Revista da Misericórdia #29

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junho ‘15

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Irmandade e Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso Rua da Misericórdia, 171, 4780-501 Santo Tirso t. + 252 808 260 | f. + 252 808 269 santacasa@misericordia-santotirso.org www.misericordia-santotirso.org www.facebook.com/MisericordiaSantoTirso



editorial

Positividade

por Ricardo Baptista mesário

A Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso é uma instituição de matriz social que tenta todos os dias ser uma referência de excelência e positividade no concelho de Santo Tirso, tendo uma postura proativa, sendo exigente, competente, disponível e acima de tudo enfatizando a sua componente humana no contacto diário com utentes e colaboradores. Não nos acomodamos, não encaramos a nossa missão como um “emprego” ou “cargo” com o simples intuito de atingir benefício próprio. Fazemo-lo com positividade e espírito de missão, abraçámo-lo como um projeto que vale a pena, em que todos e cada um pode fazer a diferença na nossa comunidade. Felizmente, trabalhando ou colaborando na nossa instituição temos a oportunidade de nos sentirmos úteis, não só para aqueles que nos são confiados, mas para todo o meio social em que estamos inseridos, especialmente nestes anos de grandes dificuldades e incertezas. Vamos continuar a lutar diariamente, sempre conscientes das dificuldades mas sempre positivos e presentes, dando o nosso contributo para melhorar a nossa sociedade.


SUMÁRIO /// ATUALIDADES / ENTREVISTA COM FILIPE VILA NOVA - FUNDADOR, PRESIDENTE E CEO DO GRUPO IRMÃOS VILA NOVA P.04 / RELATÓRIO E CONTAS 2014 P.10 / EVOLUÇÃO POSITIVA P.14 / TOMADA DE POSSE DOS NOVOS CORPOS SOCIAIS P.15 / O LIVRO DOS ELOGIOS P.16 / MULHER: ACREDITA EM TI! P.17 / EXERCÍCIOS DE SIMULACRO NAS VALÊNCIAS P.18 /// FORMAÇÃO / AÇÃO DE FORMAÇÃO: HIGIENE, SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO P.20 /// AÇÃO SOCIAL E COMUNIDADE / PROJETO VIDAS - VALORIZAÇÃO E INOVAÇÃO EM DEMÊNCIAS P.21 / A “POSITIVIDADE” DE UM PROGRAMA PSICOEDUCATIVO NOS CUIDADORES DE PESSOAS COM DEMÊNCIA P.22 / O DIA DA FELICIDADE P.24 / AO ENCONTRO DE HORAS FELIZES! P.39 / PROJETO CONHECER A TERCEIRA IDADE P.40 / POSITIVIDADE, FELICIDADE E VOLUNTARIADO - COMO SE ENAMORAM ESTAS TRÊS VERTENTES? P.42 / ATIVIDADES SOCIALMENTE ÚTEIS - A NOSSA EXPERIÊNCIA P.44 /// AÇÃO EDUCACIONAL / ATIVIDADE FÍSICA NA INFÂNCIA P.46 /// SAÚDE / DIA MUNDIAL DA VOZ P.48 /// CULTURA / A MÚSICA POSITIVA - 3 OPINIÕES, 30 SUGESTÕES P.50 / 1562/1563 - UMA EXPOSIÇÃO PARA VER, SENTIR, QUESTIONAR P.54 / PALAVRA DE ORDEM: DANÇA P.58 / TEATRO POSITIVO? OBVIAMENTE QUE SIM… P.60 / CARTOON P.63 / POEMAS P.64 /// REVELAÇÕES P.66


PROPRIEDADE IRMANDADE E SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE SANTO TIRSO // DIRETORA CARLA MEDEIROS // SECRETARIADO HUGO MARTINS // AVELINO RIBEIRO // COLABORADORES ALBERTO TEIXEIRA // ANA LUISA CARVALHO // ANYTA SAMPAIO // CÉU MACHADO // COMPANHIA TEATRO S. TIRSO: EXPRESSÕES // FILIPA GODINHO // JOÃO LOUREIRO // JOSÉ ALVES CARVALHO // LILIANA SALGADO // Mª JOÃO FERNANDES // MARISA FREITAS // MIGUEL DIAS // MIGUEL MIRANDA // NUNO BEIRÃO VIEIRA // RAFAEL ARAÚJO // RAQUEL MARTINS // RICARDO BAPTISTA // SARA ALMEIDA E SOUSA // SILVIA RIBEIRO // SOFIA MOITA // SUSANA FREITAS // SUSANA MOURA// FOTOGRAFIA (DIA DA FELICIDADE) CAMPIFOTO // TIRAGEM 1200 EXEMPLARES // EDIÇÃO JUNHO 2015 // DEPÓSITO LEGAL 167587/01 PERIODICIDADE SEMESTRAL // IMPRESSÃO NORPRINT // DESIGN SUBZERODESIGN

a revista da misericórdia obedece ao novo acordo ortográfico


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Atualidades

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ENTREVISTA COM FILIPE VILA NOVA FUNDADOR, PRESIDENTE E CEO DO GRUPO IRMÃOS VILA NOVA

Na presente edição da Revista da Misericórdia, há uma palavra a nortear a maioria dos conteúdos: “positividade”. Ou, se a quisermos desconstruir, ter uma atitude positiva, ser-se positivo. Filipe Vila Nova, fundador, presidente e CEO do Grupo Irmãos Vila Nova não se assume como tal. Mas o contrário também pode ser verdade, tendo em conta a resposta “positiva” que foi dando aos desafios com que se deparou no exigente mundo dos negócios. Em entrevista à Revista da Misericórdia, o líder e impulsionador da Salsa dá conta das conquistas da marca, do que correu bem e mal no seu processo de internacionalização e, acima de tudo, sublinha a aprendizagem que esta experiência enquanto empresário lhe trouxe no processo de tomada de consciência de si mesmo. Em 2014, a marca Salsa celebrou duas décadas de existência. Surge, portanto, em 1994. A partir de 1997 a marca apresenta uma forte expansão e a empresa abraça o desafio de entrar no setor do retalho com lojas próprias, o que se concretizou em 1998 com a abertura da primeira loja Salsa no Centro Comercial Norte Shopping, em Matosinhos. O processo de internacionalização deu-se em 2002, com a abertura da primeira loja em Espanha. Dois anos depois, o mesmo acontece no Qatar. É a chegada, bem sucedida, da marca ao médio Oriente. Hoje a mesma está presente em mais de 35 países. Levar a marca Salsa para Itália “correu mal”, a experiência com Espanha “foi muito difícil” e só agora o processo se começa a consolidar no país vizinho. Já lá vão mais de dez


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anos, tempo mais do que suficiente para qualquer empresário de 1980 avança com a criação da Irmãos Vila Nova, S.A., “desistir” e, porventura, conformar-se com a mediana escala sediada em Ribeirão (Vila Nova de Famalicão) na altura com nacional. Porém, “desistir” não parece ser palavra que a atividade exclusiva a lavandaria e tinturaria para artigos conste amiúde no vocabulário de Filipe Vila Nova, fundador, têxteis. “Se eu tivesse consciência dos riscos que corria, presidente e CEO do Grupo Irmãos Vila Nova e líder e provavelmente não criava empresa nenhuma”. Não teve, impulsionar da marca Salsa. Nem desistir e tão pouco dar todo mas respondeu “de forma muito séria” aos desafios que lhe iam este tempo por perdido. Filipe Vila Nova não duvida de que o sendo apresentados, até porque, em causa, estava também o percurso feito, de sucessos e insucessos, cumprimento de objetivos bem definidos. foi acima de tudo de aprendizagem. Diz Clareza que já se evidenciara, anos antes, “Se eu tivesse consciência mesmo que, agora sim, a marca está quando se decide aventurar no mundo na sua fase de internacionalização, até dos negócios. dos riscos que corria, porque sente, agora (mais uma vez) que provavelmente não criava a “empresa está muito melhor preparada Com catorze, quinze anos já Filipe Vila empresa nenhuma”. para o fazer”. “Este trajeto entre Nova comprava e vendia bicicletas e, sucessos e insucessos foi o que nos deu anos depois, foi parar à agricultura. consciência e uma maior maturidade para enfrentar esse Não porque houvesse algum interesse em particular pelas desafio da internacionalização”. “Eu próprio”, admite, “não ‘coisas da terra’, mas porque as circunstâncias assim o tinha essa consciência”. Há, depois, um indicador que não ditaram e porque era necessário cumprir o objetivo de deixa Filipe Vila Nova satisfeito, ou seja, o peso que o mercado autonomia financeira que tanto perseguia. Admite Filipe nacional ainda representa para a marca. “Em termos de Vila Nova, alguma “predisposição genética para o negócio”, volume de negócio, Portugal representa uns 30 e poucos mas quando decide ajudar uma tia-avó no seu negócio da por cento, tudo o resto é fora. Portugal ainda é muito agricultura, fá-lo simplesmente para responder à referida representativo para nós nesta altura, deveria ser menos”. necessidade de autonomia financeira. “Venho de uma família humilde, de seis irmãos, sem acesso a determinados bens de consumo, porque estava praticamente dependente AS ORIGENS DO NEGÓCIO do salário do meu pai. E eu queria ser autónomo, não Se, por um lado, a história da internacionalização da marca depender da mesada dos pais”. responde a um propósito claro, por outro, o seu processo não deixa de denunciar alguma dose de inconsciência, em tantos Começou, então, por dar apoio à tia-avó na agricultura, depois casos essencial para que se avance. A mesma que Filipe tornou-se seu sócio e, depois ainda, ficou-lhe com o negócio. Vila Nova admite ter existido quando, no final da década


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ENTREVISTA COM FILIPE VILA NOVA FUNDADOR, PRESIDENTE E CEO DO GRUPO IRMÃOS VILA NOVA

Nos primórdios desta aventura não se fizeram estudos, planos Foram sete, oito anos dedicados à agricultura. Mas não só: ou o que lhe queiram chamar. Em síntese, e recorrendo à como se tratava de uma atividade sazonal, ficava com tempo terminologia cara ao mundo dos negócios, não se fez nenhum livre suficiente para apoiar a irmã – modista – na criação de businesse plan. Havia, no entanto, a certeza de que o fabrico uma pequena unidade de confeção em regime de prestação a feitio era pouco rentável sendo igualmente certo para Filipe de serviço, ou como é vulgar dizer-se, “a feitio”. Algo que Vila Nova que não era nesse registo que queria permanecer. rapidamente percebeu que não “funcionava muito bem” e “O trabalho a feitio torna-nos muito dependente dos outros que era “pouco rentável, pelo que a opção recaiu, não muito e eu não queria depender de ninguém”. Filipe Vila Nova, tempo depois, pela criação de uma pequena marca, já nos mais do que saber o que ambicionava na altura, sabia com domínios do denim, mas não ainda a Salsa. Estamos em inícios clareza o que não queria. A circunstância dos anos de 1990, as calças de ganga leva à criação de uma marca, a Kiss e só existentes no mercado eram praticamente mais tarde surge a Salsa, para responder todas importadas e, escasseavam, por “Se não fosse esta à necessidade de um posicionamento de isso, as lavandarias industriais pelo que experiência empresarial, maior qualidade do produto, lado a lado a opção não poderia ser outra senão a acho que nunca conseguiria com o das marcas estrangeiras. de enveredar também pelo negócio das lavagens industriais. “O consumo do perceber-me enquanto A marca é criada, portanto, em 1994, sendo denim começava a crescer e não havia pessoa” esta, e numa fase inical, comercializada capacidade de resposta por parte das em lojas multimarcas independentes. lavandarias, pelo que se resolveu o Quatro anos mais tarde, surge então a primeira loja própria. problema de quem nos dava trabalho a feitio, lavando Atualmente, conta com mais de 250 pontos de venda, dos as peças, e, ao mesmo tempo, a nossa confeção já podia quais 56 em Portugal, para além da loja online. produzir”, diz Filipe Vila Nova. O maior desafio da vida é, para Filipe Vila Nova “conhecer-se a si mesmo e perceber-se para lá dos papeis (de Acredita o líder da Salsa que “o nosso limite está na nossa empresário, de filho, marido, pai...) que representa”. E é, capacidade de pensar e sonhar” pelo que “tudo aquilo que tendo em conta este desafio maior, que o mesmo responsável o homem concebe na sua mente consegue materializar. Se se diz “muito grato” pela experiência vivida com a empresa. a minha mente”, continua o mesmo responsável “conceber “Se não fosse esta experiência, acho que nunca conseguiria um desejo de forma profunda e sentida, então tenho eu a perceber-me enquanto pessoa, perceber-me de tudo aquilo melhor prova de que é possível realizar isso”. de que sou ou não capaz. Percebermo-nos”, continua Filipe


