editorial
Caminhar
por Teresa Polónia mesária
A Misericórdia de Santo Tirso é uma instituição que percorre há mais de um século um longo caminho, caminhando... Caminhada que só se torna possível através dos seus colaboradores, utentes e profissionais. Ninguém caminha sozinho, ninguém caminha sem um objetivo e ninguém caminha sem uma direção. São estes os verdadeiros pilares desta instituição, somos fiéis ao nosso propósito, aos nossos parceiros e tentamos sempre percorrer o caminho que consideramos o melhor possível tendo em conta o contexto em que nos inserimos. Claro está que o caminhar implica um esforço. É uma ação que implica tempo, disponibilidade, perseverança e determinação. Não deixa por isso de ser legítimo parar, refletir e redirecionar... Por vezes não é fácil, outras vezes ganhamos velocidade e até parece que o vento ajuda...a verdade é que não importa em que fase estamos, porque é no intuito daquilo que fazemos, que conseguimos a força de seguir e continuar. E é mesmo isso que procuramos - caminhar sempre lado a lado com aqueles que precisam, com grande espírito de solidariedade para continuar a intervir de forma ativa na comunidade.
SUMÁRIO /// ATUALIDADES / ENTREVISTA A LUCIANO GOMES - PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA GERAL DA MISERICÓRDIA P.04 / ACOLHIMENTO CONCELHIO A REFUGIADOS P.11 / PESSOAS NO MUNDO - MILHARES VIVEM REFUGIADAS P.12 / DOS CAMINHOS P.16 / RELATÓRIO DE ATIVIDADES 2015 P.18 / UM NOVO SERVIÇO UNIDADE DE ENDOSCOPIA P.22 /// FORMAÇÃO / COMUNICAR MÁS NOTÍCIAS P.24 / AUTISMO - A ESPERANÇA NO AMOR P.26 /// AÇÃO SOCIAL E COMUNIDADE / PROJETO FOCO: IGUALDADE P.28 / A INTERVENÇÃO COM FAMÍLIAS MONOPARENTAIS - UM CAMINHO… P.30 / PROGRAMA BE ACTIVE P.32 / DIA DA MÃE P.34 / PASSOS DE DANÇA AO “RITMO DO CAID” P.36 /// SAÚDE / TERAPIA DA FALA - CAMINHAR PARA DESMISTIFICAR P.37 / ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL PARA UMA GRANDE CAMINHADA P.38 / CAMINHE! P.40 / CICLO DE MARCHA P.42 / UM DIÁLOGO SOBRE ALZHEIMER P.44 /// AÇÃO EDUCACIONAL / ESCOLA E FAMÍLIA - UMA CAMINHADA CONJUNTA P.48 / EDUCAR DESDE PEQUENINO! P.52 /// CULTURA / O ANO JUBILAR E AS 14 OBRAS DE MISERICÓRDIA P.54 / O CORAL DA MISERICÓRDIA POR TERRAS DAS ASTÚRIAS P.56 / CARTOON P.58 / POEMAS P.60 /// REVELAÇÕES P.62
PROPRIEDADE IRMANDADE DA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE SANTO TIRSO // DIRETORA CARLA MEDEIROS // SECRETARIADO HUGO MARTINS // AVELINO RIBEIRO // COLABORADORES // ALEX ANDRA CARVALHO // ANA CATARINA FERREIRA // ANTÓNIO OLIVEIRA // ANYTA // CARLA CABRAL // CATARINA LEITE // DANIELA MOREIRA // INÊS CARRIÇO ALMEIDA // JOÃO LOUREIRO // JOÃO PEDRO ANDRADE // JOSÉ ALVES DE CARVALHO // JOSÉ MAGALHÃES COELHO // LILIANA SALGADO // MAFALDA GONÇALVES // MARIA CÉU MACHADO // MARIA JOÃO OLIVEIRA // MARTA FERREIRA // MARTA RIBEIRO // MIGUEL DIAS // NUNO RODRIGUES // PAULO DUARTE // RAFAEL ARAÚJO // RAQUEL MARTINS // SÉRGIO FONSECA // SOFIA MOITA // TERESA POLÓNIA // TIRAGEM 1100 EXEMPLARES // EDIÇÃO JUNHO 2016 // DEPÓSITO LEGAL 167587/01 PERIODICIDADE SEMESTRAL // IMPRESSÃO NORPRINT // DESIGN SUBZERODESIGN
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ENTREVISTA A LUCIANO GOMES PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA GERAL DA MISERICÓRDIA
Conhecemo-lo, porém, enquanto autarca: foi presidente da O atual presidente da Assembleia Geral da Irmandade Assembleia Municipal e, no atual mandato de Joaquim Couto da Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso e, até assumiu, como independente, a vice-presidência até meados há pouco mais de um ano, também vice-presidente da do ano passado. À conversa com a Revista da Misericórdia, Câmara Municipal, ocupa agora boa parte dos seus dias nada disto, contudo, constituiu assunto até porque o motivo da em atividades ao ar livre, em particular nas pequenas entrevista, que vai de encontro ao tema “Caminhar”, é a sua caminhadas que vai fazendo diariamente. Pelo meio velha paixão pelos desportos ao ar livre e, em particular, as vão surgindo as outras, de maior envergadura, de maior caminhadas. As que fez, as que pretende ainda fazer e aquelas exigência física mas também de maior dimensão humana, que, no fundo, lhe foram cativando desde a adolescência para como são os caminhos de Santiago. Estes espalham-se por esta prática desportiva. toda a Europa, indo entroncar nos caminhos espanhóis. À excepão das várias rotas do Caminho As primeiras caminhadas, recorda, Português e do Caminho da Prata, a “As caminhadas são um surgem no ciclo preparatório, no âmbito maior parte liga-se ao Caminho Francês, das “atividades que eram desenvolvidas o “mais completo” e o preferido dos valor acrescentado para a coberto da Mocidade Portuguesa”. peregrinos – desde finais da década de quem as faz”. Refere-se a elas sem, no entanto, abrir 1990, Património da Humanidade - e é um parênteses para dizer que “apesar de dele que se ocupa de momento Luciano nunca ter usado farda” – o seu pai nunca lhe daria – sempre Gomes, conforme dá conta nesta conversa com a Revista participou das atividades desportivas da Mocidade. Nessas da Misericórdia. Do Caminho, mas também desta velha e nas que qualquer um fazia à porta de casa, na rua, mas paixão pelas caminhadas que não deixam de ser também não só. Luciano Gomes integrou ainda o Grupo de S. José, – e por ventura, mais importante – viagens ao interior de participando nas atividades ao Ar Livre por ele promovidas, a cada um. que junta o facto de ter sido acólito. Um pormenor importante pois foi, enquanto tal, que realizou as primeiras caminhadas Natural de Santo Tirso, Luciano Gomes formou-se em ao Monte de Nossa Senhora da Assunção: “Umas nos dias de engenharia, tendo sido Quadro Superior da EDP. Além disso, festas, outras porque nos motivávamos para isso, e fazê-lo com ocupou as mais variadas funções em tantos outros ramos de os nossos dez, doze anos já era uma façanha”. atividade. Foi membro e presidente do Futebol Clube Tirsense e presidente da Assembleia dos Bombeiros Voluntários “Façanha” que sempre fez com prazer e que, por outros Tirsenses. Atualmente é presidente da Assembleia Geral da trilhos, continuam até hoje. O que o motiva? Não conseguindo Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso.
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explicar bem o porquê deste interesse, mas à boleia de algumas memórias vai discernindo o que o leva a ‘meter pernas ao caminho’. Recorda algumas caminhadas feitas na companhia de amigos e familiares a Santa Eulália de Balazar, à Assunção ou a Santa Rita, padroeira das causas impossíveis. Nestes casos disfrutou da companhia e deliciou-se com a satisfação que encontrou nos rostos destes amigos e familiares ao chegarem a esses locais, em caminhadas de tipo religioso, motivadas na sua maioria pela fé e a devoção. Mas mesmo sendo um homem religioso e não descartando uma ida a pé até ao Santuário de Fátima – talvez já em maio do próximo ano – há outros fatores que pesam muito mais para o “gozo” (a palavra é sua) que estas incursões pela natureza lhe proporcionam. “Primeiro, pela avidez que eu sinto de olhar para as coisas e ficar pasmado com a beleza e imponênica que está à minha frente; depois pelo gozo que me dá registar em fotografia tudo, ou quase tudo, o que vejo”, diz Luciano Gomes. E continua: “Quando digo que eu levo, às vezes, mais do que uma objetiva, é pelo prazer que me dá poder parar e registar coisas como uma planta, uma formiga, um lagarto, uma joaninha, o que
seja. Claro que, com isto, muitas vezes descolo-me do grupo, mas a maioria deles é de tal forma solidário que espera”. A opção, pelo que se percebe, tem recaído pelas caminhadas em grupo. Sozinho, também as faz, mas hoje menos. “Começo a sentir ou a ter perceção que a possibilidade de me acontecer alguma coisa é maior do que antes”, começa por dizer Luciano Gomes para de imediato deitar por terra o argumento: “ou, se calhar, não é nada assim”. Seja como for, sublinha que “não teria nenhuma dificuldade” em fazê-las. “Pelo contrário”, continua, “dar-me-ia um gozo enorme pegar na minha mochila e na máquina fotográfica, água, um agasalho, qualquer coisa para comer, e sair daqui. Fá-lo-ia sem nenhum problema, e devo dizer que a minha ocupação com o que procuraria ver e registar permitiria que eu me esquecesse de comer”. A hipótese de se “sentir perdido” não constitui sequer uma variável quando se decide fazer ao caminho. “Quando se vai sozinho, no mínimo tem de se saber regressar. É condição básica”, sublinha. Não é que tal não possa acontecer, e, na
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realidade, já aconteceu, mas curiosamente em grupo, numa recôndita aldeia para os lados de Ponte da Barca. Porém, como refere, “mesmo nesses locais mais recônditos se encontra um pequeno santuário, uma capela, um cruzeiro…” que, para além de óbvias referências geográficas, constituem um dos grandes fascínios das próprias caminhadas que passa, naturalmente, e também pelo prazer da descoberta, da surpresa. Uma das surpresas que guarda bem na memória, é a de ter encontrado uma Igreja de Santo Tirso na vila espanhola de Sahagún que, construída no século XII, figura entre as mais emblemáticas do românico, sendo igualmente uma das mais representativas dos percursos originais do caminho de Santiago. “Já tínhamos encontrado, nalgumas zonas da Galiza, uma ou outra igreja de Santo Tirso, mas na zona de Castela e Leão não contávamos encontrar”. O que, para quem é natural de Santo Tirso, acaba por ter um interesse acrescido, levando-o também a refletir sobre a diminuta importância atribuída a Tirso numa cidade que tem como padroeira Santa Maria Madalena, que venera S. Rosendo e que faz a festa a S. Bento. O CAMINHO DE SANTIAGO A surpresa, a perplexidade também se faz em relação às pessoas com que se cruza nos caminhos e nos albergues que acolhem os peregrinos nas suas pausas. No caminho de Santiago, por exemplo, há um misto de religiosidade, espiritualidade e aventura. Conta Luciano Gomes que o número de peregrinos diários no caminho francês de
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Santiago, em finais de abril, já ronda os 800. “Não percebo como vem pessoas de tantos sítios, de origens tão diversas, fazer o caminho francês”, exclama sem no entanto deixar de acrescentar que dos caminhos de Santiago, é este “o que marca”. O escritor brasileiro Paulo Coelho publicou em 1987 “O Diário de um Mago”; nesse livro, o autor conta a sua jornada de três meses em peregrinação pelos quase setecentos quilómetros que separam o sul de França - onde teve o início da caminhada - de Santiago de Compostela. É quase certo que o mesmo terá inspirado muitos leitores, sendo hoje, como testemunha Luciano Gomes, muitos os brasileiros que o fazem, uns a pé, outros de bicicleta, uns em grupo outras ainda sozinhos. Pouco importa, e isto é também algo que o cativa: o não saber de onde se vem, porque se está ali, que profissões têm. É também o caminho francês de Santiago que por estes dias mais ocupa Luciano Gomes. Vai fazendo-o em etapas de cinco, o máximo seis, dias de caminhada. É o mais procurado, sabe-o bem, é a referência, mas, acima de tudo, diz: “é aquele em que nós poderemos ter noção da maior diversidade do sentir, será o mais completo. É no caminho francês de Santiago que nós percebemos a verdadeira dimensão da diversidade das pessoas”. Nele já se cruzou com um casal com três filhos, de 6 e 7 ou 8 anos, e um ainda bebé, que apenas gatinhava. Seguiam todos de bicicleta e com um atrelado onde levavam as mochilas e
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o filho ainda bebé. Ou uma outra família de três filhos que, lá os peregrinos não têm ninguém. Existe um restaurante, a pé, seguia também com um atrelado que iam prendendo um cafezito, um ou dois albergues, umas casas agrícolas e à cintura. O que os motiva? Não deixa, ainda hoje, de se pouco mais e, se não houver peregrinos, o café não vende, o questionar. Perguntamos se poderão haver restaurante não tem clientes… é mesmo razões ilegítimas para o fazer, Luciano uma questão de sobrevivência”. Gomes não é taxativo no “sim” ou no Os próprios municípios, mesmo os vizinhos “Independentemente da “não”, mas fica uma certeza: a de que que de Santo Tirso como Famalicão, Trofa motivação ou das razões “independentemente da motivação ou das ou Maia estão atentos a isso. Poderá ou que levem uma pessoa a razões que levem uma pessoa a fazer o deverá, também Santo Tirso ter uma palavra fazer o caminho, mais tarde a dizer? Luciano Gomes defende, antes caminho, mais tarde ou mais cedo, depois de sentir maior ou menor dificuldade no de mais, o aprofundamento do estudo ou mais cedo essa pessoa seu percurso, depois de se sentir mais ou dos percursos, sem no entanto deixar acaba por ser ‘apanhada’ menos tocado pelos locais por onde passa, de referir o número de freguesias que pelo espírito do peregrino, essa pessoa acaba por ser ‘apanhada’ fazendo parte do concelho tem como orago do caminheiro, acaba por pelo espírito do peregrino, do caminheiro, Santiago, como Carreira ou Areias, e que se sentir ‘preso’ a alguma acaba por se sentir ‘preso’ a alguma coisa permanecem à margem das rotas dos que não se sabe explicar bem o que é, mas peregrinos. coisa que não se sabe que fica, que está lá”. explicar bem o que é, mas Luciano Gomes já aqui foi referenciado que fica, que está lá”. A visibilidade conferida aos caminhos de como profissional da EDP, como dirigente Santiago são, para o bem ou para o mal, associativo, também foi jogador de futebol oportunidades de negócio. Luciano Gomes que nunca fez o e, também bem conhecido de todos, autarca. De alguma forma caminho português de Santiago na sua totalidade – apenas as caminhadas ajudaram-no na vida profissional e política, alguns troços – não deixa de reparar nesse efeito. Como?, é a pergunta que fica para remate. “Qualquer que seja a por exemplo, “marcar setas para a direita e para a esquerda motivação, isto traz sempre um valor acrescentado a quem para obrigar as pessoas a passar em determinado café, as faz. É uma forma de nos auto-educar, de nos motivarmos, supermercado, ou restaurante”. Fenómeno que, sublinha, de termos algum espírito de sacrifício e de fazermos as coisas acontece também em Espanha e que até diz entender quando sem exageros. O caminhar tem como valor acrescentado em causa está a sobrevivência de determinadas povoações. esta vivência que nos permite depois suportar no resto as “De facto, há pequenas povoações que se não passarem contrariedades, as dificuldades de uma forma mais serena”.
