Scout #19

EDIÇÃO #19 | ABRIL 2021 | GRATUITA

SCOUT

LIGA REVELAÇÃO

ENTREVISTA DOUGLAS JESUS

CONTROLAR O JOGO SEM BOLA

SOUNDSCOUT EDIÇÃO DE ABRIL

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Guimarães

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Editorial | 3

Editorial ABRIL 2021

D

esde a criação deste projeto, o nosso principal objetivo foi trazer uma revista que, acima de tudo, possua conteúdos que promovam o melhor que o futebol tem para oferecer. Numa incessante procura em desenvolver cada vez mais a revista Scout, a edição de abril assinala o início de um novo design editorial, com o objetivo de proporcionar uma melhor experiência aos nossos leitores.

No que diz respeito às temáticas desta edição, o principal destaque prende-se com a entrevista a Douglas Jesus. A Scout esteve à conversa com o ex-jogador e atual Coordenador de Formação de guarda-redes do Vitória SC e foram abordados temas como a passagem do atleta brasileiro por Portugal, a forte ligação ao clube vitoriano e a tão especial posição de guarda-redes.

Controlar o jogo sem bola. Uma temática bastante interessante que está presente na Scout deste mês através de um artigo que explana a importância do equilíbrio que uma equipa necessita para triunfar. A edição de abril também conta com um texto referente à edição 20/21 da Liga Revelação. Naquela que é uma das principais competições que permitem brilhar os jovens talentos do futebol português, fizemos uma análise aos principais destaques da prova, sem nunca esquecer aquele que foi o melhor onze.

Para terminar, a Scout volta a testar os conhecimentos dos leitores com um quiz referente à Taça UEFA/Liga Europa, apresenta mais dois talentos do futebol mundial na rubrica “Regresso ao Futuro” e revela o onze da vida de Renato “stadodo” Gonçalves, um dos principais jogadores de CS:GO. Boa leitura!

Pedro Carvalho Diretores: Filipe Carvalho, João Lemos e Pedro Carvalho Diretor de redação: Pedro Carvalho

Ficha técnica

Redação: Pedro Carvalho, Óscar Botelho, Luís Castro Martins, Diogo Teixeira Marketing: João Lemos Web development: João Lemos Diretor Departamento Design: João Lemos Design gráfico: Francisco Canais Revisor: Diogo Teixeira

Agradecimentos: Douglas, Renato “Stadodo” Gonçalves, Óscar Botelho, Luís Castro Martins Créditos: Getty Images, Federação Portuguesa de Futebol, UEFA, FIFA, Transfermarkt, zerozero, Vitória SC, O. Lyon, LOSC Lille.

Em todas as imagens reproduzidas pela revista e/ou respectivo site, foram respeitados os seus devidos diretos de autor e devidamente referenciados na ficha técnica. Desta forma, não pretendemos infligir quaisquer danos aos seus respectivos autores, colocando sempre em evidência a sua justa e respeitada utilização.

A SCOUT apenas as utiliza de forma livre e referenciada não obtendo quaisquer lucros pela sua utilização.

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| Índice

26

06

08

12

34

28

06

08

Regresso ao futuro

Controlar o jogo sem bola

12

26

Entrevista

Quiz

Douglas Jesus

UEFA Cup / Europa League

28

34

Liga Revelação

11 da Minha Vida Renato “Stadodo” Gonçalves

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VS. VS.

VS.

VS.

VS. VS.

FINAL

VS.

VS.

6

| Regresso ao futuro

• 21

ANOS

• 1,74

M

• MÉDIO CENTRO • FRANÇA • PÉ DIREITO • 12 M VALOR MERCADO

Regresso ao futuro

MAXENCE CAQUERET • O. LYON

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Atualmente, a França possui um leque enorme de jovens promessas que espalham talento pelos relvados dos principais campeonatos do Mundo. Maxence Caqueret faz parte desse grupo e é mais um nome a ter em conta nos próximos anos. Formado no Lyon, o jovem começou a dar nas vistas na equipa principal dos franceses na temporada passada (foi uma das principais surpresas do Lyon na campanha até às meias-finais da Champions) e nesta época já participou em 24 partidas da formação comandada por Rudi Garcia.

Sendo um médio bastante completo, Caqueret costuma desempenhar funções como médio interior no trio de meio-campo do Lyon mas, devido às suas características, também consegue jogar no vértice mais recuado do triângulo. Com capacidade para pautar o jogo da equipa francesa, o jovem de 21 anos, evoluído tecnicamente, possui uma excelente visão de jogo, boa capacidade de passe e uma leitura de jogo acima da média.

Defensivamente, Caqueret é sagaz na pressão que faz ao adversário (rápido após perda de bola da sua equipa) e possui uma boa antecipação.

Embora não tenha sido convocado para representar a França na fase final do Campeonato da Europa de Sub-21, Caqueret possui um bom histórico no que diz respeito às seleções jovens, tendo inclusive participado em quatro partidas nos Sub-21.

Regresso ao futuro | 7

• 21

ANOS

• 1,95

M

• DEFESA CENTRAL • HOLANDA • PÉ ESQUERDO • 25M VALOR MERCADO

SVEN BOTMAN • LOSC LILLE

Atualmente no segundo lugar do campeonato francês, o Lille é a equipa sensação desta temporada. Na formação comandada por Christophe Galtier, existem vários jovens que estão a despertar a atenção dos colossos europeus e Sven Botman assume-se como um dos jogadores que pode “dar o salto” na próxima época.

