Assis Horta: A Democratização do Retrato Fotográfico

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Assis Horta: A Democratização do Retrato Fotográfico através da CLT The democratization of photographic portrait through the Brazilian Labor Law (CLT)

Pesquisa e curadoria: Research and Curatorship:

Guilherme Horta


em memória de Maria da Conceição Monteiro Horta eterna esposa de Assis Horta

In memory of Maria da Conceição Monteiro Horta Assis Horta’s eternal wife


Assis Horta: A Democratização do Retrato Fotográfico através da C L T Assis Horta: The democratization of photographic portrait through the Brazilian Labor Law (CLT)

Fotografia: Assis Horta

Photograph: Assis Horta

Pesquisa e Curadoria: Guilherme Horta Research and Curatorship: Guilherme Horta

Palácio do Planalto 02 de dezembro de 2013 a 08 de janeiro de 2014 Brasília - DF





Este projeto foi contemplado com o XII Prêmio Marc Ferrez de Fotografia 2012 Funarte, Ministério da Cultura - Governo Federal, o que possibilitou a realização dessa exposição no Centro Cultural e Turístico do Sistema FIEMG em Ouro Preto/MG, no período de 01 de maio a 02 de junho de 2013.


Portraits of Brazil at Palacio do Planalto

Angelo Oswaldo de Araújo Santos President of the Instituto Brasileiro de Museus (Brazilian Institute of Museums)

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arely do we find, in a single project, so many angles such as the ones which converge to the exhibit of photographs of Assis Horta, received at the Presidential Palace, a space that has hosted art and culture in the federal capital. the imprint of two other remarkable Presidents, Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, the image of the Brazilian worker, the power of social changes, the visual documentation of Brazilian history and the impact of art in the lives of citizens and society. The “Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais”, FIEMG, (Federation of Industries of Minas Gerais), through his vibrant president, Olavo Machado, brought Assis Horta and his work from Diamantina to Brasília, a connect that refers to the path of JK, on the great leap towards history. Assis Horta, 95-years-old, is from Diamantina. He was born at a time when young Juscelino was in the town’s monastery, trying to finish his first studies. As the founder of Brasília, he embodies the generous and joyful spirit of the old Tejuco. In his studio, traditional families posed, capturing images for their traditional photo albums, until one day the workers came, searching for a photo required for a new document which all of them wanted to have. They were photographed for their work identification document, according to the law, and they and their families discovered, with great fascination, the photographic studio. And the studio, which was usually visited by members of the most privileged social classes, was invaded by the common people who wanted to show their faces, for beyond the date stamped on the photograph of the document. The access to the portrait was democratized. The privilege which was reflected in the uncountable registers of the royal family and the aristocracy of the Old Republic became a mirror reflexion of the people. In each photograph of the exhibit, there is the aesthetic look of an admirable photographer. Nevertheless, there is a new look at yourself which revealed to the worker another perspective of life. Holding the worker document, secure of yourself and the family, head held high on the social scenario, he poses to be part of the Brazilian History. Through Assis Horta’s lenses, the family of the worker in Diamantina, like the family of the navy officer in an emblematic painting by the great master Guinard, reproduces Drummond’s verses. The portrait on the wall fills the country with joy. And now, as it arrives at the Palacio do Planalto, is a symbol of every Brazilian families who gather with renewed hopes of Christmas.


Retratos do Brasil no Palácio do Planalto Angelo Oswaldo de Araújo Santos Presidente do Instituto Brasileiro de Museus

