Sound #21

EDIÇÃO #20 | MAIO 2021 | GRATUITA

SOUND

DEBAIXO D’OLHO VEENHO

ENTREVISTA FILIPE KARLSSON

A CONTA PALHETAS

SOUNDSCOUT EDIÇÃO DE JUNHO

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Guimarães

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índice

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junho 2021

sound #21

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Editorial

Poster Sango

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Debaixo D’Olho Quase Nicolau

Quiz Música Portuguesa

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Entrevista Austin Weber

A Conta Palhetas

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editorial

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junho 2021 Ficha técnica: Diretores:Filipe Carvalho, João Lemos e Pedro Carvalho Chefes de redação: Filipe Carvalho Redação: Filipe Carvalho, André Morais, Beatriz Pequeno Marketing: João Lemos Web development: João Lemos Designer gráfico: João Lemos, Luís Lopes Revisores: Matilde Secca Oliveira Agradecimentos: Beatriz Pequeno, Ivânia Pessoa, Austin Weber, Quase Nicolau, Luís Lopes Créditos: Beatriz Pequeno, Ivânia Pessoa, Austin

Weber, Quase Nicolau, Lance Oppenheim, King Gizzard & the Lizard Wizard, Wolf Alice, Japanese Breakfast

Em todas as imagens reproduzidas pela revista e/ou respectivo site, foram respeitados os seus devidos diretos de autor e devidamente referenciados na ficha técnica. Desta forma, não pretendemos infligir quaisquer danos aos seus respectivos autores, colocando sempre em evidência a sua justa e respeitada utilização. A SOUNDSCOUT apenas as utiliza de forma livre e referenciada não obtendo quaisquer lucros pela sua utilização.

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C

hegamos à vigésima primeira edição, segunda parte de uma espécie de regresso à “nova normalidade”, se é assim que o podemos chamar. Não se preocupem, aqui o público pode entrar à vontade e não precisam de fazer teste nenhum.

Uma vez mais, o poster é feito pela Ivânia Pessoa e desta vez, o tema escolhido é o álbum De Mim Pra Você do produtor Sango. Numa mudança de estilo, o “Debaixo d’Olho”, espaço dedicado à divulgação daquilo que há de bom na scene portuguesa, traz Quase Nicolau, mais uma banda lisboeta que criou a sua própria “imagem de marca”.

A entrevista, este mês, tem um sentimento especial.

A SOUND viaja virtualmente (uma coisa habitual por estes dias) para os Estados Unidos da América, mais precisamente Nova Iorque, para entrevistar Austin Weber, numa conversa que deu para falar sobre quase tudo, até ciclismo em Portugal.

Mais uma vez, o Quiz retorna, desta vez e finalmente totalmente português. Continuo a relembrar para não se preocuparem com pontuação porque mesmo que falhem todas, nós não fazemos as contas.

“A Conta Palhetas” também regressa para mais uma edição. Desta vez o assunto são os pedais e não, não são os da bicicleta.

Para terminar: esperamos que esta revista seja do agrado de todos vocês e, como sempre, não se esqueçam, se tiverem alguma dúvida ou até uma história que queiram partilhar connosco, não hesitem em contactar-nos. Por último, e não menos importante, tenham cuidado e usem máscara. Bom mês e muita música!

Guimarães

Filipe Carvalho

DEBAIXO QUASE D’OLHO NICOLA

AU

7 - Sound, Outubro 2019

debaixo d’olho quase nicolau

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Quase Nicolau nasceu no ensino secundário quando o Gonçalo e o Zé se juntavam para ouvir Beach Boys e tocar guitarra. Isso foi o mote para passarem a criar as suas próprias melodias que, segundo o grupo, eram “cada vez menos más”. Foi aí que chamaram o amigo Francisco, que já conheciam desde a infância, e começaram a construir canções. Entretanto, ao grupo, juntaram-se o Nuno, a Joana e o Melo, que vieram completar toda a bagagem musical que a banda alberga.

