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Para Maely dos Santos, e a todos que são vítimas da depressão, uma doença silenciosa, porém perigosa.
Sumário • • • • • • • • • • • • • • •
Capítulo 1 Milagre? Capítulo 2 Recnac revoluciona a medicina. Capítulo 3 A morte do doutor Lariech. Capítulo 4 Olho a olho com o demônio. Capítulo 5 Bleecker Street: A rua da morte. Capítulo 6 O início de uma jornada Capítulo 7 Refém do medo Capítulo 8 “A solução dos meus problemas não é a morte”. Capítulo 9 O senhor das ilusões. Capítulo10 O coração de rubi. Capítulo11 A porta 21. Capítulo12 Ensinamentos de um deus. Capítulo13 O amor supera a morte. Capítulo14 Em busca de vingança. Capítulo15 Os opostos se destroem.
CAPÍTULO 1 – MILAGRE? Dizem por aí que o ser humano é constituído de dois sentimentos essenciais porém opostos, que são o Amor e o ódio. O amor constrói o ódio através de suas consequências e o ódio se transforma em amor por sua necessidade de existência. Escolhi a Medicina como profissão desde de meus 17 anos, pois vi a situação dos feridos na primeira guerra mundial, e queria ajudar aquelas pessoas inocentes que se refugiavam com seus filhos para qualquer lugar que não corressem perigo. Mas eu era apenas uma criança e também estava em perigo, meu pai era soldado do exército dos Estados Unidos, patriota dava a vida para defender a bandeira de seu país. Em 1939 meu irmão e eu nos alistamos no exército e fomos obrigados a participar da segunda guerra mundial, foi a pior coisa que poderia ocorrer naquela época pois não queria fazer mal a ninguém, mas sei que foi por causa dessa guerra sangrenta que minha carreira na medicina se iniciou, tornado – me o médico mais famoso dos Estados Unidos do século XX. Porem cai no esquecimento, ninguém mais lembra de minha glória, do meu talento. Mas prometo vingança e terei meu povo de volta aos meus pés me glorificando por novos milagres medicinais!
— Doutooooor!!!!!!Gritou o cientista ao Dr. Lariech — Oque houve Lary? — Funcionou, o remédio funcionou!!! — Como assim? Perguntou o doutor, ainda não entendendo oque estava ocorrendo. — O Recnac funcionou! O remédio que criamos para curar os pacientes com câncer, não lembra Doutor que fizemos o teste em um paciente de Las Vegas? — Sim, lembro, mas oque aconteceu com ele? Nunca mais tivermos notícia dele. — Mas hoje recebi uma notícia do Hospital central de Las Vegas, comunicando que o paciente que foi atendido em nosso laboratório estaria curado do tumor que tinha em sua garganta. Depois de ser consultado por nós e ter recebido uma dose do Recnac, ou seja, o nosso remédio, ele havia apresentado certas melhoras em seu tratamento de terapia, melhoras que nenhum paciente havia tido em tão pouco tempo. Explicou o cientista muito feliz. — Nossa quer dizer que o remédio que criamos curou um paciente! — Exatamente, e não sei se o senhor lembra que o nosso paciente é milionário, ele é dono de uma empresa de propagandas muito famosa dos Estados Unidos e para nos agradecer por oferecermos a dose do Recnac de graça nos premiou com uma fortuna em nossa conta conjunta, sabe oque isso quer dizer doutor?! — Sim, que estamos ricos!! — Isso, milionários, podre de ricos! Com a notícia os dois amigos pulavam de alegria juntos, afinal o remédio nem havia vendido e eles já eram donos de uma fortuna ainda desconhecida. Os homens compraram diversas garrafas de vinho e champagne das mais caras possíveis, gastando todas suas economias afinal estavam ricos e não precisavam mais guardar aquela quantia que juntaram a vida inteira para alguma emergência, Lariech usou seu dinheiro para contratar prostitutas para animar um pouco a festa dos dois amigos já que Lary havia gastado com as bebidas. Os homens ficaram festejando o dia inteiro, até que anoiteceu e tiveram que encerrar a festa para não prejudicar os vizinhos pois moravam em um condomínio. Depois que as mulheres foram embora o doutor bêbado demais começou a fazer planos com o dinheiro que receberia.
— Oque compro primeiro Lary uma Ferrari Preta ou um Avião Jatinho?! Se bem que o avião tem mais espaços para colocar as mulheres, porém um carro poderia me distrair um pouco em algumas pistas de automobilismo né. — Eu sei oque o senhor faz!
— Oque Lary? — Invista na medicina, faça doações, não pense só em você! Disse o cientista se sentando a sua poltrona. — Ai ai Lary, sempre pensando nos outros, sabe te admiro muito por você ser tão dedicado a salvar vidas mas dessa vez não vou te ouvir, o dinheiro é meu! — Nosso! Corrigiu Lary — Sim, mas a minha parte eu vou gasta la com oque eu quiser! — Faça bom proveito que a minha parte vou investir no Recnac. Mas como consequência para você ficará com apenas quarenta por cento da fortuna! Ouvindo o que Lary havia falado o doutor se aproximou de seu amigo com uma garrafa na mão ainda bebendo, jogando o resto de bebida sujando a camisa branca de Lary, gritando altamente iniciando um escândalo.
— Você está louco, para de gritar, quer que sejamos despejados daqui?! — Louco está você, por pensar que a maior parte do dinheiro pertencerá a você, espera sentado Lary! — Seu problema é dinheiro né, eu não preciso ser rico pra ser feliz, mas também é injusto o senhor abandonar o nosso sonho só por luxo, estou decepcionado com você doutor. — Pode ficar com seu dinheiro vou dormir! Muito nervoso e cansado Lary foi dormir, estava com a cabeça doendo por beber demais, mas oque doía naquele momento não era só sua cabeça mas seu coração, pois hoje ele sabia que seu amigo de tantas décadas valorizava mais o dinheiro do que sua amizade. No dia seguinte Lary tentou retomar o assunto com o Dr. Lariech, mas o doutor ainda estava chateado com a opinião do cientista, virando as costas e saindo de porta afora, deixando apenas um aviso:
— O banco avisou que o dinheiro já está na nossa conta conjunta, hoje a tarde vou ter que assinar os papéis e trago o cheque, ai resolvemos. Avisou Lariech sem dirigir o olhar para Lary. Nisso o doutor saiu rapidamente com uma expressão de ódio em seu rosto. Lary ficou preocupado com o que estava ocorrendo pois o doutor para ele era como um irmão, e nisso ele começou a se culpar pelo ocorrido.
— Será que fui duro demais com o doutor? Mas ele tem que entender que o mais importante é as vidas que serão salvas e não o dinheiro. Mas também não quero perder sua amizade de anos, e se eu desse sessenta por cento para ele, e usasse minha parte como investimento do Recnac? Pensou Lary. No momento exato que estava pensando, Lary recebeu uma ligação de um número não identificado, mesmo assim atendeu.
— Alô? Atendeu Lary. — Oi! Lary por favor escuta! Disse uma voz alterada. — Doutor? E você doutor? Perguntou Lary, reconhecendo com dificuldade a voz de Lariech. — Sim eu to sendo sequestrado! Me ajuda, por favor! Nisso o doutor foi interrompido por outra voz. — Escutou doutor? É o seguinte então, você fará tudo que eu mandar, sem acionar a polícia, se quiser que seu amigo fique bem! Ah e nem pense de bancar o espertinho gravando nossa conversa! Avisou o bandido. Assustado com oque estava ocorrendo Lary sentou se a sua poltrona da sala, com seu telefone esperando as ordens do sequestrador.
— Mas oque você quer para libertar o doutor? Fala, é dinheiro que você quer? Perguntou Lary com a voz embargada. — Quem faz perguntas aqui sou eu! Você pensa que estou de brincadeira?! Gritou o bandido. Percebendo o nervosismo do sequestrador, Lary apenas concordava, sem questionar
absolutamente nada. Do outro lado da linha se ouvia apenas o bandido falando, oque assustava mais o cientista que se preocupava cada vez mais com o Dr. Lariech.
— Estarei na porta de seu condomínio amanhã de manhã, vou te levar ao seu banco e você terá apenas que assinar uns papéis para cancelar a sua conta conjunta com o doutor. Disse o bandido. Com medo que o sequestrador ficasse nervoso mais uma vez, Lary pediu permissão para falar.
— Mas para eu poder cancelar a conta precisarei da assinatura do doutor. Explicou o cientista timidamente. — Eu sei disso ou acha que sou idiota?! Lary segurou a vontade de responder, pois sabia que o doutor corria um sério risco, e se culpava pelo acontecimento, lembrando da discussão que tiveram horas antes.
— O seu amigo já assinou os papéis! Só precisamos de sua assinatura para transferir o dinheiro para a conta do doutor. Disse o bandido irritado. A ligação de apenas cinco minutos para Lary pareceu cinco horas, desesperado sem ter oque fazer, o cientista tomou uma cartela inteira de calmantes e acabou adormecendo em sua poltrona. No dia seguinte, por volta de oito da manhã um carro preto parou em frente ao seu condomínio, com dois homens dentro. Um deles desceu e foi em direção a portaria, o outro ficou esperando no volante. Quando o homem entrou no apartamento e foi subir as escadas o porteiro passou na frente e o barrou.
— Oque o senhor deseja? Perguntou o porteiro desconfiado. Sem graça com o ocorrido o homem pensou, olhou para fora e logo inventou uma mentira.
— Estou indo no apartamento do doutor Lary sou fã dele e queria um autógrafo. Explicou descaradamente o bandido. O porteiro não acreditando na conversa do homem ligou para o apartamento de Lary, mas ninguém atendeu, pois o cientista ainda estava dormindo por causa dos calmantes que havia tomado. Depois de dez minutos tentando, o porteiro ficou preocupado e pediu para ver oque tinha acontecido com o doutor. Depois de muito bater a porta, Lary acordou atordoado e atendeu o porteiro ainda bocejando de sono.
— Oi Pietro! Oque deseja? Perguntou Lary ao porteiro. —Desculpa de acordá-lo senhor, mas tem um homem lá em baixo querendo falar com você. Respondeu o porteiro.
— Um homem? Mas eu não estou esperando nenhuma visita! — Suspeitava, deve ser algum ladrão querendo invadir o seu apartamento. Bem que desconfiei daquela conversa fiada dele, que era seu fã e precisava falar com você e com o doutor Lariech. Quando Lary ouviu o porteiro falar de Lariech, ele despertou do sono e correu para olhar que horas era exatamente, vendo que já era nove da manhã se desesperou e pediu ao porteiro para mandar que o homem esperasse, que ele já ia descer. Com medo do que poderia acontecer, o cientista pegou um revólver que tinha ganhado do doutor para proteção pessoal e o colocou debaixo da camisa, como não usava a arma só tinha uma bala, que com a pressa que estava colocou a no bolso. Desconfiado daqueles dois homens, o porteiro fazia diversas perguntas com o objetivo de descobrir algo, irritando o bandido que já estava perdendo a paciência, quando Lary desceu as escadas e entrou no carro acompanhado do homem, sem dizer nada de cabeça baixa. No caminho até o banco, o cientista ficou calado, com muito medo que alguma coisa saísse errada e acontecesse uma tragédia, pois a vida de seu amigo estava em jogo, o que fez só ouvir as ordens dos homens. Chegando ao banco o cientista desceu sozinho sem olhar para trás e entrou sendo recebido por um funcionário,
explicando do que se tratava, o processo de desfazer a conta conjunta logo se concluiu com a assinatura do doutor. Antes de os papéis assinados serem impressos, Lary pediu ao funcionário que tirasse uma cópia para ele, mesmo estranhando o pedido do doutor, o homem obedeceu e o entregou a cópia do documento. Os bandidos ficaram esperando no carro atrás de uma árvore, nisso passou uma viatura da polícia na rua, logo os homens se abaixaram para não serem vistos pelos militares, pois estavam sendo procurados por cometerem crimes. Depois do susto, os criminosos já estavam impacientes com a demora do cientista, mas não queriam correr o rico de sair do carro e serem reconhecidos por algum vigilante do banco, que haviam roubado dias atrás. Saindo do banco, Lary desconfiou que estava sendo observado por um homem, mas como tinha pressa correu esbarrando nas pessoas e entrou no carro. Entregou a cópia dos documentos para os bandidos, comprovando que havia assinado os papéis. Um dos vigilantes reconheceu o carro dos bandidos pela placa e veio em direção a ele, percebendo que o guarda estava vindo o homem acelerou e deu ré saindo a toda velocidade, o guarda ainda tentou acertar um tiro no pneu do carro mas por azar a bala atingiu o chão. Uma hora depois os homens chegaram ao local que serviria de cativeiro para Lary, o lugar era deserto rodeado de árvores, com poucos terrenos ocupados, dando pra contar nos dedos quantas casas havia naquele lugar. Um dos sequestradores saiu do carro e gritou em direção a uma casa, protegida por uma mata virgem, nisso um suposto homem saiu e deu sinal ao bandido, virou as costas e pegou algo no chão parecido com uma ponta de corda e a puxou, nisso abriu um caminho no centro do matagal, deixando o cientista de boca aberta. Descendo do carro acompanhado pelos bandidos, Lary percorreu o caminho de terra que havia aberto no matagal. De frente com o cativeiro, Lary sentiu um frio na barriga, o medo tomou conta de seu corpo que começou a tremer sem poder dar um passo, sua respiração estava acelerada estava entrando em estado de pânico, até que um dos bandidos covardemente deu um chute em suas costas o jogando para dentro da casa. Caído ao chão por causa do chute, o cientista tentou se acalmar e levantou devagarinho, quando olhou para o lado viu o Dr. Lariech com as mãos para trás de cabeça abaixada, preocupado que seu amigo estivesse machucado Lary correu para ajudá lo.
— Doutor! Você está bem? Perguntou o cientista. Antes que o doutor pudesse responder, um dos homens correu e puxou Lary jogando o no chão.
— Para deixa ele! Gritou Lariech para o homem. Nisso o outro bandido deu um chute no estômago do doutor fazendo o gritar de dor.
— Amarram ele! Não quero ver as mocinhas se agarrarem na minha frente. Deu ordem o homem que parecia ser o chefe dos outros. Depois de amarrarem as vítimas, os bandidos começaram a zombar dos doutores rodando os revolver no dedo, fazendo ameaças a todo momento e agredindo os homens com chutes em suas pernas para amedrontá los. O desespero tomou conta de Lary pois não poderia reagir com as mãos presas, sem poder alcançar sua arma, além disso teria que colocar a munição que estava no seu bolso o jeito era esperar a hora certa; depois de muito tempo aguentando a tortura psicológica os homens se cansaram e foram dormir deixando um deles acordado sentado em frente a porta para vigiar as vítimas. Aproveitando que ninguém estava por perto, Lary começou a conversar com o doutor em um tom de voz baixo.
— Doutor, escuta! Disse Lary cutucando seu amigo. — Oque foi? Perguntou o doutor quase que cochichando de cabeça baixa. — Temos que reagir, esse é o momento de escaparmos daqui. — Do que você está falando?
O homem que estava na porta virou se em direção ao cientista que fingiu esta dormindo, não percebendo nada de errado voltou a dormir. Passado o susto Lary deu um tempo para retornar a conversa.
— Eu estou armado doutor, aquele revolver que o senhor me deu de presente trouxe o comigo. Só precisamos sair daqui sem que sejamos vistos porque só tenho uma bala, não podemos falhar. Contou ao Lary. O cientista se preocupava em como se desamarrar das cordas que estavam com nós muito fortes, se retorcia para um lado pro outro mas não adiantava parecia algemas de tão forte que estavam, quando já estava desistindo, Lary viu o doutor se desamarrar das cordas facilmente, espantado com tanta agilidade ficou de boca aberta sendo livrado em seguida. Logo os dois se levantaram e foram em direção a porta bem devagar para não acordarem nenhum dos homens, o cientista virou a maçaneta mas a porta estava trancada, tentou abri la com um arame que pegou do bolso mas não teve sucesso, então olhou para o homem roncando e viu a chave caída no chão aos seus pés, se agachou para pega la nisso algo caiu de seu bolso, era a bala que tinha guardado do revólver atingindo o chão fazendo barulho suficiente para acordar o homem que olhou para ele.
— Perdeu doutor! Queria fugir né covarde! Gritou o bandido. Imaginando que os outros homens poderiam acordar a qualquer momento Lariech reagiu chutando a mão do bandido que segurava a arma fazendo a cair ao chão, nisso o cientista pegou a bala e sacou seu revólver rapidamente apontando para o homem. Escutando o barulho da confusão os outros homens que estavam no quarto aos fundos correram para ajudar o colega, quando Lariech atirou em direção a eles fazendo os voltar para trás, os dois homens precisavam sair dali logo antes que se transformasse em um verdadeiro tiroteio.
— Corre Lary! Abre a porta rápido! Muito nervoso Lary tremia para abrir a porta com uma mão na maçaneta e a outra segurando a arma que apontava para o bandido desarmado, conseguido abrir a porta o cientista se virou para correr, o homem se aproveitando da distração pulou nas costas dele o empurrando para fora, percebendo o risco que seu amigo corria o doutor atirou nas costas do criminoso um tiro certeiro matando o na hora. Sem ter tempo para pensar o doutor saiu da casa e correu junto com seu amigo para o fundo do quintal rodeado de árvores não havia como pular o muro que era alto oque fez os dois voltarem mas os homens estavam formaram uma barreira impedindo a fuga, sem opção o cientista e o doutor se jogaram no matagal, rolando ate chegar a rua, machucados demais para correr Lary viu o carro dos bandidos estacionado e tentou entrar mas não tinha a chave tendo que ir a pé mesmo. A rua estava deserta, não tinha casas naquele lugar parecia que era interior o que só apavorava os dois amigos porque não conheciam aquela região portanto não saberiam para quem pedir ajuda, o jeito era fugir para bem longe dali antes que os homens os alcançassem. Depois de se distanciarem do local Lary não aguentava mais de cansaço oque fez ele desabar ao chão sem forças para continuar a caminhar.
— Levanta Lary! Por favor precisamos continuar andando! Pediu o doutor tentando levantar o amigo caído. — Não consigo, minhas pernas! — O que tem suas pernas? — Meu corpo, não sinto minhas pernas, nem meu corpo! Disse Lary com uma aparência de apavoramento. Com uma expressão de delírio o cientista adormeceu, com a cabeça apoiada no colo do doutor, que por estar também fraco sem comer ha um dia naquele cativeiro não tinha forças para levar seu amigo para algum lugar, até que uma mulher viu oque estava ocorrendo e ofereceu ajuda, junto com ela veio dois homens que levantaram Lary e o
levaram para o hotel do outro lado da rua. O hotel era bem sofisticado, tipo cinco estrelas, a mulher aparentava ser bem poderosa, com uma aparência bonita com um corpo escultural, cabelos loiros com uma voz doce e acompanhada de dois seguranças vestidos de terno e gravata. Chegando no hotel os homens engravatados levaram o cientista para um quarto e o deixaram descansar, o local não era só bonito por fora mas também em seu interior, o doutor se surpreendeu com a decoração, com os elevadores modernos, e as escadas caracóis toda decorada de brilhantes, além de ter uma recepção totalmente refinada com um porteiro bemvestido com uniforme do hotel. Enquanto o cientista descansava no quarto, Lariech acompanhava a moça no jantar conversando com ela muito entretidos como se fossem amigos de décadas. Galanteador como era o doutor tentou mostrar ao máximo como era cavalheiro, usando seu talento de sedução com seus modos de educação surpreendendo a mulher a cada instante.
— Então você é o famoso doutor Lariech que criou o remédio Recnac? Perguntou a dama. — Sim senhora! Antes que continuasse falando a mulher interrompeu o doutor. — Senhora não, pode me chamar de Lisa! — Ah desculpa Lisa. Então continuando, Lary e eu somos os criadores do Recnac! — E qual foi o objetivo de criarem o remédio, foi só para salvar vidas? Perguntou Lisa. — Sim essa é a missão da biomedicina! — Claro, e fico honrada de estar jantado em sua companhia, ceando com um herói. — Que isso a honra é minha de estar ao lado de uma dama tão delicada e linda como você. Disse o doutor olhando profundamente nos olhos da mulher, que abaixou a cabeça envergonhada. Depois de receber mais uma cantada a mulher ficou tímida e terminou a refeição sem disser absolutamente nada, Lariech percebendo o clima fez silêncio por um tempo retornando a conversa no caminho para seu quarto, onde a moça o levou para conhecer o local.
— Então senhor Lariech esse é o seu quarto fique à vontade, se precisar de alguma coisa acione o serviço de quarto que lhe serviram. Tudo bem, dúvidas?! Perguntou Lisa. — Sim! A dama poderia me fazer companhia para tomar um café?! — Mas está muito tarde, não quero atrapalhar o sono de seu amigo. Disse a moça tentando recusar o convite. — Desculpa me não mereço mesmo sua companhia, só foi um pedido de um ilustre admirador. — Ei! Que isso só não quero incomodar, mas tudo bem eu aceito! Abriu um sorriso no rosto a dama. Preparado o café Lariech serviu a moça iniciando a conversa sobre assuntos que ambos adoravam, política e cinema. O doutor começou a contar a história de sua família, com a intenção de surpreender Lisa.
— Mas qual foi o motivo de não seguir a carreira de político? Sentado ao sofá de frente com a moça em uma outra poltrona, o doutor tentava fazer o possível para expressar todo seu charme, percebendo isso Lisa ficava numa situação desconfortável com aquele assédio.
— Quando eu era menino ouvia muito meu pai falar de política, ele tinha orgulho de o pai dele ter sido prefeito da cidade de Nova Iorque. Mas como ele seguiu a profissão de soldado acabou que decepcionando seu pai, sabendo disso eu e meu irmão resolvemos servir ao exército para nosso pai se orgulha da nossa pessoa. Só que aí descobri que eu não queria matar pessoas e sim curá las, claro que um soldado é importante para seu país mas eu sabia que não conseguiria ser um deles, e optei por entrar na parte de medicina trabalhando como enfermeiro. Conto o doutor. — Ah entendi, mas que bom que seguiu a carreira de medicina, pois hoje o você é o
biomédico mais famoso do mundo e também o mais milionário! Lisa pensava que o doutor estava rico, oque ela não sabia é que ele tinha sido sequestrado e perdido toda a fortuna que recebeu, temendo que a moça não gostasse dele depois que soubesse do ocorrido, o doutor mudou de assunto. Passadas longas horas de conversa acompanhados de um belo vinho pedido pela moça, Lisa já estava cansada, querendo descansar se despediu do homem.
— Bom já é tarde doutor e tenho que ir descansar, adorei a noite e amei conversar com você! Disse a moça agradecendo o doutor. — Eu que fico contente de ter ficado com você o dia inteiro, obrigado Lisa! Antes de Lisa partir o doutor agarrou a mão dela fazendo a voltar beijando a, um beijo roubado que alegrou a moça que se agarrou nele se entregando aquele momento de amor, o casal apaixonado ficou abraçado no corredor do último andar até serem vistos por um funcionário da limpeza que fez barulho com uma vassoura que caiu no chão, fazendo a mulher sair dos braços de Lariech rapidamente, oque intrigou o doutor.
— É… entendi doutor, depois o senhor me informa se seu amigo melhorou! Muito sem graça ainda com o flagra que foi pega pelo faxineiro a mulher desceu os elevadores sem se despedir direito do homem deixando sem entender nada do que estava ocorrendo, confuso com a reação da moça, o doutor voltou para seu quarto pensando sobre o fato. Naquela noite Lariech não dormiu direito, ficou cuidando de seu amigo a noite toda, rezando por ele e pensando sobre o beijo que deu em Lisa um momento que não conseguia esquecer. No dia seguinte o doutor foi acordado por Lary que já estava de pé as sete horas da manhã como de costume.
— Hã oque houve?! — Doutor aonde estamos? — Estamos em um hotel! Respondeu o homem levantando da cama. — Um hotel?! Mas como viemos parar aqui?! — Eu já te explico Lary deixa eu me lavar primeiro! Quando soube do que aconteceu Lary ficou aliviado por ele e seu amigo se salvarem dos sequestradores, mesmo sabendo que não era mais um milionário, oque surpreendeu o doutor.
— Como assim?! Nós perdemos tudo, estamos pobres, não temos dinheiro nem para pagar a conta desse hotel! — E você fica feliz como se não estivesse acontecendo nada! Disse Lariech indo para a cozinha nervoso. Seguindo o doutor Lary começou a se irritar por causa da reação de seu companheiro de trabalho.
— Fale mais baixo doutor, alguém pode nos ouvir, pare de escândalo! — Ah você também me tira do sério! Nós estamos em uma situação complicada sem dinheiro, e você preocupado que eu não faça um escândalo, pra que fizemos o Recnac então?! Pra ficar na miséria! Disse o doutor nervoso com seu amigo, sentando em uma poltrona bem confortável na sala, deixando Lary sozinho novamente agora na cozinha. — Não acredito que esteja dizendo isso, criamos o Recnac para salvar vidas, já te falei que o dinheiro não significa nada! Com vergonha do que havia dito, o doutor tentou se acalmar para retomar a conversa.
— Eu sei Lary que salvar vidas é nosso objetivo, me desculpe mas é que fico nervoso por aqueles marginais estarem agora usufruindo de nossa fortuna! — Sim te entendo, também estou revoltado com o que aconteceu, mas o importante é que temos a fórmula do remédio e produziremos mais, prometo que vamos resgatar duplicar nossa fortuna, além de curar milhares de pacientes com câncer! — Você está certo, sem seus conselhos não seria oque sou hoje! Obrigado Lary por ser meu amigo.
Feliz por ser elogiado pelo doutor Lary abraçou seu amigo e se sentou para continuar a conversar.
— Tenho uma novidade para te contar! Disse Lariech se arrumando na poltrona. — Qual?! Fala que já estou ficando curioso! — Ontem você tinha desmaiado no meu colo enquanto fugíamos daqueles bandidos, nisso uma moça bonita viu a situação em que nós se encontrávamos e chamou dois seguranças dela para levá-lo para esse hotel. Enquanto você descansava, a mulher me convidou para jantar com ela, depois do jantar conversamos um pouco sobre assuntos pessoais e outros diversos, mas Lary você não imagina como essa mulher é linda e claro que não deixaria essa oportunidade passar né, me arrisquei a seduzir ela com meus elogios e minha cavalheirice, observador como sou percebi que a moça estava tímida a cada elogio que dava a ela, aí só precisei do momento certo para beija la! — E beijou ela?! Perguntou o cientista interessado na conversa de seu companheiro. — Lógico! Ela me pareceu que adorou porém fiquei intrigado com uma coisa. — Oque?! Perguntou Lary. — Enquanto nos beijávamos o faxineiro passou no corredor e quando ela percebeu que havia alguém além de nós no local simplesmente se afastou e fingiu falar sobre você descendo pelo elevador em seguida! — Ah Lariech vai ver a moça e reservada e não quer que seus funcionários saibam sobre sua intimidade. — É pode ser! — Mas mudando de assunto quanto que ela cobrou por ontem? Perguntou Lary. — Não conversei ainda com ela sobre isso, até porque ficamos a tarde toda entretida um no outro. — Nossa! Então ela não sabe que fomos sequestrados e perdemos tudo?! — Não, eu tive medo que ela negasse hospeda lo aqui, como eu sairia com você daquele estado que estava?! Disse o doutor se levantando. — É o senhor está certo, felizmente já estou bem então agora temos que contar a verdade e tentar uma negociação com ela. — Sim, vou pedir ao porteiro que chame ela aqui! Nisso Lariech pegou o telefone que tinha pendurado na parede e ligou para o homem que avisou que a moça subiria dentre alguns minutos. Sendo avisada que os homens queriam falar com ela, Lisa se arrumou o mais rápido possível, penteou os cabelos loiros longos, passou um batom na boca não muito chamativo mas que valorizava seus lábios pequenos e delicados, e vestiu um vestido preto tornando a uma mulher sedutora com esse conjunto todo de beleza, sua intenção era de surpreender o doutor que estava esperando, depois do beijo que recebeu dele Lisa se apaixonou, pensava nele o tempo todo fazendo planos, para o suposto futuro dos dois. Em menos de dez minutos a moça estava na porta dos homens, Lary já estava a espera atendendo a dama com total educação.
— Oi! Pode entrar, e obrigado pela hospedagem! Agradeceu o homem beijando a mulher no rosto. — Ah que isso é um prazer! De pé ao canto da sala Lariech olhou para a mulher entrando e foi cumprimenta la, puxando em seguida uma poltrona para ela se sentar.
— Então Lisa, eu e Lary chamamos você aqui para conversarmos sobre ontem! Disse o doutor se sentando em frente a moça. — O.k. mas sobre oque querem falar de ontem? Perguntou a moça assustado pensando que o homem falaria sobre oque ocorreu entre os dois. — Primeiramente agradecemos por ter nos ajudado oferecendo seu belíssimo hotel para se hospedarmos! — Ah tudo bem sempre é bom ajudar as pessoas!
— E como não sabemos o custo do aluguel do hotel, a senhora poderia nos informar quanto estamos devendo?! — Bom em primeiro lugar não sou senhora pode me chamar de Lisa! Ou pareço ter tanta idade assim?! Disse Lisa corrigindo o cientista. — Não! Desculpa é que são modos de educação elementares apenas que uso, é costume. Se desculpou o homem meio desenxavido com a bronca recebida pela dama. — Tá só não repita! E em segundo, dependendo de minha parte os senhores poderiam partir sem pagar absolutamente nada, mas o problema é meu marido ele é muito chato, o dinheiro dos clientes vai tudo para ele ao fim da noite e se perceber que há alguém devendo o homem vira uma fera, um dia a ele me agrediu por eu ter permitido que dois andarilhos dormissem em um quarto que não estava ocupado. Contou Lisa com uma expressão triste por lembrar de seu marido. — Nossa ele parece ser bem violento! E porque você nunca denunciou ele Lisa?! — Por que tive medo que a polícia não o prendesse e aí ele poderia se vingar como já fez das outras vezes. — Oque ele fez das outras vezes?! Perguntou o doutor se aproximando da mulher. — Vou explicar, quando eu tinha quinze anos meu pai trabalhava na roça, eramos uma família pobre sem oportunidades para trabalhar em outros lugares esse meu marido era nosso patrão, ele tinha uma empresa de cana-de-açúcar que hoje não pertence mais a ele, meu pai trabalhava doze horas por dia para poder sustentar eu e meus irmãos mas o salário que recebíamos era muito pouco e nem a família inteira ajudando não tínhamos uma boa renda para ter uma vida de conforto, por isso aguentávamos as humilhações que esse troglodita fazia sobre nós, sem ter para onde correr e se conseguíssemos fugir naquela época morreríamos de fome ou seríamos escravos de outras fazendas. — Nossa Lisa sinto muito. Disse Lary. — Tudo bem Lary já passou, hoje estou melhor com uma vida confortável! — Será que está?! Perguntou Lariech se aproximando da mulher. — Oque você quer dizer com isso?! — Como que você está bem, casada com o homem que tornou o seu passado um pesadelo?! Um silêncio resistiu por um tempo depois da pergunta, Lisa ficou sem resposta mas como amava o doutor ela resolveu contar o resto da história quem sabe ele poderia ajudá la.
— Eu não devia falar até porque não tenho o direito de envolver vocês em meus problemas, mas já que me perguntou vou responder! — Fala, pode confiar em nós Lisa e se tivermos condição podemos te ajudar. Disse Lary. Tá bom, teve um período que meu pai estava doente, pois o coitado comia pouco para poder deixar comida para meus irmãos, eles ainda eram crianças e mesmo trabalhando na lavoura o infeliz de meu marido não pagava nada a eles, nisso eu me tornei uma mãe cuidando de cada um, dividindo minha refeição, meu tempo de descansar para brincar e entre outras coisas. Mas enfim sabendo que meu pai não poderia mais trabalhar, um guarda da fazenda pegou sua espingarda e colocou meu pai na parede e … A mulher começou a chorar por relembrar da morte de seu pai, soluçando sem conseguir continuar. — Desculpa Lisa não precisa continuar esquece. Disse o doutor se ajoelhando perto da moça preocupado. — Não Lariech vocês precisam saber sobre esse monstro que se diz meu marido! — Lary, pega um copo de água pra ela por favor! — Pode deixar doutor! Obedeceu Lary. Lariech se levantou e abraçou a moça pedindo para ela se acalmar, ficaram abraçados até o cientista chegar com o copo de água.
— Toma Lisa, bebe e tenta ficar calma tá! — Vou tentar, obrigado! A moça pegou o copo agradecendo a preocupação dos dois novos amigos. Um pouco mais calma a mulher enxugou as lágrimas ajeitou o cabelo,
respirou fundo e tentou retomar a conversar novamente.
— Tem certeza que quer continuar Lisa?! Perguntou Lary. — Sim, mas com uma condição! — Qual?! Perguntaram ambos os homens. — Que me ajudem a sair daqui, não quero mais viver com meu marido! — Será um prazer Lisa! Disse o doutor. — Tá bom então, retomando ao assunto um guarda de meu marido matou meu pai com um tiro na cabeça, não sei quem é mais cruel oque assassina ou oque manda matar! Eu presenciei a morte de meu pai uma cena que nunca mais saiu da minha mente, todas as vezes que aquele sujeito nojento se aproxima de mim eu sinto ânsia, medo e revolta mas hoje pretendo me libertar desse demônio que casou comigo! — Mas Lisa não entendo uma coisa nessa história! Disse Lary —Oque?!
— É que ele foi um monstro na sua vida, mandou matar seu pai e você ainda casou com esse bandido! Lary estava confuso procurando a razão de uma moça tão linda estar casada com um marginal.
— Sabe Lary eu as vezes tento encontrar a razão de estar ainda com ele, mas acho que é por covardia e por interesse também! — Interesse?! — Sim interesse, quando tinha quinze anos era uma menina inocente criada na roça que sonhava em ter uma vida melhor, por causa dessa esperança infeliz casei com meu patrão na época que me iludiu com palavras e amor, prometendo que viveríamos em Nova Iorque e lá seria meu paraíso, e hoje vivo nessa cidade bem longe de Nova Iorque mas bem perto do meu próprio túmulo! — Como assim, túmulo?! Perguntou Lariech. — Não sei se vão acreditar mas meu marido mandou construírem um túmulo para mim, ele tem meu nome e um lugar para colocar a minha foto pra quando eu morrer. — Nossa, que mente perturbada tem seu marido, mas qual o propósito dele com isso?! — Me ameaçar é óbvio! Um dia fiz minhas malas para sair de casa porque ele havia me agredido, pra me impedir ele pegou um facão que costuma guardar embaixo da camisa puxou os cabelos me levando até meu túmulo ainda em construção, sem ao menos ter piedade me jogou no buraco que tem uns dois metros de altura e me deixou lá por três horas sozinha sem ninguém pra me ajudar! — Meu Deus! — Lisa você precisa sair daqui, se não esse covarde ainda vai te matar! Disse Lariech. — Sim eu sei disso, vocês podem me ajudar?! — Claro!! Disse os homens A conversa foi interrompida por uma pessoa que estava tocando a porta, de um jeito meio agressivo oque assustou os jovens.
— Quem será que é, vocês estão esperando alguma visita? Perguntou Lisa. — Não! Responderam. A pessoa continuava a bater insistentemente, obrigando a própria moça a atender. Quando abriu a porta Lisa se assustou vendo que era seu marido, desesperada ficou pálida sem ter oque falar, apenas permitindo a passagem dele.
— Lisa, oque está fazendo aqui?! — Eu, é… A moça não teve palavras para responder o homem, que entrou na casa sem pedir permissão caçando algo de errado. — Eu explico senhor, é que sua esposa veio nos cobrar sobre oque estamos devendo no hotel! Disse Lary. Sem querer Lary se complicou com aquelas palavras pois salvou Lisa mas esqueceu que não tinha como pagar a conta, correndo o risco de ser morto pelo marido da mulher.
— Ah propósito era disso que queria conversar com vocês! — É mesmo que coincidência né, também queremos conversar sobre o mesmo assusto. Disse o cientista se afastando do homem. — Hum, então qual a forma de pagamento?! Vocês estão devendo quatrocentos dólares mais os juros se não me pagarem agora mesmo! Cobrou o homem colocando o dedo na cara de Lariech que estava apoiado na poltrona. — O senhor aceita cartão?! — Não!! — Que bom porque não trouxemos cartão! Disse Lary, zombando do homem. — Por acaso o senhor está me gozando?! Por que se ousa me fazer de palhaço eu te mato aqui mesmo seu inseto! — Ei Frederiech para com isso! Disse a moça segurando seu marido. Afastando o homem de cima de Lary, a mulher pegou a poltrona dando para seu marido se sentar, oque só revoltou Lariech presenciando o medo que Lisa tinha por aquele bandido.
— Chega de palhaçada vamos resolver isso de uma vez por todas! Disse o doutor se sentando na outra poltrona encarando o velho. — Oque queremos lhe dizer senhor Frederiech, é que não temos dinheiro para pagar essa conta e mesmo que tivéssemos não pagaríamos! — Oque você disse seu miserável?! Agora eu te mato!! Nisso o velho tirou o facão de sua cintura e golpeou o homem que mais rápido se desviou e pulou do sofá.
— Para com isso Frederiech! Pediu a moça desesperada, mas o homem não se inquietava correu ao telefone e ligou para o porteiro. — Alô!! Me ouve Pietro, eu quero que você chame todos os seguranças desse hotel que estiver disponível e me traga para o apartamento duzentos e sete! — Mas doutor só temos quatro seguranças hoje aqui! Disse o homem do outro lado da linha. — Mande eles então, estou sendo reféns de dois bandidos aqui! — Pode deixar senhor. Disse o porteiro desesperado com a notícia. — Pronto agora vocês estão mortos, hahaha! Gargalhou o velho sarcasticamente. Como não havia outra saída Lary Pegou seu revólver debaixo da camisa e apontou para o velho, obrigando ele a se render.
— Vamos velho, mande seus seguranças voltarem, agora se não eu te mato! Ameaçou o cientista com a arma na mão. — Você não é homem para fazer isso! — Quer pagar pra ver, nos tira daqui agora! Com medo que Lary cumprisse a palavra, Frederiech fingiu abrir a porta e rapidamente agarrou Lisa segurando-a com um braço entrelaçado em seu pescoço e em sua outra mão apontou o facão em direção a ela tornando a uma refém. O velho muito mais forte que a moça sufocava ela com seu braço, a moça só conseguia chorar tentando escapar das garras daquele homem feroz.
— Solta ela Frederich! Oque o senhor vai ganhar com isso?! Disse Lariech se aproximando. — Não tenho nada a perder, quando meus seguranças chegarem vão te matar e depois irá seu amigo, essa meretriz vai junto com vocês para o inferno!! Disse o velho pressionando o braço em Lisa deixando a sem ar. O doutor já estava impaciente com oque estava ocorrendo, não poderia reagir se não Lisa morreria, mas ficar olhando ela sofrer e esperar a morte seria um ato de covarde que nunca se perdoaria, até que alguém bateu à porta.
— Abra a porta seu marginal, se não teremos que arrombar!! — Calma gente já rendi esses dois imbecis, eu mesmo abro a porta! Disse o velho
iniciando uma conversa com os seguranças do outro lado da porta.
— Senhor Frederic é o senhor?! — Sim, sou eu! Acha que esses dois covardes conseguiriam me matar! Vou abrir a porta para vocês mas com uma condição! — Qual?!! Perguntaram todos os homens juntos. — Que atirem no que ver pela frente!! Desesperado com oque poderia acontecer Lary agiu espontaneamente apontou sua arma para o velho de costas encostado com a moça na porta e atirou, um tiro perfeito atingindo a cabeça do homem, na região da nuca, ouvindo o tiro, os homens começaram a chutar a porta tentando invadir o local.
— Corre Lary sai logo daqui com a Lisa! Mandou o doutor abrindo a janela. — Mas doutor é muito alto aqui! Disse o cientista olhando para a paisagem de fora da janela, se acovardando com a altura. — Vá logo eu cuido deles! Com os ruídos dos chutes na porta Lary se encorajou e pegou na mão de Lisa e pulou pra fora da janela numa laje estreita dificultando a fuga, um escorregão seria uma queda fatal.
— Lisa você consegue chegar ao quarto do outro lado? — Sim, mas Lary não quero abandonar o Lariech ele vai morrer! — Não se preocupe Lisa eu vou ficar para ajudá-lo a escapar! Prometo que dou minha vida se precisar! Deixando a mulher caminhar sozinha para o quarto, Lary voltou para trás cuidadosamente para ajudar o amigo. Voltando para o quarto Lary pulou pra dentro e pra sorte de ambos os guardas não haviam conseguido invadir, pois a porta era de uma madeira muito boa para evitar invasões de bandidos.
— Lary conseguiu levar Lisa até o outro quarto?! — Sim senhor, ela está segura! Doutor algum plano?! Perguntou o homem perto da porta também. — Nenhum, mas se nós não se vermos mais Lary, foi um prazer ser seu amigo. Posso te pedir uma coisa?! — Claro, pode falar! — Se você sobreviver cuida de Lisa pra mim! Pediu o doutor emocionado. — Tá, e se você ficar vivo salve vidas com o Recnac! — Pode deixar amigo, prometo! Depois de falar isso, Um tiroteio começou no lado de fora da porta, assustados com os tiros os homens recuaram, nisso a porta foi arrombada com dois homens invadindo o apartamento, pra sorte dos doutores eram dois policiais disfarçados, não sabendo que se tratava de policiais Lary passou em frente do doutor e começou a suplicar para salvá lo.
— Não por favor deixa meu amigo viver, me mata no lugar dele! Eu fui o culpado de tudo! Disse Lary. — Culpado de que?! Perguntou o policial guardando sua arma. — De tudo isso acontecer, fui eu que comecei a briga com seu patrão! — Que patrão?! Você sabe quem eu sou?! — É um dos capangas do Frederiech! Respondeu Lary estranhando os homens. Os homens começaram a rir de Lary, só pararam quando Lisa entrou no apartamento.
— Vocês sobreviveram! A moça correu para abraçar o doutor que estava no chão. — Lisa que bom te ver! Poderia me explicar quem são esses homens?! Disse o doutor apontando para eles. — Ah claro, são policiais que chamei para salva los! Enquanto você estava aqui com o Lary eu desci pelos elevadores e acionei a polícia da região que veio logo pois eles já estavam a procura de meu marido por outros crimes. — Ata mas obrigado Lisa por nos ajudar, mas como os bandidos não te viram descer?
— Fácil eu sou patroa deles pois eram seguranças desse hotel, aí eu disse que ia chamar reforços e desci! Ah que bom, você é muito inteligente hein! — Um pouco. Concordou Lisa se orgulhando. — Então quer dizer que esses homens não são bandidos? — Não, era isso que estávamos querendo contar para o senhor! Envergonhado com o ocorrido Lary ficou sem graça e levantou abraçando os homens que aceitaram o carinho fazendo todos rirem juntos no local. O corpo do velho foi recolhido pelo IML que levaram para o necrotério, vendo aquela cena Lisa se emocionou, mas foi forte e não chorou porque sabia o quanto que aquele homem o fez mal, e agora ela estava livre pra amar e recomeçar uma vida melhor. Amparada por Lariech a moça ficou mais calma, pois sabia que agora ela seria feliz com o homem que ama e receberia todo carinho que precisava, carinho que não recebeu ha dez anos de casamento.
— Obrigada Lariech por me salvar, obrigada por não desistir de mim! — Eu que devo agradecer por você chamar a polícia para nos salvar! — Era o mínimo que podia fazer! A moça era muito tímida mas de tão feliz que estava abraçou o doutor e deitou sua cabeça ao ombro dele. — Vou deixar os pombinhos sozinhos te espero lá em baixo doutor! Avisou. — Ta bom Lary daqui a pouco desço! O cientista desceu com os policiais conversando sobre o ocorrido até para poder adiantar a história que continuaria na delegacia. No apartamento agora só tinha Lisa e o doutor, aproveitando que ninguém estava por perto Lariech fez um pedido a moça.
— Lisa queria te confessar uma coisa?! — Oque Lariech, pode falar! — É que desde que nos beijamos não consigo te esquecer. Disse o doutor segurando a mão da moça. — Sério Lariech?! — Sim, e acho que encontrei você não por acaso, foi o destino que nos ligou! — Nossa isso é tão lindo, eu também te amo Lariech, estava com vergonha de dizer não tive coragem mas agora eu percebi que você me faz feliz, obrigado por tudo! O casal se beijaram mais uma vez oque deixou feliz ambos os lados, depois do momento romântico Lisa e o doutor sairão do apartamento ainda revirado pela bagunça e sujo de sangue por causa da confusão, na verdade eles tiveram sorte de sair logo dali porque a perícia estava chegando e levariam uma bela de uma bronca. Quando Lisa apertou o botão do elevador para descer houve um barulho muito forte como se fosse um tiro, o doutor assustado entrou logo no elevador preocupado com Lary que estava lá em baixo.
— Que foi isso?! — Eu acho que foi um tiro, tenho certeza porque quando estava na guerra aprendi a reconhecer esses ruídos de bala. Disse o doutor. — Nossa mas é impossível a polícia não daria tiros atoa! — Claro que não, poderia ter vindo de algum bandido, e se atingiram o Lary!! Lariech se desesperou, ficou nervoso até passar o tempo para chegar no primeiro andar. Lisa percebendo o nervosismo de seu amado, tentou acalmá-lo.
— Relaxa amor, você está se precipitando! — Não dá, eu sinto que algo de ruim está para acontecer. Não conseguindo acalmar o clima Lisa ficou quieta de mãos dadas com seu novo amor. Saindo do elevador Lariech avistou uma multidão rodeando algo desconhecido na calçada do hotel, o doutor logo deduziu que era um corpo e saiu correndo em direção ao local, deixando Lisa para trás. Brigando por espaço o doutor tentava identificar quem era o sujeito que estava morto, quando conseguiu um lugar olhou para a imagem do homem caído no chão com o peito sangrando, e o reconheceu no mesmo momento. Para sua infeliz realidade era Lary, sangrando demais, com todos aqueles curiosos ao seu redor, aquela imagem destruiu o coração do doutor, que amava tanto seu amigo.
— Chama a ambulância, rápido! O doutor sabia que Lary ainda estava vivo, oque o tranquilizava um pouco, mas o tiro atingiu em cheio o peito do cientista se não fosse para o hospital rapidamente poderia não resistir, pois muito sangue saia de Lary deixando o homem desesperado. A polícia ainda no local pediu para as pessoas se afastarem do corpo, revoltado com oque aconteceu com seu amigo, Lariech começou a indagar os policiais querendo uma resposta sobre o ocorrido.
— Quem foi o culpado por isso?! Quem é esse monstro?! — Calma senhor, não conseguimos identificar quem foi o autor do tiro! — Como assim seus incompetentes, estão querendo me dizer que o sujeito fugiu! — Incompetentes não, o senhor não pode falar assim comigo, isso é um desacato! — Desacato?! Eu falo do jeito que eu quero, pois não estou dizendo nenhuma mentira! — Eu devia te prender mais hoje estou em um bom dia se não você iria se hospedar em um quarto de portas de ferro! — Prende, pode me prender, seja homem! O doutor estava descontrolado se Lisa não chegasse a tempo, começaria outra confusão naquele dia tão conturbado.
— Calma amor, se controla está maluco de discutir com o policial, quer ser preso?! — Como eu vou me controlar Lisa se meu amigo levou um tiro e ninguém viu quem foi o marginal que fez isso! — Eu sei que é difícil pra você mas deixa que eu resolvo isso tá, agora você tem que cuidar de Lary. — Você está certa, vou no hospital com ele, enquanto isso tente descobrir alguma coisa sobre esse atirador misterioso, e depois vá no hospital pra me dar uma força! — Pode deixar amor! O doutor se despediu da moça com um beijo e foi junto com Lary na ambulância a caminho do hospital, enquanto isso Lisa convidou os policiais para conversar oferecendo um café, os curiosos voltaram para seus destinos deixando a rua quase deserta só com as viaturas interditando o local por causa do sangue de Lary no chão. Na ambulância Lariech rezava pelo seu amigo, que estava na maca recebendo os últimos cuidados para descer do carro indo direto para sala de cirurgia para a retirada da bala. Chegando no hospital os médicos foram rápidos desceram com Lary e o levaram para uma sala que já estava a sua espera com os cirurgiões e enfermeiros, o lugar Lariech já conhecia, no começo de sua carreira depois da segunda guerra mundial o doutor estava famoso por se destacar curando os ferimentos dos soldados rapidamente dando muita vantagem para seu exército. Porém mesmo glorificado por todos não poderia quebrar as regras e ficou de fora da cirurgia, aguardando na sala de espera, oque só deixou ele mais nervoso. Enquanto isso Lisa conversava com os policiais, para poder chegar a uma pista desse bandido misterioso.
— Senhora Lisa poderíamos verificar as imagens de suas câmeras de seguranças, talvez ela tenha flagrado o suposto atirador! — Claro que pode, mas eu posso lhe pedir um favor? — Pode falar! — O senhor poderia me chamar só pelo meu nome?! — Ah desculpa, me perdoe Lisa! — Tudo bem! Depois da bronca a moça levou os três policiais para a sala de segurança. Apesar de tímida Lisa era uma mulher muito corajosa, até por ter vivido tanto tempo com um homem grosso, e ter suportado tantas ameaças sem fugir esperando o momento certo, uma coisa que a irritava era chama la de senhora, linda como era odiava essas normas de respeito com ela, corrigindo até autoridades. Quando chegou na sala Lisa permitiu que os agentes investigassem as imagens, aí veio a surpresa.
— Lisa! — Oi, acharam algo de estranho?! — Não exatamente, só isso! Nisso o policial mostrou as imagens, a tela do monitor não transmitia nenhuma imagem, oque significava que as imagens haviam sido tiradas dali antes que alguém fosse ver.
— Lisa alguém esteve aqui além de nos hoje?! — Não, eu acho que não! — Mas quem era responsável pelas câmeras?! — Era os seguranças do meu marido. — Então é isso, um deles pode ter se escondido, e enquanto estávamos combatendo aqueles quatro, ele estava aqui e desligou as câmeras! Disse o outro policial ao lado da mulher. — Não pode ser, eu ouvi bem meu marido falar pelo telefone para nosso porteiro que chamasse os seguranças, e eu lembro que quando desci pelo elevador vi só quatro homens na porta, e lá em baixo só estava o Pietro! — Pietro?! — Sim, é o porteiro desse hotel! — Entendi, espera então ele deve saber sobre alguma coisa, vamos falar com ele! Os policiais voltaram para a portaria rapidamente mas não encontraram o homem. — Ué cadê o Pietro?! — Se você não sabe, nós muito menos! Você não protegeria seu funcionário né Lisa?! — Se ele estiver errado não, por acaso o senhor está suspeitando de mim?! — Não citei nomes, apenas estou fazendo meu trabalho! — Então faça seu trabalho direito, e fique à vontade no hotel para procurar o Pietro que eu tenho que ir no hospital, tchau! A moça saiu do hotel deixando os homens sozinhos, pegou um táxi que já estava a sua espera e partiu a caminho de encontrar Lariech. Os policiais se dividiram para procurar o homem. O hotel era grande mas com a experiência dos homens se alguém estivesse escondido ali eles achariam. No hospital Lisa entrou correndo desesperada para saber notícias sobre Lary, guiada pela atendente do local a mulher chegou a sala de espera onde o doutor estava aguardando a cirurgia ser finalizada para receber uma informação do médico, Lisa vendo seu amado não disse nada apenas o abraçou por minutos com a intenção de acalmá-lo.
— Então amor alguma informação sobre Lary?! — Nenhuma ainda, a cirurgia já deve estar terminando! — O jeito é esperar! A moça se sentou ao lado do homem, ficaram de mãos dadas esperando a cirurgia acabar. Depois de uma hora, Lariech já adormecendo no ombro da moça, o médico em fim entrou na sala.
— Oi gente! — Doutor, e aí como foi a cirurgia?! Lariech estava com medo da resposta e agarrou a mão de Lisa que estava ao seu lado. — Foi um sucesso! Ouvindo oque o médico tinha falado, o homem abraçou Lisa e depois fez o mesmo com o doutor, aliviado por seu amigo escapar de mais uma. — Obrigado doutor, agradeça por mim a sua equipe! — Que isso doutor Lariech fico até sem graça de receber elogios do melhor médico atualmente, e sempre foi né pra mim o melhor, algumas pessoas podem ter esquecido mas eu não, lembro da sua glória na época da segunda guerra você é minha maior inspiração profissional! — Obrigado por lembrar de mim doutor acho que o senhor é o único, pois todos me abandonaram, nunca mais estive em alta em lugar nenhum! Disse o doutor triste por relembrar de seu passado.
— Mas agora você está de volta com o Recnac e vai reconquistar seu publico! — Sim, Lary e eu vamos mostrar pro mundo nosso talento na medicina! O homem orgulhoso e feliz ao mesmo tempo pela cirurgia e pelo reconhecimento de um fã, abraçou Lisa e o médico mais uma vez, ficando os três juntos no meio da sala comemorando.
— Ah já ia esquecendo de avisar que se um de vocês quiserem ficar aqui essa noite, sinta se a vontade, só não pode entrar no quarto do paciente Lary, pra não interromper o sono dele. — Eu fico! Gritou logo o doutor. — Não Lariech eu fico, você precisa descansar! — Mas eu estou ótimo! — Está não, você tem que depor ainda, me ouve! Lariech não concordava com a mulher, queria ficar perto de seu amigo, porém estava muito cansado e obedeceu Lisa.
— Fica tranquilo doutor, seu amigo terá alta amanhã mesmo! — Obrigado, só tenho que agradecer ao senhor e sua equipe. Lisa já vou, esse é meu número de celular, qualquer problema me liga que eu venho, cuida bem de Lary. — Pode deixar amor, descansa e se cuida também, eu deixei um dinheiro pra você na gaveta do apartamento, vá para esse endereço, e não se preocupe que o táxi e a hospedagem já está tudo pago. — Obrigado Lisa. Depois de beijar a moça, Lariech saiu da sala junto com o médico que o acompanhou até a recepção, na saída como havia dito a moça um táxi o esperava, onde partiu para o endereço escrito no papel. Chegando no endereço indicado, o homem desceu do táxi e se surpreendeu com a imagem que estava vendo, o hotel que Lisa recomendou tinha uma faixada luminosa com duas letras L brilhando e cinco estrelas abaixo delas, as portas giratórias que Lariech só havia visto em lojas de Nova Iorque, com símbolos muito bem desenhados em seus vidros representando também o par de L. Impressionado o doutor entrou meio tímido, curioso esperando saber como era no interior daquele lugar, já na entrada Lariech foi recebido por um atendente vestido com um belíssimo terno preto com gravata vermelha.
— Oque o cavalheiro deseja?! — É eu queria me hospedar no quarto desses sete! — Como é o nome do senhor? — Lariech Washington! — Pode ir para o seu quarto aqui esta a chave, esse cartão aqui tem o número de Deliverys da região se desejar pedir algo que não encontre aqui é só acionálos. — Obrigado, é não querendo incomodar, o senhor poderia me informar se esse hotel pertence a Lisa?! — Lisa Lins, sim porque? — Nada não é que sou muito amigo dela, Tchau obrigado novamente! — Nada. O funcionário estranhou a pergunta, porém voltou ao trabalho. O quarto disponível para o doutor era gigantesco, Lariech adorava luxo mas não estava acostumado com tanta riqueza em apenas um lugar, lembrando do aviso de Lisa o homem foi conferir se o dinheiro estava mesmo na gaveta do móvel, confirmado sua dúvida Lariech foi para a cama descansar, fazia três dias que não dormia direito. Quando se deitou as lembranças do que ocorreu, o sequestro, as ameaças e as agressões sofridas pelos sequestradores incomodava o sono do doutor, que se revirava a noite inteira tendo pesadelos, dentre muitos um deles mais o assustou, o homem se encontrava em um cemitério, ajoelhado diante de um túmulo, quando parecia que o pesadelo ia acabar Lariech via o nome de Lary no jazido, oque o apavorou acordando gritando o
nome de seu amigo, os gritos cessaram quando o celular tocou despertando o homem que atendeu a ligação.
— Alô?! — Oi, queria falar com o doutor Lariech Washington! — Está falando com ele, do que se trata?! — É do hospital Fleming Usa, o senhor poderia vir até o hospital agora mesmo! O doutor estranhou mas deduziu que se tratava de Lary, oque o preocupou. — Oque houve com Lary o estado dele piorou, a alta médica será adiada?! — Desculpe senhor não posso te informar mais nada apenas peço que venha para o hospital rapidamente! — Tá bom estou a caminho! O doutor já desconfiava do que se tratava, pois também era médico e sabia que quando um paciente falecesse nenhuma informação poderia ser transmitida por telefone, pra não correr o risco de causar pânico nos familiares. Desesperado com o que previa Lariech pegou o dinheiro na gaveta, uma mera infeliz coincidência de Lisa ser tão prevenida, penteou os cabelos grisalhos, colocou seu tradicional terno preto e correu para pegar um táxi para ir ao hospital. O trajeto inteiro o doutor pensava na condição de Lary morrer, temia que isso acontecesse, amigos desde infância companheiros de trabalho, viveram uma vida inteira como verdadeiros irmãos, não podia perde lo, se isso acontecesse a dor seria imensa, mas como era muito religioso começou a rezar sendo otimista até descobrir o de certo aconteceu. Já no hospital Lariech entrou correndo, esbarrando nas pessoas, quando tentou entrar na sala em que Lary estava descansando foi barrado por um segurança.
— Desculpe senhor mas você não tem permissão para entrar nesse local! — Mas meu amigo está aí preciso saber oque houve com ele! — Entendo sua preocupação mas não posso senhor! O doutor resolveu não resistir mas voltou atrás tentando convencer o homem.
— Se o senhor me permitir entrar eu te pago um salário melhor em um hospital que vou construir, eu sou o inventor do remédio Recnac, estou milionário pense bem! — Eu conheço o senhor, te admiro mas não preciso de outro local de trabalho, o senhor não me compra! Nervoso com o guarda o doutor insistia em querer entrar, tentou passar a força mas o homem o segurou.
— Me solta, isso é agressão, vou te denunciar! Chama a polícia!! Lariech estava fazendo um escândalo, todos pacientes olhavam pra ele alguns reconheciam e criticavam aquela ação. “Nossa é o doutor Lariech que criou o Recnac, nunca pensei que ele era tão mal educado”. Pra sorte do homem Lisa ouviu a confusão do outro corredor e veio ver oque estava acontecendo, vendo que o doutor estava quase agredindo o segurança, a moça correu agarrando a mão do homem e o levou para fora da sala. Acalmando os ânimos do doutor, Lisa respirou fundo e tomou coragem para contar sobre o que ocorreu com Lary.
— Amor tenho que lhe contar uma coisa! — Oque houve Lisa, porque está tão pálida?! É sobre o Lary oque aconteceu ele piorou, fala Lisa tá me deixando nervoso! — Não ele não piorou. — Então oque é?! O doutor estava nervoso tinha um pouco de otimismo mas suspeitava que algo de ruim aconteceu com seu amigo.
— O Lary morreu, ele não resistiu! Disse a moça chorando demais. Não pode ser, ele iria ter alta hoje Lisa, é impossível isso ter acontecido! O doutor não queria acreditar, como aceitaria perder seu grande amigo, depois de ter
escapados juntos dos sequestradores e dos bandidos de Frederich, falecido marido de Lisa.
— Mas oque ocasionou a morte dele, se a cirurgia foi um sucesso?! — Eu não sei amor, olha aí vem o médico vamos perguntar pra ele. — Bom dia! — Bom dia só se for pra você! Respondeu Lariech grosseiramente. — Desculpa doutor ele está nervoso por causa de Lary. — Obrigada! Entrando no consultório o médico pediu para o casal se sentar, deu um tempo para Lariech respirar e poder se acalmar, inventou uma desculpa pra sair da sala pois não queria começar uma confusão com o doutor que estava bufando de raiva.
— É eu tenho que pegar uma pasta na recepção, mas ficam a vontade que já retorno! — Tá bom doutor obrigada! Lisa aproveitou que estava sozinha com o doutor e tentou conformá-lo.
— Amor se acalma, você como médico sabe que ninguém é eterno, que a única certeza que temos é que um dia vamos morrer, eu sei que é difícil porque você era muito apegado nele, mas devemos nos conformar! — Como vou me conformar Lisa, a bala foi retirada, o médico me prometeu que Lary teria alta, e hoje chego aqui e ele simplesmente morreu, eu não estou contestando a vontade de Deus, oque me revolta é essa incompetência profissional desse hospital! — Mas eu só quero que você se acalme, pra não causar mais confusão. — Não se preocupe Lisa, se é um escândalo que te apavora pode ficar tranquila, estou calmo. — Essa não foi a intenção amor! A conversa do casal foi interrompida pelo médico que voltou para poder explicar a causa do falecimento de Lary.
— Desculpa se demorei, sabe como que é né, hospital é corrido toda hora! — Eu sei disso, sou médico! Oque não consigo desculpar é a sua incompetência! — Oque o senhor disse?! — Lariech, por favor! A moça tentou impedir o doutor que continuasse com oque pretendia acusar.
— Não Lisa, eu não perdoou assassinos. — O senhor está me chamando de assassino?! — Sim, o senhor é o culpado por Lary ter morrido, você me prometeu que ele teria alta hoje, seu mentiroso!! — Calma amor, que isso! Lisa passou na frente do homem, com medo que ele voasse em cima do médico e o espancasse de tanto ódio que transmitia em sua face naquele momento.
— O senhor não tem o direito de me acusar dessa forma, eu devia te denunciar a polícia, mas vou relevar, pela causa de passar por um período tão turbulento! — Eu não preciso de sua piedade, só quero que explique e me fale a verdadeira causa da morte de Lary! — Tá bom, como havia lhe falado ontem a cirurgia foi um sucesso, Lary aparentava estar bem, mas os enfermeiros me informaram que ele teve duas paradas cardíacas no meio da noite, a primeira parada foi feito a reanimação, após uma hora houve outra parada, nessa infelizmente não conseguimos reanimá lo, e seu amigo Lary não resistiu, vindo a óbito as onze horas da noite! Ouvindo a explicação do doutor Lariech começou a chorar, se levantando da cadeira e esmurrando a parede com muita raiva, tentando expulsar a tristeza que estava sentindo. — Calma amor, a vida é assim infelizmente! — Mas doutor, porque o senhor não fez plantão para cuidar de Lary?! Oque custava?! — Não ia mudar nada senhor, meus enfermeiros são competentes da mesma forma que
eu sou.
— Se fosse competentes eles teriam salvado Lary, como livraram ele da primeira parada cardíaca. — Senhor você é médico e sabe que não é toda vez que a medicina cumpre seu papel de salvar todos pacientes, fico triste em dizer isso mas sempre um entra em óbito. -E porque esse um teria que ser logo Lary?! Porque meu Deus?! Lariech se ajoelhou no chão chorando e gritando inconformado com a perda de seu amigo. — Mas doutor alguém esteve no quarto de Lary acompanhando ele?! — Não senhor, eu até pensei em pedir porque gosto muito de você, mas o hospital estava mais lotado do que nunca, e não podíamos deixar ninguém no quarto! — É complicado, mas depois que o paciente tem uma parada cardíaca devia o hospital devia ter um enfermeiro a disposição para ficar no quarto por precaução. — Isso nós fizemos, porém não adiantou! — Como o senhor sabe que tinha alguém aqui?! — Porque avisei o hospital para deixar alguém responsável se ocorresse algo com o paciente! — E o senhor confia nessa equipe?! — Sim, não confio nos criadores daquele comprimido ridículo que diz que vai curar o câncer, Recnac né o nome? Lisa ficou com medo, pois Lariech já estava nervoso e depois de ouvir aqueles insultos maldosos do médico, não demoraria muito para iniciar uma briga com o homem.
— Oque você disse?! — Calma amor, vai ver ele falou sem intenção! — Não Lisa, esse daí diz ser meu fã mas na verdade queria estar no meu lugar, ele deve ter matado Lary por inveja! —Eu vou te processar por difamação, está me acusando sem provas, eu não tenho culpa de seu amigo estar morto! Afinal se ele fosse tudo isso que estão falando por aí, não morreria por uma parada cardíaca, porque o Recnac não o salvou da morte, vocês devia ter inventado pílulas pra infarto, bala perdida, quem sabe hoje ele estaria vivo! O sarcasmo do homem revoltou não só Lisa mas enfureceu o doutor que se jogou em cima do médico o esmurrando no chão.
— Agora você vai morrer seu assassino! — Para amor com isso, vai matá lo! Lisa desesperada não conseguindo apartar a briga saiu do consultório chamando os seguranças pelo corredor cheio de pacientes. — Alguém ajuda, seguranças!! Oque houve moça?! — É no consultório quatro venha comigo! A moça correu guiando o homem até a sala. — Doutor oque isso?! O guarda se assustou pela cena dos dois homens se agredindo, correndo para separa los um do outro.
— Oque aconteceu aqui doutor porque vocês estavam se agredindo?! — Esse louco, que me agrediu por não aceitar a morte do amigo dele! — É mentira, ele matou Lary! O homem estava confuso porque os dois se acusavam, jogando a culpa um para o outro, como meninos briguentos de colégio.
— Chega estão parecendo duas crianças, os dois venham comigo vamos para delegacia! Ouvindo a palavra delegacia os homens se inquietaram, pra sorte de ambos Lisa convenceu o segurança. — Não leve em consideração essa confusão senhor, sabe oque é, meu marido está nervoso porque perdeu seu amigo de muitos anos, e o doutor está estressado coitado, eu peço desculpas por eles mas deixa que eu cuido desse aqui. A moça segurou o braço de Lariech.
— Enquanto esse, tenho certeza que ele já está calmo né?!
— Sim, estou desculpa pelo transtorno! — Tá bom, eu só não vou levar vocês dois para cadeia porque essa linda moça pediu, valorize ela senhor que não se encontra mulher assim! Tchau dama. O guarda beijou a mão da moça que provocou um pouco de ciúmes no doutor, e surpresa para o médico que não conhecia esse lado cavalheiro do segurança. Com os ânimos acalmados o casal saiu do consultório para enfrentar a parte mais difícil de perder um ente querido, ver o corpo da pessoa, não é obrigatório, mas Lariech queria olhar pra seu amigo antes que ele estivesse no caixão.
— Tem certeza amor que você está preparado pra isso? E se você passar mal?! — Sim Lisa, eu preciso! — Tá bom, qualquer coisa estou aqui fora! — Pode deixar! O doutor entrou na sala acompanhado por um funcionário que abriu a porta, e o saco em que estava o cadáver de Lary, se aproveitando da fama o homem fez um pedido.
— Eu sei que é proibido mas poderia ficar sozinho por alguns minutos?! — Me desculpe senhor, mas não posso permitir, se perceberem eu estou demitido. — Eu sei, mas é rápido senhor por favor! O homem pensou, mas enfim concordou. — Tá bem, mas que seja rápido, só vou deixar porque você é o criador do Recnac, e minha mãe tem câncer, espero que o remédio seja liberado logo! — Vai ser senhor, pode confiar em mim, e obrigado! Sozinho com o corpo, o doutor olhou para o rosto de Lary que apesar de estar morto expressava felicidade em seu semblante, vendo aquela imagem de seu amigo em um saco Lariech não aguentou e como todo ser humano chorou, um choro que lavou sua alma. Debruçado no corpo coberto até o pescoço, o homem ficou por um instante até se conformar com a situação, resolvendo partir. Quando Lariech já estava com a mão na maçaneta para sair, um barulho o assustou, parecia que algo tinha caído, mas não havia ninguém naquele lugar, oque teria ocasionado aquele ruído então? O doutor acreditava em fatos sobrenaturais, e por essa crença se virou devagar com muito medo do que o esperava, quando conseguiu tomar coragem olhou para o corpo e se assustou, o saco estava descoberto até a cintura de Lary, e pra apavorar mais ainda o homem, o braço esquerdo estava caído com uma corrente de um colar entrelaçada no dedo do meio, como se Lary estivesse oferecendo o objeto para seu amigo, uma cena verdadeiramente assustadora, que fez o homem congelar de medo. Mesmo apavorado com oque estava presenciando Lariech andou em direção ao cadáver e se abaixou pegando o colar e colocando no bolso de seu terno, ele não queria fazer aquilo, mas uma força tomou conta de seu corpo controlando como se fosse uma marionete, só despertando depois de sair do local.
— Senhor tá tudo bem?! — Hã, eu estou sim, eu acho! Me desculpe eu acho que deixei o saco aberto! O funcionário foi conferir, abrindo a porta. — Não senhor, está fechado! — Oque?! Não pode ser estava aberto agora mesmo! Lariech correu para ver se o homem estava certo, e quando olhou se surpreendeu, o saco estava fechado, como se encontrava da primeira vez que o embalaram. Aquela cena o confundiu, o doutor preferiu se calar saindo da sala novamente com uma expressão pálida em seu rosto.
— Oque aconteceu amor, ouvi você falando com o funcionário, brigou de novo?! — Não Lisa, só estávamos conversando mesmo. — Ah menos-mal, mas e Lary como foi vê lo?! — Como foi?! — Sim, você demorou tanto, está com a mão tremendo, parece que viu um fantasma!
— Eu não acredito em bobeiras Lisa, só estou triste, vamos sair daqui já estou enjoado desse lugar! — Tá bom, vamos pegar um táxi que já está a nossa espera. No caminho inteiro até o hotel o doutor ficou calado com sua mão direita no bolso, segurando aquele colar misterioso, Lisa tentava puxar assunto preocupado com o estado em que seu amado se encontrava, mas não adiantava ele só confirmava ou negava as perguntas da moça, que sem graça resolveu se calar também. Chegando no hotel, Lariech esqueceu o cavalheirismo e saiu do carro antes que a moça, subindo os elevadores sozinho e entrando no apartamento, chateada com a situação a mulher cumprimentou seus funcionários e seguiu pro quarto em que o homem se hospedava.
— Oque está acontecendo Lariech?! Porque está fugindo de mim?! — Não estou fugindo de você! — Então porque não falou direito comigo o caminho inteiro?! — Estou nervoso por causa de Lary. — Mas nem ao menos você me esperou para subirmos juntos, você não me ama mais! A moça se sentou na poltrona e começou a chorar com a mãos no rosto, percebendo que havia sido grosseiro, Lariech tirou a mão do bolso pela primeira vez depois de ter pego o colar e se sentou perto da moça em outra poltrona.
— Me desculpe Lisa, eu preciso te mostrar uma coisa. — Oque?! — Mas antes de eu mostrar, vou lhe contar o porque de eu estar assim. — Tá, pode falar. O homem se ajeitou no sofá, respirou fundo e começou a falar pra Lisa, que o olhava seriamente prestando total atenção. — É o seguinte Lisa, tenho vergonha de falar nisso, mas acredito em fatos sobrenaturais, em espíritos e outras aparições, eu neguei que acreditava porque eu sou médico né, e acho que não devíamos acreditar nessas coisas. — Eu sei amor, tudo bem! — Então continuando, quando entrei para ver o corpo de Lary eu me surpreendi com oque vi naquele local. — Oque você viu amor?! Lisa não aguentava de curiosidade e fazia perguntas toda hora que o homem pausava, fazendo o prosseguir.
— Depois de olhar para o rosto dele, eu ia sair até que um barulho me interrompeu, como se uma pedra estivesse caído, mas como não havia ninguém naquele lugar fiquei com medo que fosse uma aparição de algum morto, ou até de Lary. — E era?! — Não deu pra saber, mas no momento que me virei o corpo estava descoberto e o braço caído segurando um colar! — Um colar?! Credo amor que horrível! — Pois é olha só! O homem colocou a mão no bolso, tirando o objeto misterioso para mostrar a moça. Lisa ficou assustada com aquele colar, só de olhar ela sentiu um arrepio, e quando pegou em suas mãos congelou de medo, parecia que aquele negócio atraia o olhar da pessoa, que como Lariech reagiu pela primeira vez que pegou, a moça se comportou igual, observando a joia sem piscar os olhos, como se estivesse hipnotizado, era uma imagem assustadora de se ver.
— Lisa tá tudo bem?! — Eu?! — Sim, você! — Ah, estou sim, porque? — Que bom, pensei que estava passando mal! O doutor continuou estranhando a moça, que não tinha nenhuma reação, só olhava para
aquele colar, percebendo isso o homem arrancou o objeto da mão da moça e o colocou no bolso novamente.
— Oque você achou do colar?! — Bem, ele é lindo, e muito valioso! — Valioso?! — Sim, ele é feito da joia rubi, e deve pesar mais ou menos um quilo e meio! — Nossa você entende mesmo de joias hein. — Sim um pouco, porque compro muitas e uma das minhas preferências são rubis, olha esse brinco que estou usando! O doutor olhou para o brinco, porém não fez comentários pois não entendia nada sobre o ramo.
— Mas nunca vi nada igual a esse colar que me mostrou, tem um formato do órgão coração! — Pois é, isso que me intriga, e também porque Lary depois de morto me daria esse colar?! — Quem sabe amor, você tem certeza que não tinha ninguém além de você naquele local?! — Tenho, o funcionário como você própria viu, ele ficou pra fora. — É complicado, mas oque pretende fazer com essa joia?! — Não sei ainda, mas tenho que sair daqui logo! — Como assim sair daqui?! A moça se levantou para pegar um copo d'água, voltando em seguida para ouvir a resposta do homem.
— Me desculpe Lisa, eu sei que você foi uma pessoa maravilhosa pra mim nesse período que fiquei hospedado, mas meu lugar não é esse, eu tenho que voltar a Nova Iorque, e decidi que é hoje que vou me embora! Disse o doutor friamente olhando para a moça. Não querendo crer no que seu amado estava dizendo, Lisa levantou se da poltrona e se virou de costas, tentando esconder a tristeza que está sentindo naquele momento.
— Oque houve Lisa, está magoada comigo?! — Estou sim, porque você é um traidor, mentiroso! A moça se virou e começou a dar tapas no peito de Lariech que tentava segurá-la.
— Pode voltar pra sua vidinha, me esquece mesmo seu ingrato! — Eu vou mesmo, prefiro, pelo menos não tenho que aguentar suas frescuras! A moça ficou arrasada, caiu no chão e começou a chorar, o homem muito frio, nem ligava pros sentimentos da dama, deixando a sozinha na sala indo pegar algumas roupas que ela comprou para ele. Desesperada Lisa começou a implorar para que Lariech ficasse, pois o amor que tinha por ele era gigantesco, nunca havia amado alguém daquele jeito.
— Me escuta amor, eu implora que fique, prometo ser a mulher mais dedicada desse universo. Vou te fazer feliz por todos os dias da sua vida! — Não precisa, eu já sou feliz! — Mas você me ama, vamos construir nossa família juntos, eu tenho dinheiro podemos morar em sua cidade mesmo! — Me entenda Lisa, eu não quero você, me ilude porque não resisto a uma mulher bonita, e você é apenas mais uma dentre tantas outras que posso ter! Como toda mulher reagiria depois de receber uma ofensa dessa, Lisa deu um tapa no rosto do doutor, deixando as bochechas vermelhas como sangue.
— Você está louca! Eu devia te matar agora, mas vou me controlar por ser mulher! — Mata, não vai mudar nada, já destruiu meu coração mesmo seu infeliz! Lisa saiu do quarto chorando muito. Com todas as roupas em uma mala, Lariech saiu do quarto, a mulher de pé a porta com os braços cruzados, com uma expressão de ódio encarando o doutor que vinha do quarto.
— Pela última vez, você tem certeza que vai sair daqui?! Pensa bem no que vai fazer! — Por acaso a senhora está me ameaçando?! O doutor maldoso sabia que a mulher odiava ser chamada de senhora, mas a sua intenção era de provocá-la.
— Sim, se você sair daqui eu vou te detonar para o seu público, vou dizer que você matou o seu amigo, e esse colar que está no seu bolso, vou acusar que fui roubada por você!! Lariech abriu a porta dando gargalhadas da pobre moça apaixonada.
— Pode me denunciar, não tem provas mesmo e afinal porque me preocuparia com suas ilusões?! Adeus querida, espero que seja feliz com outro alguém que não seja eu. Me esquece! — Vá pro inferno!! Escreva oque estou falando, vou destruir sua vida, vou acabar com tudo que você tem! Lariech não deu atenção para as ameaças da moça, virou as costas e desceu pelos elevadores abandonando tudo, com a mão no bolso segurando o colar, entrando em um táxi em seguida em direção ao metrô pra voltar a sua cidade. Como Lary não era daquela região, seu corpo foi transportado para Nova Iorque, para poder ocorrer seu funeral. Muitos admiradores queriam ver o cientista pela última vez, uns queriam apenas olhar para aquele homem responsável por criar a suposta cura do câncer, outros queriam se aproveitar do momento para pegar autógrafo do doutor Lariech, que já estava famoso por causa do ocorrido com ele e Lary, por ter passado em todos canais de televisão, e claro pela possibilidade de ter sido o único médico a descobrir a cura pra doença do século. No velório Lariech pediu que a cerimônia fosse sigilosa, só queria a presença de familiares e amigos mais próximos, pois se fosse uma cerimônia aberta ao público, jornalistas participariam também, oque tornaria o momento triste em entretenimento, preferiu assim preservar o respeito merecido ao seu amigo. Atendendo ao pedido, guardas protegeram os portões do cemitério impedindo que repórteres e pessoas entrassem no momento, oque gerou um grande tumulto, muitos difamavam o doutor dizendo ser egoísta, preconceituoso. Dentre muitos xingamentos que não adiantou em nada, até porque no momento Lariech estava ao lado do caixão observando o corpo de seu amigo coberto de flores, rezando pra alma dele. O velório durou doze horas, as onze e meia da noite o corpo de Lary foi enterrado, o doutor se encarregou de levar o caixão junto com os três irmãos do cientista, a mãe de Lary com oitenta anos de idade estava ao lado chorando demais pela perda de seu filho mais novo. A noite estava fria, o clima que o cientista mais gostava, com uma lua cheia iluminando o céu resistindo as nuvens que passavam a sua frente. Lariech até então não havia chorado, estava tentando ser mais forte possível naquele momento, mas quando relembrou de uma frase que Lary lhe falou um dia, não resistiu e depois de deixarem o caixão perto do túmulo desabou no chão chorando feito uma criança. Era em uma noite igual a aquela que foi enterrado que Lary disse: “É numa noite dessa Lariech, que desejo ser enterrado, se eu estiver em um caixão com uma lua linda me iluminando, um frio desse congelando meus pecados, e o silêncio da natureza demonstrando respeito a minha pessoa, pode crer que estarei feliz, mesmo em um túmulo, estarei feliz!” Fechando o túmulo o doutor saio pelos fundos do cemitério em um carro preto, fugindo dos holofotes, deu ordem em seguida pros portões se abrirem para o povo que queriam admirar o local em que Lary estava enterrado. Participar de um enterro já é uma cerimônia desagradável como todos sabem, mas enterrar um ente querido é como se arrancassem o coração do nosso corpo, só quem presenciou o momento sabe, só quem perdeu alguém que ama pode explicar a dor infinita que vai destruindo o estado emocional da pessoa aos poucos. Vivemos com a pessoa a vida inteira, brigamos, brincamos, nos emocionamos juntos, isso é o verdadeiro relacionamento de amor que demonstramos não só a família ou até a um namorado ou
namorada, mas ao próximo, a um amigo. Sabemos que após a morte, a pessoa não retorna mais para recomeçar tudo de novo, pelo menos na terra não, mas oque é a morte quando o nosso amor é infinito? Quem tem o direito de nos julgar se choramos ou não pela perda?! Chorar não é fraqueza é apenas um refúgio pra dor que abate nossos corações! No percorrer do trajeto de volta a sua residência, Lariech avistou uma lanchonete no meio da estrada, com muita fome pediu para o motorista parar o carro pra fazer um pedido. Descendo do carro sozinho o doutor entrou no local e após um tempo trouxe lanches para o motorista e seus dois guardas, com um refrigerante na mão. Enquanto os homens comiam no carro, Lariech ficou do lado de fora sentando na calçada relaxando um pouco, ia fumar seu charuto cubano quando um homem passou a sua frente esbarrando em seu braço, derrubando o charuto ao chão, o doutor nervoso com a falta de educação do sujeito protestou.
— Ei, não está me enxergando?! O homem olhou pra trás, porém não deu importância e continuou andando. O doutor reconheceu a face daquele homem, era um dos sequestradores, por sinal o mais violento que ficava chutando as pernas de Lary, lembrando do criminoso Lariech entrou no carro e avisou os homens que começaram a seguir o sujeito. Percebendo a perseguição o bandido entrou em um carro estacionado, supostamente era dono do veículo pois tinha a chave, com certeza pertencia a mais uma vítima daquela quadrilha. Desesperado e com muita raiva Lariech gritava dentro do carro, pro motorista aumenta a velocidade pra alcançar o criminoso.
— Acelera, vai, temos que pegar esse marginal!!! O carro do bandido era uma Porche, estava mais a frente de Lariech, a rua estava completamente deserta, só com os dois faróis dos carros brilhando no asfalto, o homem acelerou o possível deixando o doutor para trás comendo poeira.
— Droga, perdemos ele! — Não pode ser, eu mandei você acelerar!! — Desculpa senhor mas o carro dele é mais potente que o nosso! — Eu sei disso! — Mas se o senhor quiser eu posso procurá-lo! — Não precisa, vamos voltar, estou cansado pra ficar correndo atrás de marginais! — Sim senhor! Não tendo sucesso na perseguição o doutor voltou para o hotel onde morava com Lary, lá pode descansar um pouco, preferiu permanecer uns dias no hotel, pois se sentia bem naquele local que trazia muitas lembranças de seu amigo. A vida de Lariech depois que o período de luto por Lary se finalizou nos Estados Unidos, foi um verdadeiro inferno, não tinha tempo pra se divertir, teve que sair do hospital que trabalhava, por causa de paparazzis que o perseguiam e saia pouco pra rua com medo de repórteres, que acampavam em seu apartamento tentando entrevistá lo. Não suportando mais aquela pressão atmosférica em sua mente, o homem resolveu fugir, abandonar tudo e se isolar em uma ilha, claro que não era nenhuma ilha, como agora era bilionário resolveu se hospedar em nem mais nem menos que Havaí. Interrompeu a liberação do remédio Recnac ao público, até o seu retorno, pediu também que seus assessores inventassem uma história para despistar a mídia de onde estava repousando. Conseguido a façanha, o doutor pode descansar em paz, se livrando da possibilidade que alguém o reconhecesse, pois reservou uma região da ilha só pra ele, impedindo fragas e outros problemas. A fama estava o deixando paranoico, a noite tinha pesadelos com repórteres o perseguindo, e milhares de fãs pedindo autógrafos e fotos, tinha hora que o homem se arrependia de ter adquirido o sucesso com o remédio, mas depois voltava atrás e sabia que precisava seguir adiante, precisava se sacrificar, pois tinha muitas vidas para salvar. Oque ele não conseguia entender era a serventia daquele colar, tudo bem que era uma
joia diferenciada, bem esculpida e seu designer era perfeito, valorizava muito a imagem que queria mostrar, ou seja, o órgão humano coração, mas aí está o problema o porque de aparecer aquele colar na mão de Lary? Será que existiria uma história por trás daquele rubi? Lariech não sabia, mas esperava que não fosse apenas um objeto misterioso, esperava mais, tinha esperança que o colar se tornasse um amuleto de sorte em sua vida, mas temia que sua verdadeira identidade fosse uma maldição do além. As vezes o doutor pensava meio que ficcionista, tinha tanta imaginação que poderia até ser escritor de ficção, mas quem sabe né, afinal tudo é possível quando se crer. Todos os dias o doutor abria o cofre pra olhar pro colar, para ter certeza de que ainda ele estava ali, pois quanto mais ficava sozinho naquela ilha mais lembranças surgiam em sua cabeça sobre Lary, e quando lembrava do cientista consequentemente lembrava do rubi que continuava a brilhar intensamente guardado em um cofre superseguro que só Lariech tinha a senha. Com o passar do tempo o doutor recebeu notícias de que os casos de câncer havia aumentando dez por cento nos Estados Unidos, através da televisão o homem acompanhava todos os telejornais, e não tinha um que não criticasse o desaparecimento de Lariech, ninguém se preocupava com sua pessoa mas sim com o remédio que tinha nas mãos. A cada dia que passava o doutor era pressionado a voltar, pois a sua ausência poderia ser a culpada pelos números de caso de câncer ter aumentado, era isso que Lariech pensava, essa possibilidade o incomodava, mas antes de voltar tinha algo a resolver primeiro. Tomou uma decisão corajosa que se desse errado poderia ser descoberto pela mídia, ligou para dois amigos do tempo de colégio, um era Harry, trabalhava com joias a mais de dez anos, o outro era Steven, historiador que ganhou muitos prêmios por desvendar muitos mistérios. Era tudo que o doutor precisava, dois profissionais do ramo que o interessava, seu medo além de não houver uma explicação para o mistério do colar, era alguém os seguirem e avisarem os jornalistas, ou até serem flagrados com o doutor. Mas teria que arriscar e ligou pros dois homens avisando que carros iriam esperá los na porta de suas residências para trazê-los até a ilha, oque podia fazer agora era esperar e torcer contra o azar.
Capítulo-2 Recnac revoluciona a medicina No dia do encontro com os dois homens tudo saio como Lariech planejava. Os carros estacionaram logo cedo nas residências dos senhores, no trajeto os motoristas olhavam toda hora no retrovisor do veículo pra conferir que não estavam sendo seguidos, um dos homens era mais desconfiado, o historiador Steven. Tentando antecipar alguma informação, o homem fez diversas perguntas pro motorista.
— Desde quando o senhor trabalha com Lariech?! — Ah faz pouco tempo que fui contratado por ele! — Eu conheço ele ha mais de vinte anos, desde o colégio, sabe ele é um cara muito legal, e possui uma inteligência magnífica! — Verdade o senhor Lariech é muito inteligente. — O senhor sabe aonde vou ficar hospedado quando chegar em Ohau? — Não sei mas quando o senhor chega lá, terá um carro te esperando, pra te levar pro destino certo! — Ata entendi, mas não entendo o porque de Lariech me chamar pra conversar em um lugar tão longe, o senhor sabe de alguma coisa?! — Não senhor, mas não se preocupe que meu patrão te explicará tudo quando chegar! — Tá bom, assim espero! O carro em que estava Harry, chegou primeiro no aeroporto, em seguida veio o veículo com o historiador, os dois homens eram amigos de colégio que sempre se encontravam pra bater um papo e tomar um bom vinho, até então ambos não sabiam que se encontrariam ali, oque foi uma surpresa para os dois lados.
— Oi Harry oque faz aqui?! — Eu estou indo para Ohau, no Havaí! Só que com tudo pago! — Nossa que coincidência eu também estou indo para Havaí e com tudo pago! — Sério? E oque vai fazer lá?! — Fui chamado por um amigo, lembra de Lariech?! — Claro que lembro! Confirmou o homem estranhando a coincidência. — Então ele me chamou para ajudá lo em algum problema, mas não me falou nada! — Nossa! — Oque foi?! — Ele me disse isso também, quer dizer que estamos envolvidos nessa. Mas oque será que ele quer de nós?! —Não sei, Harry, vamos torcer que seja algo de bom e que conseguimos ajudá-lo! Os homens estavam intrigados com a situação que estava ocorrendo, porém ficaram quietos pegando o voo juntos rumo a bela ilha de Havaí. O voo durou cerca de dez horas até chegar a Ohau uma das sete ilhas de Havaí. Os homens como todos outros turistas que pisavam pela primeira vez em Havaí se surpreenderam já no aeroporto, muito bem estruturado com uma organização de primeiro mundo. Logo um guia turístico contratado por Lariech veio recebe los.
— Aloha! — Hã?! Os dois homens não entenderam bem oque o rapaz quis dizer.
— É uma saudação, não estranhe. Aloha poder ser uma saudação ou uma despedida. — Ata, então Aloha! — É Aloha! O guia começou a rir dos homens que não estavam entendo nada.
— Não senhores, quando alguém te falar Aloha, respondam Mahalo! — Oque significa Mahalo?!
— Quer dizer “obrigado”! — Ah entendi, Mahalo! — Mahalo. Disse Harry em seguida. — Mas saibam que essas saudações e agradecimentos são muito importantes na cultura havaiana, por isso não se esqueçam de dize las, mas com muito respeito! — Sim senhor! Concordaram os amigos. Depois de toda conversa o guia turístico explicou para Steven que não parava de fazer perguntas, que foi o doutor que pediu que ele ficasse responsável por eles, para evitar que se perdessem e também para poderem curtirem os pontos turísticos um pouco. Desconfiado como era, aproveitava as pausas que o homem ficava em silêncio, porque o guia falava demais, e continuava com seu interrogatório.
— O senhor foi contratado pelo Lariech desde quando?! — Senhor, eu trabalho pra uma empresa, seu amigo me contratou pra guiá los até o apartamento dele. — Como o senhor sabe que sou amigo dele? Harry estava com vergonha de seu amigo ser tão indiscreto, sempre enchendo as pessoas de perguntas, para tentar impedi lo que continuasse puxou o braço dele, o que nada adiantou.
— Ué, porque ele me disse que chegaria dois amigos dele, sendo eu que eu ficaria responsável por vocês. — Hum, entendi! Steven sem mais nada a perguntar ficou quieto. O homem contratou um carro para poder passear um pouco pela ilha, o que era um costume de turistas que sempre contratavam o serviço para poder conhecer todas as ilhas de Havaí, sem perder uma atração que o local oferecia. No carro o guia explicava a cada lugar que passava, indo direto para o prédio de luxo em que repousava o doutor Lariech.
— Desculpe senhores, mas hoje não poderei levá los para conhecer alguns pontos turísticos. — Porque?! Como sempre Steven fazia as perguntas, parecia um vício que não conseguia se curar, era praticamente uma compulsão de perguntas. Enquanto Harry não dizia nada, se preocupando apenas em admirar o lugar.
— Porque o senhor Lariech já está a espera dos senhores no hotel The Modern Honolulu! — E aonde fica isso?! — Deve ser aqui Steven! Disse Harry apontando para fora do carro. O prédio era gigantesco, muito lindo, com barcos ao redor e piscinas luxuosas, só de fora daria para deduzir oque se esperava no interior dele. O guia saiu do carro antes que os homens, abrindo a porta em seguida para eles, o historiador e o joeireiro ficaram pasmados com tanto luxo e beleza que viam em frente aos seus olhos.
— Senhores, estão passando mal?! — Não imagina, estou bem até demais! — Eu também, como poderia estar mal se estou no paraíso! Disse Harry. — Lindo né? — Aham!! Confirmaram os dois amigos com os olhos vidrados no hotel. — Vamos entrar então, o doutor já está a espera dos senhores! O guia turístico levou os homens para dentro do hotel, mostrando detalhes de cada decoração que passava por perto. Logo na entrada foram saudados com um “Aloha” pelos funcionários do local, muito simpáticos até, oferecendo serviços extras. O apartamento de Lariech estava no primeiro andar, o hotel era imenso e os homens curiosos queria ver tudo antes de encontrar o doutor, Harry queria ir a sala de ginástica pois um dos funcionários lhe disse que era uma das preferências dos clientes. Enquanto Steven preferia a piscina que havia se apaixonado quando avistou ela pela primeira vez
ainda no exterior do hotel, oque deu muito trabalho para o guia que não gostava de se atrasar com seus clientes, e tinha a obrigação de cumprir seu horário, já atrasado cinco minutos referentes a hora marcada com o encontro entre os amigos.
— Vamos gente, depois os senhores poderão curtir tudo isso! — Pra que a pressa, relaxa! Disse Steven. — Não relaxo, estou trabalhando por favor vamos! — Desculpa senhor, vamos Steven depois voltamos! Conseguido levar os clientes ao quarto do doutor o guia ficou aliviado por um momento, porém nervoso por poder levar uma bronca do contratante, tocando a porta timidamente.
— Oi doutor desculpa a demora, é que hoje o hotel está muito movimentado aí tivermos que enfrentar uma fila lenta para poder cadastrar seus dois amigos! — Tudo bem, obrigado pelo serviço, e se houve algum transtorno por minha causa pode ficar com esse agrado! O doutor tirou do bolso quatrocentos dólares, dando ao homem que brilhou até os olhos de tanta felicidade, pois pensava que receberia uma bronca e enfim acabou ganhando um dinheiro extra.
— Obrigado senhor Lariech precisando de meus serviços é só ligar que estarei aqui rapidamente! — Pode deixar, até logo! — Até! Os homens se despediram do guia, que por sinal não respondeu virando as costas e voltando para seu serviço, afinal com por causa da curiosidade deles, o coitado do homem quase infartou de medo de levar alguma reclamação por não cumprir o horário que o cliente impôs, pra sorte dele Lariech era muito bonzinho fingindo não perceber o atraso. O doutor convidou seus velhos amigos para entrar no belíssimo quarto em que estava hospedado, como não se viam a anos os colegas de colégio se abraçaram, matando a saudade dos tempos que não volta mais. Apesar de fazer muitas perguntas Steven preferiu deixa las pra depois e entrou na roda, lembrando de fatos engraçados que vivenciaram os três homens.
— Mas vocês continuam os mesmos hein, não mudaram nadinha! — Que isso Lariech estamos velhos já, você que esta do mesmo jeito apesar dos cabelos grisalhos! Brincou Harry. — É verdade, mas e aí estão casados, namorando? — Bem, eu faço em setembro vinte anos de casamento! — Nossa, sério?! Que bom Harry, parabéns! —Obrigado! —E você Steven?! —Estava casado a dez anos com Júlia mãe da minha única filha, mas aí acabamos nos divorciando no ano passado.
— Nossa, sinto muito amigo! — Obrigado Lariech, mas e você?! — Eu estou solteiro, depois daquela desilusão que tive em minha adolescência nunca mais me encorajei pra começar outro relacionamento! O doutor ficava mal, cada vez que lembrava de seu primeiro amor, pois ainda não tinha superado aquela trágica ilusão. Levantou da cadeira, indo a cozinha trazendo uma garrafa de vinho dos mais caros, com três taças servindo os homens.
— Agora podemos continuar a conversa, estamos bem acompanhados! — Sim! Então Lariech, eu até entendo esse trauma que você sofre até hoje, mas porque não tenta superá-lo?! — Como?! — Se relacionando com outra mulher, quem sabe ficaria melhor! — É pode ser, mas eu me relacionei com uma mulher muito linda que conheci no decorrer
daquela tragédia que aconteceu com Lary, não sei se vocês souberam pela televisão ou até nos jornais sobre a morte dele.
— Sim, eu vi, fiquei muito triste até! Disse Harry, bebendo o vinho calmamente. — Pois é, antes de Lary morrer, nós estávamos fugindo do cativeiro, andamos por horas com muita fome, não aguentávamos mais, mas não podíamos parar porque seria bem provável que os bandidos iriam nos alcançar. Mas infelizmente teve um momento que Lary não resistiu ao cansaço e caiu desmaiado no chão, eu claro me desesperei pedi ajuda, até que uma mulher bem-vestida, de cabelos loiros parou em frente a mim e ofereceu ajuda. Estava acompanhada de dois seguranças que pegaram Lary e o levaram para um hotel que pertencia a essa dama, aí só precisei usar meu talento de sedução e não demorou muito pra ela se apaixonar por mim! Disse o doutor se levantando da cadeira e trazendo petiscos para os homens. — Mas e você Lariech, não se apaixonou por ela também?! — Pra ser sincero Steven, Lisa é uma mulher bem sedutora, uma dama muito comportada e eu estava começando a me apaixonar por ela sim, mas aí depois da morte de Lary, cai na real que não era o momento certo pra focar em um uma paixão! — Ah é você está certo! — Mas sobre a morte de Lary, eu ouvi falar que ele foi atingido por uma bala perdida quando estava saindo de um hotel, eu achei até um fato irônico, pois segundo jornalistas vocês se livraram de um sequestro e de uma briga com um mafioso que era dono do estabelecimento, e aí quando parecia estar tudo resolvido ele é atingido por uma bala no peito! — Agora eu pergunto a você Harry, será que foi bala perdida?! Ou foi um assassino que esperou o momento certo para atirar?! — Porque acha isso Lariech?! Como Harry não teve resposta Steven respondeu a pergunta do doutor com outra pergunta.
— Não sei Steven, as vezes faço perguntas. — Pra mim mesmo, mas não consigo achar respostas, isso que me agonia! — Mas a polícia não fez nenhuma investigação sobre o crime?! Tomou a palavra novamente Harry — Eu nem tive cabeça pra isso, após a morte de Lary sai o mais rápido possível daquele lugar, mas não soube nenhuma notícia sobre algo parecido, oque me revolta muito! — Sabe Lariech, se eu estivesse em seu lugar procuraria um investigador, pois um serviço particular é melhor e mais confiável do que o público ultimamente! — É você deve estar certo Harry, mas depois penso nisso com mais calma, vamos esperar a poeira abaixar, quando eu não for mais os centros das atenções, eu me dedico a achar esse marginal que fez isso com o pobre Lary! — Tudo bem! Concordou Harry. Os amigos conversaram por muitas horas, madrugaram falando sobre assuntos engraçados, política, esportes e principalmente música, os três tocavam algum instrumento, Harry tocava violino, Steven gostava mais de rock e tocava guitarra, e Lariech tinha um talento incrível pra flauta. Quando já estavam com os assuntos esgotados Lariech tomou coragem colocando a mão no bolso e resolveu contar logo sobre o colar, estava com medo que não acreditasse na história, mas foi pra isso que chamou eles até ali.
— Bom o papo estava ótimo mas chamei vocês aqui hoje, porque precisava da ajuda de ambos para poderem desvendar um mistério que tenho aqui! — Que mistério?! Me interessei! Steven se animou pois quando se falava de mistério ele era a pessoa apropriada para o serviço.
— Sim, um mistério, foi por esse motivo que te chamei Steven, porque sei que você é um
dos melhores historiadores atualmente e, com certeza, poderá me ajudar!
— Claro Lariech, só falar oque é, e obrigado pelo elogio! —Mas e eu porque me chamou Lariech? Não sei se você sabe mas trabalho com joias, nesse caso não poderia te ajudar! —Calma Harry, foi exatamente por você ser especialista em joias que lhe chamei aqui!
— Não entendo! Coçou a cabeça Harry. — Talvez depois de ver isso entenderá melhor! O doutor tirou do bolso o colar mostrando para os homens que ficaram de boca aberta, espantados com oque estava vendo.
— Oque é isso Lariech! Disse Harry pegando o colar na mão. —É um colar ué, não está vendo Harry?! Steven havia se surpreendido com o objeto, porém ficou quieto fingindo não estar curioso, era uma tática que ele fazia pra poder pensar melhor, guardando o entusiasmo pra ele mesmo.
— Então Harry, você poderia me falar um pouco sobre essa joia?! Eu só sei que se trata de um rubi! — Como sabe que é um rubi?! Estranhou Steven. —Porque Lisa, a mulher que se apaixonou por mim, me disse que era um rubi, que pesava mais ou menos um quilo eu acho, não me lembro bem do que ela falou!
— Ata, entendi! O homem ficou quieto olhando pra joia, hipnotizado pela beleza que estava em suas mãos, Steven e o doutor ficaram assustados com o estado que Harry estava, se demorasse mais um pouco com a joia na mão babaria, pois não fechava a boca, e os olhos arregalados não piscavam.
— E aí Harry, você poderia me falar sobre essa joia?! — Ah claro! O homem devolveu o rubi para o doutor bebendo mais uma dose de vinho em seguida.
— Bem antes de eu falar sobre a joia me responda uma pergunta Lariech. Onde você encontrou esse rubi?! — Antes de eu contar, peço a vocês que acreditem em tudo que eu falar, prometem que acreditaram?! — Sim, prometemos! Responderam os homens. — Bem, quando fui ao hospital entrei em uma sala para ver o corpo de Lary, abusando da minha moral pedi ao funcionário para ficar sozinho até pra refletir um pouco aquele momento ao lado do meu melhor amigo. Quando estava indo embora virei as costas e aí ouvi um barulho como se algo estivesse caído, mas não tinha ninguém naquele lugar, só havia cadáver oque me assustou muito, criei coragem e me virei em direção ao corpo e só não desmaiei por Deus mesmo, porque a imagem que presenciei foi surpreendente. — Oque você viu Lariech?! — O corpo de Lary estava descoberto, com o braço caído segurando esse colar entre os dedos! O doutor levantou o colar para explicar aos amigos.
— Ou seja, Lary mesmo morto queria me deixar isso, pra se um dia eu poder precisar, mas fico nervoso porque não sei pra que serve essa coisa! Disse o homem colocando as mãos na cabeça. Os homens olhavam para o doutor com uma expressão de não acreditar na história que estavam ouvindo.
— Oque foi gente, não acreditam?! Os homens continuaram em silêncio, oque entristeceu Lariech.
