EDITORIAL A crise política e econômica que enfrentamos no País, acumula três anos seguidos de retração do Produto Interno Bruto (PIB) e resulta na maior recessão em 80 anos. No entanto, é necessário reconhecer que há setores lutando para manter a eficiência e produtividade, garantindo assim empregos e movimentação da economia. A expectativa para o agronegócio, neste ano, é a melhor da economia brasileira em 2016 devendo registrar crescimento. Segundo a Abag (Associação Brasileira de Agribusiness), o PIB (Produto Interno Bruto) do agronegócio deverá crescer entre 2% e 2,5%. De acordo o primeiro levantamento realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), para o setor sucroenergético, essa é uma boa perspectiva pois a safra 2016/2017 será recorde devendo alcançar 691 milhões de toneladas, com um aumento de 3,8% em relação à safra anterior, quando foram colhidas 665,6 milhões de toneladas. A variação se deve ao crescimento da área colhida de 5,4%. Nesta safra a área colhida deverá registrar 9 milhões de hectares, com um aumento de 468,2 mil hectares em relação a última safra, quando ocupou 8,6 milhões de hectares. Com o clima favorecendo o desenvolvimento dos canaviais, a projeção é de uma produção de açúcar de 34,8 milhões de toneladas, ante 30,8 milhões em 15/16. Já a estimativa para o etanol é de 29,1 bilhões de litros, ante 27,65 bilhões na temporada passada.
ÍNDICE CAPA: Fotos históricas das centrífugas Western States instaladas no Brasil (na década de 60, antes das tarifas de importação). EMPRESA: 04. BIG TECNOLOGIA E WESTERN STATES: É ótimo estar de volta ao Brasil. VISÃO: 08. Cenário Sucroalcooleiro 10. Gerenciamento e Custos 12. Gerhai 14. CTC 16. Falando de Cana 18. Tópicos de Fisiologia 20. IAC 22. Divisão de Bioprocessos 24. Gerenciando Projetos 26. Falando de Fábrica 28. Conversando com a Cana 30. Soluções de Fábrica TECNOLOGIA & PESQUISA: 32. Avaliação de Falhas em Cana-de-Açúcar Segundo o Método de Stolf Utilizando Imagens Aéreas de Alta Precisão Obtidas Por Vant. RECORDANDO CONHECIMENTO:
A safra 16/17, se desenha como um ano de reinvenções e retomada do setor, permeado de expectativas positivas onde os preços, finalmente, remunerarão os custos com bons resultados tanto em produção como em produtividade e com geração de caixa positivo, que irá permitir que boa parte das unidades produtoras obtenham um reequilíbrio financeiro. Por isso, é necessário focar em ações para sanear finanças e reduzir custos e, principalmente, no próprio mercado de trabalho que exige que o profissional acumule competências, tais como a capacidade de gestão de equipes e liderança, aliadas com a qualidade da produção e gestão. Boa safra 2016/17
diretoria stab
40. Produção de Açúcar em Cozimento Contínuo 42. FATOS & GENTE:
CONSELHO EDITORIAL Ailto Antonio Casagrande, Antonio Carlos Fernandes, Beatriz Helena Giongo, C arlos Alberto Mathias Azania, Enrico De Beni Arrigoni, Érika N. de Andrade Stupiello, Florenal Zarpelon, Giovani A.C. Albuquerque, Hermann Paulo Hoffmann, João Gustavo Brasil Caruso, João Nunes de V asconcelos, José Luiz I. Demattê, José Tadeu Coleti, Leila L. Dinardo Miranda, Marcelo de A lmeida Silva, Márcia Justino Rossini M utton, Maria da Graça S tupiello Andrietta, Miguel Angelo Mutton, Newton Macedo, Nilton Degaspari, Paulo de Tarso Delfini, Paulo Roberto de Camargo e Castro, Oswaldo Alonso, Raffaella R ossetto, R omero Falcão, Rubens do Canto Braga Junior, Sílvio Roberto Andrietta, Sizuo Matsuoka, Udo Rosenfeld e Victório Laerte Furlani Neto. EDITOR TÉCNICO José Paulo Stupiello. JORNALISTA RESPONSÁVEL Maria de Fátima P. Tacla MTB 13898. fatima@stab.org.br EDITORAÇÃO GRÁFICA Diego Lopes. diego@stab.org.br IMPRESSÃO IGIL - Gráfica Itu - SP. Indexada na Base PERI Divisão de Biblioteca e Documentação ESALQ-USP. http://dibd.esalq.usp.br/peri.htm
EMPRESA SOCIEDADE DOS TÉCNICOS AÇUCAREIROS E ALCOOLEIROS DO BRASIL - STAB DIRETORIA DA STAB NACIONAL E REGIONAL SUL
É ÓTIMO ESTAR DE VOLTA AO BRASIL
Presidente: José Paulo Stupiello - Secretário/Tesoureiro: Raffaella Rossetto - Conselheiros: Antonio César Salibe, Fernando Antônio da Costa Figueiredo Vicente, Florenal Zarpelon, Márcia Justino Rossini Mutton e Oswaldo Alonso.
REGIONAL CENTRO Presidente: Nelson Élio Zanotti - Secretário/Tesou reiro: José de Sousa Mota - Conselheiros: Jaime de Vasconcelos Beltrão Júnior, José Emílio Teles Barcelos, Luiz Antônio de Bastos Andrade, Marcelo Paes Fernandes e Márcio Henrique Pereira Barbosa.
REGIONAL LESTE Presidente: Cândido Carnaúba Mota - Secretário/Tesoureiro: Luiz Magno Epaminondas Tenório de Brito - Conselheiros: Antônio José Rosário de Sousa, Celso Silva Caldas, Cícero Augusto Bastos de Almeida, Jorge Sandes Torres e Meroveu Silva Costa Júnior.
REGIONAL SETENTRIONAL Presidente: Djalma Euzébio Simões Neto - Secretário/Tesoureiro: Tiago Delfino de Carvalho Filho - Conselheiros: Antônio José Barros Lima, Emídio Cantídio Almeida de Oliveira, Henrique Joaquim Ferreira Cruz Filho, Jair Furtado Soares de Meireles Neto e Marlene de Fátima Oliveira.
CONSELHOS ESPECIAIS DA STAB NACIONAL Antonio Maria Cardoso Rocha, Aloysio Pessoa de Lu na, Carlos Alberto Cruz Cavalcanti, Franz O. Brieger, Geraldo Veríssimo de Souza Barbosa, Giovani Cavalcante de Albuquerque, Guilherme Barreto do Livramento Prado,
Jacques Y. J. Miocque, João
Gui lherme Sabino Ometto, João Gustavo Brasil Caruso, José Adalberto de Rezende, José de Sousa Mota, José Paulo Stupiello, Luiz Antonio Ribeiro Pinto, Luiz Chaves Ximenes Filho, Paulo de Campos Torres de Carvalho, Raffaella Rossetto e Sérgio Bicudo Paranhos.
REGIONAL CENTRO Adilson Vieira Macabu, Aldo Alves Peixoto, Carlos Alberto Barbosa Zacarias, Cláudio Martins Marques, Fernando de La Riva Averhoff,
A Western States Machine Company está honrada em voltar ao Brasil. Em 04 de fevereiro de 2016, a Western States adquiriu o controle acionário da Big Tecnologia/Colmena, ambas empresas Brasileiras fundadas em 2003, estão situadas em Piracicaba, São Paulo, Brasil. Elas fornecem às indústrias de açúcar e etanol serviços de engenharia, atendimento ao cliente, treinamento especializado, peças sobressalentes, importação e exportação, revisão e fabricação de centrifugas de açúcar e álcool. A Western States irá comemorar seu 100º aniversário no próximo ano como um dos melhores fabricantes de centrífugas e equipamentos para açúcar do mundo. Através da inovação e do espírito empreendedor de Eugene Roberts, a Western States foi fundada em Salt Lake City, Utah, EUA e incorporada no dia 11 de abril de 1917. Desde a sua humilde origem, a Western States cresceu rapidamente
até se tornar uma empresa internacional. Em 1920, relações foram criadas com o Brasil e Cuba, e elas foram expandidas para todas as áreas de açúcar em crescimento no mundo. Fundada em 2003, a BIG Tecnologia de Piracicaba, prestador de serviços e fabricante de sucesso de centrífugas e equipamentos para açúcar e etanol, combinou recursos e conhecimento tecnológico com a Western States para fornecer produtos e serviços. As centrífugas automáticas e contínuas TITAN© e ROBERTS© da Western States, disponíveis em todo o mundo, serão fabricadas no Brasil e comercializadas para o Brasil e ao exterior. A Western States construiu o seu sucesso com base em três princípios: produtos de qualidade, serviço superior e cultivo de relações. O Brasil se tornou parte integrante do processo de cultivo de relações e um dos vários fatores contribuintes para o crescimento da Western States. A família da Western States tem o prazer de mais uma vez ser uma parte integrante da cultura calorosa e vibrante do Brasil, bem como ter a amizade e parceria da equipe da BIG Tecnologia.
James Pimentel Santos, José Adalberto de Rezende, José de Sousa Mota e Vidal Valentin Tuler.
REGIONAL LESTE Alfredo Durval Villela Cortez, Antonio Maria Cardoso Rocha, Cariolando Guimarães de Oliveira, Geraldo Veríssimo de Souza Barbosa, Giovani Cavalcante de Albuquerque, Luiz Chaves Ximenes Filho, Paulo Roberto Maurício Lira e Roberto Gomes Macias.
REGIONAL SETENTRIONAL Adailson Machado Freire, Aloysio Pessoa de Luna, Carlos Alberto Cruz Cavalcanti, Carlos Eduardo Ferreira Pereira, Carlos Eduardo Lins e Silva Pires, Francisco de Melo Albuquerque, João Isaac de Miranda Rocha, Josué Felix Ferreira, Marcos Ademar Siqueira e Ricardo Otaviano Ribeiro de Lima.
REGIONAL SUL Franz O. Brieger, Guilherme Barreto do Livramento Prado, Homero
No dia 25 de fevereiro de 2016, a Western States reingressou no Mercado Açucareiro do Brasil depois de 45 anos, os norteamericanos Mr. David Douglas Buckner, Mr. Robert Sinnard Jr, Mr. Todd Hershberger e Mr. Rafael Ibañez, representantes da Western States dos EUA, juntamente com os sócios Srs. Ricardo Funcasta Dias, Gilberto Fuzaro, Edivaldo Ferezini Bilko e Ivan Ferraz Correa, representantes da Big Tecnologia / Colmena, realizaram no Parque Tecnológico
de Piracicaba o lançamento da união entre as empresas, em evento social realizado com a presença de Entidades do setor da cana de açúcar, Empresas de Engenharia, Clientes e amigos. No evento foi apresentada a linha de centrífugas a serem fabricadas no Brasil, como também duas excelentes palestras proferidas por Guilherme Nastari (DATAGRO) com tema “O futuro do setor Sucroenergético Brasileiro” e pelo Eng. Jaime Finguerut (CTC) com tema “A História do açúcar no Brasil”.
Correa de Arruda Filho, Jacques Y. J. Miocque, João Guilherme Sabino Ometto, João Gustavo Brasil Caruso, José Paulo Stupiello, Luiz Antonio Ribeiro Pinto, Paulo de Campos Torres de Carvalho, Paulo Nogueira Junior, Raffella Rossetto e Sérgio Bicudo Paranhos.
SÓCIOS HONORÁRIOS †Hélio Morganti, †Jarbas Elias da Rosa Oiticica, João Guilherme Sabino Ometto, †Luiz Ernesto Correia Maranhão. STAB - Açúcar, Álcool e Subprodutos é uma publicação bimestral da STAB - Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil Sede Nacional - Av. Carlos Botelho, 757, Caixa Postal 532 - Fone: (19) 3433-3311 - Fax: (19) 3434-3578 - Site: http://www.stab.org.br - E-mail: stab@stab.org.br - CEP 13400-970 - Piracicaba - SP - Brasil. Os conceitos emitidos nos trabalhos aqui publicados são de inteira responsabilidade de seus autores. A citação de empresas ou produtos promocionais não implica aprovação ou recomendação técnica ou comercial da STAB. Permite-se a reprodução de matérias, desde que citada a fonte. Para os artigos assinados, a reprodução depende de prévia autorização dos autores. DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Pede-se Permuta On Demande l’échange - Exchange is solicited - Se solicita el cange - Si sollecita intercambio - Wir bitten um ausstaussch.
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Diretoria Western States e Big Tecnologia - Parque Tecnológico em Piracicaba - APLA - em Piracicaba - SP - Brasil
SOBRE NÓS - WESTERN STATES Graças à criatividade e ao espirito empreendedor de Eugene Roberts a Western States foi fundada em Salt Lake City – Utah em 11 de abril de 1917. Expandiu em vendas internacionais, em 1920 fornecendo centrifugas para o principal produtor mundial de cana de açúcar: Cuba. A partir daí a Western States expandiu-se para o Canadá, Peru, Brasil, Inglaterra, Havaí, México, Porto Rico, Santo Domingo, Escócia, Coreia e Japão. Roberts faleceu em 1950 encerrando um legado de 56 anos na indústria açucareira. A Western States baseou seu sucesso em três princípios fundamentais: Produtos de qualidade, Serviço superior e Cultivo de relações. No entanto a visão de Roberts continuou a prosperar entre seus sucessores: George Stevens, Richard Huser, James Coleman, Harry Allison, Roger Fair, George Conrad, Joseph Hertek, Joseph Bange, Tony Stulreyer, Oscar Moyle Jr, Bob Jones, David Douglas Buckner (Presidente até 2015) e Robert Sinnard Jr (Presidente atual).
Novo Centro Tecnológico - 625 Commerce Center Drive, Fairfield, Ohio, USA. Continuando no século XXI, a Western States avança e inova a tecnologia de centrifugação à medida que amplia sua presença em mais de 35 países ao redor do mundo e tendo fabricado mais de 6.000 centrífugas. Através da inovação constante e dos princípios fundamentais estabelecidos em 1917, a Western States está preparada para um crescimento contínuo e futuro graças às instalações modernas e tecnologicamente avançadas situadas em 625 commerce center drive, Fairfield, Ohio, USA.
BIG TECNOLOGIA Três Engenheiros mecânicos com vasta experiência em projetar, fabricar e comercializar centrífugas para o setor sucroalcooleiro, no início de 2003 decidiram montar a BIG TECNOLOGIA, com objetivos traçados em oferecer ao mercado treinamento para operadores e mecânicos de manutenção em centrífugas para açúcar e separadoras centrífugas para o etanol, depois lançamos nossa engenharia de manutenção “Multimarcas”, em 2007 fizemos parceria com a Action Laser e SRI da Austrália, posteriormente apresentamos ao mercado um programa para análise de viscosidades para fábricas de açúcar, desenvolvemos nosso filtro de pressão para vinho, em 2008 lançamos o Detentor de impurezas para centrífugas contínuas, 2009 fizemos a fusão com a Colmena Comercial Importadora e Exportadora Ltda, assim iniciamos os trabalhos internacionais, em 2010 lançamos as telas progressivas para centrífugas contínuas e criamos a nossa centrífuga contínua BIG TECNOLOGIA Modelo Krystal CB 1400, centrífuga inovadora e repleta de vantagens tecnológicas, em 2012 construímos
Turbinas para gerador quatro polos
Fábrica BIG Tecnologia - R. Rosário Takaki 555, Distrito Industrial Uninorte - Piracicaba - SP - Brasil nossa fábrica, 2013 lançamos separador de méis inteligente, em 2015 desenvolvemos o filtro quebrador de torrões e em 2016 concretizamos a sociedade com a Western States. Enfim, sempre trabalhamos com metas para criação e inovação tecnológica.
PRÓXIMOS PASSOS DA EMPRESA NO BRASIL
• Ampliação da fábrica em Piracicaba, SP, Brasil. • Tropicalização dos projetos para fabricação das centrífugas no Brasil. • Fabricação, fornecimento e vendas ao mercado Brasileiro e internacional • Desenvolvimento de novos produtos.
