Carta do autor Caro leitor, Fico muito honrado em apresentar a vocês esse novo livro, um conto para os adolescentes. A ideia de escrever Mina Loka veio da minha frustração de não poder defender as mulheres de vários assédios e violência que sofrem no dia a dia. Na maioria dos dias em que estou se encaminhando ao meu trabalho, vejo como é ruim ser mulher em uma sociedade tão machista e desigual. Assovios, nomes indecentes e até gestos, são exclamados no meio de todos sem quaisquer preocupações, e isso me deixa cada dia mais frustrado por não poder fazer nada para impedir essa violência.
NĂŁo estou generalizando e nem contra os homens, mas sim contra as violĂŞncias que sĂŁo causadas pelo machismo. Stefen Hermenegildo
Todos direitos autoriais reservados ao autor. Stefen Hermenegildo
ANO 2018
Dedicado a todas leitoras, e a todos que continuam lendo minhas histรณrias. E claro a minha querida avรณ.
Índice Mina Loka................................................................................1 Carta do autor...........................................................................2 1 – Coraçã♀ quebrad♀............................................................7 2 – ♀ inicio.............................................................................13 3 – C♀varde...........................................................................19 4 – Desapeg♀.........................................................................27 5 - ♀portunidade....................................................................46 6 – Crueldade.........................................................................50
1 – Coraçã♀ quebrad♀ Já estava próximo do meio dia, e o tédio que a escola me fornecia gratuitamente ao longo do dia, se dissolvia aos poucos. Faltavam só 20 minutos para sair desse inferno e entrar de férias, a minha tão esperada, férias. Maria era minha melhor amiga e apesar de ser linda, não era muito popular na escola, diferente de mim que parecia até uma artista. Com um de seus fones no ouvido, ela se aproximou de mim que se encontrava encostada na porta, de pé, só esperando o bendito alarme tocar para sair feliz e saltitante. — Qual a sensação de saber que daqui alguns minutos viajará com seu namorado para Angra dos Reis? — Nem sei explicar amiga. E Bob, não te ligou mais? — Não, talvez ele esteja ocupado. - disse, se encostando na porta. — Maria, olha lá hein, não vá deixar esse garoto te iludir. — Ah, lá vem você de novo com isso.
— Santo ele não é, já está há três dias sem mandar uma mensagem pra você, e pelo que sei, não levou nenhum tiro porque notícia ruim chega mais rápido do que dívida. — Não bote grilos em minha cabeça não. Aff! reclamou, indo para o fundo da sala. Maria era muito inocente, se fosse eu, já teria ido na casa dele e feito um escândalo, mas ela sempre teve esse jeito calmo que muitos garotos se aproveitam disso. O alarme, enfim tocou, e eu sai correndo feito uma desesperada, esbarrando em um monte de gente, principalmente nas invejosas que ficaram me xingando. Atravessei a rua da escola que não era muito movimentada, na realidade nem passavam carros ali, e se joguei nos braços de Luiz que estava lindo com seu macacão de motoboy, sentado em sua moto. Toda vez que saia da escola, ele estava a minha espera e sempre me levava para dar uma volta em sua moto, mas desta vez estava mais feliz, porque sabia que dali partiríamos para Angra dos Reis, onde ficaríamos juntinhos um mês inteiro. Seu rosto de bebê e seu topete com luzes, me deixava louca. Tratei então de beijá-lo, mas estranhamente ele se afastou.
— O que foi? Não quer meu beijo? — Eu não quero mais namorar com você. — Como assim? - perguntei assustada. — Não quero mais… eu sou jovem e preciso aproveitar a vida … e também minha mãe vai se mudar pro Rio de Janeiro, então vou junto com ela. — Mas eu poderia ir junto, isso não é motivo pra terminarmos, até porque podemos aproveitar a vida junto. — Lógico que não! - me interrompeu – seus pais nunca deixariam você se mudar pro Rio. — Amor, então a gente poderia ficar se falando pelo celular, aí quando desse, você vinha me visitar. Juro que esperaria. - juntei as mãos, o olhando. — Não Isabela, eu não quero que passe por esse sacrifício. — Que sacrifício? Não é nenhum sacrifício… não estou te entendendo amor. Luiz segurou em meus braços, e começou a me chacoalhar grosseiramente. — Eu não quero você! Me entendeu? Acabou Isabela, acabou!! Porque é tão difícil pra você entender isso?!!
— Para de gritar, você está me machucando! reclamei, enquanto me chacoalhava. — Só assim pra você me entender garota! - gritou, me empurrando no chão. Furioso, Luiz montou em sua moto e saiu pela calçada mesmo, sem nem ligar para o meu estado. Sua agressão verbal e física me deixou no chão, chorando feito uma idiota. Esmurrava o chão e gritava feito uma louca, estava com muita raiva de mim mesma, mas pra minha sorte, Maria apareceu do nada e me abraçou, se sentando ao meu lado. — Aonde você estava Maria? - perguntei, soluçando de tanto chorar. — Bob me ligou e disse que não queria mais nada comigo, aí fiquei dentro do banheiro chorando, e só agora consegui parar. — Sinto muito amiga, estou sofrendo a mesma coisa, o covarde do Luiz terminou comigo e ainda me agrediu… meu braço está doendo Maria, meu coração está pior ainda. — Deita aqui, minha baixinha. - ofereceu seu colo, para deitar minha cabeça. — Qual foi meu erro Maria? O que eu fiz de mal?
— O nosso erro é acreditar neles meu amor, se doamos demais a eles, e sempre escolhemos os caras errados. — Não existe homem bom, odeio esses homens. Maria beijou minha testa e segurou minha mão. — Vamos ser felizes juntas, temos que curtir a vida amiga, somos lindas e jovens. — Como ser feliz? Eu amo o Luiz. — Eu sei, também amo o Bob, mas eles não nos querem mais. — Será que Luiz tem outra? — Talvez, mas não pense nisso agora, você vai ficar pior. — Me ajuda amiga, por favor… meu coração está doendo muito, nunca pensei que sentiria isso. — Ei! Levanta a cabeça mulher, não podemos ficar assim por causa deles, agora já devem estar com outra e você está aí, sofrendo. Pensei por alguns segundos no que me disse, e apesar de estar com o coração destruído, cheio de ódio, concordei com Maria. Eu era linda, e tinha que se valorizar. Não poderia ficar chorando mais por causa de homem. Sou uma garota linda, ostento um cabelo
crespo e uma pele morena que é de dar inveja em qualquer uma, e meu corpo é sexy. E se me chamam de exibida, não estou nem aí, é dever da mulher ser exibida e mostrar sua beleza. Ter amor-próprio é exibição? Então eu sou exibida a nível extremo. — Você está certa, vamos ter amor-próprio! - disse, enxugando as lágrimas e se levantando. Saímos abraçadas, juntas como sempre, dessa vez com algo diferente. Não estávamos mais dispostas a sofrer por amor, e por caras que não nos valorizam, somos lindas, e essa beleza vai fazer eles sofrerem e voltarem se rastejando aos nossos pés como idiotas que sempre foram.
