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Editorial

José Manuel Oliveira Presidente da Liga dos Amigos do Hospital Padre Américo

O tempo, o contratempo e o destempo…

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“O tempo pergunta ao tempo quanto tempo o tempo tem. O tempo responde ao tempo que o tempo tem tanto tempo quanto o tempo que o tempo tem”. Este trocadilho popular, eternizado em verso pela mão do poeta Vinicius de Moraes (1913 - 1980) obriga-nos a uma refl exão sobre a forma de utilização do nosso tempo.

O tempo que agora vivemos… já é tempo passado! Temos um tempo em que nos dedicamos ao trabalho, um outro à família, um outro aos amigos, um outro ao lazer e ainda arranjamos mais tempo para mais coisas! Mas há um que devemos privilegiar: o Nosso tempo. Tempo é vida. E como o tempo passa depressa!

Contratempo, uma contrariedade, uma difi culdade que surge, um imprevisto…. ou por outro lado, um compasso musical apoiado nos tempos fracos.

É o que nos tem acontecido neste tempo de pandemia, que ainda não acabou. Fomos impedidos de darmos aquele tempo à nossa causa de voluntariado. Mas a exemplo de uma orquestra bem afi nada, onde se segue com rigor o compasso musical, aparece um contratempo. Como que numa complementaridade a sinfonia é perfeita. Quer isto dizer que as difi culdades com que por vezes nos deparamos são fatores de aperfeiçoamento.

Será então que estamos perante um tempo de renovação? Sim. Aproveitemos o nosso tempo, a nossa vida. E seguramente teremos sempre um tempo para poder dedicar aos outros de uma forma desinteressada, participando assim na melhoria do tempo daqueles que foram obrigados a dispor de um tempo no hospital.

Por fi m, o destempo. O exemplo da má utilização do tempo. Uma guerra bárbara, inútil e despropositada que estamos a presenciar com refl exos neste e nos tempos vindouros.

E porque o tempo é vida, permitam-me a refl etir no poema “Tempo” de Mário Quintana:

A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são 6 horas… Quando se vê, já é 6.ª feira… Quando se vê, passaram 60 anos… Agora, é tarde demais para ser reprovado… E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade, eu nem olhava o relógio. seguia sempre, sempre em frente … E iria jogando pelo caminho a casca dourada

e inútil das horas.

Recebam um abraço

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