Rosilene Luduvico
Iniciativa
Patrocínio
Apoio
Produção
Realização
de 31 de julho a 31 de dezembro de 2018 [from july 31 to december 31, 2018]
Espaรงo Cultural Palรกcio Anchieta
Rosilene Luduvico Curadoria [curatorship]
Ronaldo Barbosa
Studio Ronaldo Barbosa
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Rosilene Luduvico: A Força da Natureza João Gualberto Vasconcellos Rosilene é filha de um Espírito Santo que não existe mais. Melhor, que vai desaparecendo à medida que o chamado progresso nos invade. Nascida no município de Domingos Martins, em sua zona rural quando a cobertura de matas ainda era densa, ela ainda porta em si todos os vestígios dessa infância, passada na beleza e na simplicidade dos grandes espaços, dos grandes volumes, que marcam a sua região. Iniciou seus estudos de arte ainda em Vitória, mas formou-se como grande artista na Alemanha, para onde partiu ainda jovem em busca de formação, de experiência, de aperfeiçoamento do seu talento nato. Mais de vinte anos depois, está de volta ao Espírito Santo – onde expôs há alguns anos no Museu Vale – para mostrar mais uma vez aos capixabas a força de sua criação. Rosilene respira o meio de onde surgiu. Sua obra agora exposta no Palácio Anchieta mostra o afeto e a atenção que dá aos elementos da natureza, à paisagem que encheu seu imaginário infantil. Sua obra é densa, mas leve. É poética. Não é um grito raivoso contra o que os homens estão fazendo com o meio ambiente nesses séculos sucessivos de exploração e ganância. É, antes, um toque sutil, como as águas que parecem jorrar das paredes do salão central, encantadas pelas cores leves de um traço expressivo. A artista trouxe as pedras que enfeitam nosso Estado, elementos das paisagens urbanas de Vitória, cores que dançam, numa paradoxal explosão de suavidade. O espaço que dá nome à exposição: Alvorada, é pura força. Construída com a ajuda de alunos de uma unidade da Escola Viva do município de Vila Velha, a partir de sementes das árvores da sua região, nos remete ao eterno nascimentos de nós mesmos, da natureza que se renova permanentemente, do raiar do sol, das cores fortes do mundo tropical. Tudo nesse espaço tem a marca de Rosilene, mais do que sua assinatura, tem a força de sua doçura, a marca da natureza que nunca a abandonou. Ela é forte e doce. Na verdade, em uma expressão: Rosilene Luduvico tem a força da natureza. João Gualberto Vasconcellos é sociólogo e secretário de Estado da Cultura.
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Pedras Coloridas León Krempel Rosilene Luduvico cresceu em uma isolada região montanhosa no Brasil. Em seu entorno, uma paisagem exuberante, aparelho de televisão nenhum. Seus antepassados alemães estabeleceram-se naquela região no século 19. Com o desejo de se tornar uma pintora, iniciou os seus estudos na Universidade Federal do Espírito Santo. Na Academia de Arte de Düsseldorf, entrou para a turma de Konrad Klapheck e em 2003 finalizou os seus estudos com Siegfried Anzinger. Representantes da pintura moderna sul americana, como Alberto da Veiga Guignard, já antes dela, fizeram contato por meio de estudos e viagens pela Europa para conhecerem as tradições da arte ocidental. A transmissão imparcial de influências tem longa tradição no subcontinente. Rosilene Luduvico as desenvolve a seu modo, a partir de sua cidade eleita: Düsseldorf, em um mundo que se torna multicultural. Ela deixa a Renânia, uma região moldada pela cultura urbana milenar e pela indústria moderna, seguindo em direção a países estrangeiros europeus, ao Brasil e ao Japão, a fim de absorver novas impressões e avivar antigas. Ela desenha então, com uma visão intimista, a natureza ou pinta algo novo para uma exposição, como agora também no Espírito Santo. O estudo da natureza nativa e também da desconhecida, os desenhos diários e a observação de originais antigos, clássicos modernos, assim como a arte atual, Rosilene Luduvico mantém com sua costumeira serenidade e dedicação. Baseando-se nisso, ela constrói a sua pintura. O trabalho efetivo se inicia para ela no local onde encontra as ferramentas necessárias que ela julga decisivas, como: luz, cor, figura e espaço. Já durante os seus estudos em Düsseldorf, um restaurador de pinturas a sensibiliza para as possibilidades das bases de preparação da tela. Desde então ela própria prepara suas telas, dispendiosamente, com greda, que as deixa translúcidas e com sua superfície fosca aumenta a intensidade de luz de suas pinturas. Ela respeita o formato do quadro e abre mão, por conseguinte do “all-over” do Expressionismo abstrato.