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DICAS PARA CAMINHEIROS Para os principiantes, algumas indicações deixadas por Luciano Gomes: pensar que ferramentas como o GPS ou um Telemóvel são importantes, não passa de “uma ilusão” até porque “há percursos, principalmente os de montanha, em que não funcionam. Mais importante que isso tudo é que as pessoas não entrem em pânico: “têm que se manter serenas e perceber que não há mal nenhum em demorar mais tempo a chegar a qualquer sítio”. Depois, “fazer tudo em segurança”. “Não correr e não saltar e apoiar sempre bem os pés pois, em caminhada ter um entorse é muito complicado”. E, para além disso, mesmo no verão, o uso de botas é o mais aconselhável (em detrimento das sapatilhas). Depois, controlar o peso que se leva na mochila. E do resto, a experiência dará disso conta... • POR JOSÉ ALVES DE CARVALHO (JORNALISTA)
Fotos tiradas por Luciano Gomes a caminho de Santiago
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ACOLHIMENTO CONCELHIO A REFUGIADOS
A Misericórdia de Santo Tirso, preocupada com o fenómeno migratório de pessoas que fogem da guerra e procuram auxílio na Comunidade Europeia, na medida do possível e dos seus recursos, mostrou-se recetiva a colaborar numa estratégia concelhia articulada, no apoio social a refugiados, que estivessem dentro de parâmetros pré-definidos pela Plataforma de Apoio a Refugiados (PAR). A instituição integrou um grupo de entidades locais que se disponibilizaram a assegurar o acolhimento e acompanhamento de agregados familiares com o estatuto de Refugiados, nomeadamente: - Câmara Municipal de Santo Tirso; - Colégio das Caldinhas; - Cruz Vermelha Portuguesa de Santo Tirso; - Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso; - Vigararia de Santo Tirso. Estas entidades articulam diretamente com a Plataforma de Apoio a Refugiados (PAR) comprometendo-se a realizar um acompanhamento de proximidade às famílias de refugiados acolhidas, por um período máximo de 24 meses, considerado suficiente para a definição de novo projeto de vida. Até ao momento, foram acolhidos apenas dois jovens do sexo masculino, sendo que os critérios de sinalização obedecem a parâmetros rigorosos de avaliação multidisciplinar.
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Numa perspetiva de rentabilização de sinergias institucionais, o concelho de Santo Tirso pretende dar o seu contributo no sentido de atenuar os efeitos sociais, económicos e humanitários deste flagelo social que assola milhares de pessoas de todas as idades, considerada a maior crise de refugiados, desde a IIª Guerra Mundial.• POR LILIANA SALGADO (DIRETORA DE SERVIÇOS SOCIAIS E QUALIDADE)
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PESSOAS NO MUNDO MILHARES VIVEM REFUGIADAS
Facilmente a poesia pode aparecer no quotidiano. A densidade das palavras abrem para sentimentos, recordações, acontecimentos, em frescura primaveril presente nos versos. Como que se se refugiassem entre a subtileza de estrofes que encantam e até cantam. Esse quotidiano até pode estar afastado de outras histórias que nos chegam através de notícias, interpostas por um ecrã ou folha de jornal. Eles lá, nós cá, sem bem saber que dizer, fazer ou pensar. As terras estão longe e eles trazem-na tão perto. As águas do Mediterrâneo revelam rostos fugidos de confronto, guerra, morte. Novos ares surgem, com muitas perguntas de todos os lados. Quem são? Humanos em busca de vida, com nomes e histórias concretos. No entanto, há um adjetivo que mais os tem acompanhado: refugiados. Desde há três anos que acompanho de perto pessoas refugiadas pelos mais diversos motivos, desde a perseguição política, passando pela religiosa, cultural ou sexual, culminando na social, onde a guerra arrasta milhares e milhares em fuga. Durante a minha formação como jesuíta, passei por Paris. Na comunidade onde estive, integrada no projecto Welcome da JRS (serviço jesuíta aos refugiados), viviam connosco pessoas refugiadas. Com o crescer da confiança, partilhavam as suas histórias. Entre os porquês e os modos de fuga, ia sabendo de famílias, umas assassinadas e outras sem qualquer possibilidade de contactar pelo medo de represálias. Uma vez, ao jantar, falava com o M. sobre o dia.
Foto de Jiang Xi
Contava-me como pouco a pouco ia aprendendo o francês: - Às vezes custa, não é? Sobretudo a relação entre a fonética e a escrita. - Sim, e os temas de estudo. - Como assim? - Temas como “a casa”, por exemplo. Faz pensar a família. - Tens conseguido falar com alguém da tua família? - Não sei nada deles há meses. É preferível que eu desapareça para que eles vivam, ou mantenham a vida possível.
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Foto de Robert Atanasovski
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PESSOAS NO MUNDO MILHARES VIVEM REFUGIADAS
que a dor e a paz são recebidas mutuamente, em mãos que se apertam. Um dos refugiados com quem costumava conversar veio contar-me uma boa novidade: após mais de um ano a tentar ter cartão de cidadania temporária, este finalmente chegou. A partir dali já podia tratar do processo para que a mulher também pudesse vir. Não a vê pessoalmente há mais de três anos. Foi obrigado a fugir do país pela guerra, por ser jornalista e ter denunciado casos de corrupção e abuso de poder. Outro que viveu a tortura de perto… e de longe, ao se ver obrigado a fugir, deixando a família, a terra, sem saber se poderá voltar. Emocionado e com um A humanidade tem a tal poesia do sentir. grande sorriso, depois de contar a novidade, Da poesia até se pode passar à oração. Foi Apenas buscam viver… disse: “Paulo, chegou em tempo de Páscoa. o que me aconteceu depois de ter escutado nem é viver melhor, Na minha pouca fé, apercebo-me um todo o relato de onde pode ir o mais bocadinho do que é a ressurreição.” Não anti-poético, nesse negrume de maldade apenas viver. consegui dizer nada em resposta, para além humana, tecida em gestos de tortura. Nessa do forte abraço que partilhámos. noite, depois da escuta, senti-me um profundo ingrato. Na oração agradeci, agradeci, agradeci e Passado uns tempos comenta: “A minha mulher está quase a agradeci. Do pormenor do cheiro a amaciador dos lençóis chegar!” Os olhos brilhavam com uma ternura impressionante. (ridículo, quase), ao facto de estar vivo. Agradeci a fé e o Havia o tremer de lábios e de palavras em dizê-lo, afinal são que ela faz comigo e de a vida, ou a conversão, ou sei lá, mais de três anos de separação forçada. O Poder, em especial me ajudar a ser alguém em quem confiar. Agradeci o poder político, insiste em fazer mal. “Já preparaste o reencontro?” saborear o silêncio sem ter pesadelos. Agradeci o poder Respondeu-me: “Nem sei. Passa-me tanto pela cabeça e pelo fazer uma crítica sem a ameaça da tortura e da morte. coração. Vou levar um ramo de flores, como ela gosta. Depois, Agradeci o não ter medo, nem vergonha, de pedir abraços só queremos ficar abraçados.” Tempo depois, o S. telefonaquando deles preciso. -me e vai lá a casa. Deu-se encontro entre nós. Não vinha sozinho. A mulher acompanhava-o. Depois de grande batalha A relação transforma. A empatia faz com as histórias se burocrática, chegou há dois meses. Pouco-a-pouco instalam-se entrelacem e façam com que o pensar se altere. São rostos nesse reencontro, ainda com medo com o que se pode passar que dialogam, modificando o pensar, nessa empatia em Nas conversas, a emoção mostrava que os sentimentos atravessam toda a humanidade. Nas diferenças no modo de expressar, o coração revela que o amor, o desejo de viver, a vontade de abraçar quem nos é querido, brotam da essência do ser humano. O P. Adolfo Nicolás, Padre Geral dos Jesuítas, comentava numa conferência sobre o drama humanitário das pessoas refugiadas: “Temos que aprender com os refugiados. Perderam tudo, mas não a sua humanidade. Talvez sejamos nós que temos de aprender isso mesmo, a ser mais humanos”.
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Foto de Steven Nestor
com os que lá ficam. Mesmo vivendo este fantasma, toda a conversa foi à volta da esperança… e nada forçada, pelo contrário, transparecia no rosto. Que abraço bom demos todos. Torna-se claro que penso muito na humanidade. Talvez seja das palavras que me acompanham muito frequentemente em léxico. Não a quero gastar com o uso, tornando-a quase banal. Simplesmente quero enaltecer o profundo sentido do que é ser humano, também concebido em cultura que cruza
a humanidade condicionando o modo de pensar e de viver. É difícil, para não dizer impossível, alcançar a pura neutralidade. Questões de crenças tocam todos os âmbitos. Ser humano é ser crente. E não vale a pena fugir disto. Os tipos de crenças é que podem variar: do desportivo ao religioso, sem esquecer o político, elas pairam na vida de cada um. Somos cultura, somos crença… e somos relação, que nos ajuda a perceber a riqueza da humanidade na sua diversidade. Pelo que já escrevi, marca-me muito a chegada de tanta gente, como cada um de nós, por mar, atravessando arames farpados, de culturas diferentes. Apenas buscam viver… nem é viver melhor, apenas viver. Ficar-se neutro é impossível, já não o é optar entre o medo ou a confiança na altura de falar no auxílio a todas estas pessoas. Continuo a acreditar que, para além das crenças todas, possa crescer a de um mundo melhor. Para que tal aconteça, passa por acolher, e não expulsar, em especial quem quer, depois de tanto sofrimento, simplesmente viver. E a vida, como se vê, reveste-se de poesia. Tanto fala de amor, de beleza, como também grita pela justiça e misericórdia por aqueles de longe que estão aqui perto. “Vemos, ouvimos e lemos. Não podemos ignorar”, disse-nos Sophia de Mello Breyner. Os rostos deles são os nossos.• POR PAULO DUARTE, SJ (COORDENADOR DA PASTORAL DO COLÉGIO DAS CALDINHAS)
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DOS CAMINHOS
Os caminhos são projectos com uma dimensão apenas, ajustados à medida do homem e da mulher com um riso de criança no meio deles. Nem sequer têm portas, porque são apenas o intangível momento que medeia entre a vida e a eternidade. Há quem diga que eles não levam a nenhum lado. De facto, são passagens entre o inferno e o céu, entrançadas com as intermitências da vida. Mas que nos levam algures, isso levam! Durante esse trajecto, há três caminhos que circundam a esfera da nossa vida memorável, e plasmam, nas noites brancas do asfalto, as nossas cicatrizes vulneráveis. Dois dentre eles peregrinam a saudade pelo tempo ou limpam as areias do deserto, mas ambos vão dar ao mar. Há caminhos de terra batida, ladeados pelo fulgor das giestas e com paredes de xisto, onde dorme silenciosamente a serpente enroscada no pecado. Nestes caminhos, onde medra a madressilva, as amoras são lembranças do futuro e as palavras, um ribeiro de águas passadas. Podem ser ainda de águas triunfantes, sem pontes, sem fronteiras, apenas com a via láctea por cima do azul telúrico do mar, sulcando as ondas e as searas. Por vezes, são de betão, esses caminhos. É então que as mãos e o olhar se desprendem da memória para projectarem imagens de labor e de terror. Caminhos desamparados pela guerra, abandonados pela fraternidade, deixando, no meio deles, uma criança por amar. Leitos onde morre a solidão, gritos como queimaduras de napalm. Exposição de uma via-sacra desenhada pelo homem, onde o sofrimento e a dor não rimam com a palavra amor. No décimo quinto quadro dessa
exposição, um homem e uma mulher, suspensos pelo tempo, fazem amor como quem faz um poema. Gestos que semeiam infinitas esperanças nas estrelas, mistérios por desvendar. Depois há os outros. O mais radiante nestes caminhos é quando encontramos as asas do desejo e fazemos um ramo de sentimentos para partilhar com os outros. Esses caminhos etéreos, feitos com os filamentos dos sonhos, levam-nos ao encontro da alma. Porque todos os sonhos são viagens ao universo que há dentro de nós. As pedrinhas que outrora semeámos pelo caminho, são agora estrelas cadentes, incansáveis de brilhar. Mas não devemos esquecer que neste tipo de caminhos, antes de iniciarmos o percurso que nos leva ao centro do coração do homem, temos que procurar um cajado que suporte a nossa fé, não para mover montanhas, mas para iluminar a verdade que se encontra perdida no labirinto da barbaridade. O terceiro caminho está no entroncamento dos dois anteriores. Aqui, em cada uma das horas, há ânforas cheias de bálsamo para polinizar as flores e os cardos. Aqui é o lugar da alma onde se cruza o sublime e a piedade. Porque em qualquer dos caminhos, caminhamos sempre no sentido da vida sublimada. É esse sentido que nos leva ao patamar da eternidade.• POR ANTÓNIO OLIVEIRA (PROFESSOR)
O Autor escreve segundo as regras do antigo acordo ortográfico
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RELATÓRIO DE ATIVIDADES 2015
O ano de 2015 ficou marcado por uma falta de cumprimento das obrigações e de apoio por parte das entidades públicas, nomeadamente no que concerne ao acordo/revogação para a entrega da gestão do Hospital Conde S. Bento.
