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CST * 00 EQUIPE COORDENADORA DA CST
Divisão de Comunicação e Imagem Divisão de Meio Ambiente COORDENAÇÃO DO PROJETO
MP Publicidade PROJETO GRÁFICO
Studio Ronaldo Barbosa Ronaldo Barbosa Jarbas Gomes Rodrigo Resende
GESTÃO DO CONVENTO
Frei Geraldo Freiberger, O.F.M. PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DE AMIGOS DO CONVENTO DA PENHA
Tereza Cecília Brunelli REVISÃO
Nilcéa Moraes Costa IMPRESSÃO
Grafitusa
Dados Internacionais de classificação na publicação (CIP) (Companhia Siderúrgica de Tubarão-CST, ES, Brasil) RIBEIRO, Francisco Aurelio. O Convento da Penha: fé e religiosidade do povo capixaba./ Francisco Aurelio Ribeiro. – Vitória: Companhia Siderúrgica de Tubarão-CST, 00 . p. . Convento da Penha-ES . Religião . Fé I. RIBEIRO, Francisco Aurelio II. Companhia Siderúrgica de Tubarão-CST III. Título. ISBN - 0 -
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O CONVENTO DA PENHA fé e religiosidade do povo capixaba texto: francisco aurelio ribeiro fotografias: jorge luiz sagrilo Companhia Siderúrgica de Tubarão 2006Q R
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O Convento da Penha Alcandorado e belo, exposto ao raio e ao vento, sentinela da barra, em perfil singular, destaca-se, no espaço, o lendário Convento, o trono de Maria entre a planície e o mar. Peregrino, contempla o augusto monumento da terra capixaba. Ali, vive a rezar, em hosanas de glória ou rudez do tormento, o coração de um povo. Oh! sim, vem meditar – O sonho de Frei Pedro, – o monge do painel, perdido na montanha, à sombra das palmeiras, inspira um florilégio, em poemas e prosa. O artista o registrou, num primor de pincel, e a Fé, superior aos cumes e às trincheiras, conduz as multidões à Virgem Poderosa!… (Maria Stella de Novaes, 1953)
O Convento da Penha Nossa Senhora da Penha É quem por nós mais se empenha Junto de Nosso Senhor! Ouve, pois, Senhora minha, Ouve, pois, doce Rainha, Meu poema em teu louvor. Uns versos que, embora pobres, Desejo ouvidos por nobres, Por gente simples também. - Mas, com lira tão pequena, Não sei bem se vale a pena Deste começo ir além… Dá-me, assim, tua proteção Para que minha canção Se vista de algum valor. Conheço tua bondade, Sei da tua caridade, Ó meiga Mãe do Senhor! Q R
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(Elmo Elton, 6 de maio de 1976)
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Este livro surgiu como desejo da CST de preencher duas lacunas em relação ao maior patrimônio histórico do Espírito Santo, o Convento de Nossa Senhora da Penha, edificado nos fins do século XVI, em Vila Velha – ES. A primeira é propor uma história atualizada, graficamente bem produzida, do maior símbolo da religiosidade e da fé do povo capixaba; a segunda, divulgar um estudo técnico realizado pelo CETEC (Centro Tecnológico de Minas Gerais), em 2001, em que se procedeu à “Avaliação das Condições do Patrimônio Histórico do Convento de Nossa Senhora da Penha”. Esse projeto foi financiado pela CVRD (Companhia Vale do Rio Doce) e CST (Companhia Siderúrgica de Tubarão), com a participação técnica do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Contrato n° P0125/99, de 27/04/2000.
