o cartaz na parede e peça para os alunos colarem as figuras que trouxeram de casa em cada coluna correspondente. HOUCH, P. R.; A. CALMON. Projetos Escolares: Educação Infantil. São Paulo: Nova Leitura, 2006. p. 99-100.
Outro tema fundamental da ecologia é a preservação dos recursos naturais do planeta. A seção Gente que faz!, nas páginas 112 e 113, oferece ferramentas para que os alunos reconheçam a importância da água para a vida das pessoas. Esse recurso natural é imprescindível para a vida. Se a sugestão de elaborar minicartazes descrita na unidade anterior deste manual tiver sido aproveitada, rever com os alunos o que eles escreveram sobre a água. Perguntar a eles quais atitudes poderiam ajudar a preservar esse recurso natural. A troca de informações entre os alunos é uma maneira eficiente de aprendizagem. Perguntar, por exemplo, quais das atitudes citadas pela classe eles costumam fazer em casa. Compartilhar também as informações do texto a seguir, que fornece mais dados sobre a água.
PARA SABER MAIS PARR. T. O livro do Planeta Terra. São Paulo: Panda Books, 2010. Para os alunos: gestos simples como não usar sacolas plásticas, reciclar o lixo, economizar água, não poluir o ar, apagar as luzes e não desperdiçar alimentos são fundamentais para manter um planeta sustentável.
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Espelho d’água A superfície da Terra é dominada, em 75%, pelas águas. Os 25% restantes são terras emersas, ou seja, acima da água. Tamanha abundância de água cria condições essenciais para a vida e mantém o equilíbrio da natureza. Quem pensa que tanta água está disponível para o consumo humano está enganado, pois somente 2,7% é de água doce e grande parte está congelada ou embaixo da superfície do solo. A água de fácil acesso, dos rios, lagos e represas, representa muito pouco do total de água doce disponível. Mas água doce também não significa água potável. Para isso a água precisa ser de boa qualidade, estar livre de contaminação e de qualquer substância tóxica. Acredita-se que menos de 1% de toda a água doce do Planeta está em condições potáveis. [...] O problema se agrava, quando a quantidade de água doce, de que também necessita a própria
natureza, tem múltiplos usos, sendo utilizada, ao mesmo tempo, por todos os habitantes do planeta e muitas vezes de forma pouco sustentável. Só a agricultura consome 70% da água doce mundial. A irrigação sem tecnologia gera grandes desperdícios e, considerando-se a pecuária, os pastos e a água para os rebanhos, o consumo é ainda maior. Essas atividades, juntas, também geram outros impactos, como a remoção de grandes áreas de vegetação e das matas ciliares, que protegem os rios e o solo, e causam a poluição das águas pelo despejo dos agrotóxicos. Estaríamos em melhor situação, se houvesse bom uso e boa gestão dos recursos hídricos. Afinal, o pior hábito é o desperdício e o desconhecimento. Muitos ainda pensam: “Tem muita água, então, para que economizar?” VIEIRA, A. R.; COSTA L.; BARRETO, S. R. Cadernos de Educação Ambiental Água para Vida, Água para Todos: Livro das águas. Brasília: WWF-Brasil, 2006. Disponível em: <http://cadernoaguas. wwf.org.br/index.php?cap=1&pag=1&est=3>. Acesso em: fev. 2011.
Em diversos momentos da vida escolar, os alunos serão solicitados a argumentar (como na questão 3 da seção Gente que faz! (página 113), em que eles devem convencer outra pessoa a não desperdiçar água. Sugerimos aproveitar a oportunidade para começar a apresentar a ideia de uma boa argumentação científica: ela deve ser baseada em fatos (por exemplo: a água doce é um recurso muito raro no planeta, por isso devemos usar com consciência) e não com base em opiniõs subjetivas e ligadas a preferências ou emoções (por exemplo: eu gosto da água, a água é boa). Apresentar esses referenciais aos alunos desde cedo os ajuda a construir argumentações melhores no futuro. Complementando o conteúdo sobre economia de água, a atividade a seguir pode ser feita com classes de diferentes níveis, com as devidas adaptações.
