Revista Strider Ed 5 - 2018

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ÍNDICE

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CARTA AO LEITOR

Henrique Prado Dir. de Sucesso do Cliente

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07 OPINIÃO

Parceiros tecnológicos: uma escolha para o futuro do seu negócio

4 cursos para você fazer em 2018

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Fixação de nitrogênio pode maximizar resultados na safra da soja

VOCÊ SABIA?

Motivação pode ser o que faltava para sua empresa

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que vem do campo

Conheça 5 métodos de controle do bicudo do algodoeiro

Alexandre Nascimento: la Niña e os seus efeitos na agricultura

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STRIDER ENTREVISTA

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#PORDENTRODOAGRO

Saádilla Carvalho, IT manager na Agrex do Brasil S.A

Do Instagram para as páginas da revista

Três novidades em biotecnologia para a cana-de-açúcar

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EVENTOS

Programe-se para as principais feiras do Brasil

MUNDO AFORA

O vantajoso cultivo do grão-de-bico

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38 CAFÉ

Hidrogel para aumentar a produtividade

STRIDER NA ESTRADA

Estamos de volta ao México!

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CANA

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COLUNISTA CONVIDADO

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ALGODÃO

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Rastreabilidade é peça chave para garantir segurança alimentar

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10 SOJA

STRIDER INDICA

TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

Sensoriamento no campo: conheça os principais dispositivos

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ESPECIALISTA CONVIDADO Marco Ripoli explica como a tecnologia impacta na redução de custo

ESPECIAL AGTECH

O 4G chegou ao campo!

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CARTA AO LEITOR Henrique Prado Diretor de Sucesso do Cliente

Caros Leitores, Trabalhar diariamente para nossos clientes - antigos, novos e futuros - é uma experiência singular para cada um de nós da Strider. Vivemos todos os dias diferentes realidades, urgências, estratégias e histórias de sucesso, de norte a sul do Brasil. Temos muito orgulho de fazer parte dos muitos processos de adoção tecnológica nos quais nossos usuários embarcam ao se tornarem parceiros da Strider. Para alguns, nossos softwares são a primeira ferramenta tecnológica implantada em seus negócios, para outros é uma inovação dentre outras que já utilizam. Entendemos que o processo de adoção de uma nova tecnologia muitas vezes representa um grande desafio, por isso estamos sempre lado a lado com nossos clientes trilhando um caminho de sucesso. Estaremos sempre de prontidão buscando meios para maximizar ganhos em excelência operacional, gestão e produtividade através da tecnologia. Nosso time está preparado para garantir que todos os nossos parceiros alcancem metas e objetivos que almejam ao adquirir nossos produtos. O sucesso de nossos clientes é o que nos define.

Vamos em frente!

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E XPE D I E NT E DIRETORIA

DIREÇÃO GERAL PROJETO GRÁFICO E EDITORIAL COLUNISTAS CONVIDADOS

REDAÇÃO APOIO EDITORIAL

REVISÃO

Carlos Neto Gabriela Mendes Luiz Tângari Ana Attie Willian Tavares

Alexandre Nascimento Henrique Prado José Ednilson Miranda Luiz Tângari Osania Ferreira Rafael Malacco Saádilla Carvalho Alice Dutra Beatriz Esteves Fabíola Pereira Flávia Froes Flora Viana Giovanna Siena Maria Clara Fernandino Mariana Morais Patrícia Sales Rafael Malacco Lígia Braga

A REVISTA STRIDER Ano 2 - número 5 é uma publicação trimestral e de distribuição gratuita. Seu conteúdo foi desenvolvido com o apoio e colaboração de colunistas e especialistas. Os artigos de opinião não refletem, necessariamente, a opinião da Strider, sendo de inteira responsabilidade de seus autores. A reprodução do conteúdo publicado só poderá ser feita mediante autorização, previamente solicitada por escrito à revista, citando créditos e fonte. É vedada a venda desta publicação. IMPRESSÃO E ACABAMENTO Gráfica e Editora O Lutador l Tiragem: 3.500 Exemplares

ANUNCIE revista@strider.ag Rua Inconfidentes, 1190, 7º andar - Belo Horizonte - MG Cep: 30140-120. Telefone: 0800 940 0020 @strideragro

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PARCEIROS TECNOLÓGICOS: uma escolha para o

OPINIÃO

futuro do seu negócio por

Luiz Tângari

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onhecendo o agronegócio é possível perceber que aquele produtor conservador, que faz tudo do mesmo jeito ano a ano, não é mais uma figura tão comum. As fazendas se tornaram experimentadoras vorazes: a cada nova variedade de semente, ou mesmo maquinário novo, existe sempre alguém disposto a 'emprestar' alguns hectares para testar. E como todo inovador de sucesso, os primeiros usuários são metódicos: só vão além dos campos de teste (pequenas áreas nas fazendas destinadas à experimentação) para a área total da propriedade depois de entenderem numericamente como o investimento vai se pagar.

O impacto causado pelos campos de experimentação na rotina e nas decisões tomadas nas fazendas é mínimo, sem gerar praticamente nenhum impacto na operação. Mas então veio a revolução AgTech, com um potencial imenso de criar resultados no agronegócio! Porém o processo de implementação tornou-se também mais complexo e ao contrário de outras inovações, os softwares não podem ser inseridos aos poucos. Em qualquer operação, trocar um sistema por outro gera uma ineficiência temporária e alto custo de mudança. A escolha do fornecedor de tecnologia para operações agrícolas deve ser feita de forma diferente. Deve-se levar em conta se a empresa entende do seu negócio, se preocupa com o seu sucesso e está disponível para dar suporte antes, durante e depois da implantação. Além disso, é essencial um sistema firme e confiável, para ter dados consistentes, safra a safra.

Luiz Tângari - CEO da Strider

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STRIDER INDICA

4 CURSOS

PARA VOCÊ FAZER

#1

AGRICULTURA NO AR Drone e mapeamento

Aprenda como os drones podem gerar linhas de colheita, aplicação georreferenciada de insumos, identificação de plantas invasoras e outros projetos.

em

#2

GESTÃO AGRÍCOLA DO SETOR SUCROENERGÉTICO

Tenha noções básicas da gestão agrícola de canaviais de alta performance e de desempenho operacional da equipe.