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Vila Nova “para além dessa experiência, compreendendo o seu significado é, provavelmente, a maior mais-valia que tiramos da própria vida e, sendo assim, a vida passa a ter um significado diferente”. Mas, pelo contrário, “se o objetivo é ser um bom empresário e ter isso como um fim em si, então até posso sê-lo, mas depressa se fica deprimido, triste como à noite, porque isso, em si, não tem significado. Não é esse o significado da vida”. GLOBAL E INSPIRADORA Em abril de 2008, o Jornal de Negócios dava conta de que “a Salsa, um dos gigantes nacionais do setor têxtil e do vestuário, tem em marcha em ambicioso plano de expansão internacional, que passa por países como China, Qatar, Dubai, Koweit e Grécia”. Sete anos volvidos, o caminho está a ser feito podendo a empresa “alcançar aquilo com que sempre sonhou: ser uma marca global”. A afirmação de Filipe Vila Nova tem um ano. À Revista da Misericórdia, o mesmo responsável reafirma o desígnio: “O meu sonho é de que a Irmãos Vila Nova se torne numa empresa de dimensão internacional”. Mas diz mais: quer vê-la também como uma “alavanca e uma inspiração para outras empresas, na nossa região, no país, no que for. Que seja um exemplo que outros possam prosseguir”. Ou, por outras palavras, tão ou mais inspiradora para outros como outras o foram para Filipe Vila Nova. Outras, mesmo, ainda o são. O fundador da Salsa estudou “profundamente” uma inspiradora empresa de Barcelona, tentando perceber como conseguiu ter sucesso, que passos deu. Deparou-se com um modelo organizacional bem distinto do implantado na Irmãos Vila Nova e a consciência de que tem


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ENTREVISTA COM FILIPE VILA NOVA FUNDADOR, PRESIDENTE E CEO DO GRUPO IRMÃOS VILA NOVA

Quando temos consciência de nós mesmos, sabemos que de mudar a cultura da sua própria empresa. “A aprendizagem o fato, a personalidade, não é mais do que a genética que foi tão grande, tão grande, tão grande que eu sentirecebemos, versus a educação que nos deram, versus o -me muito pequeno”, diz Filipe Vila Nova. “Eu, para fazer país que nos influenciou. Porém, temos que conseguir ver próximo do que eles fizeram, vou ter de mudar a cultura para além do fato”. Ou seja, continua: “Se este fato não me da empresa, não é mudar pessoas, é mudar hábitos, serve, eu tiro-o e visto outro”. É difícil?” questiona o próprio mudar a estrutura de gestão, a estrutura de organização, Filipe Vila Nova, sabendo de antemão a resposta: “É, mas se vou ter de fazer isso…” sentencia o empresário que adianta o que trago vestido não me serve, não me traz felicidade, estar neste momento num processo de contratação de um não me permite chegar onde quero chegar, porque vou CEO, com a consciência de que precisa de alguém ao seu continuar com ele?”. Estará, por isso, a lado para levar a cabo este novo empresa da qual é fundador Filipe Vila desafio: “sozinho já não sou capaz Nova na iminência de mudar de fato? • de influenciar toda esta gente”. Mas “O meu sonho é de que a Irmãos di-lo com a convicção de que quando Vila Nova se torne numa empresa isso acontecer, então terá melhor POR JOSÉ ALVES DE CARVALHO (JORNALISTA) de dimensão internacional e uma trabalhadores do que aqueles que inspiração para outras empresas. encontrou na inspiradora empresa de Barcelona. Que seja um exemplo que outros

possam prosseguir”

Estará a empresa da qual é fundador na iminência de mudar de fato? Diz Filipe Vila Nova - condecorado em 2006, pelo então Presidente da República Jorge Sampaio, com o Grau de Comendador da Ordem de Mérito Industrial - que o “ter consciência de si mesmo é dos maiores desafios que qualquer um de nós tem pela frente”. Isso implica que não se confunda o fato com quem o veste. “A personalidade é um fato que nós vestimos, o que não quer dizer que sejamos esse fato. Eu sou aquele que veste o fato. Aquele que o veste pode confundir-se com ele, pode pensar que o fato faz parte dele e começa a não saber o que é uma coisa ou outra.


CURIOSIDADES Salsa, a designação da marca adotada em 1994 não resulta de nenhum estudo de mercado, é antes a apropriação de um título de um filme sul-americano que à data se encontrava em exibição nos cinemas nacionais e que respondeu a necessidade de se encontrar um nome alegre e apelativo para a marca. Por ventura, fruto da crónica desconfiança do “made in Portugal”, e ajudado pela própria designação, a marca chegou a ser tida como espanhola mas hoje, diz Filipe Vila Nova, as pessoas já sabem de que se trata de uma marca portuguesa, facto que, diz o mesmo responsável, “nunca escondeu”, quando questionado sobre as dificuldades de impor um produto nacional no exterior e que levou a que muitos empresários escondessem a origem dos seus produtos. “Se sentir que me pode ser prejudicial, não tenho de o dizer, mas também não vou mentir. Não digo nada”.

JEANS PERFEITOS Na base do segredo do sucesso da Salsa está a capacidade de criar jeans que se adaptam aos diferentes corpos dos clientes. Ao longo dos seus 20 anos, a Salsa criou uma gama de mais de duas dezenas de modelos que se adaptam a todos os tipos de corpo: Push-up, Push-in, Hope Maternity, Sculpture, Shape-Up, Mystery e o modelo ergonómico 3D para homem, o Er-go. Atualmente, o slogan da marca não faz por menos ao dizer que “A Salsa tem os jeans perfeitos”. A este propósito, Filipe Vila Nova conta a história da difícil contratação da principal modelista da empresa: “só à quarta é que consegui encontrar uma modelista tão ou mais exigente do que eu. Ela é pior do que eu. É uma obsessão para garantir que tudo funcione”..


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RELATÓRIO E CONTAS 2014

O ano de dois mil e catorze foi um ano de estabilização e consolidação interna. O cenário vivido no país não foi de forma alguma um fator de desmotivação para a Misericórdia de Santo Tirso. Muito pelo contrário. A Mesa Administrativa prosseguiu uma política de construção, assumindo um papel preponderante e interventivo. Pautámos a nossa postura por uma redução de custos com eficiência e eficácia. Quando comparamos o ano em análise com o anterior, podemos verificar melhorias significativas, o que nos leva a um resultado positivo de € 220.529,76. Disto é prova a diminuição de 2,63% (€ 189.237,84) verificada na rubrica de GASTOS, apesar das Amortizações terem aumentado 36,21% (€ 141.084,03), fruto da reavaliação do património que tem vindo a ser feita. Realizou-se uma grande aposta na área da Saúde, nomeadamente com a reorganização dos serviços que culminou com a afetação ao quadro de pessoal, a partir do mês de julho, de 20 enfermeiros. Isto explica parte da diminuição da conta de Fornecimentos e Serviços Externos em 25,36% (€ 463.138,07) e o aumento dos Gastos com Pessoal em 5,04% (€ 205.283,83). Na área Patrimonial, além da continuidade dada à sua reavaliação, prosseguiu-se o investimento de modernização e renovação das valências, nomeadamente da Casa de Repouso de Real.

Nesta área, não podemos deixar de referir a devolução à Instituição do edifício do “antigo liceu” que se encontrava arrendado à Câmara Municipal. Numa atitude de frontalidade e desafio da conjuntura socioeconómica, a Instituição manteve- se atenta a oportunidades de financiamento nacionais e comunitários, conseguindo obter os seguintes apoios financeiros: Na área da Violência: • POPH medida 7.7 - Projeto IRIS (Gabinete de atendimento); • Secretaria de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade – Vagas para acolhimento de emergência (5 vagas); Carta Compromisso para Centro de Emergência (8 vagas); para benfeitorias e para verbas de autonomização. Na área da Geriatria e Dependência (sem financiamento direto): • União das Misericórdias Portuguesas – Projeto Vidas formação e qualificação na área das demências. Na área Infância e Comunidade (com financiamento em janeiro de 2015) • Renovação do acordo de cooperação com a Segurança Social – creche de 35 crianças para 46 (com capacidade para 58).


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Atualidades

Todas as oportunidades foram aproveitadas numa perspetiva de rentabilidade e sustentabilidade que acreditamos possível no setor social, com uma gestão racional, mas sempre focalizada no cliente e na prestação de serviços qualificados. Na área da Formação, Imagem e Relações Exteriores, é de relevar as 60 ações de formação efetuadas abrangendo 603 formandos; o acolhimento feito a 34 estagiários; a colaboração em 9 trabalhos de investigação; a realização de 2 palestras e 1 conferência e a recolha de sangue efetuada em colaboração com o Instituto Português do Sangue, entre outras. Somos uma Instituição aberta à cultura, sempre disponível para a dinamização de eventos através, entre outras, de estruturas como o Auditório “Centro Eng.º Eurico de Melo”, a Sala Multiusos ou outros espaços das valências, dependendo da origem e enquadramento das iniciativas a desenvolver. O nosso Grupo Coral continuou a levar longe o nome da nossa Instituição e do Concelho. A publicitação destes eventos foi levada a efeito através do nosso site www.misericordia-santotirso.org, página do Facebook e dos habituais contactos com os meios de comunicação locais, bem como através da nossa Revista com publicação semestral.

Em suma, este relatório mostra uma Misericórdia atenta e ativa junto da Comunidade. Este trabalho é o reflexo do esforço de uma grande e vasta equipa dedicada à causa de servir, num desafio permanente ao profissionalismo, engenho e à capacidade de sacrifício.

2013

2014

DIF.

DIF. %

VENDAS E SERV.

2 874 790,79

2 425 260,33

-449 530,46

-15,64%

SUBS. DOAÇÕES E LEG.

2 672 182,47

2 707 417,36

35 234,89

1,32%

TRAB. PRÓP. ENT.

0,00

0,00

0,00

0,00%

OUTRAS IMPARIDADES

0,00

260 854,47

260 854,47

100,00%

OUT. REND. E GANHOS

1 995 108,87

1 822 081,32

-173 027,55

-8,67%

JUROS REND. OBT.

17 318,63

19 828,30

2 509,67

14,49%

TOTAL

7 559 400,76

7 235 441,78

-323 958,98

-4,29%


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RELATÓRIO E CONTAS 2014

Os RENDIMENTOS apresentam um decréscimo, relativamente a 2013, de cerca de 4,29%, ou seja € 323.958,98, devido essencialmente ao seguinte: • Diminuição de Vendas e Serviços Prestados de 15,64% (€ 449.530,46), apesar de todas as outras rubricas terem um crescimento.

2013

2014

DIF.

DIF. %

C.M.V.M.C.

767 935,43

710 170,15

-57 765,28

-7,52%

F.S.E.

1 825 975,42

1 362 837,35

-463 138,07

-25,36%

GASTOS C/PESSOAL

4 076 446,56

4 281 730,39

205 283,83

5,04%

AMORT.

389 663,67

530 747,70

141 084,03

36,21%

OUTROS GAST. PERDAS

143 609,36

127 338,19

-16 271,17

-11,33%

JUROS E GASTOS SIM.

519,42

2 088,24

1 568,82

302,03%

TOTAL

7 204 149,86

7 014 912,02

-189 237,84

-2,63%

19,828.30, 0%

1,822,081.32, 25%

VENDAS E SERV.

2,425,260.33, 34%

SUBS. DOAÇÕES E LEG. TRAB. PRÓP. ENT. OUTRAS IMPARIDADES OUT. REND. E GANHOS

2,707,417.36, 37%

JUROS REND. OBT.

260,854.47, 4% 0.00, 0%

Os GASTOS apresentam uma melhoria significativa, ou seja, verifica-se uma poupança de 2,63% (€ 189.237,84) relativamente a 2013, com especial relevo para o seguinte: 3,000,000.00 2,500,000.00 2,000,000.00 1,500,000.00 1,000,000.00

2013

500,000.00

2014

O

RE ND .O

BT .

S S RO JU

UT .R

S

EN

IM

D. E

G

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AN HO

ID AD ES

NT . P. E RÓ RA UT O

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TR AB .P

SE

LE

RV .

G .

0.00

SU

Atualidades

• C.M.V.M.C. – Melhoria de 7,52% (€ 57.765,28); • F.S.E. – Melhoria de 25,36% (€ 463.138,07); • Gastos c/ Pessoal – Aumento de 5,04% (€ 205.283,83), devido à passagem para o quadro da Instituição dos Enfermeiros da Unidade de Cuidados Continuados; • Amortizações – Aumento de 36,21%% (€ 141.084,03), sendo esta situação explicada pela continuação da reavaliação do património.