antiga ARCO Têxteis com vista a poder abarcar um projeto inovador na área das demências avançou, existindo neste momento um projeto de arquitetura já aprovado pela Câmara Municipal, ou seja, estamos preparados para um possível recurso a financiamentos comunitários.
Como já tivemos oportunidade de referir, a Misericórdia não tomou, nem direta nem indiretamente, a iniciativa de propor que a gestão do Hospital lhe fosse atribuída, apenas respondeu a uma solicitação do Estado Português e ao que se entendia ir de encontro aos interesses da população de Santo Tirso e Trofa. Entendimento este que não foi o mesmo por parte do atual Governo e da Câmara Municipal de Santo Tirso, apesar de esta ter estado sempre a par de todos os desenvolvimentos do acordo e de nele ter participado.
Demos início à construção de uma Clínica de Gastroenterologia que iniciou a atividade em março de 2016. Por fim, foi dada continuidade ao processo de reavaliação do património existente.
Não obstante o tempo e energias despendidas neste processo de devolução, que foi suspenso cerca de quinze dias antes da data estipulada para a assunção da gestão, a instituição continua sempre ao lado dos que mais precisam, dispensando-lhes um serviço de qualidade, cimentado no amor, na dedicação e no profissionalismo. Na área patrimonial, mantivemos a aposta na modernização das estruturas existentes para podermos dar uma resposta capaz face às atuais exigências do mercado, mais concretamente no Jardim de Infância, Lar José Luiz d’ Andrade e Casa de Repouso de Real. O investimento feito na aquisição e reabilitação do edifício da
Mantivemos a nossa postura na procura de uma gestão com eficiência e eficácia, reduzindo os gastos e otimizando os rendimentos. Quando comparamos o ano de 2015 com o anterior, podemos verificar melhorias significativas, o que nos leva a um resultado positivo de € 246.104,44, sendo prova disso a diminuição de 2,29% (€ 160.582,24) verificada na rubrica de GASTOS. Na área da Formação, Imagem e Relações Exteriores é de relevar as 60 ações de formação efetuadas, abrangendo 595 formandos; o acolhimento feito a 17 estagiários; a colaboração em 16 estudos/projetos de investigação e a realização de 2 palestras. A Cultura continuou a merecer a atenção e disponibilidade institucional: foram dinamizados eventos através de estruturas como o Auditório “Centro Eng.º Eurico de Melo”, a sala Multiusos ou outros espaços das valências, dependendo da
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origem e enquadramento das iniciativas a desenvolver. Os nossos dois Grupos Corais continuam a levar longe o nome da nossa Instituição e do Concelho. A publicitação destes eventos é levada a efeito através do nosso site – www.misericordia-santotirso.org –, página do Facebook e dos habituais contactos com os meios de comunicação locais, bem como através da nossa Revista com publicação semestral. Este relatório mostra uma Misericórdia atenta, disponível e ativa junto da Comunidade, consciente dos seus deveres de responsabilidade e solidariedade perante a sociedade, dando o seu contributo para promover a inclusão, a estabilidade, a criação e manutenção de emprego, o desenvolvimento social, económico e a melhoria do bem-estar de todos aqueles que servimos. Este trabalho é o reflexo do desempenho de todos os nossos colaboradores, cuja motivação, responsabilidade e profissionalismo são fatores de sucesso em todas as áreas, procurando ir ao encontro da satisfação das necessidades e expectativas dos nossos utentes e famílias.
Rendimentos 2014
2015
DIF.
DIF %
VENDAS E PREST. SERV.
€ 2 425 260,33
€ 2 718 222,88
€ 292 962,55
12,08%
SUBS. DOAÇÕES E LEG.
€ 2 707 417,36
€ 2 667 274,60
€ -40 142,76
-1,48%
TRAB. PRÓP. ENT.
0,00
0,00
0,00
0,00
OUTRAS IMPARIDADES
€ 260 854,47
€ 208 421,08
€ -52 433,39
-20,10%
OUT. REND. E GANHOS
€ 1 822 081,32
€ 1 491 832,84
€ -330 248,48
-18,12%
€ 19 828,30
€ 14 682,82
€ -5 145,48
-25,95%
€ 7 235 441,78
€ 7 100 434,22
€ -135 007,56
-1,87%
JUROS REND. OBT. TOTAL
#31
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Atualidades
RELATÓRIO DE ATIVIDADES 2015
5,000,000.00 4,500,000.00 4,000,000.00 3,500,000.00 3,000,000.00
2014
ENDAS E SERV.
SUBS. DOAÇÕES E LEG.
2014
2,500,000.00
2,000,000.00 2015 Não obstante a subida de 12,08% (€ 292.962,55) na rubrica de Vendas e Prestação de Serviços, os RENDIMENTOS 1,500,000.00 5,000,000.00 1,000,000.00 apresentam um decréscimo, relativamente a 2014, de cerca 4,500,000.00 500,000.00 de 1,87%, ou seja € 135.007,56, isto deve-se essencialmente 4,000,000.00 0.00 a Correções de Períodos Anteriores e à Compensação de TRAB. PRÓP. OUTRAS OUT. REND. E JUROS REND. 3,500,000.00 ENT. IMPARIDADES GANHOS OBT. Depreciação por Bens Doados.
2015 3,000,000.00
2,500,000.00
2,000,000.00 C.M.V.M.C.
F.S.E.
1,500,000.00
GASTOS C/ PESSOAL
AMORT.
OUTROS GAST. PERDAS
JUROS E GASTOS SIM.
2014
3,000,000.00
2014
2,500,000.00
2015
2,000,000.00
1,000,000.00
JUROS REND. OBT.
0.00
208,421.08, 3%
2,500,000.00 14,682.82, 0% 2,000,000.00
2,500,000.00
500,000.00
2,000,000.00
0.00
2014
500,000.00
0.00
14,682.82, 0%
GASTOS C/ PESSOAL 1,000,000.00
AMORT.
0.00
VENDAS E SERV.
2,718,222.88, 38%
SUBS. DOAÇÕES E LEG.
SUBS. DOAÇÕES E LEG.
TRAB. PRÓP. ENT.
2014 2015
2014 2015
OUTRAS IMPARIDADES OUT. REND. E GANHOS OBT. SUBS. TRAB.JUROS PRÓP. REND.OUTRAS OUT. REND. E DOAÇÕES E ENT. IMPARIDADES GANHOS LEG. TRAB. PRÓP. OUTRAS OUT. REND. E JUROS REND. ENT. IMPARIDADES GANHOS OBT.
SUBS. DOAÇÕES E LEG.
JUROS REND. OBT.
5,000,000.00
4,500,000.00
4,500,000.00
4,000,000.00
4,000,000.00
3,500,000.00
OUTRAS OUT. REND. E3,000,000.00 JUROS REND. 3,500,000.00 IMPARIDADES GANHOS OBT.
TRAB. PRÓP. ENT.
VENDAS E SERV.
2015
5,000,000.00
OUTROS GAST. JUROS E PERDAS GASTOS SIM. VENDAS E SERV.
500,000.00
0.00, 0%
VENDAS E SERV.
2,718,222.88, 38%
1,500,000.00
C.M.V.M.C. F.S.E. 1,500,000.00
1,000,000.00
2,667,274.60, 38%
1,000,000.00
2015 3,000,000.00
1,500,000.00
1,491,832.84, 21% 500,000.00
3,000,000.00
Gastos
208,421.08, 3%
3,000,000.00
2,500,000.00
2,500,000.00
2,000,000.00
2,000,000.00
1,500,000.00
1,500,000.00
1,000,000.00
1,000,000.00
500,000.00
1,491,832.84, 500,000.00 21% 0.00
14,682.82, 0% 0.00 C.M.V.M.C. C.M.V.M.C.
F.S.E.
Os GASTOS apresentam uma melhoria significativa, ou seja, verifica-se uma poupança de 2,29% (€ 160.582,24), 0.00, 0% relevo para o seguinte: relativamente a 2014, com especial
VENDAS E SERV. SUBS. DOAÇÕES E LEG.
F.S.E.
2,7
GASTOS C/ PESSOAL
TRAB. PRÓP. ENT. OUTRAS IMPARIDADES OUT. REND. E GANHOS JUROS REND. OBT. 71,641.95, 1%
424,753.68, 6%
1,716.91, 0%
14,682.82, 0% 21% F.S.E. – 1,491,832.84, Melhoria de 16,89% (€ 230.184,73); 2,667,274.60, 38% 2,718,222.88, 38% 14,682.82, 0% Gastos c/ Pessoal – Aumento de 6,07% (€ 260.000,32), devido 2,718,222.88, 38% à passagem para o quadro da Instituição os enfermeiros dasVENDAS E SERV. SUBS. DOAÇÕES E LEG. Unidades de Cuidados Continuados; VENDAS E SERV. TRAB. PRÓP. ENT. SUBS.55.696,24). DOAÇÕES E LEG. Outros Gastos e Perdas – Diminuição de 43,74% (€ 0.00, 0% OUTRAS IMPARIDADES
1,491,832.84, 21% 208,421.08, 3% 681,833.91, 10%
208,421.08, 3%
1,132,652.62, 17%
TRAB. PRÓP. ENT.
C.M.V.M.C. 0.00, 0% F.S.E.
OUT. REND. E GANHOS OUTRAS IMPARIDADES JUROS REND. OBT. OUT. REND. E GANHOS
GASTOS C/PESSOAL 2,667,274.60, 38%
JUROS REND. OBT.
AMORT. 2,667,274.60, 38% OUTROS GAST. PERDAS JUROS E GASTOS SIM. 1,716.91, 0%
681,833.91, 10% 4,541,730.71, 66%
71,641.95, 1%
424,753.68, 6%
1,716.91, 0%
681,833.91, 10%
1,132,652.6
ND. E OS
%
LEG.
3,000,000.00 2014
2,500,000.00
2015
2,000,000.00
2014 2015
1,500,000.00 1,000,000.00 500,000.00 14,682.82, 0% 1,491,832.84, 21% 0.00
JUROS REND. OBT.
208,421.08, 3%
C.M.V.M.C.
2,718,222.88, 38% GASTOS C/ AMORT. PESSOAL
F.S.E.
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OUTROS GAST. JUROS E PERDAS GASTOS SIM. VENDAS E SERV. SUBS. DOAÇÕES E LEG. TRAB. PRÓP. ENT.
0.00, 0%
OUTRAS IMPARIDADES OUT. REND. E GANHOS JUROS REND. OBT.
2,667,274.60, 38%
14,682.82, 0%
2,718,222.88, 38%
Atualidades VENDAS E SERV. SUBS. DOAÇÕES E LEG. TRAB. PRÓP. ENT. OUTRAS IMPARIDADES OUT. REND. E GANHOS JUROS REND. OBT.