Início: a critério do aluno Duração: 24h Formato: curso a distância Informações: agrilearning.com.br

#3

PÓS GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO DE GRÃOS Aprenda desde temas práticos como a identificação de pragas e doenças em lavouras - até aspectos gerenciais - como gestão de equipes e gestão econômica. Início: 24/06/2018 Duração: 360h Formato: curso a distância Informações: (31) 3343-3800

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Início: a critério do aluno Duração: 24h Formato: curso a distância Informações: agrilearning.com.br

#4

MBA EM AGRONEGÓCIO Integre o processo empresarial com os conceitos e fundamentos do agronegócio. Desenvolva modelos de operações econômicas para diminuir riscos ou aumentar a lucratividade. Início: 04/04/2018 Duração: 2 anos Formato: curso a distância Informações: (19) 3375-0937


Grรกtis

um ano de assinatura da DBO Agro!

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SOJA

Fixação de nitrogênio MAXIMIZA RESULTADOS NA SAFRA DA SOJA

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Brasil é admirado em todo o mundo por seu potencial produtivo na cultura da soja. Mas existe um gargalo real no nosso processo de produção. A deficiência não envolve altos custos para ser resolvida nem tecnologias inalcançáveis. A falha pode ser percebida nas plantações que apresentam folhagem de coloração verde pálida e que rapidamente evoluem para folhas amareladas, interferindo no crescimento de vagens e na formação dos grãos. Os sinais são sintomas de falta de nitrogênio (N) e a consequência é a redução da produtividade de toda a lavoura.

A deficiência do nitrogênio pode interferir também no teor de proteína da soja”.

Na prática, o nitrogênio é o nutriente responsável pela produção de novos tecidos e pela fotossíntese, ou seja, por todo o crescimento da planta. De acordo com o engenheiro agrônomo Gustavo Castoldi, professor do Instituto Federal Goiano (Rio Verde/ GO), esse é o nutriente mais absorvido pela soja e, normalmente, são necessários de 70 a 90 kg do composto para produzir uma tonelada de grão. “A deficiência do N pode interferir também no teor de proteína dos grãos”, afirma Castoldi.

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Fixação de nitrogênio maximiza resultados na safra da soja

Fixação biológica e a nodulação Quase todo o nitrogênio usado pela soja está disponível na atmosfera e é absorvido por meio do processo de fixação biológica. Outras pequenas parcelas são fornecidas pelo solo ou, eventualmente, por fertilizantes. Para que esta fixação ocorra, microrganismos formam nódulos junto às raízes da planta. Esses nódulos funcionam como “fábricas” onde o nitrogênio atmosférico é convertido em nitrogênio pronto para ser absorvido pela planta. “Nesse contexto, a deficiência desse nutriente na soja está associada normalmente a um processo de fixação biológica ineficiente, caracterizado por problemas na nodulação”, explica Castoldi. Na visão do especialista, para uma boa criação de nódulos o processo de inoculação é a melhor ferramenta disponível para o produtor. Nele, bactérias fixadoras de N - inoculantes - são misturadas às sementes de soja antes da sua semeadura. Em Coxilha (RS), a inoculação simples, feita com a bactéria Bradyrhizobium, já é uma técnica muito utilizada no processo de produção da empresa Sementes Webber.

Coinoculação da soja Sementes Webber

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É possível obter aumento de 500 kg/ha. As plantas ficam mais vigorosas, apresentam maior intensidade de clorofila”.

Dupla ação Responsável por produzir e comercializar grãos de soja em larga escala, no último ano, a empresa deu início ao processo de coinoculação, que consiste em misturar mais de um microrganismo fixador às sementes. Celi Webber Mattei, engenheira agrônoma e uma das proprietárias da empresa, explica que a coinoculação melhora, e muito, a produtividade. “É possível obter aumento de 500 kg/ha. As plantas ficam mais vigorosas, apresentam maior intensidade de clorofila e também toleram mais estresses ocasionados por diversos fatores”, completa. O grupo faz a coinoculação após a aplicação dos fungicidas e inseticidas, pouco antes da semeadura, com objetivo de manter o maior número de bactérias vivas e ativas. Para o produtor interessado em aplicar a técnica, com uma ou mais bactérias fixadoras, é um processo simples e fácil de ser conduzido, além de ter custo bem acessível. Mas é fundamental seguir as boas práticas. “É essencial usar inoculantes de fornecedores registrados e respeitar as condições adequadas de transporte, armazenamento e de mistura com as sementes,” ressalta Gustavo Castoldi.


Motivação pode ser o que faltava para sua empresa

P

essoas engajadas e motivadas produzem mais e melhor. Mas como estimular toda uma equipe se a motivação é algo individual? Eliane Ramos, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos de Minas Gerais (ABRH-MG), sugere quatro fatores que geram satisfação, engajamento e motivação empresarial.

Lideranças inspiradoras Um bom líder sabe ouvir, preza por um ambiente de trabalho agradável e consegue extrair de seus colaboradores os pontos fortes, tratando cada um de acordo com suas particularidades.

Benefícios extras A remuneração dentro da média de mercado é sim muito importante, mas o dinheiro nem sempre será o maior motivador. Plano de saúde, alimentação e outros benefícios tornam o cargo mais atrativo.

Feedback regular O feedback deve demonstrar pontos positivos, mas também apontar o que pode ser melhorado. O ideal é realizar de 4 a 5 avaliações anuais com cada membro da equipe. O processo ajuda a definir propósitos.

Cultura empresarial bem definida Para cada organização existe um perfil ideal de profissional. É importante que as expectativas da empresa e do colaborador estejam alinhados, de acordo com a cultura e com os valores propostos.

