OTORRINOLARINGOLOGIA IMPACTO DA ENDOSCOPIA NO TRATAMENTO DO COLESTEATOMA OTORHINOLARINGOLOGY THE IMPACT OF ENDOSCOPY ON THE TREATMENT OF CHOLESTEATOMAS
FISIOTERAPIA TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO DAS ARTRALGIAS PHYSIOTHERAPY PHYSIOTHERAPEUTIC TREATMENT OF ARTHRALGIAS
INFECTOLOGIA DEVEMOS TEMER UMA PANDEMIA DA NOVA GRIPE? INFECTOLOGY SHOULD WE WORRY ABOUT H7N9?
Goiânia - ano VI - nº 55- Junho - 2014
SAUDE COLETIVA: QUALIDADE DE VIDA EM ADOLESCENTES COM DEFICIÊNCIA, UMA REVISÃO DA LITERATURA. COLLECTIVE HEALTH : QUALITY OF LIFE IN ADOLESCENTS WITH DISABILITIES, A LITERATURE REVIEW.
REVISTA ODISSEIA DA MEDICINA ......................................... ANO VI NÚMERO 52 MARÇO - 2014 ......................................... PUBLISHER
SUMÁRIO SUMMARY
R
KLÉBER OLIVEIRA VELOSO
......................................... JORNALISTA RESPONSÁVEL
OTORRINOLARINGOLOGIA OTORHINOLARINGOLOGY Impacto da endoscopia no tratamento do colesteatoma The impact of endoscopy on the treatment of cholesteatomas
SUELI RAUL - DRT-GO/011263JP
......................................... REDAÇÃO E ORTOGRAFIA NATÉRCIA MARIA MARTINS DA FONSECA
FISIOTERAPIA CARDIOLOGY Promoção, prevenção e cuidado da hipertensão arterial no Brasil. Promotion, prevention and arterial hypertension care in Brazil.
......................................... DIAGRAMAÇÃO ODISSEIA COMUNICAÇÃO
......................................... EDITOR DE FOTOGRAFIA OTORRINOLARINGOLOGIA OTORHINOLARINGOLOGY Avaliação tomográfica das orelhas contralaterais de pacientes com otite média crônica grave. Tomographic evaluation of the contralateral ear in patients with severe chronic otitis media.
EDMAR WELLINGTON - MTB 1842
......................................... TRADUÇÃO FELIPE HOMSI AGENOR NETO
......................................... CONSELHO EDITORIAL
SAÚDE PÚBLICA PUBLIC HEALTH O adolescente no serviço de saúde. Adolescents in the Brazilian health service.
Dra. ADRYANNA LEONOR MELO CAIADO Dr. ANTÔNIO DA SILVA MENEZES JÚNIOR Dr. CLÁUDIO VITAL DE LIMA FERREIRA DRª ELIANA LOUZEIRO TIAGO Dr. HÉLIO CURADO FRÓES
PEDIATRIA PEDIATRY A amamentação entre filhos de mulheres trabalhadoras. Breastfeeding among children of women workers
Drª. JULIANA SILVA MOREIRA Dr. JOEL DE SANT´ANNA BRAGA FILHO Dr. MARCO ANTÔNIO CARNEIRO Dr. MARCOS ANTONIO RIBEIRO MORAES
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Impacto da endoscopia no tratamento do colesteatoma
The impact of endoscopy on the treatment of cholesteatomas
chuknecht conceituou o colesteatoma como um acúmulo de queratina esfoliada dentro da orelha média, ou em qualquer área pneumatizada dentro do osso temporal, originando-se a partir de um epitélio queratinizado. Em 1874, Jean Petit descreveu a primeira intervenção operatória da mastoide com sucesso. Desde então, o manejo da otite média crônica colesteatomatosa (OMCC) torna-se eminentemente cirúrgico. A imposição do tratamento cirúrgico justifica-se pelo crescimento contínuo do colesteatoma, reabsorção óssea associada e acometimento de órgãos sensoriais, podendo evoluir com complicações intra e extracranianas potencialmente fatais. Wüllstein e Zöllner, no início da década de 50, assentaram os princípios básicos da timpanoplastia e estabeleceram três objetivos básicos na cirurgia da orelha crônica:
chuknecht described cholesteatomas as collections of foliated keratin in the middle ear or any aerated area of the temporal bone originated from keratinized epithelium. In 1874, Jean Petit described the first successful surgical intervention on the mastoid. Since then, the management of chronic cholesteatomatous otitis media (CCOM) has been imminently surgical. Surgery is required to tackle the continuous growth of cholesteatomas, associated bone resorption, involvement of sensory organs, and potentially fatal intra and extracranial complications. In the early 1950s, Wüllstein and Zöllner set the basic principles of tympanoplasty and established three basic objectives in chronic ear surgery:
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• Erradicar o processo patológico; • Preservar ou restaurar a mecânica auditiva; • Manter, quando possível, a anatomia do osso temporal.