2 – ♀ inicio Ao amanhecer, liguei meu celular e não vi nenhuma mensagem. Maria deve estar dormindo, pensei. Então liguei algumas músicas do meu grande amor Shawn Mendes, mas como suas músicas eram muito românticas, preferi ficar no silêncio. Estava evitando qualquer coisa que me fizesse lembrar de amor. Então tomei banho e como já estava de férias, procurei algo de bom para fazer, como minha mãe sempre dizia, a melhor coisa para esquecer os problemas é limpar a casa, então fiz isso. Fiquei por volta de 3 horas limpando meu quarto, aproveitei também para jogar as fotos de Luiz fora e seus presentes, mas algo que não conseguia apagar eram as lembranças e seu número de meu celular. Tinha a esperança que algo de inacreditável acontecesse e ele se arrependesse ou me desse uma boa explicação, para poder perdoá-lo. O trabalho havia me deixado exausta, odiava limpar o quarto e por isso só limpava uma vez por semana. Com fome, fui até a cozinha para pegar uma fruta, nisso encontrei minha mãe em prantos, segurando a foto de meu pai. — O que houve mãe, porque está chorando?
— Hoje faz 5 anos que seu pai morreu. — Oh mãe… sinto muito. Ele deve estar bem onde está. - disse, abraçando-a. — Sim, mas sinto sua falta. — Eu sei. Como odiava ver minha mãe sofrer, abracei ela e a convidei para assistir a um filme no meu quarto, mas ela não aceitou. Preferiu ir para o seu quarto e se deitar, claro, chorar escondida. Respeitei sua situação com um peso no coração. Meu pai tinha sido baleado em uma perseguição. A polícia havia lhe confundido com um criminoso e atirou em seu carro. Minha mãe o amava muito e por isso, não havia superado essa tragédia. Ela é uma mulher jovem e linda mas por amor ao meu pai, preferiu ficar sozinha, cuidando apenas de sua vida de mãe. Por volta das 6 horas da tarde, Maria me mandou uma mensagem, me convidando para ir em sua casa, então coloquei meu vestido branco que não era coladinho, e sai apressada rumo a sua casa. Ao passar pela quadra onde Luiz jogava, lugar pelo qual a gente se conheceu, olhei para ver se o encontrava lá, mas não obtive sucesso. Mais adiante, o avistei encostado em uma árvore, beijando uma garota que se
entregava a ele com muito desejo. O beijo que ele dava nela, nunca tinha dado em mim, aquele desejo que demonstrava em seus olhos e as mãos passando pela cintura dela, confirmava que minha pessoa não fazia parte mais da sua vida, nem ao menos de seu passado. Pensei em ir até eles, mas preferi se esconder envergonhada. Mudei meu caminho e se dirigi para uma praça isolada de tudo, ao lado de uma fábrica abandonada onde se encontrava alguns usuários de drogas. Fiquei deitada no banco da praça, chorando. A dor de vê-lo com outra, a amando, era horrível pra mim, doía mais do que um braço ralado ou uma unha quebrada. Continuei a chorar, e quando estava escurecendo, um homem sujo, com diversos machucados no rosto se aproximou de mim, arrastando uma das pernas que estava machucada. Seu olhar sobre mim, me deixou apavorada. Naquele momento eu era uma presa e ele o predador em busca de prazer, então passou as mãos em minha perna e com uma faca na mão tocou em meus seios, nisso fechei os olhos prevendo o pior acontecer. Um barulho forte de uma pancada e em seguida um grito, me fez abrir os olhos espantada com a cena que presenciava. O homem se encontrava no chão, com a cabeça sangrando, supostamente morto, e ao seu
lado, uma garota magra com uma barra de ferro na mão, ofegante, olhando apavorada para mim. — Você está bem? — Acho que não. - respondi tremendo igual a um pintinho molhado. A menina segurou minha mão e me levou até um galpão velho que ficava mais a frente da fábrica. Nesse galpão as portas não existiam mais, a luz do sol invadia alguns buracos que apesar de pequenos, permitiam sua entrada. Se sentei no chão, apoiando as costas na parede que de tão velha parecia estar prestes a desmoronar. A menina se aproximou de mim com um olhar de medo e tristeza. — Aonde você mora? — Não é muito longe. - respondi, olhando para o chão. — Porque veio até este lugar horrível, não sabe que aqui é perigoso? - perguntou, olhando ao seu redor. — Não conhecia muito bem aqui, mas depois de tudo que aconteceu comigo, o melhor seria morrer mesmo. — Porque diz isso? Você é tão jovem.
— Fui traída por meu grande amor. Hoje mesmo o vi com outra. — Nossa, sinto muito. - segurou minhas mãos. — Só confirmei minhas suspeitas, mas não quero falar disso. A menina ficou a me olhar por alguns segundos e então respondeu a pergunta que seria feita por mim em instantes, parecia até que ela tinha adivinhado. — Eu vim parar neste lugar horrível por causa de amor também… confiei na pessoa errada e fiquei desiludida, e hoje se encontro aqui, a base de química para esquecer e sobreviver a esse inferno urbano. — Esses homens só servem para nos magoar. — Sim. Não quero mais acreditar neles, acho que vou morrer aqui, anestesiando minha dor há cada dia com minhas drogas. — Eu acho que podemos resolver esse problema e se libertar dessas dores internas. — Como? - perguntou a menina que se chamava Rosa. — Estou disposta a se vingar desses imbecis. Uma vingança divertida que terá como foco principal, resgatar o tempo que perdemos com eles.
— Interessante, mas será que vai dar certo? — Sim, se você aceitar, poderemos se unir para aperfeiçoar a vingança que já está arquitetada em minha mente. Juntas, seremos imbatíveis amiga. Após pensar por alguns segundos, Rosa respondeu. — Eu aceito. — Ótimo! Prometo que a partir de hoje, seremos mulheres de verdade. Está na hora de nos libertarmos desses machistas. Não muito animada, ela sorriu se mantendo em silêncio.
3 – C♀varde Foco narrador:[Rosa] Isabela estudava psicologia por conta própria, já que ainda não podia cursar faculdade. E seus estudos lhe davam o conhecimento necessário para conhecer alguns comportamentos que identificavam fatores importantes para minha vingança. É claro que ela me passou tudo que aprendeu e me ensinou o comportamento certo que deveria ter. Uma das coisas que toda menina tem o dever de fazer quando conhece a família de seu namorado, é convencê-los de que é uma pessoa de bem. As vezes, é preciso fazer agrados a sogra para ter regalias. O que não pensava, era que essas regalias seriam bemvindas após o fim do namoro. Mesmo após se distanciar deles, os pais de meu ex, continuavam a me ligar, convidando-me para tomar um café em sua casa. Muitas vezes dei desculpas de que estava ocupada, mas desta vez, aceitei o pedido. Ao chegar na casa deles, me receberam com abraços e beijos. Mesmo que fosse falsidade, estava bemvindo no momento. — Estava sumida. Por onde andava Rosa? perguntou a velha.