A história do nome do grupo começou muitos anos antes da mesma sequer existir - “Há cerca de dez anos o realizador português João Rosas fez o casting do seu primeiro filme, Entrecampos (2013). A personagem secundária mais importante era um menino de nome Nicolau, futuro protagonista dos restantes dois filmes da trilogia, Maria do Mar (2015) e Catavento (2020). Quis o acaso que viessem parar à mesma banda o rapaz que ficou com

o papel, o Nicolau, e outro que não o conseguiu e se limitou a figurante. Foi, no bom dizer de uma amiga, quase Nicolau. E, como ouvimos isto quando procurávamos o nome, passámos todos a ser Quase Nicolau.”

Apesar de não se sentirem marcados por qualquer influência, a banda não esconde que os gostos distintos de cada um os ensinou a criar a sua própria e díspar sonoridade. A verdade é que metade da banda tem formação musical e outra não – “O Francisco está a terminar o oitavo grau do Conservatório, a Joana a licenciar-se em VozJazz na Escola Superior de Música de Lisboa, e o Nuno estudou bateria na Valentim de Carvalho.

Por sua vez, o Gonçalo, o Melo e o Zé tiveram poucas aulas e aprenderam sobretudo em casa e na banda”. Quem ouve as canções de Quase Nicolau percebe que há ali algo que pouco existe noutro projeto, a melodia, as letras poéticas que, por sua vez, nascem quase sempre de maneira muito orgânica, entre os seis membros do grupo.

debaixo d’olho quase nicolau

No processo criativo, primeiro aparece a música e depois sim, a melodia, e as letras surgem na onda do que a canção soa – “Preocupamo-nos com a letra depois de saber os contornos da canção. O Zé pede aos outros que lhe falem do que e de quem veem, ouvem e sentem na música. Uma imagem, uma palavra, um momento, um sentimento, qualquer coisa.

Destas conversas, parte à procura da letra e melodia, quase sempre encontradas juntas”.

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Depois de um ano atípico no que toca a concertos, a banda mostra-se feliz pelo tempo que teve para trabalhar no projeto de estreia Alvorada, e não se esquecem que pouparam “imenso em cordas, e conseguimos acabar três canções durante o primeiro confinamento”. Este ano, já com o EP lançado, a banda espera, finalmente, apresentar Alvorada ao vivo no dia 24 de junho e, ao mesmo tempo, dividir as preocupações com a composição do primeiro disco.

entrevista austin weber

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Austin Weber Austin Weber, artista norte-americano juntouse à SOUND via Zoom do outro lado do oceano, numa chamada com cerca de sete horas de diferença. Nessa conversa, aproveitámos para falar sobre um pouco de tudo, desde futebol, música, cinema e até, veja-se, ciclismo em Portugal.

entrevista austin weber

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entrevista austin weber

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Sound: Quando é que tudo começou? Quando é que percebeste que querias fazer música?

Austin Weber: Eu sempre desejei ter uma melhor história para isto, porque foi aquilo que sempre quis fazer desde que lembro. Mesmo quando era miúdo, a sonhar ser um jogador de hóquei, de futebol, ski ou algo do género, nunca ia ser só ser um jogador de futebol, ia ser o jogador de futebol que também seria músico… [risos] Portanto sim, sempre foi aquilo que eu sonhei fazer. Não me lembro de um tempo em que não queria ser músico.

S: Engraçado referires futebol porque nos Estados Unidos não há uma conexão tão grande com o que aqui se chama futebol (football) e aí soccer.

Também gostas de futebol?

AW: Adoro, cresci a jogar futebol. Muita gente nos Estados Unidos joga, mas poucos veem…

14 - Sound, Outubro 2019

Austin Weber

em entrevista exclusiva à revista Sound

S: Ah, percebo. Mas está em crescimento, a MLS é cada vez mais uma melhor liga com bons jogadores.

AW: Sim, é muito fixe ver. Eu sempre vi enquanto crescia, costumava ter bilhetes para a equipa de Nova Iorque e tem sido fixe ver a liga melhorar à medida que os anos avançam.

S: Mas voltando à música, tiveste algumas aulas de música ou és autodidata?

AW: Eu estudei música por muito tempo, na universidade. Tive aulas desde criança e agradeço a todos os professores que encontrei ao longo dos anos. Depois estudei música clássica em Harvard, por isso sim, estudei muito música. Ainda que as coisas que estou a fazer agora não sejam o que estava a aprender na altura, penso que tudo tem a sua ligação.

entrevista austin weber

S: Foram ensinamentos mais clássicos como strings (instrumentos de cordas) que aprendeste em Harvard?