S
• Eradicate disease; • Preserve or restore auditory mechanics; • Maintain, whenever possible, the anatomy of the temporal bone. Various approaches based on these concepts were developed, such as tympanoplasty with canal wall up mastoidectomy and variants of canal wall down mastoidectomy. 5 OM
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Baseados nos preceitos anteriores, surgiram diferentes técnicas, como a da preservação da parede posterior do conduto auditivo externo (CAE) ou as variantes da cavidade aberta com preocupação com o sistema auditivo. As técnicas de abordagem da otite média colesteatomatosa incluem, basicamente, a timpanoplastia (TP), a mastoidectomia com preservação da parede posterior do CAE ou cavidade fechada (MCF) e a mastoidectomia com cavidade aberta (MCA). A escolha da técnica cirúrgica para o tratamento da OMCC baseia-se em critérios complexos e diversos fatores como: idade do paciente, extensão da doença, condições da mucosa da orelha média, peculiaridades anatômicas, acuidade auditiva, além de fatores sociais relacionados à disponibilidade do paciente para o seguimento. A maior preocupação no seguimento pós-operatório de todas as técnicas utilizadas está voltada para o ressurgimento da afecção colesteatomatosa e, com esta, das potenciais complicações associadas. A origem da recidiva do colesteatoma pode ser dividida em duas formas: o colesteatoma residual e o colesteatoma recorrente. O colesteatoma residual é conceituado como a recidiva da doença originada de um fragmento deixado no sítio cirúrgico, na maioria das vezes involuntariamente, pelo cirurgião durante uma intervenção primária. Com foco na prevenção dessa lesão remanescente, é imperativa a remoção meticulosa de toda a doença no procedimento inicial. Por sua vez, o termo recorrente, segundo Sheehy et al., aplica-se àquela lesão oriunda de uma migração epitelial secundária à falha na continuidade do enxerto, ou mesmo proveniente de uma bolsa de retração da membrana timpânica. Dada a limitação em visualizar, sob microscopia, todos os acidentes anatômicos distribuídos tridimensionalmente no osso temporal, a endoscopia surgiu como uma ferramenta auxiliar em otocirurgia e está se mostrando uma grande aliada no manejo da otite media crônica colesteatomatosa e na prevenção de sua recidiva. Este estudo foi realizado com os objetivos de avaliar, por meio de revisão sistemática, a importância da otoendoscopia na prevenção de recidivas no tratamento cirúrgico da otite media crônica colesteatomatosa. OM 6
The approaches to cholesteatomatous middle ear include basically tympanoplasty, canal wall up (CWU) and canal wall down (CWD) mastoidectomy. The choice of surgery to treat CCOM is based on complex criteria and a number of factors such as patient age, extent of involvement, middle ear mucosa status, anatomic peculiarities, auditory acuity, and social factors affecting patient follow-up. The most significant concern in the postoperative follow-up of patients submitted to any of the procedures mentioned above is recurrence of cholesteatoma and onset of potential associated complications. Relapse may occur in cases of residual cholesteatoma or recurrent cholesteatoma. Residual cholesteatoma has been defined as relapsing disease originated from remnants of cholesteatoma left on the site of surgery. Prevention of residual cholesteatoma requires meticulous removal of the entire disease in the first procedure. According to Sheehy et al., the term “recurrent” applies to lesions stemming from epithelial migration secondary to graft continuity defect and originated from tympanic membrane retraction pouches. The limited role of microscopy in the visualization of tridimensional anatomic alterations of the temporal bone led to the use of endoscopic examination as an additional tool in the realm of ear surgery. Endoscopy has significantly aided in the management of chronic cholesteatomatous otitis media and in the prevention of recurrent disease. This study aimed to assess, through a systematic review, the importance of endoscopic examination of the ear in the prevention of recurring disease and in the treatment of chronic cholesteatomatous otitis media. METHOD Literature searches were carried out between March and June of 2011 on databases MedLine (National Library of Medicine) and LILACS (Literature on Health Sciences from Latin America and the Caribbean). Priority was given to studies on the application and impact of ear endoscopy as an ancillary method in the management of CCOM. The Cochrane Reviews
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MÉTODO Foi realizada uma pesquisa eletrônica na literatura no período de março a junho de 2011, nas bases de dados eletrônicas MedLine (National Library of Medicine) e LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde). Foram priorizados estudos publicados sobre a aplicabilidade e impacto da otoendoscopia como método auxiliar no manejo da OMCC. A estratégia de busca utilizada seguiu recomendações do Manual Cochrane de revisões sistemáticas. A busca foi limitada aos artigos publicados no período de janeiro de 1985 a junho de 2011. Os critérios de inclusão foram artigos originais com populações adultas (> 19 anos) e pediátricas, meta-análises, revisões sistemáticas, estudos comparativos observacionais ou experimentais, publicados entre janeiro de 1985 e junho de 2011 (nas línguas inglesa, francesa e portuguesa), que avaliassem aspectos epidemiológicos, diagnósticos e terapêuticos da associação entre colesteatoma residual e otoendoscopia. Os critérios de exclusão foram relatos de caso, cartas ao editor, publicações em congressos e artigos em que a amostra avaliada fosse estatisticamente não significativa. Os artigos originais selecionados foram analisados de modo a confirmar se os mesmos preenchiam os critérios descritos acima. Por fim, com o objetivo de localizar artigos que não tivessem sido encontrados na pesquisa inicial, utilizaram-se as listas de referências bibliográficas dos artigos selecionados. Após seleção dos artigos, foram resumidas, de forma padronizada, as informações disponíveis quanto ao autor (es), diagnóstico clínico, participantes (número, divisão dos grupos do estudo), faixa etária dos participantes, padrão de apresentação da OMCC, minúcias do tratamento cirúrgico optado, análise estatística utilizada para avaliação dos efeitos, e resultados encontrados no intraoperatório e padrão de recidiva da doença estudada. RESULTADOS A pesquisa inicial nas bases de dados eletrônicas identificou 140 referências, sendo 106 artigos resultantes da combinação das palavras-