— Tudo bem então, vou guardar o colar, obrigado por virem aqui! — Não Lariech, é que não cremos em fatos sobrenaturais, me desculpa! —Nós é demais Harry, eu sei que essa história é verdadeira e se você não quiser ajudar
Lariech, pode ir embora, pois eu vou ficar! O joeireiro pensou um pouco, olhou para o colar nas mãos do doutor, e se levantou da cadeira indo em direção a porta. —Vocês estão loucos, como vou acreditar numa história ridícula dessa Steven, agradeço pela viagem, mas não sou obrigado a ficar aqui ouvindo essas besteiras!
— Não são besteiras Harry, acredite, pra que eu inventaria uma história dessa?! — Porque você sempre quis chamar atenção desde o tempo do colégio! — Nada a ver Harry, sempre fui seu amigo, fazíamos trabalhos juntos, eu nunca te ignorei! — Você tomou a mulher que eu amava, você iludiu a Michelle, deixou ela apaixonada e depois a abandonou, por sua culpa ela se matou! — Minha culpa?! Eu amava ela, e você sabe que ela era apaixonada por outro, por isso fui embora, quando ela percebeu que estava sozinha sem ninguém para amá-la, se desesperou e se matou, eu não tenho culpa de nada! —Tem sim! E eu não quero ficar mais ao lado de um traidor, se quiser me dê minha passagem de volta que depois te pago, se precisar com juros! O doutor ainda surpreso com a reação espontânea do colega, levantou se da cadeira indo em direção a um móvel, pegou a passagem que estava guardada na gaveta e entregou ao homem.
— Está aqui, você procura na recepção aquele guia que os acompanhou, que ele te leva de carro até o aeroporto. Bom retorno, e obrigado por vir! — Vá pro inferno! E não se preocupe que um dia eu te pago! O homem bateu a porta na cara de Lariech, surpreendendo Steven que não conseguia acreditar naquela reação de seu amigo.
— Nossa Lariech, não consigo entender porque Harry te tratou assim! — Por causa de Michelle, ele não superou ainda a perda dela, e acaba querendo jogar a culpa em mim, sendo que a única culpada pela morte dela é ela própria! — Sim! Harry é muito teimoso sabe, devemos ter paciência com ele coitado! — É verdade, vamos dormir amanhã falamos sobre esse colar, não estou com cabeça para isso hoje. — Tudo bem Lariech, não se preocupa não! — Me desculpe Steven, mas toda vez que lembro de Michelle, não me sinto bem, é melhor descansarmos. — Tem razão Lariech, amanhã você me conta sobre esse rubi, boa noite! — Boa noite! O doutor guardou o colar em seu bolso como sempre fazia, levando Steven em seguida ao quarto em que ia descansar. Ficando a vontade em seu aposento, Lariech foi descansar em um outro quarto, já deitado verificou na gaveta se seu revólver estava ali, não tinha o costume de dormi armado, mas por estar famoso tinha muito medo de ser assaltado, mesmo naquele paraíso natural em que se encontrava. A noite foi difícil para o doutor que se virava de um lado para o outro, tentando achar a posição certa para adormecer mas não conseguia, a insônia persistia impedindo que ele tivesse uma noite tranquila de sono. Quando se deitava todos os problemas viam a tona em sua mente, pensava na morte de Lary, lembrava de Michelle, tentava deduzir oque poderia significar aquele colar misterioso, se preocupava com a produção do Recnac que estava parada por sua causa. E pra piorar de vez, mais um problema surgiu em sua vida, Harry que estava com muita raiva dele, desde os tempos de colégio o doutor sabia que o homem não gostava de sua presencia, não era só ciúmes de Michelle, mas sim inveja por Lariech ter se tornado oque é hoje, e temia que Harry planejasse uma vingança contra ele. Dentre tantos problemas que o perturbava, o homem emfim adormeceu pelo cansaço de sua mente. No dia seguinte os homens acordaram ao meio dia, por terem ficado conversando até
madrugar, estavam cansados, mas Lariech tinha mania de acordar cedo, e mesmo por não ser mais de manhã levantou da cama primeiro que Steven, que em seguida despertou por causa do alarme de seu relógio de pulso. Depois de se lavar, o historiador foi para cozinha pensando que não havia ninguém, até que se assustou com Lariech preparando o café da manhã.
— Nossa Lariech já está acordado?! — Ah, oi Steven, estou sim, mas sente-se a mesa pra tomar o café! — Conseguiu dormir?! Achei essas camas meio desconfortáveis! — Consegui sim, dormi tanto que parecia que tinha desmaiado. Se não fosse meu relógio, nem acordaria! -Ai ai, só você mesmo pra fazer eu rir! — Oque foi Lariech, porque está tão pálido?! O doutor se sentou ao lado do colega, tirando o colar de dentro do bolso, jogando o na mesa.
— É por causa disso que estou assim! As vezes dá vontade de quebrar essa porcaria, mas quando penso que pode ter sido um aviso de Lary, algum amuleto que tenha vindo do além para me ajudar sei lá! O que acha Steven?! — Eu acho que se você quiser desvendar esse mistério, tem que persistir. Não se pode querer saber a resposta de algo, destruindo a pista principal! — É você está certo, por isso te chamei aqui, será que conseguiria descobrir algo?! — Deixa eu examiná-lo! O homem pegou o colar e o observou cuidadosamente, não deixando escapar nenhum detalhe da joia. Passados longos minutos em silêncio, o historiador olhou para o doutor, colocou o objeto na mesa novamente, e com uma expressão de espanto começou a falar.
— Lariech antes de eu contar a história dessa joia, preciso que você aceite uma promessa, errado, mais do que uma promessa um pacto! — Um pacto, como assim?! — Quando eu lhe contar o poder dessa joia, não posso me distanciar mais de você, terei que me tornar como Lary, um parceiro seu. Você aceita?! O doutor não estava entendendo o motivo de seu colega dizer tudo aquilo, mas por curiosidade aceitou. — Tudo bem, eu aceito Steven, portanto que me livre dessa agonia logo! Sendo aceito como parceiro de Lariech de agora em diante, o homem se levantou e foi ao quarto, voltando com uma mochila em suas mãos, colocando a na mesa. O homem tirou da bolsa, diversos livros antigos empoeirados, folheou um por um, procurando algo, até que de tanto caçar, encontrou em um deles uma imagem semelhante ao colar que estava na mesa.
— Encontrei!! — Oque você encontrou Steven?! — A pedra da imortalidade! O doutor ficou confuso, pois não sabia do que o homem estava falando, curioso se aproximou do livro e observou a imagem ilustrada. — Oque é isso Steven?! — É oque está em suas mãos! — Como você achou?! Você é um gênio! Lariech feliz por saber que estava preste a desvendar aquele mistério que o incomodava noite e dia, abraçou o homem, que ficou sem jeito.
— Calma Lariech não fique tão feliz porque a partir do que eu contar, você terá que ter um emocional muito bom pra agir com tamanha responsabilidade! — Não me assuste Steven, conte logo! — Senta aí que vou te explicar, mas não será possível te contar tudo aqui, nesse local! — E porque?! — Pois teremos que fazer uma viagem para Myanmar! — Nossa e porque isso?!
— Pois só la´ encontraremos um historiador muito amigo meu que nos levara a lugares que fizeram parte da história desse rubi! — Steven, não é descordando de você, mas também existe rubi nos Estados Unidos, precisamos mesmo ir para a Ásia imediatamente?! — Sim senhor, vamos agora, quando chegarmos lá te conto toda a história! — Ah não, você me disse que me contaria agora, pelo menos o começo! — Sim, mas não temos tempo, precisamos pegar o voo antes de anoitecer, e afinal se eu contar você vai ficar mais curioso ainda, então segura a ansiedade aí! — Não dá, conta só um pouco tipo, pra que serve esse troço?! — Servia como um amuleto de sorte para o povo de Burma, pois acreditavam que não seriam feridos em conflitos se colocassem rubis em suas carnes. Pronto agora vamos! Lariech ficou surpreendido com a história que até aquele momento não conhecia, porém ficou mais curioso, pois imaginava o poder que aquele colar poderia possuir. O homem colocou os livros de volta a mochila, separando um deles que continha a imagem do colar. Lariech estava intrigado com a pressa do amigo, mas não tinha outra opção, era concordar ou ficar com essa dúvida em sua mente pro resto de sua vida. Os homens sairão do hotel rapidamente, assustando os funcionários que pensaram que algo de errado estava acontecendo. Partiram direto para o aeroporto de Honolulu, com as passagens em mãos Lariech se despediu daquele lindo lugar, sabia que sentiria saudade, foi difícil para entrar no avião, parecia que tinha se apegado aquele povo com uma simpatia incrível, que animava qualquer cidadão que pisasse naquele chão, não se importavam com a religião, com a crença, não tratavam os turistas como estranhos ou só como mais um cliente, mas sim como um irmão, proporcionando muitas diversões e risadas gostosas. Pra se ter uma ideia da simpatia daquele povo, no aeroporto estava a saudação “Aloha” escrita com letras vermelhas sobre o nome do aeroporto, nos aviões tinha um desenho lindo ilustrando com muita precisão o rosto de uma dançarina de Hula, afinal não poderia faltar elas né, muita dessas belas moças eram encontradas nas ruas saudando turistas e pessoas da região mesmo. É com certeza Lariech sentiria saudades, mas Steven não queria saber, quase que obrigou o doutor a entrar no avião, pois tinham uma longa viagem pra fazer. No avião já decolando, o historiador começou a explicar um pouco mais sobre a joia rubi para o doutor. —Você sabia Lariech que para se classificar um rubi temos três critérios?! —Não, quias são esses critérios?! —Cor, claridade e corte! —Ah, que legal! E quanto chega a custar um rubi?! —Bom, o preço varia pelo tamanho né, e guarde isso com você, quanto mais a pedra não ter imperfeições mais caro ele será, mas também não vá pensar que se ele for perfeito será um rubi verdadeiro, não confie no que ver, sempre é bom procurar ajuda de um gemólogo, como, por exemplo, nosso amigo Harry!
— Sim apesar de ele negar a me ajudar, eu posso contar com você né? — Claro Lariech, estamos juntos nessa! Os amigos apertaram a mão um do outro, fortalecendo o laço de confiança entre os dois. O voo durou cerca de seis horas até chegar em Myanmar, antiga Birmânia, tiveram que parar na Tailândia, pois é um dos pontos permitidos e mais seguros para turistas chegarem ao Myanmar, por questão de segurança do país, e foram até Yangon. Lariech estava muito cansado, pois ele e Steven ficaram o dia todo resolvendo documentações que todos turistas têm que prestar ao chegar não só em Myanmar mas em qualquer país que esteja pela primeira vez, e por isso queria descansar, era quase cinco da tarde, estava muito quente. Por ser historiador Steven viajava para diversos países, já esteve em todos continentes do planeta Terra, até brincava as vezes que só não tinha ido ainda na lua porque não
recebeu nenhum convite da NASA para poder viajar. E dentre tantas viagens, o homem conheceu milhares de histórias, descobriu culturas diferentes, se relacionou com pessoas poderosas e também com sujeitos mais simples, e no decorrer dessas passagens por vários territórios, esteve em Myanmar na maioria das vezes. O motivo especial para essas visitas no sudoeste asiático era o colar que estava no bolso esquerdo do terno do doutor, Steven se dedicava muito a desvendar esse mistério, mas até então não conseguia encontrar o paradeiro dessa joia, mas pra sua sorte sua ambição de anos estava em poder de um de seus melhores amigos, e pra melhorar esse amigo coincidentemente pediu ajuda para ele, pra desvendar esse nebuloso mistério. Conhecendo muito bem o local, Steven serviu como um guia para o doutor que ouvia ele falar sobre algumas curiosidades daquele lugar, se hospedaram em um hotel não muito luxuoso, porém bem confortável, cada um tinha seu quarto, com uma cama e uma televisão para poderem ter um pouco de entretenimento, Lariech poderia optar até por outro hotel, pois era milionário agora, mas por estar exausto pelas viagens que fez, se importou apenas em descansar, deixando o luxo de lado. Os amigos se aprontaram logo cedo para poderem encontrar um homem que segundo Steven teria um conhecimento mais abrangente dessa joia, podendo assim facilitar o caminho para descobrir oque se escondia por trás daquela linda pedra vermelha hipnotizante.
— Pra onde vamos Steven?! — É …, vamos para Kangawgyi Lake! — Onde fica isso?! E oque é isso?! — É um lago artificial de Yangon, não é muito distante daqui, vem Lariech vamos pegar um ônibus! Steven correu atrás do veículo que passou por ele, conseguido alcançar fez sinal para o motorista parar, Lariech veio logo em seguida entrando no ônibus também. O doutor estava assustado com as aglomerações de pessoas tanto no veículo quanto nas ruas, não que nunca teria enfrentado esse problema, pois em Nova Iorque presenciava isso todos os dias, mas havia uma certa diferença, em Myanmar o trânsito era bem mais confuso que na cidade americana. Com o ônibus lotado os homens ficaram de pé, acostumado com a cidade Steven deu um aviso ao seu amigo.
— Lareich acho melhor segurar com mais força nesse banco?! — E porque Steven?! Quando o homem ia responder, o motorista acelerou o carro passando por um buraco que tinha no meio da estrada, dentre tantos buracos esse era o maior para azar de Lariech que voou longe, caindo no chão ao lado do motorista, para se ter uma ideia ele estava no centro do veículo que com o impulso rolou até a porta de entrada. Rapidamente Steven foi ajudá-lo, depois de saber que não havia acontecido nada de grave com o amigo, o historiador começou a rir, lembrando do tombo.
— Então era por isso que manou me segurar?! — Sim Lariech, as estradas aqui em Yangon são muito esburacadas, um dia estava andando na calçada distraído com meu amigo quando não percebi enfie minha perna em um buraco de uns trinta centímetros mais ou menos, por sorte não me machuquei! — Nossa, caramba Steven que bom que você não se machucou e obrigado por me avisar, prometo prestar mais atenção! -Então se segura aí se não quiser cair novamente! O doutor obedeceu, se mantendo seguro perto de um banco que estava ocupado. O lago Kangawgyi Lake era um dos lagos artificiais mais belos de Yangon, dentro do lago Karaweik Palace Restaurant, um ícone muito famoso e que expressava uma beleza magnífica que atraiu Lariech logo que chegou ao local.
— Oque é isso que meus olhos estão vendo?! — Oque, ah, é uma embarcação linda né?! — Sim, unicamente linda, principalmente esses pares cabeças de dragão douradas! — É muito lindo mesmo, e é nesse lugar que vamos conhecer o homem que vai nos
revelar o poder desse colar e a história por trás dele. Vamos! Dentro da grande embarcação, Steven como já vinha fazendo guiou o doutor levando para o restaurante para comer alguns pratos típicos da região, o homem acostumado a comer hambúrgueres, e outras frituras estranhou os pratos que vinham para a mesa.
— Oque é isso Steven?! — É o saboroso Lephet Tothe, não estranhe é uma salada de folhas de chá! Pode comer, é azedinha mais bem gostosa! — Está bem, já que você diz! Lariech comeu meio que tímido não sabendo o sabor que esperava, mas não se decepcionou adorou o prato. — E aí oque achou?! — Bom, delicioso! — Quer mais alguma coisa?! — Não, já estou satisfeito! Deixando a mesa, os rapazes subiram para o andar que tinha grandes salas, ao encontro do historiador que estava em seu quarto. Steven procurou pelo quarto certo tranquilamente guiado por alguns homens que ofereceram ajuda, pois todos funcionários do local o tratavam como um marajá, por causa de conhecerem seu trabalho, sabiam que aonde ele pisasse aquele local se tornaria sagrado. O povo, não só daquele ponto turístico mas também de outros lugares que visitou em Myanmar eram gratos com ele, agradecendo pela grande marketing, propaganda que fazia pelo mundo, incentivando milhares de pessoas a visitar o país, para conhecer esses locais magníficos, aumentando cada vez mais o turismo na cidade. Tocando a porta o homem atendeu ligeiramente Steven, o convidando para entrar, junto com Lariech. —Mas quanto tempo Steven que não te vejo?! —É senhor Madse faz muito tempo mesmo! —E por onde andava?! —Estava descansando um pouco, tirei férias na minha casa em Nova Iorque, precisava de um descanso né! —Sim, entendo, mas sentem aí, você e seu amigo, fiquem à vontade! Lariech estava estranhando a roupa em que o homem estava vestido, o velho estava com uma saia comprida, o doutor não sabia mas era um dos costumes do povo de Myanmar. —Como se chama?! —É me chamo Lariech, prazer! —Prazer, me chamo Madse, sou um dos historiadores mais respeitados do mundo, digo uns porque Steven é insubstituível! —Que isso senhor, você é o maior de todos. Madse era um historiador muito respeitado em sua cidade e conhecido em diversos países por contar histórias que o povo desconhecia até então, ele foi o primeiro historiador do século XX a desvendar mais de mil mistérios, ganhou muitos prêmios, foi coroado o Rei da História. Mas sua ambição maior era descobrir onde estava o colar da imortalidade, essa obsessão em sua carreira o fez se decepcionar consigo mesmo, pois como era um profissional glorificado não queria fracassar e pra fugir dessa triste realidade se aposentou com sessenta anos de idade, se isolando e vivendo a esperança pra que um dia acordasse e o objeto tão desejado estivesse em suas mãos. Inspirado em seu grande ídolo, ou seja, o senhor Madse, Steven seguiu a mesma carreira e por coincidência adquiriu um talento bem semelhante ao do velho. Ganhou diversos prêmios, desvendou e contou mais de quinhentas histórias até agora em sua carreira, um número bem expressivo reforçando a possibilidade de bater o recorde de seu próprio ídolo. Steven conheceu o senhor Madse em sua primeira viagem para Myanmar, procurava na época encontrar algum mistério ou apenas uma história para poder estudá-la, contando a em seguida para seu público, e foi por causa dessa
dedicação do homem, de sua honestidade, que o senhor Madse ofereceu não só uma história, mas a HISTÓRIA que tanto se dedicou em sua vida inteira para descobri-la. Contou sobre o colar, pedindo a Steven que encontrasse e revelasse esse mistério ao povo. Apesar de ter falhado e sofrido por isso, o velho não era egoísta, oque importava para ele não era receber o mérito de mais uma tarefa cumprida, ao contrário queria que Steven recebesse tudo que merecesse por sua competência, desejava apenas antes de sua morte poder ter em mãos aquela joia que só via em seu velho livro que havia presenteado seu novo aluno, ou mesmo seu novo sucessor.
— Me diga Steven, oque te traz aqui de volta?! Não é que eu esteja reclamando, ao contrário hoje é uns dos dias mais felizes da minha vida, pois sozinho nessa embarcação ha anos, imaginei que ninguém iria me visitar mais! — Que isso senhor, lógico que lembrei de ti, mas voltei aqui porque tenho que lhe mostrar algo que irá deixá-lo muito feliz! Aliás eu não, meu amigo aqui vai lhe mostrar! — É?! Então mostre logo por favor, não me deixe ansioso! O doutor estava quieto prestando atenção na conversa dos homens, até que Steven fez sinal para ele mostrar o colar ao velho. A joia como da primeira vez estava no bolso esquerdo do terno de Lariech, enfiou a mão dentro tirando-a, entregando em seguida para o homem que estava sentado em uma cadeira que parecia mais um trono com uma decoração de encher os olhos no apoio dela, e se mexendo de um lado pro outro segurando a ansiedade pra saber do que se tratava. Com o colar na mão o velho não podia acreditar, ficou congelado por alguns minutos sem dizer nada, só olhando para aquele rubi maravilhoso, estava hipnotizado pelo vermelho da pedra que brilhava intensamente. Mas não era exatamente uma atração que o senhor Madse estava sentindo naquele momento, o verdadeiro sentimento que se apoderava daquele velho homem, era de dever cumprido, uma felicidade gigantesca percorria suas veias acelerando sua pulsação transportando para o coração aquela paixão, digo uma paixão porque só esse sentimento poderia explicar aquela relação que o velho tinha com o rubi, que retribuía o amor brilhando intensamente.
— Aonde você achou ele, Steven?! — Não fui eu senhor, meu amigo Lariech que encontrou! O homem olhou para o doutor que estava sentado meio que assustado com oque ocorria, fez uma pausa analisando mais uma vez o colar, e começou a andar pela sala.
— E poderia saber aonde o senhor encontrou essa pedra?! —É…, bem, é uma história muito complicada de se acreditar! Lariech estava com medo de dizer que havia achado o colar nas mãos de um cadáver de um amigo, temia que o homem não acreditasse e começou a gaguejar. —Se o senhor não me contar, não vou acreditar mesmo! —Tá bom, me desculpe. Bom, vamos lá! O homem não conseguia contar, mas não tinha jeito, teria que arriscar, pois o velho olhava pra ele ansioso.
— Meu amigo Lary, não sei se o senhor conhece, ele morreu por uma bala perdida há quase dois anos. —Quando o corpo dele estava no hospital, eu fui vê-lo, até pra conferir se era mesmo o corpo dele, depois de ficar na sala por mais de dez minutos ao lado do corpo, ia deixando a sala quando algo caiu atrás de mim, fazendo um barulho terrível, me virei para ver oque era e me surpreendi! Lariech fez mais uma pausa pois sentiu um arrepio só de lembrar da cena assustadora que odiava relembrar.
— Se surpreendeu com oque homem?! Fala!! — Me surpreendi com esse colar aí! Esse objeto estava na mão de Lary, e não queria pegá-lo mas fui atraído como se fosse um ímã, e quando percebi já estava lá fora com isso aí no bolso! Lariech apontava para o homem que estava com o objeto na mão, ouvindo o relato do
doutor, senhor Madse continuou andando como se não estivesse surpreso com a informação.
— Senhor, não está surpreso?! Oque acha de tudo isso?! — Bom Steven, acredito em seu amigo pode ficar tranquilo, e sei que um dia isso poderia acontecer! — Isso oque senhor?! Madse se sentou de volta ao seu trono, colocando o rubi em uma mesa, e pediu para os dois homens se aproximarem com a cadeira, fazendo uma roda.
— Você trouxe aquele livro antigo que te dei?! — Sim senhor está aqui! Steven abriu a mochila entregando o livro para o velho que o pôs na mesa abrindo na página relacionada ao colar. — Bem, prestem atenção na história que vou contar, é meio longa mais não importa! Lariech e Steven ficaram paralisados quase sem piscar prestando total atenção ao velho que colocou seus óculos para ver ajoia detalhadamente. — A lenda do colar da imortalidade começou a surgir no século XVI d.c., naquela época a Birmânia estava em confronto consigo mesmo, ou seja, eram grupos de povos disputando territórios importantes, pois muitas terras não tinham dono e quando algum proprietário se apoderava delas surgia ali um confronto. Essa grande disputa por bens aumentava a cada dia, pois a pobreza se expandia, pobres não tinham oque comer, desesperados se sujeitavam a roubar, a se prostituir, a encontrar algum modo de sobrevivência, enquanto os ricos eram minoria mas não passavam nenhuma necessidade, ao contrário esbanjavam riqueza, ostentavam o poder na sociedade, se aproveitando da situação de muitos pobres, grandes comendadores da época, digo comendador porque eram respeitados como se fossem um, tinham um poder absoluto sobre o povo, e ofereciam trabalho para homens fortes e que quisessem trabalhar em suas minas. Mentia para as famílias dos empregados que eles estavam bem, mas, na verdade, se tornavam escravos trabalhando sem receber, enriquecendo patrões que pagavam um preço injusto pela joia que encontrassem, sendo que o dinheiro só daria pra mandar a suas famílias. Tinha muitos que não aguentavam e morriam, e saber que hoje ainda existe esse tipo de trabalho pelo mundo, é de entristecer! O velho fez uma pausa levantando pedindo que Steven pegasse uma jarra de chá que estava no fogo, e servisse a eles.
— Mas senhor Madse o mundo já está bem evoluído, acho que não existe mais tanto garimpos como antes! — O senhor que pensa, muitos homens que não têm oportunidades no mercado de trabalho por sua situação financeira, se sujeitam a esse trabalho, porém nos tempos de hoje existe leis que podem assegurar essas pobres famílias! — Ah, entendi, é complicado vivermos nessa desigualdade econômica, mas é o jeito né! — Sim, e infelizmente esse problema só aumenta a cada dia! O velho interrompeu a conversa com Lariech, bebendo o chá que Steven havia servido em uma xícara de porcelana muito bonita.
— Senhor, poderia prosseguir a história por favor?! Estamos muito ansiosos! — Claro Steven agora vem a parte principal e mais interessante, ouçam! Os homens tornaram a se sentar prestando atenção em Madse, que segurava a xícara de chá olhando para o colar em sua mão.
— Então prosseguindo, é …, uma garimpeiro chamado Xauã Kio tinha quarenta e nove anos de idade e era o empregado mais novato na mina em que estava, começou a trabalhar para o senhor Delien há três dias só, e teve a sorte que garimpeiro nenhum conseguiu ter. Resumindo, em seu terceiro dia de trabalho, Xauã ficou até mais tarde trabalhando mais de doze horas, já estava desacreditado que não encontraria mais nada além de terra, nervoso pegou seu machado e bateu na parede, pois queria descontar sua raiva naquela machadada, quando escutou um barulho diferente, intrigado bateu
novamente só que em outra região, então ouviu um barulho normal. Curioso com a diferença de sons, começou a cavar rapidamente quebrando tudo que via pela frente, e pra sua surpresa encontrou cravado no barro, esse colar aqui!! Steven e o doutor estavam de bocas abertas, escutando aquela história intrigante que o velho contava.
— Me desculpe de interromper o senhor mas, quer dizer que esse colar é do século XVI?! — Sim, é uma joia muito antiga, porém sua beleza nunca foi danificada. Posso continuar?! —Claro, me desculpe! Lariech ficou meio sem graça, pois não conhecia muito bem o homem, e achava que se fizesse muitas perguntas estaria sendo mal educado, mesmo sendo que o assunto o interessava, por isso ficou em silêncio escutando a história. —Bem o senhor Xauã era um ser muito supersticioso, e quando encontrou esse colar não quis vendê-lo, guardou em sua roupa como se fosse seu novo amuleto de sorte, ele desconfiava que não era apenas uma joia estranha, mas sim um rubi poderoso que poderia livrá-lo dali. Um certo dia Xauã decidiu reagir e começou a planejar uma rebelião com os garimpeiros, depois de muitas reuniões, marcaram um dia mais apropriado para executar a fuga. No dia marcado os garimpeiros se juntaram e entraram em conflito com os guardas do local, muitos desses pobres homens morreram por tiros de espingardas, mas xauã se salvou sem ser atingido por nenhum artefato, pois usava o colar em seu pescoço que serviu como um escudo, como se estivesse invisível para os adversários. Após alguns meses dessa tragédia, Xauã espalhou essa história mundo afora, contando sobre o poder desse rubi.
— Ah, então é por causa desse colar que o povo em Burma acreditava que se colocassem pedras de rubi na carne, ou seja, dentro do corpo, seriam inatingíveis, por lanças, balas e outras armas de adversários em confrontos?! - Exatamente Steven! Não só esse colar, mas todas as pedras de rubi tem uma força extraordinária dentro de si, e quem controla todo esse poder dessas bilhares de pedras espalhadas pelo planeta, é o Colar da Imortalidade! Ouvindo oque Madse havia dito, Steven se sentou na cadeira ao lado do doutor, meio que assustado, com os olhos arregalados como se não estivesse crendo no que ouviu.
— Oque houve Steven?! - Você não ouviu Lariech, esse colar é a força maior de todas rubis, não é apenas um amuleto, é uma fonte de poder incrível! — Sim, mas pelo que entendo tudo que pedirmos a ele teremos em nossas mãos, é maravilhoso Steven! O doutor feliz com a possibilidade, começou a pular, abraçou seu amigo, comemorando como se fosse uma criança, correu para abraçar o velho quando ele se desviou levantando de seu trono, ignorando o homem.
— Pare de histeria homem! Da mesma forma que o colar te traz o bem, se usá-lo inadequadamente o mal virá em dobro, podendo prejudicar não só você mas o mundo todo! — Como assim senhor?! — Depois de fugir do garimpo, Xauã pediu ao colar para poder ter sementes para plantar, e também pediu uma terra para poder executar seu trabalho. Após três dias de seu pedido, lá estava as sementes em cima da mesa junto com um documento que trazia a posse de um terreno próximo a sua casa. Com o desejo realizado e com a vida feita, Xauã pedia pra ficar mais rico, cada dia que passava queria mais riqueza, não estava contente com oque tinha, e sabe oque aconteceu com ele Steven?! — Oque?! — O colar desapareceu, percebendo da ausência de seu amuleto Xauã ficou louco, procurou em todos os lugares, acusou muitas pessoas de terem roubado sua joia, mas nada foi comprovado. Passado um tempo, a riqueza daquelas terras secaram, nenhuma pedra preciosa foi encontrada, as plantações secaram, o comércio estava se degradando, isso tudo aconteceu por causa da ambição de Xauã, o colar abandonou o homem,
levando consigo todas as coisas que gerou! Ciente do aviso que recebeu do velho, Lariech ficou sem graça, porém muito preocupado por não poder saber usar aquele amuleto adequadamente. Apesar de a história ser meio fantasiosa demais para sua cabeça, o doutor ainda tinha um a dúvida, que precisava tirá- la.
— Senhor Madse permite fazer uma pergunta?! — Se eu poder responder, sim, fale! — É que, se esse colar é tão poderoso assim, qual a razão de ele ter aparecido nas mãos do corpo de Lary?! O velho de imediato não respondeu nada, ficou pensando sobre a pergunta do doutor, andando pela sala. — Então Lariech, diz a lenda que o Colar da Imortalidade depois de seu desaparecimento no século XVI nunca mais apareceu no planeta Terra novamente, mas sua volta estaria marcada pro século XXI, pra um humano que pudesse usá-lo para salvar vidas, e pelo que sei você é médico! — Sim, sou médico, eu e Lary inventamos o remédio Recnac, que curará os pacientes com qualquer tipo de câncer! — Hum, então foi por isso que o colar veio até você, para ajudá-lo na hora certa, vá homem leve ele e cumpra sua missão! O velho entregou o rubi para Lariech, que olhava meio que não entendendo direito oque estava acontecendo.
— Mas como assim, que missão tenho que cumprir?! — A missão de curar o mundo! — Mas como vou fazer isso?! — Não faça perguntas que o futuro trará as respostas a você, vá com ele Steven, você será encarregado a ajudar a esse homem a saber usar o poder dessa pedra! — Sim senhor, prometo proteger como se fosse minha! Lariech não conseguiu entender oque estava acontecendo, pois era difícil para um homem tão vivido de sessenta anos de idade, médico, ex-soldado, acreditar naquela história. Mas algo dentro de seu coração dizia que aquele colar não era só nais uma joa, não era só um amuleto, mas uma fonte de poder como o velho havia dito, oque o incomodava era não poder ser cap0az de lidar com tanta responsabilidade, mas teria que aprender, se esse poder veio para salvar vidas, Lariech se sacrificaria pelos seus pacientes e por seu falecido amigo Lary. Depois de partir de Myanmar, Steven e o doutor poderão enfim retornar a Nova Iorque para assim cumprirem sua suposta missão de curar o mundo. Não demorou muito para a mídia descobrir que Lariech estava de volta ao seu apartamento, oque gerou tumulto envolvendo jornalistas e alguns fãs que já estavam na calçada do condomínio a espera do homem. Sabendo da necessidade que tenha de trabalhar Lariech pegou seu carro e com seu novo companheiro de trabalho saiu do local a caminho de seu consultório.
— Pra onde estamos indo Lariech?! — Pro meu consultório Steven, preciso tocar a vida, liberar o Recnac o mais rápido possível ao publico o mais rápido possível! Apos ficar guardado em um cofre por mais de um ano, o doutor pegou a fórmula do remédio dando início ao trabalho, acionando seus funcionários para ajudá-lo a conduzir a produção dos comprimidos, não era apenas um consultório, Lariech teria construído uma fábrica no local para manter o Recnac mais seguro possível. Observando aquele aquela dedicação de seu amigo, a vontade de ajudar as pessoas em primeiro lugar, esquecendo de si próprio, Steven ficou emocionado imaginando os pacientes que poderiam alcançar a cura por causa do remédio, a felicidade nos rostos de cada um deles, era um verdadeiro sonho, o doutor era um sonhador, Lary era também, e Steven se tornou um por causa dessa magia de criar ilusões que se tornem realidade. —Desculpe incomodá-lo senhor, mas é que tem um homem que se diz ser um velho
paciente que o senhor atendeu! O doutor que estava concentrado verificando cada comprimido que passava a sua frente através da esteira, olhou para o homem meio sem saber do que se tratava.
— Mande ele me esperar no meu consultório que já o atendo! — Sim senhor! Lariech estranhou a visita sem aviso prévio, pois não tinha muito tempo que havia voltado para os Estados Unidos e já tinha visitas? Meio estranho né. Em seu consultório o homem que queria falar com o doutor estava inquieto andando de um lado para o outro, muito nervoso, só sossegou quando Lariech entro na sala para atendê-lo.
— Oi?! Oque o senhor deseja?! O homem segurava o cinto com as mãos, como se estivesse segurando a calça para não cair, deixando o doutor meio sem graça. Depois de um longo período de silêncio o homem resolveu falar, se aproximando de Lariech.
— O senhor é o doutor Lariech?! — Sim sou eu! Apos a pergunta o sujeito fez mais uma pausa, dando alguns passos a direção do doutor. Percebendo que o suposto paciente não falaria nada, Lariech se afastou disfarçadamente estranhando a situação. — Me disseram que o senhor era um antigo paciente meu. Posso estar confuso, por causa de muitos problemas que estou enfrentando no momento, acho que é por isso que não relembro do senhor… — Cala seu infeliz!! O homem gritou com o doutor sacando de sua blusa de couro, um revólver apontando para o doutor. Assustado com aquela reação do homem, Lariech se afastou encostando na parede levantando as mãos, como sinal de rendimento.
— Oque eu fiz? Isso é um assalto?! — Eu disse pra você ficar quieto! O homem nervoso se aproximou de Lariech dando uma joelhada em seu estômago. Caído de dor, o doutor se desesperou, não entendendo oque estava acontecendo.
— Oque você quer? É dinheiro? — Você é surdo seu imbecil?! Eu não quero ouvir sua voz, só eu falo aqui!! Furioso pelo homem ter falado novamente sem sua permissão, o homem agarrou a camisa de Lariech e o jogou sobre a mesa derrubando o computador e outros objetos que estavam sobre o móvel.
— Eu vim aqui para te dar um aviso. É o seguinte, o seu remédio que se diz tão milagrosa, falhou com o cancerá que atingiu minha mãe há seis meses! — Como assim?! Nenhum paciente teve acesso ao Recnac, que eu saiba! — Eu entrei aqui escondido e roubei uma porção de comprimidos, você acha que essa segurança incompetente iria me impedir de invadir aqui?! O doutor ficou quieto sem responder a pergunta, se levantando da mesa.
— Mas nada adiantou, essa porcaria não salvou a minha mãe, ela morreu após ter tomado essa droga! — Mas o senhor não sabe que o Recnac estava em teste, isso pode ter ocasionado a morte de sua mãe! — Não quero saber de desculpas, isso não vai me conformar, e muito menos trazer minha mãe de volta!! Nervoso com o doutor, o homem se virou encostando na porta para evitar a saída de sua vítima. Percebendo que Lariech estava tremendo de medo o sujeito fez sua última ameaça sendo irônico.
— Não se preocupe doutor, vou deixá-lo vivo, por enquanto, não é por piedade não
porque estou com amão coçando para apertar o gatilho e enfiar uma bala em sua cabeça! Mas não sou idiota, sei que esse lugar está cheio de seguranças e se ouvirem o disparo eu posso ser preso, ou até morrer, só vou lhe avisar sobre uma coisinha… O marginal apontou a arma para a cabeça do médico, obrigando o a ajoelhar no chão.
— Se o comprimido falhar com outros pacientes, eu te caço em qualquer lugar desse planeta, vou no inferno, mas eu te mato! Antes terá que tomar uma embalagem inteira desse remédio ridículo, em seguida te meto uma bala na sua cabeça, me entendeu?! Lariech não respondeu caindo no chão após ser empurrado pelo homem, que saiu da sala deixando doutor apavorado. Estranhando a demora do doutor na sala, após a saída do homem, Steven entrou no consultório que estava com a porta aberta, sem pedir ao menos licença, curioso para saber oque estava ocorrendo.
— Lariech?! — Oi Steven, estou aqui! Disse Lariech se levantando do chão fingindo estar tudo bem. — Fiquei preocupado porque você demorou, desculpe se serei indiscreto, mas oque aquele homem queria?! Lariech era um ser que conseguia ser frio em qualquer situação, de risco, mas pra mentir pra seus amigos ele não conseguia esconder o nervosismo. — Nada, ele só veio me prestigiar por ter voltado a Nova Iorque! — Sério?! Nossa que estranho, ele saiu com uma expressão de raiva no rosto! — Que isso Steven, deve ser o jeito dele né! — É deve ser! O homem estranhou a explicação do amigo, porém convidou o doutor para voltar ao trabalho. A mentira de Lariech não duraria muito, não pela desconfiança de Steven, mas porque tinha que contar a verdade para seu amigo, quem sabe os dois juntos encontrariam uma solução para o problema. Certo do que deveria fazer Lariech pediu para os funcionários pararem com oque estavam fazendo para poder ter uma conversa com Steven.
— Me chamou Lariech?! — Sim, Steven, senta aí que precisamos conversar! O homem estranhou aquela ansiedade do amigo para falar com ele, porém já desconfiava do que se tratava o assunto, suspeitava que seria do sujeito estranho que tinha visitado o doutor, há algumas horas.
— É quero que você me dê um conselho. — Sobre?! — Aquele homem que veio agora a pouco dizendo que era meu paciente, ele roubou os comprimidos para tentar curar a mãe dele que tinha câncer, mas ela morreu, e por causa disso me fez ameaças para me intimidar! — Quais ameaças?! — Ele disse que se o Recnac falhar com outros pacientes, ele me mata! — Nossa Lariech, sabia que esse marginal não veio com boas intenções! Steven estava revoltado por seu amigo estar naquela situação tão complicada, sem poder ter oque fazer para ajudá-lo. O homem havia se apegado ao doutor nesse pouco tempo de parceria no trabalho, e queria protegê-lo de qualquer mal, como Lary fazia.
— Pois é, e queria ouvir sua opinião, do que devo fazer, eu cancelo a liberação do Recnac nas farmácias, ou eu arrisco a lançar o remédio, que estará amanhã mesmo nas prateleiras para o público?! — Primeiro tenho que saber se você garante que esse comprimido cura o câncer?! Lariech ficou meio sem graça com aquela pergunta de Steven, pois apesar de confiar no que ele e seu falecido amigo criaram, estava inseguro temendo que existisse a possibilidade de nada dar certo. — Sim, com certeza! Já fizemos teste com um paciente e ele alcançou a cura, não podemos nos prender ao caso daquele delinquente, vai saber se a mãe dele não teria feito uso do remédio errado, pode ser que ele tenha roubado comprimidos de outros
remédios que temos aqui!
— Bom, já que o senhor fala, quem sou eu pra discordar né, mas caso de errado oque vamos fazer?! — Como assim Steven? — Tipo, se o remédio falhar, os pacientes vão te processar, e o senhor pode até ir preso! — Eu sei dessa possibilidade, mas se eu guardar o remédio e atrasar pra fazer outros testes a mídia vai me flagelar, e com razão Steven, fiquei quase que dois anos afastado e quando volto deixo o povo esperar mais um tempo indeterminado. Não dá Steven, sem condições, preciso que o Recnac esteja amanhã nas mãos dos pacientes! — Concordo Lariech, você está certo, então vamos voltar ao trabalho! — Vamos! Os amigos sairão do consultório com a esperança que salvariam muitas vidas, alcançando o sucesso na medicina, mas não foi bem isso que aconteceu. No dia seguinte lá estava o comprimido Recnac nas farmácias, muitos curiosos paravam na frente dos estabelecimentos procurando saber o porque da aglomeração, pois as farmácias estavam cheias de pessoas, uns querendo comprar e outros apenas olhando. O valor do remédio causou muita polêmica por ser muito caro, a mídia sabendo disso procurou pacientes sem condições para pagar o preço tão alto e fez reportagens que foram transmitidas em vários canais, chegando a notícia ao doutor, que se incomodou com a repercussão.
— Lariech já está sabendo sobre o questionamento do público referente ao valor do Recnac?! — Sim Steven, infelizmente já imaginava que isso poderia acontecer! — Oque vamos fazer pra mudar essa situação? — Não temos como mudar Steven, é impossível, porque as farmácias teriam um prejuízo se começassem a distribuir o remédio de graça! — Sim eu sei, mas não teria como nós distribuir por conta própria?! — Sim, mas depois penso nisso Steven, vamos deixar o tempo passar, porque ainda temos que esperar os resultados que o Recnac trará para os pacientes —S im senhor! A polêmica do preço do comprimido não durou muito pra felicidade de Lariech, mas oque ele não esperava era que seus dias iriam se transformar em um verdadeiro inferno. Apos um tempo de mais ou menos dois anos, a carreira do doutor oi atingida por outra polêmica, agora a pior de todas que poderia ser a destruição de seu sonho. Supostamente houve uma confirmação que o comprimido não curaria por completo o câncer, apenas traria uma certa melhora nos pacientes, porém depois de um mês o câncer voltaria mais forte. Essa notícia percorreu os Estados Unidos e alguns países que havia recebido o remédio, como um tsunami veloz e destruidora, decepcionando muitos pacientes que se tornaram fãs de Lariech pelo trabalho que ele executava na sociedade e arrasando com a carreira do doutor. Lariech não conseguia acreditar que tinha falhado, que tinha vivido uma ilusão em vês de um sonho, doía em seu coração em pensar que teria decepcionado não só o público mas seu amigo Lary, que lutou a vida inteira por aquele remédio. Sozinho em sua sala o doutor se isolou com medo que alguém invadisse o local para matá-lo, tinha medo dos jornalistas que faziam de tudo para conseguir, pelo menos, uma imagem do pobre homem, que se escondia igual a caça se escondia do caçador. Sem ter pra onde ir e oque fazer, Lariech saiu da sala a procura de Steven, como não achou pediu para um de seus funcionários chamá-lo, sua única salvação no momento poderia ser seu amigo.
— Oi Lariech me disseram que você queria falar comigo! — Sim Steven, senta! O doutor em seu consultório se sentia mais seguro para iniciar uma conversa, pois era uma sala sem janelas e cortinas, evitando assim supostos curiosos de outros prédios,
como exemplo paparazzis.
— Bem, você a sabe a confusão em que estou envolvido atualmente né? Alias, o mundo já sabe! — Sim Lariech, fico muito chateado por isso, mas pode contar com a minha ajuda sempre! — Obrigado, mas acho que nesse momento nossa solução creio que está nesse colar aqui! Lariech pegou o colar do cofre que estava ao seu lado, colocando na mesa.
— O colar da Imortalidade?! — Sim, não tem outro jeito, se esse amuleto for tão poderoso como você fala, ele vai nos ajudar! — Ele é poderoso mas, é que você tem que saber usá-lo com responsabilidade não deixe esse poder te controlar, lembre do que aconteceu com o Xauã! O doutor lembrando da história daquela joia ficou meio inseguro, porém sabia que não tinha outra opção.
— Eu sei Steven, prometo que só vou usá-lo na sua presencia e só em casos extremos. Mas como se usa isso? — É fácil, como se fosse um pacto, eu vou lhe ajudar. Steven pegou o colar da mesa colocando no pescoço do amigo, a joia era um pouco pesada deixando um desconforto em Lariech. Como era um competente historiador Steven soube seguir a tradição da joia, executando o pacto semelhante ao que fez Xauã em seu primeiro pedido no século XVI. No livro “Joias antigas e seus mistérios” que foi dado ao Steven pelo senhor Madse, dizia como se praticava o ritual, o velho livro com páginas conservadas dizia: “O indivíduo que adquirir o poder terá que usá-lo com grande responsabilidade, em casos de extrema precisão, o indivíduo terá que colocar o colar ao pescoço, e com a mão direita segurá-lo, em seguida fechando os olhos encoste o rubi no tórax, na região onde fica o coração, ao fazer o pedido em silêncio aguarde um período para os dois corações se comunicarem, após isso o indivíduo poderá seguir sua jornada com a certeza que cumprirá a missão.” Feito tudo isso orientado pelo amigo, Lariech se sentia diferente, aquela insegurança, aquele medo que sentia havia desaparecido de seu coração, estava mais forte, confiante e com uma ideia na cabeça magnífica para poder reverter a situação ao seu favor.
— Já sei oque devo fazer Steven! — Que bom doutor então me diga! — O Recnac curará todos os pacientes com qualquer tipo de câncer, seja avançado ou não, só preciso aparecer na mídia e explicar ao público que foi um mal entendido e que dar minha palavra que serão curados! — Mas Lariech ninguém mais confiará na sua palavra, lembre que você prometeu anteriormente e falhou! — Eu sei, mas creio e tenho certeza que vão confiara em mim, espere pra ver oque vou fazer para convencê-los! O pedido que o doutor havia feito ao colar, Steven já teria deduzido claro né que seria pra o Recnac ter o poder de curar o câncer, oque deixava o homem nervoso era pensar na tristeza que seu amigo sentia sabendo que precisava de uma força sobrenatural para realizar o sonho de salvar vidas, deixando de lado o mérito de ter se empenhado a vida inteira para aquele comprimido falhar. Mas preferiu apoiar Lariech naquele momento tão complicado, o doutor pediu ao seu assessor marcar um dia para comparecer em um programa de televisão, mas um programa com grande audiência para todo o mundo poder vê lo e escutá-lo. Na data marcada Lariech participou de uma entrevista com perguntas polêmicas e com respostas inteligentes do doutor, o canal tinha também uma editora que no dia seguinte publicou trechos da entrevista em um jornal e por último a
opinião da mídia em relação ao caso de Lariech. Como sempre fazia Steven comprou o jornal logo cedo nas bancas, pra sua sorte havia dois jornais sobrando, pois pela repercussão o público não se contentou só com a entrevista mas queria ler o jornal também. Ansioso para ver oque poderia ter mudado após a entrevista, o homem correu entrando no consultório puxando uma cadeira para se sentar ao lado do amigo, para lhe contar a novidade.
— Lariech, escute oque vou ler agora! — É sobre a entrevista de ontem?! — Sim posso pular os trechos da entrevista pra ir logo na opinião do entrevistador? — Claro, leia logo já ficando nervoso! — Está bem, opinião de Mario de Lois - “Ontem tive a honra de entrevistar um dos maiores médicos de todos os tempos, o doutor Lariech, como sempre faço vou ser mais objetivo na minha opinião, eu achei uma injustiça oque fizeram com o doutor Lariech. Esse grande médico foi vítima de fortes acusações dizendo que ele era um mentiroso, que iludiu seus pacientes, mentindo ter criado a cura do câncer, por problemas ainda não comprovados os indivíduos que tomaram esse comprimido chamado Recnac não tiveram nenhuma melhora, mas eu como um experiente telecomunicador falo com toda segurança que Lariech é inocente. No nosso programa quem assistiu ontem a noite sabe que contamos com a presença de grandes nomes da medicina apoiando o doutor, afirmando que o Recnac é sim a cura do câncer, os resultados aparecerão dentre dois meses após o uso, então público maravilhoso que me acompanha, de um voto de confiança no doutor Lariech que dedicou a vida inteira a salvar vidas, ele prometeu que o remédio será distribuído ao povo nos hospitais públicos sem nenhum valor, pois como ele mesmo disse” “Salvar vidas é o objetivo da medicina e não o dinheiro”. Agradeço a quem me acompanha tanto nos programas como nas edições de jornais! Senhor Mario Lois.
— Então Lariech, não é maravilhoso?! — Claro que é Steven, graças ao colar da imortalidade me sai muito bem na entrevista e consegui convencer o público! —Sim, a justiça está começando a ser feita, ao nosso favor! —Verdade Steven, mas temos muito oque fazer pela frente, para podermos iniciarmos nosso caminho pra glória, temos que distribuir logo esses comprimidos! —É, mas não se preocupe com isso, deixe que eu me encarrego disso, o melhor que você tem a fazer agora é atender a mídia, isso vai te ajudar bastante! Os comprimidos de Recnac foram distribuídos nos hospitais públicos e particulares, sem nenhum valor a pagar, totalmente de graça, como o doutor havia prometido. Com o passar do tempo, dentre dois anos Lariech estava consagrado como o Rei da Medicina, esse apelido fazia jus aos incríveis resultados que o Recnac proporcionou na medicina mundialmente. Os casos de câncer foram reduzidos em noventa e oito por cento, uma marca incrível atingida a dois anos do lançamento do remédio, Lariech ganhou diversos prêmios dentre o mais valioso o Prêmio Nobel da Medicina. Em todas celebrações o doutor levava Steven consigo, e nos discursos que fazia sempre lembrava de seu falecido amigo, pois não seria justo receber o mérito sozinho, sendo que Lary foi seu parceiro para alcançar esse sonho que hoje se realizou. Tudo isso se realizou por causa do colar da imortalidade, Lariech sabia agora o quanto era poderoso aquele amuleto, mas algo tinha mudado nele desde que havia posto o rubi em seu pescoço. Sentia uma vontade imensa de usá-lo sem que Steven soubesse, não conseguia se controlar mais, desejava cada vez mais ser rico, porém temia pedir riqueza porque lembrava do que tinha acontecido com o Xauã. Não suportando essa agonia que vivia a cada instante, Lariech criou coragem para envolver esse assunto que tanto o
incomodava em uma conversa com seu amigo, após uma noite de sábado de muito vinho e conversas trocadas, o doutor interrompeu o assunto sobre política para enfim contar a Steven a agonia que estava sendo vítima.
— Preciso falar sério com você Steven. Já queria lhe contar isso faz um bom tempo, mas estava com vergonha que me achasse fraco! — Seja oque for pode falar, eu sempre vou te apoiar, confie em mim! — Está bem, depois que coloquei aquele colar, me senti mais forte e seguro, só que após ter conquistado tantas riquezas, e ter o poder de curar o mundo acabando completamente com o câncer, eu estou agoniado! — Agoniado como assim Lariech? Não devia ficar feliz por estar cumprido a sua missão? — Sim, mas estou me tornando um ser ambicioso, e isso me incomoda muito, não quero terminar igual ao Xauã! — Nossa Lariech, temia que isso pudesse acontecer, esse rubi é muito poderoso, ele pode te dar o mundo nas suas mãos, mas em troca rouba sua alma se precisar! Assustado com o que ouviu o doutor se calou por um instante, retomando em seguida ao assunto trêmulo de medo.
— Como assim? Você não tinha me falado isso! Steven sentou ao lado do amigo percebendo que ele estava nervoso com a conversa.
— Se acalme Lariech eu vou explicar, o pacto que você fez não é só um desejo, é uma aliança com aquela joia, oque ocorreu com o Xauã foi por causa dele mesmo, o pobre homem não sabia como usar esse poder, oque só prejudicou a vida dele. Se você quiser se livrar da ambição e de todo mal terá que fazer apenas uma coisa! — Oque Steven? Fale que eu faço! — Terá que usá-lo como um colar normalmente no seu dia a dia, nunca tire ele do pescoço, nem para dormir. Me de ele por favor, pra eu colocá-lo em você. Lariech pegou o colar do cofre, entregando para o amigo que em seguida colocou o colar no pescoço do doutor.
— De agora em diante Lariech, você tem dois corações, caso um dia você venha a falecer, o seu segundo coração e o mais poderoso ira substituir o órgão morto! — Nossa que incrível, então esse é o motivo de se chamar assim, colar da imortalidade? — Exatamente, mas um mistério ainda reina nessa história, não sabemos quais as consequências de ser imortal o trará, e também nada foi comprovado que o indivíduo que viver através dessa joia será o mesmo de antes. — Acho que sim Steven, oque importa é ser imortal! Com o término do assunto o historiador já estava partindo, quando voltou da porta lembrando de avisar o amigo de um detalhe importante.
— Desculpa Lariech, esqueci de te contar uma coisinha! — Sem problemas Steven pode falar! — É que queria saber se você é um homem ambicioso, sei que não vai mais adiantar até porque a joia já se transformou em seu segundo coração, mas é pra eu poder ficar tranquilo! — Não sou, porque? — É questão de tradição sabe, esse poer é muito perigoso quando se junta a um coração com ambição, mas confio em você. É só isso mesmo Lariech tchau! — Tchau! Claro que Lariech estava mentindo ao amigo, o homem era um ser ambicioso, os motivos das brigas com Lary era por causa da sua ambição, do seu luxo, oque o falecido cientista odiava no amigo era a teimosia de acumular riquezas. Pois ele foi um homem humilde que só pensava em ajudar as pessoas, pretendendo no futuro ver a felicidade no rosto de cada paciente, e não milhares de dólares em sua conta bancaria. Lary desejava que seu amigo fosse semelhante a ele, mas era impossível, Lariech é controlado pelo luxo e por causa desse vício mentiu para o Steven para conseguir alcançar sua nova ambição, que
poderia ser a maior de todas: A Imortalidade.
CAPÍTULO 3 – A morte do doutor Lariech. Com noventa e quatro anos de idade, Lariech estava com a aparência de um senhor de cinquenta anos, conseguido sempre estar na mira dos holofotes por ser um médico famoso e muito polêmico, a mídia chegou a publicar uma revista inteira falando sobre a vida dele. Quem se relacionava no dia a dia com o doutor dizia que ele era um caso raro, pois sabiam que ele tinha mais de noventa anos. A juventude do homem foi preservada por um pedido que havia feito ao colar, ou seja, mais uma ambição de Lariech. Com o tempo favorável a ele, Lariech trabalhava pouco, não sentia mais vontade de consultar pacientes, a vida estava ficando chata. Aos poucos o doutor foi se afastando de seu amigo Steven, oque deixou o homem muito triste, pois oque tanto temia estava acontecendo, a riqueza subiu na cabeça do doutor que estava enlouquecendo. Os amigos ficaram um longo período sem se falar até que Steven recebeu uma carta em sua casa que mudou aquela situação de intriga entre os dois homens. Quem escreveu a carta era o doutor dizendo estar arrependido por ter se afastado de Steven, explicou que a amizade do homem era muito importante para ele, e por último fez um pedido de ajuda ao amigo, contando que estava doente com muita dor no corpo precisando urgentemente da sua visita. Preocupado com o doutor, Steven não pensou duas vezes e correu para a casa do homem. Lariech pensava que o amigo não atenderia ao seu pedido, talvez nem lesse a carta sabendo que era do homem, porém se manter otimista aguardando a visita era a melhor coisa a fazer. Já ao anoitecer Steven chegou na mansão sendo bem recebido, muito diferente das visitas anteriores que precisou sair do local por ordens do doutor. Lariech estava no quarto, em sua cama com uma aparência doentia, os cabelos grisalhos pareciam algodões de tão finos no travesseiro de penas, percebendo a presencia do amigo o doutor que não tinha forças para locomover os membros tentou chamar Steven que estava na porta olhando meio surpreendido, mas não conseguiu porque não tinha mais força na voz. Assustado com o estado do doutor, Steven entrou ao quarto em direção ao homem um pouco tímido ainda pela briga entre os dois.
— Oi Lariech como você está? — Horrível Steven, de hoje não passo! A voz do homem estava muito fraca, Steven teve que encostar a cabeça no ombro do homem para ouvi-lo. — Que isso Lariech, você vai ficar bem! — Não vou Steven, infelizmente. Hoje tive uma aparição de um anjo, ele era um homem alto com cabelos longos preto, e com uma roupa branca muito linda, tinha em suas costas um par de asas gigantescas, ele me disse que o meu coração do bem morreria hoje, e você sabe oque isso quer dizer né! — Sei, mas pensei que não seria tão rápido! Os amigos ficarão em silêncio por um bom tempo, até porque um enfermeiro chegou para examinar o doutor que dizia a todo instante
— Não ainda homem, pra que examinar uma pessoa que vai morrer daqui duas horas! O enfermeiro permaneceu quieto, só deixou o homem após as ordens dele mesmo. No quarto do homem tinha um relógio muito antigo, um objeto que Lariech adorava, ainda tossindo muito, o homem se esforçou para se despedir do amigo, pegando na mão dele. — Chegou a hora Steven, obrigado por me apoiar enquanto sobrevivi a esse mundo cruel! — Não Lariech por favor, não me abandone, não deixe seus pacientes! — Meus pacientes já estão salvos, eu fiz minha parte, a partir de agora não é mais o doutor Lariech que estará nesse corpo, será uma alma cruel! — Não senhor, nunca existiria essa possibilidade, você é um homem bom! — Eu sou um ser ambicioso eu menti pra você, me desculpe, cuide do Recnac. Adeus Steven, agora posso encontrar o Lary!
Depois de dizer isso Lariech pendeu a cabeça para o lado como sinal de que não estava mais vivo, desesperado Steven começou a gritar não conseguindo aceitar a perda, com os gritos os funcionários do doutor chegaram ao quarto para apoiar o homem, chorando junto com ele, ao lado do corpo. O historiador fez o enterro como a profecia do livro mandava, no caixão tinha flores com pétalas brancas simbolizando o bem, o colar foi junto com o homem s que escondido nas rosas, a sorte de Steven foi ninguém tocar no corpo naquela região. O homem já sabia oque ia acontecer depois de o enterro acabar e todas pessoas partirem do cemitério, o corpo de Lariech saiu do túmulo abrindo o caixão jogando a tampa longe, a cena era assustadora, aquele corpo não pertencia mais a um ser humano mas sim a um mostro, um demônio com aparência de homem. A criatura sobrenatural pulou o muro que não era tão alto e saiu do cemitério facilmente sem ser visto. A aparência do anjo do mal que pertencia aquele corpo estava com a mesma aparência do doutor, com os cabelos grisalhos, alto e um corpo apesar da idade avançada, atlético. O homem foi para a mansão do doutor entrando em seu quarto sem nenhum empregado perceber, no dia seguinte um dos funcionários foi arrumar a cama do patrão falecido quando entrou no quarto o homem congelou de medo se deparando com o doutor dormindo normalmente na cama. O camareiro pensou que estava vendo um fantasma, ou algo parecido com fatos sobrenaturais, sua reação de imediato foi chamar o suposto fantasma para ver se o homem respondia, e ele respondeu, perguntando oque o funcionário queria, reconhecendo os traços no rosto teve certeza que era Lariech, o seu patrão. O pobre homem assustado saiu correndo pelas escadas sem ao menos respirar, apavorado pensando ter visto uma alma. Não muito surpreso com a reação do homem, o doutor desceu as escadas calmamente indo para o local onde ficavam os empregados da mansão, olhando pela fresta da porta Lariech segurava a risada pelo medo que todos sentiam ouvindo a história que o homem cantava, dizendo ter visto o fantasma do patrão e que a casa estava mal assombrada. Evitando que o medo se espalhasse para toda a casa, o doutor entrou no local para esclarecer aquela história.
— Oi pessoal, porque estão nervosos?! Nem preciso falar o espanto que todos levaram né, era um correndo pra um lado, um indo para o outro, teve um pobre homem que tentou se enfiar na geladeira de tanto medo, pena que a geladeira era pequena. Era uma cena extremamente engraçada de se ver e complicada de se sentir na pele. — Oque foi gente? Qual a causa de todo esse espanto? — O senhor não está morto?! Um dos funcionários se encorajou para fazer essa pergunta, enquanto o resto estavam congelados, evitando a respiração com medo da alma penada do doutor que só existia em suas mentes.
— Claro que não, se estou aqui é porque estou vivo! — Mas todos nós aqui vimos o senhor dentro do caixão, e seu amigo, o senhor Steven, estava ao seu lado chorando! — Aquilo foi um mal entendido, uma incompetência médica, simplesmente estava desacordado, e como vocês devem saber existem muitos médicos que não estão ligando pra os pacientes e sem me examinar me deu óbito! Os homens não conseguiam acreditar, era difícil, afinal eles foram no velório, viram a terra sobre o caixão do patrão, e de uma hora pra outra ele estava vivo, quem creria em certa coisa? Percebendo a reação dos homens não mudaria, Lariech foi em direção a eles para poder de alguma forma provar que estava vivo, oque fez um imediato recuo dos empregados.
— Porque o medo homem? Eu estou vivo, pode me tocar se não acreditam! — Mas não pode ser, eu joguei uma rosa no seu túmulo, e também te toquei quando estava no caixão, como vamos acreditar em você?!
Calmamente Lariech caminhou até o homem colocando a mão no ombro dele, os funcionários pensaram que o colega correria, mas foi o contrário, percebendo que seu patrão estava vivo o empregado abraçou ele, chorando muito de felicidade por seu senhor estar de volta.
— Pessoal parem de bobeiras, podem abraçá-lo, ele está vivo, graças a Deus! Os homens encorajaram uns aos outros, confiando no amigo todos deram muitos abraços no patrão, o medo foi substituído pela euforia causada pela notícia surpreendente e especial. Pra comemorar a volta do doutor, houve uma festa na mansão, o doutor fingia estar feliz com aquela comemoração, na verdade aquela criatura que se disfarçava de Lariech odiava os empregados, quando recebia beijos ou qualquer forma de carinho, ele ficava por nojo, até porque não queria se relacionar com a classe social baixa, isso lhe causava repugnância. Steven foi o último a saber da notícia, afinal ele já sabia que isso ai acontecer, porém tinha que fingir estar surpreso pra ninguém desconfiar. Oque o homem temia é se encontrar com o doutor, não poderia confiar naquele ser que mau conhecia, e segundo a lenda do colar da Imortalidade, após a morte do coração humano o outro coração será o contrário do órgão morto, e como Steven sabia que o doutor era uma pessoa boa, o mal possuiria aquele corpo, trazendo todo oque fosse de ruim a Terra. Com medo de sofrer algum atentado ou algo que lhe colocasse em risco, o historiador ficou quieto com a esperança que o homem não lembrasse de ti. Enquanto Steven afastar a agonia que sentia, o homem acreditava em seu quarto como um ritual para obter todos os comportamentos de Lariech, pois precisava se reconciliar com os “velhos amigos” dele, não porque estava preocupado em ter amizades, mas sim interessado em fazer alianças com amigos ricos e poderosos pra assim alcançar seus objetivos, se fortalecendo para espalhar o mal pelo planeta. Decidido da ideia, o homem ligou para diversos números, se encontrando com muito deles, que estavam felizes por não terem perdido o amigo, se aproveitando disso o homem contava a mesma história para todos, dizendo estar em uma situação complicada por algumas dívidas que tinha, acreditando no drama em que estava passando os amigos do doutor fizeram grandes doações com valores altíssimos depositados em sua conta, pobres homens nem desconfiavam que estavam sendo vítimas de um golpe. Os golpes daquele ser ambicioso não pensava por aí, chegou a vez do principal, do seu braço direito, Steven, o melhor amigo de Lariech, mas o interesse por trás do homem não era dinheiro e sim o poder daquele colar, tendo o conhecimento de Steven já saber de sua verdadeira identidade, o doutor planejava ser mais bruto sem se preocupar com oque poderia ocorrer, afinal os dois estavam ligados na história do colar. Recebendo o convite para ir na mansão de Lariech, Steven ficou apavorado, até o dia marcado pensou em não comparecer mas não poderia fugir pro resto da sua vida de um mostro que ele descobriu praticamente, e em cima da hora decidiu se encontrar com o homem mesmo que fosse pra se sentir inseguro, portanto que conseguisse controlar aquele ser, era o necessário. Numa noite com lua cheia e um tempo nublado Steven tocou a campainhada mansão onde foi recebido por um funcionário que o levou para o escritório do doutor que já estava a sua espera. De costas, o homem era idêntico ao doutor, Steven até se surpreendeu pela semelhança, curioso para saber se a face também era igual, o homem chamou.
— Lariech, tudo bem? Se virando lentamente o doutor olhou para o amigo fingindo por um momento ser Lariech. Enquanto Steven ficava pasmado com tanta semelhança, se não soubesse da verdade ia pensar que seu amigo estava vivo.
— Oi Steven, estou bem e você? — Bem, o senhor me chamou aqui por qual motivo?! — Você sabe o motivo, não se faça de bobo! Steven se assustou com aquela resposta bruta, mas não sabia mesmo oque o homem
queria com ele, até que depois de pensar olhou para o pescoço do doutor e o colar estava lá, só que com uma diferença, faltava o pedaço direito o coração, o rubi inexplicavelmente estava dividido horizontalmente, faltando o pedaço esquerdo.
— Me desculpe, mas não sei do que está falando! — Se não sabe, então vou te explicar, você terá que me ajudara encontrar o outro lado o meu coração, senão quiser que eu te mate agora! Segurando o homem pelo colarinho da camisa, o doutor amedrontava o homem, forçando a ajudá-lo. — Mas como vamos encontrar, eu pensei que o coração não iria de dividir! — Você é apenas um humano idiota, como os outros, a lenda não conta a verdade! Eu possuo o lado mal e o outro lado está com algum ser dessa Terra que necessite dele, e não vou sossegar enquanto eu não encontrar e matar esse micróbio! A lenda do colar da imortalidade escrita por um ancestral de Xauã não citava a possibilidade de o rubi se dividir, e por acreditar nessa história que leu nos livros que o senhor Madse o entregou, Steven não quis pesquisar profundamente, esse foi seu erro, agora o homem se encontrava em uma situação complicada feito um refém daquele demônio, teria que ajudar de qualquer forma encontrar aquele pedaço desaparecido.
— Mas pra que você quer o lado bom? — Se juntar o lado bom com o ruim terei o poder maior! — E qual seria esse poder?! O doutor se sentou em sua poltrona de couro rodando-a, se mostrando seguro. — O poder de iniciar o meu Apocalipse, liberando o mal a Terra, as doenças destruirão toda a população mundial, isso porque vou pegar o lado bom e através de um ritual que não lhe interessa colocarei o mal nele, com isso o coração possuirá a força desse planeta, me fortalecendo e ai poderei ser o dono desse mundinho de humanos incapazes que nem você! — E se eu recusar a te ajudar?! Ouvindo aquilo que Steven lhe disse, os olhos do homem ficaram vermelhos como fogo, oque amedrontou Steven se arrependendo no mesmo instante de ter feito a pergunta.
— Caso você tente recusar, eu te mato seu imbecil! Mesmo com muito medo Steven tinha que enfrentar aquela criatura, não desejava ajudar ele a destruir o mundo. — Se me matar, não conseguiras achar o rubi de nenhum jeito! Nervoso com aquela demostração de coragem do homem, o demônio levantou Steven e o jogou em direção a um armário como se fosse um papel.
— Seu idiota, eu não posso te matar por enquanto pois preciso de você, mas você não pode fugir, em qualquer lugar eu vou te achar, até no inferno, se bem que você não é digno de entrar nele! Se recuperando da queda Steven agiu racionalmente concordando com o homem, não tinha jeito era aceitar e ser frio para encontrar essa pessoa que supostamente estaria com o colar e entregála ao monstro para matá-la.
— Então imbecil, você entendeu?! Você pode se salvar ao meu lado me apoiando, mas se você vira-se contra mim terei que transformar sua vida em um verdadeiro inferno desde já! — Eu entendi! — Eu entendi senhor, é assim que se deve falar agora quando se referir a minha pessoa! Steven estava ficando nervoso com o homem, não suportaria por muito tempo aquelas provocações. — Entendi senhor. Mas como vamos saber onde essa pessoa está senhor? — Praticamente eu sei, mas não consigo ver a face desse ser, porém nos meus conhecimentos um paciente com a senha setecentos e setenta e sete no dia vinte e três de março do ano dois mil e desse seis será consultado por você, seja quem for, terá que levá-lo para minha mansão, não esqueça dessa profecia! Apos aquele encontro Steven não conversou mais pessoalmente com o homem, e não
sentia nenhuma falta, ao contrário agradecia por isso, afinal o demônio estava muito ocupado praticando golpes em pessoas, roubando-as. A cada dia que passava Steven se sentia cada vez mais agoniado, por saber que teria que entregar uma pessoa que nem conhecia aquele homem terrível, para assim ele poder destruir o mundo. Talvez se ele não tivesse descoberto a joia nada disso aconteceria, e se essa pessoa precisasse viver para sustentar sua família, e se por acaso fosse um pobre jovem com todo o futuro pela frente e fosse interrompido seus sonhos por causa daquele monstro, Steven não sabia mais oque fazer, mas não queria viver pra sempre com aquele peso em sua consciência. No começo do ano de dois mil e desse seis as maiores potências mundiais foram afetadas por uma crise que abalou muitos países dentre os mais pobres aos mais ricos, muitas pessoas ficaram desempregadas, o desespero tomou conta da população. Em muitos países houve várias manifestações do povo que já estava esgotado com tanta desigualdade, os protestos era a única esperança de haver alguma mudança, mobilizando milhares de pessoas nas ruas, dentre esses milhares personagens um país e uma pessoa se destacava, o nome da jovem é Maely, uma adolescente que mora em São Paulo. Quando era uma bebe ainda morava com seus pais em Pará, por causa de um divórcio ela veio morar em São paulo com sua mãe, com doze anos de idade ela sofreu com depressão, um problema grave que atinge vários jovens, graças a um tratamento ela se curou desse mal, em um dia foi buscar remédio no hospital, pois ainda estava em tratamento, foi quando presenciou uma cena de racismo que a revoltou muito, chegou até a chorar, depois daquele dia a moça nunca mais foi igual, resolveu criar campanhas pela internet contra o racismo e qualquer preconceito, com um tempo já estava conhecida em todo país com suas manifestações. E hoje essa jovem com desse seis anos de idade não quer só mudar o seu país mas também o mundo, oque cobiçou os olhares de várias autoridades de como essa menina tão frágil consegue mobilizar uma multidão? A atitude dela incomodava muitas pessoas, enquanto outras apoiavam indo a rua também. Mas a situação não estava muito favorável a ela, estava sendo perseguida por muitos empresários que ganhavam com impostos e também por causa de ter feito várias denúncias de preconceito e crimes em empresas, a pobre adolescente estava sendo aos poucos acuada, recebendo ameças por telefone sendo impedida de continuar o seu processo de curar o mundo. Maely já estava desesperada, até que em uma noite fria ela se ajoelhou no chão de seu quarto e começou a pedir a Deus que pudesse acordar no dia seguinte e ter algo para lhe dar forças, uma motivação ou algo parecido, sem crer que isso poderia acontecer tão rápido, ela dormiu e no outro dia se surpreendeu com oque viu em cima de seu instante. Se você pensou no colar, pensou certo, sobre o móvel lá estava a segunda parte do colar da imortalidade, o pedaço que continha o Bem teria sido atraído pelo coração bom daquela moça, pois foi pra isso que a joia veio ao mundo, ou para curar ele ou para destruí-lo, depende em quais mãos cairia. Espantada com aquele colar, a moça se sentou na cama tentando raciocinar oque significava aquilo.
— Meu Deus será que o senhor atendeu meu pedido? Esse colar deve ser um amuleto, pra me proteger, me dar confiança, oque devo fazer, contar pra meus amigos ou guardar esse segredo pra mim? Mas e se eu tiver que usá-lo eles desconfiarão e eu não saberei oque dizer. Ai Deus me ajuda! Quando a moça já estava quase que arrancando os cabelos com as mãos de tanta duvida que sentia, sem saber por onde começar, a angustia dela foi interrompida pelo espanto causado por uma voz de um homem.
— Se acalme mulher, eu te explico tudo que você devera fazer! Com medo que fosse um fantasma, ou talvez um bandido, Ana se virou olhando pra trás, se assustando com a aparição que estava em sua frente. O ser que falou com ela era um anjo sentado no chão olhando calmamente para a moça.
— Quem é você?!
— Eu sou seu anjo a partir de agora, vou te acompanhar para ajudá-la, posso lhe explicar sobre esse colar que tem nas mãos? — Sim, claro! Disse a menina meio tímida e um pouco assustada. — Obrigado, então mulher esse colar veio até você por causa do seu coração! — Oque tem meu coração?! — Nada de mal, apenas bondade, e essa bondade atraiu o colar da imortalidade até você! A garota não conseguia entender muito bem oque o homem falava. — Colar da imortalidade, oque é isso? — É uma longa história, só posso lhe dizer que não há só um colar nesse mundo, você apenas está com o pedaço que possui o Bem! — E o lado do mal está com quem? — Essa informação não posso lhe dizer, pois nem eu sei. A única coisa que devo avisar é que você tem que usar esse colar, porque só assim ele poderá se ligar ao seu coração! — E para que eu devo fazer isso?! — Porque é preciso, pois se você quer curar o mundo, esse objeto será essencial para sua jornada, mas por favor não use ele pra seu interesse mas sim para ajudar ao próximo! O homem ficou em silêncio apenas olhando para a jovem que sentia um pouco de medo ainda. —Meu maior desejo é salvar o meu planeta de todo mal, mas por causa disso estou sendo perseguida, oque eu faço? O anjo se aproximou de Maely, sentando ao seu lado na cama.
— Use esse colar e saberás oque fazer, não tenhas medo mulher, tenha fé que nada o afetaras. A dúvida da garota permaneceu em sua mente, ela não conseguia crer no anjo, afinal o medo que sentia não passou, poderia ser porque ainda não teria posto o colar quem sabe se sentia melhor depois disso. Em um piscar de olhos o anjo desapareceu, sem dar tempo da jovem fazer mais perguntas. Sozinha em seu quarto novamente Maely pode pensar no que estava acontecendo, com o colar na mão ela não conseguia ver algum defeito nele, e na verdade ele estava inteiro só que o lado esquerdo tinha uma coloração transparente enquanto do outro lado estava vermelho como sangue. Agora sim a moça podia compreender do que se tratava aquele colar, claro se existe o bem consequentemente existe o mal, porém ela não imaginava qual seria esse mal, e quem estaria no seu comando, com certeza pra alcançar seus objetivos daqui pra frente teria que enfrentar muitos inimigos, afinal teria que acreditar, como o anjo disse “tenha fé que nada o afetaras”. Por um longo período Maely ficou afastada da população, preferiu cessar os protestos como uma jogada de mestre, iludindo muitos opositores que pensavam que a moça estaria com medo das ameaças, mas na realidade ela planejava viajar para os Estados Unidos com a intenção de encontrar o doutor Lariech, a moça teria se tornado fã do homem após o sucesso que o comprimido Recnac teve na medicina mundial. A adolescente queria conversar com seu ídolo, mostrar seu trabalho e quem sabe receberia um apoio que seria muito importante naquele momento, mas pra ir sossegada teria que resolver um problema antes, em sua cidade tinha um hospital que funcionava como um pronto socorro, nesse local um andarilho estava com um mal estar e pediu atendimento como qualquer outra pessoa, mas segundo o vídeo que uma mulher fez, ela narra a situação dizendo que não atenderam o homem por ser um mendigo, a gravação mostra também o momento em que os seguranças pegam o homem e o jogam para fora, uma verdadeira cena de preconceito e claro que Maely não suportaria viajar sem ao menos fazer um protesto naquele local. Em uma semana a jovem conseguiu mobilizar quatro mil pessoas, ela não quis dessa vez usar a internet com medo de alguém descobrir o dia certo da manifestação. Na data marcada, a multidão saiu na rua com faixas contra o racismo e o preconceito, todos
integrantes estavam de camisas pretas como um sinal de luto por causa das mortes na cidade. Na frente do grupo estava a moça com o colar no pescoço, muito confiante gritando não ao preconceito e ao racismo, com o homem ao seu lado que foi mal tratado participando também do protesto, a multidão não parava de gritar e fazer barulho com buzinas e tambores, só parou quando a jovem fez um sinal com a mão por causa de um bloqueio no caminho feito por policiais com escudos e armas. Pra seu azar o Estado tinha sido mais rápido sabendo a data e a hora exata em que o povo iria se manifestar. Maely não entendia como eles descobriram, será que teria sido um falso integrante que traiu o grupo? Mas os participantes eram pessoas de confiança, não havia explicação pra isso, mas oque importava no momento era tentar furar aquele bloqueio e continuar o protesto sem que os grupos entrassem em conflito, apesar do o povo não ficar nada contente com a presença da polícia e se fosse preciso lutariam para continuar a passeata. Evitando uma confusão Maely pediu para o publico se acalmar e caminhou sozinha em direção aos policiais para tentar uma negociação.
— Senhores policiais ninguém aqui quer confusão, apenas desejamos fazer a nossa manifestação! Os homens não responderam nada, apenas olhavam para a garota.
— Com quem eu posso falar dos senhores? Quando perguntou isso, um policial que estava encostado em uma árvore foi até Maely para atendê-la.
— Eu cidadã, oque deseja disser?! — Oi senhor, é que queria que os senhores permitissem a nossa passagem! O policial olhou para a jovem, encarando-a sem responder nada. — Senhor? Podemos passar?! Disse novamente a menina meio sem graça. — Temos ordens de não permitir que vocês passe daqui! — Mas senhor precisamos passar, temos uma denúncia de racismo contra esse homem! O andarilho caminhou até o policial. — Vocês tem provas?! — Sim temos um vídeo que um paciente fez, veja! Apos assistir o vídeo, o policial estava ciente que a denúncia tinha fundamento. Agora ele tinha certeza que tantos os funcionários quanto a diretoria do hospital era responsável pela cena de racismo.
— Senhora eu não devia fazer isso, porque recebi ordens de não deixá-la passar, mas pelo que vi vocês estão com a razão e seria injusto impedir essa manifestação, então permito que vocês passem! — Sério mesmo, obrigada senhor policial! A garota deu um beijo no homem, que não gostou muito, oque fez a ficar meia sem graça. -Senhores dê espaço para o povo brasileiro! Dadas as ordens, os policiais não entenderão muito bem a decisão, porém obedeceram o agente caminhando de costas, permitindo a passagem. Feliz com a cena que estava vendo a garota sorriu para o policial que a atendeu e seguiu com seu grupo a caminho do hospital. Quando o grupo já estava se distanciando o agente gritou chamando a moça que voltou pra saber oque ele queria.
— Oi senhor, oque houve? Perguntou Maely preocupada se o homem teria voltado atrás na sua decisão. — Nada de mais, só quero saber se posso os acompanhar, acho que precisaram levar uma autoridade para prender essa mulher. — Claro senhor, será um prazer, vamos! Com o grupo a frente da garota com o policial, a manifestação ocorreu normalmente em um estado pacífico. No hospital Maely foi impedida de entrar pelos seguranças que a empurravam para fora, só largaram a moça quando o agente apareceu dizendo ser
policial, oque foi sua salvação que por causa de sua presencia a garota pode entrar no local a encontro da acusada. Reconhecendo a mulher pelo vídeo, a garota mostrou para o policial que de imediato chamou ela pra poder ter uma conversa, pálida já suspeitando o motivo de conversar com um policial a mulher correu para os fundos dos corredores, o agente correu atrás tentando impedir a fuga, mas a acusada levaria vantagem pois conhecia mais o hospital do que o agente, pensando nisso Maely foi para a saída do local quem sabe cercaria a mulher, e pensou certo, quando ia fugindo a garota agarrou a mulher com toda sua força, derrubando a no chão, tentando imobilizá-la.
— Me solta sua infeliz! — Não, nem morta! Apesar de ser uma adolescente de quatorze anos Maely tinha uma força incrível, e com suas delicadas mãos conseguiu imobilizar a mulher, que percebendo não ter mais como fugir, apelou pro seu jeito. —Se você me soltar prometo te dar um bom dinheiro para investir nas suas campanhas pelo Brasil! —Minha senhora eu nunca aceitaria seu dinheiro sujo, comigo não funciona suborno. Olhe quem está vindo aí, agora a senhora vai se hospedar em um quarto que merece! A mulher começou a chorar de raiva e de medo também, não queria ser presa. No entanto, o policial não teve nenhuma piedade, e com razão, ligou para mandarem um camburão que levou a acusada para a delegacia.
— Obrigado senhora, por me ajudar a prender essa preconceituosa! — De nada senhor, eu que tenho a agradecê-lo. Quando já ia indo embora o homem voltou meio sem graça em direção a moça.
— Me desculpe perguntar, mas como é seu nome?! — Maely, prazer! - Prazer, pode me chamar de SH! A garota estranhou o nome do homem, poderia ser apenas iniciais, ou coisa de policial né, vai saber. Os jovens se conheceram aos poucos, depois daquele dia, o SH ligou pra ela só para perguntar como ela estava, a adolescente desconfiava que o homem estaria interessado nela, apesar de ser um policial jovem ela não se sentia a vontade de ficar ligando ou mandando mensagens para ele, mas após aquele dia que se conheceram em meio a uma manifestação estava sentindo algo de especial em relação a ele, só não queria confirmar. Não suportando mais aquela vontade, ligou para o rapaz com a ideia de inventar um motivo para ele não desconfiar de nada.
— Alô?! — Oi SH, é Maely, atrapalho? — Claro que não, eu estou na hora do almoço. Ta tudo bem? — Sim e você? — Estou bem! A jovem estava feliz por ouvir a voz do homem, porém tinha medo de disser algo que não devia oque fazia ela ficar em silêncio.
— Maely tem algo pra fazer hoje a noite? — Não porque? — Você topa ir jantar comigo no restaurante encostado aqui na delegacia? — Mas aonde fica esse local? — Bem eu te encontro em algum lugar aí vamos juntos, pode ser? Muito feliz com o convite Maely ficou nervosa, mas teria que segurar a emoção pra não atrapalhar em nada.
— Você conhece a Praça da Independência? Perguntou a garota. — Sim, passo na frente todos os dias! — Então me encontre lá, aí vamos tá bom? — Está ótimo, às sete eu te pego. Agora vou voltar a trabalhar, beijos, até!
— Até. Surpresa com o convite a moça tremia de felicidade, preocupada com a sua imagem, passou parte do dia no salão de beleza arrumando o cabelo, as unhas e maquiagem, tendo ainda tempo de sobra a jovem foi ao shopping comprar roupas novas pra ficar bem bonita pro jantar. Estando toda produzida, a moça contava as horas, nervosa, pensou em desistir mas não queria que o homem pensasse que ela fosse uma criancinha com medo de tudo, por isso foi sem pensar em mais nada, apenas no jantar. O rapaz já estava a sua espera quando ela chegou a praça, também muito bem aparentado com uma camisa branca e uma jaqueta preta, SH cumprimentou a moça, beijando-a no rosto.
— Oi Maely, tudo bem? — Sim e você? Estou, você está muito linda! — Obrigada! A garota ficou sem graça com o elogio, porém feliz por ter reparado nela. Os jovens foram pro restaurante sem dizer nada que fosse pessoal, apenas um deles as vezes quebrava o silêncio conversando sobre temas de entretenimento como cinema, música entre outras coisas. O restaurante escolhido por SH era um local agradável, um local de família, porém não era luxuoso, mas pra garota estava ótimo, pois não importava nada naquele momento se não fosse a companhia do rapaz. Maely pensava que por ser policial o homem seria durão, ou seja, teria costumes mais brutos, claro que ela se enganou, ele era muito atencioso e cavalheiro, puxando a cadeira pra ela se sentar, deixando a toda derretida. Feito o juízo errado sobre o rapaz, ela percebeu que não teria conhecido aquela pessoa a toa, resolveu se acomodar e mostrar todas as suas qualidades que poderia conquistar o coração dele.
— Então SH, oque aconteceu com aquela mulher? — Ela está presa, esse crime que ela foi flagrada não é o único, teve outras acusações como estelionatário, e furto! — Ah nossa, que bom que prenderam essa criminosa! — Pois é. O casal não falava muito além de ambos serem tímidos havia muitas pessoas ao redor, atrapalhando SH em entrar no assunto que queria. Terminado a refeição, o homem convidou a companheira para distrair um pouco na praça que tinha encostado ao restaurante, ela logo aceitou. O rapaz se sentia mais à vontade para poder falar algo pra ela naquele local.
— Maely preciso te contar uma coisa! Estranhando o assunto, a moça olhou firmemente para o homem.
— Pode falar, oque seria? — Bem, desde que eu te vi na manifestação eu fiquei estranho? — Estranho como assim? SH não conseguia se declarar como queria, estava com muita vergonha e nem ao menos olhava nos olhos da moça. Mas se esforçou para dizer.
— Não sou muito bom nisso, enfim quero te dizer que estou apaixonado por você! A reação da garota foi como todas mulheres reagiriam quando recebessem uma confissão de um homem, a pobre da moça em um momento ficou pálida, depois ficou com as bochechas coradas de vergonha, queria falar alguma coisa mas a sua boca estava seca e parecia que a voz havia sumido.
— E aí Maely, oque tem a dizer? Eu sei que faz pouco tempo que te conheci, mas não consigo te tirar dos meus pensamentos, e não estou mentindo é a verdade! Pra quem era tímido, SH estava se saindo até bem, já a moça estava calada apenas olhando para ele, pensando no que falar naquele momento que tanto esperou.
— Eu acho que é muito cedo pra isso, eu pensei que você tinha me chamado pra jantar, mas pelo jeito você veio com outras intenções! — Não é isso, você entendeu errado, eu já queria te falar isso, mas só conseguir ter
coragem hoje!
— Vamos ser amigos, deixar o tempo passar, ai nos conhecemos melhor! Após dizer isso Maely como era muito orgulhosa se levantou do banco e ia indo embora quando o rapaz gritou para chamá-la.
— Ei Maely, isso quer dizer que um dia podemos namorar? Virando-se devagar, a moça disse calmamente: — Não sei, não perca tempo prevendo o futuro, beijos! O rapaz ficou de boca aberta não acreditando na ousadia da moça, ele jurava que ela ia aceitar e sairiam dali de mãos dadas, mas na realidade ele foi pra casa sozinho, quer dizer acompanhado de uma vergonha que sentia por ter sido menosprezado. Depois daquele dia, a adolescente não atendeu nenhum telefonema do homem e não respondeu nenhuma mensagem, ela queria que ele sofresse um pouquinho, esse pouquinho fez ele ficar louco de raiva, o coitado nem trabalhava direito pensando nela. Oque ele não sabia, nem imaginava é que ela não estava tão bem assim, a garota tinha medo que a depressão de dois anos atrás voltasse, e pra poder esquecer e tentar afastar essa agonia a moça se embebedava de bebidas alcoólicas e usava muitas drogas todas noites, além de comer muitos doces. Quando não estava em suas manifestações ou em reuniões, Maely passava a maioria do tempo em seu quarto, como sua mãe trabalhava muito ela tinha pouco tempo pra ficar com a filha, oque só piorava a situação da jovem que era muito “fechada”, não gostava de conversar com desconhecidos muito menos com a família, era uma menina extremamente quieta. Saia as vezes para ir em festas punks ou praticar o esporte que mais gostava que era andar de Skate. Por causa das drogas Maely tinha muitas alucinações e ouvia vozes e via muitos vultos assustadores que atormentavam a pobre moça, mas em um dia que não estava mais suportando ver aquelas aparições infernais Maely ligou para SH pra poder ao menos ficar calma, quem sabe se conversasse com alguém essas coisas iriam embora.
— Oi SH sou eu, antes que fale algo sobre não ter te atendido todos esses dias, saiba que não estou bem! — Oque houve Maely?! — Eu sou uma garota muito complicada sabe, sou um verdadeiro lixo, e acho que não te mereço, pelo pouco que vi você é um cara legal e adorável, já eu sou um nada! — Porque está dizendo isso Maely, você é muito linda, se está tentando me evitar tudo bem, me desculpe eu não falo mais contigo. — Não é isso, estou falando a verdade, eu sou uma drogada, e no futuro serei uma gorda bêbada, pois minha compulsão alimentícia só aumenta a cada dia! A moça estava muito triste por ter que falar a verdade sobre ela pra uma pessoa que adorava, mas não adiantava esconder e muito chateada Maely começou a chorar desesperando SH que não sabia oque fazer pra acalmar a moça.
— Por favor Maely tente se acalmar, esses problemas podiam ser resolvidos, eu vou te ajudar confie em mim! — Não pode não, eu sou um caso perdido, não perca seu tempo comigo de uma hora pra outra eu me mato e deixo de ser um peso para todo mundo! — Não fale isso Maely, estou com você, tenho certeza que vai sair dessa! A moça ficou em silêncio, pois não aguentava de tanto chorar, SH ouvia o choro do outro lado da linha, aquilo pra ele era uma tortura ver sua amada naquela sofrência, não aguentando mais Maely desligou, mandando uma mensagem em seguida dizendo que sua única salvação seria a morte. O rapaz ficou muito preocupado naquele dia nem dormiu direito, quando chegava do trabalho ele ligava pra moça pra saber como ela estava e como sempre não estava nada bem, não se contentando com ligações SH começou a ir na casa de Maely com mais frequência pra poder ajudar e orientar ela a entrar em um tratamento pra poder se curar
desses vícios. Apesar de estarem juntos quase todas as noites o qual o único período que o rapaz ficava a vontade, SH não tinha visto o colar no pescoço da moça, não sei se é porque ele era tão apaixonada que não reparava em nada, admirando apenas o rosto da amada, ou colar teria se camuflado para o homem só pode vê-lo na hora certa. E esse momento havia chegado uma noite fria de lua cheia, quando Maely estava jogando videogame com o rapaz em seu quarto ela foi pegar um suco quando ele viu aquela joia estranha no pescoço da moça.
— Oque é isso May? Era assim que os mais íntimos chamavam a moça. — Isso oque? — Esse negoco no seu pescoço! — Ah, é um colar que ganhei da mina mãe. — Sério? Que legal, nunca tinha visto um colar assim, é rubi? — Sim, é. Percebendo que o homem faria mais perguntas que só a enrroscaria, Maely mudou de assunto rapidamente. Intrigado com a reação da garota recuando e mudando de assunto, SH preferiu não insistir no assunto, não queria ser indiscreto, mas sua curiosidade não poderia suportá-la por muito tempo, teria que esperar a hora certa pra perguntar e de um modo que não passasse ser um curioso. Naquela noite Maely tentou dormir mas não conseguia, a dúvida de contar ou não a verdade sobre o colar para SH perturbava seu sono, foi aí que ela lembrou do anjo que poderia ser uma salvação naquele momento. Não sabendo muito bem oque fazer para chamar o anjo, a moça se ajoelhou em seu quarto e começou rezar em um tom de voz alto com os olhos fechados.
— Senhor anjo, se não estiver ocupado e não for pedir muito, o senhor poderia vir aqui para me ajudar?! Não deu três segundos o anjo apareceu sentado em cima do instante da moça a suas costas.
— Claro mulher, aqui estou! Ouvindo aquela voz a moça que estava ajoelhada caiu no chão de susto, queria que o anjo viesse mas não sabia que ia ser tão rápido.
— Como você faz isso?! — Isso oque? — E que te chamei, e você e já apareceu! — Ué mulher, não se lembra que disse que seria o seu anjo protetor, quando estiver em desespero é só chamar que venho! — Ah que bom! Maely se sentou a cama convidando o homem para se sentar junto a ela, pareciam dois amigos. — Então senhor, eu tenho uma dúvida. — Diga, que eu posso te ajudar! — Eu conheci um homem, ele é policial e nos tornamos amigos e essa amizade está muito forte, acho até que estou apaixonada por ele, enfim ele perguntou hoje sobre esse colar e eu inventei que minha mãe que tinha me dado, mas eu não queria mentir pra ele, pois não quero que ele minta pra mim, oque eu faço se perguntar de novo? — Siga o seu coração! A moça ficou com cara de paisagem olhando pro anjo.
— Então eu devo contar para ele toda a verdade sobre o colar? — Sim, se você se sentir melhor depois disso. — Mas ele não vai acreditar na história! O anjo se aproximou mais ainda da moça, pegando a mãos dela carinhosamente.
— Mulher se ele não acreditar na verdade, no que ele vai crer? — É complicado, mas o senhor deve estar certo. — Estou sim, queria ficar com a senhora mas tenho muitas coisas a fazer lá em cima!
— Tá bom, obrigada e até! — Até, se cuida. O anjo desapareceu em um estalar de dedos deixando a moça sorrindo sozinha. Com tudo que havia acontecido em sua vida em tão pouco tempo, a moça tinha esquecido da viagem para os Estados Unidos, por causa de SH ela ó pensava nele mas precisava conhecer, o doutor Lariech. Oque a pobre moça não sabia, nem passava em sua mente isso, na verdade ninguém pensaria pra que seu ídolo era um demônio disfarçado no corpo, pra realidade no verdadeiro Lariech estava morto, mas ela correria um sério risco perto da criatura, e quando descobrisse a verdade a moça sofreria uma grande susto e tristeza pôr o doutor estar morto. Revelando a futura viagem para o rapaz, SH ficou nervoso, porque queria cuidar de Maely e não tinha dinheiro para ir junto, trabalhava como policial, uma profissão que recebe um salário indigno ao trabalho, que executam esses bravos homens, um dos nossos heróis da sociedade. Mas quando a moça colocava uma ideia na cabeça ninguém tirava, era muito teimosa oque deixava o rapaz nervoso.
— Maely você não pode viajar agora! — Logico que posso, as malas já estão feitas, hoje mesmo eu viajo! — Não me deixe aqui May, por favor! A moça já estava nervosa com a insistência do rapaz, deixando-o falar sozinho.
— E pare de fingir que não está ouvindo, no menos me fale a verdade sobre esse colar que está em seu pescoço! Maely ouvindo a pergunta congelou de medo, voltando para o quarto onde estava SH.
— Já disse que foi a minha mãe que me deu! — Pare de mentir May, eu sei que sua mãe não deu esse colar, como ela teria dinheiro para comprar uma joia tão cara como esse rubi?! Me conte a verdade, confie em mim! Percebendo que não teria jeito, a moça se sentou ao lado do amigo pegando as mãos dele. — Eu vou te falar a verdade, mesmo que não acredite em mim! — Claro que vou acreditar! — Ta bom, por causas de minhas manifestações que criticam vários setores da sociedade, como homens poderosos que são corruptos, eu recebi ameaças por telefone e também pelo celular através de mensagens, tudo isso com a intenção de me acuar, o pior é que estavam conseguindo fazer eu não ter mais vontade de sair, muito menos de elaborar meus protestos. Mas eu queria mudar essa situação foi quando em uma noite eu me ajoelhei e comecei a pedir para que algo viesse a mim e me devolvesse a minha força e coragem. — Ah então você quer dizer esse colar foi dado de presente a você, ou você comprou ele de algum vendedor que teria passado em sua casa para lhe oferecer amuletos antigos? — Não exatamente, quando acordei no outro dia esse colar estava no meu lado e mais, um anjo apareceu pra me explicar algumas coisas sobre essa joia. — Ah um anjo, oque esse suposto anjo disse? Disse SH duvidando da moça. — Disse que esse colar me ajudaria a curar o mundo pois ele pertence ao bem, mas algo poderá destruir a Terra com a outra parte desse colar que pertence ao mal, só não sei quem está com o outro colar! O rapaz olhava pra Maely muito confuso, não conseguia acreditar nem um pouquinho que seja no argumento que ouvia, como colocaria aquela história que parecia mais de ficção na sua cabeça, pois ele nunca foi de crer em nada que não tivesse uma boa explicação.
— Que foi?! Perguntou Maely nervosa. — É que não consigo crer em tal coisa, você está querendo me disser que além de o colar aparecer em seu quarto do nada, um anjo ainda veio te visitar! Complicado de entrar em minha mente May! — Não está acreditando né, depois diz que confia em mim!
A moça levantou da cama com raiva.
— Ah May se acalma, é que esses negócios de anjos fantasmas, não sou de acreditar, talvez você tenha sonhado e tudo isso foi ilusão, pode ter sido sua mãe mesmo que te deu essa joia! — Se você não quer acreditar, não acredite, eu vou viajar mesmo! A garota ficou nervosa pela desconfiança do homem que dizia que tanto amava ela.
— Não May calma, é que pra mim é difícil acreditar em tal história. — Esquece, amanhã mesmo vou viajar, então saia que tenho que dormi agora! — Sim, pois preciso dormir tchau! A moça empurrava SH para fora de seu quarto até que foi interrompida por uma voz. —Não mulher, não devia tratar o menino assim! Maely e SH procuraram de onde estava vindo aquela voz mas não achavam, oque fez o rapaz pensar besteiras.
— Você está escondendo alguém aí May? — Claro que não, seu bobo! Depois de tanto procurar, os jovens foram surpreendidos novamente.
— A quem vocês estão procurando? Os jovens se viraram rapidamente em direção a voz quando viram o anjo, pra Maely foi normal por já ter visto mais veze, mas pra SH foi um tremendo de um susto, que sua reação foi pegar seu revólver e apontar pra criatura.
— Abaixe essa arma homem, eu vim em paz, não está vendo minhas asas, sou um anjo! O anjo virou as costas pro moço mostrando suas asas. — Ah é, tinha me esquecido que você não acredita em anjos né! Percebendo que oque estava a sua frente se tratava de um unjo, SH se sentou na cama muito pálido.
— Está vendo, agora você acredita em mim né, mas não adianta mais, amanhã mesmo partirei para os Estados Unidos! — Se acalme mulher, você não vai a lugar nenhum sozinha! O anjo pegou as malas que estavam ao lado de Maely e colocou em cima da cama.
— Senhor a sua amiga esta falando a verdade quando disse que tinha me visto e recebido o colar, acredite homem, esse colar é a força do bem, isso pode mudar o mundo em boas mãos mas a força do mal pode destruir o planeta, então não pense que esse objeto é apenas um amuleto por que estará muito enganado! SH ainda estava assustado com a presença do anjo, oque demorou um pouco para poder criar coragem pra dizer algo.
— Mas quem seria esse mal? — Não sei senhor se soubesse contaria a vocês! — Mas você não é um anjo, deveria saber não? Disse o rapaz desconfiando também do anjo. — Sim mas o destino já está traçado, eu não posso ler, mas vocês podem mudá-lo! Olhando um para o outro como se não estivessem entendendo nada, o casal prestava atenção noque dizia o homem. Maely ainda nervosa olhava com indiferença para o rapaz. — Não sabemos onde esta esse “mal” então senhor acompanhe sua amiga na viagem, está aqui o dinheiro, vá com ela! — Me desculpe, mas eu não vou com ele, não mandei duvidar de mim! Maely quando queria ser chata usava todo seu orgulho pra convencer a moça de aceitar a companhia de SH na viagem foi difícil, mas enfim o anjo conseguiu com muito esforço é claro. No dia seguinte o rapaz já estava na porta da moça que havia dado a chave da casa para ele, o homem estranhou a situação pois esperava que a moça estivesse já o esperando, percebendo que não tinha ninguém na casa o rapaz subiu as escadas devagar a caminho do quarto de Maley que pra intrigá-lo mais, a porta estava encostada. Entrando no local o homem estava ficando preocupado pois não encontrava a moça, nem
no quarto, as malas que no chão perto da cama fez o policial pensar que a moça estivesse apenas no banheiro, pois o local tinha um banheiro como se fosse uma suíte, oque fez ele tocar na porta chamando por ela.
— May! Você está aí?! Não recebendo nenhuma resposta o rapaz ficou preocupado, prestes a arrombar a porta. —May to preocupado, vou ter que arrombar, ouviu?! Sem nenhuma resposta novamente SH derrubou a porta com apenas dois chutes. Quando entrou no banheiro o rapaz encontrou Maely, só que numa situação que ele nunca pensou em ver, a moça estava no chão encostada ao vaso sanitário agachada com os braços cortados derramando sangue, e uma lâmina no chão. SH não conseguia reagir aquela imagem, estava muito assustado, a moça olhou para o rapaz chorando muito e disse com uma voz trêmula e fraca:
— Me desculpe eu sou uma droga, pode me xingar eu menti pra você, continuo me drogando e quero morrer! O rapaz não falava nada, não conseguia crer no que estava vendo.
— Se você quiser pode ir embora, eu não te mereço. Sh saiu do quarto deixando Maely sozinha, a pobre ficaria sozinha sem ninguém para ajudá-la, mas pensou errado o rapaz foi buscar uma toalha que estava em cima da cama e voltou para o banheiro surpreendendo a moça.