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STRIDER ENTREVISTA

E n t r e v i s t a

AGREX

c o m

Saádilla Carvalho IT manager na Agrex do Brasil

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á 22 anos fazendo história no agronegócio brasileiro, a Agrex do Brasil fornece produtos e serviços adequados às necessidades do produtor rural, desde o planejamento até a colheita. A empresa, que já está presente em sete estados brasileiros, nasceu da fusão entre a Ceagro Brasil e a Mitsubishi Corporation. No último ano, a Agrex inaugurou uma nova fase em busca da transformação digital. Para a Revista Strider, a IT manager da empresa, Saádilla Carvalho, contou sobre estas mudanças.

S: Qual o formato de operação adotado pela Agrex do Brasil? Operamos em um modelo de soluções integradas para o agronegócio. Abrangemos uma cadeia de fornecimento sustentável de ponta a ponta, desde os fornecedores até nossos clientes. Nossas unidades de negócio são divididas em quatro: produção de sementes de soja certificada; insumos agrícolas - venda de fertilizantes, adubos, sementes, entre outros; produção agrícola de soja e milho - presente nos estados do MA, PI e TO; e trading - armazenagem e comercialização de grãos.

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S: Nesta nova fase, quais foram as principais transformações já realizadas do ponto de vista operacional? Começamos nosso plano de transformação digital no início de 2017, dando início à utilização de softwares e equipamentos de monitoramento e controle nos processos de produção agrícola. Também evoluímos nossa infraestrutura de TI, garantindo serviços cruciais, disponíveis e protegidos 24 horas por dia, sete dias por semana. Nesse momento, estamos projetando nossos próximos passos para a mobilidade, conectividade e mercado digital.

Estamos progredindo no caminho da Agricultura de Precisão, junto à ferramentas e parceiros de negócios”.

S: Para a safra 17/18 vocês planejam um grande plantio, distribuído entre as culturas de soja e milho. Quais ferramentas/técnicas vocês utilizam para aumentar eficiência e produtividade destas áreas? Contamos com softwares robustos e estamos evoluindo em tecnologias que potencializam nossos negócios de ponta a ponta. Estamos progredindo no caminho da Agricultura de Precisão, com ferramentas e parceiros de negócios. Assim, garantimos a continuação e evolução dos processos que estruturam o empoderamento de toda nossa cadeia, negócios, processos, colaboradores, clientes e fornecedores.

S: O que podemos esperar da Agrex do Brasil nos próximos anos, no que diz respeito à tecnologia? Finalizamos recentemente a transferência de todo nosso sistema de gestão empresarial de um centro de processamento físico para o armazenamento em serviços de nuvem. Um marco na transição de arquitetura tecnológica da Agrex! Esse foi o pontapé inicial na utilização de diferentes soluções para redução de custos e aumento de eficiência. A partir desse momento, começamos a avaliar outras tecnologias que potencializem nossas operações de produção agrícola, industrial e processos comerciais, buscando gerar maior precisão e assertividade nas informações e nos resultados.

S: Como você enxerga o futuro do agronegócio? A importância do agronegócio como provedor de alimentos é cada vez mais relevante frente à demanda global. Em um negócio altamente competitivo, em que grande parte da tática de resultados se concentra na administração de custos, apenas a estratégia de produzir mais não é o suficiente. Com isso, as tecnologias estarão cada vez mais presentes no campo, trazendo recursos que entreguem mais controle e aumento de rentabilidade, impulsionando a melhoria da performance e da qualidade.

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ALGODÃO

BICUDODO

ALGODOEIRO

conheça 5 métodos de controle da praga por

José Miranda

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esde que chegou ao Brasil, há mais de trinta anos, o bicudo representa o maior problema fitossanitário da cultura do algodão. Para pragas de alta mobilidade como o bicudo, o manejo em grandes áreas é mais efetivo do que ações pontuais e independentes de cada produtor. A seguir, conheça as principais medidas de controle do bicudo do algodoeiro.

1. Controle de populações migrantes José Miranda é engenheiro agronômo, formado pela Universidade Estadual de Londrina e entomologista da Embrapa Algodão.

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Bicudos sobreviventes de uma safra permanecem abrigados nos refúgios de vegetação natural do cerrado durante a entressafra. Quando a nova safra é instalada, estes insetos voltam à lavoura. Por isso, o controle localizado através de pulverizações de inseticida é uma prática estratégica indicada.


3. Destruição dos restos culturais

Foto: Acervo Embrapa Algodão

A medida mais importante para a convivência com o bicudo é manter a área sem plantas de algodão no período da entressafra. A ação reduz as chances da multiplicação da praga neste período, resultando em menores populações na safra seguinte. É importante ressaltar que talhões de outras culturas com a presença de plantas de algodão (rebrota da soqueira e/ ou tigueras) na entressafra facilitam a sobrevivência da praga e por isso devem ser eliminadas.

4. Semeadura em período definido e concentrado Cada região produtora tem calendários de semeadura e colheita específicos, estabelecidos de acordo com as características regionais relacionadas ao clima, sistemas de produção, etc. Seguir o calendário é essencial para garantir o sucesso da safra: BAHIA Data de Plantio:

.15/11 a 05/01

MATO GROSSO

(algodão de sequeiro)

GOIÁS Data de Plantio: .Sul e Centro - 01/12 a 28/02 Data de Plantio: .Norte - 15/12 a 28/02 .26/11 a 15/03

2. Tomada de decisão com base no nível de controle

Manter o monitoramento e as aplicações, mesmo em fase de final de ciclo do algodoeiro, evita a multiplicação do bicudo nesta etapa da cultura. O nível de controle da praga é de 3-5% de botões florais com presença de bicudos adultos e/ou sinais de ataque.

.15/11 a 15/02

(algodão irrigado)

5. Vazio sanitário Após a colheita e a eliminação das plantas competidoras é necessário um período sem a presença de plantas de algodão no campo por, no mínimo, 60 dias. O vazio sanitário da cultura do algodão está compreendido entre o prazo final legal para a destruição de soqueiras e o início do calendário de semeadura da nova safra.