Qual é a sua gota de contribuição? O nosso desafio Diante dos graves problemas ambientais que o mundo hoje enfrenta, o esforço individual pode parecer sem importância, mas, unido ao de um grupo, torna-se significativo. Atitudes, como a do beija-flor da famosa fábula utilizada pelo sociólogo Herbert de Souza para explicar o conceito de solida-
riedade, ilustram esta verdade. Betinho tornou-se símbolo do trabalho incansável pela mobilização e cidadania. Como ele, milhões de beija-flores, levando minúsculas gotas, jamais conseguiriam apagar totalmente o incêndio. Entretanto, a maior gota de contribuição deste pequeno animal e de Betinho é servir de exemplo para mobilizar outras pessoas a fazerem o mesmo.
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Do que precisaremos Folhas de papel branco ou reutilizado, lápis de cor, fita adesiva, cola, tesoura.
Agrupando as gotas Agruparemos as gotas que representem:
Por onde começar A ideia é confeccionar um painel com folhas de papel, cujo tamanho irá variar de acordo com o espaço da exposição. Como fundo do painel, desenharemos o planeta Terra. Faremos um molde em formato de gota d’água e vamos reproduzi-lo quantas vezes for necessário para atingir todos os participantes.
b) desenhos
Como proceder Debatendo a questão O local de exposição do painel pode ser uma escola, um shopping, um salão da igreja, a sede de uma associação, entre outros. Debateremos sobre a condição da água: Como está a situação da água em nossa escola? Em nosso bairro? Em nosso município? Em nossa região? No país? No mundo? [...] Pediremos que cada um pense na sua atitude diante das situações expostas. Qual o sentimento que gostaria de transmitir sobre a água: uma frase, uma música, um desenho, uma palavra? Como contribuir para mudar a situação? Qual a sua gota de contribuição? Distribuiremos, para cada participante, uma gota de papel. Cada um representa a sua ideia dentro da gota, colocando seu nome e, se quiser, a sua idade. Informações, ações práticas, trechos de poemas e músicas, desenhos e outras representações são bem-vindas para melhorar a condição da água em nossa região e no Planeta. Alguns exemplos de gotas que podem aparecer no painel: Montando o painel Cada participante cola a sua gota no painel. Pode-se imaginar também outros formatos como uma fonte, um canteiro, um jardim, onde as gotas d’água irão “cair”. Se o painel ficar exposto durante uma semana, os participantes e outras pessoas poderão colar mais gotas com novas ideias. Todas as gotas, juntas, formarão uma chuva de contribuições. Analisaremos o conteúdo do painel.
a) sentimentos c) frases informativas d) ações práticas Formaremos novas nuvens de gotas semelhantes. As gotas isoladas representarão pessoas tentando chamar a atenção sobre a água de um jeito diferente. Selecionando e divulgando as mensagens A partir da análise das nuvens e das gotas isoladas, os grupos programam atividades para divulgar o que foi produzido. Das gotas de ações, quais podem se transformar em atitudes práticas? Das gotas de informações, quais podem chamar a atenção das pessoas e sensibilizar sobre o tema? Das gotas de sentimentos, quais podem ser trabalhadas em atividades artísticas com a comunidade? Os grupos decidirão as formas de atuação e divulgação, como folhetos, cartazes, fotografias, letras de música, carta contendo um resumo do painel, um livro feito artesanalmente, entre outras. Descrever como o processo aconteceu e quem foram os colaboradores, com nomes e idades. Exemplo de cartaz: “Em 1 minuto de banho, podemos gastar cerca de 3 a 6 litros de água: Diminuindo 1 minuto do banho, você pode economizar até 5 litros de água. Imagine se todos os moradores do Município fizerem o mesmo!”. Mãos à obra É hora de agir. O primeiro passo será planejar como colocar em prática as formas de divulgação e quem serão seus responsáveis. Em seguida, pensar como monitorar a divulgação dos produtos criados que contribuirão para mudar a realidade local. Caso isso aconteça, cada gota se transformará numa grande multiplicadora de ideias. [...] Para ir mais além • Convidar representantes de instituições potenciais para conhecer o painel a fim de atraí-los para a causa e torná-los parceiros. Estender o convite para a participação no Plano de Ação.
