Amor mutilado Meu romance sem final feliz

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Amor Mutilado Meu romance sem final feliz.


Dedicado a Ana LuĂ­sa Ferreira

Miranda .

Um singelo agradecimento a todo apoio que me deu e a amizade que me presenteia a cada dia .


Todos direitos autoriais reservados ao autor


Indice Capítulo 1 ROTINAS Capítulo 2 INSEGURANÇA Capítulo 3 FRIEZA Capítulo 4 TRAIÇÃO Capítulo 5 ERROS Capítulo 6 ENCONTRO Capítulo 7 ASSASSINATO Capítulo 8 DOR


Capítulo 1

Rotinas Quando sua vida é resumida em escola para o quarto e do quarto para a escola, você se sente uma droga. Ninguém te valoriza; realmente, apenas acham meu sorriso lindo sem saber que há uma imensa tristeza por trás de um abrir de boca. Talvez eu seja uma menina mimada de 14 anos que tem tudo oque quer, que reclama da vida por nada, já que tem tudo em seu quarto, mas oque eu poderia esperar das pessoas? Só sabe jugar e julgar! Cada dia eu ficava muito pressionada comigo mesmo, não conseguia ser feliz nem ao menos disfarçar para minha família, minha mãe já estava percebendo que eu estava me tornando uma pessoa triste, depressiva, mas a única coisa que ela me chamava era de louca, se fosse, pelo menos, de coitada, eu aceitaria, mas louca é um título que machuca muito. Por isso, passei dias no meu quarto sem ir a escola, comecei a me cortar com uma lâmina de apontador. Aquele ato me fazia descontar e tirar a dor, o sangue escorrendo pelos meus braços me fazia chorar e tentar de algum jeito me refugiar nele, queria morrer, porque me sentia um lixo, uma droga que não


devia viver. A minha sorte foi que minha mãe nunca via esses cortes, eu só andava com roupas com mangas cumpridas, isso ajudava a camuflar. Até que em um dia meio igual a todos, acordei um pouco animada, fiquei me estranhando, nunca mais tinha acordado assim, isso, com certeza, me deixou surpresa. Como sempre, deitada em minha cama, era domingo não precisava ir a escola, eu mexia no meu celular tranquilamente, nisso um garoto me chamou, eu fiquei nervosa é claro, moleque abusado veio com uma desculpa que tinha meu número e queria conversar. Mas no decorrer da conversa, comecei a sorrir do nada, apesar de ele ser bem engraçado eu não sorria assim há muito tempo. Minha mãe me viu sorrir, e ficou assustada e logo me interrogou. — Oque está vendo nesse celular que te faz sorrir tanto menina? Eu meia envergonhada disse que era nada não, os dias foram se passando e eu fui parando de chorar atoa e comecei a sentir ânimo na vida. Na realidade em apenas dois dias eu estava sentindo uma coisa que não queria, AMOR! Estava amando aquele garoto abusado em apenas dois dias, só que fiquei com medo de declarar isso e ele não acreditar, então guardei segredo torcendo pra que ele sentisse o mesmo. Eu, depois de dias de sofrimento estava amando novamente, minha rotina tinha mudado repentinamente, pra melhor, graças a Deus. Só que no dia seguinte, ele me chamou


mandando uma mensagem que me deixou preocupada, pois não sabia do que se tratava, ele disse: — Meu bem, eu preciso te confessar uma coisa, espero que não fique nervosa comigo. Lógico que eu fiquei nervosa, não sabia oque ele queria dizer, e se ele tivesse uma namorada e ela estivesse com ciúmes? Além de eu me decepcionar, ele pararia de conversar comigo, oque seria um pesadelo eterno! Mas meu pensamento estava errado, felizmente!