— Oque você vai fazer?! Maely levantou a cabeça assustada. — Relaxa May, vem precisamos estampar esses ferimentos! O homem limpou o sangue com uma toalha e fez alguns curativos na moça que ficou sentada a cama chorando muito, pois não queria que fosse vista naquela situação. —Me desculpe, eu só te trago dor de cabeça, desculpa! —Não tem que se desculpar minha linda, eu te amo! Maely estava surpreendida por SH não ter ficado bravo, pois outra pessoa o abandonaria, mas ele não, sempre dizia que a felicidade dele seria construída através da felicidade dela, era um amor incondicional, que ficava mais forte a cada dia. E percebendo o estado em que a moça se encontrava chorando compulsivamente, ele abraçou a amiga pra acalmá-la, uma imagem emocionante de se ver. Por causa da moça não estar bem, pois havia feito vários cortes no braço e não poderia viajar assim, SH cancelou a viagem, tudo isso que aconteceu tinha uma explicação que os jovens não sabiam, por ser dia vinte de março uma força do mal foi a responsável por todo ocorrido, mesmo que Maely não se cortasse algo atrapalharia a viagem, isso pra profecia do doutor se concretizar. Teimosa como era Maely convenceu SH a viajar no dia seguinte, o rapaz teve que fazer um empréstimo as pressas para poder comprar a passagem, pois não tinha a quantia em dinheiro suficiente naquele momento. Chegando nos Estados Unidos, a moça aproveitou o primeiro dia pra passear pela cidade de Nova Iorque com o homem, os jovens estavam admirados com tanta beleza em um só lugar, corriam nas ruas como se fossem duas crianças, de tanta alegria e Maely nem percebia quando agarrava a mão do moço e corria em direções a chafariz, alegre como nunca esteve, as vezes ela para e lembrava de seus piores momentos, aos poucos ela ia descobrindo que SH era sua felicidade. E ele fazia tudo pra ser, se esforçava como um cupido a procura de unir um casal, só que diferente do cupido ele queria unir o coração da moça com o dele, pra poder enfim mostrar um mundo melhor a sua amada. E pra isso bastava ele ouvir apenas uma palavra “sim”, essa confirmação mudaria a vida dele e de sua futura parceira, com muita vergonha SH esperou a moça dormi em outro quarto homem passou a noite inteira produzindo seu pedido. Com tudo pronto o rapaz acordou cedo antes que a moça, muito ansioso com oque aconteceria o homem não parava de beber água até que sua amada acordou, percebendo que Maely estava vindo a cozinha SH fingiu lavar louça. De imediato Maely não percebeu nada, mas após falar bom dia a moça observou que
tinha algo de diferente no local, foi aí que ela viu os cartazes pendurados na geladeira escrito com uma letra linda pintada de vermelho “Eu te amo”, na parede em sua frente tinha outro cartaz escrito “Namora comigo”, além disso várias pétalas de rosas na mesa e antes que ela pudesse dizer algo SH veio por trás com um buquê de rosas na mão dizendo:
— May, quer namorar comigo?! A moça ficou sem palavras, olhando pro moço não conseguiu dizer nada, sua resposta foi dar um beijo que surpreendeu o rapaz, deixando sem palavras. Após e momento romântico entre o casal, Maely interrompeu o beijo pra falar sobre o doutor Lariech.
— Oque houve May?! Porque está se afastando, eu fiz algo de errado? — Não fofo, você não fez nada, é que lembrei que vou ir no consultório do doutor Lariech hoje! — Ah e oque que tem? A moça se sentou colocando o buquê de flores em um vaso.
— É que estou muito ansiosa, você poderia ir junto comigo?! — Claro amor! Posso te chamar assim né? — Sim, moh! A jovem ficou um pouco envergonhada mas feliz pelo gesto de carinho. Achando o endereço do local na internet, Maely chegou ao consultório junto com SH, o local estava muito luxuoso, bem diferente de como era quando o verdadeiro Lariech estava vivo. Essa mudança só ocorreu através dos golpes que o farsante fez, recebendo diversas doações bem gordas que foram suficientes para poder sustentar todos os luxos e ostentações do doutor do mal. Olhando para o calendário, Steven ficou apavorado pois estava no dia que a profecia indicou dizendo que a pessoa que estaria com o lado do bem viria se consultar com o doutor, ansioso e com muito medo do que ocorreria depois da senha setecentos e setenta e seis Steven correu a sala do homem. —Licença doutor, é que tenho que tirar uma dúvida sobre oque devo fazer quando a tal pessoa vier a sua sala!
— Ah sim, como eu não posso matar esse ou essa infeliz aqui mesmo, leve essa droga pra minha mansão, diz que foi sorteado a senha pra ter um dia em minha casa! — Está bem, tchau! Quando o homem estava sabendo o doutor continuou falando.
— E nem pense em falhar, não seja tão idiota assim! — Pode deixar, não sou lhe decepcionar! — Bom mesmo. Pro seu bem! Assustado com o aviso, Steven esperou do lado da porta do homem a senha exata, para poder pegar a vítima e levá-la para a armadilha. Enquanto isso, Maely subiu pelos elevadores a caminho do consultório, o rapaz chegou ao local primeiro por causa que Maely foi ao banheiro que ficava do lado de fora da sala de espera. Portanto o policial pegou a senha com dois números a menos da senha que o destino reservou pra eles, mas com o destino não se brinca quando a moça chegou ao local viu uma velhinha que precisava passar logo, nisso a jovem pegou a senha novamente só que agora com o número amaldiçoado. E lá estava a senha setecentos e setenta e sete nas mãos de Maely quando chamou Steven ficou branco de medo olhando para a moça que vinha em sua direção com o colar, o historiador estava muito surpreendido pela profecia ser cumprida, oque deixava-o cada vez mais nervoso.
— Oi senhor posso entrar? Perguntou Maely ao homem. — Sabe oque é moça, não deixe ninguém ouvir mas havia uma promoção que a sua senha estava sorteada, e você ganhou um dia na mansão do doutor Lariech. Steven
falava meio baixo pros pacientes não ouvirem.
— Sério que legal, eu posso levar um acompanhante? — Não, só tem que ser você! — Ah que pena, então não vai dá pra eu ir, porque meu namorado aqui é meu guardacostas! SH ficou feliz com a declaração que sua namorada fez, por um momento ele pensou que ela aceitaria ir sozinha. Não havendo outro jeito Steven teve que aceitar que o homem fosse junto com a moça, tinha medo que o doutor não gostasse mas não tinha outra opção era isso ou nada.
— Ta bom ele pode ir, vamos tem um carro que nos levara até lá! — Ebaaa, obrigado vamos! Levados pelo carro até a mansão o casal se surpreendeu com o luxo era muito lindo o local, parecia o paraíso.
— Está vendo amor porque eu sou fã dele, olha só oque ele conquistou com o trabalho dele, além das vidas que salvou! — É impressionante como um médico tem uma propriedade tão cara como essa! — Ele merece né! — Claro que merece, se não fosse por ele e o nosso querido falecido Lary o mundo estaria destruído pelo câncer! Steven logo elogiou o amigo que também estava morto, só que não podia revelar aquilo, pois ninguém acreditaria nele. O rapaz como todo policial estranhou toda aquela riqueza, poderia ter sido fruto das vendas do comprimido Recnac, SH sabia que o remédio fez um sucesso extraordinário mas desde a morte de Lary ser anunciada na mídia, o homem sempre suspeitou do doutor e de tudo que esteve relacionado ao remédio. E como daqui a pouco passos estaria na casa de Lariech, se houvesse uma oportunidade, claro que ele investigaria o local, procurando algo de errado na casa, e se desse ainda interrogaria o homem com algumas perguntas. Na mansão Steven conversava com os jovens tentando convencê-los de que o doutor não demoraria.
— Ficam a vontade, o doutor prometeu sair antes do horário pra vir conversar com vocês, tirar fotos, dar autógrafos e tudo que vocês desejassem! — Nossa que demais, e meu sonho conhecer ele! — Mas o doutor Lariech é dono de tudo isso? Steven olhou para o policial desconfiando da pergunta.
— Sim porque? — Nada, é que houve boatos dizendo que o doutor teria ficado com a herança de seu amigo Lary após a sua morte, e gastado tudo em luxo e orgias, isso é verdade?! Maely se surpreendeu com a pergunta do parceiro, já Steven se assustou com a situação não sabia exatamente oque falar. Não gostava que ninguém falasse mal de Lariech, mas como o homem falou a verdade sobre o farsante não era ele que ia se doer pelo golpista.
— Eu não sei senhor, apesar de eu ser um grande amigo dele, o doutor não me conta nada sobre oque ele faz! — Hum, se essas acusações forem verdadeiras ele não falaria a você mesmo! Após aquela situação desconfortável Steven foi a cozinha beber uma água deixando os jovens sozinho na sala central da mansão, onde tinha vários quadros famosos e esculturas bem caras. Aproveitando que não tinha ninguém além dos jovens, Maely deu uma bronca no rapaz que até então olhava pra todas as direções procurando algo de estranho.
— Oque deu em você?! — Porque May? — Não devia ter feito aquela pergunta, use seus modos policiais na delegacia e não aqui!
— Me desculpe mas eu precisava falar aquilo, eu sempre suspeitei desse doutorzinho! — Não fale assim dele! SH ficou com ciúmes do jeito que Maely defendeu o ídolo. Enquanto isso Steven ficava inquieto na cozinha com muito medo de levar um peso em sua cabeça pra sempre, não seria capaz de entregar uma moça tão delicada e ingênua a um monstro, e mais se fizesse isso historiador estaria sendo cúmplice do destruidor de seu planeta. O homem estava numa situação muito complicada, mas teria que decidir logo antes que o doutor chegasse, e como o lado do bem tocava mais o seu coração com facilidade do que o mal, o homem resolveu contar a verdade a moça, pois ela deveria saber algo sobre o colar então entenderia ele.
— Me desculpe mas vocês têm que sair daqui! — Porque, oque houve senhor?! Maely não conseguia entender a causa de Steven estar tão desesperado. — Você deve saber sobre o poder desse colar aí, então você acreditará no que eu vou disser! — Como você sabe do colar? A moça estava surpreendido, não entendendo como Steven sabia do colar da imortalidade, será que o segredo que guardou por tanto tempo teria sido desvendado, ou homem estaria com o lado do mal.
— Se acalme, que vou explicar! — Já sei, você tem o lado do mal né, mas porque não está com o colar no pescoço? — Não sou eu que estou com o outro pedaço exatamente, é o doutor! — Doutor Lariech?! Não pode ser, ele é um homem bom, não quereria destruir o mundo! — Sim mas você está falando de Lariech, e não desse farsante! — Como assim?! — Sente aí que vou explicar! Maely estava muito confusa primeiro por seu segredo ter sido desvendado, e segundo que o homem acusava o seu ídolo de farsante enquanto SH prestava total atenção em Steven para enfim poder desmascarar o doutor, o seu alvo de investigações a muito tempo. Retomando a conversa ainda muito afobado Steven torcia pra que a moça acreditasse nele, e fugisse dali o mais rápido possível.
— O doutor Lariech que você ouvia falar, e que tanto admira ele morreu a aproximadamente cinco anos atrás… — Não pode ser, mas então quem é esse homem?! Irmão gêmeo? Disse Maely interrompendo Steven. — Não, ele é um demônio que se apoderou do corpo do doutor após ele ter falecido, por causa da força desse colar que é responsável por tudo isso acontecer. — Nossa então eu ia se encontrar com um mentiroso, meu ídolo está morto! Os olhos de Maely lacrimejaram de tristeza por saber da morte de Lariech. — E você tem que sair daqui o mais rápido possível antes que ele chegue, porque isso tudo que ocorreu hoje era pra ser uma armadilha pra poder te matar. Mas eu não ia ser capaz de fazer essa covardia mesmo correndo risco de morrer! SH que estava quieto até então, ficou chateado por ter desconfiado do doutor que na verdade estava morto.
— Isso explica tudo! — Como assim senhor? — Essas propriedades luxuosas que pertence a esse homem, eu sou policial e me interessei em investigar sobre o mistério da morte de Lary e todo esse dinheiro do doutor! — Ah entendi! — Porém e arrepender por julgar o doutor Lariech e prometo pela alma dele encontrar o culpado pelo assassinato de Lary!
— É tomara que consiga. Mas agora vocês tem que sair daqui, eu vou pedir para o motorista hospedá-los em um hotel que conheço muito, não se preocupem que eu pago a conta o importante é não serem vistor por esse mostro! Steven tirou os jovens as pressas da mansão levando-os para o hotel, a moça estava com muito medo de morrer mas confiava no colar e torcia pra que tudo desse certo. Deixando o casal sozinho no apartamento, o historiador correu a mansão pra poder elaborar uma mentira que fosse convincente pra enganar o homem, enquanto isso Maely não parava quieta de tanto nervosismo que sentia, andava de um lado pro outro na sala fazendo SH ficar tonto.
— Se acalme amor, vai dar tudo certo! — Como que vai dar tudo certo, nós conseguimos fugir hoje mas esse monstro irá me persegui até o fim do mundo! — Mas não precisa ficar com medo, afinal você tem eu, confia em mim! — Não estou com cabeça pra pensar em amor agora, nossa relação não ajudará em nada nesse momento! — Me desculpe então! O rapaz ficou chateado com oque ouviu de sua amada, aos poucos percebia que Maely se distanciava dele a cada dia, mesmo aceitando seu pedido de namoro SH temia que a moça não o amasse tanto quanto ele queria e imaginava. E se tudo estivesse sendo uma ilusão, o jeito de descobrir isso era dar tempo ao tempo, pra ver oque acontecera. Enquanto o policial pensava, Maely segurava seu colar que estava no pescoço na mão, andando de um lado pro outro, inquieta e muito preocupada.
— Oque eu faço? Eu não posso ficar aqui, esperando algo de ruim acontecer! Após um bom tempo SH voltou a falar ainda magoado com a moça. — Se esse colar é oque vocês falam, você não deve fugir, afinal um dos lados terá que ser destruído! — Sim pode ser, mas eu estou com medo e melhor sairmos daqui! A moça se levantou do sofá mas foi impedido por SH. — Não May, espere o senhor Steven voltar! Maely olhou pro namorado pensando em teimar porém aceitou o conselho.
— Mas e se ele não voltar?! — Ele vai voltar, tenho certeza! Maely voltou ao sofá muito tensa ao lado o rapaz que mexia em um relógio despertador. Na mansão Steven era vítima da agonia que o sufocava a cada segundo, quando não estava mais suportando o doutor chegou a mansão entrando na sala principal com a certeza que encontraria a sua vítima, mas, na verdade, só viu Steven no canto com os braços cruzados.
— Cadê?! Onde esta?! — Quem senhor? — Não se faça de besta Steven, cadê a pessoa que estaria me esperando? Onde você escondeu o infeliz?! O doutor começou a jogar objetos no chão, chutou o sofá e lançou uma mesinha que estava no meio de seu caminho. Com a fúria nos olhos, ele levantou Steven pelo colarinho o ameaçando.
— Você me fale onde você esconde essa pessoa, ou eu te mato! — Eu não escondi ninguém senhor, juro por tudo que é sagrado nesse mundo! O doutor pegou o homem pela camisa o jogando no chão, ao lado do sofá, o demônio tinha uma força sobrenatural então já dá pra imagina a queda que Steven sofreu.
— Não quer falar né, tudo bem eu descubro sozinho mesmo, mas vou deixar um aviso pra você e espero que fique ciente.. O homem levantou o historiador que até então estava no chão e o jogou na parede, com as mãos em seu pescoço, o mostro começou a ameaçar o pobre homem. - Hoje você
assinou o seu atestado de óbito, aproveite alguns dias enquanto estiver na Terra, só não te mato agora porque preciso correr pra encontrar esse indivíduo! O doutor soltou Steven que caiu no chão, o pobre homem estava perdendo o folego por causa da agressão, estava vermelho muito mal, o medo fazia ele tremer dos pés a cabeça. O mostro disfarçado de Lariech saiu com o carro procurando pelas ruas alguém que estivesse com o colar no pescoço. No hotel em que os jovens estavam hospedados Maely não conseguia se acalmar, depois de quatro horas esperando SH vacilou e acabou dormindo oque ocasionou a fuga da moça, teimosa como era, Maely saiu do hotel pra comprar algum lanche, claro que ela não precisava sair era só pedir a recepção, mas como estava sufocada por estar “presa” aquele quarto achou melhor ir. Pra seu azar quando estava voltando pro hotel com o lanche na mão, o doutor estava passando pela rua com seu carro e de uma distância um pouco longe avistou o colar no pescoço dela, imediatamente o demônio acelerou o carro parando aos pés da vítima, Maely levou um susto por quase ser atropelada pelo carro e quando foi discutir o doutor desceu do carro e puxou a moça pelo braço jogando a no carro, sem ligar pras pessoas que estavam na rua. Apavorada com a situação a moça gritava no carro reconhecendo o falso doutor que também estava com o colar no pescoço, sabendo do risco que corria Maely tentou abrir a porta do carro pra se jogar mas foi impedida sendo golpeada pelo revólver do bandido desmaiando na hora. Quando SH acordou era tarde, Steven estava já na casa da moça, alias as batidas na porta foi oque o acordou se não fosse o historiador o rapaz dormiria mais ainda, atordoado ainda por causa do sono o rapaz lembrava aos poucos oque estava ocorrendo. Estranhando por não ver Maely na casa Steven já entrou desesperado a procura da jovem.
— Cadê a Maely?! SH até então não havia percebido a ausência da garota, mas quando percebeu se desesperou completamente. — Meu Deus cadê a May?! — Eu que te pergunto, não pedi pra você cuidar dela! -Eu dormir, desculpa, e agora Steven?! — Agora temos que procurá-la, reze pra ela não ter sido vista pelo doutor, se você sabe rezar faça isso, mas no caminho porque precisamos procurar ela! O rapaz dava murros na parede de nervosismo, por ter falhado logo com a sua amada.
— Mas como saberemos pra onde ela foi? E se esse infeliz pegou minha May? — Vamos SH, e se acalma que iremos encontrá-la, agora vamos! Descendo as escadas rapidamente, os dois homens muito ofegantes pararam na portaria perguntando se o porteiro tinha visto algo de anormal, pra alívio ou não deles o porteiro disse que a moça tinha ido apenas ao mercado mas não tinha visto ela retornar. Sabendo que Maely tinha ido ao mercado da frente, os homens resolveram ir ao local para quem sabe encontrá-la lá, mas quando foram atravessar a rua, SH parou e pegou um pacote, esse pacote se tratava do lanche em que a moça havia comprado e deixado cair por causa do rapto.
— Olha isso Steven! O rapaz mostrou o pacote ao homem.
— Nossa será que esse é o lanche de Maely?! — Praticamente né, vai ver ela sai do mercado e alguém pode ter pego ela, nisso deixou o lanche cair! SH acertou em cheio, ele não era apenas um policial tinha um talento pra detetive também, e sempre era responsável por casos que envolviam mistérios de crimes quase perfeitos.
— Mas e se não for isso? — Na verdade a melhor coisa a fazer é procurar alguém pra poder saber se viram algo de estranho, pois deduzo que alguém viu!
— Sim, eu vou perguntar no mercado e você se encarrega de perguntar aos moradores! — Ta legal, boa sorte pra nos. Feito o combinado Steven foi ao mercado perguntando a todos funcionários se haviam visto Maely, já SH bateu em porta e porta com a esperança de algum morador ter visto sua amada. O historiador não conseguiu nenhuma informação, porém SH recebeu uma informação importantíssima, já desacreditado por ter conversado com todos os moradores e nenhum deles terem visto nada, o rapaz sentou na calçada desolado quando passava um senhorzinho que perguntou oque estava acontecendo.
— Porque está tão triste meu jovem? SH estranhou o velhinho porém se abriu.
— É que acho que minha namorada foi raptada! — Ela tem cabelos pretos e estava com uma blusa preta? — Sim, poque senhor, você a viu? Disse o rapaz se levantando rapidamente. — Sim, acho que é ela, eu estava sentado no bar da outra rua aí vi um carro em uma velocidade muito rápida freando em frente a moça, aí eu e meus amigos até pensou que ela tinha sido atropelada, mas, na verdade, o carro saiu um homem alto com cabelos grisalhos e bem forte sabe, e ele pegou ela pelo braço e jogou-a pra dentro do carro! O rapaz ficou assutado com oque ouvia do velho, agradecendo o homem pela informação SH saiu correndo a encontro de Steven que estava o esperando na porta do hotel, o rapaz corria muito oque estranhou o homem que se levantou ligeiramente quando o rapaz chegou.
— Oque houve SH, soube de alguma coisa? Sem ter tempo de respirar direito, o rapaz tentava tomar folego pra falar.
— É Maely, ela foi sequestrada e acho que é pelo doutor mesmo! — Como você sabe homem, quem te disse isso? — Um senhor a viu sendo jogada pra dentro de um carro por um homem forte e com cabelos grisalhos. — Pelas características podem ser mesmo o doutor! — Mas você fala nessa calma, oque vamos fazer?! SH pegou os braços do homem desesperado. — Calma SH ele disse em que direção o carro foi? — Sim ele disse que foi pra la! Disse o rapaz apontando para frente. — Então vamos caminhar mais um pouco, quem sabe encontramos mais pessoas que possam ter visto, alguma coisa! — Sim, tomará! Os homens foram até o fim do quarteirão, abordando as pessoas pra perguntar sobre Maely. Enquanto isso Maely continuava desmaiada dentro do carro, o doutor levou a moça para um galpão que armazenava remédios, porém se encontrava em um mal estado, parecia que o local estava abandonado, com muitas caixas vazias no interior, além da sujeira acho até que aquele chão não via uma vassoura ha anos. Apos uma hora no local Maely acordou meio atordoada por causa da pancada doendo muito a cabeça, se recuperando da dor a moça percebeu a situação em que se encontrava, com as mãos amarradas e a boca tampada com uma fita adesiva para evitar que gritasse. O homem estava de costas para a moça sentado em uma cadeira, Maely estranhou a cena porém estava com muito medo de que ele arrancasse de si o seu colar, oque fez ficar quieta quase que sem mexer para não despertá-lo. O colar da Imortalidade era quase que impossível de ser tirado do pescoço de quem usasse, o doutor até tentou arrancar a joia enquanto a moça estava adormecida, mas não conseguiu, não era através da força que aquelas correntes de ouro se quebrariam, seria através da sabedoria, algo que o homem não tinha pois sua maldade não podia se chamar de sabedoria, ele usava apenas sua inteligência a favor do crime e do mal. A
moça até agora não tinha olhado para o colar e nem pra o rosto do falso doutor, pois tinha muito medo do que ele poderia fazer, porém tentava se acalmar concentrando toda sua fé em seu colar. Sentado na cadeira o doutor não se virava pra verificar se a vítima estava acordada, Maely desconfiava de que ele estivesse dormindo pois parecia estar de cabeça baixa, mas com muito medo que o acordasse, não se mexia aproveitando o tempo para pensar no que fazer. Maely estava numa situação muito complicada, se conseguisse ao menos ter seu colar em mãos poderia fazer algum pedido ou algo parecido para lhe salvar daquele lugar e das garras daquele monstro, mas não podia ao menos erguer as mãos por causa das correntes. A agonia tomava conta de Steven e SH também, com poucas informações em mãos os homens não sabiam pra onde ir e oque fazer, não podiam acionar a polícia pois não se tratava especificamente de um sequestrador mas sim de um ser sobrenatural que tinha o poder de destruir o mundo, apesar de ter amigos na polícia e por ser policial SH teria que resolver isso sozinho, contando apenas com a ajuda de Steven. O jeito era esperar e pensar em uma estratégia pra resgatar Maely, e torcer pra que nada de ruim acontecesse.
Capítulo 4 – Olho a olho com o Demônio. Não suportando aquelas correntes em seus pulsos, Maely tentou arrancá-las de algum modo, mas quando conseguiu se mover um pouco, as correntes fizeram barulho despertando o doutor que se virou rapidamente para trás, olhando em direção a vítima. Aquele olhar foi pior do que levar um tiro, o homem tinha a maldade nos olhos, Maely não conseguia desviar o olhar, o medo fazia a tremer, parecia estar hipnotizada, quando o homem veio caminhando até ela, a moça começou a se debater tentando se livrar das correntes, mas nada adiantou. Bem perto da moça o doutor se agachou, com medo Maely se recuou como pode, o homem olhava pra ela sarcasticamente segurando o colar ao mesmo tempo olhando para a joia garota.
— Oi mocinha, porque está tão assustada? Disse o doutor ironicamente. Maely não respondeu nada, estava muito assustada, e não é pra menos né, apesar de o homem ter uma feição normal igual à do doutor Lariech, a maldade dele o enfeiava assustando qualquer um.
— Lindo colar hein! O homem tentou tocar o colar da moça, como estava acorrentada Maely se defendeu como pode dando chutes para tudo que é lado, evitando assim que tirasse o colar dela. Nervoso com a reação da moça, o demônio se levantou e se virou pegando uma arma que estava em sua cadeira. Era o fim de Maely, pelo menos o que ela imaginava, com a arma apontada para a vítima de uma certa distância o homem tinha a direção certa ao coração da moça, e esse era o seu objetivo, conseguir matar a moça acertando o tiro no coração nisso o colar se enfraqueceria, podendo assim pegar o objeto.
— Chegou sua hora mocinha. Não entendo como esse colar estúpido veio até você, mas sei como ele vai sair. — Você não pode tirá-lo de mim! Disse a moça com dificuldade ainda pra falar por ter ficado muito tempo com a fita tampando a sua boca. — Eu não só como posso, como devo. Esta pronta pra encontrar seu ídolo no inferno?! Disse o doutor ironicamente. A moça ficou nervosa pelo monstro ter tocado no nome de Lariech, oque deu confiança a ela pra ser fria naquele momento.
— Faça logo oque tem que fazer, vai me mate logo infeliz! — Ah, a criaturinha criou coragem é, então vai morrer com ela!! O doutor estava com o dedo no gatilho pronto pra acabar com os sonhos daquela jovem, era o fim de uma breve jornada na Terra, apesar de ter salvado tantas vidas e conseguido resgatar a justiça aos necessitados, aquela bala destruiria o caminho pra paz mundial e tornaria Maely só mais um número das estatísticas de assassinatos desse país. Com a arma apontada para si, Maely só pensava no SH, ela não podia deixá-lo nesse mundo tão cruel, mas se aquela fosse a hora de sua morte algo de bom da Terra levaria comigo, como o amor que o rapaz sentia por ela e as lembranças dos momentos felizes que viveram juntos. Friamente o doutor apertou o gatilho com a certeza de que a bala atingiria o coração da moça e livraria seu único obstáculo que poderia atrapalhá-lo de destruir o mundo, com muito medo Maely fechou os olhos torcendo pra que algo o salvasse, no mesmo momento do disparo SH sentiu um aperto no coração como se tivesse levado uma facada sentando no chão imediatamente com medo que fosse um infarto.
— Oque foi SH?! Perguntou Steven assustado, sentando ao lado do amigo. — Não sei, me deu um aperto no coração agora! — Pode ter sido apenas um mal estar por você ter ficado preocupado com Maely. Se quiser podemos descansar e esperar alguma notícia! — Não, eu acho que já estou melhor, mas não vai adiantar ficarmos aqui na rua,
procuramos em todos lugares e não achamos nada!
— Tem razão, é melhor voltarmos para o hotel, já está ficando tarde! Os homens que se tornaram em tão pouco tempo, amigos unidos por uma tragédia, voltaram ao hotel com a esperança de saber ao menos alguma notícia sobre a moça, boa ou ruim não poderiam se manter naquela agonia de não saber oque estava acontecendo. Após o disparo Maely pensava que tinha morrido, mas quando abriu os olhos em vês de ver o céu, oque ela achava que veria viu uma cena inexplicável, o doutor estava no chão com a mão esquerda no ombro direito, ao seu lado tinha sangue oque tudo deduzi que a cena foi causada por um tiro, mas de onde veio essa bala? Não tinha ninguém ali, além dos dois, percebendo que não estava mais presa as correntes Maely não deu sorte ao azar e saiu correndo passando pelo homem que ainda tentou impedi-la mas caiu ao chão de dor. Quando já estava um pouco distante do local, a garota começou a pedir carona em uma rua movimentada, logo parou um caminhão com um motorista idoso bem simpático.
— Pra onde você quer ir moça?! Centro de Nova Iorque! Disse Maely com a voz trêmula. — Oque houve moça, porque está tão assustada?! —Eu estou fugindo de um cativeiro senhor, me ajude a sair daqui!
— Nossa, pode deixar, vamos sair daqui agora! O velhinho preocupado com Maely conversou o caminho inteiro com a intenção de distraí- la, mas a moça ficava tensa a cada momento, sempre olhando no retrovisor verificando se não estava sendo seguida pelo doutor. Tendo sua fuga com sucesso Maely chegou ao hotel muito cansada e suja por causa do cativeiro porém inteira, a pobre moça se encontrava em um estado precário parecia que tinha voltado de uma guerra, preocupado com a moça e estranhando a situação, o porteiro correu a ela como um repórter corre atrás de uma notícia, para abordá-la e fazer perguntas.
— Oque aconteceu com você garota? — Nada de mais, senhor! Disse Maely subindo as escadas se apoiando na parede por estar muito fraca. Insistente como era, o homem acompanhou a moça e antes que sumisse pelos degraus da escada, tornou a falar.
— Nada de mais? Me desculpe mas parece que você estava fugindo de alguém! — É pode ter sido isso, quem sabe né! Maely não deu atenção pro homem que não aguentava com a curiosidade que sentia. Se livrando do porteiro chato, a garota tocou a porta do quarto em que estava hospedada junto a SH. Os homens sentados ao sofá muito tensos, se assustaram com o barulho na porta, não estavam esperando ninguém, nem ao menos a polícia viria ali porque não havia feito nenhuma denuncia, porém poderia ser talvez um funcionário. Steven foi conferir.
— Calma Steven, não abra, e se for o tal do doutor? — Não importa, vamos ter que abrir a qualquer hora mesmo, todo caso fique com a mão no revólver. SH estava intrigado, até pensou que poderia ser Maely, mas por precaução esperou de uma certa distância, prevenindo algum atentado. Abrindo a porta depois de um tempinho, Steven não acreditou que era a moça, não soube nem oque falar naquele momento, o rapaz a suas costas tentava ver quem era muito ansioso, mas nem precisou ver pois Maely entrou correndo para abraçar o namorado. O homem ficou sem graça por não ser cumprimentado pela moça, mas compreendeu a distração, só de ver a felicidade do casal unido novamente. Ainda muito fraca Maely se sentou no sofá de mãos dadas com o rapaz, preocupado e querendo tirar a dúvida que te perturbava Steven se sentou em outra poltrona do sofá, para pedir uma explicação a jovem do que ocorreu.
— Sei que você não está bem, mas precisamos saber oque aconteceu, onde você estava
todo esse tempo?! De mãos dadas com o namorado Maely sentindo dores se ajeitou no sofá pra responder o homem.
— Eu fui sequestrada por aquele monstro, ele é horrível, só de lembrar eu já me sinto mal! A garota se encolheu com medo, abraçando SH. Nossa May mas ele te fez algum mal, te machucou?! Disse SH preocupado com a amada.
— Não amor, graças a Deus eu fugi a tempo, mas ele ia me matar, já estava com o dedo no gatilho! — E como você fugiu de lá? Disse Steven cruzando os braços. — Não sei exatamente, quando eu fechei os olhos com medo, ouvi o tiro ai abri os olhos e vi o homem sangrando no chão e eu já estava sem as correntes e aí só precisei correr! Nenhum dos homens entendiam oque Maely estava contando, na verdade nem ela entendia como tinha fugido do cativeiro, porém suspeitava que poderia ter sido o poder do colar que tinha o salvado. Foi ai que lembrou do anjo que havia dito que iria ser como um servo, sempre protegendo e ajudando de alguma forma.
— Será que foi o anjo que me libertou? — Qual anjo? Steven não sabia que a garota era protegida por um anjo. — É um anjo que se encarregou de me proteger! Steven continuava não entendendo, talvez seria o poder do colar que havia lhe fornecido a criatura, poderia ser, mas se veio pro bem a ausência da resposta não ia fazer falta. Apesar de os jovens ficarem conversando por muito tempo, aproximadamente uma hora, Steven nem sequer olhava pra eles, parecia que estava paralisado olhando pro nada. Preocupado com o homem SH interrompeu o assunto com Maely e tentou despertá-lo.
— Steven? — Oi?! — Está tudo bem? — Sim, porque? Disse o homem meio atordoado. — É que estamos conversando faz um tempo e você não disse nada, nem ao menos se mexeu! O historiador desviou o olhar por um momento.
— Me desculpe, eu estava pensando. — Sobre? SH era insistente, as vezes exagerava com suas perguntas, tinha mania de fazer interrogatórios.
— Sobre o doutor! — Oque tem o doutor, Steven? Já passou, não se preocupe vamos sair dessa! Disse Maely, tentando animá-lo. — Não Maely, enfrentaremos muita coisa pela frente, você nem imagina! — Como assim Steven, do que você está falando? — Não sei se devo falar, porque é capaz de eu te assustar. — Agora você vai ter que falar, não me deixe angustiada! O homem se sentindo pressionado se levantou para se sentar ao lado da garota que o olhava preocupada com oque poderia ouvir dele.
— O colar da Imortalidade era único até o doutor Lariech morrer, depois disso como você deve saber, ele se dividiu em duas partes, enfim esses lados um com você e o outro com aquele bandido que finge ser o Lariech, possui a mesma força. Oque eu quero dizer é que não adianta vocês entrarem em confronto porque não vai ter nenhum resultado, os poderes são idênticos! — Faz sentido, mas oque está me amedrontando é que sei que não vou ter coragem para enfrentá-lo, e como vou impedir que ele destrua o mundo então?! — Será que o objetivo dele é realmente destruir o planeta?! A pergunta de Steven era complicada não só de se responder, mas de pensar também,
oque deixou os jovens mais confusos e nervosos.
— Que pergunta idiota Steven, claro que é isso que ele quer! — Idiota é essa sua certeza de uma coisa que não sabemos! Os homens estavam prestes a começar uma discussão, ambos tinham um temperamento forte, mas Maely logo impediu a briga.
— Ei param! Estão parecendo dois meninos briguentos, não é brigando que vamos resolver nossos problemas! Conseguido pacificar o clima, a moça continuou a falar. Retomando ao assunto se não for essa a meta daquele infeliz qual será então Steven? — Infelizmente não sei, daria tudo pra descobrir! Ouvindo a resposta do homem, SH olhou pra ele ainda mal humorado.
— Isso que me apavora, agora mesmo ele pode estar planejando algo pra me matar! Steven se levantou da poltrona com a mão no queixo. — Não exatamente, se ele te matasse, poderia ficar com o colar, porém se você não morrer, não quer dizer que interferirá que os planos dele se cumpram! A cada momento que passava e a cada coisa que Steven falava, o casal ficava confuso olhando pra ele com cara de paisagem.
— Como assim Steven? Minha cabeça está quase explodindo, eu não consigo imaginar oque aquele monstro quer de mim na realidade! — Calma Maely, eu também não sei oque ele quer, mas quero ao menos te explicar oque devemos fazer! — Então fala homem, já estamos cansados, fale logo! SH apressou Steven, o rapaz estava muito nervoso, não com o homem, mas com o doutor, ele queria saber logo oque fazer para poder se encarregar de ajudar e resolver isso logo.
— Não podemos ficar escondidos dentro de uma casa pra sempre, vai ter um momento que precisaremos voltar a trabalhar, a cuidar das nossas vidas, ele está querendo nos acuar, não podemos ser refém dele pra sempre! — Sim, você estar certo, vou voltar para o Brasil! Disse Maley se levantando. — Não Maely, infelizmente você terá que ficar aqui! — E porque? — Porque não podemos nos separar, temos que encontrar a solução desse problemas juntos! A garota se sentou novamente, colocando as mãos na cabeça muito confusa.
— Mas Steven se eu ficar aqui não vai adiantar em nada. —Me escuta Maely, algo me diz que devemos permanecer aqui. Vocês ficarão hospedados nesse hotel sem precisarem pagar a diária, pois sou o dono desse local e como são meus amigos lhe concedo esse beneficio, mas como necessário precisaram pagar um aluguel com um valor abaixo do que devia cobrar. SH ficou preocupado pois não tinha emprego, havia deixado seu cargo de policial no Brasil pra seguir sua amada, e não teria tanta facilidade pra encontrar trabalho em tão pouco tempo sendo estrangeiro.
— Mas Steven, eu estou desempregado como deve saber, não posso te dar certeza que vou conseguir emprego em um mês pra poder pagar o aluguel! — Eu sei disso, não se preocupem que só vou cobrar quando estiverem em uma situação estável. — Ah, menos-mal, obrigado! Agradeceu o rapaz tranquilo com o favor do homem. A opinião de Steven de permanecer em Nova Iorque por SH estária ótimo, sem nenhum problema, mas Maely como sempre não era tão fácil de se convencer, de imediato não aceitou, não era questão de teimosia, ao contrário, ela tinha medo de estar nas garras daquele mercenário novamente. Percebendo então que seria inválido insistir, Steven se inquietou, torcendo pra que a garota mudasse de opinião.
— Bom Maely, eu vou descansar em meu quarto, no primeiro andar, se precisarem de
alguma coisa, em cima da mesa tem uma lista de números, tanto da recepção quanto do que desejarem.
— Tá bom Steven, obrigado! Disse a garota. — Ah antes que eu saia, pense bem no que te disse Maely, amanhã gente conversa com mais calma, tenham uma boa noite! — Pra você também Steven! Respondeu SH pela namorada, já que ela só ficou olhando o homem partir pra poder fechar a porta. Deixando o casal descansar, o homem também foi se acomodar em seus aposentos, dessa vez era em seu hotel, pois tinha medo de voltar pra casa, por causa do doutor que sabia o endereço, sendo que nunca havia deixado o farsante saber que tinha um hotel, pra sua sorte. Mesmo cansada Maely não conseguiu dormir bem naquela noite, pensava muito se devia ou não permanecer nos Estados Unidos, apesar de confiar em SH, ela tinha medo de encontrar aquele monstro em seu caminho novamente. Mas nos breves períodos que adormeceu, em um deles ela sonhou com o anjo, um sonho que pareceu ser realidade. No sonho o anjo vinha visitar a garota que estava em seu quarto ajoelhada como da primeira vez que havia recebido a aparição, o homem não dizia nada apenas se aproximou dela e colocou em suas mãos um papel dobrado, estranhando o comportamento do homem Maely tentou dizer algo mas sua voz tinha sumido, como o anjo que na frente de seus olhos desapareceu sem explicar absolutamente nada. Intrigada com oque presenciou, a garota necessitada de uma explicação, abriu o papel que recebeu do anjo para ver oque tinha nele, e pra sua surpresa não era um simples papel, mas um bilhete ou mais especificadamente um conselho, que resolveria sua dúvida de voltar ou não para o Brasil. No bilhete estava escrito: " Tenha fé no que eu digo, fique onde estás se quiser solucionar seus problemas. Não tema a nada, tenhas fé no coração e nada o atingirás ". Após ler o aviso, a garota acordou do sonho rapidamente, assustada com a mensagem que recebeu, Maely olhou em suas mãos procurando o papel, logicamente não encontrou, era só um sonho porém a garota conseguiu lembrar do que estava escrito e com medo de se esquecer pegou um papel e uma caneta que tinha em sua bolsa, e escreveu, colocando em seguida o papel debaixo de seu travesseiro, voltando a dormir ao lado de SH que nem se mexia de tanto sono. No começo da manhã, Steven tocou a porta do casal que ainda dormia, depois de tanto bater, SH despertou acordando a moça em seguida.
— May acorda amor! Deve ser o Steven. A garota nem dava sinal de acordar, parecia que tinha desmaiado. Percebendo que Maely não acordaria tão cedo, o rapaz se levantou e descabelado mesmo, com muito sono, foi atender o homem. — Oi Steven, bom dia! — Bom dia, poso entrar? — Claro! O historiador tinha uma certa cisma de SH, até por causa da discussão que tiveram, mas até então estava sendo bem tratado por ele.
— Espera um segundo que vou tentar aordar a May, tadinha acho que não dormiu muito bem essa noite! — Tá bom, sem pressa! Disse Steven se sentando no sofá. Depois de muito esforço, enfim a garota acordou, bem assustada. — Oque foi may, porque está tão assustada?! — Nada não, é que levei um susto por me acordar assim! — Ah, desculpa é que o Steven está aí, e ele quer conversar com você. A garota já sabia o motivo da visita do homem, e também tinha consciência do que dizer. Preocupado com oque o rapaz não visse o papel que estava debaixo do travesseiro Maely inventou uma desculpa para poder ficar sozinha no quarto.
— Amor fale pra ele que eu já vou atendê-lo!
— E porque não vai agora?! —Ué, porque estou toda descabelada, vou lavar o rosto pelo menos!
— Ah, ta bom então! Convencendo o namorado, Maely fechou a porta do quarto e pegou o bilhete tendo-o novamente pra conferir se tinha ou não a mensagem. Pra seu alívio, lá estava oque havia escreveu de manhã, tendo certeza de que devia ficar em Nova Iorque, a garota rasgou o papel e jogou dentro do vaso sanitário, se livrando de um interrogatório do namorado e do homem caso encontrassem o bilhete. Um pouco mais tranquila, a garota foi conversar com Steven, afinal ela devia uma explicação pois em tão pouco tempo o homem havia se tornado um amigo de confiança, arriscando sua própria vida pra salvar ela, não era mais que obrigação tratá-lo bem.
— Oi Steven, bom dia! — Bom dia Maely, me desculpe por vir tão cedo, mas é que precisamos conversar! — Tudo bem, eu já ia acordar mesmo! SH olhou pra amada, segurando o riso, pois se não fosse por ele, a garota só acordaria na hora do almoço.
— É você pensou no que eu te falei?! — Sim, pensei. — E? O homem tinha medo que Maely não tivesse mudado de opinião, queria que o casal não se afastasse dele, porque assim seria uma luta individual e juntos poderiam ajudar um aos outros.
— Vou ficar por aqui mesmo, acho melhor pra mim! Disse Maely. Ouvindo oque a moça falou Steven suspirou aliviado por ter conseguido convencê-la, agora poderia ficar um pouco mais tranquilo tendo o casal por perto.
— Ah graças a Deus! É o melhor a fazer Maely! - Sim, eu sei, graças ao anjo também. Qual anjo?! A garota pensou alto demais fazendo Steven e SH ouvirem oque era pra ser apenas um pensamento. Não querendo falar sobre o sonho Maely se fingiu de desentendida. — Anjo?! Eu não disse nada ué! — Como não, eu ouvi você falar de um anjo! — Sério? Então eu devo estar muito doida, porque nem lembro. Deve ser por causa dos meus livros que ando lendo, fala sobre anjos! — Ahhh, então está explicado! O historiador mesmo não acreditando muito na história que a garota contava, não fez mais perguntas, até porque SH não poderia gostar que sua namorada fosse interrogada. Após algumas semanas SH conseguiu um cargo de policial em Nova Iorque, e Maely como era muito estudiosa passou em um concurso, onde beneficiaram a garota com um trabalho de secretária numa empresa de produções de moda, um bom início de carreira recebendo um salário bem gordo. E Steven permaneceu fazendo oque sempre fez, trabalhando como historiador e em suas horas vagas dava aulas em escolas públicas, por causa de toda a confusão e com medo de encontrar o bandido, Steven não voltou mais ao consultório de Lariech para poder organizar a produção do Recnac, doía no seu coração ter que abandonar o sonho de seu falecido amigo, mas não poderia arriscar sua vida dessa forma. Com o passar do tempo Maely ficou mais confiante e não tinha mais medo de sair por causa de existir a possibilidade de ser raptada ou sofrer um atentado pelo monstro, mas a paz que se estabelecia não era atoa, o doutor não desistiria de roubar o colar da moça, mas tinha consciência que pra alcançar seus objetivos maiores não poderia caçar a garota eternamente, teria que se fortalecer pra assim poder dominar o mundo como desejava. Se empenhando em uma pesquisa e com ajuda de um homem que trabalha como
investigador particular, o doutor descobriu o passado do doutor Lariech, porém ele não se contentava com a história do homem, o bandido queria saber algo a mais que poderia o favorecer, e pra isso pressionou o investigador que não aguentava mais.
— Eu te pago pra isso, seu idiota! — Sim eu sei, mas estou tentando explicar que não tem como eu descobrir mais nada sobre o doutor Lariech! — Como não tem, ele deve ter algum inimigo ou, pelo menos, algum desentendimento! - Bem possível, pois todos nos temos né, mas eu me lembro de o senhor ter falado sobre algo que Steven te contou! - É mesmo! Disse o homem empolgado. — Agora que lembrei, aquele idiota me contou numa noite que embebedei ele com vinho, já com a intenção de saber algo amais de Lariech, que o doutor tinha uma rixa com um amigo que se chama Harry, o motivo eu não me lembro, porém sei onde encontrar esse homem! — Sério senhor, então só me passe o endereço, que eu vou e trago ele aqui! — Não, eu vou te levar lá, e na casa dele conversaremos e, com certeza, vou convencê- lo! — Ah, então está bem! Os homens foram para um bairro de classe média de Nova Iorque, onde morava Harry, chegando no local que era uma casa que parecia mais uma mansão de tão grande, o doutor apertou a campainha sendo atendido por um funcionário bem-vestido com um terno preto.
— Pois não, oque os senhores desejam?! — Falar com o Harry! Disse o homem com a mão apoiada mo portão que tinha uma decoração linda. — E oque desejam falar? — É que queríamos fazer uma surpresa, pois não nos falamos a muito tempo! Explicou o investigador. O homem desconfiou, mas pra sorte do doutor permitiu a entrada dos visitantes, acompanhando até a sala principal da casa.
— Eu vou avisar o senhor Harry que vocês estão aqui, ele já vem! — Tá bom, obrigado senhor! Disse o agente. O funcionário subiu para o quarto de Harry que estava sentado em uma cadeira lendo um livro de poesias, o joeireiro adorava poesia, em sua juventude até tentou seguir a carreira de poeta, porém não alcançou o sucesso e desistiu.
— Senhor?! — Pois não Luca? — desculpa o incomodo é que tem dois homens lá embaixo querendo falar com o senhor. — Comigo? Mas eu não estava esperando visitas! — Sim, mas dizem ser velhos amigos que não falam com o senhor ha anos. — Hum, estranho; bem diz pra eles que já estou indo! — O.k. senhor! Antes de sair do quarto pra encontrar os supostos amigos, Harry pegou um revólver que guardava na gaveta e colou debaixo de sua camisa. Ainda nos degraus da escada o homem ficou pálido quando viu o doutor que o encarava fingindo ser Lariech, não dava pra acreditar, para ele o doutor estava morto ha muito tempo, mas pra sua infeliz surpresa lá estava seu inimigo sentado no sofá de sua casa.
— Oi Harry! Disse o doutor levantando para o cumprimentar. Harry demorou a responder, ainda não acreditando no que via. —Como vai a vida Harry?! O homem estendeu a mão como forma de cumprimento, mas percebendo que não era um fantasma e acreditando que se tratava do doutor Lariech, Harry ignorou o “amigo”, se afastando.
— Eu pensei que você estava morto, mas pelo jeito até na hora da morte você menti, como pode ser capaz de fazer isso?! — Ué, fácil, só precisei de dinheiro que não me falta e alguns idiotas pra me ajudar a enganar o povo e a mídia. Afinal não é tão complicado de enganar os outros! — Você é especialista em enganar as pessoas, em trair amigos como fez comigo e com o coitado do Lary, seu sínico! Muito nervoso o homem partiu pra cima do doutor que só não foi agredido por causa do investigador que logo segurou o homem imobilizando-o.
— Me solte! Covarde, você é um covarde não tem coragem de vir sozinho porque sabe que vou te bater como fiz numa briga que tivemos no colégio! O homem começou a gargalhar de Harry, pois tinha o poder de matá-lo no mesmo momento. Solte ele Dean, oque vem de cima não me atinge! O agente jogou Harry no sofá com uma brutalidade que fez ele se inquietar por um momento.
— Sabe eu pensava que você era um pouquinho mais inteligente, mas como pode ser inteligente, mas como pode ser inteligente se foi enganado pelo Lariech, aquele doutorzinho sonso! Harry não entendia oque o doutor dizia, pois falava dele mesmo como se fosse outra pessoa.
— Do que você está falando?! — Eu te enganei agora mesmo, eu não sou o Lariech! — Como assim? Para de mentir, era só oque faltava, na sua idade mentir desse jeito, como pode tentar me convencer que você não é você! O detetive que acompanhava a conversa não entendia nada, aquela história de você não ser você só castigava o cérebro do pobre homem que ficava confuso a cada momento.
— Eu não devia te dar explicações e nem provar nada, mas como preciso de você vou lhe dar esse crédito. — Para de besteira homem, você é o Lariech sim, infelizmente! — Eu sei que tem um revólver debaixo da sua camisa do lado esquerdo, e também sei que foi seu avô que te presenteou com essa arma no dia vinte de novembro do ano mil e novecentos e setenta, pois você era muito fã dele por ter sido soldado do exército! Harry estava apavorado com oque escutava, não dava pra acreditar, nem um familiar íntimo dele sabia sobre aquela adoração que tinha sobre o avô, pois sua mãe odiava tudo que estivesse relacionado com guerra, proibindo os filhos de gostarem e falarem sobre isso.
— Meu Deus, eu não sei como fez isso, mas não é normal, quem te contou isso, como descobriu isso?! — Eu posso saber oque está pensando agora, qualquer coisa que duvidar de mim eu provo, é bom começar a se ajoelhar aos meus pés, você não sabe quem eu sou! — E quem você é então? Ou melhor oque você é? — Se eu fosse você não queria me conhecer de verdade! Nervoso com as ameaças do doutor, o homem foi novamente pra cima dele, seja quem fosse, ele não abaixaria a cabeça pra ninguém. Mas dessa vez não foi o agente que apartou, o doutor empurrou o homem que caiu no chão batendo a cabeça no sofá.
— A partir de agora seu infeliz você será meu servo, está me ouvindo meu servo!!! Dizendo isso, o homem se transformou em um terrível monstro, com um corpo sob humano, cheio de músculos com as veias pulsando pra fora, sua cor era vermelha e seus olhos estavam pretos, os cabelos grisalhos desapareceram dando espaço para chifres pequenos porém assustadores. Harry não tinha reação estava apavorado com aquele demônio rosnando em seu rosto, sabia que havia chegado sua hora, estava prestes a ser devorado. — Oque você pensa que é pra tentar me enfrentar?! Você não passa de um humano
imbecil e covarde, cadê sua coragem infeliz, ao menos morra com honra! Aquela voz grossa e sarcástica enlouquecia Harry aos poucos, tentava tampar os ouvidos pra não ouvi-la, mas era impossível, sua única salvação era morrer logo.
— Diga adeus a seu mundinho infeliz! Com suas garras monstruosas o demônio arrancou o coração do pobre homem que não teve tempo pra poder dar o último suspiro, presenciando aquela cena o agente pulou do sofá se escondendo em uma pilastra que tinha na casa. O doutor que agora estava em sua verdadeira identidade pegou o órgão na mão e abrindo os braços começou a executar um ritual.
— Que o mal seja eterno! Que o mal domine o mundo! E que o mal seja o único poder existente na Terra! Enquanto falava isso o solo ao redor desabou abrindo uma cratera gigantesca engolindo os móveis e tudo que estivesse ali, só deixando em pé os homens. O imenso buraco foi se enchendo com uma lava que inexplicavelmente não sei de onde surgiu, era uma imagem verdadeiramente assustadora. — Meu mestre, prometo sempre lealdade, e prometo que vou construir um mundo só para o senhor, mas pra isso preciso de aliados pra poder lhe trazer oque o senhor tanto deseja, que é o colar da Imortalidade, quando conseguir me fortalecer e tiver esse planeta em minhas mãos vou obrigar aquela garota a me dar a segunda parte do colar, só assim poderei entregar minha alma para poder rescender as chamas do Comen que o ressuscitará, trazendo-o de volta a Terra novamente. O doutor que ainda estava no corpo de mostro olhava para o fogo que parecia que criava vida a cada palavra expressada por ele, até então Harry estava morto estilado ao chão com os olhos arregalados, e o detetive olhava intensamente para oque ocorria, suava frio e com medo prendia a respiração, seus olhos já tinham visto horror demais em apenas um dia, mas oque não esperava era que não havia acabado ainda o pesadelo, o monstro pegou o coração de Harry e jogou na lava. Em seguida, jogou o corpo do homem também, e depois de um tempo houve um barulho terrível que se continuasse mais um pouco romperia os tímpanos de quem ouvisse, o fogo cuspiu Harry que voou no sofá e a cratera se fechou aos poucos, voltando tudo ao normal. Caminhando devagar, Dean se aproximou do doutor que havia voltado ao corpo de Lariech e com as pernas bambas de medo tentou buscar uma explicação para tudo aquilo.
— Senhor?! — Diga Dean! Disse o homem se sentando ao sofá. — Oque foi tudo isso?! — Tudo isso oque?! — Me perdoe se estou sendo abusado ou algo igual, mas tudo que aconteceu agora não é normal! — Pode não ser normal pra você e para todos que vivem nessa Terra, mas para seres inteligentes e superiores como eu é normal! Não era apenas convencimento do doutor mas também a realidade, pois nós como humanos não conseguíamos dormir em paz depois de ver a cena que o agente viu. Quando o detetive pensava em fazer mais perguntas foi surpreendido por um toque em seu ombro, virando-se para ver quem era se esquivou para trás bruscamente por perceber que se tratava de Harry.
— Você está morto, volta de onde veio! Disse o homem fazendo cruz com os dedos. Para de bobeira Dean, ele está vivo, não está vendo! Dean caminhou lentamente até o homem e o tocou, sabendo que não era um fantasma o detetive se sentou do lado do doutor coçando a cabeça.
— Mas como pode, eu vi o senhor de monstro arrancando o coração dele, e ainda o jogou no fogo. E agora ele está aqui sem nenhum arranhão, não entendo! — Não se trata exatamente de Harry, meu mestre multiplicou esse colar que estou
usando em dois, um foi para o corpo de Harry substituindo o coração dele pela joia, e aí eu preciso de mais uma pessoa pra poder ser meu aliado!
— O senhor não está pensando em mim né? Por favor senhor eu imploro de joelhos, não posso morrer! — Se continuar com essa covardia eu te escolho hein, pelo menos assim fico livre desse medo que tanto sente! — Não senhor, prometo que não vou ser covarde. — Hum, melhor pra você, não se preocupe que ainda não encontrei a pessoa ideal para receber esse colar. Depois de um momento sem dizer nada e parado igual uma estátua, Harry se sentou normalmente, parecia que nada tinha acontecido com ele, na verdade a alma do homem era outra, agora ele era controlado pela joia obedecendo apenas o doutor.
— Senhor, como o Harry vai nos ajudar afinal? — Ele não é mais humano, tornei aquele homem fraco e cheio de rancor em um ser forte e muito inteligente, você não imagina o poder que ele tem! — É deve ser bem poderoso mesmo, mas então ele também é um monstro, se é que posso chamar assim? — Sim, um demônio tão forte como eu. Mostre pra ele Harry do que você é capaz! O homem se virou para o detetive que vendo os olhos vermelhos da fera logo interveio.
— Não precisa, eu acredito no senhor! —Ah menos-mal, afinal é melhor pra você! Dean não fazia questão de tornar a ver outro monstro em sua frente, aquela cena seria difícil de sair de sua mente. O stress do dia a dia estava sufocando Maely, a garota tinha se livrado dos vícios e da depressão por um tempo, mas pro sua infelicidade todos esses problemas voltaram muito mais impactantes. Isso afetava o relacionamento entre ela e SH, a cada dia que passava a garota não tinha namoro estava muito mal, se drogava toda noite quando o rapaz dormia e sempre vestia roupas discretas cobrindo quase todo corpo, pois se cortava muitas vezes por ser vítima de vozes ocultas. Percebendo que a relação que tanto sonhou estava se fragmentando o rapaz resolveu ter uma conversa com a parceira, pra decidir essa situação tão desagradável em que viviam.
— Oque houve SH? Aconteceu alguma coisa? Disse a moça se sentando para conversar com o rapaz. — Sim, uma coisa grave que nunca imaginei! — Nossa, mas é algo com você?! — Com a nossa relação, você não me ama mais né. Nem ao menos me chama de amor! A garota não se sentindo bem com o assunto, se levantou pegando uma xícara de café, pois estavam na cozinha. — Me fale Maely, não minta pra você mesmo mais, só me responda se me ama ou não? Quando SH pronunciava o nome da garota sem usar um apelido carinhoso significava que estava muito nervoso. — Se você tem um pouco de carinho por mim ainda me responda por favor! Após um tempo enfim Maely respondeu o rapaz, de cabeça baixa. — Eu acho que me precipitei quando aceitei namorar com você! — Como assim, estávamos tão bem! — Não! Não estávamos bem, eu não estou bem, voltei a me drogar e a me mutilar, minha depressão voltou, me perdoe mas eu não estou preparada pra seguir em um relacionamento! - Mas eu posso te ajudar a superar isso May! SH tentava de todas as maneiras convencer a amada que havia uma saída pra esses problemas, mas a pobre moça já estava desacreditada com tudo. — Me entenda, você é especial, é um homem que toda mulher sonharia em ter, mas eu não te amo, me perdoe.
Ouvindo a verdade de Maely, SH abaixou a cabeça, pois ele pensava que seu amor era o mesmo que ela sentia por ele, mas tudo não passou de uma infeliz ilusão. Triste e envergonhada por ter que falar tudo aquilo para o rapaz, Maely se afastou deixando o copo na mesa.
— Eu vou trabalhar, beijo. Me desculpe, não queria que fosse assim! Não recebendo nenhuma resposta, muito menos um olhar, a garota fechou a porta e saiu segurando o choro. O rapaz ficou a tarde inteira curtindo sua tristeza sofrer por mais uma ilusão amorosa, apesar de ser um policial, acostumado a vivenciar crimes chocantes, SH nunca havia chorado tanto como chorou naquele dia, só cessou quando Steven chegou. Vendo o estado do homem, o historiador preocupado, achou que algo de ruim tinha ocorrido com Maely, pois só assim o rapaz choraria.
— Oque aconteceu SH? - Nada! - Como nada, está chorando, aconteceu alguma coisa com Maely?! — Não estou chorando, e nem aconteceu nada com ela! O rapaz enjugou as lágrimas discretamente, orgulhoso como era, não queria mostrar a um homem que chorava. — Tem certeza? — Tenho, é oque te traz aqui? Faz tempo que não vem nos visitar! — É muito trabalho, mas eu vim justamente falar com você. — Ah que bom, sobre oque deseja falar?! O homem puxou uma cadeira sentando ao lado de SH, tirando das costas uma mochila colocando-a no chão.
— Eu descobri uma parte da história do Colar da Imortalidade que até então nem eu, nem Maely e muito menos você conhecia! — Nossa, então me conte logo que já estou curioso! — A história é um pouco longa! — Conte logo que ela se encurta! O historiador pegou da mochila uma câmera fotográfica e um livro que balançou fazendo cair muitas folhas com coisas escritas a mão, escritas por Steven. Colocando as folhas em uma mesinha, o homem começou a contar a história.
— Desde que Maely falou sobre o anjo que trouxe o colar a ela eu me encasquetei com isso, pois havia estudado anos sobre a lenda desse colar e não conhecia nada sobre anjos, então eu comecei a reler todos os meus livros e fiz uma pesquisa mais abrangente e vou lhe confessar uma coisa SH, valeu muito a pena esse esforço que tive, porque não só descobri sobre o anjo como também desvendei outras informações importantíssimas que irá nos ajudar ou nos confundir mais ainda! - Sério? Então me conte logo Steven, espero que oque contar nos ajude a entender essa história! - Sim também espero! O historiador fez uma pausa bebendo um pouco de água para assim prosseguir.
— Sobre o anjo que Maely falou, descobri que ele é apenas um anjo da guarda que serve como um guiador e protetor da pessoa que possui o colar, até aí tudo bem né, mas agora vem a parte principal, algo que não imaginava porém faz sentido. — Então prossiga Steven, prossiga! — Tá, descobri que existe uma parte gigantesca feita de bronze, responsável por manter preso o Deus Shiva, mas oque não sei é onde se localiza essa espécie de prisão! SH coçava a cabeça pois não conhecia nada sobre história de deuses, ele preferia mistérios policiais.
— Tá mais oque seria esse Deus Shiva? E porque ele está preso?! — O Deus Shiva é o destruidor que destrói algo de ruim para construir algo bom. Ele está preso em uma armadilha que Xauã armou para capturá-lo e roubar o colar da Imortalidade. — Calma a e Steven, eu me lembro que a Maely me contou sobre a história desse colar com uma riqueza de detalhes que consegui entender, mas que eu me lembro o Xauã não
foi um garimpeiro que encontrou o colar nas rochas?
— Não, isso tudo foi uma farsa SH, na verdade ele avistou o Deus em cima de uma montanha e estranhando a cena prosseguiu pelo seu caminho, mas quando estava entrando em um matagal, para encurtar o caminho pra chegar a sua casa, o Shiva apareceu novamente em sua frente, assustado e pensando ser um assalto o homem ficou imóvel, mas após explicar de que se tratava de um Deus, o homem se acalmou. E no momento que o Deus adormeceu, Xauã foi ao local no meio da noite e roubou o colar, desaparecendo pra sempre daquele lugar! O rapaz nervoso por não entender bem a história, se levantou e começou a andar pela cozinha.
— Ué mas como que o Xauã conseguiu prender um Deus em uma porta gigantesca que, com certeza, deve pesar muitas toneladas? — O xauã não aparentava, mas era um homem muito inteligente, sabendo que a força de destruir e construir algo, estava na Trishula, ou seja, um tridente que Shiva usava com o colar enrolado nele, o homem começou a construir uma porta mega gigante com bronzes que encontrava nas minas, claro que não tinha só bronze, também usou uma porção de terra, depois finalizou a construção, ele roubou o tridente com o colar e assim amarrou o Deus que sem forças foi prendido nessa prisão misteriosa! — Ah entendi, mas como você descobriu tudo isso?! Steven não gostou da pergunta do rapaz, pois parecia que SH estava o investigando, porém respondeu.
— Através de pesquisas e viagens que fiz visitando muitas montanhas e túneis misteriosos que através de desenhos pré-históricos me ajudaram! — Então se você sabe dessa história, outras pessoas também podem saber né? — Exatamente, só que estou muito preocupado com a possibilidade de aquele bicho ruim conseguir encontrar o tridente que está desaparecido! — É quase impossível Steven, se você não sabe como ele que nem deve conhecer a história vai descobrir? O homem fez uma pausa para pensar na pergunta do rapaz.
— Não devemos nos assegurar a isso SH, ele não é um humano e sim um demônio então é óbvio que ele pode desvendar qualquer mistério que existir, muito antes que nós! — É verdade não havia pensado nisso, estamos numa luta desigual Steven, não temos chance com um ser que está próximo de ser imortal! — Falou bem, está próximo, mas ainda não é imortal. E na verdade temos chance sim SH, a nossa esperança é a Maely pois só ela com o colar poderá enfrentar e encontrar esse tridente antes daquele bandido! Ouvindo Steven falar sobre Maely, o rapaz se inquietou cruzando os braços pois ainda estava chateado como o termínio do namoro.
— Oque houve SH? — Nada ué, só estou pensando. — Mas só foi eu tocar no nome de Maely e você mudou de comportamento. O rapaz não respondeu nada não queria desabafar, não era acostumado a compartilhar seus problemas com ninguém. Mas Steven persistiu no assunto até tirar algo do homem.
— Aconteceu alguma coisa entre vocês? — Não, nada demais! -SH por favor, me conte, não guarde rancor, tristeza irá te aliviar um pouco! — É que meu namoro com Maely terminou hoje! Confessou SH abaixando a cabeça novamente. — Nossa, sinto muito, mas não querendo ser inconveniente, já sendo, porque terminaram? — Ah, porque tudo não passou de uma ilusão, a May nunca me amou, ela mesmo me disse. Além dos problemas que ela tem que são vários, enfim nos precipitamos!
— Entendo, como sempre digo, relacionamento é uma coisa complicada de se administrar! — Pois é, mas e você nunca falou nada sobre suas relações, só sei que é solteiro! Steven parecia não se sentir a vontade com aquele assunto, apesar de sua insistência com o rapaz pra desabafar, ele também era um homem cheio de mistérios. — Não vamos falar de mim SH, aliás estou atrasado só vim mesmo te contar isso, depois se não quiser falar com Maely, eu conto a ela sobre a história! — Espera aí Steven, vamos conversar! Estou com pressa, tchau! O homem guardando seus livros na bolsa e saindo rápido, deixando o rapaz confuso.
— Ué porque será que ficou tão apressado depois que falar sobre ele? Hum, ainda tenho muito a conhecer desse Steven. Pensou SH sozinho, sentado no meio da cozinha. Depois de sair do trabalho naquele dia Maely não voltou para o hotel, oque deixou o rapaz muito preocupado, apesar de estar chateado com a garota SH ainda a amava e tinha medo de que o falso doutor encontrasse ela e fizesse algum mal. Então resolveu esperar um pouco para ver se ela voltava, mas depois de uma hora aguardando impaciente, saiu pelas ruas a procura da moça. Oque ele não sabia é que Maely havia ido em uma festa punk, um estilo que gostava muito porém não se adaptava. A festa estava muito agradável a garota que se jogava pra esquecer os problemas; Maely enfraquecida pelos vícios começou a beber e na adrenalina da noite se drogou além do que era acostumada, mas nem ligava queria curtir o momento a vontade sem moderação. Enquanto a garota se “divertia”, SH procurava por ela em todos os cantos, em bares, lanchonetes, casas de amigas, mas nada de Maely, já estava ficando desesperado, até que depois de três horas avistou a moça sendo carregada por dois rapazes no outro lado da rua. Atravessando a rua normalmente para não desconfiarem, SH caminhou até os jovens lentamente, e quando se cruzaram ele parou na frente, abordando-os.
— Desculpe incomodá-los mas a moça está passando mal pelo oque parece, se quiser eu posso ajudar a levar ela no hospital, meu carro está do outro lado da rua! — Não precisa não, ela ta bem, muito bem! Disse o garoto nervoso. — Mas pelo que estou vendo é ao contrário, ela está muit mal, eu acho melhor… SH foi interrompido, pois um dos garotos o empurrou derrubando-o no chão. — É bom o mocinho não querer treta com nós, se quiser ficar com seus dentes na boca! O rapaz não era de receber ameaças, ainda mais que fosse pra defender Maely. E numa rápida reação, SH se levantou dando um soco no rosto de um dos garotos que caiu no chão, um nocaute perfeito, o outro que era mais forte acertou o golpe no rapaz primeiro, mas o policial era resistente, afinal era treinado pra isso, e se recuperando do soco, chutou o agressor que também caiu ao chão. Quando foi pegar Maely que estava caída, o rapaz se levantou e tirou uma faca da cintura golpeando o policial duas vezes no braço, e com medo que alguém o visse saiu correndo largando a faca ao lado do amigo. Sangrando muito SH se esforçou pra carregar a garota no colo até o hotel, o trajeto inteiro o membro do homem sangrava demais, pingando pela rua, mas não se acovardava e carregava a moça as vezes de olhos fechados de tanta dor. Superando os ferimentos, SH entrou no hotel as pressas e no elevador apoiava sua cabeça na da garota, como uma forma de proteção mesmo. Chegando finalmente ao lar, o rapaz deitou a moça na cama, cobriu ela com um cobertor e como forma de respeito se deitou no chão, pois haviam terminado o namoro e se deitar junto a ela sem aceitação seria um pecado que ele não queria e nunca cometeria. Ao lado da moça só que no chão, SH não dormiu direito, a todo momento se levantava para verificar o estado da moça, por causa daquela situação o policial nem pensava mais no fim do namoro, tinha um carinho enorme por Maely, e preocupado tentou não dormir a noite inteira, mas o cansaço o venceu caindo no chão de sono.
Quando Maely acordou já era de manhã assustada por ver que sua roupa estava suja de sangue a moça espontaneamente procurou por SH na cama, só o viu quando desceu da cama vendo o no chão. Estranhando a situação e assustada por ver o braço do homem enfaixado, a garota o acordou apressadamente.
— SH acorda! SH! Após um tempo, enfim o rapaz acordou meio atordoado. — May, você está bem?! — Sim, você parece não estar né, oque aconteceu com seu braço? — Vou te explicar, só espera um pouco que vou ver esse ferimento, se já se fechou! O homem ainda com dificuldade se levantou se apoiando na parede, Maely quis ajudar mas orgulhoso como era, recusou e caminhou até o banheiro sozinho. Vendo que o ferimento não tinha se cicatrizado, o policial colocou a faixa no braço novamente e voltou ao quarto.
— E aí, fechou o machucado? Disse Maely preocupada. — Não, ainda não! — Mas oque aconteceu? — É nada demais, só resultado de uma briga que tive! — Mas você não é de brigar, porque fez isso? — Por sua culpa! A garota estranhou a acusação, pois não se lembrava de nada da noite passada. — Minha culpa? Mas oque é que eu fiz?! — Eu te vi sendo levada por dois idiotas, aí fui abordá-los e começou a briga, e sem perceber levei duas facadas eu acho! Ouvindo SH falar, Maely lembrou do que havia acontecido naquela noite.
— Me desculpe de te meter em confusão, eu tinha ido em uma festa punk e me droguei demais, mas só me lembro que tinha saído sozinha e aí dois homens me agarraram e eu desmaiei. — Eu acho que eles não estavam na festa, pois não pareciam nada com estilo punk, usavam roupas parecidas com a minha! — Acho que eram bandidos, obrigado SH por me salvar, se não fosse você acho que me matariam! A moça abraçou o ex, sendo grata a ação que ele fez, pois mesmos separados, SH guardou a mágoa se preocupando com ela. No momento do abraço o rapaz sentiu algo estranho que o fez se afastar da moça.
— Oque houve SH? Maely pensava que o homem não tinha gostado de sua expressão de carinho por causa de não serem mais um casal. — Não sei May, me deu um aperto no coração agora! — Nossa, acho que é porque está cansado por causa de ontem, é melhor você descansar. Eu vou fechar a janela pra você dormir um pouco. Quando Maely foi em direção a janela, rapidamente o policial pulou da caama e a empurrou, caindo no chão junto a ela. Nesse exato momento uma bala atingiu o vidro da janela e foi parar na parede de quarto, um tiro que seria pra atingir a moça que graças ao rapaz novamente foi salva.
— Oque foi isso?! Oque está acontecendo?! Disse Maely apavorada. — Não sei, mas o tiro daquele prédio! — Mas como assim, eu quase morri, meu Deus! A garota colocava as mãos na cabeça, muito assustada.
— Não tenho tempo pra perguntas May! O rapaz sai correndo abrindo as portas rapidamente, com sua arma na mão, preocupada Maely foi atrás o alcançando no elevador.
— Oque vai fazer?! — Vou resolver isso de uma vez por todas! — Ei, me espera! SH desceu pelo elevador deixando a amiga pra fora, com presa Maely desceu pela
escada. Saindo do elevador, o policial colocou a mão debaixo da camisa escondendo a arma pra não assustar as pessoas que estivessem na rua. Chegando ao prédio que supostamente teria vindo o tiro dali, o homem procurou uma entrada, mas não encontrou pois o local estava interditado com risco de desmoronamento, não havendo outro jeito SH pulou o muro que apesar de ter uma altura nada conveniente de se escalar, conseguiu ligeiramente. O local estava muito sujo, as paredes com várias rachaduras prestes a cair, e as escadas de madeira tinham diversos degraus quebrados oque dificultou a perseguição, pois não daria pra subir rápido, mesmo sabendo disso o rapaz tentou a sorte e quase perdeu pro azar pisando em um degrau rachado que desabou na hora, deixando dele suspensa entre o espaço. Mesmo com pressa o rapaz teve que ser paciente pra poder tirar a perna dali, pois se puxasse bruscamente os fiapos de madeira poderiam o cortar. — Paciência SH, paciência! Não vou ficar nervoso, não vou! Disse o rapaz sozinho, enquanto puxava sua perna lentamente. Conseguido se livrar do degrau, o policial subiu o resto da escada lentamente até o último andar onde deduzia que o tiro teria vindo daquele local, mas o lugar estava vazio sem nenhum móvel nada além de poeira, eram três cômodos totalmente vazios, mas olhando por uma janela, a única janela que tinha no apartamento, SH pode ter uma visão precisa pra se fazer um disparo pra um sniper, aquela região seria perfeita pra acertar o alvo. O homem ainda investigou o local, procurando por pegadas, fio de cabelo ou alguma pista, mas não encontrou nada, frustrado por ter falhado na caça ao sniper misterioso, SH ia descendo as escadas quando viu algo de estranho na parede que o fiz voltar para trás. Por causa da pressa, o rapaz não tinha visto uma frase escrita na parede quando entrou, mas voltando ao local se deparou com nada mais nada menos do que uma mensagem deixada pelo bandido. A parede muito suja tinha uma frase com uma letra de pichação escrita em vermelho: “Quando pensarem em ser imortais, lembre do que aconteceu com Lary”. O policial ficou intrigado com aquele aviso, porém não era apenas um aviso e sim uma ameaça, oque mais deixava SH nervoso era a audácia do bandido de não usar nenhuma incógnita nas palavras para dificultar a quem lesse, na verdade ele queria passar a mensagem para que ficasse ciente que houve um aviso, uma espécie de ameaça para acuar os jovens, amedrontá-los, tentando impedir que continuassem com as tentativas de derrotar o mal. Olhando pra parede o rapaz pensou em tudo isso, porém não sentiu um pingo de medo ao contrário ficou muito nervoso fechando os punhos e bufando como um touro a frente de uma capa vermelha, não pretendendo voltar ao lugar o homem pegou um celular e tirou uma foto do aviso misterioso, pra poder mostrar para Steven e Maely, depois de fazer seu registro SH desceu pelas escadas cuidadosamente e saiu do lugar. Do lado de fora Maely esperava muito preocupada, só sossegou quando o homem voltou.
— Você é louco, estava morta de preocupação. Como pode ter coragem de entrar em um prédio velho desse?! — Eu precisava entrar, tinha que pegar esse infeliz! — Mas conseguiu pegar ele?! Disse a garota ainda preocupada. — Não né, se estivesse conseguido ele estaria aqui! A garota percebeu o nervosismo do rapaz pela resposta que recebeu, oque deixou-a meio sem graça.
— Mas não fique assim, afinal você me salvou tanto importa ter ou não conseguido prender ele! Disse a moça voltando ao hotel com o homem. — Importa muito May, se eu estivesse prendido ele, poderíamos tirar alguma informação importante da boca dele. — Será que ele tem alguma relação com aquele falso doutor? — Eu tenho uma coisa que pode responder sua pergunta, mas pra isso chame o Steven e
mande ele vim imediatamente para o hotel!
— Pode deixar, vou ligar pra ele. Ainda na rua a jovem ligou para o historiador o convidando para ir ao hotel. Maely estava muito apavorada e com medo que sofresse mais uma tentativa de assassinato se agarrou no braço do rapaz, até chegar no apartamento, oque ela não sabia é que estava apoiada no braço enfaixado oque deu muita dor a SH aguentando calado por entender a situação dificil da moça.
— Ufa até que enfim chegamos, já estava com medo! — Eu que diga, meu braço está doendo, você tinha que se apoiar justamente no meu braço enfaixado?! Reclamou o rapaz se sentando no sofá. — Ah me desculpa, eu esqueci! — Tudo bem, já passou! Os jovens ficaram aguardando Steven quer estava a caminho, ficaram a tarde inteira esperando e nada do homem aparecer. Preocupados pensando sempre no pior, pois a situação não era favorável pra pensar do lado positivo, SH ligou diversas vezes para o homem que não atendeu. —Meu Deus oque será que aconteceu com Steven?
— Não sei May, ele te disse oque na ligação?! — Ele falou que já estava a caminho, prometeu que viria! — Hum, estranho, o jeito é esperar! Já ao anoitecer, os jovens estavam exaustos de tanto esperar até que Steven entrou no apartamento indo direto a sala.
— Oi gente! Desculpa pela minha demora é que tive um imprevisto e quando estava no caminho agora há pouco o trânsito estava parado! — Inventa outra desculpa Steven, porque o trânsito a essas horas sempre está congestionado! — Sim mas hoje estava pior, não sei mas acho que aconteceu alguma coisa na Bleecker Street! — Sério? Sempre quis visitar essa rua, dizem que ela é bem bonita! — Sim pois é! O homem se sentou ao lado dos jovens, tirando a mochila e sua blusa.
— Bem, mas oque aconteceu pra me chamar com tanta urgência?! Demorando um pouco pra responder, Maely apresou o rapaz. — Fale logo SH, fiquei esperando o dia inteiro! O rapaz tirou o celular do bolso e mostrou a foto para os dois que lendo oque estava escrito ficaram intrigados.
— Aonde você tirou essa foto?! — No prédio abandonado que fica de frente com esse hotel! Disse o homem apontando pra janela. — Mas oque fez você ir até lá? — É que eu e a May estávamos aqui no quarto, aí ela foi fechar a janela e me deu um sexto sentido que empurrei ela pro lado do guarda-roupa, se não fosse essa minha ação ela teria levado um tiro, olhe na parede que você verá onde a bala perfurou! Steven assustado com a história foi conferir se havia mesmo o buraco feito pelo disparo.
— Nossa SH, quer dizer que tinha um sniper pronto pra matar e seu alvo era Maely? — Exatamente, graças a Deus consegui salvar ela! — Obrigado SH, estou com muito medo de sair, pois quem vai me garantir que não estou na mira de uma arma?! A garota não recebeu resposta, pois na verdade não havia resposta, a qualquer momento o inimigo poderia atacar de surpresa.
— Oque acha que esse infeliz quis dizer com esse aviso, Steven? — Está querendo nos acuar, com certeza ele é aliado daquele bandido do doutor!
— Mas se eles conseguirem nos acuar oque beneficiará ao doutor? — Irão evitar que eu posa curar o mundo, ou seja, fazer minhas boas ações! Disse Maely, respondendo ao rapaz. — Na verdade eu acho que não é exatamente isso que ele quer Maely — Como não, se não, se não for isso oque seria então?! — Conseguindo nos amedrontar, o caminho para o doutor encontrar o tridente ficará mais fácil! — Tridente? Qual tridente?! Maely não sabia da história de Shiva, pois não deu tempo de o policial contar a ela. Tirando os livros da bolsa, Steven explicou toda a história, mostrando diversas fotos que fez em suas viagens e detalhadamente contou toda a lenda que envolvia não só o tridente mas como o colar. Tendo conhecimento da história agora, Maely conseguia encontrar o verdadeiro sentido de tudo oque estava ocorrendo em sua vida, essa confusão que perseguia seus dias, esses mistérios que rodeavam os lugares que pisava, tudo isso era consequência da ambição do falso doutor, a partir desse momento a garota e seus fiéis amigos estavam envolvidos na corrida a caça do Trishula, ou seja, o tridente todo poderoso do deus Shiva. Oque não sabiam é que essa corrida seria cheia de voltas com mistérios que dificultariam a encontrar a chegada e assim ter o prêmio maior que não tragaria a felicidade mas serviria como a chave pra livrar o Deus de sua prisão.
CAPÍTULO 5 – Bleeker Street: A rua da morte. Precisando de mais um aliado, o falso doutor sabendo de um antigo relacionamento que Lariech teve foi a procura da mulher, que era Lisa, aquela moça apaixonada pelo doutor que se sentiu rejeitada prometendo vingança. O homem viajou acompanhado de Harry e seu investigador para aquela cidade pacata que parecia abandonado, com o objetivo de roubar a alma da moça para poder ter mais um a marionete humana em suas mãos, para assim ter dois servos que seriam controlados por suas ordens facilitando o caminho de realizar seus objetivos. Lembrando do que Steven havia lhe contado, o doutor foi até o hotel que pertencia a moça pois era o único endereço que tinham em mãos, não tinham certeza de que a moça morasse ainda ali, talvez ela estivesse se mudado tentando se livrar de lembranças de Lariech, mas não custava tentar, afinal poderiam encontrar o suposto endereço com algum funcionário. Chegando finalmente no hotel, o doutor entrou sozinho deixando os parceiros no carro que ficou estacionado no final da rua pra não chamar atenção. Na entrada do local, o homem foi recebido por um funcionário da moça que era responsável por guiar os clientes até os quartos.
— Bom dia! O senhor deseja uma hospedagem? — Não exatamente, eu queria na verdade conversar com a senhora Lisa! — Ah, a senhora Lisa deve estar no quarto dela pois não a vi sair hoje. Eu vou avisar pra ela que o senhor está aqui! O funcionário pegou o telefone que estava no balcão e ligou pra moça, após alguns segundos ela atendeu.
— Como é seu nome? Disse o funcionário ao homem que engasgou pois se falasse o nome de Lariech, seria bem provável a moça não autorizar que subisse, então o homem mentiu, inventando um nome. — É Steven! - Ela disse que o senhor pode subir! — Ah, está bem, obrigado. — É o quarto número cinco! — Tá, obrigado. Lisa não tinha nenhum amigo chamado Steven porém estava curiosa pra ver quem era essa visita inesperada. Achando o quarto da moça com facilidade, o doutor tocou a porta aguardando com as mãos no bolso de seu luxuoso terno preto. Quando Lisa abriu a porta, levou um susto que o fez se esquivar para trás, pois estava vendo em sua frente o homem que tanto amou depois de longos anos, realmente ficou sem palavras apenas olhava para ele. Incomodado com a situação, o doutor resolveu falar alguma coisa pra cortar aquele silêncio.
— Oi Lisa, posso entrar?! O rosto da moça já estava pálido e ouvindo a voz do homem ficou totalmente branca, fazia décadas que não ouvia aquela voz que o fez se apaixonar, oque ela não sabia é que o verdadeiro Lariech estava morto.
— Entre por favor! O doutor entrou como se a casa fosse dele, sentado no sofá sem ao menos pedir permissão.
— Quanto tempo hein Lisa! Sentiu saudades? — Como pode ser tão sínico? Pelo que vejo você não mudou nada né! — Se isso foi um elogio agradeço, afinal a gente tenta né, mas o tempo passa pra todo mundo! Lisa tremia de nervosismo com a ironia que o homem usava em suas palavras, porém se mantéu firme não querendo se mostrar fraca.
— Oque você veio fazer aqui? Me visitar não foi, isso tenho certeza que não sentiu falta de mim! — Até que eu estava com saudades de você! Disse o doutor olhando a moça se sentar em uma poltrona. — Mas eu vim aqui porque preciso que você se alie a mim! — Me aliar a você? Como assim Lariech? — Em primeiro lugar eu não sou Lariech, ele morreu a muito tempo já! — Para de mentir homem, você é oque então, um irmão gêmeo ou um extraterrestre?! Disse Lisa duvidando. — Eu sou um demônio que possui o corpo dele após a morte! Quer uma comprovação? Não recebendo resposta da moça, o doutor prosseguiu. — Você teria um espelho, mais ou menos da minha altura?! — Sim porque? — Traga ele que verá! Lisa estranhou o pedido do homem, porém trouxe oque pediu.
— Encoste ele na parede! — Pra que?! — Não faça perguntas mulher, encoste o espelho na parede!! A mulher assustada com o grito de ordem, obedeceu. — Agora preste atenção, o reflexo que você vê no espelho é minha identidade verdadeira! O doutor ficou em frente ao espelho enquanto a moça se preparava pra olhar ao objeto com um certo receio. Obedecendo o homem Lisa foi em direção ao espelho para ver se havia algo de estranho, a imagem que viu nunca teria imaginado ver algum dia, olhando para o vidro a moça pode conhecer a verdadeira identidade daquele falso doutor, uma lembrança que não saiu mais de sua cabeça, seus olhos estavam arregalados, por mais que gritasse e se esperneasse no chão, Lisa não desviava o olhar, estava hipnotizada, na realidade nem o próprio demônio não conseguia o ver de verdade.
— Não se assuste mulher, sua alma está controlada por mim a partir de agora! Dizendo isso o homem se virou a mulher e jogou um colar igual oque usava, nela, feito isso o objeto em vês de cair, entrou no corpo da moça que caiu na hora. Após um tempo, Lisa acordou, não lembrando de nada.
— A partir desse momento, você é minha serva, poderá permanecer aqui mas quando eu precisar de ti para executar alguma missão, te chamarei! — Sim senhor! — Eu sei que você quer vingar o Lariech, apesar de ele estar morto, mas prometo que vamos detonar o nome dele, transformando os fãs que ainda glorificam aquele remédio ridículo, em inimigos que difamaram a história daquele infeliz! — Que bom, obrigada senhor, fico muito agradecida! Na verdade o homem nem estava aí pras intrigas da moça, nem queria saber de Lariech, seu objetivo mesmo era o Trishula, não se importava mais com nada além do tridente. Com mais um aliado conquistado ou como ele mesmo falava, uma “marionete humana”, o doutor voltou para o carro comemorando com os outros parceiros mais um passo para a vitória que eles tanto sonhava. Lisa não era mais a mesma mulher, como Harry, ela se transformou em um monstro que poderia despertar a qualquer momento, bastava receber o comando de seu mestre, mas nenhum funcionário e conhecido da mulher estranhou algo nela, pois fisicamente não tinha nenhuma mudança, apenas mentalmente, ela havia se tornado uma pessoa mais rígida, autoritária, não pretendia fazer o bem a ninguém, queria apenas dinheiro e servir unicamente ao seu senhor, muitas pessoas não entendiam aquela mudança de comportamento brusca, porém permaneceram quietos pois não queriam perder o emprego. Em Nova Iorque começou a surgir notícias sobre supostos assassinatos misteriosos que
deixou a população apavorada, em todos os jornais e telejornais a notícia principal era as mortes misteriosas. O criminoso agia pela noite procurando por vítimas, jovens era sua preferência, até o momento haviam sido mortos três jovens dentre eles dois garotos e uma moça, detalhe os corpos foram encontrados na mesma rua, um dos endereços mais famosos dos Estados Unidos, a Bleecker Street, e esse mistério estava perturbando a polícia local, e se incomodava a polícia incomodava SH que se encarregou da missão de caçar esse assassino. Steven que havia se tornado um grande amigo não concordou com sua decisão, pois corria risco, mas o rapaz quando colocava uma coisa na cabeça não tirava, a preocupação do historiador não incomodava SH, oque o deixava cada vez mais triste era o desprezo que Maely estava o castigando, não era maldade da garota, apenas ela tinha o esquecido, o que ele não sabia é que havia um novo amor na vida da garota. Preocupado por pensar que poderia ter magoado a moça, SH tentou conversar, apesar de estar ocupado com as investigações dos crimes excessivos que estavam ocorrendo, o rapaz conseguiu um tempo.
— Oi SH, oque deseja falar comigo?! — Sente-se aí pra conversarmos! — Eu estou com pressa, tenho coisas a fazer! — Senta aí May, você sempre está com pressa mas agora vai ter que me ouvir! O rapaz ficou nervoso pois não aguentava mais ouvir aquela desculpa da moça, dizendo que estava com pressa. Afinal ambos estavam nervosos, porque Maely não queria falar com ele ainda mais obrigada.
— Oque eu fiz de mal pra você?! Disse o policial olhando pra garota. — Ah SH, eu só quero saber oque está acontecendo, porque você está me ignorando?! — Eu não estou te ignorando! — Está sim, me fala oque está acontecendo! Maely não se sentiu a vontade de falar ao rapaz que estava começando uma relação com outra pessoa, não queria deixar ele triste, pois fazia pouco tempo que tinham terminado o namoro, as não havendo jeito, teve que contar a verdade.
— Sabe oque é, eu estou me relacionando com um garoto, e não queria te contar, por isso te evitei! Ouvindo oque não queria ouvir, SH abaixou a cabeça e não olhou mais pra moça. — Mas podemos continuar sendo amigos! — Pode ser! Disse o policial colocando as mãos no bolso. — Posso ir agora?! — Pode, boa sorte pra você e seu futuro namorado! Maely estranhou a compreensão do rapaz em relação ao seu namoro, mas ficou quieta.
— Obrigada, agora vou, tchau! — Tchau! Quando a moça saiu, SH pegou um vaso de vidro que estava na mesinha e atacou na parede, descontando a raiva e sua infelicidade por ter a certeza que suas chances de reconquistar sua amada haviam acabado. O homem ficaria curtindo sua raiva o dia inteiro, mas o delegado o chamou dizendo ter novidades sobre o caso de Bleecker Street, oque fez ele correr até a delegacia esquecendo de Maely. A delegacia estava aglomerada de policiais, oque surpreendeu SH, que não aguentando de curiosidade entrou no local rapidamente pra receber alguma explicação, um dos amigos vendo o policial o puxou pra uma área tranquila, longe dos homens para conversar.
— Oque houve Dru?! Dru era o melhor amigo de SH quando começou a trabalhar em Nova Iorque. — É que o Wonder anunciou agora a todos que estão aqui que dará uma recompensa de dez mil dólares a quem capturar e trazer o assassino misterioso de Bleecker Street! Wonder era o delegado da delegacia, um senhor forte de cabelos grisalhos e bem
rigoroso com seus colegas de trabalho, porém gostava muito de SH pois sabia de seu potencial.
— Ele ficou maluco! Porque SH, isso não é bom?
— Lógico que não Dru, pensa bem se todos procurassem esse bandido a noite sem uma organização, ninguém vai pensar em ajudar, o outro a pegar a caça, vai ser que nem uma caça só para mais de dez caçadores! — Nossa não havia pensado nisso! SH nervoso entrou na delegacia indo a sala de delegado, preocupado com oque o inimigo ia fazer, Dru tentou intervir. — Ei oque você vai fazer?! — Vou falar com o Wonder ué, quem sabe mudo essa ideia da cabeça dele! Dru voltou a tentar a impedir mas o rapaz já estava envolvido na aglomeração. Autorizando a entrada em sua sala, SH sentou na cadeira olhando para o delegado que se abanava de calor.
— SH, quanta honra de ter você em minha sala! Como está sua vida?! — Bem, graças a Deus! — Que bom, é oque deseja falar, quer uma promoção, ou quer se inscrever pra participar da caça a esse bandido?! O rapaz não respondeu nada, olhava firmemente para o senhor, que sem graça continuou a falar.
— Se quiser participar, te dou total liberdade para furar a fila e assinar agora mesmo a inscrição! — Não, obrigado mais eu queria falar que não concordo com essa ideia que o senhor teve de dar recompensa pra capturar esse assassino! — Ué mas é uma ideia boa, pelo menos todos terão um empenho maior para resolver esse caso. — Não senhor Wonder, eu acho que isso só gera confusão, pois haverá uma certa individualidade. Esse caso tem que ser tratado como estava, eu tenho que continuar com as investigações para ai sim, tendo provas em mãos, cercar esse bandido e o pegar! O delegado pensou no que SH havia falado, mas não queria ter o trabalho de cancelar a ideia que já havia mostrado a todos, não teria como também, pois certamente muitos policiais ficaram insatisfeitos com o cancelamento.
— Você está certo, eu me precipitei, mas não tem condições de eu cancelar essa promoção que fiz! — E porque? — Porque tem mais de vinte policiais do lado de fora esperando pra se inscrever, caso eu vou la´e falo que não vou mais dar recompensa, a confusão será gigante! — Mas … — Não SH, me desculpe mas eu não vou correr esse risco! Disse o delegado interrompendo o rapaz. Não havendo jeito, SH saiu da sala decepcionado, queria mudar aquela situação até por que ele estava responsável pelas investigações daquele caso, mas pelo jeito o delegado não acreditava em sua capacidade pois foi só demorar uma semana pra procurar outros policiais, agora apelando pelo dinheiro, como se fazia no antigo faroeste. Saindo frustrado do local, SH foi para uma lanchonete de frente com a delegacia, o rapaz estava de folga, percebendo o estado de seu amigo, Dru foi dar um apoio como sempre fazia.
— Oi SH, posso me sentar aqui com você? — Claro Dru, sente-se! O homem se sentou pedindo ao garçom dois milk shakes por sua conta.
— Oque o Wonder disse? — Ele não concordou comigo, como sempre né!
— Ah mas ele quase concorda cem por cento com suas ideias. — Sim eu sei, mas dessa vez não concordou, e você sabe que essa ideia de recompensa é uma burrice! — É eu sei, mas já está definido, não tem como mudar. — Infelizmente não! Os dois amigos beberam o milk shake e depois saíram a caminho de uma loja de aparelhos de videogames para distrair um pouco, mas não deu certo porque quando estavam passando por uma praça, Dru viu Maely com um garoto e sem saber de nada avisou a SH.
— Aquela não é sua ex SH? — Aonde? — Ali, com aquele garoto na praça! Quando o rapaz olhou, quase não acreditou, sua amada estava beijando outro lábio, com uma vontade que envergonhou ele, pois nunca havia recebido um beijo daquele. No calor do momento SH tentou ir até o novo casal para descontar sua raiva no garoto, mas Dru o acalmou afastando-o dali pra não gerar confusão. O policial ficou bravo com o amigo por ter impedido de ir até eles, mas Dru sabia que a moça tinha o direito de ser livre, fazer suas escolhas.
— Porque você me impediu? Eu precisava quebrar aquele moleque na porrada! — Está maluco? Isso não resolveria nada SH, esquece a Maely! — Não tem como! — Tem sim senhor, ela te esqueceu, afinal você tem muitas meninas que te adoram, não fique sofrendo por algo perdido! Apesar de não querer escutar a verdade, o policial sabia que seu amigo estava certo no que falava, e resolveu sair do local tentando esquecer de vez aquela frustração. Preocupado com o amigo Dru acompanhou ele até o hotel, evitando assim que o homem voltasse a praça. Podendo ficar sozinho pra pensar sobre tudo que estava acontecendo, o homem tinha consciência de que não podia exigir o amor de Maely, o melhor a fazer era esquecer essa desilusão e seguir em frente, quem sabe pensar em um novo amor. Afinal se o namorado da garota conseguisse fazer ela feliz, livrando-a da depressão e dos vícios, SH não teria que reclamar de nada mais, pois o importante era o bem dela, o resto era passado que tentaria apagar. Enquanto o rapaz tentava iniciar seu trabalho de investigação em casa mesmo, Maely se encantava a cada palavra que ouvia de seu amor, diferente do policial o garoto que se chamava Gabriel era menos tímido e muito mais carinhoso sempre idolatrando a moça, com palavras bonitas e as vezes fazia até poesias oque deixava Maely derretida de amor. A Bleecker Street havia se tornado a rua do medo de Nova Iorque, era só começar a anoitecer que o local ficava deserto, sem ninguém. Os donos de comércio sabendo dos assassinatos que ocorreram, fechavam suas lojas mais cedo do que o habitual, essa situação estava gerando um prejuízo gigantesco para os comerciantes que tinham uma clientela fiel no período da noite. Além de ser a rua do medo, agora também poderia se chamar a rua dos policiais, pois por causa da " grande ideia" do delegado Wonder de transformar a investigação em um reality show, com um prêmio de dez mil dólares, os agentes ocupavam a rua em pontos estratégicos para pegar o assassino em série, mas pelo jeito de alguma forma inexplicada o procurado soube que sua cabeça estava em prêmio e não cometeu nenhum ataque mais. Quando SH ficou sabendo da notícia, ficou indignado, os jornais estavam publicando notas dizendo que a ideia de Wonder havia dado certo, mas, na verdade, o policial sabia que nada tinha se solucionado, é claro que o bandido não iria pôr a cara pra bater saindo para atacar sendo que policiais ocupavam a rua. Isso tudo atrapalharia mais ainda as investigações. Outra coisa que o perturbava era a situação em que se encontrava, não
poderia mais viver na mesma moradia que Maely morava, pra evitar intrigas com ela e o namorado, o rapaz resolveu deixar aquele quarto e ir morar em uma casa de frente com a delegacia, era até melhor pois nunca se atrasaria para chegar ao trabalho. Sabendo da mudança de SH, a garota ficou um pouco triste com ela mesmo, porém não podia ficar sozinha e trouxe seu namorado para morar junto a ela no hotel, oque deixou o policial muito magoado quando soube. Com todas essas divergências em sua vida, SH tentou ter foco apenas no trabalho, era o melhor a fazer, procurou novamente o delegado Wonder para poder explicar o melhor caminho pra encontrar o fugitivo. Apoiando o amigo Dru foi junto a ele, reforçando a sua opinião.
— Você de novo SH, oque te traz aqui? — É eu vim falar sobre o caso de Bleecker Street! — De novo, você não sabe que conseguimos acuar o bandido, aliás fui até elogiado pelo colunista do New York Times! Disse o homem se convencendo. — Sim eu sei disso, é exatamente por isso que preciso abrir seus olhos! — Mas eu não te entendo, já está tudo resolvido não se preocupe! — Não está, esse marginal está escondido em algum lugar, ele só esta esperando uma bobeira nossa pra fazer mais uma vítima. — Não acho que ele teria coragem! Descordou o delegado com seu charuto na boca. — Senhor desculpe eu me meter na conversa, mas para quem matou três pessoas em um dos endereços mais movimentados dos Estados Unidos, ele tem coragem sim! Disse Dru ajudando o amigo. — Pode ser, mas eu não posso fazer nada, e vocês sabem disso! Os jovens ficaram calados, afinal o delegado tinha razão no que dizia. — Mas se você quiser continuar com suas investigações com um apoio melhor terá que entrar nesse reality para assim, ser mais um participante. - Nem que a vaca tussa! — Pensa bem SH, ele pode estra certo! Disse Dru ao amigo. — Não, é sem sentido, não vou nervoso indo se sentar na escada da delegacia com as mãos na cabeça não sabendo oque fazer. Preocupado com o amigo, Dru correu a ele para conversar.
— SH se acalma. — Como que vou me acalmar Dru se tudo está dando errado, eu me dediquei tanto pra participar de um reality show para prender um bandido! — Mas pense no que o Wonder disse, ou você participa ou encontrar uma solução para cancelar essa ideia sem causar confusão. — É mas oque eu faço? Eu não sei mais oque fazer! O rapaz se levantou dando um chute na lixeira que estava ao seu lado. Depois de pensar por alguns segundos Dru conseguiu ter uma ideia, meio maluca porém útil para solucionar o problema.
— Já sei SH, você poderia reunir os policiais e dizer que o senhor Wonder mandou todos se unirem e cada um voltar ao seu trabalho que receberão um prêmio salarial! Debruçado em um muro o jovem ouvindo a ideia do amigo se animou.
— É uma boa ideia, mas será que o Wonder vai aceitar, e mais os policiais concordarão?! — Claro que sim, pois eles sabem que você é responsável por tudo nessa delegacia, e confiam no seu trabalho! — É pode ser, vamos então falar com ele, obrigado Dru! — De nada, vamos! Os amigos se cumprimentaram e retornaram a sala de Wonder. — Eu tenho a solução senhor! — Então me diga! O rapaz respirou, tomando um pouco pra limpar a garganta. - Me encarrego de falar com eles, mas com uma condição!
— Qual?! Disse o delegado jogando fumaça do charuto nos homens. — Que o senhor deposite uma quantia boa no salário de cada policial que se inscrever,
assim eu vou poder continuar minhas investigações e cancelar esse prêmio! Aceita minha proposta senhor? O silêncio tomou conta da sala, os jovens não tinham certeza se o delegado concordaria, afinal mesmo sendo um homem rico pois não trabalhava só na polícia, mas também de empresário, Wonder poderia não aceitar em dar uma quantia de dinheiro a todos os policiais, sendo que ele não era responsável pelo salário de ninguém. Mas a resposta do homem surpreendeu os amigos.
— Está bem, eu aceito sua proposta! — Sério? Disse ambos os homens. — Sim, mesmo me trazendo um pequeno prejuízo. — O senhor não vai se arrepender! — Assim espero SH, assim espero! Os amigos estavam comemorando, pulando no meio da sala como crianças, até que o delegado interrompeu. —Não façam festa, eu só aceito com uma condição também!
— Qual? Disse o rapaz assustado. — Quero que me dê um motivo para depositar o dinheiro, pois como vou saber se vai dar certo? SH não sabia oque falar, até que depois de tanto pensar teve uma ideia inusitada.
— Vamos fazer uma aposta! — Uma aposta?! — Sim, se eu conseguir capturar o bandido, os dez mil são meu, agora se eu falhar e ele fizer mais uma vítima, te dou os dez mil dólares! Dru se surpreendeu com oque SH falava, pois achava aquela ideia uma loucura.
— Eu aceito, mas você sabe que é arriscado porque enquanto você estiver investigando, ele pode estar perto da próxima vítima! — Eu sei, mas tenho certeza que vai dar certo! — Bom, você que sabe então, tomará que consiga. Boa sorte! — Obrigado. Os homens apertaram a mão um do outro, selando ali a aposta entre eles, Dru ficou assustado com oque o amigo disse, e quando saíram da sala logo procurou uma explicação por tudo aquilo.
— Daria pra me explicar oque eu acabei de ouvir de você? — Já está tudo explicado ué! Disse o rapaz saindo da delegacia. — Eu pensei que você não queria esse dinheiro, você não disse que o importante era suas investigações? — Foi por eles que fiz isso, não tinha jeito eu tinha que falar alguma coisa! — Sim, mas é muito arriscado, afinal você tem esse dinheiro? SH pensou no que o amigo falava. — Não, claro que não né! — Sabia, então quer dizer que você está devendo dez mil dólares para o senhor Wonder! — Como assim estou devendo? Você não acredita que vou conseguir prender esse marginal?! — Infelizmente não, me desculpe SH! Dru não esperou o rapaz dizer nada, e o largou indo embora por outro caminho. Chateado pela atitude do amigo, o policial voltou para casa pensando na atitude que tinha tomado. Mesmo de cabeça quente, SH começou as suas investigações, apesar de muitos dizerem que seu esforço estava sendo por causa do dinheiro, o rapaz ignorava as críticas e seguiu com seu trabalho. Dentre duas semanas ele não dormia direito por causa da ansiedade de chegar alguma notícia, pois não trabalhava sozinho, nesse caso estava envolvido uma equipe de detetives da delegacia onde SH comandava as operações. Após aguardar impacientemente, a equipe enfim marcou uma reunião na delegacia a noite, esperançoso
pra que algo de importante estivesse sido desvendado, o rapaz permaneceu na delegacia o dia inteiro até chegar a hora que tanto esperou. A grande notícia que o grupo de detetives trazia para SH era que já sabiam a verdadeira face do criminoso, através de câmeras instaladas em pontos estratégicos no local que ocorria os assassinatos, os três jovens conseguiram dar um grande avanço a caça ao assassino.