— Estudando, só tive tempo esse mês de férias. — Você continua linda. — Obrigada. - agradeci a velha. O velho não dizia nada, só nos servia com bolo e café. Enquanto a mãe de Denis, falava até demais. — E você Rosa, já está namorando? — Não… ainda né. - provoquei, sorrindo. A velha encostou as costas em uma cadeira e após assoprar mais de 5 vezes o café, voltou a atenção para minha pessoa. — Estou preocupada com meu filho, sinto que ele pode estar fazendo alguma coisa de errado na rua. — Porque essa desconfiança? — O comportamento dele está estranho, quando chega da rua, entra correndo pro quarto, não fala com ninguém, e quando lhe chamo para jantar, diz que não está com fome, que já comeu. Mas o que mais me preocupa, é que vive falando em dinheiro, dizendo que quer ser rico e sair daqui. — Muito estranho, porque quando namorávamos, ele não pensava tanto em dinheiro. — É isso que me preocupa. Será que poderia me ajudar a descobrir o que está acontecendo com ele?
— Que isso bem? Não pode exigir nada de Rosa, eles não estão mais juntos. - abriu a boca, o velho. — Não estou exigindo, apenas queria que ela me ajudasse. — É claro que posso ajudar, vou descobrir o que está acontecendo com seu filho. — Obrigada, você é um anjo. - me abraçou. A velha cheirava a móveis velhos, o que me deixou um pouco sem graça ao abraçá-la. Pedi autorização para entrar no quarto de Denis, e se apressei para descobrir alguma coisa antes que ele chegasse. Não existia mais fotos nossa em seu portaretratos, muito menos os presentes que lhe dei. Mas se existia algo que ele não se desapegaria, era a camisa da Seleção Brasileira que lhe dei, autografada por jogadores que eram seus ídolos. E essa tal camisa, se encontrava guardada em uma caixa, onde permanecia dobrada, protegida por um cadeado com senha. O único problema era saber qual a senha, torci pra que fosse a antiga e felizmente acertei. O idiota não havia mudado a senha ainda. Abri a caixa e tirei a camisa com cuidado, a colocando em cima da cama, em seguida vasculhei a caixa cheia de papéis de embrulho, e descobri um fundo falso.
Filha da mãe! Ele era mais malandro do que imaginei. Ao tirar o fundo falso, descobri meu potinho de alegria, mais de 20 saquinhos com cocaína. Sabia que era cocaína porque usava drogas e apesar de nunca ter usado essa, conhecia de longe. Não perdi tempo e mostrei para sua mãe, junto com os papéis de contabilidade que definiram seu filho não só como usuário. A mulher olhava para as drogas junto ao seu marido que colocou a mão no peito, parecendo passar mal. Pra completar o show, Denis chegou, indo em direção ao seu quarto, mas foi barrado pelo seu pai que esfregou um saquinho de cocaína em seu nariz. — O que significa isso Denis?! Ele me olhava furioso, enquanto eu só conseguia sorrir, sentindo um enorme prazer pelo que aconteceria em instantes. Denis não teve tempo pra se explicar, até porque não tinha explicação. Seu pai arrumou suas coisas e jogou lá fora, o expulsando de casa, enquanto que sua mãe chorava, desesperada. Persegui Denis e sentei em cima do carro de seu pai, o encarando. — Está feliz Rosa? - disse, recolhendo algumas coisas que deixou cair no chão.
— Sim. Mas relaxe que é só o começo. — Não tente mais entrar em meu caminho Rosa, estou falando isso pelo seu bem. - me ameaçou, pegando as malas do chão e colocando em seu carro que se encontrava estacionado atrás do carro de seu pai. Sorri, ironizando o comportamento dele, mas, ao mesmo tempo, estava preocupada com o que aconteceria depois que ele saísse de casa. Com certeza se envolveria com coisas erradas e apesar de querer seu mau, senti pena de sua mãe que lutou a vida inteira para lhe dar sempre o melhor. E pena de sua própria pessoa também, pois era um cara jovem e tinha a vida inteira pela frente, poderia escolher ser o que quisesse, mas sabia que se entregaria a vida do crime. Voltei para minha casa pra tentar colocar as ideias em ordem, mas não foi possível. Logo ao chegar, meus pais já se encontravam brigando, não aguentava mais aquelas discussões desnecessárias que surgiam sempre por causa do machismo de meu pai. O pior de tudo não era só a discussão, meu pai era covarde, e sem piedade, agredia minha mãe como se tivesse batendo em um homem. Não aguentando
mais ver aquela cena horrível de espancamento, lancei um copo em seu rosto, o machucando. — Filha, não! - gritou minha mãe. — Você é louca menina, perdeu a noção do perigo? disse ele, vindo em minha direção como um demônio. Mesmo tremendo de medo, se mantive de pé, lutando contra minha covardia para poder enfrentá-lo. — Estou cansada de ver minha mãe apanhar, você é um covarde! Eu vou te denunciar seu desgraçado! No calor do momento, não percebi nem o que havia soltado de minha boca e sem chances de me defender, levei um soco no rosto que me fez cair no chão com a boca sangrando. O sangue escorria pela minha boca, sujando o tapete. Mesmo assim tentei se levantar para evitar que ele prosseguisse a espancar minha mãe, e sorrindo feito um psicopata, ele pisou em minha mão direita, esmagando meus dedos. — Peça perdão! — Não! - gritei, chorando. — Peça perdão! - disse, esfregando o pé em meus dedos.
— Para com isso por favor! - implorou de joelhos minha mãe. — Cala a boca! O homem que não parecia mais o meu pai, pegou minha mãe pelos cabelos e a esmurrou por duas vezes, tentei a defender e então levei mais um soco na boca, caindo no chão no mesmo instante. Chorava no chão de dor e tristeza, não estava mais aguentando aquele inferno, ver minha mãe apanhar todos os dias não era fácil. Queria poder fugir com ela, fazer algo para mudar essa situação mas não encontrava os caminhos para isso. — Vocês tem que entender que eu sou o homem desta casa! Eu mando nessa merda! - gritou, jogando no chão, a comida que minha mãe tinha feito. Após o desgraçado sair para o trabalho, minha mãe se levantou com um pouco de dificuldade, pois ele havia chutado sua perna e se dirigiu até a mim, me abraçando. Não conseguia olhar para o rosto dela, estava todo machucado, seus olhos estavam roxos e seu nariz já se encontrava irreconhecível de tanta pancada que levava. Ao ver um de seus dentes no chão, banhados de sangue, coloquei as mãos em seu rosto, chorando. Logo, ele conseguiria ocultar a
beleza de minha mãe através de suas porradas, já que esse era o seu real objetivo. Tomar posse dela. — Obrigada por ter me protegido filha. — Mãe, vamos sair deste inferno, por favor. — Seu pai precisa da gente filha. — Não mãe, precisamos sair daqui antes que ele nos mate. Vamos embora daqui, por favor. - limpei seus ferimentos com alguns papéis. Minha mãe se manteve em silêncio, ela tinha medo de sair de casa por causa das ameaças que ele fazia. Tinha medo de me pôr em risco também, mas pra mim o risco maior seria continuar vivendo ali. Era difícil conviver com esse medo, rezava pra que meu pai não voltasse para casa tão cedo e que chegasse mais calmo para não descontar seus problemas em minha mãe, mas pra piorar, ele era alcoólatra, um fator a mais para aumentar o nosso medo. Se não fosse sua pessoa, minha mãe e eu seríamos as pessoas mais felizes deste mundo. Por causa de um covarde, não podíamos curtir a nossa vida, juntas, pois convivíamos dia a dia com o medo de fazer algo que ele defina como errado e como consequência, recebemos o castigo, que é o espancamento.