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SUMÁRIO 19
INTRODUÇÃO
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I. A origem da crença numa divindade feminina
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II. As origens da devoção à Virgem Maria
37
III. Frei Pedro Palácios e o Convento da Penha
61
IV. Lendas e crenças no culto a Nossa Senhora da Penha
77
V. Percursos e Percalços do Convento da Penha: do século XVII ao XIX
87
VI. O Convento da Penha: do século XX aos dias atuais
97
VII. Visitantes ilustres do Convento da Penha
111
VIII. A Mata do Convento e a Questão Ambiental
123
IX. Desfecho
126
Cronologia
132
Referências Bibliográficas ANEXOS
140
I. ESCRITURA DE DOAÇÃO DE TERRENOS À ORDEM DOS FRADES MENORES CAPUCHOS (1591)
143
II. DESCRIÇÃO DO CONVENTO DA PENHA NO ANO DE 1786
146
III. ESCRITURA PÚBLICA DE DOAÇÃO DA VERBA PARA CONSTRUÇÃO DO CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA PENHA FEITA PELO GOVERNADOR DO RIO DE JANEIRO, GENERAL SALVADOR CORREIA DE SÁ E BENEVIDES
148
IV. AS MARAVILHAS DA PENHA
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INTRODUÇÃO “Iaiá, você vai à Penha? Me leva, ô, me leva. Iaiá, você vai à Penha? Me leva, ô, me leva. Eu vou tomar capricho, Meu bem, vou trabalhar. Eu tenho uma promessa a pagar. Essa promessa Que eu tenho a pagar É pra Santa Padroeira, Ela vai me ajudar”. (Cantiga de bandas de congo do Folclore Capixaba)
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M 1954, SEU PEDRO, comerciante, e Dona Maria, do lar, carregaram a pequena Maria da Penha, recém-nascida, e, juntamente com as duas avós, Florcinda e Maria, saíram de Santa Bárbara do Caparaó, hoje, município de Ibitirama, e, numa viagem de jipe até Alegre, pegaram o trem que os levou até Cachoeiro de Itapemirim. Lá, fizeram uma baldeação e tomaram o trem noturno da Leopoldina, que os trouxe a Vila Velha, estação de Argolas, em Paul. Daí, usaram o bonde Paul–Prainha, linha construída pelo pai da escritora Haydée Nicolussi, o imigrante italiano João Nicolussi, em 1912, no governo de Jerônimo Monteiro, e saltaram aos pés do Convento da Penha. Ali, depois de dois dias de viagem, alugaram um carro de praça que os conduziu ao destino final: Nossa Senhora da Penha, no altar-mor do Convento, escolhida para madrinha da pequena Maria da Penha, se ela vingasse, ou seja, nascesse viva, visto que o primeiro filho tinha nascido prematuro. Assim como eles, milhares de famílias capixabas realizam um percurso semelhante, deslocando-se de vários rincões capixabas, para pagar uma promessa à Virgem da Penha, devoção esta iniciada por Frei Pedro Palácios desde 1558, quando aqui chegou, vindo da Europa. Trazia consigo um quadro representando Nossa Senhora das Alegrias, de quem os frades franciscanos eram devotos. Mais tarde, com a construção do Convento e a vinda de uma imagem trazida de Portugal, intensificou-se, no Espírito Santo, o culto a Nossa Senhora da Penha, tornando-se, hoje “a maior demonstração de fé do povo capixaba” e a “terceira maior festa mariana do país”, só perdendo para a “Festa de Nossa Senhora Aparecida”, a padroeira do Brasil, e a “Festa do Círio de Nazaré”, em Belém (PA). A festa da Penha
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que se realiza, anualmente, no Espírito Santo, oito dias após a Páscoa, “conta com a expressiva participação de mais de 500 mil devotos da Virgem da Penha”. “Durante os nove dias de festividade serão realizadas 58 celebrações eucarísticas e oito romarias: Romaria dos Corredores; dos Cavaleiros; dos Ciclistas; dos Motociclistas; da Juventude; das Pessoas com Deficiência; das Mulheres e dos Homens” (Fôlder de divulgação da “Festa da Penha 2006”. 16 a 24 de Abril. Vila Velha – ES). Pela quantidade e diversidade de devotos das romarias, pode-se observar a generalização do culto a Nossa Senhora da Penha em todos os segmentos e classes sociais. Segundo a escritora Maria Stella de Novaes, até mesmo um Presidente da República, Arthur Bernardes, chegou ao Espírito Santo em 1926 sem aviso prévio, para pagar promessa feita a N. Sra. da Penha, no Convento (NOVAES, História do Espírito Santo). No entanto, a origem do culto e a maior intensidade da devoção a Nossa Senhora da Penha podem ser observadas no público feminino. É entre as mulheres que se pode constatar, com maior freqüência, o culto e a devoção à Maria, mãe de Deus e dos Homens, que as faz cantar, com fé e devoção, nas procissões: “Virgem da Penha, Minha alegria, Senhora nossa, Ave Maria!” (Alfredo Setaro, letra, e João Lírio Tagliarico, música).