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A composição da superfície no limite da abstração e sugestão de espacialidade profunda não se excluem em seu trabalho. O observador olha a distância ou de cima sempre a respectiva cena. Raramente, ela permite que os contornos sejam alinhados em perspectiva, por exemplo, quando desenha uma alta palmeira bem próxima à mesma. A cor para ela não é a cor local, mas sim um acontecimento, porque, em princípio, é imprevisível escolher de uma paleta potencialmente infinita e com tendência para as cores quentes. A sua forma de pintar é ricamente variável. Pinceladas vigorosas e largas aplicadas se intercalam visivelmente com traços curtos e despretensiosos. Como em seu desenho, ela não pode corrigir suas linhas. Elas têm que se sedimentar como são. A pintora inicia o seu trabalho com total planejamento, não deixando nada ao acaso. Ela raramente trabalha em mais de uma pintura ao mesmo tempo, prepara composições complexas com rascunhos e anotações. Minimamente, ela preenche o fundo com motivos, provenientes diretamente ou por meio da organização de desenhos de observação da natureza ou de seus arquivos: árvores, florestas, montanhas, rios e mar, sempre pássaros, figuras anônimas, sozinhas ou se encontrando, retratos nominados, sol, lua e estrelas. Estações do ano e jogo dos elementos. Vento e chuva. Um elemento que aparece em abundância, no Universo e em todos os lugares na Terra, fascina e muito Rosilene Luduvico: pedras. As primeiras impressões dessa natureza foram pedregulhos pretos que, ainda criança, ela via apontar inesperadamente da terra e que mais tarde passam a integrar o seu repertório. Em um grupo de belas paisagens, ela posiciona pedras coloridas aos pés e à cabeça de uma pessoa deitada, que parece dormir ou sonhar acordada. Com pinturas como essas, Rosilene Luduvico aponta para uma expansão da visão. Ao fechar os olhos, desdobra-se então a percepção do seu sentido. Elas são pensadas para o olho interior. León Krempel é diretor da Kunsthalle Darmstadt, Alemanha.
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A Alvorada da esperança Ronaldo Barbosa, curador Rosilene Luduvico nasceu em 26 de março de 1969, em Rio Fundo Município de Domingos Martins, nas montanhas do Espírito Santo. Filha de descendentes de imigrantes alemães, sua infância feliz foi vivida em meio às montanhas, à mata atlântica, aos pássaros e às árvores, numa completa interação com a natureza. Gostava de desenhar desde pequena. Tinha uma grande curiosidade de saber o que se passava atrás das montanhas. Sua casa simples, de madeira e estuque, construída pelo próprio pai agricultor, já mostrava a grande habilidade artesanal da família, com mesas, bancos, berços, camas e armários criados por eles. Situada na beira da estrada de terra, hoje de asfalto, ponto de parada obrigatória para a compra de pães artesanais e biscoitos caseiros feitos pela Dona Deja, sua mãe, e pelo seu irmão Romério. Sem energia elétrica, as noites serviam para Rosilene Luduvico ver as estrelas e aprender a olhar o universo. Só foi conhecer a cidade de Vitória e o mar aos 11 anos de idade. A mãe fez um vestido de crochê branco para esta ocasião. Esse vestido encolheu completamente quando Rosilene entrou no mar deslumbrada com a água do oceano atlântico. Daí só reacendeu o desejo de estudar na cidade. Uma madrinha que morava na Glória, em Vila Velha, foi quem a recebeu aos 14 anos para ela continuar os estudos. Em troca desta hospedagem, ela ajudava em todos os serviços da casa. Tinha horários rígidos a serem cumpridos. E foi assim que a menina concluiu o estudo fundamental e entrou para o Centro de Artes da UFES ( Universidade Federal do Estado do Espírito Santo). Inicia-se um novo ciclo de vida para Rosilene, o mundo se abre a sua volta e ela, com a sua curiosidade da montanha, começa a entrar num universo que a fascina: o conhecimento. Seu sonho era ir para a Alemanha cursar pintura na renomada Academia de Düsseldorf. Depois de se formar e com muita determinação, em 1995, Rosilene parte para Düsseldorf levando pouco dinheiro, parte dele vindo da venda de um boi que seu pai, Raphael Luduvico, deu-lhe de presente. A retribuição deste gesto vem anos depois quando ela o presenteia com o “Boi de Ouro”, prêmio da Arte Kunstverein Münsterland, instituição alemã, que escolheu Rosilene pelo conjunto de sua obra. Rosilene chega a Düsseldorf numa manhã de primavera, cheia de medo e coragem, de força e fragilidade, características de sua alma. Depois de muitos trabalhos alternativos e um grande esforço para aprender a língua, Rosilene entra na Academia de Düsseldorf. Conhece então um casal muito importante na sua vida, Astrid e Hartwig, ela norueguesa e ele alemão, colecionador de cartas antigas e livros de arte, que compra o seu trabalho na Alemanha, este ainda produzido no Brasil. Durante o tempo de preparação para entrar na Academia, ela nunca parou de pintar. Sua determinação e desejo eram cada vez mais fortes.