Formado no Ajax, o jovem holandês chegou esta temporada a França (o Lille desembolsou 8 milhões pela transferência) e ao lado de José Fonte tem formado uma das melhores duplas de centrais da Ligue 1.

Titular indiscutível na equipa francesa (já disputou 39 partidas nesta época), Botman é forte fisicamente e tem como principais características a capacidade defensiva no 1x1 e o forte jogo aéreo (ganha muitos duelos).

Central pela esquerda, o camisola 5 também possui uma boa capacidade de passe.

No que diz respeito ao histórico nas seleções, o central canhoto tem sido habitualmente chamado para todos os escalões e no passado mês de março esteve ao serviço da “laranja mecânica” no Campeonato da Europa de Sub-21.

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Controlar o jogo sem bola o lh e t o B r a c s Ó e d e s li á An

Só existindo uma bola para 22 jogadores torna-se fundamental o equilíbrio da equipa, pois a quase totalidade do tempo de jogo é disputado sem tocar ou ter a posse da mesma, independentemente das ideias e implementação dos diversos modelos de jogo.

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| Controlar o jogo sem bola

Controlar o jogo sem bola

Se fecharmos os olhos rapidamente pensamos em equipas que gostam e jogam no erro do adversário, ainda que de forma organizada.

Sendo o passe a mensagem do futebol, com apenas um emissor e vários recetores, torna-se bem mais atrativo, para quem assiste, ter mais tempo o controlo do jogo no processo ofensivo, e apelativo para os atletas, pois cansa muito mais correr sem bola e longe da baliza adversária.

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Por vezes, há que esconder as limitações técnicas dos artistas dado os diferentes níveis das equipas que têm de desequilibrar em posse, improvisando movimentações entre os defesas adversários com objetividade para o golo e rapidamente se reequilibrar na reação à perda, procurando saber “perder bem” a bola. Maquilhando as fragilidades coletivas, varrendo para “debaixo do relvado” essas debilidades, procurando emergir sobre o tapete de jogo as principais virtudes/características dos jogadores, com o objetivo final e único de vencer o adversário. Por esse motivo jogar olhos nos olhos ou cabeça com cabeça (entenda-se estratégia) pode ser fatal para as hipóteses de uma equipa, dada a disparidade de argumentos, pois rapidamente quem possuir os melhores jogadores pode desbloquear um duelo encaixado.

Frente a equipas poderosas e fortes com mais recursos, trunfos e profundidade no plantel, e consequente convocatória, há que tentar ludibriar/adormecer com uma correta e eficaz ocupação espacial aliada à concentração mental. Contrariando dessa forma o favoristismo e sempre que possível descansar com bola, recorrendo a inteligentes transições ofensivas, aproveitando as brechas (incluindo a bola parada) pois não há exibições perfeitas seja qual for o oponente, mesmo sendo teoricamente muito superior e sabendo como joga e ataca, o mais complicado é travá-lo de forma permanente durante grande parte dos embates.

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Torna-se essencial, no processo de treino diário, os atletas acreditarem no que fazem com a devida versatilidade, mentalidade e cultura desportiva para perceberem o que o treinador pretende implementar. Com todo o dinamismo tático e particularidades estratégicas procura-se atingir resultados e vitórias de forma a solidificar esse rumo coletivo, pois ninguém joga sozinho e torna-se mais rápido de assimilar e executar se os jogadores se sentirem confortáveis e se identificarem como e com quem estão a trabalhar. Há jogadores que rendem muito mais em determinados tipo de contexto do que em outros, ou seja, apesar do ator ser o mesmo, atua muito melhor em guiões de registos distintos, pois mudam os atores secundários, além do realizador, sem esquecer que o enredo é escrito por todas as vicissitudes inerentes ao decorrer do jogo e do adversário que se enfrenta e que a qualquer momento se pode alterar, daí a planificação ser treinada para essa execução.

Treinando para jogar/competir, recolhendo todas as informações do adversário que se vai enfrentar e dos seus próprios atletas, a relação com toda a estrutura do clube, imprensa, dado que os jogos se começam a ganhar (e a perder também) muito antes do apito inicial. Ser treinador é muito mais do que escolher 11 titulares e os restantes convocados com o auxílio dos respetivos adjuntos.

A tarefa é árdua para definir um plano com inúmeras horas de trabalho invisível escortinado na visibilidade no dia de jogo.

Os adeptos preferem, na grande maioria, jogos com muitas ocasiões de golo mesmo que se enfrentem equipas com espelhos táticos e que os mesmos se partam frequentemente, devido a distintas abordagens coletivas. Motivados para vibrar e dessa forma se continuarem a apaixonar por esta modalidade fantástica, pois pagariam menos bilhetes para assistir aos jogos de cachecol no pescoço e cartão de sócio no bolso, se soubessem que os 90 minutos terminariam sem golos. Mas há nulos bem mais interessantes do que goleadas, pois do outro lado da moeda surgem os treinadores que têm de equilibrar os 11 jogadores, evidenciando o seu trabalho em todas as nuances táticas e dimensões estratégicas que se moldam permanentemente, pois é uma arte defender bem, para atacar melhor.

Óscar Botelho Analista e Comentador de Futebol @oscar.botelho

@botelho_oscar

SCOUT

“ ENTREVISTA

DOUG

GLAS

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| Entrevista: Douglas Jesus

SCOUT: Para começar, gostaria de te perguntar como é que surgiu a paixão pelo futebol?

DOUGLAS JESUS: Acho que a maioria sabe que sou brasileiro e, na minha geração, todas as crianças jogavam muito futebol na rua e comigo não era diferente. Desde que eu me lembro, estava sempre com uma bola debaixo dos braços e a jogar futebol.