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UITO ANTES DE jesuítas ou franciscanos, dentre outros tantos religiosos terem difundido pelo mundo a devoção mariana, o culto à “mãe de Deus”, já existia, em povos primitivos, a adoração pelo elemento feminino. Pesquisadores-arqueólogos afirmam que dentre as mais antigas manifestações artísticas do período paleolítico (4.000 a.C para diante), estão estatuetas possuidoras de evidentes caracteres femininos, em que se punha em evidência a mãe e o processo de criação (PISCHEL, G. História Universal da Arte. p. 10). Nas antigas civilizações, acreditava-se em divindades femininas. Ísis, da mitologia egípcia, era filha do céu e da terra, saída do deus-sol e, dentre as suas atribuições, estava a de curar os enfermos. Era, também, a deusa agrária da fertilidade e, doadora da fecundidade, ela se torna parelha de Min, deus procriador, atributo que se acha ligado a sua função maternal. O culto a Ísis, no antigo Egito, associava-a à figura da mãe universal, herdeira do mito primitivo da Terra-mãe (BRUNEL. Dicionário de Mitos Literários. 1997, p. 498–9). Na civilização grega, o culto egípcio a Ísis toma a forma de várias deusas – Astartéia, Ártemis, Hera, Afrodite, Héstia, Réia, Deméter –, dentre outras, e, no século I a.C, atribui-se a ela a invenção, juntamente com Hermes, da escrita e das línguas, fazendo dela a criadora do universo, a soberana dos três mundos – terrestre, celeste e subterrâneo –, uma potência cósmica que reina sobre os elementos e os astros (Id., p. 500). Em Roma, o culto a Ísis é um dos mais vivos do paganismo em declínio, e ela é nomeada Vênus, Fária (protetora dos marinheiros), Pelágia (deusa das ondas) ou Fortuna, providência toda-poderosa, que suplanta as forças do destino.
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Segundo BRUNEL, o culto a Ísis só perde em prestígio com a ascensão do cristianismo, e “o mito de Ísis parece ter preparado o terreno para esse novo monoteísmo em que uma Providência promete também, à custa de purificações, a sobrevivência no além. Tal como Ísis, a Virgem é representada carregando um filho, e as duas mães criam seus filhos às escondidas de um assassino” (BRUNEL, P. Id., p. 500). Entre os Babilônios, acreditava-se em Inana, deusa-terra e deusa-mãe sumeriana, e Istar, deusa semítica dos combates e da estrela-da-manhã. No correr dos séculos, Istar adquiriu uma importância crescente para os povos babilônicos, fundindo-se nela outras divindades femininas: a Istar babilônica é transformada de deusa em rainha pela Bíblia, na figura de Ester. Em Cartago, Istar é Astart, a Grande Deusa, protetora da cidade. Entre os gregos, Astartéia, a deusa do amor (BRUNEL, p. 505-508). Entre as culturas meso-americanas, havia o mito de Coatlicue (“serpente de saia”), a deusa-mãe, também chamada coração-da-terra, mãe-dos-deuses, deusa da vegetação, das colheitas e da caça (Id., p. 176-7). Tanto entre os povos da América quanto entre os povos da África havia crenças diversas em deidades femininas, sejam como auxiliares ou rivais de deuses masculinos. Os padres que vieram catequizar esses povos e torná-los cristãos procuraram fazer uma correspondência entre esses cultos primitivos e as crenças da religião católica, dentre as quais a da Virgem Maria, a mãe de Deus e dos Homens. Havia um terreno fértil para a proliferação do culto à Virgem Maria, em todas as suas variações, e que se estendeu do México, com a Virgem de Guadalupe, ao Brasil, com Nossa Senhora da Penha, Aparecida, de Nazaré, dentre outras. .