Resultados
1,716.91, 0%
71,641.95, 1%
681,833.91, 10%
424,753.68, 6%
1,132,652.62, 17% C.M.V.M.C. F.S.E. GASTOS C/PESSOAL 250,000.00
AMORT.
240,000.00 OUTROS GAST. PERDAS
246,104.44
230,000.00 JUROS E GASTOS SIM.
1,716.91, 0%
681,833.91, 10%
220,000.00
4,541,730.71, 66% 1,132,652.62, 17%
210,000.00 C.M.V.M.C.
2,500,000.00 GASTOS C/PESSOAL 2,000,000.00
1,500,000.00
190,000.00
5,000,000.00
4,500,000.00
180,000.00
4,500,000.00
4,000,000.00
170,000.00
4,000,000.00
3,500,000.00
3,500,000.00
3,000,000.00
3,000,000.00
2,500,000.00
2,500,000.00
2,000,000.00
2,000,000.00
1,500,000.00
1,500,000.00
1,000,000.00
1,000,000.00
500,000.00
500,000.00
0.00
160,000.00
OUTROS GAST. PERDAS 2,000,000.00 JUROS E GASTOS SIM. 1,500,000.00
150,000.00
2014 2014
1,000,000.00 2015
5,000,000.00
1,000,000.00
500,000.00
4,500,000.00 500,000.00
4,000,000.00 3,500,000.00
0.00
3,000,000.00
0.00
VENDAS E SERV.
2,500,000.00
VENDAS E SERV. SUBS. DOAÇÕES E LEG.
SUBS. TRAB. PRÓP. OUTRAS OUT. REND. E DOAÇÕES E ENT. IMPARIDADES GANHOS LEG. TRAB. PRÓP. OUTRAS OUT. REND. E JUROS REND. ENT. IMPARIDADES GANHOS OBT. 2014
5,000,000.00
1,000,000.00 500,000.00 0.00
C.M.V.M.C.
F.S.E.
GASTOS C/ PESSOAL
AMORT. 2014
2014 2015
2015
2015
JUROS REND.
C.M.V.M.C.
OBT. Subida de 11,60% (€ 25.574,68) nesta rubrica, 0.00 passando para C.M.V.M.C. F.S.E. € 246.104,44, que se deve aos motivos anteriormente expostos no que concerne a Rendimentos e Gastos. 2015
2,000,000.00 1,500,000.00
2015
5,000,000.00
200,000.00
3,000,000.00
3,000,000.00 F.S.E.
2,500,000.00 AMORT.
2014 220,529.76
5,000,000.00
4,500,000.00
4,500,000.00
4,000,000.00
4,000,000.00
3,500,000.00
OUTROS GAST.3,000,000.00 JUROS E 3,500,000.00 PERDAS GASTOS SIM. 208,421.08, 3% 2,500,000.00 3,000,000.00 2,500,000.00
2,000,000.00
2,000,000.00
1,500,000.00
1,500,000.00
0.00, 0% 1,000,000.00
1,000,000.00
500,000.00
500,000.00
0.00
F.S.E. GASTOS C/ PESSOAL
Assim, o Resultado Liquido de 2015 é de € 246.104,44. • 1,491,832.84, 21%
14,682.82, 0%
POR JOÃO LOUREIRO (DIRETOR GERAL) 14,682.82, 0%
2,718,222.88, 38%
1,491,832.84, 21% 208,421.08, 3%
2,718,222.88, 38% 2014 2014 0.00, 0%
2,667,274.60, 38%
2015
VENDAS 2015 E SERV.
VENDAS E SERV. SUBS. DOAÇÕES E LEG.
TRAB. PRÓP. ENT. SUBS. DOAÇÕES E LEG. OUTRAS IMPARIDADES TRAB. PRÓP. ENT. OUT. REND. E GANHOS OUTRAS IMPARIDADES JUROS REND. OBT. OUT. REND. E GANHOS JUROS REND. OBT.
GASTOS PESSOA AMORT.
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Atualidades
#31
UM NOVO SERVIÇO UNIDADE DE ENDOSCOPIA
A Misericórdia de Santo Tirso mantendo a responsabilidade no apoio prestado à comunidade desde 1885, é uma Instituição que assume um diferenciado leque de serviços na área Social, na Educação e Saúde. É nesta luta por uma humanização, pela implementação de soluções inovadoras que possam ir de encontro às necessidades da população que se destaca no desempenho da sua missão. Desenvolvendo projetos adaptados às necessidades de cada momento, o passado dia 8 de março ficou marcado pela abertura de mais um serviço criado em benefício da comunidade local: a nova UNIDADE DE ENDOSCOPIA, localizada na Rua da Misericórdia. Encontrando-se garantido o Protocolo com o Serviço Nacional de Saúde, esta nova unidade dispõe de uma equipa diferenciada, com capacidade para consultas da especialidade e exames endoscópios (endoscopia alta e colonoscopia), com os mais modernos equipamentos, anestesia segundo os mais exigentes padrões de segurança. É possível também a realização de análises clínicas e eletrocardiogramas. Tudo o que necessita, no mesmo espaço... • POR MARTA RIBEIRO (COORDENADORA DA SAÚDE)
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Formação
#31
COMUNICAR MÁS NOTÍCIAS O DIFÍCIL CAMINHO
A Unidade de Cuidados Continuados da Misericórdia de Santo Tirso, consciente da importância dos processos comunicacionais na gestão da equipa e na relação com os doentes e cuidadores, promoveu a ação de formação “Comunicar Más Notícias”. Decorreu na sala multiusos do Centro Engº Eurico de Melo e envolveu a participação de 10 formandos de diversas valências e de diferentes categorias profissionais. Esta ação, cujo título torna óbvio, visa o desenvolvimento de competências de comunicação pessoal, no contexto da equipa multidisciplinar, e a reflexão sobre as questões da perda e do luto. Vivemos numa sociedade onde se enfatizam os valores da beleza física, da saúde e do sucesso, quase não restando lugar para refletir sobre o que fazer e como fazer quando o prognóstico é desfavorável.
Os cuidados paliativos como especialidade médica que se impôs nas últimas décadas, teve um papel decisivo na reflexão e na sensibilização para a necessidade de criação de condições para morrer com dignidade.
As ciências da saúde, tradicionalmente vocacionadas para tratar e curar, reconhecem agora o seu papel no acompanhamento de pessoas com doença incurável, avançada e progressiva e seus familiares. quando tomamos
“…só consciência do nosso papel, por mais pequeno que seja, é que podemos ser felizes, viver e morrer em paz porque o que dá sentido à vida dá sentido à morte.”
Assistimos na comunicação social, a algumas abordagens do tema da doença grave e da morte, mas, a maioria delas, de uma forma sensacionalista com o objetivo de conquista de audiências. Recentemente, e para bem de todos, assiste-se a uma mudança na abordagem destas temáticas, reconhecendo-se a necessidade de cuidados e especializados quando o tratamento e a cura deixam de ser um objetivo.
Ao modelo tradicional paternalista que escondia a informação clínica do doente, no sentido de o proteger, que incitava a família ao silêncio, contrapõe-se uma abordagem centrada no doente onde, em função das circunstâncias pessoais de cada um, a informação é partilhada no contexto do acompanhamento multidisciplinar com o doente e seus cuidadores/familiares.
No fundo, vivemos como se fôssemos imortais, porque o tema da morte causa-nos desconforto. Mesmo em contexto técnico, projetamos frequentemente os nossos medos e as nossas representações de morte, o que interfere decisivamente na relação com o doente e seus familiares. Concentramo-nos nas tarefas técnicas, e relegamos para segundo plano as questões da comunicação com a família, nomeadamente em situação de doença progressiva, porque
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Formação
implica um envolvimento afetivo para o qual nem sempre estamos preparados. A família, no contexto da uma doença avançada, encontra-se altamente fragilizada, ao nível emocional e social, necessitando de acompanhamento especializado, desde o diagnóstico até à gestão do processo de luto. Este trabalho só é possível dispondo de equipas multidisciplinares altamente qualificadas ao nível das competências de comunicação e do trabalho em equipa. Estamos certos de que tão importante como tratar e curar, é cuidar e apoiar pessoas com doença incurável e seus familiares, de forma a minimizar os danos de um processo que, embora enquadrado no ciclo vital, é penoso e difícil de gerir para o doente e família. Trata-se de um caminho difícil de percorrer, que exige capacidade de introspecção, reflexão e aceitação do sentido da nossa existência, mas por isso mesmo, essencial. Citando Antoine de Saint-Exupery, “…só quando tomamos consciência do nosso papel, por mais pequeno que seja, é que podemos ser felizes, viver e morrer em paz porque o que dá sentido à vida dá sentido à morte. ” • POR CARLA CABRAL (COORDENADORA DA UNIDADE DE CUIDADOS CONTINUADOS)
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Formação
#31
AUTISMO A ESPERANÇA NO AMOR
Foi no âmbito do nosso projeto de estágio pelo Curso de Educação da Universidade do Minho, realizado no Infantário da Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso, que convidamos o Joe Santos e a Susana Silva, fundadores da Associação Vencer Autismo, a dinamizarem no dia 8 de Abril uma palestra. Foi então nesse mesmo dia que se abriram as portas do Auditório “Engº Eurico de Melo” para recebermos de braços abertos todos os educadores e encarregados de educação do Jardim de Infância, assim como a restante comunidade interessada, para ouvirem o Joe e a Susana falarem da sua experiência como pais de uma menina com autismo, da importância do amor, da motivação e do tempo dispensado para as crianças, assim como esclarecerem as dúvidas existentes a todos os que as colocassem. Apostamos nesta ação formativa por acreditarmos vivamente que a chave para que as crianças tenham um crescimento saudável reside no amor. Quando falamos em amor estamos a falar num amor genuíno e verdadeiro. Nós acreditamos que AMAR é “amar sem condições, amar incondicionalmente”! Os pais/adultos são uma peça fundamental para que esta chave de que falamos anteriormente abra as portas para um futuro risonho. De um forte e intenso testemunho partilhado pelo Joe, onde prevalecia a motivação para amarmos cada vez mais as nossas crianças e não perdermos a esperança e a confiança de que poderão ser melhores, passamos para o testemunho da Susana, uma mãe confiante e persistente,
dominada pelo amor que nutre pela filha, numa partilha concisa sobre o método The Son Rise Program. O acompanhamento de um para um é crucial para o desenvolvimento das crianças e reforça a nossa ideia de que é cada vez mais importante o papel dos pais para com as suas crianças, num mundo em que cada vez mais existem atalhos para fugir a este papel. O filme dos fundadores do The Son Rise Program – O Meu Filho, o Meu Mundo - ganha força e devemos cada vez mais abraçar esta ideia porque a relação pais/filhos é sem dúvida um dos elos mais importantes para o desenvolvimento das crianças e de um crescimento saudável.
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Formação
O foco é a criação de uma relação pois o autismo é uma dificuldade de relação e interação social e não uma dificuldade comportamental, como a maioria das pessoas considera. Aos pais cabe a responsabilidade de manter sempre a esperança de que os seus filhos sejam sempre mais e melhor, promovendo a conexão humana, que é o que as crianças mais pedem e tendemos a ignorar. Ama, incondicionalmente e sem condições. “Não podes amar a tua criança e não aceitar a sua dificuldade”. • POR INÊS CARRIÇO ALMEIDA E NUNO RODRIGUES (ESTAGIÁRIOS CURSO DE EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE DO MINHO)
No fundo, toda a palestra mostrou a relevância da parentalidade na vida das crianças. É muito importante não julgar, é importante cruzar os olhares, é importante saber trabalhar com as crianças com entusiasmo e motivações. A chave da aprendizagem é a motivação, e não a repetição. Os pais são o recurso mais importante! Ficou a sugestão de aplicarmos na educação dos nossos educandos a Regra dos 3E: energia, entusiasmo e empolgamento, sendo assim atentos e flexíveis, respondendo às tentativas de interação por parte da criança participando no que a criança está a fazer. As crianças mostram-nos como entrar no mundo delas e nós mostramos como entrar no nosso mundo.