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• Uma exposição itinerante do painel, em diversos locais, pode contribuir para um novo olhar sobre o tema no espaço comunitário. Como trabalhar em nossa comunidade A atividade tem o propósito de contribuir, de forma participativa, para a leitura das pessoas sobre sua realidade local e como podem interagir para mudar o que for necessário. O objetivo é envolver
as pessoas em todas as fases. Nosso primeiro passo será adaptar a atividade à realidade cultural da região, observando as dificuldades de leitura e escrita. As contribuições das gotas podem vir, sob a forma oral, transcritas em textos por voluntários e outros participantes da comunidade. VIEIRA. A. R.; COSTA L.; BARRETO, S. R. Cadernos de Educação Ambiental Água para Vida, Água para Todos: Guia de Atividades. Brasília: WWF-Brasil, 2006. p. 46-47.
PARA SABER MAIS No site <www.tvcultura.com.br/aloescola/ciencias/agua-bemlimitado/agua-bemlimitado2.htm> (acesso em: fev. 2011), há informações sobre o uso racional da água, além de tratar do reúso desse recurso natural.
Pelo fato de a ecologia ser um assunto muito em voga, ela é tema de diversos produtos culturais, como filmes, documentários, charges e quadrinhos. Na página 115 da seção Atividades, a questão 3 traz mais um exemplo de tirinha, em uma situação caricaturada, ou seja, que retrata com exagero e sátira uma cena ou característica pessoal para comunicar uma ideia, um fato ou fazer uma crítica a algo. Muitos quadrinistas e desenhistas produzem material com alguma intenção política ou crítica relacionada a questões da atualidade – no exemplo dado no livro, a tirinha aborda a questão da seca nordestina, levando o leitor a refletir sobre ela enquanto interpreta a fala e a imagem. Comentar com a turma que, além do texto, existem muitas outras formas de comunicação usadas para transmitir mensagens, como figuras, esquemas, charges e gráficos. Incentivar os alunos a observar com atenção a tirinha e a criar desenhos que transmitam, de maneira criativa, a informação solicitada. Valorizar as produções da classe expondo-as na escola, para que outros alunos as vejam.
Interdisciplinaridade com a área de Matemática.
Seguindo com o tema da comunicação relacionada aos cuidados com o planeta, indicamos a atividade a seguir. Ela propõe o uso de elementos da Matemática e do cotidiano para relacionar informações: dados matemáticos atestam a eficiência de um dispositivo que visa à economia de água (caixa de vaso sanitário econômico), fato que deve ser valorizado na produção de um material publicitário pelos alunos. Conversar com os alunos sobre a importância da Matemática na resolução de problemas do dia a dia. Fazer, na classe, uma pesquisa para saber de que tipo é o vaso sanitário na casa dos alunos: comum (válvula) ou econômico (com caixa acoplada). Organizar os dados na lousa, dando mais um exemplo de como organizar as informações em uma tabela. Ressaltar que as tabelas ajudam a organizar as informações de uma pesquisa (os dados) e a deixá-las mais evidentes e facilmente localizáveis.
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Alex Silva
Leia a propaganda e responda às questões.
