Assis Horta Retratos curadoria: Guilherme Horta
em memória a Mar i a C once i ção Monte i ro Hor ta, eter na esp os a d e A s s i s Hor ta
MINISTÉRIO DA CULTURA E FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO apresentam:
Assis Horta Retratos curadoria: Guilherme Horta
07 de abril a 07 de junho de 2015 Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard Palácio das Artes Belo Horizonte - MG
Assis Alves Horta, do alto de seus 97 anos, ocupa um posto de honra na fotografia brasileira. O seu estúdio fotográfico em Diamantina, Minas Gerais, o Foto Assis, mantido entre 1936 e 1967, foi palco de uma pequena revolução social-fotográfica brasileira. Após a Consolidação das Leis do Trabalho, CLT, em 1º de maio de 1943, Assis Horta viu chegar uma imensa massa de trabalhadores em seu estúdio a fim de tirar uma foto 3x4 para a recém criada Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS). A fotografia, que até então se destinava a retratar a sociedade burguesa, começa a ser descoberta pela classe operária. O retrato entra na vida do trabalhador: realiza sonhos, dignifica, atenua a saudade, eterniza esse ser humano, mostra a sua face. E logo vieram os amigos, a esposa, os filhos, todos em busca de um retrato. Essa demanda impôs a Assis Horta uma produção fotográfica vigorosa, que mesmo diante de um simples 3x4 se esmerava, não errava o foco, a luz e conseguia sempre de seu modelo a sua mais sincera expressão. Com um único disparo, Assis criou deuses domésticos com a sociedade diamantinense da época. Sua outra grande virtude veio de seu mestre, Dr. Rodrigo Melo Franco de Andrade, criador do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN). Horta preservou todo o seu acervo de milhares de chapas de vidro, cartas, anotações, equipamentos e etc, o que permitiu essas recentes pesquisas sobre o seu trabalho. A última delas exposta no ano passado no Palácio do Planalto em Brasília-DF. A Coleção Assis Horta de Retratos é uma pérola da nossa história. Desvenda nossa gênese, revela nossa alma e nos mostra quão rica e diversa é a nossa sociedade. Guilherme Rebello Horta curador
Na moldura dos valores artísticos do trabalho do fotógrafo Assis Horta, podemos identificar, ao largo da imagem do trabalhador brasileiro, a força das transformações sociais, o registro visual da história do país e o impacto da arte na vida do cidadão e da sociedade. Assis Horta é diamantinense e tem 97 anos. Nasceu no tempo em que o rapazote Juscelino cursava o seminário de Diamantina, a fim de poder cumprir os primeiros estudos. Como o criador da Pampulha e de Brasília, guarda o espírito generoso e alegre do antigo Tejuco. Em seu atelier fotográfico, posaram as famílias ilustres, recolhendo imagens para os tradicionais álbuns de retratos, até que um dia chegaram os trabalhadores, em busca da foto exigida por um novo documento que todos queriam conquistar. Fotografados para a Carteira de Trabalho, de acordo com as normas legais, os operários e suas famílias descobriram, com fascínio especial, o estúdio fotográfico. E o atelier, antes frequentado pelas classes abastadas, foi invadido por populares que queriam ver e mostrar a sua cara, para além da foto datada para o documento. Democratizouse o acesso ao “portrait”. O privilégio que se refletira nos incontáveis registros da família imperial e da aristocracia da República Velha tornou-se espelho do povo. Em cada retrato da série exposta, há o olhar estético de um fotógrafo admirável. Mas há também aquele novo olhar sobre si mesmo que veio revelar ao trabalhador uma perspectiva outra de vida. A partir da Carteira de Trabalho, seguro de si e da família, cabeça erguida no quadro social, ele faz pose para aparecer na História do Brasil. Pela lente de Assis Horta, a família do trabalhador diamantinense, como a família do fuzileiro naval numa emblemática pintura do mestre Guignard, refaz o verso de Drummond. O retrato na parede inunda o país de alegria. Com o esplêndido acervo de Assis Horta, a Secretaria de Estado de Cultura e a Fundação Clóvis Salgado abrem a programação da Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard, enaltecendo o artista de Diamantina, a importância da fotografia e o patrimônio cultural do povo de Minas Gerais. Angelo Oswaldo de Araújo Santos Secretário de Estado de Cultura