4 – Desapeg♀ Umas das coisas que me arrependi em fazer, foi mentir para Isabela. Menti quando falei que morava com os usuários de drogas, apesar de passar parte de meus dias naquele local horrível, voltava a noite para casa, escondendo meu rosto pela touca da blusa e pela escuridão. Menti também para os pais de Denis, fazia tempo que não ia para a escola, e isso foi o meu grande erro, pois além de usuária, estava me tornando ignorante. Fora meu visual que não estava como antes. Era difícil pra mim ter que se livrar das drogas, queria muito ficar livre mas não tinha o apoio de ninguém. Portanto, continuaria se drogando, pois era meu único refúgio, pelo qual tentava esquecer os problemas de casa, ou seja, a violência que minha mãe sofria. Minha mãe pedia um pouco mais de minha presença em seus dias, tinha medo de morrer nas mãos de meu pai e me deixar nesse mundo nojento, onde os homens continuam tentando impor um poder que não possuem. E por falar em homens, continuei com minha vingança, dessa vez acrescentei um pouco
mais de meu veneno. Seguia os conselhos de Isabela que por mim já era um mestre. Fui até meu quarto que só não era bagunçado por causa de minha mãe, e abri meu guarda-roupa encontrando alguns presentes que Denis havia me dado. Se você quer esquecer o seu ex, você precisa se desapegar de tudo que ele lhe deu e que a faça lembrar de sua pessoa, isso é de lei. Então peguei os ursinhos de pelúcia, bilhetes e bijuterias, e joguei tudo no lixo. Amarrei o saco com luvas para não sentir o perfume nojento que ele usava e cuspi em todo aquele lixo, jogando do lado de fora de casa. Liguei meu celular e seu contato ainda se encontrava no mesmo lugar como se nada estivesse acontecido. Sem nenhuma preocupação, apaguei tudo, se livrei também de seus familiares que estavam em minhas redes sociais e bloqueie todos, principalmente ele. Não fique sofrendo por alguém que não lhe ama amiga, você precisa entender que se ele te deixou uma vez, vai fazer isso todas as vezes que quiser, então não se iluda com palavras. Após jogar as coisas no lixo, se aproximei de minha mãe que estava sentada no sofá assistindo novela da tarde.
— Mãe, porque você não aproveita o dia para sair, ir ao cabeleireiro e se divertir um pouco? — Ah filha, eu não sei se é certo eu sair. Seu pai pode chegar e não gostar. — Deixa disso, vamos. - estendi a mão, aguardando sua resposta. Felizmente, minha mãe aceitou. Então saímos juntas, de mãos dadas. Há muito tempo não fazíamos isso, sair e ir pro shopping sem se preocupar com nada. Pedi pra que os profissionais de beleza a deixassem mais linda do que já era, e com algumas economias, providenciei o tratamento de seu dente, já que aquele monstro havia tirado a base de socos. Voltamos para casa, juntas, e então o nosso maior problema se encontrava sentado no sofá. — O que significa isso?! - gritou meu pai, olhando de cima a baixo para a beleza de minha mãe. — Você nem pense em encostar a mão em minha mãe. Enquanto eu estiver aqui, o senhor não vai tocar nela! - bati a mão no braço do sofá, o encarando. — O que você pode fazer garota? - sorriu, se levantando. — Avisei para alguns amigos que estão de olho nesta casa, e qualquer coisa, eu grito… então o senhor se
cuide e não tente fazer nenhuma besteira! - segurei a mão de minha mãe e prossegui. - Vamos mãe, hoje você dorme em meu quarto. E o senhor nem tente nos incomodar, porque qualquer barulho que ouvir, eu grito. Mesmo furioso, meu pai se manteve calado, com os punhos fechados. Enquanto que minha mãe, me acompanhou, temendo a reação dele. Após alguns dias, aproveitei a semana para se divertir, fazia tempo que não ia para uma balada, e que não fazia novas amizades. Fui ao shopping e comprei muita, mas muita roupa mesmo. Tanto que tive a obrigação de parcelar tudo, pois sabia que o limite do cartão que minha mãe me deu estava se esgotando. Comprei um vestidinho lindo, tinha cor de rosas brancas e estava mais colado em minha pele do que tatuagem. Não importa se os machistas vão lhe chamar de quenga ou fresca, se você sentir que a roupa lhe faz bem, use e abuse. Fui para uma balada em que nunca antes havia frequentado, dancei tanto que minhas pernas estavam doendo. Nisso, parei pra beber um pouco e logo encontrei um gato me olhando, fingi que não tinha percebido então ele veio em minha direção. Conversamos um pouco, até que nos beijamos, pra ser sincera, beijei a noite toda. Se divertir tanto
naquela noite que no dia seguinte, acordei na hora do almoço. A única parte ruim foi a ressaca que curti o dia todo. Aos poucos fui percebendo que minha vida estava mudando, mudando pra melhor. Tanto que nem usar drogas estava mais, era uma garota feliz que sabia seu verdadeiro valor, claro que minha felicidade também era causada por saber que minha mãe não estava mais apanhando de meu pai. Isso era o motivo essencial para minha felicidade. Vivia rodeadas de amigas e garotos lindos, mas teve uma noite que preciso falar a vocês, não havia ninguém ao meu lado, só um silêncio bom que me deixava calma e ao mesmo tempo pensativa. A lua brilhava mais do que o sol e o barulho da batida de meu coração ao ver a natureza, me fazia sorrir, foi aí que percebi o quanto estava sendo feliz. Não precisei de ninguém para me chamar de linda, apenas ter visto a lua e meu rosto lindo no reflexo de uma poça de água no chão, me fez sorrir. Algo que não me fazia sorrir era o assédio que não só eu mas como todas as mulheres sofriam no dia a dia. Ao sair de um mercado vestida ao meu vestido novo, dois velhos babões começaram a me seguir, dizendo um monte de besteiras.