Handbook11 was used to pick the search strategy adopted in this study. The search was limited to papers published between January of 1985 and June of 2011. This study included original papers from studies done on adult (age > 19 years) or pediatric populations, meta-analyses, systematic reviews, comparative or experimental cohort studies published between January of 1985 and June of 2011 (written in English, French, or Portuguese) on the aspects related to the epidemiology, diagnosis, and treatment of residual cholesteatoma associated with endoscopic examination of the ear. Case reports, letters to the editor, papers published in meeting proceedings, and papers in which the analyzed sample was not statistically significant were excluded. The selected original papers were analyzed for compliance with the criteria described above. The references of the selected papers were used to locate papers not found in the initial search. Data on authors, clinical diagnosis, participants (number of enrolled subjects and group allocations), participant age range, pattern of CCOM, details pertaining to the chosen surgical approach, statistical analysis used to assess impact, outcomes reported during surgery, and pattern of recurrence of the studied disease were summarized for the selected papers. RESULTS The initial database search listed 140 references, 106 of which resulting from the combination of keywords “cholesteatoma” and “endoscopy”; 25 papers were listed from the combination of terms “residual cholesteatoma” and “endoscopy”. Twenty-three papers appeared twice in the crossreferencing of all searches; 108 papers were left after the duplicates were removed. Thirty-seven of these papers were pre-selected based on the contents of their titles and the established inclusion and exclusion criteria. The abstracts of these papers were read and 27 were found to be case reports, non-comparative series reports, papers that could not be located, or papers written in languages other than English, Portuguese or French. Seven of the remaining papers selected based on the inclusion criteria and method were excluded for describing case reports. Three papers looked into the use of endoscopy in cholesteatoma surgery against traditional surgery with the aid of a microscope. 7 OM
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ENFERMAGEM
NURSING
OTORRINOLARINGOLOGIA OTORHINOLARINGOLOGY OM -chave cholesteatoma e endoscopy; 25 artigos da combinação dos termos residual cholesteatoma e endoscopy. Cruzadas todas as buscas, foram identificados 23 artigos repetidos; retirando-se as duplicatas, totalizaram 108 trabalhos. Desses, 37 artigos foram pré-selecionados pelo conteúdo do título de acordo com os critérios de inclusão e exclusão estabelecidos. Após a leitura dos resumos, foi feita nova seleção com base nos mesmos critérios, sendo que 27 resumos foram excluídos por serem estudos de caso, relatos de série não comparativos, que não puderam ser localizados, e outros não foram analisados por estarem em língua estrangeira não optada nos critérios de inclusão. Depois de selecionados os trabalhos pelos critérios de inclusão e de acordo com a qualidade metodológica, sete foram excluídos por se tratarem de relatos de série de casos. Restaram três estudos avaliando a endoscopia na cirurgia do colesteatoma frente ao método microcirúrgico tradicional exclusivo. Thomassin et al. estudaram 80 pacientes portadores de colesteatoma adquirido. Divididos de forma aleatória independentemente da extensão da doença ou tipo de intervenção programada, os autores compararam: • Grupo I (n = 44), submetidos à mastoidectomia de cavidade aberta ou fechada por otomicrocirurgia exclusiva; • Grupo II (n = 36), que após o procedimento operatório apropriado, similarmente ao grupo anterior, foram abordados com auxílio de otoendoscopia para verificação e excisão de eventuais resíduos de colesteatoma da cavidade cirúrgica. Com objetivo de verificar recidiva da doença, esses grupos sofreram reintervenção minimamente invasiva por endoscópio, entre 13 e 19 meses após o procedimento inicial, o que revelou resultados significativos na comparação entre os grupos. No grupo I, foi identificado colesteatoma recidivante em 47% dos casos frente aos 6% no grupo II. Revelaram, ainda, que, nos pacientes do grupo II, o colesteatomatosa residual foi identificado apenas na forma de lesões de pequena extensão ou mesmo na forma de discretas pérolas, ao passo que, no grupo I, em 10% dos casos foi necessária uma terceira abordagem, dada a extensão da lesão recidivante.
Thomassin et al. studied 80 patients with acquired cholesteatoma randomly divided regardless of extent of involvement or type of planned intervention, as follows: • Group I (n = 44), submitted to microscopeaided CWD or CWU mastoidectomy; • Group II (n = 36), submitted to similar procedures as described above with the aid of endoscopic examination of the ear to detect residual cholesteatoma on the site of surgery. In order to verify cases of relapsing disease, the subjects in both groups underwent endoscopic minimally invasive procedures between 13 and 19 months after the original procedure. Significant differences were seen between groups. Forty-seven percent of the individuals in group I had recurrent cholesteatomas, against six percent of the subjects in group II. The comparison also revealed that subjects in group II had minor residual cholesteatomas - small or pearl-shaped cholesteatomas - whereas 10% of the individuals in group I required additional surgery due to the size of their relapsing lesions. El Meselaty et al. studied 82 patients aged between six and 58 years with acquired cholesteatoma. The subjects were divided into four groups according to the procedures they were offered. • Group I (n = 23) subjects were submitted to traditional CWD mastoidectomy without verification of residual disease during surgery; • Group II (n = 21) subjects underwent CWD mastoidectomy with endoscopic intraoperative verification and removal, if needed, of residual disease; • Group III (n = 21) individuals were offered traditional CWU mastoidectomy; • Group IV (n = 21) individuals were submitted to CWD mastoidectomy with the aid of endozscopic examination. The analysis of recurrence rates was based on the data gathered during a mean follow-up of 19.20 (± 8.7) months. The author included in his study only the patients who had been followed up for at least a year. Subjects in group I has recurrence rates of five percent, against 26% of 9 OM
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No estudo de El Meselaty et al., 82 pacientes com idades entre 6 e 58 anos, portadores de colesteatoma adquirido, foram incluídos em quatro grupos, subdivididos de acordo com a intervenção cirúrgica programada: • Grupo I (n = 23), abordados por mastoidectomia de cavidade aberta tradicional, sem verificação de doença residual no intraoperatório; • Grupo II (n = 21), submetidos à MCA assistida por endoscopia intraoperatória, com finalidade de verificação e excisão de eventual tecido residual; • Grupo III (n = 21), abordados por MCF não assistida; • Grupo IV (n = 21) submetidos à MCF com apoio de endoscopia auxiliar. Com o propósito de análise da taxa de recorrência entre os grupos, os autores obtiveram um período de acompanhamento de 18, 19 meses (± 8,7) e somente acrescentaram, em sua estatística, pacientes com acompanhamento mínimo de um ano. O índice de recorrência obtido entre os grupos foi de 5% no grupo I e 26% no grupo III, ao tempo em que não houve casos detectados naqueles em que foi utilizado o endoscópio como ferramenta complementar. Ayache et al. desenvolveram um estudo retrospectivo com 350 pacientes com idades entre 3 e 87 anos. De acordo com a extensão e localização da doença, as intervenções aplicadas foram por timpanoplastia ou acesso transmeatal, MCA e MCF. A doença acometia o epitímpano em 247 indivíduos; estes foram distribuídos randomicamente em dois grupos, uma população A (n = 167) submetida à otomicroscopia exclusiva, e uma população B (n = 80) com método assistido por endoscópio. Os autores não encontraram diferença significativa entre pacientes submetidos à cirurgia sob microscopia exclusiva e aqueles sob método assistido. No entanto, reiteraram que a ressecção assistida resultou em lesões residuais na forma de pequenas pérolas, clinicamente não manifestas, exaltando a qualidade da remoção da doença sob otoendoscopia complementar. DISCUSSÃO A distinção entre os termos colesteatoma recorrente e colesteatoma residual, na opinião dos autores desta revisão, é de fundamental importância para o entendimento do mecanismo de formação e controle das recidivas. O local de recidiva do colesteatoma pode nos dar informações sobre os fatores contribuintes para a sua formação. OM 10