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Ação Social e Comunidade
#31
PROJETO FOCO: IGUALDADE
onde ocorre violência é uma das necessidades identificada A ISCMST candidatou-se aos apoios do novo quadro pelo concelho. comunitário Portugal 2020 no âmbito da tipologia de operações - Apoio financeiro e técnico a organizações “FOCO: IGUALDADE” é o nome do projeto proposto pela da sociedade civil e sem fins lucrativos. Esta tipologia Misericórdia de Santo Tirso e constitui-se como uma de financiamento pretende apoiar projetos que integrem plataforma de intervenção que atravessa a multiplicidade ações orientadas para a consolidação do trabalho de dimensões das nossas vidas. Destina-se a educadores desenvolvido com grupos vulneráveis, com vítimas e de infância, crianças em idade pré-escolar agressores, na promoção da igualdade e comunidade educativa, propondode género e na prevenção e no combate à Resumidamente, o -se sensibilizar os/as profissionais, discriminação em função do sexo. projeto estrutura-se em 5 implementar um Plano de Promoção Este programa de financiamento dá de Igualdade de Género (IG) com as resposta aos objetivos das políticas atividades interventivas, crianças, e criar um espaço de apoio a públicas no âmbito da cidadania e da a executar pelo período Vítimas de Violência Doméstica (VVD), promoção e defesa da igualdade de de 30 meses, com início que sejam identificadas como resultado género e combate à violência doméstica previsto a 1 de setembro da consciencialização da desigualdade de plasmadas no V Plano Nacional Contra do corrente (mediante papéis homens/mulheres. a Violência Doméstica (PCNVD) e no V Plano Nacional para a Cidadania e aprovação) Resumidamente, o projeto estrutura-se em Igualdade de Género (PNI). 5 atividades interventivas, a executar pelo período de 30 meses, com início previsto a 1 de setembro do O diagnóstico de necessidades do concelho de Santo Tirso corrente (mediante aprovação): espelha a inexistência de projetos direcionados para a Igualdade de Género (IG) com consequência na mudança de Sensibilização em Igualdade de Género aos/às educadores/ mentalidades: é apontada uma tendência para a reprodução as de infância e auxiliares de educação dos Jardins de familiar de comportamentos desajustados por parte das Infância do concelho, capacitando-os/as para integração da crianças e dos jovens e insuficiência de estruturas e apoio a dimensão da IG no currículo. vítimas de violência doméstica. A prevenção primária relativamente à reprodução de comportamentos observados por crianças e jovens de famílias
Implementação de um Plano de Promoção de IG com crianças do Pré-escolar dos Jardins de Infância da rede
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Ação Social e Comunidade
pública do concelho, que promove a educação para a cidadania num contexto favorável de integração de valores. Em cada sala dos Jardins de Infância serão dinamizadas sessões que pretendem integrar a IG como eixo estruturante da construção das relações entre crianças e jovens de ambos os sexos. Atendimento a Vítimas de Violência Doméstica. O contexto familiar que a criança integra desempenha um papel fulcral nas suas atitudes e nos seus comportamentos com especial enfoque na reprodução futura de modelos relacionais e de papéis de género. Os dados estatísticos nacionais apontam uma maior percentagem de mulheres como sendo vítimas do crime de VD, num exercício de controlo e de poder baseado em crenças tradicionais do papel de homens e de mulheres nas relações de intimidade. O atendimento poderá ser descentralizado para as freguesias onde a vítima reside, atenuando as dificuldades de deslocação por carências económicas ou associadas a dinâmicas de controlo por parte do agressor. Fóruns de divulgação com envolvimento da comunidade escolar, a serem desenvolvidos em duas vertentes: workshops para profissionais e exposição de trabalhos dos/as alunos/as com o envolvimento das famílias e da comunidade próximos assumem. Booklet. No final do projeto pretende-se produzir, editar, publicar e distribuir um Booklet que espelhe a experiência, os resultados, o impacto, as dificuldades e os constrangimentos e
que possa constituir um suporte para futura implementação do projeto noutros concelhos e noutras instituições, promovendo um efeito multiplicador de boas práticas. Aguardamos com expectativa a aprovação deste projeto, que irá colmatar necessidades concelhias identificadas, bem como promover um trabalho interinstitucional multiplicador de mudança de mentalidades e consequente melhoria da qualidade de vida de todos e todas os/as envolvidos/as. • POR SOFIA MOITA E SARA ALMEIDA E SOUSA (A EQUIPA PROMOTORA DO PROJETO)
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Ação Social e Comunidade
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A INTERVENÇÃO COM FAMÍLIAS MONOPARENTAIS UM CAMINHO…
monoparental por separação/divórcio: O ponto de partida… - Aumento da responsabilidade educativa da progenitora na No acompanhamento social que vem sendo desenvolvido gestão não partilhada nos diferentes domínios familiares; junto das famílias no âmbito de RSI, Ação Social e CPCJ, a - Acumulação de papéis e impossibilidade de dividir tarefas equipa do CCG tem-se confrontado com um aumento de e de socorrer-se do suporte do outro por complementaridade agregados monoparentais. Perante esta realidade e às suas dos papéis; características comuns, designadamente - Maior exigência imputada à progenitora na instabilidade emocional das mães e reduzida conciliação da sua vida familiar, profissional rede de suporte, entendeu-se dinamizar uma As expectativas que estas e social; ação centrada neste público-alvo de forma mães apresentam estão - O rendimento proveniente apenas de um essencialmente a: sempre intimamente elemento não ser suficiente para todos os 1) Sensibilizar para as estratégias de gestão relacionadas com o bemencargos familiares atendendo à imposição emocional e familiar mais adequadas; estar dos filhos assente da monoparentalidade; 2) Refletir acerca do funcionamento dos - O tempo de resposta dos serviços não ser serviços de apoio. na perspectiva de que estes irão ter um percurso célere perante a necessidade imediata do apoio aquando ao reestruturação familiar; O caminho traçado… de vida com mais - A ausência frequente de uma rede de Assim, desenvolveram-se sessões de qualidade do que o seu suporte sólida; intervenção em grupo orientadas para - Os horários profissionais não serem temáticas adjacentes à especificidade compatíveis com os horários escolares e da dinâmica familiar monoparental e à haver necessidade de recurso a alternativas da rede de suporte relação que estas estabelecem com os serviços formais de informal, muitas vezes inexistente, o que gera uma nova apoio/suporte. despesa no orçamento familiar; Desta experiência resulta a promoção de um espaço - Nas situações de desemprego, os baixos rendimentos informativo de partilha entre as participantes e seus filhos familiares leva a uma gestão orçamental muito apertada e, na com a equipa técnica de acompanhamento que tem vindo maioria das vezes, dependente de apoios de terceiros e/ou a refletir em conjunto acerca da monoparentalidade, bem serviços; como do papel dos serviços da rede de suporte formal. - Maior desgaste emocional na figura parental que se espelha na capacidade de gestão das rotinas familiares; Do caminho já percorrido podemos partilhar algumas das - Anulação da vida própria em prol do exercício da considerações do grupo acerca da sua condição de agregado
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parentalidade centrada na satisfação das necessidades e dos interesses dos filhos; - Desacreditação em relações afetivas “felizes”; - O sentimento comum da conotação social negativa da situação de monoparentalidade. A chegada… A chegada individual a cada destino ainda está por definir. O caminho é sinuoso e vai-se percorrendo. As expectativas que estas mães apresentam estão sempre intimamente relacionadas com o bem-estar dos filhos assente na perspetiva de que estes irão ter um percurso de vida com mais qualidade do que o seu, pelo que manifestam um sentimento de maior responsabilidade na influência que podem ter no mesmo. Estes agregados revelam maior fragilidade na sua estrutura, já que priorizam unicamente os cuidados aos filhos em detrimento das necessidades pessoais das mães e o recurso a apoio/suporte é iminente para qualquer decisão familiar. Pese embora a existência de alguns serviços de apoio, estes revelam-se manifestamente insuficientes face às necessidades que apresentam. Esta experiência tem-se revelado positiva, sendo unânime a sua continuidade quer para as participantes, quer para a equipa técnica. Este pequeno passo poderá contribuir para o desmistificar da sua imagem social, facilitar a sua valorização pessoal e reforçar a coragem e perseverança na luta pela sobrevivência. • POR MARIA JOÃO OLIVEIRA (ASSISTENTE SOCIAL CENTRO COMUNITÁRIO DE GEÃO)
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PROGRAMA BE ACTIVE
O envelhecimento é algo natural e inevitável que expressa a perda de algumas capacidades ao longo da vida, devido à influência de diferentes variáveis, como genética, danos acumulados, alterações psíco-emocionais e estilos de vida. Dentre inúmeros benefícios que a prática de atividade física promove, um dos principais é a proteção da capacidade funcional, ou seja, manter a capacidade para realizar as atividades do quotidiano. A atividade física para os idosos é vista como um meio prazeroso de prevenir e de manter a saúde e que, a autoconfiança é atingida a partir de programas adequados de atividade física que favoreçam o organismo e contribuam para a manutenção da autonomia. Nos últimos anos, surgiu um aumento de programas de atividade física como meio de promoção de saúde dos idosos, pois a atividade física regular promove benefícios fisiológicos, psicológicos, sociais proporcionando um envelhecimento saudável para o idoso ao longo da vida. Desde Março de 2016, a Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso está a ser alvo da aplicação do Programa “Be Active”, que consiste na aplicação de um conjunto de testes o qual se denomina Bateria de Testes do Fitnessgram. Este conjunto de testes foi desenvolvido para avaliação dos principais parâmetros físicos associados à mobilidade funcional (força, resistência, flexibilidade, agilidade e equilíbrio) de idosos autónomos. Esta bateria permite a avaliação de uma larga diversidade de idosos, desde os que se encontram na margem próxima da fragilidade até aos que apresentam um bom nível de aptidão física.
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Acredita-se que este programa potencia inúmeras vantagens, quer para os utentes, quer para a instituição: - maior agilidade e autonomia dos utentes, com benefícios físicos e psíquicos; - eventualmente menor recurso a fármacos; - redução da dor e maior taxa de imunidade às infeções; - maior disponibilidade dos recursos humanos; - relação individualizada com os utentes; - eficácia mesurável da intervenção; - inovação da metodologia; - qualificação dos serviços prestados.
O programa está a ser desenvolvido nas três valências residenciais (Lar José Luiz d’Andrade, Lar Dra. Leonor, Casa de Repouso) através de uma metodologia individualizada, na qual os utentes se sentem motivados e estimulados. São submetidos a uma panóplia de exercícios que visam a melhoria dos parâmetros físicos e posteriormente serão reavaliados, a fim de se verificar se houve progressos nas componentes mencionadas anteriormente. Não se trata apenas de fazer exercício, porque já se faziam sessões de ginástica geriátrica nas valências residenciais, mas sim adequar os exercícios a realizar por cada idoso às suas capacidades, de acordo com o diagnóstico inicial.
Não se deve pensar em “prevenir” ou minimizar os efeitos do envelhecimento sem que, além das medidas gerais de saúde, se inclua a atividade física pensada e monitorizada em função de cada pessoa. Paralelamente, esta estratégia serve ainda propósitos de melhoria da interação com os utentes, porque encontram espaço para a sua individualidade, numa estrutura coletiva. Espera assim, a Misericórdia aumentar a auto-estima e o bem-estar físico e psíquico dos seus utentes. • POR RAFAEL ARAÚJO (MONITOR DO PROJETO BE ACTIVE)
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DIA DA MÃE
O Dia da Mãe, assinalado este ano no dia 1 de maio, foi comemorado no lar José Luiz d’Andrade com o habitual lanche convívio entre utentes e seus familiares. O momento marcante da tarde foi assinalado com um discurso emocionado, proferido pelo Provedor da Instituição: agradecendo a presença de todos, salientou a importância da comparência assídua das famílias junto dos utentes das valências residenciais, como forma de garantir a estabilidade emocional dos mesmos. • POR MARTA FERREIRA (ANIMADORA SOCIOCULTURAL)
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PASSOS DE DANÇA AO “RITMO CAID”
utentes com mais anos de vida, em conjunto com o grupo de dança “Ritmo´CAID” do CAID (Cooperativa de Apoio à Integração do Deficiente), desfrutaram de uma tarde bastante animada onde a dança em total harmonia com a música foram os grandes estimuladores de mais um dia bastante divertido para todos. Os alunos do grupo de dança do CAID abrilhantaram a tarde com várias atuações que contagiaram todos os presentes. Foram vividos momentos de puro entretenimento e alegria, aproveitando a arte da dança como forma de expressão, onde os sorrisos que se soltavam a cada passo evidenciavam a felicidade experimentada por todos os presentes. Os momentos de convívio intergeracional entre pessoas com experiências tão diferentes só vem provar que na dança não existem barreiras. Utentes séniores da Misericórdia de Santo Tirso das valências Lar José Luiz d’Andrade, Lar Dra. Leonor Beleza, Casa de Repouso de Real e Centro Comunitário de Geão celebraram o Dia Mundial da Dança. Instituído pelo Comité Internacional da Dança da UNESCO no ano de 1982, o Dia Mundial da Dança (ou Dia Internacional da Dança) celebra-se todos os anos a 29 de abril, tendo como objetivo promover esta arte de linguagem universal, demonstrando toda a sua universalidade, independentemente das barreiras políticas, culturais e éticas. Este ano a Misericórdia assinalou este dia com uma “Tarde Dançante” no Centro Comunitário de Geão em que os seus
A Dança é universal! • POR HUGO MARTINS (DEP. FORMAÇÃO, IMAGEM E RELAÇÕES EXTERIORES)
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TERAPIA DA FALA CAMINHAR PARA DESMISTIFICAR
No dia 6 de Março de 2016 comemorou-se o Dia Europeu da Terapia da Fala. A instituição não ficou indiferente a esta data. A Terapia da Fala não é só para crianças e para aquelas que não falam bem. Como forma de comemoração, foram afixados cartazes nas várias valências da Misericórdia, dando informações sobre a população-alvo e sinais de alerta que indicam a necessidade de procura de um Terapeuta da Fala. Na Clínica de Fisiatria foi projetado um vídeo realizado pela Associação Portuguesa de Terapeutas da Fala intitulado “O Terapeuta da Fala pode fazer a diferença”. Foi também realizada uma semana de rastreios de Terapia da Fala gratuitos para a população em geral. O Terapeuta da Fala é o profissional responsável pela “prevenção, avaliação, intervenção e estudo científico das perturbações da comunicação humana, englobando não só todas as funções associadas à compreensão e expressão da linguagem oral e escrita, mas também outras formas de comunicação não verbal. O Terapeuta da Fala intervém, ainda, ao nível da deglutição (passagem segura de alimentos e bebidas através da orofaringe de forma a garantir uma nutrição adequada).” (ASHA, 2007). O caminho faz-se caminhando. Se, outrora, o âmbito de atuação do Terapeuta da Fala cingia-se à Comunicação e Fala, atualmente, o Terapeuta da Fala intervêm a nível da Comunicação, Linguagem, Fala, Voz, Motricidade Orofacial e Deglutição. As crianças deixaram de ser a parte principal da população em que o Terapeuta da Fala, maioritariamente, intervém. Cada
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vez mais adultos e idosos procuram o apoio da valência nesta especialidade. As Perturbação de Linguagem adquiridas, vulgarmente designadas de Afasia; as Perturbações Motoras da Fala, Disartria e Apraxia do Discurso; as Perturbações da Voz e as Perturbações de Deglutição são as alterações mais frequentes na população adulta. Sinais de alerta, que indicam a necessidade de avaliação de um Terapeuta da Fala: Crianças: - Não fala; - Não se consegue expressar; - Os outros não o conseguem compreender; - Não produz corretamente alguns sons; - Tem um vocabulário pobre; - Tem muitos erros na escrita; - Rouquidão por um período superior a 15 dias; - Respira pela boca/Está sempre de boca aberta; - Mastiga de boca aberta. Adultos/Idosos: - Rouquidão por um período superior a 15 dias; - Não se consegue expressar, após lesão neurológica; - Os outros não o conseguem compreender, após lesão neurológica; - Engasga-se frequentemente. • POR RAQUEL MARTINS (TERAPEUTA DA FALA CLÍNICA DE FISIATRIA E UCC)
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ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL PARA UMA GRANDE CAMINHADA
Numa altura em que se iniciam as peregrinações e caminhadas de grande intensidade, aquando do começo de um tempo mais quente, é preciso ter atenção para que o esforço não seja demasiado e que o nosso corpo não se ressinta. Existem pontos-chave que precisamos preservar: hidratação e estado muscular. Para tal, uma boa alimentação é fundamental na manutenção do bom funcionamento do nosso corpo. Para uma boa hidratação… É crucial a ingestão de água antes, durante e após a caminhada. A desidratação pode desencadear efeitos negativos como a fadiga precoce.