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Na Academia, seu mundo tem uma segunda transformação, diferente daquela de quando entrou na UFES quando o conhecimento foi mais generalizado e de formação artística, mas agora como estudante de pintura, totalmente voltada para o tema, tendo contato com estudantes de todo o mundo e com grandes mestres da pintura. Sua permanência na Academia deu-se por 7 anos num intenso processo de disciplina e vontade própria. Quando as turmas se formam, no último ano, a Academia abre os ateliês para que o mercado possa conhecer os novos artistas. E foi assim que Rosilene sai da vida acadêmica e entra diretamente na vida profissional ao conhecer, no dia da sua prova final na Academia, o galerista Michael Zink, que a convida para fazer parte do seu seleto grupo de artistas. Rosilene Luduvico começa a sua carreira de pintora. Rosilene volta ao Brasil como artista, em 2006, quando fez uma residência artística em Recife a convite do diretor Chris Dercon e do curador León Krempel, ambos do Museu Haus der Kunst em Munique na Alemanha. A ideia era fazer um diálogo com os mesmos lugares por onde Frans Post passou, nos anos de 1637 a 1644, mostrando por meio da pintura seu olhar contemporâneo desses territórios nos dias de hoje. Em 2009, fez uma exposição individual no Museu Vale, montando um ateliê por três meses na casa de sua família na montanha. A ideia de trazer Rosilene Luduvico ao Espaço Cultural do Palácio Anchieta, atual sede do Governo Estadual no centro da cidade de Vitória no Espírito Santo, revela exatamente este espírito de residência artística, desta vez, dentro do próprio espaço do Palácio onde a artista monta o seu grande ateliê, dividindo-o em ateliê de pintura de tintas à base de óleo, ateliê de colagens e ateliê de tintas à base de água. Morando a poucos metros do Palácio na Casa Tutti, um casarão antigo, na cidade alta, a artista passa cinco meses imersa no preparo da exposição Alvorada. Visitando e desenhando os parques e praças da cidade, como o antigo Parque Moscoso, a praça João Clímaco (em frente ao Palácio) e a Praça Costa Pereira, a artista vai recolhendo fragmentos de memória e história da antiga cidade, assim como desenhando as antigas palmeiras remanescentes de um passado de lugares centrais da capital. Há exatamente um ano, Rosilene foi escolhida dentre outras artistas capixabas, por meio de um concurso com 450 alunos, para ter seu nome num singelo espaço cultural na Escola Viva Pastor Oliveira de Araújo, projeto do governo estadual, em Cobilândia, município de Vila Velha. Alvorada começa na inauguração deste espaço, numa emocionante apresentação dos alunos que pesquisaram a sua história e um bate papo com a artista e o curador da mostra. A sala Alvorada foi produzida por meio de colagens de 41.952 sementes de Adenanthera Pavonina e teve a participação dos alunos da Escola Viva. Todos os sábados quando se iniciavam os trabalhos, a artista promovia um workshop de desenho como um “aquecimento” para o início da produção. Sala de cor amarela, como os raios de sol, mostra o mesmo em sementes vermelhas, uma bola de fogo que preenche a sala esquentando quem ali entra. Pintura? Não se sabe de imediato, com a proximidade fica mais difícil ainda
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de identificar tantos organismos iguais e juntos numa grande área. O sol, o planeta Terra, a superpopulação de seres, cada semente colocada milimetricamente por cada aluno à sua maneira nos dá a ideia do coletivo harmonioso e compacto que nos conforta, mas paradoxalmente nos incomoda pelo aquecimento global que tanto nos preocupa nos dias de hoje. O sol da Rosilene tem alegria, tem esperança, tem amor. Rosilene constrói Alvorada numa mistura de grandes gestos com tinta muito aguada escorrendo das paredes como se fosse uma aquarela monumental e pequenas e detalhadas pinceladas a óleo, em telas de grandes formatos. A sensação de que uma cachoeira em cores diversas com movimentos