APDA - Serviços de Águas Os próximos 30 anos

Page 1

Cenรกrios para o mundo em 2050

Serv iรงo sd eร g

30 anos Water imos S e rรณx rv i c sp es sO T h ua

e

1

xt ne

30

rs yea


30

rs yea

h ve

r sio

xt ne

ão aç

guas - com o foco em em de Á comp enag r reen D e o der ã ç i “C u b i r om t s i oI D e rão d os sa e Se gu u rvi rt ço o P s

30 anos Wa t e r imos Se róx r v ice sp s sO Th ua

li s Eng

a np ge

e

Pesq ui s a r eal iza d a pe la A PD A

-A s so ci

de ir pr m u sC a u Ág 050” m2 e são Mis a u as

Serv iço sd eÁ g

69


Os prรณximos 30 anos APDA

Cenรกrios para o mundo em 2050

4

5


João Pedro Matos Fernandes Ministro do Ambiente

Tal como inscrito no Programa do Governo que tenho a honra de integrar como responsável pela pasta do Ambiente, os serviços urbanos de águas constituem um setor de relevante interesse público, indissociáveis da qualidade de vida dos cidadãos. Como é sobejamente conhecido, Portugal fez uma trajetória notável neste domínio nos últimos 30 anos, importando continuar a garantir a sustentabilidade social, ambiental, económica e financeira associada à prestação destes serviços. Neste enquadramento, considero que as políticas públicas deverão continuar a influenciar positivamente o setor promovendo a adopção de modelos inovadores de gestão que potenciem a eficiência, para que Portugal siga alinhado na dianteira. Mas, não menos importante, é decidir numa base planeada e sustentada. É, por isto, que não posso deixar de me congratular com a iniciativa da APDA em promover o exercício prospetivo com o foco nos serviços de águas cujos resultados aqui se apresentam. Este projeto, sendo o primeiro estudo desta natureza elaborado em Portugal, vem corroborar a maturidade dos profissionais do setor, em especial daqueles que integram associações como a APDA e sem os quais os sucessos alcançados não poderiam

ter seguramente sido concretizados. Vem também mostrar aos nossos parceiros nacionais e internacionais que o setor tem massa crítica e capacidade de mobilização, que permitem, através de um processo com ampla participação e divulgação, apresentar cenários para o setor, devidamente enquadrados globalmente e à escala nacional, criativos, mas igualmente lógicos. Estou certo de que as visões a 30 anos aqui materializadas permitirão ao setor dos serviços urbanos de águas dispor de uma ferramenta estratégica para que, perante um mundo em mudança, aproveite as melhores oportunidades para beneficiar todos os que utilizam diariamente os serviços de águas.


Nelson Geada Presidente do Conselho Diretivo APDA

A Publicação “Serviços de Águas – Os Próximos 30 anos” é um trabalho notável desenvolvido por uma equipa alargada, coordenada magistralmente pelo Dr. Sérgio Hora Lopes. É com muito orgulho que verifico que a APDA conseguiu mobilizar tantas instituições e tantos especialistas para uma reflexão sobre os serviços de águas nos próximos 30 anos, significando isto que o poderá voltar a fazer para trabalhos futuros, de natureza similar ou distinta. Sendo um exercício de prospetiva sobre o futuro dos serviços de águas, é interessante verificar que é possível, tomando como base o próprio texto, dissertar e analisar quase todos os aspetos que constituem as preocupações relativas ao futuro da humanidade e do planeta. De facto, a Associação e as suas iniciativas, como os seminários e outras, poderão incluir reflexões sobre temas tão variados como a globalização, a geoestratégia ou o modelo de desenvolvimento, demonstrando como os assuntos do setor se correlacionam com todos os aspetos da vida e sociedade.

Sérgio Hora Lopes Coordenador da Equipa de Coordenação Executiva APDA

Em nome de todos os associados da APDA – Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas, saúdo todos os que direta ou indiretamente tornaram possível a construção desta publicação e a ti Sérgio Hora Lopes um grande abraço coletivo, pelo muito que até agora deste à APDA com um verdadeiro espírito de serviço público.

O estudo apresentado nesta publicação resulta de um processo de reflexão muito pouco frequente no âmbito dos serviços de águas e, especialmente, em Portugal. O trabalho pretende responder a uma iniciativa da APDA, que resolveu assinalar os seus trinta anos de atividade olhando, não para o passado, mas para o que o futuro anuncia. Ainda bem que o fez e a equipa responsável pelo projeto está-lhe grata por esta iniciativa. A elaboração deste trabalho envolveu a inteligência, dedicação e esforço de muitas pessoas. Quase três centenas de técnicos e investigadores, de variada proveniência científica (antropólogos, economistas, geógrafos, biólogos, engenheiros informáticos, de ambiente, hidráulicos, etc.) e institucional (universidades, institutos de investigação, “utilities”, municípios, etc.) em seminários, inquéritos, workshops e reuniões mais restritas ajudaram a equipa de coordenação do projeto na descoberta das inúmeras possibilidades com que o mundo, Portugal e os serviços de águas poderão evoluir nas próximas décadas. A todos os nossos agradecimentos pois, sem eles, o trabalho desenvolvido durante dois anos não teria a complexidade e alcançado a profundidade que este ensaio prospetivo tem. Ressalve-se o facto de que o documento

agora apresentado reflete a visão da equipa de coordenação e, por isso, não responsabiliza as pessoas que connosco colaboraram. Toda a equipa de coordenação está de parabéns pelo trabalho desenvolvido mas não posso deixar de realçar o contributo especial da Dra. Fátima Azevedo. Muito obrigado. Sendo um trabalho de prospetiva, não pode ser visto como propostas de futuros, mais ou menos desejáveis, mas somente como futuros plausíveis. Esperamos que tenhamos sido capazes de captar os contraditórios sinais dos tempos, cuja plausibilidade só dentro de décadas será possível aferir. A partir do momento em que um trabalho se torna público, deixa de ser de quem o elaborou e passa a ser dos seus leitores. A nossa expectativa é que seja um trabalho útil para a alargada comunidade associada aos serviços de águas (poderes públicos, reguladores, empresas, universidades e institutos de investigação, consultores, etc.) e que a ajude a definir as melhores estratégias para um futuro melhor para todos os que beneficiam dos serviços de águas: o planeta e quem nele vive.


Porquê “os próximos 30 anos: sobre o futuro dos Serviços de Águas”?

Cenários para o mundo em 2050

Implicações para Portugal

Cenários Serviços Urbanos de Águas

10

24

36

46

12 A Motivação

26 Infográfico

38 Entre Muros

49 Elementos pré-determinados

15 A Opção Metodológica

28 Entre Muros

40 Lego War

50 Entre Muros

19 Elementos pré-determinados

30 Lego War

42 Governos, S.A

54 Lego War

20 Tendências e Incertezas

32 Governos, S.A

44 Paz Perpétua

58 Governos, S.A

34 Paz Perpétua

62 Paz Perpétua 67 Conclusão


e o futuro dos r b o S Ser o n viç a 0 os 3 d os

m comu ática é pr e não u q eé uas ág dad revisível ver s imp de mai sa os z e Ma viç av er ad mal” te. nor oc ss en tur ovo qu do u on o fre of m a to co rn ui o as t es pr ur ss ue

e

? ” s ua g Á

A elabor ação de e stud em Port os ugal pro e, m e sp smo vivemos eti num n vo o a er utr ss a o e em q ob d s em pa ue se re ud í s dev o es an em fu , ç aa nã ver tu o ce r “o é ler sc m ad ho qu a, es q e a

Porqu ê “ o s p ró x im 13


Os próximos 30 anos APDA

Porquê “os próximos 30 anos: sobre o futuro dos Serviços de Águas”?

A Motivação

Alguns dos drivers contraditórios da era em que vivemos são as alterações climáticas, a escassez de recursos naturais, a crescente interdependência, a globalização e o nacionalismo, as inovações tecnológicas disruptivas, a divergência demográfica e o alargamento da classe média, mas também das desigualdades. Esses drivers irão certamente influenciar o futuro do mundo e do país. Os serviços de águas irão também ser diferentes dentro de três décadas, na viragem para a segunda metade deste século. Mas em que medida? E em que direção evoluirão? Não é possível, seguramente, responder a estas questões de um modo preciso, pois ninguém tem capacidade de prever o que irá ocorrer. Podemos é pensar em futuros possíveis e, a partir daí, tentar responder às questões que se podem vir a colocar.

Foi com este objetivo e com o foco em tentar compreender “Como Irão os Serviços de Águas Cumprir a sua Missão em 2050” que a APDA - Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas decidiu levar a cabo o exercício de prospetiva que agora apresentamos. Um exercício que resultou de um processo de interação com stakeholders de várias áreas de atividade, das esferas pública e privada e da academia. Este forte envolvimento com outros profissionais e decisores permitiu-nos uma ampla e discutida reflexão exploratória sobre o futuro do nosso admirável mundo, sempre novo, tendo por base fatores multidimensionais e a consciência da lógica de nexo que tanto contribui para caracterizar este contexto V.I.C.A. (volátil, incerto, complexo e ambíguo; acrónimo VUCA em inglês). A partir da reflexão sobre os cenários globais,

14

2015

2016

2017

2018

Julho 1º Reunião da Equipa de Coordenação Executiva (ECE).

Fevereiro 1º Reunião da Comissão de Acompanhamento.

Janeiro Seminário “O Mundo em 2050. A nova revolução Industrial: implicações no sector da água” GT3.

4ª e 5ª Reuniões da Comissão de Acompanhamento;

Abril Seminário “O Mundo em 2050 Tendências, Riscos e Impacto no Território” GT1.

Outubro 3º Reunião da Comissão de Acompanhamento.

Maio Inquérito GT4: Governança e Modelos de Gestão dos Serviços de Águas.

Construção de Cenários Caracterização dos fatores-chave e dos cenários globais.

Julho Inquérito GT3: Evolução e futuro das tecnologias d e tratamento e informação.

Maio Workshop final “Cenários Globais e as Implicações para Portugal e para os Serviços Urbanos de Águas”

Outubro Sessões temáticas GT2: Ambiente e Recursos Hídricos. Novembro 2ª Reunião da Comissão de Acompanhamento.

Construção de cenários e draft das narrativas.

15

Cenários Finais; Edição e Publicação.


Os próximos 30 anos APDA

Porquê “os próximos 30 anos: sobre o futuro dos Serviços de Águas”?

2

Seminários

300

Participantes

2

Inquéritos

30

Reuniões

2

Workshops

A Opção Metodológica Equipa de Coordenação (C) identificou o foco, envolveu e convidou stakeholders (S) relevantes para a Comissão de Acompanhamento (CA). 4 grupos de trabalho (GT) para analisar tendências (STTEEP), construir matriz e identificar incertezas críticas.

Para apoiar a ECE foi instituída uma Comissão de Acompanhamento (CA), que integra personalidades representantes de vários stakeholders do setor parceiros do projeto. Durante mais de dois anos a ECE coordenou um alargado trabalho de reflexão que envolveu perto de 300 especialistas de várias áreas (economistas, sociólogos, historiadores, antropólogos, tecnólogos, ambientalistas, gestores, geógrafos, demógrafos, além de especialistas de recursos hídricos e de gestão de operadores) e com origens diferentes (investigadores universitários, consultores, outros profissionais do setor, técnicos de empresas de fornecedoras de tecnologias, ativistas). Foram elaborados dois inquéritos, um sobre “A evolução e o tratamento das tecnologias de tratamento e informação” e outro sobre “Governança - Modelos de Gestão dos

Para desenvolver o projeto foi criada a Equipa de Coordenação Executiva (ECE), que integra técnicos que cobrem as várias valências (prospetiva, gestão de projetos, governança, económica/financeira, ambiental, empresarial, tecnológica, social, etc.). Os membros da ECE coordenam os 4 Grupos de Trabalho:

procurámos determinar as implicações de cada um desses futuros possíveis para Portugal e, finalmente, para os serviços de águas. Sendo os serviços de águas uma atividade essencial ao desenvolvimento humano, a forma como evoluem depende largamente do que se passa na sua envolvente. Assim, neste trabalho, parte-se das visões dos mundos possíveis para avaliar como elas interagem com os serviços de águas. Queremos ver estes serviços numa perspetiva integrada nas suas envolventes política, económica, social, tecnológica e ambiental e, por isso, partimos do “desenho” dos cenários macro para os cenários dos serviços de águas. Consideramos que é esta a melhor forma de pensar o futuro para o setor e ajudar as entidades gestoras na definição das estratégias mais adequadas de resposta a tantos e tão complexos desafios com que se irão confrontar.

GT1  Demografia, Território, Economia, Sociedade; GT2  Ambiente e Recursos Hídricos; GT3  Evolução e Futuro das Tecnologias de Tratamento e Informação; GT4  Governança e Modelos de Gestão dos Serviços de Águas.

16

17


Os próximos 30 anos APDA

Porquê “os próximos 30 anos: sobre o futuro dos Serviços de Águas”?

O Processo Metodológico

Serviços de Águas”. Foram promovidos dois seminários, um sobre “O Mundo em 2050: Tendências, Riscos e Impacto no Território” e um segundo, internacional, sobre “O Mundo em 2050: A nova revolução industrial: implicações no setor da água”. Igualmente foram levados a cabo dois workshops, um sobre “Ambiente e Recursos Hídricos” e outro sobre “Cenários Globais e as Implicações para Portugal e para os Serviços Urbanos de Águas”, para discutir como os cenários globais (ambiental, político, económico, social e tecnológico), previamente elaborados, impactavam em Portugal e, principalmente, nos serviços de águas. O resultado deste trabalho é agora apresentado para discussão de todas as entidades interessadas na gestão do ciclo urbano da água: municípios, operadores, administração pública, empresas fornecedoras,

investigadores e técnicos. Pretendemos, durante o ano de 2018, levar a cabo reuniões de reflexão sobre o trabalho com os vários interessados. Por último, uma nota de agradecimento ao Conselho Diretivo da APDA pela iniciativa, a todos os que participaram nas ações levadas a cabo durante a elaboração do projeto, aos patrocinadores, Águas de Portugal, Águas do Ribatejo e Navia, à ERSAR, pelo apoio à publicação e divulgação, e ao Ministério do Ambiente, pelo suporte institucional. Sem eles este trabalho não existiria.

1 ORIENTAR Stakeholders; Foco 3 SINTETIZAR Cenários Globais

3 SINTETIZAR Cenários Serviços Urbanos de Águas

2 EXPLORAR Incertezas Críticas; Elementos Pré-determinados

2016

18

4 ATUAR Implicações; Agenda Estratégica.

5 MONITORIZAR Indicadores de Evolução, Sistema de Monitorização

2017

2018

19


Os próximos 30 anos APDA

Porquê “os próximos 30 anos: sobre o futuro dos Serviços de Águas”?

Foco: Como irão os Serviços de Águas cumprir a sua missão em 2050

Elementos pré-determinados Não existirão eventos globais disruptivos que possam pôr em causa a ordem mundial e o planeta (guerra nuclear, pandemia global, etc).