— Nossa, assim você mata o vovô hein. Vem ser minha princesa! - disse um deles. Foram tantas ofensas que resolvi reagir, parei no meio da rua e parti pra cima deles. — O que vocês pensam que são?! Será que não sabem respeitar uma mulher? Eu não sou um pedaço de carne que está a venda! Será que não tem família?! — Cala sua boca! Esse vestidinho aí é pra chamar homem, pensa que somos bobos? — Cala a boca você, seu nojento! O vestido é meu, e o corpo também! Com os gritos, as pessoas se aproximarem para ver o que estava acontecendo, até que um dos velhos tentou me agredir com um guarda-chuva. — Você merece uma surra sua infeliz! Se seu pai não lhe deu educação, eu vou dar um jeito nisso agora! Antes que pudesse acertar o guarda-chuva em meu rosto, um moço passou na frente e socou o velho que caiu no chão com o nariz sangrando. Até que quando olhei para o rosto do moço, o reconheci. Era Denis, meu ex namorado. Só o que faltava para completar o meu dia. — Você está bem?
— Ótima, não precisava me ajudar. - se afastei dele, sentando em um banco. — Lógico que era preciso… você não pode ficar se arriscando assim. — Eu estou com pressa, me deixa ir por favor. A todo momento, virava meu rosto para não correr o risco de olhar para Denis. — Será que poderíamos marcar pra sair? — Como é? — Estou muito triste, preciso de sua companhia. Há coisas na vida que não merecem respostas e nem perguntas, o melhor a fazer é virar as costas e deixar a pessoa sozinha. E foi isso que fiz, Denis ficou sozinho, me olhando feito um idiota. — Eu não vou desistir de nós! - gritou, subindo no banco. O respondi como merecia. Levantei o meu dedo médio, mais conhecido como dedo do meio, e o mandei para o lugar que merecia. Era muita ironia da parte dele, me largou por causa de uma piriguete e agora, quer reconstruir uma história que já foi destruída, só se eu fosse uma idiota mesmo. É bem típico deles, terminar o namoro e
depois que levam um pé na bunda, se arrependem e tentam voltar para fazer a mesma coisa. Os conselhos de Isabela estavam dando certo, Denis continuava a se rastejar em meus pés. Conseguiu arrumar uma maneira de poder me atazanar, e essa maneira foi ir na casa de meus pais, onde ficou plantado do lado de fora me esperando sair, a poder de um buquê de rosas. — O que você quer homem? - perguntei ao vê-lo todo bem-vestido, de blazer e calça social, parecendo que faria exame de fezes. — Ficar com você. — Para de dizer besteira, você me magoou por causa de uma outra pessoa, nem ao menos ligou para os meus sentimentos. — Eu errei, mas me arrependi. — De verdade? — Sim, eu ainda lhe amo. - segurou meus braços. Pensei um pouco, olhei para os lados e então dei dois passos para trás, se livrando de suas mãos. — Se ama, me deixa andar no seu carro, aquele verde que seu pai lhe deu.
— Aaah meu bem, você sabe que o Dodge Charger é uma máquina rara que representa muito para minha família. Eu não posso sair assim com ele. — Por favor, será que não me ama? - fiz cara de ursinho de pelúcia. Denis pensou por alguns segundos e então aceitou. Me levou até sua nova casa, que ficava em um bairro de luxo. Apesar de morar sozinho, conseguia ganhar sustento pela venda de drogas e outros crimes que cometia. Ainda preocupado, pediu pra que eu entrasse no carro, mas fui inteligente e lhe pedi um copo de suco. — Eu compro no caminho meu bem. — Custa você ir buscar pra mim? — Mas já disse que lhe compro no caminho. Percebendo que eu não sairia dali sem o bendito copo de suco, Denis guardou a chave do carro no bolso e voltou para casa, bufando de raiva. — Estou indo. Aproveitei o tempo para acariciar o carro dele que era raro e muito valioso não só para a família, mas também no mercado de automóveis. A melhor maneira de fazer carinho no carro de um ex, é com uma picareta. Se equilibrei no capô e aguardei Denis
voltar. Quando ele me viu, saiu correndo e jogou o copo sobre o gramado de seu jardim. — O que é isso Rosa… endoidou? — Eu era doida enquanto estava com você. Não era assim que você me chamava?! — Não era por maldade. Desça daí! — Nada que você fez foi por maldade não é mesmo?! - enquanto falava, dei o primeiro golpe de picareta no carro dele, primeiro acertei o vidro da frente. — Não!!!! Você está louca?! Desce daí agora! — Não foi você que disse que não tínhamos nada a ver, e que precisava pensar um pouco? Mas você mentiu! - dei outro golpe, desta vez no teto do carro. — Para com isso por favor. - disse ele tentando se aproximar do carro. — Esqueceu de tudo que vivemos para ficar com uma piriguete, você me fez entrar nas drogas dizendo ser um alívio, sendo que você nunca usou! Dava tantos golpes no carro dele que já havia quebrado todos os vidros e amassado o capô. Denis não acreditava no que estava vendo, e desesperado se sentou na calçada, com as mãos na cabeça.
— Vocês homens se acham incríveis… tentam nos impressionar com carros, luxo e esquecem que o principal para um relacionamento é o amor, uma riqueza que não possuem… do mesmo modo que está chorando pelo seu carro, eu chorei naquela tarde em que me disse que não queria mais nada comigo! — Você não entende nada, não sou obrigado a te amar! — Não seja ridículo! Eu não quero mais o seu amor, não estou reclamando de ter terminado comigo… apenas julgo a falsidade e as mentiras que me falava todos os dias. Aprenda a amar uma pessoa com o coração, e não dizendo que me ama. Denis continuava sentado, chorando feito um idiota e após terminar de destruir seu carro, desci do capô, limpando meu vestido com as mãos. — A mesma situação em que seu carro se encontra, é a de meu coração. Doí amar uma coisa e ver ela se destruir ou ir embora aos poucos não é mesmo?! - Se agachei em sua frente, o encarando. — Eu não ligo pra isso, tenho muito dinheiro… não sou igual a você. — Você é forte né? Frio, é sem defeitos. Eu sou errada, eu sou a culpada por tudo!