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EMPRESA POR QUE ESCOLHER WESTERN STATES / BIG TECNOLOGIA • Oferecemos as centrífugas mais tecnologicamente avançadas do mercado. • Constantes inovações tecnológicas. • Sempre buscando engenharia para melhorar a eficiência de centrifugação. • Jamais retirar um modelo de centrífuga do mercado. • Assistência 24 h/d X 7 dias/semana X 365 dias/ ano. • Garantias até 5 anos. • Mantemos estoque de aproximadamente U$D 7 milhões. • Cestos s/aros com 20% a mais no rendimento. • Assistência técnica com engenheiros e técnicos especializados nas áreas de mecânica, elétrica, automação, processos, qualidade e inspeção. • Oferecemos treinamentos teóricos e práticos para operadores e mecânicos de manutenção em centrífugas para açúcar e separadoras centrífugas. • As interfaces de nossas centrífugas são incomparáveis permitindo que os cestos e os ciclos das centrífugas sejam observados. • Possuímos cestos e telas com purgas de méis incomparáveis. • Nossos projetos permitem a intercambiabilidade dos equipamentos. • Em 2017 a Western States completará 100 anos com foco único em centrífugas fornecendo para o mundo todo.
CENTRÍFUGAS AUTOMÁTICAS E CONTÍNUAS WESTERN STATES MODELO TITAN e ROBERTS As centrífugas automáticas Titan estão disponíveis nos modelos/capacidades de 1400, 1600, 1700, 1900, 2200 e 2400 Kg de massa cozida para centrifugação de massa A e refinado e foi concebida para ser uma solução de pouca manutenção, eficiente e rentável ao mesmo tempo que fornece um alto retorno sobre o investimento para o usuário final. Equipamento forte, durável e confiável. Os cestos poderão ser em aço, inox e/ou em aço inox duplex, sem aros, com isso possibilitando maiores áreas abertas para purga de méis. Possui um excelente e inteligente sistema de cargas, controles com tecnologia de ponta, sistemas eficientes de lavagem, projeto robusto do cabeçote com lubrificação a graxa minimizando oscilação e vibração, eficiente descarregador/raspador de açúcar, válvula de descarga rápida com aberturas sem obstrução do açúcar e o menor consumo de energia por tonelada de massa cozida processada, acionamento, inversor e CLP para atender as necessidades dos clientes.
CENTRÍFUGAS CONTÍNUAS BIG TECNOLOGIA MODELO KRYSTAL CB1400 Centrífuga desenvolvida e construída em aço inox para atender a indústria alimentícia, para centrifugação de massa cozida B e C e capacidades até 45 ton./h. Manutenção reduzida, menor consumo de telas, facilidade no acesso ao cesto da centrífuga, acionamento provido por correias dentada ou em V, inovador tomador de amostras de açúcar, cárter robusto com estabilidade mecânica diferenciada, maior durabilidade das telas em inox ou em CrNi, telas progressivas desenvolvidas para cada aplicação, detentor de impurezas supereficiente, centrífuga eficaz na separação de sólidos e líquidos, alimentação controlada automaticamente por CLP, eficiente distribuição de massa cozida, monitor desenvolvido para minimizar a quebra de cristais, facilidade operacional e assistência técnica profissional, controle pneumático para abertura e fechamento da tampa, inovador (SMI) separador de méis inteligente e sistema online com câmeras de vídeo para regulagens de processo. Fornecemos nas versões Plus e Convencional.
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Gostaria de afirmar e registrar a nossa satisfação contentamento em nome do time industrial da Renuka do Brasil / unidade Madhu na cidade de Promissão com relação a centrifuga de açúcar modelo “CENTRÍFUGA KRYSTAL - TIPO CB 1400” , pelo excelente desempenho técnico, operacional ( eficiência de centrifugação e drenagem do mel ) e custo de manutenção reduzido desse equipamento que instalamos em nosso processo para massa “C” no ano 2011. Reinaldo Aparecido Alberconi – Gerente Industrial Corporativo - Renuka do Brasil S.A Centrífugas Contínuas BIG Tecnologia Modelo KRYSTAL CB 1400 que foram fornecidas ao mercado Sucroenergético Brasileiro desde 2010.
CENTRÍFUGAS CONTÍNUAS BIG TECNOLOGIA KRYSTAL CB 1400 FORNECIDAS:
· Us. Madhu Renuka Equipav Promissão SP 01 KRYSTAL CB 1400 Plus Massa “C” · Us. Vale Ivaí Renuka Vale do Ivaí PR 01 KRYSTAL CB 1400 Plus Massa “C” · Us. CAMBUÍ Renuka Cambuí PR 01 KRYSTAL CB 1400 Plus Massa “B” · Us. BEVAP Brasilândia · MG 02 KRYSTAL CB 1400 Plus Massa “B” · Us. Bonsucesso Bonsucesso GO 01 KRYSTAL CB 1400 Conv. Massa “B” · Us. ABENGOA Pirassununga SP 02 KRYSTAL CB 1400 Conv. Massa “C” · Us. ABENGOA Pirassununga SP 01 KRYSTAL CB 1400 Conv. Massa “B” · Us. RAÍZEN Paraguaçú Paulista SP 01 KRYSTAL CB 1400 Plus. Massa “B” · Us. RAÍZEN BARRA Barra Bonita SP 01 KRYSTAL CB 1400 Conv. Massa “B” .
MAIS INFORMAÇÕES ACESSE: WWW.WESTERNSTATES.COM E WWW.BIGTECNOLOGIA.COM.BR
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VISÃO
Cenário sucroalcooleiro “Ilusão é o engano dos sentidos, um devaneio, um produto da imaginação” Luiz Carlos Corrêa Carvalho caio@canaplan.com.br
Outra Safra, Outra Ilusão? O agronegócio brasileiro é o fiador do processo de mudanças a ocorrer no Brasil. Se o saldo da balança comercial, grosso modo, é positivo e gerando US$ 20 bilhões de dólares em 2015 é porque o saldo do agronegócio foi de US$ 75 bilhões e o do resto da economia brasileira de -US$ 55 bilhões! Sem considerar a geração descentralizada de empregos em todo o país, a segurança alimentar que sempre teve no Brasil o excepcional resultado da sua agroenergia, o agronegócio é o futuro e a efetiva ação de protagonismo do Brasil no mundo. A safra canavieira 2015/16 recentemente encerrada, trouxe mais uma vez questões relevantes à análise de sua importância ao país. Mostrou índices de produtividade no Centro-Sul acima de 10 toneladas de Açúcares Totais Recuperados por hectare, nas formas de açúcar e etanol e injetou volume expressivo de energia elétrica no abastecimento nacional. No entanto, com custos elevados por bancar os juros do alto endividamento setorial, dificuldades de acesso ao crédito e menor investimento nas lavouras, ficou a ilusão de dias melhores...... O fato é que o ano de 2015 do ponto de vista do clima no Centro-Sul brasileiro foi uma verdadeira irrigação natural, porém sem resultados econômico-financeiros. As chuvas, gerais e excepcionais, esconderam as mazelas e surpreenderam os menos avisados. Nem mesmo o florescimento resistiu à força das águas, prejudicando muito menos do que o faria em clima normal e, portanto, mais seco durante a safra. Como acontece em anos assim, a taxa de eficiência de moagem caiu fortemente nessa lavoura de colheita toda mecanizada e de retorno mais lento no pós-chuva. Essa queda de eficiência de dias de moagem acabou gerando um volume recorde de cana-bis, com algo próximo a 41 milhões de toneladas de cana-de-açúcar ficando no campo, mesmo com safra muito longa. A produtividade agroindustrial, como produto da fase agrícola (83 toneladas de cana por hectare colhido) pela qualidade da cana traduzida em produtos finais (130,5 kg de ATR por tonelada de cana) fez produzir as 10,8 toneladas de ATR na safra 2015/16 mas com custos mais elevados face a baixa qualidade das canas. Se a produtividade agrícola fosse de 78 toneladas por hectare e 136 kg de ATR por tonelada de cana, o resultado teria sido melhor... O que isso significa na lógica da ilusão? Os balanços publicados pelas empresas do setor mostraram, sem exceção, prejuízo final (incluídas as despesas financeira e os impostos). Produziu-se muito, com nenhum ou muito pouco resultado! Os efeitos do El Niño são assim...ilusórios! Os da La Niña são diferentes pois são pragmáticos: redução! Nessa realidade de El Niño aqui no Centro-Sul brasileiro além
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da safra alcooleira, e La Niña na Ásia, caiu fortemente o nível de estoques do açúcar e os preços iniciaram um processo de recuperação, mesmo com os subsídios concedidos pelos países daquela região à cana e ao açúcar. Por outro lado, com a produção de etanol ampliada na região, pode-se ter a oferta que permitiu considerável expansão do consumo de etanol combustível, com, no entanto, grande diferencial dos preços na safra e na entressafra: Pelo (Gráfico - 1) pode-se ter uma imagem importante: a maioria dos produtores na região já haviam comercializado o maior volume de etanol antes da reversão da curva de preços: poucos aproveitaram a mudança dos preços; Esse é o mundo das commodities, com os riscos naturais (clima, etc) e os derivados de um processo extremamente negativo da intervenção do governo na economia. Afinal, além das 5 safras mundiais ( Gráfico - 2) com excedentes, em período de baixos preços e elevados subsídios nos países competidores do Brasil, o governo brasileiro congelou por 8 anos os preços da gasolina, retirando as margens do etanol. Aí, sim, a injustiça é assustadora, devastadora e cruel. A grande novidade para a safra 2016/17 é a recuperação dos preços do açúcar face a queda dos seus estoques globais. Reduções de oferta no Brasil (no Centro-Sul face safra alcooleira e no Norte-Nordeste face seca), na Ásia também pelo efeito La Niña (Tailândia, Índia e China), e na Europa (seca), seriam os fatores fundamentais do esperado déficit de açúcar que, na safra internacional 2015/16 (outubro/setembro) reduziria a oferta entre 7 a 11 milhões de toneladas de açúcar, dependendo da fonte consultada:
De qualquer forma, esperam-se melhores preços tanto do açúcar como do etanol para a safra 2016/17. Por outro lado,
há outro aspecto a ser comentado: a tendência de safra seca, caracterizada no mês de abril/16, em canavial envelhecido, menor uso de insumos modernos e, óbvio, menor peso da cana planta, deverão reduzir a produtividade; também se deve relatar a probabilidade de florescimento e chochamento de algumas variedades, o que preocupa também. Afinal, após uma safra extremamente úmida sempre vem uma radicalizando para o outro lado... A ilusão que se vê nas projeções de não-agrônomos é de muita cana para moer..... é somente matemática... Passa-se, então, a viver o mundo das projeções, com subjetivismo ou mesmo interesses. Mas vamos combinar: 1) A safra 2015/16, não fosse a irrigação natural real que aconteceu, iria mostrar as mazelas de um setor muito endividado, na média; 2) A produtividade agrícola foi elevada para as condições reais; 3) Sem margens em 2015 e com potencial seca em 2016, os problemas surgirão com mais força; 4) A queda constante, anual, dos açúcares totais recuperados não dão esperança de resultados muito melhores, mesmo com seca. Além disso tudo, segue o calvário do etanol crucificado pela ideologia do Governo Dilma, na sua paixão pelo Pré-Sal. Em nome de populismo e de um futuro de petróleo do Pré-Sal, o governo brasileiro quase sepulta o presente, do etanol. Sem o presente não haverá o futuro! E nessa linha, foi zerada a CIDE na gasolina e uma pressão inacreditável sobre o produtor de cana-de-açúcar. Na virada do verão de 2016, com muita cana bisada e limitada capacidade industrial, o setor vive um olhar para os preços melhores e um outro para o que
pode a política estragar. A luta pelo poder dos responsáveis pelo maior escândalo de corrupção da história brasileira, no desespero de manter-se, pode prolongar o sofrimento do cidadão brasileiro, que foi iludido pelo discurso pré-eleitoral em 2014. Na mesma lógica, pode atrapalhar muito a safra 2016/17 pelas indefinições como as que estão constantemente na mídia como uma outra ação para reduzir os preços da gasolina ao consumidor. De fato, a safra 2016/17 carregará, talvez, uma das mais importantes definições políticas que o Brasil terá, com repercussões internas e externas de expressivo impacto para a vida de todos e, no caso, para o setor sucroenergético.
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VISÃO
Gerenciamento e Custos Ivan Chaves de Sousa chaves@chavesconsultoria.com.br
Utopia? Em qualquer ramo de atividade, por melhor que sejamos, sempre temos algo a melhorar. Não por outro motivo, os superatletas de ponta, candidatos a medalhas nas Olimpíadas, vivem uma rotina diária de treinos intensos, numa luta quase insana objetivando neutralizar os seus pontos fracos. Com as empresas não deveria ser diferente. Mas aí surge a primeira questão: como conhecer nossos pontos fracos? Como identificar aqueles segmentos ou indicadores com desempenho aquém do ideal ou desejável? E que, portanto, mereceriam nossa atenção prioritária? Ora, nas áreas agrícola e industrial – no nosso segmento agroindustrial sucroenergético – mais do que sabido, até a etapa final do processo produtivo passamos por diversas fases ou etapas muito bem definidas. Assim, parece claro que o caminho mais fácil para aferição dos possíveis gargalos deve ser iniciado pelo exame detido dos resultados proporcionados pelos controles de cada uma destas etapas, derivados do exame do “planejado x realizado”, contemplando tanto os indicadores físicos ou operacionais quanto os relativos a custos de produção (estes os mais relevantes, claro). Uma empresa realmente interessada no seu fortalecimento, deveria deixar o seu ego de lado, esquecendo possíveis premiações e diplomas obtidos por supostos destaques em determinados indicadores. O importante, sim, é correr atrás daqueles elos da corrente de seu processo produtivo agroindustrial que estariam “doentes”, ou seja, evidenciando desempenho abaixo do desejado. Sim, porque por mais eficiente que seja uma empresa, sempre terá um calcanhar de aquiles. Não existe a empresa ou organização perfeita: inevitavelmente contará com um ponto mais vulnerável. Diante deste contexto, recomendamos à equipe da empresa, liderada pelo seu alto escalão, ir atrás destes gargalos, identificar as causas e tomar as providências para saná-las. Mas, idealmente, através de um trabalho muito bem organizado e sistematizado. Por exemplo, seguindo as seguintes etapas: 1) Promover um amplo diagnóstico de toda a empresa, com o máximo envolvimento dos técnicos dos mais variados setores da empresa, lembrando que a controladoria teria papel especial nesta etapa.
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2) Identificada as fases ou departamentos mais carentes, sinalizando gargalos, selecionar aquela que estaria representando maior impacto nos resultados do empreendimento. 3) Constituir uma equipe voltada a “consertar” tal segmento, portanto com afinidades profissionais relacionadas às características deste segmento problemático, lembrando ainda de definir líder e relator deste comitê. Caberá a esta equipe propor um plano de ação, devidamente cronogramado, contendo objetivos, atribuições de cada componente e prazo final de conclusão dos trabalhos. 4) Basicamente, através deste plano, suas ações consistiriam em: a. Levantar internamente todas as estatísticas inerentes à fase do processo produtivo considerada “problemática” dentro da realidade da própria empresa (se formação do canavial representar a etapa “doente”, por exemplo, tais indicadores estariam relacionados a tipos de máquinas alocadas para as diversas operações realizadas rotineiramente no preparo, plantio, acrescentando rendimentos operacionais, grau de ociosidade destes equipamentos, custo/hora das máquinas utilizadas, espaçamento adotado, profundidade do sulco, insumos e doses utilizadas, épocas de plantio, cuidados sanitários dedicados às mudas, e muitas outras variáveis); b. Selecionar previamente algumas empresas que se destacam por conduzir bem esta etapa de formação dos canaviais. c. Realizar visitas a estas empresas “de boas práticas” – com um roteiroquestionário em mãos – de forma a levantar aquelas informações similares às que foram analisadas internamente (e ainda outras julgadas importantes para o objetivo em questão). d. Após a conclusão destas visitas e levantamentos, planilhar e sintetizar todas as informações levantadas, de forma ordenada, facilitando uma análise
comparativa. Em tempo: recomenda-se um “feedback” dos resultados obtidos para as empresas que gentilmente cederam suas informações, como forma de estreitar ainda mais os laços de colaboração mútua. e. Analisar exaustivamente todos os elementos levantados, comparando-os com os apresentados por sua empresa, procurando compreender possíveis equívocos presentes em seu sistema de produção, derivando daí a projeção de ações corretivas da etapa sob avaliação, visando o aperfeiçoamento do seu “modus operandi”. f. Promover uma reunião “plenária” (todos os departamentos da empresa representados) para uma apresentação detida dos resultados obtidos e das ações propostas, oportunidade na qual críticas e sugestões poderão proporcionar melhorias e aperfeiçoamentos no plano corretivo proposto.