Os 3 I’s Importância

Incerteza

Independência

Tendências Chave/ Significativas

Incertezas Cruciais

Elevado Impacto / Reduzida incerteza

Crescimento lento

Divergência demográfica

Menor intensidade energética

Menor intensidade carbónica

Opções tecnológicas de baixo custo

Mais renováveis num paradigma fóssil

Alterações climáticas com reflexo em elevado stress hídrico

Primado da eficiência de recursos

Impacto

Elevado Impacto / Elevada incerteza

Reduzido Impacto / Reduzida incerteza

Elementos de Contexto

Incerteza

20

21


Porquê “os próximos 30 anos: sobre o futuro dos Serviços de Águas”?

olo

coisas Internet das gica tecnoló l rgência ficia i t r Conve cia a pa s igên li m Intel s s a é t ic ti v a erg or a ta s en la b d a lf gia co e s e im

n Tec

t Pla

Tendências e Incertezas

a fo

rm

as

s Fa a r, te

ur

Tole r

gu

t ny

Res i

Se

yo

ão

,a re

uiç

it

he ra

c ri n ad ç a or a

li ê n

ânc

cia

ia e Lideranç a Inclusão e construído Capital natural, humano is s natura Recurso u t ur a ae s t r r f n i o se li s m Rede D ua t ã o es eg o t r en am s ta o n e e m er Ord Be g é n de e ad t id n e Id

c ie

da

de

ia da no fe vo av s e li c i en d m oo p r ad ne eg e be hi n o s d” Ex c lu s ã Em o pre go Migr açõ e s U r ba n ização Divergência demográfica

s,

no

“ le

cia

Ec ó

tê n pe om sc No va

Ambiente

So

í Pol

tic

a

ta

o çã

da

s

ca

s ia e d

es or t fa

de

de

va

l

or

u od pr

çã

u oo

co

n

m su

o.

e m ad e g a d Fr cali s i F ic o íd r h ess ca Str ú b li p or tes e d an s p r t e Saú e ili d a d Mo b icas s ecológ Compra Uso do solo

Valorização social dos rec ursos naturais Econom ia circula r (In)Ef ic i ê n c i a de Ene recur rgia sos s re Alt nov er a á veis çõ e s cl Co i má t ic a Co mp s nf e t i ç lit ã op os e la pe sp lo sr ou ec pa ur nç so as s

) ai s o al ( o nt ífic e m ac c id ris oP s s rro s) O ed õe ç s oa d Te se( pe s da li z a i i i l v i c as e C r nt r a teir de Ce fron ue de oq Ch nç a ad o s ur a de d Seg a r anç tica Seg u nergé anç a e Seg u r turas as infraestru Segurança d

22

Eco no m ia

s id a d

m

Diver

ia log o cn Te

en

Território

s tr

Big

Do

w ny De

Limites do cr escimento Recurs o s na t urais Econ omia Ind “col ú o r id a” Glo stria 4 . 0 C r b a li z aç ã i Fin aç ão o de E s an em ta cia m do pr en eg oc to o ia e l i nf ra es tr u tu ra s

Os próximos 30 anos APDA

23


Os próximos 30 anos APDA

Porquê “os próximos 30 anos: sobre o futuro dos Serviços de Águas”?

Incertezas Globais

Incertezas Críticas Dinâmica interna (solidez do sistema político e das instituições; geração de capital social proativo ou adaptativo; capacity building ou descredibilização) Trade-off curto e longo prazo e globalização (volatilidade, complexidade e exigências de resposta rápida a processos globais como alterações climáticas, demográficas e tecnológicas (+ ou – disruptivas)

Modelo político preponderante

Fontes de poder?

Democracia Representativa versus Sistemas autoritários

Cultural versus Economia hi-tech

Economia e Inovação

Cidades

Sociedade

Norte/Sul

Tecnologia resolve versus Tecnologia não basta

Liderança versus Adaptação

Fragmentada versus Global

Cooperação versus Domínio

Fundamentalismos Religiosos

Modelo de crescimento

Localizados e centrados versus Generalizados e anárquicos

Linear versus Circular

Globalização

Pessoas

Superpotências versus Mundo Flat

Exclusão versus Inclusão

Impactos ambientais Limitadores versus Aceleradores

24

Evolução Ser humano

Divergência/ instabilidade de regime nos principais atores

Dinâmica interna

Convergência/ renovação de regime nos principais atores

Capitalismo popular/ protecionismo com foco no longo prazo

Dinâmica internacional

Globalização/ cooperação com foco no longo prazo

Incremental versus Disruptiva

25


Os próximos 30 anos APDA

Porquê “os próximos 30 anos: sobre o futuro dos Serviços de Águas”?

Cená rios pa ra o

do un m

2050 em

26

27


Os próximos 30 anos APDA

A combinação destas duas incertezas permitiu construir quatro cenários com narrativas distintas para o mundo em 2050. “Entre Muros” e “Lego War” são os dois cenários de um mundo marcado por opções de curto prazo e que se distinguem pela capacidade ou não de renovação dos sistemas políticos e económicos dos principais atores; “Governos S.A” e “Paz Perpétua” são cenários marcados pela globalização, mas que se distinguem nas lógicas e modelos de funcionamento e governança das principais potências mundiais.

Sistemas políticos instáveis nos principais atores

Capitalismo popular/ protecionismo focado no curto prazo

Cooperação global de longo prazo

Reforma dos sistemas políticos nos principais atores

Go ve r

s uro M

28

rp

go

W

ét

Le

ua

.A sS no

Ent re

dinâmica internacional

ar

P az

29

Pe

dinâmica interna

A incerteza é a matéria-prima de qualquer exercício de construção de cenários com o objetivo de explorar futuros alternativos para a questão central em estudo – o foco – que é, no nosso caso, como irão os serviços de águas realizar a sua missão em 2050. Como já mencionámos, a opção metodológica envolveu três etapas: a construção de cenários globais, suas implicações para Portugal e, finalmente, para os serviços de águas. A partir de um conjunto de seis dezenas de tendências (pp.20/21) – processos em curso, com impacto e incerteza variáveis – tipificadas e analisadas de acordo com o modelo STTEEP (acrónimo em inglês – sociedade, tecnologia, território, economia, ambiente e política), construímos uma matriz com o objetivo de identificar as que comungavam três características - elevado impacto, incerteza e independência (pp.18). Tal permitiu-nos reduzir o universo de análise a 12 incertezas globais (pp.22), atendendo a um conjunto de elementos pré-determinados (pp.19) que se manterão ao longo do período analisado e optar pela exploração de quatro cenários globais resultantes da dinâmica de duas incertezas críticas (pp.23) – uma de natureza doméstica – em que medida os regimes dos protagonistas mundiais se renovam ou não num contexto de erosão do conceito de Estado-Nação; e outra – de natureza externa – que evolui entre o capitalismo popular, protecionismo económico e centrado no curto prazo ou para uma nova vaga de globalização vocacionada para a cooperação e planeamento a longo prazo.

Cenários para o mundo em 2050


En tre

Os próximos 30 anos APDA

Divergência demográfica conduz a um reforço dos fluxos migratórios com destino aos países mais desenvolvidos que, apesar de em processo de estagnação/redução da população, tendem a (re)erguer restrições a imigrantes num contexto de maior tensão social interna provocada pela incapacidade de criar emprego. Crescimento lento com reduzida criação de emprego e com foco em atividades de maior conteúdo tecnológico tende a agravar desigualdades sociais e territoriais à escala nacional e global. Os “perdedores da globalização” tendem a defender um regresso ao protecionismo, conferindo um novo élan aos movimentos nacionalistas e à disseminação do capitalismo popular. Decréscimo da cooperação global no âmbito de desafios como as alterações

30

Cenários para o mundo em 2050

os r u M

climáticas ou a Agenda 2030, fragilizando e conferindo maior instabilidade às instituições multilaterais, nomeadamente as Nações Unidas e dificuldade em gerir a Organização Mundial de Comércio com sucessivas medidas de retaliação entre países no que respeita à proteção de atividades líderes. Regresso à economia fóssil, adiando por tempo indeterminado novas opções tecnológicas no âmbito da energia, por força de opções de menor custo, com consequências na degradação ambiental e na agudização dos efeitos combinados de eventos extremos, carência económica e escassez de recursos, nomeadamente em África e Ásia, ainda em fase de expansão demográfica. Negligência da componente ambiental, invertendo a tendência de mitigação às

alterações climáticas, com aumento global das emissões de gases com efeito estufa (GEE) e com uma residual componente de adaptação e legislação heterogénea. Num mundo com maior população e reduzida capacidade de aumentar a geração de riqueza, os riscos globais associados à segurança hídrica, energética e alimentar são muito elevados. Exacerbação do individualismo e agravamento dos conflitos entre gerações, entre os empregados e desempregados, dificultando sobrevivência de modelos de segurança, proteção e solidariedade social, o que induz maior risco sistémico.

31

“Entre Muros” retrata um mundo não cooperativo, com as principais potências refugiadas no protecionismo e incapazes de reformar os seus modelos de governação num contexto de crescimento muito lento. A expansão demográfica torna as pressões migratórias num rastilho de conflitos e os riscos globais associados à segurança hídrica, energética e alimentar são muito elevados.


Os próximos 30 anos APDA

Cenários para o mundo em 2050

O ajustamento dos modelos nacionais faz-se com um recuo da globalização, produzindo uma Lego War entre “campeões regionais”. O crescimento económico mundial é lento e heterogéneo, com a China a projetar a sua influência do Pacífico para o Atlântico, a Europa de “clubes” com velocidade variada e os EUA a rentabilizarem a capacidade de inovação.

Divergência demográfica mas com um fluxo migratório inferior ao do cenário “entre-muros”, dada a tendência para uma intensificação da cooperação regional, nomeadamente entre o mundo menos desenvolvido, procurando aumentar poder negocial ancorado em soft skills e do ascendente das economias do Pacífico (excedentes correntes a financiar desenvolvidos “velhos” e incapazes de acelerar crescimento e emprego) e do Atlântico Sul (energia); aumento das receitas de exportações a Sul conduz à explosão da classe média e alguns ganhos na redução da pobreza. Divergência de ritmos de crescimento Norte-Sul com emergentes a criar bolsas de inovação e acesso a matérias-primas determinantes para atividades inovadoras;

Le

go

W

32

Menor cooperação global face ao cenário business as usual (BaU), mas capacidade para avançar com Acordo de Paris por ser fator para o reforço e ambição de liderança chinesa em termos de transição para uma economia mais verde que lhe permite aumentar área de influência regional, diversificar opções energéticas e desenvolver estratégia de internacionalização pela nova rota da seda, com solidariedade sul-sul no nexo água-energia-alimentação. O crescimento económico mundial é lento e heterogéneo entre blocos, com os EUA a procurar aproveitar capacidade de inovação na área das tecnologias energéticas não convencionais e na liderança relativamente a atividades estratégicas de elevado conteúdo

tecnológico para impor uma “economia do gás natural” negligenciando a componente ambiental e beneficiando dos recursos endógenos para criar riqueza e emprego; a União Europeia regressa primeiramente a uma lógica de Mercado Interno, com cooperação limitada na zona euro e privilégio de soluções bilaterais e evoluindo, mais para o final do período, para um contexto de “Clubes”, instituindo várias velocidades de integração em troca da segurança de fronteiras.

ar

33


Cenários para o mundo em 2050

S.A os

Go ve rn

Divergência demográfica com crescente reforço da urbanização cria uma vaga de globalização liderada por cidades globais, que geram novas formas de governança independentes da letargia do poder público e veiculadas pelas oportunidades de acumulação de capital das empresas multinacionais. A incapacidade de renovação dos sistemas políticos nas economias mais desenvolvidas, espelhadas por um crescente afastamento do interesse “comum” e a crise endémica do “estado nação” dão azo ao aparecimento de uma lógica capitalista a partir das cidades e das oportunidades geradas pelos grandes desafios globais, nomeadamente na construção de infraestruturas verdes que permitam a adaptação aos efeitos das alterações climáticas, na exploração do potencial

34

dos recursos oceânicos, da conetividade digital ou da mobilidade sustentável, sem esquecer a descentralização da eletricidade ou de novos bens e serviços gerados numa lógica de circularidade, técnica e biológica. Enquanto financiadores do Acordo de Paris e criadores de inovação, Mayors e Magnatas são legitimados pelas populações à medida que se cria emprego numa lógica de gestão “empresarial” do “interesse comum”, desde a privatização das funções sociais do Estado à disrupção tecnológica que gera riqueza. A competição/cooperação entre as grandes multinacionais permite que a produtividade dos recursos aumente significativamente em várias regiões do planeta. A distribuição dos resultados obtidos é tema que gera conflitos entre grupos sociais e geografias.

A governança vai exigir uma cuidada clarificação das fronteiras entre objetivos empresariais e políticos. Questões de compatibilização das ética corporativa e social irão colocar-se.

A crise endémica do “estado nação” faz emergir uma lógica capitalista ancorada na aliança entre autarcas e empresários, reiterando um cenário de “Governos S.A”, onde as cidades lideram e competem sob a égide da ética corporativa.

35


Os próximos 30 anos APDA

Contenção gradual do crescimento demográfico mundial, à medida que os países em desenvolvimento reduzem a taxa de natalidade com os investimentos realizados no âmbito da Agenda 2030 no que respeita à saúde, educação, redução da pobreza e diversificação das estruturas produtivas. Contenção das assimetrias de desenvolvimento Norte-Sul, com ganhos crescentes de catching up do Sul, fruto da intensificação das cooperação com emergentes asiáticos, dos instrumentos de financiamento de índole multilateral e do investimento direto estrangeiro em setores-âncora para o nexus alimentação-água-energia-clima. A convergência de interesses dos principais atores em torno de uma maior eficiência de recursos aliada à proteção e conservação

A convergência de interesses dos principais atores em torno de uma maior eficiência de recursos favorece o reforço da globalização centrada na sustentabilidade e a adequação dos modelos nacionais a uma prosperidade potenciadora da inovação, da aproximação Norte-Sul e, sobretudo, não refém do crescimento económico.

As sociedades mais desenvolvidas estabelecem Acordo de S. Petesburgo, fomentado pela Rússia que, refém de uma estratégia centrada nos seus recursos fósseis, acaba por evoluir para uma parceria com a União Europeia, EUA e China. Convergência tecnológica a par de uma valorização das “tecnologias apropriadas” nos países em desenvolvimento permite concretizar projetos-piloto de gestão otimizada de recursos hídricos para posterior disseminação.

ét ua

ambiental permite avançar no investimento de tecnologias disruptivas na área energética, apoiados em parcerias público-privadas e em experiências-piloto em países em desenvolvimento. Cooperação global permite maior ambição nas metas do Acordo de Paris, propiciando a contenção de efeitos das alterações climáticas, nomeadamente na otimização de gestão de recursos hídricos e na exploração de fontes de energias alternativas em mar profundo (deep-sea) e no espaço. O forte avanço na conetividade digital é acompanhado por investimento na área de educação e formação, facilitando a mobilidade social e a transição para um modelo económico mais eficiente na utilização de recursos naturais.

Cenários para o mundo em 2050

rp

e P z

Pa

36

37


g al r tu

Po ra

Pa

I

ic a l p m

ç

s e õ

39


En tre

Os próximos 30 anos APDA

Clara redução da população, com acentuado envelhecimento face a um crescimento natural negativo, reforçado pelo saldo migratório negativo, marcado por um fluxo de emigração fundamentalmente de jovens e confirmando o cenário mais pessimista das projeções realizadas há 30 anos. A fragmentação da União Europeia com abandono de uma lógica de construção de uma união política salda-se pela criação de “clubes” de acordo com a capacidade de um restrito número de países em celebrar acordos setoriais, nomeadamente no que respeita à segurança e defesa, segurança energética e informática. A significativa redução do orçamento comunitário penaliza a já frágil política de coesão, com efeitos muito penalizadores do financiamento dos países mais vulneráveis, entre os quais Portugal.