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aramente se encontram, em uma só realização, tantas vertentes como as que convergem na mostra do atelier de fotografia de Assis Horta, recebida no Palácio do Planalto, espaço que tem acolhido a arte e a cultura na capital federal. Na moldura dos valores artísticos do trabalho de Assis Horta, a marca de dois outros notáveis Presidentes, Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, a imagem do trabalhador brasileiro, a força das transformações sociais, o registro visual da história do Brasil e o impacto da arte na vida do cidadão e da sociedade. A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, FIEMG, por meio de seu dinâmico Presidente, Olavo Machado, promoveu a vinda de Assis Horta e sua obra, de Diamantina para Brasília, ligação que refere a saga de JK, no grande salto da História. Assis Horta é diamantinense e tem 95 anos. Nasceu no tempo em que o rapazote Juscelino cursava o seminário da cidade, a fim de poder cumprir os primeiros estudos. Como o fundador de Brasília, guarda o espírito generoso e alegre do antigo Tejuco. Em seu atelier fotográfico, posaram as famílias ilustres, recolhendo imagens para os tradicionais álbuns de retratos, até que um dia chegaram os trabalhadores, em busca da foto exigida por um novo documento que todos queriam alcançar. Fotografados para a Carteira do Trabalho, de acordo com as normas legais, eles e suas famílias descobriram, com fascínio especial, o estúdio fotográfico. E o atelier, antes frequentado pelas classes abastadas, foi invadido por populares que queriam mostrar sua cara, para além da foto datada para o documento. Democratizou-se o acesso ao “portrait”. O privilégio que se refletira nos incontáveis registros da família imperial e da aristocracia da República Velha, tornou-se espelho do povo. Em cada retrato da série exposta, há o olhar estético de um fotógrafo admirável. Mas há também o novo olhar sobre si mesmo que veio revelar ao trabalhador uma perspectiva outra de vida. A partir da Carteira do Trabalho, seguro de si e da família, cabeça erguida no quadro social, ele faz pose para aparecer na História do Brasil. Pela lente de Assis Horta, a família do trabalhador diamantinense, como a família do fuzileiro naval numa emblemática pintura do mestre Guignard, refaz o verso de Drummond. O retrato na parede inunda o País de alegria. E ao chegar agora ao Palácio do Planalto simboliza todas as famílias brasileiras que se unem nas esperanças renovadas do Natal.


Assis Horta, pictures of the working world

Robson Braga de Andrade President of Confederação Nacional da Indústria-CNI (Brazilian Industry Confederation)

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he working world’s history told by 3 x 4 photos - thousands of them – taken in the early 40s. This is the essence of the exhibit Assis Horta: The Democratization of Photographic Portrait, which the Sistema Industria,proudly brings to the people of Brasília. In a fascinating flashback, we go back to 1943, when President Getulio Vargas signed the Brazilian Labor Law, known as Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). At that time, the most coveted document by workers until today was born, the Brazilian work identification document (Carteira de Trabalho e Previdência Social), which had the requirement that on its first pages, there would be a 3 x 4 photo of its bearer. At this precise moment, the story of Assis Horta, a young 95-year-old photographer, begins. A resident of Diamantina, on the backwoods of Minas Gerais, he had the task to take pictures of local workers, starting from the workers of the textile plant in Biribiri, a district of the municipality which, in recent years, became the set for Helvecio Ratton’s film, Danca dos Bonecos. In the 1940s, thanks to Assis Horta’s studio, called Foto Assis, which operated until 1967, hundreds of workers saw their faces printed on a portrait for the first time in their lives. More than taking pictures, Assis Horta was a miracle worker in a time of low technology, when the main materials were imported: the negatives, which were at the time big emulsified glass plaques; photographic paper; and the cameras themselves. Nothing was easy, especially because in 1943, the world was going through one of the most intense phases of the Second World War. Assis Horta, however, never gave up. He worked hard to build a project which is a reference in the photography world and which originated the exhibit Assis Horta: The Democratization of Photographic Portrait. Democratization indeed, as the characters were anonimous Brazilians who came to the working world by an industry, which was a sort of their birthplace. For all these reasons, the Sistema Indústria is honored to bring Assis Horta’s work to Brasília, in a pleasant initiative by SESI and the Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) (Federation of Industries of Minas Gerais). For me, who one day, as a teenager, considered trading the dream of becoming an engineer for the seduction of photography, Assis Horta will always be a great master and a remarkable example.


Assis Horta, retratos do mundo do trabalho

Robson Braga de Andrade Presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI)

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história do mundo do trabalho contada por retratos 3 x 4 – milhares deles – tirados no começo dos anos 1940. Essa é a essência da exposição Assis Horta: a democratização do retrato fotográfico, que o Sistema Indústria, com muito orgulho, oferece aos brasilienses.