Os mais atentos já terão percebido que os procedimentos aqui propostos constituem uma adaptação (simplificação) da prática de Benchmarking, criada e implementada por Michael J. Spendolini no início dos anos 90, método mais adiante aprimorado e alavancado por Robert Camp, entre outros. Há uma vasta bibliografia sobre o tema que mereceria ser pesquisada, estudada e assimilada. Por fim, algumas condições necessárias para a execução de um trabalho deste tipo. Primeiramente, é indispensável que tenhamos em nossa agroindústria um ótimo sistema de informações (principalmente relacionado a custos) para que possamos efetuar as avaliações indispensáveis. Sem (boa) informação pouco (ou nada) se pode fazer. Ademais, ações como estas propostas requerem humildade. Humildade para reconhecer que nossa empresa não é perfeita, humildade para reconhecer que há outras empresas similares melhores que a nossa, humildade para visitar, ouvir e entender o que estas outras empresas fazem diferentemente de nós, humildade para – quando necessário – mudar ou ajustar nossas práticas na busca da desejada melhoria contínua e fortalecimento de nosso empreendimento. Tratamos de inútil utopia? Ou apenas da necessidade de busca incessante de novos conhecimentos? Com a palavra o pensador Oliver Wendell Holmes: “A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”.
g. Após aprovadas as grandes linhas de ação, detalhar um plano a ser executado, contendo objetivos, equipe, responsabilidades, cronograma e principalmente metas das melhorias esperadas, entre outros elementos. h. Colocar este plano em ação, com aferições periódicas, para assegurar que as mudanças projetadas seguem o caminho correto. i. Ao final de sua execução, supondo-se pleno sucesso do mesmo, nada melhor do que dedicar uma pausa para a devida e merecida comemoração. j. Mal a ressaca desta comemoração tenha se dissipada, reiniciar todo o processo a partir do zero, identificando outro sério gargalo a ser trabalhado e começar tudo de novo, dando início a uma nova batalha na busca da melhoria contínua. Viável esta proposição? Bem, antes de tudo, é muito importante deixar explícito que não estamos propondo absolutamente nenhuma novidade. Muito pelo contrário.
STAB | MAIO/JUNHO 2015 | VOL.33 Nº5
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VISÃO
José Darciso Rui, Larissa Batistetti imprensa@ceise.com.br
CEISE Br e GERHAI Realizam VI Simpósio Trabalhista Sindical Com presença de mais de 80 pessoas, o Simpósio Trabalhista e Sindical teve seus objetivos atendidos plenamente, com brilhantismo nas palestras e apresentações. Aconteceu durante o dia 08 de abril pp, o VI Simpósio Trabalhista Sindical – CEISE Br e GERHAI, no auditório do Centro Empresarial Zanini, em Sertãozinho (SP). A programação foi iniciada com os presidentes do CEISE Br, Paulo Gallo, e do SIFAEG e do Fórum Sucroenergetico, André Rocha, que apresentaram um breve histórico da crise na cadeia sucroenergética, de 2008 a 2015. Segundo Gallo, dados da CNI apontam que, de janeiro de 2009 a dezembro de 2015, o indicador de emprego e distribuição de renda retraiu 6,5% real, já descontada a inflação. “Somente entre São Paulo e Minas Gerais, apenas em 2015, tivemos o fechamento de 8 mil indústrias. Fechar esse número de indústrias num país como o Brasil é muito trágico”, enfatizou ele. O presidente do CEISE Br também comentou sobre a situação dos municípios Sertãozinho e Piracicaba. O primeiro perdeu, de janeiro de 2014 a dezembro de 2015, 5.963 postos de trabalho, enquanto que o segundo, no mesmo período, perdeu 7.171 empregos. “As duas cidades, juntas, representaram quase 1,5% do desemprego no Brasil”, destacou. Gallo ainda demonstrou preocupação quanto ao patrimônio do setor. Segundo ele, foram 60 anos construindo este legado que está se perdendo a uma velocidade espantosa. Para ele, esta perda impacta também na concorrência com empresas indianas e chinesas – embora não superem a tecnologia brasileira, mas “vendem”, por exemplo, financiamentos facilitados –, vantagem contra o custo Brasil. Na opinião do presidente do Fórum Sucroenergético, 2016 ainda será um ano difícil, em qualquer cenário. Para ele, “os setores de energia e combustíveis só crescem se o país cresce. E, para o país crescer, é necessário que sejam feitas reformas estruturais, como na previdência e trabalhistas, mas hoje o governo, infelizmente, não tem apoio político para tocar essas reformas”, ponderou Rocha. O presidente do Sifaeg foi enfático ao afirmar que as oportunidades de crescimento do setor, a partir desta nova tendência de preços estáveis e competitivos, bem como de ações oriundas do mercado e governos, são reais e que estes fatores podem contribuir para uma melhoria das condições do setor, tanto para os empresários como para os trabalhadores.
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STAB | MARÇO/ABRIL 2016 | VOL.34 Nº4
Tratando de questões mais técnicas, o advogado e assessor jurídico do CEISE Br, João Reis; o advogado e negociador sindical, Fernando Carnavan; e o advogado da usina Santa Vitória (MG), Ricardo Firmino, apresentaram as propensões, impactos e alternativas nas negociações coletivas em 2016 fazendo considerações relevantes onde a parceria empresa –sindicato – empregado, será papel decisivo nas negociações de 2016. Já Ricardo Pinto, CEO da RPA Consultoria; Fabio Luiz Pereira da Silva, advogado do Pereira Advogados & Associados; e Mauro Garcia, gerente de recursos humanos da Usina Ibéria, comentaram sobre a tendência de crescimento da jornada de trabalho diferenciada no setor sucroenergetico (dois turnos de 10 horas) detalhando com propriedade seus aspectos técnicos, operacionais e legais. As questões operacionais da implantação de dois turnos de trabalho na Agrícola, especialmente no CTT, foi muito bem abordada por Pinto quando se referiu à modificação de conceitos e quebra de paradigmas sobre horário de turnos, em que a empresa poderá usar de algumas modalidades de entrada e saída, em horários diferenciados, propiciando aos empregados o merecido descanso durante as refeições, e com isso cumprir a legislação trabalhista, além de evitar a interrupção de entrega de cana na indústria, pois com o remanejo da escala de entrada e saída, e a logística de transporte das frentes bem equilibrada serão suficientes para atender às necessidades industriais de moagem horária. Com relação às questões de legislação, envolvendo operadores e demais empregados da colheita de cana, Mauro Garcia foi muito enfático e oportuno em suas colocações, levantando dilemas sobre a descrição do cargo daqueles profissionais, bem como suas atribuições, inclusive com as previstas no CBO (Código Brasileiro de Ocupações), permeando todo o processo de colheita de cana como possível visto que atende à legislação pertinente, especialmente à Lei dos Motoristas, em que estão previstas as questões citadas.
Um golpe fulminante nas folhas largas de difícil controle. Aplique somente as doses recomendadas. Descarte corretamente as embalagens e restos de produtos. Incluir outros métodos de controle dentro do programa do Manejo Integrado de Pragas (MIP) quando disponíveis e apropriados. Uso exclusivamente agrícola. Registro MAPA nº 01013.
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VISÃO
Claudimir Pedro Penatti e Mauro Violante rubens@ctc.com.br
Adubação é a solução para alcançar os três dígitos de produtividade da cana-de-açúcar? Determinadas áreas de produção de cana comercial apresentam produtividade elevada, acima do estimado e muitas vezes além do potencial do solo e acima dos três dígitos. Levantamentos realizados pelo CTC (Joaquim e Penatti, 2014) nas variedades CTC2, 4, 6, 7, 11, 12, 15, 17 e 20, em várias usinas e regiões do Brasil, constataram produtividades médias acima de 100 TCH, por vários cortes, principalmente em solos de ambientes A e B. Ambientes mais restritivos, como o C, com manejo de composto, água ou vinhaça também conseguem altas produtividades. Além disto, idade da muda e plantios de cana de 18 meses foram fatores importantes para obter altas produtividades. POR QUE NÃO SE CONSEGUE ATINGIR O POTENCIAL MÁXIMO? Porque existem vários fatores que impedem, começando por variedades, doenças, pragas, baixa qualidade de muda, operação de preparo mal feito, qualidade baixa de plantio, plantio em épocas inadequadas, excesso de tráfego causando compactação de solo, qualidade baixa de colheita, arranquio de soqueira, falta de paralelismo entre as linhas, etc. A adubação é o fator mais ressaltado entre todas as atividades na lavoura de cana, como sendo o mais impactante na produtividade. Em visitas realizadas em Usinas, tem-se constatado preparo de solo inadequado (Figura 1), deixando a área compactada na profundidade do plantio, com isto, há uma deficiência no desenvolvimento radicular reduzindo a absorção de água e nutrientes. Este fato tem causado redução de até 10 toneladas de cana por hectare na cana planta, ressalta o engenheiro Antonio Celso Joaquim em levantamentos realizados nas usinas, e reduções maiores podem ser esperadas nas soqueiras, além de redução da longevidade dos canaviais.
Outro fator importantíssimo, e que acaba sendo o principal na redução de produtividade e longevidade do canavial é a colheita mecanizada quando mal realizada, pois além de compactar o solo nas entrelinhas das soqueiras, pode compactar as linhas de cana trafegando sobre elas, e neste caso não há o que fazer. Dados levantados em trabalhos
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realizados pelo CTC (Bellinaso, 2015), onde se fez uma simulação de chuva em áreas compactadas e não compactadas, mostraram perdas de adubo significativas, principalmente quando as linhas e entrelinhas da cana estavam compactadas, chegando a 37% do adubo aplicado sobre a palha arrastado pela água da chuva e não sendo utilizado pela planta. Outros fatores que podem reduzir a produtividade, não menos importantes, como: cultivo agressivo e sem necessidade, matocompetição, perdas na colheita mecanizada, arranquio de soqueiras pela colhedora, não retirada da palha da linha de cana em regiões frias, pragas como o Sphenophorus levis e a mecanização 24 horas. O que fazer então para melhorar a produtividade de cana? • Investir em variedades novas, substituindo as que estão em declínio; • Reduzir as perdas na colheita mecanizadas e evitar o arranquio de soqueiras; • Reduzir pisoteio nas linhas de cana; • Não antecipar a colheita, se possível; • Não cultivar o solo em época seca; • Controlar as ervas daninhas; • Aplicar calcário e gesso nas soqueiras; • Usar adequadamente e sempre os resíduos como a torta de filtro, vinhaça, esterco de galinha, cama de frango, etc.; • Fazer rotação de culturas e adubação verde; • Fazer adequadamente o preparo de solo; • Plantio sem falhas; • Parcelar o adubo em solos arenosos; • Usar adequadamente os ambientes edafoclimáticos de produção. Lembrando, que depois da água, os benefícios para a cana ou qualquer outra cultura têm demostrado que a matéria orgânica é um componente chave do solo para a manutenção da qualidade física, química e biológica dos solos e, como consequência, para a sustentabilidade dos canaviais, além dos sistemas produtivos no médio e longo prazo. Especialmente para a cultura da cana-de-açúcar,
as atenções têm se voltado para o papel da matéria orgânica do solo (MOS) no sequestro e ciclo global do carbono. A palhada cana deixada sobre o solo tem sido o foco principal para esse processo com a eliminação da queimada. Além disto, o uso de resíduos do setor sucroenergético (torta, vinhaça, fuligem e cinza) recupera a fertilidade do solo e aumenta a produtividade por área colhida. A cana-de-açúcar é a única cultura que consegue aproveitar todos os seus resíduos gerados, reciclando nutrientes e aumentando a produtividade em relação à adubação mineral, incrementos entre 5 a 10 t de cana ha-1 são obtidos. Depois dessas considerações, fica alguns questionamentos, por que? • Não adubar mais as canas com características de maior perfilhamento como as variedades CTC4, CTC11 e CTC20?; • Não parcelar também o adubo das soqueiras, colocando parte na época em que se inicia o maior acúmulo de biomassa (Figura 2) e principalmente em solos arenosos?; • Não adubar mais canavial plantados em espaçamentos reduzidos ou alternados, onde há um maior número de perfilho? Para finalizar, por que não fazer novas calibrações para as variedades atuais e mais produtivas, uma vez que as calibrações, em sua maioria, foram feitas por variedades velhas e algumas delas nem mais plantadas? O Centro de Tecnologia Canavieira, esta à disposição das Usinas e produtores independentes, para auxilia-los a entender melhor estes processos, e buscar soluções que possam contribuir com o aumento continuo da produtividade e competitividade de seu negócio, por meio do CTC Valoriza – um programa de assistência técnica direcionado a Sistemas de manejo e que conta com os mais experientes consultores do setor sucroenergético. Procure um representante CTC para entender como você também pode ter acesso a estes benefícios.
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VISÃO
Falando de cana
Paulo Alexandre Monteiro de Figueiredo paulofigueiredo@dracena.unesp.br
Fisiologia da Produção Agrícola “Abordagem fisiológica sobre a matéria-prima na colheita da cana-de-açúcar” No Centro Sul do Brasil, a chegada do segundo trimestre marca o início da colheita de colmos de cana-de-açúcar, importante período para as diversas unidades sucroenergéticas e demais produtores ligados ao setor. Nessas regiões do País, as operações de colheita são fortemente concentradas entre os meses de junho e setembro, período em que é favorecida a maturação da cana-de-açúcar. Por ocasião da colheita, é desejável que haja uma redução da temperatura ambiente e ausência de precipitações, o que vai diminuir o crescimento vegetal e favorecer o acúmulo de açúcar. Vale lembrar que, os tecidos imaturos e folhas verdes contêm uma determinada concentração de sacarose, além de açúcares redutores e outras impurezas insolúveis como fibra, presentes nos cartuchos, palmitos, folhas secas, além de plantas daninhas que comumente infestam o canavial. Sendo assim, no início de safra, em função da qualidade da matéria prima, podem ser utilizados maturadores químicos, com a finalidade de paralisar o crescimento vegetal e promover a elaboração da sacarose, um carboidrato dissacarídeo produzido nas folhas pela ação de enzimas específicas. A sacarose é transportada por difusão através das paredes celulares até os tecidos parenquimáticos dos colmos para armazenamento nos vacúolos celulares. Contudo, a forma de colheita pode interferir na qualidade da matéria-prima a ser processada. A expectativa é que, durante o processo, as colhedoras reduzam ao máximo a presença de matéria estranha, como partículas vegetais ou minerais. A preocupação é pertinente, pois fatores extrínsecos podem levar à alterações da composição tecnológica da cana-de-açúcar enquanto matéria prima, adentrando ao processo de industrialização. Como prejuízo, essas impurezas intensificam a infestação por bactérias que causam problemas na fermentação, produzindo compostos tóxicos a partir dos açúcares, o que resulta, por exemplo, na diminuição da produção de etanol. Para que se tenha uma matéria prima com qualidade, inúmeros fatores devem ser observados no decorrer do processo produtivo. Um deles é uma lavoura bem implantada e com espaçamento correto, de forma que o canavial, ao longo do ciclo, aproveite ao máximo o índice de área foliar, que é a relação entre a superfície de folhas e a respectiva área de solo explorada.