Os olhares de Assis Horta A Fundação Clóvis Salgado, em parceria com a Secretaria de Estado de Cultura, contribui, com esta exposição, para desvendar os primórdios da democratização da linguagem fotográfica em Minas Gerais. Duzentos retratos 3X4 de Assis Horta, capturados entre 1930 e 1950, registram o período da emergência da classe trabalhadora na história recente do Brasil por meio de imagens que revelam, pela primeira vez, a face do trabalhador brasileiro. Até então, o luxo da fotografia era privilégio de poucos. O trabalho de Assis Horta cumpre, na república, a mesma função desempenhada por Debret no império. Partindo do registro fotográfico destinado, inicialmente, às Carteiras de Trabalho exigidas pela lei trabalhista instituída no governo de Getúlio Vargas, ele traz a público não apenas os rostos dos trabalhadores, mas também os de seus familiares, convidados que foram a retornar ao estúdio para eternizar a história de suas vidas. Cenários e personagens dos primeiros tempos da república são registrados nas magistrais ambientações e iluminação das fotografias de Assis Horta. O exímio fotógrafo dedicou-se também às paisagens históricas de Minas Gerais, registrando curiosos aspectos dos principais cartões-postais do estado. A cidade de Diamantina é apresentada em 360º por uma simples Rolleiflex, em 1954. O estúdio de Assis Horta foi reproduzido na exposição de forma a propiciar que o visitante deixe ali inscrita a sua imagem, como fizeram inúmeros trabalhadores na Rua da Quitanda de Diamantina. Outra importante contextualização histórica é a vitrine em que se encontram relíquias como caixas de filmes, envelopes com pedidos de fotos, retratos 3X4 e câmeras fotográficas. A Fundação Clóvis Salgado sente-se honrada em apresentar este importante acervo fotográfico que retrata um pouco da nossa história através do olhar contundente dos trabalhadores, de suas famílias e do próprio Assis Horta. Augusto Nunes-Filho Presidente da Fundação Clóvis Salgado
A Consolidação das Leis do Trabalho
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confere o art. 180 da Constituição, DECRETA: Art. 1º – Fica aprovada a Consolidação das Leis do Trabalho, que a este decreto-lei acompanha, com as alterações por ela introduzidas na legislação vigente. Parágrafo único. Continuam em vigor as disposições legais transitórias ou de emergência, bem como as que não tenham aplicação em todo o território nacional. Rio de Janeiro, 1 de maio de 1943, 122º da Independência e 55º da República. Getúlio Vargas Art. 13° – A Carteira de Trabalho e Previdência Social é obrigatória para o exercício de qualquer emprego, inclusive de natureza rural, ainda que em caráter temporário, e para o exercício por conta própria de atividade profissional remunerada Art. 16° – A carteira profissional, além do número, série e, data de emissão, conterá mais, a respeito do portador: 1) fotografia com menção da data em que houver sido tirada
Identidade versus Retrato
“. . . É de 1310 a recomendação de Pietro d`Abano de que o retrato deveria expressar a aparência e a psicologia, ou a alma, do retratado.” Teixeira Coelho
“O retrato é talvez o mais poderoso gênero da arte, presente desde pelo menos o século 270 a.C. Seu fascínio sobre a imaginação humana é único: continua a ser o elo privilegiado entre a razão e o espírito mágico, que não abandona a humanidade. Isso porque o retrato tanto se entrega ao olhar do observador como o observa atentamente, o que pode ser reconfortante como ameaçador. Os “primitivos” não deixam de ter razão quando se negam ao olho da câmera, que captaria não apenas sua aparência como também sua essência. O retrato é, de fato, um constante exercício de psicologia social e individual. . . .E é nele que se apresenta mais uma vez uma questão central da arte: representação versus expressão.” 1 Desde seu aparecimento em 1839, a fotografia se concentrou na questão do retrato e foi a pintura que lhe forneceu modelos a serem aplicados. No decorrer da história, o retrato fotográfico foi encontrando novos códigos, aproximando a câmera, fechando o enquadramento, experimentando novos recortes e se concentrando cada vez mais no olhar. Em 1888, na França, é instituído um protocolo fotográfico de identidade judiciária com a famosa vista de frente e de perfil. Esse modelo é logo difundido para o resto do mundo, e o ser humano começa a ser classificado através da fotografia. No Brasil, esse tipo de classificação começou a ser usado no início do século XX. A fotografia de identidade civil em seus primórdios, por se tratar de uma técnica que era dominada somente por fotógrafos, nos mostra aspectos que avançam sobre o retrato. Iluminação, inclinação do rosto, uso de vestes como chapéu e até mesmo o gestual são encontrados aqui. É uma classificação artística de uma sociedade.