Em fascinante flashback, voltamos ao ano de 1943, quando o presidente Getúlio Vargas sancionou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Na época, também nasceu o documento mais cobiçado pelos trabalhadores ainda hoje, a Carteira de Trabalho e Previdência Social, com a exigência de que, logo em suas primeira páginas, fosse incluída a foto – um retrato 3 x 4 – de seu portador. É nesse momento, exatamente, que começa a história de Assis Horta, um sempre jovem fotógrafo de 95 anos de idade. Morador de Diamantina, no sertão de Minas Gerais, coube a ele tirar as fotos dos trabalhadores da região, começando pelos empregados da fábrica de tecidos de Biribiri, distrito do município que, em anos mais recentes, virou cidade cenográfica para o filme Dança dos bonecos, de Helvécio Ratton. Nos idos de 1940, pelo estúdio de Assis Horta, o Foto Assis, que funcionou até 1967, passaram centenas de trabalhadores que, pela primeira vez em suas vidas, viam seus rostos reproduzidos em um retrato. Mais que tirar fotos, Assis Horta operava milagres numa época de pouca tecnologia, quando os principais insumos eram todos importados: os negativos, que, então, eram grandes chapas de vidro emulsionado; papéis fotográficos; e as próprias máquinas. Não era nada fácil, especialmente porque, em 1943, o mundo vivia a fase mais aguda da Segunda Guerra Mundial. Assis Horta, no entanto, jamais esmoreceu. Trabalhou para construir uma obra que, hoje, é referência no mundo da fotografia e que deu origem à exposição Assis Horta: a democratização do retrato fotográfico. Democratização, sim, pois os seus personagens eram anônimos brasileiros que chegavam ao mundo do trabalho por meio de uma indústria igualmente no seu nascedouro. Por tudo isso, o Sistema Indústria se sente honrado em trazer a obra de Assis Horta a Brasília, em uma feliz iniciativa do SESI e da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG). Para mim, que um dia, adolescente, cogitei trocar o sonho de tornar-me engenheiro pela sedução da fotografia, Assis Horta será sempre um grande mestre e um notável exemplo.


Industry, photography, and history

Olavo Machado President of Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais – FIEMG Director of the Regional Department of SESI de Minas Gerais

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t is with great pleasure that the Federação das Indústrias de Minas Gerais and SESI-MG bring to Brasília the awarded exhibit Assis Horta: The Democratization of Photographic Portrait, winner of the 2012 Marc Ferrez Photography Award of 2012. Firstly displayed at the Centro Cultural e Turístico do Sistema Fiemg in Ouro Preto, the exhibit presents the outstanding work of Assis Horta who, in the 1940s, in Diamantina, connected photography to the industry of Minas Gerais and Brazil. Assis Horta had the mission to photograph in black and white 3 x 4 pictures, factory workers who looked for their first professional registration, a document which had just been created by Getúlio Vargas in the CLT – a Consolidação das Leis do Trabalho which celebrates its 70th anniversary this year. This is the basis for the exhibit which we now offer to the population of Brasília and which is part of the cultural activities promoted by SESI of Minas Gerais, which is an institution created almost seven decades ago to function as the social arm of the industry and an instrument of permanent life quality improvement for the industry worker. Very early, it could be noticed that, at the institution, that culture and education walk together and are the most important instrument to form citizenship. The exhibit Assis Horta: The Democratization of Photographic Portrait undoubtely represents the confirmation of this commitment that still stands and which shall be always present at the industry’s and SESI’s DNA. Every year, hundreds of thousands of people find through our five cultural centers, eight theaters and six art galleries, the access door to this fascinating worldwhich brings entertainment and spreads knowledge. Wherever there are no cultural centers, theaters and galleries, SESI goes to the public – on the streets, squares, construction sites and schools. Culture is always the focus of the activities that SESI from Minas Gerais develops in its 94 units present in 73 municipalities from Minas Gerais. FIEMG does this work very enthusiastically and certainly reinvigorates in face of successful initiatives such as the exhibit Assis Horta: The Democratization of Photographic Portrait


A indústria, a fotografia e a história

Olavo Machado Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais – FIEMG Diretor do Departamento Regional do SESI de Minas Gerais