AW: Sim, isso era o que eu estava a fazer lá, muitos quartetos de cordas, que adoro compor.

S: Pensas em trazer isso para as tuas canções?

AW: Às vezes… Eu não penso nas duas como coisas separadas que preciso de misturar, ou como duas extremidades do mesmo espectro, portanto faz tudo parte de si mesmo. Em algumas das minhas canções dá para ouvir pequenos fragmentos, como na The Words do Love Songs For No One, dá para ouvir bocados de um quarteto de cordas que escrevi quando andava na universidade e que simplesmente copiei e pensei: “Oh estão no mesmo tom, já agora…”.

“No próximo álbum, que estou a fazer para o final do verão, estou a convidar todos os meus amigos para virem para o estúdio, vamos todos fazê-lo juntos e estou muito ansioso por isso.”

S: Fazes as tuas músicas basicamente sozinho, certo?

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AW: Sim, algumas. O último disco fiz totalmente sozinho, muito por causa da quarentena. No próximo álbum, que estou a fazer para o final do verão, estou a convidar todos os meus amigos para virem para o estúdio, vamos todos fazê-lo juntos e estou muito ansioso por isso. É engraçado trabalhar sozinho mas a minha cena favorita é tocar com outras pessoas, por isso estou muito ansioso para o fazer este ano.

S: Quais são as principais diferenças que vês entre trabalhar sozinho e acompanhado?

AW: Trabalhar sozinho é agradável porque podemos ser muito específicos, exatos, por isso no Late To The Party (terceiro disco) podia estar uma semana, por exemplo, a “brincar” com um simples som de guitarra e colocá-lo da maneira como queria, colocar os níveis perfeitos, tudo.

Como era só eu, não havia ninguém com quem me zangar, nem tinha de tentar explicar coisas a alguém e, lá está, consegui ser muito específico e rapidamente chegar ao que queria. De uma forma, é gratificante, mas penso que se perde muito o sentimento e a groove. Eu adoro as gravações…

Por exemplo, aquele material inicial dos Velvet Underground, as cenas do Jonathan Richman, os primeiros discos do Bob Dylan, onde sabemos que há uma grande quantidade de pessoas no estúdio a ter bons momentos... Não se tem isso quando se grava sozinho. Por isso, a ideia do próximo álbum é essa, trazer o aspeto da comunidade da música. Eu quero que as pessoas que ouvirem o disco pensem: “Este pessoal está a divertir-se à brava”. São essas as diferenças: no último disco estive atento a todos os detalhes, mas no próximo quero pegar num balde de tinta e atirar à parede.

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entrevista austin weber

S: Referiste o último disco que lançaste há pouco tempo, no início do ano. Como tem sido a receção?

AW: Tem sido ótimo, os fãs têm gostado imenso e as críticas têm sido boas, não me posso queixar. Estou é ansioso para poder tocá-lo para toda a gente. Voltarei a fazer digressão por volta do outono e mal posso esperar, porque a minha parte favorita do meu emprego é tocar ao vivo.

S: Fizeste aquelas livestreams onde visitavas virtualmente várias cidades sem saíres do lugar… Como foi tocar virtualmente noutros países?

AW: Sim, como gosto imenso de tocar ao vivo, pensei que seria uma cena engraçada de se fazer. Não esperava é que mesmo quando se faz um espetáculo virtual, o sentimento de performance fosse o mesmo e até digo que é mais difícil porque não temos a energia do outro lado, apenas temos de produzir sem parar. Acabou por ser um desafio, muito gratificante, diverti-me imenso e pude fazer isso com a minha banda.

S: Sim, a energia continua lá, apesar de não haver público…

AW: Sim, é a minha cena favorita e é o elogio que me dá mais gozo receber, o dos espetáculos.

“Tudo o que escrevemos vai sempre dar a nós porque acabamos por escrever o que sabemos e isso é o material verdadeiro e melhor. (…)Posso escrever sobre um homem que vive na lua e mesmo assim acabaria por ser sobre mim. Não podemos fugir de nós mesmos.”

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S: Regressando à fase de gravação. Onde é que encontras inspiração para as canções? Quando te sentas para escrever, em que pensas? Situações da tua vida, cenários criados na tua cabeça…?