— Se você está dizendo. — Isso! - o aplaudi. - Continue assim, alimente esta pedra que existe no lugar de seu coração! Apesar de não querer demonstrar, sabia que Denis tinha muito carinho pelo carro, e até porque, se não ligasse pelo que fiz, não choraria feito um idiota. O deixei sozinho e voltei para casa, com um sabor de satisfação que me deixou pulando de felicidade, mas, ao mesmo tempo, senti um pouco de tristeza por perceber que ele não havia mudado em nada, era a mesma pessoa fria e sem sentimentos. Ao entrar em casa, um silêncio raro tomou conta de meus ouvidos, então comecei a estranhar, porque sempre que chegava, minha mãe estava ouvindo música e na maioria das vezes o homem que se diz meu pai, estava a agredindo, apesar de isso não ter acontecido mais há alguns dias. Não o encontrando no sofá, agradeci a Deus, pois ele já teria ido ao trabalho, permitindo assim que eu tivesse uma tarde a sós com minha mãe. — Mãe? Sou eu mãe… cadê a senhora?! Chamei mas não recebi nenhuma resposta, até que ao subir em seu quarto, senti um cheiro forte. Abri a porta desesperada, mas não encontrei nada além de uma bagunça irreconhecível, quando pensei em
voltar para a cozinha, tropecei em algo mole, e ao olhar, reconheci que se tratava da mão de minha mãe. Olhei debaixo da cama e comecei a chorar e gritar, pois o corpo de minha mãe se encontrava ali, coberto de sangue. — Mãe!! Meu Deus! - gritava ajoelhada no chão. Não tive coragem de mexer no corpo, não só de pavor, mas também de medo. Chamei a polícia que ao chegar, me afastou da cena do crime e começou a me interrogar suspeitando da minha pessoa. — Eu não sei o que aconteceu senhor, ao chegar não encontrei minha mãe e então, vim a procura dela. expliquei chorando. — E você tem algum suspeito? Alguma rixa que sua mãe tinha com alguém, ou algo que poderia ocasionar a este crime? Pensei um pouco, e mesmo sendo meu pai, sabia que o que ele tinha feito com minha mãe era uma covardia tremenda e que eu tinha a obrigação de fazer justiça, mesmo tendo consciência de que quando ele chegasse na prisão, morreria nas mãos dos presidiários. — Meu pai agredia minha mãe quase todos os dias, e apesar de ter cessado as agressões por um breve
período, ele se vingou de uma noite em que ela estava maquiada e bem-vestida. Algo que ele proibia. — Então você acusa seu pai como o criminoso? — Sim… queria muito que não fosse ele, mas tenho certeza que ele não deixaria isso a limpo. Infelizmente eu não estava com ela no momento. relatei, chorando. Sendo confortada pelo abraço do policial. — Sinto em falar, mas você terá que nos acompanhar a delegacia para depor. — Tudo bem, eu vou. - respondi saindo para fora de minha casa. Sentada na calçada da rua, fiquei por alguns segundos sem esboçar reação, olhava para o nada, tentando entender o que realmente estava acontecendo. E quando enfim entendi, comecei a chorar compulsivamente, deitada no chão com as mãos no rosto. Alguns vizinhos que não sabiam o que realmente estava acontecendo ali, correram em minha direção, me abraçando sem dizer uma só palavra. Eu não precisava contar a eles o que havia acontecido com minha mãe, afinal só eu não quis ver que um dia isso aconteceria. A rua que em dias normais lembrava um cemitério de tanta tranquilidade e tédio, se tornou um centro
comercial com diversos curiosos transitando em volta de minha casa, querendo saber o que estava acontecendo. Algumas velhas fofoqueiras se encontravam em seus sobrados, comentando sobre o ocorrido, enquanto as crianças aproveitavam para jogar bola na rua. Um vendedor de algodão-doce gritava desesperadamente, tendo a esperança de fazer dinheiro naquele momento que pra eles era propício. Enquanto que eu se lamentava sozinha ao ver o corpo de minha mãe, sendo levado pelo IML. Poderia ter sido uma pessoa melhor, uma filha melhor, mas se preocupei apenas com os meus problemas, foquei meu tempo nas drogas e em outros refúgios que acabaram me afastando dela. A deixei sofrer nas mãos de um demônio, me acovardei como muitas mulheres que são agredidas e as que presenciam as agressões. Se tivesse coragem de ir até a delegacia e relatar o que estava acontecendo, tudo poderia ser diferente. Mesmo insegura por saber que o nosso país não exerce as leis como deveriam exercer, devia ter insistido. Teria sido melhor perder meu tempo procurando os direitos de mulher, do que se iludindo com a possibilidade deste sofrimento acabar de uma hora para a outra. As mulheres têm que entender que não há esperança em mudança nos agressores. Se dermos a liberdade
para o primeiro tapa, o segundo vai vir, o terceiro e em seguida a morte. Não podemos também generalizar, dizer que nenhum homem presta, mas peço cautela a vocês, ainda existem homens legais, cavalheiros, ainda existem os príncipes encantados. Mas também existem os vilões deste nosso tão sonhado “conto de fadas”. Não desconte uma agressão com a outra e nem um trauma já vivido construindo uma vítima para descontar o que já lhe fizeram. Após esse ocorrido, me arrependo do que fiz contra Denis, talvez uma vingança não é o caminho certo para se seguir. O melhor a fazer é prosseguir com a vida e esquecer o passado. Hoje tenho maturidade pra isso. Ao jogar a última rosa no túmulo de minha mãe, deixei com ela uma parte de meu coração, deixei também a minha saudade e um agradecimento que não caberia em um livro, em uma música e muito menos em palavras. Meus olhos, minhas lágrimas, expressavam o quanto era grata pela sua pessoa. Deitada em cima de seu túmulo, minhas lágrimas tentavam infiltrar o cimento que separava a minha grande razão de existência. Uma mulher jovem, cheia de vida, que dedicou tudo para cuidar de mim, aguentou um covarde a maltratando para poder
cuidar de mim, e foi abandonada por todos, principalmente pela sua própria filha. Olhava para o céu e enxergava apenas o seu rosto, nada mais que suas mãos para me acalmar, seu abraço seria o carinho que mais me faria falta. As vezes tentava entender a vida e nunca consegui, mas a morte, jurei um dia desvendar o seu significado e hoje vejo que ela se apresenta como uma resposta para o que fazemos, um ensinamento para o que não aprendemos e uma nova chance de reconstruirmos o que foi destruído por nossos próprios caprichos. Voltei sozinha para casa, e então senti o gosto amargo da solidão. A casa de pequena pareceu gigante, tive que me virar para fazer uma comida. Minha mãe sempre insistiu pra que eu aprendesse a cozinhar, mas quando estava na presença de meu pai, não se falávamos pois ele tomava posse dela e não permitia que nem olhasse para os lados. Tantas vezes presenciei minha mãe cansada de tanto trabalhar e aquele monstro a obrigando a fazer sexo com ele. Por causa de suas monstruosidades, não aprendi a cozinhar e então me virei para fazer um arroz que ficou papa, mesmo assim, engoli sem achar que estava ruim, caso contrário, morreria de fome. Teria também que arrumar um emprego pois não conseguiria pagar as contas e viver sem comer, e
apesar de ainda ser menor de idade, comecei a pensar no que poderia trabalhar. Sabia que em empresas não seria possível, pois a minha idade não permitia, nisso lembrei de algo que sabia fazer. Sabia como ninguém fazer pão de queijo pois havia aprendido na internet, então fui ao mercado comprar os ingredientes que faltavam e madruguei preparando a massa. Tinha ficado há muito tempo sem fazer pão de queijo então sofri um pouco para lembrar os segredos que havia aprendido, mas depois de tantas tentativas, tudo saiu como planejei. Passei dias vendendo pão de queijo e graças a Deus, consegui ganhar um bom dinheiro, voltando para casa com a cesta vazia. Depois de tantos dias sem conversar com ninguém, esquecida por todas as pessoas que diziam ser minhas amigas, Isabela me encontrou na rua por acaso e insistiu em conversar. — O que você quer? — Eu soube do que aconteceu com você. — E? - perguntei, se sentando na calçada, colocando a cesta de pão de queijo já vazia, do meu lado. — Queria lhe pedir perdão… eu sei que fui errada em te incentivar nesta vingança e de algum modo acabei lhe envolvendo nos meus problemas.