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CANA

O QUE ESPERAR DO SETOR

Conheça 3 novidades em biotecnologia para a cana-de-açúcar

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por

Osania Ferreira

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uando se fala em produtividade agrícola, levamos em conta dois fatores importantes: a genética e o ambiente de produção. Atualmente, o melhoramento de plantas é essencial para aumentar a produção global de alimentos em culturas como soja, milho, arroz, cana e algodão. A resistência ou tolerância de cultivares a doenças e pragas é uma busca constante nos programas de melhoramento vegetal, com objetivo de minimizar os danos às plantas e consequentemente, reduzir o uso de agrotóxicos.

Na cana-de-açúcar, o controle de doenças é feito basicamente através de variedades resistentes. Hoje em dia, a transgenia tem sido utilizada, já que o melhoramento convencional de plantas é limitado por barreiras reprodutivas entre espécies. O desenvolvimento da transformação genética de plantas abriu a possibilidade de transferir genes entre espécies ou gêneros.

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O que esperar do setor sucroalcooleiro para os próximos anos

No ano de 2017 uma novidade chegou ao setor sucroalcooleiro: a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou o uso comercial da primeira cana-de-açúcar geneticamente modificada. Batizada de ALTHA20B, a nova variedade é resistente à broca da cana, principal praga que ameaça a cultura. Ela tem o processo de propagação similar ao de introdução de uma variedade convencional. Ainda utilizando de técnicas de transgenia para o setor sucroalcooleiro, uma equipe multinacional formada por pesquisadores do Brasil, Reino Unido e Estados Unidos identificou um gene envolvido na dureza das paredes celulares de vegetais. Usando de técnicas de biotecnologia, utilizaram um transgene para suprimir o gene endógeno responsável pela rigidez da parede celular para cerca de 20% de sua atividade normal. As vantagens desta tecnologia vão além da possibilidade de quebra do material lignocelulósico de forma mais fácil, melhorando a eficiência na produção de bioetanol. Ela também abre as perspectivas de tornar mais digestíveis as forrageiras empregadas atualmente na alimentação de bovinos e ovinos.

A novidade traz a resistência a herbicidas e pragas, mais vigor nas taxas de multiplicação, redução dos custos de produção, e garantia de pureza gênica”.

É indiscutível a importância da biotecnologia no setor sucroalcooleiro, permitindo o aumento da produtividade e a adaptação de plantas a novos ambientes de produção. Recentemente a Syngenta lançou as chamadas sementes de cana (batizada de Plene Esmerald, em razão da cor verde), obtidas por técnicas de clonagem. Elas são pequenas cápsulas que contêm partes de gemas, mas que podem ser plantadas normalmente, como qualquer outra semente. A novidade traz como benefício a resistência a herbicidas e pragas, proporcionando mudas sadias, mais vigor nas taxas de multiplicação, redução dos custos de produção e garantia de pureza gênica. A biotecnologia pode ser considerada promotora de mudanças genéticas benéficas para a humanidade. Mais especificamente, é o desenvolvimento de novas variedades e processos através da criação de diversidade genética por recombinação dos diversos genes existentes, com a ajuda de técnicas e tecnologias especiais.

Osania Ferreira é mestre em Microbiologia Agropecuária e Coordenadora do Curso Superior de Tecnologia em Produção Sucroalcooleira da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG).

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EVENTOS

SHOWTEC

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ntre os dias 17 e 19 de janeiro, a Strider marcou presença em Maracaju (MS), no Showtec 2018! Ao lado dos parceiros do ClimaTempo, o público presente pode assistir a palestras sobre tecnologia, inovação e a influência das chuvas no agronegócio. O principal objetivo do Showtec é unir conteúdo e grandes nomes para o agro em um só lugar. Em 2018, o evento recebeu mais de 16 mil visitantes e 20 expositores, levando as mais relevantes novidades desenvolvidas para o produtor rural.

A

inda em Janeiro, no dia 19, os executivos de vendas da Strider estiveram em Primavera do Leste (MT) levando as melhores soluções para a gestão e eficiência profissional do campo.

PORTEIRAS ABERTAS

Pelo terceiro ano consecutivo o Grupo O Telhar, cliente e parceiro da Strider, realizou por lá o Porteiras Abertas. O encontro é voltado para troca de conhecimento e divulgação de resultados sobre as novas tecnologias e produtos relacionados ao agronegócio. Foto: Rodrigo Alves Ribeiro

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Confira os principais eventos do agro para este ano:

AgroRosário

09/03 a 11/03

Correntina/BA

Show Safra

20/03 a 23/03

Lucas do Rio Verde/MT

Feira do Cerrado

21/03 e 22/03

Coromandel/MG

FarmShow MT

03/04 a 06/04

Primavera do Leste/MT

Parecis Superagro

09/04 a 12/04

Campo Novo do Parecis/MG

Tecnoshow Rio Verde

09/04 a 13/04

Rio Verde/GO

Agrishow

30/04 a 04/05

Ribeirão Preto/SP

Agrotins

08/05 a 12/05

Palmas/TO

Herbishow

16/05 e 17/05

Ribeirão Preto/SP

Expocafé

15/05 a 18/05

Três Pontas/MG

Agrobalsas

14/05 a 19/05

Balsas/MA

Agrobrasília

15/05 a 19/05

Brasília/DF

Bahia FarmShow

29/05 a 02/06

Luis Eduardo Magalhães/BA

40° Semana da Citricultura

15/05 a 19/05

Brasília/DF

Insectshow

04/07 e 05/07

Ribeirão Preto/SP

Fenasucro & Agrocana

21/08 a 24/08

Sertãozinho/SP

Inovacana

05/09 e 06/09

Ribeirão Preto/SP

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CAPA

que vemcampo do Rastreabilidade é peça chave para garantir segurança alimentar

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r ao hortifruti ou à feira, escolher um alimento nas gôndolas, levar para casa, abrir a embalagem e consumir. Esta é a realidade da maior parte dos consumidores que vivem nas cidades grandes, distantes das fazendas. Mas qual a origem do que se come? Qual foi o processo de produção e a história por traz da fruta, verdura ou legume que está na sua mesa?