Capítulo 2

Insegurança Com o coração batendo a mil, me mantis fria tentando não demonstrar que estava emocionada ou apreensiva. E quando enfim, ele disse do que se tratava, eu derrubei o celular na cama e deitei, como se estivesse desmaiado, não querendo dar um vácuo, logo me levantei pensando no que responder. Oque eu falaria naquele momento? O garoto que eu estava amando também sentia algo por mim?! Não daria pra explicar a emoção que estava sentindo. Porém como toda menina deve ser, coloquei em prática meu orgulho e escrevi apenas um “Sério?”, tipo “estou chocada”, “não me surpreende muito”. Mas na realidade eu estava quase é pulando de alegria, sorrindo como um palhaço vendo seu circo lotado. E pra me surpreender mais ainda, ele me pediu em namoro, e claro, eu disse sim. Só que fiquei preocupada com um detalhe que poderia prejudicar a relação futuramente e não quis me sufocar com aquela dúvida e qual fosse a resposta, me encorajei e perguntei. — Mas e a distância entre nós, não vai atrapalhar? — Claro que não meu amor, nada vai nos separar!


— Ainda bem amor! Aquela frase de que nada nos separaria, me deixou toda derretida, e aos poucos fui me soltando mais, declarando todo meu amor em áudios e no status com aquelas frases de amor. Queria gritar para o mundo que estava apaixonada mas não tendo coragem para isso, apenas contei para algumas amigas, só para as que considerava como irmãs. E contei sobre a novidade, dentre as três, só uma descordou e pra piorar, era a que considerava uma verdadeira irmã, a amiga que sempre me animava e apoiava nos momentos difícil. — Amiga, eu entendo que você esteja apaixonada mas namoro a distância não dá certo. Acha que ele vai aguentar por quanto tempo ficar conversando apenas por uma tela de celular? — Eu não sei amiga, preciso pensar. — Pense bem, ainda há tempo de terminar. Naquele momento senti raiva de minha amiga, de todo mundo e por dias fiquei trancada ao meu quarto, ele que não era bobo percebeu a mudança repentina de meu comportamento e logo me interrogou. Fez diversas perguntas, mas consegui me livrar de todas, só que a pressão aumentava a cada dia. Era amigos, inimigos e problemas que me sufocavam, não estava mais conseguindo controlar aquela ansiedade, se continuasse morreria sufocada por toda aquela pressão. Então resolvi contar tudo oque realmente estava me afligindo, mesmo que ele chorasse ou ignorasse, me odiasse pra sempre. Não podia mais conviver um minuto com aquela dúvida no


meu coração e acorrentada a toda pressão que me enlouquecia aos poucos.


Capítulo 3

Frieza Enfim, disse pra ele tudo que realmente estava me sufocando, pedi o fim do namoro e recebi uma resposta que me deixou angustiada, pensando que ele me xingaria, faria um escândalo ou me bloqueasse, apenas disse “blz”, nem ao menos escreveu a palavra BELEZA completa. Eu fiquei com uma dúvida infeliz em meu coração, naquele momento não sabia oque responder, tentava digitar mas meus dedos tremiam sem saber como agir. Com meu orgulho no nível máximo, desliguei o celular e deitei em minha cama, deixando ele pensar e me acusar do que quisesse. Realmente, queria ser fria, mas não consegui, amava ele ainda e comecei a chorar compulsivamente, fiquei o dia inteiro com o travesseiro em cima de minha cabeça, ouvindo música sozinha, tentando esquecer o mundo e tudo que fiz. Afinal, ele era lindo, logo arrumaria uma namorada melhor do que eu, e nem sofreria com tudo isso, não era tão idiota pra ligar logo para uma menina problemática. O tempo foi se passando e não tive mais coragem para chamálo, era orgulho, ele que tinha o dever de me chamar, se me amasse de verdade já teria vindo atrás. Mesmo postando algumas coisas no Facebook com o propósito de provocá-lo e