ou frango) + 1 peça de fruta/néctar + 1 copo de leite/iogurte liquido (se não se sentir indisposto) Almoço/Jantar: 1 creme de cenoura com arroz/massa + Esparguete com bifes de frango + 1 peça de fruta Após a caminhada É necessário repor as “energias” e para isso devemos ingerir alimentos ricos em hidratos de carbono, como arroz, massa, batata, pão e fruta e alimentos ricos em proteína, como peixe, carne, ovos, leite e iogurte. Exemplos de refeições pós-caminhada:
Para manutenção do estado muscular… São necessários cuidados antes, durante e após a caminhada. Antes da caminhada É aconselhável fazer uma refeição rica em hidratos de carbono, o maior fornecedor de energia, entre 1 a 4 horas antes da caminhada. Inclua alimentos como massa, arroz, leguminosas, cereais e frutas. Exclua alimentos processados como as barras de cereais, bolachas e produtos açucarados, entre outros. Caso se sinta indisposto exclua a ingestão de leite e derivados, como queijo e o iogurte antes da caminhada.
Lanche: 1 Pão de mistura com 1 fatia de queijo + 1 peça de fruta/ néctar + 1 iogurte Jantar: 1 Sopa com arroz/massa + Arroz de ervilhas com 1 posta de salmão + 1 peça de fruta/doce (ocasionalmente) Não se esqueça de seguir uma alimentação completa, variada e equilibrada de acordo com a Roda dos Alimentos e as indicações de nutricionistas! •
Exemplos de refeições pré caminhada: POR CATARINA LEITE, DANIELA MOREIRA E MAFALDA GONÇALVES (ESTAGIÁRIAS DO
Pequeno-Almoço/Lanche: 1 pão de mistura com 1 fatia de fiambre (de preferência peru
SERVIÇO DE NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO DA ISCMST)
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CAMINHE!
É hoje evidente que o exercício físico é parte integrante de uma forma de estar na vida de milhares de Portugueses. Fazemos exercício por diversas razões: para controlar o peso, para melhorar a estética, prevenção de doenças cardíacas, como coadjuvante terapêutico ou simplesmente como escape emocional (Soares, 2015). De entre as diferentes atividades físicas relacionadas com a saúde e performance, a caminhada destaca-se como um exercício de eleição. As razões são várias, desde ser acessível a todos, não implicar qualquer tipo de ambiente específico, constituir uma excelente atividade do ponto de vista cardiovascular, ser pouco exigente tecnicamente, e como tal, pode ser praticada por pessoas sem experiência desportiva prévia (Mendes, Sousa e Barata, 2011).
“barreiras do exercício”. Existindo estas barreiras, há que contorná-las! Segundo a Direcção Geral da Saúde, a duração e o ritmo da caminhada dependerão do estado físico de cada pessoa. Sendo aconselhável caminhar 30 a 45 minutos por dia; a duração, frequência e intensidade do exercício deverá ser aumentada gradualmente. O ideal é caminhar ao ar livre, de preferência sobre terrenos regulares e planos.
O equipamento deve ser adaptado, especialmente o calçado. Sendo o mais adequado o uso de sapatilhas. A escolha depende de fatores como o peso, tipo de pé e passada, o piso em que caminha, e distâncias O ideal é caminhar ao ar livre, normalmente percorridas. Pois quando de preferência sobre terrenos inadequado pode causar dores ou regulares e planos. lesões (Souza, 2015).
Neste sentido e dada à sua popularidade, farei algumas considerações e sugestões relativas à caminhada como meio de exercício com inúmeras vantagens, seja do ponto de vista da saúde ou simplesmente como lazer. Os benefícios da caminhada são evidentes. E mesmo conhecidos todos os proveitos, as dificuldades residem na maioria das vezes em dar o primeiro passo, pois é necessário força de vontade, caso contrário deixámo-nos vencer pelas
O ser humano sempre conviveu com um fator básico: a adaptação. Quando o nosso corpo entra em adaptação, ele gasta menos energia. Pelo que é essencial procurar diversificar o treino, promovendo a alternância de estímulos durante os exercícios. Por exemplo, treinar os músculos dos braços, flexibilidade e equilíbrio (Godoy, 2002). A prática de uma atividade física regular é indicada para pessoas de todas as idades. Seja através de uma ação preventiva, em pessoas saudáveis, ou terapêutica em pessoas doentes.
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Porém, existem contra-indicações absolutas para a caminhada, mas são raríssimas! Se existirem dúvidas, é conveniente consultar um profissional de saúde, mas recorde-se que as caminhadas são um excelente coadjuvante terapêutico para muitas doenças. Com as mudanças e facilidades decorrentes do progresso, observou-se uma significativa modificação no comportamento do ser humano e o exercício é hoje uma necessidade indiscutível numa sociedade como a nossa. Caminhe!
Bibliografia: Godoy, R. (2002). Beneficios Do Exercício Fisíco Sobre a Área Emocional. Movimento. Porto Alegre, 8(2), 7-16. https://www.dgs.pt/documentos-e-publicacoes/a-actividade-fisica-e-o-desportoum-meio-para-melhorar-a-saude-e-o-bem-estar-pdf.aspx https://www.google.pt/search?q=caminhar&rlz=1C1AVNG_enPT671PT672&so urce=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjK2bTW98PMAhUDnRoKHSWPAX gQ_AUIBygB&biw=1280&bih=699#imgrc=UFUwVa3LWZOVWM%3A Mendes, R., Sousa, N., Barata, J.L.T., (2011) Actividade Física e Saúde Pública Recomendações Para a Prescrição de Exercício. Acta Med Port; 24: 1025-1030. Soares, J. (2015). Running Muito Mais Do Que Correr. Porto Editora. Souza, W. C. Et al (2015). Exercício físico na promoção da saúde na terceira idade. Saúde e Meio Ambiente: revista Interdisciplinar. V 4; n 1, p 55-65. •
POR JOÃO PEDRO ANDRADE (FISIOTERAPEUTA NA ISCMST)
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CICLO DE MARCHA
A caminhada é uma forma natural de locomoção vertical, cujo padrão motor se caracteriza por uma ação alternada e progressiva das pernas e um contacto contínuo com a superfície de apoio, o solo. Esta ocorre devido a um ciclo de marcha que é o intervalo de tempo ou a sequência de movimentos que ocorre entre dois contactos sucessivos do mesmo pé com o solo. Este é composto por diferentes eventos caraterísticos cuja identificação permite a sua divisão em várias fases da marcha. Existem diferentes formas de dividir o ciclo de marcha, descrevendo-se em seguida a metodologia proposta por Whittle (2003). As duas fases principais do ciclo de marcha são a fase de apoio e a fase de balanço. A fase de apoio corresponde ao Fase de apoio Suporte bilateral
Suporte unilateral
Fase de absorção do choque
0% 2%
Fase de balanço
10%
Fase média de apoio
30%
Suporte bilateral
Fase final de apoio
50%
Suporte unilateral
Fase de prébalanço
Fase de balanço inicial
60%
Fase média de balanço
73%
87%
Fase final de balanço
100%
Figura 1: Caracterização percentual das fases do ciclo de marcha, em termos temporais (adaptado de Whittle, 2003)
período do ciclo de marcha em que o pé direito está em contacto com o solo, já a fase de balanço começa no momento em que o pé direito é levantado do solo e acaba no momento em que o calcanhar direito contacta novamente o solo. Cada uma destas fases pode ainda ser subdividida em mais subfases de acordo com os diferentes objetivos funcionais do ciclo de marcha, Figura 1. A marcha sofre influências decorrentes do processo de envelhecimento visto que a velocidade de marcha e o comprimento da passada tendem a diminuir com o envelhecimento. Estruturalmente, a marcha é modificada de acordo com as características de cada indivíduo, sua natureza morfológica, tipo de atividade, idade e presença de determinadas doenças, entre outros fatores. Comparativamente com os jovens, os idosos desenvolvem ações compensatórias na marcha. Verifica-se a redução do comprimento do passo, aumento da base de suporte, aumento da fase de duplo apoio, diminui a rotação do tronco, aumentando a dor e desconforto, ocorrendo limitação em termos de amplitudes articulares. No idoso, muitas vezes, estes ajustes posturais antecipatórios falham ocorrendo desequilíbrios e possivelmente queda. Estudos mostram que já cerca de 40% a 60% dos idosos com idade superior a 65 anos, já cairam pelo menos uma vez (Mansfield, Peters, Liu, & Maki; Carvalho, Pinto, & Mota, 2007).
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O medo de cair é um sintoma vivido nesta faixa etária, podendo acarretar inúmeras repercussões, daí ter vindo a ser reconhecido como um problema de saúde no idoso. Aproximadamente 30% dos idosos são afetados pelo medo de queda (Bruce, Devine, & Prince, 2002). Este é um dos grandes fatores de risco de queda, estando associado à fragilidade, défice de equilíbrio e redução de mobilidade, assim como fatores psicológicos como a depressão e ansiedade que podem estar relacionadas com este medo. Os dispositivos de auxílio da marcha, de um modo geral, são prescritos devido a razões múltiplas, passando estas por alterações de equilíbrio, dor, fraqueza acentuada, fadiga, instabilidade articular, pós-operatórios de cirurgias diversas e para minimizar a descarga de peso nos pós-
operatórios ortopédicos. O seu uso é fundamental para eliminar ou minimizar a descarga de peso no membro afetado. A redução da carga dá-se por meio da transmissão da força dos membros superiores para o solo, mediante uma pressão para baixo contra o dispositivo auxiliar (Lehmann,1994). Os mais comuns são as canadianas, bengalas, tripés e andarilhos (móvel e fixo), (Figura 2).
Bibliografia Whitle, M.(2003). Gait analysis an introduction. Oxford Boston, Butterworth – Heinemann. Mansfield, A., Peters, A.L., Liu, B.A.,& Maki, B.E. (31 de Maio de 2007). A perturbation-based balance training program for older adults: study protocol for a randomised controlled trial, BMC geriatrics. Lehmann, J.F.; Kottke, F.J. (1994) Tratado de medicina fisica e reabilitação de Krussen.4. ed. São Paulo: Manole. Carvalho, J., Pinto, J., & Mota, J. (Agosto de 2007). Actividade física, equilibrio e medo de cair. Bruce, D. G., Devine, A., & Prince, R. L. (Janeiro de 2002). Recreational physical levels in healthy older women: the importance of fear of falling. JAGS,50 •
POR ANA CATARINA FERREIRA (FISIOTERAPEUTA NA ISCMST)
Bengala
Canadianas
Figura 2: Diferentes auxiliares de marcha.