e arabescos barrocos escorrem das paredes até o chão num movimento contínuo de águas e transparências. A sala principal é impactante pela escala e nos mostra uma artista que usa o seu corpo para pintar e sua alma para criar. Trabalha sem ver a luz do dia ou da noite. O tempo é o mesmo, dia e noite são distinguidos por meio dos sons que vêm das atividades diurnas de uma sede de governo e do profundo silêncio da noite palaciana. Assim Rosilene leva o seu traço, pincelada e vigor, sua delicadeza e sua força num misto de ateliê e “site specific” produzindo aquilo que é muito peculiar em seu trabalho: a pintura nas paredes da instituição deixando-as impregnadas dos seus gestos, num caráter de permanência, que começa desde já a fazer parte da arqueologia do prédio. Efêmero enquanto tempo de exposição ao público, mas permanente enquanto memória para quem ali trabalhou e registrou o seu tempo. O mesmo acontece com as grandes pedras negras, imagens de sua infância cercadas por rochas tão vivas antigamente e tão mortas hoje. Pinceladas de diferentes negros, duas pedras que dialogam perguntando sobre os seus tempos e, no meio, o sol que traz a alegria desta natureza quase morta de tristeza. E isso tudo em caráter permanente nas paredes do Palácio Anchieta. Ventania é o que acontece numa das salas de pintura. Imagem do vento levando em direções diversas tão delicadas pinceladas de cores múltiplas, em fundos pastéis cuidadosamente preparados, cujos registros que parecem gafanhotos, formigas, pássaros, coisas e formas abstratas levam o espectador a sentir os movimentos de um vendaval que caminha para o infinito além. Dança uma coreografia intuitiva que mostra a leveza e a transparência de sua pintura. Na última sala, cinco pinturas de grande formato nos deixa claro o caráter do trabalho de Rosilene, o seu registro poético da natureza como memória e a natureza da vida urbana, o seu olhar otimista para a vida por meio de suas sutilezas, como o pequeno ovo na haste de uma árvore nos mostrando os ciclos da vida. Este é o universo de Rosilene, suas memórias, delicadeza, vida que pulsa em si, olhos sempre marejados de amor e compreensão e sua pintura, sempre viva e constante. Ronaldo Barbosa é artista, designer e diretor do Museu Vale.
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Obras [works] p. 6 Força Invisível, 2018 Semente sobre greda sobre cedro [seed on chalk on ceder] 25 cm ⌀
p. 45 Silêncio, 2018 Óleo sobre greda sobre linho [oil on chalk on linen] 190 x 170 cm
p. 8 Além do Horizonte, 2018 Semente sobre greda sobre cedro [seed on chalk on ceder] 30 cm ⌀
p. 46 Amoroso, 2018 Óleo sobre greda sobre linho [oil on chalk on linen] 190 x 170 cm
p. 12 Outra Vez, 2018 Óleo sobre greda sobre cedro [oil on chalk on ceder] 30 cm ⌀
p. 49 Felicidade, 2018 Óleo sobre greda sobre linho [oil on chalk on linen] 190 x 170 cm
p. 16 Visões do Amanhecer, 2018 Mista sobre greda sobre cedro [mixed media on chalk on ceder] 23 x 30 cm
p. 50 Domingo, 2018 Óleo sobre greda sobre linho [oil on chalk on linen] 190 x 170 cm
p. 18 Além do Horizonte, 2018 Cola natural e pó de pedra sobre parede [natural glue and stone powder on wall] 363 x 2209 cm
p. 52 Saudade, 2018 Óleo sobre greda sobre linho [oil on chalk on linen] 190 x 170 cm
p. 22 Finda a Tempestade o Sol Nascerá, 2018 Cola natural e pigmento sobre parede [natural glue and pigment on wall] 363 x 5391 cm p. 28 Alvorada, 2018 Semente sobre parede [seed on wall] 190 cm ⌀ p. 37 Vendaval, 2018 Óleo sobre greda sobre algodão [oil on chalk on cotton] 190 x 200 cm p. 40 Vendaval, 2018 Óleo sobre greda sobre algodão [oil on chalk on cotton] 190 x 200 cm p. 41 Vendaval, 2018 Óleo sobre greda sobre algodão [oil on chalk on cotton] 190 x 200 cm
Rosilene Luduvico: A Force of Nature
special sweetness, the signs of nature that have never left us. She is strong and sweet. In fact, in an expressive
Rosilene is a daughter of an Espirito Santo that no
definition: Rosilene Ludovico is a living force of nature.