40

os r u M

Com muitas dificuldades no financiamento externo, a estagnação económica ganha fôlego e o país aprofunda ainda mais o dualismo de décadas, com elevadas perdas na coesão social e territorial – a população concentra-se nas cidades do litoral, que, devido aos fluxos migratórios, mantêm, no global, o nível de residentes; no interior, a população é residual. Esta letargia sócio-económica mitiga rapidamente os passos ténues dados em anos anteriores no sentido de maior eficiência de recursos, com a adoção de princípios de circularidade, verificando-se uma “travagem” na economia verde e um regresso a opções energéticas de menor custo, nomeadamente o carvão para a geração de eletricidade, impossibilitando o cumprimento das metas assumidas para um aumento máximo da temperatura global em 2°C; algumas empresas,

capitalizando parcerias anteriores com a Chi- carenciado de quadros qualificados que perna para a produção e exportação de soluções mitam a diversificação e aproveitamento do energéticas renováveis, conseguem manter al- capital natural e histórico. gum dinamismo, nomeadamente no seio dos países africanos de língua portuguesa. A vulnerabilidade já existente relativamente às alterações climáticas acentua-se, especialmente em regiões mais desfavorecidas, com secas prolongadas e interrupção de serviços de abastecimento nos aglomerados do interior do país. A maior pressão das va- Em Portugal, o cenário riáveis ambientais evidencia a escassez de re“Entre Muros” traduz-se cursos e a fragilidade do setor agrícola. Ainda assim, o baixo risco de segurança em elevadas perdas na permite continuar a atrair serviços de back- coesão e territorial, além office de algumas multinacionais na área da de acentuar a vulnerabilidade telecomunicações e tecnologias de informação, com o turismo a manter o estatuto de nacional aos efeitos pilar-mor na especialização produtiva, mas das alterações climáticas.

41


Os próximos 30 anos APDA

Implicações para Portugal

Numa guerra de blocos, Portugal procura capitalizar o alargamento de influência da China no Atlântico e integrar o clube de países da União Europeia que avançam no combate às alterações climáticas e transição energética como forma de estancar maiores perdas de coesão social.

Num mundo em que a lógica de cooperação se centra na esfera regional, com um catching-up do Sul relativamente ao Norte ancorado no dinamismo inovador das emergentes do Pacífico, as pressões migratórias na Europa são inferiores às de um cenário “entre-muros”. Num contexto de crescimento muito lento nas economias mais desenvolvidas, o foco da União Europeia é salvaguardar o mercado comum, com privilégio de soluções bilaterais e cooperação limitada no seio da zona euro. Numa Europa a várias velocidades, Portugal mantem a população por via da imigração, mas com muitas dificuldades em recuperar um crescimento natural. A taxa de natalidade melhora, mas não o suficiente para impedir o continuado envelhecimento da população.

Le

go

W

42

Com um dualismo reforçado, a perda de centros de decisão nacionais em setores estratégicos é a solução para procurar evitar maiores perdas de coesão social. A baixa dos padrões europeus no contexto das pressões ambientais salda-se por fraca inovação e renovação de infraestruturas, enquanto as oportunidades na energia são o maior potencial no contexto do reforço da cooperação chinesa em África, no âmbito da nova rota da Seda; da mesma forma, no Atlântico sul, num contexto de subida do preço do petróleo, as parcerias para a exploração conferem algum fulgor às empresas portuguesas, que ambicionam a integração com a água e telecomunicações.

O baixo risco de segurança permite que Portugal se mantenha entre os principais destinos turísticos europeus, conseguindo diversificar e ganhar eficiência com a desmaterialização e virtualização das plataformas de trading.

ar

43


Implicações para Portugal

S.A os

Go ve rn

Este cenário resulta de uma nova vaga de globalização ancorada não na competição tradicional entre estados-nação, mais ou menos colaborativos, mas na emergência de um novo modelo de governação, em que líderes de cidades e de empresas (mayors e majors) estabelecem parcerias para acelerar a eficiência de recursos e a transição de paradigma energético como forma de potenciar o crescimento através de forte impulso de investimento em tecnologias, tendencialmente disruptivas, infraestruturas e economia circular. Os produtos industriais passam a ser concebidos como serviços e otimiza-se a gestão de resíduos, reduzindo a sua produção e valorizando a sua reciclagem, numa simbiose da indústria 4.0, capacitada pelo binómio energia-clima, com a circularidade, que acelera a

44

eficiência dos recursos naturais. Neste quadro, algumas das cidades europeias ganham protagonismo, a par de asiáticas, africanas e do médio oriente, num contexto global de urbanização de ⅔ da população mundial, o que atrai líderes empresariais globais. O crescente peso dos serviços em Portugal, as soft skills da população mais qualificada combinadas com um custo mais baixo que outros parceiros europeus e as boas condições de conetividade digital e internacional funcionam como fator de atração para as majors no âmbito de um sistema que já se tinha regionalizado e em que o poder dos autarcas se tornou mais assertivo que o poder central, em queda abissal face a perdas de coesão social e territorial.

Assim, o investimento estrangeiro acelera o crescimento das start-up, nomeadamente na área das utilities e das tecnologias ambientais, transformando as cidades-líder em laboratórios vivos para soluções de inteligência artificial, conversão e transformação tecnológica e dispositivos médicos. As cidades ganhadoras estendem a sua área de influência gerando maior fragmentação social e setorial, com a perda das atividades industriais tradicionais e intensivas em trabalho menos qualificado em prol de atividades de maior conteúdo tecnológico e de serviços de excelência na área do turismo, moda e náutica. Em contraste a este dinamismo, as pressões subjacentes a bolsas de desemprego geram maiores desigualdades num quadro em

45

que os direitos associados ao anterior contrato social são reequacionados para uma lógica de flexisegurança, provocando alterações profundas na estrutura de funcionamento do mercado de trabalho.

Num futuro marcado por um ritmo de globalização ditado pelas cidades, o dualismo histórico de Portugal conduz a uma agudização das tensões no mercado de trabalho.


Os próximos 30 anos APDA

afluxo de imigrantes jovens qualificados, do Pacífico e do Atlântico sul. As estruturas flexíveis das empresas da vanguarda tecnológica, resultantes de um modelo de cooperação virtuosa entre a academia, as empresas e as prioridades de política pública em termos de inovação, permitem aceder ao pelotão da frente em termos de conetividade digital e a fixação de vários centros de investigação fundamental internacionais em território nacional. Mas o mercado de emprego a várias velocidades, a par do elevado peso das necessidades de financiamento público, provoca crescentes preocupações com o pilar social, que se torna, assim, no maior desafio para evitar um exército de excluídos e garantir a sustentabilidade das gerações subsequentes.

A opção estratégica de integrar os países pioneiros na mudança de paradigma económico no sentido da neutralidade carbónica e circularidade permite a Portugal mitigar riscos de coesão territorial, social e ambiental.

ét ua

Caso a globalização retome a trajetória de cooperação global, galvanizada pelo imperativo de combate às alterações climáticas de 2030, Portugal tem a vantagem competitiva de ter integrado, no seio da União Europeia, o “clube” de países que acordaram em acelerar a economia circular e a transformação da produção e consumo numa lógica de resiliência e sustentabilidade. Esses ganhos permitem chegar a meados do século com um crescimento mais robusto, favorecido pela maior eficiência de recursos e a opção por um modelo territorial mais policêntrico, centrado na distribuição mais equitativa dos rendimentos da globalização. A evolução demográfica permite ligeira redução do índice de dependência, através do aumento da taxa de natalidade e de um

Implicações para Portugal

rp

e P z

Pa

46

47


Cenรกr ios Se rvi รงo s

uas g ร de s no a b r U

49


Os próximos 30 anos APDA

Cenários Serviços Urbanos de Águas

Elementos pré-determinados Não existirão eventos ou inovações disruptivos que possam alterar o paradigma histórico do modelo de prestação de serviços de águas.

50

Intensificação de eventos extremos

Escassez dos recursos hídricos

Envelhecimento da população

Fraca coesão territorial

Heterogeneidade do território

Indústria de rede com tendência monopolista

Elevadas necessidades de financiamento

Primado da eficiência de recursos

51


Os próximos 30 anos APDA

En tre

52

Eficiência de Recursos Os recursos hídricos estão pressionados, fundamentalmente devido à escassez, ao aumento da procura do setor agrícola e à fragilidade dos processos de planeamento das bacias hidrográficas. Esta situação deriva do colapso do processo de construção da União Europeia, levando ao isolamento dos países e, por outro lado, da escassez decorrente das alterações climáticas (cujos impactes se tornaram cada vez mais gravosos devido ao colapso do Acordo de Paris). As barreiras ao comércio implicam uma maior dependência dos recursos alimentares nacionais, pelo que o setor agrícola intensifica a procura de água, não conseguindo acompanhá-la com medidas de eficiência. A diminuição de importância da regulação ambiental reflete-se no empobrecimento do

52

Cenários Serviços Urbanos de Águas

os r u M

processo de planeamento das bacias hidrográficas, que não consegue resolver conflitos de utilização dos recursos e não garante o bom estado de todas as massas de água. Ao nível do ciclo urbano da água, a escassez é assunto da agenda, mas com consequências práticas limitadas. As dificuldades financeiras, associadas à débil regulação, pesam mais que a qualidade, a fiabilidade e a sustentabilidade do serviço. A gestão das infraestruturas e os níveis de serviço têm assimetrias altamente determinadas pela concentração da população e de grande parte da atividade económica em centros urbanos do litoral. Estas assimetrias refletem-se igualmente a nível dos custos do serviço, superiores nas pequenas Entidades Gestoras (EG), o que é agravado por carências de financiamento, bem como por

fragilidades na gestão das infraestruturas e na Operação e Manutenção (O&M). A eficiência na utilização de recursos, como forma de mitigar ou resolver os problemas existentes, é condicionada pelas dificuldades de importação de tecnologia e de financiamento, bem como pela involução do nível de exigência que o setor coloca a si próprio. Como o volume de investimento é muito baixo, os projetos de reabilitação e/ou de construção de infraestruturas ficam condicionados.

financeira das EG. Esta situação é mais grave no interior, onde predominam sistemas de pequena dimensão. A assimetria interior/litoral origina drivers diferenciados para a evolução do papel dos municípios: i tendência para EG regionais no litoral e locais no interior (centradas nas cidades de pequena ou média dimensão); ii caráter urbano da população do litoral, favorecendo EG regionais e profissionais, sobretudo onde existe tradição de associativismo municipal; iii possível acentuação, no interior, de uma gestão essenModelos de Negócio e Governança cialmente reativa e menos profissional. Na / Âmbito Territorial maior parte dos casos as EG integram o setor As dificuldades financeiras e a escassez de público. As entidades do setor privado com quadros qualificados, além de limitarem a intervenção relevante no setor são dinamieficiência e a sustentabilidade, têm fortes im- zadas por grupos económicos nacionais com plicações ao nível da gestão e da autonomia competências em domínios específicos, como

53


Os próximos 30 anos APDA

a construção ou a O&M. As EG são encaradas estritamente como prestadoras de serviços básicos à população, com importância acrescida decorrente da escassez de recursos hídricos, recaindo sobre aquelas algumas funções sociais em termos de garantia de acesso à água (tarifas sociais). Portanto, os instrumentos de gestão do lado da procura não têm expressão significativa. A escassez de recursos hídricos, agravada nas bacias hidrográficas internacionais (v.g., novos desafios na gestão de acordos com Espanha), leva a aproveitamentos hidráulicos de âmbito regional, cuja execução é limitada pelas dificuldades de financiamento. O serviço de saneamento regressa à fórmula do “desembaraço de águas residuais”. A prossecução de ganhos de escala está ausente da agenda dos decisores locais, permanecendo importante para o poder central. O efeito prático desta última perspetiva é limitado pela reduzida importância da regulação dos serviços. No entanto, o percurso já feito com a implementação dos sistemas multimunicipais constitui entrave ao regresso à atomização que caracterizou os sistemas nas primeiras décadas do poder local democrático.

O isolamento do País conduz à resignação perante os problemas da escassez e das ineficiências.

54

Interface com a população Apesar da preocupação em manter um serviço de qualidade, as pressões associadas ao insuficiente cash flow para investimentos necessários na manutenção/renovação da rede saldam-se por uma redução global do nível de qualidade do serviço prestado, nomeadamente nas EG mais pequenas. Assim, há uma clara diferenciação do nível de qualidade do serviço das EG nas dicotomias litoral/interior e grande/pequena dimensão. Este processo ganha escala pela extinção das obrigações subjacentes à transposição das Diretivas Europeias, nomeadamente no que respeita aos padrões de qualidade das origens, valores-limite de emissão das descargas de águas residuais, qualidade da água para consumo humano, continuidade e pressão do abastecimento, implicando uma ausência de progresso, ou mesmo um retrocesso, face aos patamares alcançados nas primeiras duas décadas do século XXI. Esta situação tem ainda consequências na qualidade da água para outros usos diretamente relevantes para a população, como por exemplo o balnear. A degradação do nível global de qualidade de vida da população, interior e mais envelhecida, dita uma menor disponibilidade (e possibilidade) de pagar os serviços de águas. Há uma menor valorização coletiva do recurso água enquanto fator de preservação ambiental e uma maior valorização individual. Esta menor valorização coletiva, acentuada pelos custos acrescidos nos serviços de águas, principalmente nas EG de menor dimensão, põe em causa a possibilidade de financiamento das EG, potenciando situações de conflitualidade social e política.

Cenários Serviços Urbanos de Águas

Tecnologia e Inovação O isolamento do País condiciona a inovação essencialmente por duas vias: i as barreiras comerciais funcionam como entrave à difusão de tecnologias e à inovação; ii a ausência de estímulos na sociedade leva ao conformismo perante os problemas da escassez e das ineficiências. No que respeita ao tratamento de águas residuais, a maior preocupação consiste em restringir os custos. A economia circular é marginal e apenas implementada em alguns núcleos urbanos, em resultado da falta de água e da pressão de grupos sociais com expressão eleitoral. Verifica-se ainda preocupação com a segurança da informação, dada a ocorrência de problemas que chegam a pôr em causa o funcionamento de sistemas. Neste contexto de inércia tecnológica, não se verificam alterações de monta no tipo e nos processos de gestão das infraestruturas, o que se traduz numa lógica de tratamento convencional dos ativos e de menor incentivo à eficiência na utilização de recursos como, por exemplo, no controlo das perdas de água. Financiamento O financiamento da atividade é muito condicionado pelo contexto macroeconómico desfavorável, fruto da estagnação do rendimento disponível das famílias numa economia com crescimento muito escasso. O aumento do custo do serviço, principalmente nas EG de pequena dimensão e a fraca disponibilidade para pagar são resultantes dessa estagnação. A inexistência de fundos comunitários vem agravar os problemas de insuficiência de recursos. A baixa recuperação de custos pelas

55

O volume muito baixo de investimento condiciona a reabilitação ou construção de infraestruturas.

tarifas obriga a um acréscimo do financiamento pelo contribuinte. O envolvimento por parte do setor privado tem por obstáculo a baixa rendibilidade do capital investido (Return over Investment ROI), decorrente da redução de população, bem como da obsolescência e de um crescente sobredimensionamento dos sistemas (por via da diminuição da procura agregada urbana). Face ao elevado risco, o setor privado mantém-se como prestador de serviços e só marginalmente surge como financiador. A debilidade dos meios de financiamento traduz-se em défices estruturais e/ou em redução de custos, que envolvem a degradação do serviço. Regulação A regulação, de qualidade do serviço e económica, desempenha um papel secundário e influencia debilmente o desempenho dos serviços da águas. A gestão pública, predominante, as dificuldades de financiamento, a menor valorização coletiva e a maior conflitualidade pelo recurso-água, bem como a legislação menos assertiva são, entre outros, fatores que limitam a força do poder regulatório. No entanto, com a “nacionalização” do setor, o regulador poderá alargar a esfera de intervenção na componente de supervisão de investimentos e do financiamento, assumindo responsabilidades de natureza administrativa em projetos estratégicos.