AW: Muito vem das minhas próprias experiências, mesmo quando escrevo sobre situações que crio na minha cabeça, coisas que aconteceram aos meus amigos ou cenas que li num livro… Tudo o que escrevemos vai sempre dar a nós porque acabamos por escrever o que sabemos e isso é o material verdadeiro e melhor. Por algum tempo, quando andava na universidade, eu meio que andava a tentar evitar escrever sobre mim, quase como armado em artista [risos], mas aprendi que não dá para evitar. Posso escrever sobre um homem que vive na lua e mesmo assim acabaria por ser sobre mim. Não podemos fugir de nós mesmos.

S: Também tens uma relação muito fixe com vídeo.

Quando descobri a tua música, ouvia-a numa livestream do Anthony Fantano (The Needle Drop), ele estava a passar a tua cover da Mamma Mia e a dizer que era uma grande versão… Lembro-me depois de ir pesquisar e encontrar não só o vídeo para essa tua cover, que por si só tem uma história interessante no próprio vídeo, mas também os que fizeste para algumas das músicas do Love Songs For No One. Basicamente, o que te queria perguntar era de onde vem essa tua conexão com vídeo.

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AW: Bem, na universidade eu tive dupla licenciatura, música clássica e escultura e o departamento da segunda era o mesmo que o de cinema, por isso através da escultura acabei por fazer filmes, mix media. Praticamente todos os meus melhores amigos trabalham no mundo do cinema… Provavelmente consegues ouvir no fundo, o meu melhor amigo Lance Oppenheim, um filmaker incrível, que também está numa entrevista na outra divisão. Fazer filmes é algo que também sempre tive interesse, o lado visual da coisa, depois quando estava na universidade tinha todos estes amigos que eram e são mestres do ofício, por isso foi uma ligação num tempo perfeito.

“Cresci a ver muitos filmes musicais, como os do Stanley Donen, Jacques Demy, Singin’ in the Rain e The Young Girls of Rochefort, adoro filmes musicais, então é algo natural conectar as minhas músicas a filmes.”

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S: Como é a conexão entre a música e o vídeo?

Talvez já te aconteceu ter primeiro o vídeo e depois a canção…

AW: Por acaso essa é uma ideia muito fixe, devia fazer isso, nunca o fiz [risos]. Mas sim, cresci a ver muitos filmes musicais, como os do Stanley Donen, Jacques Demy, Singin’ in the Rain e The Young Girls of Rochefort, adoro filmes musicais, então é algo natural conectar as minhas músicas a filmes. Às vezes simplesmente funciona, como por exemplo, a canção Using the Internet for French, tudo fazia sentido, eu sabia o que queria, depois algumas são mais desafiantes e também divertidas… Mas sim, é raro eu escrever a canção e já saber como vai ser o vídeo, mas às vezes acontece, como para a I’m Not Here, do novo álbum, quando escrevi percebi logo como é que o vídeo seria.

S: Quando escreves uma canção, o que é que te surge primeiro? As partes da guitarra, melodia, a letra…?

entrevista austin weber

AW: A letra e melodia aparecem, normalmente, ao mesmo tempo. Começo com um pequeno “nugget”, para a Using the Internet for French lembro-me de estar a andar na rua e pensar na minha cabeça [canta] “In for the evening/ Underachieving”, e pensei logo: “Ok isto é uma música”, e depois a questão é sempre o que é que vem a seguir [canta] “Making a film about myself on the telephone” e depois constrói-se a partir daí, como uma bola de neve a cair e a apanhar mais coisas.

(Sobre Using the Internet for French) “Originalmente era uma música de bossa nova porque andava a ouvir muito Tom Jobim e João Gilberto, aliás, muitas das canções do Love Songs For No One começaram como bossa nova - fun fact. Por isso, sim, inicialmente o álbum tinha muitos acordes da bossa nova.”

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“É tão fácil perder canções, é só um bocado de papel, e se estiver no fundo de um monte de folhas esquecemonos dela. Quando tenho uma boa ideia ou uma canção que é boa, mesmo que não seja o suficiente ou ache que não funcione, eu coloco na parede.”