— A sua ideia mais uma vez foi brilhante senhor! — Sério? Porque? Disse o rapaz ainda sem saber de nada. — As câmeras que colocamos escondidas conseguiram identificar o assassino! — Como é que é? — Isso mesmo, já sabemos a face dele, temos em mão também o retrato falado que foi feito através de informações de uma pessoa que se livrou de ser vítima desse psicopata! — Nossa, deixa eu ver o retrato e as imagens, agora se for possível! Obedecendo o rapaz, os agentes colocaram a fita em um DVD e mostraram as imagens do suspeito. SH não conhecia o homem, porém só de olhar para ele na televisão ficava um pouco assustado com a forma de andar, de olhar para as coisas que o rodeavam. Quando pegou o retrato em mão, o rapaz teve uma sensação que já tinha visto aquele homem em algum lugar, só que não lembrava, oque o perturbava muito, poderia também ser apenas um engano, uma imaginação do cérebro, talvez.
— O senhor conhece ele? Por acaso já tenha visto em algum lugar? Disse o investigador interrompendo o pensamento do rapaz. — Não, mas pelo que vejo ele é um senhor de idade! — Sim, porém anda normalmente como um jovem de trinta anos. Houve um silêncio na sala, os quatro policiais pensavam incansavelmente sobre o assunto, já era meianoite quando SH jogou o retrato na mesa, junto com sua mochila e começou a orientar os colegas. — Quem concorda de madrugar trabalhando?! Todos ficaram calados, estavam exaustos, mas, apesar disso, um resolveu apoiar o amigo. —Eu concordo, sinto que vamos desvendar a verdadeira identidade desse bandido hoje! Exatamente oque eu ia dizer! Os outros dois policiais não ficaram, pois tinham que trabalhar no dia seguinte, optando por ir pra casa descansar. Agora na sala, só tinha SH e Will, os dois agentes puxaram a mesa e as cadeiras, arrumando pra ter um conforto para assim iniciar o trabalho. Com seus notebooks em mãos os amigos começaram a pesquisar sobre supostas pistas que o bandido deixou, mas não encontraram nada além de notícias repetidas que os jornais publicavam.
— E agora SH, oque fazemos? Não vamos descobrir nada olhando notícias! — Eu sei Will, mas você me disse que teve uma quarta vítima que conseguiu fugir dele né?! — Sim, ela entrou em contato comigo depois que fez o boletim de ocorrência na delegacia. — Você tem o contato dela? — Sim, ela me passou o telefone por e-mail! — Beleza, então mande uma mensagem por e-mail, amanhã ela visualiza aí conversamos com ela aqui! - Está bem! Enviando a mensagem para a mulher, os homens encerraram o trabalho e foram para suas casas descansar, prontos pro próximo dia de trabalho. A quarta vítima que teria escapado das garras do assassino era Mary, uma mulher de vinte e oito anos que vinha do trabalho e como sempre passava pela Bleecker Street para se chegar em casa, foi aí que naquela noite, a moça ficou de cara com o bandido que com um revólver em sua mão amedrontava a mulher que estava no chão. Foi isso que Mary contou a SH no dia seguinte, com dificuldade pois estava traumatizada com oque
passou, mas sabendo da importância de seu depoimento para as investigações, ela prosseguiu.
— Mas senhora você poderia me dizer se ele tinha alguma tatuagem, algo que o identificasse? —Não, ele estava com uma roupa que não deixava ver nada em seus braços e pernas, ele é barbudo como mostra o retrato e lembro que em sua cintura tinha um negócio estranho.
— Seria uma outra arma talvez? — Sim, só que essa arma era parecida com um facão, eu percebi pelo punhal! — Um facão?! Mas pra que ele estaria com um facão se ele matava as vítimas com balas do revólver? Os dois ficaram pensando, estavam muito confusos com os detalhes que surgiam daquela misteriosa história.
— Talvez ele usa o facão pra caso a arma falhe, ou as munições acabam! — Pode ser, eu vou investigar isso! — Eu estou liberada então senhor? — Sim, pode ir, caso surgir alguma novidade entro em contato com a senhora novamente. — Tá bom, obrigada senhor, espero ter ajudado! A moça cumprimentou o rapaz e saiu da sala, após a saída dela, SH retomou ao trabalho que aliás era muito. Quando Mary saiu da delegacia foi abordada por uma mulher muito bem-vestida que o convidou para tomar um café no restaurante do lado da rua, a moça estranhou o convite pois nem conhecia a pessoa, mas resolveu aceitar, afinal oque poderia acontecer se estavam na frente de uma delegacia?
— Oque a senhora deseja falar comigo? Disse Mary junto a mulher no restaurante. — É que eu sei quem pode ser o assassino em série, que te atacou! — Sério?! Mas como sabe que eu fui atacada por ele? — Vi em um jornal a sua foto, aí a reconheci! — Hum. Mary desconfiou um pouco ada mulher pois não sabia se sua foto estava nos jornais mesmo, porém curiosa quis saber oque ela tinha a falar.
— E quem seria esse infeliz? — O nome dele é Friederiech de Valois, ele estava preso por uma pena de dez anos, por ter tentado me matar e também por outros crimes que não vem ao caso! — Nossa mas, quer dizer então que há dez anos ele já cometia esses crimes e a vítima seria você? — Não exatamente, ele era meu marido na época, aí por causas de brigas, é uma longa história. Oque importa é que eu sei o nome dele, a história e posso lhe ajudar a prender esse bandido novamente! —Então me acompanhe até a delegacia que aí você faz seu depoimento para o policial que me atendeu!
— Como é o nome do policial que te atendeu? — É Will, mas quem está responsável pelas investigações é SH! —Hum! A moça ficou pensando, até que Mary se levantou para ir depor. —Vamos, temos que falar com os policiais!
— Não, eu acho melhor irmos amanhã! Disse a mulher parando na porta do restaurante. —E porque? —Porque eu tenho algumas coisas a fazer, e amanhá a gente se encontra no mesmo horário e no mesmo local, tudo bem?
— Está bem, obrigada então e até amanhã — Até!
Mary atravessou a rua e se esquecendo de perguntar o nome da mulher, se virou pra chamá-la mas não a viu, oque o intrigou é que a calçada era longa e não teria como ela sumir assim tão rápido, assustada prosseguiu pelo seu caminho.
— E aí conseguiu alguma informação? —Sim senhor, já sei o nome daquele amiguinho daquela garota!
— Ótimo! Disse o doutor esfregando as mãos. Dentro do carro, acompanhada de Harry e do doutor Lisa começou a contar todos os detalhes da conversa que teve com Mary. Tudo isso que estava acontecendo era planejado pelo demônio que sabia dos ataques cometidos pelo misterioso bandido e de algum jeito inexplicável descobriu que o policial que comandava os detetives desse caso era amigo de Maely, esse amigo era SH, o rapaz estava na mira do falso doutor que eliminaria ele e todos que pudesse proteger a garota. Mary nunca imaginaria que estava sendo vítima de um plano que tinha como objetivo a morte de SH, mas por confiar na mulher que mal conheceu, ela levou Lisa até a delegacia para fazer o depoimento como haviam combinado. Quando a mulher entrou na sala onde estava o delegado Wonder e SH, os dois homens ficaram de boca aberta, era muita beleza para uma pessoa só, assanhado como sempre foi Wonder logo se levantou para cumprimentar a moça, enquanto o rapaz foi em direção a Mary tendo uma conversa rápida. A mulher delicadamente se sentou na cadeira pra começar a depor, a todo momento seu olhar se dirigia para o rapaz que estava de pé ao lado do delegado cuidando dos papéis para começar o depoimento.
— Então senhora? —Lisa, mas por gentileza não me chame de senhora! Wonder ficou sem graça, porém mantéu o sorriso no rosto, oque raramente demostrava aos seus colegas de trabalho.
— O.k. Lisa, é você poderia nos falar detalhadamente a sua relação com esse bandido? —Sim, eu vim pra isso! A moça contou a história inteira para os policiais, passando todos os dados de Frederiech e até propôs um plano para poderem prendê-lo —É o senhor que está responsável pela operação né SH?
— Sim sou eu, porque? Disse o rapaz olhando pra moça. — É que acho que eu poderia participar. — Como?! — Eu poderia ser a isca dele, afinal eu acho que tudo isso que ocorreu foi pra chamar a minha atenção! O policial começou a andar pela sala pensando no caso.
— E aí senhor? Disse Lisa a SH. — Pode ser, eu recebi uma informação que ele foi visto em uma casa, e já tenho o endereço aqui no meu PC — Então me passa SH, por favor, eu vou lá e converso com ele. Nisso, eu marco pra se encontrar em um lugar estratégico! A ideia até era boa, mas quem não concordou foi o delegado.
— Não! Você não pode correr esse risco Lisa! —Mas é preciso senhor, não se preocupa eu vou com ela! Disse SH acalmando o colega.
— Quando? — Se ela quiser agora mesmo! — Eu topo! Concordou a moça. — Está bem, mas cuide dela SH, a vida dela está em suas mãos! - Pode deixar senhor! O rapaz se segurava pra não rir do comportamento do delegado, o homem estava apaixonado pela moça, já estava até se preocupando com ela, mas ela não estava nem aí para ele. No caminho do endereço que supostamente o assassino estaria escondido, Lisa começou a jogar seu charme pra cima do rapaz fingindo ser uma mulher indefesa, oque
deixava SH meio incomodado por estar responsável ao bem-estar dela. Quando chegou ao lugar os jovens desceram, preocupado o policial orientou a mulher.
— Você vai entrar, e qualquer barulho que eu ouvir de anormal, e se não conseguir me chamar eu vou entrar! — Está bem, mas acho melhor você entrar se eu demorar mais de meia hora. — Então ta, se cuida! — Pode deixar, obrigada! Antes que a moça entrasse na casa, SH entrou pro carro com seu revólver na mão esperando muito concentrado para caso houvesse algo de errado. Quando o velho viu que sua ex-mulher estava em sua frente, seus olhos ficaram vidrados de ódio, porém deixou ela entrar calmamente pra que não desconfiasse de nada. Sentando no sofá, Lisa cruzou as pernas e ficou olhando para o velho que estava de pé com as mãos na cintura em sua frente.
— Como pode ser tão corajosa de vir até aqui sua traidora?! Não respondendo o homem, Lisa foi pega pelo velho que a pressionou na parede.
— Quem te contou que eu estou aqui? — Me solta! — Fale sua infeliz! — Já disse pra me soltar! O velho jogou a moça no chão, e friamente pisou nos dedos dela, pressionando o pé com muita raiva.
— Você tirou a aliança esse dedo não vai ter nenhum outro anel, além do meu!! Quando Frederiech ia continuar com as agressões, Lisa despertou o monstro que tinha dentro dela e com a sua mão delicada agarrou o pé do homem o jogando para o lado, o surpreendido com a reação da moça, o velho tirou o facão da cintura e tentou golpear a mulher que ligeiramente se esquivou pro lado ainda no chão e levantou tirando o facão das mãos do homem. A fisionomia de Lisa havia mudado, seus dentes estavam mais afiados e seus olhos tinham crescidos, com uma força surreal ela pegou Frederiech e ficou sobre ele no chão, o ameaçando. Era a primeira vez que o homem sentiu medo, principalmente de uma mulher.
— Oque é você? Em que se transformou? — Cala a boca infeliz, chegou sua hora! Antes de falar alguma coisa, a mulher com os dentes afiados pegou o pescoço do homem e o mordeu, como se fosse uma verdadeira vampira. No momento, o coração do velho, aquilo coração cheio de rancor parou de bater, era mais uma vítima do falso doutor. Após tudo isso, Lisa voltou para o carro do rapaz que já estava prestes a invadir o local, pois já passava de mais de meia hora, mas pro seu alívio a moça havia retornado sã e salva. —E aí Lisa ele aceitou?
— Sim claro, eu marquei um encontro com ele as oito horas da noite na rua Bleecker Street! —Hum, mas não desconfiou de nada? —Não, felizmente né!
— Pois é. Na verdade o velho não estava morto, Lisa teria o transformado em uma espécie de zumbi porque assim poderia cumprir seu plano, fazendo SH ver ele no encontro, sendo que não iria ser preso. Essa parte do plano estava concluída, a outra parte era a sedução, oque a moça sabia bem-fazer, só precisava de um momento a sós com o rapaz. Em uma casa que não era da moça, o rapaz deixou-a na porta, mas querendo por seu plano em ação, Lisa convidou o homem para entrar, SH não queria pois estava muito ocupado mas de tanta insistência teve que aceitar o pedido, afinal ficar conversando um pouco com
uma mulher indefesa e sozinha não faria mau a ninguém né. Logo após beber o café, a moça começou a mostrar sua delicadeza, tentando seduzir o homem que não desconfiava de nada. — Oque foi Lisa? —Nada não SH! Disse a moça virando as costas para o rapaz. —Parece que está triste, aquele infeliz te ameaçou? —Não, sou estou desanimada mesmo. —Hum, se precisar de alguma coisa é só falar! —Obrigada SH, fico feliz por poder contar com você! A moça caminhou até o homem que sentado na cadeira ficou olhando pra ela. Querendo cortar o silêncio, o policial resolveu voltar a trabalhar afinal estava um pouco atrasado.
— Me desculpe Lisa, eu queria ficar mais tenho que trabalhar! —Ah tudo bem então. SH cumprimentou a moça com um beijo no rosto e foi abrir a porta para sair, mas a moça o impediu pegando na mão dele.
— Eu posso te falar uma coisa? — Fale ué, oque aconteceu?! — É que queria agradecer por tudo que fez por mim, e me desculpe pela ousadia mas você é um homem bem bonito! O rapaz ouvindo o elogio ficou sem graça, e pra piorar a mulher segurou a mão dele.
— Não precisa agradecer Lisa só fiz minha obrigação e obrigado pelo elogio! Disse o policial deixando escapar um sorriso. Percebendo que SH não cairia tão fácil em seus encantos, Lisa o agarrou dando um beijo sufocante surpreendendo o rapaz.
— Me desculpe, eu não devia ter feito isso! — Não Lisa, tudo bem. — Que vergonha, meu Deus! —Ei Lisa, já disse que está tudo bem. Agora tenho que voltar a trabalhar, e não se preocupe, tchau!
— Está bom, tchau. Tendo a certeza que tinha conseguido convencer o rapaz com seu jogo de sedução, Lisa começou a gargalhar muito feliz, contando a novidade para seu mestre. O rapaz tinha ficado balançado com aquele beijo, mesmo tendo seus pensamentos reservados a Maely, após o fim do namoro ele estava muito triste precisando de carinho, atenção pois só trabalhava, ficando a maioria de seu tempo sozinho, sem ninguém pra desabafar. E aquele beijo lhe trouxe uma sensação feliz ao seu coração, parecia que tinha beijado pela primeira vez de tanta felicidade, mas infelizmente essa felicidade duraria muito pouco, pois tudo isso não se passava de uma grande ilusão, um plano cruel para poder matar o homem, sua morte era questão de tempo, apenas uma ordem do demônio bastaria tudo. Quando o ponteiro de seu relógio marcou oito da noite SH estava escondido em um muro com seu revólver na mão preste a prender o velho, como combinado Lisa se encontrou com Frederiech, e debaixo de um céu estrelado e muito frio, a moça começou a conversar com seu ex-marido, era oque policial pensava em ver, na verdade aquele velho teria se tornado um zumbi, e estava sendo controlado por poderes do falso doutor que em sua mansão através da mente comandava o homem.
— Levanta as mãos Friederiech, o senhor está preso! Disse o rapaz dando voz de prisão ao homem. Nesse momento, a moça saiu correndo, oque intrigou o policial que voltou a falar com o criminoso de costas. —Estou mandando levantar as mãos! Você perdeu, já era Friederiech! O velho se virou golpeando o rapaz com um facão, a sorte de SH é que a lâmina pegou no revólver que caiu ao chão. Desarmado o policial se recusou caminhando para trás, a
sua direção caminhava o velho com o facão prestes a decapitar alguém, a única chance do homem era alcançar a sua arma e atirar no criminoso, se falhasse, se tornaria parte dos números de vítimas daquele assassino. Até o momento, SH não teve tempo para olhar pro rosto do velho que estava de touca, mas quando olhou se assustou com a terrível face do bandido, os olhos estavam escuros e as bochechas toda amassadas com a boca aberta cheia de dentes podres. O rapaz nunca tinha imaginado ver um zumbi em sua frente.
— Ei no que você se transformou Frederiech?! O velho não respondeu, mantinha o foco na direção do policial.
— Me fala! Oque é você?! Percebendo que ia ser golpeado de novo, SH se esquivou para o lado e rapidamente empurrou o homem que caiu ao chão, se aproveitando da queda, o agente pegou sua arma do chão apontando para velho. —Sua única chance Frederiech, ou você fala quem é ou eu te mato! Não sabendo falar, o zumbi rosnou abrindo sua boca com os dentes podres e nojentos, assustado com a criatura SH atirou duas vezes na cabeça do zumbi que caiu no chão. Não havia explicação para oque aconteceu, só quem presenciou sabe como oque é estar de frente com um zumbi, aquela criatura horrível e nojenta rosnando em sua frente era pior do que todos os crimes que SH já investigou, sabendo que ninguém acreditaria em suas palavras, o rapaz pegou seu celular e ameaçou a tirar diversas fotos, após isso ele chamou o IML pra pegar o corpo estranho, oque seria uma prova maior. Quando os peritos chegaram ao local para levar o corpo, oque levaram foi um susto, apesar de trabalharem com isso e estarem acostumados a viver entre mortos, os homens criaram coragem para ensacar a criatura e de tanto medo jogaram o corpo na caçamba do carro. Um dos funcionários assustado com oque era, tentou buscar explicações com SH que estava sentado a calçada.
— Desculpa incomodar mas é que o senhor poderia me explicar oque é aquilo que acabei de ensacar?! —Sabe que nem eu sei, pelo que vi é um zumbi!
— Um zumbi? —Sim senhor, parece coisa de filme de terror, mas infelizmente é a verdade. —Deus tenha piedade de nos, era só oque faltava, além de bandidos temos que enfrentar Zumbis! O perito assustado entrou do carro falando sozinho, não crendo no que viu e nem no que ouviu, era muito assustador, nem SH acreditava no que seus olhos virão. O corpo do zumbi foi congelado e levado para passar por um processo de testes para se possível identificar do que se tratava aquela espécie, e pra pavor de muita gente os cientistas comprovaram que era um corpo em decomposição avançada, oque significava que era um mortovivo, ou seja, um zumbi. Sabendo disso, rapidamente os jornais publicaram notícias com manchetes chamativas e apeladoras como: “zumbi é encontrado na Bleecker Street”, " O zumbi assassino!"; parecia até tema de filme de terror mas só pra se ter ideia houve uma decaída de clientes que não passavam mais pela Bleecker Street, principalmente a noite, todos tinham medo que fossem atacados por zumbis, Nova Iorque estava parado sendo vítima de um medo. Com o passar de algumas semanas, Dru voltou a falar com SH, e lisa tinha dado um tempo planejando ao lado do doutor uma outra forma mais qualificada de assassinar o policial. Como sempre fazia, o rapaz contava tudo que acontecia em seu dia a dia para o amigo, eles eram como irmãos e claro que Dru ficou feliz por SH não estar mais sofrendo por amor, ao contrário tinha voltado a amar novamente. E por causa do amigo o rapaz lembrou da aposta feita entre ele e o delegado, não era interesse ao dinheiro mas sim pela insistência do amigo que o fez cobrar o homem. De volta a sala do delegado, os amigos ficaram de pé em frente ao homem que não esperava aquela visita inesperada.
— Vocês de novo aqui? Oque aconteceu agora? — Nada de mais senhor Wonder, eu só quero lhe avisar que ganhei a aposta e o senhor está me devendo dez mil dólares! — Ah é mesmo, vocês não esquecem de dinheiro hein! Espera aqui que eu vou pegar sua grana. O delegado entrou em um quarto que tinha dentro de uma sala, um cômodo onde tinha espaço para dormir e pra guardar seus objetos de valores também em um cofre quer guardou o dinheiro da aposta, ensacando as notas em um saco. —Parabéns SH pela vitória, e obrigado por ter solucionado esse mistério! —Obrigado, pra falar a verdade eu nem queria ganhar esse dinheiro mas promessa deve ser cumprida né!
— Pois é, não se preocupe, essa história de zumbi deu um lucro gigantesco para a minha empresa. Agora estamos fazendo HQs de terror com histórias de zumbi, veja! O homem pegou o livro e jogou para SH que segurou com as mãos não deixando cair. —E aí, oque achou?!
— Legal, é um bom jogo de markenting! — Exatamente, estamos fazendo o maior sucesso! Disse o delegado entusiasmado, o rapaz odiava aquele comportamento do colega de trabalho e entregou a revista para o amigo saindo da sala sem se despedir. — Oque pretende fazer com esse dinheiro SH? — Vou doar! — Doar? — Sim, doar, para um hospital de câncer. Quer me acompanhar? Estou indo pra lá agora. — Claro vamos! O policial era uma pessoa muito sensível e sabendo da situação em que um dos maiores hospitais de tratamento de câncer se encontrava resolver doar o dinheiro ao local para assim solucionar pequenos problemas que muitos pacientes enfrentavam por causa da mal infraestrutura. Após fazer a doação, os jovens estavam saindo do hospital, quando SH resolveu voltar.
— Ei para onde está indo? —Tenho que voltar, me espera lá fora se quiser!
— Mas oque vai fazer?! Disse Dru sem entender nada. — Vou fazer minha parte! O policial deixou o amigo para o lado de fora do hospital sem entender direito do que se tratava aquela reação espontânea. A causa de SH voltar ao hospital era que enquanto passava por um corredor, ele tinha avistado uma pequena menina sentada em uma maca no quarto brincando com uma boneca sozinha, no mesmo momento aquela imagem invadiu sua mente o perturbando fazendo retornar até ela e dar oque ela precisava, que não era só dinheiro, mas sim companhia, atenção e carinho. A menininha se chamava Junya, ela era de Nova Iorque mesmo, seus pais eram pobres e quando souberam da doença da filha a abandonaram no hospital, depois de um tempo a polícia descobriu que o casal estava em outro país e não tinham estrutura emocional para cuidar da menina, e sem parentes Junya moraria em um abrigo quando saísse do hospital. Comovido com a história o rapaz começou a dedicar parte de seu tempo a menina. Quando entrou no quarto pela primeira vez com a autorização do diretor do local, o mesmo que contou a história da paciente, SH observou as paredes que estavam descascando, e não tinham um arcondicionado, não existia nada de apropriado para a menina poder ter um conforto, nem ao menos uma televisão, oque deixou o agente muito preocupado.
— Oi? Como se chama essa garotinha tão fofa que estou vendo? — Junya! Disse a menina olhando para o policial. — Que nome bonito, sabia que você parece uma princesinha? Quantos anos você tem
princesa Junya?
— Cinco! Respondeu a garota segurando sua boneca. O homem ficou brincando com a menina a tarde inteira, todas folgas que tinha SH ia até o hospital para visitar Junya que o já considerava um irmão, o apelidando de maninho. Após um mês, Lisa reencontrou o rapaz querendo se encontrar com ele novamente, só que dessa vez SH preferiu marcar o encontro em sua casa, até para ter mais privacidade, quem também tinha retornado a falar com ele era Maely que o visitava com mais frequência do que antes. A garota ainda não conhecia a nova namorada do amigo mas como coincidências sempre insistem em acontecer, Maely resolveu visitar o homem bem no dia do encontro com a moça, e tocando a porta, a garota não sabia oque esperava.
— May?! SH estava surpreso pela visita e com medo de que sua nova namorada sentisse ciúmes da amiga.
— Oi SH, posso entrar? — Claro, entre May! Quando Maely entrou, logo se deparou com Lisa sentada ao sofá, estranhando a presença da jovem, a mulher a encarava fingindo estar com ciúmes do policial.
— Oi tudo bem? — Tudo! Respondeu a moça se levantando para cumprimentar Maely. Sem graça pelo ocorrido a joven resolveu ir embora, não querendo atrapalhar o casal.
— É… eu não quero atrapalhar, prefiro voltar depois. — Que isso May, ta tudo bem. — Acho melhor eu voltar depois, não se preocupe pois não era nada de interessante que eu ia falar. Tenham um bom dia, com licença! Antes que pudesse ser impedida Maely saiu rapidamente, evitando dar mais explicações.
— Ela é só uma amiga, não ligue para o jeito dela, é que as vezes a May se comporta assim mesmo. — Tudo bem amor, eu não ligo para essas coisas. Oque havia deixado Maely incomodada não era apenas ciúmes, mas uma desconfiança sobre a moça, só de olhar nos olhos dela, a garota se sentia mal como se estivesse prevendo oque poderia acontecer com seu amigo. Poderia ser também apenas um pensamento sem fundamento, uma implicância ou até só ciúmes mesmo, mas com aquele pensamento em sua mente a moça resolveu conversar com SH, tentando da melhor maneira o aconselhar. Mas o homem não queria concordar com a amiga de jeito nenhum.
— As vezes eu não te entendo May! Esse ciúme tão infantil logo agora que eu encontrei uma mulher que pode me fazer feliz. — Eu não estou com ciúmes SH, só estou querendo lhe orientar. — Obrigado pela tentativa mas eu não preciso de orientação sua! — Mas você está se entregando muito rápido, e se ela for uma bandida ou talvez uma pessoa que esteja apenas interessada em seus bens? — Ah May já chega, eu não ofendo seu namorado, então você não tem o direito fazer esse julgamento contra a minha namorada! — Está bem, só estava querendo ajudar. Mas seja feliz, espero que seja! — Vou ser, muito feliz! A jovem ficou muito triste por não ter conseguido ao menos orientar seu amigo, estava muito preocupada e tinha toda razão, mas SH já estava apaixonado e não enxergava mais nada em sua frente além de Lisa. Sabendo que seu amigo era muito teimoso e não mudaria de opinião, Maely se retirou, voltando para sua casa. O plano do doutor era trazer SH de alguma forma até sua mansão, para assim poder eliminá-lo, e pra isso Lisa marcou um encontro com a vítima, na casa que fingia ser seu lar, não sabendo de nada o rapaz foi ao local que seria reservado a sua morte. Após um
jantar romântico, o casal foi para varanda que tinha na casa para admirar a Lua, acompanhados de um belo vinho e uma noite bem fria, o rapaz começou a conversar com a namorada.
— A noite está linda né amor! — Sim, muito! Disse Lisa sorrindo. — Amor você já pensou em como vai ser o nosso futuro? — Não. Espero morrer com você e nosso amor não acabar mais! — Oh, eu também meu amor! Disse o rapaz beijado a mulher. — Mas você já amou alguém ou eu sou o primeiro?! — Você é o primeiro e vai ser o último! Quando Lisa disse o último, ela estava falando sério, pois não conseguiria mais amar ninguém, ela era feita para matar, e não se lembrava de seu grande amor que era o doutor Lariech. Incomodada com a conversa, a moça resolveu fazer oque devia logo, o mais rápido possível, antes que algo pudesse dar errado.
— Amor, vamos lá pra dentro! — Porque amor, aqui está tão bom. — Mas é que quero poder me entregar a você! Entendendo o recado o rapaz ficou todo assanhado, a noite estava com cinco graus e por causa do momento ele tirou até a blusa todo feliz pensando em outras coisas. Após uma noite de amor, provavelmente sua última, SH resolveu descansar ao lado de seu novo amor, a mulher fingiu dormir só aguardando o momento certo para executar sua missão, para a sorte do agente que por causa da conversa que teve com Maely, não conseguiu adormecer pois só pensava na possibilidade de ser iludido outra vez. E quando menos esperava a moça se levantou da cama calmamente indo em direção ao móvel, logo o policial fingiu dormir para ver oque aconteceria. Lisa se levantou e pegou um lenço e o umedeceu com álcool, após isso ela caminhou até o rapaz e já adivinhando oque a mulher ia fazer, o policial ficou pronto para reagir esperando a hora certa; e quando Lisa levantou o cobertor de cima da cabeça de SH para sufocá-lo, rapidamente ele segurou a mão da moça derrubando-a na cama. — Oque você pretendia fazer com isso?! Disse SH sobre a mulher imobilizando-a. — Me solta! — Fala mulher, bem que a May me avisou. Você não vale nada! — Já disse para me soltar!! A mulher se debatia, mas o rapaz era muito mais forte e a segurava na cama.
— Pra quem você trabalha?! — Não te interessa! — Me interessa sim, ou fala por bem ou vai ter que falar na delegacia! Se sentindo acuada Lisa liberou toda sua fúria revelando sua identidade verdadeira, com os olhos vermelhos a mulher jogou SH na parede sem piedade. Assustado com oque via, om rapaz pegou sua arma apontando para a criatura na sua frente. O agente não conseguia acreditar no que estava vendo, parecia um filme de terror, o monstro rosnava em sua direção como um leão faminto prestes a devorar sua presa. Não tendo nada pra fazer, o homem apenas olhava para a criatura tentando achar uma saída, mas quando tentou correr em direção a porta dando as costas, levou um golpe sendo jogado pela garra da fera, batendo o rosto no chão. Insatisfeito o mostro pegou o pobre rapaz e o jogou sobre a porta que com a força do impacto se quebrou, mesmo machucado, SH aproveitou que estava fora e subiu as escadas correndo desesperadamente, pensou em pegar seu carro na garagem mas ficou com medo de não dar tempo, resolvendo fugir a pé mesmo. Quando abriu o portão, percebeu que a moça estava subindo as escadas, o rapaz se surpreendeu com a rápida transformação de mostro pra mulher, mas sabia que os dois eram um só e queriam o matar, nisso correu pela rua entrando em um beco bem estreito
que pode se esconder atrás de uma lixeira que tinha o tamanho suficiente para escondê- lo. Não sabendo pra onde sua vítima teria ido, Lisa entrou em seu carro que estava estacionado de frente a casa e dirigiu o automóvel em uma velocidade bem baixa para poder procurar seu alvo, quando passou em frente ao beco onde estava SH, ele se agachou reconhecendo o carro. Para sua sorte a mulher não o viu, com medo de que ela voltasse, correu por um caminho que conhecia que não era acessível a carros e foi até a casa de Maely, o rapaz olhava para trás a todo momento segurando sua arma, evitando assim algum ataque. Chegando a casa da amiga, entrou sem nenhum problema, pois tinha a chave do local. Desesperado o agente entrou rápido e trancou todas as portas e não abriu se quer uma janela, ficou trancado com seu revólver na mão, apenas acompanhado de seus pensamentos sobre tudo que ocorreu, aguardando Maely chegar para contar esse fato estranho e assustador. Enquanto isso Lisa tomava coragem para contar a verdade para seu mestre, pois sabia que tinha falhado mas não podia e não tinha como esconder, então resolveu enfim entrar a mansão. Apesar de ser monstro a moça também sentia medo, e logo quando entrou o doutor já veio indagando sua serva.
— Oi senhor. — Cadê o infeliz que eu pedi para me trazer? — Me perdoe mestre, infelizmente ele conseguiu fugir! — Como assim sua incompetente? O grito que o homem deu fez Harry se sentar de tanto medo. — Me fale logo, se não eu te mato agora! — Eu não sei como, mas não tive forças para matá-lo, ele é muito inteligente mestre! Lisa tentava explicar mas o doutor estava muito furioso fechando os punhos. — Como você pode falar que ele é mais inteligente que você? Eu te criei com todas as forças possíveis, seu poder é invencível, a única coisa que é fraca é você, sua incompetente! — Me desculpa mestre, prometo que não vou mais falhar! A moça caminhou até o homem tentando o convencer, mas sem nenhuma piedade ela foi empurrada, batendo a cabeça no chão.
— Eu devia te matar, mas não quero desperdiçar o poder que te dei, mas da próxima vez que isso ocorrer você vai passar a eternidade nas trevas. Entendeu?! — Sim senhor! Furioso por causa de seu plano falhar, o doutor foi para o escritório, com medo de que sobrasse bronca para seu lado, Harry o seguiu sem ao menos ajudar a mulher que se levantava aos poucos ainda zonza por causa da pancada. Quando Maely chegou ao hotel, se assustou com a visita do rapaz que estava sentado no sofá com seu revólver na mão, estranhando a cena a garota se sentou ao lado dele para saber o motivo de estar armado.
— Oque aconteceu SH por estar tão assustado? — Você não vai acreditar. Em primeiro lugar tenho que lhe pedir desculpas. — Porque? Disse a moça estranhando o amigo. — A Lisa queria me matar! — Como assim? — Ela tentou me matar sufocado aí quando consegui imobilizá-la, surpreendentemente ela se transformou em um mostro e me perseguiu, sorte que consegui chegar até aqui! Enquanto falava Maely olhava para o amigo com uma expressão de não entender nada, pois a história que contava era difícil de se acreditar. — SH você está se drogando? — Lógico que não Maely está doida? — Eu não, porque esta inventando essa mentira? Pra me convencer que não se relaciona
mais com ela?
— Claro que não May, eu não seria capaz! A garota pensava que o amigo tentaria esconder que ainda namorava Lisa para convencê-la de que estava sozinho, escondendo assim um suposto fora dado pela mulher, mas tudo que SH falava era a pura verdade.
— Será que Lisa não te quis mais e você envergonhado veio com essa desculpa para o meu lado, arrependido por não acreditar em mim? — Você que vai se arrepender se não confiar no que estou te dizendo. Veja isso, quem sabe te convença! O rapaz mostrou aos amigos, diversos ferimentos na barriga, mas de tão desconfiada que era Maely pensava que era um simples arranhão de uma mulher nervosa.
— Isso daí é um arranhão! — Não é! Olha esse então! Virando as costas para a garota, o agente ergueu a camisa mostrando um ferimento causado pelas garras do monstro, lembrando do momento que levou o golpe pelas costas, ele pegou sua blusa que tinha os furos causados pelas unhas afiadas da fera e jogou na mão de Maely.
— E aí May, isso está bom para você poder acreditar em mim? — Sim, me desculpe, mas quer dizer então que na verdade Lisa é um monstro? — Sim, e você nem imagina como é assustador estar na presença dela, principalmente quando se é o alvo! — Me perdoe SH, devia ter confiado em você. Ainda bem que conseguiu escapar! A garota abraçou o amigo bem forte, agradecendo a Deus por não ter o perdido. — May, estamos muitos separados, acho que chegou a hora de nos unirmos, eu, você e Steven, e encontrar esse Tridente logo, antes que o doutor encontre-o primeiro! — Sim, talvez Lisa trabalhe para o doutor. — Bem provável, só não entendo o porque de querer me matar, será que sabem que sou seu amigo? — Não sei SH, só tenho certeza de que não podemos mais nos separar, por nada, vamos encontrar esse Tridente, e vai ser logo! O casal de amigo estavam determinados em encontrar o Trishula, mesmo que tivessem que procurar a vida inteira, era melhor morrer tentando do que viver se lamentando. Oque não tinham ideia era dos riscos que o cercavam, o demônio não teria piedade de ninguém para poder alcançar seus objetivos, e tinha poder para eliminar cada um, com exceção de Maely que tinha o mesmo poder, porém o usava para apenas fazer o bem. A partir desse momento se iniciaria uma batalha intensa e muito poderosa, cheia de mistérios e aprendizados, envolvendo dois corações de rubi, semelhantes na escravidão de seus poderes e diferentes nas atitudes de suas mentes.
CAPÍTULO-6 O início de uma jornada Com o cerco se fechando Maely percebeu que a hora havia chegado, o momento de se entregar aquele poder do colar era agora, mas deduzindo que o doutor teria aliados para facilitar a encontrar o Tridente, a garota se uniu aos seus velhos companheiros, ou seja, SH e Steven para seguir o caminho de um de seus objetivos. Já prontos para seguir viagem, os jovens discutiram os últimos detalhes e estratégias evitando assim possível falhar.
— Então já sabemos que o Trishula tem que estar em nossas mãos, caso o contrário correremos muito risco, se o doutor encontrar primeiro. Mas aonde vamos encontrar esse negócio?! Não sabemos o país que pode estar! — Quem disse que não? Disse Steven tirando algo de sua bolsa. — Se você sabe, pra onde vamos então? — Vamos para Havaí! O homem pegou três passagens e entregou uma para cada um deles.
— Havaí?! — Sim, vamos para o aeroporto que no caminho explico melhor! Mesmo não entendendo o motivo de o amigo ter a certeza que oque procuravam estava no Havaí, SH o seguiu junto com Maely, não entendendo nada. Quando Steven foi em Havaí pela primeira vez, Lariech ainda era vivo, afinal foi por causa dele que viajou até esse belo país. Após aquela viagem, o historiador que sempre visitava diversos países pelo mundo, nunca mais esqueceu aquele lugar, não só por ser seus últimos momentos ao lado do eterno amigo Lariech mas também por causa de uma cratera gigantesca chamada Diamond Head. Tendo uma explicação melhor e bem resumida, o Diamond Head é uma cratera gigantesca formada a mais de trezentos mil anos, por causa de uma erupção do vulcão. Hoje em dia o lugar é um parque e um monumento dos Estados Unidos onde muitas pessoas o visitam, mas os jovens não queriam apenas ir conhecer o local e sim entrar por uma suposta entrada secreta onde se chegaria ao Tridente que estará escondido nas profundezas do imenso vulcão. Steven não sabia exatamente aonde encontrar essa passagem, mas tinha a esperança de usar a força do colar de Maely pra isso, só que a garota não concordou com essa ideia, oque gerou muita discussão.
— Eu não posso usar a força desse colar pra causas pequenas! Será que vocês não sabem disso?! — Sabemos May, mas é que agora não é uma pequena causa, precisamos encontrar esse lugar! — Encontre procurando! — Mas May… — Deixa SH, não perca o tempo com essa egoísta não!! Disse Steven nervoso com a garota. — Egoísta? Você não sabe oque fala, nos trouxe aqui dizendo ter quase certeza que o Tridente estaria aqui! Agora está pedindo para encontrar isso daí com o poder do meu colar? Não, não mesmo! Maely era uma pessoa muito opiniosa, quando ela dizia uma coisa não deixava de cumprir, mas, na verdade, ela estava com a razão, não por completo, mas estava. Conhecendo o jeito da amiga, o historiador não insistiu mais, e prosseguiu pelo caminho que levava até a cratera, o trajeto era muito cansativo havia muitos degraus, e o vento batia no rosto incomodando todo momento, oque fazia os amigos pararem pra descansar um pouco. A cada parada no caminho SH aproveitava para tirar fotos, tirava até de Maely que com raiva ficava engraçada nas imagens, tirava fotos também da paisagem que o cercavam, uma vista maravilhosa do mar. Após descansar, os jovens continuaram a
prosseguir, para alívio de todos já estavam no túnel que saindo dele subiriam mais alguns degraus e chegariam a cratera, mas quando iam passar pelo local um policial impediu, fazendo um bloqueio no caminho.
— Desculpe senhores mas não poderão passar daqui! Disse o homem de braços cruzados na frente de Steven. — Mas senhor, todos estão passando porque não podemos? — Porque não, estão proibidos voltem por favor se não quiserem se meter em confusão! Se sentindo ameaçado, Steven se afastou para trás dando lugar a SH. — Senhor, eu também sou policial mas tenho que discordar de sua atitude, isso me parece preconceito! - Não é preconceito, e eu não to nem aí para sua opinião, não quero saber se é policial, quem manda nessa área aqui sou eu! Maely ficou com medo da reação do amigo, que se ficasse ali poderia ouvir mais grosserias daquele homem, e tinha receio que acontecesse alguma confusão, oque fez ela tentar tirá-lo dali o mais rápido possível. — Deixa SH, vamos embora, é melhor! -Não may, só saiu daqui quando ele me explicar o motivo de proibir a nossa ida a cratera! Disse o rapaz afastando a moça.
— Eu já expliquei, não permito e quero ver o homem que fará eu mudar de ideia! Quando disse isso, SH se aproximou do policial, logo a garota o puxou pela blusa pensando que ele agrediria o homem. — Me solta May! — Não, brigar não vai adiantar nada! — Eu não vou agredir esse daí não. Mas só quero dar um aviso a você! — Pode falar, já sabe que desacatar um policial vai preso né?! — Eu sei, só quero lhe dizer que vou te denunciar de preconceito, e vou procurar saber se é policial mesmo! O homem ouvindo o aviso, ficou calado, sem reposta. SH percebeu a reação do policial e teve certeza que algo nessa história estava errado, não sabia oque, mas havia alguma mentira em tudo isso. A todo momento Steven estava quieto, mas quando SH tomou a decisão de voltar para trás, ele se indignou.
— Porque você concordou com aquele idiota?! Você sabe que ele está errado! — Eu sei Steven, e não concordei com ele, mas não poderia começar uma confusão, tinha muitas pessoas no local! — Mas então quer dizer que não vamos entrar?! — Até que eu prove que ele está errado não! Disse o rapaz descendo os degraus. — Mas quanto tempo vai durar pra isso? — Não sei Steven, espero ser logo! O historiador descia o caminho atrás dos amigos, muito nervoso, e para piorar Maely o provocava.
— Eu disse que essa ideia de vir aqui era uma bobeira! — As minhas ideias são muito melhores que a sua Maely! — Então porque mão dão certo?! Os jovens iam ficar discutindo até a noite chegar, mas o rapaz não suportava mais aquela discussão e logo interveio, parando no meio do caminho.
— Chega! Eu estou farto dessa discussão entre vocês, ou ficam quietos ou eu vou sozinho! O policial deu bronca nos amigos como se fosse um pai bravo com os filhos briguentos, e como filhos obedientes, eles logo se inquietaram. Depois de caminhar o dia inteiro, curtindo o Havaí, os amigos se hospedaram em um hotel não muito luxuoso pois tinham pouco dinheiro em mãos. Naquela noite Maely estava muito pensativa, não conseguia dormir, a ansiedade a castigava que não aguentando recorreu ao seu anjo protetor, e como sempre fazia pegou o colar em mãos, se ajoelhou
no chão e pediu para que o ser viesse até ela, e claro seu pedido foi atendido. —Oi mulher, oque desejas de mim? Disse o anjo se sentando ao lado da moça.
— É que estou sofrendo com uma pressão danada! — Como assim? — Estamos procurando o tridente do deus Shiva, e o Steven diz que está nessa cratera, mas esse local é gigantesco, como vamos encontrar? — Não se preocupe, oque procura está aqui, acredite em Steven e encontrará oque deseja! — mas oque me deixa mais nervosa é que ele insisti em querer usar o poder do colar para encontrar o lugar mais rápido. — Mesmo que não queiras usá-lo, já estarás usufruindo dele. Lembre que é seu coração e seus pensamentos que controla o colar! Maely estava confusa com as palavras do anjo mas aos poucos foi compreendendo oque devia fazer.
— Então eu devo continuar a tentar entrar naquela cratera? — Sim, tome cuidado com os obstáculos que surgiram em seu caminho! — Quais obstáculos? Disse Maely assustada. — Você saberá, agora tenho que ir. Precisar estou à sua disposição! O anjo em um estalar de dedos sumiu, como também a ansiedade da garota havia passado, dando lugar para uma certeza. A certeza de que mesmo sendo proibidos de entrar naquele lugar, de algum jeito teriam que chegar até lá, só não sabia como. No dia seguinte, os jovens voltaram a conversar sobre o tridente, Steven estava estudando em seus livros um pouco mais sobre as histórias relacionadas ao deus Shiva, já SH com seu notebook procurava entender algumas leis do local, e Maely se sentou ao lado dos amigos para começar a discutir algumas opiniões que achava importante sobre o assunto.
— Então gente, já resolveram como vamos entrar na cratera? — Acho que devemos voltar até lá, e tentar entrar escondido, sem que aquele policial nos veja! Disse Steven colocando o livro na mesa. — Mas ele vai nos reconhecer de qualquer forma! — Ao menos que.. — Oque está pensando SH? Disse Maely intrigada com o amigo. — Eu acho que tenho uma ideia boa para entrarmos nesse vulcão! A ideia de SH era o seguinte, o historiador teria que se disfarçar para assim tentar passar pelo policial que poderia estar na ponte, só assim poderiam sabe se o homem estava proibido apenas os três de entrarem. Claro que concordaram com o rapaz pois a ideia era boa, coincidentemente Maely tinha seus acessórios que trouxe de Nova Iorque que serviriam como um belo disfarce para Steven. Até aí tudo bem, mas o homem não gostou nada pois o disfarce era de mulher
— Porque tinha que ser um disfarce feminino? — Era a única coisa que eu tinha nas minhas bagagens! Afinal ele nunca vai te reconhecer, não se preocupe! — Não vai mesmo, nem eu estou me reconhecendo. Pareço uma velha gorda! Disse o homem olhando para o espelho. — Até que ficou melhor! Zombou SH, segurando o riso. — Melhor vai ser quando eu te nocautear! Percebendo que o amigo estava nervoso, o rapaz ficou quieto, tentando não rir. Não havendo outro jeito, Steven saiu pela rua com aquele disfarce que o deixou de uma certa maneira engraçado, Maely e SH seguiram o amigo até o local, só que ficaram distantes da cratera para ninguém vê-los, nisso o historiador foi sozinho. Quando chegou até o policial, o homem suou frio pensando que seria descoberto, mas pra sua sorte passou tranquilamente pelo agente que falou até bom dia, oque fez ele imitar uma voz de
mulher que convenceu o policial. SH queria que apenas Steven fosse até a cratera e voltasse para trás, mas o homem teve uma ideia melhor, ligou para os amigos após ficar distante do policial e avisou o que ia fazer.
— Oi SH, eu estou perto da cratera já! — Ah que bom, então ele nem desconfiou? Disse o rapaz do outro lado da linha. — Não! — Então já estamos a caminho, vamos pressionar esse imbecil, preconceituoso! O rapaz estava doido para desmascara o homem, o acusando de preconceito, mas Steven acabou com a felicidade dele.
— Não SH, eu mudei de ideia, acho melhor eu ficar vigiando ele, quem sabe descubro alguma coisa! — Mas não seria melhor nós irmos até aí e xingar esse cara? SH não era muito de usar gírias mas quando ficava bravo nem ligava para educação.
— Faça oque eu vou dizer, volte pro hotel com a Maely e eu vou vigiar esse policial, nem que eu fique o dia inteiro nesse lugar, eu vou descobrir alguma coisa! — Tá bom, então boa sorte e tchau! — Tchau! Se despedindo do amigo, o casal ficou um pouco preocupado por deixá-lo sozinho, correndo risco de ser preso ou coisa pior, mas tinham que compreender a vontade de Steven. Confiando nele, Maely e SH voltaram para o hotel conversando sobre assuntos que poderiam ajudar a se distrair. Para não chamar muita atenção, Steven tirou o disfarce e o jogou no lixo, com apenas um chapéu que pra sua sorte era preto, o historiador ficou escondido o máximo possível observando o policial. Após muito tempo o homem passou por ele falando no celular com alguém misterioso, se escondendo atrás de pessoas, Steven tentava ouvir oque o homem falava, mas tinha muito barulho e não conseguia entender quase nada, mas oque ouviu foi o suficiente para reforçar suas suspeitas. Oque Steven conseguiu ouvir foi o homem dizendo que “não tinha visto eles”, esse “eles” poderia ser SH, Maely e o parópio Steven, foi isso que ele pensou, e se arriscando mais ainda começou a perseguir o policial que não desconfiava de nada. Chegando enfim na cratera que tantas e tantas pessoas queriam visitar, Steven veio atrás dele se esquivando em paredes, ninguém era permitido de entrar da cratera, sendo assim o historiador ficou junto as pessoas fingindo ser apenas um turista. Surpreendentemente o policial pulou o local reservado as pessoas e entrou na cratera, Steven até aí compreendeu, pois imaginava que por ser uma autoridade poderia entrar no local, mas quando observou, agachado para não ser visto, o policial desapareceu no centro da cratera, como se estivesse sendo sugado por uma areia movediça, oque mais o intrigou foi que ninguém viu, só ele. As pessoas estavam tirando fotos, conversando, ninguém teria presenciado aquela cena, só Steven mesmo, percebendo que estava certo de que não era apenas um policial aquele homem, o historiador correu saindo do local com muito medo que aquele ser misterioso percebesse que estivesse ali e o perseguisse. Steven chegou ao hotel muito pálido e suado, quando entrou, fechou a porta rapidamente se sentando ao sofá com as mãos na cabeça, assustado com o estado do amigo, SH correu a ele para saber oque tinha acontecido.
— Oque aconteceu Steven? Porque está tão tenso?! — Eu vi! Disse o homem com os olhos arregalados. — Viu oque? Fala logo estamos assustados já! — Eu vi aquele policial sumindo na minha frente! Os jovens não conseguiam entender oque o amigo queria dizer, nisso Maely se envolveu na conversa, tentando esclarecer.
— Se acalma Steven, e nos explica oque foi que você viu para ficar tão assustado!
O homem respirou fundo tentando se acalmar o máximo para poder enfim contar.
— Como eu havia tentado falar, eu persegui o policial até a cratera, aí ele saiu do local permitido e entrou no vulcão, e quando estava no centro simplesmente desapareceu! — Desapareceu?!! Perguntaram assustados o casal. — Sim, e o mais estranho é que ninguém que estava lá percebeu, sendo que só eu vi. Eu disse a vocês que ele era muito estranho! Os jovens começaram a pensar no que o Steven havia contado, era muito estranho e difícil de acreditar, mas confiavam no amigo e ele não teria o porque de mentir em um momento tão complicado.
— Eu acho que esse homem pode ser algum aliado do doutor, alguma espécie de monstro! — É bem provável SH, pois a entrada secreta deve ser aonde ele desapareceu, e é por isso que tentou evitar que a gente entrasse na cratera. Talvez ele já soubesse que íamos até lá! Deduziu Steven com os braços cruzados. Não concordando com a opinião dos amigos, Maely descordou, pois não acreditava que tudo fosse culpa do falso doutor, mas oque não sabia é que até agora tudo de mau que havia acontecido em sua vida teve participação do demônio.
— Eu acho que pode ter sido apenas uma ilusão sua Steven, você mesmo diz que só você viu! Nervoso por ver que Maely não acreditava nele, o homem foi ignorante.
— Não quer acreditar não acredite, o melhor a fazer é voltarmos aquele lugar e entrarmos por bem ou por mal! — Sim, é a nossa única opção mesmo! Concordou SH. — E você Maely se quiser acreditar em mim pode me acompanhar, caso ao contrário sinto muito, vamos sozinhos! Sabendo que os amigos precisavam de sua presencia, Maely os acompanhou no dia seguinte até o Diamond Head novamente, para o alívio de todos o falso policial não estava lá, oque facilitou a entrada deles na cratera. Com medo que as pessoas vissem eles pularem no vulcão, Maely pegou o colar na mão fez alguns pedidos e entrou, por causa do poder da joia não foram vistos por ninguém, pareciam estar invisíveis. Quando abriram os olhos estavam em um lugar extremamente estranho e desconhecido, pois estava dentro da cratera, aí você pensa " como que pode estarem dentro do vulcão?", não duvide da força e da magia desse colar que tem o poder tanto para o bem tanto para o mau. Aquela era a entrada para o lugar que supostamente guardava o Tridente, as paredes eram rochosas e vermelhas dando a ideia de que a lava tinha passado por elas, o chão também era feito de pedra só que um pouco mais claro, aquele caminho como o resto não foi feito pelo homem e sim pela natureza, oque deixava o lugar mais magnífico e ao mesmo tempo assustador. Os jovens não entendiam onde estavam, apenas olhavam para todos os lados tentando encontrar algo que o guiasse até o Tridente mas não havia nada além de um caminho longo que parecia não ter fim.
— E agora oque vamos fazer? Disse Steven cruzando os braços. — Vamos caminhar para ver no que vai dar esse caminho! — É o melhor que temos a fazer, vamos! SH foi na frente dos amigos com sua arma na mão, pronto para algum ataque surpresa, Maely a todo momento segurava o colar pensando no que o anjo havia lhe dito. Após andarem muito, os jovens chegaram em uma sala gigante com um trono de mais ou menos um metro e meio, as paredes eram um pouco maior como toda sala também, e na região em que se localizava o estranho trono que brilhava supostamente por causa do ouro que tinha no material, um círculo de fogo separava-o dos jovens, era muito lindo de se ver e difícil de se compreender. Surpreso com aquilo tudo, Steven caminhou até a ponta do solo em que estava olhando para o fogo brilhando naquele vácuo perfeito.
— Nossa é muito lindo, gente, olha só o círculo é tão perfeito que parece que foi feito por um homem! Disse o historiador admirado, se agachando ficando bem pertinho do fogo. — Será que não foi feito por um homem?! — Claro que não SH, quem seria o doido de vir fazer uma construção dentro de um vulcão? Disse Maley, descordando do amigo. — Os servos do rei Disis! Antes de perguntar para Steven do que se tratava esse rei, o homem que estava agachado no chão quando tentou se levantar tombou para frente, se não fosse pela rápida reação de SH o segurando pela mochila, o historiador teria caído na lava que parecia ter vida de tão quente que estava. — Nossa essa foi por pouco! Obrigado SH, valeu mesmo! — Que isso, tome mais cuidado, da próxima vez não posso conseguir! Aceitando a recomendação do amigo com um aperto de mão Steven observava a vala elaborando em sua mente uma ideia. — Oque está pensando Steven?! — Bom, eu acho que devíamos tentar pular essa vala SH, oque acha? — É arriscado, mas já estamos aqui e não quero voltar, então vamos! Percebendo que ia ter que pular sobre o fogo também, Maely logo protestou com muito medo de cair.
— Vocês enlouqueceram né, só pode. Eu não vou saltar sobre isso daí não! — Porque May, o máximo que deve ter é dois metros! — E você acha isso pouco?! Eu não devia ter vindo aqui, me desculpem mas eu vou voltar! — Não May… — Deixa SH, vamos nos dois mesmos! Disse Steven segurando o amigo. SH olhou para trás decepcionado com a atitude de Maely que voltou pelo caminho rochoso de cabeça baixa desistindo de ajudar seus amigos a encontrar o Tridente.
— Pronto SH? — Sempre! Confirmou o rapaz. — Eu vou primeiro e depois você vêm logo em seguida sem pensar, beleza? — Tá bom Steven! Quando o homem se preparou para saltar, o rapaz interveio por uma boa causa.
— Boa sorte! — Pra você também SH! Após dizer isso Steven saltou friamente sem pensar na possibilidade de cair no fogo e ser queimado, para felicidade de ambos ele conseguiu chegar até o solo onde estava o trono, em seguida SH pulou sem medo, pois além de ver seu amigo conseguir ele já era acostumado a saltos perigosos assim, aliás era policial né, e tranquilamente conseguiu chegar ao amigo. Próximos ao trono, SH e Steven olhavam curiosamente para o objeto que brilhava intensamente. Com receio de tocar, o historiador ficou apenas observando, enquanto o policial procurava por informação ou uma pista deixada, que pudesse ajudar, não encontrando nada SH se sentou no chão perto do amigo que estava agachado procurando em sua mochila um livro que estivesse uma foto semelhante ao trono.
— Oque está fazendo Steven?! — Procurando um livro! — Ah! O rapaz apoiou as costas na frente do trono e ficou olhando para o outro lado onde conseguia enxergar a suposta saída. —Você estava certo em pular Steven, pois acho que valeu a pena!
— E porque diz isso? — Olha! Disse SH apontado pra frente. — Deve ser o outro caminho, só precisamos saltar novamente pelo fogo e prosseguir.
— Mas antes preciso saber do que se trata esse trono! Disse o homem passando a mão no objeto. — Deve ser apenas uma cadeira de ouro idiota Steven, vamos logo! Quando o rapaz estava se aproximando da vala para pular, Steven interrompeu com um grito. — Achei! — Achou oque? Está louco, quase me matou de susto! — Desculpa, eu encontrei a explicação sobre a história desse trono, veja! O homem começou a mostrar as imagens e leu toda a história para o amigo que prestava atenção.
— O trono pertence ao rei Disis que tinha o poder de manipular o fogo, ele se transformava em um dragão de chamas que perseguia todos os invasores do reino dele, a cratera foi aberta justamente por causa de um dia de fúria que cuspiu fogo pelos ares, destruindo tudo que estivesse em sua frente. A lenda conta também que após as invasões terem acabado, o dragão adormeceu sentado nesse trono esperando o próximo que tentasse o perturbar. — Nossa, que história linda Steven, mas aí conta pôr em quanto tempo ele está adormecido?! — Sim, são aproximadamente trezentos mil anos! Disse o homem fazendo sinais com as mãos. — Hum é muito tempo! Mas a minha dúvida é, se ele vive dormindo nesse trono, porque não se encontra nele agora?! Steven não havia percebido a ausência do monstro, pois estava tão entretido por estar perto de uma das mais lindas lendas que considerava, mas após SH lhe avisar, ele ficou encabulado.
— Algum invasor veio antes que nós e provavelmente despertou a fúria desse dragão, não havia pensado nisso! — Então quer dizer que estamos em um risco tremendo porque também somos invasores e claro, ele irá nos perseguir! Deduziu SH com os braços cruzados. — Sim, temos que encontrar esse Tridente antes que o dragão nos encontre! — É, não pode, os ficar muito por aqui Steven, vamos pular logo! Disse o rapaz. — Vamos! Steven esperou o amigo ir primeiro, mas o homem voltou a sentar desolado com a cabeça baixa.
— Oque houve SH, não me diga que vai desistir também? — Não é isso Steven, é que entramos nessa, junto e deveríamos sair juntos também! Preocupado com o amigo, o historiador se sentou ao lado dele, tentando o consolar. — Calma SH, vamos conseguir mesmo que seja sem Maely, não se preocupe! — E quem disse que vão sem mim! Quando o agente ouviu a segunda voz, se alegrou, porque sabia que se tratava de Maely, e quando se virou lá estava a moça que o abraçou calorosamente.
— May, você voltou! — Sim, não poderia deixar vocês sozinhos. — Obrigado May, te amo! O rapaz estava tão feliz que nem havia pensado no que disse, sem graça Maely tentou mudar de assunto. O motivo que fez Maely voltar foi que não podia fugir de seus medos para sempre, tinha que enfrentá-los e antes de pular sobre a vala ainda com medo, a garota segurou o colar prometendo que se conseguisse sair daquele lugar viva com seus amigos vivos, nunca mais se prenderia aos seus medos, não seria mais aquela menina cheia de medos. Steven explicou a lenda do rei Disis para a amiga que ficou muito assustada, porém não queria sentir mais medo se lembrando da promessa que fez ao colar.
— Eu acho que esse invasor deve ser o doutor, logicamente ele descobriu que o tridente pode estar aqui e veio o procurar.
— Se ele veio, acho que Lisa o acompanhou suspeito que ela seja tipo uma aliada dele! Deduziu SH. — Eu falei para não confiar nela, mas você não pode ver uma mulher que já se apaixona! — Por acaso está com ciúmes May? — Claro que não! Na verdade mesmo não estando juntos, a garota morria de ciúmes do amigo, ela era uma pessoa muito ciumenta e tinha medo de perder quem amava.
— Não vamos discutir por bobeiras, temos que seguir em frente pois o caminho é longo! — Sim, mas e se encontrarmos o dragão de chamas, oque fazemos?! — O jeito é fugir dele mas não podemos ficar em um mesmo lugar por muito tempo porque ele vai nos encontrar, então vamos sair daqui! Disse SH levantando a amiga. Os jovens pularam a vala facilmente chegando ao outro lado que era igual ao caminho que passaram, as paredes eram estreitas e feitas de rochas só que o teto era um pouco mais baixo, oque dificultou Steven de caminhar, pois ele era um homem alto. Após andarem muito, os amigos estavam prestes a entrar em mais uma sala, pelo que parecia a última, pois era gigantesca e não tinha saída. O solo era rachado por diversas rochas pretas com pontas afiadas, parecendo cristais, em algumas haviam esqueletos em cima deles, oque impediu SH de entrar.
— Vocês estão vendo aqueles esqueletos assustadores? Com certeza são oque sobrou dos invasores! — Mas se fosse, não teria nem ossos, porque o fogo queima tudo! Discordou Steven. — Pode ser que ele estava com fome e comeu essas pessoas, e quando ele não tem fome só queima suas presas! Maely tinha uma morte rápida para imaginar as coisas, as vezes SH até se surpreendia com a habilidade da amiga.
— Para de serem medrosos, eu vou, oque pode acontecer?! — Não May! O rapaz tentou impedir que Maely entrasse, mas não conseguiu, a garota já estava no meio da sala, criando coragem SH olhou para o local e logo viu a amiga, mas quando olhou mais uma vez percebeu que algo de estranho estava atrás de Maely. E aos poucos enxergou o dragão enrolado em uma rocha as costas da moça, para sorte de Maely a criatura estava dormindo, pelo menos era oque parecia, mas com o grito que o rapaz deu, pode acordar até defunto.
— May!! Sai daí, o dragão vai te pegar! Ouvindo os gritos do amigo, a garota se virou para trás e percebendo que o dragão tinha acordado ela tentou correr mas a criatura foi mais rápida e com sua longa cauda atingiu Maely que voou longe batendo as costas em uma rocha. Desesperado SH saiu de onde estava escondido e correu até a amiga tentando a socorrer.
— May? Acorda, por favor! A garota estava desacordada, a pancada tinha sido muito forte, para desespero do rapaz o dragão caminhava devagar com suas asas gigantescas rodeadas de chamas, era o fim do casal, Steven olhava espantado mas não poderia ajudar não tinha se quer uma pedra para assustar o bicho, teria que ver seus amigos sendo devorados ou queimados. Quando o dragão já estava sobre os jovens, Maely acordou e com muito medo segurou seu colar fechando os olhos, nisso a criatura cuspiu fogo sobre eles, Steven vendo aquela cena se recuou escondido e começou a chorar, mas algo de errado tinha ocorrido, o dragão se afastou rapidamente batendo suas asas fortemente. Um vento fortíssimo começou a empurrá-lo que se debatia para não ser levado, estranhando oque via Steven olhou para a rocha em que estavam os amigos e os viu lá para sua alegria, vivos sem nenhum arranhão. A causa de Maely, não conseguindo a manter em pé o dragão caiu ficando preso em duas árvores que tinham no fundo do local, percebendo que não havia risco, o historiador desceu do túnel que estava correndo até os amigos.
— Vocês conseguiram! — Acho que não Steven, olha lá! SH apontou para frente mostrando o dragão que tinha conseguido se livrar dos galhos das árvores e estava vindo em direção aos homens com muita fúria.
— Foge Steven, leva a Maely eu cuido dele! — Não SH, vamos! Implorou Maely com medo que o amigo se machucasse. - Leve ela, faça oque eu mando Steven! Afastando a garota da área de perigo, o policial ficou sozinho com o bicho como se fosse em uma batalha de um gladiador contra um leão, sendo que seus amigos haviam se tornado espectadores torcendo por sua vitória. O rapaz ficou de frente com o dragão, tentando afastar o medo SH batia a mão no escudo que era prateado com um desenho de águia na frente, o objeto era o suficiente para defender a cabeça e a barriga de quem usasse, ouvindo aqueles barulhos das pancadas, o bicho ficava mais feroz, rapidamente se esquivou pro lado conseguindo escapar. A cada tentativa do monstro sobre o amigo, Maely chorava, tinha muito medo de perder aquela pessoa que tanto a amava, mas SH era ligeiro apesar de não ter um corpo musculoso, o rapaz segurava o escudo bravamente sem recuar apenas se defendendo do fogo.
— Vamos, venha! Está parecendo um gatinho! Disse o rapaz provocando o adversário. Conseguindo até então escapar de todos os golpes do dragão, SH estava se cansando, suava muito, o peso do escudo se dobrava a cada momento, pois o cansaço estava pesando muito, e não tendo mais fôlego pra se desviar começou a ser atingido pela cauda do dragão que girava para acertá-lo. Não conseguindo mais segurar o escudo, o policial foi lançado para as paredes muitas vezes, o dragão estava descontando a humilhação que levou, mas depois de um tempo a fera também já estava desgastada, não conseguia mais voar, então resolveu descansar deixando SH caído com seu escudo no chão com vários rasgos na roupa. — Steven você que sabe a história desse dragão, será que saberia algum ponto fraco dele?! — Deixa eu procurar em meus livros aqui! Pra onde o historiador ia, ele levava uma mochila nas costas que continha seus livros mais importantes onde havia muitas histórias que ninguém encontraria nem na internet. E relendo a história do rei Disis, o homem descobriu uma informação que poderia ajudar SH a derrotar o monstro.
— Escuta isso Maely! — Fale! — Aqui diz que o rei Disis sempre venceu seus adversários, mas apenas um deles, um ser humano conseguiu fugir daqui, ser humano não e sim um Deus, e esse deus era Shiva que lutou com ele com ajuda de seu Tridente. Mas como o Tridente deve não ter conseguido o poder suficiente para derrotá-lo, Shiva deve ter fugido e deixado o Trishula com a fera! — Sim, mas onde está a fraqueza? — Então eu deduzi que Shiva tinha tentado atingir ele com o poder do Tridente, ou seja, como ele tinha uma inteligência avançada, a cada raio que atingia o dragão ele ia percebendo os resultados que gerava. — Não estou entendendo, tenta deixar essa história um pouco mais fácil e resumida porque não temos muito tempo. Maely estava muito ansiosa, pois tinha medo de que o dragão se levantasse e matasse seu amigo.
— Eu quero dizer que SH deve procurar os pontos menos atingido do dragão, porque ele deve ter se defendido evitando assim que fosse atingido em seu suposto ponto fraco. Maely ficou pensando no que o homem falava tentando entender, pois em situações de risco a garota era um pouco lerda para pensar, mas felizmente entendeu.
— Mas então como que o tridente pode estar aqui?! - Porque diz a lenda que após conseguir sair do vulcão, pensando que tinha derrotado o dragão, Shiva voltou para o local onde dormiu e foi roubado por Xauã! — Ah, entendi mas porque Shiva veio até aqui?! Disse a garota querendo saber de todos detalhes da história. — Essa informação ainda é um mistério, quem sabe se encontrarmos ele, ai poderemos perguntar! — É pode ser, mas agora vamos ajudar SH antes que esse bicho se levante! O policial estava agachado com seu escudo do lado, Maely se pendurou na parede para chamálo, com muito medo de que o dragão percebesse sua presencia e a atacasse. Porém não tinha outra opção era se arriscar, ou deixar SH morrer sozinho.
— SH me ouve! Disse a moça em um tom de voz baixo. O rapaz ergueu a cabeça devagar muito ofegante, e com medo de que despertasse novamente a fúria do dragão, o policial balançou a cabeça, perguntando a Maely, oque ela queria falar. — Sabemos um jeito que pode destruir ele! Disse a garota ainda pendurada. Usando mímicas o rapaz mandou a garota prosseguir. - Ele tem um ponto fraco, para descobrir você terá que procurar cicatrizes pelo corpo dele, onde estiver menos cicatrizado você tenta atingir! SH fez sinal de positivo, e se levantou com dificuldade, pronto pro último combate. Percebendo que sua presa estava de pé, o dragão levantou olhando furiosamente para o rapaz que lutaria no sacrifício, pois estava muito machucado.
— Vamos gatinho, eu ainda estou de pé, venha até a mim!! Quando disse isso a fera voou até o homem que rolou para o chão passando por baixo do gigantesco corpo do dragão, SH muito inteligente fez aquele movimento arriscado diversas vezes, cada vez que rolava ao chão ele podia ver as cicatrizes, tinha muitas na barriga e nas asas do bicho. Tentando ver a causa, o policial se arriscou mais ainda, a cada provocação que fazia deixava o dragão com muita raiva que batia a cauda em sua direção para atingi-lo, só que SH se defendia com o escudo que era bem resistente. — Já vi que esse gatinho não é de nada hein! Vamos, venha! O dragão bateu com a cauda novamente, dessa vez SH pulou sobre ela como se pulasse corda, e para sua sorte conseguiu se equilibrar podendo enxergar muitas cicatrizes causadas pelo raio também. Após ver todas cicatrizes possíveis, SH estava se desesperando pois não havia mais nenhuma, oque significava que não existia ponto fraco. Nisso o rapaz tentou recorrer aos amigos por mais informações.
— May, não tem ponto fraco! Eu procurei e não vi! — Procura de novo, tenta atingir a cabeça e o pescoço! — Como vou atingir?! Antes que pudesse receber a resposta, SH voou longe pelos ares, sendo atingido pela cauda do bicho. Dessa vez a pancada tinha sido mais forte, o rapaz bateu a cabeça no chão e começou a sangrar o nariz, desesperada a garota correu até o amigo, Steven tentou impedi-la mas conseguiu, a garota foi como uma onça atrás de seus filhotes.
— SH vamos deixar esse tridente pra lá, vamos embora! - Não May, eu tenho que… O rapaz não aguentava falar, saia muito sangue pelo seu nariz, se continuasse naquela luta, morreria com toda certeza.
— Vamos embora SH, você não vaiu aguentar venha! Disse a moça entendendo a mão para o amigo. —Não May, essa luta só vai terminar quando um dos dois estiverem caído no chão morto, e oque vai ficar de pé sou eu! SH se levantou apoiando-se no escudo, protegendo a moça com sua única defesa que tinha, a levou até Steven. E com muita coragem caminhou até o dragão que se levantou
rapidamente, os adversários estavam olho a olho, pronto para provar quem tinha poder. Lembrando do que Maely falou, o rapaz falava no pescoço do dragão, mas não havia como atingilo pois não tinha se quer uma arma, seu revólver não ia fazer efeito para a criatura de mais de dois metros e tantas toneladas, o jeito era usar oque tinha as mãos, ou seja, o escudo. Mas como faria isso? Se ao menos o escudo fosse circular, poderia tentar fazer como o Capitão América fazia, mas infelizmente o formato do objeto era retangular. Foi aí que olhando para uma rocha que tinha algumas pedras sobre ela em formas de cilindro se assemelhando mais a um espeto, SH estruturou uma ideia que tinha muita chance de dar certo, mas antes que pudesse pegar o tal espeto, o dragão tentou atingi-lo com uma cuspida de fogo que se não fosse o escudo, seria torrado. A todo momento o agente tentava se aproximar do que precisava mas parecia que o bicho sabia da ideia do adversário e o cercava evitando o máximo possível que chegasse perto, não conseguindo o invadir com o fogo, o dragão começou a voar e cair no chão com suas patas gigantescas tentando esmagar o pobre homem, o impacto das pisadas era tão forte que tremia toda a Terra, caia pedaços pequenos do teto, e de tanto pular as rochas começaram a se quebrar, justamente a que SH precisava oque fez correr até ela corajosamente se desviando de pedras e das garras do dragão. Conseguido alcançar o espeto de rocha, o rapaz segurou o pedaço que queria, só que era um pouco pesado para segurá-lo e ao mesmo tempo manter o escudo de pé para protegê-lo do fogo que vinha a todo momento tentando o queimar, mas com muito esforço SH tentava se erguer para assim ter a melhor visão para lançar a sua arma, mas caia toda hora por causa dos pulos do dragão que parecia desorientado, percebendo a ideia do amigo Maely começou a orientá-lo de onde estava tentando se esconder ao mesmo tempo.
— Não lança ainda SH, espera ele parar! — Tá! Mas acho que não vai dar tempo, eu devia tentar agora! — Não! É muito arriscado você vai ser esmagado! Disse Maely pendurada no túnel se segurando apenas na mão de Steven. Antes que Maely pudesse terminar de orientar o amigo, o dragão veio em um voou surpreendendo SH que não se virou a tempo sendo coberto pelo gigante corpo da fera, esse pouso teve um impacto imenso tremendo todo o local, que fez até Steven cair no chão. Vendo aquela cena Maely voltou a chorar compulsivamente pois veria seu grande amigo sendo morto, preocupado com o bem-estar da moça a historiador se levantou rapidamente e ouvindo barulhos de ossos quebrando tampou o ouvido da jovem a levando para longe dali. Steven não queria ouvir aquele ruído dos ossos quebrando, o homem pensava que era do corpo de seu amigo, mas pra felicidade de todos o rapaz tinha conseguido erguer o espeto antes de ser esmagado atingido o pescoço do dragão que caiu depois de um tempo derramando muito sangue, com apenas o escudo o protegendo SH se rastejou por baixo, escapando do imenso corpo. Mesmo machucado, o rapaz conseguiu caminhar e foi atrás dos amigos subindo no túnel que era um pouco alto com dificuldade, sangrando muito e com o braço muito doloroso SH tentou gritar o possível que pudesse para chamar os amigos que por milagre o ouviram
— Está ouvindo Maely? — Estou, é o SH! Ele está vivo, vamos! — Espera! A garota saiu correndo apressadamente, pulando o túnel e abraçando o amigo sem se preocupar se o dragão estivesse vivo ou não, oque importava era aquele momento, que pensou que nunca mais poderia vê-lo novamente.
— SH, você conseguiu, você me salvou mais uma vez! — Agora está tudo bem May, está tudo bem! Disse o rapaz deitando a cabeça da moça em seu ombro. Vindo logo atrás, Steven abraçou o amigo, aliviado por não ter o perdido, apesar das velhas discussões entre os dois, nenhum deles guardava ressentimento, ao
contrário estavam mais unidos do que nunca.
— Como que conseguiu derrotá-lo SH? Eu pensei que você tinha sido esmagado! — Eu também, mas graças a Deus consegui perfurá-lo no momento certo! — Mas e o Tridente?! Disse Maely olhando para os lados. Apesar de terem se livrado do rei Disis, ou seja, o dragão, não haviam encontrado o tridente, oque preocupava demais a todos pois não adiantaria nada todo aquele esforço.
— E agora? Oque fazemos?! Disse Steven. — Temos que continuar correndo atrás do Tridente! — Mas como Maely? Ele deve nem existir! Disse SH com a mão no braço esquerdo que estava muito ferido. — Existe sim SH, só que acho que alguém chegou antes que nós! — Mas quem teria o poder para roubar o Tridente e ter escapado vivo?! Os jovens começaram a pensar em pé, mesmo como se fosse uma reunião de um time em uma hora de decisão. — O doutor é claro! Ele tinha poder suficiente para entrar sem ser percebido! - Você deve está certa Maely! Concordou SH. — Mas então oque fazemos? Pois não podemos ir atrás daquele bicho porque ele tem mais poder do que nós! Disse o rapaz subindo no túnel, ajudando os amigos a subir em seguida. — Tem razão SH, temos que procurar urgentemente o deus Shiva! — Mas como? Não sabemos onde se localiza a prisão dele! Steven estava nervoso por causa da situação em que se encontrava, pois queria muito ajudar os amigos, mas por causa dele quase perdeu SH pelo dragão.
— O jeito é voltar para Nova Iorque e estudarmos mais um pouco e quando tivermos todas as informações necessárias, aí sim solucionamos esse problema! — Como se fosse fácil né! — Não é difícil SH, pra quem derrotou um dragão! Chamou atenção do amigo, a garota. Os amigos voltaram o mais rápido possível para Nova Iorque decepcionados por não terem encontrado o tridente e o pior é que tinha a possibilidade de o doutor ter o roubado oque seria uma ameaça gigantesca não só para os jovens, mas para o mundo. Oque eles não imaginavam é que o demônio estava mais perto de seus objetivos, agora com o Trishula na mão seria quase que invencível, a única chance de evitar que isso acontecesse era encontrar o deus Shiva, porque só assim poderiam ter uma luta com poderes semelhantes. Tendo o poder de destruir o planeta Terra em apenas um comando a ansiedade tomou conta do doutor que queria iniciar seu Apocalipse o mais rápido possível para assim provar pra todo o mundo o seu poder, mas seu aliado Harry não concordava com a ideia oque gerou uma discussão na mansão.
— Quem é você pra me falar oque devo ou não fazer?! — Não sou ninguém senhor, mas me entendo é que quero só aumentar sua vitória. — Não é o que parece, se quisesse não pediria pra eu esperar mais um pouco, logo agora que consegui o Tridente, isso seria um regresso! — Mas senhor… — Não Harry, não! O doutor não concordava com seu servo pois queria começar sua destruição imediatamente, mas infelizmente Harry estava certo pois se fizesse isso tão rápido não causaria nada além de destruição.
— Senhor eu posso ao menos te explicar o porque da minha insistência!! — Vai, me explica então, mas que seja uma ideia boa que me convença porque se não eu te esgano agora mesmo! O homem se sentou com medo da ameaça, do lado estava Lisa segurando cuidadosamente o Trishula que era maior do que ela.
— A minha ideia é que matar pessoas, destruir tudo oque elas tem é ótimo, mas esse prazer não vai gerar mais nada, por um lado mestre precisamos da presença delas para escravizá-las, os humanos vivos são mais úteis do que mortos. Pois não vai demorar muito, e nem vai ser tão difícil pra o senhor ter eles como servidores seguindo apenas seus comandos, oque acha senhor? O doutor se aproximou do homem que ficou um pouco assustado pensando em ser esmagado, mas surpreendentemente o seu mestre estendeu a mão para cumprimentá-lo.
— Até que enfim tenho um aliado competente! É isso mesmo que vou fazer Harry, os únicos que poderão nos atrapalhar são aqueles garotos idiotas, mas deles eu já sei oque fazer. — Sim, obrigado senhor! — Não agradeça, me ajudar só vai ser bom a você! O homem que estava todo orgulhoso por ser elogiado pelo seu mestre logo se desanimou sabendo que era mais que sua obrigação. De volta a Nova Iorque os amigos retomaram suas vidas, SH voltou a trabalhar intensamente na delegacia compensando o tempo de viagem, Steven voltou a dar aulas e em seus tempos vagos estudava sobre a história do deus Shiva, Maely reencontrou seu namorado, matando saudade e também dando uns puxões de orelha, pois ela era muito ciumenta e por isso encheu o coitado de perguntas.
— Oque aconteceu aqui nesse período sem mim?! — Ah quase nada amor! — Alguma garota te olhou, te beijou ou ao menos encostou em você?! - É claro que não, sabe as vezes parece que você não confia em mim! — Lógico que confio, só não confio nelas! Toda mulher quando está com ciúmes já disse isso, não queira ver uma mulher com raiva.
— Mas May eu não me envolvi com ninguém! — Eu tenho a senha das suas redes sociais e vi uma conversa sua com uma garota, ela marcou um encontro com você! Maely pegou o celular e mostrou a tal conversa comprovando oque estava falando.
— Eu quero saber da sua boca, você foi se encontrar com ela? O garoto estava com medo de contar a verdade, mas não havia saída. — Eu encontrei com essa menina, mas não rolou nada, eu disse que tinha namorada! — Se não rolou nada, porque tinha que ir, falasse por mensagem, você me traiu Gabriel, não me ama de verdade! — Não May, não te trair! — Chega dessa farsa, estou terminando o namoro por aqui, adeus Gabriel, está livre corra atrás dela! A garota saiu correndo pela rua quase sendo atropelada por um carro, preocupado Gabriel tentou segui-la, mas era em vão, Maely quando estava nervosa não ouvia ninguém. Uma amizade que ninguém imaginaria existir era de SH com o namorado de Maely, mas como a vida sempre traz surpresas as vezes boas, outros ruins, por causa da atitude da garota, Gabriel procurou o policial para poder pedir explicações de como agir com Maely, quem sabe o ex dela poderia lhe ajudar. Sabendo que SH trabalhava na delegacia, o homem foi até o local na hora do almoço esperando na porta o rapaz sair. Quando saiu da área do trabalo, o agente avistou o garoto porém não o conheceu passando por ele, mas antes que pudesse ir embora, Gabriel o tocou nas costas.
— Ei posso falar com o senhor? — Eu te conheço? — Eu sou namorado da Maely! O rapaz olhou firmemente para o olho do garoto que ficou meio sem graça, o policial por um momento ficou nervoso por reconhecer e lembrar daquele dia que flagrou os dois na
praça se beijando, mas depois se acalmou e foi educado como sempre era.
— Ah ta, não estava lembrando de você! —É então podemos nos falar?
— Ah claro, me acompanha até o restaurante ali do lado! Após tomarem um bom milk shake, Gabriel começou a contar do que se tratava seu assunto com SH, que o ouvia com toda atenção deixando os ciúmes de lado.
— Bom SH, você foi namorado da May então deve entendê-la mais do que eu né?! — É acho que sim mas oque você quer saber? Gabriel colocou o canudo no copo e olhou para o homem. — Eu e a May estamos brigando demais, mas tudo isso é por causa dos ciúmes dela, as vezes até me sufoca de tanta pressão! Ela terminou hoje comigo, acho que não me ama de verdade! Desabafou o garoto quase chorando. Mesmo sem paciência pra dar conselhos aquele dia, SH manteve a calma e tentou sder educado e atencioso, como era com todas pessoas.
— Quando eu e a May estávamos namorando ela terminava muitas vezes, isso porque ela tinha ciúmes, mas tenha paciência com ela, porque no fundo a May te ama, é que todo relacionamento tem suas brigas né! — Sim, acho que fui meio irracional! — Sabe oque você faz para agradá-la, leva um buquê de rosas, tenho certeza que gostará! O garoto ficou pensando na ideia do homem, verificou se tinha dinheiro na carteira para fazer a tal surpresa.
— Boa ideia SH, valeu, mas aonde tem uma floricultura por aqui? — Eu sei aonde tem, se quiser posso ir junto quando sair a delegacia! Tentou ser prestativo ao garoto. — Se não incomodar seria melhor, pelo menos me ajudaria. A que horas sai do trabalho? — As seis da noite. — Então tá combinado, te espero aqui as seis. Agora vou me embora e deixar você voltar a trabalhar! Apesar de ainda amar a garota, o policial se manteve firme e não demonstrou ciúmes e nem má vontade, ao contrário procurou ajudar o garoto que o agradecia incansavelmente. Como havia prometido SH foi a floricultura com o Gabriel escolhendo o buquê mais bonito para a garota, mesmo cansado por causa do dia de trabalho, o policial dedicou uma hora para poder ajudar seu novo amigo que afinal todos que fizessem bem a Maely e a livrasse da depressão se tornaria amigo dele. Após ter comprado flores SH retomou a sua casa que apesar de ter pensado em se mudar por causa de Lisa saber o endereço, ele não queria ficar com medo e ser um fugitivo pra sempre, resolvendo permanecer em seu lar, enquanto Gabriel foi apressadamente para a sua casa, preparar a surpresa para sua tão amada namorada. Enquanto o casal fazia festa e discutia a relação, SH estudava como sempre fazia quando chegava do emprego, o rapaz gostava de estudar com o objetivo de ter conhecimentos mais avançados, apesar de muitos amigos o chamarem pra sair a noite, ele negava, preferindo permanecer nos estudos. Mas toda essa rotina o estava gerando uma solidão imensa que o entristecia a cada dia, foi aí que lembrou de junya aquela garotinha que tinha câncer, por causa do Tridente SH teve que se afastar por um tempo dela, oque deixou a menina muito triste apesar de estar muito melhor em seu tratamento, ela ao menos queria a presença do maninho, como ela mesmo o chamava no dia marcado para ter alta enfim do hospital. E como o destino sempre unhe as pessoas do bem, SH foi justamente na data marcada para a paciente ter alta hospitalar. Quando chegou ao hospital, o rapaz correu a sala da garota mas não a encontrou, não sabendo de nada, SH ficou desesperado pensando no pior, mas, na verdade, a menina estava se preparando pra enfim sair de vez das quatro paredes.
— Ah meu Deus aonde está essa menina?! Porque eu fui me afastar dela todo esse tempo sem ao menos avisar o motivo? Se lamentou sozinho SH com as mãos na cabeça, sentado em um banco. Quando menos esperava, a sua tão querida maninha veio ao seu encontro toda maquiada e bemvestida, com um lenço na cabeça. Vendo aquela cena, o rapaz abriu os braços se agachando no chão para abraçá-la, contente por saber que seu irmão de consideração não tinha a esquecido, a menina correu a ele gritando “maninho”.
— Oh minha fofinha que bom te ver! — Maninho, hoje eu vou voltar para casa! — Sério, que bom fofa! Disse o rapaz abraçando a menina novamente. — Mas porque você não veio brincar comigo mais? — Me desculpe, é que tive que viajar a trabalho e não deu tempo de avisá-la! O policial não podia falar a verdade, pois nem uma criança acreditaria naquilo, o jeito foi mentir a menina, oque não gostava de fazer mesmo sendo preciso.
— Então vamos? — Vamos!! Gritou a menininha correndo muito feliz. Na verdade Junya não tinha pra onde ir, os seus pais haviam se separado e sumiram de vez deixando a menina no hospital, sabendo disso pelo diretor do local, SH estava com o destino da menina em mãos, só ele poderia mudar aquela situação.
— Então SH, oque podemos fazer com essa menina? — Não depende só de mim, eu preciso da autorização do juiz! — Sim, eu sei, mas como o juiz disse que o senhor pode permanecer com ela até vencer o prazo, nisso chegará uns documentos em sua casa o informando a decisão tomada pelo fórum! — Hum, então eu vou levar ela comigo, obrigado senhor tenha um bom dia! Disse SH apertando a mão do homem. — Boa sorte, não se preocupe tudo vai dar certo e cuide bem dela! — Pode deixar! Quando SH conheceu Junya pela primeira vez, soube da história triste dela e rapidamente se interessou em adotá-la, após semanas indo ao fórum, tinha conseguido um papel que daria o direito de ficar com a menina por um tempo, oque o deixou muito feliz. Agora era só torcer pra que o juiz oficializasse o documento de adoção e assim registrar a sua futura filha. Saindo do hospital depois de muito tempo, a menina pulava de alegria mostrando tudo que via pela frente, o rapaz adorava crianças e já toinha um amor imenso por Junya e a todo momento não largava a mão dela, preocupado com a possibilidade de o doutor poder atacar novamente. O policial levou a garota pra casa de Maely pois queria que a amiga conhecesse sua futura filha, mas quem estava em casa era Gabriel que o recebeu carinhosamente. Ainda se acostumando com o seu novo amigo, o rapaz ficou com receio de sair e deixar a menina com o namorado de Maely, mas pra sua sorte o garoto estava de saída e o deixou sozinho. Enquanto estava sozinho, SH começou a brincar com Junya e também a distraí-la, pois ela estava conhecendo o mundo agora, oque poderia ser bem confuso a ela.
— Maninho você não tem namorada? Não, eu me separei da May lembra que te contei? — Sim, mas a tia May é legal né? — Sim ela é muito legal, porém agora está com esse menino que saio daqui agora! — Ah, que legal! O rapaz não se sentia a vontade em falar sobre Maely pra ninguém, muito menos pra uma criança que não entenderia sua situação, mas toda vez que lembrava de Maely seu coração disparava, e uma tristeza o tomava por inteiro, pois sabia que sua relação com ela nunca mais existiria. E não querendo se mostrar triste a menina, ele encerrou o
assunto voltando a brincar com ela. Uma curiosidade do tratamento de Junya é que ela tomou o comprimido Recnac, oque só fez acelerar sua melhora, isso foi comprovado pelos médicos e terapeutas, não bastando apenas as terapias que não iam trazer resultados como o comprimido realizou. Sabendo disso SH ficou feliz pelo doutor Lariech e Lary, o rapaz sabia da história dos dois amigos e tinha muito orgulho deles pela grande dedicação a medicina, mas, ao mesmo tempo, se indignava por saber que todos os direitos iriam para o demônio que ainda mantinha a farsa de se passar pelo doutor Lariech, o pior de tudo isso é que SH não poderia entrar com um processo de investigações, pois não teria como provar que o doutor estava morto, essa tristeza teria que levar consigo mesmo pra sempre. Distraído pensando no remédio Recnac, o agente nem percebeu que Junya se aproximava da janela que não era muito alta, pra sua sorte quando ela estava subindo, logo despertou evitando que acontecesse uma tragédia, puxando a menina para seu colo.
— Junya, não pode ficar aqui, vai assistir desenho! A menina obedeceu o rapaz e deu um abraço nele. Para evitar mais sustos, SH preferiu fechar a janela até porque estava frio e não queria que Junya pegasse resfriado, mas quando olhou pra fora, avistou o prédio abandonado que tinha entrado perseguindo o sujeito que atirou em direção a Maely. E nesse momento ele foi ligando os pontos de tudo que estava acontecendo, os ataques que causaram as três mortes de jovens na Bleecker Street, executados pelo velho conhecido da polícia dos Estados Unidos, o senhor Frederiech que estranhamente se transformou em um zumbi, os ataques contra Maely como o tiro que veio praticamente de um sniper que ainda é um mistério, a tentativa de assassinato que sofreu pela Lisa que na verdade era um monstro que quase o devorou, e por fim o dragão que derrotou a poucos dias no Diamond Head. Tudo isso estava mexendo com sua cabeça, além de ter que se preocupar com outros mistérios que poderiam estar ligados a esses, como a morte misteriosa de Lary, que ainda nem tinha sido investigado, caindo no esquecimento. Após um tempo, Maely chegou do trabalho muito cansada e quando viu a menina ao lado de seu amigo não entendeu nada, ficando com receio de perguntar alguma coisa.
— Oi May! — Oi quem é essa menina?! — Ah, é a Junya, não se lembra que eu falei que estava interessado em adotar aquela paciente do hospital? A garota puxou pela memória e lembrou da vez em que teve a conversa com o amigo sobre a menina. — Sim, mas você conseguiu adotar? — Graças a Deus, só falta uma autorização chegar, para aí eu ficar com ela de vez! Disse o rapaz colocando a mão na cabeça da menina que olhava timidamente para a moça. — Maninho essa é a tia May? — Sim é ela fofa! Como é bonita! Disse a menina olhando pro rapaz.
— OH que fofinha, você também é muito linda sabia? Vem me dar um abraço! A garota abraçou Maely que não a soltou mais, ela também gostava muito de crianças, SH se surpreendeu com a amiga pois nunca tinha presenciado aquele gesto de carinho como ela fez com Junya. Após conhecer a criança, Maely convidou o rapaz para uma conversa a sós, deixando Junya no quarto brincando com suas bonecas.
— Eu preciso falar sério com você SH, já fazia tempo que queria ter essa conversa mas por causa da nossa viagem não deu. — Pode falar May, do que se trata? Disse o homem estranhando o comportamento da amiga que parecia nervosa. — O Gabriel me contou oque você fez para ajudar ele a voltar comigo. — É me desculpe May se me intrometi em sua relação, é que ele me pediu ajuda então
não podia recusar, e também achei que você gostaria da surpresa!
— Eu não gostei! Ouvindo a resposta negativa da amiga, SH se envergonhou, ficou todo vermelho.
— Adorei, obrigada SH por se importa comigo! - Nossa que susto May, pensei que não tinha gostado mesmo! Mas não precisa agradecer foi o Gabriel que escolheu! - Ah, mas obrigado mesmo, você ajudou! O policial respirou aliviado, por um momento pensou que a amiga estava chateada com ele. Os jovens fizeram uma pausa, sem assunto o rapaz quebrou o silêncio com uma pergunta que não queria fazer pois tinha medo da resposta, mas fez.
— E May você e o Gabriel já pensaram em casamento? A garota estranhou a pergunta porém respondeu normalmente. — Já marcamos até a data! — Sério?! — Sim, mas porque essa pergunta?! — Por nada, só curiosidade mesmo. — Ah, vamos casar o ano que vem! SH não conseguia fingir que estava chateado com aquela notícia. E por isso, ele saiu deixando a garota sozinha, estranhando a reação do amigo Maely foi atrás. — Oque aconteceu SH, porque está assim? — Nada não May, só está muito tarde e tenho que levar a Junya para minha casa! — Mas eu te levo de carro se quiser! — Não precisa, eu vim com o meu carro, agora tenho que ir tchau! O homem saiu rapidamente sem dar nenhuma explicação, segurando a mão da menina que também não entendeu aquele avexo de seu pai. Entrando no carro com a garota no colo, SH ia para sua casa com lágrimas nos olhos, triste por saber que aos poucos estava perdendo seu amor, mas tinha que esfriar a cabeça, pois tinha uma criança no carro. Chegando em sua casa, o policial descia as escadas e a todo momento brincava com a menina tentando esquecer Maely.
— Essa é sua nova casa Junya! — Que legal maninho, a nossa casa! — Sim, sempre! Com a criança no colo SH entrou na casa, indo direto para o quarto onde se surpreendeu com oque viu. — Oque você está fazendo aqui? De costas para o rapaz, Lisa o aguardava friamente, oque o deixou muito assustado, até por causa de estar com sua criança. – Preciso ter uma conversa com você. Antes que negue, prometo que não vou te devorar como quase fiz da última vez! — Junya vai para sala brincar que eu já estou indo! Disse o agente tentando afastar a menina do monstro. — Oh que fofa, quem é essa fofinha? Lisa tentou se aproximar da menina mas SH pensou na frente como forma de proteger a sua filha, pois sabia do que a mulher era capaz. — Vá para a sala Junya, por favor! — Ta bom! Após a menina sair, o rapaz fechou a porta ficando a sós com a mulher.
— É sua filha? — Não lhe interessa! Me fale logo, oque você quer! — Eu só vim dar um aviso a você e a sua amiguinha! — Então fale logo! O policial colocou a mão na cintura esperando alguma reação que fosse de perigo para se livrar daquela mulher que na verdade era um monstro. —Meu mestre mandou avisar que a única chance de você e sua amiga se livrar da morte
é não passar pelo nosso caminho e não tente nos atrapalhar, entendeu?
— Diga a seu mestre que ele não me causa medo, apenas nojo! — Não fale assim de meu mestre seu infeliz! A mulher engrossou a voz e levantou o rapaz na parede, se sentindo ameaçado, SH tentou pegar seu revólver mas foi impedido.
— Não tente reagir, eu já disse que não vim para brigar, lembre que tem uma criança aqui! Disse Lisa jogando o homem ao chão. — Entendeu né, não tente nos atrapalhar porque se isso acontecer você perderá tudo que ama, um por um, incluindo essa menina! Não toque em Junya, e já disse que não tenho medo! — Bom, já dei o aviso, se for um pouco inteligente vai obedecer, agora eu estou de saída, antes que te esmague! — Espera! Eu vou junto, não quero que toque em minha filha! Disse SH empurrando a mulher. Como dito, o agente acompanhou a mulher até a rua, com muita raiva pois oque ele mais odiava era receber ameaças, mas como um digno homem não se acovardou enfrentando a fera. Ainda nervoso, ligou para Maely avisando sobre a visita inesperada, sabendo do que havia acontecido a garota ficou desesperada orientando que o amigo não saisse de casa e não deixasse Junya sozinha que ela já estava a caminho para ir buscar os dois e tirá-los dali por um tempo. Claro que SH não queria ir para casa de Maely, tendo que conviver com Gabriel, não era só ciúmes, era orgulho de não querer dever favor logo ao namorado da mulher que tanto amava.
— Vamos SH, não seja teimoso! Oque custa passar um tempo na minha casa? — Não May, não quero te incomodar! — Não vai incomodar homem, o Gabriel adora, crianças! — Não, eu disse que não! — Ah então prefere ficar aqui, correndo risco e deixando a Junya nessa confusão? O rapaz coçou a cabeça muito nervoso. — Claro que não, eu vou para casa de Steven, ele mora sozinho é bem melhor! — Ah, sabia, é por causa de Gabriel né! Foi por isso também que saiu da minha casa hoje daquele jeito né? — Foi, fiquei triste com oque disse. Mas vamos esquecer isso, vou ligar para Steven e conhecendo o jeito dele é claro que vai adorar que more um tempo com ele. — Faça isso, boa sorte! — Obrigado! Maely ficou um pouco chateada com o amigo, não queria ter deixado ele daquele jeito, mas ela não o amava e seria pior se o iludisse, afinal um dia ele iria ter que se conformar. Mas no fundo, a garota duvidava do amor do rapaz, não conseguia acreditar que alguém o amasse, talvez porque estivesse apaixonada por Gabriel, mas oque ela não imaginava é que SH sofria por não poder mais ter o amor dela. Era uma triste realidade para ambos os lados, mas preocupada com o amigo e tentando deixar essa situação resolvida de uma vez por todas, Maely voltou para conversar novamente com o homem. Estranhando a visita, o rapaz correu a abrir a porta um pouco assustado pois a sua amiga havia acabado de sair, talvez ela teria esquecido alguma coisa ou poderia ser Steven, todo caso SH abriu.
— Oi SH, me desculpe voltar assim, mas acho que a nossa conversa não terminou! — Bom entre, esta, frio para conversarmos aqui! A moça entrou se esfregando, pois estava muito frio, sentada a mesa Junya educadamente convidou Maely para acompanhá-la no suco. —Tia May aceita suco? - Oh fofa, obrigada mas não precisa! Disse a garota colocando a mão na cabeça de Junya.
— Oque fez voltar tão urgente May? — É que queria saber oque sente por mim ainda? Aquela pergunta surpreendeu o rapaz que ficou vermelho no mesmo momento. Não sendo apropriado abordar aquele assunto em presença de uma criança o agente levou a amiga para seu quarto.
— Porque perguntou isso May? — Por causa de seu comportamento, as vezes isso parece que ainda me ama, mesmo ajudando o Gabriel eu sei que você não ficou bem quando falei que eu me casaria o ano que vem! — Não fiquei mesmo! O rapaz teve que confessar, afinal não aguentava mais aquela tristeza que o invadia a cada dia, então resolveu desabafar.
— Sabe porque Maely? — Porque?! — Eu ainda te amo, infelizmente ainda existe amor nesse meu coração! — Infelizmente? Maely não entendia o porque de o amigo ter dito aquilo. — Sim, porque você tem outra pessoa, e não me ama e nunca vai amar. Mas como sou bobo, fico sofrendo por você, sendo que em seus pensamentos só se passa uma pessoa, e essa pessoa não sou eu! SH se sentou na cama olhando para a janela, tentando esconder as lágrimas mas a moça o segurou fazendo-o virar para sua direção.
— Olha pra mim SH! Eu amo o Gabriel, me perdoa, queria que não fosse assim. O meu amor por você é amizade, não quero confundir uma coisa com a outra, porque vai fazer mal a nós dois, então tenta esquecer essa paixão que você tem por mim! — Está te incomodando né? Tudo bem May, não se preocupe eu não vou mais demonstrá-lo! O rapaz tentou levantar mas Maely o segurou fazendo se sentar novamente.
— Não quis dizer isso SH, estou querendo apenas que você não sofra mais. Você é uma pessoa superlegal, gentil, sabe tratar uma mulher, e tenho certeza que vai encontrar alguém! O agente não dizia nada, estava de cabeça baixa e com os braços cruzados. — Entendeu? — Sim, entendi! — Bom então espero que seja feliz e qualquer coisa que precisar é só me chamar! O rapaz não disse nada novamente, sem graça com a situação a garota resolveu ir embora. Quando foi para abrir a porta do quarto, SH a interrompeu o segurando em seu braço.
— Antes de ir, não se esqueça do meu amor! Eu te amo May! O policial saiu do quarto para acompanhar a amiga até a rua. Saindo do local, Maely pensou em desistir de seu relacionamento com o Gabriel e voltar com SH, mas mesmo que pudesse não conseguiria pois amava muito o Gabriel, e no fundo sabia que seu amigo entenderia sua decisão, se amasse ela de verdade não a julgaria e sim apoiaria como sempre fez. As compulsões de Maely parece que tinha acabado de vez, já fazia três meses que a moça não bebia, não comia doces exageradamente e nem se quer pensava em se drogar. Toda essa recuperação era comemorada pelo seu namorado que a cada um mês que se passava, ele a presenteava com rosas e chocolates. Maely também não ouvia mais vozes, que supostamente seriam ilusões causadas pelo excesso de drogas e bebidas alcoólicas, mas pra sua tristeza em uma noite todos esses problemas mostraram que estavam vivos e prestes a voltar, após Gabriel deitar, a garota não conseguia dormir então resolveu se levantar indo a cozinha, quando abriu a geladeira Maely viu diversos doces, sabendo que não podia comê-los fechou a geladeira mas depois de um tempo voltou a abrir e pegou diversos chocolates comendo todos no mesmo momento.
Sabendo que não resistiria, a garota se entregou aos vícios e começou a consumir tudo quanto era doce, percebendo nada de errado, ela começou a comprar bebidas e drogas novamente, e como fazia nos velhos tempos a moça esperava o Gabriel dormir para se refugiar aos seus vícios, pensando que isso seria a solução de seus problemas mas na realidade sua depressão havia retornado a deixando mais fraca a cada dia. Pra poder namorar com a garota, Gabriel a obrigou a prometer que nunca mais iria se drogar e se entregar aos seus vícios, e por amor Maely cumpriu a promessa conseguindo se livrar da depressão com um acompanhamento especial de um psicólogo. Mas como a depressão as vozes é traidora, a doença dominou a moça novamente controlando todos os seus sentimentos, criando ilusões que estava sendo vítimas de forças ocultas. Com medo de perder seu grande amor, Maely se segurava pra não gritar quando viu algo de estranho, como vultos e objetos se movendo sozinhos, caso Gabriel ouvisse ela, com certeza, saberia que havia voltado todas as compulsões e, com certeza, terminaria o namoro. Mas será que a depressão havia mesmo voltado, e será que essas aparições assustadoras eram causas de usos de drogas? Como Maely descobriria as respostas se não conseguia mais parar de se drogar? O seu único caminho para receber uma ajuda não era psicólogo, nem muito menos o seu namorado mas sim um amigo chamado SH, esse amigo que por causa de brigas e desentendimentos haviam se afastados. Estava na hora de SH provar seu amor para sua amada, o momento mais complicado de sua vida, essa era sua chance de mostrar a Maely o tamanho de seu amor que não poderia ficar só em palavras como um simples poeta que escreve seus pensamentos em adoração a sua amada, tinha que reagir, colocar tudo para fora, pois só assim poderia livrá-la de todo mau.