individuals in group III; no recurrence was observed in the patients operated with the aid of an endoscope. Ayache et al. published a retrospective study including 350 patients aged between three and 87 years. The subjects underwent tympanoplasty, transmeatal approach mastoid surgery, CWD or CWD mastoidectomy depending on the extent and location of disease. Involvement of the epitympanum was observed in 247 individuals. They were randomly assigned to two groups, namely groups A (n = 167) - microscope-aided procedures - and B (n = 80) - endoscope-aided surgery. No significant differences were reported between groups. However, the authors stressed that endoscopeaided resections resulted in minor clinically inactive residual lesions, thus reinforcing the quality of endoscope-aided cholesteatoma removal. DISCUSSION In the opinion of the authors of this study, the distinction between recurrent and residual cholesteatoma is of fundamental importance to understand the mechanism by which relapsing disease is formed and controlled. The site of recurrence may offer insights into the contributing factors for cholesteatoma formation. The literature reports varying incidence rates of recurrent cholesteatoma, but the topography of involvement has been well established. The most commonly involved areas in decreasing order are the epitympanic recess, the tympanic cavity, the mastoid antrum, and the mastoid. Recurrent cholesteatomas pose threats only when tympanoplasty is performed to manage initial disease. Many authors have reported incidence rates under five percent when the following measures were considered: prevent the formation of adhesions between the medial surface of the graft and the bare bone surface of the epitympanum, mesotympanum, and facial recess; repair continuity defects of the bone portion of the ear canal and ensure good aeration of the middle ear, particularly in cases of eustachian tube disorder. Sheehy et al. described a procedure in which a large opening on the facial recess is made to pass a small plastic plate through the posterior tympanotomy to coat the exposed bone tissue and prevent graft adhesion.
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A incidência de colesteatoma recidivante varia bastante de acordo com a literatura, mas a sua distribuição topográfica é consensual. As regiões em ordem decrescente de frequência são: o ático, a cavidade timpânica, o antro mastoídeo e a mastoide propriamente dita. O colesteatoma recorrente se concretiza como ameaça apenas quando a timpanoplastia é empregada no manejo da doença inicial. Muitos autores relatam incidência dessa enfermidade com índices inferiores a 5%, porém, para isso, preconizam alguns cuidados como: prevenir formação de adesões entre a superfície medial do enxerto e superfície óssea desnuda do epitímpano, mesotímpano e recesso do facial; reparar defeitos de continuidade do canal ósseo do CAE e garantir uma boa aeração da orelha média, especialmente nos casos de disfunção da tuba auditiva. No intuito de prevenir adesões no enxerto, Sheehy et al. enfatizam a realização de uma abertura larga do recesso do facial e introdução de pequena placa plástica através da timpanotomia posterior com objetivo de revestir o tecido ósseo exposto. Os defeitos ósseos do canal auditivo externo e atical podem ser reparados por lâminas de cartilagem tragal. A incidência do autor declinou de 21% para 5% após as essas medidas. Yanagihara et al. descreveram, com bons resultados, o uso de dura-máter artificial fixada com cola de fibrina no reparo de grandes defeitos ósseos do esporão de chaussé. Com índices relativamente baixos e ainda em declínio da lesão recorrente, o colesteatoma residual de orelha média se mostra, hoje, um dos maiores responsáveis pelos altos índices de recidiva da doença. Shelton & Sheehy encontraram, em reintervenção planejada, doença residual em 1/3 dos pacientes anteriormente submetidos à cirurgia corretiva sob otomicroscopia exclusiva. Sheehy et al., numa amostra de 303 indivíduos, identificaram lesão recidivante em 36% dos casos submetidos à MCF, em procedimento revisional planejado tardio. Também relataram a maior incidência em crianças e confirmaram a orelha média como o sítio mais envolvido, seguido pelo epitímpano e, mais raramente, a mastoide. Smyth descreve, em 97 casos nos quais havia certeza da remoção de toda matriz do colesteatoma, incidência de 13% de lesão recidivante somente no epitímpano. Em 208 casos, quando explorou unicamente a orelha média, encontrou 12% de tecido colesteatomatoso residual. No
Bone defects of the outer ear canal and epitympanic recess can be repaired with chips of tragal cartilage. Reported incidence rates dropped from 21% to five percent after these measures were taken. Yanagihara et al. described good outcomes with the use of artificial dura mater fixated with fibrin glue to repair large scutum bone defects. Despite its relatively low incidence rate and the declining rates of recurrent cholesteatoma, residual cholesteatomas of the middle ear are strongly correlated with recurrent disease. In reoperated patients, Shelton and Sheehy found residual cholesteatoma in one third of the subjects offered microscope-aided surgery. Sheehy et al. looked into 303 revision surgery patients and identified relapsing disease in 36% of the subjects submitted originally to CWU mastoidectomy. The authors also reported higher incidence rates in children and confirmed the middle ear as the preferred site of involvement, followed by the epitympanum and, less commonly, the mastoid. Smyth described an incidence of 13% of recurrent cholesteatomas in the epitympanum in 97 cases in which cholesteatomas were believed to have been completely removed. Residual cholesteatoma was seen in 12% of 208 examined middle ears. The late postoperative examination of children unsuspected for recurrent disease revealed an incidence of 23% of residual cholesteatoma. Why are the incidence rates of postoperative residual cholesteatoma so high, and why are they found more commonly in the crevices of the middle ear and the epitympanic recess? Initially, the lack of consensus on the choice between CWU or CWD mastoidectomy lied in the center of discussions on the management of cholesteatomas. CWD mastoidectomy was claimed to result in a cavity conducive to otorrhea and constant postoperative care. By its turn, CWU mastoidectomy, still in development at that time, seemed to respect the anatomy of the middle ear at the expense of increased incidences of residual and recurrent cholesteatoma. Complete cholesteatoma removal is one of the main goals in the management of chronic middle ear processes. Ear microsurgery has developed significantly since the introduction of surgical microscopes. Two of the main features of surgical microscopes are parallel optical route and