Andarilho fixo
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UM DIÁLOGO SOBRE ALZHEIMER
O que é a doença de Alzheimer? A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência, na qual se verifica um declínio progressivo das funções cognitivas. Nesta patologia estão presentes alterações no comportamento, na personalidade e na capacidade funcional da pessoa e por isso, a sua progressão torna os doentes cada vez mais dependentes de terceiros em aspetos como a higiene pessoal, a alimentação, ou o vestuário.(1) Que impacto tem a doença de Alzheimer em Portugal? Em Portugal estima-se que a doença de Alzheimer corresponda 50-70% do total dos casos de demência nos adultos com mais de 60 anos, que se infere que seja entre 80 144 a 112 201 pessoas. No entanto, oficialmente encontram-se diagnosticados e a receber anti-demenciais 76 250 doentes, o que representa um encargo financeiro de 37 M€/ano.(2) Pode-se prevenir a doença de Alzheimer? Não, atualmente a doença de Alzheimer não pode ser evitada por nenhuma intervenção médica. Então não podemos fazer nada relativamente a esta doença? Embora não exista uma intervenção que por si só evite o desenvolvimento de Alzheimer, existem fatores de risco nos quais podemos intervir para evitar/adiar o aparecimento desta doença, como a presença de doenças cardiovasculares, de diabetes Mellitus tipo 2, a inatividade, o nível de escolaridade, ou a malnutrição. No entanto, existem também fatores de risco para os quais não temos nenhuma forma de atuar,
como a idade (não podemos fazer com que uma pessoa não envelheça), fatores genéticos/hereditários e mesmo a ocorrência prévia de traumatismo crânio-encefálico (1). Como é que a doença de Alzheimer se desenvolve? A doença de Alzheimer ocorre porque existe uma diminuição do número e atividade dos neurónios, que são células do sistema nervoso. O problema é que ao contrário de outras células do nosso organismo, quando estas deixam de existir não são substituídas por células novas, como ocorre quando nos cortamos, ou “esfolamos” um joelho. Por isso, a morte/lesão destas células leva a que surjam danos irreversíveis no que diz respeito ao comportamento e atividade Humanas, e que as capacidades perdidas no decorrer desta doença dificilmente possam ser recuperadas ou reaprendidas. Pode explicar melhor como é que a doença de Alzheimer é diagnosticada e se desenvolve? Normalmente a doença é diagnosticada quando o declínio das funções cognitivas ocorre com uma intensidade suficiente para prejudicar as atividades pessoais e de vida diária de um indivíduo. Este início ocorre normalmente de uma forma insidiosa e associa-se a uma deterioração lenta do comportamento, personalidade e capacidade funcional de uma pessoa. A progressão da doença pode ser caracterizada em 3 fases de evolução (ligeira, moderada e grave). A fase ligeira é sobretudo caracterizada por alterações de
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memória, podendo estar também presentes outras alterações do pensamento, como dificuldade em nomear as palavras certas. Nesta fase os problemas podem incluir não saber onde se está, confusão a efetuar pagamentos, repetir-se frequentemente, esquecer-se onde coloca as coisas e ter alterações súbitas de humor/personalidade. (1) Na fase moderada da doença de Alzheimer estão mais presentes as alterações relacionadas com a linguagem, o raciocínio, o processamento sensorial e o pensamento consciente. Nesta etapa é frequente que ocorra uma maior perda de memória e confusão, com o doente a apresentar dificuldades em reconhecer familiares e amigos e ser incapaz de aprender coisas novas. Tarefas que envolvam vários passos (ex.: vestir-se) tornam-se cada vez mais complicadas e as alterações de humor e comportamento ficam mais exacerbadas podendo manifestar-se sob a forma de: apatia, depressão, alucinações, delírios, comportamentos impulsivos, comportamentos de arrecadação e hiperdeambulação.(1) Por último, na fase grave os doentes encontram-se totalmente dependentes do apoio de terceiros para realizar as suas atividades de vida diárias, não conseguindo comunicar o seu desconforto, ou outro tipo de informação. Neste período é possível que surjam alterações como perda de peso; convulsões; perda da integridade cutânea; dificuldade em engolir; aumento da sonolência e incapacidade no controlo dos esfíncteres anal e vesical.(1) É uma evolução complexa… Sem dúvida!! Mas é muito importante ter presente que a
doença de Alzheimer afeta cada indivíduo de uma forma diferente e por isso, os sintomas de que falamos e mesmo a ordem porque foram apresentados podem variar. Mas a doença em si é sempre a mesma, certo? Não necessariamente, porque existem 3 subtipos desta doença: - Alzheimer de Início Precoce; - Alzheimer de Início Tardio ou Alzheimer Esporádico; - Alzheimer Familiar. No entanto, nos diferentes subtipos as consequências são semelhantes. (1) - Alzheimer de Início Precoce É uma forma rara da doença, que é diagnosticada antes dos 65 anos e ocorre em menos de 10% das pessoas com Alzheimer. Este subtipo surge frequentemente associado a pessoas com Síndrome de Down e acredita-se que esteja associado a alterações presentes no cromossoma 14.(1) - Alzheimer de Início Tardio ou Alzheimer Esporádico Normalmente é a este subtipo que nos referimos quando falamos da doença de Alzheimer. Esta forma corresponde a um início mais tardio (após os 65 anos), representa 90% dos casos diagnosticados e afeta pessoas que podem ter ou não, antecedentes familiares da doença.(1)
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UM DIÁLOGO SOBRE ALZHEIMER
- Alzheimer Familiar É o subtipo menos comum e com uma maior componente hereditária, em que se um dos pais tiver o gene mutado, o risco de um filho vir a herdar a doença é de 50%. A presença deste gene está então associado a um maior risco de desenvolver a doença, que surge neste subtipo entre os 40 e os 60 anos.(1) Então e o cuidador? O cuidador precisa de ser encarado de 2 formas: como o prestador de cuidados de uma pessoa com demência e, ele próprio como um doente. ….Como um doente? Sim, como um doente… Porque o familiar que cuida do doente com Alzheimer tem um maior risco de vir a ter depressão, hipertensão e outras doenças cardiovasculares ou respiratórias. Deste modo, quando um profissional de saúde contacta com o familiar prestador de cuidados é necessário que avalie um conjunto de aspetos, nomeadamente: - Que conhecimentos, habilidades e expectativas tem face ao tratamento instituído e de que forma os serviços conseguem dar resposta às necessidades do cuidador (o suporte social prestado é suficiente?); - Existem sinais de distress verbalizadas pelo cuidador, ou avaliadas indiretamente através de alterações como: o aumento de consumo de tabaco e/ou álcool, alteraçoes de peso e perturbações do sono?; - Como é a qualidade da relação doente-cuidador, o papel de cuidador é gerador de conflitos familiares? (3)
Como é que Cuidador poderá obter mais informação sobre como cuidar a Pessoa com a doença de Alzheimer? Para além dos profissionais de saúde com quem interage, como o médico de família, neurologista, enfermeiro, psicólogo etc., o Cuidador pode aceder a outras fontes de informação, de modo a adequar as suas expectativas à realidade e adotar comportamentos que sejam facilitadores deste processo de transição saúde-doença. Um exemplo é a Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de Doentes com Alzheimer, que prestam esclarecimentos sobre a doença e propõem estratégias a adotar na mesma. Alguma desta informação pode ser consultada no site http://alzheimerportugal.org/pt/inicio. Existe algum outro tipo de suporte que permita que o Cuidador “descanse”, do desafio que é olhar por alguém com a doença de Alzheimer? Sim, a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) dispõe de Unidades de Longa Duração (ULDM) que podem proporcionar o internamento em caso de dificuldades de apoio familiar, ou na necessidade de descanso do principal cuidador, até um total 90 dias/ano. (4) Que tipo de cuidados é que assegura a ULDM? A ULDM assegura que são prestados cuidados multidisciplinares, nomeadamente: cuidados de enfermagem permanentes, cuidados médicos, de fisioterapia e de terapia ocupacional. Assegura ainda apoio psicossocial, atividades de manutenção e estimulação, animação sociocultural e suporte no desempenho das atividades da vida diária, como a higiene, conforto e alimentação. (5)
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Como é que que se pode ter acesso a este tipo de cuidados? Para requerer os serviços que foram descritos é necessário contactar o médico, enfermeiro ou assistente social do Centro de Saúde da área de residência do doente. Após este contato uma equipa do Centro de Saúde irá avaliar a situação do doente e verificar se este reúne as condições necessárias para ser encaminhado para a Rede, caso isto ocorra será enviada uma proposta de admissão à Equipa Coordenadora Local (ECL) da área, que emite um parecer final. (5)
Bibliografia: 1. Correia A, Filipe J, Santos A, Graça P. Nutrição e Doença de Alzheimer. 2015. 2. Santana I, Rodrigues V, Farinha F, Carvalho Á, Freitas S. Epidemiologia da Demência e da Doença de Alzheimer em Portugal: Estimativas da Prevalência e dos Encargos Financeiros com a Medicação. 2015. 3. Saúde D-Gd. Abordagem Terapêutica das Alterações Cognitivas. 2011. p. 21. 4. Decreto-Lei n.º 101/2006, de 6 de Junho, (2006). 5. INSTITUTO DA SEGURANÇA SOCIAL IP. Guia Prático – Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrado. 2014;4.16. • POR SÉRGIO FONSECA (VOLUNTÁRIO NO ÂMBITO DA UNIDADE CURRICULAR DE FORMAÇÃO SOCIAL E HUMANA DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO)
Que mensagem é que considera importante “levar para casa” quando falamos de Alzheimer? Considero que é importante que a sociedade compreenda que a doença de Alzheimer é uma doença desestruturante, não só para o indivíduo que dela padece e vê a sua qualidade de vida a decair inexoravelmente até ao ponto de ficar dependente de terceiros para as mais simples atividades do dia-a-dia, como também para a sua família, que assiste impotente a todo um processo de degradação físico e psíquico no qual se sente como um mero espectador. É fundamental que todos nós estejamos alerta e tenhamos consciência do que esta doença envolve, de forma a dar qualidade de vida a quem dela padece e suporte a quem se sente impotente perante a degradação física e psíquica que ocorre em alguém que lhe é próximo.
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Ação Educacional
ESCOLA E FAMÍLIA UMA CAMINHADA CONJUNTA
A Família e a Escola são dois contextos sociais que contribuem para a educação da criança, sendo fundamental a boa relação entre estes dois agentes educativos. Consciente da importância desta temática, a nossa Instituição definiu como projeto pedagógico o tema “ A Família”. O Jardim de Infância, ao longo deste ano letivo, tem vindo a realizar algumas atividades que envolvem a família, no sentido de estreitar laços e caminhar para um desenvolvimento integral das suas crianças, tendo como exemplo as atividades comemorativas do Dia do Pai, Dia da Mãe, entre outras. Nesta caminhada conjunta Escola/Família, o contributo dos diferentes saberes e competências para o trabalho educativo a desenvolver com as crianças leva ao alargamento e enriquecimento das aprendizagens…. • POR ALEXANDRA CARVALHO (COORDENADORA DO JARDIM DE INFÂNCIA)
Aula de Zumba no Dia da Mãe
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#31
Ação Educacional
ESCOLA E FAMÍLIA UMA CAMINHADA CONJUNTA
Um sábado de manhã diferente no Dia do Pai
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Ação Educacional
EDUCAR DESDE PEQUENINO!
No âmbito dos estágios profissionais e curricular à Ordem dos Nutricionistas e Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, respetivamente, desenvolveram-se 2 projetos em simultâneo no Jardim de Infância da ISCMST: um com a sala dos 5 anos e outro com a sala dos 3 anos. Cada vez mais a idade infantil é considerada uma janela de oportunidade para a intervenção a nível nutricional. É nesta idade que se criam bons ou maus hábitos alimentares, sendo importante intervir desde cedo. Dados revelados pelo Programa Nacional do Combate a Obesidade indicam que se não forem tomadas medidas para prevenir e tratar a obesidade “mais de 50% da população mundial será obesa em 2025”. É nesta base de trabalho que tentamos evitar que as crianças criem maus hábitos alimentares. O projeto alimentar, “Para bem comer é preciso conhecer”, da sala dos 3 anos tem como objetivo comum a promoção de hábitos saudáveis. Nunca esquecendo a importância de todos os grupos da Roda dos Alimentos, existem grupos de alimentos que não são tão recetíveis pelas crianças, nomeadamente, os Hortícolas e as Frutas, e por isso este projeto conta com 2 sessões de educação alimentar. Estas sessões são de conteúdo mais prático, dando a conhecer e a provar quer hortícolas quer frutas que habitualmente não são ingeridas nesta tenra idade. Após as sessões práticas, foi feita de forma sucinta uma explicação dos benefícios do consumo destes 2 grupos da Roda dos Alimentos, não descuidando os outros 5 grupos.