longer exists. More precisely, it is disappearing as so-called “progress” invades the state. Born in the
João Gualberto Vasconcellos is a sociologist
municipality of Domingos Martins, in a rural area,
and State Secretary of Culture.
at a time when the forest cover was still dense, she still bears all the vestiges of her early childhood, spent in
Coloured Stones
the beauty and simplicity of open spaces and natural ambients that marked this region.
Rosilene Luduvico grew up in a remote mountainous She began her art studies in Vitória, but finally
region of Brazil. The countryside surrounding her
graduated as a complete artist in Germany, where
was breathtaking, and television still didn’t exist. Her
she arrived as a young woman in search of training,
German ancestors were said to have settled here in
experience and the perfecting of her natural talent.
the 19th century. Her ambition to become an artist
More than twenty years later, Rosilene is back in Espírito
motivated her studies at the state art academy in
Santo - where she held an exhibition a few years ago, at
Espírito Santo. At the City of Düsseldorf Art Academy
the Vale Museum, to present the power of her creativity
she joined Konrad Klapheck’s class, graduating in
to the Capixaba society.
2003 with Siegfried Anzinger. Representatives of South American Modernist painting like Alberto da Veiga
Rosilene draws her breath from the world that gave her
Guignard had been influenced before her by Western
life. Her work now exhibited at Palácio Anchieta shows
art traditions thanks to their studies and travels in and
the affection and attention she gives to the elements of
across Europe. Passing on influences freely enjoys a
nature and to the landscapes that filled her childhood
long-standing tradition on the subcontinent. Rosilene
imagination. Her work is dense but light. It is poetic. It
Luduvico refines such influences from her elective home
is not an angry cry against what men are doing to the
in Düsseldorf in a world transformed by polyphonic
environment after successive centuries of exploitation
voices. To this end, she leaves behind the Rhineland,
and greed. It is rather a subtle touch, like the waters that
which is shaped by centuries of metropolitan culture
seem to sprout from the walls of the central hall, charmed
and modern industry, and orients her work to
by the pastel colors of this artist’s expressive strokes.
other European countries, Brazil and Japan, so appropriating new impressions and reviving old ones.
Rosilene uses the stones that adorn our state, elements
She then concentrates on drawing nature or painting
from urban landscapes seen in Victoria, colors that
new material for an exhibition like the present show in
dance, all in a paradoxical explosion of softness. The
Espírito Santo.
space that gives name to the exhibition: Alvorada (Dawn) is pure strength. Constructed with the help of
Rosilene Luduvico studies nature from her homeland
students from the Escola Viva in Vila Velha and from
and overseas, as well as daily drawing and observation
the seeds of trees native to the region, in a reference
of original artworks from ancient, classical modern
to the eternal process of our own rebirth; nature is
and contemporary painting with her unique composure
constantly renewed - the sun’s rays and the colors of the
and dedication. Her painting is established on this
tropical world.
foundation. The real work begins for her where she makes the correct technical decisions for her depiction
Everything in this space reflects Rosilene signature; more
of light, colour, figures and space. During her studies
than a signature - her work has the strength of its own
in Düsseldorf a painting restorer already made her
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The Dawn of Hope
more sensitive to the potential of the painting’s ground. Ever since, she has personally and meticulously primed her canvases with white chalk, which is translucent, so
Rosilene Luduvico was born on March 26, 1969 in the
enhancing the luminance of her paintings with its flat
Rio Fundo Municipality of Domingos Martins in the
surface. She respects the painting’s boundaries and thus
mountains of Espírito Santo. Daughter of descendants
dispenses with the all-over abstract Expressionist style.
of German immigrants, she spent her happy childhood
The composition of surfaces at the limit of abstraction
roaming the mountains, the Atlantic forest, with the
and the suggestion of depth are not mutually exclusive
birds and trees, in complete harmony with nature.
in her work. The viewer looks from a distance or from
From an early age she loved to draw. Her curiosity was
above at the scene in question. Occasionally, she allows
to learn what was happening behind the mountains.