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AS ORIGENS DA DEVOÇÃO à VIRGEM MARIA “Fui no Convento da Penha, Visitar a Mãe querida. Agora eu posso dizer Que já fui no Céu em vida” (Folclore capixaba)
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CULTO À VIRGEM MARIA desenvolveu-se durante a Idade Média. Segundo Jacques Le Goff, no século XI, a Virgem começa a perfilar-se como a grande intercessora no além, “nesse espaço intermediário de purgação e penitência, que também nascerá no século XII” (GOFF. O nascimento do purgatório. Madrid: Taurus, 1989). Conforme PALÁCIOS, no século XII, surge, na Europa, o culto à dama, a devoção pela senhora. Se o ano 1000 conheceu o terror, e o século XI, as cruzadas, o século XII trouxe um novo amanhecer, uma nova primavera. Surgiu, então, o culto à Mulher e, conseqüentemente, as Cortes de Amor, através das cantigas. “Se no século XI o livro mais lido e comentado foi o Apocalipse de São João, no devir destes primeiros cem anos de mudanças ele será o Cântico dos Cânticos (de Salomão)” (PALÁCIOS, 1995, p. 84). Paralelamente ao culto do amor cortês, desenvolve-se a devoção à Virgem Maria. “São tempos fundacionais, tempos de explosão de luz: começo da construção das grandes catedrais góticas” que são erguidas, em sua maioria, a Nossa Senhora, como a Notre Dame, de Paris (Id., p. 85). Joaquim de Fiore, abade cisterciense, que viveu entre 1130 a 1202, afirmou que, no século XII, começava a III Idade Cristã, a do Espírito Santo. Na mesma época, Santa Hildegarde de Bingen (1098–1179) divulgava a doutrina da divina Sofia ou Santa Sabedoria, tendo a Virgem Maria como a primeira imagem, ícone ou expressão viva do Espírito Santo” (PALÁCIOS, 1995, p. 85). A Santa Sofia, ou seja, a Sabedoria Divina, e o culto à Virgem coincidem neste momento. Na França, todas as catedrais góticas construídas, nesse período, são dedicadas à “Nossa Senhora”. Nesse mesmo século XII, o do Amor, nascia em Assis, na Itália, em 1181 ou 1182, Francisco Bernardone, o futuro “Santo de Assis”, criador da ordem dos franciscanos. Dentre as obras lírico-poéticas de Francisco de Assis, encontra-se a
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“Saudação à bem-aventurada Virgem”. Segundo LE GOFF, os centros da devoção de S. Francisco foram: “o Senhor como Criador todo-poderoso, o Cristo como Crucificado, a Virgem como Dama do Senhor, seu palácio, sua serva e sua mãe, as virtudes como as Santas Damas da religião: santa Sabedoria, pura e santa Simplicidade, santa Pobreza, santa Caridade, santa Humildade, santa Obediência” (LE GOFF. São Francisco de Assis. 2001, p. 100). Foram os franciscanos, juntamente com os jesuítas, os maiores cultuadores e divulgadores da devoção mariana no continente americano e em outras partes. A Companhia de Jesus é uma instituição de clérigos regulares fundada por Santo Inácio de Loyola, em Roma, em 1539. “Tratava-se de uma sociedade missionária que se coloca à disposição do papa, ao qual os professos se ligavam por um voto especial de obediência” (Grande Enciclopédia Larousse Cultural. 1998. Vol. 7, p. 1521). Vindos para o Brasil, em 1549, como o primeiro Governador-Geral, Tomé de Souza, os jesuítas exerceram um intenso apostolado nos dois primeiros séculos de colonização portuguesa no Brasil, fundando igrejas, colégios, povoações e catequizando os nativos. No Espírito Santo, fundaram o Colégio dos Jesuítas, cerca de 1550, no local onde hoje é o Palácio Anchieta, e tiveram intensa atuação. José de Anchieta, um de seus mais ilustres membros, viveu seus últimos anos no Espírito Santo, escrevendo peças de teatro e poemas à Virgem, tendo falecido em Reritiba, hoje Anchieta, em 1597. O amor cortês, surgido no século XII, vai-se transformando no amor místico, de Francisco e Clara de Assis, no século XIII, consagrado, posteriormente, no século XVI, por João da Cruz (1542–1591) e Teresa de Ávila (1515–1582), os maiores místicos da lírica espanhola, contemporâneos de Inácio de Loyola, Nóbrega e Anchieta, esses dois últimos os maiores evangelizadores do Novo Mundo, dentre os tantos que vieram exercer seu apostolado: implantar a fé católica, converter os nativos e evangelizar os colonos. Todos ardorosos cultuadores da devoção à Mãe de Deus . .