S: É fixe falares sobre essa canção. É uma das minhas favoritas, é fixe saber o processo…

AW: Obrigado! Originalmente era uma música de bossa nova porque andava a ouvir muito Tom Jobim e João Gilberto, aliás, muitas das canções do Love Songs For No One começaram como bossa nova fun fact. Por isso, sim, inicialmente o álbum tinha muitos acordes da bossa nova. Recentemente, tenho ouvido muito Velvet Underground, Jonathan Richman, Car Seat Headrest, então o álbum que tenho estado a trabalhar tem muita influência daí.

O anterior Late To The Party, ficou no meio, andava a ouvir Beach Boys, muita pop, muito Vampire Weekend, coisas do “lado mais leve” da música.

Sim, claramente a música que ouço influencia o que escrevo.

S: O próximo álbum terá um lado mais rock pelo que percebo…

AW: Sim, é para aí que está a andar, é o que está nas paredes [mostra as paredes cheias de folhas com rascunhos de letras, ideias, etc…]. Este é o pequeno espaço onde escrevo canções.

S: É fixe que isso colado na parede pareça uma investigação criminal [risos].

AW: Eu sei! Isso é o que eu penso também! [risos] Sinto que preciso de uma bola de fio vermelho para conectar… [risos] Mas é tão fácil perder canções, é só um bocado de papel, e se estiver no fundo de um monte de folhas esquecemo-nos dela. Quando tenho uma boa ideia ou uma canção que é boa,

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mesmo que não seja o suficiente ou ache que não funcione, eu coloco na parede. Depois vemos e ela existe, se tiver apenas numa mesa não existe… Na parede podemos interagir com ela. Comecei a pôr lá coisas a meio do último disco porque estava no estúdio a sentir-me em baixo porque não escrevia algo há muito tempo, não tinha nada para o álbum e pensava que não tinha trabalhado muito. Então, peguei num grande monte de papel com coisas que tinha escrito e, afinal, sempre tinha alguma coisa.

Comecei a colar na parede e depois, ao ver aquilo, senti-me melhor. Portanto, eu divido as paredes agora. Temos a parede com as boas ideias que ainda não estão bem “apuradas”, e depois temos uma parede dividida em dois: num lado temos as canções terminadas que não encaixam no projeto, e no outro temos as quatro canções terminadas do disco. Neste momento, enquanto estou a escrever sou só eu, as paredes, uma 8-track e uma guitarra.

Muito mais divertido, menos distrações. [risos]

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S: Como foi o teu 2020?

AW: Foi tão bom como eu imaginava. Consegui focar-me no disco, o que foi uma sorte. Havia pessoas a fazer streaming das minhas canções e a comprar as minhas t-shirts, por isso até estava a safar-me. Normalmente viajo imenso, a tocar ou a fazer filmes com os meus amigos, então foi bom acalmar-me por momentos. Sinto que melhorei muito em termos de escrita. Foi um ano interessante, disso tenho a certeza... Como está aí em Portugal?

S: É difícil dizer… Estamos a meio da vacinação e os casos não são tantos como eram há algum tempo.

Conseguimos sair de casa no verão passado, o que foi muito bom, mas depois tivemos de voltar todos para casa. Neste momento podemos sair mas com cuidados, máscara e essas coisas. Como está por aí?

entrevista austin weber

AW: As pessoas podem tocar outra vez, está basicamente aberto. Podemos ir ao ginásio sem máscara… Algumas pessoas usam máscara, outras não, mas já quase ninguém tem medo, o que é interessante.

S: Regressando a assuntos mais felizes. Se tivesses de descrever a tua música e a tua arte como seria?

AW: Eu costumava dizer às pessoas que escrevia rock n’roll e canções de amor. Acho que é uma descrição justa. Visualmente, eu tento trabalhar com nostalgia, interessa-me a memória cultural das pessoas, gosto de trabalhar com coisas das quais as pessoas se lembram e usar isso como material visual.

S: Encontraste alguém para quem escrever canções de amor? [risos]

AW: [risos] Por momentos sim, mas agora não. É assim que funciona… Tenho sempre o meu cão para escrever canções de amor. É suficiente… [risos]

“Sempre quis ir a Lisboa e à grande zona rural, eu adoro ciclismo por isso queria ir numa tour de ciclismo por Portugal.”