§§Em uma casa com quatro pessoas, a descarga sanitária é usada aproximadamente 16 vezes por dia. a) Em um dia, quantos litros de água a família gastaria usando o vaso sanitário comum? Resposta: 480 litros de água. b) Em um dia, quantos litros de água a família gastaria usando o vaso sanitário econômico? Resposta: 96 litros de água. c) Complete a tabela com os valores encontrados nas questões anteriores. Gasto de água na descarga (considerando uma família de quatro pessoas) Vaso sanitário comum
Vaso sanitário econômico
(Resposta: 480 litros)
(Resposta: 96 litros)
Quantidade de litros de água por dia
d) Quantos litros de água a família economizaria por dia se substituísse o vaso sanitário comum pelo vaso sanitário econômico? Resposta: 384 litros de água por dia. Inicialmente, auxiliar os alunos nos cálculos matemáticos, que podem ser feitos da maneira que eles acharem mais conveniente. Para responder ao item a, por exemplo, eles podem somar 16 vezes a quantidade de água gasta por cada vaso sanitário, ou fazer a multiplicação do número de litros de água gastos em cada vaso pelo número de vezes em que a descarga é acionada. O importante é que a turma chegue à conclusão de como encontrar o resultado esperado. Você pode auxiliá-los com números menores, fazendo questões como: “Se o vaso sanitário gasta 6 litros de água a cada descarga, quanto gastaria em duas descargas? E em três? E em quatro? Que contas vocês estão fazendo para chegar a esses resultados? E para descobrir quanto o vaso gasta
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de água em 16 descargas? Que conta poderíamos fazer? Há somente esse cálculo ou há outros?” Se julgar conveniente, os alunos também podem usar a calculadora para efetuar as contas. Depois de dispor os cálculos na tabela, os alunos podem perceber mais claramente o objetivo da questão: descobrir que o vaso sanitário econômico é, de fato, o que gasta menos água. Para saber quantos litros a família economizaria se usasse o vaso sanitário econômico, os alunos precisarão fazer uma subtração; orientá-los de forma que percebam o cálculo e o efetuem como acharem melhor. Novamente, a calculadora poderá auxiliar o trabalho. Com o valor da economia de água em mãos, solicitamos um trabalho de valorização: criar uma propaganda para o produto. Atualmente, há diversos anúncios publicitários que se apoiam na questão ambiental para vender mercadorias diversas, mencionando, por exemplo, que os produtos economizam energia ou que são feitos com material reciclado ou reciclável. Sugerimos fortemente que os alunos tenham contato com anúncios desse tipo antes que produzam os próprios, analisando criticamente a linguagem e os termos utilizados. Se possível, trazer revistas, jornais e folhetos que tenham propagandas de materiais de construção. Certamente alguns alunos usarão os números dos cálculos encontrados nos realizados, embora isso não precise ser explicitamente pedido. Valorizar a atitude dos grupos que fizerem essa abordagem, pois usaram argumentos baseados em fatos concretos.
Refletindo sobre o consumismo Outro tema relevante nos cuidados com o ambiente é o consumismo exagerado. O tema da seção Rede de ideias, nas páginas 116 e 117, é bastante relevante. Nos dias de hoje, cada vez mais cedo as crianças estão tendo acesso a telefones celulares. Aquelas que têm mais condições financeiras não hesitam em pedir aos pais modelos novos, mais equipados e com mais funções a cada lançamento. Para onde vão, então, os aparelhos antigos? Qual é a verdadeira motivação que leva as pessoas a trocar de telefone celular com tanta frequência? Lance essas perguntas para a turma; você pode se surpreender com o raciocínio e o alcance das respostas.
Interdisciplinaridade com a área de Matemática.
Ainda nessa seção, a Matemática se faz presente na forma de um gráfico simples que apresenta os dados em forma de barras. Auxilie a turma a interpretar o gráfico, com questões como: Vamos ler o título do gráfico?; O que ele nos diz?; Que dado podemos obter ao olhar para a primeira barra?; E para a segunda?; O que são os números na barra vertical do gráfico? Se a primeira barra chega até o número 7, que valor isso representa? A atividade final da seção Rede de ideias propõe a criação de uma “propaganda ao contrário”. Sugerimos que os alunos pesquisem propagandas verdadeiras de telefones celulares, em jornais, revistas, panfletos e na internet, para que tenham alguma familiaridade com a linguagem, tipo de texto, imagens e vocabulário delas. A partir daí, podem decidir de que maneira farão a propaganda ao contrário. O trabalho pode ser único para a classe, ou feito em
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grupos, em que cada grupo escolha um formato de propaganda. Como os alunos são muito novos, auxilie-os a organizar a divisão das tarefas, a coleta dos materiais necessários e as etapas do trabalho que farão com que concluam a tarefa. O resultado da atividade pode ser apresentado para outras turmas, valorizando a produção da classe. Seguindo com o tema do consumismo, desde muito cedo sabemos que nossas crianças são induzidas a consumir. Há, no mercado, muitos produtos direcionados a elas. O consumo consciente faz parte da formação de cidadãos que valorizam o ambiente e a preservação do planeta. Conversar sobre consumo consciente sempre que possível, levando os alunos a refletir sobre suas reais necessidades e sobre o desperdício. Uma sugestão de atividade é organizar, com a classe, uma campanha de doação de brinquedos, livros, alimentos ou roupas para crianças carentes. O tema consumo consciente continua a ser trabalhado nas páginas 118 e 119 da seção Qual é a pegada?: os alunos são levados a fazer uma reflexão sobre como (e com o quê) brincam. Nessa seção, eles são convidados a produzir um texto coletivo, com regras sobre uma brincadeira. Incentivar os alunos a trocar os textos previamente entre si, avaliar o texto do colega e dar e receber sugestões. Esse tipo de trabalho auxilia na Produção de texto. É importante também que os alunos reflitam sobre para quem estão escrevendo, ou seja, quem é(são) a(s) pessoa(s) que lerá(ão) os cartazes. Explicar que, quando escrevemos, é importante saber a quem nosso texto se destina, assim podemos adequá-lo ao público-alvo.