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OM OTORRINOLARINGOLOGIA OTORHINOLARINGOLOGY pós-operatório tardio de crianças sem suspeita clínica de lesão recidivante, encontrou 23% de incidência de colesteatoma residual. Qual a razão para esta incidência tão grande de lesão residual no pós-cirúrgico, e por que elas são tão mais comuns em reentrâncias da orelha média e aticais? De início, o centro das discussões no manejo do colesteatoma estava na falta de consenso sobre a preferência entre a MCF ou MCA. A técnica aberta era acusada de resultar numa cavidade susceptível à otorreia, requerendo cuidados pós-operatórios constantes. A seu passo, a técnica de cavidade fechada, que vinha se desenvolvendo progressivamente, respeitava a anatomia da orelha média, no entanto, a um custo de maior incidência de lesão residual e recorrente. A remoção total do tecido colesteatomatoso é um dos principais objetivos no manejo dos processos crônicos de orelha média. A otomicrocirurgia se desenvolveu significativamente desde a invenção e aplicação do microscópio cirúrgico. Uma das principais características do otomicroscópio são sua visão paralela e seu eixo óptico linear; no entanto, a orelha média e a mastoide encontram-se cravadas no osso temporal, de forma a compor uma estrutura tridimensional complexa, com inúmeros acidentes anatômicos de difícil acesso. A visão limitada e a deficiente iluminação do campo cirúrgico sob otomicroscopia consentem que lesões sitiadas em determinados recessos profundos e laterais da orelha média não possam ser facilmente removidas, o que levaria à crescente recidiva por lesão residual. As técnicas cirúrgicas convencionais, dadas as limitações otomicroscópicas, muitas vezes impõem brocamento de estruturas não acometidas pela doença, para se ter acesso a um determinado seio ou recesso, prejudicando os princípios do conservadorismo na cirurgia do osso temporal. A doença residual tende a se desenvolver em determinados locais onde o acesso à matriz do colesteatoma foi dificultado durante o procedimento cirúrgico primário. Determinadas regiões da orelha média: como o epitímpano anterior e o recesso supratubário, mesmo após uma
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linear optical axis. However, the middle ear and the mastoid are embedded in the temporal bone and form a complex tridimensional structure, with a number of barely accessible anatomic landmarks. The poor lighting and limited viewing of the site of surgery provided by surgical microscopes prevent lesions located in deep lateral recesses of the middle ear from being easily removed, possibly leading to increased rates of residual cholesteatoma. Conventional surgical approaches, given the limits of microscope-aided procedures, often require the drilling of uninvolved areas to allow access to specific sinuses or recesses, thus harming the principle of conservatism in temporal bone surgery. Residual disease tends to develop in sites where access to cholesteatoma is impeded in primary surgery. Certain regions of the middle ear such as the anterior epitympanum and the supratubal recess, even after extensive mastoidectomy and exteriorization of the attic and the antrum, are difficult to access. Despite the inherent risk of facial nerve injury, posterior tympanotomy provides access to the oval window and the facial recess, but fails to allow proper visualization of the deeper tympanic sinus during surgery. Donaldson et al. observed that the tympanic sinus, located medially to the facial nerve, may extend to well beyond the posterior margin of the fallopian canal. Thus, cleaning this anatomic site with any known instrument could be an extremely difficult task. The longitudinal axis of the tympanic sinus runs perpendicularly to the ear canal, rendering visualization with a microscope impossible. According to Thomassin, only by using a 70-degree endoscope through the transcanal approach can surgeons attain god visualization of the tympanic sinus. The regions difficult to access in CWU mastoidectomy, particularly when the transmeatal approach is chosen, are the preferred sites for residual cholesteatoma. The endoscopic transtympanic approach to the middle ear was originally described by Nomura. Thomassin et al. described endoscopy-guided ear surgery as a complementary technique to mastoid surgery. Endoscopic visualization usually covers the entire tympanic ring and
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antroaticomastoidectomia extensa, são de difícil acesso. A timpanotomia posterior, apesar do risco inerente de uma lesão inadvertida do nervo facial, provê acesso à janela oval e ao recesso do facial; no entanto, não propicia visualização adequada do seio timpânico mais profundo no intraoperatório. Num estudo sobre a anatomia cirúrgica do seio timpânico, Donaldson et al. observaram que o seio, de localização medial ao nervo facial, pode se estender posteriormente, bem além da margem posterior do canal de falópio. Isso tornaria a limpeza deste sítio anatômico extremamente difícil por qualquer instrumento conhecido. O seio timpânico tem seu eixo longitudinal em disposição perpendicular ao do conduto auditivo externo, o que inviabiliza sua visualização sob microscopia direta, e, segundo Thomassin, somente um endoscópio de 70º, por via transcanal, possibilitaria ao cirurgião o controle visual desse. Todas essas regiões de difícil acesso durante um procedimento de cavidade fechada, especialmente em acesso transmeatal, constituem os sítios preferidos de colesteatoma residual. O acesso endoscópico transtimpânico da orelha média foi inicialmente relatado por Nomura. Thomassin et al. descreveram a otoendoscopia acompanhada de materiais específicos como técnica complementar para cirurgias de mastoide. A visão endoscópica, normalmente, abrange todo o anel timpânico e o conduto auditivo externo num mesmo campo de visão. Contrastando, o microscópio, apesar de sua visão tridimensional, tem seu campo visual limitado pela porção mais estreita do conduto auditivo, o que ocasiona, além de uma visão final sacrificada, a manipulação contínua do microscópio e/ou da cabeça do paciente durante o ato operatório. O endoscópio possibilita uma excelente forma complementar de avaliação da orelha média, especialmente de regiões de difícil visualização sob microscopia como o seio timpânico, recesso do facial, hipotímpano, epitímpano e recesso supratubário. A remoção de lesões colesteatomatosas residuais nestes sítios é possível por meio de instrumental específico para otoendoscopia. OM 16