S: É bom saber que tens o coração ocupado por alguém a quem podes finalmente escrever canções de amor. [risos] Para última questão…

Já visitaste Portugal?

AW: Não, nunca. Por acaso era para ir no verão passado mas depois, lá está, aconteceu o que aconteceu. Sempre quis ir a Lisboa e à grande zona rural, eu adoro ciclismo por isso queria ir numa tour de ciclismo por Portugal. Quando fizer a viagem eu digo qualquer coisa.

S: Com concerto e tudo…

AW: Sim, claro.

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A Conta Palhetas

A Conta Palhetas

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A Conta Palhetas: Guia prático para o músico com orçamento Este mês decidimos trazer um segmento que se irá desdobrar em várias mini edições. Vamos finalmente falar de PEDAIS! Como vamos abordar este tópico tão facilmente personalizável? Bem, através de vários orçamentos (e edições) abordaremos efeitos essenciais para a pedaleira de qualquer músico com o conceito de os introduzir no seu vocabulário musical. Tenham em mente que não vamos abordar boutique e raridades, mas sim pedais de referência e de relativo fácil acesso, pois afinal de contas, somos todos músicos com orçamento.

Os efeitos de que falaremos nesta edição destinam-se a DRIVE, DELAY e REVERB — efeitos que facilmente se encontram nas pedaleiras dos vossos músicos favoritos. Tentaremos ilustrar com exemplos comprovados de qualidade para ajudar na vossa próxima compra.

A Conta Palhetas

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Overdrive O que é isso? Overdrive é, essencialmente, um efeito criado pela manipulação da frequência do sinal (ou sequência dele).

Possuem diferentes subcategorias como o FUZZ, DISTORCION…, mas deixaremos para outra edição.

Há centenas de tipos de pedais de OVERDRIVE com diferentes detalhes e sonoridade em mente, ficamos com três exemplos que consideramos interessantes e relevantes para quem já possui guitarra e um bom amplificador.

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IBANEZ TS9 TUBE SCREAMER

(CERCA DE 140€)

A palavra-chave para descrever este pedal: versatilidade. Este representa um dos pedais mais interessantes pela sua sonoridade facetada.

Um clássico para blues, rock, hard-rock e mesmo metal, com knobs de gain, tone e volume para uma experiência muito personalizada com uma interatividade simples. Fácil de operar e obter tons diferentes na guitarra, pode até ser utilizado como booster para solos.

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MXR CSP027 TIMMY OVERDRIVE

(CERCA DE 160€)

Uma excelente opção, um pedal de carácter custom shop com o intuito de texturizar diferentes maneiras, mas manter o caráter do tom original. Com a inclusão de um switch que cria três capacidades distintas com vastas opções para a customização dos mesmos, seja para uma tonalidade para saturar acordes ou a necessidade de texturizar agudos para solos (com high gain ideal), este pedal é uma excelente forma de afinar as possibilidades que consegue prestar.

Uma das suas características mais interessantes é a forma detalhada como um guitarrista com mais experiência consegue gerir tonalidades distintas, mas um guitarrista mais novato é também capaz de compreender a interação com o pedal, permitindo não quebrar a harmonia e dinâmica do caráter original do amplificador/guitarra. Um bom detalhe na construção é a sua robustez e tamanho pequeno, ideal para pedaleiras modernas que requerem menor espaço.

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BOSS SD-1 SUPER OVERDRIVE (CERCA DE 60€)

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A opção CLÁSSICA, robusta, económica e de renome. Um dos pedais mais utilizados de sempre pela sua história e originalidade da época, o standard das stompboxes que a Boss tomou por assalto. De fácil interação apenas com três knobs (LEVEL, TONE e DRIVE), permite acesso a tons de drive ligeiros mas também moderados, e combina muito bem com outros tipos de pedais como boosters. É, sem dúvida,

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A Conta Palhetas

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Delay

MXR CARBON COPY MINI

(CERCA DE

200€)

O que é isso? A resposta mais simples de descrever delay é caracterizá-lo, essencialmente, como um eco das notas tocadas, utilizando mil diferentes maneiras de recriar esse eco e moldar conforme desejado. O sinal pode ser duplicado, alterada a frequência, incidência, duração, etc.

