Testemunhos
Tâmega e Sousa (CHTS), ambos os hospitais, tal como todos os outros pelo país, sofreram as consequências da COVID19 e, para o que aqui releva da Liga dos Amigos do Hospital Padre Américo (LAHPA), o nosso Hospital Padre Américo, em Penafiel, também teve de implementar medidas drásticas, visando a segurança de profissionais, doentes, utentes e familiares.
Os últimos meses da nossa vida colectiva trouxeram uma nova realidade, para a qual nenhum de nós estava preparado porque nunca nas nossas vidas havíamos passado por tão nada de semelhante. Há cerca de um século que o mundo não era confrontado com uma pandemia de dimensão planetária. Apesar das crises económicas cíclicas e de guerras localizadas em alguns locais do mundo, nunca no último século nos tínhamos confrontado com os aviões todos em terra, as pessoas impedidas de circular e de se relacionarem umas com as outras, restaurantes fechados, viagens canceladas, escolas encerradas, estádios sem assistência e espectáculos sem plateia. Passamos todos a viver de modo mais triste e melancólico, com angústias, inseguranças, medos. No nosso Centro Hospitalar do 4 | Todos pelo nosso Hospital
Foram impedidas as visitas aos doentes e os voluntários da Liga dos Amigos impedidos de circular no interior do Hospital e, por consequência, impedidos de fazer aquilo de que mais gostam: estar presentes de modo generoso e solidário. Os doentes e os familiares foram amputados daquela vertente humana que só a presença física consegue garantir. Os profissionais obrigados a lidar com a angústia e o sofrimento dos doentes, tentando encontrar a melhor forma de minimizar o dano da maldita pandemia. Introduzimos videochamadas, multiplicamos as soluções de melhoria de humanização, mas tendo consciência que não era a mesma coisa. Os fantásticos voluntários da LAHPA, que todos reconhecem facilmente nos serviços pelas coloridas batas amarelas, passaram a estar ausentes, mas sempre tivemos a noção de que tinham enorme vontade de voltar logo que fosse
possível. Ainda assim, desdobraram-se em acções de recolhas de géneros e equipamentos que pudessem contribuir para a melhoria da prestação de cuidados e de humanização aos nossos doentes, sendo, por via disso, sempre possível perceber a presença, até mesmo em datas simbólicas em que deixaram simples lembranças aos utentes a registar o momento. Enquanto Presidente do Conselho de Administração do CHTS neste período marcante das nossas vidas, sinto obrigação moral de agradecer o fantástico trabalho de humanização que a LAHPA tem ajudado a construir ao longo dos anos, deixar uma mensagem de resiliência e confiança no futuro e acreditar que, em breve, todos poderemos voltar a partilhar abraços, beijos e afectos. É disto, mais do que quaisquer outras coisas, que estamos ávidos por alcançar, com a certeza que a capacidade de adaptação da natureza humana nos fará ultrapassar este período mais negro e nos trará a luz e os sorrisos que merecemos. Porque vai haver mais vida para além da COVID19 e vamos voltar a ver as batas amarelas dos voluntários presentes nos serviços do Hospital. Dr. Carlos Alberto Presidente do Conselho de Administração do CHTS