the ear canal in the same field of vision. Although microscopes offer tridimensional visualization, their field of vision is limited by the narrower portion of the ear canal. This hampers visualization and leads to constant manipulation of the microscope or the patient’s head during surgery. Endoscopy is an excellent addition to the toolset used to assess the middle ear, particularly when areas difficult to view using a microscope such as the tympanic sinus, facial recess, hypotympanum, epitympanum, and supratubal recess are considered. The removal of residual cholesteatomas in these sites is possible when specific ear endoscopy instruments are used. The steps described for endoscope-assisted surgery are very similar among most authors. After the completion of traditional microscope-aided procedures, inspection with an endoscope is made in anatomic sites of difficult access. Using a 3-mm, 16-cm, 45º endoscope and the transcanal approach, Marchioni described excellent control of the medial border of the tympanic sinus, oval window niche, junction of the styloid eminence and the jugular bulb, and the entire inferior retrotympanum and hypotympanum. Thomassin et al. described total control of the tympanic cavity with 2.7 mm, 0º and 70º endoscopes using the transcanal or transmastoid approaches. However, some shortcomings of the endoscopic technique may limit its use in ear surgery. The lack of tridimensional visualization requires surgeons to be particularly careful when handling surgical equipment. Additionally, the surgeon has only one free hand and bleeding may render the procedure unviable. The use of ear endoscopy as an ancillary method during surgery improved the assessment of the cavity after the complete removal of the cholesteatoma with the aid of a microscope. Ayache et al. found evidences of residual tissue in the epitympanum and retrotympanum in 44% and 76% of the cases respectively. El-Meselaty et al. reported residual cholesteatoma in 50% of the patients submitted to CWU mastoidectomy. Badr-el-Dine reported an incidence rate of 23.8% in a series of 82 cases of CWU mastoidectomy. The contributions of intraoperative ear endoscopy in cholesteatoma
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A sequência de abordagem cirúrgica assistida é bastante similar entre a maioria dos autores, que após uma intervenção otomicroscópica tradicional, sequenciam uma inspeção endoscópica de acidentes anatômicos de difícil acesso. Munido de um endoscópio de 3 mm, 16 cm e 45º em acesso transcanal, Marchioni descreveu um excelente controle do limite medial do seio timpânico, nicho da janela oval, junção entre eminência estiloidea e bulbo da jugular e todo o retrotímpano inferior e hipotímpano. Thomassin et al. relataram um controle total da cavidade timpânica com endoscópios de 2,7 mm, 0º e 70º, seja por via transcanal ou transmastoídea. No entanto, algumas limitações à técnica endoscópica dificultam o seu uso em otocirurgias. A perda de uma visão tridimensional sob endoscopia necessita de experiência do cirurgião para lidar com a manipulação dos instrumentos. Além disso, o cirurgião dispõe apenas de uma mão livre, isso faz com que um eventual sangramento possa inviabilizar todo um procedimento. O uso da otoendoscopia no intraoperatório, como método auxiliar, tornou possível uma melhor avaliação da cavidade após a excisão completa do colesteatoma sob microscopia. Ayache et al. evidenciaram presença de tecido residual em 44% e 76% em epitímpano e retrotímpano, respectivamente. El-Meselaty et al. relataram uma frequência de 50% em técnica fechada. Badr-el-Dine reportou 23,8% de incidência numa série de 82 casos de cavidade fechada. A contribuição da otoendoscopia no intraoperatório da cirurgia do colesteatoma é evidente, porém, em termos práticos, será que ela contribui efetivamente para redução da doença recidivante, mesmo em técnicas mais conservadoras? Vários autores têm observado redução significativa tanto na incidência quanto na extensão das lesões quando da utilização do endoscópio. Após procedimentos de cavidade fechada, em reintervenção planejada, Yung relatou incidência de 9,4%, M. Badr-el-Dine reportou colesteatoma residual em 8,6% dos casos, assim como Barakate & Bottrill apresentaram índice de 15,78%.
surgery are evident. However, in practical terms, has endoscopy actually reduced the incidence of recurrent disease even in more conservative approaches? Many authors have observed significant reductions on both incidence rates and extent of lesion when endoscopes were used. Yung, M. Badrel-Dine, and Barakate & Bottrill reported incidence rates of residual cholesteatoma of 9.4%, 8.6%, and 15.78% respectively in revision surgery after CWU mastoidectomy. Thomassin et al. compared endoscope-aided to traditional ear microsurgery and found reductions on the rates of residual cholesteatoma from 47% to 6% in a group offered intraoperative endoscopy followed up for 19 months. A “third-look” procedure was required in 10% of the patients offered traditional surgery because of the size of their cholesteatomas. El-Meselaty et al did not report recurrence in patients operated with the aid of an endoscope, against recurrence rates of 26% and 5% in patients offered CWU and CWD mastoidectomy respectively. Ayache et al. did not find significant differences between patients submitted to microscope-aided surgery and subjects offered endoscopeaided procedures. However, the use of the endoscope produced clinically inactive pearl-shaped residual lesions, thus stressing the good quality of disease removal when ear endoscopy was used as an ancillary method. The significant variability in the incidence of residual cholesteatoma may be explained by factors connected to surgeon experience and skill level, the time until revision surgery for residual cholesteatoma, or even the specific indication criteria each author used to choose CWU instead of CWD mastoidectomy. Another interesting aspect is that late revision surgery possibly yields higher and certainly more realistic recurrence incidence rates. CONCLUSION None of the papers considered in this study were randomized trials. 17 OM
OM OTORRINOLARINGOLOGIA OTORHINOLARINGOLOGY Thomassin et al., em estudo comparativo entre a otomicrocirurgia assistida por endoscópio e a técnica tradicional, evidenciaram uma redução na incidência de lesão colesteatomatosa residual de 47% para 6% no grupo que se utilizou da teleotoscopia intraoperatória, em seguimento de 19 meses. Descrevem, ainda, que foi necessário um procedimento de third-look em 10% dos pacientes do grupo em que foi empregada a técnica clássica, dada a extensão da lesão. El-Meselaty et al. não encontraram recidiva nos casos sob otoendoscopia, frente aos índices de 26% e 5% nos casos de técnica clássica de MCA e MCF, respectivamente. Ayache et al. não encontraram diferença significativa entre pacientes submetidos à cirurgia sob microscopia exclusiva e aqueles sob método assistido. No entanto, reiteraram que a ressecção assistida resultou em lesões residuais na forma de pequenas pérolas clinicamente não manifestas, exaltando a qualidade da remoção da doença sob otoendoscopia complementar. Essa variação tão significativa na incidência de colesteatoma residual talvez possa ser explicada por fatores que tangem à experiência e habilidade do cirurgião, o tempo de reintervenção cirúrgica em busca de lesões residuais, ou mesmo às indicações particulares de cada autor de MCF em detrimento das cavidades abertas. Outro aspecto interessante é que, naturalmente, aqueles que reexploram todos os casos por qualquer fim, num pós-operatório tardio, terão índices possivelmente maiores e certamente mais realistas. CONCLUSÃO Apesar da ausência de estudos adequadamente randomizados, todos os trabalhos avaliados relataram vantagens sobre o uso da otoendoscopia no manejo da otite média crônica colesteatomatosa. Mesmo quando não foi observada diminuição do índice de recidiva, os autores relataram afecção recidivante mais localizada e de fácil manejo cirúrgico. Sendo assim, parece que a endoscopia deve ser incorporada à prática diária da otologia.