escrever algumas indiretas em meu status, não adiantava em nada, parecia que havia me esquecido. Mas chegou um dia que meu orgulho parecia ter desaparecido, acho que era tanta dor que sentia no coração que consegui superar meu próprio orgulho e chamei ele timidamente. Comecei a digitar e pedir desculpa pelo que tinha feito, agi sem pensar, mandei alguns áudios para explicar melhor tudo que aconteceu comigo na semana sem ele, e sem querer deixei escapar um " Te amo". E surpreendentemente recebi uma reposta que me fez sorrir, também disse que me amava, e que tinha sentido muito a minha falta, e claro eu me aproveitei do momento e pedi pra voltar, pensei que receberia um não, mas felizmente me disse sim, me mandando milhares de coraçãozinhos. Conseguindo resgatar minha relação, coloquei em minha mente que não tinha que dar satisfação a ninguém além de meu namorado, amava ele com todas minhas forças e não estava nem aí para a distância. Apesar de tudo, ele ainda tinha um carinho por mim, só que estava muito frio, não dizia que me amava mais, eu fazia textos apaixonados, verdadeiras declarações de amor, e ele apenas respondia com um emoji, isso me deixava mal. Aos poucos fui percebendo que o amor que sentia não era o mesmo que o dele em relação a mim, me tratava como uma idiota, uma qualquer, saia para os lugares quase toda noite e não dava satisfação quando ousava a perguntar, me respondia grosseiramente.


— Amor, você vai sair de novo essa noite? Nem ao menos conversamos, ficou o tempo todo no face, sem me responder! — Você quer oque? Eu tenho uma vida para cuidar, não posso dedicar meu tempo todo a você. — Eu sei amor, mas devia ser mais carinhoso comigo. — Sou como você merece, para de pegar no meu pé! — Não fala assim comigo! — Aff, me esquece menina. Vou sair, tchau! Essas eram nossas discussões, sempre me deixava no vácuo, sozinha, e no outro dia em vês de ele me pedir desculpas, a idiota aqui falava que o amava e pedia milhares de desculpas, dizendo que senti muita falta dele. Eu sei, eu sou muito idiota, se fosse outra já teria o deixado, mas eu o amava a ponto de perdoar tudo que fizesse. Talvez eu estivesse incomodando ele, ou estaria se vingando. Pra continuar nessa relação, tentaria não falar mais nada pra evitar discussões, não queria perdê-lo novamente. Mas aguentar tudo calada me faria muito mal, meu coração sangrava a cada dia, infelizmente era minha única opção. E havia outro problema mais sério, ele não sabia que eu me mutilava, fiquei com medo de contar porque todos que sabiam me chamavam de louca e isso doía muito, mas como forma de chamar atenção para perceber que realmente eu não estava bem, mandei uma foto do meu braço mutilado e expliquei, já comecei a chorar pois sabia que seria julgada, e aguardei a reação dele muito angustiada.


Capítulo 4

Traição — Você é louca de fazer isso?! Hein, me fala Ana?! Essa foi a resposta que ele me deu, fiquei congelada não acreditando no que estava acontecendo até meu próprio namorado me achava uma louca. Poderia ser chamada assim por qualquer um, mas não esperava que aquele julgamento viesse de meu grande amor, só Deus sabia a dor que estava sentindo naquele momento, minha vontade era de morrer. — Porque nunca contou que se cortava? — Ah, eu tinha medo de me chamar de louca como fez agora! — Me desculpe, fiquei nervoso. Fingi aceitar as desculpas dele, mas claro que não conseguiria esquecer a ofensa que me fez, apesar de tudo, desabafei e contei todos meus problemas incluindo os mais íntimos como o medo que possuía em relação ao meu padrasto. Vocês não devem saber o quanto que é difícil não ter privacidade nem ao menos em seu próprio lar, sempre percebi olhares maldosos de meu padrasto, principalmente quando eu usava roupas curtas, que por causa disso tive que andar sempre com mangas cumpridas e calças largas.