CAPÍTULO 7-Refém do Medo Desesperada com a situação Maely desabafou tudo oque estava passando para seu amigo, quem sabe assim encontraria uma saída.
— Mas May porque voltou a ter recaídas? Você estava indo tão bem. — Eu não sei SH, infelizmente fracassei novamente! Disse a garota com as mãos na cabeça. — May não fica assim, lembra que você já passou por isso, eu vou te ajudar! — Obrigada, mas não sei se dessa vez vai ter como. — E porque? — Porque eu vejo os vultos mais reais e assustadores, eles não são apenas vultos tenho a sensação que irão me matar! Mas eles querem me torturar, eu vou me matar SH, não aguento mais! A moça se levantou muito desesperada andando pelo quarto do amigo.
— Não May! Sempre ha uma saída, eu vou te ajudar. Sei que você tem medo de que o Gabriel descubra, mas você não pode desistir de viver! — Viver não, a cada dia eu sobrevivo e se o Gabriel me abandonar, eu me mato e ninguém vai me impedir pois minha vida não vai ter mais sentido! — May se acalma por favor, não fica assim! O agente abraçou a amiga deixando ela chorar em seu ombro, era disso que Maely precisava, de um colo amigo, alguém para ouvi-la.
— Promete que não vai fazer nenhuma besteira?! — Prometo! Agora eu tenho que ir porque o Gabriel já via chegar! — Tá, é se cuida quando precisar já sabe pra onde vim! A garota deu um beijo no rosto do amigo e um abraço, retribuindo tudo oque ele fazia para ela, após isso ela foi para casa esperando seu amor chegar do trabalho. Apesar da situação da amiga, SH estava feliz por ter voltado a falar com ela, após meses afastados por causa de brigas. O jovem só seria feliz ao lado de sua amada, mesmo que ela não o amasse, o importante era poder cuidar dela e ajudar a construir sua felicidade. Quando Gabriel chegou em casa, um jantar bem caprichado e apetitoso o esperava, Maely tinha dedicado horas cozinhando para tentar agradar seu namorado, é claro que o garoto adorou a surpresa e retribuiu o presente com muito carinho e amor para sua amada. Levando a garota para o quarto no colo, Gabriel dizia palavras que todas mulheres desejariam ouvir de seus companheiros.
— Te amo May, sem você eu não sou nada! — Eu te amo mais! Disse a moça olhando para o namorado. — Você é minha vida, vou lutar para o nosso amor durar eternamente. Nada vai atrapalhar! Após dizer tudo isso, Gabriel deixou a moça na cama e deu um beijo apaixonado nela. Quando o casal ia dormir, o garoto havia se esquecido de alguma coisa que o fez levantar.
— Eu me esqueci! — Esqueceu do que amor?! — De meus comprimidos para dor, lembra que o médico receitou que eu tomasse um por noite, por causa das dores que sentia nos músculos?! — Ah sim, mas não lembro onde eu guardei! — Não se preocupe May, pode ficar deitada eu vou procurar! Indo procurar o remédio na cozinha, Gabriel não encontrava pois sabia que sua namorada vivia arrumando as coisas e isso só o confundiu, oque fez procurar em todos os moveis. Primeiro foi a uma instante que tinha na cozinha mas não encontrou, procurou também na sala em umas caixas mas só tinha objetos velhos, não encontrando em nenhum lugar o
jovem resolveu procurar no banheiro oque deixou Maely apavorada.
— Oque vai fazer aí amor? Disse a moça olhando pelo quarto. — Eu não encontrei em lugar nenhum, então deve estar por aqui né! — Não!! Maely correu até o namorado o segurando. — Que isso May? Porque esse desespero?! — Não, por nada, pode olhar! Assustado com o comportamento da garota Gabriel entrou, verificando um móvel que guardava perfumes e maquiagens da companheira, não encontrando, resolveu ir dormir. — Ah deixa pra lá, amanhã peço mais no hospital! Vamos dormir? — Vamos! O casal se deitou abraçados, Maely não conseguiu dormir e quando era uma da manhã começou a ouvir vozes, sussurros em seu ouvido, algo o puxava, com medo a garota tentava tampar os ouvidos mas não conseguia sendo impedida por vultos. Tentando esquecer oque via, Maely correu ao banheiro indo pegar seus litros de uísque e suas drogas, tudo escondido debaixo de roupas sujas, seu esconderijo para proteger seus vícios. De tão apavorada a garota esqueceu de trancar a porta, nisso a fumaça do cigarro acordou Gabriel que tampou o nariz não aguentando aquele odor de drogas, não vendo sua namorada na cama, o garoto correu a cozinha pensando que a fumaça viesse de alguma panela que Maely poderia cozinhar, mesmo sendo de madrugada ela podia estar com fome. Não encontrando nada na cozinha, ele foi até o banheiro que estava com a porta um pouco aberta, nisso conseguiu saber que a fumaça vinha de lá, estranhando a situação Gabriel bateu à porta com um certo receio.
— May, é você que está aí? A garota não o ouviu, estava em outro mjundo, se refugiando como podia. — May que cheiro é esse? Me responda, eu vou entrar ok? Não recebendo resposta, o garoto entrou e a cena que viu não era novidade pois já tinha visto a namorada daquele jeito, mas ficou entristecido, naquele momento sabia que não dava mais para continuar naquela relação, mesmo a amando. — Ah então era por isso que não queria que eu entrasse no banheiro?! Dizendo isso a garota tirou o cigarro da boca tentando esconder os litros mas já era tarde demais. — Não adianta esconder Maely, você prometeu que tinha parado. Mas você só diz mentiras, eu não quero mais viver nesse relacionamento tão conturbado! — Espera amor, me perdoa por favor! Eu não vivo sem você!! Disse a moça indo atrás do namorado. — Se não vivesse teria cumprido com sua palavra! Disse Gabriel tirando suas roupas do guarda-roupa. — Não faz isso amor! Eu te amo, não me deixe! — Já chega Maely, chega de mentiras, você não me ama de verdade! — Lógico que amo, e você sabe disso. Não vá embora! O garoto colocou seus pertences em suas malas e pegou algum dinheiro que havia guardado na gaveta colocando o no bolso.
— Ei eu estou falando com você! Me ouve! Maely puxou a camisa do namorado que dava as costas para ela. — Por favor eu imploro, prometo que vou mudar! Mas preciso de você comigo! A moça chorava compulsivamente se ajoelhando agarrada nas pernas de seu amor. Muito triste e não querendo mais discutir, Gabriel a ignorava apenas arrumando suas coisas para ir de vez embora. Quando já estava abrindo a porta para ir de vez embora, Maely desesperada pegou uma faca e apontou em direção ao seu coração.
— Se você for, eu vou ter que me matar, pois não vou aguentar sua ausência! Gabriel sabia que Maely não teria coragem, por isso a ignorou friamente. — Adeus Maely, seja feliz com sua escolha!
— Não!! Batendo a porta, a garota largou a faca e começou a chorar, muito triste e se sentindo culpada de tudo de mau que acontecia. Gabriel pegou seu carro e saiu do local chorando também pois amava a garota, mas sabia que sua decisão já estava tomada e não poderia concertá-la, era uma pessoa de palavra, e odiava mentiras. Vivendo a esperança de que seu amor voltaria, Maely esperou um mês, nesse período ela não disse nada a SH, mentindo a todos que estava bem e feliz, mas ela mesmo sabia que não estava, só esperava passar o trigésimo dia sem seu grande amor, para tomar um veneno que havia comprado pela internet. E esse dia havia chegado, Maely sabia que Gabriel não voltaria mais, e sendo assim não teria mais sentido todo esforço para sobreviver e desesperada a garota pegou o litro de veneno e pensando em descansar em paz, ela tentou tomar, mas aí perdeu a coragem, sentada na cama resolveu escrever uma carta para assim deixar escrito o motivo de sua atitude, essa carta seria deixada para alguém que a encontrasse morta no outro dia, pois só assim poderiam saber o motivo daquela decisão. Enquanto escrevia a carta chorando, o rapaz havia sentido um aperto muito forte no peito, preocupado pensando em algo ruim, ligou para a amiga diversas vezes mas ela não atendeu, nisso SH pegou seu carro e foi o mais rápido possível para a casa de Maely. Por morar no apartamento de Steven, a distância ficou um pouco mais curta, pois o condomínio ficava a dois quarteirões de onde a garota morava. Após escrever a carta Maely colocou em um envelope escrevendo seu nome, e ainda chorando pegou o litro de veneno, ligou o som com uma música que expressava tudo que estava sentindo e ergueu o litro pronta para enfim morrer, antes que pudesse tomar, SH entrou na casa e vendo oque estava acontecendo correu até ela tirando o recipiente de suas mãos, mas já era tarde Maely tinha engolido um pouco do líquido oque fez ela cair na cama, desmaiada.
— May, acorda! — Oque você fez?! O agente estava desesperado, vendo sua amiga naquela situação. Mesmo tentando a reanimar com respiração boca a boca, a garota não despertava er sabendo do risco que correu, SH pegou ela no colo e correu levando-a para o carro, sem muito conforto o rapaz colocou a amiga no banco da frente presa ao cinto de segurança com a cabeça em suas pernas, ele sabia que o correto a fazer era chamar a ambulância, mas o medo de perdê-la era maior, resolvendo levá-la para o hospital mais próximo. O hospital estava lotado como todos os dias, mas Maely precisa ser atendida logo pois o veneno não poderia fazer efeito, se demorasse um pouco o coração da moça pararia. Desesperado SH com a moça no colo começou a discutir com a atendente que não queria atendêlos.
— Por favor senhor, tenha um pouco de piedade, ela está desacordada! — Eu sei disso senhor, mas todos pacientes estão maus! - Mas ela tomou veneno, e se continuarmos conversando ela morrerá! — Me perdoa, mas vai ter que esperar, eu não posso fazer nada! A atendente não estava totalmente errada, mas devia ao menos ter sido pedir ao diretor do hospital que abrisse uma exceção ao menos, chamasse os enfermeiros da ambulância. Não tendo tempo para brigar, SH correu com a moça no colo até os enfermeiros que estavam encostados a ambulância estacionada fora do local.
— Por favor eu sei que não deve ser obrigação dos senhores mas poderiam ajudar minha amiga? — Oque ela tem? — Ela tomou veneno, e aí não acorda mais e eu estou com muito medo porque a moça não permitiu que ela fosse atendida pelo médico, mas é um caso grave e não pode aguardar muito tempo! - Vamos te ajudar fica tranquila! Disse a enfermeira olhando para Maely.
Um dos homens pegou a moça e colocou na maca que estava na ambulância e a levou para dentro do hospital urgentemente. O agente foi atrás rezando para que tudo desse certo, a garota foi atendida rapidamente para alívio de SH ela estava viva, porém desacordada por causa da substância. Após uma hora e meia sem notícias, um médico enfim veio acalmar o rapaz que bebeu três xícaras de café tentando afastar o medo.
— E a May como está? - Sua amiga já está melhor mas permanece desacordada. Achamos melhor ela passar a noite aqui. — Então eu vou esperá-la aqui, não saio daqui sem ela! Disse o homem se sentando em um banco no corredor ao lado da sala, estranhando a situação, o médico quis saber o motivo da paciente ter tentado se matar. — Já que o senhor é amigo dessa garota, poderia me explicar o motivo de ela ter tomado o veneno? — Ah claro, é que a May sofre com depressão e tentando se refugiar, ela usa droga e as tentativas de suicídio dela não era novidade, ela tentou muitas vezes mas sempre consegui impedir, como fiz dessa vez! — Hum, estranho… Como um bom policial, SH percebeu que o médico estava desconfiando dele, afinal muitos poderiam desconfiar.
— Por acaso está desconfiando de que eu posso ter tentado assassinar a May com esse veneno? - Bem, é oque parece né! - Você está louco, eu não seria capaz disso, e se não acreditar terá que provar algo contra mim! Eu sou policial, nunca faria mau a uma pessoa, tenho que dar exemplo a sociedade! SH se levantou nervoso, mas o médico nem ligava, parecia que queria apenas o irritar. — Mas existe também policiais que matam inocentes! — Não, esses que cometem essas injustiças não merecem áreas chamados de policiais. E se quiser me acusar vá na delegacia, tem mais informações de Maely para me falar? — Não senhor, só que ela terá alta amanhã! — Está bom, eu vou dormir aqui! Agora por favor me deixem em paz! Irritado SH colocou as mãos na cabeça e se sentou novamente, o médico saiu desenxavido por receber tantas broncas. Sabendo que sua amada estava fora de risco, SH dormir no banco mesmo, não estando muito confortável porém oque importava era estar perto da moça que por mais uma vez escapou da morte. No dia seguinte, as dez da manhã Maely já estava pronta para sair do hospital, após ser liberada os amigos não tinham se visto ainda, até porque o agente foi obrigado a sair do local pois precisava respirar um pouco, e quando SH viu a garota descer as escadas ele apenas abriu os braços, um gesto que queria dizer“ venha, você precisa sorrir”, e feliz por vê-lo, Maely se jogou aos seus braços.
— Me desculpe, mil desculpas, eu não devia ter feito isso! —Esqueça May, vamos viver, oque importa é que está aqui comigo!
— Obrigado, por tudo que faz por mim! Obrigada por não desistir de mim! A garota beijava o amigo no rosto diversas vezes o deixando vermelho de vergonha.
— Não precisa agradecer. Venha, vamos para casa! Devendo uma boa explicação para o amigo, Maely contou todos os motivos que levaram a tomar aquela atitude, e como sempre fazia SH compreendeu, dando apoio a ela, pois era oque precisava. Mas nem todos seus problemas estavam sendo causados pela depressão, toda essa situação era controlada por uma força oculta que teria como objetivo destruir a pobre moça que se julgava dizendo ser a culpada de tudo.
— SH! — Oi?! — Eu estou com medo! — Medo do que May?!
— Medo dos vultos! A garota que estava sentada a cadeira correu abraçar o amigo.
— Me protege SH, fica comigo essa noite! Tenho medo de eles me pegarem! — Tá bom May, eu vou ficar, não se preocupe mas vá descansar um pouco porque você está muito cansada! O agente sabia oque significava a expressão “eles”, na linguagem de sua amiga, significava os vultos, aparições, supostas criaturas que perturbaram a toda noite e querendo ajudá-la SH dormiu ao lado da amiga pensando que seria apenas uma noite de sono, mas dessa vez os dois viram as criaturas.
— SH, eles estão aqui! Disse Maely cutucando o amigo. — Dorme May, que você esquece! — Não, olha eles vão me pegar! Mesmo não acreditando o rapaz se virou para o lado e por mais que não quisesse ver, ele enxergou um motivo horrível em corpo de homem puxando Maely, por um momento SH pensou que fosse um sonho mas após esfregar os olhos e ouvir os gritos da amiga, ele tentou ajudá-la, corajosamente.
— SH me ajuda, eles veio me levar! — Solta ela infeliz! Solta eu estou ordenando! Apesar de puxar com toda força, o monstro era tão forte que puxou a moça e o rapaz junto, após isso SH não viu mais nada, era como se estivesse desmaiado. A explicação para tudo isso não era a depressão de Maely, mas um plano bem arquitetado e cruel feito pelo falso doutor que com seus poderes tentaria enlouquecer os jovens em um outro mundo, um lugar desconhecido como se estivessem em suas próprias mentes. Essa era sua melhor maneira para enfim acuar e distrair seus inimigos, que não teriam oque fazer, nem ao menos sabiam se era um sonho ou realidade, pelo menos não daria pra provar. Quando os jovens abriram os olhos estavam em um lugar extremamente estranho, não existia parede, chão e nem teto, só se via a cor branca, tudo estava branco, isso tudo para confundi-los. Para servir a maldade o doutor era superinteligente, para ele era diversão, mas para SH e Maely era um pesadelo eterno, os jovens corriam mas não dava em nada, tudo continuava do mesmo jeito, não sabiam pra onde ir, se ficassem parados ou se corressem o resultado seria o mesmo, o desespero tomou conta do casal.
— Meu Deus, aonde estamos?! — Não sei May, será que é um sonho? Um pesadelo! — Se for sonho você não lembrará dos vultos que eu vi, e que me puxaram! Disse a garota sentada ao chão. — Eu lembro sim, e esse monstro deve nos trouxe até aqui! Mas oque é isso?! — Parece que estamos presos a uma caixa gigante! — Mas olha não tem paredes e nem teto! O rapaz corria pro lado e para o outro tentando tocar em algo, mas a parede que procurava não existia. — Não sei se estamos dormindo, mas se continuarmos aqui vamos enlouquecer! E tudo isso é culpa minha, eu devia ter tomado todo o veneno, pelo menos nenhum de nos estaríamos aqui! — Pare de se culpar May, se acalma, seja oque for vamos sair daqui! Após abraçar a amiga, SH andou para todos os lados mas não encontrava nada, era como se andasse em uma estera, não saia do lugar, a prova disso é que quanto mais corria Maely ficava na mesma distância que ele. O rapaz então começou a ficar nervoso, chutava o ar tentando atingir algo imaginário e gritava com toda sua força, tentando espantar o medo.
— Seja quem for que esteja nos prendendo apareça infeliz! Não seja covarde! Nenhuma resposta, nada além de um silêncio perturbante. — Faça oque tem que fazer logo!][
Se SH ficasse gritando o dia inteiro não adiantaria, só se ouvia o eco de sua voz, oque deixava os amigos mais nervosos. Enquanto os jovens choravam de raiva, o doutor se divertia curtindo as imagens em uma tela de mais ou menos setenta polegadas em seu quarto.
— Venha Harry, venha ver como os dois idiotas estão desesperados! Disse o doutor deitado em sua cama. — Isso é ótimo senhor, mas seria melhor destruí-los imediatamente! — E para que toda essa pressa homem? Não sabe que a pressa é a inimiga da perfeição? E eu sou perfeito, então deixe me divertir a vontade. Ouvindo a resposta Harry saiu do quarto, mas retornou com mais um chamado do doutor gritando seu nome.
— Harry?! — Oi senhor?! — É me traga uma pipoquinha doce e um copo de refrigerante! — Pode deixar mestre, volto já! O demônio se divertia a cada lágrima que saia dos olhos de Maely que sem ter oque fazer, chorava desesperadamente.
— May se acalma, não fica assim! SH abraçava a amiga a todo momento tentando acalmar, mas o nervosismo era maior.
— Como eu vou ficar calma SH? Como pode ser tão frio? — May me escuta, tenta se acalmar, uma hora isso tem que acabar! — Quando estivermos mortos? Disse a garota soluçando de tanto chorar. — Não sei, mas ficar nervoso não adiantará em nada, então segure a minha mão e fique calma! Obedecendo o amigo, Maely segurou a mão dele e ficaram agachados juntos um protegendo ao outro. Era uma agonia enorme passar horas sem ver nada, sem ouvir um barulho se quer, não podendo ao menos nem falar em um tom de voz alto, porque o eco causaria mais pânico e desespero quando entrasse em suas mentes. Querendo deixar a “melhor” parte para o outro dia, o doutor desligou sua televisão que estranhamente transmitia as imagens de suas vítimas, e foi dormir feliz como um passarinho que sai da gaiola. Para alívio dos dois jovens, eles conseguiram dormir, a sorte deles era que o doutor também estava dormindo, porque se não ele impediria que o casal estivesse pelo menos um segundo de paz. Acordando de seu sono pesado, Maely se levantou do chão e percebendo de que ainda estava no local, soube de que não se tratava de um sonho, desesperada chamou o amigo.
— Oque houve May? — Veja, nós acordamos e ainda estamos aqui, no mesmo lugar e na mesma situação! Disse a garota apontando para os lados. — E oque tem? — Isso quer dizer que não estamos em um sonho! O rapaz se sentou e começou a raciocinar oque a amiga dizia, e após pensar conseguiu encontrar um suposto culpado de tudo isso.
— Pode ser mas eu acho que sei quem esta por trás de tudo isso! — Quem SH? Perguntou a garota curiosa. O agente se aproximou da garota e falou ao ouvido dela em um tom de voz bem baixo a palavra “doutor”, fez isso porque desconfiava que estivesse sendo ouvido, e com toda razão. SH era muito inteligente e já se acostumando com tudo que ocorreu em sua vida depois da aparição do colar, não duvidava de mais nada, acreditando sim na possibilidade de o falso doutor controlar tudo aquilo.
— Será?! Mas como esse farsante poderia nos prender aqui? — Fale baixo May, não pode nos ouvir, vamos fingir que estamos calmos. Quem sabe acontece algo!
— Tá bom, você deve estar certo. Ansioso para continuar a se divertir com o sofrimento de suas vítimas, o doutor escovou os dentes correndo e pulou na cama ligando a TV, mas quando olhou se decepcionou pois não esperava ver as imagens que viu. Pensando que veria desespero ao contrário do sossego total dos jovens que estavam deitados fingindo dormir, o homem ficou furioso gritando loucamente, assustando todos seus funcionários que tremiam de medo.
— Porque esses infelizes estão dormindo?! Quem permitiu isso? Ouvindo a estéria do mestre Harry correu até o quarto dele, para descobrir o motivo daquele escândalo.
— Oque aconteceu mestre? — Como pode permitir que eles dormissem? Disse o homem apontando para a TV. — Mas senhor, não me mandou vigiar eles, não se lembra que desligou a tela? — Ah é mesmo, mas não se preocupe que eu vou resolver essa situação! O demônio cruzou os braços e fechou os olhos ficando em silêncio por um período de dez minutos oque deixou Harry ao seu lado intrigado, pois não entendeu absolutamente nada do que estava acontecendo. Após o período de suspense o homem arregalou os olhos e apertou as duas mãos para a tela como se estivesse jogando algo nela, assustado Harry ficou ao lado do seu senhor olhando para a tela ansioso para saber oque aconteceria. Ainda deitados, SH cochichou para a amiga que estava de costas fingindo dormir. —May, acho que devemos levantar, não estou mais aguentando ficar nessa posição.
— É melhor, minha costa já está doendo! Quando pensavam em se levantarem, os jovens se assustaram com o chão tremendo, como se fosse um terremoto, o impacto foi tão forte que o solo se partiu, quase levando Maely consigo, a sorte foi que o rapaz a segurou pela mão puxando-a de volta, com muito esforço.
— Segura May, não solta minha mão por nada! — Eu não vou conseguir, me deixa SH! Disse a garota olhando para baixo, onde só enxergava uma escuridão imensa que a assustava. — Não May, eu não vou sem você! O agente colocou toda sua forças nas duas mãos e puxou a amiga que caiu sobre ele ao lado do buraco. Passado o susto, Maely respirou fundo ainda sobre o amigo, quando ela percebeu a situação olhou para os olhos dele e ficou com vergonha por estar tão agarrada em seu amigo que a olhava assustado.
— May, poderia sair de cima de mim, está me machucando! — Ah desculpa! A garota ficou vermelha com a bronca do amigo porém feliz por mais uma vez ter sido salva por ele. Antes de poder agradecer, do mesmo buraco saiu um homem bem-vestido com um terno preto, escondendo sua face em um chapéu, vendo a aparição estranha em sua frente SH se afastou com a mão na barriga de Maely, fazendo a se afastar também.
— Oi senhor estão gostando da hospedagem?! Disse o homem com os braços cruzados. Oque causava pavor no casal não era só o homem mas o jeito dele, a voz muito grossa, e em vez de pisar no chão, ele levitava com uma facilidade extrema, era um fato sobrenatural que faria qualquer um perder a voz de tanto medo. — Não vão falar comigo? Oque eu fiz de mau a vocês? O homem misterioso sorriu ironicamente para os jovens, oque deixou o agente nervoso.
— Quem é você? Porque está nos prendendo aqui?! Disse o rapaz com a mão próxima de seu revólver. — Eu sou o mestre de vocês a partir de agora, e se juntarem ao meu exército poderei ter piedade de vós! — Quem você pensa que é? Não vou se aliar a ti, por acaso é o doutor?
— Como seu amiguinho é inteligente hein! Disse o homem olhando pra Maely que com medo se escondia atrás do amigo. — Oi?! Eu estou falando com você.. Quando tentou se aproximar da garota SH a protegeu ficando a sua frente, como se fosse um escudo.
— Não toque nela seu infeliz! — Oh, o amiguinho está querendo proteger a garotinha, que fofo! A ironia do homem deixava o policial cada vez mais nervoso, mas tentou ser frio para ver até que horas aquilo duraria.
— Quem é você? — Eu sou o seu mestre, o mestre desse planeta! O homem tirou o chapéu revelando sua identidade verdadeira.
— Sabia que você estava por trás disso, qual o motivo de nos prender aqui?! — Ei para de falar, eu não estou nem aí pra você, só quero essa menina aí! O doutor tentou se aproximar de Maely mas o rapaz não deixava, impedindo do jeito que era possível.
— Já disse que não vai tocar nela! Tira a gente daqui! — Me poupe dessa frescura, você é apenas um ser humano, mas não se preocupe não sou eu que vou matá-la! O homem se virou de costas e atravessou a parede que era invisível, SH até tentou impedilo mas não conseguiu tocar no demônio que sumiu. Muito assustada com tudo que estava ocorrendo Maely se agachou no chão e começou a chorar, gritando tristemente.
— Porque Deus, oque eu fiz pra passar por tudo isso? Me tira desse mundo, eu quero me matar! Percebendo o estado de sua amiga, SH correu a ela abraçando-a. — May, não fica assim. Nós vamos sair daqui! — Não SH, não vamos, somos fracos! O rapaz ficou nervoso pôr a amiga ter o chamado de fraco mais relevou.
— Você não é May, esta protegida por esse colar, e usando a força dele poderia mudar o mundo! — Mas eu não sei como usá-lo! — Não precisa ficar ansiosa, tenho certeza que esse poder já a protege de alguma forma! — Oque quer dizer com isso SH? — Quero dizer que enquanto estiver com ele, você será imortal! — Sim, isso eu sei, mas meu medo é que alguém o consiga tirar! SH não havia pensado na possibilidade de o colar ser tirado de Maely, na verdade as chances para isso acontecer eram quase inexistentes, pois nem o doutor saberia como. Mas pensava que prendendo a moça ali naquela espécie de prisão assassina poderia destruí-la.
— Eu acho que ele não vai conseguir May! — Como você sabe? Ele tem um poder superior, lembre que estamos batalhando contra um demônio! — Eu sei, mas se pudesse já teria tirado! — É pode ser, talvez esse seja o motivo de estarmos aqui! Passado alguns minutos a garota se acalmou sempre apertando a mão do amigo que a cada momento provava seu amor a protegendo com toda sua força e coragem. Mas quando tudo parecia “bem”, o pesadelo recomeçou, surpreendentemente manchas começaram a surgir na parede de frente com os jovens que por ser branca, uma sombra poderia assustar, mas a mancha era vermelha que se escorria na parede, intrigado SH foi conferir. —Não chegue perto SH, por favor, afinal não sabemos oque esperar!
— Nossa May!
— Oque SH? — Isso é sangue, sinto o cheiro! A moça com muito medo caminhou até o amigo e segurando amão dele observou a mancha estranha.
— É sangue! — Meu Deus, que horror, vamos nos afastar SH estou com muito medo! — Calma May, deixe eu tocar para ver! Quando o rapaz estendeu a mão para tocar a mancha, Maely o impediu dando um tapa.
— Ei! Que isso May! — Você está louco, não toca nisso por favor! — Mas May… — Não por favor, me escuta! Disse a garota fazendo uma expressão fofa como se fosse um gato. — Tá bom May, como sempre você venceu! A garota deu uma risadinha com sentido de vitória, mas quando SH virou a costa algo o puxou para trás o empurrando na parede.
— SH!! Me dê a mão! — Não May fica aí, se não você vai ser levada junto! O rapaz estava sendo puxado pela mancha de sangue que ia se esparramando pelo seu corpo o puxando para dentro da parede, Maely tentou impedir mas não conseguiu seria levada junto, e isso SH não queria.
— Segura na minha mão homem! Me obedeça! — May! Não dá mais, eu não consigo! —Tente!
— Não daaa… Quando tentou falar o sangue tampou a boca do rapaz o puxando. Sumindo na parede o sangue desapareceu também, oque deixou Maely muito assustada, agora estava sozinho, não sabia pra onde SH tinha sido levado, talvez estaria morto daqui alguns segundos, pensando nas possibilidades, a moça se desesperou. A garota começou a chutar as paredes invisíveis e procurar algum lugar para poder falar com o doutor, não encontrando, ela começou a implorar que não fizessem mal a seu amigo, mesmo que não estivesse sendo ouvida.
— Não sei se pode me ouvir, eu acho que sim, então por favor não faça nenhum mal ao SH, eu sei que o alvo sou eu, então deixe ele em paz! A súplica da garota não adiantou em nada, o doutor sorriu ironicamente deitado em sua cama.
— Eu sei que está me ouvindo então me responda! Mesmo se esperneando Maely só ouvia o eco de sua voz, e caindo ao chão de joelhos começou a chorar como se fosse uma criança. — Como sempre faz, porque é tao fraca?! Ajoelhada ao chão Maely caiu para trás quando ouviu uma voz suave a perguntando isso. Se levantando, a garota olhou e em sua frente estava um velho com um chapéu e um casaco preto, em sua mão tinha uma bengala, e sua roupa era toda preta, oque a deixou com mais medo. — Quem é você? — Eu sou o dono das suas ilusões! — Como assim? — Ai, além de ser fraca também é lerda! Disse o velho virando a costa para a garota. — Não vai embora, me explique! — Todas as ilusões, vultos e vozes que você ouvia são causados por mim, no esta reconhecendo a minha voz? — Agora que você falou sim, quer dizer que oque me atormentava se tratava de você?! — Sim, mas eu praticamente me tornei um amigo seu né, você não vive sem mim e eu
não vivo sem você! O velho soltou uma gargalhada sarcástica, o estranho era que quando ele falava a garota não ouvia nenhum eco, oque confirmaria que se tratava de um ser sobrenatural.
— Porque tem prazer em ver a minha dor? — Não se trata de prazer, é que você mesma é a culpada Maely, por ser fraca! — Eu não sou fraca! Você quer que eu acredite nisso, me induz ao suicídio mas eu não vou mas te obedecer! A garota lembrava dos conselhos de SH e tentava convencer aquele velho de deixá-la em paz, sabia que seu amigo só queria o seu bem e ficava feliz por ouvir dele que ela não era fraca, mas o velho insistia naquilo, reforçando seus pensamentos de que era fraca, de que não tinha forças para lutar e muito menos para mudar de situação.
— Você é tão fraca que acredita nos elogios do seu amiguinho. Não percebe que ele só faz isso porque tem dó de você? Disse o velho se agachando ao lado da moça que se afastou um pouco com medo. — Não tente me deixar contra SH, eu sei que isso é uma artimanha sua. Está tentando me manipular! — Será que sou eu mesmo que quero te manipular? Porque confia tanto nesse seu amigo? — Porque ele me ama, e eu confio muito nele! Maely estava sentada ao chão olhando firmemente para o rosto do homem, mas não conseguia ver nada pois ele usava o chapéu escondendo os olhos, e quando falava não levantava a cabeça. Mas pelo pouco que viu como a boca e o queixo já era o bastante para amedrontá-la, parecia que tinha sido queimado, estava com a pele toda mal tratada.
— Será que ele te ama mesmo? — Lógico, ele não mente pra mim! — Maely você é uma fraca mesmo, não acredita no amor dele, e fica mentindo. Nem ao menos você nele! A garota ficou sem palavras, pois infelizmente o velho estava certo, ela não acreditava que SH a amava de verdade.
— O silêncio é a melhor resposta, você é uma fraca não aguenta nem olhar pra si mesma! Olhe oque você é, veja ao seu redor, quem esta te apoiando agora? As paredes que estavam invisíveis se transformaram em quatro espelhos que em vês de mostrar seu reflexo, refletia imagens da garota em momentos de fraquezas, um deles estava ela no chão usando droga, no outro mostrava ela bebendo e chorando, e nos outros mostrava ela se mutilando. Era um choque de realidade, aquelas imagens estava a envergonhando, e quando se levantou tentando se afastar de tudo aquilo se assustou com a face do homem, um rosto horrível com os olhos vermelhos e careca com as orelhas pontiagudas, era um ser horroroso, não só pela fisionomia mas pela maldade que carregava em seu coração.
— Olha pra tudo que você faz! Eu só ajudo a se afundar mais ainda, meu prazer é sua dor, seu sofrimento todas as pessoas fracas iguais a você é acompanhada de um mestre da ilusão, e eu sou o seu mestre! — Não!! Eu não vou mais te ouvir!! A jovem tentava não ouvi-lo tampando os ouvidos, mas chorava muito e quando menos esperava foi empurrada pela bengala do homem, um empurrão fortíssimo que derrubou a moça ao chão batendo a boca. Sangrando muito, Maely chorava no chão não só de dor mas de medo, o velho era muito cruel, após derrubá-la pego-a pelo cabelo e levantando grosseiramente começou a dar socos em sua barriga a deixando sem fôlego.
— Quem você pensa que é? Como pode acreditar que poderia mudar o mundo, se nem ao menos consegue mudar sua situação! A garota não aguentava falar, gritava muito por causa de ser segurada pelos cabelos, enquanto ela sofria o velho sorria, feliz com tudo oque fazia.
— Sua fraca! Não merece ser morta por mim! O homem jogou Maely no chão novamente e batendo sua bengala duas vezes desapareceu, junto com as imagens dos espelhos. Maely sangrava muito, não conseguia nem gritar, com muito esforço foi se levantando e intrigada com oque viu correu aos espelhos para ver sua imagem, mas apenas a viu mesmo bem diferente de quando o velho mostrou. Mesmo sangrando e com muita dor, Maely só pensava no amigo, se preocupava demais com ele, pois diferente dela SH não era imortal, Maely também não, mas enquanto usasse o colar ninguém a destruiria. E crendo nesse poder, começou a fazer a mesma prece de sempre ao seu anjo, só que dessa vez ele não veio, oque a deixou apavorada.
— Anjo? Não me abandone, cadê você?! Um barulho estranho fez ela se virar para trás, nisso Maely viu seu anjo sendo segurado por três outros anjos com assas negras, tudo isso refletido pelo espelho, assustada a garota tentou de alguma forma ajudar, mas só conseguiu tocar o vidro mais nada adiantou, era como se tentasse pegar uma cena em uma televisão.
— Soltem ele, deixe meu anjo em paz! Mesmo dando socos no vidro, não resultava em nada, para piorar a imagem desapareceu do espelho deixando Maely confusa. Quando o silêncio tomava conta do local novamente os quatro espelhos se quebraram voando cacos para todos os lados, Maely se protegeu como pode pra não se ferir, e estranhamente de dentro dos espelhos saiu os anjos com asas negras e com espadas em suas mãos como se fossem samurais. Estavam vestidos com túnicas negras que cobria da cintura para baixo e nos pés calçavam sandálias romanas de puro couro, e com os olhos firmes batiam suas asas em um barulho apavorante de penas se colidindo.
— Quem são vocês? — Somos os anjos da morte! Disse um deles com o cabelo encaracolado bem comprido. — Anjos da morte? — Sim, você não pedia tanto a morte, viemos vos mostrar ela! Disse o outro anjo atrás da garota. Acuada, Maely se virava toda hora a cada vez que alguns deles falava, aquele barulho de asas batendo já estava a perturbando. E percebendo que não viria coisas boas julgando pela apresentação das criaturas, Maely segurou seu colar esperando o pior acontecer, já não aguentava mais aquela tortura.
— Façam logo oque devem fazer, afinal eu sou uma fraca! A garota estendeu as duas mãos, para um dos anjos pensando que seria presa, oque gerou gargalhadas de todos, zombando dela.
— Do que estão rindo?! — Você pensa que vamos ter matar assim?! Não, você terá que conhecer a nosso mestre antes, aí depois sim! — Mas quem é a seu mestre? Me leva a ela imediatamente! Maely deu ordem ao ser, como se fosse uma rainha se dirigindo ao seu servo, tinha feito isso por impulso pois estava com muito medo mas o homem não quis saber e deu um tapa em seu rosto que fez a cair ao chão. Após o ato de violência o mesmo que agrediu pegou a garota pelo braço e a levantou. Quando todos levantaram voou com suas asas, ultrapassaram a parede com facilidade, junto com eles foi Maely que segurado pelo homem fechou os olhos com medo de se machucar quando colidisse com a parede. Quando abriu os olhos, Maely já estava em outro lugar, que era desconhecido se assemelhando a um deserto, só que em vez de areia havia terra, e em vez de luz o local era completado por uma imensa escuridão sem poder enxergar quase nada, nem ao menos o solo que pisava. Por causa disso um dos anjos entregou a moça uma lanterna, eles não precisavam pois andavam tranquilamente sem esbarrar em nada. Intrigada a garota perguntou aos seres, após ligar alanterna e se repreendendo mais ainda com o
lugar que era totalmente solitário.
— Aonde estou? Porque me trouxeram até aqui?! Disse garota colocando a luz da lanterna em direção ao anjo mais próximo que se protegeu de imediato se escondendo em suas asas. Maely estranhou a reação de todos após ter ligado a luz, parecia vampiros tentando se esconder do sol.
— Aponte isso daí para outra direção, se não quiser morrer! Assustada com a ameaça, Maely colocou a lanterna ligada presa em sua calça jeans não deixando iluminá-los.
— Me desculpe, mas porque não gostam de luz?! — Não está vendo que somos das trevas! Disse um deles levitando em frente a moça. — Quer dizer que são tipo anjos das trevas?! Deduziu Maely — Exatamente, e você é nossa prisioneira! — Oque vão fazer comigo? — Não lhe interessa, e não quarto que fique fazendo mais perguntas, pois estou muito nervoso por ter colocado aquela luz em meu rosto, então fique quietinha! Com medo da ameaça Maely se inquietou com a lanterna na mão apontada para o chão, pra evitar confusão, os anjos colocaram a moça na frente evitando assim que fossem atingidos pela luz. Maely se segurava pra não fazer mais perguntas, a ideia de atingi-los com a luz de propósito passou por sua mente mas se conseguisse se livrar deles, não saberia como sair daquele lugar horrível e, com certeza, seria pega por eles, então logo desistiu da tentativa de fuga. Após andarem muito, o grupo chegou a um caminho cheio de obstáculos como pedras e galhos de árvores caídos com estranhos espinhos afiados, dentre esses espinhos um deles cortou a blusa de Maely que foi salvo pelo anjo a livrando de ser ferida. Intrigada com o ocorrido a garota fez uma pergunta se esquecendo da ameaça do homem. —Porque impediu que eu me ferisse?! Surpreendido com a pergunta da garota, o anjo foi mais ignorante possível.
— Não sabe agradecer?! Pensa que sou obrigado a te ajudar e aguentar suas frescuras de garota mimada? — Me desculpe, obrigado por me ajudar, mas responda a minha pergunta seu grosso! Maely sabia que corria um sério risco falando daquele jeito com o homem mas deixou o medo de lado e foi ousada. — Você nem imagina oque aconteceria se aquele espeto encostasse em sua pele! - Oque aconteceria além de me cortar? — Veja menina esse tronco tem espetos já com o objetivo de proteger a árvore! — Protegê-la do que? Disse Maely confusa. — Dos homens ambiciosos que tentam derrubá-las para serventia deles mesmo! Não entendendo muito bem oque o homem dizia, Maely insistiu nas perguntas. — Como assim, alguém já veio aqui além de mim? — Muitas pessoas! — Muitas pessoas? Não pode ser. O anjo ia continuar a explicar sendo muito atencioso com a garota, mas seus colegas o interromperam rapidamente.
— Crazy você já falou demais, agora vamos continuar a caminhar! — Não espera, por que ele não pode me contar o resto?! — Porque eu não quero, você já falou demais meninas, pensa que somos seus servos para ficar tirando todas suas dúvidas? Chateada por não poder saber do resto da história, Maely tentou não sentir mais medo pois não podia ficar recebendo ordens daquelas criaturas que mal conhecia. —Pra onde estamos indo?
— Nossa, mas você ainda está falando! Disse o anjo nervoso.
— Eu só quero saber pra onde estão me levando! — Quando chegarmos lá, saberá! Phili era o anjo mais nervoso de todo o grupo, apesar de Crazy ter agredido Maely e também a ameaçado, ele parecia estar arrependido tentando a ajudar de todas as formas possíveis. Já o outro anjo que se chamava Miguel não havia feito nada ainda com a garota, mas sempre a olhava com uma expressão de raiva, apesar de ter um rosto bonito com os cabelos loiros e longos, o homem não deixava escapar nenhum sorriso se quer. Maely não tinha conseguido ver todas as características dos homens até por causa da escuridão mas o pouco que via já dava pra se assustar. Após andarem muito passando por caminhos estranhos cheios de galhos no chão e um rio ao lado, os anjos chegaram aonde queriam.
— Chegamos, há tantos anos que não venho aqui! Também a mestre só me da missão para eu ficar no portal recebendo as pessoas! Phili reclamava com seus colegas na frente do local, enquanto Maely olhava para eles sem entender nada, se perguntasse não responderiam então ficou quieta, apenas esperando algo acontecer.
— Bom chegou sua hora menina! Assustada com oque viu pela frente, ela se afastou devagar para não perceberem.
— Eu não vou entrar aí não! — Como assim? Você não tem escolha entre logo! O anjo tentou a empurrar mas Maely teimava em ficar, estava com muito medo do que poderia acontecer, suas pernas já estavam bambas.
— Não vai entrar por bem, então entre por mal!! Sem piedade nenhuma, Phili empurrou a moça no portal com uma força extrema que assustou até seus colegas que por impulso tentaram ajudá-la mas já era tarde, Maely havia entrado no portal.
CAPÍTULO 8- “A solução dos meus problemas não é a morte”. Se levantando da queda Maely se encontrava em um lugar extremamente estranho e assustador, estava em uma grande sala com muitas pessoas sentadas em bancos, todos com olhares divididos e a uma pessoa, essa pessoa estava vestida em um capuz preto que não conseguia identificá-la de forma alguma. Maely pensou em voltar para trás mas um homem vestido com um terno preto a impediu exigindo que voltasse a se sentar na última fileira de bancos, aonde estava lotado restando apenas o lugar indicado que supostamente seria para ela. O comportamento das pessoas eram iguais, pareciam robôs, não fechavam os olhos por nada, o mais estranho era que não havia pupila e nem íris nos olhos, o branco dominava o órgão oque só assustava cada vez mais a garota. A cada cinco minutos o painel tocava, mostrando uma senha, só que em vês de números comuns, eram números romanos com uma letra em minúsculo no final, e nisso uma pessoa se levantava indo até o ser misterioso de capuz, após falar alguma coisa que não dava para ouvir o anjo com asas negras pegava um carimbo em uma imensa mesa e carimbava no peito da pessoa. Maely não conseguia ver do que se tratava o carimbo mas enxergava que todos iam para uma porta dourada. O lugar se assemelhava a um julgamento, foi aí que Maely reconheceu o anjo que estava ao lado do sujeito de capuz, era Crazy um dos anjos das trevas que a agrediu, aos poucos deduziu que a senhora Morte seria a pessoa de capuz, oque só a deixou apavorada. Sua senha era XXIm, quando foi chamada pelo painel Maely caminhou devagar com as pernas bambas, só havia restado ela na sala oque a deixou com mais medo.
— Não precisa tremer tanto menina aqui é quente! Zombou o homem. — Essa é a menina que você falou Crazy?! Disse o de capuz. — Sim senhora, ela quis tanto te conhecer que agora está aqui! Maely não entendia oque o homem tinha dito, pois nunca pensou em conhecer aquela criatura horrenda que mau conhecia. —Nossa, não está mentindo para mim né Crazy?
— Claro que não senhora! Percebendo que a suposta mulher não gostava de mentiras Maely tentou colocá-la contra ele.
— Mentiu sim senhora, me desculpe eu não a conheço mas não me lembro de ter pedido para vir conhecer a senhora! A criatura olhou firmemente para a garota que por causa do capuz só conseguiu enxergar os olhos que estranhamente eram lindos parecendo estar maquiados.
— Isso é verdade Crazy? — Claro que não, é que ela não entendeu ainda oque esta acontecendo, é por isso que diz essas besteiras! — Hum, então conte para ela quem eu sou! Assustada com oque a mulher falou, Maely logo o interrompeu.
— Quem é a senhora? Ouvindo a pergunta, a de capuz caminhou ate a moça que deu dois passos para trás.
— Lembra quando você tentava se matar e não conseguia?! Maely confirmou balançando a cabeça. — Então eu sou oque tanto desejava, eu sou a Morte! Quando disse isso, Maely começou a gritar e no instinto saiu correndo, procurando alguma saída mas não havia nenhuma.
— Não adianta fugir, afinal eu não mato! Disse a mulher sendo irônica.
Um pouco mais calma a garota caminhou lentamente indo até a mulher com muito medo ainda, segurava seu colar para tentar se acalmar mas não conseguia. —Oque a senhora pretende fazer comigo?
— Se acalma menina, nem ao menos me conhece direito, antes terá que admirar minha beleza! A jovem percebendo que a mulher estava tirando o capuz, se afastou pensando em ver a face de um monstro. Mas não foi oque viu, ao contrário a identidade verdadeira da mulher era magnífica, um rosto redondo com cabelos ruivos e cacheados, compridos indo até o peito. Os olhos eram verdes e a pele branca como a neve, o medo de Maely se substituiu pela admiração na beleza da mulher que dizia ser a tão temida Morte.
— Você não pode ser a morte! — E porque não? — Por que é muito linda! Ouvindo o elogio da garota, a mulher gargalhou se segurando na mesa.
— Oque pensou que eu seria? — Sei lá, pensei que era feia, cheio de rugas e com orelhas estranhas porque a morte é uma coisa ruim não é?! A mulher já estava rindo e quando ouviu oque a garota disse, aí que gargalhou junto ao anjo. Nervosa pela gozação, Maely tentou interromper toda aquela euforia.
— Do que estão rindo? Oque eu disse de engraçado? — Ai não dá para falar! A mulher colocou a mão na barriga não aguentando de tanto rir.
— Eu vou lhe explicar. — Então fala logo! Se recuperando das gargalhadas Crazy arrumou os cabelos com as mãos e começou a falar.
— É que você disse que a morte não é uma coisa boa, aí lembramos de quando você ficava se lamentando e falando para seu amigo que a morte seria a melhor coisa a acontecer, seria a solução dos seus problemas, e gora você fala isso! Não querendo dar atenção ao deboche que sofria, Maely se calou sentando ao banco, olhava pro nada apenas pensando na lembrança que contradizia suas palavras, era como um tapa na cara, doendo a todo estante que lembrava. O pior era que agora Maely sabia que a morte não era uma coisa boa, a morte era apenas a única certeza que todos nós poderíamos ter e dependendo de nossas atitudes ela poderia ser boa ou não. Naquele momento em que estava parada ouvindo os deboches de seu amigo, de tantas e tantas vezes que ele a salvou, agora podia saber que a depressão não a derrubaria e que o suicídio seria a pior burrice que teria feito de tudo oque fez em seu pouco tempo de vida.
— Já chega! Façam oque quiser comigo mas parem com isso por favor! A mulher logo cessou o deboche se aproximando da garota. — Levanta! Maely obedeceu. — Você não vai morrer! — Não? — Pelo menos pelas minhas mãos não, mas tera que voltar sozinha sem ajuda de ninguém, se conseguir encontrar o portal, seja feliz! Maely estava desesperada pois não saberia voltar e muito menos encontrar o portal, era impossível sair dali sozinha.
— Mas eu não vou conseguir! — Isso daí é problema seu, agradeça por eu não te matar! Não havendo jeito, a garota saiu da sala com as portas se abrindo sozinhas, quando atravessou voltou a ficar na escuridão sozinha. Percebendo que a garota já havia saído, a morte deu algumas instruções para Crazy que
ao seu lado prestava total atenção.
— Crazy, faça tudo que eu mandar! — Sim senhora, pode falar. — Avise ao Phili e ao Miguel para caçarem essa menina, façam de tudo para eliminála, eu quero a cabeça dela nas minhas mãos, entendeu? — Sim senhora, mas acha mesmo certo que a morte dela resultará em alguma coisa? O anjo não havia pensado na pergunta que fez a mulher, pois oque ela mais odiava era que duvidassem de que suas ideias dessem certo. E claro que Crazy não tinha perguntado por mal, só estava inseguro e se sentido desconfortável por ter que matar Maely. — Por acaso esta tentando me dizer oque devo ou não fazer? — Não senhora, não seria capaz disso! — Mas foi oque pareceu! Disse a mulher com as mãos na cintura. — Me desculpe senhora, prometo que não faço mais! — Eu lhe desculpo quando cumprir minhas ordens e trazer a cabeça daquela idiota logo! — Está bem senhora, não vou lhe decepcionar! Quando disse isso, o anjo bateu asas e voou saindo da sala a caça de Maely que não suspeitava de nada. Ainda com sua lanterna carregada por supostas pilhas, Maely tentava se livrar o máximo possível dos obstáculos que surgiam em seu caminho, principalmente dos espinhos venenosos de troncos que apesar de serem gigantes, pareciam ser invisíveis naquela escuridão. Se ao menos a garota soubesse o porque de não encostar nos espinhos, Crazy até tentou lhe explicar mas foi impedido pelos colegas, claro que a razão de Phili ter impedido que o amigo contasse a menina o porque de não poder se encostar nos espinhos não era atoa, ele queria que ela se ferisse. Mas oque a deixava intrigada é que não entendia a razão de Crazy ter a ajudado, talvez ele quisesse ajudála, Maely não sabia, mas não podia confiar em nenhum deles, tinha que sair dali o mais rápido possível. Então caminhou, mas caminhou muito até que se sentou a uma pedra não aguentando mais de tanto cansaço.
— Oh Deus, me ajuda, como vou sair daqui? A garota segurava o colar na mão desesperada olhando para o céu que não tinha estrelas para eliminá-lo.
— Se ao menos pudesse falar com meu anjo, mas pelo jeito ele também está preso. Mas que força é essa que controla tudo? — É a força mais poderosa de todo planeta!! Disse uma voz grossa atrás da moça. Quando ouvia a voz, Maely olhou para trás assustada, era Miguel com uma espada de samurai apontada para ela, oque a fez se levantar rapidamente. —Quem é você? E oque fará?
— Vou te matar, com apenas um golpe para não ter muito sofrimento, e não tente fugir porque de todo jeito vou lhe alcançar. Maely não tinha oque fazer estava acuda e muito cansada para correr, o jeito foi recorrer ao seu colar, tremendo muito, vendo a ação da vítima Miguel começou a rir.
— Como pode ser tão tola? Esse colar não tem poder suficiente para lhe tirar daqui! A garota não quis acreditar no que o homem falava, mas sabia que poderia ser a verdade pois não conseguia se comunicar com seu anjo protetor, por precaução ela ficou observando as mãos do anjo para não receber nenhum golpe.
— Se for tão corajoso me mate imediatamente! — Não duvide de mim menina, sabe que não pode lutar comigo! — Você não tem coragem, seu covarde, só presta para receber ordens e nem tem capacidade de cumpri-las! Maely sabia do risco que corria naquele momento por ter enfezado o homem, mas já não aguentava mais ter que abaixar a cabeça para aquelas criaturas.
Claro que Miguel ficou furioso, nisso levantou a espada para golpeá-la, mas foi aí que a garota teve um ótima ideia, pegou a lanterna de seu bolso e a direcionou para o rosto do homem que caiu ao mesmo tempo, deixando a espada de lado tentando se cobrir com as asas. Se aproveitando da situação Maely correu, mas o homem logo a perseguiu mais furioso.
— Volta aqui sua infeliz! — Meu olho esta ardendo por sua culpa, eu vou te matar!! Os gritos da criatura eram tão altos que morcegos voavam para todos os lados assustados. Entrando em uma floresta totalmente assustadora, Maely movimentava sua lanterna para todos os lados verificando se tinha algo de estranho a observando, de tão tensa que estava que se assustou com morcegos que voaram sobre sua cabeça, pensando ser barulhos de asas dos anjos que estavam a perseguindo. Com cansaço falando mais alto novamente, a garota se sentou ao chão conversando sozinha com seu colar.
— Se é tão poderoso porque não me ajuda? Eu preciso sair daqui, me ajude a encontrar o caminho e me livre de todo mal que possam me fazer! Após dizer isso, Maely beijou a joia dando um sorriso. Sozinha naquela floresta, ela não deixava de pensar em SH, onde e como ele estava, tudo isso por culpa dela, mas era preciso fazer isso, talvez seria provações, o melhor a fazer agora era enfrentar tudo que viesse pela frente. Quando estava um pouco mais calma, Maely ouvia um barulho estranho, como se fosse um animal, a garota não se preocupou afinal estava em uma floresta e por mais estranha que fosse, era normal ter animais. Mas por causa da resistência do ruído que aumentava a cada momento, ela começou a procurar de onde vinha aquilo, só que teria que ter cautela para não tocar em espinhos que o anjo havia falado, depois de procurar muito, Maely não encontrou nada, nisso voltou para onde estava foi aí que se surpreendeu com um monstro gigantesco em sua frente, com imensos espinhos em sua costa rosnando como um leão. Sem ter oque fazer e para onde correr, a jovem colocou a luz sobre o monstro que diferente dos anjos não se afastou, percebendo que a criatura estava com os olhos fechados, sendo assim não veria a luz, Maely colocou a lanterna no chão iluminando o local, e no ato sem pensar começou a jogar pedras nos olhos do monstro para tentar que ele abrisse os olhos.
— Vamos, olha para mim, não seja covarde! As provocações da moça não adiantavam em nada, o monstro ficava cada vez mais furioso caminhando lentamente com suas patas gigantescas em direção a ela.
— Abra os olhos, oque você é um monstro ou um porquinho?!! Maely não sabia que o monstro se tratava de um porco espinho gigante com diversos espinhos em sua costa, e quando menos esperava a criatura e virou lançando os espinhos sobre ela, percebendo que seria atingida a garota se abaixou no chão torcendo pra que nenhum deles a atingisse. Para sua sorte todos voaram sobre sua cabeça atingindo troncos de árvores que caíram na hora por causa do impacto, assustada com oque viu a garota procurou algo pra poder se defender, mas não havia nada, mesmo de olhos fechados o bicho parecia a perseguir com o faro. Mesmo correndo um grande risco, Maely deu as costas para a fera e começou a correr, mas foi atingida pela pata do bicho a jogando sobre uma árvore batendo as costas no tronco. Caída ao chão, a garota sentia muita dor, até pensou que tinha quebrado alguma costela, não conseguia se mover chorando muito de dor e medo. O monstro sem piedade estava pronto para esmagá-la com sua imensa pata, Maely tentava se arrastar mas não conseguia, por mais que tentasse era impossível escapar, nisso segurou o colar e começou a gritar com sua voz já rouca por causa da sede que sentia a dois dias, sem beber um pingo de água.
— Se essa for a minha hora de morrer que seja, mas se não for me livre daqui agora!
O porco vou para longe como se fosse jogado por alguém, esse alguém era o poder do colar que brilhou intensamente. Percebendo que havia se livrado do monstro, Maely respirou fundo, aliviada beijando o colar como forma de agradecimento. Não abusando da sorte, ela se levantou ainda com muitas dores na costa e pegou sua lanterna seguindo em frente pelo caminho desconhecido, depois de caminhar muito e não ter nenhum resultado, Maely já estava desistindo quando se surpreendeu com Crazy que se sentou ao seu lado em um tronco.
— Como me encontrou? — Vire essa luz para o chão menina, quem sabe assim posso lhe responder! Disse o anjo se protegendo com sua asa. Após tirar a lanterna de perto do homem, ela se levantou com medo de que ele a machucasse.
— Senta aí menina, eu não vou lhe fazer nada! — Como vou saber?! Duvidou Maely olhando para o anjo só conseguindo enxergar o brilho da espada na bainha. — Se você sentar ao meu lado saberá! Com receio a garota caminhou até o homem e enfim se sentou, ela na ponta do tronco e ele na outra.
— Oque veio fazer então? Porque está me seguindo? — Eu vim até aqui para te avisar. — Sobre?! — Eu não devia fazer isso, mas já me cansei de viver nessa escuridão, não sou um anjo que mereça isso, mereço o paraíso! Maely não entendia sobre oque o anjo falava mas não estava se importando também, só queria que ele respondesse a pergunta dela.
— Eu não quero saber, me responda oque quer me avisar? — Você deveria me tratar um pouco melhor, e ser ao menos grata! — Grata? Porque deveria ser, você é um dos culpados de eu estar aqui! Disse a moça apontando o dedo para Crazy. — Você está enfrentando oque queria, sempre desejou a morte, então se você estivesse falecido quando tomasse aquele veneno do meso jeito poderia estar aqui! — Quer dizer que se eu morrer, venho parar aqui? Então esse vai ser meu fim? — Depende de suas atitudes, se continuar querendo a morte e tentando se matar poderá voltar aqui. Maely estava assustada com oque o anjo havia lhe dito, na verdade ele estava mentindo, ela só estava ali por causa do destino que o colar havia cravado para ela, mas ele precisava a assustar para ajudá-la a não fracassar mais.
— Mas se eu conseguir sair daqui, não serei mais uma fraca, vou mudar, me tornar uma outra pessoa! — Nem faça planos, infelizmente tenho que te avisar que Phili e Miguel estão a sua caça, ordenados pela senhora Morte! — Eles são aqueles anjos que estavam ao seu lado? — Sim, e eu também recebi ordens para matá-la. Na verdade quem a encontrasse primeiro, mas oque importa para a senhora Morte é que tragam a sua cabeça. Sabendo do risco que corria, Maely se levantou bruscamente esquecendo a dor na costa e se afastou do homem.
— Ei não pense que vou te matar, não seja tão tola! — Ah não imagina, então oque veio fazer aqui? Me abraçar? Disse a garota ironizando o homem. — Se quiser eu abraço. — Não toque em mim! Maely estava muito nervosa, passava a mão no cabelo a todo momento olhando para o homem que não saia do lugar.
— Você acha que eu seria capaz de te matar, e teria vindo até aqui para lhe avisar que sua cabeça está em jogo? Maely sabia que seu pensamento não tinha sentido, mas ela não conseguia confiar no homem, oque a deixou sem resposta. —Acha mesmo que seria capaz de me arriscar assim só para enganá-la? Eu estou traindo a meu mestre para te livrar, porque sei que você poderá curar o mundo de todo esse mal!
— Não consigo acreditar em você, eu até queria mas não consigo! Disse Maely com as mãos na cintura. —E porque não consegue?
— Oque você ganharia me ajudando? — Eu me livraria daqui talvez, não aguento mais isso, enquanto outros anjos estão na glória eu estou nas trevas apenas servindo para o mal! Mesmo estando escuro, a jovem conseguia ver a sombra do anjo na luz de sua lanterna que estava no chão.
— Mas mesmo se conseguirmos sair daqui, logo seu mestre saberá que você me ajudou e assim te acusaram de traição, e provavelmente ela irá te castigar. E aí oque vai fazer para que ela não te encontre? — Eu não sei talvez me aliar aos anjos do bem, eles também são poderosos. — Será que vão te aceitar, pois não confiaram em ter um anjo das trevas ao lado deles? — Não custa tentar, só não posso passar o resto da minha vida aqui! O anjo se levantou e começou a passar a mão em suas asas arrumando-a, impaciente por ter que esperar a resposta da jovem, não podia ficar naquele lugar por muito tempo se não seriam encontrados, o tempo era seu inimigo naquele momento, mas Maely tinha que pensar muito na atitude que tomaria, nisso ela começou a colocar na balança oque mais seria favorável a ela. Sabia que se procurasse o portal sozinha, demoraria muito para encontrar, talvez nem encontraria pois Miguel e Phili estavam a sua caça, a única saída seria confiar em Crazy, mas o problema é que não conseguia, até tentava mas era impossível pra ela.
— Já me decidi! Crazy se levantou ansioso para saber a resposta da moça. — E oque decidiu? — Eu vou seguir sozinha mesmo, sei que vai demorar para encontrar o portal mas vou tentar! Surpreso com a decisão da jovem, Crazy se desesperou. — Mas você não vai conseguir, terá que aceitar a minha companhia! — Não, eu já disse, vou sozinha! O anjo estava decepcionado com a decisão de Maely, queria muito sair dali, pois não aguentava mais aquele pesadelo.
— Mas se quiser me ajudar, me fale aonde se encontra esse portal? Crazy não conseguia convencer a garota que estava dizendo mesmo a verdade, mas não podia responder a pergunta dela pois também não concordava que ela fosse sozinha, oque a deixou irritada. —Vamos fale logo! Não quer me ajudar, então fale, onde fica o portal?
— Não fale nada Crazy, se não quiser que eu conte para mestre sobre sua traição! Surpreendido com a voz, Maely e Crazy olharam procurando saber do que se tratava, logo o anjo viu seu colega Miguel com a mão na bainha. Não conseguindo enxergar do que se tratava Maely indagou o homem. —Quem é?
— É o Miguel, se afaste daí menina Obedecendo o anjo, a garota se afastou pegando sua lanterna do chão, com medo do que poderia acontecer. — E aí Crazy, você que sabe, ajude ela e traia a nosso mestre, mas pense que poderá ser lembrado pela sua inconfidência, em vês de glória! Crazy estava parado em frente ao colega, como se fosse uma estátua, não era medo das
ameaças de Miguel, mas pensava no que fazer, qual decisão tomar, ajudar Maely ou entregá-la? Qual seria o melhor para ele, o anjo estava muito confuso.
— Vamos Crazy, por acaso a luz cortou suas asas? — Eu estava pensando e já sei oque devo fazer Miguel, não tenho que obedecer a ninguém! — Como assim? Devemos sempre seguir as ordens do mestre! Maely não conseguia entender, tinha muito medo de que tudo fosse uma armadilha para ela, mas se fosse para Crazy ter o matado já teria feito isso, a muito tempo, o jeito era torcer pra que não mudasse de ideia.
— É claro Miguel que não trairia meu mestre, só estava enganando essa idiota! — Oque? Maely estava surpreendida, não esperava aquela traição. — Isso mesmo que você ouviu menina, pensou que eu ia me arriscar daquele jeito por sua causa? Nunca! A jovem estava decepcionada com o anjo, por um momento ela tinha acreditado nele, mas parecia que tinha sido enganada mais uma vez. —Mas como pode mentir para mim, você me prometeu que ia me ajudar, afinal eu preciso curar o mundo! Sendo irônico como todos, Miguel começou a gargalhar, zombando da jovem. —Nossa, não faz eu rir garota, como pode pensar que vai curar o mundo?
— Eu tenho tudo que preciso, o poder desse colar é uma alma boa, o resto é resto! O anjo se aproximou da moça, mesmo com a lanterna direcionada a ele, não o impediu, pois estava com os olhos fechados. —Acha mesmo que pode curar o mundo?
— Sim e já aviso que não tenho medo de ninguém! O anjo se aproximou mais ainda da garota, que ficou firme o encarando. Preocupado com que algo acontecesse, Crazy ficou ao lado de Maely olhando atentamente para os dois. —Bom, é difícil de isso acontecer, porém por ordens do meu mestre você não vai sair viva daqui, preciso de sua cabeça! Eu mato ou deixo essa honra para você Crazy? A jovem olhava para Crazy, já esperando algo de mau acontecer, com medo do que aconteceria, ela segurou o colar tentando se acalmar. —Deixa que eu mato!! Quero levar essa honra para o meu caixão! Miguel estava entusiasmado, rindo sarcasticamente da garota que se segurava para não chorar, só esperando a tão temida hora da morte. Calmamente Crazy tirou a espada da bainha e sem pensar deu um golpe perfeito como se cortasse uma melancia, foi o mesmo barulho quando o pedaço caiu ao chão. Afinal ele era um dos melhores anjos que manuseavam armas nas trevas, era muito temido por isso.
- Pode abrir os olhos menina, você não perdeu a cabeça! Surpreendentemente Crazy havia golpeado Miguel, em apenas um golpe o matou, quando abriu os olhos a garota viu o sangue em seus pés e por um momento pensou ser dela, mas foi aí que enxergou o anjo morto com os olhos arregalados a sua frente.
— Porque você fez isso? — Era o certo a fazer, achou mesmo que seria capaz de entregá-la? Não sei se vai aceitar a minha companhia, mas mesmo se negar eu lhe ensino o caminho mais tranquilo para se chegar ao portal! — Eu quero que você vá junto, para me proteger, afinal você não merece ficar aqui nesse mundo da escuridão! Quando menos esperava, Maely abraçou o homem que timidamente aceitou o abraço. Crazy nunca havia recebido um abraço após a morte de sua mãe, coisa que já fazia mais de trinta anos, oque fez lágrimas saírem de seus olhos.
— Está chorando? — Não que isso, vamos sair daqui logo antes que nos encontre aqui!
— Ei, não finja, porque esta chorando? Maely era insistente, oque deixava qualquer um nervoso. — Já disse que não é nada menina. E se tornar a perguntar, não te acompanho até o portal! — Tá bom então, me desculpe. O homem foi a frente da jovem voando, Maely olhava para cima tentando enxergar ele, mas era impossível estava muito escuro, nisso ela reclamou.
— Ei, eu não consigo te seguir, está muito escuro! — Lógico que está escuro, estamos nas trevas né! — Eu sei, mas como vou te seguir, vou acabar, me perdendo, não tem como você andar? Disse Maely parada olhando para o alto. —Mas não estou acostumado a andar, me cansa muito.
— Por favor é por mim! — Eu não acho uma boa ideia, vou ficar muito desgastado. — Então me ensina o caminho, eu vou sozinha mesmo afinal já estou né! A moça sabia fazer chantagem emocional, até quem não era acostumado a ter amor no coração se convencia de que devia ouvi-la, e nervoso por ter que aceitar os pedidos dela, Crazy pousou no chão com uma expressão no rosto nada agradável.
— Oque foi? Não me olha assim não, eu não consigo te ver nem de perto, imagina então voando. — Não vê mais consegue ouvir as batidas de asas e isso já é o bastante para guiá-la! — Não, pois eu prefiro que me guie no chão, lembre que estou sendo perseguida, por isso não podemos perder tempo! Mesmo furioso com a menina, o anjo compreendeu e aceitou os pedidos dela.
— Está bem, portanto que não fique reclamando! O homem passou a frente da garota que o puxou pelo braço. — Qual é seu problema agora? — É que quero ir segurando seu braço, assim não correrá o risco de me perder! O homem a encarava bufando de nervoso, como um touro. —Espero que esse seja seu último pedido menina, eu já estou farto de suas frescuras, entendeu?
— Entendi sim senhor! Disse Maely deixando escapar um sorriso. Com muita dificuldade o anjo deu o braço para ela se apoiar, Crazy não estava acostumado a nenhum tipo de carinho, pois quem vivia nas trevas era ensinado a não amar, apenas ter ódio no coração, não tendo piedade deixando a crueldade dominá-los. A Morte era considerada o mestre de todos que viviam nas trevas, apesar de a maioria da população mundial temer a morte, ela era uma mulher linda com um rosto angelical e cabelos ruivos que encantava qualquer um. Enquanto caminhava ao lado de seu futuro novo amigo, Maely tentava entender aquela mulher que se dizia ser a morte, pra ela tudo que estava acontecendo não tinha respostas, só sabia que era assustador, um verdadeiro filme de terror, mas quando ficou frente a frente com a mulher em vês de sentir medo, a garota sentiu pena, algo que não sentia normalmente, não sabia a razão daquele sentimento só o sentia. Percebendo que a garota não dizia nada, focava o olhar no chão como se estivesse contando os passos, Crazy tentou quebrar aquele silêncio que já estava o deixando sem jeito.
— Está pensando no que ou em quem, menina? — No seu mestre. — Oque tem ela? Disse o homem estranhando o comportamento da colega. — É que na primeira vez que olhei para ela não senti só medo, mas um pouco de dó! Ainda não entendendo aquela expressão, o anjo tornou a perguntar. — Dó? Quer dizer, tipo pena né? — Exatamente.
— Mas porque teria esse sentimento por alguém que quer te fazer mal? — Porque ela é uma mulher e eu também, acho que no passado algo de ruim aconteceu com ela, deduzo que esse pode ter sido o real motivo dela ser tão mau! — Acha mesmo isso? Disse o anjo intrigado pensando na possibilidade de a garota está certa. — Sim, bem provável, não sei se sabe mas quando uma mulher é magoada ela pode ou se destruir ou ser capaz de destruir, depende de seu temperamento. — Oque quer dizer com essa expressão? Cruzou os braços Crazy. — Quero dizer que ela carrega essa mágoa até hoje e isso vem a destruindo pouco a pouco. — Acho que não, o mestre é muito poderoso e não seria submissa a ninguém, e seria quase que impossível de alguém ter a capacidade para magoá-la. Mesmo querendo romper com seu mestre, Crazy ainda a respeitava, oque não facilitava que adquirisse a confiança da garota.
— Você pelo jeito não conhece os sentimentos de uma mulher, e por favor pare de defendê-la e glorificá-la, afinal esta ou não do meu lado? — Claro que estou do seu lado, mas tem quer entender a minha situação, eu convivi muito tempo ao lado dela e mesmo sendo severa ela foi como uma mãe para mim e todos os cidadãos daqui! — Eu até entendo, mas não posso confiar em você sabendo que ainda tem um sentimento pelo seu mestre! O anjo estava se sentindo ofendido e um pouco confuso, pois ainda sentia um carinho pela mulher mas sabia que não podia voltar atrás porque isso seria uma traição a garota, e no fundo tinha que sair daquele lugar horroroso e recomeçar sua vida, longe de tudo e de todos.
— Quando vai confiar em mim? — Quando você se desligar totalmente daquela mulher, quem vai me garantir que não irá ter uma recaída e me entregar? — Eu garanto, não me arriscaria a toa, quero te ajudar, sei que você pode mudar esse mundo, ou seja, curar de todo o mal. — E como sabe? Maely insistia nas perguntas tinha adquirido um aprendizado de um faro de investigador de SH, por conviver muito com o amigo a garota pegou vários hábitos dele.
— Pois você possui o colar da imortalidade, além d ter um coração bom. — Como sabe do colar da imortalidade? Maely estava surpresa, pensava que só o doutor saberia sobre o colar, mas pelo jeito muitos sabia da existência da joia em propriedade dela.
— Todos nós aqui sabemos de tudo, a Morte é aliada daquele demônio, ele está no topo dessa hierarquia, todos nós se curvamos a ele… — Todos não, eu nunca me curvarei a ele! A hierarquia que Crazy falava, se tratava de uma liga obscura formada por demônios e anjos que têm o objetivo de dominar completamente todos os países de cada continente, o doutor era a cabeça de tudo, ele está no topo dando ordens a seus súditos. Os trabalhos dessa liga funcionam no dia a dia de pessoas inocentes, muitas guerras e mortes são causadas por eles, a fome, miséria e outros problemas emergentes são alguns exemplos, claro que Crazy não podia dizer isso a garota, mesmo que confiasse nela pois poderia pôr o mundo em risco, então preferiu deixar como estava.
— Você diz isso porque não sabe o poder dele! — Digo isso porque não sou covarde, ele usa o poder dele para o mal, ao contrário de mim que uso para o bem. Se for para ter medo nem me siga! — Se acalme menina, eu não estou com medo apenas inseguro! — Pois para mim insegurança se completa ao medo!
Maely apesar de ser uma adolescente de desse seis anos, sabia conversar como uma mulher experiente, era uma pessoa bem intelectual e sabia quando estava sendo enganada ou não. —Estou assim porque tenho medo de que aconteça algo de ruim com você?
— E porque se preocuparia consigo, afinal você também esta envolvido, sabe que se eu for pega por consequência irá junto. — Sim eu sei disso, mas se me pegarem eu vou cumprir a sentença que mereço mas você é uma pessoa boa e não merece cair nas garras da Morte! — Não tenho medo dela, já enfrentei coisa pior! Quando Crazy falaria alguma coisa, um barulho o interrompeu, como se fosse um galho se quebrando.
— Quem esta aí? O homem não recebeu nenhuma resposta, com medo Maely se aproximou do anjo o abraçando.
— Vamos, apareça covarde! Quando menos esperava Phili saia de onde estava escondido e se aproximou dois com sua espada na mão.
— O único covarde aqui é o senhor, como pode trair a nosso mestre?! Crazy pensou rápido e tentou convencer o colega igual fez com miguel, para assim poder matá-lo também, oque ele não sabia é que Phili tinha descoberto tudo.
— Não Phili, eu enganei ela para poder entregar a nosso mestre, o Miguel não te contou? O homem olhava firme para Crazy com um dos punhos fechados tremendo de raiva. - Como pode ter matado o Miguel? — Eu matei quem? — Não se faça de desentendido?! Você é um traidor, eu descobri tudo Crazy, eu sei que está ajudando essa idiota e também está tentando sair daqui! O anjo não tinha oque dizer, não podia deixar Maely sozinha, se sentia culpado por ter a envolvido em suas confusões mas a única opção que tinha era lutar até a morte para defendêla.
— Eu posso explicar Phili, nós precisamos de liberdade e se continuarmos vivendo aqui, nunca seremos felizes. — Eu sou feliz ao lado de meu mestre, você é um traidor, e eu não suporto traidores! Phili estava muito nervoso, a todo momento colocava a ponta da espada no pescoço de Crazy que mesmo com sua espada na bainha não queria arriscar uma reação, pois colocaria Maely em risco. — Tenta entender Phili, aquela mulher que chamamos de Mestre ela nunca nos tratou como verdadeiros filhos. - Ela nos deu uma vida de príncipe. — Príncipe? Nós não passamos de servos para de ser idiota homem, ninguém gosta da Morte, o único sentimento que temos por ela é repugnância! — Você vai ter que engolir tudo oque falou! Disse o homem pressionando a espada na barriga de Crazy. Phili não quero entrar em conflito com você, te considero um irmão, mas só quero que acorde, essa escuridão parece que te segou, tem que entender que o nosso direito é a liberdade, e não viver nessa prisão servindo a uma pessoa.
— Já chega Crazy, eu vou honrar a Morte, chegou a sua hora seu traidor, vá para o inferno! Phili tentou golpear o homem com a espada só que Crazy conseguiu se abaixar desviando rapidamente. Já com sua espada em mãos, Crazy estava pronto para combater com o seu melhor amigo que o olhava com muito ódio oque o deixava nervoso.
— Acha mesmo que precisamos chegar a esse ponto? — Está com medo Crazy?
— Claro que não, você sabe que sou o melhor espadachim das trevas, só não quero batalhar contigo! — Não tenha medo de me machucar, eu sei que posso te matar! Não havia negociação e muito menos conversa com Phili, o homem estava com a fúria na alma, queria te todo modo se vingar da morte de Miguel e matar Maely que o olhava com muito medo. Phili tentou golpear o colega, só que Crazy era bem mais ágil e se defendia com sua espada, os dois homens duelavam incansavelmente, Crazy ficava na ofensiva pois sabia que se atacasse o amigo o mataria rápido e não era isso que ele tinha em mente, mas cada vez mais se defender ficava difícil pois o homem golpeava de olhos fechados despejando sua fúria, Maely estava apavorada com medo de que seu amigo fosse atingido, até porque mesmo sendo o melhor espadachim se ficasse na defensiva poderia ser atingido em um distraio. —Vamos Crazy, não fique só na defensiva!
— Não Phili, eu já disse que não quero lutar. — Eu tenho que te matar, mas você tem que ter algum sofrimento antes! As palavras do homem comprovavam como ele era cruel, não tinha piedade nem de si próprio. Cansado daquilo, Crazy empurrou o colega que foi parar em uma árvore e lhe deu um chute na mão jogando a espada em uma moita, o empurrão foi tão forte que Phili ficou caído se retorcendo de dor, pois havia batido as costas no tronco da árvore. Se aproveitando da situação, Crazy pegou Maely pela mão e saíram correndo deixando o anjo gemendo ao chão. Percebendo que estavam fugindo, Phili esqueceu as dores e se levantou se apoiando no tronco da árvore, e logo foi procurar sua espada a encontrando, a fúria era tão grande que pegou a arma pela lâmina que estava afiadíssima oque fez cortar a mão, despejando sangue ao chão.
— Voltem aqui seus covardes! O anjo começou a persegui-los voando, ouvindo os gritos Crazy pegou a garota no colo e bateu asas, tentando ser o mais veloz possível mas tinha uma certa dificuldade por causa de levar um peso que era Maely em seus braços. Aos poucos Phili se aproximava do colega que havia se transformado em um alvo, e quando conseguiu alcançá-lo, ele fez oque achava que devia fazer.
— Adeus Crazy, vá para o inferno com sua traição! Crazy se surpreendeu com o homem e quando menos esperava recebeu um golpe na costa o cortando, nisso caiu ao chão junto com Maely, uma queda violenta fazendo os dois jovens a rolar no chão. Quando estava no chão, Maely se levantou aos poucos se recuperando da queda, e olhou para o anjo que continuava caído, e viu uma cena lamentável, as asas dele estavam cortadas, mesmo naquela escuridão a garota conseguia enxergar até porque a magia do lugar já havia possibilitado que ela possuísse a mesma visão dos habitantes dali. Preocupado com a garota, Crazy tentava se levantar a procurando desesperadamente.
— Você está bem menina? — Sim estou! Disse Maely suando frio com medo da reação do homem quando soubesse da notícia. - Porque está me olhando assim? — Suas asas. — Oque tem elas? Maely não conseguia falar, estava tremendo de nervoso, era difícil dar aquela notícia para um amigo. — Fala menina, oque aconteceu? — As suas asas foram cortadas! — Como? Não pode ser! Crazy não queria acreditar, tentava alcançá-las mas não conseguia. — Aquele infeliz conseguiu oque queria! — Como assim?
— Phili sempre teve inveja de mim, porque sou melhor avoador e espadachim da região! — Mas você não está morto, ainda está vivo não se sinta derrotado! Tentou animar o amigo, Maely. — Vivo? Um anjo sem asas, sem poder voar não pode estar vivo, como vamos sair daqui agora? — Andando, é o único jeito. — Você não entende, sem as minhas asas eu não vou viver por muito tempo, um anjo quando perde esse único bem ele morre em poucos dias, ou até horas, pois minha energia esta concentrada nela. — Mas não teria como mudar essa situação?! — Tem sim! Disse uma voz misteriosa atrás dos jovens. Era Phili novamente com sua espada ada para o casal, nisso Crazy se levantou mancando e ficou a frente de Maely para protegê-la.
— Já chega Phili, você quer batalhar então venha! — Mas primeiro eu mato ela! — Não toque nela! O homem começou a sorrir ironicamente do casal, se sentia feliz pela desgraça dos outros, como provocação beijava a parte da asa arrancada de Crazy. —Você está fazendo tudo isso por inveja né, pois sabe que todos aqui me admiram! Até a seu mestre me admira, todos sabem que eu fui o sobrevivente do Apocalipse, você é apenas um revoltado, você é um fraco, pensa que a Morte te considera um filho, não passa de um servo “puxa saco”!
— Cala a sua boca infeliz! O homem empurrou Maely que caiu ao chão e deu um soco no rosto de Crazy que já fraco caiu ao chão.
— Se eu fosse fraco não teria conseguido te derrotar! — Você é um fraco, e ainda é o anjo mais covarde de todos, é tão covarde que me golpeou pela costa! — Não importa oque diga, você está destruído, até que enfim o momento que tanto esperei chegou. Phili ergueu a espada para golpear o homem no coração, a garota ficou apavorada e tentou impedir que aquilo acontecesse mas quando se aproximou levou um soco no queixo que a derrubou, ficando desacordada no mesmo momento.
— Como um mero covarde me mate, eu estou fraco, mesmo não vou poder reagir! — Não tente me enganar Crazy, eu te derrotarei dessa vez! — Tente acertar dessa vez, não repita o fracasso que teve na Arena Aridion! O anjo estava lembrando o colega de propósito de seu fracasso em presencia de cem mil espectadores, se tratava de um torneio de criaturas obscuras a região onde coroaria o melhor espadachim do século, esse torneio era realizado em cada século, o objetivo não era só o título mas ter a chance de matar traidores sem que o público percebesse, era a estratégia da Morte para eliminar os traidores. E na última edição, Phili fracassou em uma luta com um anjo, quando teve a chance de dar o último golpe para matar de vez o adversário, ficou nervoso e acabou errando o alvo acertando o chão, só foi salvo porque a Morte o considerava um bom soldado e o tirou da luta saindo com vaias doloridas. E claro que como qualquer um se fosse vítima dessa tragédia, ficaria com um trauma e Crazy impiedoso sabia disso, oque aumentou a fúria do homem.
— Porque você lembrou disso? Esquece isso, o passado está preso no inferno, agora eu te mato seu infeliz! O homem tentou golpear Crazy, só que por causa do nervosismo errou atingindo o solo, continuando as provocações o anjo começou a rir.
— Está vendo, você não muda Phili, sinto muita pena apesar de seu esforço em treinamentos nunca será como eu, em matéria de espada você é um fracasso!
Crazy se levantou e chutou a barriga do rival que foi parar longe, nisso o anjo aproveitou e tentou despertar Maely que continuava caída ao chão.
— Menina, acorda! Crazy colocou o dedo nos pulsos da garota verificando se ela estava viva ou não, pra seu alívio estava apenas desmaiada, e com dificuldade o homem deitou a amiga no ombro e começou a caminhar pelo seu caminho, só que Phili o interrompeu com ameaças.
— Crazy, você pode fugir, mas vai voltar e sabe a razão de seu regresso né? O anjo tentou ignorar o homem o deixando falar sozinho. — Vai implorar de joelhos para que eu te devolva as asas, porque sabe que não resistirá a morte! — Eu nunca vou me rebaixar a você Phili, não adianta vim com suas ameaças! — Então você prefere morrer?! Crazy tentava ignorar o rival que o enchia de ameaças para amedrontar, era a única coisa a fazer pois estava muito fraco, não tinha condições de enfrentar o rival, que na realidade nunca teve condições até pelo nível que Phili não conseguiu ter atingido em manuseio de armas. —Se for preciso eu morro sim!
— Você é um idiota, vai morrer por causa de uma menina boba, não pensa que se morrer ela poderá ficar sozinha e claro eu vou encontrá-la? — Como pode ser tão sínico? Acha mesmo que vou me convencer com essa sua conversa, a Maley sabe se cuidar e ela possui mais poder do que a própria Morte. Agora com licença. O homem virou as costas e continuou a percorrer seu caminho com Maely desacordada em seu ombro, Phili morrendo de ódio ficou se esperneando e gritando com toda a força de sua garganta para todos ouvirem sua fúria. —De um jeito ou de outro você vai ter que voltar Crazy, e eu juro que vou cumprir minha vingança! Essa espada que cortou suas asas espetará seu coração, seu fraco!! Distanciando do homem, Crazy começou a caminhar mais devagar, não aguentava de cansaço, tinha que carregar dois pesos o de seu corpo e de Maely, além de perder muito sangue na região de suas asas oque não era um bom sinal. Era tanto sangue que as gotas formaram uma trilha sangrenta deixando um rastro assustador por onde passava, já perto do portal ele desabou com a garota no colo, se recompondo deu tapinhas no rosto dela para acordá-la.
— Aonde estou? — Bem próxima do portal, só falta dez metros no máximo! Percebendo que a distância era curta Maely levantou a cabeça olhando para frente tentando enxergar o tal portal mas não via nada além de escuridão.
— Cadê o portal? Não consigo ver. —É porque não tem poder para isso, afinal você só chegou até aqui porque a criatura a puxou! Quando o homem disse aquilo, Maely começou a lembrar de como havia chegado até ali, com o decorrer dos fatos ainda não tinha conseguido pensar, nisso se desesperou sabendo de que nã se tratava de um pesadelo e que SH ainda estava em perigo em algum lugar desconhecido.
— Meu Deus, aonde esta SH? — Quem? — SH, é um amigo meu que veio junto, na verdade fomos puxados por um velho que sempre me atentava. — Hum, deve ser o senhor Holm! Disse o homem sentado ao chão. — Quem? — O senhor Holm, é um velho que é o mestre das ilusões, ele a cada século faz uma vítima, tenta enlouquecê-la até que ela deseje se suicidar.
— Nossa, mas pra que ele faz isso? — Bom, quando a vítima tenta se suicidar ele sempre impede e aí chega um momento em que entrega essa pobre pessoa a Morte, mas ele faz tudo isso por causa de ter falhado no Apocalipse passado, ele tem que cumprir esse castigo por muitos e muitos séculos, como todos que falharam. A história que o homem contou deixou Maely meio confusa e ao mesmo tempo apavorada por saber que era a vítima daquele velho assustador, se surpreendia cada vez mais com tudo oque estava ocorrendo ao seu redor.
— Mas porque ele me escolheu? — Isso não sei, mas já ouvi dizer que o alvo dele é pessoas com depressão por se encontrarem em um estado mais sensível, ele é muito covarde, invade a mente desses indivíduos só para aumentar mais ainda o sofrimento deles. — Hum, quer dizer então que estou sendo controlada? — Não mais até porque ele te deixou aqui, e nesse mundo em que estamos possuímos uma camada que protege de poderes de seres que não estão aqui, com exceção do de Craiman, o doutor como você mesma o chama ele assim, ele é o único que tem o poder para usufruir desse local sem estar aqui! Aquela história cada vez mais a deixava confusa, mas o anjo estava correto em tudo que dizia, o doutor era o mestre de todos e claro que tinha o poder para controlar a mente dela, seu poder era tão superior que rompia a camada das trevas com apenas seu pensamento, claro que não era fácil pra ninguém compreender oque ocorria, era uma guerra de pensamentos, uma luta contra o próprio cérebro. Os amigos caminharam até os metros finais, Crazy não estava mais aguentando, as dores já estavam o matando mas se esforçava parta ao menos salvar a garota que o segurava pelo braço muito preocupada.
— Chegamos, esse é o portal que vai te tirar desse terrível mundo! — Não estou vendo ele, oque esta acontecendo? O homem pegou a mão de Maely e esticou os braços dela e pediu para que fechasse os olhos, meia sem saber a razão daquilo a garota concordou e fez oque o amigo pediu, nisso ela sentiu um imenso calor transbordando em seu corpo, aquela era a força do portal que separava as atrevas do mundo real, toda aquela energia estava a dominando, nisso ela se afastou a pedido do anjo.
— Acredita agora?! — Sim, é uma energia muito forte. — Exatamente, você tem que crer no que seu coração enxerga e não no que seus olhos, pois lembre que até um cego pode enxergar através de seu coração! Com o ensinamento do anjo a garota ficou um pouco envergonhada pôr as vezes não ter muita fé no que as pessoas falavam. O homem exausto se sentou ao chão, olhando para a moça.
— Oque está esperando, você já pode seguir seu caminho menina. — Como assim? Você não vai me acompanhar? Disse Maely preocupada. — Não vou conseguir, estou perdendo muito sangue, se não morrer agora vou morrer depois do mesmo jeito, e sendo assim logo ficará sozinha. — Não, eu não posso ir sem você, vai desistir assim? O anjo não tinha resposta, apenas abaixou a cabeça, estava desolado e decepcionado consigo mesmo por não poder acompanhar a amiga que tanto precisava dele. Maely como era insistente não abandonaria o homem naquela situação, se fosse pra morrer teriam que ser juntos como desde o início, não seria a morte que os separaria. —Olha pra mim, foi você mesmo que disse para acreditar sem precisar de nada, apenas crer no que o coração diz, então confie no meu, ele diz que devemos ir juntos, não podemos nos separar, entendeu? Crazy que estava ajoelhado ao chão, se levantou com dificuldade estendendo a mão para
sua nova amiga. - Vamos, enquanto estiver sangue para pingar eu estarei de pé, ao seu lado! Mesmo sendo meio sarcástico oque o anjo disse a garota sorriu para ele, e pegou em sua mão e entrou pelo portal aliviada por sair daquele lugar horrível cheio de criaturas estranhas e cruéis. Maely não tinha ideia de como conseguir uma nova asa para seu amigo mas queria muito retribuir tudo que havia recebido dele, afinal um precisava do outro, a vida de todos estava em jogo, além de SH que estava desaparecido, outro motivo para ela continuar viva naquela batalha estranha e sangrenta.
CAPÍTULO 9-O senhor das ilusões. Depois de muito tempo desacordado, SH acordou atordoado com dificuldades para abrir os olhos e para se movimentar, já fazia mais de cinco horas que se encontrava naquela posição. Quando se deu conta do que estava acontecendo, o rapaz se levantou rapidamente olhando para todos os lados com os olhos arregalados, ele tentava se afastar das paredes com medo da mancha de sangue ainda estar no local, mas não havia nada, o lugar continuava o mesmo, parecia tudo igual, só sentia a ausência da amiga que poderia estar morta, ou presa em algum lugar que ele nem imaginava. Desesperado se lembrando de Maely, o agente começou a socar as paredes tentando receber alguma resposta do doutor que se divertia o vendo em seu quarto.
— Cadê a Maely seu covarde? Vamos responda, eu sei que está me ouvindo! O doutor gargalhava em sua cama, gozando do sofrimento de SH. — Você é um idiota, se estivesse sozinho tenho certeza que não queria lutar comigo, mas rodeados de milhares de puxa sacos até eu sou poderoso, pra mim você não passa de um imbecil! O homem estava se sentindo ofendido com oque SH falava, pois tudo que dizia aparentava ser verdade, e a gargalhada deu lugar a fúria em seu rosto, olhando fixamente para a tela. O policial parecia que adivinhava que o doutor estava nervoso e continuava com as provocações.
— E como um bom covarde você fica quieto, enquanto os outros te servem, porque você não tem capacidade para fazer nada além de dar ordens, se esconde atrás de um exército. Acha mesmo que alguém te respeita? Não, o nome disso é medo, só os covardes como você temem, eu e meus amigos não tem medo de você, mesmo que esteja tentando nos matar, até por que não tem capacidade para que esse plano dê certo. Enquanto o agente falava, o homem não se inquietava em seu quarto, já tinha até se levantado da cama com seu controle remoto na mão o espremendo, era tanto ódio que não conseguia parar em apenas um lugar, ia para um lado, subia na cama, descia, estava muito nervoso com as palavras do jovem que ao menos nem o via. — Acho que você não tem mãe né, pois é um demônio não pode ter nascido de um ventre, muito menos tem um pai, ah deve ser o motivo de ser tão mau, quem aguentaria viver na solidão sabendo que ninguém gosta dele? É queria poder ter dó, mas eu tenho muita pena, por ser tão fraco, não ama a si mesmo, coitado é por isso que está me prendendo aqui. Pensa que me destruir lhe fará melhor, esta enganado seu idiota, você nunca vai mudar sempre será esse ser infeliz cheio de dor e rancor guardado nessa pedra que o chama de coração! — Já chega!!!! SH se surpreendeu com o grito que vinha de uma direção não identificada, a voz era do doutor que não suportando mais ouvir tantas provocações soltou a fúria pela voz, só não gritou mais porque foi impedido por Harry que tentou o acalmar.
— Se acalma senhor, não pode demonstrar que estar nervoso por causa dele, é apenas um idiota! — Mas ninguém me chama de covarde, ninguém! — Eu sei senhor, só estou pedindo para se acalmar! Disse o servo preocupado com o homem. — Você me acha covarde? Acha que pareço ser um revoltado, um infeliz? Harry tinha muita vontade de falar a verdade, mas sabia que se fizesse isso, morreria na hora, a fúria que os olhos do doutor transmitia amedrontava qualquer um, oque fez ele mentir como sempre fazia, ser falso era o único caminho para sua sobrevivência.
— Claro que não senhor, é o melhor homem do mundo, o mais poderoso de todo o planeta! - Está bem, já me convenceu, não precisa falar mais nada! O doutor empurrou
seu servo que se segurou na porta quase caindo na escada.
— Agora esse infeliz vai sofrer o castigo que merece, para parar de falar de mais! O rapaz estava inquieto, não parava de gritar a palavra covarde, sabia que o doutor estava lhe ouvindo, e continuaria até perder a voz mas algo o interrompeu, o surpreendendo. — Acho melhor parar de insultar meu mestre assim homem! Ouvindo isso SH se virou rapidamente e se assustou com oque viu. Em sua frente estava o velho que o puxou junto com Maely para aquele lugar horroroso, no momento o rapaz em vez de ficar com medo sentiu ódio, fechando os punhos. Enquanto o velho o olhava por cima do chapéu sorrindo ironicamente com sua bengala com uma cabeça de coruja no lugar de apenas a mão. —Feliz por me ver novamente?!
— Só estarei feliz quando acabar tanto com você quanto com seu mestre que é um covarde como você! O velho sorriu mais uma vez.
— Não seja idiota você sabe que covarde e fraco aqui é você e sua amiguinha! — Não fala da May! O policial tentou socar o homem só que foi lançado pelos ares batendo as costas na parede com um simples estender de mãos sobre sua direção.
— Quem é o fraco? Vamos se levante! SH estava imóvel com muita dor na costa, e sem muito esforço o homem se levantou encarando o velho corajosamente. — Não sabe que eu tenho o poder para te enlouquecer?! — Era você o culpado pelo sofrimento de May né? Aqueles vultos eram você, oque ganha com isso? O velho caminhou para o lado, depois voltou ficando as costas do rapaz que se afastou assustado.
— Sabe homem, eu queria fazer isso para ganhar alguma coisa, mas eu não ganho, só faço isso porque tenho que cumprir essa missão, infelizmente, é claro que com o passar do tempo acabei me acostumando! — Missão? Qual missão? — Isso eu não posso lhe dizer homem, oque devo lhe informar é que sua linda amiguinha faz parte da minha missão, e infelizmente tenho que matá-la! — Você não vai fazer nada com a May! SH tentou agredir o velho, só que foi laçado novamente com um simples estalar de dedos. Não se contentando, o velho se aproximou do rapaz caído e com sua bengala bateu na costa dele que com a força da batida houve um barulho como se estivesse quebrando algum osso.
— Mas para eu poder matar sua amiga, terei que me livrar de ti primeiro, oque não vai ser muito difícil! O rapaz tentava se levantar mas a bengala estava pressionada em sua costa como se fosse uma furadeira.
— Quando quiser que eu pare me avise, ao contrário implore, só assim cessarei! O rapaz não respondeu nada, nisso o velho colocou mais força tentando quebrar de vez as costelas do homem que se segurava com muito ódio, suportando a dor.
— Vamos covarde implore! — Nunca! Disse o agente com a boca sangrando. — Ah quer bancar o corajoso, então vai ter que morrer com sua coragem! O velho chutou o homem na cabeça sem piedade, e antes que tivesse alguma reação o pegou e jogou em direção a parede, claro que SH começou a sangrar muito, tinha diversos ferimentos pelo corpo e sua calça já estava rasgada na parte dos joelhos, mas se manteve firme se levantando com ajuda da parede que se apoiou nela. Vendo a coragem da vítima, Holm se esquivou tentando ser mais cruel.
— Ah então ainda esta de pé, vamos ver o quanto aguenta! A criatura esticou a bengala em direção ao homem e inexplicavelmente saiu raios que atingiu SH, por causa disso ele ficou se retorcendo até cair ao chão desacordado. Rindo ironicamente Holm e tentava destruir de vez o rapaz, o controlando com raios fortíssimos que se ficassem por muito tempo o atingindo, com certeza ele morreria.
— Ué, cadê a coragem? Eu pensei que estava lutando com um herói! Vamos se levante! O policial não conseguiu se mover, seu corpo estava doendo demais, não sentia mais nenhum membro, apenas dor, sua cabeça parecia que explodiria. Seus ossos estalavam prestes a quebrarem, e seu coração batia cada vez mais devagar, o choque era muito forte tinha o mesmo impacto de um raio de verdade. Quando o velho estava se aproximando, SH fechou os olhos não aguentando mais de dor e caiu de vez sem ter forças para resistir, os raios eram fortíssimos não o deixava se mover. Vendo que sua vítima supostamente estava morta Holm cessou fogo e apoiou sua bengala ao chão dando costa ao jovem. —Pronto mestre, já estamos livres dele, agora é encontrar aquela menina idiota!
— Sim, não perca tempo Holm, saiba que será bem recompensado pelo seu trabalho. — Sim senhor, eu agradeço! Disse o velho se curvando em direção ao doutor. Holm estava feliz por saber que o seu mestre seria grato ao seu trabalho, fato que não acontecia normalmente. O doutor comemorava em seu quarto a derrota de SH, socava diversas vezes seu colchão, esse era o modo de comemoração do homem, Harry ficava assustado com aquilo pois as vezes pensava que ele estaria com raiva, até porque não soltava nenhum sorriso se quer. Mas para ódios de muitos p rapaz foi acordando aos poucos e percebendo que o velho estava distraído, ele se levantou devagar com muita dor no corpo ainda e mesmo com as pernas quase inexistentes correu em direção ao homem que se virou rapidamente, mas já era tarde, levou um soco no rosto que foi parar na parede, antes que pudesse ter uma reação, SH deu diversos socos nele, todos na região do rosto com muito ódio.
— Isso é pela May, e por todos meus amigos! Quando tentou continuar com as agressões, o velho se livrou e com a bengala o derrubou no chão, e ainda com sua arma jogou o rapaz para longe, uma força anormal para uma pessoa daquela idade que aparentava ter mais de oitenta anos. Mais furioso do que mostrava ser, o velho ficou, seus olhos e sua boca pediam sangue do rapaz que tentava se levantar, e com sua bengala prateada abriu a ponta, tirando a cabeça de coruja e dela saiu uma nuvem negra que se transformou em uma coruja gigantesca batendo suas asas sem sair do chão. Claro que o agente ficou com medo, e antes que pudesse fechar os olhos para não vê-la, o bicho devorou o velho em um simples abrir de boca, pra destruir de vez o emocional de SH que presenciava tudo aquela cena, a criatura começou a mastigar o velho, dando para ouvir os ossos se quebrando dentro de seu estômago, nesse momento o policial que estava acostumado ver tantas coisas colocou as mãos na boca para não vomitar. O jovem rapaz não conseguia entender oque estava acontecendo, a coruja havia devorado o velho que deu vida a ela? Era fatos estranhos que não tinham sentido, para piorar mais ainda a ave vomitou um negócio verde e gosmento que chegou até seus pés como se fosse uma onda no mar, SH se esquivou da gosma, mas quando olhou para aquilo Maely se levantou se limpando e foi em sua direção. Acreditando que fosse a amiga o homem estendeu a mão para ajudá-la a se livrar daquela sujeira, mas ela nem o olhou, oque o deixou intrigado.
— Oque houve May, não está me reconhecendo? A garota não respondia, se comportava igual a um robô, suspeitando de que não se tratasse de Maely e sim de mais uma artimanha do demônio, SH caminhou devagar até ela se segurando para não escorregar na gosma que era grudenta. — Ei May, está tudo bem? Novamente ficou sem resposta, nisso ele criou coragem e com
os olhos um pouco fechados tocou a garota no ombro que teve uma reação inesperada, o encarando muito furiosa. A estranha individua agarrou o braço de SH com uma mão e começou a entortá-lo, o rapaz gritava de dor mas ela nem ligava e continuava a apertar, era a primeira vez que estava imobilizado por uma mulher, que na realidade era um demônio.
— Quem é você? Não pode ser a May, me responda! O demônio pressionava o agente na parede que se retorcia para se livrar mas era muita força naquela menina que aparentava ser sensível. Mas graças as sagradas aulas de defesa pessoal, SH esperou o momento certo para reagir e quando a moça pegou uma faca para matá-lo, ele a empurrou e virando ligeiramente socou ela no rosto que desabou na gosma. Antes que levantasse o policial já estava com seu revólver apontado para a cabeça dela que mesmo tendo as características de sua amiga não era nenhum pouco parecida com Maely, pois sua amiga não tinha a fúria no coração e maldade nos olhos. Mas mesmo que quisesse ele não conseguia apertar o gatilho, era difícil pois o rosto era idêntico de Maely, mesmo sabendo que não se tratava de sua amiga algo o fazia crer naquela ilusão.