Os próximos 30 anos APDA

Eficiência de Recursos A intensificação da pressão sobre os recursos hídricos é controlada, dada a importância que continua a ser conferida aos processos de planeamento das bacias hidrográficas, nos quais a sustentabilidade permanece um objetivo. Esta situação decorre da continuidade do processo de construção da União Europeia, mesmo que a várias velocidades. Por idênticas razões, a economia circular da água continua na agenda e a eficiência mantém-se como uma das exigências associadas a todo o ciclo urbano da água. O setor agrícola tem um balanço tendencialmente neutro na procura, conjugando o incremento da produção e a melhoria da eficiência. A eficiência é ainda incentivada pela escassez originada pelas alterações climáticas (mitigadas pela implementação

Cenários Serviços Urbanos de Águas

parcial das medidas previstas no Acordo de Paris). Muitas EG têm capacidade financeira, decorrente de uma recuperação de custos tendencialmente integral nas zonas urbanas e com alguma relevância em outras áreas, o que possibilita a execução de investimentos para melhoria da sustentabilidade e da eficiência. Estes investimentos são ainda determinados por objetivos setoriais, fixados no âmbito de políticas de ambiente nacionais e comunitárias. Todavia, a capacidade de investimento é limitada devido ao quadro de crescimento, económico e demográfico, muito lento. Mesmo assim, o setor continua a ter alguma capacidade de mobilização de profissionais qualificados e de acesso a incentivos. As exigências das novas tecnologias com forte componente digital acentuam as assimetrias entre EG, em

Le

go

W

56

função da sua capacidade de recuperação de custos e/ou da obtenção de subsídios.

tendencialmente integral, nas zonas urbanas e com alguma relevância em outras áreas), atenua a assimetria interior/litoral e esbate a diferenciação de drivers para a evolução do papel dos municípios nos diferentes territórios. Efetivamente, se no litoral existe uma forte tendência para empresas regionais, essa tendência também existe, ainda que de forma mais moderada, no interior (centrada nas cidades de pequena ou média dimensão). O conceito de multiutilities é equacionado ou objeto de casos-piloto em algumas áreas de concentração urbana. A gestão pública dos sistemas coexiste com a gestão privada e/ou mista. Os players incluem grupos económicos europeus, eventualmente associados a grupos económicos nacionais. O setor privado alarga a sua atuação à gestão integral de sistemas,

Modelos de Negócio e Governança / Âmbito Territorial A relevância para as EG da eficiência e da sustentabilidade condiciona muitas decisões de investimento e tem fortes implicações na gestão técnica e financeira, apoiada em quadros qualificados que o setor consegue mobilizar. O setor reforça, assim, a sua capacidade de associação e, consequentemente, a capacidade de inovar em termos de modelos de negócio e de governança, sendo reforçado pela existência de quadros qualificados, principalmente nos centros urbanos e científicos. Esta situação, conjugada com a autonomia financeira de muitas EG (recuperação de custos,

ar

57


Os próximos 30 anos APDA

nomeadamente com soluções patenteadas/ proprietárias. Reconhece-se a necessidade de tarifa social, potencialmente financiada por instrumentos de política social, não constituindo por isso um encargo para as EG. Pode ser necessário desenhar soluções para sistemas de titularidade estatal ou de parcerias Estado/municípios em áreas com perda acentuada de população e atividade económica.

de evolução do setor, bem como das tensões sociais e políticas, que tornam incerto o desfecho da evolução. Tecnologia e Inovação A tecnologia e a inovação desenvolvem-se no sentido de suportar os objetivos das políticas comunitárias de qualidade do serviço, sustentabilidade e circularidade económica. Todavia, a implementação de soluções avançadas e inovadoras ocorre sobretudo nos centros urbanos do litoral e, mesmo assim, de forma limitada pela frágil capacidade de investimento e pela lentidão do crescimento económico e demográfico. Tais limitações ao investimento conferem importância à gestão de ativos, com adaptação de soluções tecnológicas, especialmente nos aglomerados urbanos. Outra área com implementação menos condicionada é a das energias renováveis, em consequência dos objetivos nacionais e comunitários relacionados com o Acordo de Paris. Acresce que, numa UE a várias velocidades, a dinâmica tecnológica e de inovação dos países mais avançados pode ter efeitos induzidos, acelerando e aprofundando a mudança, neste setor, também nos países periféricos. O contexto geopolítico de tensão permanente implica preocupações com a segurança física do produto e a segurança informática da gestão de dados, nomeadamente em termos de capacidade de alarme e de controlo de intrusão.

Interface com a população A qualidade do serviço mantém-se uma prioridade, apesar das limitações financeiras, o que se verifica nas EG do litoral e, dadas as exigências comunitárias, igualmente em outras áreas do território, embora com níveis diferenciados. Há grupos sociais, maioritariamente localizados em centros urbanos do litoral, que valorizam os serviços de águas, incluindo numa perspetiva ambiental. Esta situação implica uma tendência de assimetria quanto às perceções dos consumidores no que respeita à valorização do recurso, ampliada pelas diferenças em termos de disponibilidade para pagar. Constata-se, portanto, uma dificuldade para algumas EG do interior em atingir os patamares desejados de qualidade do serviço, nomeadamente decorrentes das exigências comunitárias, dados os níveis de subfinanciamento. No âmbito do abastecimento de água, a garantia da segurança do produto é uma questão relevante para o cliente, o mesmo se aplicando à gestão de dados pessoais. Quanto ao saneamento, conseguem manter-se níveis de recolha e tratamento que continuam a assegurar bons padrões de qualidade das águas balneares. Em síntese, verifica-se a continuação das atuais tendências

58

Cenários Serviços Urbanos de Águas

Financiamento O financiamento é preferencialmente assegurado por via das tarifas e, suplementarmente, pelos orçamentos nacionais e locais. Devem continuar a existir alguns financiamentos provenientes da União Europeia, como forma de dar resposta às regras e orientações comunitárias, embora o volume destes instrumentos financeiros seja muito menor em comparação com o passado. Mesmo assim, estes financiamentos podem ser importantes com vista à mitigação dos impactos das assimetrias interior/litoral, permitindo, ainda que limitadamente, “amortecer” as dificuldades sentidas pelas EG do interior. As questões relativas à acessibilidade económica condicionam a recuperação integral de custos, com reflexos na gestão dos ativos das EG. Sempre na dependência da ROI, há maior participação privada, que procura posicionar-se em toda a cadeia de valor da indústria da água e contribui, assim, para aumentar a capacidade do financiamento do serviço.

Regulação A regulação tem influência na forma como os serviços desempenham o seu papel. A capacidade financeira é diferenciada entre regiões, o que tem repercussão na atividade dos serviços prestados à população, criando dificuldades ainda maiores ao regulador. A confirmar-se que o regulador terá uma forte dependência do Governo, pode assumir um papel relevante na estruturação do setor, assim uma como influência sobre a atividade dos players, em que se incluem grandes grupos económicos europeus. A integração de Portugal no grupo de países que, após 2030, prosseguiu o caminho desenhado no Acordo de Paris pode potenciar um reforço da regulação. Esse reforço pode ocorrer no seio de um conjunto de países com regulação especifica do setor, em condições para comparar a sua performance com os demais e para adquirir o poder inerente à totalidade do grupo constituído pelo conjunto de reguladores.

Algumas Entidades Gestoras do interior apresentam dificuldades em atingir os níveis de qualidade de serviço desejados, devido ao subfinanciamento.

A integração de Portugal no grupo de países que, após 2030, prosseguiu o caminho desenhado no Acordo de Paris potencia um reforço da regulação.

59


Os próximos 30 anos APDA

Cenários Serviços Urbanos de Águas

S.A os

Go ve rn

Eficiência de Recursos Os recursos hídricos confrontam-se com uma pressão mitigada, sendo moderado o risco de escassez. Os contextos europeu e mundial estão alinhados em torno de políticas e objetivos comuns, marcados pela liberalização das trocas, pela eficiência e pela circularidade na utilização dos recursos. Estas linhas estratégicas induzem uma gestão integrada e racional orientada para resultados, tendo como bandeira o Acordo de Paris, pontualmente subalternizado por uma lógica de mercado mais tradicionalista (economia gray & green). Os esforços de contenção na procura manifestam-se quer nos usos urbanos, quer agrícolas, onde são acompanhados por medidas de eficiência. No ciclo urbano da água, a escassez é tema da agenda política, gerando a

60

adoção de soluções tecnológicas avançadas num contexto onde prevalece a preocupação com a eficiência. Em simultâneo com aquelas soluções tecnológicas verifica-se a existência de dinamismo no aumento da oferta e da qualidade dos serviços urbanos de águas, suportado pela criação de valor. A qualidade do serviço é altamente determinada pela escala, facilitada pela concentração da população e de grande parte da atividade económica nos centros urbanos. As carências decorrentes da diminuição da população e de um fraco crescimento acentuam assimetrias no desempenho entre EG do litoral e do interior. A ausência de iniciativas públicas suscetíveis de contrariar aquelas assimetrias, dadas as limitações dos orçamentos, pode condicionar o cumprimento das exigências ambientais e

de preservação de infraestruturas (sobretudo em EG no interior). No entanto, é admissível que uma nova relação urbano/rural incentivada pelas metrópoles possa, de algum modo, contrariar aquelas tendências assimétricas. O risco de uma gestão dos serviços urbanos de águas a duas velocidades é real se essa nova relação urbano/rural não acontecer. Modelos de Negócio e Governança / Âmbito Territorial Os objetivos ambientais estão enquadrados numa gestão orientada para resultados, traduzindo um equilíbrio entre a criação de valor e a sustentabilidade, equilíbrio que, naturalmente, influencia as decisões de investimento. O setor integra um leque alargado de quadros qualificados, sendo a gestão dominada

61

por elementos com perfil tecnocrático. A tendência para a associação de EG adquire uma dimensão progressivamente empresarial. A inovação nos modelos de negócio e de governança permite melhorar o equilíbrio entre, por um lado, a criação de valor e, por outro, a sustentabilidade e a eficiência dos serviços. Os objetivos de criação de valor impulsionam o setor na diversificação da oferta de serviços, capitalizando os benefícios de uma relação privilegiada com o cliente. Assiste-se a um ambiente propício ao aparecimento das multiutilities. Esta evolução circunscreve-se aos territórios onde as EG conseguem atingir autonomia financeira, nomeadamente nos centros urbanos. A escala das EG com autonomia financeira é ditada por estritos critérios de racionalidade empresarial. Em plano


Os próximos 30 anos APDA

complementar, são criados instrumentos de política social local, para financiar as tarifas sociais, libertando as EG do encargo de garantir o acesso ao serviço básico de populações desfavorecidas. A exploração e gestão de EG por entidades privadas é alargada, incluindo em sistemas regionais, sendo também múltiplos os casos de gestão mista, motivando o interesse de players internacionais. Em áreas geográficas de menor concentração populacional, a situação será eventualmente diferente, se não se verificar um novo modelo de relacionamento urbano/rural, podendo levar a uma gestão do ciclo urbano da água a duas velocidades. Nesse contexto, haverá necessidade de iniciativas públicas para melhoria das condições de gestão, nomeadamente em termos de subsídios e de qualificação tecnológica e profissional. Interface com a população A procura de uma relação privilegiada com o cliente conduz as EG dos centros urbanos a uma dinâmica tendente a maior e melhor serviço, beneficiando de privilegiadas ligações internacionais e prática de outras utilities. Nas regiões de menor concentração populacional prevalece a lógica de serviço mínimo, suportada nos parâmetros comunitários, com cíclicas tensões em torno do financiamento do serviço, oscilações da qualidade e assimetria com as EG dos centros urbanos. Esta assimetria pode ser atenuada com um eventual novo modelo de relação urbano/rural. Na ausência deste novo modelo, a qualidade da água distribuída e a qualidade das águas balneares podem igualmente revelar assimetrias. A disponibilidade para pagar, embora assimétrica,

62

resulta da evolução dos rendimentos, associada ao reconhecimento do valor económico da água e do contributo das EG para a valorização ambiental. O potencial de instabilidade social e as dificuldades do Estado constituem preocupação recorrente. Tecnologia e Inovação O ambiente de cooperação internacional e o caráter transnacional do capital propiciam sinergias entre EG, no âmbito da tecnologia e da inovação: tais sinergias têm grande importância, dada a relação positiva entre a evolução para a sustentabilidade e as oportunidades de criação de valor. Do lado da oferta, os players tecnológicos competem entre si no desenvolvimento e na comercialização. Do lado da procura tecnológica, os operadores buscam as soluções mais competitivas para aumentar a rentabilidade e a quota de mercado. Este progresso, que pode aproveitar aos players verticais, permite alcançar patamares elevados de qualidade do serviço e gestão de ativos, sustentabilidade e circularidade; no entanto, é circunscrito às áreas urbanas, a menos que surja um novo modelo de relacionamento urbano/rural. A tecnologia e a inovação contribuem para maior eficiência no uso dos recursos e maior qualidade do serviço, bem como para níveis elevados de uso das energias renováveis e de segurança da informação, gerando uma forte componente de criação de valor com base na relação com o cliente.

Cenários Serviços Urbanos de Águas

As carências decorrentes da diminuição da população e de um fraco crescimento acentuam assimetrias no desempenho entre EG do litoral e do interior. Financiamento A tarifa é o meio “normal” de recuperar custos. Assim, as tarifas financiam em grande parte o setor, concretizando a autonomia financeira e moderando a necessidade de utilização de outros instrumentos financeiros. Aumentam as preocupações com a acessibilidade económica, em especial em períodos de maior tensão política e social, apesar dos esforços de afetação de verbas públicas locais. Nas regiões de menor concentração populacional, a assimetria, em relação a outras regiões, dos serviços mínimos e da qualidade do serviço é utilizada para fomentar tensões e reivindicar maior solidariedade das áreas metropolitanas, com consequente afetação de verbas públicas nacionais. Tendo em conta as expectativas de rendibilidade e a necessidade de assegurar a disponibilidade dos stakeholders, a participação do setor privado, nacional e internacional, é ampliada, passando a abranger o financiamento de investimentos em infraestruturas. Regulação A regulação confronta-se com importantes desafios. Num quadro de grande poder corporativo, a auto-regulação pode tender a substituir a regulação pública. Esta, para conseguir desempenhar a sua missão num ambiente

63

liberal, necessitaria de robustecer o suporte legal e os meios de ação, mas tal contrasta com as limitações que atingem os pilares da governação do Estado, existindo o risco da captura do regulador. A sociedade civil está dividida por fortes convicções que periodicamente dirimem argumentos, onde a capacidade de intervenção regulatória e os encargos impostos pela regulação são também tema recorrente. A necessidade de compatibilizar a pressão dos clientes com a contenção de custos, assim como a orientação para os resultados, dominante nas empresas do setor, pode implicar novos desafios aos reguladores.

A participação do setor privado, nacional e internacional, é ampliada.