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Atualidades

127,338.19, 2%

2,088.24, 0%

710,170.15, 10%

530,747.70, 8% C.M.V.M.C.

400,000.00

F.S.E.

350,000.00

GASTOS C/PESSOAL

300,000.00

1,362,837.35, 19% 4,281,730.39, 61%

2013

250,000.00

AMORT.

200,000.00

OUTROS GAST. PERDAS

150,000.00

JUROS E GASTOS SIM.

100,000.00

2014

355,250.90 220,529.76

50,000.00 0.00

4,500,000.00

Diminuição verificada nesta rubrica, passando para € 220.529,79, que se deve aos motivos anteriormente expostos no que concerne a Rendimentos e Gastos.

4,000,000.00 3,500,000.00 3,000,000.00 2,500,000.00

2013

2,000,000.00

2014

1,500,000.00

Assim, o Resultado Líquido de 2014 é de € 220.529,76 •

1,000,000.00 500,000.00 0.00

POR JOÃO LOUREIRO (DIRETOR GERAL) C.M.V.M.C.

F.S.E.

GASTOS C/ PESSOAL

AMORT.

OUTROS GAST. PERDAS

JUROS E GASTOS SIM.


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Atualidades

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EVOLUÇÃO POSITIVA

conformidade dos nossos sistemas com as linhas estratégicas Nos tempos que correm, tudo à nossa volta parece-nos pouco definidas pela Direção Geral. positivo. A conjuntura económica tomou conta das nossas vidas Na área contabilística, a entrada em vigor do Sistema de e a dependência cada vez maior de tudo o que é material Normalização Contabilística (SNC) em 2010 e do regime arrasta-nos para um estado de desalento e passividade. Crises para as entidades do setor não lucrativo (SNC-ESNL) que transversalmente alteram comportamentos, estruturas trouxe inevitavelmente melhores condições de rigor e familiares, valores e projetos de vida. Valerá a pena remar apresentação de resultados aos Irmãos da Instituição, contra a maré e ajudar a marcar a diferença? permitindo ainda preparar de uma maneira mais acertada, Neste estado de espírito, surge o desafio para destacar o que o plano de atividades e orçamento. de positivo a Instituição foi alcançando na área que integro. Enfrentar cada dia de forma positiva, permiteSem dúvida que é na valorização de todos -nos continuar a evoluir num compromisso os avanços, pequenos ou grandes, que Valerá a pena remar claro de mantermos a competitividade e bebemos o alento necessário para continuar: contra a maré e ajudar qualidade dos serviços prestados aos nossos a Instituição ganhou novas valências e a marcar a diferença? utentes e comunidade em geral. • serviços, num desafio contínuo de resposta às necessidades e desafios da comunidade que integra, sempre na prossecução dos seus objetivos, conforme POR SUSANA FREITAS (DEPARTAMENTO DE CONTABILIDADE E INFORMÁTICA) estabelecido no Artigo 3º do seu Compromisso. A adoção de tecnologias de informação e comunicação (TIC’s) tem sido pautada nos últimos 5 anos, pela realização de investimentos estratégicos que visam uma melhor utilização das mesmas pelos seus colaboradores, bem como a prestação de melhores serviços aos seus utentes. Ao longo deste período, foram revistas e ampliadas as componentes infraestruturais de rede e serviços, a par com adoção de boas práticas e implementação de ferramentas de produtividade e gestão. Nesse percurso, foram estabelecidas parcerias estratégicas com algumas entidades, das quais destacamos a Microsoft, que permitiram acelerar a adoção e


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TOMADA DE POSSE DOS NOVOS CORPOS SOCIAIS

Na sequência do ato eleitoral ocorrido no dia 3 de novembro de 2014, decorreu a 29 de dezembro último a Tomada de Posse dos novos Corpos Sociais, para o quadriénio 2015-2018. A cerimónia decorreu às 18h00 na Sala Multiusos do “Centro Eng.º Eurico de Melo” e foi presidida pelo Eng.º Luciano Gomes, na qualidade de presidente da Mesa da Assembleia Geral. Os novos membros que compõem os Corpos Sociais para o presente quadriénio fizeram juramento em uníssono tendo de seguida assinado o auto de posse. Seguiu-se um pequeno discurso do provedor reeleito, Sr. José dos Santos Pinto, que numas breves palavras agradeceu o envolvimento e empenho dos elementos cessantes, considerando ainda que “o futuro não é fácil e tudo farei para realizar o melhor trabalho possível, dando continuidade ao primeiro mandato, com o mesmo querer em desempenhar mais e melhor os serviços da Irmandade”. A lista dos atuais Corpos Sociais encontra-se disponível para visualização no site institucional: www.misericordia-santotirso.org/instituicao/corpos_sociais/ • POR HUGO MARTINS (DEP. FORMAÇÃO, IMAGEM E RELAÇÕES EXTERIORES)

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Atualidades


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Atualidades

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O LIVRO DOS ELOGIOS

Para reforço da nossa melhoria contínua. Pelas palavras de Cristina Leal, responsável por esta elogiosa ideia, “não estamos habituados ao elogio, a sermos reconhecidos pelo nosso melhor. Precisamos aprender a elogiar e a aceitar sermos elogiados também. Elogiar é um ato nobre” e a Irmandade e Santa Casa da Misericórdia aguarda o seu elogio. • POR ANA LUÍSA CARVALHO (COORDENADORA DO SERVIÇO DE APOIO DOMICILIÁRIO)

A partir do mês de maio, ao entrar na Misericórdia de Santo Tirso, se ao lado do aviso “neste estabelecimento há um livro de reclamações” encontrar um aviso, cor de laranja, a anunciar a existência de um Livro de Elogios, não estranhe. É que depois do livro de reclamações, e da obrigatoriedade de o ter “bem-à-mão”, as diversas valências e serviços da instituição aderiram ao conceito do Livro dos Elogios. O que é isto do Livro dos Elogios? O Livro de Elogios é um livro que fazia falta. Um livro a pedir e usar por todos os que pretendam elogiar e valorizar o que a Misericórdia de Santo Tirso realiza de bom e positivo. Elogio que existia, mas que muitas vezes cai no esquecimento, por não ficar registado. A partir de agora esse reconhecimento, de um serviço prestado, uma equipa, uma atitude,...pode ficar connosco para ser lido e relido por todos.


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MULHER: ACREDITA EM TI!

O Dia Internacional da Mulher celebra-se a 8 de março desde 1978, por designação da ONU. Já desde os primeiros anos do século XX, nos EUA e na Europa, se travavam lutas femininas em torno de melhores condições de trabalho e de vida. Desde então, vários acontecimentos marcaram a História de Reivindicação de Igualdade de Direitos e Oportunidades entre Homens e Mulheres. Enquanto persistir desigualdade de género continuará a fazer sentido esta luta. Ainda que um dia a IGUALDADE impere, fará sempre sentido celebrar esta data…para que os vindouros não esqueçam que a desigualdade anda de braço dado com a opressão e a submissão…para que a igualdade seja sempre sinónimo de progresso, com respeito e liberdade.

Atualidades

Este ano, a Casa Abrigo D. Mª Magalhães dinamizou a comemoração do Dia Internacional da Mulher na Misericórdia de Santo Tirso. Utentes e colaboradoras receberam uma mensagem positiva e de esperança e tiveram a oportunidade de participar numa tarde dedicada à valorização da imagem pessoal. Foram momentos de partilha e grande entusiasmo. Acreditar nas potencialidades individuais, foi esta a mensagem do dia. Um agradecimento especial à Fátima (Estética e Cabeleireiro Julia Moura), à Joana (Mª de Lurdes Cabeleireiro), à Ângela e ao João (Anjos Urbanos Cabeleireiros) pela sua indispensável colaboração voluntária. • POR SARA ALMEIDA E SOUSA (COORDENADORA DA CASA ABRIGO D. MARIA MAGALHÃES)


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Atualidades

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EXERCÍCIOS DE SIMULACRO NAS VALÊNCIAS

A Instituição, conhecedora das suas obrigações legais em matéria de segurança contra incêndios em edifícios, e tendo em consideração que detém, na sua maioria, valências cuja categoria de risco compreende, essencialmente, edifícios de Tipo IV (Escolares) e do tipo V (Hospitalares e Lares de Idosos), realizou vários exercícios de simulacro que permitiram operacionalizar e testar os seus planos de segurança. Estes exercícios são um sinal evidente da evolução institucional no caminho para a promoção e desenvolvimento de estratégias que nos permitem uma efetiva prevenção e proteção contra a ocorrência de eventuais incêndios. Muito mais que impedir a ocorrência de um incêndio, a aposta centra-se no objetivo de, caso este ocorra, ser possível minimizar os seus danos e consequências e, sobretudo, assegurar a segurança de todos os utentes das valências, designadamente: lares José Luiz d’Andrade e Dra. Leonor Beleza, Jardim de Infância, Unidade Cuidados Continuados, Clínica de Fisiatria, Casa de Repouso, Casa Abrigo e Centro Comunitário de Geão. Neste sentido e para a realização destes simulacros, a Instituição contou com a importante colaboração de várias entidades, nomeadamente: Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Santo de Santo Tirso; Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários Tirsenses; Polícia de Segurança Pública; Serviço Municipal de Protecção Civil e Polícia Municipal, cujo apoio agradecemos de forma reiterada, já que foram excelentes parceiros e permitiram uma troca de experiências e aprendizagem neste âmbito, que em muito contribuiu para o êxito destes exercícios.

Estas entidades, para além do auxílio na definição do melhor cenário para os exercícios, desempenharam, também, o papel de observadores externos, assumindo assim uma importante função de avaliação e monitorização quer das condições estruturais das valências em termos de segurança, quer da operacionalização das equipas de emergência afetas às várias valências envolvidas. É com uma enorme satisfação que se verifica o sucesso destas iniciativas, sendo importante referir que os bons resultados obtidos foram fruto do empenho dos colaboradores que demostraram um rigoroso cumprimento dos procedimentos e possibilitaram uma rápida, segura e ordeira evacuação de todos os colaboradores e utentes em todas as valências participantes nos vários exercícios de simulacros.• POR SÍLVIA RIBEIRO (TÉCNICA DE APOIO À GESTÃO)



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Formação

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AÇÃO DE FORMAÇÃO HIGIENE, SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO

A noção de risco responde à necessidade de lidar com situações de perigo futuro, sendo que numa perspetiva positiva, permite possibilitar a antecipação das situações em que o perigo se possa manifestar e atingir pessoas e bens. O risco define-se como a probabilidade de concretização do dano em função das condições de utilização, exposição ou interação do componente material do trabalho que apresente perigo. Os perigos não eliminados transformam--se em riscos, porque irão substituir no contexto real de trabalho uma situação de potencial interação com o trabalhador. O risco vai depender das medidas de prevenção e de proteção que tenham sido aplicadas, tendo sempre presente que a prevenção é a melhor forma de proteção. Atendendo à pertinência da temática exposta, e com o objetivo de dotar os formandos de competências e conhecimentos para que sejam capazes de realizar ações necessárias para assegurar a segurança dos utentes, bem como a sua própria segurança, a Misericórdia de Santo Tirso promoveu a Ação de Formação “Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho”. Pretendeu-se prevenir, identificando junto dos colaboradores fatores que possam afetar o ambiente de trabalho e o trabalhador, visando eliminar ou reduzir os riscos profissionais (condições inseguras de trabalho que podem afetar a saúde, segurança e bem estar do trabalhador). É fundamental sensibilizar colaboradores de

forma contínua para as temáticas em referência de modo a garantir as devidas condições de higiene e segurança, protegendo igualmente utentes da instituição. A Ação de Formação “Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho” envolveu a participação de 19 formandos provenientes das diferentes valências e decorreu entre dezembro de 2014 e janeiro de 2015, tendo uma duração total de 20 horas formativas. Já dinamizada em anos anteriores, e procurando abranger o maior número de formandos, esta iniciativa foi também de encontro ao Diagnóstico de Necessidades de Formação aplicado aos funcionários, onde a área da Higiene e Segurança Alimentar é sempre das mais solicitadas. Tratou-se de mais uma etapa do plano de formação, procurando desenvolver dinâmicas formativas adequadas às necessidades manifestadas pelos funcionários, de modo a favorecer a qualidade das condições de trabalho e consequentemente a melhoria da produtividade e dos níveis de satisfação dos mesmos. Dado o sucesso/relevância desta iniciativa, para o segundo semestre de 2015 perspetiva-se voltar a apostar nesta área de formação de modo a abranger categorias profissionais e colaboradores não envolvidos anteriormente. • POR CARLA MEDEIROS E HUGO MARTINS (DEP. FORMAÇÃO, IMAGEM E RELAÇÕES EXTERIORES)


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PROJETO VIDAS VALORIZAÇÃO E INOVAÇÃO EM DEMÊNCIAS

O Grupo Misericórdias Saúde da União das Misericórdias Portuguesas lançou o desafio de aderir a um projeto vocacionado a apoiar a adaptação de estruturas residenciais para idosos e serviços de apoio domiciliário e qualificar os respetivos profissionais na área da Demência. A Misericórdia de Santo Tirso, logo se prontificou a candidatar-se, mostrando o interesse na inovação, modernização e qualificação dos seus serviços, “bem como estudar a adaptabilidade dos nossos ambientes, investigar as necessidades e os recursos alocados e desenvolver um projeto conjunto de tipologias ambientais e de formação com desenvolvimento de competências, melhorando, deste modo, os cuidados que prestamos aos utentes.” O Projeto Vidas tem 3 vertentes: - Arquitetura e ambiente; - Avaliação e investigação; - Formação. Durante o mês de Janeiro decorreu na Misericórdia de Santo Tirso o Curso de formação, não só para profissionais desta instituição, bem como de outras Misericórdias (Oliveira de Azeméis, Tarouca e Carrazeda de Anciães), com o objetivo de “capacitação dos profissionais, nas suas áreas de atuação para o reconhecimento e adequada resposta às necessidades da pessoa com demência e seus familiares.” Estiveram presentes nessas ações de formação vários profissionais: médicos, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, psicólogos, assistentes sociais, animadores socioculturais, gerontólogos (…) para além dos dirigentes, que foram informados sobre as mais recentes estratégias de atuação.