A minha família também sempre foi ligada ao futebol e sempre tive esse incentivo em jogar desde pequeno.

ENTREVISTA

SCOUT

SCOUT: Foste sempre guarda-redes?

DOUGLAS JESUS: Quando jogava futebol com os amigos na rua ou futebol de quadra, eu jogava sempre na frente ou na defesa, mas no campo sempre tive esse dom da baliza até porque nessas ocasiões eu dava-me sempre bem. Depois, quando fui para a escolinha sempre fui para a baliza e tinha muita facilidade em aprender os exercícios e assim foi desde os nove anos.

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Douglas Jesus

SCOUT: E com que idade é que começaste?

DOUGLAS JESUS: Eu comecei a jogar futebol nas escolinhas do bairro com nove anos de idade. Na minha cidade há duas equipas profissionais que são o Botafogo, de Ribeirão Preto, e o Comercial e com 11 anos fui para as camadas jovens do Botafogo-SP, fiz toda a formação lá e fiquei no clube até aos 21 anos.

O Zetti foi um grande ídolo para mim juntamente com o Taffarel.

Entrevista: Douglas Jesus | 15

SCOUT: Tendo em conta que tu és de Ribeirão Preto (São Paulo), sempre que associo guarda-redes e São Paulo recordo-me do Rogério Ceni. Ele foi uma das tuas principais inspirações?

DOUGLAS JESUS: Ele foi uma referência por tudo o que conquistou e pelo excelente guarda-redes que é mas eu ainda sou de uma geração que viu o Zetti, guarda-redes anterior ao Ceni, que foi um guarda-redes que a nível de defesa da baliza e saída de entre os postes foi um dos melhores que o São Paulo teve. Em algumas coisas até melhor que o Rogério Ceni. O Zetti foi um grande ídolo para mim juntamente com o Taffarel. Os dois são da mesma idade e ainda consegui acompanhar essa geração.

SCOUT: Depois de algumas épocas como sénior no Botafogo-SP vais para o Santos.

Como é que foi a experiência de jogar num dos maiores clubes brasileiros?

DOUGLAS JESUS: O Santos foi a realização de um sonho. Chegar a uma equipa grande do futebol brasileiro, um gigante mundial, com 24 anos, foi uma experiência fantástica.

Fiquei lá durante dois anos e convivi com jogadores fantásticos, da seleção brasileira, e consegui ver de perto o porquê de eles terem atingido aquele nível pela forma como trabalhavam e como encaravam os jogos.

Foi uma aprendizagem muito grande que eu levo para o resto da vida.

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| Entrevista: Douglas Jesus

SCOUT: Depois de um empréstimo ao Ipatinga, vens para Portugal aos 28 anos. Qual o porquê de vires tão tarde para a Europa? Não estava nos teus planos ou não existiram oportunidades…

DOUGLAS JESUS: Naquela altura não vinham tantos guarda-redes como hoje. Desde há quatro/cinco anos, os guarda-redes já vêm mais novos e devido ao facto de muitos deles não terem a oportunidade de jogar muito no Brasil, procuram vir para a Europa. No meu caso foi diferente porque joguei bastante no Santos até porque o guarda-redes que lá estava era um ídolo do clube. No Ipatinga joguei o ano todo e saí do Brasil com uma proposta para continuar lá, mas optei por vir para Portugal para ter a possibilidade de jogar na Europa e de ter uma estabilidade maior a nível contratual porque acho que aqui eles têm um respeito maior pelo atleta. Como está o futebol atual, se fosse hoje, provavelmente teria vindo mais cedo.

SCOUT: Tu já conhecias o Vitória SC antes de chegares a Portugal?

DOUGLAS JESUS: Eu conhecia de nome. Como sou apaixonado pelo futebol, costumo estar atento.

Eu tenho alguns colegas que passaram por aqui.

Na altura, o Nilson era guarda-redes do Vitória SC e como já tinha jogado várias vezes contra ele no Brasil, é normal procurar saber. Sabia que era um bom clube em Portugal, mas não sabia que era tão especial.

SCOUT: Chegas ao Vitória SC em 2010 e nas duas primeiras épocas não tiveste a oportunidade de fazer muitos jogos.

Depois da saída do Nilson, que esteve sete anos no clube, assumiste a baliza do Vitória. Foi uma responsabilidade acrescida substituir o Nilson?

DOUGLAS JESUS: Sim. No meu primeiro ano apenas joguei dois jogos na Taça da Liga, no segundo joguei cinco/seis jogos e na época seguinte já consegui assumir a baliza. A responsabilidade é grande, mas nunca encarei isso como uma pressão, mas sim como uma motivação. Já tinha tido essa experiência no Botafogo-SP e no Santos onde tive de substituir um guarda-redes com estatuto elevado. O Vitória SC tem um grande historial na baliza, não é só o Nilson, e eu tinha essa consciência. Foi bom e acho que consegui manter esse legado.

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Entrevista: Douglas Jesus | 17

Sabia que o Vitória SC era um bom clube em Portugal, mas não sabia que era tão especial.

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| Entrevista: Douglas Jesus

SCOUT: Por outro lado, podemos dizer que os primeiros dois anos serviram como adaptação àquilo que é Portugal e o campeonato português. Quais foram as principais diferenças que encontraste?

DOUGLAS JESUS: A principal diferença é a velocidade de jogo e de treino que existe em Portugal, para não dizer na Europa. Comparado com o futebol brasileiro, a velocidade de jogo em Portugal é muito maior até por um motivo que na altura no Brasil não se usava que era o facto de a relva estar sempre molhada.