Os próximos 30 anos APDA

Eficiência de Recursos Os recursos hídricos estão pressionados, mas os padrões de utilização são crescentemente eficientes e os riscos de escassez são controlados por mecanismos eficazes e equitativos entre setores utilizadores. Esta situação decorre de uma adesão global à agenda de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas e do aprofundamento do Acordo de Paris. Assim, é implementada uma gestão integrada e racional dos recursos hídricos, em que são aplicados os princípios da economia circular e capitalizadas as inovações tecnológicas ao dispor. Ao nível do ciclo urbano da água, a escassez constitui um tema muito relevante na agenda, assumindo-se como um dos principais drivers para a eficiência e para a circularidade, com soluções tecnológicas inovadoras e eficientes,

Modelos de Negócio e Governança / Âmbito Territorial As políticas ambientais prosseguem objetivos setoriais de qualidade e de eficiência do serviço, exigindo mecanismos de incentivo ao investimento e de mobilização de profissionais qualificados, que garantam níveis de excelência de gestão das EG. Verifica-se a coexistência de gestão pública e de gestão privada, com múltiplos casos de gestão mista (pública e privada), mas com atividade subordinada aos objetivos das políticas públicas acima referidos. As entidades do setor privado com intervenção relevante no setor são dinamizadas por grupos económicos nacionais e internacionais, com competências em toda a cadeia de valor da indústria. O conceito de multiutilities é equacionado e implementado.

As EG podem integrar outras componentes de negócio para melhorar o metabolismo urbano, em termos económicos e ambientais. Essa integração decorre de abordagem integrada do território. As EG são valorizadas enquanto organizações que preservam os recursos hídricos, explorando-os numa ótica de sustentabilidade económica, social e ambiental, com uma visão de circularidade. É assegurada a qualidade do serviço, em todo o ciclo urbano da água e da informação disponibilizada aos clientes. As tarifas são por estes reconhecidas como a forma mais adequada para alcançar e manter os níveis desejados de qualidade do serviço e de sustentabilidade do setor, num quadro de autonomia financeira muito forte por parte das EG. A componente social da tarifa é garantida por instrumentos de política

ét ua

determinadas por objetivos de sustentabilidade. Embora haja medidas de política tendentes à redução da concentração da população nos centros urbanos, são ainda necessários e aplicados, no âmbito do ciclo urbano da água, mecanismos para assegurar a equidade, bem como a aplicação de soluções e modelos de gestão inovadores. Assim, a gestão das infraestruturas e os níveis de serviço concentram-se na procura ativa da qualidade de serviço e da sustentabilidade, independentemente da área geográfica, implementando-se as melhores práticas disponíveis de O&M, adequadas às especificidades de cada sistema. Há uma preocupação generalizada em garantir níveis de reabilitação de infraestruturas que permitam assegurar a sustentabilidade da prestação de serviços de qualidade, a um custo adequado.

Cenários Serviços Urbanos de Águas

rp

e P z

Pa

64

65


Os próximos 30 anos APDA

social, alheios às EG, o que dá a estas maior legitimidade de atuação para a adequação das tarifas aos custos concretos de cada sistema. Para compensar as consequências das assimetrias regionais na eficiência da utilização de recursos, podem ser criados mecanismos de perequação. Igualmente é tida em conta a necessidade de criar soluções institucionais ajustadas às características locais do território, nomeadamente demográficas. Há também lugar ao desenvolvimento de soluções tecnológicas apropriadas. Novas concetualizações de sistemas e de drivers para a eficiência podem ser criadas em consequência da tecnologia e da inovação, bem como da alteração de paradigmas, designadamente no binómio sistemas locais específicos/sistemas geograficamente extensos.

Interface com a população A população é cada vez mais exigente com as EG, nomeadamente em matérias de qualidade de serviço, eficiência e relação com os stakeholders. Esta situação leva as EG a destacarem-se pelos níveis alcançados nas vertentes social, ambiental e económica. Perante a indiferença quanto ao modelo de negócio das EG e quanto à sua dimensão e localização, a ênfase das EG recai nos resultados, que têm de refletir o melhor interesse da população, cada vez mais e melhor informada das obrigações legais, nacionais e comunitárias. O aumento da exigência dos utilizadores é acompanhado por uma maior disponibilidade para pagar o custo dos serviços urbanos de água, resultante do reconhecimento do papel das EG numa lógica de uso eficiente, preservação e proteção dos recursos hídricos. A informação, sensibilização e educação dos stakeholders é encarada pelas EG como fundamental para o incremento do compromisso subjacente à relação tarifa/qualidade de serviço, num contexto em que se encontra garantida a acessibilidade económica.

A inovação é determinante e incentivada pela cooperação. A circularidade da economia é um pilar estratégico, promovendo a eficiência de recursos e a adequação dos serviços de águas à realidade sócio-económica.

Tecnologia e Inovação A inovação e o progresso tecnológico têm um papel determinante, sendo financeiramente incentivados por mecanismos nacionais e internacionais, assentes na cooperação entre EG, indústrias, comunidades científicas e países. A circularidade da economia está presente na definição da estratégia da inovação, seja tecnológica ou outra, promovendo a eficiência dos usos e a maior adequação

66

Cenários Serviços Urbanos de Águas

dos sistemas à realidade social, económico e ambiental. Em resultado da capacidade de investimento, a gestão dos ativos sustenta a fiabilidade e a segurança da exploração, com forte orientação para a eficiência da utilização dos recursos hídricos e energéticos. No que respeita ao tratamento de águas, a inovação, integrando a evolução tecnológica das áreas de nanotecnologias, biotecnologias e outras, é determinante para a procura e a eliminação de poluentes emergentes, para o acréscimo de eficiência e para a descarbonização da atividade das EG. O foco da inovação e da tecnologia está, assim, dirigido para a resposta em termos de satisfação de necessidades, qualidade e eficiência dos serviços, bem como para a relação com os clientes, neste caso numa perspetiva de informação, sensibilização, educação ambiental e segurança de dados.

investidores institucionais, interessados na estabilidade e previsibilidade dos retornos proporcionados. Os operadores privados trabalham em toda a cadeia de valor, com princípios e valores determinantes para o sucesso e para o envolvimento dos stakeholders. Uma nova visão de sustentabilidade local e da configuração de sistemas empresariais municipais para pequenos aglomerados tem a tarifa como elemento central: componente principal de suporte do custo do serviço, incentivo à eficiência hídrica e instrumento de sinalização da escassez. Regulação Perante a maior abertura do setor, as dinâmicas de liberalização, de necessidade de ganhos de eficiência e de incentivo à inovação impõem a presença de reguladores fortes, competentes, independentes e robustos nas suas diferentes componentes, politica e técnica. O risco de uma ascensão da influência do setor privado sobre a regulação está sempre latente, impondo políticas e decisões dos poderes públicos, nacionais ou supranacionais, que garantam a transparência da concorrência. Fica assim potenciado o poder da regulação sobre o mercado, induzindo a sustentabilidade do recurso e promovendo o acréscimo dos valores individual e coletivo da água. Nesse âmbito, a componente tarifária é fundamental para incentivar a mudança comportamental dos consumidores sobre o uso eficiente da água, bem como para estruturar a eficiência das EG.

Financiamento Existe uma maior disponibilidade das famílias para suportar o custo de serviços urbanos de águas eficientes e robustos, por sentimento de equidade e de preservação do recurso. A previsibilidade da recuperação de custos a médio e longo prazos por via tarifária cria condições favoráveis à entrada de operadores privados, nacionais e multinacionais, decorrente do maior potencial para a ROI, de uma melhor definição de soluções, designadamente tarifárias, para suportar o custo do capital e da sustentabilidade económica dos sistemas. Esta situação coexiste com a preocupação com a garantia das obrigações ambientais e sociais dos serviços. À semelhança de outras utilities, o setor é igualmente atrativo para o financiamento por parte de

67


Os próximos 30 anos APDA

O cumprimento da missão dos Serviços Urbanos de Águas em 2050 é indissociável da forma como a envolvente externa evolui. A exploração dos quatro cenários evidencia como as questões de financiamento dependem da continuidade da União Europeia e são determinantes para a sobrevivência das Entidades Gestoras, à luz dos elevados padrões de qualidade de serviços alcançados na transição para o século XXI. Nas próximas décadas, a projeção de quaisquer investimentos de reabilitação ou construção de infraestruturas estará condicionada se o mundo evoluir para o isolamento e os modelos de governação poderão sofrer significativas alterações, consoante evolua a valorização social do recurso e a intensidade cooperativa entre os atores. Este exercício prospetivo permite ainda explorar diferentes caminhos de evolução para a economia portuguesa e contribui para identificar quais são as forças motrizes que devem ser equacionadas pelas EG durante um processo de reflexão centrado no ajustamento estratégico no horizonte de 2050.

68

69


Os próximos 30 anos APDA

Porquê “os próximos 30 anos: sobre o futuro dos Serviços de Águas”?

En gli sh on rsi Ve

70

71


Os prรณximos 30 anos APDA

Cenรกrios para o mundo em 2050

72

73


JoĂŁo Pedro Matos Fernandes Ministry of the Enviroment

As registered in the Programme for Government which I have the honor to integrate as responsible for the Environmental Affairs, the urban water services are a sector with relevant public interest, inseparable of the citizen’s quality of life. As is well known, Portugal has a track record in this domain in the last 30 years, being important to continue to ensure the social, environmental, economic and financial sustainability associated with the provision of these services. Under this framework, I consider that the public policies should continue to positively influence the sector, promoting the undertaking of innovative management models which boost the efficiency, keeping Portugal aligned at the front line. However, not less important, decision-making must evolve in a planned and sustained basis. Therefore, I can not fail to congratulate the APDA initiative in promoting the prospective exercise with the focus on the water services whose results are hereby presented. This project, being the first of this nature developed in Portugal, confirms the maturity of the professionals of the sector, specially from those who integrates associations like APDA and without those the

successes achieved got not have been, for sure, reached. This work allows also to show to our national and international partners that the sector has critical mass and mobilization capacity, which permits, throughout a process with broad participation and dissemination, to present scenarios for the sector, duly framed globally and at a national level, creative but also logical. I am sure that the 30-year visions here materialized will enable the urban water services sector with a strategic tool to take advantage from the best opportunities to benefit everyone who uses water services on a daily basis in this changing world.


Nelson Geada

Sérgio Hora Lopes Chair of Executive Coordination Team

President of the Board APDA

APDA

“Water Services – The Next 30 Years” is a notable work developed by an enlarged team, masterfully coordinated by Sérgio Hora Lopes. Proudly I verify that APDA is able to mobilize so many institutions as well as so many sectorial specialists joining us in this reflexion about the next 30 years in the water sector, meaning that we can do the same in a near future projects, of similar and diverse nature. Being a prospective exercise about the future of the water sector, it is interesting to verify that is possible, as supported by project’s following text, to dissert and analyse almost every aspects that constitute the main concerns for the humanity and planet future. In fact, our Association’s initiatives, such as seminars and others, can include reflexions about theme as diverse as globalization, geostrategic issues, development model, in a way that all subjects of the sector are co-related with all aspects of life and society.

On behalf of all APDA associates, I salute and praise those that directly or indirectly made possible this publication and to Sérgio Hora Lopes we leave a collective embrace, that reflects what he has been given to APDA with a truly representantion of what public service should be.

The study presented in this publication is the result of a quite unusual reflection process in the area of ​​water services, specially in Portugal. This APDA’s forward looking initiative envisages to promote a wider debate about what the future might announces when it celebrates 30th years of activity. That’s why the team responsible for the project is so grateful for the whole process. The project’s involved the intelligence, dedication and effort of many people. Almost three hundred technicians and researchers, from a variety of scientific backgrounds (anthropologists, economists, geographers, biologists, computer engineers, environmental engineers, hydraulics, etc.) and institutions (universities, research institutes, utilities, seminars, inquiries, workshops and more limited meetings have helped the Coordination Team of the project in mapping the innumerable possibilities about how the world, Portugal and water services can evolve in the coming decades. To all participants, our deepest gratitude; without them, the work developed over two years would not have the complexity and depth that this prospective essay has. Note that the synthesis report now presented reflects the vision of the coordination team and therefore does not hold the people who cooperated with us.

The coordination team as a whole must be congratulated for the work done, but I can not miss to highlight Fatima Azevedo’s special contribution. Thank you very much. Being a prospective exercise, it can not be seen as concrete proposals, more or less desirable, but only as plausible futures. We hope that we have been able to grasp the contradictory signs of the times, the plausibility of which can only be measured within decades. From the moment a work becomes public, it stops being of the one who elaborated it and happens to be of its readers. Our hope is that this deliverable can be a useful tool for a wider community associated with water services (public authorities, regulators, companies, universities and research institutes, consultants, etc.) in defining the best strategies for a better future for all.


Why “The next 30 years: on the future of Water Services�?

Global Scenarios in 2050

Implications for portugal

Urban Water Services scenarios

78

92

104

114

80 The Rationale

94 Infographic

106 Between Walls

117 Pre Assumptions

83 The Chosen Methodology

96 Between Walls

108 Lego War

118 Between Walls

87 Pre Assumptions

98 Lego War

110 Government inc.

122 Lego War

88 Tendencies and Uncertainties

100 Government inc.

112 Perpetual Peace

126 Government inc.

102 Perpetual Peace

130 Perpetual Peace 135 Conclusion


e th

ctice pra on mm co live e ot table at w sn h edic t si npr t is ce ly u fac rvi ng se asi he tt er cre n i at Bu re al” s. tu rm rie fu no

Underta king p rosp ecti in Portu ve gal, a stu nd i die n freq in an er so a of a uen nt ccel te he e ve rate and in w fu ni dc hich tu n “sh ha ot re ock ng h of er sa et w nd co ha su un tm rp t ak ris es es ar e t

he

of Water Se e r u t rvic fu e es” h t n ? o : rs a e

w ne

Why “ T h e n e x t 3 0 81

y


The next APDA 30 years

Why “The next 30 years: on the future of Water Services”?

The Rationale

Undertaking prospective studies on the future of water services is not a common practice in Portugal, and infrequent even in other countries. But the fact is that we live in an era of accelerated change that makes the future increasingly unpredictable and in which “shocks and surprises are the new normal” (The Future, Declassified). Some of the critical drivers of the era in which we live are climate change, natural resources scarcity, growing interdependence, globalization and nationalism, disruptive technological innovations and demographic divergence that involve a widening of the middle class and inequalities. These drivers will certainly influence the future of the world and our country. Water services will also be different in three decades from now as we enter the second half of this century. But to what extent?

And in what direction will they evolve? It is impossible to give an accurate answer to these questions as nobody has the ability to predict what will occur. What we can do is imagine a possible future and then try to answer the questions that may arise. It was with this goal in mind and with the focus on trying to understand “How Water Services Can Fulfil their Purpose in 2050” that the Portuguese Association for Water Distribution and Wastewater Drainage (APDA) decided to lead the prospective exercise we present here. This exercise was the result of an interactive process with stakeholders from various areas – public, private and academia. This close involvement with other professionals and decision-makers allowed a broad exploratory discussion on the future of our admirable and constantly evolving world, based

82

2015

2016

2017

2018

July Kick off meeting of the Executive Coordination Team.

February 1st Meeting of the Steering Committee.

January Seminar “The world in 2050: The new Industrial Revolution: Implications for the Water Sector” WG3.

4th & 5th Meeting of Steering Commitee

April Seminar “The World in 2050: Trends, Risks and Territorial Impact” WG1.

October 3 rd Meeting of the Steering Committee.

May Survey WG4 “Governance - Water Service Management Models”.

Scenarios building Characterization of key- factors and Global Scenarios.

July Survey WG3: “The Evolution and Handling of Processing and Information Technologies”.

Final Workshop “Global Scenarios and their Implications for Portugal and Urban Water Services”.

October Workshop WG2: “Environment and Water Resources”.