O mais difícil de tudo isso, é a culpa que eu e mulheres levam na sociedade, como se estupros e abusos fossem culpas de roupas curtas. É horrível ter que viver em uma sociedade machista, apesar de me ofender e ser frio comigo, Peter, meu namorado, ficou preocupado comigo, disse que queria me proteger de tudo, e pediu pra que eu parasse de me cortar. Mas era difícil, se fosse simples assim eu seria feliz, mas por amor tentaria. Mas como todo relacionamento existem fases boas e ruins, estávamos numa boa fase, ele parecia ter mudado, me valorizava como realmente merecia e falava até em casamento. Porém, eu sempre dava um jeito de fuçar o Facebook dele e encontrava comentários que me deixava furiosa, não era “lindo” e sim “meu amor”, o pior de tudo é que ele respondia com a mesma moeda, quem visse aquilo juraria que estava solteiro. Tudo bem, vocês devem estar pensando que eu pego muito no pé e sou ciumenta, insuportável, mas qual a razão que ele não deixava eu comentar e nem marcá-lo em nenhuma publicação? Se somos namorados devíamos assumir, já fazia 4 meses que estávamos juntos, e sempre o motivo de nossas brigas era em relação a isso. Um relacionamento é construído pelos dois, mas parecia que só eu me interessava em continuar, tinha dias que nem me chamava de amor. E não suportando mais as brigas, ele terminou, friamente como sempre, disse que eu só sabia discutir e não queria viver bem com ninguém. Claro, comecei a chorar e implorar pra que ele ficasse, pedi mil desculpas mas me calei quando fui bloqueada de suas redes sociais.


Estava novamente com o coração sangrando, comecei a me cortar e depois de dois dias, ele me desbloqueou, pensei que voltaríamos e o chamei, meio envergonhada e mandei a seguinte mensagem: — Me desculpe por ter brigado mais uma vez, espero que me entenda, não estou bem e acabei me cortando por causa das ofensas que te fiz. Mas saiba que nosso amor é tudo pra mim, e se quiser me desculpar, prometo que vou ser melhor e lutar pela nossa relação sempre. Dois minutos depois, ele me mandou: — Já estou namorando! Vendo aquela mensagem fiquei em estado de choque e desliguei o celular, chorando muito. Como ele podia ser capaz de fazer isso comigo? Apenas dois dias, já estava com outra?! Nem ligou para meu estado. Aquilo era o fim pra mim, não conseguiria viver sem ele e teria que aguentar publicações que postava com sua nova namoradinha. Muito abalada, tomei uma decisão que mudaria minha vida de uma vez por todas.


Capítulo 5

Erros Na minha estante que já estava velha, peguei alguns remédios e tomei, bebi vodca e diversas bebidas sem me preocupar com o amanhã. Não me satisfazendo, fui pra uma balada e dancei até me acabar, só que acabei cometendo o pior erro de minha vida. Alguns garotos me ofereceram drogas e eu usei, estava muito abalada e não sabia direito a confusão em que estava me metendo. Aquela noite de “curtição” passou voando mais deixou sequelas em mim. Sempre fui mimada, filhinha de mamãe como muitos falavam, e a minha inocência acabou comigo de vez. O tempo foi se passando e a necessidade daquela química me fazia bem, e todos os dias comecei a usar, cocaína e maconha. Sabia que estava acabando com a minha vida, tinha momentos que em sã consciência, chorava feito uma criança e me cortava, tantas e tantas vezes tentei me suicidar, mas não consegui, até pra isso não sirvo. Com medo que minha mãe soubesse de alguma coisa, trancava meu quarto e fechava as cortinas, mas meu azar foi