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om satisfação, a Federação das Indústrias de Minas Gerais e o SESI-MG trazem à Brasília a premiada exposição Assis Horta: A democratização do retrato fotográfico, vencedora do XII Prêmio Marc Ferrez de Fotografia 2012. Realizada pela primeira vez no Centro Cultural e Turístico do Sistema Fiemg em Ouro Preto, a mostra apresenta a deslumbrante obra de Assis Horta que, nos anos 40 do século passado, em Diamantina, ligou definitivamente a fotografia à indústria de Minas Gerais e do Brasil. Assis Horta recebeu a missão de fotografar, em preto e branco e em retratos 3 x 4, operários que buscavam a sua primeira carteira profissional, documento que acabara de ser criado por Getúlio Vargas dentro da CLT – a Consolidação das Leis do Trabalho que, este ano, completou 70 anos. Esta é a base da exposição que ora oferecemos à população de Brasília e que faz parte das atividades culturais realizadas pelo SESI de Minas Gerais, entidade criada quase sete décadas atrás para funcionar como o braço social da indústria e como instrumento de permanente melhoria da qualidade de vida do trabalhador industrial. Muito cedo, percebeu-se, na instituição, que cultura e educação caminham juntas e se constituem no mais poderoso instrumento de formação da cidadania. A mostra Assis Horta: a democratização do retrato fotográfico representa, sem dúvida, a reafirmação deste compromisso que continua hoje e continuará sempre presente no DNA da indústria e do SESI. Trata-se de iniciativa que se integra e se destaca no rol de ações desenvolvidas pelo SESI de Minas Gerais para promover a arte e a cultura em nosso estado, em suas mais diversas formas – artes plásticas, cinema, música, teatro, dança, canto coral. Pelos nossos cinco centros de cultura, oito teatros e seis galerias de arte passam, todos os anos, centenas de milhares de pessoas que encontram no SESI a porta de acesso a este mundo fascinante que propicia o entretenimento e propaga o conhecimento. Aonde não há centros culturais, teatros e galerias, o SESI vai ao encontro do público – nas ruas, nas praças, nos canteiros de obras e nas escolas. A cultura está sempre presente nas atividades que o SESI de Minas Gerais desenvolve em suas 94 unidades instaladas em 73 municípios mineiros. Este é um trabalho que a FIEMG realiza com muito entusiasmo e que, com certeza, se revigora diante de iniciativas vitoriosas como a exposição Assis Horta: a democratização do retrato fotográfico.


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fter the Brazilian Labor Law (CLT) of May 1st, 1943, millions of workers sat in front of a camera, probably for the first time, to regulate their professional registration (Art. 13) and use their 3x4 photographs on their Brazilian work identification document (CTPS) (Art. 16). With the widespread use of 3x4 photos, photographers started to be known by workers. Photographic portrait becomes part of worker’s lives. It fulfills dreams, dignifies people, help minimize homesickness, shows its face. Assis Horta, a photographer, who is 95 years-old nowadays, had a photography studio in Diamantina, Minas Gerais, between the 40s and the 70s. He registered in glass plates almost all the members of the society of Diamantina at that time. Assis Horta’s photograph collection with pictures of Diamantina’s working class represents a CUT in this new possibility in Brazilian photography and is the subject of research winner of the 2012 Marc Ferrez photography award by Funarte. It is fascinating to recognize the genes of our people through the lenses of a photographer with rare sensibility for making Portraits. Assis Horta’s collection, with portraits of the first factory workers legally registered, is a gem from Brazilian history. This exhibit with Portraits of Brazilian Workers at the Palacio do Planalto, in Brasilia, is a marcante event in the country’s history. It is a legitimate display of Brazilian democracy through photography. My sincere thanks to the President of the Instituto Brasileiro de Museus (Brazilian Institute of Museums), Angelo Oswaldo de Araújo Santos, who had the sensibility to acknowledge the importance of the work and project it to the national power and to the President of the Federation of Industries of Minas Gerais (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais), Olavo Machado, who made it possible.

Guilherme Horta Researcher and curator


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pós a Consolidação das Leis do Trabalho (C.L.T.) em 1° de maio de 1943, milhares de trabalhadores sentaram diante de uma câmera fotográfica, provavelmente pela primeira vez, para regularizar o seu registro profissional (art 13.) e aplicar o seu retrato 3x4 na C.T.P.S.- Carteira de Trabalho e Previdência Social (art. 16). A fotografia, que até então se destinava a retratar a sociedade burguesa, começa a ser descoberta pela classe operária. O Retrato entra na vida do trabalhador: realiza sonhos, dignifica, atenua a saudade, eterniza esse ser humano, mostra a sua face. Assis Horta, fotógrafo, hoje com 95 anos, manteve estúdio fotográfico em Diamantina, Minas Gerais, entre as décadas de 40 e 70 registrando, em chapas de vidro, praticamente toda a sociedade diamantinense da época. Seu acervo fotográfico da classe operária brasileira, representa um CORTE nessa nova possibilidade da fotografia no Brasil e é o objeto da pesquisa vencedora do XII Prêmio Marc Ferrez de Fotografia da Funarte 2012. Fascinante reconhecer o gene do nosso povo através de um fotógrafo com rara sensibilidade para a execução do Retrato. A Coleção Assis Horta com os “portraits” desses primeiros operários legalmente registrados, é uma pérola na história brasileira. Essa exposição, com os Retratos dos Trabalhadores brasileiros no Palácio do Planalto, em Brasília, é um fato marcante na história do país. Representa uma legítima demonstração da democracia através da fotografia. Meus sinceros agradecimentos ao Presidente do Instituto Brasileiro de Museus, Angelo Oswaldo de Araújo Santos, que teve a sensibilidade de reconhecer a importância da obra e projetá-la para o centro do poder nacional e ao Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais - FIEMG, Olavo Machado, que viabilizou a sua realização.