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“No Brasil, a fiscalização ainda não é rigorosa. Isto é péssimo para o produtor profissional e para o consumidor! Estamos concorrendo com quem não tem controle enquanto nos preocupamos em analisar todo o processo de produção do alimento”, afirma Eryvan Pires, gerente comercial da Ara Agrícola. A empresa, que possui 174 hectares destinados à produção de uvas sem semente em Petrolina (PE), fiscaliza passo a passo todo o caminho percorrido por suas frutas.

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Transparência que vem do campo

Com objetivo de estabelecer um mecanismo de monitoramento e controle de resíduos de agrotóxicos em produtos vegetais frescos em todo Brasil, a Anvisa definiu, no início do ano, procedimentos para aplicação da rastreabilidade ao longo da cadeia produtiva. Isso significa que, a partir de agora, os produtos devem estar identificados com etiquetas ou códigos de barra que permitam a fiscalização dos serviços de vigilância sanitária e do Ministério da Agricultura às informações básicas de produção. A novidade não vai mudar em nada a rotina da Agrícola em Petrolina (PE), muito pelo contrário. Por lá, a rastreabilidade já começa desde a poda das uvas, seguindo os critérios estabelecidos pelo Ministério da Agricultura. No campo é feito um registro de todos os agroquímicos aplicados na plantação e depois são feitos testes em laboratório para comprovar se o índice está dentro do permitido. Como 70% da produção da Ara é destinada para exportação, estes critérios são ainda mais rigorosos. A fruta que sai do campo já chega na casa de beneficiamento (ou packing house) com todas as informações de produção registradas. Lá é embalada e ganha um código de barra, com referência exata da área que foi produzida e data de embalagem. “Isso permite controlar toda a cadeia de produção e é vantajosos para o produtor e para o varejista. Se um produto chega ao nosso cliente como premium, mas está com qualidade inferior, conseguimos encontrar exatamente onde foi o erro. No sentido inverso, se notamos que alguma fruta excedeu o limite de químicos, podemos rastreá-la e fazer o recall.” explica Maria Luiza de Souza, gerente de controle de qualidade e pós colheita da Ara.

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Além das boas práticas agrícolas que acompanham as tendências mundiais do setor varejista, atende também um cliente que está cada vez mais exigente”.

Mercado e consumidores exigentes conduzem o produtor de alimentos perecíveis, de consumo diário, a seguir uma série de cuidados com segurança e qualidade. E foi justamente para facilitar o processo de rastreabilidade que Carlos Alberto Lucato foi em busca de soluções tecnológicas. “A tecnologia está presente desde o controle no campo, em que usamos ferramentas de monitoramento de pragas para otimizar o uso de defensivos agrícolas, até um investimento mais recente em exportação de pulverizadores eletrônicos, que tem toda informação da aplicação rastreada”, conta um dos sócios da citrícola Lucato.

Exigências de mercado Dando mais um passo para a garantia de que frutas, legumes e verduras - o chamado FLV estão sendo produzidos dentro dos limites permitidos pelas leis, a Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), criou em 2012 o programa de Rastreabilidade e Monitoramento de Alimentos (RAMA). O programa é voluntário e já foi adotado nos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Norte, Sergipe e Rio Grande do Sul. Atualmente, 15 milhões de toneladas de produtos FLV, em média, são rastreadas por mês e o caminho completo do produto até o consumidor fica disponível na internet para consulta pública. “Para o consumidor é a garantia de que ele está comprando um produto seguro e com resíduos dentro dos limites permitidos pelas leis. Para o produtor, além das boas práticas agrícolas que acompanham as tendências mundiais do setor varejista, atende também um cliente que está cada vez mais exigente “, explica o Superintendente da ABRAS, Marcio Milan.

Marcio Milan Superintendente da Associação Brasileira de Supermercados

A tecnologia está presente desde o controle no campo, em que usamos ferramentas de monitoramento de pragas para otimizar o uso de defensivos agrícolas”.

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Transparência que vem do campo

Especializada na produção e comercialização de laranja, tangerina e limão, a empresa, localizada em Limeira (SP), atende a quase todos os estados brasileiros. A Citrícola Lucato nasceu na década de 60 e há mais de 10 anos já aprimora as técnicas de rastreamento.

Foto: Acervo Citrícola Lucato

Para o empresário, o controle passa segurança ao consumidor, que ao levar alimentos para sua família, quer saber a sua procedência. “Através do QR Code disponível na embalagem, quem compra pode acessar uma plataforma e conhecer a fazenda de que veio a fruta que está consumindo. Isso o aproxima um pouco do nosso processo de produção”, conta. Já o varejista que compra da citrícola tem acesso ao produto já com código de barra, caso ele precise ser rastreado.

Investimento A preocupação com a segurança alimentar já é sim uma realidade e exigência fora do Brasil e está ganhando cada vez mais força no mercado nacional. Até 2020, uma das metas da Associação Brasileira de Supermercados é aumentar a adesão dos produtores e distribuidores ao programa de Rastreabilidade e Monitoramento de Alimentos até atingir toda a cadeia. Mapear todo o caminho percorrido pelos FLV durante o processo de produção não acaba com os riscos enfrentados no campo, mas é uma garantia de que, caso problemas surjam, poderão ser resolvidos com assertividade. Para Maria Luiza, da Ara, este é um dos princípios básicos para o alimento chegar na mão do cliente com segurança, e uma ação muito eficiente para evitar procedimentos errados. “É uma tendência mundial”, reforça por sua vez Carlos Lucato. Foto: Acervo Ara Agrícola

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COLUNISTA CONVIDADO

LA

NIÑA

e os seus efeitos por

Alexandre Nascimento

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agricultura brasileira, depois de anos seguidos entregando resultados insatisfatórios, teve safra recorde em 2017, o que salvou o país da recessão. Mas e neste ano? Será que existe a tal La Niña que tanto falam? E ela é tão ruim assim para o mercado agrícola?

Mas afinal, o que é o La Niña e quando ele acontece oficialmente? La Niña é o resfriamento fora do comum das águas do Pacífico na região equatorial. Para que o fenômeno aconteça de forma oficial, duas condições devem ser estabelecidas com duração de pelo menos cinco trimestres móveis consecutivos:

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Resfriamento na região central do Pacífico, com anomalia média inferior a meio grau abaixo do normal.