Aqui já é uma tradição e por isso foi a principal diferença. O que falaste foi importante porque eu cheguei e tive esse tempo de adaptação. Óbvio que custou porque estava acostumado a jogar muito, mas sabia que o guarda-redes que estava a jogar era excelente e por isso tentei aprender o que era preciso para jogar no futebol português. Quando tive a oportunidade de assumir a baliza estava bem preparado a todos os níveis.

SCOUT: Foram 235 jogos ao serviço do Vitória SC, ao longo de dez anos. Deduzo que tenhas alguns jogos marcantes…

DOUGLAS JESUS: Tenho muitos jogos na memória. Tenho um dérbi contra o Sporting de Braga nos quartos de final da Taça, tenho um jogo contra o Porto que conjugou a vitória com uma boa exibição. O guarda-redes tem dois

É difícil explicar a conquista da Taça de Portugal porque só realmente sabe quem passa por isso. Ainda hoje passo pelas ruas de Guimarães e lembro-me de quantas pessoas lá estavam.

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SCOUT: Curiosamente, na época em que assumes a baliza, o Vitória SC conquista a Taça de Portugal. Esse foi talvez um dos momentos mais especiais da tua passagem pelo clube?

DOUGLAS JESUS: Ficou marcado porque é sempre um título. É o topo do que podes alcançar. Pela forma que foi e por todas as dificuldades que nós e o clube passámos, foi um momento marcante e com certeza que ficará na história.

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SCOUT: Numa final marcada por uma reviravolta, quão especial foi a receção dos adeptos tendo em conta o historial do clube?

DOUGLAS JESUS: No pós-jogo, a verdade é que aquela multidão que estava no estádio juntou-se a muitos mais que estavam à nossa espera e foi um momento muito bonito. É difícil explicar a conquista da Taça de Portugal porque só realmente sabe quem passa por isso. Ainda hoje passo pelas ruas de Guimarães e lembro-me de quantas pessoas lá estavam. Espero um dia viver aquilo de novo, não como jogador, mas noutras funções.

momentos no jogo: fazer o seu trabalho bem feito e depois temos o momento da equipa.

Os jogos na Liga Europa contra o Lyon e Bétis também foram jogos bem conseguidos e a meia-final da Taça de Portugal diante do Chaves onde eu tive um penálti defendido aos 90 minutos. Tenho bastante jogos marcantes na memória e isso é muito bom.

Entrevista: Douglas Jesus | 19

SCOUT: Por falar nessa meia-final da Taça, o Vitória esteve presente na final dessa edição, na temporada 16/17. Poderá dizer-se que essa final perdida foi um dos momentos mais amargos na tua passagem pelo clube?

Às vezes esquecem-se que a principal função do guarda-redes é defender.

DOUGLAS JESUS: Naquele ano eu não estava a jogar na Taça. Eu fazia o campeonato e quem jogava na Taça era o Miguel Silva.

Só que dois dias antes do jogo contra o Chaves, ele lesionou-se no ombro no treino e eu joguei esse jogo. Aconteceu tudo aquilo e foi uma grande festa. Na final quem jogou foi ele.

O treinador falou connosco e como ele tinha jogado na Taça ele deu-lhe a final. Esse sabor amargo fica sempre porque ninguém vai para uma final a achar que vai perder e eu nunca pensei assim. Depois passa-nos aquele filme na cabeça com a festa que poderia ter sido com os adeptos e aquela sensação de que se eu tivesse jogado poderia ter ajudado de alguma forma. Mas o futebol é assim, nem tudo é como nós queremos. A vida é assim.

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| Entrevista: Douglas Jesus

SCOUT: Na tua opinião, pensas que a posição de guarda-redes ainda é bastante subvalorizada no mundo do futebol, tendo em conta a importância que pode desempenhar numa equipa?

DOUGLAS JESUS: Eu acho que deveriam dar mais valor. Hoje dão bastante valor ao guarda-redes por jogar com os pés e bem, porque o futebol está assim, mas às vezes esquecem-se que a principal função do guarda-redes é defender. Eu entendo como está o futebol e acho que será difícil mudar isso porque o bonito do futebol é o golo. Existe aquela famosa frase que diz que está tudo bem quando o avançado falha dez golos, mas marca um, mas se o guarda-redes defende dez e sofre um já não é bom. Acho que o guarda-redes será valorizado por aqueles que percebem mais do jogo, como os treinadores, que sabem o que é ter um guarda-redes que dá pontos e por isso dão-lhe confiança e valorizam-no.

No geral, os avançados vão ser sempre mais valorizados.

SCOUT: Não existiu uma pressão acrescida em ser guarda-redes no Vitória SC, tendo em conta a exigência dos adeptos?

DOUGLAS JESUS: Tinha a responsabilidade, mas nunca pesou. Foi sempre natural. É um clube exigente, os adeptos são muito exigentes, mas consegui jogar durante dez épocas, ou seja, também prova que consegui ultrapassar e suportar bem. Nunca foi um problema para mim essa pressão e a cobrança. Quando ficamos mais velhos também deixamos para trás algumas coisas que nos incomodam quando somos mais novos. Não no mau sentido, mas começamos a focar-nos naquilo que é o mais importante que é fazer um bom trabalho. No final, quando ganhas ou fazes um bom jogo é normal seres aplaudido. Quando corre mal, também é normal seres criticado porque o futebol é um jogo de emoção. É importante ter a cabeça no lugar e saber aquilo que valemos. É claro que existe momentos em que ficamos chateados por causa de alguma crítica ou outra, é normal, mas nunca fui abaixo.