O projeto alimentar da sala dos 5 anos designado de “É de pequenino…que se come direitinho!” tem como objetivo promover um estilo de vida saudável às crianças. Este projeto conta com 8 sessões de educação alimentar, sessões essas que tiveram por base os princípios da Roda dos Alimentos, que é um guia alimentar para a população portuguesa, os princípios de higiene à hora das refeições, a distribuição dos alimentos de forma saudável ao longo do dia/refeições e a promoção do consumo de novos alimentos. Conscientes do papel da família na alimentação e na educação alimentar das crianças, considerou-se fundamental a partilha de conhecimentos com os pais e encarregados
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Ação Educacional
de educação. Assim, no final de cada sessão, foi entregue um folheto com algumas informações e dicas no sentido de oferecer ajudas práticas para o planeamento da alimentação de toda a família. Esperamos assim alcançar o objetivo deste projeto: promover um estilo de vida mais saudável! • POR CATARINA LEITE, DANIELA MOREIRA E MAFALDA GONÇALVES (ESTAGIÁRIAS DO SERVIÇO DE NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO DA ISCMST)
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Cultura
#31
O ANO JUBILAR E AS 14 OBRAS DE MISERICÓRDIA
“Decidi convocar um Jubileu Extraordinário que tenha o seu centro na Misericórdia de Deus. Será um Ano Santo da Misericórdia.” Foi com estas palavras que o Papa Francisco anunciou o Jubileu da Misericórdia, no dia 13 de Março, segundo aniversário da sua eleição ao Pontificado, durante a celebração da penitência presidida na basílica vaticana. O Jubileu da Misericórdia começará com a abertura da Porta Santa na Basílica Vaticana durante a Solenidade da Imaculada Conceição e terminará no dia 20 de novembro de 2016. “É o ano do perdão, o ano da reconciliação”, afirmou o Santo Padre, acrescentando que decidiu convocar este Ano Santo porque “sentiu que havia um desejo do Senhor de mostrar aos homens a sua misericórdia”. As 14 Obras de Misericórdia e o Jubileu Instituídas em Portugal no sec. XVI, por mérito da Rainha D. Leonor, as Misericórdias têm como compromisso a prática das 14 Obras de Misericórdia que representam a persistência e a prática da caridade cristã. Todas as vezes que um fiel viver uma ou mais destas obras pessoalmente, obterá a indulgência jubilar. É a 15 de Agosto de 1498, que D. Leonor funda a primeira Misericórdia Portuguesa (Misericórdia de Lisboa), com o intuito de combater as dificuldades e a miséria em que vivia grande parte da população. Foi do compromisso elaborado por esta Misericórdia (cujo original foi provavelmente perdido no terramoto de 1755) que surgiram as 14 Obras de Misericórdia,
e que ainda hoje servem de referência à atividade das diferentes Misericórdias espalhados por todo o País. As Obras de Misericórdia estabelecem 14 princípios de caráter caritativo, através dos quais se procura promover a ajuda ao próximo nas suas necessidades espirituais (questões morais e religiosas) e corporais (questões materiais): Obras Corporais
Obras Espirituais
Dar de comer a quem tem fome
Dar bons conselhos
Dar de beber a quem tem sede
Ensinar os ignorantes
Vestir os nus
Corrigir com caridade os que erram
Dar pousada aos peregrinos
Consolar os tristes
Visitar os enfermos
Perdoar as injúrias
Visitar os presos
Suportar com paciência as fraquezas do nosso próximo
Enterrar os mortos
Rezar a Deus por vivos e mortos
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Cultura
Através destes princípios, as Misericórdias direcionam a sua ação na ajuda aos mais pobres e doentes nas suas fragilidades e necessidades. São princípios orientadores do papel social das diferentes Misericórdias do País, na assistência aos mais necessitados. São a síntese dos princípios da verdadeira solidariedade, numa constante adaptação a cada tempo, mantendo-se sempre atuais e oportunos. A Misericórdia de Santo Tirso e as 14 Obras de Misericórdia Desde a sua fundação a 3 de julho de 1885, a Irmandade e Santa Casa da Misericórdia procurou sempre manter-se fiel às 14 Obras de Misericórdia, procurando sempre adaptar-se ao mundo que nos rodeia. Como instituição de solidariedade que é, ao longo dos seus já 131 anos, desempenhou um papel determinante na assistência e proteção das gentes de Santo Tirso: tratar dos doentes, tratar da alma, enterrar os mortos, distribuir esmolas pelos pobres e acolher pessoas de idade e jovens com dificuldades eram algumas das ocupações desta Santa Casa. • POR HUGO MARTINS (DEP. FORMAÇÃO, IMAGEM E RELAÇÕES EXTERIORES)
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Cultura
#31
O CORAL DA MISERICÓRDIA POR TERRAS DAS ASTÚRIAS
O intercâmbio cultural entre regiões Ibéricas resulta do empenho abnegado de grupos que valorizam o saber, a cultura e as relações humanas. Com este espírito, “nuestros hermanos”, para além de cultivar, preservar e exibir a arte e riqueza da sua música e os cantares dos seus povos e regiões autonómicas, dão a conhecer às suas populações a cultura que se faz em Portugal. Com base nesse propósito, o Coral Polifónica “Anoranzas” de Las Piezas, de Langreo, convidou o Coral da Misericórdia de Santo Tirso a deslocar-se ao Ayuntamento de Langreo, na Comunidade Autónoma Principado das Astúrias, Espanha, para participar no VIII Encontro Coral da Primavera “Anoranzas”, de Langreo. Foi nesta cidade, contígua ao concelho e cidade capital das Astúrias, Oviedo, atravessada pelo rio Nalón, com um subsolo rico em minério e uma forte atividade siderúrgica e química, que o Coral da Misericórdia se apresentou, no dia 14 de Maio, em concerto realizado no Auditório do Conservatório Profissional de Música Valle de la Nellon. Para além do coral anfitrião, também participou nesse evento o “Coro Fundación de los Ferrocarriles Españoles”, de Madrid. A apresentação do Coral da Misericórdia de Santo Tirso foi do agrado de todo o público que encheu por completo o acolhedor Auditório e recebeu o elogio dos grupos corais participantes dado o nível musical e a qualidade vocal do coro português.
No final da sua atuação, o Coro foi convidado, pela respetiva organização, a interpretar uma peça extraprograma, facto que prestigiou e honrou todos os elementos que integram o Coral da Misericórdia. Nas horas de convívio e confraternização que se seguiram e que se prolongaram pela noite dentro, entre risos e cantigas, houve tempo para se estabelecerem contactos e se reafirmar laços de amizade entre os elementos dos coros, projetando-se possíveis intercâmbios artísticos e culturais. Foi desta forma que o Coral da Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso, participou neste VIII Encontro Coral da Primavera “Anoranzas”, em Langreo, deixando uma vez mais, nesta sua terceira deslocação às Astúrias, uma marca, ainda que indelével, no panorama artístico-coral desse “Paraíso Natural”, tudo, com certeza, fruto do valor e da qualidade musical do Coral da Misericórdia que, afirmando-se como uma maisvalia no panorama artístico e cultural da cidade de Santo Tirso, contribui para levar bem longe o nome da cidade e da Instituição a que pertence.• POR JOSÉ MAGALHÃES COELHO (PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA DO CORAL)
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Cultura
Concerto Descrição
Local
Data
Hora
Organização
Missa "131º Aniv. Misericórdia Santo Tirso"
Igreja Matriz Santo Tirso
03.Jul.16
12H00
Misericórdia de Santo Tirso
Casamento
Igreja Castelões-Penafiel
16.Jul.16
12H00
Maria Salette Figueiredo
Casamento
Igreja de Gondar-Pevidém
03.Set.16
15H00
Maria Ivone Costa
Concerto " 18.º Aniversário do Coral "
Auditório Eng.º Eur. Melo
22.Out.16
21H30
Coral da Misericórdia de Santo Tirso
A Gente Vai Continuar Jorge Palma (letra e música)
Tira a mão do queixo não penses mais nisso O que lá vai já deu o que tinha a dar Quem ganhou ganhou e usou-se disso Quem perdeu há-de ter mais cartas pra dar E enquanto alguns fazem figura Outros sucumbem á batota Chega a onde tu quiseres Mas goza bem a tua rota Enquanto houver estrada pra andar A gente vai continuar Enquanto houver estrada pra andar Enquanto houver ventos e mar A gente não vai parar Enquanto houver ventos e mar Todos nós pagamos por tudo o que usamos O sistema é antigo e não poupa ninguém Somos todos escravos do que precisamos Reduz as necessidades se queres passar bem Que a dependência é uma besta Que dá cabo do desejo A liberdade é uma maluca Que sabe quanto vale um beijo
E a Misericórdia vai continuar a CAMINHAR...
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Cultura
POEMAS CAMINHAR/CAMINHO
Caminho aberto Calcado pela vida Na busca d’estrelas Numa era perdida Neste mundo de caminhos Com tanta direção Seria bom o escolhido Ter apoio do coração Porque só Deus conhece Nosso fim do caminho Nesta vida de metas Vamos percorrer sorrindo Abril 2016 Anyta
A vida é um constante Rasgar e remendar Só quem caminha como se fosse eterno Se esquece que a brisa é leve e o vento passa e ainda se fere com os espinhos que se esqueceu que existiam Só porque o perfume da rosa o inebriou cada palavra um passo cada passo um sentido quem não retira da dor ou dos erros ensinamentos nada colhe do caminho parto com os ventos e com as marés para a viagem mais longa ao interior de mim. Céu Machado
CAMINHO
Quando se revelou a poesia Como fosse minha estrela Toda a vida viveu comigo Porque já nasci com ela Sempre semeei na mente Palavras com poesia Semente em pousio na terra Colher quando chegasse o dia Quem me dera ter tempo Mesmo que seja lento De mostrar mais caminho Entre planos e pedras Poemas que são deveras Do meu peito vão saindo Abril 2015 Anyta
Que local do concelho de Santo Tirso escolheria para fazer uma declaração de amor? Para fazer uma declaração de amor eu escolheria um sítio que fosse muito especial e único. Como sou dos tempos do antigamente, escolheria um barco a remos no meio do nosso, outrora lindo e limpo, Rio Ave. Já leu algum livro de José Saramago, o único escritor português a receber o prémio Nobel da Literatura? Não li José Saramago, mas li “Somos”, de Carla Valente, uma tirsense que tem o dom de escrever poesia. O que mais a entristece no concelho de Santo Tirso? O que mais me entristece no concelho de Santo Tirso, entre outras coisas (e já não vou referir o cinema, os prédios abandonados, etc…), é a apatia dos tirsenses que poderiam dar muito mais ao concelho e consequentemente a si próprios. …E o que a deixa cheia de orgulho? O que me deixa cheia de orgulho é ser nascida, criada e evoluir profissionalmente no meu concelho. Qual o filme que a levou ao cinema mais do que uma vez? O filme que mais me marcou foi “E tudo o Vento Levou”. Qual destes três objetos - um Galo de Barcelos, um disco da Amália ou uma garrafa de Vinho do Porto - é absolutamente indispensável numa casa portuguesa? Não desprimorando a Amália com a sua música e a olaria de Barcelos com o seu galo que se vê em todos os cantos do mundo, eu indico o Vinho do Porto como o eleito. Pois é o que me desperta mais sentidos e representa bem o que de melhor se faz em Portugal. Consegue escolher o músico/cantor ou grupo musical da sua vida? Adoro ouvir música, é difícil destacar apenas um músico. Posso referir nomes somente portugueses como Marisa, Dulce Pontes, Camané, mas não posso deixar de mencionar uma banda tirsense que marcou a minha juventude…o som dos “Ecos da Cave”.
RE VE LA ÇÕES... Qual a sua viagem de sonho? Apesar de já ter concretizado algumas viagens de sonho dentro e fora de Portugal, a minha viagem de sonho passaria por dar a volta ao mundo acompanhada pela minha família. Se tivesse de recomendar um livro a um amigo, qual seria? Recomendaria o “Diário de Anne Frank” por retratar uma história verídica que relata uma época marcante e histórica da nossa humanidade.. Se fosse provedor por um dia, que medidas tomava? A medida que tomaria no imediato seria declinar o convite, pois não teria aptidão para assumir tal cargo e responsabilidade, ao nível do atual Provedor.
NOME Isabel Vida Morais CATEGORIA PROFISSIONAL Ajudante Familiar do SAD ANTIGUIDADE NA INSTITUIÇÃO 16 ANOS
131º ANIVERSÁRIO DA MISERICÓRDIA DE SANTO TIRSO, NO ÂMBITO DO
COMEMORAÇÃO
JUBILEU EXTRAORDINÁRIO DA MISERICÓRDIA
3 de julho 2016 domingo
10h00 Auditório Centro Engº Eurico de Melo Ponto de Encontro / Mensagem Institucional 10h30 Início da Peregrinação: desde o Centro Engº Eurico de Melo até Igreja Matriz de Santo Tirso (Igreja Jubilar). 12h00 Eucaristia dinamizada por Colaboradores da Misericórdia e presidida pelo Bispo Auxiliar do Porto D. Pio Alves. Participação do Coral da Misericórdia e Coro dos Pequenos Cantores de Santo Tirso. Necessário Inscrição prévia para a Peregrinação: 252 808 260 ou est.proj@misericordia-santotirso.org
PROTOCOLO
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