Ação Social e Comunidade

Outros momentos formativos aconteceram noutras Misericórdias (como Gaia e Barcelos), envolvendo uma equipa de ajudantes de lar do Lar José Luiz d’Andrade e de ajudantes familiares do Serviço de Apoio Domiciliário da nossa instituição, na presença de muitos profissionais de outras Misericórdias integrantes do projeto, enriquecendo a sua prática com conhecimentos atualizados sobre o tema das demências. A 27 de Março realizou-se o 2º Seminário do Projeto Vidas – “Valorização e Inovação em Demências” no auditório do Centro de Apoio a Deficientes João Paulo II em Fátima para apresentar os resultados preliminares do Projeto. Este projeto contou com a parceria da Direção Geral de Saúde, Alzheimer Portugal e Hospital Magalhães de Lemos que se juntam a uma vasta equipa de profissionais da União das Misericórdias Portuguesas, empenhados em formar, orientar e modernizar as valências que apoiam pessoas com demências. O projeto ainda dará frutos na nossa instituição, através de algumas alterações a propor nos espaços, atividades e abordagens com os utentes demenciados. • POR LILIANA SALGADO (DIRETORA DE SERVIÇOS SOCIAIS E QUALIDADE)


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A “POSITIVIDADE” DE UM PROGRAMA PSICOEDUCATIVO NOS CUIDADORES DE PESSOAS COM DEMÊNCIA

A realidade atual confronta-nos com uma sociedade cada vez mais envelhecida, o que acarreta importantes exigências sociais, económicas e de saúde. Neste contexto, estamos a assistir a um aumento sem precedentes de fenómenos e situações relacionados com a incidência de doenças crónico-degenerativas, em especial os processos demenciais. Hoje sabe-se que as demências afetam entre 18 e 22 milhões de pessoas no mundo. Em Portugal, no ano de 2010, as estimativas apontavam para a existência de cerca de 70 mil pessoas com o diagnóstico de Alzheimer e estima-se, que nos próximos 30 anos, haja um aumento dos valores de prevalência e incidência desta e doutras patologias demenciais. As demências causam um grande impacto na estrutura familiar, por trazerem sobrecarga emocional a todo núcleo. São, por isso, consideradas doenças familiares, e impõem a necessidade de programas e medidas de apoio, tanto para a pessoa demenciada como para os seus cuidadores. De facto, a sobrecarga dos cuidadores constitui um dos problemas mais importantes causados pela demência. Os cuidadores são geralmente elementos da rede social do idoso (familiares, amigos, vizinhos) que assumem toda, ou a grande parte, da responsabilidade pelo cuidado. A sua

escolha nem sempre é uma opção consciente e assumida, sendo, habitualmente assegurada pela pessoa mais disponível, emocional ou geograficamente. Cuidar de pessoas idosas com demência é uma tarefa difícil que requer, do cuidador, muito tempo, energia e até esforço físico. Geralmente, a doença progride lentamente e, por isso, os membros da família têm de prestar cuidados durante muitos anos, ficando assim expostos a níveis elevados de stress por longos períodos de tempo. Soma-se a isso a fadiga crónica decorrente de longas horas de apoio ao familiar, sem períodos de descanso. Alguns estudos referem que cuidar de idosos com demência pode ser mais stressante que cuidar de idosos fisicamente frágeis, pelos problemas específicos dos pacientes demenciados, tais como a mudança comportamental, a desorientação ambiental e a progressiva dependência na execução de tarefas do quotidiano. Em casa, os cuidadores são confrontados com múltiplas tarefas que evoluem em todo o processo da doença. O nível de dependência aumenta à medida que a doença progride - nos estádios iniciais o suporte é necessário apenas para atividades instrumentais de vida diária, mas a necessidade de cuidados tende a ser maior à medida que a doença avança. Estudos mostram que a maioria dos cuidadores apresenta altos níveis de sintomas depressivos, ansiedade, baixa


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autoestima, culpa e irritabilidade emocional. Pela sobrecarga, os cuidadores também podem desenvolver sintomas físicos, como hipertensão arterial, desordem digestiva, doenças respiratórias e mais propensão a infeções. Foi numa lógica de apoio às necessidades dos cuidadores, que surgiu o programa “Cuidar de Quem Cuida”. Trata-se de um programa psicoeducativo, cujo promotor é a CASTIIS – Centro de Assistência Social à Terceira Idade de Sanguêdo. O projeto surgiu do financiamento do Programa Cidadania Ativa, cujos fundos são provenientes do Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu (EEA Grants), que em Portugal são geridos pela Fundação Calouste Gulbenkian e foi inicialmente implementado na região entre Douro e Vouga. No entanto, e porque uma das componentes de ação seria abranger a área metropolitana do Porto, capacitando um organismo de cada município para a implementação do programa e, deste modo, alargar o âmbito de ação e apoiar mais cuidadores, Santo Tirso e a ISCMST agarraram o projeto e desde o dia 25 de Março que o programa está a ser desenvolvido no Centro Comunitário de Geão. A implementação do Programa passou essencialmente por três fases iniciais: uma 1ª fase de capacitação (ação de formação) dos técnicos sobre o programa “Cuidar de Quem Cuida”; uma 2ª fase de trabalho da parceria entre as instituições envolvidas e uma 3ª fase, de sinalização e convite aos cuidadores informais de pessoas com demência, conhecidos das instituições e com vontade/disponibilidade para integrarem este 1º grupo. Do grupo formado, os cuidadores passaram a encontrar-se

1 vez por semana durante 10 semanas para em conjunto com técnicos de diversas áreas, psicologia, enfermagem, terapia ocupacional, assistente social e jurista, consolidarem conhecimentos, partilharem experiências, sentimentos, criarem laços sociais entre cuidadores. Por se tratar de um programa psicoeducativo, para além da informação e competências instrumentais disponibilizadas (informação e cuidados à pessoa com demência, dificuldades sentidas, informações sobre os sistemas de apoio social, assistencial, legal, recursos comunitários legais, entre outros), esteve muito presente o apoio emocional. Estando a ISCMST na reta final do 1º programa implementado, podemos assumir o impacto positivo das várias sessões nos cuidadores, visível e evoluindo ao longo das 10 semanas. No entanto, pretende-se que ao beneficiarem deste tipo de intervenção, os cuidadores apresentem melhorias ao nível da sua perceção de sobrecarga, depressão, bem-estar global e competências na prestação de cuidados. Na verdade, esperamos ter contribuído para uma maior eficácia no controlo do impacto negativo associado à tarefa de cuidar. • POR ANA LUISA CARVALHO (COORDENADORA SERVIÇO APOIO DOMICILIÁRIO)


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O DIA DA FELICIDADE

No dia 20 de março celebrou-se pela terceira vez o Dia Internacional da Felicidade, uma data que vem defender o valor da felicidade como direito fundamental e objetivo universal. Em dia e mês de felicidade, a Misericórdia de Santo Tirso assumiu também este propósito de promover o bem-estar individual junto dos seus utentes, colaboradores e da comunidade, desafiando a redescoberta dos pequenos prazeres e daquilo que traz felicidade, mesmo em momentos de crise e circunstâncias pessoais difíceis. Crianças e adultos responderam a este exercício de positividade, pronunciando-se sobre aquilo que os faz felizes e sobre os sonhos que ainda os movem. Entre os ideais de felicidade mais citados, surge a família como valor inequívoco para os pequenos e graúdos, seguido da saúde que reúne essencialmente o consenso dos mais velhos. Não escaparam a estes desígnios de felicidade, prazeres mais mundanos e corriqueiros que concorrem também eles para a construção de uma atitude mais positiva perante a vida. A celebração desta data culminou com um espetáculo no Auditório “Centro Eng. Eurico de Melo”, que integrou duas peças de teatro cómicas dinamizadas por colaboradores da Instituição, um momento musical

protagonizado pelo grupo “Os Amigos da Música”, vários momentos de ilusionismo e um lanche convívio. Neste mesmo espaço teve ainda lugar uma exposição de fotos, textos e desenhos alusivos ao tema e carregados de positividade, que vieram trazer mais cor a uma data que não pode ser cinzenta, nem deve passar em branco. • POR MARIA JOÃO FERNANDES (COORDENADORA LAR DRA LEONOR BELEZA)


Jardim de Inf창ncia


Lar José Luiz d’Andrade

FAZ-ME FELIZ... Ter a visita da minha família e passear, de resto tenho uma vida boa, não me falta nada aqui no lar, estou feliz!

Eu já sou muito feliz aqui no lar, pois estou onde queria estar! Fui eu que decidi! Gosto imenso de fotografias!

Eduarda Veiga, 81 anos

Dina Silva, 96 anos

Ser amiga de toda a gente e ter saúde, conviver com os meus netos, filhos e família em geral. Se pudesse voltar a locais onde já fui (a Israel por exemplo), o meu sonho é ir ao Brasil!

Ver um jogo de futebol e comer francesinhas, adoro! Era capaz de comer todos os dias!

Lídia Braz, 81 anos

Ter mais saúde, estar com os meus filhos, netos e bisnetos mais vezes. O meu sonho é ver a minha neta formada e com um emprego seguro. Alexandrina Cândido, 80 anos

Eu já sou muito feliz aqui no lar, só gostava de passear mais vezes se pudesse. O meu maior sonho era ir à Alemanha visitar o meu irmão… Mª Branca Martins, 87 anos

José Fernando Soares, 55 anos

Passear, adoro! Conhecer lugares que nunca vi, pois quando morrer não vou ver mais nada, por isso enquanto Deus quiser que eu cá esteja ainda quero ver muita coisa! Maria Gonçalves, 101 anos

Estar com a minha neta, passar mais tempo com ela e com as minhas filhas. Tenho saudades de um assado em forno de lenha. Manuel Almeida, 88 anos



Casa de Repouso de Real



Lar Dra. Leonor Beleza

FAZ-ME FELIZ... Estar com os meus netos e os meus filhos. Com eles sinto-me muito bem, passo bons momentos. Maria José Ribeiro, 79 anos

Passear e conviver com a família. E claro, tomar café e fumar um cigarro. José André Andrade, 48 anos

Passear e apanhar sol: Ir a casa da minha sobrinha. Ainda poder andar. Maria Líbia Sousa, 76 anos

Andar de comboio e disfrutar das maravilhosas paisagens. João Caldas Martins, 54 anos





Serviço de Apoio Domiciliário

FAZ-ME FELIZ... Estar com os meus filhos, netos e resto da família. Deolinda Martins Lopes, 71 anos

Que toda a gente seja feliz.

Ainda cá estar, com os meus 81 anos e alguma saúde…viver com e perto da minha família…conseguir ainda fazer algum crochet e viver um dia de cada vez, com algum sofrimento, mas sabendo que existem pessoas bem piores do que eu…sou feliz! Maria dos Anjos Cardoso, 81 anos

Fernando Andrade Oliveira, 79 anos

Chegar a esta idade com saúde e contente com o carinho com que sou tratado pelas funcionárias do Apoio Domiciliário.