tanto que um dia uma menina que também era dependente, abordou minha mãe na rua pra conversar. Uma mãe ouvir de um desconhecido que sua filha, aquela bonequinha que sempre teve as melhores roupas está usando drogas e jurada de morte por um traficante é pior do que levar um tiro. Naquele dia, não tive oportunidade de me explicar, levei uma surra que nunca mais esqueci. Não suportando aquela humilhação, peguei minha mochila, enchi de roupas e sair de casa, deixando tudo que amava pra trás. Precisava fugir dos traficantes, pois se não, morreria. E fui para São Paulo, onde morava meu grande amor, afinal ele era culpado por tudo que havia ocorrido comigo, e se fosse pra me ferrar de vez, precisava me vingar desse infeliz. E oque aprendi na marginalidade foi pagar um preço caro por algo que vale a pena. E matar esse idiota ou apenas dar um susto, vale a pena, depois que fizesse isso poderia morrer em paz. Determinada a fazer isso, guardei uma arma que havia ganhado e pesquisei na internet o endereço dele, depois de alguns dias persistindo, consegui encontrar. Dei aquele sorriso sarcástico e coloquei meu revólver na camisa, partindo pra casa de meu amor. Pra minha sorte não precisei bater muito na porta dele, pois logo me atendeu abrindo a porta. O susto que levou o fez se afastar pra trás bruscamente, tinha me reconhecido na hora, oque até me surpreendeu. — Como me encontrou aqui Ana?


— Está surpreso né? Mas eu não vim para te ver não, vim cobrar tudo que você fez eu passar seu infeliz! Quando eu disse isso, tirei meu revólver e apontei para a direção do rosto dele. Era o momento que precisava curti, ver ele com aquela expressão de medo quase implorando pra mim não fazer nada, era muito prazeroso.


Capítulo 6

Encontro — Calma, cuidado com essa arma! — Cala a sua boca e senta no sofá agora. Se tentar chamar a polícia, ou atenção de alguém, eu disparo! Ver ele com medo das minhas ameaças era um prazer que não esqueceria jamais, e pra completar a festa, dei alguns socos e chutes, só para descontar minha raiva né. — Qual seu objetivo, me matar? — Como você adivinhou? Disse a mulher chutando Peter, o fazendo cair no chão. — Oque eu te fiz garota? Esqueça o passado! — Esquecer? Jamais! Por sua culpa, eu me tornei esse lixo, virei uma drogada e quase matei minha mãe de desgosto. E agora vem me perguntar oque fez?! Revoltada, eu chutava ele e dava muitas coronhadas, quando vi o sangue descer por seu corpo, me senti um lixo, como fui capaz de fazer tão mal? Mas eu tinha que fazer isso, pois aquele sangue não se comparava 1 por cento da dor que eu sentia em meu coração por tudo que fez comigo.


Fiquei horas rodeando ele com meu revólver na mão, mostrando autoridade, olhando o idiota no chão tremendo me fazia gargalhar muito, tinha que ser sarcástica, mesmo que não o matasse, só o susto, valeria a pena, até porque ele não teria coragem de chamar a polícia depois disso. Quando já era 8 horas da noite, abri uma janela para poder ter um pouco de ar naquele apartamento, porque não estava mais aguentando o ambiente fechado. Mas ele, covarde como sempre foi, tentou correr até a janela para gritar, mas dei um murro em seu nariz que o derrubou no mesmo momento, pelo menos minhas aulas de boxe serviram para alguma coisa. Inteligente, tentou me seduzir e o pior que quase conseguiu, disse quase. Quando menos esperava, ele já estava com as mãos em minha cintura me encarando, desviei o olhar porque tinha medo de me apaixonar novamente, oque seria uma desgraça. — Fica longe de mim, eu não estou de brincadeira! — Diz que não me ama? Fala isso, porque aí eu deixo que me mate! — Já disse, se afaste porque eu vou… Antes que eu terminasse de falar alguma coisa, recebi um beijo que me levou aos céus, aquele lábio era o meu favorito, a forma como ele me beijava trouxe lembranças de tudo que prometíamos nos momentos bons, era nosso primeiro beijo e talvez o último. A ironia da vida me fez ficar furiosa, quando imaginaria que nosso encontro seria assim? Não podia criar mais