Nonetheless, they described several advantages of using ear endoscopy in the management of cholesteatomatous chronic otitis media. Even when recurrence rates were not decreased, authors reported that recurrent cholesteatomas were more easily located and surgically managed in endoscope-aided procedures. Therefore, it appears that endoscopy should be incorporated in the daily practice of otology.
José Ricardo Gurgel Testa. Doutor em Ciências pela UNIFESP (Professor Adjunto do Departamento de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da UNIFESP-EPM). Letícia Clemente Alvim Soares. Mestre em Ciências pela UNIFESP (Médica preceptora do Hospital Santa Marcelina/Otorhinus Clínica Médica). Taís Figueiredo de Araújo. Médica Otorrinolaringologista (Ex-Residente do Hospital Santa Marcelina). Thiago de Oliveira Lima. Médico Otorrinolaringologista (Fellowship em Otologia - Disciplina de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da UNIFESP-EPM). José Ricardo Gurgel Testa. PhD in Science - UNIFESP; Adjunct Professor at the Department of Otorhinolaryngology and Head and Neck Surgery - UNIFESP-EPM. Letícia Clemente Alvim Soares. MD. MSc in Science - UNIFESP. Preceptor in ENT - Santa Marcelina Hospital/Otorhinus Clinic. Taís Figueiredo de Araújo. MD. Otorhinolaryngologists. ENT Residency from the Santa Marcelina Hospital. Thiago de Oliveira Lima. MD. Otorhinolaryngologist. Fellow in Otology - Department of Otorhinolaryngology and Head and Neck Surgery - Medical School of the Federal University of São Paulo - UNIFESP-EPM.
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FISIOTERAPIA
PHYSIOTHERAPY
Tratamento fisioterapêutico das artralgias
Physiotherapeutic treatment of arthralgias
envelhecimento pode ser entendido como um processo dinâmico, progressivo, caracterizado por alterações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas que determinam a progressiva perda da capacidade de adaptação ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos, que podem levar o indivíduo à morte. A dor diária é um fator importante de risco para o desenvolvimento de deficiência e as coortes etárias mais envelhecidas são mais vulneráveis. Relações similares foram encontradas para o risco de depressão e transtornos do humor em pacientes com dor persistente. Ela pode tornar-se fator limitante e até mesmo incapacitante na vida do paciente, podendo acometer qualquer articulação. Inúmeros mecanismos e efeitos podem ser influenciados pelos artifícios cognitivos, físicos e comportamentais da fisioterapia, colaborando para o tratamento desses pacientes. Para a realização do levantamento bibliográfico foram consultadas as bases de dados: LILACS, Medline, Pubmed, Bireme e Scielo compreendendo achados do período de 1998 a 2012, utilizando as palavras: artralgia, dor articular, fisioterapia, idoso. O objetivo deste estudo foi realizar uma revisão na literatura buscando informações sobre como a fisioterapia pode contribuir para o tratamento das artralgias no idoso.
Aging may be understood as a dynamic and progressive process characterized by morphological, functional, biochemical and psychological changes which determine progressive loss of ability to adapt to the environment, causing further vulnerability and incidence of pathological processes which may lead to death. Daily pain is a major risk factor for the development of disabilities and older cohorts are more vulnerable. Similar relationships were found for the risk of depression and mood disorders in patients with persistent pain. Pain may become a limiting and even disabling factor for patients and may affect any joint. Several mechanisms and effects may be influenced by physiotherapy cognitive, physical and behavioral artifices, thus cooperating for the treatment of such patients. LILACS, Medline, Pubmed, Bireme and Scielo databases were searched from 1998 to 2012 using the keywords: arthralgia, joint pain, physiotherapy, elderly. This study aimed at reviewing the literature in search for information about how physiotherapy may contribute for the treatment of arthralgias in the elderly.