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Entrevista: Douglas Jesus | 21

Quando cometia algum erro ou falha que resultava em golo eu pedia sempre que viessem mais bolas para que pudesse ter mais ação e estar ativo.

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SCOUT: Quando tinhas o infortúnio de cometer um erro que resultava em golo da equipa adversária, como é que gerias a questão psicológica no restante tempo da partida, sendo a posição de guarda-redes bastante específica?

DOUGLAS JESUS: Quando isso acontecia comigo, ou seja, quando cometia algum erro ou falha que resultava em golo eu pedia sempre que viessem mais bolas para que eu pudesse ter mais ação, estar ativo e isso é bom.

O mau é quando isso acontece e depois passas o jogo tranquilo. Normalmente, nos jogos com o Vitória nem sempre o guarda-redes tinha muita bola e acabava sempre por ser mais um jogo de concentração. O que eu pedia mais era que depois de um erro pudesse ter, de preferência, um lance idêntico para provar que aquilo é uma coisa que acontece.

SCOUT: Costuma dizer-se que um guarda-redes de clube “grande” não tem tanto trabalho, mas que precisa de manter a concentração para os poucos lances em que intervém. Preferias ser mais ativo no jogo?

DOUGLAS JESUS: É normal, porque quanto mais trabalho tens mais ativo estás. Isso que falaste é bem verdade e há várias formas.

Há jogos em que estás muito ativo porque precisas de trabalhar mais a bola com os pés, outros em que tens cruzamentos ou situações de um para um, remates de fora da área ou um pouco de tudo. Quando estás numa equipa bem estruturada, certinha, não vais ter seis, sete ações de defesa por jogo, mas terás duas ou três essenciais para o resultado do jogo.

SCOUT: Na tua opinião, quais eram os teus pontos fortes?

DOUGLAS JESUS: O posicionamento dentro da baliza e também a reação. É o que acho que tinha de melhor.

SCOUT: O treino de guarda-redes tem evoluído bastante nestes últimos anos. Gostaria de te perguntar se sentiste algumas mudanças ao longo dos dez anos em Portugal?

DOUGLAS JESUS: O treino mudou muito.

Principalmente o trabalho com os pés e o jogar juntamente com a equipa. Isso mudou bastante e o trabalho dos treinadores de guarda-redes também evoluiu através dos exercícios.

Acho que cada vez irá mudar mais porque as pessoas procuram evoluir. Se falarmos no primeiro treino que tive e no último, a evolução foi brutal.

SCOUT: Como curiosidade, nestes dez anos quais foram aqueles jogadores que mais temias?

DOUGLAS JESUS: Nunca tive a preocupação de sofrer o golo, mas é normal quanto mais qualidade tiver o jogador mais atenção a equipa tem de ter. O Porto, Benfica e Sporting sempre tiveram grandes jogadores, até pelo poder financeiro que eles possuem. É normal que quando defrontávamos essas equipas, a atenção teria de ser redobrada porque a qualquer momento eles definem o jogo e já passaram grandes jogadores por essas equipas.

Nas outras equipas também existem bons jogadores que depois acabam por se transferir para essas grandes equipas a nível nacional.

Depois, na Liga Europa também defrontei grandes jogadores. Quando vais jogar contra essas equipas grandes não dá para destacar um ou outro, é estar atento o tempo todo, porque qualquer vacilo pode ser golo.

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| Entrevista: Douglas Jesus

Trabalhar com os guarda-redes é algo pelo qual sou apaixonado e o Vitória SC deu-me essa oportunidade de iniciar esse trabalho aqui.

SCOUT: Tu terminas a carreira aos 37 anos.

Já referiste que ainda tinhas condições para jogar mais tempo mas, por opção, não quiseste.

Neste momento, sentes que isso foi a decisão correta?

DOUGLAS JESUS: Eu tinha condições de jogar, mas se o tivesse feito seria aqui no Vitória SC. Tive a oportunidade de ir para outros clubes mas em conversa com o Presidente e a Direção, que foram extremamente corretos comigo, achei que era o momento de ir para o “outro lado” que foi algo que sempre quis.

Trabalhar com os guarda-redes é algo pelo qual sou apaixonado e eles deram-me essa oportunidade de iniciar esse trabalho aqui.

Achei que era o clube e o momento certo, por isso estou a tentar fazer o melhor nessa área.

Tudo tem um propósito e o meu era ficar aqui dez anos, terminar a carreira e dar a continuidade no “outro lado” que eu tanto queria.

SCOUT: Atualmente, não é usual um jogador permanecer dez anos no mesmo clube. A tua intenção sempre foi terminar a carreira no Vitória SC ou não surgiram as oportunidades que tu pretendias?

DOUGLAS JESUS: Quando eu vim para Portugal não sabia se ia ficar um, dois, três anos. Durante estes dez anos, eu sempre tive muitas oportunidades para sair, oportunidades boas financeiramente, até pelas boas épocas que consegui fazer junto com a equipa. Existiram alguns fatores para eu não sair. Primeiro, a maioria das vezes estava sempre a jogar, com um bom ritmo de jogo e estava feliz no Vitória. Depois, a minha família esteve sempre bem aqui, adaptada e por essa razão nunca quis mudar. O lado familiar sempre pesou muito e eles sempre se sentiram muito bem aqui e eu também.

SCOUT: Neste momento, trabalhas com que escalões?

DOUGLAS JESUS: Eu trabalho dos Sub-10 até aos Sub-23.

SCOUT

SCOUT: Atualmente és Coordenador da Formação de guarda-redes do Vitória SC. Conta-nos como é que tem sido a experiência?