the contours to fade in perspective, for example, when she draws a tall-growing palm at close quarters. Colour
The house where she lived, a simple, stucco and wooden
in her work is not local colour, but rather an event, since
house was built by her father, a farmer, a man with
it is always selected unpredictably from a potentially
natural artisan talent. He also built the tables, benches,
endless palette that tends to accentuate warmth. Her
cots, beds and cabinets in the house. Located on the
painting style is versatile. Bold accents applied in broad
edge of a dirt road, now asphalted, her house became
strokes alternate with visible short strokes that are left
an obligatory stop for passersby to purchase homemade
at a standstill. The same as in her drawing, she cannot
bread and cookies made by Dona Deja, her mother and
correct her lines. They must remain as they are.
her brother Romério.
The artist carefully plans her projects and leaves
Times were hard; without electricity at home, the nights
nothing to chance. She rarely works on several paintings
were perfect to gaze at the stars and learn to look at
simultaneously; she prepares complex compositions
the universe. At 11 years of age, she went to the city of
with sketches and notes. She sparingly fills the ground
Vitoria and saw the sea, for the first time. Her mother
with motifs that either directly or through the medium
made her a white crochet dress for the occasion but it
of sketches are based on nature or taken from her
shrank completely when Rosilene, wearing the dress,
image gallery: trees, forest, mountains, rivers and
walked into the ocean waves as she was dazzled by
sea, repetitions of birds, anonymous figures, alone or
the water of the Atlantic Ocean. This new experience
meeting, named portraits, sun, moon and stars. Seasons
kindled her desire to study in the city. Her godmother
and play of the elements. Wind and rain. One object,
who lived in Gloria, in Vila Velha, took her in at the age
which is found abundantly in space as well as on earth,
of 14, so she could continue her studies. In exchange for
particularly fascinates Rosilene Luduvico: rock. The
her lodging, she helped with all the chores in the house.
first impressions of this kind were black boulders that she saw as a child projecting suddenly from the earth.
She had a rigid timetable to fulfill but she finally
Later, she included them in her repertoire. In a group of
completed her schooling and enrolled at the Arts
dream landscapes, she places vividly coloured stones at
Center of UFES (Federal University of the State of
the head and feet of a reclining woman who seems to be
Espírito Santo).
asleep or to be day-dreaming. With pictures like these Rosilene Luduvico aims at the extension of seeing. If
This began a new chapter, a new life cycle for Rosilene;
you close your eyes, they now reveal their potency. They
the world opened up around her and she, with her
are calibrated to the inner eye.
mountain curiosity, now stepped into a universe that fascinated her: the search for knowledge. Her dream
León Krempel is a director at
was to go to Germany to study painting at the renowned
Kunsthalle Darmstadt, Germany.
Dusseldorf Academy – School of Painting. After
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graduating, and driven by her unstoppable determina-
Rosilene, the artist, returned to Brazil in 2006 where
tion, in 1995 Rosilene finally left Brazil for Dusseldorf,
she took up artistic residence, in Recife, at the invitation
taking very little money, partly derived from the sale
of art director Chris Dercon, and curator Leon Krempel
of an ox that her father Raphael Luduvico, would give
both from the Haus der Kunst Museum in Munich,
her, a gift to help with her expenses. She was to return
Germany, whose idea was to create a connection with
this gesture years later when she presented him with
the same places where Frans Post spent the years, 1637
the “Golden Ox” award, a prize she received from the
to 1644, showed the world through his painting, his
Art Kunstverein Münsterland, a German institution
contemporary interpretation of Brazilian lands and
that honored Rosilene for her creative work. Rosilene
peoples, works of art so popular even today. In 2009,
arrived in Dusseldorf one spring morning, full of fear
Rosilene put on an individual showing of her work
and courage, strength and fragility, so characteristic of
at the Vale Museum, in Espirito Santo, setting up an
her young soul.
atelier for three months at her family’s mountain home.
After many small jobs and much dedication, to learn
The idea of bringing Rosilene Luduvico to the Cultural
the language, Rosilene finally entered the Dusseldorf
Space in the Anchieta Palace, the current address of the
Academy. Here she met a very important couple in her
State Government in downtown Vitória, in the state,
life, Astrid and Hartwig; she, a Norwegian and he, a
recreates exactly this spirit of artistic residence, this
German, collectors of old letters and art books; they
time within the very space of the Palace where she set
bought her work in Germany, pieces she produced in
up a large atelier divided into an oil painting studio, a
Brazil. During the time she was preparing to enter the
collage studio and a water paint studio. Living just a few
Academy she never stopped painting. Her determina-
meters from the Palace, in Casa Tutti, an old mansion
tion and desire were growing stronger every day.
in the upper city, Rosilene spent five months immersed in the preparation of the Alvorada exhibition.