expectativas, precisava acabar com tudo aquilo logo, mas quando percebi, já estava na cama com ele. Despertando no dia seguinte não pude acreditar e procurei por ele, mas óbvio, não encontrei. Após procurar por todos os cômodos, fui ao banheiro e ele estava lá, se lavando, me surpreendi por ainda estar ali e não ter fugido. — Porque ainda está aqui? Não encontrou as chaves?! — Apesar de não ter encontrado, fiquei por outra razão. Nem precisei perguntar porque em minha direção estava o meu revólver apontado para meu rosto, mas como sabia que ele era covarde e lerdo, avancei e o derrubei no chão, conseguindo pegar a arma de volta. — Como pode pensar que poderia me ameaçar? Só por causa desse seu ato eu precisarei te matar! — Faz isso, a polícia já está a caminho mesmo! — Você não teria coragem. Apesar de sempre achar que ele seria um covarde, me surpreendi com o comportamento dele, jogou o celular em minha mão com a ligação feita. Eu fiquei apavorada, seria meu fim, não podia morrer na cadeia, e apontei a arma na cabeça dele, com o dedo no gatilho prestes a matá-lo, era meu único caminho.


Capítulo 7

Assassinato — Vamos Ana, perdeu a coragem?! Me mata agora! Eu tentava apertar o gatilho mas não conseguia, meus dedos travavam, era o medo misturado com a decepção, naquele momento tudo que tinha cometido veio em minha mente, fiquei culpada sem ter cometido um crime. Não sabia o tempo que duraria pra que a polícia chegasse no apartamento, na realidade não sabia mais de nada, nem porque eu tinha que existir. — Não sei como eu cheguei a te amar um dia, nunca imaginei que teria um desgosto tão grande assim. — Eu também me decepcionei muito com você, quando terminou comigo dizendo que a culpa era da distância, fiquei mal, chorei muito e não sair do meu quarto mais. Você nem ligou pra dor que eu sentia naquele momento, depois disso me tornei frio. Caminhei em direção a janela com a arma na mão para ver se alguém estava chegando, em seguida olhei para ele vendo suas lágrimas caírem. Só que dessa vez percebi que não eram lágrimas de medo mas de tristeza mesmo.


— Eu cheguei a te amar tanto, você não tem ideia garota. Ficava noite e dia ansioso para nosso encontro, imaginando como seria, mas agora estamos aqui sendo frios um com o outro. — Não adianta se arrepender mais, você me fez muito mal, só porque sou uma pessoa sensível. — Sensível? Não, você é fria! — Você também, nossos corações se encheram de ódio por culpa de nós mesmo, então não venha jogar a culpa em mim! — Ah, chega! Não adianta mais, me mata logo, acaba com essa agonia e aproveita pra fugir antes que a polícia chegue! — Eu não posso! Ainda te amo, não posso fazer isso! Comecei a chorar compulsivamente, minha mão, tremia demais, ele também chorava e acabou me surpreendendo, se aproximou de mim rapidamente e segurou o cano do revólver colocando na região de seu coração. — Vamos, me mata logo. Acaba com tudo isso Ana! — Eu não posso, se afasta! — Não! Vamos Ana, me mata! — Já disse pra se afastar! Nós gritávamos muito, cada vez mais aumentando o tom de voz, o ódio entre nós era terrível, nem parecia que já tínhamos chegado a nos amar.