Rezar e conversar com Deus sobre as alegrias e angústias do meu dia-a-dia…conversar e conviver…ser vaidosa, ir ao cabeleireiro, pintar as unhas…que cuidem de mim.

Joaquim Nunes, 89 anos

Maria Celeste Fonseca Moreira Mascarenhas, 80 anos

O amor das minhas filhas, um beijo dos netos, o sorriso dos bisnetos, uma guloseima.

O bem-estar das minhas filhas, ouvi-las sorrir e brincar com elas…o cheiro das flores e o canto dos pássaros…tenho saudades de outras coisas que me faziam feliz mas que agora não posso fazer.

Maria Alves Tavares Melo, 91 anos

Maria Elisabete Ferreira Machado, 39 anos



Serviço de Apoio Domiciliário

FAZ-ME FELIZ... Felicidade é um caminho tortuoso mas aliciante. Faz-me feliz, as pequenas coisas da vida.

Ainda viver, ver o dia a nascer aos 83 anos e ter esperança no que possa acontecer. Américo Costa Martins, 83 anos

Maria Helena Fonseca Almeida, 76 anos

Levantar-me e ver o sol a bater nas janelas… ver toda a família a dar-se bem e com saúde.

Amar e ser amada por todos os que me rodeiam. Eugénia Andrade Oliveira Branco, 85 anos

Maria Irene Almeida Carneiro, 79 anos

Comer bem e dar pequenos passeios. Adriano Dias Quintas, 80 anos

Tudo quanto faço pela minha esposa e me dá força para continuar. Afinal essa é que é a felicidade verdadeira e me leva à felicidade da vida eterna, que não terá fim. José Silva Medeiros, 81 anos

Conviver com os funcionários, conviver com os idosos do LJLA, ir à esteticista, usar bijuterias, ir à rua, ver televisão e o programa “Preço Certo”, vestir roupa nova. Maria Margarida Dinis Pinto, 33 anos



FAZ-ME FELIZ... Jardim de Inf창ncia


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AO ENCONTRO DE HORAS FELIZES!

Na esteira da dependência, do envelhecimento, da incapacidade e da deficiência, o Lar Dra. Leonor Beleza tem como pedra angular da sua intervenção a resposta aos deficits e problemas dos seus utentes. Vocacionado para o acolhimento de pessoas em idade adulta, em situação de dependência e com diagnóstico de não recuperação, esta valência tem orientado a sua prática em função das dificuldades apresentadas pelos seus utentes. O foco nas suas fraquezas tem sido de resto imperioso, dada a condição clínica daqueles que acolhe. Não obstante a importância inequívoca destas respostas corretivas e remediativas, estudos atuais, designadamente na área da psicologia positiva, têm vindo a demonstrar que as pessoas não querem apenas reduzir os seus problemas, mas querem mais satisfação, alegria e prazer nas suas vidas. Assim, numa abordagem que surge em complementaridade com a intervenção nas áreas problemáticas, o Lar Dra. Leonor Beleza tem procurado desenvolver ferramentas e estratégias que procuram somente a satisfação do utente, a positividade e o bemestar individual. Com base no projecto Felicidário, desenvolvido pela Associação Encontrar+se em parceria com a Lintas, que em 2013 lançou um calendário com 365 definições de felicidade, o Lar Dra. Leonor Beleza tem vindo a desenvolver mensalmente uma iniciativa com o mesmo nome que procura pôr em prática algumas dessas definições. Procura-se com esta iniciativa participar na construção de uma atitude mais positiva em relação à vida, realçando a importância de prazeres quotidianos no bem-estar subjetivo dos seus utentes. Olhando à satisfação dos seus pequenos

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prazeres, tantas vezes negligenciados em função de outras necessidades mais prementes no domínio da saúde ou no plano socioeconómico, procura-se assim trazer a esta valência deleites do dia-a-dia tantas vezes inacessíveis àqueles que vivem institucionalizados e com limitadas oportunidades e contacto com o exterior. Hedonista na sua génese, o Felicidário procura essencialmente o resgate de pequenos prazeres quotidianos como a felicidade de receber um postal, de cuidar do visual, de fazer um piquenique, de saborear primeiro gelado da época ou um pires de tremoços… A par desta ação, e porque a Felicidade se faz de idiossincrasias, o Lar Dra. Leonor Beleza iniciou este ano o projeto “O Meu Felicidário”. Do coletivo para o individual, esta ação procura resgatar os utentes do saudosismo do passado, direcionando-os para o presente e para o futuro. Apurando vontades não satisfeitas, tarefas inacabadas e projetos esquecidos na rotina dos dias - tantas vezes adiados por indisponibilidades e impossibilidades físicas e monetárias - estabelecemos um compromisso com o utente e com aquilo que este deseja ainda cumprir. Orientados na direção dos anseios de cada utente, sintonizamo-nos com eles na resolução dos seus “ainda hei-de…”. Não menos importantes que outros objetivos desde logo traçados no acompanhamento dos utentes, também os sonhos - banais ou extraordinários - deverão ser considerados e integrados no plano de desenvolvimento de cada utente. Afinal, qual bichinho álacre e sedento, o sonho é cabo da Boa Esperança e efetivamente comanda a vida (António Gedeão, Pedra Filosofal). • POR MARIA JOÃO FERNANDES (COORDENADORA LAR DRA. LEONOR BELEZA)


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PROJETO CONHECER A TERCEIRA IDADE

No âmbito do Projeto Conhecer a Terceira Idade e de um protocolo de colaboração entre o INA e a Irmandade e Santa Casa de Misericórdia de Santo Tirso, decorreu, no 2.º período, um ciclo de visitas ao Lar Dra. Leonor Beleza e ao Lar José Luiz d’Andrade. Este projeto, dirigido aos alunos do 9.º ano, tem como principais objetivos: - despertar o interesse pelo voluntariado, como forma de participação cívica; - promover o convívio intergeracional, através da dinamização de atividades lúdicas e/ou recreativas. Foram momentos de grande interação entre gerações, de partilha de experiências, de criação de laços, de alegria e muitas atividades! A avaliação desta atividade é bastante positiva, não só pela experiência proporcionada aos alunos, mas também pela oportunidade de desenvolvimento da sensibilidade e do espírito de serviço, contribuindo para o seu papel de agentes de transformação no bem-estar da população idosa.• POR MARISA FREITAS (GABINETE DE SERVIÇO SOCIAL DO INSTITUTO NUN´ALVRES)



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POSITIVIDADE, FELICIDADE E VOLUNTARIADO COMO SE ENAMORAM ESTAS TRÊS VERTENTES?

Falar de positivismo ou espírito positivo, é lembrar o seu grande mentor o filósofo francês Auguste Comte. Espírito positivo, será a forma para designar como o ser humano deveria pensar no seu estado positivo, que compreende não só a inteligência mas também os sentimentos e as ações. Auguste Comte define assim a sua fórmula positiva: “Amor como princípio a ordem como base o progresso como fim” Positivismo como indutor de um estado de felicidade. É oportuno lembrar que o fim de toda a atividade humana é uma só: obtenção da felicidade. Sentirmo-nos amados e aceites pelos nossos familiares e amigos é algo que nos coloca um sorriso no coração. Todos nós quando nascemos, trazemos esta capacidade: a de fazermos sorrir o nosso semelhante, mas com o tempo ela vai-se dissolvendo em outros contornos por vezes não tão gratificantes, influência de uma sociedade materialista e consumista e então o ato sublime de nos doarmos aos outros vai desaparecendo. É precisamente neste “doar”, nesta entrega que entra o voluntariado ou seja o “fazer acontecer”. É precisamente dentro deste contexto do fazer acontecer, nesta generosidade de pura gratuidade que eu me reconheço, não posso portanto, como voluntária que sou, deixar de dar o meu testemunho.

Atuar como voluntária é ter um ideal, um compromisso é ter uma relação solidária com o próximo, é sobretudo uma relação de partilha. Não existem estados permanentes de felicidade, mas há então que apostar numa atitude permanente e positiva para que esses instantes de felicidade aconteçam. Evidencio aqui a capacidade transformadora que a palavra e as atitudes transportam, e o potencial que as mesmas representam, no crescimento interior do próprio individuo. A Palavra, motor de transformação: é necessário trabalhar a autoestima, nesta sociedade cada vez mais fria, mais distante e mais arrogante, é urgente fazer com que as pessoas se gostem. A autoestima, não é mais do que gostar-de-si, trata-se de incutir nas pessoas que o importante mesmo é gostar de si mesmas independentemente do que se possui ou não, ou do lugar aonde se esteja. Para ter autoestima basta apenas e somente ter amor e aceitação por si. Não se precisa Ter, mas Ser e para que isso aconteça não é preciso nada, porque simplesmente já o é. Necessário, é também, levar as pessoas a falarem e a fazerem aquilo de que mais gostam sem que a principal preocupação seja a de agradar aos outros e principalmente fazer com que se sintam importantes nas suas afirmações. O Toque: é importante informar que o toque é uma ação positiva e indutora de estados de tranquilidade, afeto e segurança; consequentemente geradora de felicidade.


O Abraço é ação positiva, um gesto que transmite emoções a quem o recebe, principalmente em momentos difíceis, pode significar consolo, redução de stress e aliviar estados de ansiedade; logo o abraço traz benefícios para a saúde. O abraço é otimismo, quem o recebe encontra o seu porto de abrigo, o lugar melhor para sonhar. Abrace, porque para além de acalmar o seu semelhante, também será conforto para a sua Alma. Para concluir, gostaria de acrescentar e reforçar que no fundo positividade, voluntariado e felicidade se resumem numa só intenção: Doar-se e Fazer-acontecer, partilhar com os outros (e os outros também somos nós) aquilo que gostaríamos que fizessem connosco numa situação ou circunstância de dificuldade. Nada mais que os preceitos de Deus: “ama o teu próximo como a ti mesmo, não faças nada que não quisesses que te fizessem a ti”. Se me sentires flor cuida de mim e eu cuidarei de ti. • POR CÉU MACHADO (VOLUNTÁRIA NA ISCMST)


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ATIVIDADES SOCIALMENTE ÚTEIS A NOSSA EXPERIÊNCIA

Decorrida a primeira experiência no desenvolvimento das Atividades Socialmente Úteis por parte de 10 beneficiários de RSI na Misericórdia de Santo Tirso, e efetuada uma reflexão de todos os elementos direta ou indiretamente envolvidos, é unânime que o desafio foi superado. Destaca-se o envolvimento das Entidades/Técnicos que constituem o Núcleo Local de Inserção - NLI na integração e acompanhamento dos beneficiários, a boa adaptação, envolvimento, sentido de responsabilidade e cumprimento das regras e práticas definidas institucionalmente, por parte dos beneficiários, bem como o envolvimento dos colaboradores da Misericórdia de Santo Tirso no acolhimento e acompanhamento dos mesmos, fazendo-os sentir como parte integrante da Instituição. Ao longo deste período de cerca de 6 meses, mais do que uma ocupação temporária, foi nosso objetivo contribuir para a aquisição de novas experiências laborais, permitindo deste modo o enriquecimento do percurso profissional de cada um; reforçar e/ou preservar hábitos e rotinas laborais; promover o relacionamento interpessoal em contexto laboral e acima de tudo contribuir para uma maior valorização pessoal, familiar e profissional dos beneficiários. Estes, por sua vez, descrevem a experiência como fundamental, na medida em que lhes permitiu a aquisição de novos conhecimentos e o aumento da autoestima, sentindo-se ocupados, úteis e capazes de desempenhar tarefas que lhes exigem alguma responsabilidade. Fazem também descrição do contacto com um ambiente no trabalho positivo e acolhedor, por comparação a experiências profissionais passadas.