— Do que adianta o seu perdão, do que adianta estarmos falando aqui, se lamentando? Nada vai mudar Isabela, a vingança acabou comigo e me fez perder tudo que eu mais amava neste mundo. Era esse o objetivo? — Claro que não, eu só queria lhe ajudar de alguma forma. — Você é uma psicopata. Acho que fez tudo isso para saber como seria a sua vingança. Eu sei que tem planos diabólicos nesta sua cabeça. — Do que está dizendo? — Eu sei que vai testar muitas garotas e incentivá-las a se vingar de seus exs, tudo isso para ver se realmente vale a pena. — Você está louca menina. - disse Isabela, se afastando de mim. — Vá embora mesmo, e nunca mais apareça em minha vida! - gritei assustando uma velhinha que passava de bengala ao meu lado. — Sua ingrata! - retrucou Isabela, já do outro lado da rua. Era muito ousadia da parte dela, fazer tudo o que fez e me chamar de ingrata. Como pode isso?
5 - ♀portunidade O dinheiro que ganhava com as vendas dos pães de queijo eram exclusivamente para pagar as contas da casa. A necessidade me fez aprender a escolher o que realmente era importante pra mim, ter tênis de marca ou comer, e lógico que escolhi comer. Não estaria mais sendo vista pela sociedade e muito menos pelos garotos como uma menina interessante, mas lembrando do que minha mãe sempre me respondeu ao comprar minhas roupas de marcas famosas, “um dia você vai perceber que o seu valor não é preenchido por status social, mas pelo seu caráter e seu coração”. E isso realmente se encaixou nos dias atuais. Exausta pelo trabalho e o calor que fazia, procurei por algum lugar que tivesse uma cobertura para poder sair da luz do sol. Será que não mereço uma sombra, meu Deus. Pensei. E por sorte encontrei um restaurante, onde fiquei encostada na parede, descansando. Pensando que eu estivesse com más intenções, o guarda do estabelecimento veio em minha direção. — Não pode pedir dinheiro aqui garota. — Eu não estou pedindo dinheiro.
— Dê o fora antes que eu tenha que usar a força. me ameaçou, apoiando sua mão na parede. — Pois se atreva! - o encarei. O guarda que parecia estar armado, segurou meu braço esquerdo e me empurrou para rua, a sorte é que se levantei antes que a roda de uma moto, passasse por cima de minha mão. Um homem bem-vestido, de terno e gravata, a poder de uma maleta, saiu de uma Audi A5 e ao presenciar a cena, correu em minha direção preocupado com meu estado. — Você está bem garota? — Sim. - disse, limpando a calça com as mãos. — Eu posso explicar senhor. — Dê o fora daqui… depois conversamos! - ordenou o homem para o guarda que saiu como um carneirinho. - Me desculpe por esse constrangimento, eu sou o dono deste restaurante. Posso lhe recompensar com algo se quiser. Era típico de pessoas ricas achar que todos os problemas se resolvem em dinheiro. Mas como ele havia sido gentil comigo, não fiz o papel de garota revoltada. — Não precisa de nada senhor, muito obrigada.
Ao ver minha cesta no chão, ele pegou e curioso, olhou o que tinha dentro. Então tirou dela um pão de queijo. Sem nenhuma cerimônia, sentiu o aroma do pão e o mordeu. — Magnifico! Excelente! Coisa de Deus! Aquelas exclamações me deixou um pouco assustada. E antes que pudesse negar, ele pegou pela minha mão e me levou para dentro da cozinha de seu restaurante. O local estava numa correria absurda, era gente de branco correndo para um lado, gente de branco correndo para o outro, parecia até um hospital. Só se inquietaram com a presença do homem que bateu palmas para chamar a atenção de todos. — Pessoal, tenho o prazer de anunciar a vocês que esta menina aqui é nossa nova funcionária! Os funcionários se olharam entre si sem entender o que uma menina faria em uma cozinha de um restaurante, e eu olhava para o homem do mesmo modo, sem conseguir raciocinar sua decisão. — Eu provei um pão de queijo que ela vende, e então fui levado para o paraíso. Ela pode salvar o nosso café da manhã, então a partir de amanhã, a … como é seu nome? - cochichou em meu ouvido.
— Rosa. - respondi no mesmo tom. — A Rosa será responsável pelo nosso café da manhã. Ainda confusos, os funcionários vieram em minha direção e me cumprimentaram, desejando boa sorte. Algo que precisaria mesmo. O homem me levou até sua sala e explicou a função que eu teria em sua empresa, e acertou o salário que eu receberia. A parte que mais me interessou foi o dinheiro, era o suficiente para poder pagar as contas e viver. Saindo do restaurante, olhei para o céu e agradeci a Deus pela ajuda. Talvez minha mãe estivesse com ele e teria lhe dado alguns conselhos para me ajudar aqui na Terra. No dia seguinte, senti um frio na barriga pelo primeiro dia de trabalho e então criei coragem e fui, confiante que poderia fazer o meu melhor. No fim do dia descobri pelo chefe que os clientes haviam amado o café da manhã e já haviam marcado para vir outros dias. Fiquei muito feliz pelos elogios e voltei para casa sorridente. Sei que não é todos os dias que receberei elogios, mas tinha que ficar feliz com tudo que conquistasse, pois este foi o ensinamento de minha mãe.
6 – Crueldade A felicidade é um mistério que muitos não conseguem desvendar o seu significado, e muito menos sabem explicar se são felizes ou não. Eu sou mais uma dessas milhares de pessoas e como prova disso, apesar da boa fase profissional, se isolava na minha casa, vivendo uma rotina que já estava me sufocando. Deitada na mesma cama em que encontrei o corpo de minha mãe há alguns dias, ao chegar do trabalho se trancava, sem ouvir e nem falar com ninguém. Tentava fugir de tudo, desse mundo em que as pessoas más estragaram, e ficava acumulando coisas em minha cabeça. Estava sofrendo com insônia e lutava todos os dias para não envolver meus problemas pessoais na minha carreira profissional, ou melhor dizendo, o meu ganha pão. E em uma noite chuvosa, onde olhava para o teto, curtindo o som da chuva, uma pequena pedra foi lançada em minha janela, então despertei, temendo ser um ladrão. Ao olhar, era Denis que se encontravam encharcado, dizendo que queria falar comigo. Pensei em deixá-lo lá, tomando chuva mas resolvi permitir sua entrada.