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Esse resfriamento oceânico deve interferir nas condições atmosféricas, ou seja, no aumento dos ventos alísios e na redução da chuva na região central e leste do Pacífico.


Conheça os principais

efeitos negativos da La Niña

Excesso de invernada: isso é prejudicial, sobretudo, na fase de colheita das culturas. Na soja a situação é mais crítica, pois é uma cultura que exige muito sol. Além disso, é muito comum hoje em dia o uso de sementes de soja de ciclo curto, o que prejudicaria a colheita em janeiro, que naturalmente já é um mês muito chuvoso. Maior pressão por pragas e doenças: a falta de sol e o excesso de umidade é uma situação que aumenta a proliferação de pragas e doenças.

Nesta última temporada, os itens 1 e 2 estiveram presentes em quatro trimestres, mas no trimestre que se encerra agora em março, não. Ou seja, não teremos La Niña de forma clássica e, sim, meses com características semelhantes ao fenômeno, como aconteceu em janeiro. Em anos de La Niña, geralmente, chove pouco no Sul e muito no Nordeste (e neste ano isso não está ocorrendo). As Regiões Sudeste e Centro-Oeste não possuem correlação direta com quantidade de chuva, mas o que normalmente acontece é que temos mais “invernada” em anos de La Niña do que em anos de El Niño - aquecimento anormal das águas superficiais do oceano Pacífico.

A perspectiva para a safrinha é de neutralidade, ou seja, sem La Niña e sem El Niño. Teremos alguma chuva que, juntamente com condições de solo ótimo deixadas pelas chuvas do verão, vão garantir um bom desenvolvimento da segunda safra, sobretudo nos talhões que possuem tecnologia e bom perfil de solo. A safra deste ano não deve bater recorde, mas os resultados devem ser muito bons. Idem para a safrinha, com clima e solo sendo favorecidos.

Alexandre Nascimento trabalha na Climatempo, é mestre em meteorologia, e atende os setores de energia e agricultura com previsões de curto e longo prazo.

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MUNDO A FORA

Baixo custo, fácil adaptação e

alta rentabilidade Cada vez mais presente no mercado, o grão-de-bico é um ótima alternativa para produtores.

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Estamos utilizando cada vez mais da tecnologia para aumentarmos a produtividade na superfície onde já plantamos”.

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redução do consumo de carne é uma tendência mundial. A preocupação com a saúde, com o direito dos animais e a necessidade de preservação dos recursos naturais estão entre os fatores que levaram ao aumento de pessoas veganas, vegetarianas ou que reduziram o consumo da carne no dia a dia. E na busca por uma alimentação completa, rica em nutrientes mesmo sem a proteína animal - o grão-de-bico está se destacando cada vez mais nas prateleiras.

Originalmente presente nas culturas asiáticas e árabes, a leguminosa é a segunda mais consumida no mundo e é uma aposta do agronegócio. “Existe uma cultura de migração para o maior consumo de alguns vegetais, o que contribui para o aumento da demanda deste tipo de produto. Estima-se que a demanda mundial (do grão-de-bico) cresça 10% nos próximos anos, e já estamos nos preparando para cobri-la”, conta Juan Corral, engenheiro agrônomo da Syngenta no México. Em terras mexicanas o grão se adaptou muito bem. Clima e solo foram favoráveis para a exportação tornar-se significativa. “95% dos grãos produzido no México são destinados a exportação, principalmente para os mercados da Àsia e Europa”, afirma Corral. Mas não são apenas esses continentes os grandes clientes mexicanos. No Brasil, a produção nacional não atende toda demanda da cadeia. Por isso, ainda importamos 8 mil toneladas anualmente do México e da Argentina.

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Baixo custo, fácil adaptação e alta rentabilidade

Uma leguminosa de fácil adaptação Com o aumento da procura, a cultura tornou-se uma alternativa muito importante para algumas zonas produtivas do México, apresentando-se como uma opção extra de renda para os agricultores. De acordo com Juan Corral, para suprir a entrega mundial, os produtores mexicanos estão investindo mais em pesquisas sobre novas variedades, sistemas de irrigação e controle de pragas e doenças. “Por isso estamos utilizando cada vez mais da tecnologia, para aumentarmos a produtividade na superfície onde já plantamos”, completa. O produtor que opta pelo cultivo do grão-de-bico encontra poucas barreiras no plantio. A cultura exige pouca água, se adapta bem quando encontra períodos de chuva no início da plantação e resiste à seca na hora da colheita. É uma cultivar de fácil manejo, tornando seu plantio barato para o produtor. Em contrapartida, seu valor comercial pode chegar ao dobro de outras leguminosas, como o feijão, por exemplo. De olho nesse potencial, pesquisas agrícolas estão avaliando cultivares de grão-de-bico que melhor se adaptam às condições ambientais brasileiras. No início de 2017, a empresa indiana United Phosphorus Limited (UPL) juntou-se com a Embrapa Hortaliças para instalação de experimentos com quatro cultivares em seis estados: Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. De acordo com a Embrapa, em 2018 espera-se que o Brasil produza de 4 a 6 mil toneladas de grão-de-bico, o dobro produzido no último ano.

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CAFÉ

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tualmente, no Brasil, cerca de 233 mil hectares que cultivam café são irrigados e mostram grande potencial produtivo. Mas é evidente que algumas regiões apresentam baixa disponibilidade de água, prejudicando o crescimento e o desenvolvimento dos cafezais.

O problema faz surgir cada vez mais tecnologias que visam manter a umidade no solo. Essas inovações evitam altos índices de replantio, muitas vezes responsáveis por elevar consideravelmente o custo de produção da plantação. Diante desta realidade, alunos e professores da Universidade Federal de Lavras (UFLA-MG) criaram uma alternativa para reter a água durante as chuvas ou mesmo durante o processo de irrigação: o uso do hidrogel hidratado nas covas de plantio.

Uma pesquisa desenvolvida pela Universidade mostrou que este polímero ajuda na fixação da água nas raízes das plantas. Classificado como “sintético”, o hidrogel é um pó branco muito usado na composição de fraldas higiênicas, por exemplo, para deixar os bebês secos. Nas plantas, descobriu-se que ele poderia evitar grandes perdas de produção.