— Não vai ter coragem de atirar em mim né? Para lhe confundir mais a moça tinha a mesma voz. — Eu sei que você não é a Maely, não vou ser vítima de suas ilusões! — Não pode tirar minha vida, você não tem coragem para isso! O rapaz fechou os lhos com sua arma na mão, seu dedo tremia, mas tentava se manter firme para atirar, a criatura o olhava firme, oque o deixava sem reação. O silêncio era o adversário maior naquele momento, ninguém dizia nada, nem a coruja se movia, era olhares dirigidos para o outro, um duelo de pensamentos que caso se transformassem em ação, um deles poderiam se dar muito mal, e como SH sempre foi de pensar, tentou achar a melhor saída mas pensou demais, o demônio mordeu sua mão como se fosse uma simples carne, o policial deixou o revólver cair e deu uma joelhada na v=cabeça da fera que soltou os dentes de sua carne. E ainda em risco pegou sua arma e se virando opara a mulher que devoraria sua cabeça, descarregou toda sua munição nela, que caiu ao chão morta, como um zumbi com os olhos fundos não demonstrando nem fúria e muito menos vida. Enquanto o corpo da mulher ia se decompondo na gosma, a coruja se movimentava muito andando em sua direção, o bicho que tinha mais cabeça do que corpo tentou o atingir com a cabeça, mas ligeiro como era SH pulou pro lado, ainda com sua arma na mão tentou atirar mas não tinha mais balas, procurou nos bolsos e infelizmente não encontrou nada, quando voltou o olhar para o bicho foi surpreendido com uma cabeçada que o jogou para a outra parede, a força foi tão forte que caiu desacordado no mesmo momento. O jovem ao chão perdia muito sangue e em poucos segundos estava rodeado de poças vermelhas, sem quase nenhuma chance de sobreviver, vendo essa cena o doutor começou a rir, feliz com a derrota de seu adversário.
— Oque houve doutor? — Ah, olha isso Harry! O homem olhou para a tela e invés de comemorar apenas virou o rosto ficando em silêncio, claro que o demônio estranhou o comportamento do servo, espera que ficasse euforizo e não triste.
— Ei não vai comemorar? — Ah claro, fico feliz pelo senhor. —Por mim? Isso tudo que estou fazendo é por nós, não sei, acho que coloquei pouca dose de maldade em você homem, lembre que dentro desse corpo existe um demônio, a qualquer momento ele pode despertar! Disse o homem batendo a mão no peito de seu servo. Harry tinha medo de dizer tudo que estava sentindo, estava engasgado em sua garganta
a sua revolta, e sabia que caso se revoltasse poderia morrer, mas na situação que viva já estava morto há muito tempo, então não tinha nada a perder.
— Esse é o problema senhor, eu queria me vingar apenas de Lariech, esses jovens não tem culpa de nada, não posso usar a minha maldade contra eles. — Não acredito no que estou ouvindo, está me dizendo que quer desistir? Depois de tudo oque fiz por você? — Me desculpe senhor, mas a única coisa que fez por mim foi me transformar em um demônio e em um psicopata! Disse o homem ainda com receio. O demônio saiu de sua cama e deu a costa para o servo com a mão em uma gaveta, oque deixou Harry preocupado.
— Eu lhe transformei em um ser imortal, não deixei você ser apenas um ser humano babaca que luta todo dia para sobreviver, eu lhe fiz imortal, quase que um deus! — Um deus? Que deus é esse que serve uma pessoa, que deus é esse que só faz o mal? Se eu fosse imortal não teria medo de morrer, você mentiu para mim! O doutor caminhou em direção ao homem ficando a frente dele, olho a olho, bem próximos como se estivessem prestes a duelar.
— Está dizendo que estou mentindo? — Não sei senhor, mas acho estranho. — Oque acha estranho Harry?! O homem caminhava para trás por causa do doutor que o empurrava com a mão como forma de insulto.
— É que em uma guerra existem muitos guerreiros, e nenhum deles são imortais, oque quer dizer que são totalmente iguais, prestes a morrer. Eu sou apenas um guerreiro seu, como Lisa, claro que o senhor possui um exército com guerreiros iguais a gente, será que daria a imortalidade para todos? — Aonde quer chegar com isso? Disse o doutor com os punhos fechados. — Em nenhum lugar, sei que o senhor é muito poderoso, e é claro que em uma batalha não sentirá a ausência de um soldado, pois pode construir milhares em apenas um estalar de dedos! O doutor caminhou até a sua cama e em uma instante pegou uma bola de cerâmica que servia como um objeto de decoração e em sua mão esquerda mostrou ao homem que não entendia a razão daquela expressão.
— Pense que essa simples bola de cerâmica que como vê cabe na minha mão e compare ele ao planeta Terra. — Hum, e oque tem? — É essa a situação em que você e todos que vivem nesse mundinho se encontram. Harry entendeu a indireta que o doutor fez, mas tentou não se amedrontar pois não aguentava mais a situação em que vivia. — Se pensa que vou permanecer refém a ti, esta enganado. Lhe respeito, mas não devo sempre te servir, eu estou indo embora, já chega, chega de maldade quero viver como um humano! O demônio começou a gargalhar e de tanto rir até caiu na cama perdendo o ar, quase que Harry ia lhe oferecer água pois já estava vermelho.
— Do que está rindo?! — É que não aguento a sua ignorância, como pode pensar em desistir, esse demônio já dominou sua alma, é impossível! Só um idiota pensaria nisso mesmo! O homem se aproximou do seu senhor e voltou a encará-lo.
— Impossível é te aguentar, eu prefiro morrer do que ter que viver para servir ao mal! — Se é isso que deseja então eu lhe dou! O demônio pegou o servo pelo pescoço e o carregou até a escada, e sem piedade alguma jogou Harry que rolou todos os degraus indo parar no chão do primeiro andar da mansão. Ouvindo o barulho, Lisa veio correndo da cozinha para ver oque aconteceu e se
deparou com Harry sangrando ao chão, imediatamente foi o socorrer.
— Harry, oque aconteceu? O homem não respondia, estava desacordado. Preocupada a moça tentou levantá-lo para levar no colo mas não teria forças, então pegou uma toalha e enrolou na cabeça dele tampando o local em que estava sangrando, e com muito esforço arrastou o corpo até o seu quarto que não era muito longe. Após isso, deitou o homem em sua cama e com um pano úmido tentou acordá-lo.
— Harry? Acorda, por favor! O homem continuava desacordado, oque fez ela sentar uma cadeira e esperar a hora que ele desertasse. Enquanto isso o doutor observava SH em sua tela que também estava desacordado com a coruja ao seu lado. Depois de meia hora Harry acordou gemendo de dor, Lisa ficou ao seu lado querendo saber oque tinha acontecido.
— Harry, sou eu Lisa! - Hã? Ah, Lisa porque estou em seu quarto? Disse o homem levantando o pescoço. - Eu te trouxe até aqui porque estava caído ao chão com a cabeça sangrando perto da escada! Oque aconteceu, caiu da escada? - Não sei, não me lembro! O comportamento do servo não era como antes, aos poucos Lisa foi percebendo que ele não lembrava de nada, talvez teria sido por causa da pancada, preocupada a moça insistiu tentando despertá-lo daquele transe. — Harry, tente lembrar! — Não consigo, oque me vem na mente apenas é que estava caído ao chão, aí te viu e fechei os olhos, depois disso não vi mais nada! — Ué, acho que a pancada afetou sua memória! A moça ficou pensando no colega, procurou uma solução para tentar recapitular a memória dele só que era impossível, pelo menos ele lembrava dela. Mas preocupada tentou buscar respostas para oque teria ocasionado a suposta queda do homem na escada, quem sabe o seu senhor saberia a responder.
— Harry, fique na minha cama, eu vou falar com o mestre e já volto! — Qual mestre?! A moça naquele momento demonstrou em sua expressão uma tristeza imensa, pois aquilo já estava avançado. Lisa saiu apressadamente do quarto e foi até o doutor, mesmo com receio de falar com o homem, precisava conversar, quem sabe ele teria visto algo e pudesse ajudar de alguma forma. Nisso bateu à porta do quarto com a mão tremendo, pensando que fosse Harry o demônio se precipitou.
— Nossa, pensei que não teria sobrevivido hein, você é mais forte do que eu imaginava! Quando Lisa entrou no quarto, o doutor quase caiu da cama assustado. — Ah é você. — Sim, o senhor estava esperando alguém?! — Claro que não. Oque você veio fazer aqui? A moça se aproximou do homem um pouco mais. — Eu vim falar de Harry mestre! — Oque tem ele? Sabendo que o assunto se tratava do servo, o homem mudou de expressão. — É que eu encontrei ele caído com a cabeça sangrando na escada, supostamente ele teria caído! — E oque eu tenho a ver com isso? — Nada senhor, é que estou preocupada por ele correr o risco de perder a memória! O homem se levantou da cama e encarou a mulher que baixou a cabeça. Então ele trate de encontrar, agora me deixa em paz, não percebe que estou ocupado?! Lisa estava indignada com a forma que o mestre tratava tanto ela quanto Harry, mas quando já estava prestes a descer a escada, voltou ao quarto pois havia lembrado do
grito que o doutor deu quando entrou pela primeira vez.
— Você de novo aqui? — Sim, me desculpe mas tenho uma pergunta a fazer! — Então faça! Lisa tomou coragem com receio da reação do homem, mas mesmo ainda se engasgando de nervosismo ela falou.
— Quando eu entrei, ouvi o senhor dizer que algum sobreviveu, eu não entendi muito bem, parecia que o senhor estava preocupado por alguém ainda estar vivo. Esse alguém seria Harry? — E se for? O demônio era muito frio e mesmo com medo de que a moça descobrisse oque havia acontecido, ela soube reagir bem, como se não devesse nada. — Eu sei que não devia falar isso senhor, mas ele pode ter perdido a memória por sua causa, oque será de Harry agora? — Lisa, entenda, não vai mudar em nada porque só preciso do demônio que tem dentro dele, nada mais! — Como pode ser tão mau, meu senhor eu sei que tem o poder para ajudá-lo por isso lhe imploro de joelhos! Mesmo vendo o desespero de sua serva, o homem foi cruel e frio, só ligando pra si mesmo.
— Se não quiser perder a sua memória também, some daqui imediatamente. Ah e se estiver tão preocupada com seu amiguinho faça um transplante de cérebro, e doe para ele! Lisa ficou sem palavras, entristecida com o ocorrido, saiu do quarto chorando e voltou para seu quarto para ficar mais tempo possível fazendo companhia ao amigo. Oque ela não esperava é que o homem estava pior do que imaginava, tinha perdido a memória completamente, o doutor era o único que poderia ajudar mas oportunista como era não se incomodou, até porque aquela situação beneficiaria ele, não tendo mais que ouvir reclamações e não correr o risco de uma rebelião de servos. —Harry como esta?
— Quem é Harry?! — Você, não está me reconhecendo, sou lisa sua amiga! Disse Lisa tocando no rosto do amigo. — Não, não tenho nenhuma amiga, eu não devia estar aqui, porque está me prendendo?! — Não estou lhe prendendo, só esta repousando em meu quarto. — Não é verdade, socorro, me tira daqui!! O homem se esperneava tentando fugir da cama mas de tão fraco não conseguia se levantar, desesperada Lisa saiu do local correndo e foi para a cozinha tentar esquecer um pouco a situação infernal que estava vivendo. Sentada no chão, aos poucos a mulher ia raciocinando a tudo que estava acontecendo, ela não queria mais viver naquela situação, estava presa sendo controlada pelo doutor, que a enganou dizendo ajudá-la a se vingar de Lariech. Como poderia destruir uma apessoa que já estava morta? Afinal Lariech não tinha feito um mal tão grande como esse demônio a fazia dia a dia, queria poder tirar aquele ódio de seu coração e preenchê-lo com o amor, um sentimento que tinha desaparecido desde sua juventude e agora com quarenta anos de idade queria resgatar seus melhores momentos perdidos, que foram destruídos por causa da ambição de um homem que só deseja riqueza e poder, usando corações inocentes pra lhe servir. Lisa sabia que não podia fugir, tinha um demônio em sua alma que a controlava, seu destino já estava escrito, sua única esperança é que Maely escapasse e conseguisse evitar que o mundo fosse controlado pelo doutor. Enquanto Lisa torcia por Maely, a própria torcia que Crazy aguentasse até poderem encontrar SH, mas após sair em do portal, coisa de segundos, se enviaram para um local muito diferente que a sala das paredes invisíveis, onde havia perdido o amigo pela mancha de sangue que o puxou para
um lugar ainda misterioso, desesperada e com medo do local que era como um esgoto, Maely apertou a mão do anjo tentando se acalmar.
— Por acaso sabe aonde estamos Crazy? — Não, minha visão está um pouco prejudicada menina, mas não consigo reconhecer. — Eramos para ter chegado a uma sala branca, como da primeira vez que você e seus outros colegas me puxaram para as trevas! — Eu estou enxergando apenas um capo de grama com um lago mais a frente, e se não me engano ainda estamos nas trevas! Quando o anjo explicou oque estava enxergando Maely ficou mais confusa do que já estava, ela não via nenhum campo e muito menos um lago, só conseguia ver em sua frente, tubulações e um córrego de água suja cortando seu caminho, como se fosse uma divisória indo até o fim do túnel que aparentava ser infinito.
— Eu não entendo homem, eu estou vendo uma coisa e você outra, porque isso esta acontecendo?! - Porque a sua mente está sendo controlada, e a minha não. Na realidade você ainda está desacordada em seu quarto junto ao seu amigo, e tudo que vivenciar é uma ilusão, mas não se engane porque essa ilusão pode te levar a morte! A garota se sentou ao chão de boca aberta, suspeitava que poderia ser controlada, mas não daquela forma. O poder que estava sendo vítima era inacreditável, e um dos mais perigosos porque era invisível, tanto para os olhos quanto para a mente, poderia levar a pessoa a loucura através do próprio pensamento. Oque a deixou sem reação, oque fazer para se livrar dessas ilusões tão perturbadoras, piores que as causadas pelas drogas? — E tudo isso é causado por Holm, aquele velho é o mestre das ilusões, como já disse ele pode enlouquecer qualquer um, por isso não fique pensando muito e nem tente raciocinar a sua situação, pois puxará a corda para se enforcar mais rápido possível. — Mas oque não entendo é que ele sabe que com o colar sou imortal e porque tentou tantas vezes me matar, através de você e de muitos outros servos dele? — Ele é covarde, Holm é a última tentativa para poder te eliminar, esta apostando todas as fichas nele, até porque o poder do velho é o único que poderá te desequilibrar emocionalmente, nisso ficará mais fraca e só assim ele poderá atacar! — Mas então ele consegue controlar a sua mente também?! — Não exatamente, pois a prova disso é que estou vendo a realidade e você estar vendo outra coisa! Maely se levantou do chão e olhou para todos os lados, agora ela tinha confirmado a suspeita de ser controlada, o doutor conseguia ver tudo que ela fazia, menos o anjo, pois não imaginava que ele estivesse junto a ela.
— Entenda menina, ele não consegue me enxergar, a minha mente não é controlada por ele. Oque você está vendo nesse momento? — Estou vendo que estamos em um bueiro. — Hum, estou vendo apenas uma escuridão tremenda e barulho de aves e consigo ver alguns morcegos voando sobre mim! Maely colocou a cabeça olhando para o amigo muito confusa, já tinha em mente o objetivo daquelas ilusões, ela tinha muito medo de insetos e animais asquerosos e claro que em uma tubulação haveria diversos bichos desses, oque a deixou apavorada. Ele quer provar meus medos, quer me deixar apavorada e louca, mas não vai conseguir, terá que ser mais cruel!
— Sim pode ser, mas tome o máximo de cuidado, tenta não se perder de mim menina! — Está bem Crazy, vou ficar segurando sua mão e não vou largar! A garota pegou a mão do anjo mas logo soltou pois se intrigou com um barulho constante, caminhou um pouco mas não viu nada então segurou a mão de Crazy e virou as costas para continuar no caminho, mas os ruídos continuaram e logo se virou para procurar o barulho de novo. —Oque menina?
— Não está ouvindo? — Não, você está bem?! — Sim, estou ouvindo barulhos como se fossem alguém caminhando na água! Crazy ficou calado e rapidamente se levantou olhando para frente, assustada com a razão do homem, Maely ficou tutucando ele pela costa tentando fazer ele virar em sua direção. —Oque está vendo homem, me fale! - Pela sombra que estou vendo é o Holm! Ele está vindo, segure em minha mão e não volte! Maely sentiu um pavor tremendo por Holm, afinal era ele que a perturbava em suas noites de insônia, quando estava drogada, pensando nos vultos. E aos poucos ela foi vendo o velho caminhar sobre a água suja devagar, sempre com seu sorriso sarcástico, para apavorar mais ainda. Holm pisava na água sem molhar os pés, ele andava como fosse um simples chão. Chegando em sua frente, Maely se espremeu na parede com medo de que fosse puxado pelo homem que estranhamente estava de cabeça baixa. —Sempre desconfiei de você Crazy, mas nunca pensei que seria capaz de trair o mestre?
— Está falando da Morte ou de Draicon? — Como assim homem, meu único mestre é Draicon! Está ficando louco?! Disse o velho olhando para o anjo com sua bengala. — Ué, você respeita mais a Morte do que qualquer um, ou eu estou mentindo? — Não está mentindo, até porque ela foi muito importante para mim! — Foi? Hum, não sei hein Holm, mas acho que não sou o único traidor aqui não! O velho olhou para o homem e se aproximou dele, com medo Maely se afastou e fez o amigo se afastar também. - Por acaso está me chamando de traidor?! O velho apontou a bengala para direção de Crazy que tentava ficar a frente de Maely para protegê-la, mas não conseguiu muito pois o espaço em que estavam só cabia uma pessoa. As mãos de Holm começaram a brilhar intensamente, a garota se assustou com aquilo, pois raios estavam brilhando como o sol.
— Se eu estiver não é nenhuma mentira, você tem que decidir Holm, em que lado esta! - Porque está dizendo isso Crazy?! — Holm, você sabe que o Mestre e a Morte não são amigos. — Eu sei toda a história deles homem, e sou fiel o aos meus dois mestres, não tente mudar isso! O velho estava dizendo a verdade, não queria entrar em conflito com nenhum deles, mas, no fundo, sabia que Crazy estava certo, chegaria um momento que ele teria que escolher o lado que queria defender. —Eu não vim aqui para falar com você, eu tenho que cumprir minhas ordens, e você deve ter em mente muito bem oque tenho a fazer aqui.
— Eu sei, e é por isso que vou lhe impedir! Crazy tentou ficar a frente de Maely mas o velho sem piedade liberou um raio de sua bengala, atingindo o homem que caiu na água. Apavorada Maely começou a correr pelo espaço que tinha torcendo para não escorregar, pois estava muito liso por causa do lodo. Em sua perseguição vinha Holm atirando raios que raspavam na perna da moça mas não a atingiu, ela não sabia para onde correria, só tinha noção que devia sair dali, o mais rápido possível, mesmo querendo voltar para ajudar Crazy, não podia, tinha que fugir. —Você não vai fugir por muito tempo menina! Depois de correr muito pulando por encanamentos que serviam como obstáculos, Maely avistou uma suposta entrada, parecia mais uma caverna, mas era uma tubulação gigantesca, mesmo correndo risco e com muito nojo, ela entrou naquela água barrenta cheia de fezes e correu por ela olhando para trás vendo que o homem a procurava. Quando olhou novamente para trás, percebeu que o velho havia sumido, e deduzindo que podia estar a enganando a garota correu mais ainda, olhando para todos os lados. Estranhamente Maely chegou a um lugar cheio de água, rodeado de tubulações soltando
muita água, o pior não era a água ser quase negra de sujeira, e sim porque Maely não sabia nadar, se do jeito que a água entrava pelos canos o nível só aumentaria. Não tendo tempo para pensar, Maely procurou algo para ficar longe da água, foi ai que teve uma ideia melhor, resolveu voltar por onde veio, quem sabe Holm não estaria mais lá fora, nisso começou a nadar tentando esquecer o odor que incomodava seu nariz. Quando estava chegando a estrada, Maely se deparou com algo que a fez gritar, milhares de baratas estavam cobrindo o gigante encanamento, uma cena horrorosa, se uma barata já dava nojo, imagina trilhões delas amontoadas, qualquer uma gritaria. Desesperada Maely voltou nadando e subiu em cima de um cano se equilibrando em um espaço que não era muito confortável, mas era sua única opção. Com o passar do tempo Maely ia sendo vítima de uma tortura psicológica, a garota temia que o nível da água subisse, pois não morreria só afogado e sim ia presenciar as baratas caídos nas águas ao seu redor, sendo que morreria de susto primeiro. Desesperada Maely pegou seu colar em mãos e fechou os olhos tentando substituir o medo pela coragem. — Eu não sou mais refém do medo, eu não tenho medo! Deve ser ilusões, eu não posso me desesperar! Enquanto Maely tentava superar seus medos, Crazy havia se recuperado do raio e sozinho seguiu em frente ansioso para encontrar a garota antes do velho, que havia sumido. A cada segundo que passava o nível da água ia aumentando, já tinha alcançado os pés da menina, e para total pavor as baratas estavam caindo na água, como se fossem peixes, a quantidade dos bichos asquerosos era tão grande que em poucos segundos a garota morreria afogada em um mar de baratas. Não tendo oque fazer, Maely começou a segura seu colar fechando os olhos. Na visão da garota ela estava presenciando um dos seus maiores medos, que era barata e agua, não sabia nadar, mas na realidade tanto ela quanto Crazy ainda estavam nas trevas, oque deixava o anjo confuso pois tinha certeza que o portal que havia entrado era a entrada para a Terra, mas, na verdade, era um truque da Morte que colocou um falso portal que servia como uma ilusão fazendo eles pensarem que estariam em outro local. Como as águas batendo forte em seu joelho, Maely não conseguia mais se equilibrar em cima do cano e acabou ainda para total desespero, gritando muito.
— Socorro, alguém me ajuda! Vendo as baratas na água, a garota estava e de longe a avistou se afogando, pois oque ele viu era um rio que existiam mas profundezas das trevas, imediatamente pulou na água e nadou sem ao menos para ter fôlego tentando alcançá-la. Maely batia as mãos tentando se manter viva, mas a água a puxava para baixo, e pra enlouquecê-la as baratas começaram a pular sobre ela a fazendo se espernear muito. — Me tira daqui, tira essas baratas de cima de mim!! Alcançando a garota, Crazy a colocou nas costas e com muita dificuldade a levou para terra firme. Mesmo no gramado, Maely se debatia tentando tirar as baratas de seu corpo. —Me ajuda Crazy! Tira esses bichos de mim!
— Que bichos?! — Essas baratas horrorosas, elas vão me devorar! —Mas não tem nenhuma barata em você menina! Disse o homem segurando a garota pela blusa toda molhada. Os olhos de Maely já estavam brancos de medo, ela suava muito, tanto que mesmo molhado o anjo conseguia ver o suor. Não tendo muito oque fazer, Crazy abraçou a garota bem forte, e começou a tentar acalmá-la com suas palavras do mesmo tempo acalmando a sim mesmo.
— Se acalma menina, não tem nada em você! — Tem sim, como não pode ver?! — Porque é ilusão, tente se concentrar, será que não percebe que é um truque de Holm?!
— Holm? Mas ele não teria poder para isso! Disse a garota ainda se esperneando, oque dificultava que Crazy continuasse a abraçando. — Você não tem ideia do poder dele, um dia eu presenciei ele enlouquecendo uma vítima, a coitada se batia demais, dizendo que aranhas estavam a picando, o susto foi tão grande que o coração dela parou em poucos segundos. — Então é isso que ele está fazendo comigo? — Sim senhora, o objetivo dele é esse, te enlouquecer. Enquanto Maely conversava, tinha parado de se debater, oque deixou Crazy aliviado por ter conseguido a acalmar.
— Percebeu uma coisa menina? — Não, oque?! — Cadê as baratas?! A garota olhou para o chão, esticou os braços mas os bichos haviam desaparecido.
— Elas desapareceram! — Sim, isso aconteceu porque você não se prendeu aos seus pensamentos, enquanto falava comigo você não lembrava de nada. Isso só mostra que ele está controlando a sua mente, para ver ilusões, isso é apenas o começo menina, ainda não viu nada! A garota se sentou no chão, ao lado de um cano, apesar de não ver mais baratas, ela ainda vivia na ilusão, vendo coisas distantes que Crazy via.
— Mas parece tão real, eu vi aquelas baratas na minha cabeça, como pode ser inexistentes? — Menina, se você soubesse a força de nossos adversários não me perguntaria isso. — Mas oque eu faço para me livrar dessas ilusões?! Disse Maely com expressão de choro. - Sua única saída é esse colar, a força dele te livrará de todo o mal! — Mas eu não consigo despertá-lo, parece que está morto dentro dessa joia, quando vou me concentrar sempre me perco nas fraquezas. O anjo se aproximou da garota e ainda sangrando se sentou ao chão, com o braço direto sobre ela. Maely ficou com o colar na mão, o olhando, em sua frente só conseguia enxergar tubulações do imenso bueiro, oque mostrava que continuava manipulada pelo psicopata.
— Aonde estamos agora Crazy?! — Ainda no lago, estamos olhando para ele! — Eu estou no comando daquele infeliz! — Menina você tem mais medos além de afogamentos e aqueles insetos?! Disse Crazy curioso. — Sim. — Holm poderá castigá-la com seus piores medos, se cuida menina, eu vou ficar ao seu lado até o fim da minha vida! — Só assim para eu ficar um pouco tranquila! O homem se levantou e olhou para todos os lados, procurava por algo mas pelo jeito não encontrava, estranhando o comportamento do amigo, Maely se levantou coim a ajuda dele.
— Suspeito que aquele portal não era verdadeiro, ainda não encontramos o caminho para sair daqui! — Estamos fritos Crazy, pensei que você saberia aonde se encontrava esse tal portal! — O jeito é continuar procurando, não podemos ficar em um só lugar por muito tempo, lembre que muita gente esta a nossa caça! Quando estavam prestes a continuar o caminho, Maely ouviu algo que a fez se virar, eram como se fosse passos, nisso orientada por Crazy ela encostou a costa na dele e os dois ficaram esperando algum ataque silenciosamente. Quando menos esperavam o velho atacou com a sua bengala, para sorte de Maely no reflexo conseguiu se desviar do golpe, mas acabou atingindo o anjo nas costas que caiu
ao chão. Ainda na adrenalina, Holm tentou atingir novamente Maely, só que a garota rolou pela grama e corajosamente chutou o velho na perna que caiu de dor, mas o demônio era resistente, e rapidamente se levantou golpeando a menina na cabeça que caiu na hora, se recuperando da pancada Crazy agarrou e o jogou no chão, começando a socar muito.
— Você não vai enlouquecer essa menina Holm, pare de seguir as ordens dos outros, não seja um servo para sempre! — Eu sou oque sou, não é por prazer e você sabe disso, mas não importa! Disse o velho ainda dominado pelo homem. - Pelo jeito você não vai mudar de opinião mesmo, então não tenho outra opção além de te matar. Quando Crazy tentou socar o velho mais uma vez, Holm reagiu pegando sua bengala e golpeando o homem na barriga que ficou sem ar, se aproveitando disso, o velho se livrou das mãos do anjo e correu até a garota com a sua bengala esticada para ela. Maely estava com medo e a cada passo que o homem dava, ela se acuava caminhando para trás, a cabeça de coruja que continha na bengala abriu o bico e estranhamente saiu uma luz azul muito forte como se fosse uma lanterna, mas, na verdade, era os raios que o velho usava para ferir seus adversários.
— Oi mocinha, não precisa ter medo de mim, já não basta ser refém de tantos medos que tem! — Você é o culpado né, as baratas e esse esgoto são apenas coisa do meu pensamento. Qual o objetivo de controlar a minha mente?! O velho sorriu ironicamente se aproximando da garota com a bengala esticada.
— Você é a vítima mais fraca que já tive, e olha que já tive muitas hein, mas é a primeira que me faz rir! — Aproveita o seu tempo, rir muito pois logo não terá motivo pra isso! - Você é cômica menina, te invejo desse seu senso de humor! Mas pena que não poderá sair daqui, terei que te matar, se não fosse isso até iria em um show de stand-up seu, acho que seria bem divertido. A ironia de Holm fazia a mão de Maely tremer, estava muito nervosa, mas se tentasse alguma reação, com certeza, seria atingida antes pelos raios do velho que não abaixava sua bengala.
— Você diz que sou fraca, mas, pelo menos, não sigo ordens de ninguém! — Oque quer dizer com isso? — É que acho engraçado e ao mesmo tempo triste, a sua situação. — Você não me conhece menina, porque diz isso?! O velho se aproximou mais de Maely que tinha medo de ser atingida pelos raios.
— O doutor é seu mestre, e você se precisar até beija os pés dele para continuar sobrevivendo a essa vidinha idiota que tem! — Quem você pensa que é para falar assim comigo?! — Não sou ninguém, mas sou em melhor do que você, não é eu que estou servindo a um homem! — Não adianta menina, eu sei que Crazy encheu sua cabeça de ideias de covarde, mas comigo não falha! Revoltado com as palavras que ouviu de Maely, o Holm tentou atingilas com o raio, para sua sorte, o raio atingiu o chão, na sagrada tentativa o homem errou novamente, acertando o outro lado no chão. Vendo que a garota estava em risco, Crazy se recuperou e com toda sua força pegou o homem pelo pescoço, puxando para o chão, nisso os dois homens começaram uma briga intensa, apesar de Crazy ser uma pessoa forte com um metro e oitenta, Holm era bem resistente, e ágil, parecia um moço de vinte anos. Era um duelo incansável, o velho tentava atingir o adversário com raios mas o anjo se esquivava com apenas uma asa, que era a esquerda com um pedaço pequeno da direita sangrando sem parar. Não podia usar suas forças contra o homem, se não morreria e deixaria Maely sozinha nas mãos do
doutor. Maely tentou ajudar o amigo, mas algo a prendeu no chão, quando olhou viu raízes se enrolando em suas pernas, em pouco segundos o corpo da garota estava coberto de raízes e quando tentou gritar foi impedida sendo puxada para baixo como se estivesse em uma areia movediça. O pavor era tanto que não conseguia gritar muito menos se mover, pois as raízes espremiam toda sua carne e seus ossos. Quando abriu os olhos, Maely estava em uma selva extemporaneamente assustadora, ao seu redor havia árvores gigantescas, muitos cipós pendurados e diversos macacos pulando sobre os trocos, e para acompanhar toda a paisagem selvagem, cantos de passarinhos rompia o silêncio daquele imenso e misterioso local. Desesperada por se encontrar em um lugar desconhecido novamente, Maely se levantou olhando para todos os lados, o pior de tudo é que não tinha mais o apoio de seus amigos tanto de SH quanto de Crazy, pois ambos estavam distantes dela, cada um lutando por sua própria sobrevivência. Com exceção de SH, Crazy poderia ainda estar próximo a ela, aos poucos a garota foi lembrando da última coisa que aconteceu, que era a briga entre Holm e o anjo, e percebeu que tudo poderia ser mais uma ilusão, e tendo a consciência que sua mente estaria sendo controlada, Maely se sentou ao chão e fechou os olhos, após isso pegou o colar e se concentrou. Mas algo fez ela abrir os olhos, barulhos de bichos estavam aumentando a cada momento e quando olhou, estava cercada por milhares de macacos com os olhos vermelhos fixos nela. Maely até pensou em gritar mas algo caiu em sua cabeça, estranhando, a garota olhou para cima e oque viu não a agradou, pendurados nos cipós e nos troncos haviam gigantes morcegos do tamanho de gaviões, parecia que olhavam para Maely. Vendo aquilo, ela não suportou e deu um grito fortíssimo tentando afastar o pavor que sentia naquele momento. Gritar foi a pior coisa que alguém poderia fazer naquele momento, os macacos pularam em cima dela que tentou se jogar ao chão para ficar livre mas os bichos a mordiam no corpo inteiro. Não aguentando mais, a garota fechou os olhos sentido o sangue sair, até que em um momento aquela tortura cessou, com todo o corpo doendo, cheio de mordidas, Maely se levantou aos poucos com muita dificuldade, e quando olhou em sua volta não havia mais nenhum macaco para seu alívio. Pensando que a tortura tinha acabado, a garota se ajoelhou no chão olhando para suas feridas, oque ela não lembrava era que os morcegos ainda estavam pendurados com os olhos fixos nela. E quando tentou sair a selva, diversos morcegos pousaram em sua frente, o estranho era que pendurados no tronco parecia maiores, mas quando estavam ao chão tinham o tamanho normal. Mas oque a assustava não era o tamanho, mas a quantidade, e o jeito que eles se comportavam, os bichos iam se ajuntando em um único grupo, e pelo olhar deles não se alimentavam de frutas e sim de sangue, estavam famintos com as asas batendo um no outro. Maely pretendia gritar mas se lembrou de que foi atacada pelos macacos, já por causa de seu pavor, era difícil ser fria naquele momento, mas a garota tentou. O ruim de tudo era que o sangue que tinha nas feridas causados pelas mordidas dos animais, salientavam a vontade dos bichos que abriam a boca com sede de beber sangue. Percebendo que estava em risco iminente, Maely segurou o colar e se concentrou, aquela ação da garota alvoroçou os animais que voaram para cima dela, ouvindo as batidas de asas ela não se amedrontou e se manteve firme, e aguardou friamente o seu sangue ser sugado pelos bichos famintos. Mas para sua surpresa, não sentiu nenhuma dor, ao contrário, uma força invadiu seu corpo e o colar brilhou intensamente, assustada ela abriu os olhos tentando segurá-lo mas ele pulsava muito, nisso os morcegos foram arrastados por um vento que se fortalecia a cada pulsação da joia, lançando os bichos sobre as árvores. Após ter afastado toda as feras, o colar se acalmou, e Maely ficou pasmada com oque viu, só agora ela
tinha noção do poder que carregava pendurado em seu pescoço, mas os morcegos eram resistentes e de um segundo para o outro se ajuntaram novamente em sua frente, mas em vês de atacá-la pareciam que estavam brigando, e se transformaram em um funil negro e estranhamente em um morcego gigante de mais de dois metros, que ficou em sua frente. O monstro abriu a boca e de dentro dele saiu pequenos morcegos, era uma cena difícil de presenciar, os olhos vermelhos das aves iluminavam o corpo que era formado por eles, mesmo sozinha e apavorada, ela se concentrou e esperou a reação do monstro que foi rápida. O bicho tentou esmagá-la com um pulo, mas não caiu no chão, ficou congelado ao ar, quando Maely abriu os olhos, seu colar estava pulsando e o brilho dele havia coberto o monstro. Com o poder despertado mais uma vez, Maely não tinha controle de si, e quando nem percebeu já tinha dado um salto e em cima da criatura, começou a dar diversos socos na cabeça, no peito e nos braços, eram diversos golpes que perfuravam o monstro, derrubando ao chão diversos morcegos. Destruindo o mestre, Maely caiu ao chão com seu colar brilhando, nisso uma chuva de morcegos começou a cair em sua volta, todos mortos, nenhum a atingindo. Oque deixava a garota mais surpreendida era que não sentia medo, estava tomada por uma coragem que nunca havia sentido, e mais concentrada do que nunca, Maely se sentou ao chão com as pernas cruzadas, fechou os olhos e se concentrou totalmente, sem ouvir nada e nem ver, apenas tendo um tempo a sós com sua mente. Abrindo os olhos Maely estava enfim no lugar certo, agora conseguia enxergar a paisagem verdadeira, que não se tratava de uma selva e de muito menos um bueiro pesteado de baratas. Sem ter tempo pra respirar Maely correu até o amigo que estava endo espancado pelo velho que dava diversos golpes na costa dele.
— Pare com isso, a sua briga é comigo, deixe Crazy em paz! O velho olhou para a garota, cessando os raios, e de certa maneira, surpreendido por ela estar livre das ilusões.
— Como conseguiu?! — Se estiver falando de mais uma das suas ilusões foi fácil, não sou fraca como pensa! Holm ficou furioso por ver a garota ainda de pé, não tinha mais oque fazer, essa seria sua primeira vítima que não conseguiria a enlouquecer, e logo a mais importante. Não havendo mais opções, teve que apelar para a alternativa menos favorável a ele, resolveu matá-la. Antes que pudesse perceber, Maely foi atingida por um raio a lançando longe, tentando se levantar a garota foi atingida mais uma vez, deixando a com muita dor. Se recompondo dos golpes que levou, Crazy se levantou mesmo com muitos ferimentos pelo corpo, tentaria lutar com o velho, era sua única atitude a tomar, pois sabia que se usasse o seu poder morreria em seguida, estava muito fraco, mas era isso ou ver Maely morrer e o mundo ser comandado pelo doutor.
— Essa briga é entre nós Holm, deixe a menina em paz! — Não Crazy, de você eu cuido depois! — Você sabe que não conseguirá enlouquecê-la, a Morte quer ela viva, oque dirá quando você levar a menina morta?! O velho ficou pensando por um momento, com a bengala apontada para Maely.
— Eu sei que a mestre pediu a cabeça dela, não tente me enganar Crazy! — Mas eu me lembro que a Morte pediu para eu, Miguel e Phili entregar a cabeça e não você. Será que se esqueceu de sua missão?! — É claro que não me esqueci. Disse o velho Nervoso. — Você está nervosa por isso, não sabe oque deve fazer, mas isso não me importa, só lhe aviso que terá que me destruir primeiro, só assim poderá tocar em Maely! Holm não queria perder tempo em duas batalhas, mas sabia que Crazy estava fraco e que se fosse atingindo por mais um golpe não resistiria, então aceitou com total confiança
na vitória.
— Admiro a sua coragem Crazy, mas fico desolado por saber que será sua última luta e logo pra defender uma humana idiota! — Não preciso de sua piedade, guarda isso pra outra pessoa, vamos logo com isso! O velho caminhou em frente ao homem, o anjo sabia que se fosse atingido por um raio morreria, por isso focou na ponta da bengala. Cruel como era, Holm tentou desconcentrar o adversário, ficava sorrindo ironicamente, tinha poder para destruir quem fosse com apenas seus pensamentos, e sempre tinha no rosto um sorriso, com os dentes amarelos e pontudos.
— Estranho que sempre ouvi falar que você tinha medo de ir para o inferno, e sabe que se te derrotar é para lá que será enviado! Crazy ficou pensando no que o velho havia falado, seu maior medo era ir para o inferno, mas acreditava que por causa de suas últimas atitudes, poderia ser resgatado e se transformar em um anjo do bem, era oque mais desejava além de alvar Maely, e mesmo que se decepcionasse depois, não se arrependeria por arriscar sua vida por uma amizade. — Meu medo é ter que deixar essa menina sozinha, mas sei que ela saberá se cuidar! Maely que estava caída ao chão, ouviu o amigo dizer aquilo e ficou desesperada tentando evitar que alguma tragédia acontece-se, era um suicídio o anjo tentar lutar mas ela não tinha forças para se levantar, os raios ainda estavam fazendo efeito em suas células, o jeito foi gritar. — Não Crazy, não faça isso!! O anjo ignorou o apelo da amiga e na frente do velho fechou os olhos e os punhos, se concentrando. Holm não entendia oque o homem queria mostrar com aquela ação, mas em poucos segundos o corpo do anjo estava coberto por uma energia forte que levitava as folhas de árvores que estavam no chão. Assustados com oque via, Holm tentou desconcentrá-lo, mas não conseguiu.
— Pare de besteira Crazy, e me ataque logo, ou terei que matá-lo! O velho insistiu tentando distrair o adversário. — Vou contar até três hein! Holm se aproximou com sua bengala brilhando em direção a Crazy que continuava concentrado, absorvendo toda energia possível.
— Um; dois; … Quando contasse o último número, o demônio atingiria o homem com o raio, mas oque aconteceria era totalmente ao contrário, algo que o velho não esperava.
— E três! Três, foi a última palavra que Holm disse antes de ir para o inferno, quando disse isso ele foi atingido por Crazy que ligeiramente se desviou o raio e deu um murro fortíssimo na barriga do velho que caiu ao chão com seu coração parado. A força do soco de Crazy teria sido tão forte que a bengala havia voado longe, Crazy tinha concentrado toda energia da natureza em seu punho e liberou no velho, era sua única opção, em seguida caiu no chão muito fraco. Preocupada, Maely correu até o amigo, pulando pelo corpo do velho que estava com os olhos parados, que aos poucos o corpo ia se transformando em cinza, sendo absorvido pela terra.
CAPÍTULO 10-O Coração de Rubi — Crazy, você está bem?! — Não, mas não me toque, eu preciso ser levado pelo destino. — Não, por favor, não me deixe sozinha! Maely pegou as mãos do anjo que sangrava muito com a voz muito fraca.
— Chegou a minha hora menina, quem sabe te encontro novamente! — Promete? — Não posso prometer, mas tenho que lhe avisar uma coisa. Quando Crazy ia falar, foi impedido por uma tosse muito forte que o fez colocar sangue pela boca, preocupada Maely tentou o ajudar mas ele recusou. — Não menina, eu estou perto do meu destino, só quero que me obedeça em algo que vou lhe orientar! — Pode falar Crazy! — Eu não vou poder ajudá-la a encontrar o portal, mas não se desespere é só se concentrar e confiar no poder desse colar, só assim aira daqui. Me entendeu? Maely não queria concordar com aquela despedida mas teve que aceitar, com lágrimas nos olhos.
— Sim, obrigado por ter me ajudado, agradeço por tudo que fez por mim, nunca vou ter feito de mim uma pessoa melhor, nunca vou te esquecer Crazy! — Eu que tenho que agradecer por ter feito de mal a uma pessoa melhor, não poderia ir embora seu ter te conhecido. Foi uma honra menina! Crazy beijou as mãos da garota que chorava compulsivamente. Antes que Maely se despedisse, Crazy fechou os olhos e em pouco tempo, a brisa levou as cinzas dele, voando pelos ares, deixando a garota sozinha chorando muito, sentindo uma das piores dores que era a perda. Com um amigo a menos, Maely teria que sair daquele lugar obscuro o mais rápido possível, esquecer tudo que ocorreu e seguir em frente, afinal SH estava desaparecido ainda. Após ver os anjos do amigo voarem, a garota começou a correr, sem uma direção certa, corria segurando seu colar que aos poucos voltava a ter vida, mesmo naquela escuridão Maely conseguia se desviar dos obstáculos que pareciam invisíveis e enxergava uma luz que mostrava um caminho que supostamente seria o mais provável para seguir. Acreditando que a luz que enxergava seria o caminho para o portal, Maely o seguir até o fim, quando o caminho havia terminado, estranhamente a garota conseguia ver o portal que parecia uma atmosfera negra. Se sentindo aliviada por estar próximo a sair daquele inferno Maely se apressou a entrar no portal só que algo a interrompeu a fazendo virar para trás, quando olhou, a garota viu a tão temida Morte que com seu capuz a olhava nos olhos com sua gigante foice nas mãos.
— Aonde pensa que vai menina? Maely não a respondeu. — Vamos me responda, esta pensando que pode fazer o mesmo que fez com meus servos?! A garota não falava nada, estava prestes a entrar no portal e sair dali, só precisava de um desvio da mulher para poder fugir.
— Pensa que pode me controlar como fez com Crazy? — Eu não controlei o Crazy, ele não aguentava mais ter que te servir, como todos aqui devem estar repugnados com a senhora! A mulher caminhou até a garota com a foice na mão direita. —Oque foi que você disse, não sabe que tenho o poder para te destruir?
— Eu não tenho medo de você, eu também tenho o poder para destruí-la! A mulher começou a gargalhar ironizando oque Maely havia dito, nervosa a garota só olhava pro portal e para o colar. - Como pode era tão ingênua em pensar que pode
destruir a morte?!
— E qual o motivo de eu não poder pensar nessa possibilidade?! — O motivo é que enquanto você pensa, eu já te mandei para o inferno! A mulher golpeou Maely com a foice na direção de seu pescoço, foi a um ataque surpresa que a garota não conseguia prever, mas para sua sorte o colar entrou em ação novamente. Quando Maely olhou, seu anjo protetor estava segurando a foice com a lâmina de sua espada, se não fosse essa ação, a garota estaria sem cabeça. A morte não conhecia o anjo, só sabia que ele não pertencia aquele lugar pois era um anjo do bem que moravam no paraíso, e surpreendida com o ocorrido, a fúria da mulher só aumentou.
— Eu não te conheço mas sei que não devia estar aqui, então volte para seu lugar se não quiser que te acuse de invasão, e você sabe oque acontecerá se virar réu por causa dessa acusação! — Me desculpe senhora, só estou aqui para salvar a meu mestre, se deixar que ela saia eu prometo que não volto mais aqui! — Bom, eu tentei avisar mas você não ouviu então não tenho nada oque fazer além de isso!! A mulher tentou golpear o anjo que se defendeu com a espada mais uma vez. Mesmo tentando incansavelmente, a Morte não conseguia atingir o anjo que era tão bom quarto. Crazy quando se tratava de espadas, defendia todos os golpes da mulher dentre os mais fáceis e até os mais difícil.
— Acho que a senhora terá que fazer melhor para poder me matar! — Você sabe que tenho o poder pra isso, mas se um de nós morrermos nessa batalha causará uma catástrofe gigantesca! — Eu sei, por isso não vou ficar perdendo tempo com você aqui! O anjo ainda segurando sua espada para não ser atingido pela foice, pegou a mão de Maely e de costas caminhou até o portal se jogando nele, a Morte ainda tentou impedir mas não conseguiu, os dois já estavam prestes a voltar de onde veio. A mulher ficou furiosa dando golpes com sua arma no chão, ela sabia que mesmo não concordando com o doutor, tinha o dever de ter eliminado Maely, pois assim deixaria o mérito ao demônio que iria se gloriar de sua falha. Quando Maely entrou no portal, não enxergou mais nada, e em eu quarto como da primeira vez, a diferença é que SH não estava no local, oque deixou-a apavorada. O anjo estava do lado da garota já sem a sua espada, timidamente ele olhava para Maely esperando algo que pudesse a servir. Muito nervosa a garota se levantou, procurando o portal para voltar ao local, é obvio que não encontrou. —Oque está procurando menina?!
— O portal, será que tem como eu voltar? — Lógico que não né, tudo aquilo foi causado porque aquele demônio estava controlando sua mente! — E agora? Maely se sentou a cama muito preocupada, estranhando o comportamento da menina, o anjo se aproximou dela colocando sua mão no ombro da amiga.
— Oque está atormentando seu coraçãozinho menina?! — É que meu amigo SH, ficou preso naquele lugar horroroso, e eu não posso fazer nada para mudar isso! - Pode sim, basta se concentrar e liberar o poder desse colar! A garota ficou esperançosa mas depois logo fechou o rosto ainda preocupada.
— Mas como, se amente dele está sendo controlada?! — A sua também estava mas o poder desse colar é maior que qualquer artimanha daquele homem. Pensando sobre oque o anjo havia falado, Maely se concentrou ao máximo esquecendo de tudo, sem enxergar e ouvir oque estava em sua volta. Com o colar pulsando
poderosamente a garota conseguiu ver o amigo ao chão com poças de sangue ao seu redor, vendo a situação, Maely se assustou abrindo os olhos como se despertasse de um pesadelo, e começou a chorar. —Oque você viu?
— Eu vi SH estilado no chão sangrando, e do lado dele tinha uma coruja gigantesca muito feia, prestes a devorá-lo! — Então trate de tirá-lo de lá imediatamente, se não quiser que seu amigo morra! Obedecendo o anjo, Maely fechou os olhos e se concentrou novamente, dessa vez com mais coragem. E pode ver o amigo abrindo os olhos, nisso a coruja percebeu que ainda estava vivo e tentou devorá-lo, mas em um passe de mágica o rapaz desapareceu, deixando o doutor de boca aberta, surpreendido com oque via. A mente de SH não estava mais sendo controlada pelo demônio, graças a Maely que agora havia conhecido enfim o verdadeiro sentido do colar da imortalidade. Preocupada com o amigo, ela não quis despertá-lo, mas o agente acordou apavorado, se levantando ligeiramente a procura dela.
— Se acalme SH, está tudo bem! — May, você está bem? Aonde estava esse tempo todo? — Relaxa, eu estou bem! Disse a moça acalmando o homem. — Mas a nossa mente ainda está sendo controlada por aquele monstro? E a coruja me devorou? — Fique calmo SH, eu vou chamar Steven para conversamos. O policial estava ainda atordoado com tudo que aconteceu, era difícil não só para ele, mas para qualquer um, passar pelo que os dois passaram e se recuperarem do trauma em um curto tempo, era quase impossível, mas Maely não queria sempre ter que fugir do demônio, agora estava determinada a entrar de vez nessa batalha. Com o chamado, Steven chegou a casa da moça em poucos minutos, ainda era de madrugada mas como a amiga havia falado que era um assunto urgente, o historiador pegou seu carro e veio voando para encontrá-los. Steven vei junto com Junya que vendo SH correu até ele o abraçando muito feliz, o rapaz abriu um sorriso gigante, pois fazia tempo que não se viam, na realidade só fazia um dia, mas por ter sido controlado pelo demônio, achava que tinha passado uma eternidade, preso naquele horrível lugar inexistente. Relatando tudo que havia acontecido Steven ficou apavorado por um momento, mas logo se animou com oque Maely tinha para falar.
— Dentre tantas coisas ruins que acontecerão no decorrer que a minha mente e a de SH estava sendo controlada, uma coisa boa e a essencial ocorreu! — Nossa, estranho porque pelo que você me contou, vocês sobreviveram a um pesadelo que parecia não ter fim! — Sim, mas digo uma coisa boa porque poderia ter sido mais, mas infelizmente meu amigo Crazy não pode ficar vivendo nessa Terra, mas vamos esquecer. Oque importa é que já sei o verdadeiro sentido do poder desse colar, não é apenas me tornar imortal, mas sim usufruir da imortalidade para curar esse mundo que está infectado pelo mal! Steven estava surpreendido com as palavras da moça, nem ele que estudou por anos a história daquele colar não sabia nem ao menos explicar o sentido do poder daquela joia. Mas depois de uma longa jornada, os jovens estavam prestes a entender melhor aquele misterioso colar. —Como descobriu isso Maely?
— Simples Steven, eu segui meu coração e deixei ele se comunicar com o coração de rubi, ai só precisei me concentrar para me livrar dos comandos daquele infeliz. — Espere um pouco, oque é coração de rubi?! Disse Steven ao lado da garota não entendendo direito oque ouvia. —Coração de rubi é a esperança desse planeta, é a solução, eu sou responsável por ele e tenho o dever de fazer o poder chegar até os problemas que castigam nossa sociedade!
— E esses problemas por acaso seriam causados pelo doutor?! Disse SH cruzando os braços com sua filha do lado. — Não só por ele SH, o mundo vem sofrendo há muito tempo e o culpado somos nós próprios. O homem com o passar do tempo não pensou na natureza, e sim em sua modernização, destroem tudo que pudesse ajudá-los de uma maneira correta, e utiliza o lado errado para alimentar suas ambições. Não adianta nos modernizar sem ao menos conhecer a nossa própria mente, o doutor não precisa fazer muito esforço para convencer todos ao seu lado, pois sem ao menos o conhecer, eles já servem ao mal, são controlados por seus próprios pecados e vícios quer só crescem a cada dia! Os homens estavam de boca aberta, surpresos com o discurso que Maely havia acabado de fazer, parecia até uma protetora de povos, era surpreendente a firmeza e o poder que ela expressava, quando abria sua boca para orientar os amigos que apesar de serem mais velhos, a ouviam com muito respeito e admiração.
— Nossa May, parece até uma ativista, estou orgulhoso de você! — Obrigado SH, mas falar é o mínimo né, não podemos ficar apenas em palavras, como muitas autoridades que teima em nos representar, temos que agir, nunca sozinhos mas sempre juntos. Não importa a quantidade mas sim a consciência do que está fazendo e pela causa que estamos lutando! — Sabemos disso Maely, mas como o seu colar poderá evitar que o mundo não seja destruído pelo doutor, ele é muito inteligente e, com certeza, está com o tridente, sendo assim estamos correndo um risco gigante! Maely fez uma pausa pensando no que Steven havia falado.
— Mas oque ele ganharia destruindo o planeta? Poder? Acho que não, se eu não estiver enganada o doutor usará o tridente para enriquecer suas ambições, e não para destruir o mundo que é responsável por seu lucro. — Sim, você pode estar com a razão, mas porque ele não fez isso logo? Essa demora está me intrigando, não podemos confiar, ele é cheio de truques! — Eu sei disso Steven, mas o jeito é aguardar e não nos separarmos por nada, entendeu SH? O policial que estava ouvindo, olhou assustado para a moça, estranhando aquela indireta.
— Porque diz isso May, quando foi que me afastei de você? — Muitas vezes, por causa do Gabriel, na verdade por causa de ciúmes! — Sim, mas sempre voltei! — Eu sei disso! Os jovens ficariam discutindo como crianças, até que Steven interveio evitando maiores discussões.
— Ei pessoal, não vamos perder tempo com discussões bobas, esqueceram de Shiva? — É claro que não né Steven! — Pois então, ele pode nos ajudar e muito, basta encontrarmos ele! — Ai está o problema, onde se encontra esse homem? Steven ficou pensando, como seus amigos também, mas nenhuma suspeita vinha em sua mente. —Talvez estaria preso no Diamond Head também! Disse SH colocando Junya no colo.
— Não SH, ele está preso no Comen, antes que me perguntem, Comen é uma porta gigantesca, feita de bronze com três algarismos romanos no centro. — Você por acaso, sabe quais são esses algarismos? —Sim, são XXI, século 21, ou seja, era uma previsão de tudo que aconteceu e ainda acontecerá nesse século que vivemos!
— Ah, essa porta foi construída pelo Xauã para poder prender o Shiva né Steven?! Lembrou Maely a história que havia ouvido do historiador. — Sim Maely, e precisamos chegar até essa prisão resgatá-lo pois ele é muito grato com as pessoas que o ajudam, e se nós conseguirmos tirá-lo de lá, tenho certeza que nos
recompensará!
— O problema é saber aonde se localiza essa prisão, não temos tempo para procurar no mundo inteiro! — Eu sei disso Maely, com certeza a porta se encontra em Myanmar, não se preocupe que eu já fui lá e não existe nada de anormal nesse país! -Sei, só fiquei pensativa porque estamos viajando demais e nem temos mais tempo para curtir a vida, é um pouco triste essa nossa situação! Oque Maely tinha falado deixou todos pensativos, pois fazia mesmo muito tempo que não ser divertiam, os jovens estavam se doando ao máximo para resolver esses problemas que pareciam não ter solução, desde que Maely chegou a Nova Iorque a sua vida mudou completamente, a única coisa boa a acontecer foi conhecer SH e Steven, dois amigos fiéis e especiais da garota.
— Não pode ser?! - Oque Steven?! Disse SH assustado com o amigo. — Meu mestre que mora em Myanmar é o maior historiador de todos os tempos e acabei de lembrar que ele não sabe da história verdadeira do tridente! — Nossa, mas não foi ele que te ensinou tudo oque sabe?! — Sim Maely, só que a história de Shiva é muito complexa, e isso dificulta muito, pois os livros não conseguem limitar informações, sendo que muitos mistérios ainda estão guardados. O homem colocou a mão no bolso, procurando por algo, enquanto procurava em todos os bolsos, o casal ficava olhando para ele, curiosos.
— Meus documentos e meu passaporte não estão aqui, acho que deixei no carro, preparem os seus passaportes para viajarmos o mais rápido possível! Com a chegada da manhã, Steven teve que voltar ao trabalho, estava muito ansioso com a viagem para Myanmar.
— Ei Steven, será que dá tempo para você levar Junya na escola para mim? — Deixa que eu levo SH, lembrei que hoje estou de folga mesmo, vai ser um prazer! — Então tá, obrigado. Vá com a tia may e se comporta fofa! Disse SH orientando a menina. Como combinado, Maely se despediu dos amigos que foram trabalhar, e levou Junya a escola, brincando com ela ao percorrer do caminho. Deixando a menina nas mãos da professora, Maely voltou para seu apartamento, mas algo fez ela demorar mais um pouco antes de ir, quando atravessou a rua da escola, a garota viu Gabriel com uma outra moça ao seu lado de mãos dadas. Nervosa com a cena Maely baixou a cabeça e passou pelo casal, como não o conhecesse, era difícil para ela, pois ainda amava e sabia que sua relação havia terminado por sua culpa, mas tinha que esquecer de algum jeito, oque não seria fácil a ela. Quando chegou em seu apartamento, Maely se trancou ao quarto e começou a chorar compulsivamente, vendo uma tesoura em cima de um móvel até pensou em se cortar mas foi aí que lembrou de tudo oque aconteceu em sua vida, as coisas ruins e boas, principalmente os ruins foram um ensinamento para ela, uma luz no final do túnel, uma mão a resgatando de um precipício, o suicídio nunca mais a derrotaria. Muito menos o medo, agora a garota era uma pessoa forte que tinha amor-próprio e não voltaria de forma alguma ser controlada por pensamentos negativos, pois havia os eliminados quando lutou com Holm e com a própria Morte. Desistindo da tentativa a garota cessou o choro e tomou uma atitude que poderia ser em vão, mas por amor, ela tentaria, mesmo que fosse se rebaixar oque não gostava de fazer, pois era muito orgulhosa, para se ter ideia, noventa e cinco por cento de Maely era orgulho o que a tornava mais especial, mas pelo amor que sentia por Gabriel tentaria ao menos conversar com a garoto, tentar convencê-lo que não era mais a mesma, estava curada de todos os vícios, tinha que tentar antes que a relação dele com a garota que avistou na rua ficasse séria. Certa de que essa seria sua melhor coisa a fazer, Maely
mandou uma mensagem ao garoto dizendo que estaria o esperando na porta da escola municipal de Nova Iorque, local onde Junya estudava. Feito isso, começou a se maquiar e limpar a casa esperando ansiosamente a resposta do garoto que não estava online. Enquanto Maely esperava ansiosamente, Steven ia estudando em suas horas vagas, um pouco mais sobre a história de Shiva, lembrando de seu mestre o homem ligou para o velho que logo atendeu.
— Oi senhor Madse! — Steven quanto tempo, como está meu querido e eterno aluno?! Disse o velho empolgado com a ligação no outro lado da linha. — Estou bem mestre, eu tenho duas novidades para contar mas só posso falar uma por telefone, pois a outra é sigilosa! — Ah claro, conte Steven! — É ainda não sei a data mas essa semana mesmo estou viajando para Mianymar, vou reencontrá-lo senhor! — Hum, isso é bom. O comportamento de Madse não era oque o historiador esperava, a animação do velho havia acabado depois de saber que seu aluno estaria a sua casa. Intrigado, Steven tentou saber se algo estava acontecendo com seu querido mestre. —Está tudo bem senhor?! - Sim Steven, porque? - Bem, é que o senhor ficou desanimado quando soube que eu iria ai!
— Ah não Steven, é só impressão sua é que essa semana estou meio pensativo, desculpa! Se explicou o velho com a voz um pouco rouca. — Ah então está bom, menos-mau, então até breve! — Até Steven! Quando o historiador desligou, Madse se sentou a uma cadeira do lado de uma janela, olhando para fora, muito pensativo. O verdadeiro motivo da reação do velho quando soube da notícia, é que em poucos meses atrás, o doutor havia o encontrado com a intenção de buscar por alguma informação em relação ao deus Shiva, claro que Madse não queria ter dito nada ao homem, mas por causa de agressões e ameaças envolvendo seu aluno Steven, o velho teve que contar tudo oque sabia deixando o demônio mais perto de seus ambiciosos objetivos. Agoniado com aquela situação, Madse torcia pra que Steven chegasse logo para lhe contar toda a verdade, mesmo que fosse para morrer se o doutor soubesse de que ele havia rompido o combinado, ele teria que contar pois não queria morrer como um traidor de seu mais querido aluno que considerava um filho. Com a agonia tomando conta de todos, Maely tinha recebido a resposta que esperava, Gabriel aceitando o encontro e logo a garota deu seus últimos retoques de maquiagem e esperou a hora marcada. Sendo pontual como sempre era, o seu amado que por sinal estava atrasado, como estava na porta do colégio que Junya estudava, SH por coincidência, parou o carro na frente da amiga estranhando sua presença, não havia pedido para ela buscar a menina.
— Oi May, oque esta fazendo aqui?! — Oi SH, eu estou esperando alguém. — Não e a Junya né, porque se for agradeço mas eu vim buscar ela! — Não SH, é outra pessoa. O rapaz não fez mais nenhuma pergunta não querendo ser indiscreto e entrou na escola para pegar sua filha, quando saiu de mãos dadas com a menina, SH avistou a amiga do lado de Gabriel indo em direção a uma lanchonete, em vês de ficar nervoso com ciúmes, o rapaz ficou feliz por saber que Maely estava começando a vida normalmente depois de tudo que passou. Ainda chateado com a garota, Gabriel desviava o olhar a todo momento, enquanto Maely o olhava admirada, matando um pouco da saudade.
— Porque me chamou aqui Maely?! — Quero lhe confessar uma coisa.
— Então fale! A garota ficou sem jeito para disser oque queria, mas depois de um gole de água retomou confiante a conversa.
— Ainda te amo Gabriel, não teve um dia que não pensei em você! — Se amasse, teria parado com os vícios. — Mas eu parei, sou outra pessoa, passei por provocações que me ajudaram a me tornar uma pessoa melhor! Acredite em mim Gabriel! Gabriel não respondeu nada, apenas ficou desviando o olhar muito confuso com oque a moça dizia.
— Você tem toda razão de ter me deixado mas não vou insistir se me der uma resposta, que seja a última. — Qual resposta Maely está esperando, diga logo que eu respondo. Maely se levantou do banco em que estava sentada, e olhou firme nos olhos de Gabriel, e disse oque devia falar.
— Meu último pedido antes de desaparecer de sua vida, é se você aceitar voltar para mim, se aceita recomeçarmos? Gabriel ficou assustado com a pergunta, mas começou a pensar na resposta que dizia, pois perderia decidir de vez a sua relação com a garota. Não tendo oque dizer, Gabriel não quis tomar nenhuma atitude precipitada, ainda muito confuso.
— Eu preciso de um tempo para pensar Maely, quando estiver certeza do que estou fazendo te procuro! - Ta bom, pense bem Gabriel, eu te amo muito, agora tenho que ir! Depois de se despedir, Maely saiu esperançosa, esperando por uma resposta positiva do garoto, enquanto Gabriel sentiu um pouco a prisão de tomar a atitude que depois não poderia voltar atrás, pois valorizava seu caráter não querendo iludir as pessoas. Com o passar de três dias, Steven reuniu os amigos novamente, só que dessa vez em sua casa, para ficar mais acessível pois SH morava lá. Sem nenhuma surpresa, o assunto era sobre o deus Shiva, mas o motivo do encontro era para avisá-los sobre a viagem que fariam dentro de um dia. — Bom amigos, chamei vocês aqui para combinarmos a data certa para irmos até Myanmar, é claro que quero que seja o mais rápido possível! — Pra mim qualquer dia está bem, só me avise, porque tenho que avisar meu chefe! Disse SH. — E você Maely, por acaso tem alguma data específica para poder nos falar? A garota pensou sobre o Gabriel, mas logo respondeu. — Não Steven, até teria que ficar um pouco por aqui mas prefiro ir! — Então já decidi, vamos amanhã de tarde, tratem de arrumar as malas! SH ficou pensando no que Maely tinha dito, suspeitava que se tratava de Gabriel e não conseguindo se controlar de vontade, perguntou a amiga.
— O motivo de você poder ficar seria Gabriel, May? Mesmo surpresa com a pergunta, Maely não fez cerimônia e logo o respondeu.
— Sim SH, porque, há algum problema nisso? — Não, claro que não, só foi uma curiosidade mesmo! Disse o rapaz sem graça. — Mas não se preocupe, que não vou ficar o esperando, tenho o dever de acompanha- os! — Se você diz, fico feliz por isso. Os jovens ficaram conversando sobre outros temas, mais divertidos, até porque estavam muito estressados, até que Steven voltou ao assunto de viagem, oque deixou Maely nervosa.
— Não vai falar da viagem né?! — Vou Maely, porque é importante, é sobre meu mestre Madse, sinto que ele está escondendo algo de mim. — Como assim Steven?
— Não sei SH, quando liguei para ele, fui tratado como se fosse um estranho, parece que não esta feliz com o meu retorno! — Não pode ser, você mesmo disse que ele te adora. — Sim Maely, mas sinto que algo de ruim está sendo escondido de mim! — Deve ser apenas impressão sua, vai ver quando você ligou, ele não estava bem. Mesmo tentando tirar aquela ideia que achava absurda de sua cabeça, Steven não conseguia parar de suspeitar de seu mestre, algo lhe reforçava o pensamento que estava sendo traído, Maely até tentou convencê-lo de que era apenas um desentendimento dele, mas o homem não a ouvia. SH que tinha no sangue o ato de desconfiar de qualquer um, ajudou o amigo a tentar descobrir algo sobre o mestre, oque só deu mais força a suas suspeitas. — Devemos suspeitar de tudo, se Steven está estranhando, temos que nos prevenir. Talvez aquele safado do doutor teria ameaçado o seu mestre. — Será? Mas como ele acharia meu mestre e por qual motivo o ameaçaria?! O agente ficou pensando e como um competente policial, logo adivinhou o plano do doutor.
— Bem provável que aquele infeliz saiba da verdadeira história de Shiva, e também esta a procura dele! — Mas e meu mestre, ele não teria coragem de dar alguma informação que favorecesse aquele demônio! — Eu acho que ele não seria capaz Steven, e se for você não devia mais confiar nele! Disse Maely se intrometendo na conversa. O historiador não queria acreditar na possibilidade de ser traído por seu próprio mestre, mas oque tudo indicava é que Maely poderia estar certa no que dizia, mas tentando acalmar os ânimos, SH acabou convencendo o amigo que estava muito nervoso em sua poltrona.
— Se acalme Steven, o seu mestre pode estar com medo de que o doutor faça algum mal a você, tenho certeza que não daria nenhuma informação que desse vantagem aquele bandido! — Não se engane Steven, ele pode estar te traindo. — Pare com isso May, não encha a cabeça dele! O casal começou a discutir, oque só aumentou o nervosismo do historiador que não aguentando mais, gritou, fazendo os dois cessarem.
— Chega!! Já não basta todos os problemas, e vocês ficam me confundindo mais ainda! — Desculpa Steven, não queria… — Queria me deixar com raiva, então conseguiram, chega SH, amanhã a gente conversa no avião, agora deixe eu descansar! Sem nenhum direito de insistir, o agente saiu da casa levando Maely junto, pela mão pois ela não queria sair do local, mas o rapaz sabia que seu amigo precisava ficar sozinho, para poder pensar e se acalmar. Levou também a Junya, até para não incomodar o homem que com a raiva que estava não teria nenhuma paciência com criança. Sozinho em sua casa, Steven ficou em seu escritório pensando na possibilidade de ser traído pelo seu mestre, sabia que se essa suspeita foss4e confirmada, não suportaria e causaria alguma tragédia. Crendo que tinha sido enganado por toda sua vida, o homem pegou uma arma da gaveta e a encheu de munições, quando arrumou suas malas, colocou a arma no fundo, cobrindo com roupas, é obvio que ele sabia da possibilidade de ter as bagagens apreendidas quando passassem pelo detector do aeroporto, mas tinha uma boa explicação que seria a de SH ser policial, portanto mesmo não querendo teria que contar ao rapaz que levaria um revólver, só não sabia inventar o motivo para tentar enganar o agente que era superconfiante. Maely após arrumar suas malas, mandou uma mensagem para Gabriel o avisando que viajaria, disse também que não sabia a data de retorno. Ela não queria partir pois tinha
risco de não voltar, mas era preciso, mesmo se demorasse muito, talvez Gabriel não teria paciência para espera-a, mesmo que isso ocorresse um dia, com certeza, ele compreenderia, era isso ou a Terra ser destruída por aquele demônio maldito. No dia de partir, SH se despediu de Junya como os outros amigos também fizeram, é lógico que a menininha ficou triste, mas mesmo não tendo certeza o rapaz prometeu que voltaria o mais rápido possível, ela não correria nenhum risco pois ficaria sendo cuidado por empregados de Steven e além disso contaria com a proteção de Dru, amigo de SH que também era policial. Já no carro, a caminho do aeroporto, Steven resolveu contar ao amigo que estava levando a arma, não se importou com a presença de Maely pois a garota nem falaria nada, estava mito pensativa por causa de Gabriel. —SH, preciso te falar uma coisa?
— Fale Steven, do que se trata, de seu mestre? — Não, eu estou com um revólver na minha mala! — Você está doido homem?! SH deu um grito que até o taxista e assustou, parecia que tinha levado um choque.
— Fale baixo homem, não quero que os outros saibam! — Ah, não quer? Mas no aeroporto seremos presos por seu ato “sigiloso”! — Não, é só você explicar que é policial eles não vão desconfiar que a arma pertence a mim! — Como se fosse fácil, vamos fazer o seguinte, eu levo a sua mala e antes de passar pelo detector explico que sou policial, mas não sei se vai adiantar muito, porque é capaz de eles pedirem a documentação da arma, mas vamos arriscar. Disse SH em um tom de voz baixo para o motorista não pode ouvir a conversa, apesar de ter um vidro, separando os clientes e o motorista, Steven pediu para falar baixo, querendo total sigilo. — Mas qual o motivo de levar essa arma Steven? Não está pensando em fazer alguma besteira né?! O homem ficou pensando na resposta que daria, e sem demorar muito, mentiu como deu, sendo rápido para não causar suspeitas no amigo.
— Bem, é que não sabemos oque esperar por lá, não só o doutor mas também alguns bandidos, sempre é bom se prevenir né?! — Sim, você está certo! O agente ficou pensando no motivo de Steven levar aquela arma, sabia que ele estava mentindo só não queria insistir, mas ficaria a todo momento ao lado do homem para evitar que fizesse alguma loucura. Como haviam pensado, a polícia indagou SH sobre aquela arma, mas para sua sorte, ele nem precisou se explicar muito, um dos policiais era amigo de trabalho dele e coincidentemente estava trabalhando no aeroporto, oque só deu vantagem a ele. —Podem deixar ele ir senhores, esse daí é um velho conhecido meu, trabalhamos juntos em algumas operações de sucesso. E mais, não me precipitando, ele é o melhor agente de Nova Iorque…
— Que isso Charles, não é pra tanto! Disse o rapaz um pouco temido. — Não seja modesto SH, todos sabem da sua fama de caçador de zumbi! — Ah, de novo você com essa história! O policial falava de Frederiech, o velho não foi transformado em zumbi, SH havia ficado famoso por causa dessa história, ele não ostentava essa pequena fama, mas seus amigos sempre o enchiam de perguntas, oque não era para menos pois não era normal ver em zumbi na verdade. Mas é claro que SH se divertiu sempre quando tocavam no assunto, até porque sempre surgia perguntas engraçadas. Após conseguir escapar do assunto, os jovens entraram no avião rumo a Myanmar, todos estavam muito tenso, mas nem tanto quanto Maely e sentado do lado da garota, o rapaz tentou saber o porque daquele comportamento estranho.
— Porque está assim May?
— Nada não, só estou pensando! — É no Gabriel né?! A garota não queria conversar sobre aquele assunto mas não quis ser grossa com o amigo que era tão atencioso com ela.
— Sim — Me desculpe se estou sendo mal educado, mas você queria voltar a namorar com ele né? — Sim, amo muito ele. — E porque não se explica a sua situação e conta toda a verdade? — Já fiz isso, mas ele disse que ia pensar, e você me conhece, sou muito ansiosa e não estou aguentando mais, quero saber qual é essa resposta! Em um ato de conforto, SH levantou o braço da cadeira que separava ele da amiga e deitou a cabeça dela em seu colo. —Te entendo, mas assossegue esse coração fofa. Tenho certeza que voltará com ele!
— Posso te fazer uma pergunta SH? — Claro, pode falar! Disse o agente passando a mão no cabelo da garota. — Porque ainda me ajuda, mesmo quando não mereço?! SH queria dar a resposta que veio em seu coração, mas não poderia deixar a amiga mais confusa, mas não podia deixar a amiga mais confusa, então fingiu ser apenas um ato de amigo.
— Faça tudo isso porque gosto de você, ser seu amigo é sempre um prazer May, nunca vou te deixar! Maely sorriu para o amigo e continuou deitada oque fez ela se sentir mais tranquila. Quando chegaram em Myanmar os amigos ficaram um pouco surpresos, pois pensavam que era um lugar belo, mas claro como todos os países havia problemas como muitos buracos na rua e calçadas. Não querendo perder tempo Steven tratou de fazer as reservas no hotel que havia se hospedado quando veio com o doutor Lariech, enquanto os jovens visitariam a cidade, aproveitando um pouco do tempo que tinham antes de entrarem de vez na caçada do deus Shiva. Após fazerem algumas compras, o casal estava indo a encontro de Steven que estava os aguardando em um lugar específico para levá-los até o hotel, mas algo incomodou o rapaz que percebeu que estava sendo seguido.
— May, vamos andar um pouco mais rápido. — E porque SH?! — Estamos sendo seguidos vamos fazer o seguinte você vai para a esquerda e eu para direita! — Tá bom! Seguindo a orientação do amigo, Maely se separou do amigo deixando o indivíduo confuso pois havia muitas pessoas no local, era uma feira, oque deu vantagem aos jovens que chegaram tranquilas no hotel junto a Steven. —Oque aconteceu para estarem suados assim? Nem este calor?
— É que estamos fugindo! — Estávamos sendo seguindo ainda não sei por quem, estava coberto com um pano na cabeça, muito estranho, provavelmente tenha sido algum capacho daquele doutor! Deduziu o policial.
— Sim, temos que ter cuidado quando sair! Mas nem venham com aquela ideia ridícula de disfarçar! Lembrando do dia que o amigo saiu na rua vestido de mulher, SH começou a rir, pois aquela cena era muito engraçada, mas logo cessou os risos pois o amigo o olhou furioso. — E seu mestre conseguiu ligar para ele?! — Não SH, vou tentar agora! Quando o homem pegou no celular o rapaz o impediu oque o deixou assustado.
— Que isso SH? — Mudei de ideia, não ligue, vamos pegá-lo de surpresa quem sabe descobrirmos alguma coisa! — Mas aí ele não vai saber que eu cheguei, vai ficar nervoso se eu não contar! — Depois damos uma boa explicação a ele, talvez nem precise! Steven ficou pensando no que o rapaz tinha dito, era uma boa ideia para poder pegar seu mestre, estava se aliando ao doutor, talvez não pegassem nada oque não tiraria a suspeita, mas não custava tentar. —Você vem junto Maely? Maely está me ouvindo?!
— Hã, oque? A garota estava ouvindo o homem falar, nem ao menos tinha ouvido o homem falar.
— Perguntei se vai nos acompanhar para encontrar meu mestre?! — Ah, claro que sim! Disse a moça ainda no mundo da lua. — Porque ela está assim SH?! — Nada não Steven, é que ela deve estar com saudades de casa da mãe dela só isso! — Ah tadinha, faz tempo que ela não vê a mãe né? — Pois é! O policial não queria falar a verdade à amiga por respeito a Maely, pois sabia que ela não se sentiria a vontade se soubesse que percebiam o estado em que se encontrava por causa de Gabriel. Chegando a Kandawgy palace Hotel, onde Madse se hospedava, os jovens entraram sem nenhuma dificuldade pois Steven era sempre vem vindo naquele país, e como da outra vez fui tratado como um rei. SH estava surpreso coma beleza do local, apesar de estar ainda muito pensativa, Maely também estavam fantasiados com o lugar.
— Quer que acompanhe o senhor até o quarto? — Não obrigado, eu já sei o caminho! Disse Steven a um simpático funcionário do local. — Sabe qual é o quarto dele, Steven? — Sim SH, quando entrarmos em um corredor, você tire sua arma. — Está bem! Steven escondeu a arma não deixando nem SH saber, queria fazer oque devia sem ninguém o impedir. O com a amiga, o rapaz preferiu a preservar de qualquer conflito que pudesse gerar quando entrassem no quarto de surpresa.
— May, fique aqui, qualquer coisa você sai correndo. — Mas como vou saber que vocês estão bens? — Eu aviso, aí te chamo tá bom?! — Ta, toma cuidado! A garota ficou nas escadas só com a cabeça aparecendo de olho em direção ao quarto, enquanto SHH tocava a porta pois a situação não exigiria um arrombamento. Quando abriu a porta Madse ficou branco, surpreso pela visita inesperada poque causou uma suspeita de SH.
— Oi mestre, feliz por me vez?! O velho demorou para responder, pois se engasgava demais, parecendo estar nervoso.
— Sim, mas porque não me avisou que viria? Steven olhou para o amigo antes de responder. — Ah porque queria fazer uma surpresa! Mas deixa eu apresentar meu amigo SH! — Ah, é uma honra senhor SH! — A honra é minha senhor Madse! Os homens se cumprimentaram com um aperto de mão.
— Eu trouxe minha amiga também mas ela deve estar no restaurante, depois ela sobe! — Tudo bem, mas entrem por favor! O historiador entrou com a mão próximo de sua arma, SH também escondeu o revólver, e
quando o velho a porta, antes que pudesse falar alguma coisa, Steven tirou a arma e apontou para a cabeça do mestre que se apoiou na porta. O policial ficou assustado com a ação do amigo, sabendo o motivo de ter trazido o revólver.
— Oque é isso Steven? — Eu já sei de tudo, você me traiu, esteve ajudando o doutor a encontrar Shiva né?! — Lógico que não, oque você está falando?! — Não se faça de inocente!! O homem pressionava a arma na testa do velho que com os braços levantados ficava imóvel com muito medo.
— Pare com isso Steven, não faça nenhuma besteira! — Não seria besteira matar um triador, SH! — Me ouve homem, ele pode ser inocente! — Não, ele é um traidor, me enganou esse tempo todo! Quando Steven ia apertar o gatilho SH o empurrou fazendo cair a arma no chão, nisso um homem rapidamente apontou para os homens, era Dru o investigador que trabalhava para o demônio. —Calma aí homem, vamos conversar!
— Fique quieto, ninguém aqui sairá vivo! Disse Dean com a arma na mão. — Por favor, vamos conversar não precisa chegar a esse ponto! Apesar de SH tentar começar uma negociação, como já havia feito em algumas operações de sequestros, o homem não estava interessado em dialogo, e decidido do que fazer, pegou o velho e o fez de refém. Steven tentou pegar seu revólver mas o homem percebeu e logo o impediu.
— Nem tente fazer isso, se não quiser levar uma bala na cabeça! — Se acalme homem, não faça nada, você pode ir embora a gente esta desarmado! Mentiu SH, tentando convencer o homem. — Será mesmo? Vamos ver! O homem se aproximou arrastando Madse pelo pescoço e quando chegou mais perto, SH o surpreendeu tirando sua arma da cintura o atingindo no ombro, antes que pudesse reagir Steven pegou seu mestre pela mão deixando o amigo lutar com o bandido.
— Sai Steven, leve o Madse com você por favor! — Mas… — Vá, faça oque digo! Obedecendo o amigo, o historiador saiu do quarto correndo com o mestre que continuava assustado. A luta continuava, claro que acirrada, pois os dois eram agentes mas SH levou a melhor, só que quando tentou sair do quarto, o homem se levantou e conseguiu atingi-lo no ombro, o tiro para sorte foi de raspão, oque deu vantagem para o rapaz que com raiva atirou no homem na perna, o impedindo que os seguisse. Evitando que continuasse a persegui-los, SH trancou a porta com a chave que o senhor Madse lhe deu, vendo toda o desespero dos homens, Maely correu até eles assustada.
— Oque aconteceu pessoal? — Depois explicamos May, vamos sair daqui o mais rápido possível! Maely pegou o velho pela mão o ajudando a descer pelas escadas, Steven e SH desceram por último, vigiando a porta para caso o homem conseguisse fugir, mas pelo que parecia não estava conseguindo nem ao menos se mover, pois não fazia nenhum barulho. Levando Madse para um lugar seguro, o rapaz acionou por guardou do local que levaram Dean para o hospital, pois estava ferido. Após todo o transtorno, enfim Steven como todos, estava mais calmos para conversar, a tensão do historiador havia passado e não tinha mais nenhuma suspeita em relação a seu mestre.
— Senhor Madse, antes de iniciarmos a conversa, queríamos pedir desculpas, Steven e
eu! O agente olhou para o amigo com a intenção de pedir para ele se desculpar, entendendo o sinal, o homem logo respondeu.
— Sim, estou envergonhado de ter feito aquilo com o senhor, é que fui precipitado, pensando que o senhor ajudaria aquele demônio. O velho que estava sentado se levantou para apertar a mão do aluno querido.
— Não precisa se desculpar Steven, eu sei que não atiraria em mim, você possui um coração bom! Disse o velho tocando o peito do homem. Mas ele estava enganado em relação a isso, pois Steven estava muito furioso e naquele momento que apontava a arma para a cabeça do velho, não estava pensando em nada além de vingança. Madse olhou para Maely que estava sentada no canto da sala, quieta, assustada com o comportamento do velho que a olhava admirado, nisso ele caminhou lentamente em sua direção, com os olhos fixos no colar, e estranhamente segurou a joia na mão, admirado.
— Como na lenda, o rubi se dividiu após a morte! - Sim mestre, Maely foi a escolhida para possuir o lado do bem! - É uma honra estar do seu lado, senhora Maely! O velho surpreendentemente se ajoelhou em frente da garota que ficou sem jeito o fazendo levantar. — Não precisa disso senhor – Precisa, você tem o coração de rubi, a nossa única esperança está dentro de ti, não só eu mas o mundo se curvará aos seus pés! — Mas eu não quero isso, desejo apenas que o mal termine de uma vez por todas. — Eu sei disso menina, é pela sua bondade que foi escolhida, repito que é um prazer ter a conhecido! Mesmo não querendo, Maely concordava com o velho, pois ela era a única pessoa que poderia salvar o planeta, ainda mais porque havia descoberto o sentido do poder que continha no colar que parecia apenas uma joia valiosa. E mesmo que mateense a humildade, seria normal que no futuro as pessoas fossem grataúba a ela, oque não queria era ser tratada como uma rainha, não gostava de ser os centros das atenções, mas em breve todos saberiam sua verdadeira identidade, mesmo que fosse lembrada por um poder invisível.
CAPÍTULO 11-A porta 21 Após o velho cansar de admirar a joia, Steven o convidou para voltar a conversa que interessava, tirou da sua velha companheira bolsa que carregava seu livro, um livro que contava a história da porta que aprisionava o deus, que era o Comen.
— Antes de procurarmos por Shiva, precisamos saber oque exatamente você contou para aquele demônio! — Está bem, há poucos dias esse homem que possui o lado do mal veio ate aqui com mais duas pessoas, eu até tentei não falar nada, mas não aguentei a pressão, disseram que iriam me matar, eu não podia negar nada Steven! Se explicou o velho quase chorando. — Eu sei mestre, não precisa ficar assim, mas oque eu quero saber é quais informações o senhor passou a eles? Disse o homem olhando para o mestre. — A única coisa que eu disse, foi que não adiantaria nada eles conseguirem encontrar Shiva, sem saber usar o poder do tridente. — E oque eles responderam? — O homem respondeu que o próprio Shiva fará oque ele manda, os objetivos dele serão alcançados pelas mãos de Shiva! — Covarde! Gritou Steven, batendo com a mão na mesa, que por sorte não rachou, pois era de vidro. —E quando já estava indo embora, conseguiu pegar um livro meu, que continha o mapa, indicando onde se encontra o Comen.
— Já suspeitava disso mestre, o pior que com aquele livro na mão, ele tem mais chances de achar o Comen, muito antes que a gente! Droga! Vou matar aquele infeliz!! O historiador estava muito nervoso, andava de um lado para o outro, preocupado, SH tentou entender oque significava o livro entregado ao demônio, para quem sabe poder ajudar a solucionar esse problema, de algum jeito.
— Pelo oque eu entendi, esse livro que o senhor deu, possui um mapa invisível que com um certo poder, indica aonde se encontra o deus Shiva. Deduzi então, que as chances de o doutor ter esse poder são pequenas, pois nada estaria relativo ao Trishula né? Apesar de oque ter dito possuir um pouco de sentido, o agente estava errado. — Não SH, o mapa só será desvendado quando estiver energizado pelo poder do Trishula, ou seja, a esse momento aquele bandido já deve ter pego Shiva! — Mas mesmo que ele tenha chegado, como abriria a porta?! — O poder do tridente, ele deve usou, não há segredo! — Há sim! Disse o velho, arrumando sua túnica amarela, muito linda por sinal. Steven estava assustado porque tinha quase certeza de que o tridente não teria segredo para usá-lo, mas pelo oque parecia, aquela história guardava mais mistérios do que imaginamos.
— Como assim senhor, qual é o segredo do Trishula que eu ainda não conheço? — Na verdade, o maior segredo está no Comen, a porta não abrirá mesmo se usarmos todo o poder do tridente, mas se juntar esse poder com o do colar da imortalidade, aquela porta explodirá em alguns segundos! — E porque necessita do poder do colar, o Trishula não é o suficiente? A pergunta de Maely deixou o homem meio sem resposta, ela desconfiava muito daquela história, até porque o coração de rubi era tão poderoso que poderia abrir aquela porta sozinho.
— O Trishula as vezes é confundido com uma arma que destrói tudo, mas, na verdade, ele só destrói as coisas ruins para transformá-las em boas, eu não tenho uma tese para defender sobre os mistérios dessa porta, mas só estou seguindo os livros, claro que vocês não devem procurarem o tridente para poderem resgatar o Shiva. A única coisa
que peço é cautela, pense no que vão fazer, não sejam precipitados mas não fiquem inseguros! Sim, eu acredito que se me concentrar conseguirei abrir aquela porta, afinal a essência do poder desse colar é a concentração! A verdade era que Maely estava certa, a concentração era a forma de liberar aquele poder, porque quando se concentra, a mente descansa e fica em silêncio, e quando fica sem nenhum pensamento, a energia do colar começa a transbordar por suas veias até se chegar ao coração. Se trata de dois corações se interligando em sentimentos, a joia e um órgão, duas fontes que se misturam, para gerar esperanças, e benefícios para quem adquirir o poder. O combustível para fortalecê-la era praticar o bem, ajudar as pessoas sem querer nada em troca, ser grata aqueles que se preocupam com sua estabilidade, em vês de formar inimigos, faça amizades que serão duradouras, essa era a missão da jovem que apesar de possuir muitos problemas, acreditava no bem, oque a fazia se sentir melhor.
— Mas senhor será que ainda temos chances, pois estamos em desvantagem, há esse momento a energia já deve ter mostrado o mapa ao doutor. E como não temos o mapa, não conseguiremos encontrar o Shiva antes que ele! — Tudo que precisa está aqui! Disse o homem colocando a mão na cabeça da garota que o olhava assustada. — Ela é a solução de todos os problemas, confiem nela! Steven percebia o modo que seu mestre estava o tratando, por isso resolveu ir embora logo, Madse estava chateado com o ocorrido, mesmo não querendo demonstrar, era difícil pra ele ter que superar aquela desconfiança tão exagerada, depois de tanto tempo convivendo juntos, desejava que Steven pudesse voltar a acreditar em sua palavra, oque o historiador não estava mais valorizando. No dia seguinte, os amigos já estavam prontos para seguir um caminho que não sabiam qual, não tinha ideia para que direção ir, apenas acreditavam que Shiva estava nas montanhas, era uma suspeita do homem que apesar de estudar muito a história do deus, desconhecia muitos detalhes. Confuso e exausto por causa das viagens, SH não tinha mais paciência com nada, oque só o deixava nervoso.
— Nos viemos até aqui para ficar parados como estátuas? — Relaxa SH, daqui a pouco caminharemos a procura de Shiva! — Caminhando para onde? Você nos trouxe até aqui, sem saber o caminho que devemos percorrer! — Sei disso, mas não adianta ficarmos desesperados. O jeito é pensar. Steven estava imóvel, como seus amigos, não sabiam que direção seguir, o homem imaginava que quando chegasse em Myanmar encontraria o livro que poderia os levar ate Shiva, mas após saber que o doutor havia roubado, suas esperanças foram destruídas, não tinha mais ânimo para prosseguir. Percebendo o clima tenso, Maely se concentrou, pensando ao máximo, para ver se alguma pista tinha passado sem ser vista, e como tinha uma memória muito boa, conseguiu lembrar de um detalhe importantíssimo, que poderia ajudar ou confundir mais ainda, dependendo do ponto de vista.
— Pessoal, eu me lembro que quando estava com mente controlada por aquele idiota, umas criaturas, que na verdade se tratava de anjos, me levaram para um local que parecia um tribunal, nesse lugar eu encontrei uma mulher bonita que se chamava Morte… — Sim, disso eu sei May, já contou essa história para nós! Disse o agente interrompendo a amiga, que o olhou nervosa. — Deixa eu terminar SH, por favor! — Ah, desculpa. — Então como eu estava dizendo, antes de eu falar com a assustadora Morte, eu vi no lado direito, do fundo da sala uma porta gigantesca, totalmente dourada, só que há um detalhe que eu pensando agora fiquei intrigada! Os homens se olharam entre si, meio que curiosos e perguntaram juntos.
— Qual detalhe?!! — Toda vez que alguém era chamado, eles levavam para a direção da porta, e havia um anjo que se encarregava de abri-la para passarem! — Pode esquecer Maely! O casal olhava para o homem, não entendendo aquela expressão de negatividade.
— Porque Steven? — A Comen não é de abrir, e mesmo que fosse, um só homem não conseguiria. — Será Steven? Essa história é cheia de mistérios, talvez os livros estejam errados! Mesmo tentando convencer o homem, Maely não conseguia, até porque era difícil para Steven acreditar de que ainda não conhecia aquela história. — Não pode ser, eu acredito nos livros, quem escreveu são os povos, que passaram essas histórias para seus descendentes, não pode estar errado! — Então você irá se iludir novamente, pois o meu coração diz que temos que voltar até as trevas! — Mas como vamos voltar, se não sabemos onde encontrar o portal?! Maely ainda não tinha pensado no detalhe que o amigo havia citado, mas tentou se concentrar, e pensar calmamente, segurando o colar que lhe dava mais força. Após um silêncio que parecia ser eterno, Maely se sentou ao lado dos amigos, que estavam desolados, com expressões de choro no rosto.
— Talvez o portal não esteja em um único lugar. — Oque quer dizer com isso, May? - Raciocine SH, se as trevas são um lugar de escuridão, que estranhamente é comandado por um mestre chamada morte, aonde mais podemos encontrar o portal? — Provavelmente, no cemitério! — Exatamente homem, ainda bem que você é inteligente como eu! O rapaz sorriu por causa do autoelogio que Maely fez. A resposta de Sh foi no instinto policial, mas não conseguia acreditar que o portal estaria justamente em um cemitério, um lugar normal, sem nenhuma fantasia.
— Mas May, existem milhares de cemitérios por aqui, eu acho né, como vamos encontrar o local que se encontrará o portal? — Como havia dito, não existe um lugar específico, basta absorver a energia do local em meu coração, nisso conseguirei enxergar o portal! O agente estava surpreso com o conhecimento que a amiga demonstrava, parecia até que ela era um mestre já.
— Como dizia, essa história guarda mais mistérios do que podemos imaginar. Apesar da animação de Maely e da preocupação do policial, Steven tentava fazer o possível para mostrar que não estava nem aí para oque os amigos faziam, pois não queria estar errado mais uma vez, queria ser o guiador, mas acabava sempre errando em todas tentativas, oque só o fazia se decepcionar com ele mesmo. Preocupada com o homem, Maely tentou conversar mas não conseguiu.
— Steven eu sei que você está chateado por ter se enganado com a história dos livros, mas veja o lado bom! — Não tem lado bom Maely, mesmo que o livro estiver errado o mapa, com certeza, não estará e vai ser bem provável que aquele infeliz já tenha chegado na porta! — Sim, mas então não podemos ficar parados, você poderia indicar a um cemitério mais próximo daqui? Mesmo não querendo, Steven se rendeu a garota mais uma vez e como um bom amigo, ajudou como pode. —Sim quer que eu te leve até lá agora?
— Não, vou tomar um banho que estou precisando! — Mas Maely, não foi você mesma que disse que não podemos perder tempo?! Relembrou o homem.
—Foi mas a energia ficará mais forte no período da noite!
— Ah, entendi! Quando Maely foi em direção ao banheiro para tomar banho, passou por SH que estava largado ao sofá, roncando como um porco, compreendendo o cansaço do homem, a garota foi até o quarto e pegou uma coberta que estava em cima da cama e cobriu o rapaz, Maely tinha um carinho enorme pelo policial mesmo as vezes não demonstrando, ela o considerava um irmão mais velho que puxava sua orelha quando precisava, Steven admirava muito a relação dos dois amigos, era um amor verdadeiro. Chegando a noite, Steven pediu um táxi que já estava a sua espera na porta do hotel, após tomar banho a garota ficou uma hora arrumando o cabelo, mesmo estando envolvido em uma aventura muito estranha, correndo risco a todo momento, como uma bela mulher, ela sempre se preocupava com a beleza, e quando já estava para descer no elevador, Maely percebeu que tinha se esquecido de algo.
— Ué! — Oque houve Maely?! — Não sei mas acho que eu esqueci de alguma coisa! Só não lembro oque. Depois de pensar por alguns segundos a garota conseguiu lembrar, mas quando lembrou começou a gargalhar intensamente.
— Lembrei! — E porque esta rindo tanto assim? — É que eu esqueci do SH, ele está dormindo ainda no sofá! — Nossa, como a gente se preocupa com ele hein! Mesmo não querendo a garota tornou a rir, pois não deixava de ser engraçado e claro que o historiador também gargalhou bastante. Tentando concertar o erro que fez, a garota abriu a porta rapidamente e acordou o amigo que dormia tranquilamente.
— SH acorda! — May, minha princesa! — Oque?! Quando percebeu oque havia dito, o rapaz despertou um pouco sem graça e tratou de mudar de assunto logo.
— Oque foi May? — Temos que ir até o cemitério, vamos? — Espera aí, deixa eu lavar meu rosto! — Tá, mas vá logo! Deixando o homem ir ao banheiro, a garota tornou a rir, por causa do ocorrido. Saindo do hotel, os jovens entraram no táxi a caminho do cemitério que Steven havia indicado, uma chuva muito forte começava a se formar e em poucos segundos, muita água já estava dominando a rua, poças se formavam em buracos na rua e calçadas. Encostando a cabeça na janela do carro, a garota olhava para as gotas caindo no vidro, admirava a chuva, um fenômeno natural que poucas a s vezes parava para ver, mas nesse instante, sabia que podia ser a última coisa a admirar antes de voltar ao submundo, talvez não voltaria mais a Terra, mas não podia desistir, era sua missão. No cemitério, os jovens ficaram um pouco acuados pois não se sentiam bem em locais que se tratavam de mortos, mas guiados pelo historiador, ficaram um pouco mais tranquilos e decidiram entrar, pulando o muro que para sorte não era tão alto. Já no interior do local, Maely se encarregou de guiar os amigos que não conseguiam enxergar quase nada por causa da escuridão.
— E ai May, como vamos encontrar esse portal?! — Espere SH, deixe eu me concentrar! — Acho que estarmos perdendo tempo, porque aqui não deve ter nenhum portal. — Fiquem quietos, eu preciso me concentrar! Obedecendo a amiga, ambos os homens ficaram em silêncio olhando para os lados com medo de serem pegos por algum guarda ou até um morto-vivo, do jeito que a situação se
encontrava, tudo era possível. Quando fechou os olhos, Steven ironizou a ação da amiga com um sorriso, mas quando retornou o olhar para ela, a joia estava pulsando como um coração, e brilhava intensamente, iluminando toda a região que estava. Sem avisar, a moça abriu os olhos e começou a caminhar, dando voltas em vários túmulos até parar em uma capela velha.
— É aqui May?! — Sim SH, temos que entrar juntos. — Não pode ser, essa capela está caindo aos pedaços como poderia ser a entrada para outro mundo? Duvidou Steven. — Para de duvidar de minha palavra e me dê a mão homem! Mesmo não querendo, o homem estendeu a mão a amiga que o segurou, como fez também com SH, nisso entraram na capela, um pouco preocupados com oque poderia acontecer. E colocando o primeiro pé no chão, uma luz tomou conta dos olhos dos jovens que não conseguiram enxergar mais nada, pareciam que estavam olhando para o solo, mas aos poucos quando abriram os olhos reconheceram que não se encontravam mais no mesmo lugar, infelizmente estava de volta as trevas. — Ainda duvida de mim Steven? — Sim, pois acho isso uma loucura e não vou mudar de opinião enquanto meus olhos não verem a Comen! — Então aguarde um pouco, pois isso não vai demorar muito há acontecer. A escuridão e o silêncio ainda tomava conta do lugar, e quando caminhou sozinha a garota encontrou uma lanterna, mas oque a surpreendeu foi que aquela se tratava do mesmo objeto que ganhou de Crazy e lembrando do amigo, Maely ficou refletindo aquela triste realidade ainda não superando a perda da amizade que se acabou tão rápido. Preocupado com o estado da amiga, SH correu a ela, estranhando ver a luz da lanterna com ela.
— Onde conseguiu essa lanterna May?! — Achei aqui no chão. — Hum, e porque esta triste assim?! Disse o rapaz segurando a mão da amiga. — Sabe eu ganhei essa lanterna do Crazy, veio muitas lembranças dele agora, por isso fiquei triste. Não queria ter perdido ele. SH não sabia oque dizer naquele momento para tentar ajudar a amiga, perder um amigo não era fácil de se superar, e sabendo que Maely estava sofrendo calada por dentro há muito tempo, o agente apertou a garota em seus braços, um abraço sincero para confortar o coração que estava tão machucado.
— Eu sei que a dor que está sentindo parece ser incurável May, mas sei que onde ele estiver cuidará de você! — Eu sei, mas a dor é muito forte. Mas esqueça, chame o Steven e vamos continuar! Caminhando novamente pelos caminhos que havia passado com Crazy, Maely soltou algumas lágrimas, sentia muita saudade e aquele sentimento estava a deixando furiosa, a tristeza havia se transformado em sede de justiça, não era questão de querer se vingar da Morte, mas sim provas que o mal não vencia nunca. Depois de andarem muito, os amigos haviam chegados em um portal, o mesmo em que Phili a empurrou, o historiador não entendia o porque daquele portal, pensava que voltaria seria a passagem de volta para o cemitério, nem imaginava oque tinha por trás daquela atmosfera negra. — Andamos por muitos quilômetros, o lugar não é muito agradável oque deu para perceber mas está faltando oque mais interessa. — Oque Steven? — A Comen SH, cadê a porta, se continuarmos seguindo o coração de Maely não vamos parar el lugar nenhum. Maely estava muito nervosa e mesmo sendo criticada pelo homem a todo momento, ela não o respondeu e tentou se acalmar. Percebendo o estado da amiga, SH se pôs a
defesa dela, tentando acalmar os ânimos como sempre fazia.
— Respeito ao menos o seu mestre, ele pediu para seguirmos a opinião dela e é isso que eu vou fazer, e em vês de você ficar insultando a May, como fez no caminho inteiro, ajude a gente com seu conhecimento, pois sabemos que você é um homem sábio! O homem até pensou em responder mas sabia que não tinha o direito, e deixando o orgulho de lado segurou a mão de Maely e entrou no portal com um pouco de medo. Quando chegaram na sala que se assemelhava a um tribunal, Steven e SH ficaram confuso e curiosos olhando para todos os lados, a garota já tinha estado ali, então nem se surpreendeu com nada mas estranhou pôr o local se encontrar vazio, pois no dia que veio tinha muitas pessoas supostamente mortas. E falar em morte, ela já estava sentindo falta de mulher que também não se encontrava, preocupada por ter se enganado talvez de portal, a garota caminhou um pouco procurando a porta que para seu alívio ainda estava ali.
— Venha Steven, veja a Comen! Achando que era brincadeira da amiga, o homem foi andando lentamente, ao contrário de SH que saiu correndo como uma criança.
— Meu Deus, olha o tamanho disso! SH estava surpreso com a beleza e a grandeza da Comen, e logo Steven se deparou com a porta enchendo seus olhos de brilhos, aquele brilho demonstrava o amor que ele sentiu por oque fazia, e por ter estudado anos aquela história, o homem não podia se comportar de outra maneira, a não ser se admirar com a porta.
— E aí Steven, ainda duvida de mim?! — Não Maely, me desculpe, é que eu sou um tolo em acreditar em tudo que está escrito nos livros é verdade! — Tudo bem, eu admiro por ter se esforçado e insistido nessa história, se estamos que estava com uma expressão nada agradável na viagem inteira, sorria, feliz pelo reconhecimento da amiga, e no dever de ajudar os amigos, pegou sua mochila e tirou um livro dela abrindo na página em que ilustrava a porta. — Bem Maely, aqui no livro diz que os algarismos romanos estão invisíveis a olho nu. — Mas você tem algum aparelho para podermos enxergarmos os números? — O pior que não, eu havia me esquecido disso e não trouxe nada. A garota ficou pensando, tentando ter alguma ideia mas nada vinha em sua mente.