Scenarios building and narratives drafting.

November 2nd Meeting of the Steering Committee.

83

Final Scenarios; Editing and publishing.


The next APDA 30 years

Why “The next 30 years: on the future of Water Services”?

2

Seminars

300

Participants

2

Surveys

30

Meetings

85

2

Workshops

The Chosen Methodology Executive Coordination Team defined foresight exercise focus question, engaged relevant stakeholders & invited members for Steering Committee. 4 Working Groups (WG) to analyse trends (STEEP), to build uncertainities matrix and identify crucial uncertainities

on multi-dimensional factors and awareness of the interlinkages that contributes so much to characterising this volatile, uncertain, complex and ambiguous (VUCA) context. Based on a reflection on global scenarios, we sought to determine the implications for Portugal and, finally, for water services of each of these possible alternative futures. Since water services are essential for human development, how they evolve largely depends on what happens in the world around them. In this study, therefore, we begin building different possible global scenarios to, after looking at its different impacts, assess how they might affect water services. Having in mind a deliverable anchored in an integrated perspective – taking into account political, economic, social, technological and environmental factors - so we begin by

“sketching” world scenarios before examining water service scenarios. We consider this the best way to explore images about the future of the sector and to help the management entities to set out strategies that offer more suitable responses to the many and highly complex challenges that they will face.

To develop the project, an Executive Coordination Team (ECT) was created comprising technical staff covering the various areas (foresight, project management, governance, economics/finance, environment, business, technology, society, etc.). The members of the ECT coordinate the 4 Working Groups:

To support the ECT, a Steering Committee (SC) was set up comprising members representing the various stakeholders in the sector who are project partners. Over a period of more than two years, the ECT coordinated a wide-ranging study involving nearly 300 experts from various areas (economists, sociologists, historians, anthropologists, technologists, environmentalists, managers, geographers, demographers, alongside water resource and operator management specialists) and different origins (academic researchers, consultants, other professionals from the sector, technicians from technology supplier companies and activists). Two surveys were conducted, one on “The Evolution and Handling of Processing and Information Technologies” and the other on “Governance – Water Services Management

WG1  Demographics, Territory, Economics, Society; WG2  Environment and Water Resources; WG3  Evolution and Future of Processing and Information Technologies; WG4  Governance and Water Service Management Models.

84

85


The next APDA 30 years

Why “The next 30 years: on the future of Water Services”?

The Methodology Process

Models”. Two seminars were held, one on “The World in 2050: Trends, Risks and Territorial Impacts” and another, international seminar, on “The world in 2050: The New Industrial Revolution: Implications for the Water Sector”. Two workshops were also held, one on “Environment and Water Resources” and another on “Global Scenarios and the Implications for Portugal and Urban Water Services”, to discuss how the global and macro (environmental, political, economic, social and technological) scenarios previously drafted would impact on Portugal and water services in particular. The result of this work is now presented for discussion by all the parties interested in the management of the urban water cycle: municipalities, operators, public administration, supplier companies, researchers and

technical staff. During 2018, we aim to hold discussion meetings to deliberate on the work with the various interested parties. Lastly, a special gratitude note to the Steering Committee of the APDA for kick-starting this initiative, to all those who took part in the actions organised while preparing this project, to the sponsors, Águas de Portugal, Águas do Ribatejo and Navia, to The Water and Waste Services Regulation Authority, for its help with publishing and dissemination, and to the Ministry of the Environment, for its institutional support. Without them, this study would not exist.

1 TO GUIDE Stakeholders; Focus

3 TO SUMMARIZE Global Scenarios

3 TO SUMMARIZE Scenarios for Water Services

2 TO EXPLORE Critical Uncertainties, Predetermined Elements

2016

86

4 TO ACT Implications Strategic Agenda

5 MONITORING Indicators Monitoring System

2017

2018

87


The next APDA 30 years

Why “The next 30 years: on the future of Water Services”?

Focus: How water utilities can fulfill their mission in 2050

Pre Assumptions

There will be no disruptive global events that could jeopardize the world order and the planet (nuclear war, global pandemic, etc.).

Os 3 I’s Importance

Uncertainty

Key Tendencies/ Significant

Interdenpendency

Crucial Uncertainties

Strong Impact / Low Uncertainty

Low growth

Divergent demografics

Lower energy intensity

Lower carbon intensity

Low cost technologic options

Fossil paradigm with more renewables

Climate change triggers high water stress

Resource efficiency primacy

Impact

Strong Impact High Uncertainty

Weak Impact Low Uncertainty

Context elements

Uncertainty

88

89


Why “The next 30 years: on the future of Water Services”?

hings nternet of T ce vergen al C o n e c ologic ligen Techn intel ie s icial log s A r tif hno m Tec fo r t a t rgy p la d a lf Ene an tive Big rse e Cl e or a u Yo tim ny Co

Tendencies and Uncertainties

llab

s Fa a r, te

,a re tr u

li e n

anc

Diver

fe ty io n

ce

c ie

ty

fH sk ap ills av en , n pi n e oo e n e w jo s s b be hi n s Ex d c lu Em s io plo y me n nt Migr a t io n s U r ba n ization Demograph ic divergence

so

w

m

ic

Le

Ne

no

So

i Pol

tic

s

o

a fv

lu

e

a ch

s or ct

of

in

s

od pr

u

io ct

n/

n co

su

m

pt

io n

ta fa en nd m a n ag Fr xatio ge Ta ha n c y ate nerg C li m a b l e e ew ie n c y )ef fic Ren n i ( e urc Reso y Econom Circular tural resources Social valorization of na

Use of the soil Mobilit y and tran s por t Gree n Pur c ha s e s Pub li c h ea l t Wa h ter stre ss Co m Co p nf e t i t lic io n ts fo ov rt er he re sa so v in ur gs ce s

ific s m ac i si ris eP Cr rro rn f th s Te este it y o on ie s ati ur it r al ili z W t sec n civ ple C e h of peo s C la e r a n d d it y Bo r r sec u Data rit y y sec u Energ s security Infrastruc ture

ilt capital Natural, human and bu s resource Natural s c ture as tr u r f n i li s m and D ua n t or k s Net w e em nag a m re and lf a t y g e n i W nt i nn Pla de ri e d en G

Ec o

Eco no m y

e si t y

hip Inclusion

90

gy olo n h ec

Environment

L ea d e r s

ct

T

es

Sa

n t io

Territor y

Tole r

it

he ti v eD Res i

Do

w ny Cr ea

Grow th Limit s Na t u r a l resou rces “Co lo r f u l” Ec Ind onom u y Glo str y 4. 0 J o b a li z ati b on Fin cre ati So an o n c i c i ng al an st d at i nf us ra s tr uc tu re s

The next APDA 30 years

91


The next APDA 30 years

Why “The next 30 years: on the future of Water Services�?

Global uncertainities

Crucial uncertainities Domestic dynamics (soundness of political system and credibility of institutions; social capital resilience; capacity builing and reputaion) Trade-off short and long term globalization (volatility, complexity and effectiviness adjustment to global processes as climate change, population growth and tecnhologic paradigm)

Political framework

Sources of Power

Globalization

People

Parlamentary democracies versus Authoritarians regimes

Cultural Versus High Tech Economics

Superpowers Versus World Flat

Exclusion Versus Inclusiveness

Innovation

Cities

Society

North / South

Enough Versus Necessary

Leaders versus Resilients

Fragmented . versus global

Cooperation Versus Rule of power

Religious fundamentalism

Economic growth model

Locally and organized versus Universal and anarchic

Linear versus circular

Environmental risks Inhibitors Versus Enablers

92

Human Being evolution

Unstable political system of major global powers

Domestic Dynamics

Renewal/reform on political systems of major actors

Popular capitalism/ Proteccionism focused on short term

Globalization

Global cooperation focused on long term

incremental Versus disruptive

93


0 205 in ios ar

Glo ba l sc en

95


The next APDA 30 years

The combination of these two uncertainties allowed us to build four scenarios with distinct narratives for the world in 2050. “Between Walls” and “Lego War” are the two scenarios of a world marked by short-term choices and are distinguished by political and economic systems renewal (or not) of the main actors; “Governments Inc.” and “Perpetual Peace” are scenarios marked by globalization, but diverging on logics of functioning and governance models of superpowers.

Unstable political system of major global powers

Popular capitalism/ Proteccionism focused on short term

Global cooperation focused on long term

Gove rnm

alls nW

96

al

go

W

Pe

Le

a ce

nc. ts I en

Bet we e

globalization

ar

Perp

97

et

u

domestic dynamics

Uncertainty is the raw material of any scenario building exercise aiming to explore alternative futures for the central issue under study - the focus ; in our case, how will water services accomplish their mission in 2050. As we have mentioned, the chosen methodology involved three steps : the construction of global scenarios, assessment of their implications for Portugal and, finally, for water services. From a set of six dozen trends (pp. 88/89) - ongoing processes with variable impact and uncertainty - typified and analyzed according to the STTEEP model (society, technology, territory, economy, environment, and politics), we built a matrix with the objective of identifying those that had three characteristics greater impact, uncertainty and independence (pp.86). This allowed us to reduce the universe of analysis to 12 global uncertainties (pp.90), taking into account a set of predetermined elements or pre-assumptions (pp.87) that will be maintained throughout the analyzed period and to explore four resulting global scenarios arised from the dynamics of two critical uncertainties (pp 91) - one of a domestic nature - to what extent do the regimes of the world protagonists renew themselves or not in a context of erosion of the concept of nation-state; and another - of an external nature - that evolves between the a popular capitalism, economic protectionism and focused in the short term or to a new wave of globalization anchored in cooperation and long-term planning.

Global Scenarios in 2050


The next APDA 30 years

Global Scenarios in 2050

Be tw ee

n

alls W

Demographic divergence leads to greater migration flows to more developed nations who, despite a stagnating/falling population, will tend to restore barriers to immigrants amid a context of rising social tension caused by the inability to create jobs. Slow growth with low jobs creation focused on higher technology content areas will tend to exacerbate social and territorial inequalities at a national and global level. “Globalization’s losers” will advocate a return to protectionism, giving an added boost to nationalist movements and the spread of popular capitalism. Fragile global cooperation with regard to challenges such as climate change and Agenda 2030, weakening and destabilising multilateral institutions, chiefly the UN, and

98

complicating the management of the World Trade Organisation with successive retaliatory measures between countries with regard to the protection of leading industries that drives to a strong downsizing of global trade. Return to a fossil fuel economy, indefinitely postponing the shift into a new energy paradigm supported by disruptive technologies. Due to lower cost options, the world energy mix has significant impact on environmental degradation and the exacerbation of the combined effects of extreme events, economic deprivation and resource scarcity, particularly in more vulnerable regions, as an Africa and Asia still undergoing demographic expansion.

Environmental negligence, reversing the trend towards climate change mitigation, with increased global greenhouse gases (GHG) emissions and with mixed residual adaptation and legislation. In a world with a larger population and a lower capacity to increase wealth creation, the global risks associated with water, energy and food security will be very high. Exacerbation of individualism and worsening of conflicts between generations and between employed and unemployed, threatening the survival of security, protection and social solidarity models, leading to greater risk of systemic collapse.

99

“Between Walls” depicts a non-cooperative world, where main powers, sheltered by protectionism, are incapable of reforming their governance models in a context of very slow growth. Demographic expansion makes migratory pressures a source of conflict, and the overall risks associated with water, energy and food security are extremely high.


The next APDA 30 years

Demographic divergence but with lower migration flows than the “Between Walls” scenario, given the trend towards closer regional cooperation, namely intra-developing countries, in an attempt to increase business power based on soft skills and the rise of the Pacific (surpluses used to finance “old” developed economies, which kept unable to accelerate growth and jobs creation) and South Atlantic (energy) economies; increased earnings from exports to the South lead to an exploding middle class and some gains in poverty reduction. Diverging North-South growth rates with emerging economies creating some hubs of innovation and having access to crucial raw materials for expanding innovative sectors; Less global cooperation compared to Business as usual, but capacity to advance

Global Scenarios in 2050

with the Paris Agreement as a factor in the bolstering and ambition of the Chinese leadership in terms of transiting to a greener economy that allows it to expand the area of its regional influence, diversify energy options and develop a strategy of international expansion along the new silk road, with South-South solidarity in the water-energy-food sector.

Le

go

W

100

National models’s adjustment and a globalization’s retreat produces a Lego War between “regional champions”. Global economic growth is slow and heterogeneous, with China expanding its influence into the Atlantic, the Europe of “clubs” evolving with different speeds, and the US trying to profit from its innovation capacity.

Slow and mixed global economic growth between trading blocks, with the US seeking to benefit from its capacity to innovate in non-conventional energy tech to impose a “natural gas economy” and to maintain leadership in strategic high-tech content sectors. This economic growth strategy tends to neglect the environmental sustainability pillar, with an intensive and non efficient natural resources use; the European Union returns primarily to an internal market approach, with limited cooperation in the eurozone and a focus on bilateral solutions, evolving, towards the end of the period, into a system of “clubs”, establishing integration at various speeds in exchange for secure borders.

ar

101


The next APDA 30 years

Global Scenarios in 2050

Go ve rn m c. t in en

Demographic divergence combined with growing urbanisation creates a wave of globalization led by global cities, arising new governance frameworks from political system’s collapse and fuelled by the opportunities for capital accumulation by multinational companies. The inability to renew political systems in developed economies, mirrored by a growing alienation from the “common” interest and the endemic crisis of the “nation state”, drives the appearance of a capitalist system based on cities and the opportunities created by the major global challenges, particularly the building of green infrastructure that allows an effective adaptation to climate change and a sustainable exploration of oceanic resources, digital connectivity and smart

102

mobility, along with decentralised electricity grids and circular economy principles that shapes production and consumption for a new prosperity cycle.

The endogenous crisis of the “nation state” gives rise to a capitalist logic anchored in the alliance between mayors and businessmen, reiterating a scenario of “Governments Inc”, where cities lead and compete under corporate ethics’s principles.

As enablers of the Paris Agreement and innovation, “mayors” and “majors” are legitimised by the population insofar as jobs are created from a “business-like” management perspective of the “common good”, ranging from the privatisation of the State’s social functions to wealth-generating technological disruption. Competition/cooperation between the big multinationals allows resource productivity to rise significantly in various world regions. The unequal distribution of the results obtained creates social tensions. Governance will demand a clarification of the boundaries between business and political goals. Questions concerning the compatibility of corporate and social ethics will arise.

103


The next APDA 30 years

Gradual containment of world demographic growth as developing countries cut their birth rate by the investment under Agenda 2030 relating to health, education, poverty reduction and diversification of productive structures. Containment of North-South development asymmetries with the South showing growing catch-up gains, a result of more intense cooperation with emerging Asian economies, multilateral financing instruments and foreign direct investment in anchor industries in the food-water-energy-climate sectors. The converging interests of the main players concerning greater resource efficiency, allied to environmental protection and conservation, allows a progressive investment in disruptive energy technologies supported by public-private partnerships and pilot

Main players’ convergence of interests around resource efficiency favors the reinforcement of globalization centered on sustainability and the adaptation of national visions to a prosperity that is not hostage to economic growth. That enables an innovation virtuous cycle and South’s catching-up.

Technological convergence alongside an innovation policy focused on “appropriate technologies” for developing countries allows an upward on technology transfer projects, aimed to optimise water resources’s management.