At the Academy, her world underwent a second transformation, not the same as when she started in Brazil,
She has been visiting and drawing the parks and squares
at the UFES, when knowledge was more generalized
of the city, such as Moscoso Park, Joao Climaco Square
like her early artistic training, but now more complete,
(in front of the Palacio) and Costa Pereira Square,
as a plastic artist student. She was totally focused on
collecting fragments of memory and history of the old
art, interacting with students from around the world
city as well as drawing the colonial, majestic palm trees,
and with great painting masters. She remained at the
reminders of a past, standing tall in the center of this
Academy for 7 years in an intense process, refining her
historical capital.
discipline and self-will. In her last year, the Academy opened the students’ ateliers to the public so they could
Just over a year ago, Rosilene was selected among
meet the new artists.
other artists from Espírito Santo, in a contest involving 450 students, to have her name honored in one of the
And so Rosaline’s academic life was left behind as she
cultural spaces at the Escola Viva Pastor Oliveira de
entered directly into the professional world. On her last
Araújo, a project sponsored by the state government in
day, the day final tests at the Academy were held, the
Cobilândia, in the Vila Velha Municipality. The exhibi-
day she met gallery owner, Michael Zink who invited
tion, “Alvorada”, is the inaugural event in this space, an
her to be part of a select group of artists, and so Rosilene
exciting presentation aided by the students who resear-
Luduvico, from the mountains of Espirito Santo, began
ched its history. The event also offers a chance to chat
her career as a painter.
with the artist and curator of the show.
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The Alvorada Salon was produced by collages made up
bition, an eternal memory for those who worked there
of 41,952 Adenanthera Pavonina seeds (Red Sandal-
and recorded their creation. The same happens with the
wood Tree), and the participation of students from
large black stones, images of her childhood surrounded
the Escola Viva. Every Saturday when the work began,
by rocks so alive in the past and so dead today. Brushs-
the artist held a drawing workshop as a “warm-up”
trokes of different blacks and two rocks that converse,
before starting production. A yellow room, imitating
talking about their existence, and in the middle, the
rays from the sun, reflect in the red seeds, a ball of fire
sun that brings its joy to nature, almost dead from
that fills the room warming the visitors who come to see
sadness. All this permanently recorded on the walls of
the spectacle. A painting; it’s hard to see at first and as
the Anchieta Palace.
you come closer, even more difficult to identify as the many seeds used, all blend together covering a large
Strong, gusty wind is what happens in one of the painted
area. The sun, planet earth, overpopulation, each seed
rooms. Images of the wind taking so many directions;
was placed, millimetrically spaced, by the student in a
such delicate brushstrokes, multiple colors in pastel
special way, to create an idea of the harmonious and
backgrounds, carefully prepared, whose movements
compact, collective world that comforts us but parado-
look like grasshoppers, ants, birds, things and abstract
xically, concerns us - things like global warming that
forms causing the viewer to sense the movements of a
worries us so much these days. Rosilene and her sun
storm that rushes away to infinity beyond. Dance; an
have created a sense of joy, hope, and love.
intuitive choreography expressing all the lightness and transparency of her creative painting.
Rosilene created her Alvorada (Dawn), with a mixture of grand gestures and watery paint dripping from the
In the last room, five large-format paintings clearly
walls like a monumental watercolor and small, detailed
reminds us of the charm and character of Rosaline’s
oil strokes on large canvases. The sensation she has
work, her poetic recording of nature, as a memory,
constructed is that of a multi-colored waterfall with
and the nature of urban life, her optimistic look at life
baroque movements and arabesques flowing from the
through gentle subtleties like the little egg in a tree,
walls to the ground in a continuous movement of water
reminding us of the precious cycles of life.
and transparency. The main room is impacting by its dimensions and shows us an artist who has learned to
Rosilene; this is her personal, unique universe, her
use her mind and body to paint and her soul to create.
memories and gentleness; her life that pulsates, her eyes full of love and understanding, and her painting,
Working without seeing the light of day or night; time is
always alive, always flowing.
the same. Day and night are distinguished only through the sounds of daytime activities typical of a government
Ronaldo Barbosa is an artist, designer
palace and the deep silence of this same space at night.
and director at the Vale Museum.