— Mas já sabemos oque está escrito, para que precisamos vê-los? — Quando lhe disse que devia usar o poder desse colar não quis falar na intenção de destruir a porta, mas sim de abri-la. E precisamos de algo para poder enxergar esses números, e creio que é a energia desse colar que nos ajudará! — Hum, então a energia desse colar provavelmente deixará os números visíveis, nisso a porta entenderá que é um código e assim permitira que a gente entre! — Provavelmente seja isso, então o caminho é todo seu May! Disse o rapaz fazendo saudação a amiga. Sabendo oque devia fazer, Maely caminhou até a porta e encontrou sua cabeça nela, fechou os olhos e começou a se concentrar, ansiosos para ver oque aconteceria, os homens ficaram ao lado da garota olhando para a gigantesca porta, mas quando menos esperavam uma surpresa os aguardava. O rapaz ao lado de Steven ouvia um barulho estranho em suas costas, era como se alguém estivesse atrás dele e seguindo seu faro policial, ele olhou e para sua sorte conseguiu livrar a amiga da faca que veio como uma lança preste a arrancar a mão da garota que voou longe com o amigo, caindo no chão. Assustado com o ocorrido Steven se virou e ficou frente a frente com a senhora Morte, com seu capuz e uma foice gigante que amedrontava qualquer um, claro que o homem ficou com medo, mas a mulher queria Maely, era ela que interessava e por tudo que indicava, ela sabia como destruir o colar, algo que nem o próprio Steven saberia explicar.
— Imaginava que pudéssemos nos rever mas não pensei que seria tão breve assim! — Pois é, só que dessa vez eu não vim te ver, tenho assuntos mais importantes para tratar! — Não tenha pressa menina, esqueceu que temos algumas contas a acertar?! Maely não queria lutar, pois sabia que não resultaria em nada, daquela vez não teria volta, ou destruiria a mulher, ou morria junto aos amigos. — Não me lembro disso senhora, me desculpe mas não devo batalhar, eu vim aqui por outro motivo. — Eu sei o motivo garota, e também sei como destruí-la, mesmo com esse colar no pescoço, descobri que seu coração já está dependente dessa joia, oque quer dizer que se conseguir rompê-la, poderei te destruir. — E para que faria isso? Só para ter a sensação de me ver morta?! A criatura se aproximou de Maely que deu dois passos para trás. — Claro que não, eu quero todo o poder que tem aí?! — E para que, se a senhora já tem o poder de interferir nos destinos das pessoas? A mulher começa a gargalhar como sempre fazia, quando queria ser irônica. — Poder nunca é demais, afinal você não merece ele pois continua sendo uma fraca que é vítima da depressão. Calado até então, SH teve que se meter na conversa pois seja quem for que ofendesse Maely, ainda mais a chamando de fraca, ele ficava furioso e não se amedrontando caminhou até a mulher que o olhava fusariose.
— A May não é nenhuma fraca, nenhuma pessoa que sofre de depressão é fraca, esses pacientes precisam de ajuda, acompanhamento especial, pois só assim terão cura. Agora você que não tem apoio de ninguém tenta roubar o poder mais poderosa, eu tenho nojo de você! Até Maely estava surpresa com a coragem do amigo que mal conhecia a mulher. Sendo fria com sempre, a Morte caminhou até o rapaz calmamente.
— Você tem nojo de mim, e eu tenho ânsia de sentir cheiro de humano, você não passa de um idiota que pensa em poder mudar essa fraca aqui! — Eu já lhe disse que a May não é fraca! SH tentou socar a mulher só que ela o segurou pelo braço, assustado com a agilidade dela o rapaz arregalou os olhos. — Devia te matar imediatamente, mas tenho que destruí-la primeiro, porque se não fosse isso você estaria no inferno! A mulher jogou o rapaz para trás, nisso ele foi parar nos bancos da sala, como se fosse um boneco, assustado com o ocorrido Steven correu até o agente tentando o ajudar. Frente a frente mais uma vez, Maely tentava afastar o medo que tomava o seu corpo, mas a mulher tinha o olhar direcionado para o colar, nem ao menos piscava. Percebendo que o alvo a ser atingido seria a joia, Maely tentou cobri-lo com as mãos, evitando assim qualquer tentativa de ataque.
— Como se sente estando sozinha novamente?! — Eu não estou sozinha, tenho meus amigos! Maely apontou para os homens que estavam a frente próximos aos bancos. — Não seja tola, eles não tem capacidade de me derrotar, eu estou falando de Crazy! — Esqueça o Crazy deixe ele em paz, o assunto agora é entre nós duas! Maely odiava quando insultavam seus amigos, principalmente Crazy, que estava morto, sendo culpa da própria Morte.
— Você não terá forças para lutar comigo por muito tempo, pense bem, podemos entrar em uma negociação, se me entregar o colar deixo seus amigos irem embora, afinal eles não tem culpa de nada que está ocorrendo. Agora, se quiser me enfrentar, iá morrer, e seus amigos irão juntos com você, não quer pôr a vida deles em jogo né? Maely ficou pensando, e olhava para os amigos caídos ao chão, feridos, mas sabia que se entregasse o colar a mulher, ela não cumpriria com a palavra, além de entregar a única
esperança do mundo na mão de uma destruidora de sonhos e vidas.
— Se for para ser assim, eu prefiro morrer lutando, não se acovarde mulher, e vamos acabar com tudo isso de uma vez por todas. Maely teria que lutar sozinha, sem nenhuma ajuda além da energia do colar correndo por suas veias sanguíneas, se pudesse contar com seu anjo protetor, talvez a luta ficaria mais fácil, mas ele não tinha a permissão de vir até aquele local, pois no primeiro Apocalipse, foi causado por uma invasão de um anjo que errou o caminho de sua missão e acabou entrando em um portal que o levou para as trevas, nisso foi pego por três cães gigantescos que serviam como guardiões do local, o entregando para a senhora Morte que o condenou a ser jogado para os mesmos guardiões que o devoraram em poucos minutos. Tendo conhecimento do ocorrido, Marx o rei do Império de asas, localizado em um outro portal misterioso que lendas dizem levar para a na Antardita, por ser o continente mais inóspito do planeta, tendo muitas regiões ainda não exploradas pelos homens, foi o lugar escolhido para se esconder o grande império e toda a civilização de anjos, a criatura superior a todos os anjos, se enfureceu com notícia e querendo fazer justiça, declarou guerra contra todas as criaturas residentes das trevas. Mas quem pagou por isso foram milhares de pessoas inocentes que tiveram suas casas invadidas e famílias destruídas, a batalha se manifestou no planeta Terra e claro que a Morte e Marx disputaram a força de seus poderes, oque só gerou destruição ao planeta, não restando nenhum indivíduo na Terra além das duas criaturas sobre seus exércitos mostos. Essa era a razão para Crazy e o anjo protetor de Maely não poder vir até aquele local, pois após o Apocalipse houve um acordo de paz entre os filhos de Marx e da Morte, o acordo dizia que não haveria conflito se não houvesse invasão e se aproveitando dessa situação, a mulher ficava tranquila sabendo que ninguém poderia ajudar a garota. Maely tentava lutar com a mulher, dava socos e chutes mas não resultava em nada, só provocava gargalhadas na adversária que mirava o olhar em seu colar, percebendo que a garota não se cansava, a Morte começou a reagir dando chutes fortíssimos na barriga de Maely que estava caída no chão. O estranho é que aquela vestimenta tradicional que a Morte era ilustrada no dia a dia, não era igual a original, a mulher usava uma calça jeans bem estilosa que a deixava sexy. Ainda com dores na costa por causa de ser lançado sobre os bancos, SH se retorcia no chão ao lado de Steven, mas percebendo que Maely estava em perigo ele logo tentou esquecer a dor.
— Me ajude a levantar Steven, eu tenho que ajudar a May. — Não SH, você precisa descansar. — Por favor, eu vou salvar ela! O historiador pensou no que era melhor a fazer, claro que o melhor era deixar o rapaz descansando, mas o homem sabia que se algo acontecesse com Maely nunca mais ele o perdoaria. E compreendendo a escolha do rapaz, Steven levantou o amigo com todo cuidado, ainda corcunda por causa da dor que era muito forte, SH tentou pegar algo em seu cinto mas não conseguiu, a dor fazia suas nãos tremerem, talvez o nervosismo ajudasse.
— Steven pegue a minha arma por favor, ela está debaixo da minha camiseta. - Tudo bem SH, mas oque pretende fazer?! — Apenas pegue e verá! Intrigado com o pedido do amigo, o homem entregou o revólver com receio e ficou o observando. Com muita dificuldade, o rapaz caminhou e com sua arma na mão se escondeu em uma pilastra esperando o momento certo para poder fazer oque devia. Mas algo o fez mudar de ideia, com Maely caída ao chão, a mulher estava prestes a atingir o colar, e não querendo isso acontecesse SH mudou seu alvo e esperou friamente ter uma mira perfeita para apertar o gatilho. Vendo que o amigo ia fazer, Steven tentou impedi-lo mas nada
adiantou.
— SH por favor não faça isso, tem uma grande chance de você errar e mesmo que aceite não pode adiantar muito. — Fique quieto homem, não me desconcentre, eu tenho a mira perfeita. — Mas SH… — Já disse, fique quieto confie em mim. Mesmo com a mão tremendo por causa do nervosismo SH tinha a mira certa para impedir que a mulher fizesse algo contra Maely e com muita experiência, o rapaz apertou o gatilho, um tiro perfeito que nem a Morte adivinhou. E pra sorte e competência dele, o tiro atingiu a mão da criatura que gritou de dor e raiva por errou o golpe fazendo a lâmina da foice atingir o chão. Sabendo que o tiro tinha vindo de trás, a mulher se virou com a fúria nos olhos, corajoso como era SH se manteve no mesmo lugar demonstrando que queria lutar, Maely se afastou como pode, sendo arrastada por Steven a colocando em seu colo e se escondendo em uma pilastra.
— Vamos, lute comigo mulher, não tenha medo e nem piedade de me machucar! - Acha mesmo que tem o mérito de batalhar logo comigo, a ser mais poderosa de toda a história? - Bem, eu já matei um dragão no Diamond Head então você não deve ser tão difícil quanto ele. A mulher ficou um pouco balançada com oque SH havia dito, pois o dragão se tratava do rei Disis, a serpente devoradora de invasores, ela conhecia bem a fúria daquele ser, já tinha tentado pegar o Trishula mas não conseguiu porque o dragão despertou e a devorou.
— Não pode ser. — Oque senhora, não acredita que matei aquele dragãozinho? — Não, é impossível, nem eu… Percebendo que falaria oque não devia, a mulher logo se calou, mas como um bom detetive SH já tinha em mente o motivo do nervosismo da adversária e logo a provocou.
— Você não conseguiu derrotá-lo não é mesmo? — Não lhe interessa! Gritou a mulher batendo o cabo da foice no chão. — Sinto muito, só eu tive esse prazer, então a senhora devia me agradecer por eu insistir em lutar contigo, se depender de mérito, é você que devia me pedir que lute! — Cale a sua boca, antes que eu tenha que fazer por você! O agente não se intimidava com as ameaças da mulher que a todo momento segurava sua foice, enquanto o homem mantinha a arma apontada para ela, mesmo estando em uma certa distância, SH tinha ela em sua mira.
— Então venha calar, pois será derrotada mais uma vez, agora por um ser humano. — Nunca! A mulher correu em direção ao rapaz e tentou golpeá-lo, mas ligeiro como era, SH pulou sobre a imensa lâmina. Não se contendo de raiva a mulher se virou e tentou novamente mas o rapaz se abaixou e correu ficando a costas da criatura que se virou furiosa e surpresa pela agilidade do adversário.
— Já se cansou? Afinal você deve ser bem velha né, com todo respeito, eu nem devia lutar com você, oque dirá meus amigos e minha família se souberem que estou lutando com uma senhorinha de quantos anos mesmo? Os insultos de SH deixava a mulher furiosa, a raiva transbordava seu corpo. — Cale sua boca infeliz! Deixando as provocações de lado, SH conseguiu se livrar de todos os golpes da mulher que cada vez mais tentava o atingir de todas maneiras. Maely tentava ajudar mas não conseguia nem ao menos ficar em pé de dor no corpo, por causa dos chutes e murros que a mulher deu. Steven havia trazido alguns remédios em sua mochila para caso precisasse e lembrando disso, tirou a da costa e começou a procurar, apesar de não ser mulher ele também levava muitos acessórios nela, como livros, canetas e os tais
remédios que serviam para aliviar dores que ele sentia no corpo até por causa da idade, apesar de não aparentar, tinha cinquenta e dois anos. E preocupado com a amiga, pegou o comprimido com um pouco de água em sua garrafa e deu pra Maely beber, e com a manga de sua blusa limpou o rosto da garota que estava suada e com alguns ferimentos.
— Oque você me deu para beber? — Não se preocupe Maely, é um remédio que tomo para dor no corpo, fique tranquila. SH não conseguia mais se desviar dos golpes com a facilidade que tinha no começo, já estava ficando cansado, diferente da mulher que se mostrava resistente e quando menos esperou o rapaz foi jogado ao chão por um chute o atingindo na barriga. Claro que ficou surpreso, aquele golpe era normalmente executado no mínimo por um atleta faixa preta em artes marciais, nem ele que era policial conseguia executá-lo. — Sinceramente estou surpreso, não sabia que você era faixa preta. — Sou mais do que você pode pensar. — É deve ser mesmo porque nos meus pensamentos você é nada! — Então se levante, e lute com o “nada”! O rapaz se levantou com seu revólver na mão, não tinha feito nenhum disparo depois da bala que salvou a amiga, a mulher não lhe dava chances, ou desviava dos golpes ou atirava, e muito furiosa a Morte começou a golpear diversas veze o homem que se desviava como podia, na sorte a lâmina da foice travou na parede e nisso ele segurou a barra e socou a mulher no abdômen três vezes, caro que ela caiu ao chão. SH não estava acostumado a agredir mulheres e ficou com dó da criatura, mas quando foi ver se ela estava sangrando, foi empurrado na parede ao lado da foice e com muita força conseguiu destravar a arma e logo segurou o pescoço do agente prestes a decepá-lo. Mas Steven já estava com ela em sua mira e com um tiro apenas, derrubou-a no chão, SH que estava com os olhos fechados ouviu o barulho do disparo e empurrou aliviado correndo com sua arma indo até aos amigos.
— Obrigado Steven, vocês estão bem? — Sim estamos! Disse Maely recuperado das dores. Antes que pudessem comemorar, a mulher estava de pé com a cabeça sangrando por causa do tiro, porém normal, oque deixou todos apavorados.
— Pensaram que podiam me derrotar com essa arma boba de humano?! — Vamos mostrar a você a potência dessa arma boba! Disse o rapaz. SH estava com uma pistola PT100-Taurus calibre 40, em uma mão e na outra tinha uma igual que era do historiador que sabendo que poderia entrar em conflito trouxe sua arma e umas munições extras entro da bolsa. Corajosamente como enfrentasse um simples bandido, o rapaz caminhou até ficar frente a frente de uma certa distância com a mulher que não se intimidava, antes que ela pudesse pensar o agente descarregou toda munição, tendo como alvo principal a cabeça da criatura. Obvio que a mulher “desmoronou” para trás como se fosse um boneco, os amigos ficaram eufóricos mas ainda aquela batalha não havia terminado, mas claro que não podendo perder tempo Maely correu a porta procurando os algarismos romanos.
— Vai logo Maely, não podemos confiar que ela esteja morta mesmo! — Relaxa Steven, com os tiros que eu dei, ela não levanta pelo menos por um três anos! A garota enfim conseguiu se concentrar e em poucos segundos tocou a porta várias vezes e de um momento para o outro, os rubis foram iluminando a porta e desenhando aos poucos três números romanos gigantescos surpreendendo a todos. — A porta vinte e um. — Oque Steven? — É o nome mais expressado na Comen, eu pensei que só era chamado assim por causa dos números, mas se você contar tem vinte e um rubis rodeando os algarismos. Maely e SH ainda não haviam reparado nesse detalhe, mas oque menos importava
naquele momento era detalhes, estavam muito felizes pôr a porta gigantesca estar aberta.
— Então quem vai ser o primeiro a entrar? — Primeiro as damas. — Nesse caso deixe o cavalheirismo de lado SH, e pode ir no meu lugar. — Concordo com Maely, pode ir primeiro SH! Disse Steven segurando a imensa porta. Com um pouco de receio o agente entrou, e surpreso com oque viu voltou para fora rapidamente com os olhos arregalados. — Oque houve SH? — Vocês mesmo tem que ver, venham! Pegando os amigos pela mão, o policial os levou até o local que esteve fechado por tanto tempo, pelo menos desconhecidos por ele, escondido naquela imensa porta. — Meu Deus, então é isso que a Comen esconde? E eu que acreditava ser apenas a prisão de Shiva! O espanto dos jovens não era atoa, após muito mistério haviam descobertos do que se tratava a Comen, mais de que uma prisão era um local que servia como um banco onde se guardava objetos valiosos e contenha uma escada gigante que levava para um lugar desconhecido, supostamente para outro local, pois SH havia enxergado um portal no fim dela. Esses objetos valiosos tratava-se de muitas moedas de ouros ensacadas, espadas de samurais, coroas rodeadas de esmeraldas, e muitas pedras de rubis ao chão, a quantidade da joia era tão grande que cobriu parte dos degraus de uma outra escada que possibilitava que entrasse no lugar. Enquanto Maely ia descendo os degraus com os amigos dela percebia algo de errado ao seu redor, e estranhando a situação olhou ao seu lado e se apavorou pois milhares de pedras que estavam no chão começaram a vir em sua direção, os homens perceberam oque estavam acontecendo mas não conseguiram evitar, eram muitas peras de rubis que derrubaram a moça no chão e a cobrirão. SH ficou desesperado tentando tirar as pedras de cima da amiga mas não conseguia, pareciam estar grudadas e quando Steven foi tentar ajudar, os dois voaram longe com uma explosão que não tinha origem, quando se levantaram presenciaram em frente aos seus olhos um monstro gigante formado de pedras com os olhos brilhando feito fogo, mesmo assustada procuraram por Maely mas não a encontraram, nisso uma suspeita invadiu a mente dos dois os deixando confusos.
— Está tendo o mesmo pensamento que eu? — Eu acho que sim! — Não pode ser Steven, será que esse monstro é a May? Disse o rapaz apontando o dedo para a criatura. — Tenho quase certeza que sim, o magnetismo pode fazer parte do rubi, e segundo a lenda do colar da imortalidade, o coração de rubi, chamado de pedra poderosa teria toda energia concentrada nele, ou seja, quando Maely entrou neste local com o colar, as pedras sentiram a energia nisso elas brigaram entre si, para roubarem a energia do coração, por isso ocorreu essa transformação em nossa amiga! O policial estava apavorado com oque havia ouvido do amigo, quando pensava que já teria visto coisas sobrenaturais acontecerem, ainda não tinha presenciado quase nada, como ele mesmo dizia, “essa história guardava mais mistérios que imaginamos”.
— Então quer dizer que temos que lutar contra esse bicho?! — Sim SH, é a nossa única opção. — Mas eu não posso, quem está dentro dele é a May, e não posso matá-la! — Precisamos destruir esse monstro para salvar a Maely, as pedras estão brigando por energia, e se roubarem toda a força do colar, a nossa amiga não resistirá por muito tempo. O agente enfim tinha entendido a situação da amiga, o magnetismo da joia estava atraindo as outras pedras que para se sustentarem, absorveriam a energia, oque deixaria Maely fraca, e se esse processo continuasse, o sangue da garota também seria
absorvido, oque geraria a morte dela. Sh procurou algo para poder lutar contra a criatura e nos objetos amontoados encontrou uma espada de samurai, o historiador ficou olhando para o amigo tentando entender oque ele estava fazendo.
— Tome Steven! Disse o agente jogando uma espada para o amigo que a agarrou um pouco desajeitado. — Oque é isso? — É uma espada, afinal você tem que me ajudar né, ou eu vou lutar sozinho? — Claro que não. Os homens foram interrompidos por um ruído assustador do monstro que rosnava feito um leão, e em um ato de loucura SH subiu nos degraus e s lançou em direção ao monstro que o jogou sobre a parede com um apenas um tapa, Steven preocupado correu até o amigo que surpreendentemente já tinha se levantado. Furioso, o agente começou a gritar e corajosamente fez uma sequência de golpes na perna do monstro, mas não tinha nenhum resultado além de cansaço e alguns pedaços pequenos caídos ao chão.
— Acho que não vai adiantar em nada nosso esforço SH! — Sei disso mas temos que tentar! Mesmo sabendo que não resultaria em nada, os amigos batalharam como podia, davam diversos golpes no ostro mas só conseguiam derrubar poucos rubis que voltavam a grudar na fera, quando já estavam exaustos começaram a serem atingidos pelas criaturas diversas as vezes, não aguentavam mais, os homens tinham muitos ferimentos pelo corpo, e não conseguiam se levantar. Para a sorte de ambos o monstro havia os deixados no chão gemendo de dor, inteligente como era SH pediu ao amigo para se fingirem de mortos pelo menos até ele ter uma ideia. —Tem algo em mente?!
— Muita coisa como sempre, por isso posso lhe dizer que não sei oque fazer além de se fingir de morto! Disse o rapaz quase que cochichando. — Eu tenho uma ideia que tem cinquenta por cento de chance pra dar certo! — E qual seria essa ideia? Steven começou a pensar no que falaria e olhando para o amigo o respondeu. — Eu avistei uma suposta prisão, uma jaula e caro que Shiva deve estar lá. — Está bem, mas não temos a chave! — Sei disso, minha ideia é atrair esse monstro até a prisão se você olhar a jaula é feita de rubi, eu não sou nenhum especialista nisso mas de tanto conviver com Harry sei conhecer uma joia! SH pensava no que o homem dizia, olhava para o lado e viu a janela coberta com um pouco até a metade, e mesmo achando loucura sabia que tinha uma grande chance de dar certo.
— Mas se esse monstro absorver mais um material e dessa quantidade, a vida da May só vai ficar em risco. - Eu sei, mas tinha certeza que Shiva destruirá esse monstro! — E se ele não aceitar nos ajudar? O historiador pensou na possibilidade mas logo voltou a reforçar o pensamento.
— Ele vai aceitar! Colocando o plano do homem em prática, SH se levantou e pegou sua espada apontando para a criatura gigante, Steven não fez diferente correu pras costas do bicho que se virava tentando atingir os dois homens com seus pés, mas não conseguiu só ficava tonto, oque aumentava a adrenalina dos amigos. Se aproveitando disso, Steven se juntou ao amigo e começou a jogar diversas joias que não eram rubis oque deixou a fera furiosa pulando como louco tentando atingir as vítimas, percebendo que o monstro os seguiria, SH de seu jeito inteligente começou a atrair o monstro para a jaula feita de rubi, pelo menos era isso que o homem havia dito. E como um bom profissional, Steven não estava errado, quando o agente tirou o pano de cima da prisão o monstro tentou acertá-los com um murro, mas acabou amassado os
ferros da jaula e no mesmo momento aquele material foi sugado por seu corpo deixando apenas Shiva no chão um pouco assustado. O deus chamado de destruidor mas também de renovador, olhava para os homens não entendendo bem oque estava acontecendo, mas quando olhou em sua volta e percebeu que não estava mais preso em quatro grades, abriu um sorriso, um bom sinal para os amigos que sorriram juntos. Mas não havia tempo para sorrir, tinham que destruir aquele monstro o mais rápido possível, antes que ele destruísse Maely, e se escondendo atrás de um trono de ouro, SH deu as instruções para o amigo que não tirava s olhos do deus que tanto estudou em sua vida.
— Vamos fazer o seguinte Steven, eu vou ficar distraindo esse monstro e você vai conversar com o Shiva, até porque você está mais preparado para conversar! — Está bem, vou tentar ser o mais rápido possível! — Lembre, o tempo é inimigo de Maely, então vá logo homem! — Está bem! Disse Steven cumprimentando o amigo com um aperto de mão. Como combinado SH corajosamente ficou distraindo o monstro que tentava o esmagar mas não conseguia pois era atingido por diversos objetos que as vezes arrumava algumas pedras que caia como granizo ao chão, se despedaçado. Ainda emocionado por estar perto do deus, Steven se aproximou do homem timidamente pensando nas palavras que diria, mas como estava muito assustado o deus, Steven se aproximou do homem timidamente pensando nas palavras que diria, mas como estava muito assustado o deus se recuou com receio de que fosse um inimigo.
— Quem é você? — Calma senhor, eu não vou lhe fazer mal! — Oque deseja? — Eu preciso de sua ajuda, o senhor é o deus Shiva né? — Sim! Steven estava com a mão tremendo, não podia acreditar que estava falando com um deus.
— É meus amigos estão em perigo, olhe aquele homem esta tentando livrar uma garota que esta presa naquele monstro de rubi, se o senhor poder me ajudar, seremos muito gratos. — Mas oque exatamente o senhor quer que eu faça? — Livre a minha amiga apenas! O homem se levantou deixando Steven curioso, caminhou até o monstro calmamente mas depois voltou sem ao menos tocar na fera, oque deixou o homem confusos.
— Oque houve senhor? — Nada, eu fiquei em dúvida em um detalhe que você não me contou, ou não será possível me contar. — Não sei bem oque é, mas se eu poder ajudar pode perguntar senhor. O deus fez uma pausa se sentando ao chão com as pernas cruzadas, Steven o olhava com total admiração, era incrível os brilhos nos olhos do homem que passou anos estudando tudo que fosse relacionado ao deus e a sua altura, mas sua maior admiração era que o homem era idêntica a suas imagens ilustradas em livros e estátuas.
— Queria saber que me tirou daquela jaula? — Meus amigos e eu, na verdade foi por causa de um plano que fazemos, atraímos o monstro até você, e como ele absorve esses tipos de joias, te libertou. — Hum, é um plano bem arquitetado, parabéns homem, e obrigado por me ajudar. E como gratidão vou lhe ajudar! Disse o deus apertando a mão de Steven. — Obrigado senhor, minha admiração por você é ilimitada! Com um gesto de respeito, o homem baixou a cabeça e meio tímido o abraçou. O homem que tira uma altura média caminhou lentamente até o monstro que cessou as tentativas de esmagar o agente com pisadas e socos e ficou de frente olhando para o deus que se sentou ao chão. Se fosse outro ser, SH o impediria de fazer aquilo mas como
se tratava de Shiva ele deixou, meio preocupado não querendo olhar com medo de que o deus fosse atingido mas se manteve firme, confiava no homem. Shiva começou a se concentrar com os olhos fechados, parecia fazer yoga, deduziu Steven pois sabia que era um dos principais atividades hinduístas, o monstro não conseguiu se mover até tentava, mas algo o impediu, foi aí que o policial percebeu uma camada azul cobrindo o deus que disse algumas palavras que ninguém entendeu. E em poucos segundos o monstro de pedras começou a se retorcer como se estivesse sentindo alguma dor, pois também rosnava, SH se afastou indo se esconder atrás do trono, o mesmo que seu amigo fez, enquanto Shiva não sou do lugar nem ao menos se mexeu, e com um barulho estrondoso mil vezes mais forte que um trovão, o monstro se explodiu voando diversas pedras que caiu no chão e desapareceu. Maely surpreendentemente caiu como uma pena no chão, ao lado do deus que abriu um sorriso para ela que retribuiu com outro sorriso. Empolgado com oque viu, os homens correram até os dois os ajudando a levantar.
— Então esse é o deus Shiva? — Sim eu mesmo, é uma honra conhecê-lo! Maely em um ato sem pensar, abraçou o homem que ficou um pouco assustado, Steven ficou sem graça, porque também tinha feito isso, e sabia que ele não estava acostumado com contato físico. Mas Maely era muito carismática e não ligava para “protocolos”. Claro que Shiva compreendeu o ocorrido, era um ser sábio e não levaria a mal a emoção de uma garota. Todos estavam felizes, poderiam ter alguns deslizes por causa da emoção, principalmente Steven que se segurava pra não pular de alegria, os jovens tinham muito a conversar com o deus, muitos mistérios que confundiam até agora a cabeça deles, quem sabe Shiva poderia usar sua sabedoria para ajudá-los mais um pouco a entender essa história que confundia a todos.
CAPÍTULO 12-Ensinamentos de um deus. Após entrarem no portal que os levou de volta para o mundo dos humanos, Steven acomodou o deus no hotel em que estava hospedado em Myanmar, claro que com toda preocupação, tentando deixar o homem mais confortável possível. Ansiosos para ouvirem algo do homem, que envolvesse o colar, o trio de amigos ficaram o encarando enquanto ele tomava uma xícara de chá, e para iniciar o assunto que tanto queriam e também par quebrar o silêncio, Maely puxou uma cadeira e sentou frente ao deus um pouco tímida.
— Senhor me desculpe incomodar mas eu e meus amigos queria que o senhor explicasse essa história do coração de rubi e também um pouco da sua história. — Claro, menina, será uma honra, afinal eu estou em frente a salvação desse mundo! Maely pós receber o elogio ficou vermelha, oque deu sorrisos nos homens que se sentaram ao sofá olhando para os dois prestes a conversar. — A história é longa, mas como já vive ela, vou resumi-la. Já devem te contaram que você possui o poder superior a todos que já existiram, pois só você pode mudar o mundo, mas nada disso ocorreria se não existisse um homem chamado Xauã! — Mas oque Xauã beneficiou com o colar estar nas mão de Maely senhor?! Disse Steven se envolvendo na conversa, tinha conhecimento pra isso. — Apesar da traição que fez comigo, ele guardou essa joia em um baú e foi passando para cada ancestral dele, mas nenhum deles poderia usá-la até chegar o século XXI, claro que muitos não se aguentando de curiosidade tentaram abrir o baú, mas a magia do colar não permitia que isso fosse feito. O último descendente da família de Xauã foi um rapaz bem inteligente chamado Lary, ele usou toda sua sabedoria para ajudar o amigo a criar um remédio que não sei o nome, mas antes de morrer provavelmente entregou esse colar ao amigo dele que quando morreu acabou fazendo a joia se dividir, pois não havia mais dessedente de nenhum deles. Os jovens se olhavam entre si, surpresos com oque haviam ouvido, a verdadeira história fazia sentido com tudo que estava acontecendo. Steven ficou empolgado com a história e se sentou ao chão mesmo não estando confortável.
— Então Lary era descendente de Xauã, quem diria. Mas oque aconteceu com o tridente, porque nós fomos até o Diamond Head e supostamente ele estaria a poder do rei Disis, apesar de não termos encontrado nada além do rei. — Quando Xauã me roubou o Trishula, a ambição o controlou de vez e como era um homem sábio ele tinha conhecimento de reinos misteriosos que se escondiam no undo, para nosso alívio o primeiro local em que ele invadiu, acabou sendo destruído pelo rei Disis, que é um ser muito poderoso, nisso o Trishula permaneceu no local. Esse foi o motivo de muitos tentarem roubá-lo, mas nenhum tiveram mérito pra isso pelo jeito não foram vocês que conseguiram, mas já tenho ideia de quem possa ter roubado o meu Trishula sem que o Disis percebesse. — Quem o senhor suspeita? — Draiman, também chamados por vocês de doutor, ele seria o único que poderia entrar naquele local sem ser visto! Todos estavam cada vez mais surpresos com tudo que ouvir, o historiador eufórico tirando seus livros da bolsa e mostrando para o deus que continuava a contar a história que pensavam ter conhecendo. Maely até queria ficar mais próxima ao homem mas tinha medo da serpente que estava enrolado em seu pescoço, não sabia o motivo de que ele tinha aquele animal em seu poder, mas também não queria ser indiscreta, afinal Steven poderia saber, ele conhecia tudo sobre o deus. Em sua vestimenta o homem usava também um negócio na cabeça que na verdade era um jorro de água, tendo um significado muito importante, como tudo que estava relacionado a ele, alias a tradição hinduísta, era muito linda, não era a toa a admiração de Steven.
— Sabia, aquele idiota deve estar prestes a destruir o mundo. — Como assim menina? Perguntou o deus olhando serenamente para a garota. — Com o Trishula ele destruirá tudo, é isso que ele quer! — Não, vocês estão enganados, ele não se arriscaria desse jeito para apenas destruir o planeta, na verdade o principal objetivo dele é evitar que eu possa concertar oque ele fará daqui algum tempo. Nesse momento já deve ter esse plano em mente, evitando que eu tenha o Trishula, o caminho para construir uma sociedade de reinos com apenas um rei está próximo e se conseguir que isso ocorra, temerei a ver oque poderá acontecer com as pessoas de bem que ainda sobrevivem a esse mundo. — Oque seria uma sociedade de reinos com apenas um rei? — Raciocine menina, se esse doutor conseguir executar suas ideias, estaremos presos a ele, o exército dele só aumentará e quando reunir todos os principais componentes, fortalecerá sua liga que o serve transformando suas ambições em realidade. — Então existem pessoas poderosas que são superiores a nós servindo a ele? Todos os respeitam, é a hierarquia do mal, nem parece ser verdade. — Mas é, aos poucos estamos sendo dominados por esses homens, é através dos pequenos atos que não damos atenção, que nos comanda, a tecnologia é uma boa arma que nos domina em vês de nós a dominar! Tudo que Shiva dizia fazia sentindo, sem precisar de provas, suas palavras expressavam total verdade, apesar de a tecnologia ter trago muitos benefícios e avanços ao seres humanos, os vícios e as ambições foram, cada vez mais alimentadas e claro que se desenvolveram ano a ano. Mas a pura realidade é essa, sempre existirá homens que constroem para outros destruirão com suas ignorâncias, isso aconteceu com o avião que se transformou em uma arma de guerra, e dentre tantas outras invenções que apesar de alguns a terem tentado difama-as utilizando-as para o mal, devemos valorizar o lado bom, pois sempre existirá mentes com ideias boas e mentes infectadas de ideias ruins.
— Sim, muitos crimes são cometidos através da tecnologia que nos dias de hoje está nas mãos de qualquer um, muitos casos mostram que ela invade até presídios! Deu sua visão jurídica SH. Chegando a noite Maely preparou mais um, pouco de chá para os amigos, principalmente para o deus que humildemente o agradeceu. Apesar de estarem exaustos haviam muitas dúvidas e atencioso como era, Shiva estava disposto a responder todos as perguntas.
— Senhor, a pergunta que classifico como a mais importante é oque eu vou lhe fazer agora! Disse Maely deixando a xícara de chá no colo. — Toda pergunta é importante, basta ser inteligente, mas fale por favor! — Queria saber o caminho para podermos resgatar o Trishula e destruir toda essa hierarquia formada pelo doutor? — Isso é algo que você descobrirá quando tentar seguir o caminho, oque posso lhe dizer é que deve atacar o rei, as vezes a vida é semelhante a um jogo de xadrez, mas tome cuidado porque oque está em jogo não é peças, mas sim você! Maely e os homens ficaram pensando no que o deus havia falado, a admiração de Steven só tinha aumentado pelas palavras inteligentes e bem pensadas no que ele dizia, parecia que quando Shiva conversava a verdade se fortalecia, esperanças que já estavam enterradas, ressuscitavam mais fortes do que nunca.
— Bom senhor já abusamos demais de sua vontade, mas antes de repousar queria fazer em pedido que não é só meu, mas também de meus amigos! — Pode fazer homem, estando no meu alcance eu ajudo! — O senhor poderia ficar ao nosso lado até o fim de nossa missão? Eu sei que é um pedido, meio ousado mas é também importante para nós! O deus se levantou com a ajuda do próprio Steven e dando tapinhas em sua roupa, respondeu o homem.
— Claro homem, eu sou grato a vocês por me livrarem da prisão e também tenho que
estar do lado do bem, e sei que são capazes de mudar o mundo, junto podemos! Como combinado todos foram descansar, separados em dois quartos, Steven e Shiva ficaram juntos, e Maely e SH se acomodaram no outro quarto, era tudo muito simples mas o deus apostava da humildade do humano e ficou feliz como uma criança conhecendo seu novo quarto. O rapaz antes de se deitar no chão pois só havia uma cama que deixou para a amiga, como um nobre cavalheiro, ficou olhando pro nada muito pensativo, estranhando o comportamento do amigo Maely tentou descobrir o porque de se encontrar assim.
— No que está pensando SH? Se é que posso saber. — Eu estou com saudades de Junya! — Hum, mas é só saudades ou outro sentimento a mais? O agente se sentou a cama junto a garota que o olhava. — É um pouco de preocupação também. — Não fique assim homem, os empregados de Steven estão cuidando bem dela e também amanhã já estaremos lá. Aí vocês poderão matar a saudade um do outro. SH ficou pensando por um momento no que a amiga tinha dito mas depois compreendeu e logo se tranquilizou. Nisso os dois foram dormir, Maely também estava preocupada por causa do Gabriel que não havia mandado nenhuma mensagem a deixando angustiada, aguardando a resposta que tanto queria ouvir, mas não querendo se perturbar com isso tratou de dormir para quem sabe esquecer o amado pelo menos por um momento. No dia seguinte os amigos arrumaram suas malas e fizeram SH comprar roupas para o deus que não poderia entrar no avião do jeito que estava, chamaria muita atenção oque não era bom para nenhum dos indivíduos. Os homens também deram um jeito no passaporte de Shiva que como um deus não precisaria disso, mas o serviço do aeroporto não entenderia isso, e mesmo com um pouco de dificuldade Steven conseguia o passaporte que não foi de uma forma legal mas para salvar o mundo essa ação poderia ser perdoada. Conseguindo o passaporte ilegal, o grupo de amigos embarcou de volta para os Estados Unidos, sistemático como era SH ficou emburrado no banco do avião até pôr os pés em sua cidade. De volta a Nova Iorque os amigos combinaram para irem para a casa de Steven, até porque Junya estava lá, e também por ser o lugar mais seguro. O doutor suspeitava que Shiva estivesse com os seus “inimigos” mas não tinha certeza oque fez ele ter cautela para poder se envolver nesse assunto, afinal acreditava que o deus aceitaria sua chantagem e seria atraído até ele por causa do Trishula. Mas na verdade os homens eram mais inteligentes do que ele pensava, mesmo correndo o risco de não adiantar em nada, SH pediu para alguns colegas de folga ficarem de guarda no portão da casa de Steven, e também para proteger Junya que era muito importante para ele quanto Shiva. Aos poucos mais uma vez a vida dos jovens ia saltando ao normal, ou tentavam retomar porque após terem esse colar envolvidos em suas vidas, nunca mais tiveram paz, perderam a tão precisa liberdade, pensamentos, dentre os mais equilibrados e os menos, todos tentavam ser fortes, suportavam a dor de viver perseguidos, a dor de conviver com injustiças e não poderem mudar muitas situações. Maely é o único ser que tinha o poder para mudar tudo isso, o mundo está infectado pela maldade, mas nem ela que se tornou imortal com a presença do coração de rubi não superava muitas dores emocionais e físicas, mesmo sendo tão poderosa precisava dos conselhos dos amigos, do apoio deles, afinal SH foi essencial para ele continuar em sua jornada. O grupo se reuniam todas as noites possíveis para fazer uma roda de conversa, claro que o mais especulado era Shiva e a cada palavra que dizia, em ensinamento era transmitido a eles, é um desses ensinamentos foi a prática do ioga, algo que todos já haviam feitos pelo menos uma vez na vida mas não levavam muito a sério.
— Você menina especialmente tem que saber a melhor maneira de liberar seu poder de
vez em seu coração é a prática do ioga, só assim poderia ter uma transformação em seu estado físico e emocional. - Alias, a prática do ioga é por causa do senhor né? Disse Steven se transforma o indivíduo. Shiva convencia a todos, não havia insegurança com ele, o medo era inexistente, parecia que tudo ficava fácil com os conselhos dele, com certeza ele era o guiador daquele grupo de amigos que já tinha superado tantas coisas juntos.
— Eu percebi que só conseguia liberar e descobrir o sentido desse poder após eu poder me concentrar. - Exatamente pois o ioga vai acalmá-la, deixar seu emocional em equilíbrio, muitas vezes não se derrota um inimigo o golpeando mas sim o conhecendo. — É, eu acho que sei disso mas as vezes me sinto tão fraca, porque fui a escolhida para possuir esse poder? Logo eu. O velho colocou a mão no ombro da garota que o olhou timidamente.
— Você foi a escolhida porque possui coração bom, não se sinta mais uma fraca, se fosse não tentaria curar o mundo. De tantas pessoas que eu já conheci, você é a única que posso dizer com toda confiança que possui o bem, ainda existe o bem nesse planeta. — Mas porque diz isso com tanta firmeza senhor? — Na situação em que se encontra e no passado difícil que superou não me fez nenhum pedido se quer, outra pessoa em seu lugar me pediria para curá-la da depressão. E mesmo sentindo medo de que voltasse a ser vítima dessa doença não falou nada, mantendo suas angústias em silêncio! A garota que ficava vermelha por receber elogios, ficou mais envergonhada pôr os elogios terem vindos de um deus que sempre falava a verdade que muitos acreditavam. Em um outro dia de conversa, Shiva explicou sobre o tridente e através das imagens do livro de seu aluno, mostrou a todos os detalhes daquele objeto sagrado.
— O Trishula é uma arma muito poderosa, eu uso ela para destruir a ignorância dos senhores! Disse o homem o apontando para os jovens. — Cada ponta do tridente tem um significado que foram relacionados as qualidades da matéria. — Ah senhor, me desculpe interrompê-lo mas o senhor esta falando da inércia, do movimento e do equilibro? Disse Steven cruzando os braços e deixando os amigos um pouco confusos com oque ouviram. — Exatamente, o tamas, rajas e sattva são os significados principais do Trishula, o poder de cada ponta e essencial para formar toda a energia que preciso para executar oque desejo. Pois o ser humano tem que possuir equilíbrio, e tantas qualidades essenciais para destruir total ignorância que possuem.
— Sim, eu acreditava nessa história só que queria ter certeza de que fosse verdade. Mas senhor eu não sei se concorda, mas acredito na definição do movimento segundo Aristóteles, para podermos nos movimentar precisamos de algo, e possuímos sim alunos que são responsáveis pelos nossos movimentos. — É sobre isso cada indivíduo tem a sua opinião a defender, oque posso lhe dizer é que o ser humano, precisa se curar o mais rápido possível desse mal que está os invadindo! Maely anda com medo da serpente que tinha sobre o pescoço do homem, ficava afastada tentando não olhar para o animal porque se tratava de um de seus maiores medos. A sua sorte é que o deus não tinha percebendo o comportamento dela ainda, e mesmo quando percebesse levaria numa boa, ele era um ser muito compreensivo e bondoso, fazia de tudo para deixar as pessoas ao seu redor, confortáveis e felizes. —Mas com a ajuda do senhor, poderemos salvar as pessoas da maldade, só que para isso temos que nos concentrar e pensar na melhor maneira de recuperar o Trishula!
— Por acaso vocês sabem aonde esse doutor se encontra? Maely ficou pensando mas logo Steven respondeu. — Ele comprou uma mansão luxuosa em Las Vegas, pelo menos é isso que saiu no
jornal, porque até hoje existe a farsa de que Lariech esteja vivo, aquele safado recebe todo o lucro que o remédio Recnac será até hoje!
— Nossa Steven não sabia desse detalhe, eu fiquei sabendo que ele morava na casa antiga de Lariech! — Não SH, aquele impostor comprou uma mansão menos do que do meu falecido amigo, e com certeza no futuro acabará com o amigo, e com certeza no futuro acabará com o remédio, tudo por causa de sua ambição! O historiador estava nervoso já tinha até derrubado seu charuto no tapete. Aquele assunto sempre deixava os ânimos exaltados, de ambos os homens, nenhum deles se conformava com oque o demônio estava fazendo com o nome do doutor Lariech, as vezes a indignação era tão grande que pensavam em desmascará-lo, mas era quase impossível, ninguém conseguiria acreditar que aquele homem se tratava de um impostor. Oque preocupava mas não é só defender a imagem de um amigo que era inocente, mas assegurar os pacientes que precisavam do Recnac para sobreviver, sem esse comprimido o tratamento de câncer não seria o mesmo, se por acaso o remédio viesse a faltar para muitos, a consequência seria pacientes desiludidos e nisso geraria outros problemas.
— Mas o porque você perguntou isso Shiva, por acaso pensaria em um projeto de invasão? - Não especificamente, as vezes a invasão é um suicídio e nesse caso seria, mas eu pensaria em um encontro! - Um encontro? Como assim senhor? Steven estava espantado, mesmo o nervosismo cessando, aqueles assuntos estavam o deixando cada vez mais estressado e não era pra menos. — Pense, se a menina ficar fugindo desse demônio nada adiantará, e invadirmos a mansão, com certeza, morreremos, a melhor opção é atrair o doutor até um encontro, ou ir a encontro dele! — Mas senhor, eu mão posso duelar com ele, precisamos focar no Trishula, temos que pegar aquele tridente antes que ele alcance o misterioso objetivo dele! — Você está certa menina, acho que paz não é o melhor caminho para vencer aquele homem ambicioso! Maely ficou sem palavras, como poderia imaginar que em dia faria um deus mudar de opinião e perceber que estava enganado? Até seus amigos se olharam surpresos com o ocorrido. — Mas não se preocupem, eu cuido dessa parte do resgate do tridente. Vou elaborar uma operação que nenhum demônio conseguirá impedir! — Mas você tem que ser cauteloso SH, não pode envolver mais pessoas nessa história que não seja de confiança! — Sei disso, Steven, mas vou tentar envolver menos indivíduo possíveis nessa operação! Esse era o melhor caminho que encontraram para tirar o Trishula das mãos do maligno doutor, claro que não seria fácil, SH teria que ser frio e pensar em um plano que não perdoaria. Mas quando se tratava de operações especiais o policial era o melhor para executar essa missão com sucesso, e competente como era já tinha em mente milhares de ideias bombando sua cabeça. Mas não era só a cabeça do rapaz que estava martelando, a de Maely doía todos os dias de tanto pensar em Gabriel, não tinha recebido nenhuma resposta, e como era ansiosa a garota resolveu ir na casa dos pais dele, onde ele morava. Sabia que poderei fazer papel de boba, não se valorizar por correr atrás de um homem, sendo que tantas poderiam o amar, mas isso é o amor, se humilhamos e perdemos o orgulho para podermos arriscar com medo de perder o grande amor da nossa vida, as vezes não ligamos para a quantidade de vezes que “quebramos a cara”, tudo vale a pena quando recebemos apenas um sorriso da pessoa amada. E era isso que Maely faria, se fosse para ser humilhada que fosse, mas estava na porta da casa dele, sem ter opção para fugir, Gabriel não teria saída, tinha que conversar com a garota, e ainda mais que os pais gostavam de Maely a tratavam como filha, teria que falar oque sentia, e quando saiu do quarto se
deparou com a moça, linda, toda perfumada o deixando encantado.
— Oi May, sente-se por favor! A garota se sentou no sofá da sala um pouco tímida, pra sua sorte, os pais do garoto sairão, os deixando mais à vontade. — Sobre oque você veio falar? — Eu quero saber sobre a resposta que estou esperando há muito tempo! O homem se virou e andou pela sala olhando para o chão. — Sabe Maely, eu pensei muito em você nesse tempo e descobri uma coisa. — Oque Gabriel? Maely se levantou e mais ansiosa do que nunca, olhou para os olhos do amado com uma firmeza, igual da primeira vez que o viu.
— Descobri que não parei de te amar, eu vou ser sincero que até tentei te esquecer, mas é impossível pra mim. Não teve uma noite que eu não pensasse em você antes de dormir! A garota ficou sem palavras, era tudo que sonhava em ouvir, agora sabia que o esforço tinha valido a pena. — E se você me aceitar, e também me desculpa por meu comportamento, eu voltou para você! - É claro que desculpo, eu te amo muito por causa de nosso amor mudei de vida, não sou mais uma alcoólatra e muito menos uma dependente de drogas. — Eu sei, obrigado por existir na minha vida! Gabriel pegou a moça pela cintura e a beijou, como da primeira vez que Maely sentiu os lábios do amado, ela sentiu a mesma emoção, se sentiu em outro de nada nos braços do garoto que a olhava nos olhos com total paixão. Gabriel sabia um pouco sobre a louca história em que Maely e seus amigos estavam envolvidos, mas não tinha ideia do que ela havia passado, também não podia contar porque já era o bastante ter todos seus amigos envolvidos naquela confusão, e não queria pôr a vida de seu namorado em risco. Esse era seu único segredo, com exceção disso o casal não tinha nenhum segredo na relação, sempre contaram tudo que acontecia no dia a dia, Maely nem pensava em drogas e em nenhum vício, depois de muito sofrimento, ela tinha encontrado a cura no amor de Gabriel, além do colar ter sido essencial em sua luta, só a fazia feliz oque nunca imaginaria ser. Enquanto isso SH se dividia para poder cumprir todas tarefas que tinha em sua rotina, cuidava de Junya, ia trabalhar, ajudava Steven em alguns problemas que surgiam, e ainda dedicava seu momento de lazer no planejamento de operação especial para resgatar o Trishula. Inteligente, o agente já tinha uma planta da mansão e aos poucos planejava oque fazer, Dru que era seu melhor amigo, também fazia parte da operação e seguindo os comandos do amigo, passou pela mansão com seu carro duas vezes, isso para ver se tinha guardas ao redor do local, mas SH queria e precisava ser mais ousado e tinha a ideia de fazer Dru entrar na mansão para assim conseguir ver detalhes importantes para a invasão.
— Qual é a sua grande ideia SH? Eu sei que quando me chama apressadamente é porque tem algo em mente. — Primeiro tenho que saber oque exatamente você viu ao redor da mansão? — Como havia dito, eu vi dois guardas na porta e outros dois no fundo, acompanhados de um carro conversível, pelo que pude perceber eles são fixos, não saem por nada, então provavelmente deve ter outros no interior da casa! Disse o homem com seu revólver na mão. — Isso é muito pouco, temos que ter, pelo menos, oitenta por cento de certeza para invadirmos o local, estava pensando em fazer você entrar lá de algum jeito, não precisa ser uma invasão, basta você fingir ser um funcionário e entrar. Depois que eu pensar bem eu te explico melhor. — Está bem SH, mas você me disse que ele tem dois servos que são criaturas assustadoras, e um deles se trata de Lisa, até tentei não acreditar mas depois do velho zumbi, não duvido de mais nada!
— Pois é Dru, mas nem criaturas sobrenaturais irá nos impedir de resgatar aquele tridente, eu vou pensar muito bem nessa operação e vou deixá-la perfeita, nada vai falhar! Apesar de sua grande dedicação, SH precisava se esforçar mais, e decidido que a melhor maneira de conhecer um lugar é estar dentro dele, convencer o amigo a se vestir de eletricista, pois toda casa precisaria de uns ajustes e sabendo que o demônio tinha diversos empregados, Dru conseguiria mentir e convenceria fácil os funcionários, pelo menos era oque o agente esperava. No dia marcado para realizar a primeira etapa da operação, Dru estacionou seu carro no portão e educadamente iniciou a conversa com os guardas do local. — Por favor senhores poderiam me dar uma informação? — Pode falar senhor! Disse o homem se aproximando do portão. — Eu vim fazer algumas instalações elétricas na casa, será que poderiam permitir que eu entre? Os homens se olharam entre si e um deles disse algo em um rádio e após receber uma suposta resposta, abriu o portão para Dru. — Entre por favor, vamos o acompanhar até a porta! Dru ficou um pouco incomodado com a presença dos homens, mas segurava sua mochila torcendo para que não revistassem. Quando entrou na mansão o homem ficou surpreso com a beleza e logo viu Lisa que o recebeu educadamente.
— Lisa, esse senhor veio fazer algumas instalações elétricas na casa. Poderia nos informar se o doutor tem conhecimento disso? Não sei, mas como ele não está em casa eu permito que o homem execute seu trabalho! — Mas senhora o doutor não vai gostar! Lisa se aproximou da porta e puxou Dru pra dentro. — Pode ir em paz, eu me responsabilizo! O homem mesmo não querendo concordar, saiu deixando a mulher sozinha com o homem.
— Fique à vontade senhor, qualquer dúvida é só me chamar. — Está bem senhora! — Senhora não, Lisa. Pode me chamar pelo nome mesmo! Corrigiu a mulher. Dru foi para a cozinha primeiro, o plano era colocar câmeras pequenas do tamanho de um dado nas tomadas, era uma boa estratégia para descobrir onde o doutor escondia o Tridente. Mas como era preciso, o agente teve que ser mais ousado, após instalar as câmeras em todos lugares indicados pelo amigo, havia chegado no possível núcleo de mansão e sabendo do risco de ser flagrado por câmeras do demônio tentou ser o mais cuidadoso possível. Mas a porta do escritório estava trancada, oque fez ele desistir, pensou em abrir com um grampo mas seria acusado nas imagens depois, o jeito foi pedir para Lisa, quem sabe ela teria a chave.
— Por favor Lisa. — Pois não? — É, por acaso você teria a chave para eu poder entrar? — Sim, mas não sei se devo deixá-lo entrar aí! — E porque? Lisa ficou gaguejando sem saber oque responder, Dru estranhou o nervosismo da mulher mas preferia ficar em silêncio. — Pode entrar portanto que seja rápido porque se meu patrão chegar e te ver no escritório dele, eu vou ser demitido. — Tá bom, obrigado. Prometo que serei rápido! A mulher ficou na porta do escritório olhando para o “eletricista” com medo de que o doutor chegasse. Já com a câmera na mão, pois por ser pequenina ela cabia na mão fechada de qualquer um, e rapidamente ficou de frente com a tomada instalando a câmera que não podia ser vista por outras que vigiavam o local que quase ninguém entrava além do demônio.
Toda essa segurança e proteção sobre o escritório, tinha motivos mais importantes além de preservar a intimidade do doutor. O Trishula estava escondido nele, o policial nem imaginava que oque queria se encontrava ao seu lado. Após terminar oque tinha que fazer, Dru agradeceu a mulher que estava com o coração na mão de tão aflita, com medo de que seu senhor chegasse.
— Obrigado senhora, quase dizer, Lisa! — De nada homem, seu nome por favor? Dru tentou não se engasgar e logo inventou um nome. — É Pablo! — Ah, nome bonito. Então até mais Pablo! — Até. Na porta estava o esperando os guardas com os braços cruzados, após desceram juntos os degraus que levava até a saída, quando Dru entraria no carro um dos homens o interrompeu, o chamando.
— Oque houve senhor? — Se algo acontecer de estranho, e se meu senhor me castigar porta eu ter deixado o entrar, eu juro que te caço e lhe mato! — Isso é uma ameaça? Disse Dru não se amedrontando. — Pense como quiser, só deixo claro que não quero mais ver sua cara e nem seu carro nessa rua, pois prometo que lhe mato! Evitando maiores confusões, o agente entrou em seu carro sem responder o homem e saiu do local rapidamente. Dru não conseguiu entender aquele comportamento do guarda, parecia que o homem sabiam que ele tinha feito algo de errado. Talvez alguma câmera havia o flagrado, mas já estava de volta, não tinha como concertar mais nada. Mesmo confiante em seu plano, SH não se aguentava de ansiedade, só se sentiu bem quando o amigo chegou sem nenhum arranhão, sã e salvo.
— Como foi lá Dru? — Eu consegui instalar todas, até no escritório, apesar de ter sido o único lugar que me atrasou. — Porque? O doutor estava lá? — Não SH, mas estava trancado. A minha sorte foi que Lisa abriu, e apesar de estar cheio de câmeras oque já esperava, eu acho que nenhuma conseguiu ver oque fiz! O rapaz ficou penando no motivo de Lisa ter aceito e permitido que o amigo entrasse no escritório.
— Mas Dru, porque Lisa permitiu sua entrada? — Ela até não queria, me disse que ninguém além do doutor entrava naquele local, mas por algum motivo que não tenho ideia, permitir que eu entrasse. Acho que é por causa da minha beleza, ela ficou encantada e claro que não negaria nada para mim! SH ficou olhando para o amigo e mesmo tenso deu um sorriso, não tinha como ficar sério, ao lado de Dru.
— Não, eu acho que ela não está se relacionando muito bem com o doutor, talvez tenha caído na rela, e sabe o mal que ele fez na vida dela. — Pode ser, mas eu tenho certeza que o tridente está no escritório, porque protegeriam um lugar que possui um monte de livros, uma mesa e um armário? — Bem provável que você esteja certo, talvez ele guarde algum dinheiro, mas se o escritório é um lugar que ninguém entra além dele, o Trishula só pode estar lá mesmo! Deduziu SH. Dru não sabia a verdadeira história, e nem podia, por dois motivos, um que ele não acreditaria e outro que desejaria se envolver nessa confusão que não precisava de mais ninguém envolvido. Através de um meio tecnológico muito avançado, feito especialmente para espionagens policiais, SH ligou seu notebook e em sua tela conseguia ver todos os
pontos da mansão, sabia que invasão de privacidade era crime, mas nesse caso tinha um motivo que justificaria essa ação. Nas primeiras horas, os homens não viram nada de especial, apenas Lisa limpando a casa e nada de Harry e do doutor, e claro que enquanto não visse o tridente o agente ão sairia de frente da tela. Mas o comportamento da mulher o deixou intrigado, Lisa andava de um lado para o outro muito preocupada, após ouvir um grito ela entrou em um quarto, SH não sabia oque tinha nesse quarto e também não conseguia ouvir nada, pois a câmera apenas filmava sem reproduzir áudio, ele até havia tentado conseguir uma que gravasse as vezes, mas infelizmente não teve condições tendo que optar por essas mesmas. Mas como um bom investigador ele percebia o comportamento das pessoas e conseguia as vezes fazer um pouco de leitura labial, oque ajudaria muito nessa operação. O desespero de Lisa era porque seu amigo estava passando mal, Harry que não saia muito da cama estava com febre e preocupada com ele, a mulher corria até cozinha para pegar um pano úmido e ao mesmo tempo ia pra sala procurar remédios. SH vendo toda aquela correira de Lisa, pode perceber que ela não estava sozinha, tinha algum indivíduo passando mal, deduziu o agente por causa dos remédios na mão da mulher. E esse alguém seria Harry, claro que SH tinha a suspeita em mente que o homem estaria no quarto misterioso, e em poucos segundos essa suspeita foi confirmada, como Lisa tinha voltado para cozinha, Harry se levantou e foi atrás dela, nisso o policial sorria sabendo que mais uma vez suas suspeitas estavam certas. Mas algo o intrigou, o comportamento de Harry era muito estranho, parecia estar desnorteado e a preocupação de Lisa por ele quando o viu, não foi só por causa de estar doente, mas era como se ela estivesse escondendo de alguém o amigo, o empurrava para o quarto olhando para todos os lados com os olhos arregalados. Aquela cena deixou SH intrigado, instalar as câmeras na casa não só permitiria descobrir onde se encontrava o tridente, mas também outras coisas, como supostos conflitos entre os servos e o doutor. E esses conflitos beneficiariam os jovens, pois cada um naquela mansão tinha um objetivo em mente, e para alcançarem esses desejos, tentariam de tudo, romperiam qualquer aliança que existisse, pois o doutor tinha enganados a todos para construir o caminho para a sua maior ambição. Depois de esperar por muito tempo, enfim o doutor havia chegado, falou algo para Lisa e depois entrou em seu tão secreto escritório, nisso a ansiedade de SH só crescia a cada momento, até que o demônio abriu o armário e de lá tirou o tridente que tanto o agente aguardava. O objeto estava sem nenhum arranhão, pelo que deu para ver, o tridente estava coberto por um plástico, mas já sabendo o local em que estava escondido o Trishula, SH começou a pensar em como entraria no local sem ser flagrado pelas câmeras, seria um pouco complicado, é claro que mesmo que não aparecesse nas imagens, o demônio saberia que era alguém de Maely, pois só os dois grupos sabiam e estavam envolvidos nessa história. O agente até pensou em odiar a invasão para o mês que vem, para poder descobrir algumas coisas que ocorressem na mansão, mas no máximo teria três dias para capturar o tridente, para seu alívio não havia guardas dentro da mansão, oque bastaria entrar escondido e mesmo que fosse visto pelas câmeras do exterior do local, estaria encapuzado dificultando o reconhecimento. Nesses três dias, o agente fez reuniões com seus dois aliados para operação, Dru e Steven, para estudarem as imagens e a melhor hora para invadir o local. Nessa breve investigação Dru descobriu que o doutor saia todas as quintas-feiras para um banco, SH quando soube disso ficou intrigado mas tinha que focar nessa operação primeiro. Após muitos estudos e treinamentos, ops homens estavam enfim preparados para o grande resgate do Trishula, e com suas armas na cintura com diversas munições presas a um cinto, pegaram o carro de Steven e foram a caminho do refúgio do demônio. Para não causar nenhumas suspeitas, o historiador estacionou o carro em outro quarteirão,
como SH tinha estudado toda a rotina, tanto do demônio quanto da movimentação da rua, pois era policial e podia fazer esse tipo de investigação. Descobriu que toda quinta feira, chegava encomendas para o doutor, era um serviço que havia contratado para não precisar ir em lugares públicos a todo momento, e nesses carros continha alimentos, jornais e livros, e outros objetos que ele comprava pela internet. E no momento em que as encomendas haviam chegado, SH veio atrás do caminhão e se escondeu no muro, um dos guardas entrou para acompanhar os funcionários que iam depositando as caixas na sala da mansão. Estrategicamente, Dru e Steven se esconderam dentro do caminhão que estava próximo a porta, de costas, os homens esperavam o momento certo para atacar, e quando o guarda veio pegar uma caixa de dentro do caminhão, Dru deu um soco certeiro fazendo o homem cair no chão, aquele golpe era fácil pra ele executar pois treinava boxe.
— Belo nocaute Dru! — Obrigado Steven, agora vamos, chame o SH! Steven correu até o amigo que estava escondido, e o chamou, sorte deles é que o outro guarda havia entrado e quando saiu da mansão foi surpreendido pelo trio de amigos, SH precisou de apenas três socos no rosto para desmaiá-lo, como não era bobos, Dru pegou o revólver do homem para caso ele acordasse. Parecia mais fácil do que pensavam, pois estavam dentro da mansão sem quase nenhum trabalho, claro que encapuzados, não podiam demorar muito naquele local pois havia outros guardas no fundo da casa, oque causou um pouco de nervosismo em Dru que era o menos experiente do grupo.
— Vamos fazer o seguinte, vocês dois fiquem aqui caso Lisa chegue, tente não entrar em conflito com ela, eu vou no escritório pegar o tridente. Disse o rapaz, orientando os amigos que olhavam para os lados, preocupados. — Mas você sabe onde esta a chave? — Sim Steven. Ela está em uma poltrona falsa de um puf, eu só preciso encontrálo! SH ficou caminhando pela imensa sala até que encontrou o puf e como havia dito, a chave estava lá, nisso correu até o escritório e abriu a porta, entrando rapidamente. Facilmente o rapaz abriu o armário e tirou o Tridente de dentro, estava encantado com a beleza do objeto mas por causa de alguns gritos na sala, ele correu até o local com o Trishula na mão para ver oque tinha acontecido. Quando chegou na sala, Lisa havia se transformado em um monstro gigantesco e horroroso, em cada mão estava Dru e Steven se esforçando para não terem seus ossos esmagados pela imensa garra. Sabendo que entrar em conflito não adiantaria nada, SH friamente optou pela conversa, oque fazia muito bem, o monstro o encarava furiosamente, Lisa nunca pensaria em rever o homem logo naquela situação.
— Calma Lisa vamos conversar, não faça nada. Implorou o agente com a mão tremendo. — Eu sei de sua situação Lisa, você foi iludida por aquele demônio que lhe prometeu algo mas não cumpriu, estou mentindo? A fera bufava, olhando para o policial, os outros dois homens tentavam sair das imensas garras mas era impossível, quanto mais se esperneassem, o tempo de seus ossos se quebrarem seria breve.
— Por favor Lisa, eu sei que dentro de você ainda existe uma mulher de coração bom, e como todo ser humano já deve ter se decepcionado na vida, e esse doutor não quer lhe ajudar a superar isso, apenas se aproveita de sua fragilidade. Lisa continuava olhando para o rapaz que se mantinha firme tentando conversar com ela.
— Lisa, eu não vou entrar em conflito com você, e se soltar meus amigos lhe prometo que eles também não irão atacá-la. Disse o agente se aproximando do monstro. A mulher aos poucos foi se acalmando e voltando ao corpo normal de humana, nisso os homens cairão chão e se levantaram apontando as armas para ela, lembrando do combinado, SH passou a frente colocando as mãos nos revólveres.
— Não sou homem de quebrar promessas, então abaixem essas armas imediatamente! Percebendo que o amigo estava nervoso, Steven e Dru o obedeceram. Nisso o rapaz se aproximou um pouco mais da mulher, dessa vez sem medo e apontou o tridente em direção a ela. — Eu não posso deixar você levar isso, se o meu mestre perceber a ausência dele, procurará nas câmeras de segurança e virá que eu fui submissa. Claro que ele vai me matar se isso acontecer. — Mas Lisa tente entender, eu e o mundo precisa desse objeto, não percebe que o demônio que chama de mestre não se importa contigo? Perguntou o agente ainda segurando uma ponta do tridente, pois a outra ela o segurava. —Sei, mas preciso ser fria, eu não tenho saída. Ele já acabou com a vida de Harry, eu não posso terminar igual. Preocupado com o amigo, Steven tentou saber oque ele tinha, até porque SH já havia lhe falado que Harry estava doente.
— Oque aconteceu com Harry? — Ele tentou matá-lo, o jogando da escada, e por causa da pancada, meu pobre amigo perdeu a memória. Ele até poderia ajudar mas por crueldade negou qualquer pedido que fiz. Disse a mulher com expressão de choro. - Eu não aguento mais essa vida miserável. Lisa caiu de joelhos ao chão, chorando compulsivamente, SH queria consolála mas não tinha muito tempo para isso, se o demônio chegasse e o pegasse ali, tudo iria por “água abaixo”. E não queria falhar depois de tanta dedicação em mais uma operação sob seu comando, dessa vez a mais importante de todas. Steven também queria ficar mais um pouco, para poder visitar o velho amigo, mas sabia do risco que estava correndo e logo desistiu. — Lisa, eu sinto muito pela sua situação, mas se você impedir que eu leve esse tridente, você vai causar um mal para esse mundo. E eu sei, que oque comanda seu coração é o amor que ainda sente, e não esse monstro que aquele demônio lhe impôs. — Mas eu vou morrer se deixar vocês irem embora, e eu não quero isso, sou jovem e tenho fé em me libertar desse monstro que guardo em minha alma. Disse a mulher, se levantando. O rapaz ficou pensando na melhor maneira de tomar uma atitude que fosse favorável, não só ao seu lado mas também para Lisa, ela poderia até apagar as imagens das câmeras e aguentar a pressão de seu mestre querendo saber aonde estava o tridente, mas nunca faria isso para indivíduos que não significava nada a ela. E desolado por ter que fazer aquilo, SH pegou o Trishula e o deixou nas mãos dela que o olhou sorrindo, claro que aquela ação gerou indignação dos homens que não estavam errados em reclamar, pois depois de tanto esforço havia chegado o momento certo, e em vês de cumprir a tarefa e fechar a operação com chave de ouro, SH opta por se acovardar e entregar o tridente para a mulher.
— Oque você fez SH? Perguntou Dru assustado. — Eu sei que se insistir acabaremos mortos e não quero entrar em duelo com Lisa. — Agora não é hora para sentimentos homem. — Minha decisão já está tomada, agora vamos embora! Disse o agente nervoso. Os homens até pensaram em insistir mas sabiam que SH não era acostumado em voltar atrás em suas decisões, era um homem de palavra. Quando todos partiram, Lisa colocou o tridente de volta ao armário, e em seguida ficou olhando para fora com um pensamento lhe perturbando na mente, a sensação de liberdade chegava a todo momento que ela abriu a porta, mas a sensação de frustração por saber que não podia fugir a invadiu e a fez abaixar a cabeça desolada de tristeza. Os amigos sairão da mansão apressadamente, pulando os corpos dos guardas desmaiados ao chão e entraram no carro de Steven que pressionou o pé no acelerador e deixou o local o mais rápido que pode.
Funcionários do serviço que o doutor pagava pela internet ficaram assustados com os guardas desmaiados, os ajudando a despertar.
— Devíamos parar de vir aqui César, um dia vamos acabar nos esbarrando com o Capeta novamente. — Lá vem você de novo com essa história, eu não vi nada, apenas bebemos demais naquele dia, nunca que iriamos ver essa criatura em uma mansão tão linda dessa, esse local aqui não tem nem fantasmas, acha que terá demônios? Os homens entraram ao caminhão rindo, não sabiam o risco que corriam, e se soubessem, com certeza, morreriam de susto. No carro, os jovens não disseram nenhuma palavra, todos estavam chateados com SH, ele também estava, mas sabia que foi o certo a fazer, não podia deixar que seus amigos morressem, e foi isso que tentou explicar a todos quando chegassem a casa de Steven, onde estava sua amiga e o deus.
— E aí conseguiram pegar o Trishula? — Pergunte ao seu amiguinho sensível. Disse Steven provocando o amigo. Não entendendo aquela provocação e as expressões tristes no rosto de todos, Maely ficou preocupada e foi em direção ao amigo que se sentou no canto da sala com as mãos na cabeça.
— Oque aconteceu SH? — Eu falhei May, infelizmente não conseguiu enfrentar Lisa e acabei desistindo do Trishula. — Mas como assim, ela se transformou em um monstro? Perguntou a garota com a mão no ombro do amigo. —Não Maely, ele é todo sensível e ficou com pena da moça, e acabamos perdendo tempo, por causa desses sentimentos bestas. Disse Steven se intrometendo na conversa.
— Cala-se, Steven! Gritou SH. O agente estava chorando de tristeza, sabia que tinha fracassado e poderia ser enganado pela moça, mas ele sempre seguia seu coração, e não batalharia com a mulher que só era mais uma vítima daquele demônio.
— Me explica que aconteceu SH, não estou aqui para te julgar e não vou deixar que ninguém faça isso! Disse Maely olhando nervosa em direção ao historiador que virou o rosto. — Eu não poderia duelar com aquela mulher May, ela também foi vítima daquele mercenário. E sei que é uma pessoa boa, como nos fomos controlados por ele e nos libertamos, tenho certeza que ela também consegue. — Sim, você está certo, vá descansar um pouco, é melhor. Obedecendo a amiga que sempre era carinhosa com ele, o rapaz foi para o seu quarto de cabeça baixa e com lágrimas nos olhos. Ninguém se atrevia em falar algo naquele momento, sabiam que Maely virava uma fera quando alguém ofendia seu amigo, mas todos estavam nervosos, cada um sentado em um sofá, o único que mantinha sua expressão serena como sempre, era Shiva que olhava para os jovens frustrados. Maely também achava que SH estava errado no que fez, depois de tanto esforço, mas pleo amor que sentia pelo amigo, ela tentou pacificar o clima e entrou em defesa ao homem que se trancou no quarto desolado.
— Eu peço desculpas pelo que SH fez senhor, é que ele é muito sensível. — Não peças desculpas, ele fez oque é certo, não poderia duelar com aquela mulher além de ela também ser uma vítima de Draiman, não colocaria a vida desses indivíduos em risco. — Mas senhor, nós tínhamos rendidos todos os guardas, com certeza conseguiríamos fugir, mesmo se ela se transformasse em um monstro. Disse Steven se aproximando do deus que estava sentado a uma cadeira do lado de uma janela. — Você tem que entender homem, SH soube oque fez, quando a gente segue nosso
coração, mesmo falhando, nós acertamos por acreditar em si próprio.
— Senhor, ele se acovardou, eu não suporto trabalhar ao lado de covardes! Maely ouvindo o insulto do historiador sobre o amigo, tentou defendê-lo mas Shiva entendeu a mão sobre sua direção, a impedindo que falasse alguma coisa.
— O maior covarde é aquele que não pensa no que faz, SH é um homem de coração bom e mesmo sabendo que seria vítima de críticas de vocês, fez oque seu coração achava certo. Por isso não julgue, ele Steven, ao contrário apoie, como Maely que mesmo não concordando esta do lado dele! — Entendo, me perdoe senhor, mas oque vamos fazer para recuperar o Trishula? Perguntou Steven, mudando de assunto. — Aguarde e você verá! Steven não entendeu aquela frase do deus mas ficou em silêncio, afinal não tinha nenhuma ideia. Os homens não poderiam mais pensar em outra operação de invasão, pois com certeza Lisa avisaria o doutor sobre o ocorrido, e logo ele reforçaria a segurança. SH estava de cabeça quente, não sairia do quarto tão cedo, Maely também nervosa voltou para sua casa, um pouco insegura por sair na rua pois tinha medo que alguém estivesse a perseguindo, e era estava certa por ficar assim, porque quando se invade a área de um leão, ele tem a liberdade para liberar sua fúria. Mas para a surpresa de todos, Lisa não seria ingrata com o rapaz, afinal aquela ação dele, de devolver o tridente, salvou ela de morrer, mas mesmo seu mestre não desconfiando de nada, não ficou feliz com a situação, sabia que estava errada em ter impedido que o agente levasse o tridente. E naquela noite não conseguiu dormir direito, a culpa perturbava a sua consciência, Lisa não aguentava mais servir aquele homem, a morte seria um alívio, e de manhã esperou o doutor sair para tomar a atitude certa, nem se preocupou com as câmeras e pegou o Trishula, colocou em uma caixa e entrou em seu carro a caminho do destino certo. Quando parou na delegacia, onde SH trabalhava, a mulher escreveu uma carta ainda no carro e grudou na tampa da caixa, nisso deixou o objeto na porta do local que pra sua sorte não tinha nenhum policial no exterior do lugar, e correu de volta para o carro, e correu de volta para o carro de volta a mansão. Tendo a consciência de seu fim, depois que o doutor soubesse de sua atitude, Lisa foi ao quarto de Harry se despedir da única pessoa que mesmo não demonstrando tinha um grande sentimento por ela. E aos prantos, a mulher abraçou o amigo chorando e ficou o admirando por alguns minutos, e em silêncio ela expressou pelo olhar a tristeza que sentia em deixá-lo, mas era o certo a fazer, seu destino estava escrito, pela maldição daquele demônio, e em ato de coragem esperou ele chegar sentada ao sofá, com os olhos fechados, gritando por dentro, e chorando compulsivamente.
CAPÍTULO 13-O amor supera a morte. Quando o doutor chegou, encontrou Lisa mas não deu atenção e foi para o seu escritório, a mulher sabia que ele voltaria, então continuou no mesmo lugar o aguardando. E em pouco tempo, o homem sentiu falta do tridente e vendo que não se encontrava mais no armário, abriu a porta grosseiramente e furiosa ficou de frente com sua serva, esperando alguma explicação, pois ela havia ficado encarregada e proteger o tridente, portanto era a única que sabia onde ele tinha escondido.
— Cadê o tridente, lisa? — Eu entreguei para aquela menina. Disse a mulher olhando para o mestre. — Você está louca? Porque fez isso? — Fiz oque era certo, sei que vou morrer mesmo, mas é melhor do que ficar do seu lado. — Você perdeu a noção do perigo? Perguntou o doutor empurrando a mulher. — Não será você que definirá meu destino pós-morte, eu já estou morta desde que me castigou com esse demônio. Mas mesmo com muita dor no coração por ter que deixar meu amigo e o mundo em suas garras, faça pelo menos uma coisa que preste. Disse Lisa abrindo os braços. - Me mate de uma vez, seu infeliz! — Já devia ter feito isso a muito tempo, não trabalho com incompetentes. O homem sem nenhuma piedade, deu um soco fortíssimo no estômago de Lisa, que só teve tempo de arregalar os olhos e cair, o golpe foi tão poderoso que ela morreu no mesmo instante. Ficou com os olhos abertos e de sua boca saia muito sangue. Estilada ao chão, estava o retrato de uma mulher que teve seu destino cravado pela ponta da pena do amor, essa pena escreveu a história mais linda de só mais um amor dentre muitos, uma mulher linda e jovem, uma vida destruída por uma paixão que não foi duradoura, que só trouxe decepções e sofrimentos. Lisa mesmo morta, não deixaria de amar Lariech, apesar de ter sido esquecida por ele, nunca se casaria de tentar fazer com que ele se apaixonasse por ela, era grata e sempre se encantou pelo ato de salvamento que o doutor fez, a salvando daquela vida horrível que vivia com Frederiech, foi ali que seu amor eterno se inciou. Muitos dizem que a morte é o final de tudo, mas para outros é apenas o início de uma jornada, minha opinião é que nossa vida é dividida em duas partes, a primeira é vivermos nesse planeta que apesar de não ser tão favorável a pessoas boas que sofrem com injustiças de “homens poderosos”´, é a chance de construirmos não só uma história mas ajudar as pessoas a não serem atraídos pelos pecados que a sociedade oferece, pois esses pecados são alimento para ambição do mal. E a outra parte, é a tão temida morte que na realidade e um dos maiores mistérios que já existiu, dentre tantas teses defendidas sobre esse tema, a morte é a continuação de nossa história, como ser humanos comandamos nosso corpo e quando não possuirmos essa matéria mais, no caso do falecimento, somos uma alma que tem que cumprir uma missão, que também é um mistério. Apesar de não termos conhecimento do que é a morte, sabemos que é a nossa única certeza, e Lisa cumpriria sua missão, oque havia deixado em sua morte era seu corpo e suas tristezas, o amor que a incendiava a cada momento, estava vivo, pulsando como um coração. Cruel como era, o demônio passou por cima do corpo da moça e subiu ao seu quarto para pensar no que fazer. Enquanto isso, na delegacia, Dru que tinha chegado para mais um dia de trabalho, avistou a caixa gigante fechada, ela encostada no poste, pensando ser uma bomba, o homem chamaria os policiais especialistas nessas operações, mas para alívio, Will o impediu.
— Não faça nada ainda Dru, eu vou verificar do que se trata. Disse o homem caminhando até a caixa. - Talvez tenha um remetente.
Will rodeou a caixa que era quase de seu tamanho e não demorou muito para achar o bilhete que Lisa escreveu, como estava escrito que era para SH, claro que não leu.
— E para SH, acho que ele encomendou alguma coisa e como não acharam a casa dele, deixaram aqui mesmo. Brincou Will. Pontual como sempre, o rapaz chegou a delegacia e logo estranhou os amigos amontoados, olhando para algo, e achando que tinha acontecido alguma coisa, correu até eles, curioso.
— Oque aconteceu pessoal? — Nada SH, é que chegou uma encomenda para você. Disse Will. — Para mim? — Sim, está escrito de Lisa para SH. Sabendo que a encomenda era de Lisa, o rapaz aos poucos foi deduzindo que seria o tridente, pelo menos o tamanho da caixa era proporcional ao objeto. Dru que sabia sobre a história, ficou intrigado, também desconfiando que fosse o tridente que tanto queriam resgatar, e depois que Will entrou na delegacia, p policial tentou tirar sua dúvida com o amigo.
— Será que se trata do que estamos pensando? — Não sei Dru, mas não posso abrir aqui. O agente levou a caixa para dentro da delegacia e guardou na sala que trabalhava, lugar onde só tinha pessoas de confiança, mas claro que mesmo com toda segurança não poderia se tranquilizar, era de extrema importância devolver o tridente a Shiva. E depois de um dia inteiro de agonia, SH enfim levou o objeto misterioso para casa, e suspeitando que se tratasse do tridente chamou sua amiga que era a única que faltava para reunir todos. Maely chegou rapidamente, muito ansiosa, como todos também estavam.
— Abra logo essa caixa homem. — Calma May, eu acho que Shiva deveria abrir, se for o Trishula não posso ter esse mérito. Disse Sh olhando para o deus. — Não se preocupe com isso, pode abrir. Disse o deus se aproximando do objeto. Quando o homem abriu a caixa, olhou para dentro, precisando subir no sofá porque era de seu tamanho e devagar, tirou o tão sonhado tridente do deus que olhava apaixonado. E como se fosse uma criança atraída por um doce, o homem segurou sua arma com as duas mãos, a observando minuciosamente, até a cobra que ficava enrolada em seu pescoço tinha os olhos fixos para o tridente. — Ué, porque Lisa devolveria o tridente a você? — Não sei May, acho que ela reconheceu meu ato de lealdade e sabendo que era o cerro a fazer, arriscou sua vida para nos ajudar. Deduziu o rapaz meio chocado com o ocorrido. SH se sentou ao sofá desolado, pegou a carta que a mulher, dizia palavras de uma mulher desesperada, sentindo a terrível hora da morte chegar, e toda sua tristeza conseguiu expressar em seu texto, que dizia assim: “Escrevi essa carta não para tirar a minha culpa e me mostrar uma pessoa boa, porque seria até impossível, mas com o objetivo de lhe agradecer por se preocupar comigo. Obrigado SH por toda ação de devolver o tridente, você é um homem bom. Tenho pouco tempo de vida, talvez horas, desde que amei Lariech, nunca mais vivi, se preocupei apenas em proteger esse amor de qualquer mal que poderia acabar com esse sentimento, e dentre tantas coisas ruins que aconteceu em minha vida, eu suportei tudo por causa desse amor. Espero que você e seus companheiros consiga acabar com essa hierarquia do mal, e aprisione o doutor para onde ele deve ficar, que é o inferno! Adeus SH, não se preocupe comigo e não derrube nenhuma lágrima porque hoje estarei feliz ao lado de meu amado, em um lugar desconhecido que servirá de palco para nosso reencontro”. Quando terminou de ler a carta, Maely caiu no choro pois o homem tinha lido em um tom de voz alto, oque deixou até o deus um pouco emocionado com as palavras de Lisa que
apesar de simples eram fáceis de tocar o coração de quem ouvisse. Sem palavras para dizer alguma coisa, ao menos para quebrar o silêncio, SH ficou quieto, de cabeça baixa, apenas olhando para o custo.
— Eu sei que essa carta deixou todos tristes, mas não é momento pra ficarmos assim, afinal estamos com o Trishula de novo. — Sim, vamos nos animar! Disse Maely se levantando. — Oque vamos fazer agora que estamos com o tridente a nosso poder, Shiva? — Bom Maely, a nossa missão se inicia nesse exato momento, não vamos apenas focar em destruir o doutor e sim em curar o mundo, oque acho mais essencial. — É verdade, nossa jornada de curar o mundo começou agora, na realidade desde há anos eu venho tentando fazer justiça nessa sociedade tão castigada por vícios e poderes que só nos iludem. Disse a garota. — Sei, você está certa, vamos ter que abrir mão de muitas coisas por causa disso, então quem aceita ser médico desse mundo doente? Maely levantou a mão e cumprimentou o velho, os homens ainda orgulhosos ficaram com os braços cruzados pensando mas sabiam que poderiam ser o motivo da salvação desse mundo e apertaram a mão do homem também. E como o velho havia dito, o destino de todos estavam escritos, aprecia que após tanto sofrimento, a grande missão havia chegado, uma missão que Maely tinha tomado desde alguns anos, mesmo com problemas que ainda a castigava na época. Com o passar de alguns meses, Maely iniciou um trabalho que com a ajuda de SH, que elaborou tudo e foi responsável pela organização, seria um sucesso, mas ela não queria exatamente isso, desejava levar a todas as pessoas que sofressem com depressão, ou ago do tipo, esperança, pois esse era o significado do coração de rubi, a esperança. E através de palestras e diversos encontros, aos poucos milhares de vidas iam mudando para melhor, a depressão era vítima de Maely, que era chamada de Santa da depressão, título que ela não gostava de ser chamado. Mas como o cupido sempre gosta de brincar com os corações, em diversos discursos, um deles mudaria a vida de SH que como um amigo leal apoiava Maely em tudo e sempre quando conseguia acompanhar. E enquanto fazia um discurso, uma mulher muito linda, com cabelos pretos e olhos castanhos o olhava a todo momento, não era um olhar qualquer, o rapaz percebia e tímido como era ficou sem graça. Após terminar a palestra, a mulher que parecia ter a mesma idade dele, ficou sentada, o olhando, e não querendo ser mal educado, ele a cumprimentou.
— Oi, a moça deseja alguma coisa? A mulher que não era em um pouco tímida, segurou a mão do agente e o olhou, nisso ele desviou o olhar.
— Você é a primeira pessoa que me faz sorrir! SH não conseguia entender oque ela queria dizer com aquilo, até porque não tinha feito nenhuma piada, e muito menos olhado para ela enquanto discursava. Talvez seria uma admiradora de seu trabalho, ele não sabia, por isso ficou em silêncio ainda de mãos dadas com a linda jovem que mal conhecia.
— Me desculpe chegar assim em você, mas vou lhe confessar que a primeira vez que te vi, ou seja, hoje, fiquei apaixonada. Quanto mais a mulher falava, mais SH ficava vermelho, para piorar ela se aproximava dele a todo momento.
— E não admiro apenas seu trabalho, até porque você além de uma pessoa boa é lindo. A jovem ficou cerca de meia hora conversando com o rapaz sobre oque ele enfrentava no dia a dia, por causa da depressão e atencioso o agente mesmo imido, tentava consolar a garota. O pobre homem não falava muito, estava um pouco envergonhado e percebendo que poderia ser inconveniente, Ana se despediu dele com um beijo no rosto e saiu rapidamente. SH ainda vermelho, se sentou tentando entender oque realmente tinha
acontecido, pois nunca tinha sido paquerado daquela forma, mas tudo tem sua primeira vez né.
— Que garota abusada. — Muito né? Disse SH sem perceber que tinha respondido alguém. Surpreendido com a visita inesperada da amiga, o rapaz se irou logo a encarando.
— May? Você estava aqui desde que essa garota saiu? — Sim, eu ouvi tudo. Disse Maely gargalhando do amigo que ficou nervoso. — Já que você viu tudo daria pra pelo menos parar de me zoar? — Desculpe, é que você fica muito engraçado quando está com vergonha. Mas a menina é linda, quem sabe pintar uma paixão em seu caminho. — Pode ser, mas deixa isso pra quando eu não estiver ocupado, preciso trabalhar. Se levantou o rapaz. SH não se sentia a vontade em falar sobre relacionamento com ninguém, nem ao menos com Maely que era sua grande amiga, era um homem muito conservador e educado, valorizava muito os princípios familiares e outros. Após passar o nervosismo, o casal voltou a casa de Steven, onde Shiva ficava protegido por muitos guardas contratados pelo historiador, o deus queria conversar urgente com todos, os jovens estranharam porque a situação estava pacifica, já fazia meses que o doutor não atacava. Mas sábio como sempre foi, o deus tinha em mente algo que precisava passar para seus alunos.
— Oque aconteceu mestre para nos chamar assim com tanta urgência? — Se acalme Steven e todos, eu só que lhe avisarem do risco que o mundo está envolvido. — Mas senhor, o maior ameaça que poderia ter, era o doutor continuar com seus ataques para resgatar o Trishula. Disse Maely. — Não Maely, o perigo está no silêncio dele, quando uma serpente esta pronta para dar o bote em sua presa, ela fica em silêncio, apenas observando o comportamento da vítima, e quando menos a presa esperar, será devorada em questões de segundos. Por isso suplico a vocês, que não fiquem distraídos em qualquer lugar, expostos, não podemos levar o bote, ou vocês desejam ser as presas do doutor? Os jovens ficaram raciocinando as palavras do deus que tinha total consciência do que dizia.
— Senhor, quando que essa guerra vai acabar? Perguntou Maely com os olhos marejados. Percebendo o desespero da garota, o deus foi em direção a ela e agachado estendeu suas mãos, claro que Maely estranhou aquilo mas não querendo ser inconveniente deu sua mão sensível para ser segurada pelo deus que a olhava sereno.
— Essa guerra ainda não começou, fico triste em falar isso, mas é preciso. Só que vocês não precisam ficar desesperados, tudo será solucionado, mas temos que enfrentar essa liga do mal com toda nossa coragem. — Sim, não vamos nos amedrontar, se for preciso morrer pelo nosso povo, morreremos! Disse SH levantando o braço pro alto, aparentando que estava saldando alguém. O deus da transformação estava certo, em dizer que a guerra ainda não tinha começado, o doutor não estava contente com os resultados que as palestras de Maely estavam gerando, muitas vítimas de depressão estavam sendo libertadas dessa doença silenciosa. E cruel como sempre foi, tinha algo em mente para poder acabar com esses avanços da garota, para isso, marcou uma reunião para finalizar os últimos detalhes de seu plano, e em uma noite bem fria, aproximadamente cinco graus célsius, o homem acionou seus companheiros para a reunião secreta no térreo da mansão. E quando todos os membros da liga haviam chegado, o doutor chamado pelo nome, em questão de respeito, reuniu seu exército principal ao redor de uma mesa gigantesca com vinte e um, lugares, cada um ocupado por um integrante da hierarquia secreta. O real motivo daquela reunião era arquitetar um plano que já estava feito na mente do demônio,
mas precisava passar para seus companheiros para pôr em prática.
— Chamei vocês aqui por uma razão especial. Os senhores sabem que são poucas as vezes que realizo essas reuniões, porque corrermos um grande risco de ser visto, por isso preciso saber se há suspeitas de alguém estar os perseguindo. E aí, oque me dizem? Os indivíduos ficaram olhando um para o outro, até que todos responderam, negando que tinham sido seguidos. Cada membro da liga estava vestido com um terno preto muito elegante, e uma gravata vermelha, eram homens normais, de idades aproximadamente cinquenta anos, se fossem vistos na rua ninguém desconfiaria de que fossem terríveis demônios com o objetivo de praticar apenas o mal. No centro da mesa, ficava o doutor sentado em seu trono de espuma vermelha, mostrando assim que estava no topo da hierarquia, oque fazia ele ter direito e poder de qualquer coisa na sociedade.
— Os senhores devem saber que a situação não era mais tão favorável a nós, nos tempos atuais surgiu uma adversária que apesar de não querer dizer isso, ela está sendo bem competente e esta nos enfrentando de igual para igual. — Não pode ser senhor, me desculpe mas está sendo precipitado em dizer isso. Disse um dos homens de cabelo grisalhar, com um corpo forte. — Estou certo no que digo, mesmo não querendo aceitar, vocês tem que ter os pés no chão, se continuarmos deixando essa menina avançar pelo caminho que ela mesma esta construindo, nossa liga não existirá mais. Aquela previsão que o doutor fez proporcionou um protesto intenso entre os indivíduos que batiam na mesa, nervosos, oque fez o homem se levantar dando um tapa fortíssimo na mesa que a balançou até o fim, fazendo o tumulto terminar.
— Vocês não estão em uma arena de gladiadores, exijo respeito diante minha pessoa! Os homens ficaram em silêncio olhando para o mestre atentamente. — Nossa liga não vai ser destruída por causa daquela menina, mas para isso acontecer, vocês precisam de calma e inteligência. Temos que atacar essa menina como uma cobra, precisamos usar nossas melhores estratégias para eliminá-la na hora certa e no momento mais favorável a nós! O doutor pegou seu celular e através de um sensor, demonstrou um mapa digital, marcando os eventos que Maely realizaria na luta contra a depressão e os vícios. A ideia dele não era matá-la em público, porque poderia correr risco de alguém de seus indivíduos serem pegos, mas estudar com mais objetividade os projetos que ela fazia, para assim, poder destruir com tudo que Maely estava construindo até agora.
— Então, a partir de agora vocês são soldados, chega de mandarem outros fazerem oque vocês devem fazer. Eu sou o rei e vocês são meus súditos, então façam oque seu mestre mandar e minha ordem é tirar tudo que é importante para aquela infeliz! — Incluindo os amigos dela? Perguntou o indivíduo segurando seu celular. — Não, o melhor a fazer com aqueles miseráveis, é deixarem vivos para sofrerem juntos, afinal todos tem culpa. O homem esfregou as mãos, eufórico não se aguentando de ansiedade para pôr o plano em prática. Cada indivíduo que saia da sala, após a reunião ter se finalizado fazia uma saudação ao mestre sem tocar nele, era proibido qualquer contato com o homem que glorificava seu título de rei. Depois de toda essa cerimônia obrigatória, os homens entraram em carros pretos com vidros brindados, cada um com seu automóvel para seu destino. Todos os súditos de Draiman tinha alguns direitos que não se assemelhava em apenas um servo, apesar de ser bem cruel, o demônio entregou aos seus soldados os seguintes direitos e bens como, carros luxuosos, mansões, segurança reforçada, tecnologia avançada e exército de servos para cada um. O doutor fazia tudo isso como um jogo de estratégia, para não surgir nenhuma reclamação sobre seu reinado. E em todas as palestras que Maely e SH realizava, um indivíduo diferente se envolvia na multidão, observando o comportamento da garota que discursava para uma boa multidão. Os homens também estavam encarregados de participar ocultamente do dia a dia, dos
jovens, mas como o instinto policial numa falha, SH logo desconfiou de que sua amiga estaria sendo um alvo perfeito para o doutor que poderia mandar alguém a assassinar, como tinha acontecido a um tempo atrás, quando Maely escapou de um tiro de um sniper misterioso que graças a SH, não foi atingida pela bala. Desconfortável com essa possibilidade de ter a amiga ou ele próprio em risco, resolveu tentar convencê-la a se cuidar ou parar de vez em realizar palestras ao ar livre, mas quem disse que Maely concordou? Teimosa como é, ficou nervosa com o amigo não querendo entender o outro lado da situação.
— Eu não posso parar com a minha vida por causa daquele homem. E mais, ele não está nos atacando, porque temos que nos acuar? — Não estou pedindo para parar com as palestras May, só quero lhe avisar que ele está planejando algo há muito tempo, e se continuar saindo em público sem nenhuma segurança, você se tornará um alvo fácil! A garota estava muito nervosa, não queria compreender o ponto de vista do amigo, Maely havia se tornado uma pessoa muito boa e não conseguia acreditar em qualquer tipo de maldade vindo do seu público, que carinhosamente a chamava de irmãs, por serem a maioria mulheres. Mas depois de pensar sozinha, pois deixou o amigo na sala, voltou mais calma, compreendendo a preocupação do homem que não queria que ela se acovardasse, mas que tivesse mais cautela e segurança.
— Está bem SH, eu entendo a sua preocupação, mas oque acha que devo fazer? — Você não precisa parar com as palestras, mas pensei, se você realizar-se elas em lugares privados, com mais segurança, seria melhor. —Mas lugares públicos atraem mais pacientes que as vezes não se sentem a vontade em querer participar, mas mesmo escondidos no meio da multidão, esses pacientes se encorajam. Não posso abrir mão disso SH.
— Eu sei May, você poderia então contratar um voluntário para esse serviço, aí você fica responsável nos lugares privados. Se fazer isso, prometo que cuido do setor de segurança e organização de todas as palestras seja pública ou privada, convenço o Wonder a me ajudar, tenho certeza que ele aceitara! Disse o rapaz segurando a mão da amiga. A proposta do amigo era atentadora, Maely sabia que estava correndo um grande risco se expondo daquela maneira, não teria outra opção se não aceitar a proposta de SH que afinal só queria, ajudar e protegê-la.
— E você está certo, eu aceito. Só que não estou feliz com essa situação, mas não sou boba, obrigado por me alertar SH. — Não estou contente com tudo, essa também, mas logo vamos superar e voltaremos a ser livros. — Será? Como Shiva mesmo disse, essa guerra está começando agora. Não sei se terei forças para continuar. Disse Maely se sentando no chão com as mãos na cabeça, desesperada. E antes que pudesse chorar, o rapaz se aproximou dela, erguendo sua cabeça carinhosamente.
— Ei May, não faça assim, lembre que você tem uma força maior, e quando se sentir fraca pode contar comigo, eu vou te ajudar sempre que precisar. Aquela amizade e lealdade do agente deixava Maely emocionada, SH era o único que conseguia animá-la, depois de Gabriel, ele era a pessoa mais importante, um amigo antigo, uma amizade que se iniciou em uma paixão que se completou em uma lealdade gigantesca. E ouvindo os conselhos do amigo, Maely começou a fazer suas palestras em escolas e ginásios esportivos, como prometido a segurança havia ficado na responsabilidade de SH que com ajuda do delegado Wonder, conseguiu concentrou muitos policiais nos locais que a garota visitava. Essa segurança tinha dado um grande avanço na turnê que não
parou só nos Estados Unidos mas também em outros países da América, como seu país natal, Brasil. Quem não estava contente com toda essa popularidade de Maely, era Gabriel pois além de ser casamento, ele sentia falta de ficar mais tempo ao lado dela, fazia mesa que não tinha um momento a sós com sua namorada, oque só o estressava. Mas Maely não podia parar sua vida, tinha que prosseguir, mas um golpe traiçoeiro e muito cruel do doutor balançou seus sentimentos, seu emocional seria destruído em poucos segundos, bastava chegar na casa de sua mãe, onde não colocava o pé há muito tempo. Ansiosa para rever sua mãe, Maely batia à porta, diversas vezes e impaciente com a demora, a garota procurou alguém vizinho, mas nenhum a atender, estranhando o ocorrido Maely começou a suar frio, pensou em ligar para SH que tinha ido no posto de gasolina, mas havia um carro preto parado na rua, que a intrigou, mesmo com medo ela caminhou até o automóvel com a esperança de que fosse um vizinho, pois estava com o vidro abaixado e a encarando.
— Por favor moço, por acaso o senhor saberia se a senhora que morava naquela residência ali, ainda se encontra aqui? O homem que estava com uma camisa verde não respondeu nada, apenas entregou um papel a ela e rapidamente fechou os vidros do carro ignorando a moça que desesperada saiu correndo atrás do automóvel que saiu em alta velocidade, deixando poeira para trás. Depois de se acalmar, Maely se sentou na calçada da casa de sua mãe e leu o bilhete que a deixou chocada, fazendo a tremer, estava apavorada com os olhos inchados, prontos para chorar. O motivo que deixou ela naquele estado, era que o bilhete se tratava de uma ameaça do doutor dizendo que sua mãe estava sequestrada e só a libertaria caso ela fosse em sua mansão com seus dois amigos, claro que qualquer pessoa nessa situação ficaria desesperada, ainda se tratando de sua mãe. Nisso a garota procurou pelo seu amigo e quando o encontrou se surpreendeu com o estado em que estava, SH se encontrava sentado ao chão, perto de seu carro com as mãos na cabeça, Maely que também não estava nada bem, se sentou ao lado do amigo preocupada.
— Oque aconteceu SH? O rapaz não respondeu, apenas levantou a cabeça e entregou um papel para ela. Curiosa, não entendendo oque ocorria, Maely abrir o papel que estava dobrado em duas partes e o leu, oque estava escrito a deixou pálida, voltando a chorar.
— Porque eles estão fazendo isso SH? Oque eu fiz de mal? — Porque eles são covardes May, é o único jeito de nos atrair. Disse o homem se levantando junto com a amiga. — Oque vamos fazer agora? — Não tem saída May, teremos que nos arriscar, não podemos deixar Junya nas mãos daquele infeliz. — E nem minha mãe! — Sua mãe? Perguntou o rapaz, sem entender. Pois não sabia que a mãe de Maely também estava sendo refém do demônio oque deixou ainda mais nervoso. —Sim, eu procurei ela e não a encontrei, nisso avistei um carro que estava parado na rua e quando fui ate ele, um homem me entregou esse bilhete, veja. O rapaz pegou o papel da mão da amiga e leu, oque o deixou furioso.
— Como esse idiota pode ser tão covarde? Ele está apelando pra tudo, não tem nada a perder, bem que Shiva nos avisou sobre o risco que estamos correndo. Nervoso com as ameças recebidas, SH chutou uma garrafa que estava no chão e deu um murro no vidro do próprio carro, para sorte não quebrou.
— Não adianta ficar assim homem, não temos saída, temos que ir. — Então cancela as últimas palestras que tínhamos que fazer e vamos voltar para Nova Iorque imediatamente, estavam apreensivos preocupados com Junya e raquel que era a mãe de Maely.
De volta a Nova Iorque, os jovens procuraram por Steven, pensando que ele pudesse ter recebido alguma ameaça através de mensagens, ou até ter sido raptado, mas para um pouco de alívio se encontrava em sua casa também desesperado, pois já sabia do ocorrido.
— Então vocês já devem estar sabendo? — Sim, porque você não nos avisou antes Steven? — Foi tudo muito rápido, não deu tempo SH, me perdoe. Steven muito nervoso, andava de um lado para o outro, enquanto o agente ia pegando sua arma e outros acessórios colocando em sua roupa.
— Oque está fazendo SH? — Preciso ir armado para matar aquele infeliz, vou ensinar ele a nunca mais tocar em Junya e em sua mãe! Disse o homem colocando as balas na arma. — Você está louca, não pode ir armado, ele, com certeza, irá nos revistar. — Não tem problema, eu prefiro ir armado para ele saber que não terá tanta facilidade em alcançar oque quer, pelo menos enquanto eu estiver vivo. Maely queria insistir mas Steven também levaria seu revólver, os homens eram teimosos e não podendo perder tempo, ela ficou quieta levando apenas seu colar e muita preocupação. Nos bilhetes o doutor havia deixado uma data e hora específica para os jovens irem até sua mansão, o horário nada conveniente, era meia-noite, para não ocasionar nenhuma suspeita de vizinhos que apesar de nunca terem dado problemas, não queria dar sorte ao azar. O rapto de Junya foi uma ação rápida executada por dois homens altos um pouco fortes, com um estilo de roupa esportivo, Steven até tentou impedir mas foi agredido, ficando com hematomas no rosto. O agente até ficou na esperança de ele ter reconhecido alguns dos homens, mas eles estavam mascarados, mas querendo ou não, teriam que ir até a toca da fera e próximo do horário marcado, os jovens foram o caminho da mansão com o carro de SH, uma Chevette tubarão de cor vermelha, o rapaz tinha bom gosto para automóveis antigos, e por causa de esse amor juntou dinheiro desde eu primeiro emprego para trazer esse carro que foi produzido no Brasil, a algum tempo atrás. No portão da mansão, foram recebidos pelos guardas que reconheceram os homens, e se aproveitando da situação, começaram a fazer diversas gozações.