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Uso de hidrogel no plantio aumenta produtividade do café

Fim do estresse hídrico Ao aplicar hidrogel dentro das covas de plantio, foi notado o crescimento e desenvolvimento do café desde a formação da sua muda, elevando a qualidade da safra. “Essa qualidade é definida por uma lavoura sem falhas, com plantas maiores e com capacidade de frutificar antes quando comparadas com lavouras sem a utilização dessa tecnologia”, conta Rubens José Guimarães, pesquisador e chefe do Departamento de Agricultura da UFLA-MG. Os pesquisadores observaram que as plantas que receberam o polímero hidratado tiveram a água retida por mais tempo no solo, próximo às raízes, sem apresentarem sintomas de estresse hídrico.

A consequência final foi um baixo índice de replantio, o que impacta positivamente nos agronegócios. “Por ser uma lavoura perene, com uso do hidrogel no café ela permanecerá economicamente viável por cerca de vinte anos”, completa Guimarães.

Polímero na prática Em períodos de pouca chuva ou ocorrência de veranicos, que podem comprometer a formação de lavouras, o cafeicultor pode utilizar a técnica no momento do plantio das mudas.

COMO UTILIZAR O HIDROGEL?

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Hidratação prévia do polímero em água limpa, por 40 minutos.

Dose: 1kg e ½ do polímero seco hidratado em 400 litros d’água.

Utilizar 1L e ½ dessa solução por cada cova de plantio, misturando com a terra de enchimento da cova.

O hidrogel não é tóxico e é biodegradável, sendo decomposto no solo após seu efeito como condicionador. O polímero pode ser encontrado em cooperativas e casas de produtos agrícolas por cerca de R$30,00 o Kg. “Mas essa não é a única técnica disponível. Adubação verde, aproveitamento de matéria orgânica e conservação do solo não podem ser esquecidas”, afirma Guimarães. O pesquisador ressalta que a escolha do hidrogel como condicionador de solo promete ajudar e muito na otimização de água na agricultura, mas as antigas técnicas continuam tendo papel fundamental na busca pela qualidade de plantio.

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TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

SENSORES: uma tendência para otimizar os processos no campo

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momento atual da agricultura exige informações rápidas, certeiras e que usem referências reais e confiáveis. Porém nem sempre estes dados são de fácil acesso e, para isso, surgem tecnologias que transformam as propriedades do ambiente em grandezas físicas, podendo transmiti-las em forma de informações úteis para o produtor. Um destes equipamentos são os sensores, dispositivos capazes de detectar, ler e registrar uma série de mudanças, que rapidamente podem ser traduzidas por pessoas ou computadores.

Estação Meteorológica Integração de dados de forma automática

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“O sensoriamento é a forma mais eficiente de conseguir informações sobre variáveis que podem afetar a produtividade do campo”, afirma Eduardo de Carvalho, engenheiro de hardware da Strider. Conheça a seguir três sensores essenciais para aumentar a assertividade e a previsibilidade no campo.

Para o agronegócio, o grande benefício deste equipamento é saber com rapidez se a irrigação é necessária, o que pode impactar diretamente na qualidade do plantio. Diferentemente do pluviômetro, que analisa o histórico de irrigação, este sensor informa com precisão a taxa de umidade do momento.

Sensor térmico Pluviômetro O pluviômetro é o sensor do volume de chuva. Ele coleta e armazena a água das precipitações durante um determinado tempo e local, mostrando ao produtor o valor da precipitação, medida em milímetros. Assim é possível analisar o histórico de irrigação por chuva da região registrada e programar as irrigações futuras. A versão digital do sensor utiliza de um mecanismo reclinável, que entorna o líquido ao acumular um determinado volume, emitindo um sinal eletrônico que será registrado por um dispositivo pré-selecionado pelo usuário. Já a versão analógica é composta de um funil e uma régua, que armazena o líquido e informa o volume coletado no dia.

Sensor de umidade Este pequeno dispositivo detecta a umidade presente no solo ou no ar e transforma essa medição em valores legíveis para o produtor. No caso da medição da umidade do solo, estes sensores são inseridos na terra e os valores obtidos são enviados para processadores.

“O sensor térmico fecha o ciclo de sensores essenciais para uma análise das condições climáticas do ambiente, o que afeta diretamente a saúde da lavoura”, afirma Carvalho. Em formato de termômetro, por meio dele é possível ver a temperatura média do solo e estimar a taxa de evaporação e absorção da água.

DIGITAL X ANALÓGICO Todos os três sensores possuem possibilidades digitais e analógicas, mas a segunda versão necessita de uma coleta de dados manual, o que exige muito trabalho e um grande número de funcionários, principalmente em fazendas extensas. Os sensores digitais normalmente ficam acoplados à estações meteorológicas, que integram todos os dados coletados de forma automática e os envia para computadores remotos diariamente. “A estação faz as medições várias vezes ao dia, melhorando as previsões, a tomada de decisão e a autonomia do produtor. Já a coleta manual não consegue ter esta precisão. O momento é de modernização”, completa o especialista.

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STRIDER NA ESTRADA

¡Hola México!

por

Rafael Malacco

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omecei 2018 com o pé direito! Logo nos primeiros dias do ano embarquei para minha segunda visita ao México - a primeira relatei por aqui, em nossa segunda edição. O estado de Sinaloa, localizado no oeste do país, foi meu destino durante 7 dias. Sinaloa é conhecido por ser um estado agrícola e o cultivo de grãos e leguminosas é a principal fonte de renda de quem vive por lá. E foi justamente para encontrar estes produtores que decolei mais uma vez para terras mexicanas.