PARA SABER MAIS Recomendamos a leitura do texto acima na íntegra, disponível para download no site: <www.unimep.br/phpg/editora/revistaspdf/imp44art09.pdf> (acesso em: maio 2014).
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Planilha de avaliação individual 2o ano
Nome do(a) aluno(a): Ano: C: consolidou o objetivo
Professor(a): PA: em processo de apropriação
NO: necessita de novas oportunidades de apropriação
1o bimestre – Unidades 1 e 2
C
PA
NO
C
PA
NO
Objetivos de aprendizagem ■■
Diferenciar seres vivos e elementos não vivos.
■■
Conhecer as etapas do ciclo vital dos seres vivos.
■■
Identificar algumas adaptações dos seres vivos ao ambiente em que vivem.
■■
Conhecer algumas características dos animais, como hábitat, forma de locomoção e cobertura do corpo.
■■
Diferenciar animais herbívoros, carnívoros e onívoros.
■■
Diferenciar animais ovíparos e vivíparos.
■■
Saber que no passado havia animais que, hoje, estão extintos.
■■
Valorizar os cuidados com o ambiente como forma de preservação da vida.
■■
Reconhecer a função do microscópio nos procedimentos do trabalho científico.
■■
Valorizar a pesquisa como importante instrumento de aprendizagem.
■■
Valorizar a formação de questões como ponto de partida para o trabalho de investigação.
2o bimestre – Unidades 3 e 4 Objetivos de aprendizagem ■■
Reconhecer os vegetais como seres vivos.
■■
Conhecer algumas utilidades das plantas para outros seres vivos.
■■
Identificar as principais partes externas que compõem um vegetal.
■■
Saber que as plantas precisam da luz para produzir alimento.
■■
Compreender que as plantas precisam de gás oxigênio para sua respiração.
■■
Reconhecer a semente como estrutura de reprodução de muitos vegetais.
■■
Reconhecer o ser como um animal com capacidade de raciocinar e modificar o ambiente.
■■
Identificar algumas funções e necessidades básicas do organismo humano.
■■
■■
■■
Saber que os seres humanos são gerados no útero da mãe e se desenvolvem física e mentalmente ao longo da vida. Reconhecer a importância de escrever instruções (procedimentos) claras, que outras pessoas possam seguir para concluir algum roteiro ou experimento. Valorizar a cultura humana e reconhecer que a educação pode se dar de outras maneiras além da escolar.
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3o bimestre – Unidades 5 e 6
C
PA
NO
C
PA
NO
Objetivos de aprendizagem ■■
Saber que o corpo humano possui formas de se defender contra agentes causadores de doenças.
■■
Conhecer algumas formas de transmissão e de prevenção de doenças.
■■
Reconhecer a importância da vacinação para a manutenção da saúde.
■■
■■
■■
Relacionar a falta de higiene e a presença de microrganismos patogênicos com a maior chance de ocorrência de doenças. Conhecer algumas formas de prevenção de acidentes. Compreender que a alimentação adequada e os hábitos saudáveis de nutrição são importantes para a manutenção da saúde.