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O crescimento vegetal depende da interceptação de luz pelas folhas, com a finalidade de promover a fotossíntese e suprir as necessidades metabólicas via produção de carboidratos. Dessa forma, um espaçamento de entrelinhas muito estreito pode reduzir a eficiência da interceptação de luz e diminuir a taxa fotossintética. Além disso, se não observado corretamente, um espaçamento inadequado pode promover perdas durante a operação de colheita de colmos, em função da maior dificuldade do ajuste das colhedoras. Esse é outro fator relevante, pois colhedoras são equipamentos pesados que contêm lâminas de corte que promovem impactos significativos nos tecidos que compõem os colmos, levando ao rompimento de inúmeras células. Dessa maneira, os abalos sofridos podem prejudicar seriamente a estabilidade do sistema radicular, inclusive com a exposição de raízes ao nível do solo, o que diminuiu a brotação da lavoura subsequente. É importante destacar que, um sistema radicular bem preservado é uma das importantes condições para que haja uma boa brotação de soqueira, principalmente se houver umidade no solo. A presença da água nos tecidos, além de impedir a morte celular, passa a ser responsável em promover a multiplicação das mesmas, tão importante na retomada do crescimento. Na colheita, um ponto de extrema importância é o pisoteio de gemas, estruturas vegetativas responsáveis por originar uma nova planta por meio da formação e emissão de colmos principais e perfilhos. São órgãos muito tenros, sensíveis e relativamente vulneráveis quando expostos à impactos ou danos que possam afetar a capacidade de expansão do eixo embrionário, cujo papel é promover a emergência do caule para fora do solo durante o processo de brotação.
Em decorrência das operações de colheita, há um retorno para as áreas de cultivo do palhiço, que proporciona diversos benefícios agronômicos, econômicos e ambientais. Essa barreira física contribui para impedir ou diminuir o crescimento de várias espécies de plantas invasoras nas áreas de cultivo, além de provocar um relativo atraso no processo de brotação da soqueira. Na presença de umidade, o palhiço libera substâncias químicas durante sua decomposição, fenômeno conhecido como alelopatia. A ação dos aleloquímicos não é muito específica, pois uma mesma substância pode atuar várias formas, dependendo de sua concentração. Durante a colheita, perdas podem ser facilmente detectadas em decorrência da presença da massa industrializável que fica no campo. São colmos
inteiros, rebolos e tocos resultantes da altura do corte basal. Grande parte desse material contém sacarose em quantidades desejáveis ao processo industrial, principalmente quando se trata de partes mais velhas do colmo. Como não são utilizados, sofrem intensa degradação, o que atrai a presença de insetos e patógenos. Sob esse prisma, é importante observar no canavial destinado à colheita o aparecimento do complexo broca e podridão, que causa significativa perda de peso dos colmos, em resposta às perfurações e danos às gemas apicais e laterais. Além disso, essa ação interfere no transporte de auxinas ao longo do caule, de modo a promover o aparecimento de brotações laterais, que consomem energia na forma de ATP, ou adenosina trifosfato.Como consequência, há desdobramento da
sacarose armazenada para utilização na respiração celular, comprometendo a qualidade da matéria prima. Ainda, com o ataque, é intensificada a formação metabólitos que afetam o processo de fermentação alcoólica na indústria. Outro fator de comprometimento da qualidade da matéria prima é a presença de outras pragas, doenças e nematoides nas áreas de cultivo. Quando instalados de forma significativa, atacam as raízes e parte aérea, levando à perdas consideráveis, inclusive na produtividade de colmos, em função da injeção de toxinas, obstrução da fotossíntese, destruição de vasos condutores, entre muitos outros. Por fim, assegurar a boa qualidade da matéria-prima na área agrícola pode significar um aumento da produtividade agrícola, além de significativa economia e eficiência no processo industrial.
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VISÃO
Tópicos de fisiologia
Entretanto, para se obter aumentos na produção sob altas densidades e níveis de nitrogênio, são requeridas certas características específicas das variedades.
O acamamento está associado Paulo R. C. Castro e Marina R. C. Souza com altos índices de área foliar e prcastro@usp.br produção de biomassa. No caso dos cereais, a resistência ao acamamento é essencial se a produção tiver que ser mantida sob altas densidades e elevados níveis de nitrogênio, Existem basicamente duas maneiras para aumentar a produção de um cultivo: pois quando ocorre acamamento a aumentar a biomassa total ou incrementar economicamente a porção útil da produção é afetada adversamente.
Luz e Produtividade
biomassa total. Se aceitarmos que a respiração é uma parte necessária do processo de crescimento e que é deficitário reduzir a respiração como uma proporção da fotossíntese total produzida, então a biomassa em si pode também ser aumentada essencialmente de dois modos: aumentando a interceptação da radiação solar ou tornando mais eficiente o uso da radiação solar na fotossíntese.
O índice de área foliar (IAF), correspondente à área foliar da cana-deaçúcar dividida pela superfície de solo disponível, se desenvolve de forma relativamente lenta e pode ser uma oportunidade para aumentar a produção através do aumento na interceptação da radiação solar. Das mais evidentes opções para aumentar o IAF e incrementar a interceptação da radiação, envolvem o plantio com alta densidade e aumento nas aplicações de nitrogênio.
Semelhantemente, uma importante característica dos novos cultivares de girassol é a resistência ao acamamento. Na cana-de-açúcar, foi demonstrado que quando ocorre acamamento, o crescimento diminui. Nessa cultura, o acamamento está associado com alta biomassa, pois canas pesadas tendem a acamaram, sendo que ao mesmo tempo o acamamento é um impedimento para se obter altas biomassas. Entretanto, existem grandes diferenças varietais na resistência ao acamamento. Apesar do aumento na adubação nitrogenada incrementar a área foliar, pode reduzir o teor de sacarose nos colmos. Aplicação de potássio pode evitar esse efeito em algumas variedades. Foram testadas numerosas variedades sob alto e baixo nível de nitrogênio, tendo-se verificado que algumas variedades mantém alto conteúdo de nitrogênio, indicando que pode ser possível selecionar variedades que toleram altos níveis desse fertilizante.
Na Austrália, existe um considerável entusiasmo pelo caminho das altas densidades para aumento da produção. O nitrogênio tem sido utilizado para aumentos de produção da cana, porém, incrementos em nitrogênio levam a uma indesejável diminuição na concentração de sacarose no colmo e possibilidade de acamamento. Em diversas outras culturas, altas densidades e aplicações de nitrogênio fazem parte do sistema que leva a altas produções.
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Os esforços para aumentar a produção de cultivos por aumento da máxima eficiência fotossintética não têm geralmente alcançado sucesso. Durante a evolução, os sistemas fotossintéticos têm-se mantido conservados e a domesticação e
melhoramento das culturas não aumentaram a eficiência básica do processo. Entretanto, parece que existem possibilidades de se aumentar a eficiência da fotossíntese da copa das plantas, particularmente naqueles períodos em que elas funcionam sob baixos níveis de eficiência. O conteúdo de nitrogênio e a eficiência fotossintética das folhas da cana declinam rapidamente com a idade do cultivo e isso reflete na redução da eficiência do uso da radiação. Um dos maiores fatores envolvidos no aumento da produção de diversos cultivos é o caráter de se manter verde (efeito tônico) no qual as folhas não senescem rapidamente quando a cultura amadurece. Esse caráter é importante, aumentando a produção de biomassa total em milho e soja. Indicou-se que maior eficiência no período de granação está associada com maior produção de biomassa e de grãos em trigo. Pode-se sugerir uma concentração de esforços para selecionar variedades de cana que se mantém verdes e que mantém seus níveis de nitrogênio quando o cultivo amadurece, oferecendo uma possibilidade interessante para aumentar a eficiência fotossintética da cana-de-açúcar e incrementar a produção. Deve-se considerar, porém, que esse efeito tônico pode reduzir, manter ou aumentar a produtividade de cultivos. Em cafeeiros, por exemplo, a utilização de fungicidas contra a ferrugem pode desencadear esse efeito verde, possivelmente porque o agroquímico causa morte de fungos epifíticos, que na ausência do fungicida atuam sobre o limbo foliar, levando à síntese de etileno e provocando a queda natural das folhas (abscisão).
Se ocorrer um veranico (alta transpiração e baixa disponibilidade de água no solo), o cafeeiro pode sofrer dessecação pela intensa perda de água pelas folhas verdes e secar parcial ou totalmente, restringindo a produção. Se as condições climáticas posteriores forem amenas, podem manter ou mesmo aumentar ligeiramente a produção, sendo, porém, essa ausência de estresse mais rara em nossas condições. Uma série de experimentos na Colômbia, que mostrou ampla variação na taxa fotossintética nas folhas individuais de cana, incluindo aquelas associadas com baixo nitrogênio nas plantas mais velhas, revelou-se diretamente relacionado com a condutância estomática. Assim, a condutância estomática oferece um método para se selecionar para eficiência fotossintética. Considerou-se que as determinações das diferenças de temperatura da copa podem estar relacionadas com a condutância estomática, o que facilitaria a seleção. Semelhantemente, sistemas de imagens digitais podem ser utilizados para determinar o nível de verde das folhas em áreas de cultivo, no sentido de selecionar plantas que se mantém verdes. Assim, não somente esse efeito tônico parece ser uma oportunidade para aumentar a produtividade, mas também pode ser um modo relativamente simples de selecionar esse material de cana. A melhoria na produção de milho e soja nos últimos 50 anos tem sido principalmente resultado do aumento de biomassa no período de granação, relacionado com o caráter de manutenção do verde, enquanto que na produção de cereais menores e de girassol, os aumentos são dados por incrementos no índice de colheita. Foi estimado um índice de colheita máximo para a cana-de-açúcar de ordem de 0,39, que é muito menor do que aqueles encontrados em muitos outros cultivos. O índice de colheita para cultivares modernos de trigo é de cerca de 50% e pode possivelmente chegar a 60%. Deve-se considerar em que a extensão o índice de colheita da cana-de-açúcar pode ser aumentada. Potenciais muito altos de produção, da ordem de 38 t de sacarose por hectare e por ano, parecem ocorrer devido à combinação do sistema de manejo e da característica varietal, mas sem atuação de parâmetros, como uso eficiente da radiação ou conteúdo de sacarose na massa seca do colmo acima dos níveis obtidos atualmente. Variedades resistentes ao acamamento, com característica de se manterem verdes, que mantém altos teores de sacarose sob elevados níveis de nitrogênio, plantadas em altas densidades e bem fertilizadas, podem ser capazes de atingir esses níveis de produtividade. A qualidade da cana é um fator vital na determinação da eficiência e produção da indústria de açúcar. Dois dos mais importantes fatores na determinação da qualidade da cana envolvem o conteúdo de sacarose e a facilidade de colheita. STAB | MARÇO/ABRIL 2016 | VOL.34 Nº4
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VISÃO
Centro de Cana-de-Açúcar Samira Domingues Carlin e Marcos Cesar Gonçalves sdcarlin@iac.sp.gov.br
O Mosaico da Cana-de-Açúcar, Situação Atual A DOENÇA O mosaico é uma das principais doenças da cultura da cana-de-açúcar e está amplamente distribuída ao redor do mundo, com registros de incidência nos principais países produtores da cultura. Os vírus pertencentes ao subgrupo do Vírus do mosaico da cana, em inglês Sugarcane mosaic virus (SCMV), infectam e causam mosaico em diferentes espécies de gramíneas, como o milho, o sorgo e várias forrageiras, porém apenas o SCMV é encontrado infectando naturalmente a cana-de-açúcar em nosso país. No Brasil, nas décadas de 1920 e 1930, a doença causou perdas econômicas drásticas, com relatos de 40 a até 80% em produtividade, com diversos ciclos epidêmicos. Devido às expressivas perdas, avaliações para seleção de fontes de resistência e ou suscetibilidade ao vírus constituem um importante passo em programas de melhoramento genético de cana-de-açúcar, até hoje. O aprimoramento desses programas e de práticas culturais, como o uso de mudas sadias, roguing (eliminação de plantas doentes) em viveiros e o constante monitoramento dos campos comerciais, permitiu um controle relativo e a convivência com a doença. No entanto, condições epidemiológicas favoráveis à disseminação do mosaico em algumas regiões do país e a descrição de novos isolados severos do vírus (Figura 1), (Marcos Gonçalves, 2007) causando novos surtos de mosaico em cultivares e clones considerados resistentes, até o seu surgimento, mostram a importância da avaliação criteriosa da resistência à doença antes da liberação de novas plantas; a susceptibilidade ao vírus ainda limita o plantio de várias cultivares consideradas elites no setor canavieiro. FIGURA 1 - PLANTAS DE CANA-DE-AÇÚCAR INFECTADAS COM UMA ESTIRPE FRACA (A) E UMA ESTIRPE SEVERA (B) DO SCMV, APRESENTANDO, RESPECTIVAMENTE, SINTOMAS DE MOSAICO LEVE NO LIMBO FOLIAR E MOSAICO INTENSO COM NECROSE FOLIAR.
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Em nosso país, a maioria das cultivares de cana-de-açúcar plantada é considerada de resistência intermediária ao mosaico, apesar de registros constantes de novos casos em campo. As proximidades das culturas de cana-deaçúcar e de milho, em algumas regiões do país, formam uma condição favorável à disseminação do vírus, uma situação que se intensificou com o uso de cultivares de milho adaptados a condições mais frias e secas, ocasionando o aumento da fonte de inóculo viral e a sobrevivência de vetores afídeos no campo. O SCMV pode ser transmitido por inúmeras espécies de afídeos, sendo o pulgão do milho (Rhopalosiphum maidis) o seu principal vetor. É importante observar que, além do milho esse pulgão também pode formar colônias em plantas de cana e de sorgo. Os pulgões, geralmente, adquirem o vírus a partir dessas culturas ou de gramíneas perenes infectadas transmitindo-os para outras plantas ou culturas. O vírus é transmitido de maneira não persistente (estiletar), ou seja, o pulgão ao alimentar-se de uma planta infectada adquire o vírus em poucos segundos, que pode ser imediatamente transmitido para uma planta sadia. Esse tipo de transmissão é realizado durante as chamadas “picadas de prova” do inseto, que ocorrem nos tecidos superficiais da planta. O pulgão transmissor do vírus perde rapidamente a capacidade infectiva, geralmente em cerca de duas horas e ao sofrer o processo de ecdise deixa de ser virulífero, ou seja, portador do vírus. SINTOMATOLOGIA Uma planta infectada com o vírus do mosaico, inicialmente, apresenta pontos cloróticos com distribuição linear no meio das folhas, com maior incidência na base destas, e a seguir por todo o limbo foliar, constituindo o chamado mosaico típico (Figura 2).
FIGURA 2 - PLANTA DE CANA-DE-AÇÚCAR INFECTADA COM UM ISOLADO SEVERO DO SCMV, APRESENTANDO SINTOMA TÍPICO DE MOSAICO.
gramíneas em geral. A utilização de cultivares com bom nível de resistência é a maneira mais eficiente de controlar a doença, uma vez que o vírus ocorre em todas as regiões produtoras. Estudos mostraram que o controle de vetores por pulverização com inseticidas, visando o controle da doença, não é satisfatório, tanto do ponto de vista econômico quanto da eficiência de controle. Isso se deve à relação vírus/vetor que faz com que o vírus seja transmitido pelos pulgões em alguns segundos ou minutos. Uma medida de caráter básico para controlar a doença é a adoção de práticas de quarentena, evitando assim a entrada de novos isolados do vírus no país, que poderiam ocasionar novos ciclos de infecção. A recuperação de materiais produtivos infectados, para produção de mudas sadias ou para utilização em cruzamentos, pode ser feita pelo uso da cultura de meristemas (gemas apicais de diferentes tecidos da planta), combinada com a termoterapia ou o tratamento químico.