Em muitos casos, a capacidade de valorização e as competências de cada um vai ficando reprimida pelas dificuldades e constrangimentos que vão sentindo nas suas vidas, nomeadamente no que se refere à inserção profissional, tendo sido visível, por parte de alguns beneficiários, a mudança nas suas atitudes e posturas, ao longo do desenvolvimento do programa. Foi neste contexto, e como forma de reconhecimento e valorização do trabalho prestado, que a Misericórdia de Santo Tirso contratou duas beneficiárias que participaram nas ASUS através do Programa CEI+. De modo a sintetizar os aspetos positivos tendo em conta a nossa experiência institucional, podemos enunciar os seguintes: • Ocupação dos beneficiários RSI em tarefas subjacentes a um conteúdo profissional; • Melhoria das competências profissionais dos beneficiários através da aproximação à “disciplina laboral”; • Aumento da responsabilidade social; • Aumento da autoestima e do sentimento de “utilidade” social; • Integração dos beneficiários de ASUS com bom desempenho nas instituições/empresas, quando existe vaga para integração profissional compatível com o seu perfil profissional; • Certificação das competências desenvolvidas pelos beneficiários por parte da Instituição que integram, aumentando o seu curriculum; • Combate da imagem social negativa inerente aos beneficiários de RSI de que não têm competências


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Ação Social e Comunidade

profissionais e não são capazes de assumirem qualquer ocupação; • Sensibilização das empresas/instituições para as capacidades da população fragilizada. Com o intuito de dar continuidade à nossa Missão - promover respostas e iniciativas adequadas às necessidades diagnosticadas na comunidade, contribuindo para o desenvolvimento local e proteção de grupos sociais mais vulneráveis - no passado dia 30 de abril do corrente, foi efetuada a sessão de acolhimento para um novo

grupo de beneficiários, que à semelhança da experiência anterior, atualmente integram diferentes valências da Instituição. Em suma, a Misericórdia de Santo Tirso mais uma vez pretende satisfazer as necessidades sociais e comunitárias. Por outro lado, pretende também contribuir, numa lógica de qualificação formativa e valorização pessoal do beneficiário, para o seu desenvolvimento pessoal, formativo e social, através das atividades socialmente úteis.• POR SUSANA MOURA (COORDENADORA CENTRO COMUNITÁRIO DE GEÃO)


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Ação Educacional

#29

ATIVIDADE FÍSICA NA INFÂNCIA

Crescimento, maturação e desenvolvimento do nascimento até os três anos de idade. A partir do nascimento, inicia-se uma complexa relação entre o bebé e o ambiente que o rodeia. As estruturas neurológicas já estão razoavelmente bem formadas, principalmente o cérebro e as funções sensoriais exterocetivas (visão, audição, tato, paladar e olfato). Como decorrência do amplo repertório funcional para interação com o ambiente, as relações afetivas e sociais, principalmente com os pais, devem ser fortemente estabelecidas. A atividade motora do recém-nascido é bem ativa, mas desordenada e sem finalidade objetiva, movimentando de modo assimétrico tanto os membros superiores, como os inferiores. Alguns reflexos são próprios desta idade e ocorrem em praticamente todos os bebés, sendo inibidos nos meses subsequentes devido ao amadurecimento do cerebelo e do córtex frontal. Posto isto, inicia-se assim, o surgimento de movimentos voluntários e melhor organizados, como a locomoção, manipulação de objetos e o controlo postural. Por isso, é fundamental que o bebé seja exposto a estímulos motores adequados ao seu nível de desenvolvimento. Esse conjunto de relações com o mundo deixa clara a interferência que o ambiente exerce no desenvolvimento humano, sendo fundamental para a estruturação e a

organização do sistema nervoso no que se refere aos aspetos emocionais, cognitivos e motores. Assim, o potencial de futuras aquisições começa a ser estruturado desde o nascimento, e muito do que vai ocorrer no futuro está diretamente ligado a essas interações iniciais entre o ambiente e o desenvolvimento biológico (Diamond, 2000; Knudsen, 2004; Stodden et al., 2008; Wolfe & Bell, 2007). Em tese, uma experiência ambiental adequada favorece o surgimento de uma boa competência motora, a qual, por sua vez, tende a aumentar a prática de atividade física. Em contrapartida, a falta de experiências motoras adequadas nessa fase pode comprometer o desenvolvimento posterior da criança, não somente em termos motores como também cognitivos, afetivos e sociais. Portanto, essa etapa pode ser considerada importante tanto para a geração de futuros atletas como para a formação de cidadãos que utilizam a atividade física apenas como ferramenta de educação, integração social, lazer, entretenimento e promoção da saúde (Barnett et al., 2009; Stodden et al., 2008; World Health Organization, 2005). Crescimento, maturação e desenvolvimento dos três aos cinco anos de idade Entre os 3 e os 5 anos de idade, os sistemas sensoriais devem continuar a ser estimulados através de uma ampla gama de experiências, com ênfase nos mecanismos propriocetivos


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Ação Educacional

ATIVIDADE FÍSICA NA INFÂNCIA

ATIVIDADE FÍSICA NA INFÂNCIA

índices de gordura corporal. Já em relação à quantidade de massa • Melhoria de desempenho escolar, As crianças do 1 aos 5 anos muscular, a atividade física não pois estimula a aprendizagem; de idade devem ter liberdade exerce influência marcante na • Formação de hábitos de vida para estarem ativas por, pelo saudáveis no futuro; infância, pois a quantidade de menos, 3 horas durante o dia, • Desenvolvimento dos tecidos hormonas é relativamente baixa em intervalos repartidos. músculo esqueléticos de forma (Baxter-Jones & Helms, 1996; Patel, saudável (ossos, músculos e Pratt, & Greydanus, 2002; Rogol, articulações); Nestas ocasiões, devem ter • Desenvolvimento de um sistema Roemmich, & Clark, 2002; Timmons oportunidade para realizar cardiovascular saudável; et al., 2007). atividades leves, moderadas • Desenvolvimento da consciência Nesta perspetiva, podemos concluir e intensas, de acordo com a neuromuscular (coordenação e controlo dos movimentos); que as atividades direcionadas às sua disposição. • Manutenção de um peso corporal crianças devem proporcionar maior saudável; Respeite o seu ritmo! ênfase em aspetos coordenativos • Melhoria do desenvolvimento social e cognitivos (tomada de decisão), e cognitivo; • Estímulo ao amadurecimento das ao invés da preocupação com habilidades cognitivas e motoras. o treino das capacidades como força e resistência. Considerando a individualidade da criança em função de seu ritmo de desenvolvimento biológico (reconhecimento espacial), proporcionando à criança e de experiências ambientais, é importante a iniciação diferentes modos de integração. As habilidades motoras desportiva. Idealmente, essa participação deverá ocorrer fundamentais adquiridas na etapa anterior são cada vez em atividades prazerosas e diversificadas, possibilitando mais refinadas, possibilitando a execução de movimentos de a prática de várias habilidades motoras, com implicações complexidade crescente. também para o desenvolvimento cognitivo e social A coordenação motora deve ser desenvolvida de modo (Tomporowski, Davis, Miller, & Naglieri, 2008). integrado com o processamento cognitivo, em situações que Não nos podemos esquecer, que as crianças ativas são mais exijam certo grau de perceção e decisão referente à solução saudáveis, mais fortes, mais sociáveis e mais confiantes. Para as motora adequada, obviamente, condizente com a capacidade crianças, a melhor forma de fazer atividade física é brincar! • individual da criança. Considerando a composição corporal, crianças e adolescentes ativos tendem a apresentar menores POR RAFEL ARAÚJO (MONITOR NA ISCMST)


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Saúde

#29

AÇÕES PREVENTIVAS NO DIA MUNDIAL DA VOZ

A Voz é uma característica humana específica de cada pessoa que a permite comunicar e estabelecer relações sociais (1). Esta resulta da vibração das cordas vocais aquando da passagem do ar vindo dos pulmões. Ao passar na cavidade oral e nasal, o ar é amplificado e articulado pelos articuladores (lábios, língua, bochechas, entre outros) (2, 3). Rouquidão prolongada (por mais de 15 dias), falhas/perda de voz ou de projeção vocal; cansaço ao falar; dificuldade ou dor a engolir; pigarreio ou tosses constantes são alguns dos sintomas que indicam afeção da Voz (1, 2) e que a maior parte da população sente, mas desvaloriza. Desta forma, no dia 16 de abril, Dia Mundial da Voz, pretendeu-se alertar para este flagelo mundial, que, na minha opinião, tem vindo a atingir cada vez mais pessoas e de diferentes estratos sociais. Se antigamente, a população que procurava apoio a nível da (re)habilitação vocal, através da consulta de Terapia da Fala, eram os profissionais de Voz

(professores, jornalistas, locutores de rádio,…), atualmente tem-se assistido a uma crescente procura por parte de pessoas que não utilizam a voz com fim profissional, incluindo crianças e adultos. Beber diariamente 1,5L a 2L de água, à temperatura ambiente; não gritar ou falar alto; não fumar e evitar ambientes com fumo e/ou ar condicionado; evitar bebidas alcoólicas e/ ou gaseificadas; não falar em ambientes ruidosos; ter uma alimentação saudável; fazer exercício físico regularmente; dormir bem; evitar falar quando se está com sintomas de gripe ou crises alérgicas; e evitar comer ou beber antes de se deitar, são alguns dos hábitos que os cidadãos devem ter diariamente (1, 2). No âmbito das celebrações do Dia Mundial da Voz, a equipa de Terapia da Fala da Clinica Fisiátrica da Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso (SCMST) decidiu organizar algumas ações dirigidas à população infantil e adulta, tendo estas sido realizadas no Jardim de Infância e Clínica de Fisiatria. Assim, foi possível sensibilizar “miúdos e graúdos” para a importância de cuidar da voz, diariamente, e dar a conhecer os sinais de alerta, favorecendo, desta forma, uma avaliação precoce das Perturbações Vocais e consequente intervenção, em caso de necessidade. A realização destas iniciativas só foram possíveis graças à disponibilidade e articulação entre a equipa de Terapeutas da Fala, Coordenadoras de Fisiatria e da Saúde, Educadoras de Infância da ISCMST (e respetivos alunos) e todos os utentes e funcionários da Clínica de Fisiatria. Deixando o típico “consultório” de Terapia da Fala e partindo para o “terreno” foi possível levar a cabo uma ação de prevenção terciária a


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Saúde

nível das Perturbações Vocais, dando a conhecer o papel do Terapeuta da Fala a nível da avaliação e intervenção nestas alterações. Desta forma, a sensibilização da população sobre a necessidade de cuidar da Voz, revelou-se bastante positivo pois a identificação e compreensão dos efeitos dos maus usos e abusos vocais permite racionalmente tentar diminui-los, melhorando a qualidade vocal da pessoa. Caso a sua eliminação se mostre infrutífera ou as queixas de alteração vocal persistam poderão procurar atempadamente um Médico Otorrinolaringologista, o qual irá diagnosticar a presença ou não de patologia laríngea, e consequentemente um Terapeuta da Fala, caso necessitem de intervenção a nível da Voz.• POR RAQUEL MARTINS (TERAPEUTA DA FALA DA CLÍNICA DE FISIATRIA E UCCI)

Referências Bibliográficas (1) Behlau, M. (2005). Voz: O Livro do Especialista. Volume I. Porto Alegre: Revinter. (2) Guimarães, I. (2004). Os problemas de voz nos professores: prevalência, causas, efeitos e formas de prevenção. In Riscos Ocupacionais. VOL. 22, Nº 2 Julho/Dezembro 2004. (3) Mendes, A. Guerreiro, D., Simões, M., Moreira, M. (2012). Fisiologia da Técnica Vocal. Lisboa: Lusociência.


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Cultura

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A MÚSICA POSITIVA 3 OPINIÕES, 30 SUGESTÕES

A MÚSICA COMO FONTE DE POSITIVIDADE A música pode transformar as pessoas e, consequentemente, o mundo. Lembro-me de Henry, um idoso que não reagia a qualquer estímulo até ao dia em que uma terapeuta lhe colocou uns auscultadores com música da sua época. Os olhos abriram-se de pura alegria e começou a balançar o frágil corpo, enquanto as ondas sonoras o acordavam novamente para a vida. O vídeo está disponível no YouTube (basta procurar por “old man reacts to music”) e já teve quase 11 milhões de visualizações. Vemos a reportagem sem saber o que está a ouvir, imaginando, por exemplo, “What a Wonderful World”, de Louis Armstrong. Muito provavelmente não é essa, mas gosto de pensar que é. Enquanto cresci fui recolhendo melodias que me faziam ver o lado positivo do mundo. Quando cheguei a 1988 e ouvi “Don’t Worry, Be Happy”, de Bobby McFerrin, pressupus que seria muito mais antiga. Então ainda ninguém tinha inventado tal hino à positividade? Já conhecia outras equivalentes, sendo a de Bob Marley, “Three Little Birds” uma autêntica bandeira. O jamaicano era perito nisso: levantar a moral de um povo. Olhando também para o passado, recordo-me de “Here Comes the Sun” (The Beatles), utilizada nas redes sociais como um método antidepressivo, após dias prolongados de chuva. As canções têm este poder – mudar conceitos, ideias ou estados de espírito. A nível nacional, temos os Humanos a vestirem-se de António Variações e, com “Quero É Viver” ou “Muda de Vida”, transmitem mensagens encorajadoras a partir de um autor que partiu demasiado cedo.