DOUGLAS JESUS: A experiência de estar no campo a interagir e conviver com os guarda-redes é maravilhosa. Eu adoro treiná-los e estou em todos os treinos em que posso estar.

A experiência para mim tem sido sensacional porque tu percebes que do outro lado eles querem aprender e evoluir. Assim fica fácil.

Nós queremos ajudar e eles querem ser ajudados. É perfeito.

SCOUT: Quais são as principais diferenças no treino dos Sub-10 em relação a um treino dos Sub-23?

DOUGLAS JESUS: A diferença é a formação em si. Os miúdos de 17, 18, 19 anos já estão prontos e já têm tudo dominado como a técnica e os fundamentos, por isso é mais fácil treiná-los, é normal. Os guarda-redes de 10, 11 anos, tu vês que têm qualidade, mas muitas das vezes eles fazem movimentos que não sabem que estão errados. Até conseguem defender a bola, mas quando crescerem aquele mesmo movimento não irá chegar. Começamos a mostrar os melhores caminhos e aquilo que nós achamos melhor para eles.

Entrevista: Douglas Jesus | 23

SCOUT: O futuro da baliza do Vitória está bem assegurado?

DOUGLAS JESUS: Existem bons guarda-redes aqui, mas é o que eu lhes digo: têm de trabalhar muito porque é uma posição onde se trabalha muito. Eles estão no bom caminho e espero que nos próximos anos coloquemos alguém na equipa principal.

A equipa A está bem servida, os guarda-redes estão a fazer um bom trabalho e nós estamos a preparar os próximos, porque o futebol é assim.

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Eu olho para os guarda-redes de acordo com o estilo que a equipa deles utiliza.

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Entrevista: Douglas Jesus | 25

SCOUT: Falando no panorama atual, para ti quais são os melhores guarda-redes do Mundo?

DOUGLAS JESUS: Desde já, eu olho para os guarda-redes de acordo com o estilo que a equipa deles utiliza. Eu gosto muito do Oblak no estilo de jogo que o Atlético pratica e por isso acho o Oblak um “monstro”. Depois, tens o Ter Stegen do Barcelona, onde o estilo da equipa já é diferente e onde o guarda-redes precisa de jogar mais com os pés e ele é completo nisso. O Neuer, que já é um “monstro”, e também gosto muito do Buffon porque ainda joga com a idade que tem e está completamente tranquilo. Também acho o Alisson um guarda-redes espetacular e o Ederson. São guarda-redes que adoro ver jogar. Cada um com as suas características, mas acho que todos são muito bons.

SCOUT: Penso que chegaste a jogar contra o Oblak e contra o Ederson…

DOUGLAS JESUS: Joguei contra o Oblak e contra o Ederson tanto no Rio Ave quanto no Benfica.

SCOUT: Tu referiste o Alisson e o Ederson.

Consideras a escola brasileira uma das melhores do mundo no que diz respeito à formação de guarda-redes?

DOUGLAS JESUS: Eu acho que a escola brasileira é muito voltada para a parte técnica. Os guarda-redes brasileiros normalmente possuem uma técnica muito boa. É normal que apareçam muitos guarda-redes porque o país é muito grande, mas trabalha-se bem a posição. Com um estilo diferente do que se trabalha em Portugal, mas é uma escola que gosto muito até porque sou brasileiro. Aprendi muito aqui na Europa e, em conversa com alguns amigos brasileiros, eles ainda são um pouco “fechados” em alguns aspetos, mas dentro daquilo que eles fazem, no final, alcançam o objetivo, que é formar grandes guarda-redes. O Alisson é formado no Brasil e neste momento é um guarda-redes top na Europa.

SCOUT: É muito interessante o que disseste agora porque falou-se muito, aquando das conquistas do Jorge Jesus e do Abel Ferreira no Brasil, que a vertente tática do jogo no Brasil ainda não acompanha aquilo que se pratica na Europa. Sentes que na questão dos guarda-redes isso também acontece, ou seja, existe um desenvolvimento maior no trabalho da posição na Europa?

DOUGLAS JESUS: Eu acho que é cultural.

Tu vês jogos em que já há muitas coisas que se pedem aqui aos guarda-redes, mas penso que é algo cultural. Com a ida de profissionais para lá e de treinadores mais novos que estão a fazer a formação na Europa, acho que isso vai mudar. Mesmo aqueles jogadores que estiveram na Europa, já voltam para o Brasil com outra cultura e outro tipo de pensamento, e isso também ajuda a mudar.

Aqui, na Europa, a tática é mais rigorosa.

SCOUT: Para terminar, para ti, quais são as características mais importantes neste momento para que um guarda-redes seja um dos melhores do Mundo?

DOUGLAS JESUS: Hoje, acho que é o conjunto. Defender bem em primeiro lugar, mas depois ter a qualidade de saber jogar com os pés porque vai muito do estilo da equipa em que os guarda-redes estão a jogar. Atualmente, há equipas que solicitam muito o trabalho de pés dos guarda-redes e outras não necessitam tanto desse trabalho.

Hoje, o treino é quase metade/metade para que o guarda-redes consiga ter essas duas qualidades.