Pe a

ce

experiments in developing countries. Global cooperation allows more ambitious Paris Agreement goals, fostering the containment of the effects of climate change, namely in optimising water resource management and exploring alternative deep-sea and space energy sources. Major progress in digital connectivity is accompanied by investment in education and training, facilitating social mobility and the transition to an economic model that makes more efficient use of natural resources. More developed societies establish the St. Petersburg Agreement, instigated by Russia which, hostage to a strategy centred on its fossil fuel resources, develops a partnership with the EU, US and China.

Global Scenarios in 2050

u

al

t e p

r Pe

104

105


l

uga rP or t fo

n

s

io t a

lic p Im

107


The next APDA 30 years

Implications for Portugal

Be tw ee

n

alls W

A significant downsizing in population stresses ageing, due to a negative natural growth non-accommodated by migrations flows. In fact, this is even exacerbated by negative migration balance, as a wave of emigration of young people confirms the most pessimistic scenario of the projections conducted 30 years earlier A population below 8 million. The fragmentation of the European Union with abandonment of the building of a Political Union leads to the creation of “clubs” according to the ability of a restricted number of countries to sign sectoral deals, namely as regards security and defence, energy security and IT. The significant drop in the EU budget weakens the already fragile cohesion policy with very negative effects in the financing of the more vulnerable nations, including Portugal.

With major difficulties in obtaining external financing, economic stagnation takes hold and the country’s decades-long dualism worsens, with major setbacks in social and territorial cohesion – the population concentrates in the coastal cities which, due to migration flows, maintain the same overall level of inhabitants; in the interior, the population is residual. This socio-economic lethargy quickly mitigates the tenuous steps taken in previous years to increase resource efficiency through the adoption of principles of circularity. The green economy “stalls” and there is a return to lower cost energy options, namely coal for electricity generation, making it impossible to reach the agreed targets to cap global warming at 2ºC; some companies, capitalising on previous partnerships with China to produce

108

and export renewable energy solutions, remain relatively buoyant, namely in the Portuguese-speaking African nations. The existing vulnerability to the effects of climate change grows, especially in more disadvantaged regions, with long droughts and water shortages in conurbations in the country’s interior. Greater pressure of environmental variables reveals the scarcity of resources and fragility of the farming sector. Even so, the country’s low security risk allows it to continue attracting back office services from some telecoms and IT multinationals, with tourism maintaining its status as the main pillar of economic specialisation, but one in need of qualified personnel who can ensure diversification and the leveraging of the country’s natural and historical capital.

109

In Portugal, a “Between Walls” scenario amplifies losses in social and territorial cohesion, exacerbating historical dualism. This alternative future means also an higher national vulnerability to the effects of climate change.


The next APDA 30 years

Implications for Portugal

sectors is the solution to try and avoid a greater decline in social cohesion. The lowering of European standards in the context of environmental pressures leads to weak innovation and infrastructure renewal, while opportunities in energy are the greatest potential in the context of boosting Chinese cooperation in Africa as part of the new silk road. Equally, in the South Atlantic, in a context of rising oil prices, exploration partnerships somewhat boost Portuguese firms which aspire to integrate with water and telecoms. Portugal’s low security risk means it remains one of Europe’s main tourist destinations, managing to diversify and gain efficiency through the dematerialisation and virtualisation of trading platforms.

In a world in which cooperation operates at the regional level, with the South playing catch-up with the North based on the innovative dynamism of the emerging economies of the Pacific, migratory pressures in Europe are lower than those in the “Between Walls” scenario. In a context of very slow growth in more developed economies, the EU’s focus is to safeguard the common market by emphasising bilateral solutions and limited cooperation in the eurozone. In a multi-speed Europe, Portugal’s population holds steady due to immigration, but faces major problems in returning to natural growth. The birth rate improves but not by enough to prevent the continued ageing of the population. In a highly dualistic system, the loss of national decision-making centres in strategic

Le

go

W

110

In a Lego War, Portugal seeks to benefit from China’s increasing influence in the Atlantic and, at the same time, integrate the club of European Union countries that are moving forward in combating climate change and energy transition as a way to stem greater losses of social cohesion.

ar

111


The next APDA 30 years

Implications for Portugal

Go ve rn m c. t in en

This scenario is based on a new wave of globalization grounded not on traditional relatively collaborative competition between nation states but on the emergence of a new model of governance in which city and business leaders (“mayors” and “majors”) create partnerships to accelerate resource efficiency and an energy paradigm shift, as a means of enhancing growth via heavy investment in what tends to be disruptive technaology, infrastructure and the circular economy. Industrial goods are conceived as services and waste management is optimised to cut the amount produced and increase recycling in a symbiosis between industry 4.0, empowered by energy and the climate, and the circular economy that accelerates natural resource efficiency.

112

In this framework, some European cities achieve prominence, alongside Asian, African and Middle Eastern counterparts, in a global context of the urbanisation of ⅔ of the world’s population, attracting global business leaders. The growing importance of services in Portugal, the soft skills of the better educated sections of the population combined with lower costs than other European partners and high levels of digital and international connectivity are a source of attraction to the “majors”, in a system which has already been regionalised and in which local authority power is more assertive than central power, heading in a downward spiral due to the loss of social and territorial cohesion.

Foreign investment thus accelerates the growth of startups, namely in the area of utilities and environmental technologies, turning leader cities into living laboratories for solutions in artificial intelligence, technology conversion and transformation, and medical devices. The winning cities extend their sphere of influence, creating greater social and sectoral fragmentation with the replacement of traditional intensive and lower-skilled industries with sectors focused on higher tech content and prestige tourism, fashion and nautical services. In contrast with this dynamism, the pressures underlying the pockets of unemployment create greater inequalities in a context

113

in which the rights associated with the earlier social contract are ripped up in favour of flexicurity, causing profound changes in the way the labour market operates.

In a future shaped by a pace of globalization led by cities, the historical dualism of Portugal leads to growing tensions in the labor market.


The next APDA 30 years

The flexible structures of cutting-edge tech companies, resulting from a model of virtuous cooperation between universities, firms and public policy priorities in terms of innovation, will push them to the forefront in terms of digital connectivity and the establishment of several key international research centres on national soil. But a multiple-speed jobs market, alongside the high need for public financing, converge to create growing concerns about social stability which thus becomes the greatest challenge to avoid an army of the socially excluded and ensure the sustainability of subsequent generations.

Portugal’s strategic option to integrate the pioneering countries in the transition to carbon neutrality and circular economy has given the ability to reduce the risks of territorial, social and environmental collapse.

Pe a

ce

If globalization resumes in a context of global cooperation, galvanised by the imperative need to fight climate change in 2030, Portugal has the competitive advantage of being part of the “club” of countries at the core of the EU that agreed to accelerate the circular economy and transform production and consumption for greater resilience and sustainability. These gains mean it will reach the mid-century with stronger growth due to greater resource efficiency and a more polycentric territorial model based on a more optimised distribution of the benefits of globalization. The country’s demographics, with a higher birth rate and influx of qualified young immigrants from the Pacific and South Atlantic, will bring a slight fall in the dependency rate.

Implications for Portugal

u

al

t e p

r Pe

114

115


Urb an Wa te r

S

rios a n ce s s e c vi r e

117


Os prรณximos 30 anos APDA

Urban Water Services scenarios

119

Pre Assumptions

There will be no disruptive events or disruptive innovations that could jeopardize the historical paradigm of urban services mission

118

Higher impact of extreme events

Water resources scarcity

Ageing

Weak territorial cohesion

Territorial Heterogeneity

Network industry with a monopolistic tendency

Hight financing needs

Resource Efficiency Primacy

119


The next APDA 30 years

Urban Water Services scenarios

Be tw ee

n

alls W

Resource efficiency Water resources are under pressure essentially due to scarcity, increased demand from farming and fragile planning processes for river basins. This situation derives from the collapse of the EU deepening process, leading to the isolation of nations and, on the other hand, climate change-related scarcity (whose impacts are increasingly exacerbated by the collapse of the Paris Agreement). Trade barriers imply greater dependence on domestic food resources, increasing farming’s demand for water that cannot be met through efficiency measures. The falling relevance of environmental regulation is reflected in the weakening of the river basin planning process which is unable to settle resource use disputes and fails to ensure a healthy performance of all

water bodies. As regards the urban water cycle, scarcity tops the agenda, but with limited practical consequences. Financial difficulties, associated with weak regulation, surpass service’s quality, reliability and sustainability on strategies’ implementation. The asymmetries in infrastructure management and service levels are largely determined by population concentration and the fact most economic activity is focused in coastal urban centres. These asymmetries are also reflected in the level of service costs, which are higher for small Water Utilities (WU), exacerbated by financing needs, poor infrastructure management and Operations & Maintainance (O&M). Resource use efficiency, as a means of mitigating or solving existing problems, is limited by the difficulties of importing technology and

120

financing, as well as the regressive demands the sector imposes on itself. As investment volume is very low, infrastructure rehabilitation and/or construction projects are more difficult.

(centred on small or mid-sized cities); ii an urban nature of the coastal population, favouring regional and professional WU, especially where a tradition of municipal associations exists; iii the possible development, in the interior, of an essentially reactive and Business and Governance Models less professional management. In most cases, / Territorial Scope the WU belong to the public propriety sphere. Besides limiting efficiency and sustainability, Private sector entities with a relevant role in financial difficulties and the scarcity of qual- the sector are spurred by domestic economic ified human capital have major implications groups with expertise in specific areas, such as for the management and financial indepen- construction and O&M. The WU are regarddence of the WU. This situation is worse in ed strictly as basic public-service providers of the inland regions, where small-scale systems added importance due to the scarcity of water predominate. The inland/coastal dichotomy resources with some social functions in terms creates contrasting trends for the evolution of ensuring water access (social tariffs). Deof the role of the municipalities: i regional mand-side management instruments, thereWU on the coast and local WU in the inland fore, are not particularly expressive. Water

121


The next APDA 30 years

resource scarcity, exacerbated in the international river basins (e.g. new challenges in managing agreements with Spain), leads to regional hydraulic schemes whose completion is limited by financing difficulties. The sanitation system returns to the formula of “removing wastewater”. There is an absence of the pursuit of gains in scale in local decision-makers’ minds, though it remains important for central government. The practical effect of this last perspective is limited by the reduced importance of regulation. However, the course already taken with implementing multi-municipal systems is an obstacle to the return to the atomised approach that characterised the systems in place in the first few decades of democratic local power.

Once a small open economy, Portugal resigned itself to isolation, causing many difficulties in dealing with the scarcity and inefficiencies.

People’s Interface Despite the concern with maintaining a high-quality service, the pressures associated with insufficient cash-flow for necessary investment in network maintenance/renovation mean an overall fall in the quality of service provided, particularly in the smallest WU. There is thus a clear distinction in service quality between coastal/interior and large/small-scale WU. This process gains in scale as a result of the extinction of the obligations underlying the transposition of EU Directives, namely as regards origin quality standards, wastewater discharge emission limit values, drinking water quality, supply continuity and pressure, implying a lack of progress or even a regression compared to the standards achieved in the first two decades of the 21st century. This situation also has consequences for the quality of water for other directly relevant public uses, such as bathing. The declining level of the ageing population’s overall quality of life in the interior spells less willingness (and possibility) to pay for water services. Water is given less collective value as a factor in environmental conservation and more individual value. This lower collective value, exacerbated by the added costs of water services, principally in smaller WU, calls into question the possibility of financing the WU, enhancing situations of social and political conflict. Technology and Innovation The country’s isolation essentially limits innovation in two ways: i trade barriers work as an obstacle to the spread of technologies and innovation; ii the lack of societal stimulus

122

Urban Water Services scenarios

leads to a feeling of resignation regarding the problems of scarcity and inefficiencies. As far as wastewater treatment is concerned, the major concern relates to limiting costs. The circular economy is marginal and only implemented in a few urban centres as a result of the lack of water and pressure from electorally influential social groups. There is also a concern about data security, given the occurrence of problems that put the functioning of the systems at risk. In this context of technological inertia, there are no substantial changes in the type of infrastructure and its management processes, expressed in the conventional treatment of assets and less incentive for the efficient use of resources and, for example, controlling water losses. Financing Financing is highly limited by the unfavourable macroeconomic context, with a stagnation of families’ net disposable income in a low economic growth economy. Higher service costs, mainly at the small WU, and very low willingness to pay are the results of this stagnation. The phasing out of EU funds exacerbates the problems of insufficient resources. Low cost recovery through tariffs forces additional taxpayer financing. Private sector involvement is hindered by low return on investment (ROI) stemming from a falling population and the obsolescence and growing over-sizing of systems (due to falling aggregate urban demand). Given the high risk, the private sector remains a service provider but only rarely a financier. The weakness of financing channels leads to structural deficits and/ or lower costs, involving service degradation.

123

The very low volume of investment severely limits the rehabilitation or construction of infrastructures. Regulation Quality and economic regulation play a secondary role and only slightly influence the performance of water services. (Predominantly) public management, financing difficulties, lower collective value allocation and more regular conflicts over water, as well as more lax legislation are, amongst others, factors limiting the power of the regulator. However, with the sector’s “nationalisation”, it can expand its sphere of action in supervising investment and financing, taking administrative responsibilities in strategic projects.


The next APDA 30 years

Resource Efficiency The intensification of pressure on water resources is under control, given the importance that continues to be given to river basin planning processes, in which sustainability remains a goal. This situation stems from the continuity of the process to deepen EU’s acquis, even at multiple speeds. For identical reasons, the circular water economy remains on the agenda and efficiency is a priority along the whole urban water cycle. Demand by the farming sector tends to be neutral, combining higher production with improved efficiency. Efficiency is also encouraged by scarcity due to climate change (mitigated by the partial implementation of the measures in the Paris Agreement). Many WU are sufficiently funded, stemming from a

Urban Water Services scenarios

tendency for full cost recovery in urban areas and a relevant degree of recovery in others, enabling investment to improve sustainability and efficiency. This investment is also determined by sectoral goals, fixed by national and EU environmental policies. However, investment capacity is limited due to a very slow economic and demographic growth framework. Even so, the sector retains some capacity to mobilise qualified professionals and access incentives. The demands of new highly digital technologies exacerbate the asymmetries between WU based on their capacity to recover costs and/or obtain subsidies.

Le

go

W

124

Business and Governance Models / Territorial Scope The importance of efficiency and sustainability to the WU tends to limit several investment decisions and has major implications for their technical and financial management, aided by the qualified workers mobilised by the sector. The sector’s capacity to engage is thus boosted and, consequently, its capacity to innovate in terms of business and governance models, reinforced by the existence of qualified personnel in the urban and scientific centres in particular. This situation combined with the financial autonomy of many WU (a tendency for full cost recovery in urban areas and some degree of recovery in several others) attenuates the interior/coastal asymmetry and lessens the differentiation in drivers

influencing the evolution of the role of the municipalities in different territories. In effect, while there is a tendency for regional companies on the coast, this tendency also exists, though to a more moderate degree, in the interior (centred on the small and mid-sized cities). The concept of multiutilities is pondered or piloted in some areas of urban concentration. Public management of the systems coexists with private and/or mixed management. Players include European business groups, possibly associated with domestic ones. The private sector expands its involvement into the full management of systems, namely with patented/proprietary solutions. The need for a social tariff is recognised, potentially financed by social policy instruments and therefore not a burden for the WU. Solutions may be

ar

125


The next APDA 30 years

needed for systems of state ownership or state/municipal partnerships in areas where there is a major loss of population and business activity.

limited fashion due to weak investment capacity and snail-like economic and demographic growth. These investment limitations emphasize relevance of asset management, aiming a mere adaptation of technological solutions, especially in urban conurbations. Another area with less limited implementation is renewable energies as a result of domestic and EU targets related to the Paris Agreement. In a multi-speed EU, the tech and innovation dynamic in more advanced countries may have induced effects, accelerating and deepening change in this sector in peripheral countries too. The permanently tense geopolitical context implies concerns about the physical safety of the product and data management security, namely in terms of alarm capability and intruder control.