A capacidade de um vírus em infectar uma determinada espécie ou cultivar de planta depende da interação vírusplanta-ambiente, o chamado triângulo da doença. Apesar da ocorrência da doença parecer comum, esta interação raramente é positiva para o patógeno e a infecção não é a regra, mas sim exceção. As condições ambientais, número e distribuição dos focos de infecção e número, tipo e atividade dos insetos vetores presentes no campo, aliado à carga genética da cultivar, vão determinar a severidade do mosaico no campo. Em cultivares extremamente suscetíveis, os colmos podem apresentar sintomas FIGURA 2 - MULTIPLICAÇÃO de riscas e PLÂNTULAS estrias deprimidas, que ACELERADA DE podem evoluir até a necrose do tecido DE CANA-DE-AÇÚCAR EM subepidérmico.NA BIOFÁBRICA DO BIORREATORES CENTRO DE CANA, IAC. CONTROLE O vírus prolifera-se e propaga-se por meio de material vegetativo usado para plantio, como toletes ou mudas. Conforme mencionado, a eliminação das plantas doentes (roguing) nas áreas de viveiro de mudas é crucial no controle da disseminação do vírus. Deve-se, ainda, tomar a precaução de instalar os viveiros distantes de lavouras infectadas; controlar plantas hospedeiras do vírus e de afídeos vetores, como
CONSIDERAÇÕES GERAIS Conforme apresentado, com o uso de cultivares com bom nível de resistência e a adoção de medidas básicas de controle pelos produtores, a doença não tem causado grandes perdas no Brasil, porém, frequentemente observam-se plantas sintomáticas, na avaliação de clones de cana-de-açúcar visando o melhoramento e, ocasionalmente, em viveiros de mudas e plantios comerciais. Algumas cultivares apresentam os sintomas da doença no início e meio do ciclo da cultura, que tendem a desaparecer no final de ciclo ou mesmo na cana-soca, caracterizando o fenômeno chamado de “recuperação”. Essa sintomatologia tem ocorrido em cultivares economicamente importantes, no entanto, não existem dados das perdas econômicas que essa condição tem causado a cultura. O que se conhece até o momento é que, normalmente, isolados virais considerados fracos, ou menos severos, provocam este tipo de interação entre a planta e o vírus, provocando sintomas fracos da doença e permitindo a recuperação da planta. Esse tipo de comportamento está relacionado à carga genética da planta e do isolado viral presente no campo, sendo denominado pelos geneticistas e virologistas de “silenciamento gênico”. Para o melhor entendimento do processo de recuperação decorrente da interação do vírus com essas cultivares, estudos utilizando inoculação mecânica de isolados do SCMV conhecidos, associados à confirmação da infecção por diagnóstico em laboratório e a investigação do comportamento fisiológico dessas plantas, vem sendo conduzidos no Centro de Cana do IAC, em Ribeirão Preto – SP. Esses estudos visam o melhor entendimento dos efeitos dessa recuperação na produtividade final dessas cultivares, qualidade tecnológica e a viabilidade econômica da sua manutenção. No entanto, observa-se que, se apesar da recuperação dos sintomas esses materiais ainda continuarem infectados, eles podem constituir potencial fonte de inóculo e um risco para que a doença se espalhe sobre outras cultivares suscetíveis.
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VISÃO
apontamentos em microbiolgia industrial Maria da Graça Stupiello Andrietta stupielo@cpqba.unicamp.br
O Setor Sucroalcooeiro Precisa Conhecer os Biofilmes Diferente do que se supunha, os micro-organismos não se distribuem na natureza na forma livre e isolada. Pelo contrário, a maioria deles vivem agrupados na forma séssil em densas comunidades interagindo entre si. Biofilme é o termo utilizado para essa forma de organização. Acredita-se que em ambientes naturais, mais de 95% dos micro-organismos se organizam nessa configuração de biofilme. Os estudos em relação à forma de organização, assim como aos mecanismos de controle dos biofilmes são extensos uma vez que a maioria das infecções bacterianas que atingem os seres humanos está associada a presença de biofilmes. A placa bacteriana dental é um exemplo elucidador para descrever um biofilme. A presença dessa estrutura na cavidade bucal é o principal fator da cárie dental. Biofilmes também são comumente encontrados em dispositivos médicos como cateteres, lente de contato, próteses entre outros. A indústria de alimento também padece com a presença de biofilmes em suas instalações. A presença desse tipo de estrutura não somente compromete a segurança do alimento que entra em contato com as bactérias, muitas vezes patogênicas, como também pode levar ao entupimento das tubulações, dificultar a transferência de calor nos equipamentos entre outros inúmeros danos. A organização dos micro-organismos na forma de biofilme confere aos mesmos uma menor susceptibilidade as condições adversas, incluindo os antibióticos. A formação do biofilme é um fenômeno que ocorre de forma dinâmica. O ponto de partida para essa formação é o deposito, em uma superfície inerte, de moléculas orgânicas ou inorgânicas. Com a formação desse filme condicionante os micro-organismos que se encontravam na forma livre aderem a essa superfície. O motivo que leva esses micro-organismos a se fixarem na superfície não é suficientemente esclarecedor, mas sabe-se que existe uma forma de comunicação entre as bactérias que podem sinalizar essa aderência (“quorum sensing”). Outros fatores como: pH, temperatura e nutrientes também estão relacionados com essa aderência. Em um primeiro momento a adesão é reversível, podendo ser facilmente destruída. Na fase seguinte, onde existe a produção de biopolímeros pelos próprios microorganismos e um ancoramento de seus apêndices (estrutura de locomoção) a adesão passa a ser irreversível, só sendo destruídos com a utilização de força mecânica forte e/ou produtos específicos. A partir desse momento existe uma multiplicação das bactérias, desenvolvendo assim microcolônias que se mantem protegidas pela matriz
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de polímeros. Nesse momento o biofilme atinge a sua maturidade. Essa maturidade é caracterizada pelo aumento da densidade celular e aumento na espessura do biofilme. O tempo decorrido entre a adesão e a maturidade do biofilme pode levar até 10 dias. O biofilme agora maduro, em plena atividade passa a produzir ácidos e gases que transformam o ambiente em condições de anaerobiose. Essas condições causam o enfraquecimento da estrutura que passa a ser liberada. Nessa liberação as células passam para o estado planctônico (livre). A partir disso, essas células livres passam a formar outros biofilmes. A população que constitui um biofilme é diversificada, sendo definida em função da microbiota presente no ambiente em que ele se forma. Normalmente um biofilme se compõe de diferentes micro-organismos. Diferentes gêneros de bactérias coabitam um biofilme em uma relação simbiótica. Embora seja escassa a literatura que relata a presença de biofilmes na indústria de processamento da cana-de-açúcar, esse com certeza, se encontra presente na indústria sucroalcooleira. Talvez a forma mais fácil de visualizar a presença de biofilmes nas usinas de açúcar e etanol, é observando a “canjica” presente nas moendas. A canjica nada mais é que a formação de polímeros de açúcar, pela atividade de Leuconostoc mesenteroides. Assim pode-se assumir que trata-se de um biofilme. Em relação ao processo da produção do etanol, em 2011 pesquisadores americanos relatam que representantes do gênero Lactobacillus, os principais contaminantes da produção de etanol apresentam a habilidade de formar biofilme. Esse mesmo grupo de pesquisadores em 2014 apresentam algumas alternativas de compostos que tem a capacidade de inibir a formação de biofilmes nas plantas de produção de etanol.
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VISÃO
Gerenciando Projetos
de açúcar tradicionais, com este nível de profundidade chegamos a talvez -5% a +20%. Novamente, um portão de decisão “Vai não vai” é apresentado aos acionistas para que definam se continuam ou param o projeto.
O FEL 3 é um projeto básico Tercio Marques Dalla Vecchia avançado, onde o planejamento das tercio@reunion.eng.br próximas etapas do projeto (projetos detalhados, construção e operação) são realizados. Neste tipo de estudo, a engenharia pode chegar a 30% a 50% da engenharia total. A precisão As tecnologias de produção de açúcar, etanol e energia elétrica são, com poucas normal é de -5% a + -10% no caso de exceções, de domínio público. Pouquíssimas são as tecnologias proprietárias usinas tradicionais. objeto de proteção por patentes. Por essa razão, a implantação de uma nova usina deveria ser simples já que não são necessários estudos e pesquisas Novo portão de decisão é apresentado aos acionistas que dão a última de laboratório ou execução de plantas piloto. Mas isto não é verdade. Temos autorização para a implantação da visto projetos fracassarem por falta de gestão, falta de conhecimento técnico usina. No Brasil, algumas instituições, ou falta de conhecimento do processo de concepção e implantação do projeto. dada sua experiência, autoriza a
A Integração e as Etapas do Projeto
evolução dos trabalhos independente A primeira fase de um projeto de implantação / ampliação de capacidade passa da elaboração do FEL 3. por um estudo conceitual preliminar onde as viabilidades técnica e econômica são preparadas para apresentação a acionistas e entidades financiadoras O FEL 3 é um projeto executivo, no sentido que seus documentos para sua pré-aprovação. são definitivos a aprovados para as próximas etapas do projeto que são Este projeto conceitual (às vezes resumido num “flyer”) é apresentado aos os projetos detalhados de instalação, interessados que detêm o poder de decisão que darão o primeiro “GO NO GO” construção e operação da usina. ou “Vai não vai” para o projeto. Este tipo de projeto tem diversas denominações de acordo com a origem da organização, normas próprias da organização ou As licenças ambientais são as mais normas de associações de engenharia de custo. FEL 1 (front end load) é a demoradas e, portanto, as mais críticas. Outorgas para captação de denominação deste tipo de projeto conceitual que nós utilizamos. água, servidões, licenças de corpo de bombeiros, licenças municipais são No Brasil, muitas vezes, baseados apenas neste documento parte-se para outros documentos necessários para a implantação da unidade com os riscos tremendamente aumentados. Os a implantação e operação da usina. custos, às vezes, são baseados apenas em informações do tipo: investimento em “R$ por cana processada na safra”. Este número pode enganar já que, A (Figura 1) mostra as etapas e os moer dois milhões de toneladas em seis meses é bem diferente de moer a elementos de gestão do projeto executivo. mesma quantidade em 10 meses… Mas é um número… e, portanto, é “usável” se, criteriosamente, analisado. Desde o projeto básico até a implantação e operação da unidade, A quantidade de portões de decisão e o aprofundamento dos projetos básicos todas as diferentes disciplinas de dependem de cada organização e sua cultura. Algumas empresas americanas engenharia devem ser integradas realizam a compra do terreno e fazem todos os projetos e licenças necessárias e o responsável pela integração é o e só decidem executar a implantação quando os custos e os projetos estiverem gestor do projeto. totalmente definidos.
A gestão envolve a documentação e distribuição dos mesmos para Na nossa nomenclatura, FEL 2 é um projeto básico onde se consomem cerca os destinatários, a definição das de 10% de toda a engenharia e consegue-se uma precisão na faixa de -15% a responsabilidades, os cronogramas, +30% dependendo da precisão dos bancos de dados disponíveis. Para usinas os contratos etc. A perda do controle
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implica num projeto randômico sem datas definidas e, quase sempre, fadado ao fracasso. A integração das disciplinas com definições de escopo bem elaboradas com limites de fornecimento bem declarados e definidos são essenciais para evitar retrabalhos e erros de projeto. O projeto detalhado deve ser realizado depois que o projeto básico estiver completamente realizado e definido. Num projeto mal gerido, o cronograma atropela a sequência lógica das tarefas. Isto ocasiona erros de construção e montagem com interferências de bases e estruturas, por exemplo, com tubulações e sistemas de drenagem. Constrói-se uma base e depois percebe-se que houve uma revisão no desenho e a base precisa ser demolida ou modificada. As gambiarras proliferam!!! No final, há um aumento de prazo e do custo do empreendimento. Muitas vezes, estes desalinhamentos são os responsáveis pelo fracasso de um belo projeto. Muitas vezes ocorre a quebra de confiança entre contratantes e contratados com processos que podem acabar na justiça. Uma coisa é certa - o prejuízo é para todos. A construção e as montagens são altamente dependentes da qualidade do projeto. Todo mundo sabe que rasgar um papel e refazê-lo é muito mais fácil e barato do que desmontar e montar ou demolir e reconstruir. Assim, cada real gasto a mais em planejamento e projeto resulta em muitos reais a menos durante a construção, entrada em operação e performance.
Fica claro que a gestão do projeto tem papel fundamental no sucesso de cada empreendimento.Faça um exercício simples. Analise sua última experiência na execução de qualquer “projeto”, seja uma reforma na sua casa, uma usina, uma pequena ampliação ou mesmo, um casamento… Aponte os erros e os acertos, analise os erros e faça uma análise de como poderiam ser corrigidos. Anote as lições aprendidas. Coloque no papel e tire suas conclusões!!! STAB | MARÇO/ABRIL 2016 | VOL.34 Nº4
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VISÃO
Falando de fábrica
Florenal Zarpelon fz7@uol.com.br
Eficiência na Destilação. Perdas de Álcool na Destilação Perdas sempre preocupam, seja lá o que for. Perdas de álcool em um aparelho de destilação também causam preocupações, e conforme os níveis podem representar muito dinheiro no final de uma safra. Perdas de álcool na destilação é o que chamamos de “eficiência de destilação” querendo expressar o que deixou de ser produzido. A tabela abaixo foi por nós construída para mostrar o problema:
estes níveis de teor alcoólico no vinho, e quem ainda não consegue vale a pena investir em capacitação uma vez que as vantagens são grandes.
Note que para o mesmo teor de etanol na vinhaça e na flegmaça, o percentual de perda em relação ao total de etanol que foi obtido no vinho decresce com o aumento do teor alcoólico (porcentagem em volume de etanol contido no vinho, %V, antigamente chamado de grau GL, que recomendamos você também abandonar o °GL e passar a usar o moderno e correto %V). A moda é produzir vinhos com teor alcoólico alto porque vale a pena sob vários aspectos: menos vinhaça, maior capacidade da destilação, menor consumo de vapor, e também quando o aparelho é bem operado menos perdas de álcool na destilação, como se pode ver pela tabela. Claro que pode haver problemas, perdas, devido a fermentação terminar sem que todo o açúcar seja consumido, mas é perfeitamente factível com o manejo correto da fermentação (boa separação e bom tratamento do fermento, temperatura máxima 32°C, nutrição adequada, boa sanidade, boa hidráulica) chegar pelo menos a 11%V. São raras as destilarias que conseguem regularmente
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Observe-se que as perdas na vinhaça representam um volume bem maior de álcool perdido que na flegmaça, pois o volume de vinhaça gerado é da ordem de seis vezes mais que a flegmaça. Por exemplo, olhando a tabela vemos que uma vinhaça com teor alcoólico de 0,03%V produzida a partir de um vinho com 10,0%V produz perda de álcool de 0,29%, perda esta que é equivalente a uma flegmaça de teor alcoólico de 0,18%V. Sabe-se que a grande maioria dos aparelhos de destilação brasileiros operam com coluna destiladora (coluna C10 ou A) e coluna retificadora (Coluna C40 ou B) e que sendo ambas aquecidas pelo mesmo vapor é um sistema econômico quanto ao uso de vapor, mas como o flegma passa como vapor da C10 para a C40 se as pressões não estiverem bem ajustadas pode ocasionar perdas de álcool em uma ou outra. É uma verdadeira gangorra: se
há mais pressão que o necessário na C10 haverá perdas na flegmaça, e se há mais pressão que o necessário na C40 haverá perdas na vinhaça. De modo que os operadores necessitam estar capacitados para entender bem este manejo de modo a obter a máxima capacidade de produção com o mínimo de perdas de álcool. E a tabela mostrada indica bem que sempre é menos prejudicial perder mais na flegmaça que na vinhaça e isto, então, reflete sobre a maneira como se deve regular as pressões nas colunas. Ainda a questão da eficiência da destilação: se o obtido num período é um teor de etanol na vinhaça de 0,03%V (perdas de 0,29%), de um vinho de 10%V, e um teor de etanol na flegmaça de 0,06%V (perdas de 0,10%), o total de perdas na vinhaça + flegmaça é de 0,39%. Tem-se que considerar também que sempre há alguma pequena perda nos condensadores, vapores alcoólicos que saem em equilíbrio com os gases que são expelidos nos respiros dos últimos condensadores, que somam pelo menos 0,12% quando os condensadores são bem projetados e bem operados. Desta forma, o total perdido fica da ordem de 0,51%, ou seja, uma eficiência de destilação de 99,49% ou, arredondando, 99,5%. Pode-se concluir afirmando que não é tão fácil obter eficiências desta ordem, mas que se pode conseguir se a operação está bem treinada, bem capacitada. Numa destilaria produzindo 100 milhões de Hidratado, 0,5% de perdas, valendo R$ 1,50/litro, o dinheiro perdido na safra é da ordem de R$ 750 mil. Não é pouco!