SCOUT

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| Quiz UEFA Cup / Europa League

1. Qual o jogador com mais jogos?

A

Daniel Carriço

B

Pepe Reina

C

Frank Rost

D

Giuseppe Bergomi

2. Qual o jogador português com mais jogos?

A

Beto

B

Daniel Carriço

C

João Pereira

D

Rolando

3. Quem é o melhor marcador de sempre?

A

Henrik Larsson

B

Radamel Falcao

C

Huntelaar

D

Jupp Heynckes

4. Quem marcou mais golos numa única edição?

A

Aritz Aduriz

B

Radamel Falcao

C

Huntelaar

D

Henrik Larsson

5. Qual destes clubes tem mais Taças UEFA/Ligas Europa?

A

CSKA

B

IFK Gotemburgo

C

PSV Eindhoven

D

Videoton

?

?

1. D; 2. C; 3. A; 4. B; 5. B

Quiz UEFA Cup / Europa League | 27

?

A

Dortmund e Benfica

B

Marselha e Athletic Bilbao

C

Dortmund e Athletic Bilbao

D

Marselha e Benfica

7. Qual destas equipas nunca ganhou a prova?

A

Nápoles

B

Valência

C

Arsenal

D

Real Madrid

8. Qual destas equipas já ganhou a prova?

A

Schalke 04

B

Roma

C

Celtic

D

Red Bull Salzburg

9. Qual a equipa com mais participações na prova?

A

Inter de Milão

B

Sporting

C

Tottenham

D

Club Brugge

10. Qual o país que conseguiu ter quatro equipas nas meias-finais da mesma edição?

A

Espanha

B

Inglaterra

C

Itália

D

Alemanha

6. D; 7. C; 8. A; 9. B; 10. D.

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6. Quais as equipas com mais derrotas na final, sem nunca terem vencido a prova?

LIGA

REVELAÇÃO por Luís

SCOUT

Castro Martins

Liga Revelação | 29

Os “canarinhos”, de Vasco Botelho da Costa, construíram a equipa que praticou o futebol mais bonito do campeonato, sobre a batuta de Afonso Valente e Klismahn no meio-campo e sempre em alta rotação no último terço, com intérpretes diferentes durante a época. Lucho Vega foi figura maior até janeiro, depois uma lesão tirou-o da equipa, aparecendo apenas na reta final. Chiquinho foi chamado para a fase decisiva e ajudou a equipa a chegar ao título. Deliciou-nos com dribles, chapéus, livres diretos e golos para todos os gostos. Ficou a certeza de um talento apenas à espera de uma oportunidade mais acima. Nota ainda para Bernardo Vital, central que integra já o plantel principal e que vai rodando nesta equipa sub-23.

O Leixões chegou perto do título, teve oportunidade para chegar campeão ao jogo do título, mas perdeu em Famalicão na penúltima partida e ficou à mercê dos homens da Linha na ronda decisiva.

O Estoril sucedeu ao Desportivo das Aves como vencedor da Liga Revelação, conquistando o título na última jornada da prova, na qual entrou a três pontos do líder Leixões e venceu o rival direto por 2-0, com golos de Lucas Macula e Rúben Pina.

Os comandados por José Augusto Faria, os “bebés do mar” conseguiram superar um início intermitente, com duas derrotas em três jogos, e partiram para uma caminhada fantástica que quase deu título.

Baseados numa defesa quase imbatível, sobretudo na fase de apuramento de campeão, o Leixões teve em Gonçalo Tabuaço a figura principal. Muito forte entre os postes, seguro a sair deles, o guarda-redes foi determinante para segurar o Leixões em alguns momentos da época e decisivo para manter a liderança num dos últimos jogos em casa, frente ao Famalicão, ao defender uma grande penalidade.

A estrela da equipa foi mesmo o coletivo, ainda que haja nota de destaque para Nuno Pedras, médio criativo que apenas deu o contributo até dezembro e para os golos e virtuosismo de Vando Félix na frente, já recompensado com uma chamada à equipa A dos homens de Matosinhos.

Mas, numa prova com tanto talento a emergir, importa destacar muito mais do que os que venceram.

SCOUT

30

| Liga Revelação

LIGA

REVELAÇÃO por Luís

Castro Martins

O Sporting de Braga foi quem mais se aproximou destes dois, tendo inclusive vencido a zona Norte da competição, em igualdade pontual com os de Matosinhos (Estoril venceu isolado a Sul). Artur Jorge tinha à disposição um plantel muito jovem e provou que na fábrica minhota há mais jovens à procura de repetirem os feitos de Pedro Neto e Trincão. Rodrigo Gomes acima de todos e já com estreia promovida por Carvalhal.

Com apenas 17 anos, Rodrigo marcou 8 golos nesta edição e provou ser um jovem com faro de golo. Tem qualidade para jogar como avançado solto (em dupla) ou jogar como extremo partindo, preferencialmente da direita. A bola sorri nos pés deste atacante e na hora de finalizar, o sangue não corre. Nos “arsenalistas” há vários destaques, desde o lateral esquerdo Leonardo Buta, competente em todos os momentos do jogo, sobretudo ofensivamente, aos motores da equipa, os médios Pedro Santos e Bernardo Couto.

Famalicão, Marítimo e B SAD completaram o lote de finalistas. Os famalicenses tiveram em André Ricardo o maior talento ofensivo e em vários jogos faltou-lhes outro jogador com talento semelhante para tornar o “Fama” mais perigoso.

Defensivamente muito competentes, com uma excelente dupla de centrais: Alexandre Penetra e Cláudio Silva. No meio-campo outro jovem a ter em conta: o australiano Ryan Teague.

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Liga Revelação | 31

No Marítimo, Jefferson Kibe é nome incontornável, já que foi o melhor marcador da prova com 11 golos em apenas 7 jogos, dividindo a época com a equipa B do Marítimo. Milton Mendes foi quem começou, mas também ele saltou etapas e a equipa foi perdendo gás, contudo ninguém lhes tira o mérito de terem conseguido o apuramento e relegado Benfica e Sporting para a fase de apuramento para a Taça Revelação.