Thus Rosilene uses her brushstrokes and vigor, her
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delicacy and her strength in a blending of atelier and site-specific work, producing what is very peculiar in her art: painting on the walls of the institution leaving them permanently impregnated with her creativity that already begins to be a part of the archeology of the building. Ephemeral as the time of the public exhi-
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Governo do Estado do Espírito Santo [government of espírito santo state]
Governador [governor]
Paulo Hartung Vice-governador [vice governor]
César Colnago Secretário de Estado da Cultura [State Secretary of Culture]
João Gualberto Moreira Vasconcellos Subsecretário de Gestão Administrativa [Under Secretary of Administration Management]
Ricardo Savacini Pandolfi Gerência do Sistema Estadual de Cultura [State Cultural Management System]
Anna Saiter Secretária de Estado de Governo [Secretary of State]
Ângela Maria Silvares Chefe do Cerimonial do Governo [Chief of Staff]
Angela Pitanga Pinto Espaço Cultural Palácio Anchieta [Anchieta Palace Cultural Space]
Áurea Lígia Miranda Bernardi Secretário de Estado da Educação [State Secretary of Education]
Haroldo Rocha
Créditos [credits] Curadoria e coordenação geral
Agradecimentos especiais à Escola Viva Pastor
[curation & general coordination]
Oliveira de Araújo em Cobilândia com sua
Ronaldo Barbosa
brilhante equipe completamente envolvida na execução da obra conjunta “Alvorada”
Produção executiva [executive prodution]
[My sincere thanks to the Escola Viva
Erika Kunkel Varejão
Pastor Oliveira de Araújo school in Cobilândia and the brilliant team of people
Texto [text]
that totally dedicated their efforts to
João Gualberto Vasconcellos León Krempel Ronaldo Barbosa
this work “Alvorada”]
Expografia [exhibition design]
Ronaldo Barbosa Design gráfico e design editorial [graphic design & editorial design]
Ronaldo Barbosa Jarbas Gomes
Alyff Lemos Dutra Daniel Ferstl Ferreira Bastos Endrick Pereira Fernandes Erica Marcarini Dettmann Filipe Bernardo de Oliveira Ida Rita Zago Marcelo Lema Del Rio Martins Patrick Sander Moraes Porto de Mello Rebeca Oliveira Aleixo Sthela Loth Rodrigues Taíssa dos Santos Moreira
Produção gráfica [graphic prodution]
Jarbas Gomes Iluminação [lighting]
Julio Katona Fotografia [photography]
Claraboia Imagem: Felipe Amarelo Marcelo Gomes Tradução [translation]
José Gomes Lawrence Davidson Suzanne Kirkbright Revisão de texto [proofreading]
Lúcia Helena Peyroton da Rocha Pintura cênica [set painting]
ACS Acabamentos: Adalto Correa dos Santos
Agradecimentos [acknowledgements]
Adalto Correa dos Santos Áurea Lígia Miranda Bernardi Bernd Melzer Carlos Eduardo Favalessa Casa Tutti Erika Kunkel Varejão Gabriela Luduvico Galerie Zink Hartwig Schöttler Jarbas Gomes João Gualberto Vasconcellos Jocimar Nalesso José Cláudio Martinuzzo José Gomes Kyria Oliveira León Krempel Marcus Sequeira de Moraes Palácio Anchieta Ronaldo Barbosa Tuca Sarmento
Tuca Sarmento Montagens
© 2018 Rosilene Luduvico Impresso no Brasil [printed in brazil]
Assessoria de imprensa [press liaison]
Impressão [printing]
Mile4
Gráfica GSA
Montagem cênica [set-up]
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) Ficha catalográfica elaborada por Débora do Carmo, CRB-631 L947a LUDUVICO, Rosilene Alvorada: Rosilene Luduvico / Curadoria Ronaldo Barbosa. - Vitória (ES): Studio Ronaldo Barbosa, 2018. 60 p. : il. ; 24 cm x 30 cm. ISBN: 978-85-68574-04-1 Exposição: catálogo fotográfico. 1. Exposição - pintura. 2. Catálogo - fotografia. I. Luduvico, Rosilene. II. Título CDD. 700
Este livro foi produzido por ocasião da exposição “Alvorada”, de 31 de julho a 31 de dezembro de 2018. Vitória, inverno de 2018. ***
Iniciativa
Patrocínio
Apoio
Produção
Realização