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Passado quase um ano da viagem anterior, eu voltava com um propósito ainda maior: aprimorar o uso da tecnologia Strider em parceria com a Syngenta e expandir nossa área de atuação. Como supervisor de implantação, vejo estas visitas como a segunda etapa na inserção de uma nova tecnologia. Em nosso primeiro encontro, a plataforma Strider foi apresentada e os produtores aprenderam a usá-la. Agora, após uma safra utilizando o sistema, o objetivo era analisar os dados, identificar possíveis melhorias e mostrar como tirar o melhor proveito de todas as funcionalidades disponíveis no software. Quanto aos novos clientes, iniciaríamos os treinamentos de capacitação da equipe agronômica e de manejo de pragas.

Foto: Rafael Malacco

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¡Hola México!

Foto: Rafael Malacco

Transformando a agricultura Nosso projeto com produtores mexicanos surgiu em uma parceria com a Syngenta. A empresa, de atuação global, tem investido em ações que buscam aumentar a produtividade de cultivos, levando tecnologia e inovação para o campo. A porta de entrada dessas ações foi o programa Incrementa Papa, que oferece soluções completas para produtores de batata, integrando diversos sistemas inteligentes. Há uma safra, a Strider é a principal ferramenta que compõe este programa e agora será a tecnologia de controle fitossanitário de outras ações e culturas em parceria com a multinacional.

Treinamento prático do Strider PROTECTOR em Guasave - Sinaloa

Fui mais uma vez muito bem recebido por nosso vizinhos, que veem os brasileiros como representantes da alta produtividade. Ao lado da Syngenta, nosso objetivo foi levar informação, tecnologia, treinamento e capacitação para os agricultores da região, aumentando seu potencial agrícola. E a missão foi cumprida com sucesso. Enxergo esta parceria como o início de uma transformação ainda maior e voltarei aqui para contar. Até lá!

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ESPECIALISTA CONVIDADO

PARA REDUZIR É

NECESSÁRIO

Marco Lorenzzo Cunali Ripoli é engenheiro agrônomo, mestre em máquinas agrícolas pela ESALQ-USP e doutor em energia na agricultura pela UNESP. Atuou também nas empresas John Deere e CNH industrial.

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por

Marco Lorenzzo Cunali Ripoli

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FAO (Food & Agriculture Organization) afirma que mais de um bilhão de toneladas de alimentos são desperdiçados por ano em todo o mundo, o equivalente a aproximadamente 25% de tudo o que é produzido para o consumo humano. Grande parte deste desperdício ocorre dentro da própria cadeia produtiva (do plantio ao armazenamento e manipulação). Aquilo que não é comercializado acaba refletindo em aumento do custo de produção.

Olhando os últimos 10 anos, a evolução tecnológica em todos os setores no mundo foi impressionante. Na agricultura e na pecuária não foi diferente, já que permitiu grandes mudanças na forma de como o homem do campo e as empresas trabalham. Hoje, máquinas, equipamentos e ferramentas estão disponíveis no mercado proporcionando praticidade e melhorias no processo produtivo. Muita coisa já existe lá fora e ainda não chegou aqui. Ao meu ver, o próximo passo é investir mais em parcerias entre produtores rurais e a indústria, para desenvolvimento mútuo de soluções.

A redução de custos não está somente nas mãos dos produtores rurais! As taxas de câmbio e juros, os valores das commodities, os preços dos combustíveis, fertilizantes, herbicidas e as políticas de incentivo à produção agropecuária dependem de agentes do governo e de mercados mundiais. Sendo assim onde é possível influenciar? Na forma correta de operar as diversas máquinas, equipamentos e ferramentas. No momento de negociar a safra e na aquisição de novas tecnologias.

A tecnologia e os investimentos que estão acontecendo no país buscam auxiliar cada vez mais o homem do campo a melhorar sua tomada de decisão, sejam elas de caráter estratégico ou operacional. Com isso, entre outras coisas, reduzimos tempo nas atividades e, de maneira otimizada ao longo da cadeia, conseguimos oportunidades de redução de custos. Investir em inovação proporciona ao produtor uma redução total de custos, uma vez que gera a melhor coordenação de todo o processo produtivo, desde o planejamento inicial das atividades até a sua execução. Invista na redução!

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TECNOLOGIA SEM BARREIRAS

ESPECIAL AGTECH

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agronegócio vive um momento em que é necessário investir em tecnologia para se alcançar bons resultados. As soluções e opções são muitas e com grande potencial de entrega. Mas para utilizar o melhor das ferramentas e gerir com eficiência e agilidade, a conectividade é de extrema importância. “Hoje, no Brasil, os produtores conseguem implementar redes de conectividade, mas elas são relativamente simples e não atendem a todos os requisitos desejados.” afirma Fabrício Lira Figueiredo, gerente do agronegócio e inteligência do CPqD.

Desde 2014, o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD) passou a atuar no agronegócio, implantando o conceito de Internet das Coisas (IoT) para o produtor rural. No último ano, deu início ao projeto AgroTICs. Em parceria com a Usina São Martinho e com apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o AgroTICS desenvolveu uma rede móvel privada e de banda larga, específica para áreas remotas. “A São Martinho precisava de uma rede que suportasse banda larga e mobilidade. Desenvolvemos então uma rede que se baseia na tecnologia LTE (Long Term Evolution) - que é a base do 4G. Mas a nossa versão é privada, ou seja, o produtor pode implantá-la em sua propriedade sem depender de uma operadora”, explica Figueiredo.

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O projeto do CPqD é composto de uma estação rádio base (que se conecta às torres) e por terminais (que se conectam aos equipamentos do campo). O grande diferencial que permite a operação é a utilização do 4G em uma faixa de frequência destinada ao Serviço Limitado Privado (SLP) pela Anatel. Nesta modalidade, o produtor solicita a licença para Anatel e, para cada estação radio base que implanta, recebe o direito de operar nesta faixa de frequência - desde que seja para sua própria operação. A usina do Grupo São Martinho, localizada no interior de São Paulo, foi pioneira na instalação do sistema, abrindo portas para mais produtores. De acordo com Figueiredo, o projeto foi desenhado para atender os requisitos do agronegócio como um todo, não só do setor sucroenergético. Agora, a tecnologia já está sendo produzida e comercializada para demais produtores através de uma startup ligada ao CPqD. Um passo a mais para alavancar o setor agrícola no Brasil.


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