O que é animador para uns, pode não ser para outros. Cada indivíduo interage à sua maneira. Quando ouço a música de alguns espaços desportivos apetece-me, realmente, correr. Mas…para longe dali. Sei que não podem ter lá um DJ a passar o que gosto, mas teria tolerância para muitas hipóteses. Talvez um pouco de bom senso seja o suficiente para agradar um público mais vasto. Querem alegrar-me o dia? Podem usar “Love Generation”, de Bob Sinclair ou “Happy”, de Pharrell Williams. Não as ouvia de livre vontade em casa, mas não me incomodam. Reconheço o valor delas para elevar a motivação, por exemplo, de quem vai trabalhar e as ouve no rádio do automóvel ou num determinado aparelho portátil no metro ou autocarro. A Revista da Misericórdia convidou, para esta rubrica, duas pessoas ligadas à música: Alberto Teixeira (HeartBeat Sessions DJ) e Nuno Vieira (“Sem Discos”, Rádio Altitude). Para além das suas ocupações, são dois aficionados, com bons conhecimentos na área, como facilmente se perceberá pelos seus textos. É com orgulho que escrevo este artigo conjunto. Rumamos em caminhos diferentes, mas, estou convencido, olhamos para a música como um amigo para ultrapassar dificuldades do quotidiano. Mesmo que nem exista essa perceção no momento. Tanto somos fortes (“Heroes”, de David Bowie) como transgredimos na nossa inocência (“É Tão Bom”, de Sérgio Godinho). Enfim, consumimos discos, encarando-os como vícios (também) positivos. E pronto, já cumpri a minha parte de escolher 10 músicas. Aproveitem e, tal como o velho Henry, utilizem o som para recordar, vibrar e, acima de tudo, viver. • POR MIGUEL MIRANDA (COLABORADOR DO JORNAL ENTRE MARGENS)


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Cultura

SE EU FOSSE 10 MÚSICAS FELIZES Algures na minha cabeça, um amontoado de músicas reclama, mãos no ar, o seu direito à memória. Pois bem, a lógica será a “do mais forte” e, assim de repente, consigo vislumbrar lá trás, no que me parece ser o início dos meus anos 80, o tema “Cuba” dos Gibson Brothers. Foi o primeiro disco realmente meu, um 7 polegadas, com uma capa colorida e que me fez e faz dançar; inegável feliz recordação. Não muito longe dos irmãos Gibson, e ainda no setor 80, está Jim Morrison e Ray Mazarek. Os Doors foram a revolução que começou quando escutei pela primeira vez “Roadhouse Blues”. Foi a adolescência a chegar e o momento que recordo como dos mais felizes, coincidindo com a chegada da barba. A próxima música é transversal a todos os setores e tempos, porque é da minha terra natal e é impossível não a ter gravada de tantas vezes a ouvir, sobretudo por alturas do São Pedro: “O Mar Enrola na Areia” do Rancho Folclórico Poveiro. Verão, calor, mar e noite longas, bem-hajam. Também na classificação intemporal e com outros pergaminhos, “Grândola Vila Morena” do Zeca Afonso. Mesmo não percebendo na época a que correspondia tamanha devoção sempre que se ouvia Zeca Afonso, o poder musical e o fascínio que ocorria em mim e nos outros fez-me tê-la sempre como um ideário de fascínio e positividade.

O nome da próxima banda não poderia ser mais feliz, Happy Mondays com “Pills ‘N’ Thrills And Bellyaches”. Fizemos, uma geração de amigos, quilómetros, dançando este tema e sabe bem voltar a estes lugares. Ainda nos 90, e também de terras britânicas. Stereo MCs, “Connected”. As primeiras viagens de carro com amigos, algumas K7s e muita estrada. As primeiras paixões. O mundo era nosso. “Around the World” dos Daft Punk, que me fazem admitir pela primeira vez a paixão pela música eletrónica e ver uma pista de dança inteira sorrindo ao som dos franceses. Já com bastante mais barba, anos 2000, e de volta ao setor viagens, mas já com os modernos mp3s, Beck com “Qué Onda Guero”. Beck é um dos homens que mais reinventou a música, com samples e parelhas inusitadas, e as sonoridades mexicanas do álbum “Guero” foram como uma luva na viagem ao deserto marroquino. “Colours” dos Hot Chip é um hino à positividade, e não podendo tocá-la aqui...escrevo uma parte dela, sempre muito simples mas eficaz: “Colours are what Keep me alive Colours are what To hold in my head Colours are where my My old meets new Colours are where my My brain finds blue” E chegamos à última. À medida que as músicas se foram dispersando, foi ficando claro o perfil de um homem com óculos escuros, sentado e segurando um bloco de notas.


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Cultura

#29

A MÚSICA POSITIVA 3 OPINIÕES, 30 SUGESTÕES

É Leonard Cohen, como aparece fotografado no seu disco “Old Ideas”. Qualquer disco de Cohen é bom e falo neste, tão só porque é o que melhor conheço e que mais vezes toca cá por casa. E não me alongo em adjetivos, que os há e muitos, e escolho a música “Going Home”. Um diálogo/monólogo que revela que o Santo Graal não lhe deverá estar muito longe. Começa assim: “I love to speak with Leonard He’s a sportsman and a shepherd He’s a lazy bastard Living in a suit But he does say what I tell him Even though it isn’t welcome He just doesn’t have the freedom To refuse He will speak these words of wisdom Like a sage, a man of vision Though he knows he’s really nothing But the brief elaboration of a tube” Nuno Beirão Vieira (Autor do Programa “Sem Discos”, Rádio Altitude https://soundcloud.com/semdiscos)

AQUELA RECEITA, AQUELA MÚSICA A Ciência não explica tudo e ainda bem que assim é. Como muitas coisas boas da vida, existem momentos que não necessitamos de perceber, basta sentirmos. Neste espaço, onde as sensações se sobrepõem às explicações, a música tem um papel, muitas vezes único, como elemento catalisador de felicidade/positividade. Menos ciência universal e mais experiência musical. É este o caminho. Sendo uma expressão artística, a subjetividade estará sempre presente. A relação da música com quem dela usufrui, não gera uma relação direta de causa/efeito, isto é, para a mesma música existem variadíssimas reações. O que tenho como certo e objetivo, é que a música tem um poder terapêutico, não diria ignorado, mas muitas vezes subvalorizado. Brincando um bocado…mas não muito…arrisco-me a sugerir que dêmos música ao SNS e reformulemos o sistema. É uma coisa assim do género: Anthrax é bem melhor que Xanax, Interpol em vez de Paracetamol, antes Chopin que Compensan e por aí fora… Tudo isto num contexto de audição/exploração regular de música, como medida preventiva e não como cura para todos os males. Quanto à dosagem, aqui bem se pode aplicar o velho ditado, cada qual é médico de si mesmo…


Wi-Fi, Android, Mp3, Ipod, Streaming e outros estrangeirismos que tais, são realidades que transformaram o acesso à música em algo pronto a consumir. Resumindo, à distância de um click, muito rapidamente, todos temos acesso àquela música. Sim, porque todos temos aquela(s) música(s). Aquela(s) que, sendo património universal, são muito nossas. Muito nossas, porque nos brindam com uma carga de felicidade/positividade, que faz daquela música, algo que não abdicamos naquele(s) momento(s). Porque simboliza, projeta, recorda ou eterniza aquele momento.

E já agora, quando foi a última vez que ouviu aquela música? Aqui ficam algumas receitas musicadas, que tem sido causadoras de estados de felicidade/positividade ao longo dos tempos, com a vantagem de serem gratuitas, sem contra indicações e altamente recomendáveis, para o bem estar físico e mental de muita boa gente. Usem e abusem… Beatles: Love me Do Stevie Wonder: Happy Birthday Faith No More: Easy Monthy Python´s: Always Look on the Bright Side of Life Gloria Gaynor: I Will Survive Deolinda: Fon-Fon-Fon Doce: Amanhã de Manhã Rui Veloso: Chico Fininho Carlos Paião: Playback Ana Moura: Desfado Alberto Teixeira (HeartBeat Sessions DJ)


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1562/1563 UMA EXPOSIÇÃO PARA VER, SENTIR, QUESTIONAR

“1562/1563” é o título que dá nome à minha mais recente exposição como artista plástica. Natural e residente em Santo Tirso, é nesta cidade que nascem todos os meus trabalhos, num atelier onde dedico a totalidade do meu tempo à pintura, desenho e escultura cerâmica. É também desta cidade e da minha própria vida íntima e familiar que surge este projeto. Vendo os meus pais mudados para o Lar Casa de Repouso de Real, da Santa Casa da Misericórdia, por motivo de doença, vi-me a conviver quase diariamente com os restantes utentes. É numa tentativa de integração e valorização do contexto que surge a ideia de retratar a nova “família”. Assim, a presente exposição retrata uns novos pais, uns novos amigos, uma nova casa, que no conjunto transmitem um pouco do que eu própria sinto e vivencio. Não conhecendo bem nenhuma das pessoas que retrato, e sem saber quase nada sobre as suas vidas, crio uma ficção que se sobrepõe a cada rosto nas pinturas. Todos são intitulados com o número que os identificam na instituição, remetendo para o contexto do qual os retratos surgem, mas simultaneamente distanciando aquelas imagens do indivíduo real, do seu nome verdadeiro e real identidade. Apesar da numeração ser apenas utilizada nos registos de secretariado, e todos os utentes serem chamados pelo nome com respeito pela integridade e identidade de cada um, o número foi para mim sentido como um novo número a acrescentar ao BI, sinónimo de um novo estatuto e pertença a um novo grupo. 1562 e 1563 são os números dos meus pais enquanto utentes do lar, mas simultaneamente uma abstração que nos afasta da realidade do passado, do nome, e nos projeta num universo mais vazio e ausente de significado, onde a doença mental de ambos se situa e

que se afirma no olhar representado nas pinturas. Aceitando a mudança como uma constante na vida, é com gratidão que sinto que todos os momentos devem ser valorizados e superados. Apenas a morte é um abandono, a vida é uma presença contínua em metamorfose constante. É em jeito de homenagem que pinto estes rostos, que ficciono sobre as suas histórias e rugas e que os penduro na mesma sala, companheiros do mesmo espaço, do mesmo tempo, dos mesmos dias. Ali, há um elemento que escasseia cada vez mais na sociedade atual e que é valiosíssimo, a companhia, o combate à solidão e ao abandono. Alguns foram mais solitários na saúde do que agora na doença, e muitos se sentiram mais sós sob o teto da real família do que na nova casa. São acarinhados, valorizados, respeitados e apoiados nas lutas de cada um. Os heróis do nosso tempo não usam capa nem voam pelo ar, vivem sem desistir, crentes no prazer de estar e ver, superando cada obstáculo, cada cabelo branco, cada dor. É com positividade que encaro estes rostos, e com fascínio que procuro as suas formas e emoções. São retratos que não pretendem ser miméticos, mas carregados de emoções complexas e simbióticas. Com inauguração marcada para 27 de Junho e presente até 30 de Agosto, na Fábrica de Santo Thyrso, a exposição conta com pinturas a óleo de grande formato de 100x120cm e 120x150cm. • POR FILIPA GODINHO (LICENCIADA EM ARTES PLÁSTICAS PINTURA E MESTRADA EM PRÁTICAS ARTÍSTICAS CONTEMPORÂNEAS PELA FBAUP. EXPÕE COM REGULARIDADE DESDE 2009 MAS ESTA SERÁ A PRIMEIRA VEZ QUE MOSTRARÁ O SEU TRABALHO EM SANTO TIRSO)


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1562/1563 UMA EXPOSIÇÃO PARA VER, SENTIR, QUESTIONAR