Na B SAD há um nome acima de todos: Luís Mota, de 17 anos. Avançado forte fisicamente, com muita (mesmo muita) qualidade técnica e que, com minutos, poderá ser alguém a ter em conta para o plantel principal num futuro próximo.

Estes foram os seis finalistas de uma Liga Revelação, muito equilibrada até final. Mas para além destes seis conjuntos, houve mais 8 clubes que apresentaram muito talento, com Benfica e Sporting a mostrarem vários jovens das suas “canteras”.

Nas águias, o médio Martim Neto mostrou-se ao mundo, todavia o principal destaque vai para o lateral-direito goleador, Filipe Cruz. A equipa de Luís Castro até parecia bem encaminhada para a fase final, mas uma derrota na última jornada da fase regular com o Estoril impediu a equipa de sonhar. Na fase de apuramento para a Taça emergiu o goleador João Resende, avançado de 17 anos que, na minha opinião, é o mais próximo de um “9” de topo que até agora se formou (e que ainda se está a formar) no Seixal.

Os leões começaram muito mal a temporada e entraram com três derrotas seguidas. Lá encarrilaram, com quatro triunfos consecutivos, mas os últimos cinco jogos não ditaram mais nenhuma vitória e empurraram a equipa de Filipe Pedro para o apuramento da Taça. Joelson foi o principal dínamo desta equipa muito jovem e que revelou o guarda-redes Diego Calai, filho do antigo guarda-redes do Vitória de Setúbal, Diego.

O lateral-direito Hevertton é outro dos nomes a ter em conta.

Em Portimão encontrámos uma equipa mais madura para a competição, com quase todos os jogadores na “casa dos 20” e mais próximos daquilo que é um contexto de equipa A. Leonardo Lelo, lateral-esquerdo, internacional sub-20, foi contratado ao Olhanense e é o nome que mais atenção me merece.

SCOUT

32

| Liga Revelação

Das restantes equipas, o Rio Ave foi a principal desilusão. Os vilacondenses foram dos principais candidatos nas duas anteriores edições, mas nesta apresentaram uma equipa muito jovem praticamente sub-19 e perderam gás. Foram também a equipa que mais jogadores utilizou.

Costinha ainda fez alguns jogos novamente nesta equipa, mas agora atua como titular da equipa A. Há talento nos Arcos, seja nos sub-23 seja na equipa B, que está no Campeonato de Portugal.

Por fim, destacar um talento que mora no Minho, em Guimarães. Guilherme Guedes afirmou-se neste contexto e provou aos dirigentes vitorianos que está ali um talento por lapidar. O Vitória não foi consistente, demorou a vencer pela primeira vez, mas Guedes nunca se escondeu. Médio de ataque muito criativo, forte em condução, com golo e ainda com margem para melhorar aquele que é o seu último passe. Herculano é outro nome forte no castelo, mas foi dividindo a sua participação entre esta equipa e os “bês”.

Por se tratar de uma competição haverá sempre um vencedor, mas o principal beneficiado da mesma é o futebol português, sobretudo em tempos de pandemia. Esta prova permitiu que muitos jovens tivessem oportunidade de competir, de crescer, de evoluir, quando os escalões de formação estão parados. E no futuro, o Chiquinho, o Tabuaço, o Rodrigo Gomes, o Guedes e outros mais vão olhar para trás e pensar que não fosse a Liga Revelação e nunca teriam tido a oportunidade de jogar e de se mostrar.

E só por isso já valeu a pena!

Luís Castro Martins Jornalista Desportivo @luis_castro_martins

SCOUT

@luis_martins13

por Luís

Castro Martins

ONZE REVELAÇÃO

Liga Revelação | 33

Gonçalo Tabuaço Filipe Cruz Alexandre Penetra Bernardo Vital Leonardo Buta Afonso Valente André Ricardo Guilherme Guedes Chiquinho Rodrigo Gomes Vando Félix

SCOUT

Renato “Stadodo” Gonçalves

JOGADOR PROFISSIONAL CS:GO (SAW)

11

DA

MINHA VIDA

BUFFON

PEPE

MALDINI

MARCELO

LAHM

XAVI

INIESTA

RONALDINHO

MESSI

NEYMAR

RONALDO

SCOUT

ABRIL 3

Leicester X Man. City

17h30

J 30

3

Arsenal X Liverpool

20h00

J 30

11

Tottenham X Man. United

16h30

J 31

4

Sevilla X Atlético Madrid

20h00

J 29

10

Real Madrid X Barcelona

20h00

J 30

25

Villarreal X Barcelona

15h15

J 32

3

Dortmund X E. Frankfurt

14h30

J 27

3

Leipzig X Bayern

17h30

J 27

17

Wolfsburg X Bayern

14h30

J 29

20

Bayern X Leverkusen

19h30

J 30

18

Atalanta X Juventus

14h00

J 31

18

Napoli X Inter

19h45

J 31

22

Roma X Atalanta

17h30

J 32

26

Lazio X Milan

19h45

J 33

3

Paris SG X Lille

16h00

J 31

25

Lyon X Lille

20h00

J 34

6/7

Quartos de final — 1.ª mão

20h00

QF

13/14

Quartos de final — 2.ª mão

20h00

QF

27/28

Meias-finais — 1.ª mão

20h00

MF

8

Quartos de final — 1.ª mão

20h00

QF

15

Quartos de final — 2.ª mão

20h00

QF

29

Meias-finais — 1.ª mão

20h00

MF

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