— O que você quer Denis? - o recebi educadamente. — Eu soube do ocorrido, soube também que você não está nada bem, e então queria sair um pouco com você. — Pra? — Se distrair um pouco, curtir a noite. — Não sei… não estou com vontade. E além de tudo, está chovendo. — Vamos no barzinho ali da esquina, só conversar um pouco. Você precisa sair… vem? - estendeu as mãos. Apesar de não achar uma boa ideia, peguei meu guarda-chuva e o acompanhei. — Diga, como você está? — Bem. — Não minta pra mim Rosa, eu sei que não está bem. - segurou minhas mãos. Se ele sabe que não estou bem, porque fica perguntando. Pensei. — Sinto muitas saudades de minha mãe ainda. Mesmo estando muito ocupada com o trabalho e meus estudos, não consigo preencher a felicidade que ela me trazia.
— Você voltou a usar drogas? — Não, graças a Deus eu me livrei do vício. Mas já tive vontade de usar principalmente por causa da solidão. - relatei, bebendo um pouco de cerveja. — Bem, mas vamos dançar? — Dançar? Não, é melhor eu ficar aqui sentada mesmo. — Venha, ou ficou tímida de um dia para o outro? disse, estendendo a mão em minha direção. Eu odiava dançar porque não sabia, porém me entreguei ao som, com a intenção de esquecer os problemas. Pra ser sincera, se divertimos muito, mas também bebemos muito, e quando já estávamos voltando para casa, começamos uma discussão boba e sem sentido. — Você estava se exibindo para aquele cara sim, pensa que eu não vi?! — Para de loucura, eu não estava se exibindo e você também não é meu namorado! — Então porque veio contar os seus problemas para mim, já que não sou nada seu?! — Você é louco? Foi você que veio me atazanar! Parece um moleque mimado! - o empurrei.
Nervoso com o meu insulto, Denis me socou no rosto, me fazendo cair no chão. — Porquê fez isso? - perguntei, chorando. Ao ver que meu nariz sangrava, ele tentou me socorrer, com lágrimas derramadas sobre seu rosto, mas não teve tempo, levou uma pancada de madeira na cabeça e quando estava no chão, um trio de covardes começaram a espancá-lo, tentei apartar mas não consegui tocar em seu corpo. Os homens gritavam furiosos: “vamos matar esse covarde”, “gosta de bater em mulher, então vai apanhar até a morte!” Depois de alguns minutos de violência, vi Denis, já morto no chão, cheio de sangue. E sem poder fazer nada, se deitei em seu corpo, chorando muito, sem entender a razão de tanta violência. Não conseguia entender o ser humano, a justiça sendo feita da pior maneira, covardes matando outros covardes. Uma verdadeira selva social. Ao levarem o corpo de Denis, continuei sentada na calçada, chorando muito. Não queria que nada disso estivesse acontecido, sei que ele estava errado em me agredir, mas não concordo que a violência acabe com violência.
Sobrevivemos em uma sociedade que se encontra em guerra. As pessoas não compreendem as outras, os machistas ainda não mudaram o seu jeito de pensar e agir, e o preconceito e feminicídio, só cresce a cada hora. Já sonhei em ter filhos, talvez um time de futebol, mas ao reconhecer a sociedade e o país em que vivo, temo a construir uma família, pois não aguentaria ver minhas filhas e filhos, sendo agredidos ou mortos por não estarem no padrão social, exigido por um poder indefinido e talvez, oculto. Ser negro, branco, ou que seja a cor, não define quem sou. Ser gorda, magra, ser sexy, mostrar minhas pernas, não definem o meu caráter. Até quando vamos ter que lamentar a morte de quem amamos? Quantas pessoas a violência e a impunidade vai levar para a cova? Somos feitos para matar ou para amar? Mesmo depois de tantas decepções e sofrimentos, tenho consciência de que o amor é o caminho certo para a tão sonhada felicidade. Se realmente você deseja ir até o final do arco-íris, com o objetivo de encontrar o ouro para ser feliz, saiba que continuará regredindo. A felicidade não está no poder, pois ela é o maior poder que podemos ter, ela se encontra nos segundos, minutos e horas que vivemos. Perdoe as pessoas mesmo achando que elas não mereçam, feito
isso, seu amor será protegido em uma capsula chamada coração, onde te guiará para os melhores caminhos. E não se esqueça que a vingança só irá lhe fazer sofrer mais, voltar a viver o sofrimento que já lhe causaram. Tire as algemas da mágoa e siga em frente, não deixe se afundar nesse mar de maldades em que muitos já se encontram afogados.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a minhas duas amigas que sempre vão ao meu trabalho me incentivar a seguir meus sonhos, e a Deus que me ilumina todos os dias a escrever minhas histórias. Fico muito grato por todos que leram e feliz com mais um trabalho terminado. Agradeço também a editora Amazon, a todos os seguidores de meus perfs sociais, e aos meus amigos de trabalho.
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Dica literária Todos esses livros podem ser encontrados na editora Amazon, basta fazer uma breve pesquisa pelo título para encontrá-los. Há também a possibilidade de ler outros romances do autor, basta escrever Stefen Hermenegildo na barra de pesquisa da Amazon.
Créditos Mesmo sabendo da morte de Denis, Isabela não conseguia tirar de sua mente a vingança. E tentando não levar em conta o que Rosa havia lhe dito, chamou Maria para vir em sua casa, pois precisavam conversar. — Diga amiga, ao que devo a honra já que não fala mais comigo? — Deixe de bobeira menina, eu estava ocupada neste período em que fcamos distantes. — Sempre ocupada. - resmungou Maria. — Quero saber se está pronta para iniciar a vingança contra o Bob? - Pronta, pronta… eu não estou, mas vamos começar assim mesmo. A propósito, a vingança de Rosa, deu certo?
Isabela fcou pálida ao ouvir a pergunta de sua amiga, mas, ao mesmo tempo, feliz por saber que Maria ainda não sabia da tragédia que ocorreu, caso contrário, desistiria do plano de vingança. — Saiu como planejamos. A mentira convenceu Maria que fcou mais motivada em seguir com a vingança, o que ela não sabia é que corria um risco enorme de terminar igual Rosa.
Continua no segundo volume …
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Há salvação Se você é vítima de violência doméstica, ou presencia alguém sofrendo com isso, por favor, denuncie. São apenas 3 números que vão salvar a sua ou a vida de mais uma mulher. Disque: 183 e denuncie! Tome uma atitude antes que se torne mais uma vítima.