People’s Interface Service quality remains a priority, despite financial limitations, noticeable in the coastal WU and, given EU demands, in other parts of the country too, though to different degrees. Some social groups, mostly located in coastal urban centres, value water services, including from an environmental perspective. This implies a trend towards asymmetry in consumer perceptions of their value, amplified by differences in willingness to pay for them. Some WU in the interior, therefore, reveal a difficulty in attaining the desired levels of service quality, particularly stemming from EU requirements, given the levels of under-financing. In water supply, the guarantee of safety is an important issue for the customer, with the same applying to personal data management. As regards sanitation, levels of collection and treatment are maintained that continue to ensure good standards of bathing water quality. In sum, the current upward trend in the sector will continue, as well as the social and political tensions that make the outcome uncertain.

Urban Water Services scenarios

Financing Financing is preferably ensured by tariffs and additionally by national and local budgets. Some financing from the EU is likely to continue, as a means of complying with EU rules and guidance, though the size of these funding instruments will be much smaller than in the past. Even so, this funding may be important in terms of mitigating the impacts of interior/coastal asymmetries, allowing, albeit to a limited extent, the difficulties felt by WU in the interior to be “dampened”. Issues relating to affordability restrict full cost recovery, reflected in the management of WU assets. Always dependent on ROI, there is greater private involvement, which seeks to position itself in every area of the water industry’s value chain and thus contribute to increasing the financing capacity of the service.

Water Utilities of the most vulnerable areas experienced major difficulties in reaching the desired levels of quality of service, given the remarkable levels of underfinancing.

Regulation Regulation influences the way services play their role. Financial capacities vary between regions which has repercussions on the services provided to the public, creating even bigger difficulties for the regulator. The regulator is heavily dependent on the government and can have a relevant role in structuring the sector, as well as influencing the activity of players, including major European business groups. Portugal’s inclusion in the group of countries which pursued the course set out in the Paris Agreement after 2030 may lead to stronger regulation. This may occur in a series of countries with regulations specific to the sector that are able to compare their performance with the others and to benefit from the power that a unified set of regulators brings to the group as a whole.

Technology and Innovation Technology and innovation are developed to support the goals of EU service quality, sustainability and circular economy policies. However, the implementation of advanced and innovative solutions occurs mainly in coastal urban centres and, even then, in

126

Being among the countries that, after 2030, reached the goals of the Paris Agreement, Portugal is able to reinforce the regulation framework.

127


The next APDA 30 years

Urban Water Services scenarios

Go ve rn m c. t in en

Resource Efficiency Water resources face mitigated pressure with a moderate risk of scarcity. The European and world contexts are aligned around common policies and goals marked by trade liberalisation, efficiency and circularity in resource use. These strategic lines lead to an integrated and rational results-oriented management with the Paris Agreement as flag-bearer, occasionally subordinated to a more traditional market approach (grey and green economy). Efforts to squeeze demand are made in urban and farm use and are accompanied by efficiency measures. In the urban water cycle, scarcity is on the political agenda, leading to the adoption of advanced tech solutions in a context where concern for efficiency prevails. In conjunction with these, there is a dynamic rise in

the supply and quality of urban water services aided by value added. Service quality is closely related to scale, facilitated by the concentration of the population and a large part of business activity in the urban centres. The needs stemming from a falling population and weak growth exacerbate the asymmetries between coastal and interior WU. The lack of public initiatives able to reverse these asymmetries, given budgetary restrictions, may difficult fulfilment of environmental requirements and conservation of infrastructure (above all in WU in the interior). However, it is possible a new urban/rural relationship encouraged by major cities may, in some way, counteract these trends. The risk of a two-speed management of urban water services is very real if this does not occur.

128

Business and Governance Models / Territorial Scope Environmental goals are incorporated into results-oriented management, creating a balance between value creation and sustainability, which naturally influences investment decisions. The sector includes a wide range of qualified workers with management dominated by technocrats. The trend for WU’s alliances acquires a gradually business-like focus. Innovation in the business and governance models brings a better balance between value creation, on the one hand, and service sustainability and efficiency, on the other. The aims of value creation drive the sector towards a supply diversification of services, capitalising the benefits of a customer relationship management. An atmosphere

conducive to the emergence of multiutilities is created, but restricted to those regions where the WU can achieve financial autonomy, namely the urban centres. The scale of WU with financial autonomy is a function of business logic’s criteria. At a complementary level, social policy instruments are created to finance social tariffs at a local sphere, freeing the WU from the burden of ensuring access by the disadvantaged to a basic service. WU operation and management by private entities is broadened, regional systems included, with multiple cases of mixed management too, encouraging interest from international players. In geographical areas with lower population concentration, the situation may be different if a new urban/rural relationship model is not introduced, maybe leading to a

129


The next APDA 30 years

two-speed urban water cycle management between themselves at the development and system. In this context, public initiatives are commercial levels. On the tech demand side, needed to improve management conditions, operators seek more competitive solutions to namely in terms of subsidies and technology increase profitability and market share. This progress, which may be capitalised on by verand professional qualifications. tical players, allows high service quality and asset management levels, sustainability and People’s Interface In an attempt to form a favourable relation- circularity; however, it is restricted to urban ship with the customer, WU in urban cen- areas, unless a new urban/rural relationship tres develop a dynamic towards a bigger and model emerges. Tech and innovation contribbetter service, benefitting from privileged in- ute to higher efficiency in resource use and ternational links and the practices of other greater service quality, as well as high levels utilities. In regions with lower population of renewable energy use and data security, concentration, the minimum service ratio- creating a major value creation component nale prevails, based on EU parameters, with based on the relationship with the customer. cyclical tensions flaring up concerning service financing, quality fluctuations and discrepan- The shortages resulting cies with the WU in urban centres. This dis- from population decline crepancy may be mitigated by a new urban/ and low growth sharpen the rural relationship model. In the absence of this, there may also be gaps in the quality of asymmetries in performance distributed water and bathing water. The will- between coastal and inland ingness to pay, while unequal, is the result of Water Utilities. the evolution of income, associated with recognition of the economic value of water and the contribution of the WU to improving the environment. The potential for social instability and the difficulties of the state are a recurring concern. Technology and Innovation The atmosphere of international cooperation and the transnational nature of capital foster tech and innovation synergies between WU: these are of major importance given the positive relationship between increasing sustainability and opportunities for value creation. On the supply side, tech players compete

130

Urban Water Services scenarios

Financing Tariffs are the “normal” instrument of recovering costs. Tariffs therefore largely finance the sector, ensuring its financial autonomy and moderating the need for other funding tools. Concerns grow about affordability, particularly at times of greatest political and social tension, despite efforts to allocate local public funds. In regions of lower population concentration, the gap in minimum services and service quality with other regions is used to foster tensions and demand greater solidarity from metropolitan areas, with consequent allocation of national public funds. Bearing in mind the expectations of profitability and the need to ensure the willingness of stakeholders, the national and international private sector increases its involvement to cover the financing of investment in infrastructure. Regulation Regulation faces important challenges. In a framework of major corporate power, there can be a tendency for self-regulation over public regulation. To achieve its aim in a liberal environment, the latter will need to boost its legal underpinnings and modes of action, but this contrasts with the limits affecting the pillars of state governance, with the risk that the regulator is co-opted. Civil society is split by strong beliefs that periodically settle arguments, in which the ability for regulatory intervention and the burdens imposed by regulation are also a recurring theme. The need for compatibility between customer pressure and costs containment, as well as results, dominant within the sector’s companies, may imply new challenges for the regulators.

131

The participation of private investors, domestic and foreign, is expanded.


The next APDA 30 years

Resource Efficiency Water resources are still under pressure, but better and more efficiently managed. This resilience, based on fair and effective mechanisms between management entities, allows to maintain the security risk under control . This stems from global alignment with the UN sustainable development agenda and the more ambitious and extended evolution of the Paris Agreement. An integrated and rational management of water resources is thus implemented in which the principles of the circular economy are applied and the tech innovations available capitalised on. In the urban water cycle, scarcity is a theme high up the agenda and assumed as one of the main drivers of efficiency and circularity using innovative and efficient tech solutions

Business and Governance Models / Territorial Scope Environmental policies pursue service quality and efficiency goals for the sector, requiring mechanisms to stimulate investment and mobilise qualified professionals that ensure levels of management excellence in the WU. Public and private management coexist with myriad cases of mixed (public and private) management, but subordinated to the aforementioned public policy goals. Private-sector entities with important involvement in the sector are boosted by national and international business groups with expertise across the industry’s entire value chain. The concept of multiutilities is pondered and implemented. WU can integrate other business areas to improve the urban metabolism in economic

and environmental terms. This integration stems from an integrated territorial approach. WU are valued as organisations which preserve water resources, using them from the perspective of economic, social and environmental sustainability and a circular rationale. Service quality across the entire urban water cycle and the information provided to customers are assured. Customers recognise tariffs as the best means to achieve and maintain the sector’s desired levels of service quality and sustainability within the framework of the major financial autonomy of the WU. The social tariff is ensured by social policy instruments that are outside the WU’ remit, giving the latter greater legitimacy to adjust tariffs to the actual costs of each system. To offset the consequences of regional imbalances in

Pe a

ce

determined by sustainability goals. Though political measures are taken to reduce population concentration in urban centres, mechanisms to ensure fairness in the urban water cycle are also necessary and applied, as well as innovative solutions and management models. Infrastructure management and service levels are thus focused on actively attaining service quality and sustainability, regardless of geographical area, with the implementation of the best practices available in O&M adapted to the needs of each system. There is a general concern about rehabilitating infrastructure to ensure the sustainability of quality service provision at reasonable cost.

Urban Water Services scenarios

u

al

t e p

r Pe

132

133


The next APDA 30 years

resource use efficiency, compensatory mechanisms may be created. Also borne in mind is the need to create institutional solutions suited to local, particularly demographic, characteristics. Development of appropriate tech solutions are also anticipated. New efficiency systems and drivers may be conceptualised as a consequence of tech and innovation, as well as paradigm shifts, especially as concerns specific local and geographically extensive systems. People’s Interface The customers are increasingly demanding with WU, particularly in matters of service quality, efficiency and relations with stakeholders. This pushes WU to higher levels of social, environmental and economic performance. In view of the indifference to the business model and the size and location of the WU, the latter focus on results, which must reflect the best interests of the public, which is increasingly better informed about national and EU legal obligations. As users become more demanding, they are more willing to pay for urban water services as a result of the recognition of the WU’ role in the efficient use, conservation and protection of water resources. WU regard it as key to inform, raise awareness and educate stakeholders to strengthen the commitment underlying the relationship between tariff and service quality in a context where affordability is guaranteed.

134

Urban Water Services scenarios

Technology and Innovation Innovation and technological progress are crucial and financially incentivised by national and international mechanisms based on cooperation between WU, industries, scientific communities and countries. Innovation strategy encompasses the circular economy, whether technology-based or otherwise, promoting efficiency of use and the closer adaptation of systems to social, economic and environmental reality. As a result of investment capacity, asset management underpins operational reliability and safety, heavily oriented towards the efficient use of water and energy resources. As regards water treatment, innovation, integrating the technological evolution of nanotechnologies, biotechnologies and others, is crucial to finding and eliminating emerging pollutants, to increasing efficiency and to decarbonising the activities of the WU. The focus of innovation and tech is thus directed at satisfying service needs, quality and efficiency, as well as relations with the customer, in this case from the perspective of information, awareness raising, environmental education and data security.

Financing Families are more willing to bear the costs of efficient and resilient urban water services out of a feeling of fairness and resource conservation. The medium and long-term cost recovery forecast through tariffs creates favourable conditions for national and international private operator involvement stemming from the greater potential for return on investment (ROI), a clearer definition of solutions, tariff-related in particular, to support the costs of capital, and the economic sustainability of the systems. This situation coexists with the concern to guarantee the environmental and social obligations of the services. Like other utilities, the sector is also attractive to institutional investors interested in the stable and predictable returns afforded. Private operators work across the entire value chain, applying principles and values that are key to the success and involvement of stakeholders. A new approach to local sustainability and the configuration of municipal business systems for small conurbations employs tariffs – the key component underpinning service cost, incentivising water efficiency and a tool in signalling scarcity – as the central element.

Innovation is a game-changer encouraged by cooperation. The circular economy becomes a strategic pillar, promoting the efficiency of resources and the adequacy of water services to the socioeconomic reality.

Regulation With the sector more open, liberalisation, the need for efficiency gains and innovation incentives require strong, competent, independent and resilient regulators in the different political and technical areas. The risk of the private sector exerting excessive influence on regulation is constant, requiring policies and decisions by national and supranational public authorities that ensure transparency and

competition. In this way, market regulation is enhanced, leading to the sustainability of the resource and promoting an increase in the value attributed to water individually and collectively. In this context, tariffs are essential to incentivise a behavioural shift in consumers with regard to the efficient use of water and to structure the efficiency of the Water Utilities.

135


The fulfillment of the mission of Urban Water Services in 2050 is inseparable from the way the external environment evolves. The exploration of the four scenarios shows how funding issues are critical for Water Utilities’s survival in light of the high quality standards of services achieved in the transition to the 21st century, and how its availability dependent of European Union’s continuity. In the coming decades, any rehabilitation or infrastructure construction investment project will be conditioned if the world develops into isolation. Governance models can undergo significant changes, within a framework with greater social valorization of the resource and intense and worthy collaboration between stakeholders. This prospective exercise shows how the Portuguese economy can evolve and what are the driving forces that enable Water Utilities to move forward to a reflection process in order to adapt its strategies to 2050.

137


Os próximos 30 anos APDA

Cenários para o mundo em 2050

A participação é uma mais-valia no exercício prospetivo. Public engagement and participation represent an added value for prospective exercise.

138

139


Os prรณximos 30 anos APDA

Cenรกrios para o mundo em 2050

140

141


Os próximos 30 anos APDA

Cenários para o mundo em 2050

142

143

Workshops e dinâmicas em grupo. Workshops and different collective dynamics.


Os prรณximos 30 anos APDA

Cenรกrios para o mundo em 2050

144

145


Cenários para o mundo em 2050

Trad uçã oC hri sF os ter

Co py

De sk

pa ui Eq o açã en ord Co de

uardo Aires Im p r e s s Studio Ed ão Di esign ário va D cuti Exe

Equipa de Coordenação Executiva Executive Coordination Team Sérgio Hora Lopes - Coordenador/Chair (Águas de Portugal · APDA) Ana Margarida Luís (Águas de Portugal · APDA) Carlos Póvoa (Águas de Portugal) David Cabanas (C.M. Barreiro) Fátima Azevedo (Secretaria Geral · Ministério do Ambiente) Francisco Narciso (Águas de Portugal) Hilário Ribeiro (ITRON · APDA) Inês Trindade (Gestora do Projeto, APDA) João Simão Pires (UCP · PPA · APDA) J. Henrique Zenha (APDA) Miguel Carrinho (Águas do Ribatejo · APDA) Nuno Medeiros (Águas de Portugal) Paulo Nico (SMAS de Almada · APDA) Pedro Béraud (AdP Internacional · APDA)

d o P orto T i r ag em

ito ós ep sD

018 18 2 35/ 367 l4 ga Le

Patrocinadores Sponsors

70 0 ex em pl ar e

Apoio Institucional Institutional Partner

147


Os prรณximos 30 anos APDA

148


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.