Guilherme Horta

autor da pesquisa e curador


Brazilian Labor Law


A Consolidação das Leis do Trabalho


THE PRESIDENT OF THE REPUBLIC OF BRAZIL, by the powers vested in him on Art. 180 of the Brazilian Constitution DECREES: Art. 1 – The Brazilian Labor Law (CLT) is approved, which follows this decree, with the modifications introduced by them in the current legislation. Single Paragraph. The legal transitory or urgent dispositions, as well as the ones which are not applied in all national territory, are still effective. Rio de Janeiro, May 1st 1943, 122th year of Independence and 55th of the Republic. Getúlio Vargas Art. 13 – The Brazilian work identification document (CTPS) is mandatory to work on any job, including those of rural nature, even if temporary and for self-employment in paid professional activities. Art. 16 – The Brazilian work identification document, besides it’s number, series, and date of issue, will also included about its holder: 1) Photograph with mention to the date it was taken.


O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confere o art. 180 da Constituição, DECRETA: Art. 1º – Fica aprovada a Consolidação das Leis do Trabalho, que a este decretolei acompanha, com as alterações por ela introduzidas na legislação vigente. Parágrafo único. Continuam em vigor as disposições legais transitórias ou de emergência, bem como as que não tenham aplicação em todo o território nacional. Rio de Janeiro, 1º de maio de 1943, 122º da Independência e 55º da República. Getúlio Vargas Art. 13° – A Carteira de Trabalho e Previdência Social é obrigatória para o exercício de qualquer emprego, inclusive de natureza rural, ainda que em caráter temporário, e para o exercício por conta própria de atividade profissional remunerada Art. 16° – A carteira profissional, além do número, série e, data de emissão, conterá mais, a respeito do portador: 1) fotografia com menção da data em que houver sido tirada






Identity versus Portrait

“. . .Pietro d’Abano’s recommendation that a portrait should express the appearance and the psyche, or the soul, of its object dates back to 1310.”

Teixeira Coelho


Identidade versus Retrato

“. . . É de 1310 a recomendação de Pietro d`Abano de que o retrato deveria expressar a aparência e a psicologia, ou a alma, do retratado.”

Teixeira Coelho


“Portrait is probably the most powerful art form, dating at least to 270 B.C. Its fascination over human imagination is unique: it is still a privileged link between reason and the magical spirit which doesn’t leave humankind. This is due to the fact that portrait not only gives itself to the eye of the observer, but also observes him attentively, which can be comforting or threatening. The “primitives” may have been right when they denied being exposed to the eye of the camera, which would capture not only their appearance, but also their essence. Portrait are in fact a constant exercise of social and individual psychology. . . .and it is in them that the central issue of arts presents: representation versus expression.” 1 Since its debut in 1839, photography was focused on Portraits, and painting provided them with models to be followed. Throughout history, Portraits found new codes by approximating the camera, zooming in on the frame, experimenting with new cuts and focusing more on the look. In 1888, in France, a photographic protocol of judicial identity with the famous front and profile view was established. This model soon spread to the rest of the world, and the human begins to be sorted through photography. In Brazil, this kind of classification started to be used in the beginning of the 20th century. The photographic identification in its beginning, for being a technique dominated only by photographers, shows us aspects that advance towards the Portrait. Lighting, face tilting, use of props like hats and even the gestures are found here. It is an artistic classification of a society.

(1) Teixeira Coelho - Extracted from the exhibit “To look and be seen” MASP – Museu de Arte de São Paulo 2009/2010