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VISÃO
Conversando com a cana José Paulo Stupiello jospielo@terra.com.br
Ainda a Cana Bisada Não há como fazer um prognóstico do que vai ocorrer com a qualidade da cana bisada, mas sabe-se que a qualidade da matéria-prima sempre esta prejudicada. A safra 2015-2016 decorreu com muitos dias de chuva e mesmo prorrogando o período de safra na região centro-sul para o mês de dezembro não foi possível moer toda a cana que acabou por resultar na sobra ou em cana bisada. A extensão da safra acabou por criar alguns problemas como a compactação dos solos, comprometendo as touceiras e causando maior manutenção dos equipamentos. As condições climáticas e mesmo algumas variedades de cana foram fatores que determinaram a qualidade de cana para esta safra. Também pela quantidade de cana disponível para a presente safra foi necessária uma decisão administrativa- financeira promovendo a antecipação do período de safra. Algumas vantagens atribuídas à cana bisada como aumento de produtividade, pol mais elevada e aumento do teor de fibra são suficientes para justificar o inicio de safra. O que se observou em alguns canaviais foi à presença de duas gerações dos colmos (Foto 1). Uma decorrente da condição normal com colmos deitados secos (Fotos 3 e 4), em deterioração (pH variando de 4,1 a 5,2) e enraizados (Foto 5). Outra decorrente das condições do canavial com a presença de chupões, imaturos e apresentando brotações laterais sem a perda da dominância apical (Foto 6). Somente a fisiologia pode explicar este comportamento. Nestas áreas onde prevalece a presença de chupões (pouca sacarose e fibra e muita água) há necessidade de empregar maturadores não agressivos para aumentar o teor de sacarose. Quanto ao estado fitossanitário pode-se constatar a maior presença da broca com Índice de Infestação elevado e de podridão vermelha (Foto 06), favorecidas pela umidade nos canaviais. Estes parâmetros possivelmente causam elevação da cor do produto resultante da presença de compostos fenólicos.
FOTO 1
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FOTO 2
FOTO 3
Usina São Luiz, 2016
FOTO 4
Usina São Luiz, 2016
FOTO 5
As amostras extraídas das áreas com cana bisada mostram grande quantidade de impureza mineral e vegetal (Foto 8). Na necessidade de tentar cortar os colmos deitados obriga abaixar os dispositivos de cortes de base da colhedora e a não uniformidade dos colmos decorrentes de brotações intempestivas (chupões) também são carreadas com a colheita mecanizada levando para o processamento todo o tipo de impureza. Outro problema ocorre pela presença de colmos remanescentes no campo aumentado as perdas na colheita. Os caldos das amostras submetidos à clarificação no laboratório apresentam grande turbidez inviabilizando a determinação da pol pelos métodos convencionais (Foto 9) e quando possível constata-se baixas purezas (variando de 54 a 82).
FOTO 6
Durante o processamento de cana bisada como descrito acima é praticamente impossível conseguir a cristalização da sacarose frente um material extremamente viscoso conforme se pode observar na (Foto 10) e conseguir um produto de qualidade é muito difícil, acabando por diluir o material para a produção de etanol. Pelos dados obtidos esta viscosidade não é totalmente ocasionada pela presença de dextrana ou por amido, que tem o efeito minimizado pelo emprego de enzimas. No momento estão sendo feitos estudos para descobrir que polissacarídeo poderia estar ocasionando esta viscosidade. FOTO 07
Usina São Luiz, 2016
FOTO 08
Usina São Luiz, 2016
FOTO 09
Usina São Luiz, 2016
FOTO 10
Usina São Luiz, 2016
A conclusão é de que não existe um padrão definido de cana bisada e somente podese constatar o tamanho do problema quando do seu processamento e ainda existem técnicos que recomendam bisar cana.
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VISÃO
Soluções de fábrica
necessita de bomba de vácuo de partida, cuja potência instalada é alta. São problemas que não ocorrem com o cozimento contínuo.
Celso Procknor celso.procknor@procknor.com.br
Podemos fazer algumas simulações específicas para cada usina, mas não é fácil mensurar esta vantagem de forma absoluta. Assim, é preferível confirmar esta vantagem com quem já opera tachos contínuos.
Cozimento em Bateladas x Cozimento Contínuo Tem ocorrido uma recuperação dos preços do açúcar no mercado internacional, propiciando assim uma maior atratividade nos investimentos para o aumento da produção deste produto. E aumento de produção de açúcar pode eventualmente significar aumento de capacidade no setor de cozimento. Entre os técnicos do setor podem ainda existir algumas dúvidas a respeito das vantagens e das desvantagens da aplicação da tecnologia de cozimento contínuo, embora a mesma esteja sendo utilizada no Brasil com sucesso há pelo menos 20 anos. Este texto procura discutir as dúvidas mais frequentes sobre esta tecnologia e indicar os critérios para uma comparação adequada entre o cozimento em bateladas e o cozimento contínuo. Uma primeira questão diz respeito ao consumo de vapor e de água. Teoricamente o cozimento contínuo não deveria consumir menos vapor, mas na prática consome sim menos vapor. Na teoria, se queremos produzir certa quantidade de massa cozida, com certo brix e a partir de certo xarope ou mel, podemos calcular a quantidade de água a ser evaporada. Com este valor determinamos a quantidade de vapor necessária para evaporar a água. Por consequência, definimos a quantidade de água de resfriamento necessária nos condensadores, tanto faz se o cozimento é em bateladas ou contínuo. Na prática, o cozimento contínuo evita picos de consumo de vapor nos tachos em bateladas, os quais afetam os níveis de sangria da evaporação, que por sua vez afetam o consumo de vapor de escape e fazem variar o brix do xarope produzido na evaporação. Na prática, o tacho em bateladas é vaporizado de quatro a seis vezes por dia (dependendo da massa cozida), e esta operação gera água doce que significa diluição no processo, além do esquentar e esfriar sistematicamente o equipamento, o que também significa consumo de vapor. Um tacho contínuo pode operar sem parar por até oito semanas para massa C, por quatro semanas para massa B e por duas semanas para massa A, dependendo da pureza das massas cozidas processadas. Os tachos em bateladas também perdem muito tempo para formação do vácuo no início de cada ciclo. Se você quiser formar o vácuo rapidamente,
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Outro aspecto importante é a comparação de capacidades entre os dois sistemas. Tachos em bateladas têm relação S/V (superfície/volume) na faixa de 0,65 a 0,75 m2/hl, e tachos contínuos tem relação S/V na faixa de 1,0 a 1,1 m2/hl. Portanto, como é a superfície de troca térmica que determina a capacidade evaporativa do equipamento, a comparação correta é entre as respectivas áreas de troca térmica. Normalmente tachos contínuos têm cerca de 35% a mais de superfície de troca térmica para um mesmo volume nominal de massa cozida. Por outro lado, os tempos mortos em tachos contínuos são muito menores do que os tempos mortos em tachos em bateladas. Desta maneira, grosso modo, admite-se na prática que um tacho contínuo tem cerca de 40% a mais de capacidade do que um tacho em bateladas de mesmo volume. Por exemplo, um tacho contínuo de 1100 hl corresponde aproximadamente a três tachos em bateladas de 500 hl cada um. Outros fatores importantes, como a temperatura do vapor de aquecimento, podem alterar esta comparação em favor do tacho contínuo, o qual utiliza normalmente vapor V2 ou V3. Para uma comparação definitiva é necessário fazer um balanço de massa e de energia específico e comparar as respectivas produções e graus de esgotamento da massa cozida.
O ganho energético com o cozimento contínuo é tanto maior quanto maior for a quantidade de massa correspondente processada. Neste sentido, ganhamos mais energia com cozimento contínuo nas massas de alta pureza. Existem tachos contínuos operando até em massas de refinaria há pelo menos trinta anos. O importante é adequar o projeto do tacho para poder operar com alta pureza. Existe o preconceito de que tachos contínuos produzem grumos ou conglomerados que iriam ocasionar pontos pretos no açúcar, mas sistemas automáticos de limpeza periódica, sem a interrupção do processo, tem resolvido esta questão na prática. Normalmente os tachos contínuos ocupam menor espaço horizontal na indústria, pois são equipamentos mais compactos. É preciso verificar em cada caso particular se esta é uma vantagem significativa ou não. O tacho contínuo pode perfeitamente ser instalado ao tempo, pois não necessita de operador. Mesmo com vapor de aquecimento de baixa temperatura, por exemplo V3, os tachos contínuos não necessitam de circuladores mecânicos, pois são projetados para se obter uma circulação ideal da massa cozida em função da baixa camada de massa cozida sobre o feixe tubular. Quando analisamos tachos contínuos com tecnologias diferentes existem inúmeros aspectos de projeto a serem comparados, mas três são fundamentais: o grau de intensidade de circulação da massa cozida, a garantia de remoção dos gases incondensáveis e a confiabilidade do sistema de automação. O projeto deve ter características que garantam um alto grau de circulação da massa cozida. Quanto mais intensa for esta circulação, mais homogênea será a massa cozida e assim menor será o risco de ocorrência de pontos
frios ou quentes. Boa circulação garante alta produtividade e bom esgotamento do licor mãe. O projeto deve assim ser analisado no sentido de avaliar se a circulação da massa cozida é devidamente favorecida pela geometria do equipamento. Por outro lado, eventuais bolsas de gases incondensáveis na calandra provocam pontos frios que prejudicam a circulação da massa cozida. É muito difícil operar um tacho contínuo em modo manual, embora não impossível em condições críticas, e por esta razão o sistema de automação deve ter máxima confiabilidade e deve ser simples para poder ser operado por pessoal sem alto grau de especialização. O sistema de automação deve, portanto, ser avaliado e comparado em detalhes. Os tachos contínuos equipados com sistema preditivo de automação, que não necessita nenhum tipo de sonda, são mais baratos do que os equipados com sistema corretivo de automação, que operam por meio de sondas. Com relação ao custo inicial da instalação, uma comparação correta entre cozimento em bateladas e contínuo deve levar em conta os seguintes fatores: - superfície de troca térmica instalada; - materiais dos espelhos e dos tubos; - nível de automação dos tachos. Como vimos anteriormente, a superfície de troca térmica é o fator determinante da capacidade, e assim deve ser levada em conta. Os tachos contínuos usualmente têm espelhos e tubulação em aço inoxidável AISI 304 ou equivalente, portanto os tachos em bateladas correspondentes deveriam ser também orçados com estes materiais para uma comparação correta. Tachos contínuos são totalmente automatizados, não necessitam de operador. A maioria dos tachos em bateladas é operada manualmente. Alguns tachos em bateladas são parcialmente automatizados. Muito poucos tachos em bateladas são totalmente automatizados, tendo inclusive todas as válvulas de descarga, limpeza, corte, entre outras, operando de forma automática. Estes últimos apenas é que não necessitam de operadores. Portanto, uma comparação correta deve levar em conta um tacho em bateladas totalmente automatizado. Quando comparado em igualdade de condições, conforme descrito acima, um tacho contínuo costuma ser mais barato do que os tachos em bateladas com capacidade equivalente. O preconceito de que cozimento contínuo é caro surgiu numa época em que os fabricantes de tachos em bateladas induziam os potenciais compradores a comparar apenas as respectivas capacidades volumétricas dos equipamentos. STAB | MARÇO/ABRIL 2016 | VOL.34 Nº4
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TECNOLOGIA | PESQUISA
Avaliação de Falhas em Cana-de-Açúcar Segundo o Método de Stolf Utilizando Imagens Aéreas de Alta Precisão Obtidas Por Vant. *RUBISMAR STOLF, **THIAGO BRINO GARCIA , ***LUCIANO DE OLIVEIRA NERIS , **** ONOFRE TRINDADE JUNIOR, *****KLAUS REICHARDT * UFSCAR – ARARAS –SP, ** VERION AGRICULTURA, GUARULHOS, SP *** UFSCAR – SÃO CARLOS. **** USP, SÃO CARLOS e AGX TECNOLOGIA, SÃO CARLOS, SP ,***** ESALQ/USP -PIRACICABA, SP
Resumo
Introdução
O método de avaliação de falhas segundo Stolf, desenvolvido na década de 1980 e início da década de 1990, permite a obtenção do índice de falhas e uma previsão de perdas de produtividade em cana-deaçúcar. O método tem sido utilizado por várias empresas agrícolas em levantamento convencional, terrestre, utilizando trena métrica dentro do canavial. A empresa AGX Tecnologia Ltda. desenvolveu uma técnica de utilização do referido método permitindo o levantamento, através de imagens aéreas de alta resolução, obtidas utilizando veículos aéreos não tripulados (VANT). A imagem tratada por um método computacional possibilita obter a porcentagem de falhas. O objetivo do trabalho é apresentar o desenvolvimento dessa técnica de processamento de imagem aérea e comparar os dois procedimentos de obtenção de dados: aéreo (AGX) e terrestre (convencional). Inicialmente discute-se a importância desse tipo de avaliação para as técnicas de plantio da canade-açúcar seguida de uma revisão sobre o método Stolf de medir falhas no sentido de unificar as principais informações dos três artigos que deram origem ao citado método.
É possível verificar que, com as mudanças ocorridas no plantio da canade-açúcar, a ocorrência de falhas no canavial tornou-se um aspecto importante a ser considerado: pesquisas sobre plantio mecanizado tiveram início nas décadas de 1980 e 1990, respectivamente, com o extinto Planalsucar, hoje UFSCar, e Coopersucar, atual CTC - Centro de Tecnologia Canavieira (STOLF et al., 1984a,b; CONDE et al., 2011). No entanto, a distribuição de mudas nos sulcos de plantio continuou a ser realizada manualmente nas décadas subseqüentes. Com a legislação que proibiu a distribuição manual sobre veículos em movimento, essa técnica passou a entrar em desuso na década de 2000, predominando na atualidade o plantio totalmente mecanizado com toletes oriundos da colheita mecânica (BOSCO, 2012). Contudo, tem-se verificado um índice de brotação menor, cerca de 30%, ocasionando falhas no canavial (SERAFIM et al., 2013), sendo associada à qualidade operacional do plantio (BARROS & MILAN, 2010).
Palavras Chave:
Agricultura de precisão; Drone; Vista aérea; Linhas de cana-de-açúcar; Espaços vazios.
Abstract The Stolf method, developed in the late 1980’s and early 1990’s, allows obtain the percentage of gaps (faults) and an estimate of lost productivity in sugarcane. The method has been used in sugarcane lines through direct measurements in the field using metric tape. The company AGX Tecnologia Ltda developed a technique of using the mentioned method, allowing the survey through high-resolution aerial images, obtained using Unmanned Aerial Vehicle (UAV). The image handled by a computational method allows to obtain the % of gaps. The aim of this paper is to present the development of this technique aerial image processing and compare the two procedures for obtaining data: air (AGX) and land (conventional). Initially a review of Stolf method of measuring Gaps (faults) is made to unify the main information of three articles that gave rise to the method. After describe the method Stolf, both the aerial and terrestrial procedure are presented.