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LENDAS E CRENÇAS NO CULTO A NOSSA SENHORA DA PENHA
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Canção do Náufrago “Da Penha, ó mãe milagrosa! Livrai-me desta tormenta! Tomba o mastro, voa a vela, O mar meu barco arrebenta! Com rumo ao mar inclemente, Fez-se de vela o Espadarte; Adeus ao nauta que parte, Diz da praia toda gente, Vendo-o postado silente, Junto à amura perigosa, Onde põe a mão calosa, Ronda o vento e do fraguedo, Sobe a onda no rochedo, Da Penha, ó mãe milagrosa! (...)
Colhido pelo revés, Que o ameaça tragar O marinheiro a rezar De joelhos no convés Se lança. Da cruz o sinal fez E enquanto a alma adormenta, Amaina e cessa a tormenta. Então, os olhos, erguendo aos céus, Exclama: – Entrego-me às mãos de Deus! O mar meu barco arrebenta! (CLAUDIO, Afonso. Trovas e Cantares Capixabas. p. 37-38. Glosa literária de autoria provável do Padre Fraga Loureiro.)
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de testemunhas que está no arquivo do Convento” (História do Brasil. 3 ed. São Paulo: Melhoramentos, p. 97). O poeta cachoeirense Solimar de Oliveira retratou, em seus versos, o senso comum capixaba sobre o notável primeiro “santo” capixaba em seu poema: Pedro Palácios Ave, condor da fé, que aos píncaros supremos Elevastes, a arder na religiosidade unção, A igreja espiritual que aos homens diz - amemos! E o símbolo maior de nossa Religião! Turíbulo do amor todo ideal aí temos, Circundado da luz de santa emanação, Marco eterno apontando a todos os extremos Os caminhos da paz, do amor, da redenção... Suprema encarnação de um gênio de bondade, Que a tantos corações dando luz e piedade, Como a um povo de Deus o seu povo conduz... Frei Pedro, o bom, o santo, o taumaturgo ousado Foi de fato entre nós o mais iluminado, Porque o servo mais pobre e humilde de Jesus! (Cachoeiro, 21/01/1953)
Frei Pedro Palácios, inexplicavelmente, ainda não foi canonizado pela igreja católica, o que o faria, de fato, o primeiro santo do Brasil, uma vez que faleceu antes de Anchieta, já beatificado. .
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PERCURSOS E PERCALÇOS DO CONVENTO DA PENHA: DO SéCULO XVII AO XIX
V
A Capela Palácios concebeu um plano: deveria Perseverante e calmo um culto iniciar No cume da montanha… E, logo, foi rezar Curvado, ante o painel da Virgem-Mãe, Maria! O povo, curioso, ouvindo o que dizia O frei; e vendo-o, após, as pedras carregar Ao ombro já crestado... o bom exemplo dar... Se aproximava, humilde e o braço oferecia Batendo a mata - a fim de preparar caminho No monte – transformado em singular cadinho – Primava cada qual em bem servir. Só Ela, Co’a proteção de Deus podia conceder Tal graça, tal favor... e, muito mais, prover O que preciso foi... Assim, fez a Capela. (GOMES, Orminda E. Lendas e Milagres no Espírito Santo. Vitória, 1951, p. 28. Prêmio Cidade de Vitória)
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O CONVENTO DA PENHA: DO SéCULO XX AOS DIAS ATUAIS
VI
“Fui no Convento da Penha, Todos subiram, eu fiquei. Dai-me a mão, Nossa Senhora, Que eu também subirei”. (do Folclore Capixaba)
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VISITANTES ILUSTRES DO CONVENTO DA PENHA
VII
“Penha, Penha, Eu vim aqui me ajoelhar. Penha, Penha, Trazei paz para o meu lar!” (NEVES. História popular do Convento da Penha. 1999, p. 85).