“O Retrato é talvez o mais poderoso gênero da arte, presente desde pelo menos o século 270 a.C. Seu fascínio sobre a imaginação humana é único: continua a ser o elo privilegiado entre a razão e o espírito mágico, que não abandona a humanidade. Isso porque o retrato tanto se entrega ao olhar do observador como o observa atentamente, o que pode ser reconfortante como ameaçador. Os “primitivos” não deixam de ter razão quando se negam ao olho da câmera, que captaria não apenas sua aparência como também sua essência. O retrato é, de fato, um constante exercício de psicologia social e individual. . . .E é nele que se apresenta mais uma vez uma questão central da arte: representação versus expressão.” 1 Desde seu aparecimento em 1839, a fotografia se concentrou na questão do Retrato e foi a pintura que lhe forneceu modelos a serem aplicados. No decorrer da história, o Retrato fotográfico foi encontrando novos códigos, aproximando a câmera, fechando o enquadramento, experimentando novos recortes e se concentrando cada vez mais no olhar. Em 1888, na França, é instituído um protocolo fotográfico de identidade judiciária com a famosa vista de frente e de perfil. Esse modelo é logo difundido para o resto do mundo, e o ser humano começa a ser classificado através da fotografia. No Brasil, esse tipo de classificação começou a ser usado no início do século XX. A fotografia de identidade civil em seus primórdios, por se tratar de uma técnica que era dominada somente por fotógrafos, nos mostra aspectos que avançam sobre o Retrato. Iluminação, inclinação do rosto, uso de vestes como chapéu e até mesmo o gestual são encontrados aqui. É uma classificação artística de uma sociedade.

(1) Teixeira Coelho - texto extraído da exposição “Olhar e Ser Visto” (To Look and Be Seen) MASP- Museu de Arte de São Paulo 2009/2010








Worker in the Photographic Studio


O Trabalhador no EstĂşdio FotogrĂĄfico


The Photographic Portrait is a long exercise of relationship between the model and the photographer. A brief look away, a frown, or a thought may change the face of a story. It is a moment in photography that challenges time and reveals magical aspects. Assis Horta conducted these sessions like a maestro, using only one click to reveal that human being that presented himself. The chair, the carpet, the painted background and a side window light make up the set for this magic. Alone, with friends, wife or with his sons, the Brazilian blue collar worker, who had already reached his identity as a citizen, reaches his dream, dignity, and eternity through the portrait. From this moment on, he has a face and his story is printed.


O Retrato Fotográfico é um extenso exercício de relacionamento entre o fotógrafo e o modelo. Um leve desvio do olhar, uma testa que franze, um pensamento, podem mudar o rosto de uma história. É um momento na fotografia que desafia o tempo e revela aspectos mágicos. Assis Horta conduzia essas sessões como um verdadeiro maestro, utilizando apenas 01 click para revelar aquele ser que se apresentava. A cadeira, o tapete, o fundo pintado e uma luz de janela lateral compõe o cenário dessa magia. Sozinho, com os amigos, com a esposa ou com os filhos, o trabalhador brasileiro, que já havia ganhado a identidade de um cidadão, alcança o sonho, a dignidade, a eternidade através do retrato. A partir desse momento ele passa a ter face e imprime sua história.













os autores

fotografia: Isnard Horta

the authors

Guilherme Rebello Horta e Assis Alves Horta


Technical data:

Graphic design: Guilherme Horta e Flávio Vignoli Display design: Flávio Vignoli Translation: Caroline de Azevedo Machado Glass plates digitizing on Epson V700: Studio Anta Printing and exhibition: Studio Anta on Hahnemühle PhotoRag® UltraSmooth 305 gsm paper printers Epson Stylus Pro 11880 and Epson Stylus Pro 9900 Frames and finishings: Vivarte Print catalog: Rona Editora Public Relations: Claudia Noronha Executive Coordination: Sérgio Rodrigo Reis Financial manager: Cláudia Vieira

Special thanks: Priscila Freire, Bernadete Cunha, família Assis Horta, Luciana Leite, Evelin Wanke, Luciara Souza, Carlos Nascimento, Maxwell Telles, Celso Luiz Alves e Jomar Bragança.

www.studioanta.com.br


Ficha técnica: design gráfico: Guilherme Horta e Flávio Vignoli design de exposição: Flávio Vignoli tradução: Caroline Azevedo digitalização das chapas de vidro em scanner Epson V700: Studio Anta impressão da exposição: Studio Anta papel Hahnemühle PhotoRag® UltraSmooth 305 gsm Impressoras Epson Stylus Pro 11880 e Epson Stylus Pro 9900 molduras e acabamento: Vivarte impressão do catálogo: Rona Editora assessoria de imprensa: Cláudia Noronha coordenação executiva: Sérgio Rodrigo Reis gerência financeira: Cláudia Vieira

agradecimentos especiais: Priscila Freire, Bernadete Cunha, família Assis Horta, Luciana Leite, Evelin Wanke, Luciara Souza, Carlos Nascimento, Maxwell Telles, Celso Luiz Alves e Jomar Bragança.

www.studioanta.com.br


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