Keywords: Precision agriculture, gap, miss-space without stalk, UAV, aerial imagess,
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Dessa forma, o maior problema apontado no plantio mecanizado é a ocorrência de falhas causadas por danos às gemas (BENEDINI et al, 2009; CONDE et al., 2011; CEBIM et al., 2012; RODRIGUES et al., 2013; SERAFIM et al., 2013; RODRIGUES et al., 2014). Considerando que no sistema manual já se utilizava uma quantidade de muda elevada para compensar falhas, no plantio mecanizado aumentou-se de 4 a 6 t/ha, ou seja, de 18 para 22 t/ha, podendo chegar a 24 t/ha (GUERRA & BELLINI; 2006; RODRIGUES et al., 2013; VOLTARELLI, 2013). Mais recentemente, algumas empresas retornaram ao sistema semimecanizado diferente do tradicional: passaram a distribuir a muda de plantio da cana com carregadoras, colocando-se feixes de mudas em várias posições para posterior distribuição manual nos sulcos. Essa indefinição do método de plantio estimulou a retomada de antigos estudos, o de muda pré brotada, ou seja, na década de 1970 o CTC desenvolvia o “plantio de gemas isoladas”, no qual se extraia apenas a gema do colmo. Na mesma linha, o antigo Planalsucar (UFSCar), na década de 1980, desenvolvia a micropropagação, reproduzindo mudas através da cultura de meristema. Ambas as tecnologias tinham como objetivo principal reduzir o número de células sem função no desenvolvimento da nova planta de forma a reduzir a probabilidade de doenças. Plantadas em tubetes essas mudas pré-brotadas eram utilizadas apenas como material para formar viveiros. Considerando a vantagem de reduzir a massa de muda de plantio cerca de 20 vezes surgiu uma primeira proposta de método de plantio de MPB em escala comercial (STOLF & LEE, 1990). Estimuladas pelas mudanças no plantio, essas idéias começaram a ser retomadas nas décadas de 2000-2010 por instituições privadas e públicas para uso em viveiros ou mesmo em área de matéria prima para a indústria. instituições de pesquisa como o IAC (XAVIER & LANDELL, 2013), o CTC e a UFSCar-campus de Araras também passaram a estudar o método de produzir MPB, bem
como empresas privadas como a Syngenta com o projeto PLENE-PB (CLARIANO, 2014) e a BASF (2014). Segundo IAC (2014) atualmente há cerca de 10 biofábricas de MPB no Brasil. Portanto, essas questões sobre técnicas de plantio e de avaliação de ocorrência de falhas tornaram-se importantes temas de debates na atualidade em seminários e simpósios (BENEDINI et al., 2009; JULIANETTI, 2011; STOLF, 2011). O objetivo do trabalho é apresentar a evolução da técnica de avaliação de falhas através do processamento de imagem aérea e comparar os dois procedimentos de obtenção de dados: aéreo e terrestre (convencional).
O Método Stolf de Avaliação de Falhas “Falhas” são espaços vazios sem colmos nas linhas de cana-de-açúcar, sendo sua ocorrência associada à diminuição da produtividade. Se na atualidade na implantação da cultura é dada grande importância a falhas de brotação, ou seja, no seu plantio, outros fatores até a colheita, como o tipo e estado da lâmina de corte das colhedoras (TOLEDO et al., 2013), provocam danos às soqueiras. Assim, ervas invasoras, estiagem, baixa temperatura na época de plantio, ataque de pragas subterrâneas de rizoma, pisoteio das soqueiras provocam falhas, sendo importante o desenvolvimento de técnicas para a quantificação. A metodologia foi lançada com versões simultâneas em português e inglês, em mesma edição da STAB (STOLF, 1986a, b). Posteriormente, a versão em português recebeu uma reimpressão comemorativa dos 30 anos, na mesma revista. A idéia central é baseada em avaliar-se o total de falhas em termos da somatória do comprimento das falhas acima de 0,5 m por 100 m de linha de cana (% Falhas). Em estudos complementares (STOLF et al. 1986 e STOLF et al. 1991) promoveu-se a calibração do método, ou seja, obteve-se a curva que correlaciona a produtividade com o índice de falhas. As perdas resultaram lineares em um grande intervalo de falhas (0 - 55 % de falhas), com perdas de 3,2 % de produtividade para um aumento de 10 % no índice de falhas ou, como queira, 0,32 % de perda para cada 1 % de falha. Esse resultado mostra a grande capacidade de recuperação do canavial, pois 1 % de falha não resulta em 1 % de perda de produtividade, mas, sim, apenas 0,32 %, ou seja, uma recuperação de 68 % (2/3). Esses estudos demonstraram a possibilidade da convivência de alta produtividade mesmo com ocorrência de falhas até um determinado grau. Empresas agrícolas deixaram de destruir indiscriminadamente áreas recém-plantadas que apresentavam índices relativamente altos de falhas. A técnica desenvolvida tem sido citada e/ ou empregada em várias pesquisas (CHRISTOFFOLETI, 1988; LUZ, 1989; FRASSON et al., 2007; ALVARES et al., 2008; FERNANDES, 2009; FORTES, 2010; PEREIRA, 2011; PARIS Jr et al., 2013; SANTIAGO & ROSSETTO, 2013; RAVELI, 2013; TURCO et al., 2014; VOLPE et al., 2014; DIAS et al., 2015) e também como controle interno em empresas agrícolas de produção de cana-de-açúcar. O método desenvolvido especifica o que se deve medir para se obter o índice de falhas. Por outro lado, pode haver modos diferentes de obtenção dos dados (terrestres ou aéreos). Inicialmente, far-se-á uma exposição do método e, em seguida, será abordada a questão dos modos de obtenção dos dados. TAMANHO DE FALHAS A SER CONSIDERADO Não existe canavial sem falhas, sendo uma ocorrência natural, apresentando-se de diferentes tamanhos. A (Figura 1) contém dois exemplos de curvas de distribuição de falhas em canaviais. Um aspecto marcante é que o número de falhas por 100 m de linha diminui exponencialmente para as classes maiores.
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Assim, se medirmos falhas a partir de um tamanho muito grande praticamente não haverá falhas para medir. Por outro lado, se decidirmos medir a partir de um tamanho de falhas muito pequeno, o volume de trabalho na medida aumenta exponencialmente. Assim, a questão de se estabelecer um tamanho, a partir do qual se deve medir, surge como uma necessidade. Ao comparar as curvas de distribuição de dois canaviais, cana planta e soqueira mais falhada (Figura 1), verificou-se que o canavial melhor, menos falhado, apresentava mais falhas nas classes menores e menos falha nas classes maiores. O ponto de cruzamento entre as curvas é o tamanho de falha acima do qual devemos medir para se obter a maior distinção entre os canaviais. O ponto encontrado foi ao redor de 0,5 m, estabelecendo-se o valor mínimo acima do qual se deve medir falhas. O ÍNDICE DE FALHAS PROPOSTO Basta somar o comprimento total de falhas maiores que 0,5 m em um trecho de linha de cana e dividir pelo comprimento do trecho considerado x 100, tornando extremamente fácil a aplicação no campo:
Para este procedimento, basta utilizar uma trena e um bastão de 0,5 m para, em caso de dúvida, definir se a falha é maior esse valor. Para aplicar no campo demarca-se um trecho de linha de cana e estira-se a trena em cada falha de forma que os valores vão sendo acumulados na trena. O valor final da trena é a medida acumulada das falhas (não se anota o tamanho de cada falha, aumentando-se a velocidade de aplicação). Recomenda-se medir um total mínimo de cerca de 200 m de linha por talhão (10 ha) dividido em 4 amostras de 50 m, podendo aumentar as repetições para esse total (8 ou 10 amostras de 20 m). Exemplo: em um trecho de 20 m foram encontradas 7 falhas maiores que 0,5 m, totalizando 6 m. Resultado: %Falhas = 30, ou seja, 30 m de falhas em 100 m de sulco: (6/20) x 100. Como informações auxiliares: N (número de falhas por 100m) = 35 falhas/100m: (7/20) x 100. Freq. = (100 - %Falhas)/N = 2 m (frequência: distância percorrida para
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encontrar uma falha maior que 0,5 m, (100-30)/35 CORRESPONDÊNCIA ENTRE %FALHAS E N (N0. DE FALHAS POR 100 M) Quanto maior for a falha menor será a probabilidade de sua ocorrência, determinando uma curva de distribuição decrescente com o tamanho (Figura 1). Verificou-se também que há uma correspondência entre %Falhas e N, de forma que, por exemplo, para uma %Falhas = 30 o valor de N obtido será em torno de 37 (Figura 2). TABELA GERAL DE CALIBRAÇÃO DE PERDAS COM A %FALHA Promoveu-se a calibração do método (STOLF,1986a,b e STOLF et al., 1991), ou seja, obteve-se a curva que correlaciona a produtividade com o índice de falhas, válido para cana planta e soca (Figura 3). As perdas resultaram lineares em um grande intervalo de falhas (0 - 55 % de falhas) traduzidas pela expressão; %Perdas=%Falhas/3,2. Assim, um canavial com 50% de falhas perde apenas 16 % da produtividade (50 % /3,2). Esse resultado mostra a grande capacidade de recuperação de um canavial, de 69 %. Utilizando-se as curvas (Figuras 2 e 3) gerou-se uma tabela geral de calibração do método (Tabela 1) e um exemplo de aplicação (Tabela 2). ALTERNATIVA PARA APLICAR O MÉTODO NO CAMPO POR SENSORIAMENTO REMOTO A proposta original foi computar as falhas, estirando um trecho da trena em cada falha maior que 0,5 m. Com o advento da tecnologia de alta precisão abriu-se a possibilidade de aplicar novas maneiras de se obter o índice. Uma delas refere-se à utilização de sensor ótico, em desenvolvimento pelo grupo da ESALQ de agricultura de precisão (FRASSON et al., 2007), porém sendo também uma técnica de medida terrestre. A utilização do sensoriamento remoto (SR) teve início na agricultura na década de 1990, havendo na atualidade importantes aplicações (AGUIAR et al., 2009; LAMPARELLI et al., 2011; SILVA et al. 2013; NONATO et al., 2013) e maiores facilidades de aplicação pela utilização de VANTs (MEDEIROS et al., 2008; SALVADOR & ANTUNIASSI, 2011; GALVAO & ROSALEN, 2013). A energia emitida ou refletida por objetos é registrada por sensores remotos em diferentes faixas espectrais do espectro eletromagnético (HUNT et al., 2010). Esta energia é convertida em um sinal elétrico e associada a níveis de cinza, ou seja, em dados passíveis de serem analisados. Geralmente, estes dados são expressos em forma de imagens, gráficos, que possibilitam o monitoramento de parâmetros biofísicos ligados à produtividade ao longo de todo o ciclo da cultura (TRINDADE et al. 2004). As imagens aéreas de uma área cultivada permitem identificar também algumas características da cultura de forma abrangente, e que seriam vistas com maior dificuldade mesmo em avaliações terrestres. Veículos Aéreos Não Tripulados (VANTs), de fácil manejo, têm se impostos em relação a equipamentos de fotografia aérea convencional, de alto custo e satélites, por ocorrência de nuvens que impedem monitoramento contínuo, tornando-se uma tecnologia de obtenção de imagens georeferenciadas a um custo reduzido (NERIS, 2001; KOH & WICH, 2012). Os VANTs, desenvolvidos inicialmente para uso militar, têm encontrado no monitoramento ambiental e agrícola suas maiores aplicações (TRINDADE et al., 2004; WATTS et al., 2012). Em geral, de pequenas dimensões, permitindo manobras em espaços pequenos, através de piloto automático, a nave é conduzida em rota pré-programada pela inserção de coordenadas (NERIS, 2001).
Materiais e Métodos PROCESSAMENTO DA IMAGEM UTILIZADA Após a obtenção da imagem pelo VANT, o processamento da imagem é dividido em duas etapas (AGX, 2013). A etapa de identificação das linhas de cana-de-açúcar e a etapa de identificação das falhas nas linhas de plantio. Para calcular o porcentual de falhas, inicialmente, é determinada a localização das linhas de cana-de-açúcar na imagem. Com base na localização das linhas e na distância real de plantio, determinase a escala da foto e a quantidade de linhas de cana-de-açúcar. A última etapa identifica as regiões de falhas permitindo determinar a quantidade de falhas existentes nas linhas de cana-de-açúcar da imagem. IDENTIFICAÇÃO DAS LINHAS A identificação das linhas é a principal etapa do processamento. Esta etapa recebe como dado de entrada uma imagem de cana-de-açúcar e gera como saída às linhas de cana-de-açúcar que a compõe. A grande dificuldade desta etapa é a falta de padrão das linhas e do tamanho das plantas. A (Figura 4) ilustra um exemplo de imagem de uma área de cana-de-açúcar imageada, sendo viável registrar a imagem anterior ao fechamento do canavial. STAB | MARÇO/ABRIL 2016 | VOL.34 Nº4
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FIGURA 4 - A. Imagem de cana-de-açúcar; B. Centro de massa dos pontos e esqueletização por grid; C. Retas no grid de cana-de-açúcar.
A partir da (Figura 4.A), o processo de identificação das linhas é dividido em quatro etapas: esqueletização da região de plantas; obtenção do centro de massa dos pontos da esqueletização (Figura 4.B); determinação das retas de cana-de-açúcar no grid e geração das linhas de cana-de-açúcar (Figura 4.C). Na etapa de esqueletização, a imagem é separada nos canais (R, G, B), e transformada para sistema de cor HSV. A segmentação é realizada no canal H para encontrar a região da imagem que contém a informação espectral da cana-de-açúcar. O algoritmo de esqueletização é então aplicado na imagem obtida e os pontos obtidos são armazenados para serem processados na próxima etapa (GONZALES, 2000). A obtenção do centro de massa dos pontos da esqueletização tem como objetivo diminuir a quantidade de pontos gerados sem descaracterizar a região.
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Para tanto, são gerados grids de tamanho igual à metade da distância entre as linhas e os pontos distribuídos em cada grid de acordo com sua localização. Com os pontos separados por grids é realizado o cálculo do centro de massa de cada grid para gerar apenas um ponto por grid. A (Figura 4.B) ilustra uma imagem gerada nesta etapa. Como as linhas de cana-de-açúcar não são apenas retas, mas também podem ser curvas de diferentes formatos, optou-se por representar as linhas como segmento de retas. Para este fim a imagem é dividida novamente em grids, porém estes grids possuem tamanhos relativamente maiores do que os grids da sessão anterior. Os grids gerados têm o objetivo de diminuir o domínio da imagem e aproximar as linhas da cultura para segmentos de retas. Com os pontos da sessão anterior realiza-se uma triangulação, utilizado o algoritmo de Delaunay (YANG et al., 2009; XU et al, 2011), para gerar as arestas entre os pontos. Cada grid possui seu conjunto de pontos (centro de massa) e um conjunto de arestas como ilustra a (Figura 4.C) O VANT UTILIZADO NO LEVANTAMENTO AÉREO Utilizou-se o modelo Arara de fabricação da AGX, aparelhado para produção de imagens georeferenciadas de alta resolução (3,5 cm/pixel). É uma aeronave de asa alta, afilada com diedro e empenagem horizontal convencional em V. O seu sistema de propulsão é composto por um motor a combustão de dois tempos de 5.5 HP movido a gasolina de aviação (AVGAS) e por uma hélice bipá 20x12. O conjunto motopropulsor é fixado em uma torre posicionada sobre a fuselagem. O trem de pouso é do tipo convencional fixo com rodas ou esqui, com unidades auxiliares no nariz e na cauda. A Figura 5 ilustra o modelo descrito. As principais características dessa aeronave são: envergadura: 3 metros; peso sem combustível com rádio e câmera: 14,5 Kg;
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TECNOLOGIA | PESQUISA peso com combustível com rádio e câmera: 18,5 Kg; velocidade de Cruzeiro: 120 km/h; autonomia de vôo: 4 horas (Figura 5). Para análise foram levantadas nove áreas com ampla variação no índice de falhas (14 a 50 %). As respectivas imagens aéreas foram processadas de forma a resultar o comprimento de linha, o comprimento das falhas maiores que 0,5 m e o número de falhas. Os resultados brutos foram transformados em %Falhas, N (no. de falhas/100m), TM (tamanho médio) e FREQ (distância média para encontrar uma falha). Utilizando-se a tabela de calibração (Tabela 1) foram estimados os valores das mesmas variáveis (N, TM e FREQ) para efeito de comparação.
(A) Primeiro passo: Obtenção da imagem da área para medir % falhas.