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escolhidas, do viveiro da Reserva Florestal de Linhares, “foram aquelas de ocorrência natural do ecossistema Atlântico de tabuleiro do Espírito Santo, ou seja, as que provavelmente existiam nas encostas do Convento” (JESUS. Op. Cit., p. 8-9). Certamente, o trabalho de restauração da mata do Convento foi excelente, como se pode observar, hoje, na exuberância da cobertura vegetal, inexistente há 50 anos, e, possivelmente, muito próxima à de 500 anos atrás, fruto, sobretudo, das ações conjuntas desenvolvidas pela CVRD e pela CST. Outro trabalho publicado pela CVRD, provavelmente do mesmo autor do anterior, faz um “Diagnóstico Florestal da Mata do Convento da Penha”, nove anos após o início dos trabalhos de recuperação, constatando que “houve êxito no plantio e, conseqüentemente, na recuperação do fragmento em todas as classes de tamanho e para todos os parâmetros analisados”. Para o autor, ainda, “os resultados encontrados são promissores, indicando que numa situação onde o nível de degradação não esteja tão acentuado, há a possibilidade de se dispensar o enriquecimento e conseguir a recuperação da diversidade do fragmento apenas com determinados tratamentos silviculturais e posterior condução da regeneração natural” (Op. Cit., p. 2). Dando seqüência ao trabalho realizado de 1990 a 1993, de setembro a dezembro de 2000, a CVRD, juntamente com a CST, declarou “guerra” ao lixo jogado na mata e às plantas invasoras, combatendo formigas e enriquecendo a área com o plantio de mais de 15 mil mudas de espécies da Mata Atlântica. Numa segunda fase, de junho a dezembro de 2001, realizou-se uma nova etapa de limpeza na mata, retirando-se latas, garrafas, papéis jogados por motoristas que passam na terceira ponte e por visitantes do Convento; continuou-se a retirada de cipós, o controle de formigas e o plantio de mais 30 mil mudas, um investimento R$150 mil reais, programa estendido até 2003 (CVRD. ValeNotícias. Julho 2001). De 2001 a 2003, CST e CVRD trabalharam, continuamente, na limpeza e conservação da Mata do Convento, tarefa que ainda realizam, esporadicamente. O Relatório semestral de março a agosto de 2001 da Divisão de Meio Ambiente da CST detalha os serviços de tratos culturais executados na mata do Convento da Penha, tais como: controle de cipós; destoca de capim colonião; destoca de bambu; roçada manual seletiva; controle de formigas cortadeiras e recolhimento de resíduos inertes, num total de 700kg por mês, excetuando os meses de férias ou de comemorações religiosas,
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DESFECHO
IX
Subindo o Santuário da Penha Chegas. E a natureza toda te recebe Numa estranha expansão que nos enche de ciúme... E em tudo, seja o ninho, a flor, a seara ou a sebe, Ou esplende a luz do sol ou a ebriez do perfume. Cantas. E, ao rosicler, acordas, no alto, Febe. E o nobre acento que há nos teus versos, resume A terra virginal que, num êxtase, bebe Da vida outra expressão, da beleza outro lume. Tu, hóspede e cantor, tu, poeta e peregrino, Não resistes, do povo, à comoção veemente Que, cultuando o passado, antecipa o destino. E lá, no alto, onde a ermida os prodígios consente, Sabes ligar um verso, um canto, um poema, um hino À poesia da terra e à religião da gente... (LINS, Augusto Emílio E. Presença de Nossa Senhora. Vitória. 1959, p. 84. Coletânea em comemoração ao IV Centenário da chegada de Frei Pedro Palácios ao Espírito Santo e do início da devoção a Nossa Senhora da Penha na então Capitania.)
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Pintura a óleo de Nossa Senhora das Alegrias, do século XIV, trazida por Frei Pedro Palácios. é considerada a pintura a óleo mais antiga do Brasil.
ESTE LIVRO FOI IMPRESSO NA PRIMAVERA DE 00 , EM HOMENAGEM AO MAIOR SÍMBOLO DA Fé E RELIGIOSIDADE DO POVO CAPIXABA.
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