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PALAVRA DE ORDEM: DANÇA

lateralidade, e de diferentes qualidades e dinâmicas do movimento (através das capacidades motoras - força, velocidade, resistência, flexibilidade, e coordenação). O aperfeiçoamento da motricidade permite a adequação de capacidades motoras na utilização de jogos, brincadeiras (especialmente as crianças), danças e outras situações A dança é um veículo através do qual o indivíduo pode quotidianas. iniciar um processo pessoal de crescimento e integração. Dançar tem também um papel importante Através do movimento e da dança o discurso no auto conhecimento, na auto-imagem, interno de cada pessoa torna-se tangível, os desenvolvendo uma atitude de interesse e indivíduos partilham muito do seu simbolismo A dança ajuda-nos a cuidado com o próprio corpo com implicações pessoal e ao dançarem juntos as relações expressar o que não na auto-estima. entre si tornam-se visíveis. conseguimos dizer Promover a participação de crianças em Dançar desenvolve competências de atividades que envolvam dança encoraja-as a criatividade e ao mesmo tempo encoraja por palavras. ouvirem e a serem criativas e reativas a vários a exploração de diferentes qualidades de ritmos, beneficiando-as no desenvolvimento movimento em relação ao espaço, tempo, cognitivo. As pessoas que estão envolvidas em atividades força e fluidez. Crianças, jovens e adultos enquanto exploram estruturadas, tal como a dança, tendem a ser mais focadas, os movimentos ficam conscientes das diferentes partes do organizadas, razoáveis, ajudando-as nos processos de tomada corpo, como se podem mover, descobrem novas formas de decisão. de movimento, e expressão de sentimentos. Cada pessoa A dança ajuda-nos a expressar o que não conseguimos dizer vivencia diferentes experiências com o seu próprio corpo, e por palavras. • o movimento permite-nos expressar sentimentos, emoções e pensamentos, possibilitando a sua ampliação nos gestos significativos do quotidiano. POR SOFIA MOITA (PSICÓLOGA NA CASA ABRIGO D. MARIA MAGALHÃES) Poucas atividades motoras rítmico-expressivas possuem o carácter holístico da dança. Através do domínio do corpo desenvolvemos competências de movimentação descobrindo novos espaços, formas, superando limitações para enfrentar novos desafios motores, sociais, afetivos e cognitivos; promovemos a consciência do corpo e da “O instrumento através do qual os bailarinos comunicam é também o instrumento através do qual a vida é vivida …o corpo humano.” Martha Graham



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TEATRO POSITIVO? OBVIAMENTE QUE SIM…

Dizem que uma caminhada se faz com o primeiro passo e não com o último. Talvez seja verdade. Quando nos pediram para escrever umas singelas palavras sobre a positividade, pensamos: o que temos nós a dizer sobre isto? O que sabemos disto, sequer? Mas o “não saber” nunca nos demoveu de nada. Aliás, foi assim na nossa génese, quando o José Alberto juntou um grupo de amigos e disse que devíamos criar uma companhia de teatro em Santo Tirso. Uns sorriram, outros chamaram-nos de sonhadores, outros ficaram ao largo. Mas nós, os que ficamos, lutamos por isso e aqui estamos. Hoje pensamos que se não fosse a nossa atitude positiva de agarrar o sonho e de o tornar nosso, nada existia e tudo aquilo que conseguimos e partilhamos com todos vós não vivia (pois o que nós fazemos em palco deve viver e não só existir). Temos a certeza que se assim fosse, o mundo seria mais pobre. Então, como quem não sabe nada sobre a “coisa”, fomos ao dicionário Houaiss ver a definição de positividade: “qualidade ou estado do que é positivo; virtude do que é positivo; personalidade positiva; otimismo”. Não satisfeitos, vasculhamos na internet. Podia ser que o “senhor Google” soubesse algo mais. E não é que sabia: trezentas e cinquenta mil definições e todas se resumiam ao mesmo que o nosso dicionário, acrescentando somente que também é a “disposição para considerar o lado bom de tudo, mesmo em condições adversas”. Contudo, encontrámos um artigo que mereceu a nossa atenção: “positividade é o querer real e verdadeiro, aquele que vem do coração. Quando se deseja com o coração os

desafios começam a transformar-se em oportunidades de vitória.” Isto leva-nos de novo à nossa história. Depois de darmos os primeiros passos: que foi o sonhar, começamos a ver formas de o concretizar. Não foi fácil. Criar uma companhia de teatro tem os seus quês… Não é só juntar uns amigos com “jeito” para a coisa, improvisar um palco e “pernas para que te quero”. É licenças, taxas, textos, ensaios, preparar cenários, figurinos, cativar o público, levar o público ao teatro, e muito, muito mais… Tudo isto levou-nos a sentir que não era fácil. Mas ao olharmos hoje para trás sabemos que foi a positividade que nos guiou, e nem sabíamos o que isso era. Pois, nunca nenhum de nós pensou em desistir. Nunca essa palavra foi proferida sequer. O sonho comandava os gestos, cada gesto levava-nos a uma nova emoção e cada dificuldade conduzia-nos a uma nova passagem e a oportunidades de vitória. Desta forma, em janeiro deste ano apresentamo-nos à comunidade tirsense com o espetáculo SOLNADO. Nada melhor que iniciar a nossa vida com o humor e a alegria do grande mestre da comédia do século XX português: Raul Solnado. Reunimos com o Renato Solnado, apresentamos textos, revimos opções, fomos genialmente conduzidos por ele e assim nascemos oficialmente. A peça é toda ela cheia de positividade (só hoje descobrimos qual a palavra que define aquilo que ela é). Ora reparem: a história da peça fala do “Zé” que está a mudar de casa. A crise passou-lhe uma rasteira das grandes e teve de mudar de casa, porque os empregos que teve foram sempre sendo substituídos por desemprego. E quem passa ou passou por isto, sabe o quanto isso dói; o quanto isso nos pode deitar abaixo. Mas o Zé, apesar de ser ingénuo e um pouco peculiar na sua forma


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de viver e contar a sua vida, nunca se deixa ir abaixo. Tudo porque descobriu que a vida é para ser vivida, tudo o resto são percalços e devem ser tratados como tal. Por isso, diz-nos ele no fim: “façam o favor de ser felizes”. Há melhor positividade do que isto? Esta estreia deu-nos alento e produzimos outra peça, desta vez dedicada aos mais pequenos: “Lagarta sim, Lagarta não”. Tal como o título anuncia a personagem principal é uma lagarta que vive num arco-íris e deseja umas apetitosas maçãs

vermelhas da árvore azul. Porém, elas são guardadas por um temível papagaio. O temor da lagarta é tal que a leva a refugiar-se na sua flor. Há ainda uma aranha preta de patas azuis que se diverte com a situação… Isso foi a ignição daquilo que muitas vezes nos falta: pegar no que nos “deita abaixo” e usar isso como trampolim para nos reerguermos mais alto. É isso que a personagem faz e com a ajuda dos pequenos espetadores vence e com ela vencemos todos nós. Dá-se então a metamorfose da lagarta em borboleta.


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TEATRO POSITIVO? OBVIAMENTE QUE SIM…

Em última análise: dá-se a vitória do querer, do ser e do amor sobre tudo. Mas, adiante. Quem já visitou uma sala teatro clássica repara que todo o esplendor dos dourados e dos veludos estão do lado do público. Para o palco estão unicamente reservados o negro da sua caixa, o preto das bandolinas e do pano da boca de cena. Até os projetores são de um fosco escuro ali pendurados na barra, também ela preta. Parecem quase os guardiões de toda esta escuridão. À primeira vista parece que não existe ali nada no meio da escuridão. E tudo isso só é perturbado pelo burburinho do público que se senta e espera indiferente… Ouvem-se, então, três secas pancadas. O silêncio reina na sala e as luzes da mesma ocultam-se para dar lugar ao momento mágico em que os atores entram em cena. E o palco parece ganhar cor, emoção e por fim – vida. Tudo isto acompanhado por uma banda sonora a propósito. E o que diz o ator? O que significam seus gestos, movimentos e entoações? Fica ao critério de cada um a interpretação dos mesmos. Mas aqui afirmamos que nós: “Companhia de Teatro de Santo Tirso, Expressão” somos também uma síntese perfeita do que o teatro deve ser: positivo. Pois do início até à data deixamo-nos guiar pela positividade. A prová-lo estão as quatro mil pessoas que viram e foram FELIZES com a peça SOLNADO; estão as mais de três mil e quinhentas crianças que já viram a peça “LAGARTA SIM, LAGARTA NÃO”. Agora silenciem-se as vozes, mas também os pensamentos. Está tudo a postos para partir. Para onde? Pois, para ir onde nos leve ou eleve a representação. A viagem pode ser trágica. O percurso pode ser cómico. O enredo ficcional, real ou histórico. Pouco importa.

Embarquemos sem demoras. Folguemos pela pausa nas obrigações, na rotina, no peso das responsabilidades. Só queremos ver algo que nos leve a acreditar de novo. Isto é teatro, e todas as vidas são um palco. E nós, “Companhia de Teatro de Santo Tirso, Expressão” alegramo-nos de fazer parte da sua vida. Dito isto: “faça o favor de ser feliz”, porque todos nós sabemos que o “amor tem as cores do arco-íris”. • POR COMPANHIA DE TEATRO DE SANTO TIRSO, EXPRESSÃO



A ÁRVORE

SER FELIZ

Arvore que ainda há pouco Se via de tronco nu esguia Veste agora de tons de verde Folhas novas ondulam alegria Tão juntinhas que daqui a nada No parque vão fazer sombra No banco pintado do jardim Quando o calor faz onda

Ser rico para ser feliz Ou ser feliz com pouco No meio estaria a virtude Se o mundo não fosse louco

Árvore plantada sem idade Eu não tinha nascido ainda Mora perto da minha janela Feliz quando inverno finda Como quem viu folhas caírem E recebe as novas com alento Pensa que a vida se renova Mesmo fustigada pelo vento

Anyta Abril 2015

Choram se a riqueza foge Pessoas de pouca fé Pior que não ter sapatos É vir a perder o pé Felicidade todos procuram Escondida parece estar Nem sempre se reconhece O que ela quer representar Se procuras a felicidade Verdade das ironias da vida Podes vê-la no rosto do pobre Mesmo ali ao virar da esquina

Anyta Sampaio (20-02-2008) Nunca é Tarde UST – Oficina de Poesia


MULHER Acredita em Ti! Não importa o que é o mundo, o importante são os teus sonhos. Não importa o que és, o importante é o que queres ser. Não importa onde estás, importa para onde queres ir. Não importa o porquê, o importante é querer. Não valorizes as tuas mágoas, o importante são as tuas alegrias. Não importa o que já passou. O passado? Guarda na lembrança. Não julgues, conhece e dá-te a conhecer. Não olhes apenas, observa. Não ouças apenas, escuta. Não toques apenas, sente. Sonha e confia. E, não adianta sonhar, se não lutares. O mundo é um espelho; não sejas só o reflexo. Só acreditando no futuro conseguirás a paz para alcançar teus sonhos. Afinal, o que importa?! Tu importas. Acredita em TI! (CASA ABRIGO 08.03.2015)


Que local do concelho de Santo Tirso escolheria para fazer uma declaração de amor? O local ideal é apenas um pormenor… Importante é o sentimento, mas teria que ser um local acolhedor e agradável. Um dos locais que se enquadra nestas características é o bar do Hotel Cidnay, acompanhada da paisagem do Monte da Assunção. Já leu algum livro de José Saramago, o único escritor português a receber o prémio Nobel da Literatura? Confesso que não sou uma apreciadora da obra de Saramago, e como tal não li nenhum dos seus livros. O que mais a entristece no concelho de Santo Tirso? Santo Tirso entristece-me pelo pouco desenvolvimento da cidade, e por ver o seu património degradar-se. …E o que a deixa cheia de orgulho? O que me deixa orgulhosa é ter participado na inauguração do infantário em 1984. Também ter contribuído todos estes anos para o bom nome da instituição e para o bem-estar das crianças. Muitas delas são hoje homens e mulheres bem formados, ainda hoje continuo a contribuir para a educação e bem-estar dos filhos desses homens e mulheres, com o mesmo carinho e dedicação. Qual o filme que a levou ao cinema mais do que uma vez? Por muito que tenha gostado de um filme não gostaria de o repetir. Qual destes três objetos - um Galo de Barcelos, um disco da Amália ou uma garrafa de Vinho do Porto - é absolutamente indispensável numa casa portuguesa? São sem dúvida símbolos da nossa cultura e tradição. Mas o Vinho do Porto é uma presença indispensável numa casa portuguesa, não só pelas suas características, mas também pela sua importância internacional. Consegue escolher o músico/cantor ou grupo musical da sua vida? Sou fã de Julio Iglesias e Roberto Carlos, pelas suas canções românticas que me transmitem serenidade e calma.

RE VE LA ÇÕES... Qual a sua viagem de sonho? Reviver a infância e adolescência, numa viagem ao país onde vivi essas fases fulcrais da minha vida…Moçambique. Se tivesse de recomendar um livro a um amigo, qual seria? Recomendaria “Pais Brilhantes e Professores Fascinantes” de Augusto Cury. Livro de leitura fácil, um instrumento de ajuda na educação de crianças e jovens. Se fosse provedor por um dia, que medidas tomava? Não conheço profundamente a realidade das valências da Misericórdia. Num só dia seria impossível mudar o rumo das mesmas. O trabalho do Provedor é complexo, árduo e contínuo. NOME MARIA LEONOR OLIVEIRA CATEGORIA PROFISSIONAL AJUDANTE DE AÇÃO EDUCATIVA ANTIGUIDADE NA INSTITUIÇÃO 31 ANOS



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