Resultados e Discussão Na Figura 6 ilustra-se o método de obtenção do índice de falhas. A imagem original (Figura 6.a) é primeiramente processada de forma permitir a localização e traçado das linhas pela coloração da cultura da cana-de-açúcar (Figura 6.b), totalizando-se em seguida o comprimento (C) de linha utilizado na amostragem . Em seguida, são identificados os espaços correspondentes às falhas maiores que 0,5 metro, totalizando os metros de falhas (Figura 6.c). A divisão do total de falhas pelo total de linhas multiplicado por 100 resulta no índice de falhas em termos de metros de falhas por 100 m de sulco, ou seja, % falhas. Este é o resultado principal do método de interesse para o produtor, podendose complementarmente obter o tamanho médio, N e frequência de ocorrência FREQ, como variáveis auxiliares. A Tabela 3 contém o resultado da análise de nove imagens com diferentes porcentagens de falhas (de 15 a 50 %). As sete primeiras colunas correspondem aos dados medidos nas imagens. Os dados das quatro últimas colunas foram estimados utilizando a (Tabela 1) de calibração. Dessa forma, é possível verificar a similaridade dos valores de N, TM e FREQ obtidos nas áreas de levantamento aéreo por VANT e estimados pela Tabela 1, utilizando os valores de % falhas. PROCESSO DE FORMAÇÃO DE FALHAS No plantio da cana-de-açúcar é colocado um número muito grande gemas nos sulcos. A formação de uma falha ocorre quando um número de gemas consecutivas deixa de brotar, podendo-se considerar um fenômeno aleatório, com distribuição decrescente com o tamanho da falha, pois a probabilidade de ocorrer uma sequência cada vez maior de gemas consecutivas não brotadas diminui exponencialmente (Figura 1). Segundo o método Stolf, o canavial é composto de trechos de falhas maiores que 0,5 m e trechos sem falhas, na média, representados por TM e FREQ, respectivamente. Comparando-se canaviais gradativamente mais falhados, no início % falhas, N e TM são baixos. Gradativamente com o aumento da % falhas tem-se que N e TM também aumentam. Nesse processo TM é sempre crescente com a % falhas e ao contrário FREQ decrescente. Contudo, N cresce até FREQ tornar-se igual a TM (Freq =TM), condição que passa por um máximo para em seguida decrescer (ponto de máximo da Figura 2).
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(B) Segundo passo. Obtenção do comprimento total das linhas contínuas em vermelho correspondente às linhas de plantio
(C) Terceiro passo. Obtenção das Linhas tracejadas em vermelho que correspondem às falhas maiores que 0,5 m.
Outro aspecto de interesse é que nesse ponto a % falhas necessariamente deve ser 50 %. Em resumo para % falhas = 50 %: FREQ=TM e N é máximo. Assim, para um dado valor de % falhas, há um valor mais provável de se obter N, TM e Freq. Dessa forma, apesar de se tratar de um fenômeno aleatório, ocorre, para cada valor de % falhas, um valor mais provável de N, TM, FREQ, detectado experimentalmente e traduzido em um ábaco de calibração (Tabela 1). Assim é extremamente improvável que uma área de cana-de-açúcar com % falhas = 15, apresente N = 50 ou TM = 2 m e, sim, grosso modo, os valores projetados na referida tabela, TM=0,71 m, e N=21. Por meio dessas propriedades os dados da (Tabela 3) foram analisados para obter a validação da medida aérea. Comparando-se N, TM e FREQ medidos e estimados é possível verificar a proximidade dos valores bem como alta correlação, R2 (Figura 7). Considerando que os dados estimados foram extraídos de tabela desenvolvida há mais de duas décadas (1986), conclui-se tratar-se de um indicativo da validade do processo de medida aérea e, ao mesmo tempo, uma revalidação do próprio método de medida de falhas. A coluna “representação gráfica” (Tabela 1) é de certa forma a base do método aéreo, pela intercalação de trechos com falha (TM) e sem falhas (FREQ), equivalente à Figura 6.c, do método aéreo. Na mesma (Figura 6) recortou-se um pequeno trecho de uma imagem para resultar grande ampliação, permitindo verificar o grau de resolução. É notável a clareza da imagem, possibilitando inspecionar um talhão possivelmente melhor de que da forma presencial.
FIGURA 7. Correlação entre valores medidos e estimados de N, TM e FREQ.
Conclusão Verificou-se uma consistência dos resultados de tamanho médio de falhas, número de falhas/100m e frequência de aparecimento de falhas entre o procedimento padrão e o do imageamento aéreo, sendo um indicativo da validade da proposta do emprego de imagens de alta definição, obtidas por VANT, na utilização do método Stolf de levantamento de falhas.
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RECORDANDO CONHECIMENTO
Produção de Açúcar em Cozimento Contínuo* *TRABALHO PUBLICADO NA REVISTA STAB – VOLUME 12 – Nº 2 – NOVEMBRO/DEZEMBRO 1993 E APRESENTADO NO 50 CONGRESSO NACIONAL DA STAB - 1993 - ÁGUAS DE SÃO PEDRO-SP **DZ S/A ENGENHARIA, EQUIPAMENTOS E SISTEMAS, PIRACICABA - SP **PEDRO EDUARDO PINHO DE ASSIS e **PETER CHARLES JAIS
VANTAGENS As vantagens de qualquer processo continuo sobre um processo por batelada são bastante óbvias. AUMENTO DE CAPACIDADE Num processo por batelada há sempre um tempo “morto”, ou seja o tempo necessário para: a) carregar b) encher c) aperto final d) descarregar e) lavar Durante este tempo não ha produção. Num processo continuo este tempo perdido não existe e portanto a produção é maior. ECONOMIA DE ENERGIA No processo por batelada, no final de cada cozimento o vácuo é lavado. O açúcar que sai junto com a água de lavagem é retornado de uma maneira ou outra ao processo e portanto requerendo mais vapor para ser reprocessado. No processo por batelada o consumo de vapor não é constante, obrigando em algumas instalações jogar fora vapor em determinadas situações. ECONOMIA DE INVESTIMENTO
Ha 20 anos já se falava do vácuo continuo. Pouco depois começaram a aparecer os primeiros protótipos. Isto aconteceu a mais ou menos o mesmo tempo que a introdução do Pró-alcool, época em que o parque industrial da nossa indústria açucareira se tornou ociosa devido ao desvio de cana para álcool. Este fato junto com o alto custo de instrumentação/automação tornava a instalação de vácuos contínuos uma proposta pouca interessante no Brasil.
DOMÍNIO SOBRE O TAMANHO DOS CRISTAIS No processo de batelada o tamanho final dos cristais é determinado pela população de cristais contidos no pé do cozimento e portanto STAB | MARÇO/ABRIL 2016 | VOL.34 Nº4
CONTROLE DE SUPERSATURAÇÃO Apesar de se poder instrumentar totalmente um cozimento por batelada, o controle é muito delicado porque temos a todo instante condições diferentes no vácuo. No sistema contínuo as condições são sempre iguais, e portanto, é mais fácil manter uma supersaturação
UM APARELHO POR MASSA Em cozimentos por batelada Com o passar do tempo, além da instrumentação somos obrigados a ter vários se tornar mais confiável e barata, houve um tachos por massa, na tentativa de interesse renovado pela produção de açúcar. Este suavizar o consumo de vapor. Por interesse é ainda mais acentuado pelas destilarias exemplo, um tacho enchendo, autônomas que nunca fabricaram açúcar. Francois um descarregando e um no meio Langreney, engenheiro francês e profundo do cozimento (mesmo assim há conhecedor da nossa indústria, pois aqui viveu uma oscilação no consumo de durante 30 anos é talvez o mais avido defensor do vapor). Usando o tacho contínuo vácuo contínuo. não há este problema, e portanto Ele vem desenvolvendo este tipo de equipamento podemos ter um tacho por massa. há muitos anos, tendo aparelhos funcionando em Numa instalação nova (destilarias diversos países. autônomas) esta vantagem traz economia tanto no número de aparelhos como também na instalação como um todo (estrutura, obras civis, cobertura, etc.).
Em processos por batelada, os equipamentos periféricos (condensadores, bombas de água, evaporadores, etc.) devem ser dimensionados de acordo com a condição pior. Por exemplo, o condensador e bomba de água são dimensionados de acordo com a taxa máxima de evaporação que pode chegar a mais que o dobro da média. No sistema contínuo prevalece a taxa média.
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pela quantidade de pé. A quantidade de pé é fixa pelo volume necessário para cobrir o espelho superior da calandra No sistema continuo não ha restrições quanto a quantidade de pé, visto que o sistema está sempre cheio. Portanto podemos aumentar ou diminuir o tamanho do cristal final simplesmente ajustando a quantidade de pé.
MENORES PERDAS DE AÇÚCAR A operação estável do sistema continuo minimiza as perdas de açúcar por arraste ao condensador. A carga hidrostática mais baixa e estável proporcionam temperaturas mais baixas e portanto menos perdas por inversão. MAIORES RENDIMENTOS Os níveis hidrostáticos menores permitem cozimentos de massas mais pesadas. Isto em conjunto com a circulação forçada proporcionam esgotamentos maiores e portanto rendimentos maiores.
CONCEITOS DO VÁCUO CONTíNUO (Ver Figura 1) O vácuo é composto de três compartimentos cilíndricos e concêntricos. Os três compartimentos (C1/C2/C3) são formados pelas paredes A, B e C. Duas calandras (D e E) fornecem a superfície de aquecimento necessário. A calandra D é dividida em duas partes para servir C1 e C2. A superfície ao longo de C1 e C2 é progressiva. Em outras palavras, a superfície aumenta por unidade de massa na medida em que a concentração de impurezas aumenta. A finalidade de aumentar a superfície é para garantir uma taxa de evaporação constante. O pé ou magma entra no vácuo no início de C1. Xarope e/ou mel são adicionados ao longo dos percursos de C1 e C2. O setor C3 recebe a massa cozida praticamente pronto. Em C3 não há mais a adição de xarope/mel, e o Brix é somente aumentado até atingir um vapor máximo porém sempre dentro de um faixa aceitável de supersaturação C3 é semelhante a um vácuo convencional com um circulador mecânico. AUTOMAÇÃO O vácuo contínuo é totalmente instrumentado e automatizado, não requerendo a interferência de um cozinhador experiente. Todas as operações são controladas por um sistema supervisório via computador. A tela do computador mostra um fluxograma dinâmico do processo. Uma impressora fornece relatórios periódicos de todos os eventos. Variações bruscas e severas, ou seja, além do controle do aparelho, ativam alarmes audio-visuais e indicam a ação corretiva necessária. A medição e controle de supersaturação é feita através de eletrodos de rádio frequência o que possibilita o funcionamento durante um longo período sem necessitar limpeza. SISTEMAS DE COZMENTO (Ver Figura 2) O vácuo contínuo pode ser usado em qualquer massa de qualquer pureza, com açúcar demerara, cristal branco ou refinado. Ele pode trabalhar com sistemas de uma, duas ou três massas.
CONCLUSÃO O ingresso das destilarias autônomas na fabricação de açúcar é uma ótima oportunidade de começar com o que se tem de mais moderno na indústria açucareira mundial. Já existem vácuos contínuos nos seguintes países: França, Estados Unidos, Ilhas Mauritius e Ilhas Reunion, Índia e África do Sul e outros sendo montados no: Brasil (cidade Gaúcha-Paraná) e Guatemala. STAB | MARÇO/ABRIL 2016 | VOL.34 Nº4
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FATOS | GENTE
■ Em Assembleia Geral realizada em abril, os novos membros do Conselho da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) elegeram por votação unânime o atual vicepresidente de Relações Externas e Estratégia da Raízen, Pedro Mizutani, como o novo presidente do Conselho Deliberativo da entidade. O executivo, cujo mandato será de dois anos, substitui Luís Roberto Pogetti, presidente do Conselho de Administração da Copersucar, que ocupava interinamente o cargo na UNICA desde fevereiro de 2015, após a saída do exministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. ■ A Valmont® fabricante da marca Valley® de equipamentos de irrigação, atualizou a infraestrutura e aumentou a capacidade de produção de sua fábrica em Uberaba - MG, completando uma série de melhorias de plantas que incluem a aquisição de uma nova linha de produção, modernização de máquinas, aumento da área de transporte e criação de um centro administrativo. Este investimento torna a planta de Uberaba a planta de equipamentos de irrigação mais modernos e eficientes na América Latina. É também a única fábrica de integrar um processo de galvanização. ■ O Brasil começou as pesquisas com cana transgênica em 1994 e já detém a tecnologia para o plantio, mas, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) ainda não liberou o plantio comercial da cana geneticamente modificada. Atualmente, só há autorização para testes em campo. A previsão é de que a primeira e segunda geração de cana transgênica no Brasil, resistente a broca, vire realidade nas safras 2018/2019 e 2019/2020. ■ O agrônomo Alexandre Andrade Lima assumiu o quarto mandato consecutivo na Presidência da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP). O gestor se destaca pelo protagonismo em defesa do setor canavieiro. Ele é um dos principais responsáveis pela reativação das Usinas Cruangi e Pumaty, em parceria com o Sindicato dos Cultivadores de Cana do Estado (Sindicape). ■ Produtores, extensionistas, estudantes e representantes de sindicatos e associações rurais, conheceram as vantagens do Sistema de Muda Pré-Brotada para aumentar a produtividade no cultivo da cana-de-açúcar durante o Dia de Campo, realizado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, em abril, no Polo Regional Centro Sul da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), em Piracicaba. O evento foi realizado em parceria com a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati). Durante o evento, os produtores também puderam conhecer as novas cultivares IAC 91-1099, IACSP 95-5000, IACSP 95-5094 e IACSP 96-3060, desenvolvidas pelo Instituto Agronômico, de Campinas.
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■ Tomou posse a nova diretoria da Organização dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo - ORPLANA, eleita para o triênio 2016-2019 é composta por Eduardo Vasconcellos Romão (Presidente), Gustavo Rattes de Castro (Vice-Presidente) e Maria Cristhina Clemencio Gonzaga Pacheco (Tesoureira). No Conselho Fiscal, como efetivos, estão Marcos Monazzi (Oricana), Pedro Sérgio Sanzovo (Associcana) e Aldo Bellodi Neto (Socicana). ■ Durante a Agrishow 2016, a Valtra, que já é referência no desenvolvimento de soluções para segmento sucroalcooleiro, destacou a atuação da sua nova colhedora de cana, a BE 1035e. Introduzida no mercado em 2015, a colhedora é a primeira máquina produzida na fábrica da AGCO de Ribeirão Preto (SP), e a Valtra tem a solução completa para o setor canavieiro, por ser a única a fabricar e comercializar equipamentos para todo o ciclo da cana: carregadoras, transbordos, plantadoras, pulverizadores, tratores, colhedoras e máquinas para recolhimento de palha e biomassa, como enfardadoras e enleiradores. ■ Mais que merecido, Maria Jorgette Stupiello, esposa de José Paulo Stupiello foi homenageada por sua vida ligada à agroindústria canavieira. durante o V Encontro Cana Substantivo Feminino. A homenagem surpresa foi no final do evento, antes da apresentação do Pedro Mizutani e o Grupo Todos Nós. ■ O Plano de Difusão e Aplicação Tecnológica – PDAT, que tem objetivo de facilitar o acesso das usinas associadas ao Grupo de Irrigação e Fertirrigação de Cana-de-Açúcar – GIFC aos serviços e soluções inovadoras, desenvolvidos por universidades e centros de pesquisas, acaba de conquistar um novo parceiro: o Grupo Jalles Machado. Lançado em 2016, o PDAT traz o conhecimento científico produzido na universidade para a realidade do setor sucroenergético, buscando alavancar a produtividade das usinas produtoras de açúcar, etanol e energia. Por meio de parcerias com o Instituo Pecege e o projeto Tempo Campo, desenvolvidos por pesquisadores da ESALQ/USP – Escola Superior Luiz Queiroz, o GIFC leva para usinas serviços de previsão do planejamento de safra e de levantamento de custos, que contribuem para aumentar a eficiência dos tratos culturais e a sustentabilidade financeira, aproveitamento do capital das usinas. Além dessas soluções, o GIFC, por meio do PDAT, também oferece serviços como interpretações de dados meteorológicos, gerados por estações e transformados em informações pelas universidades, e o acompanhamento da fabricação, montagem, operação e manutenção de adutoras de fertirrigação e irrigação.