— Coloquem as mãos para trás vocês dois! Disse um deles. Não tendo outra opção, os amigos obedeceram e com os braços para trás, seguiram o trajeto de cabeça baixa, Maely foi na frente do mesmo jeito.
— Quem diria nos rever novamente hein, é uma pena que não poderemos nos vingar de vocês dois, mas me conformo porque sei que meu mestre cuidará muito bem do que devíamos fazer! SH se segurou para não responder os insultos, os homens estavam armados e não podia pôr em risco a vida dos reféns. Dentro da mansão os homens amarraram as mãos das vítimas e tamparam seus olhos com um pano amarrado em cada um, tudo isso para não poderem ver a sala secreta onde se realizava as importantes reuniões da liga. Em vês de estar a mesa gigantesca, estava no centro do local, Junya e Raquel, a menina se encontrava no colo da mulher, e os indivíduos de terno e gravata cruzaram os braços quando virão o mestre entrar na sala e se encostaram na parede. Após entrarem, o doutor tirou o pano dos olhos dos jovens e os desamarrou, vendo SH em sua frente, Junya pulou para o colo de Raquel e correu a abraçá-la, mas o doutor foi cruel e a pegou pela blusinha a jogando grosseiramente no chão.
— Segure essa menina no seu colo se não quiser que mate ela antes do que devo! — Não toque nela! Disse SH. Ouvindo a ordem do rapaz, o demônio o encarou muito nervoso.
— Oque você disse?
— Falei para não tocar nela! — Só faltava essa, o herói aqui esta querendo dar ordens? Disse o homem provocando gargalhadas em seus companheiros que zombaram do agente que nervoso encarava todos com o punhos fechados. — Eu faço que quiser com essa menina, com você e com todos! O doutor pegou Junya pelos cabelos e a jogou no chão, a pobre garotinha ficou chorando com a boca sangrando. Preocupado com Junya, SH correu até a menina e a segurou no colo desesperado.
— Junya, acorda por favor! A menina estava desacordada, a queda tinha sido forte, pois havia caído de boca no chão. Revoltado com a covardia cometida pelo doutor, o rapaz foi em direção do doutor que ao lado de seus companheiros, sorria ironicamente sem pensar nas consequências e mesmo sabendo que era loucura, SH deu um soco no demônio que só não caiu no chão porque um dos homens engravatados o segurou. Maely ficou desesperada com o ato do amigo, sabia que o doutor não deixaria barato, mas era muita fúria que corria pelo seu corpo e cada vez mais a adrenalina do agente só aumentava.
— Quem você pensa que é para agredir o mestre? Perguntou um dos indivíduos mostrando lealdade ao seu senhor. — Deixe ele homem, afinal logo todos morrerão mesmo. O demônio dirigiu o olhar sempre para Maely, ela era seu alvo principal, a moça não se acovardava, apenas tinha receio que seus amigos se ferissem por sua culpa.
— Já sabemos que você é covarde, mas não faça mal a uma criança, você queria que nós viéssemos então estamos aqui. Agora cumpra com a sua palavra seu imbecil! O doutor que estava de frente com o rapaz virou a costa, o ignorando.
— Leve a menina e essa mulher para a sala. Rapidamente dois homens pegaram a mulher e a criança, levando para a sala principal, para não fugirem, os guardas que normalmente ficavam no portão, se encarregaram de vigiá-las, enquanto os outros dois voltaram para a sala secreta. Desesperado com a saída de Junya, SH se agitou e acabou fazendo algo que não era favorável naquele momento. No ato sem pensar, o agente tirou seu revólver e apontou em direção para o homem que não esboçou nenhuma reação.
— Eu sei que eu vou morrer, mas não vai ser nem a hora da morte que vai me tornar um covarde. Então vamos decidir isso como homens, não fique escondido nas asas de seus amiguinhos. O doutor encarou SH bravamente, e com um sinal com as mãos fez seus colegas virarem vinte lobos com dentes afiados rosnando em frente do agente e de seus amigos.
— Eu poderia decidir isso do meu jeito, mas dessa vez, vou abrir uma exceção. Vamos decidir isso do modo que chama de “homem”! Com um estalar de dedos, os lobos voltaram a ser homens bem-vestidos. Afinal, na realidade os homens que executam o mal para receber riquezas e poder são praticamente lobos ferozes, digo lobo porque tem a sede de devorar a presa semelhante à sociedade em que vivemos, os mais fracos considerados presas, são devorados aos poucos pelos lobos sociais que absorvem toda a riqueza e direitos dos menos beneficiados. O demônio pegou seu revólver e apontou para direção do rapaz que não temia, e mantinha seu revólver apontado. Maely desesperada correu até os dois e ficou entre eles de costa para o amigo.
— Não faça mal a eles, você sabe que a única que tem o poder de te enfrentar sou eu. Sua luta é comigo me enfrente! Disse a garota atravessando na frente do amigo. Frio como sempre, o doutor abaixou a arma e sorriu para o agente que estava furioso com o dedo no gatilho. Vendo que podia ter convencido o homem, Maely fez o amigo guardar
o revólver, apesar de muita insistência, ele aceitou e saiu da sala acompanhado de dois homens. Mas o doutor queria ficar a só com a garota, e logo pediu pra que todos saíssem, obvio que “puxasacos” como eram, não aceitaram, mas não podiam desobedecer o mestre e mesmo com expressões nem um pouco agradáveis, saíram do local deixando apensa Maely e o demônio frente a frente.
— Depois de tantas derrotas e fracassos seus, prometo que esse será seu último. — Eu não fracassei e nem vou ser derrotada por você. — Será? Porque eu também possuo o colar da imortalidade, sendo assim só eu sou capaz de te derrotar, mas infelizmente não posso dizer o mesmo de você, apesar de a teoria mostrar que o outro lado do colar pode me derrotar, não precisa de esforço pra saber que não é capaz disso. Duvidou da garota, o demônio. — Não tenho motivos para ter medo de você, eu não posso apenas um lado do colar da imortalidade mas sim o coração de rubi, algo que você nunca terá em mãos. — Isso é oque veremos, você não merece ter o coração de rubi, ele foi feito para mim! Draiman batia no peito muito furioso. — Não seja hipócrita homem, o coração de rubi significa esperança, é o melhor caminho para a paz, esse poder foi feito para trazer vida aqueles que estão destruídos pela maldade da sociedade, e você não é e não será a pessoa certa para cumprir essa missão. A prova disso é tentar me impedir que continue fazendo oque estava executando com muita dignidade, mas com toda sua covardia, nos atraiu com esse sequestro de duas vítimas frágeis. O doutor que até então ouvia a moça atentamente se virou de costas admirando diversos quadros de pintores famosos, obras caríssimas compradas a custo do povo e da história de Lariech.
— Você até tem razão menina, mas infelizmente não terá oportunidade de contar essa história para outras pessoas, então diga adeus ao coração de rubi! O demônio se virou rapidamente e com uma energia forte em sua mão direita apontou para a barriga de Maely que em poucos segundos voou longe rompendo a porta, indo parar no corredor de quartos. Na sala SH e Steven ouviram a pancada, oque o deixou desesperados, mas como estavam rodeados por homens, não podiam fazer nada a não ser, rezar pra que tudo ocorresse bem. Mas Maely não estava nada bem, por causa do golpe, estava sangrando demais, o demônio pensou que enfim tinha conseguido a derrotar e para confirmar sua vitória o homem concentrou todo seu poder em suas mãos e prestes a destruir Maely, seu corpo começou a ser tomado por uma energia fortíssima que fez seu braço se direcionar para outro lado. Ele até tentava brigar com aquilo mas não conseguia, cada vez mais se sentiu fraco, até que depois de tanta resistência caiu de joelhos no chão segurando seu braço que parecia estar imobilizado. Para seu espanto, Maely se levantou com o colar pulsando, era a primeira vez que alguém conseguia deixar o doutor com medo, seus olhos estavam arregalados, pois nunca tinha visto o verdadeiro coração de rubi em ação. Maely que até então o encarava com os olhos firmes mostrando estar furiosa, desceu pelas escadas e entrando em um corredor sozinha, o homem foi atrás deles mas algo não deixava o correr, um cansaço invadiu seu corpo fazendo dar lentos passos. Após andar por alguns corredores da mansão, Maely chegou a sala onde se encontrava seus amigos, sua mãe e Junya, além dos indivíduos engravatados cercando as vítimas, quando avistaram a garota sozinha, rapidamente se transformaram em lobos ferozes, e caminharam em direção dela, mas que deixou todos intrigados, é que em vês da garota fugir, ela desceu os degraus calmamente, preste a ser atacada pelas feras.
— Oque ela está fazendo? Vai ser atacada se continuar andando daquele jeito. — Ao contrário Steven, ela sabe oque esta fazendo, não percebe que o colar esta
pulsando? Disse SH, acalmando o amigo. Steven que não tinha visto algo de anormal na garota, percebeu que além de o colar pulsar e brilhar, uma energia vermelha cobriu o corpo de Maely, oque fez os lobos se recuarem aos poucos. Se livrando da força que tinha o controlando, o demônio vende que seus servos não conseguiam impedir que a moça fugisse, ficou desesperado e tentou a empurrar da escada mas a energia que a cobria, não podia que fosse tocada, oque só aumentou a fúria do homem.
— Peguem ela seus infelizes, não deixem eles escapar. Estou dando uma ordem, me obedeçam! Mesmo que ficasse roco de gritar, os homens não conseguiriam tocar em Maely, no caminho que pisava, os lobos se afastavam com medo, e sem dizer nada, ela pegou Junya no colo e segurou sua mãe pela mão e saiu da casa, junto com seus amigos que olhavam para trás com medo de algum ataque. Nem os guardas que estavam ao portão, conseguiram impedir Maely, até tentaram atirar em Steven e SH mas suas armas falhavam a todo momento, não querendo dar sorte ao azar, o agente colocou todos no carro rapidamente e saiu veloz sem olhar para trás, aos poucos a garota voltou ao seu normal e no banco de carona, levou Junya no colo e ficou cuidando de sua mãe.
— Pra onde vamos agora May? — É melhor irmos para algum lugar longe daqui, muito longe mesmo. Disse a moça olhando para trás e vendo dois carros a seguindo. — Mas como assim, não acha melhor irmos para casa? — Não, a esse momento, os homens daquele infeliz já devem estar cercando nossas casas, vamos despistar esses dois que estão nos seguindo e procure um lugar para podermos nos esconder. Oque Maely dizia era mais do que verdade, o doutor inteligente, esperar suas vítimas desocupadas as casas para poder cercá-los com seus homens, era tudo ou nada, apesar de poder pôr em risco seu império, o homem não tinha saída era matar ou morrer, a sorte é que Shiva tinha conseguido escapar dos servos do demônio e se escondido em algum lugar misterioso. Mas seria difícil escapar dos dois homens, que dirigiam com uma mão e segurava a arma na outra, procurando uma mira para poder atingir o agente que só aumentava a velocidade, a sorte é que a noite estava favorável a SH, a pista vazia não tinha nenhum carro e quase nenhum pedestre, até porque estava chovendo muito, oque deixava os pneus mais escorregadios, mas na hora de uma perseguição não poderia reclamar de nada. Na adrenalina SH conseguiu cada vez mais despistar os carros, dava diversas voltas em muitos quarteirões, mas quando parecia que o clima havia voltado a ser pacífico, duas motos cercavam o carro e percebendo de que não se tratava de apenas motoqueiros, o agente acelerou tentando não ser atingido por um disparo, mas não conseguiu evitar, um dos motoqueiros atirou e infelizmente a bala atingiu a pessoa mais frágil e inocente de todos que se encontravam naquela situação, Junya, a menininha que estava no colo de Maely, foi atingida no peito e na hora caiu dos braços da garota que desesperada não teve reação. SH ainda não sabia que sua filha tinha sido atingida, pensava que o tiro havia quebrado apenas o vidro, mas para se livrar dos motoqueiros teve que atropelar um deles, comemorando como se fosse um jogo e quando olhou para trás para ver se os amigos estavam bem acabou se apavorando com oque viu, freando o carro rapidamente Steven que também não sabia de nada, não entendeu aquele ato do amigo e não podendo pensar, pegou seu revólver e vendo pelo parabrisa que o motoqueiro estava vindo, se pendurou na porta do carro e atirou no homem, sem pensar que poderia falhar, e graças a suas aulas de tiros, aperfeiçoadas com ajuda de seu amigo conseguiu atingir o homem no peito o derrubando na hora.
— Porque parou? Gritou Steven sem saber de anda. - Por acaso quer que sejamos pegos por esses infelizes? —Junya foi atingida por um disparo, aqueles covardes atingiram a menos culpada por tudo isso. O agente estava revoltado, e debruçado no banco tentava ajudar Maely a segurar a garotinha que continuava a sangrar.
— Se acalme SH, não podemos perder tempo. — Sim homem, a Maely esta certa, deixa que eu fico no volante, vou procurar o hospital mas próximo daqui. Por estar muito nervoso, Steven preferiu dirigir o carro para evitar qualquer acidente, até porque o rapaz estava muito abalado e não conseguiu fazer nada além de chorar. Como Steven conhecia Nova Iorque inteiro, logo encontrou um hospital e desesperado desceu do carro chamando enfermeiros que estavam parados, encostados em suas ambulâncias. Com o pedido de socorro, um dos médicos pegou a garotinha do carro e a colocou em uma maca, sabendo de que se tratava de um disparo, levaram a para a sala de cirurgia imediatamente, para a retirada da bala. Enquanto isso, todos ficaram na sala de espera, apreensivos por uma notícia boa, ou ruim, a pobre criança não tinha culpa de nada, mas no mundo que estamos vivendo, os inocentes são os alvos principais da maldade. SH que a considerava como uma filha nunca tinha passado por um momento assim, ele amava muito aquela criança que havia adotado, apesar das críticas que recebia pela adoção mas não se importava com oque as pessoas falavam, Junya era sua filha, e como um bom pai, seu coração estava despedaçado naquele momento, se pudesse ele se transformaria em um cirurgião para tirar aquela bala do corpo da menina e a salvar, se fosse possível voltaria a uma hora atrás para levar o tiro no lugar dela, mas como não podia fazer nada disso, o jeito era esperar, tentar controlar o nervosismo. Maely de uma certa maneira aproveitava o tempo para matar a saudade da mãe, também estava nervosa, mas fazia muito tempo que não a encontrava e precisava pôr o papo em dia. Oque a mulher não entendia era o porque do sequestro e como aqueles homens se transformaram em lobos e sua própria filha coberta por uma energia fortíssima que a tornava imponente. A desculpa da garota para todo esse questionamento que sua mãe fazia é que explicaria depois, até porque estavam em um momento delicado, a vida de Junya estava em jogo, não podia ficar nervosa e confusa ao mesmo tempo, sua cabeça poderia explodir se ocupasse com mais alguma coisa. Ainda muito tenso, SH estava sentado sozinho com os braços cruzados olhando para o chão, Steven meio sem jeito se aproximou do amigo e ficou em silêncio respeitando a situação do homem.
— Porque isso tinha que acontecer Steven? A Junya é apenas uma criança. — Eu não sei SH, estou muito revoltado mas temos que ter fé, ela vai sair bem dessa. — Tomará, porque nunca vou me perdoar. Disse o agente com as mãos na cabeça. Pela voz de SH, dava para perceber a tensão em que se encontrava, nem ao menos piscava os olhos, não conseguia pensar em outra coisa além da menina, até que depois de duas horas, o médico veio na sala de espera com as mãos no bolso, sua expressão não era nada agradável, oque deixou todos mais apreensivos. — E aí doutor, como foi a cirurgia? — Sente se aí homem, e fiquem calmos. — Não tem como, já esperamos por muito tempo, não aguento mais. — Calma SH, por favor. Disse Maely segurando o amigo. — Como ter calma May, seja oque for, fale logo doutor por favor. O médico se sentou ao lado do rapaz e colocando a mão em seu ombro, engoliu seco duas vezes e resolveu enfim dar a notícia.
— A cirurgia foi muito complicado, pois a bala atingiu a região do peito e tivemos muito trabalho para poder retirá-la sem que a paciente Junya sofresse algo, até porque um
corpo de criança é mais frágil, por isso demoramos cerca de duas horas para retirar a bala.
— Está bem, mas fale logo, como esta Junya, ela terá que permanecer no hospital? — Não, infelizmente a paciente Junya, não resistiu ela perdeu muito sangue e o estado dela acabou piorando, nos fizemos de tudo mas não conseguimos, infelizmente. Aquela notícia fez todos na sala se calarem e desabarem no choro, SH ficou em estado de choque não conseguiu acreditar no que o doutor havia falado. E percebendo o estado do amigo, Steven pediu para o médico os deixar sozinhos, e sem dizer nada, o homem abraçou o amigo que caiu no choro sem se importa com a mania de se mostrar forte, naquele momento não existiria ser que não chorasse, só quem sabe a dor de perder uma filha poderia explicar oque realmente o rapaz sentia naquele momento. Não tendo forças pra falar e quase nem para caminhar, Steven pediu para a garota levar o amigo para algum hotel, pois sua cassa, com certeza, estaria ocupada pelos capangas do demônio, claro que a casa de Maely também se encontraria na mesma situação, oque tornaria os jovens fugitivos mais uma vez. Enquanto isso, o historiador cuidava da parte de cumprir tudo que era dever quando uma pessoa falecesse, claro que não pode fazer muitas coisas porque não era familiar de Junya, mas com autorização do hospital pode ver o corpo da menina, um dos momentos mais difícil para qualquer um presenciar, mas mesmo chorando tinha que ajudar seu amigo que estava arrasado sem forças para continuar. O hotel em que se hospedaram não era de cinco estrelas, tinham pouco dinheiro em mãos, quando Maely pode assegurar seu amigo e sua mãe, ela voltou para o hospital para ajudar Steven no que precisasse, o agente ficou em casa sentado em uma poltrona de couro olhando para a janela aberta, ouvindo a chuva que não cessava do lado de fora. O céu estava recebendo mais u anjo, dessa vez Junya, uma criança que desde nascida lutou contra o câncer e contra seu próprio destino. Mas de onde ela se encontrasse, não esquecerá jamais do amor que SH lhe deu, do mundo diferente e de todos os ensinamentos que lhe disse como um verdadeiro pai, e claro que ele também não esqueceria os momentos convividos com a menina, afinal ela ensinou ao agente que o papel de pai não é só cuidar e assumir todas as responsabilidades, mas sim se divertir juntos, rir e chorar, voltar a ser criança esse era o verdadeiro segredo da paternidade, nem a dor da perda superaria a memória de um homem sensível e apaixonado por uma filha, que retribuiria o protegendo de qualquer lugar e situação que fosse.
CAPÍTULO 14-Em busca de vingança. Havia chegado a hora mais doída de todas, o enterro, se o velório já tinha destruído o agente que chorou como uma criança, do lado do caixão, olhando e passando a mão no rosto de sua filha, a menina parecia sorrir para SH, mesmo com os olhos fechados, ela o olhava como da primeira vez que a conheceu no hospital, a boneca preferida dada por SH mesmo, levou em sua mão até na hora do enterro, era um símbolo que mostrava o amor em que o homem sentiu por aquela criança, com certeza para qualquer lugar do mundo que ele fosse levaria aquela boneca consigo. Após fechar o túmulo, Maely muito abalada levou o amigo embora o segurando pelo braço, apesar de não querer ir, a chuva fez todos deixarem o cemitério. Ainda hospedados no hotel, por causa da perseguição que estavam sofrendo, havia tornado a nova casa do grupo, até porque tanto a casa de Maely quanto a de Steven havia sido destruídos por um incêndio criminoso, o autor claro que era o demônio, querendo amedrontá-los com esse ato, mostrando que não estava de brincadeira. O homem havia desaparecido desde a tragédia tendo como vítima fatal Junya. Com o passar de alguns dias, os amigos tentavam voltar a viver, não só por causa da tristeza pela morte de Junya, mas também porque não tinham mais privacidade, qualquer lugar que fosse poderiam estar em perigo, oque fazia eles não saírem pra coisas desnecessárias, além de trabalhar, as vezes o medo era tanto que Maely usava um disfarce para não ser reconhecida. Não recebiam também nenhuma visita, tanto que deixavam nem o serviço de quarto os vê-los, esperavam deixar o pedido na porta e quando percebiam que não havia mais ninguém, corriam e pegavam o pedido sem serem vistos. Até então não tinham aberto a porta pra ninguém, até porque eão poucos que eram autorizados de subir até o quarto onde se encontravam os jovens, mas foram surpreendidos por um toque na porta sútil, parecia que era uma mulher pela maneira de bater à porta, de imediato Maely se levantou e correu aos amigos que estavam na sala assistindo TV, os perguntou se devia ou não abrir, Steven descordou, achava que seria arriscado abrir sem saber de quem se tratava, já o agente pensava diferente, como sempre, tinha um bom senso.
— Deixa que eu abro Maely, estou com minha arma, qualquer coisa vocês ouvem o barulho do disparo. Maely ficou pensando e não gostou daquela ideia, mas se não abrissem, ficariam angustiados e curiosos e corajosamente o rapaz abriu a porta com seu revólver na outra mão, para seu alívio, era Shiva que o olhava um pouco assustado. Quando o deus entrou, os jovens ficaram calmos e felizes por reencontrar o homem que havia sumido.
— Eu já sei oque aconteceu com Junya, sinto muito homem, tenho certeza que ela deve estar em um lugar melhor. — Sim, eu espero que ela esteja bem, afinal querendo ou não, eu tenho que concordar que se ela permanecesse nesse mundo sofreria muito mais por causa desse infeliz. Disse SH. — Pois e, mas a ideia de Draiman era atingir alguém que um de vocês amassem, e esse alguém foi Junya, ele está tentando nos amedrontar e dessa vez não se trata só de ameaças, está disposto a destruir tudo que estiver em sua frente. Por isso, tomem cuidado, porque não podemos mais perder ninguém. Se existisse uma pessoa que não gostava de ficar acuados por causa de ameças era SH, e quando ouviu Shiva dizer que deviam se cuidar, sua raiva aumentou, pois não aguentava mais aquela situação, de ter que viver a maioria de seu tempo preso em quatro paredes.
— Já estamos presos Shiva, se não estivermos seguros assim, não sei mais oque devo fazer. — Calma homem, o melhor a fazer não é se acuar como estão, mas sim, continuarem suas missões, não importa quem tentará impedir e os derrubar, sempre se manter de pé, sejam resistentes. Oque o deus dizia estava corretíssimo, Maely tinha muitas coisas a cumprir, precisava continuar com as palestras que agora ganharia um conteúdo amplo a pedido de SH, envolvendo o assunto sobre câncer por causa de Junya. O rapaz também estava decidido em fazer justiça, ou vingança, primeiro focaria nas investigações do remédio Recnac que estava no comando do demônio, oque seria quase impossível era fazer as pessoas acreditarem que Lariech estava morto, digo quase porque o rapaz já tinha em mente oque fazer, além disso tinha muitas chances de provar oque falava e pra isso reuniu uma equipe de homens bem preparados, amigos fiéis. Essa equipe era composta por Dru, Steven e o próprio SH, os três se encarregariam dessa missão, que seria o caminho para a vingança do agente, e focado mais do que nunca, o homem foi ao primeiro local que seria uma de suas provas principais. Esse lugar era um cemitério, um dos cemitérios menos luxuosos dos Estados Unidos oque era estranho para todos, porque antes de morrer o doutor Lariech já estava milionário não por causa das vendas de Recnac mas simples fama que o remédio gerou, e mesmo se ele não desejasse luxo, o governo dos Estados Unidos se encarregaria de homenageá-lo como fez quando Lary morreu. E já no local, descoberto por Steven, os homens entraram com câmeras para poder fazer imagens, para comprovar oque estavam falando.
— Aqui esta SH, o túmulo do saudoso doutor Lariech, essa é nossa provável principal prova. Disse Steven apontando para o túmulo. O agente estava admirado e ao mesmo tempo feliz por ter conseguido sua primeira prova, rodeava o túmulo procurando por algo de anormal mas não encontrou.
— Então quer dizer que esse é o verdadeiro túmulo de Lariech? — Sim, após ele morrer o demônio invadiu seu corpo e tomou conta de toda sua propriedade. Explicou o historiador. O rapaz ouvindo o amigo falar, se desanimou sentando em cima do túmulo, com apenas uma foto de Lariech. O motivo daquele comportamento era que ficaria difícil provar que o corpo do doutor estava enterrado naquele local, e percebendo isso, Steven começou a pensar em uma solução junto com Dru que de braços cruzados olhava para o alto muito pensativo.
— Calma SH, ainda temos a chance de irmos no hospital onde Lariech foi levado antes de morrer. — E a nossa única esperança, mas será que isso bastará ao público e a polícia? — Não importa, não temos tempo para ficarmos frustrados, precisamos ir logo. Disse Dru, motivando o amigo. O policial ficou pensando se o esforço valeria a pena, mas logo se animou e com seu celular, tirou as fotos do túmulo, fazendo muitas imagens bem detalhadas, mostrando tanto o túmulo, quanto a foto de Lariech colado na tampa. Deixando os pensamentos negativos de lado, os homens conversaram com o responsável do local, e receberam todo que precisavam o papel da numeração do túmulo e o nome do doutor, sendo mais uma prova importante, claro que o homem não podia ter entregado aquele documento, mas SH soube conversar e tudo deu certo. Chegando ao hospital que o corpo de Lariech foi liberado para o IML, SH entrou com Steven deixando Dru do lado de fora para poder vigiar, caso alguém os tivesse seguindo, cada homem estava com um revólver oque não os assegurava por completo, mas era necessário. E na sala do diretor do hospital, o agente tentaria convencer a entregar aos arquivos do hospital, como o documento da liberação do corpo e também alguma prova
de que o corpo veio até o hospital, mas o diretor não gostou nada dessa ideia, era um sujeito muito justo e exigente consigo mesmo.
— Por favor senhor, eu preciso desses documentos, é pro bem de todos. — Como assim homem, eu até poderia os ajudar, mas não estou entendendo essa história que está me contando. — É que se eu lhe contar é capaz de não acreditar. Disse o agente olhando para o homem. — Conte, só assim poderei pensar em ajudá-lo. SH ficou pensando e olhou para Steven que sentado em outra cadeira o olhou. Ele não podia dizer a verdade porque o homem não acreditaria, a melhor opção era dizer ao público que o homem e tratava apensa de um impostor e não de um demônio.
— Então senhor, na verdade aquele homem que todos pensam que é o doutor, não é Lariech. — Como assim homem? Que eu saiba, Lariech não tinha irmão gêmeo. Perguntou o diretor, se debruçando na mesa. — Não exatamente, o senhor tem que compreender que a tecnologias atualmente está muito avançada, conseguindo fazer o impossível e, com certeza, aquele homem é um cover, um fã louco pelo doutor que acabou se transformando em Lariech. O diretor sorriu, virando em sua cadeira, meio que ironizando oque SH havia falado, mas o agente não ligou e se manteve firme junto com seu amigo encarando o homem.
— Você está tentando fazer que eu acredite que aquele homem se trata de um impostor e não de Lariech? E mais, que ele é um fã enlouquecido que se caracterizou no ídolo? — Sim senhor, não digo enlouquecido, é que um fã faz qualquer coisa para seu ídolo, por exemplo, você não vê quantos covers espalhados pelo mundo quase idênticos ao Michael Jackson, ou Elvis Presley? — É verdade, mas não sei se isso seria possível, um impostor sustentar essa farsa por tanto tempo. SH ficou pensando no que responderia, era difícil tentar provar as acusações, mas Steven era muito inteligente e tendo um conhecimento abrangente do ocorrido com Lariech, até porque esteve com o amigo até na hora da morte, ele tomou a palavra.
— Senhor, esse não é o primeiro e não será o último a sustentar uma farsa por anos, alias tem muitos que iludem o povo e não cumprem suas promessas. Mas sobre esse caso, se o senhor nos ajudar não irá se arrepender, então por favor compreenda e aceite a nos ajudar. Implorou SH. — E caso oque vocês estiverem falando for mentira? O homem pensou um pouco, olhou para SH e logo respondeu.
— Não é mentira, dou minha palavra de que aquele homem se trata de um impostor que está querendo apenas ganhar dinheiro a custa da história de Lariech. — Sendo assim o remédio Recnac está em risco? — Sim, e eu também lhe dou minha palavra, e mais, prometo que trago as provas primeiramente ao senhor e tenho certeza que irá se convencer. E aí oque me diz? Disse SH cruzando a perna. O diretor se levantou da cadeira e saiu da sala, avisando que não demoraria a voltar, os homens claro que aguardaram, ansiosos, e para tentar afastar essa ansiedade, SH ligou para Maely contando a novidade, a deixando muito apreensiva. Enquanto isso, Steven ficava sentado, observando a sala e uma placa que estava na parede, contando um pouco sobre a história do hospital, tudo que ele precisava para se distrair, pois adorava ler e ainda mais histórias de locais que apesar de ser normais, fazer parte da rotina das pessoas, continha uma história que as vezes guardava até segredos, conquistas etc. E ele era essa pessoa, que se interessava em ler esses artigos históricos. Após demorar dando um “chá de cadeira” nos homens, o diretor retornou a sala com duas pastas na mão, as colocando sobre a mesa, SH e Steven ficaram curiosos esperando ser
os documentos que precisavam, nisso o homem abriu as pastas e tirou três papéis de cada uma, oque fez o agente sorrir.
— Prestem atenção, eu estou entregando esses documentos a vocês mas preciso de sigilo total, não distribuem isso para qualquer um. — Sim senhor, na verdade vou tirar uma cópia desses documentos e deixar os originais com o senhor, e não se preocupe, vou mantê-lo em segurança, pode contar com a polícia. Disse SH, assegurando o homem, enquanto Steven olhava os papéis com atenção. — Assim espero, e se esse homem for um impostor ganhando dinheiro as custas de Lariech, eu vou lhe agradecer muito se ele for pra cadeia. — Não sei se a prisão para ele bastará. — Como assim homem? Perguntou o diretor, meio sem entender aquela expressão. — Nada não, mas agradeço o senhor por acreditar em nós e por nos ajudar. Obrigado senhor. SH e Steven se levantaram apertando a mão do homem que os acompanhou até outra sala para tirar as cópias do documento, sendo assim o agente não precisaria sair com o papel original em mãos, depois disso os jovens voltaram para o carro junto com Dru e partiram para casa pois já era tarde. No dia seguinte, eles precisavam agora investigar alguns problemas que o remédio Recnac estava causando, não nós pacientes, até porque o comprimido era a melhor solução para acelerar o tratamento da doença, mas havia algumas reclamações, e informações que não batia com a lei. E contando com a ajuda importantíssima de um agente infiltrado no setor de produção e administração do remédio, as informações vieram em suas mãos facilmente, documentos que comprovaria que existia contradições no governo pós-morte de Lariech. E antes de entregar essas provas ao delegado, os homens se reuniram com Maely no próprio hotel, e observaram detalhadamente os documentos, a garota estava impressionada com tantas provas quer os amigos conseguiram juntos, não era duvidando a capacidade de ambos, mas o trabalho de investigação era de se surpreender mesmo, até porque esse trabalho já vinha de alguns anos, pois após morte de Lariech, SH começou a investigar sobre possível suspeitas que o perturbava.
— Estamos próximos de acuar aquele infeliz, ele vai pagar por tudo e todos saberão que o verdadeiro Lariech está morto, e é inocente. — Sim, essas provas são essenciais, com certeza todos acreditaram em nós. Mas qual o caminho que pretende usar para que essas acusações cheguem até o público? Perguntou Maely com seu celular em mãos, provavelmente esperando alguma mensagem. — Bom May, eu vou em uma editora de jornal, ou procurar algum jornalista e vou entregar essas provas a ele, claro que vou acompanhar tudo, junto com os profissionais que cuidarão disso, não posso confiar em ninguém. E em poucos dias, o mundo vai saber que o demônio é um impostor, com certeza ele terá que se esconder da polícia! Explicou SH. Pra comemorar o sucesso da operação, Steven foi o garçom da noite e serviu os amigos, SH e Shiva não bebiam outra coisa além de água, o deus induzido pelo agente aceitou beber refrigerante, oque deu risadas em todos, porque os gases provocava diversos soluços no homem, não permitindo que falasse, mas ele tinha viciado e bebeu quase a garrafa inteira. A festa estava boa, mas Maely ficou em dúvida em um detalhe a história, enquanto mexia em sue celular, procurava encontrar o sentido de SH estar feliz por colocar todos contra o doutor, apear de livrar a imagem de Lariech, o inocentando, não haveria outro ponto para atingir o demônio, acusações não bastaria, oque não fazia sentido pra ela toda aquela euforia. Oque a deixou tensa, e percebendo que a amiga era a única que não se demonstrava animada, o rapaz logo quis saber o motivo. — Oque houve May, não ficou feliz com as novidades? — Ah mais ou menos, é que não vejo sentido nessa alegria, oque adianta a gente provar tudo isso contra o doutor e ele continuar nos atacando, ou acham que isso irá o amedrontá-lo?
O rapaz um pouco sem graça se arrumou no sofá, colocou o copo na mesa e encarou a amiga. —Não importa oque acontecerá May, estamos fugindo o certo, a justiça é o caminho para podermos curar o mundo.
— Eu entendo, é que estou insegura, acho que isso só vai aumentar a fúria daquele monstro. — Não tenha medo menina, seus amigos são uns guerreiros, estão lutando com muita coragem contra aquele homem que apesar de ter um imenso poder, está com medo de nosso avanço. Por isso, não fique insegura, apoie seus amigos, confie no coração. Orientou, o deus.
— Ta bom senhor, eu vou melhorar, tenho certeza. O deus estava correto em tudo que disse, aquela insegurança de Maely tinha que dá lugar a coragem, afinal a guerra havia começado, não tinha pra onde fugir, era matar ou morrer, salvar o mundo ou deixar o demônio dominá-lo. Era opções que não bastava escolher, tinham que lutar pra que tudo ocorresse como desejavam, era questão de mérito. E em poucos dias o demônio saberia das acusações contra ele, SH conseguia publicar em diversas editoras de jornais as imagens, oque gerou diversas reportagens que se abrangeram nos canais de TV e na poderosa internet, e foi por um desses meios de comunicação que um dos funcionários do doutor descobriu oque estava ocorrendo e imediatamente acionou seu senhor, tentando alertá-lo. Claro que o homem ficou furioso e ao mesmo tempo surpreendido com a coragem daquele ato, deduzindo que viria da menina que apesar de não aparentar, era muito mais perigosa do que poderia imaginar, apesar de ser muito frio o homem não suportou, a fúria tinha tomado seu corpo, jogou diversos objetos de vidro no chão e quebrou muitos moveis. E apavorado, prestes a ser cercado por uma multidão desejando sua cabeça decepada, pegou seu carro e sem nenhuma mala mesmo, correu para o aeroporto, disfarçando claro, porque corria um grande risco de ser reconhecido e linchado pelo povo. A situação estava começando a se complicar para Draiman, ele tinha poder para se livrar dessa perseguição mas se fizesse isso, destruiria seus objetivos, não podia atacar o povo, pois era eles que sem intenção contribuíam para suas ambições, o melhor a fazer era fugir, ir para um país distante e se esconder, pois a polícia dos Estados Unidos o caçaria com todas as suas forças. E pra isso acontecer, SH com ajuda do delegado Wonder que se interessou no caso, por causa da repercussão, até porque ele fazia de tudo pra ficar famoso, e claro que ajudaria o agente que acionou até o exército para perseguir o bandido que já estava longe. Como estratégia, os componentes da liga do mal, ficaram vigiando todos os passos de Maely e seus amigos, a cada momento saia uma notícia nos telejornais, mas nada de novidade, a tensão tomou conta da garota quando soube que uma cambra do aeroporto havia flagrado um homem andando como o impostor, apesar da peruca, o jeito de andar de Lariech era sua característica, tinha passos longos e o demônio pra seu azar pegou essa característica. O tema do dia era se aquele homem que apareceu nas imagens era o impostor, com o passar dos dias, sem nenhuma novidade, as autoridades de Nova Iorque ia acalmando o público e os fãs de Lariech, que estavam indignados com o suposto farsante, e triste por saberem que o verdadeiro doutor estava morto. Por precaução o homem não foi muito longe, se escondeu em um hotel muito luxuoso localizado em Uruguai, seria quase impossível alguém invadir aquele local, o demônio contava com uma segurança fortíssima, tinha até sniper a disposição, muitos servos estranhavam o porque dele estar se escondendo demonstrando medo, mas era uma jogada dele, não podia ficar mal com seu púbico, mas as acusações eão venenosas, não poderia mais voltar a ser Lariech. Não precisava ser caçado para estar com a cabeça explodindo de preocupação e nervosismo, SH estava mais tenso do que nunca, não saia da delegacia por nada, teve dias que até dormiu no local de trabalho, ele não queria
apenas fazer justiça, mas também vingança pela morte de Junya, desde a perda de sua tão amável filha não conseguiu mais ser a mesma pessoa de antes, ficava furioso sem motivos e não tinha mais paciência, Maely que sempre desabafava com o amigo, preferiu guardar pra ela, a dor que sentia por Gabriel ter a deixado novamente. Mas o demônio não se acuaria por completo, toda essa situação só o favoreceu para poder pensar em um plano que fosse perfeito para destruir Maely, só ele poderia destruí- la mas pra chegar até ela tinha que eliminar os dois homens de seu caminho, SH e Steven que não temiam a nada, estavam encorajados, até porque o perigo trazia coragem, e a sede de vingança que o agente sentia, só crescia a cada minuto, oque preocupava Shiva que temendo aquele sentimento piorasse, procurou dar alguns conselhos pra que caso adiantasse.
— Alguma novidade do demônio homem? — Não senhor, a polícia está fazendo o possível mas por enquanto nada. Respondeu SH, com os braços cruzados. — Você está fazendo tudo isso mais por vingança não é? A pergunta do deus deixou o rapaz um pouco sem jeito, mas como sempre gostava de ser sincero logo respondeu.
— Sim senhor, desde a morte de Junya há uma coisa dentro de mim, que me faz pensar assim, em me vingar. Confessou o rapaz. — Não posso tirar isso de você infelizmente, mas tome cuidado, não deixe isso lhe controlar, não mate essa alma boa que possui, só você pode tirar esse sentimento ruim de dentro do seu coração. SH ficou pensando no que o deus disse era difícil pra ele ter que superar a morte de Junya, e ter que compreender o assassinato cometido a mando do demônio, mas a vingança não era o caminho certo e ele sabia disso, o problema era fazer seu coração entender isso. Apesar de o objetivo de tudo parecia só vingança, SH estava se dedicando ao máximo para inocentar Lariech e agora para descobrir o assassino de Lary, um caso que tinha caído no esquecimento a mais de três anos. A maior testemunha estava morta, que era Lisa, mas seria difícil provar alguma coisa, na esperança de haver alguma testemunha que o pudesse ajudar, o rapaz pegou seu carro e saiu junto com Dru e Steven a caminho do hotel que pertencia a Lisa, como já tinha o endereço em mão, chegou rápido ao local e logo encontrou um funcionário antigo que acabou ficando com a herança da mulher, que antes de morrer passou tudo oque tinha para o homem. Ele estranhou a presença dos agentes que não estavam fardados, mas sim armados, logo SH o acalmou dizendo ter vindo em paz, mas o homem continuava inseguro, pensando ser alguns capangas do doutor que já havia tentado o assassinar. Mas depois de muita insistência do agente o ex-porteiro, aceitou e atendeu os visitantes com muita simpatia os levando para sua sala com direito a chá e donuts.
— Me desculpe o modo que tratei os senhores mas é que já fui vítima de assassinato uma vez, não quero arriscar. Mas por favor, sobre oque vieram falar? — Queríamos a sua ajuda para o caso de Lary, ele foi assassinado em outro hotel que pertencia ao marido de Lisa, o senhor Frederiech, a morte do doutor foi ocasionada após uma confusão com o próprio Frederiech. — Sim, eu sei disso, tinha amigos que trabalhavam naquele infeliz dia, mas eu não vi nada, e meus amigos desapareceram, então não sei se poderei ajudá-los. Disse o velho. O rapaz como era ligeiro, ficou raciocinando oque o homem poderia o servir. — Eu entendo, mas você teria como me levar aquele local? — Sim, mas saiba que esta abandonado e já faz muito tempo, aquilo se transformou um hotel fantasma. Dizem que o fantasma de Frederiech aparece por lá toda vez que alguém invade. — Não se preocupe, eu não tenho medo de fantasma, agora vamos por favor.
Chegando ao hotel que estava abandonado, os homens entraram um pouco receados com medo de que o local desmoronasse, havia algumas câmeras que na esperança de ainda funcionar, SH procurou ligá-los mas estavam quebradas oque o deixou muito frustrado. O lugar permanecia do mesmo jeito com todos os moveis apesar de empoeirados e cheio de teias de aranha, todos os objetos permaneciam intactos, principalmente no quarto em que ocorreu a briga entre Lariech e Frederiech, oque deixou o rapaz meio incomodado não encontrando nenhuma pista. E deixando de lado o clima que o hotel passava para eles, SH começou a fazer uma espécie de reconstituição do crime, segundo informações de um jornal que estava em sua mão.
— Segundo a polícia de Las Vegas, a briga não se estendeu, pois de uma forma misteriosa Lary conseguiu escapar e chamou a polícia, mas enfim, Lariech e aquele velho ficaram brigando e como vocês estão vendo, nada foi mexido então deduzo que o doutor pegou a cadeira e quebrou no homem, nisso se rolaram no cão e a briga foi intensa, se colocarem um luminol, com certeza enxergaremos muito sangue no chão, isso por causa dos espancamentos entre elas. Nisso Lary desceu pelo elevador, que estranhamente ainda estão em funcionamento. Pode entrar homens, acho que não vai desabar. Disse SH brincando com o perigo. Steven e Dru olharam pro teto antes de entrar no elevador, tinham a impressão que podia desabar de um momento para o outro, mas não tinha gente, o amigo já estava dentro para perseguir com sua reconstituição.
— Então pessoal, ele deve fez esse trajeto e encontrou a polícia que subia para resgatar Lariech, ou seja, separar a briga, nisso segundo esse jornal, quando tudo aparentava bem, com os policiais dando voz de prisão em Frederiech, o doutor Lary saiu com seu amigo e foi nesse momento que foi atingido por um tiro. E aí está o grande mistério, de qual direção veio esse tiro? Todos ficaram olhando entre si, procurando por alguma uma direção, mas era muito difícil, quase que impossível, nisso SH avistou uma casa pequena com um jardim e um cercado de madeira, a rua era deserta tinha poucos moradores, mas na esperança de descobrir algo, o agente foi até a casa. Depois de bater palmas por alguns minutos, um velho de estatura média, veio em sua direção com ajuda de uma bengala, aquela aparência do senhorzinho poderia ser favorável ao rapaz, demonstrando ser um morador antigo, claro que as chances de ele ter presenciado o ocorrido poderia ser muito grande.
— Senhor, queríamos uma informação sua. — Pode dizer jovem. Disse o velho com a voz rouca. — Por acaso poderia relatar oque aconteceu com o doutor Lary, sabemos que ele levou um tiro, mas o senhor será que teria visto alguma coisa, referente ao assassino? — Se uma pessoa estivesse presenciado essa cena e flagrado o assassino, com certeza contaria a polícia, não só para ajudar as investigações mas também para ter seu minuto de fama, oque todos desejam né? Oque o velho havia respondido, desanimou a todos, que já estavam arrependidos de ter vindo até ali.
— Mas eu não ou oportunista, só não fui na polícia porque fiquei com medo, não sou bobo, sei que em crimes assim envolve pessoas poderosas, mas estava precisando tirar isso de mim, só que esperei a hora certa chegar. Completou o velho. — E essa hora chegou senhor, pode confiar em mim, já deve me conhecer pelos jornais, sou SH, o agente mais confiável da polícia de Nova Iorque. SH estava animado com o assunto, enquanto o velho estava um pouco tenso, com medo do que poderia acontecer, mas sabia que era o certo a fazer e levou os homens para dentro de sua simples casa. Depois de um chá gostoso com pedaços de bolos, o velho que se chamava Dany começou a falar todos os detalhes daquela triste tarde.
— Eu estava cuidando de meu jardim, até porque tinha ventado muito e caiu diversas folhas da árvore, parece que foi coisa do destino sabe, porque não sou acostumado a limpar o jardim de tarde. Mas enfim, eu vi com esses olhos cheios de rugas, um homem em cima da árvore que tinha na minha calçada com uma arma, ele estava encapuzado, mas como o cabelo dele era comprido, consegui ver que era loiro, e tinha mais ou menos a sua altura e aproximadamente uns setenta quilos. Após o tiro, ele saiu correndo, ligeiramente e eu claro que não reclamei de ele subir em minha árvore, corri pra dentro com muita coragem e me escondi. Apesar do senso de humor do velho, SH e Steven estavam surpresos com oque ele tinha falado, claro que o rapaz gravou, tendo como prova para mandar para o delegado. Mesmo acreditando que poderia encontrar alguma resposta para o caso, nunca imaginou que encontraria uma testemunha tão importante que não só havia presenciado o crime mas também flagrado o assassino. E feliz com o apoio do senhor, SH voltou para Nova Iorque quase que decolando em se carro, de tanta pressa, e com sua prova principal em mãos, entrou na delegacia e entregou a Wonder que vendo o vidro ficou muito motivado para liberar aquela informação para o público, mas claro que SH seguiu os termos de segurança, não querendo causar uma confusão. A primeira coisa a fazer foi um retrato falado através do vídeo, seria difícil descobrir os olhos, o nariz e quase o rosto inteiro, pois o sniper estava mascarado, mas no dia de distribuir nas ruas os cartazes com o suposto rosto do assassino, o agente cancelou a operação no último segundo, tendo uma ideia em mente melhor e um pouco ousada. A ideia de gênio era um pouco arriscada, mas SH não queria saber, ou era isso, ou ficar procurando um bandido mascarado por aí a vida toda, muitos não entendiam a razão de o assassino poder vir até ele, mas o agente sabia bem oque fazer. E não demorou muito para a liga do mal se encarregar de eliminá-lo e justamente com o sniper, só que dessa vez a polícia foi mais inteligente, o rapaz tinha ido em uma praça do lado da casa do demônio que não se encontrava mais no local, e sabendo que o sniper estaria no local, ele imobilizou muitos policiais e colocou Dru na posição principal, dentro do prédio ao lado da mansão no último andar e quando o homem ouviu o tiro, arrombou a porta e com seu revólver fez dois disparos precisos, um no peito e o outro na barriga, rapidamente voou pra cima do bandido ferido e colocou as algemas para subirem, a sorte era que não tinha ninguém da liga no local. Quando chegou no quarto, se deparou com assassino de Lary desmascarado e preso, pelas informações que Dany havia passado, não tinha dúvidas, era o culpado pela morte do amável doutor, na primeira impressão SH sentiu raiva, com vontade de esmurrar aquele homem, mas depois se controlou e ficou orgulhoso de si mesmo, com o prazer de mais um trabalho realizado. Após os policiais levarem o suspeito, para a delegacia, o agente madrugou no local de trabalho interrogando o homem que aparentava estar apavorado, claro que ele não era nenhum ser sobrenatural, era apenas um humano que tinha sido comandado pelo doutor, mas as duas informações que eram únicas e importantes o criminoso falou para os policiais, uma era que o doutor, tratado como impostor era o mandante do crime, e a outra era que o objetivo de matar Lary era roubar o colar que estava ao seu poder. Após todo o esclarecimento do caso, SH conseguiu entender o porque de cada fato que ocorria, muitos atentados como sniper misterioso que atirou em Maely, era o mesmo que matou Lary, tudo que acontecia de mal, estava envolvido a ambição de um homem, tentando dominar o mundo através da força de um colar, o demônio nunca cansaria de tentar, mataria quem fosse para roubar o coração de rubi que pertencia a Maely. A solução do caso de Lary gerou um alvoroço no público, principalmente nos fãs dos falecidos doutores, que apedrejaram a mansão, sabendo do que estava acontecendo, o demônio escondido ainda no Uruguai, deu ordens para seus servos se manifestarem de
uma forma mais violenta. O cerco estava se fechando, era atacar ou ser atacado, e agora não era só por Maely e seus amigos, mas também pelo povo que unidos tinha mais força. Então se homem deu ordens para seus soldados atacarem, até porque se tratavam de feras, lobos ferozes que não eram imortais, a guerra estava começando. E toda essa situação estava deixando Maely cada vez mais preocupada, pois tinha chegado a hora mais complicada, sabia que o demônio atacaria com todas suas forças, mais cedo ou mais tarde, algo de ruim aconteceria, e mesmo amadurecendo demais no longo dessa jornada, temia ao poder do adversário. Enquanto SH não conseguia se livrar do sentimento de vingança que cada vez mais o tomava, só sossegaria quando destruísse o doutor, por causa desse sentimento, acabou se afastando dos amigos por um tempo, tinha que tentar afastar aquela coisa ruim que não podia tomar posse de sua alma, mas quem disse que o demônio esperaria? Logo, colocou seus soldados para entrar no campo de batalha. E quando todos estavam distraídos, algo de estranho surgiu no céu, muitas pessoas assustadas olhavam para cima, sobre eles havia aberto um imenso portal negro, fazendo um barulho perturbador, e de dentro daquela camada obscura saiu vinte homens fortes com os punhos fechados, levitando até tocar o solo. Aqueles homens que pareciam normais, apavoraram as pessoas com apenas um piscar de olhos, que por sinal, estavam vermelhos, em seus ternos, na região do peito tinha um emblema com o número romano XXI, o século atual, impiedosos destruíam tudo que viam pela frente, apesar de não serem imortais, tinham poderes fortíssimos e dentre esses poderes, um era a transformação de pessoas em estátuas, para depois destruí-las. A cena era terrível, diversas vítimas sendo destruídas, se transformando em pedaços de pedras no chão, jornalistas corajosos conseguiam flagrar essas imagens horríveis, transmitindo para o mundo inteiro o ataque que Nova Iorque está sofrendo, por criaturas demoníacas, alguns homens se transformaram em lobos e devoravam todos que estivessem em seu caminho. Muitos ouvindo a notícia pela televisão, imaginavam que fosse um trailer de um filem de Hollywood, mas quando prestaram mais atenção, perceberam que inacreditavelmente, oque viam era realidade, claro que o tumulto foi geral, diversas pessoas pegaram suas famílias e saíram de Nova Iorque o mais rápido possível, o trânsito estava mais congestionado do que nunca, e os Estados Unidos, estava em pânico. Logo a polícia foi acionada, como o exército e outras forças armadas, mas nada adiantava, eram seres sobrenaturais que tinham o poder de acabar com um país em questão de minutos. Não tinha escolha, Maely teria que batalhar, não podia se esconder pois tinha a esperança em seu coração, e quando todos seus amigos souberam do que estava ocorrendo, imediatamente se uniram com ela para saber que atitude tomar, mas a pobre garota estava muito nervosa e temia as consequências de aceitar essa guerra contra o demônio. Mas logo Shiva tentou acalmá-la.
— Porque está tão nervosa May? Esse não é o momento de termos medo. Perguntou SH. — Eu sei disso, mas estou com medo, não quero perder vocês, eu tenho que ir sozinha. Vendo que a amiga está decidida a lutar sozinha, pois tinha medo de arriscar a vida dos amigos, SH a segurou pelo braço, impedindo que fosse, Steven e o deus ficaram olhando assustados para o dois. — No começo nós estávamos juntos, agora que chegou o final, porque temos que nos separar? Maely não teve resposta e não tinha postura para convencer que os amigos não a seguissem, até porque do jeito que o rapaz era, mesmo não querendo sua companhia ele iria. E quando os jovens estavam saindo a caminho de uma batalha, Shiva os fez voltar para pegar um objeto muito poderoso que era arriscado expor, pois era isso que o doutor mais queria, mas o deus confiava em seus guerreiros.
— Leve o Trishula com você, acho que vão precisar. — Mas senhor, é arriscar demais, eles estão querendo o tridente e se conseguirem roubá-
los de nós? Disse Maely, tentando recusar a responsabilidade. O deus pegou o tridente e apontou para a jovem, a entregando.
— Leve o Trishula, eu confio em vocês. — Mas eu não sei usar senhor? — Você também não sabia usar o coração de rubi. Tentou encorajar a moça, o deus. Maely não podia descordar do deus, sabia que ele estava certo em tudo que falava e pegou o objeto que era muito pesado, ficando desconfortável para carregar. SH e Steven pegaram suas armas, os revólveres eram a única opção que tinham para atacar, mas o maior poder de todos era agir com a mente, mesmo que a vingança ainda tentava comandar o rapaz, tinha que se concentrar e prosseguir, mesmo com o ódio correndo em suas veias por causa da perda de Junya. E mesmo sem coragem, o trio de amigos saiu do hotel, deixando o deus sozinho, muito apreensivo, tinha muitos carros na rua tentando fugir das feras que subiam nos automóveis tentando devorar as pessoas. Os demônios só cessaram quando sentiram a energia do Trishula, muitos dos componentes da liga estavam em outros lugares, mas, mesmo assim, sentiram a energia oque só os deixou loucos. Maely estava muito insegura por ter que arriscar tanto os amigos, quanto o tão desejado Trishula, mas teve que esquecer qualquer medo e seguiu em frente, então resolveu ser ousada.
— Ei deixem eles em paz, eu estou com oque vocês querem. Os lobos voltaram a ser homens engravatados e com passos certos caminharam em direção a garota, Maely não se acovardou e pra apoio, SH e Steven ficaram do seu lado com os punhos fechados encarando os demônios que os olhavam com muito ódio.
— Entregue o tridente que deixamos vocês em paz! Oque um dos homens havia falado provocou gargalhadas irônicas nos jovens, e a ironia que a toda jornada foi usada pôr os demônios, agora era uma arma da vingança não só de SH mas de todos, não podiam se mostrar covardes, tinham que ser espelho deles, ou seja, com a atitude que o trio tomou, obrigaria o doutor provar de seu próprio veneno.
— Nunca que você tocará nesse tridente, avise seu senhor que estamos prontos pra guerra, se ele quiser o Trishula que venha pegar, ou será que ele é covarde até nisso? Disse SH bravamente. — Não insulte meu senhor, infeliz. O homem tentou golpear Maely com uma barra que tinha na mão, mas SH o segurou, passando a frente do amigo.
— Vai ter que fazer melhor do que isso. — Está bem, pedido atendido. Desafiar o homem não foi uma boa ideia de SH que acabou sendo lançado aos ares, mas Maely em um impulso, saltou sobre um carro e agarrou o amigo colocando no chão com segurança, Steven ficou de boca aberta parecia que estava vendo uma heroína. Mas os quatro homens não se acovardaram e logo se transformaram em lobisomens fortes, cheio de fome, claro que todos ficaram surpresos, os motoristas logo abandonaram seus automóveis e começaram a correr, muitos deles eram pisoteados por outros, as crianças se perdiam de seus pais e começavam a chorar, muitas feras devoravam as pobres crianças inocentes e mesmo sem ver a cena, Maely sentiu uma dor no coração, a dor de vítimas inocentes sendo atacadas por demônios ambiciosos. Muitos ferozes voaram em direção dos jovens que começaram a correr, pois se lutassem sem nada para defender acabariam mortos, claro que os lobisomens corriam em uma velocidade extraordinária mas pra sorte de todos, chegaram a tempo e entraram no carro de SH que estava estacionado na rua, as feras pulavam sobre o automóvel e pra evitar que os vidros se quebrassem, o rapaz acelerou, derrubando os lobos e saiu sem olhara para trás.
— Para onde vamos SH?
— Para uma loja de armas, lá encontrarei oque desejo, espero que esteja aberto. Maely ficou pensando, não entendeu muito bem a ideia do amigo, porque já tinham armas e munições suficientes, sendo assim não precisaria comprar mais, mas o agente preferiu guardar segredo do que faria e partiu a caminho da loja. Após despertar os lobos, SH havia chegado na loja e com sua arma na mão pediu para os amigos descerem depois que ele fizesse um sinal, logo Maely e o historiador desceram correndo e entraram na loja com a plaquinha virada para o lado com a palavra “Aberto”. O dono do local ficou um pouco assustado mas depois soube que se tratava de SH, um dos seus clientes preferidos e logo o recebeu com um abraço apertado e uma preocupação.
— Você está doido homem? Não fique lá fora com essas criaturas destruindo tudo. — Não se preocupe senhor Willians, eu preciso enfrentá-los juntos com meus amigos, afinal sou uma autoridade e preciso defender meu país né? —Claro, eu sei que você não tem a cabeça muito boa, te conheço desde pequeno, não cresceu muito mas além de doido quer envolver seus amigos nessa também? Disse o homem com as mãos na cintura.
— Infelizmente, preciso muito deles, são essenciais para essa batalha. Disse SH, abraçando os dois amigos que sorriram para o velho que usava um boné de basebol. — Bom já que você fala, quem sou eu para discordar né? Educado como era, o senhor Willlians serviu os clientes com um bom suco e donuts, é claro. Mas o momento era de tensão e logo SH falou o motivo de ter vindo até a loja do amigo, que não era se esconder.
— Senhor, eu vim até porque como você deve saber, estamos sendo atacados por lobos, ou lobisomens e em que não acreditava nessas lendas que acho boba, queria que me vendesse algumas balas de prata. — Claro SH, eu tenho apensa vinte, até porque a fabricação delas são pequenas, porque o custo é muito grande, mas como se trata de exatamente vinte criaturas você vai ter que ser bem preciso. — Pode deixar, só não entrei em olimpíadas nas competições de tiro porque não tinha patrocínio. O homem olhou para o policial começou a rir, sabia que ele nunca rinha recebido nenhum convite para participar de competições. Sabendo que todos estavam com pressa, senhor Willians entregou as munições para o jovem que colocou em seu fuzil, e outras no bolso. O bom humor do senhor Williians, deixava todos felizes, pareciam que nem estavam em uma guerra contra monstros, os jovens entraram no carro e partiram a caçar os bichos. Já no primeiro quarteirão tinha quatro lobisomens cercando duas crianças, como o dia estava nublado, muito frio, SH tinha que andar com o farol ligado mas pra não chamar atenção das feras, desligou o farol e mandou os amigos se abaixarem, se escondendo nos bancos.
— Vocês vão distrair os lobisomens, mas não deixem eles se afastarem ou pegarem outras pessoas, preciso que prendem um de cada vez, de algum jeito, pelo menos por alguns segundos, mas não fiquem na frente deles. Porque tenho que acertar o peito de cada um. Entenderam? — Sim, mas e se não conseguirmos cercá-los, ou prendê-los? Perguntou Maely, ainda agachada. — Aí eu dou um jeito, mas o importante é não ficarem na frente deles. Orientados pelo amigo, Steven e Maely sairão do carro apressadamente e corajosos, foram em direção do quarteto de lobisomens que tentavam devorar algumas crianças, com o barulho do disparo, os bichos se virarão para eles deixando as pobres crianças que correram chorando.
— Vocês não tem vergonha de amedrontar crianças inocentes? Disse Steven com a arma apontada. Maely com o tridente fez um sinal com as mãos, chamando as feras para o confronto e
aceitando o chamado, correram como verdadeiros lobos e sem saber como a garota fez um movimento com o tridente, soltando raios em direção dos quatro que sendo atingidos, caíram no chão. Quando se levantaram, tentaram golpear Maely, mas inteligente não sai do lugar tentando manter um deles no alvo, e quando menos esperavam, friamente SH atirou no bicho que desabou em cima do carro, era tão forte que amassou o capô. E sem que os outros tivessem tempo para ver oque aconteceu, fez os outros três disparos seguidos, com um sorriso no rosto, viu todos caírem no chão com uma bala de prata cravada no peito, até seus amigos ficaram surpresos com a precisão do agente. Certificado de que estavam mortos, SH correu até os amigos com o fuzil na mão e um sorriso largo no rosto.
— Valeu a pena os treinamentos de tiro ao alvo. — Pois é, vamos, não podemos perder tempo ainda falta muitos. Disse a garota caminhando em direção do carro do amigo. Steven cumprimentou o amigo com um aperto de mão e entraram ao carro virando em outra rua, pois aquela estava interditada por diversos carros parados. Chegaram em uma rua que estava com um posto de gasolina em chamas, com certeza foi causado por causa dos lobisomens e rapidamente o rapaz correu procurando por vítimas, encontrou dois homens caídos preste a serem queimados pelas chamas. Mesmo com um pouco de medo, o agente chegou até os dois homens e com muito esforço conseguiu arrastar os dois, saindo pra fora Steven pegou os indivíduos e fez alguns primeiros socorros, o suficiente para reanimá-las, após essa ação, o local explodiu, voando diversos objetos sobre os jovens que se abaixaram. A confusão estava generalizada, muitas pessoas corriam em sentido contrário a Maely e seus amigos que rapidamente entraram dentro do carro para não serem pisoteados, toda essa correria era por que, meia dúzia de lobisomens estavam os perseguindo. Percebendo isso, SH pegou seu fuzil e abriu a janela, quando avistou outros lobos apareceram em seguida, só que já haviam percebido que o disparo tinha vindo do carro e logo cercaram o veículo, o azar era maior pois a janela do motorista estava aberta e as feras colocaram a cabeça pra dentro tentando devorar as vítimas. Com todo esse desespero, o policial chutava-os mas não adiantava, nisso Steven abriu a porta para atrair os bichos para seu lado, e seu plano deu certo, correra, para outra janela possibilitando que SH fechasse a sua e rapidamente desse ré no carro, e foi oque fez, acelerando sem pensar em mais nada a não ser sair do local. Os lobos vieram atrás, mas o homem não estava fugindo, apensa queria ter uma mira perfeita para atingir cada um.
— Steven, fique no volante que eu vou tentar atirar neles. Disse o agente. — Cuidado SH, você pode cair pra fora, e ser devorado. — Antes que me devorem, eu já derrubei eles. Como combinado, Steven assumiu o volante um pouco torto, porque o amigo não tinha saído do lugar, mas estava com metade do corpo pra fora da janela com o fuzil apontado, Maely estava muito apreensiva, e segurava seu colar na mão com os olhos fechados. O historiador virou o carro e ficou de frente com os monstros, sem nenhum temor apertou o pé no acelerador e olhou para o amigo que fez o sinal com a cabeça, mostrando que estava tudo bem, e equilibrando a janela, SH atirou duas vezes, derrubando mais dois lobos, sem ter tempo pra fazer mais disparos, friamente olhando para os lobisomens rosnando coma bala cravada no peito. Aliviado por ainda não ter errado nenhum tiro, SH voltou para dentro sentando relaxado no carro.
— Até agora estamos bem pessoal. Só não entendo a razão de aquele infeliz expor esses demônios que na verdade são servos dele. — Eu também não entendo isso SH, talvez seja por causa do Trishula, mas ele deve estar desesperado, não arriscaria começar um ataque sem um motivo muito importante. Disse
Maely um pouco confusa.
— Ah gente, vocês sabem que ele não tem oque fazer, e se perder todo esse exército nos atacar por conta própria. — É esse o meu medo Steven. Colocou as mãos na cabeça, Maely. Os jovens seguiram em frente a procura de outros lobisomens, através das reportagens que era transmitida pelo celular de Maely, eram guiados até os bichos, o local que estavam concentrados era a Casa Branca, oque seria uma tragédia maior se conseguissem invadir o local. Ouvindo a reportagem Maely começou a pensar e em poucos segundos, deduziu algo que poderia ter sentido. Sentada no banco de trás, se levantou se apoiando no banco de SH.
— Vocês não acham estranho eles estarem na Casa Branca? — Um pouco, mas porque May, um algo em mente? Disse o agente olhando para a amiga e voltando o olhar rapidamente para o volante. — Acho que o demônio está sem saída, nisso ele arriscou esse ataque para nos matar, mas também para poder matar o presidente. — O presidente? Se virou Steven – Mas para que ele mataria logo o presidente? — Porque ele não quer apenas o coração de rubi, mas também assumir o poder de nosso país. Temor que chegar e impedir isso logo antes que a tragédia só aumenta. Disse a garota com o tridente de lado, pois era muito grande. Temendo que a possibilidade de invasão fosse real, SH acelerou a caminho da Casa Branca, por causa da confusão não tinha nenhum segurança impedindo ao redor que alguém entrasse, infelizmente. Mas quando estacionou o curso pode ver que na porta da mansão estava diversos policiais com escudos formando uma barreira para ninguém entrar, os lobisomens que atiravam bombas para impedir que avançassem.
— Pessoal, eu vou sair sozinho e veio pelos fundos para chegar até os policiais, vocês não saem daqui por nada. — Mas SH, eu estou com o tridente e se sentirem a energia dele? Perguntou Maely com o braço doendo, por ter que levar o tridente. — Aí eu não sei, mas tem que ficar dentro do carro, qualquer coisa Steven, saiu voando com eu carro daqui. — Sim senhor. Concordou o homem batendo continência. O agente saiu do carro e correu por trás de árvores e grades indo em direção a uma porta no fundo da mansão onde dava acesso aos funcionários, após se identificar, conseguiu entrar e já dentro da Casa Branca correu desesperada em direção a porta principal, a abrindo rapidamente. Os policiais pensarem ser um invasor e apontarem a arma para o homem que quase teve um infarto de tanto medo que ficou, a sua sorte é que o chefe da operação o reconheceu e fez os colegas baixarem as armas.
— Oque faz aqui SH? — Me desculpe senhor, sei que essa não é a hora, mas eu vim ajudá-los. — Obrigado pela sua gentileza mas não será preciso, meus homens vão dar conta desses lobinhos. Disse o homem colocando a mão no ombro do rapaz. — Não acho isso senhor, com todo respeito eles não estão conseguindo, estão apenas adiando o momento de entrarem. —Hum, se meus homens não tem as armas suficientes. Quem terá? Duvidou o homem com um revólver na mão.
— Tenho balas de prata, mesmo que não acredite nessa lenda que eu também achava ser boba, é verdade. — Será? Mas onde conseguiu isso? — Na loja do senhor Willians. — Só podia ser mesmo. — Pois é, agora com licença senhor, preciso me concentrar para derrubar esses lobinhos. Disse o rapaz pegando mais balas do bolso.
O agente ao lado de outros policiais apoiou seu fuzil no chão e se concentrou tendo o primeiro em sua mira, a distância era um pouco grande mas dava para atingi-los, os homens olhavam para SH sem entender direito, até sorriram ironizando a ação, porque armas, fuzis eles tinham e isso não adiantaria em nada. Mas o agente não ligou e se concentrava friamente com o dedo no gatilho, os bichos não paravam quietos, quebravam diversas coisas, loucos por causa da fumaça das bombas e quando a fumaça abaixou ele fez os disparos, sem comemorar, só foi atirando até derrubar todos em poucos minutos. No momento que os lobisomens caíram, todos os homens, principalmente o chefe deles que duvidou de SH olhou para ele, de boca aberta, estavam surpreendidos, sem palavras, e percebendo que todos estavam com “cara de pau”, deu um sorriso irônico.
— E aí, sempre é bom acreditar em lendas né? Os homens não responderam nada, apenas apertaram a mão do agente que estava muito feliz por não ter errado nenhum disparo e ainda ter salvado Estados Unidos inteiro, e lembrando disso, deixou de lado e correu até seu carro para contar a notícia aos amigos muito feliz, mas quando abriu a porta, não os encontrou mais lá.
CAPÍTULO 15-Os opostos se destroem. Naquela tarde fria e nublada, estranha por causa da invasão dos lobisomens, ninguém estava tão conflito e preocupado, nem Nova Iorque se encontrava no estado em que SH estava, não por causa das criaturas e sobre a catástrofe que seu país sofreu, mas porque Maely e Steven estavam desaparecidos, e ele se culpava por isso, se arrependendo de deixá-los sozinho no carro. Já suspeitando o culpado pelo desaparecimento de seus amigos, o rapaz correu até o hotel para avisar Shiva, aquele era o momento para o deus lhe ajudar, pois o nervosismo não o deixava pensar e os conselhos do velho eram essenciais.
— Senhor, a Maely e o Steven desapareceram. — Eu deixei eles no carro para ficarem seguros, aí fui combater com os lobos, quando voltei, não estavam mais lá! Disse o agente com expressão de choro. - Acho que o demônio pegou os dois e levou o tridente junto. O deus ficou pensando aonde os jovens poderiam estar, e com um gesto com a mão pediu pra SH se acalmar e fazer silêncio, após se concentrar e ficar parado por alguns minutos, conseguiu sentir a energia do Trishula.
— O Trishula está próximo daqui. — Como assim senhor? Saberia dizer aonde? Se aproximando do homem, SH. — Na mansão do demônio. — Mas ele não seria idiota de voltar aquele lugar, muitas pessoas rodearam o local com a ideia de pegá-lo. — Faça oque digo homem, se quiser salvar seus amigos e o Trishula. O agente ficou intrigado com a ideia de ter que voltar aquela mansão, fazia muito tempo que os fãs de Lariech tinha ocupado o local, não existia possibilidade de o demônio ter retornado, mas sabia que Shiva não se enganava e mesmo duvidando, decidiu ouvi-lo foi até lá. Quando chegou, percebeu que não tinha nenhuma movimentação estranha, não ouvia barulhos e o mais estranho é que o portão estava aberto, com medo de que estivesse alguém no jardim, o rapaz ficou com sua arma na mão e entrou. Não tendo condições de entrar pela porta principal, pois o doutor poderia estar na sala, procurou uma janela que estivesse aberta e logo encontrou, cuidadosamente entrou na casa e se deparou com um corpo no chão, se esforçou para não fazer barulho pois tinha pisado na mão de aparentemente um homem. Estranhando a cena, SH segurou o pulso do homem, só que ele não estava vivo, oque o deixou assustado, pra não deixar mais digitais e bem se sujar com o sangue que estava no chão, o agente se afastou de costa e se virou, indo para o próximo cômodo. Andou pouco até chegar na sala aonde ouvia vozes que se tratava do doutor, nisso, se escondeu na parede com o revólver na mão, suando frio, com medo de que o homem percebesse sua presença. Ouvindo a voz de Maely e Steven, criou coragem para olhar, e quando olhou, viu uma cena terrível diversos corpos espalhados pela sala com sangue cobrindo suas roupas, e logo deduziu que seria os fãs de Lariech que haviam ocupado a mansão.
— Meu Deus, oque eu faço agora? Pesou sozinho o agente. O pensamento de SH estava correto, aqueles corpos se tratava dos manifestantes que ocuparam a mansão, mas quando o doutor chegou, entrou em conflito com eles, que acabaram sendo mortos, se soubesse que o farsante fosse um demônio, nunca que o enfrentariam, mas ingênuos como eram foram assassinados por aquele infeliz. O rapaz não tinha oque fazer, se atirasse não conseguiria destruí-lo, apesar de ter enchido a Morte de tiros, o demônio era diferente, com certeza muito mais poderoso, sabia que infelizmente Maely era a única que poderia enfrentá-lo. A opção era esperar friamente para ver oque aconteceria, e torcer pra que nem ele e muito menos ninguém sentisse sua presença.
Maely e Steven estavam sentados em sua sofá com olhar fixo no doutor, corpos os rodeavam, alguns no chão e no sofá, o demônio estava com o Trishula em sua mão direita e o olhava admirado.
— Qual a sensação de fracassar de novo? Maely não respondeu o homem, apenas o olhava o encarado.
— Não precisa ficar com medo mais, chegou o momento de dominar esse mundo que já era a muito tempo para ser meu. Disse o demônio andando de um lado para o outro. A garota não dizia nada, estava muito furiosa mas sabia que não podia agir sem pensar naquele momento, o conflito não adiantaria nada, pois apesar de os poderes serem opostos, as forças eram iguais, sendo assim não conseguiria distanciá-lo.
— Depois que te destruir, vou tomar posse de meu reinado e construir meu exercito. Mesmo que não queiram me servir, não terão escolha, pois a fome vai falar mais alto, e a guerra será eterna como eu. Disse o doutor, percebendo que Maely estava o ignorando, ela tentou amedrontá-la. — E vou matar tanto você quanto seus amigos, começando por esse traidor aqui, esse infeliz! O homem pegou Steven pelo pescoço e só com uma mão ergueu para o alto, deixando seus pés suspensos. —Eu não devo lealdade a você, e sim ao Lariech. Disse o historiador quase sem fôlego. —Então vá ser leal com ele no inferno! O homem jogou Steven em cima de uma mesa onde tinha muitos vasos que se quebraram, com sua queda o lustre muito luxuoso que estava no teto caiu em cima dele o esmagando no chão, sem coragem de olhar, SH mesmo não querendo viu o que havia acontecido com o amigo e se desesperou. Maely mesmo apavorada com que viu, se manteve firme e tentou ser mais fria possível, Steven que ainda estava vivo, agonizava surpreso com o comportamento da amiga que aparentava não estar preocupada com ele. SH estranhou, mas quem não estava gostando nada dessa frieza da garota era o demônio que batia o tridente no chão com muita raiva.
— O próximo a ser destruído será aquele seu amiguinho bobo que acha que te proteger, vocês formam um casal ridículo. Disse o homem fazendo mímicas. SH ficou muito nervoso com oque ouviu, se sentia fraco por não poder ajudar a amiga, mas se segurou como pode, controlando sua raiva.
— Você vai ver quem é o amiguinho bobo, seu imbecil. Disse o rapaz pensando consigo mesmo. — Mas agora é a sua vez, infelizmente não poderá ficar para ver o meu reinado, porque vai pro inferno primeiro! O homem pegou o tridente e com as pontas dele tentou atingir o colar, percebendo que Maely estava em risco, SH atirou em direção ao demônio, atingindo a mão, evitando assim que conseguisse oque desejava. Rapidamente o demônio procurou de onde veio aquele tiro, percebendo que era de suas costas, foi em direção a cozinha, aonde Steven estava escondido, nisso o agente correu para os fundos, fugindo como podia. Maely pegou o Trishula do chão e segurou em suas mãos, enquanto o demônio perseguia SH, nem ela sabia quem havia atirado, estava tão nervosa que não conseguia pensar no amigo, não desconfiando que ele estivesse ali. Mas o demônio já suspeitava quem fosse que tinha atirado, e logo, começou a procurá-lo por todos os cômodos da gigante mansão, a sorte de SH foi que conseguiu encontrar um caminho, saindo do quarto de hóspedes e entrando direto na sala surpreendendo a amiga que arregalou os olhos quando o viu.
— Oque está fazendo aqui SH? — Eu vim lhe buscar. — O demônio vai te matar, você está louco? Disse Maely tentando o esconder. — Não May, estaria louco se te deixasse sozinha. Se tivermos que morrer, vai ser juntos. Oque o homem falou, tirou um sorriso do rosto da garota que estava muito preocupada.
— Vamos sair daqui logo. Disse Maely segurando a mão do amigo. — Calma May, não podemos deixar Steven. SH pegou o amigo no colo e saiu junto a Maely correndo, o desespero foi tão grande que a garota deixou o objeto mais importante pra trás.
— SH, eu esqueci o tridente lá no sofá. Eu vou buscar. — Espera May, vamos juntos, nunca que vou deixar você sozinha novamente. Disse o rapaz colocando o amigo dentro do carro. Quando voltaram para a mansão, não encontraram apenas o tridente, mas também o doutor com o Trishula em sua mão, oque os deixou furiosos.
— Ué, já voltaram? Estão com saudades de mim assim? — Não viemos para ouvir suas ironias, entregue o tridente. Disse SH apontando a arma para direção do doutor. Com a ação do rapaz, o demônio começou a gargalhar se segurando no sofá.
— Como pode ser tão tolo? Não me faça rir. —Pare com seu teatro e entregue isso logo. —Nunca! Nem que eu fosse covarde igual você. O demônio estendeu a mão na frente de SH, nisso com um simples fechar de mão, um vento jogou o rapaz para fora da mansão, indo parar no jardim. Maely ficou assustada e ao mesmo tempo preocupada com o amigo que parecia ter se machucado, porque a queda foi feia. —Você só sabe fazer o mal para os outros?
— E ainda acha só? É muito difícil ser mal, mas eu tenho talento. Maely ficava nervosa a cada palavra que o homem falava, não tinha medo dele mais, até porque tinha amadurecido e sabia que o seu poder era igual ao seu inimigo.
— Não sabe oque é o amor? — Sei, mas isso é opara os fracos. — Então prefiro ser fraca. — Não entendo pessoas como você. — E porque? Perguntou a garota com a mão esquerda segurando o colar. — Sabe, eu não vejo sentido em amar, o amor faz todos sofrerem, eu sei que você sofre por causa de seu namoradinho, e caso não soubesse oque é o amor, talvez não sofreria tanto. O homem se sentou no sofá com o tridente na mão, Maely estava o estranhando, principalmente porque ele estava falando de um tema que era provável nunca ter sentido em seu coração.
— É engano meu, ou você já amou? O demônio olhou para a garota meio assustado, e logo se recuperou se mantendo frio.
— Nunca, só sei que o amor e o ódio se completam. — Como assim? — O amor é um sentimento que muitos não querem sentir, mas quando o possuem podem ficar até loucos, e o ódio tem a necessidade da existência do amor, porque quanto mais você reservar seu amor a só uma pessoa, quando se decepcionar, irá transformá-lo em ódio. — Tá, mas e o amor ao próximo? Disse Maely se sentindo um pouco mais à vontade. — Isso daí eu não sei, e nem estou interessado em descobrir. Oque sei nesse momento é que você não vai sair daqui viva. Maely se afastou do homem, mas não queria fugir apenas temia a um ataque surpresa, mas segurava o colar a todo momento.
— Chegou a hora de eu te mandar para o inferno, mas não leve isso a mal, até porque estou lhe fazendo um favor. O homem segurou o colar de Maely na mão com os olhos firmes.
— Não se preocupe, eu vou te livrar de suas fraquezas, e a sua depressão, pois depois
da morte não poderá ser mais fraca do que já é.
— O único fraco aqui é você, eu não tenho medo da depressão, sei que com o apoio de meus amigos, serei outra pessoa, eu já sou outra pessoa. — Sim, você é uma outra pessoa, tanto que merece uma moradia nova. E essa mordia é o inferno! A garota percebendo que o coração seria destruído porque a mão do demônio estava coberta por uma energia negra, ela segurou o colar dele que estava muito quente como as chamas do inferno, aquele calor possuiu seu corpo oque a deixou cada vez mais agitada, tinha a sensação que seus ossos sairiam pra fora, e suas células morreriam. E na realidade era exatamente isso que estava acontecendo, mas não só com ela, o doutor também não conseguia entender oque ocorria, a cada momento se sentia fraco, se segurando apenas no colar da moça para não desabar no chão. Os corações estavam em conflito, o bem e o mal se misturaram oque não era um bom sinal, nenhum dos dois sabia as consequências de ter permitido que essa junção ocorresse, e quando Maely tentou tirar suas mãos do colar não conseguiu, estava completamente presa. E pelo que via o homem também se encontrava na mesma situação, porque estava apavorado com os olhos arregalados e aparentando estar fraco. Em poucos minutos, os colares se atraíram e quando pareciam que ia se juntar para formar apenas uma joia, uma explosão gigantesca separou os dois indivíduos, cada um indo apara um lado. Maely voou longe, indo parar no jardim ao lado do amigo que acordou assustado, e o doutor não saiu da mansão, foi lançado em uma porta a destruindo, e por causa do impacto da explosão a terra tremeu, oque fez SH não conseguir se levantar. Estranhamente outra explosão aconteceu na mansão e quando menos esperava, o imenso refúgio do demônio desabou sobre ele com todas suas ambições juntos. Com medo que estilhaços atingissem a amiga, o rapaz pulou sobre a garota que estava sangrando desacordada. Após a poeira baixar, o agente se levantou e ficou aliviado quando não sentiu nada em cima de si, mas ficou desesperado quando lembrou que a amiga estava ferida, e rapidamente pegou ela no colo e a levou até o carro, agora tinha dois feridos em sua responsabilidade, oque não era fácil, pois eram as duas pessoas mais importantes de sua vida. Mas antes de levá-los e ainda muito abalado, tinha que ser frio para poder encontrar o tridente e pra sorte de todos, não precisou de muito tempo para encontrar, bastou subir nos escombros e levantar algumas pedras que era oque havia restado da mansão e pegar o tridente que não possui-a um só risco. Nisso, SH limpou o objeto na camiseta e correu ao seu carro sem olhar para trás. Com o nervosismo tomando conta dele e pra piorar, o trânsito ruim, por causa da destruição que os lobisomens causarão, SH tomou um pouco de água que tinha em uma garrafa tentando se acalmar, e preocupado com que os amigos não resistissem por muit0o tempo, procurou um caminho mais tranquilo e felizmente encontrou rápido. Apesar de todo o transtorno passado, SH chegou em tempo ao hospital e coo era uma emergência, logo seus amigos foram atendidos, Steven não precisou passar por cirurgia, ele ficou bem em poucas horas, só precisou mesmo de alguns curativos básicos e enfaixar o braço, pois havia quebrado. Mas Maely, infelizmente não estava na mesma situação do colega, já fazia horas que ela não acordava e segundo os médicos precisaria passar por uma cirurgia arriscada, e quem teria que passar essa informação para SH, era Steven que temia a reação do amigo. E quando o rapaz percebeu que o amigo estava caminhando em sua frente, com alguns curativos, abriu um sorriso em sua frente, com alguns curativos, abriu um sorriso, feliz por ele estar bem, mas, ao mesmo tempo, se preocupou com a ausência de Maely, significando assim que ela não estava bem.
— Cadê May? — Sente-se aí SH, preciso lhe contar uma coisa.
O rapaz se sentou rápido, e ansioso para ouvir oque o amigo queria falar, ele ficou com a mão no braço enfaixado do homem que estava machucado.
— Fala Steven, oque aconteceu com a May? — Ela vai ter que fazer uma cirurgia. — Uma cirurgia? Mas porque? Perguntou SH muito ansioso. — Uma cirurgia de risco segundo os médicos, eu não sei muito bem oque significa, mas ele me disse que a May perdeu muito sangue e teve hemorragia, e vai precisar de uma transfusão de sangue. SH colocou as mãos na cabeça, desesperado com lágrimas nos olhos, sentia que podia perder a amiga dessa vez.
— Ele deu alguém prazo para essa transfusão ocorrer, Steven? — Não, mas me disse que ela não está bem, se o estado dela se altera, não sei oque será de nossa amável amiga. Disse o historiador colocando a mão no ombro do agente. — E agora Steven, oque vamos fazer? — O jeito é esperarmos e torcer pra que tudo dê certo. Os dois homens ficaram pensando no que fazer, em como livrar a amiga da cama do hospital, não bastaria apenas torcer e aguardar, tinham que agir e logo. E pensando nisso o rapaz conseguiu encontrar um caminho que seria esperançoso e muito importante, lembrou que era doador de sangue e como Maely já tinha desse seis anos de idade, ficou com a esperança de poder doar sangue a amiga.
— Steven! — Oque foi SH? Perguntou o homem assustado, pois estava destruído. — Meu tipo sanguíneo é O positivo, será que eu poderia doar o sangue para a May? — Depende. — Depende do que homem? Perguntou o agente se aproximando do amigo. — Não sabemos o tipo sanguíneo de Maely, se esqueceu desse detalhe? — Não, mas espero que seja competitivo ao meu. Com muita pressa, o agente procurou o médico responsável pela garota e logo o encontrou, quando disse que se voluntária a doar o sangue que tanto Maely precisava, o doutor se sentiu aliviado pois o número de doadores reduziu a cada dia. E logo SH soube da notícia boa, Maely era O positivo, uma coincidência do destino que fez a alegria de todos, mas como ela ainda estava desacordada e muito mal, esse transplante não seria possível tão cedo, oque o deixou preocupado. Após as cirurgias forem um sucesso, Maely ficou internada no hospital, sem uma data mascada tanto para o transplante quanto para ter alta e voltar para casa, mas SH não se cansaria, pediu folga no trabalho e ficou no hospital para acompanhar e cuidar da amiga, o ruim de tudo era que não podia visitá-la muito, pois ela precisava repousar por horas. Nesse período, Steven ficou responsável praticamente por todos os negócios dos amigos, e olha que não era pouco, até as palestras que Maely fazia, ele teve dar um jeito e executá-las, mas pra sua sorte levava jeito para deixar as pessoas bens, até porque sabia do que estava falando, pois tinha feito faculdade de psicologia e sempre foi o orador de suas turmas escolares. Enfim, depois de muito tempo, o dia da transfusão havia chegado oque só fez voltar a tensão do rapaz que não conseguia parar sentado, mas tudo ocorreu como ele desejou, Maely já estava bem em algumas horas e em breve poderia receber visitar oque só deu estímulo ao agente que espalhou a notícia para seus amigos. Até o deus estava preocupado com a garota, havia adquirido um carinho muito especial por ela, e quando soube da notícia através de SH, pulou de alegria surpreendendo Steven que nunca pensaria em presenciar aquele momento de euforia logo de Shiva. No dia seguinte, Maely estava pronta para receber visitas, e claro que sua primeira foi de seu melhor amigo, SH entrou com passos lentos com um buquê de rosas na mão, e olhava para os olhos da amiga que sorriu timidamente para ele.
— Oi… — Shiiiu… Disse o homem interrompendo a amiga. - Não fala nada, deixa eu ouvir seu coração primeiro. O rapaz cuidosamente, abraçou a garota que não conseguiu fazer o mesmo pois tinha aparelhos em seus membros, mas pode sentir o calor do amigo, depois de tanto tempo, separados, era hora de matar a saudade.
— Eu soube que você ficou no hospital todo esse tempo que eu estive aqui. — Era o mínimo que podia fazer May. — Logo eu saio, e vamos para casa. — Sim May, mas o importante é você ficar bem, não se preocupe com o tempo, pois não vou lhe deixar sozinha. Disse o rapaz segurando a mão da amiga. — Mas e o tridente, oque aconteceu com ele? — Nada, eu encontrei no mesmo dia, e entreguei para Shiva, mas soube através de reportagens que o corpo do demônio foi encontrado. — Sério? Perguntou a garota se levantando rapidamente. Preocupado com a amiga, SH se levantou e ajudou ela a se deitar de volta.
— Sim, estamos livres dele May, graças a você. — Quer dizer então que estamos com mais chance de curar o mundo? — Pois é, estou muito feliz. — Eu também, tudo valeu a pena. Vem me dar um abraço homem. Disse a garota abrindo os braços para o amigo que correu abraçá-la. Com o passar de alguns dias, Maely saiu do hospital acompanhada do amigo, a vida dos jovens estavam se encaminhando bem, com o dinheiro do trabalho de cada um, os trios de amigos construírem suas casas no mesmo local em que foram destruídos, SH agora morava separado de Steven, pois estava namorando com Ana e precisava de uma vida a dois. Todos estava dando certo para todos, não só Nova Iorque mas como o mundo os considerava heróis, por ações como livrar a cidade dos lobisomens, e desmascarar o farsante que estava sujando o nome de Lariech, além de prender o assassino de Lary, a situação enfim estava favorável a eles. Mas oque mais deixava Maely feliz era que enfim tinha se livrado da depressão, tinha momentos em que ela parava e ficava quieta por alguns minutos, muitos ao seu redor pensavam que ela estaria triste, mas, na verdade, lembrava sobre seu sofrimento, das noites que não dormia por causa das ilusões, os dias em que vomitava para não engordar, os momentos em que pegava muitos litros de bebidas alcolicas e se embebedava até cair no chão. As tentativas de suicídio que graças a deus falhavam, e as compulsões que quase a levaram a óbito, Maely não se envergonhava de ter passado por tudo isso, mas se orgulhava por ter superado. Gabriel ajudou muito nesse processo mas ela sabia a quem deveria ser grata, uma pessoa que sempre estaria ao seu lado, em qualquer situação, e esse indivíduo veio a animar, pois estava encostada em uma árvore pensando.
— SH, obrigado por você ter me apoiado desde o começo. — Não precisa agradecer May. Disse o homem sentando ao lado da amiga. — Precisa. Eu sei que errei muito, mas aprendi o dobro, e não poderia ter alcançado esse momento de hoje se não estivesse você me apoiando sempre. — Mas May, eu não fiz nada demais. Tentou ser modesto SH. — Fez algo que pensava ser impossível? — Oque May? — Que a felicidade existe de verdade, eu achava que era ilusão. — Eu também, só falava para te animar. Mas quando conhecia Ana senti que a felicidade existe, e sei que ela pode me fazer feliz. Maely olhou para o amigo, que falava com o olhar sereno, e percebendo que ele estava apaixonado, ficou feliz.
— Está apaixonado por ela mesmo hein? — Muito, ela me deixa bobo só com as palavras, sou o homem mais feliz do mundo! E era mesmo, SH que havia se decepcionado com tantas coisas, agora vivia feliz ao lado de sua amada, tudo tinha dado certo, com muito trabalho mas havia conseguido enfim, e aos poucos construía uma família. Superou também a morte de Junya que apesar do tempo, a dor ainda o castigava mas havia superado, com o passar de anos teve uma filha com sua amada, chamada Sophia, claro que a alegria foi imensa, tanto dele quanto de Ana. Mas a morte de Junya fez ele se motivar a criar uma campanha para o tratamento de câncer infantil, essas palestras estavam dando resultado, pôs o remédio Recnac tinha enfim sido liberado completamente para todos as classes sociais, a única que pagavam eram as médias pois o dinheiro era investido nas palestras e na produção do remédio, mas o mais importante do tratamento de câncer não era apenas dependente do comprimido milagroso, mas o apoio de familiares, amigos e pessoas próximas era o essencial, além de os exames de rotina que poderia dar um bom avanço nos tratamentos, pois quanto mais cedo descobrir a doença, as chances da cura serão maiores. Como gratidão, o governo dosa Estados Unidos queria fazer estátua dos três jovens, mas ambos recusaram, preferindo construir uma de Lariech e outra de Lary, com uma placa escrita “Os grandes heróis da medicina”. Pois era mais do que justo essa homenagem ao dois homens mais importantes da história dos Estados Unidos, os seguidores dos eternos doutores ficaram felizes com o feito, mas como infelizmente sempre acontece, teve indivíduos que não estavam nada contentes com tudo isso, aquela alegria de Maely estava incomodando alguém e quando tudo parecia incomodar alguém e quando tudo parecia estar perfeito, uma noite de lua cheia com um clima fresco seria marcada por um fato estranho e incompreensível. Quando Maely foi se deitar, Gabriel já estava dormindo e após desligou o abajur, não conseguiu dormir, nisso ela começou a ficar desesperada, porque fazia muito tempo que isso não acontecia, a última vez foi na época que ainda era vítima da depressão e das ilusões. Mas como já estava curada não ligou e tentou dormir, mas pra sua infelicidade, quando se cobriu com o cobertor, algo o puxou para baixo e percebendo que não se tratava de seu namorado que continuava dormindo, acendeu a lâmpada mas não viu nada, mas quando desligou, algo a tocou, nisso ela gritou, acordando Gabriel que caiu da cama só de cueca.
— Oque aconteceu May? Perguntou o garoto descabelado. — Eu acho que vi… — Viu oque? Maely não disse nada, temeu a contar que poderia ter visto uma visão, pois Gabriel poderia pensar que ela tinha voltado a se drogar e beber, até porque ele não sabia sobre tudo que tinha acontecido realmente com sua namorada.
— Não é nada, eu só vi uma barata. — Tanto escândalo por causa de um inseto, até parece que esses bichos vão lhe devorar. Disse Gabriel, voltando a se deitar. Gabriel era um pouco ignorante mesmo, oque deixava a garota muito furiosa, diversas vezes as causas das brigas do casal era esse jeito do garoto que era insuportável. No dia seguinte Maely correu a casa de SH para poder desabafar, e pra sua sorte ele ainda estava lá, só que acompanhado de sua mulher que era muito ciumenta, oque deixava a garota meio receosa. Dizendo que era um assunto importante, Ana ficou mais tranquila mas se manteve ao lado de seu amor, ouvindo a conversa.
— Oque aconteceu May? Perguntou o agente. — Quando me deitei para dormir, a insônia parecia que tinha voltado, porque não consegui adormecer. Mas aí quando fui me cobrir, algo puxou meu cobertor, nisso liguei a luz rápido. E o mais estranho é que algo me tocou depois, oque me deixou muito apavorada.
—Pode ter sido apenas uma impressão. Disse Ana olhando para a garota. Maely se aproximou do casal com os olhos marejados.
— Eu tenho medo que minha depressão tenha voltado de novo. — Não May, você sabe que Holm já morreu, e o doutor também, então talvez seja apenas uma visão mesmo. — Mas e a Morte? — Eu enchi ela de bala, May. Disse o rapaz gargalhando. — Sim, mas ela é imortal, e se ela voltar? — Não havia pensado nisso. Mas qualquer coisa estranha que acontecer, liga para mim, e se acontecer algo comigo faço o mesmo. — Está bem SH, obrigado. — Está tudo ótimo, mas até agora não entendi do que vocês estão falando. É de um filme de ficção ou terror? Perguntou Ana, não entendendo nada. — Depois te explico, afinal a história é muito longa. Após tirar um peso da alma desabafando para o rapaz, Maely ficou um pouco tranquila e voltou para casa confiante de que sua depressão não tinha voltado. As noites foram passando e ela percebeu que nada de anormal tinha acontecido, pra sua felicidade, ela enfim estava curada da depressão e mesmo jovem se tornou uma ativista dos Estados Unidos, por sua causa os números de pacientes que não alcançavam a cura da depressão, tinha reduzido quase cem por cento, claro que com o apoio e o investimento de seus amigos, ajudou bastante nessa caminhada. As semelhanças entre ela e o doutor Lariech eram muitas, ambos tinham o mesmo objetivo que é curar o mundo, dedicaram parte de suas vidas para tornar possível seus desejos, não tinham medo de ninguém, defendiam suas teses com uma coragem de se invejar, e mesmo quando errassem, sempre tentavam fazer de tudo para ver seus pacientes felizes. Mas as diferenças eram mais marcantes, Lariech não era nada inseguro ao contrário de Maely, claro que para a garota, essa jornada tinha um significado a mais, a superação era a palavra que podia defini-la, o doutor não teve oque superar, sabia bem oque estava fazendo, mas mesmo após a sua morte conseguia se assemelhar a jovem. Os dois eram doutores de diferentes áreas, Lariech da medicina, salvando pacientes com câncer e reduzindo o número da doença, impedindo que ela resistisse com a ajuda de seu remédio, já Maely fez o impossível para salvara seus pacientes de uma doença que estava aumentando a cada dia, e silenciosamente, destruía famílias, e sentindo na pele o sofrimento dessas pessoas, a maioria jovens, ela assumiu essa responsabilidade com uma coragem que nunca imaginou possuir e com muita competência concretizou tudo com perfeição. Existia dois heróis dos Estados Unidos, ambos eram fortes para superar suas fraquezas, e fracos para se preocupar com si próprio, Lariech e Maely eram os responsáveis pelo mundo ter não se livrado, mas ter se soltado de algumas correntes que prendiam diversas pessoas em doenças que existiam cura sim, bastava querer investir e ajudar esses pacientes que tanto precisavam. Apesar de ser muito ciumenta e sensível, a garota continuou a namorar com Gabriel, claro que ainda brigavam muito, mas todo relacionamento tem dessas coisas, o importante era o amor não acabar, e isso não aconteceria nunca se dependesse dela, e SH era a mesma coisa, não largaria Ana nem se ela quisesse, apesar de parecer durão, ele sempre foi um ser sensível e compreensivo, claro que muito ciumento, mas tinha muitas qualidades oda mulher precisava. Mas mais de que uma relação, essas pessoas que entraram na vida do casal de amigos, formaram uma única família que poderia se chamar amizade, sempre se reuniam pra conviver momentos juntos, bons ou ruins, claro que Shiva e Steven não se afastaram dos amigos, mas eram um pouco mais conservadores e se tornaria bons amigos, companheiros um do outro, como pai e filho. E em uma tarde de clima agradável, Shiva que se sentava a janela para ler seu jornal, algo de estranho havia acontecido, o deus ficou paralisado sem mexer nada de seu corpo,
nem o vento lá fora atingia o jornal, com o passar de algumas horas Steven sentiu falta do homem e foi ver se ele estava bom, nisso se surpreendeu com o velho de olhos fechados, imóvel a cadeira, preocupado o historiador tocou o deus várias vezes tentando despertá- lo.
— Senhor? Acorda senhor, por favor! Disse Steven balançando o homem. O tempo foi passando e Steven ficava desesperado, não sabia oque fazer, até porque não se tratava de um ser humano que pudesse levar para o hospital, mas de um deus que não tinha nenhuma documentação verdadeira e se sentia completamente diferente do século que vivia atualmente. Talvez fosse mais uma mania de deuses, mas quando colocou a mão no pescoço do homem, percebeu que a serpente que sempre se encontrava enrolada não estava no pescoço dele, oque o deixou intrigado, pois aquela cobra não saia do deus por nada, até porque tinha u significado muito importante e poderoso. Steven sabia que o sumiço daquela serpente não era um bom sinal, mas tentou se acalmar e aguardar na esperança de o deus acordar, mas a cada hora que passava, sua aginia aumentava, e pra piorar não poderia contar seus amigos, pois não queria estragar o momento tão feliz que estavam vivendo, mas teria que falar a verdade em algum momento, oque só aumentava sua tensão. E pra tentar aliviar essa dor, depois de alguns dias, o homem ligou para o amigo que ainda estava de férias com sua família, acompanhada de Maely e Gabriel no Havaí.
— Oi Steven, está tudo bem? Disse o homem, atendendo o amigo pelo celular. — SH, algo de muito estranho esta acontecendo com Shiva. — Oque homem? Diz logo oque acontecer? Após falar sobre o comportamento do deus para o amigo Steven ficou mais desesperado, achando que não teria sido uma boa ideia ter contado aquilo para o amigo que ficou muito preocupado.
— Se acalme Steven, eu não vou falar nada para a May, mas logo voltar para Nova Iorque e tudo se resolverá o.k.? — Está bem SH, espero que fique tudo bem, qualquer coisa eu ligo. — Certo, até mais. Disse o rapaz desligando o celular rapidamente, por causa da amiga que veio até ele. — Quem era SH? — Steven, ele disse que estava com saudades e pedia pra voltarmos logo. — Mas ele está bem? Perguntou Maely. — Sim, é só saudades mesmo. SH evitando que a amiga fizesse mais perguntas, guardou o celular e chamou Ana, cortando o assunto, mas Maely era muito inteligente e claro que percebeu o nervosismo do amigo, mas guardou sua dívida consigo mesmo. Longe dali, um ser andava por um corredor escuro e estreito, o chão se encontrava sujo com poças de água em alguns lugares, que provocava o barulho dos passos do homem que caminhava lentamente até onde queria chegar. Por a escuridão fazer parte do local, teve que ligar uma lanterna para não se perder, ou até escorregar nas poças que eram causadas por canos furados que pingavam lentas gotas que caiam ao chão, e quando virou em um caminho que conhecia bem, o homem tirou do bolso uma chave e abriu uma porta de ferro e entrou em um corredor muito mais estreito e escuro, mas aparentava não temer a nada e em certo ponto, parou e desligou a lanterna oque fez um indivíduo falar algo.
— Quem esta aí? Disse o indivíduo. O homem não deu nenhuma resposta, apensa tirou as correntes dos braços e pernas do indivíduo, o livrando da prisão. A voz mesmo rouca era fácil de se identificar que pertencia a uma mulher, e quando saiu das correntes ela tocou no homem, tentando saber quem era.
— Quem é você? Vamos me responda, porque veio me ajudar?
A mulher não recebeu resposta, oque a deixou muito nervosa.
— Eu exijo ver sua face agora! Quando disse isso, o homem ligou a lanterna e colocou em direção de seu próprio rosto, oque a deixou assustada, não imaginando ser a pessoa que se encontra em sua frente.
— Phili? Oque você está fazendo aqui? — Eu vim lhe buscar!
A minha inspiração para construir essa obra, foi pensamentos e ideias gerados ao longo de minha infância e amizade com Maely, antes de me perguntarem porque escolhi Coração de Rubi como um título, lhes convido a pensar como eu: Um coração é uma joia rara dada por Deus, não podemos danificala com a maldade desse mundo, apesar de o diamante ser a joia mais resitente, escolhi o Rubi por ser simples, lindo e apaixonante. Por isso, pensem e façam sempre o bem, proteja essa joia da maldade e odio desse mundo, vale a pena tentar mudar.
NĂŁo deixe as pessoas sozinhas, mate o orgulho que tem dentro de si. Se torne uma pessoa boa e ajude a todos que te pedirem, isso lhe fara feliz!