(1) Teixeira Coelho - texto extraído da exposição “Olhar e Ser Visto” (To Look and Be Seen) MASP- Museu de Arte de São Paulo 2009/2010
O Trabalhador no EstĂşdio FotogrĂĄfico
O retrato fotográfico é um extenso exercício de relacionamento entre o fotógrafo e o modelo. Um leve desvio do olhar, uma testa que franze, um pensamento, podem mudar o rosto de uma história. É um momento na fotografia que desafia o tempo e revela aspectos mágicos. Assis Horta conduzia essas sessões como um verdadeiro maestro, utilizando apenas 01 click para revelar aquele ser que se apresentava. A cadeira, o tapete, o fundo pintado e uma luz de janela lateral compõe o cenário dessa magia. Sozinho, com os amigos, com a esposa ou com os filhos, o trabalhador brasileiro, que já havia ganhado a identidade de um cidadão, alcança o sonho, a dignidade, a eternidade através do retrato. A partir desse momento ele passa a ter face e imprime sua história.
Cenårio dos Retratos Diamantina, Minas Gerais - 1954 Fotografia feita do alto da torre da Igreja do Amparo com uma câmera RolleiFlex em 10 quadros 1,04 x 11 metros
GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS – Fernando Damata Pimentel VICE-GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS – Antônio Andrade SECRETÁRIO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAIS – Angelo Oswaldo de Araújo Santos SECRETÁRIO ADJUNTO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAIS – Bernardo Mata Machado FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO PRESIDENTE – Augusto Nunes-Filho DIRETOR DE ENSINO E EXTENSÃO – Roger Vieira DIRETOR DE MARKETING, INTERCÂMBIO E PROJETOS INSTITUCIONAIS – Gilvan Rodrigues DIRETORA DE PLANEJAMENTO, GESTÃO E FINANÇAS – Kátia Carneiro DIRETORA DE PRODUÇÃO ARTÍSTICA – Cláudia Malta DIRETORA DE PROGRAMAÇÃO ARTÍSTICA – Ray Ribeiro GERENTE DE ARTES VISUAIS – Uiara Azevedo ASSESSORA DA GERÊNCIA DE ARTES VISUAIS – Ana Cristina Lima CHEFE DE DEPARTAMENTO DE ARTES PLÁSTICAS – Karolina Penido CHEFE DE DEPARTAMENTO DO CENTRO DE ARTE CONTEMPORÂNEA E FOTOGRAFIA – Rodrigo Gonçalves da Paixão PRODUTOR – André Murta APOIO ADMINISTRATIVO – Jairo de Oliveira MONTAGEM – Edivaldo Gomes da Cruz e Ronaldo Braz da Silva ESTAGIÁRIOS – Cristina Lima Cardoso, Leandro Duarte e Felipe Godoy COORDENADORA DO PROGRAMA EDUCATIVO – Fabíola Rodrigues EDUCADORES – Ana Carolina Ministério, Ana Flávia Paes, Antônio Vieira, Clarita Gonzaga, Daniela Nocchi, Deborah Silva, Fabiane Barreto, Frederico Mendes, Gerson Castro, Glenda Martins, Henrique Goulart, Isa Carolina, Luiza Saldanha, Naíra Duarte, Nelian Marques, Paulo Peixoto, Rita da Matta e Tatiane From ASSESSORA-CHEFE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – Júnia Alvarenga COORDENADOR DE PUBLICIDADE E DESIGN– Vitor Garcia ASSESSORIA DE IMPRENSA E MÍDIAS DIGITAIS – Gabriela Rosa, Ana Carolina Dias, Vítor Cruz, Rafael Rodrigues, Paulo Lacerda (fotógrafo), Nina Rocha (estagiária), Pedro Barbosa (estagiário) e Maíra Duarte (estagiária) PUBLICIDADE E DESIGN– Yasmin Moura e Victor Endo RELAÇÕES PÚBLICAS – Paula Hosken e Sara Kalil (estagiária) REVISÃO EDITORIAL – Maria Eliana Goulart
ASSIS HORTA - RETRATOS FOTOGRAFIAS: Assis Alves Horta PESQUISA E CURADORIA – Guilherme Rebello Horta PRODUÇÃO EXECUTIVA – Sérgio Rodrigo Reis DESIGN DE EXPOSIÇÃO – Flávio Vignoli DESIGN DE FACHADA E SINALIZAÇÃO – Guilherme Horta e Cláudia Vieira DESIGN GRÁFICO CATÁLOGO: Guilherme Horta FOTOGRAFIAS DA EXPOSIÇÃO(*): Jomar Bragança (*) exceto fotografias de Assis Horta por Valdemar Junior e Guilherme Horta IMPRESSÃO CATÁLOGO: Formato Artes Gráficas TRADUÇÃO – Caroline Azevedo DIGITALIZAÇÃO DAS CHAPAS DE VIDRO EM SCANNER EPSON V-700 – Studio Anta IMPRESSÃO DAS OBRAS EM PAPEL HAHNEMÜHLE PHOTORAG® – Studio Anta Impressoras Epson Stylus Pro 11880 e Epson Stylus Pro 9900 MOLDURAS – Vivarte AGRADECIMENTOS ESPECIAIS – Família Assis Horta
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