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BOSS DD-3T (ENTRE 120€ A 140€)

A BOSS com este pedal (digital) e semelhantes variações demonstrou ser capaz de reproduzir um pedal funcional e totalmente adaptável a vários estilos de música. Utilizando quatro knobs podemos aceder a muitas funcionalidades dentro de um aparentemente simples eco. É um pedal simples de utilizar e fácil de compreender o que é capaz de fazer através de uns ajustes.

Podemos moldar o eco das notas a nível de intensidade, duração, o próprio feedback, assim como interferir na tonalidade que queremos. É versátil e básico de operar após algumas experiências, e quem gostar de Tom Morello deve pegar neste pedal o mais rápido possível e ter divertimento para horas e horas! É um modelo standard para muitos pedais de DELAY que correm no mercado - pensem nisso!

Um pedal que merece um lugar na nossa lista, é o MXR Carbon Copy (Mini). Renascido e readaptado do seu antecessor é, sem dúvida, um pedal a ter em conta especialmente em estilos de música mais específicos e alternativos.

Este pedal continua com as condições que seria de esperar num pedal de DELAY, contudo, traz consigo algumas características que merecem menção: O MXR CC possui um modo bright voicing que acentua as frequências agudas do sinal, que é naturalmente uma adição. Uma das melhorias é a presença e claridade com que o tom original se mantém com o pedal ligado, sendo a sua presença mais adaptável às necessidades do guitarrista. Curioso é a adição de dois controlos para ajustar a velocidade e captação do sinal em função da mistura com outros pedais. A única situação onde este pedal peca, é na versatilidade, e talvez o fácil acesso compensa, sem dúvida, na originalidade que (nas mãos certas) poderá trazer. É uma opção mais arriscada, mas recomendamos caso o BOSS

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Reverb

ELECTRO-HARMONIX OCEANS 11

(ENTRE OS 130€ E 150€)

Nenhuma lista seria interessante se reverb fosse colocado de lado, é um dos efeitos mais utilizados pelos guitarristas do maior espectro de estilos musicais possível. Este efeito (hoje em dia somos mesmo mimados) assume, essencialmente, diferentes características, desde as mais tradicionais às mais exóticas, como uma forma de emular o tom da guitarra e reproduzilo de forma mais ampla e preenchida. Ou seja, cria um sinal mais “delgado” e reproduz como se fosse captado dentro de uma amplitude de espaço acusticamente preenchido.

Na nossa opinião, é uma opção mais económica mas igualmente interessante no que toca a reverb. Versátil o suficiente, com onze efeitos pré-definidos ajustáveis na sua intensidade, e duração e tonalidade através de knobs. É interessante o detalhe de ainda ser possível aceder a mais dois ajustes de pré-delay e pré-feedback, abrindo ainda mais o leque de opções. Poderá, no entanto, ser um pouco frustrante até aprender a sua utilização, mas por esse mero pormenor será uma questão de trabalhar com o pedal.

Tonalidades que podemos obter com o 6 pedal variam entre sons vintage, dinâmicos, modelação de harmónicos, um quase tremolo MXR M300 REVERB (CERCA DE 250€) inclusivamente... Versátil o suficiente para valer Um bom exemplo de versatilidade para um o investimento. Um último detalhe: apontamos o pedal de reverb carregado com seis estilos tamanho ergonómico e um design interessante. (plate, epic, spring, mod, rod e pad), servindo de Sintonizem na próxima edição: falaremos de base para definir ainda melhor com os knobs de controlo, permitindo a mistura precisa de mais efeitos e exemplificaremos com pedais intensidade necessária. O som que é possível para o músico com orçamento! extrair deste pedal é bastante prazeroso para S NU apreciadores de tons mais quentes nos seus BÓ formatos ideais, e outros poderão apreciar o tom Afinador moderno possível através dos presets do pedal.

Por exemplo, o modo spring é excelente para fãs Uma pequena mas útil dica é a compra de de tons mais vintage, e o modo pad é interessante um afinador de pedal, perfeito para utilizar na para estilos modernos mais alternativos, porque corrente de sinal e não fazer barulho. facilmente se pode brincar com as tonalidades Somos ávidos fãs dos já clássicos BOSS de oitavas que origina. Esteticamente, continua TU-3 (CERCA DE 80€) e do TC ELECTRONIC POLYTUNE 3 MINI (CERCA DE 70€).

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