■■
Saber o que é dengue e conhecer algumas forma de prevenção.
■■
Reconhecer algumas propriedades dos materiais e saber algumas características da matéria.
■■
Identificar matéria em estado sólido, líquido e gasoso.
■■
Conhecer algumas formas de energia.
■■
Saber que a temperatura pode influenciar as mudanças de estado físico da matéria.
■■
Compreender que as balanças são instrumentos utilizados para medir a massa dos objetos.
■■
Relacionar a energia à realização de tarefas e ao funcionamento de aparelhos.
■■
■■
■■
Usar dados numéricos simples e organizá-los adequadamente para comparar e descrever objetos e eventos. Saber que no trabalho científico antecipam-se alguns resultados de eventos tendo como base experiências ou padrões anteriores, isto é, soa feitas predições. Reconhecer que diversos equipamentos utilizados nos procedimentos científicos (como microscópios, balanças e termômetros) fornecem mais informações a respeito de objetos ou eventos do que aquelas que podem ser obtidas apenas como nossos órgãos dos sentidos.
4o bimestre – Unidades 7 e 8 Objetivos de aprendizagem ■■
Identificar as camadas líquida, sólida e gasosa que formam a Terra.
■■
Perceber que o planeta é dinâmico e sofreu (e ainda sofre) transformações em sua estrutura.
■■
Reconhecer que a água faz parte do planeta e está presente em seus diferentes estados físicos.
■■
Conhecer as principais etapas do ciclo da água.
■■
Compreender que o solo é formado a partir de rochas.
■■
Reconhecer o solo fértil como adequado ao cultivo das plantas.
■■
Compreender que o ar atmosférico é uma mistura de gases.
■■
Conhecer algumas funções da atmosfera.
■■
■■
■■
■■
■■
■■
■■
Relacionar o aumento da quantidade de gás carbônico na atmosfera ao aquecimento do planeta. Compreender que o ser humano é capaz de adaptar-se a quase todos os ambientes da Terra. Reconhecer que os seres humanos, muito mais que os demais seres vivos, modificam o ambiente onde vivem. Saber o que são recursos naturais e que os seres humanos dependem deles para sobreviver. Reconhecer a importância do uso racional dos materiais e recursos do dia a dia como forma de conservar os recursos naturais. Perceber que a Matemática é uma ferramenta para resolução de problemas em diversas áreas do conhecimento. Entender que, em uma investigação, conclusão é aquilo que se tira de uma análise de resultados ou observações.
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Planilha de autoavaliação 2o ano
Nome do(a) aluno(a): Ano:
Professor(a):
C: consolidei o objetivo PA: estou em processo de apropriação NO: necessito de novas oportunidades de apropriação
Durante as aulas ■■
Leio os textos e peço ajuda para entender quando preciso.
■■
Faço as atividades de acordo com as orientações do professor e peço ajuda quando preciso.
■■
Evito conversar durante as explicações do professor e quando meus colegas estão trabalhando.
■■
Participo das aulas com perguntas e comentários.
Quanto à organização ■■
Mantenho meu material organizado.
■■
Conservo meus livros e cadernos, cuidando deles para que durem bastante.
■■
Mantenho a limpeza da classe e da escola.
Trabalhos em grupo ■■
Participo e divido as tarefas com os colegas nas atividades em grupo.
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Peço ajuda dos colegas quando preciso.
■■
Ouço com atenção opiniões e sugestões diferentes das minhas, mesmo que eu não concorde.
Atitude geral ■■
Faço as tarefas solicitadas para serem realizadas em casa.
■■
Reconheço quando erro e procuro corrigir o erro.
■■
Procuro conversar para resolver problemas com meus colegas e com o professor.
Investigação ■■
Uso com cuidado os materiais e equipamentos nas aulas práticas.
■■
Presto atenção nas orientações do professor.
■■
Registro os resultados das atividades de forma detalhada.
C
PA
NO
C
PA
NO
C
PA
NO
C
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NO
C
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