— Me mata Ana, meu coração já está morto há muito tempo mesmo! — Cala! Sem saber como fiz isso, apertei o gatilho e fechei os olhos, quando abri, vi Peter ajoelhado em minha frente com os olhos arregalados, sangrando muito e antes que pudesse ajudá-lo, me disse: — Te amo. E depois caiu sangrando muito, já sem respirar. A última frase que me disse foi TE AMO, lembrei da promessa que fizemos, me disse um dia que quando chegasse sua hora da morte a sua última frase seria “Te amo”, fiquei mais abalada do que estava. O arrependimento veio como um tormento enorme em minha mente mas não adiantava mais, eu matei o amor da minha vida.


Capítulo 8

Dor Não sabia como tive a coragem de cometer tamanha covardia, se antes já me sentia um lixo, depois disso então tive a certeza que não passava de uma inútil, que reclama da vida sem ter a coragem de lutar para mudar a sua própria situação. Vendo ele nos meus braços, cobrindo minha roupa com seu sangue, lembrei de tudo que ocorreu em minha vida, dizia que meu sofrimento era causado pelos outros, mas na realidade a única culpada por tudo era eu. Os cortes que fazia não aliviava nada, oque sempre procurei foi um refúgio e quando estava para ser enfim feliz, desperdicei com brigas e ressentimentos. Afinal, meu maior “talento” é deixar as pessoas maus, é fazêlas infelizes como a mim, se cada gota de sangue trouxesse ele de volta, eu, com certeza, me mutilaria todos os dias e a qualquer hora, mesmo que a dor corrompesse meu corpo, pois pelo menos não destruiria meu coração como está fazendo nesse momento. Esperaria a polícia chegar, não podia fugir, ser covarde novamente provaria que eu não o amava, mas o desespero foi me sufocando e quando ouvi a sirene do carro lá fora, corri a minha mochila, peguei alguns remédios e também


um veneno que comprei pela internet, com o propósito de me matar, e fiz oque realmente era certo. Quando terminei de tomar todos os comprimidos e o litro de veneno junto, cair no chão e dormir eternamente. Sabia que aquilo era um ato de covardia, mas a dor que sentia não me dava outra opção, o amor que já havia sentido um dia, estava enterrado em um mar de ódio e decepção. Se pudesse mudar tudo, faria, caso tivesse a oportunidade de trazê-lo de volta a vida, trazia, se Deus me desse o poder de transformar toda a tristeza que gerei em felicidade para Peter, aceitaria, mas se me desse o amor negaria. Amar não é apenas um sentimento, não se trata de uma paixão e atração, amar é um talento que muitos tem, mas poucos sabem usar, no mundo são tantos corações partidos que muitos se atrevem a dizer que não vão cometer mais o mesmo erro de amar. Claro, é mentira, todos nós nos apaixonamos e decepcionamos sempre, são poucos escolhidos pelo destino para serem felizes nesse mundo, quando se trata de uma relação que envolva dois corações sempre haverá conflitos de sentimentos, mas eu não soube levar esses problemas e terminei assim, caída em um chão com minha roupa suja de sangue que pertence ao meu maior amor, e ele do meu lado assassinado cruelmente por uma bala disparada de uma arma que ainda estava na minha mão, mesmo morta eu estava presa as algemas do amor e do ódio, os sentimentos que me destruíram ao longo de meus 14 anos.


Cuidado com suas escolhas, talvez o seu amor esteja sempre te esperando, mas nem sempre um coração partido bate novamente . Não magoe quem te ama, todos erramos então se acontecer, vai


atrás, lute pelo amor e esqueça o ódio, mesmo que essa luta seja em vão e te traga solidão, lembre que uma vez dito TE AMO, os sentimentos se afloram. Então brinque com tudo menos com sentimentos, valorize


quem te ama e nĂŁo algo que te agrade , vocĂŞ pode buscar e conquistar tudo no mundo com dinheiro, mas o amor ĂŠ uma fera conquistada com a verdade .


Obrigado a todos, AMOR MUTILADO é um romance que em poucas páginas têm o objetivo de trazer ensinamentos, não deixe sua história de amor terminar como a de Ana e Peter, lembre eles são personagens, mas você , não.


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