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RHEUMATOID ARTHRITIS This is a chronic inflammatory disease affecting 0.5% to 1% of the
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ARTRITE REUMATOIDE É uma doença inflamatória crônica que afeta 0,5% a 1% da população mundial, sendo mais frequente em mulheres. Pode iniciar em qualquer idade, sendo mais comum na faixa etária de 30 a 50 anos. Sua etiologia, até o momento, possui uma conotação multifatorial, que relaciona fatores ambientais, comportamentais, genéticos (HLA-DR4 e talvez DR1 em algumas populações), desequilíbrio imunológico e alterações neuroendócrinas. É um distúrbio inflamatório sistêmico que pode afetar diversos tecidos e órgãos, tais como pele, vasos sanguíneos, coração, pulmões e músculos, mas ataca principalmente as articulações, produzindo sinovite inflamatória não supurativa que geralmente evolui para a destruição da cartilagem articular e anquilose das articulações. A sua evolução clínica pode variar de doença oligoarticular moderada com duração curta e lesão articular mínima até poliartrite progressiva irreversível com perda funcional acentuada. As articulações mais comumente envolvidas no início da doença são punhos, metacarpofalangeanas, interfalangeanas proximais das mãos, metatarsofalangeanas, ombros e joelhos, com características de forte dor pela manhã e à noite, com rigidez articular com duração igual ou maior de 60 minutos pela manhã e após períodos prolongados de imobilização. O objetivo do tratamento deve ser sempre focado em se atingir a mínima atividade de doença. Detectar os parâmetros que possam indicar atividade e prognóstico da doença é, portanto, de vital importância para a condução do tratamento adequado.
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PHYSIOTHERAPY
A fisioterapia é importante em toda fase da doença e objetiva a preservação e restauração da habilidade funcional geral, melhorando a mobilidade articular, a força muscular, a resistência, a flexibilidade e a capacidade aeróbia. O tratamento fisioterapêutico inclui a aplicação de termoterapia, eletroestimulação e fisioterapia aquática. Foi avaliada a efetividade da fisioterapia aquática no tratamento da artrite reumatoide (AR). Selecionou-se 12 artigos, entre eles estudos randomizados, série de casos e estudo de caso, a maioria dos artigos publicados compreendeu o período de 2001 a 2005. Verificou-se que a fisioterapia aquática é uma modalidade de tratamento que parece trazer bons resultados em pacientes com essa doença, tanto no aspecto físico como emocional. A cinesioterapia pode incluir exercícios passivos, nas fases iniciais, e exercícios ativos, isométricos e/ou isotônicos. A finalidade desses programas de exercícios é garantir manutenção, restauração ou ganho da amplitude de movimento articular, fortalecimento e alongamento muscular, capacidade aeróbica e desempenho para habilidades específicas. A maioria dos programas de exercícios dinâmicos segue as recomendações do American College of Sports Medicine (ACSM). É recomendado que o exercício tenha duração de 20 minutos ou mais, que seja realizado no mínimo duas vezes por semana e leve a um aumento de 60% da frequência cardíaca prevista para a idade, para apresentar efeitos clínicos positivos e sem detrimento à doença, ou seja, sem piora da atividade da doença e sem causar dor. Quando se compara o exercício dinâmico ao programa de reabilitação articular convencional, observa-se melhora significativa na qualidade de vida desses pacientes. Atividades aeróbicas como bicicleta, caminhada, corrida, hidroginástica e natação possibilitam melhor condicionamento cardiovascular e podem auxiliar na prevenção da limitação relacionada à AR. OSTEOARTRITE A osteoartrite (OA) está intensamente associada à idade e é a forma mais comum de doença reumática, atingindo cerca de 16% da população brasileira. É a doença articular mais frequente da população senil, com prevalência superior a 10% após os 50 anos de idade, podendo acarretar importantes limitações funcionais sendo a maior causa de dor musculoesquelética crônica e de limitação da mobilidade em pessoas idosas no mundo. Pode ser definida a partir de suas características clínicas, incluindo dor na articulação afetada, tipicamente agravada com atividade e aliviada pelo repouso; rigidez articular, principalmente matinal, após períodos de imobilidade; com formação de edema e deformidade, instabilidade,
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world population, being more frequent among females. It may start at any age, being more common from 30 to 50 years of age. To date, its etiology is multifactorial, relating environmental, behavioral and genetic (HLA-DR4 and probably DR1 in some populations) factors, immune imbalance and neuroendocrine changes. It is a systemic inflammatory disorder which may affect several tissues and organs, such as skin, blood vessels, heart, lungs and muscles, but primarily affects joints, producing nonsuppurative inflammatory synovitis which in general evolves to joint cartilage destruction and joint anchylosis. Its clinical evolution may vary from short lasting moderate oligoarticular disease and minimal joint injury to irreversible progressive polyarthritis with marked functional loss. More commonly involved joints in the early stage are wrists, metacarpophalangeal, proximal interphalangeal of hands, metatarsophalangeal, shoulders and knees, with severe pain in the morning and at night, joint stiffness lasting 60 minutes or more in the morning and after long immobilization periods. Treatment should be always focused on reaching minimal disease activity. So, it is critical to detect parameters which may indicate disease activity and prognosis to carry out an adequate treatment. Physiotherapy is important throughout the disease and aims at preserving and restoring general functional capacity, improving joint motility, muscle strength, resistance, flexibility and aerobic capacity. Physiotherapy treatment includes thermotherapy, electric stimulation and aquatic therapy. The effectiveness of aquatic therapy to treat AR was evaluated. We have selected 12 articles published between 2001 and 2005. It was observed that aquatic therapy seems to bring positive results to patients with this disease, both in physical and emotional terms. Kinesiotherapy may include passive exercises in the early stages, and active, isometric and/or isotonic exercises. The objective of such exercises
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insegurança e limitação funcional e dos movimentos. Vários fatores, incluindo biomecânica, genética e inflamação, afetam a condição heterogênea da doença. A combinação desses fatores contribui para os sintomas de dor, rigidez e disfunção articular. Nesse contexto, a dor no joelho tem-se mostrado como sendo o sintoma mais frequente na OA, condição que é a principal causa de incapacidade crônica em indivíduos idosos e uma grande fonte de deficiência atribuível à doença. A gravidade dessa dor varia amplamente, da ausência até a imobilização e/ou incapacitação física do paciente. Os recursos de termoterapia e eletroterapia são amplamente utilizados, mas existem poucos estudos a respeito de sua eficiência na osteoartrose. Os consensos sobre o manuseio da OA recomendam a terapia por exercício para a redução da dor e melhora funcional. Um estudo aleatório que avaliou o efeito do fortalecimento do quadríceps femoral na capacidade funcional e nos sintomas relacionados à OA de joelho utilizando o teste Timed Up and Go (TUG), o questionário Western Ontario and McMaster Universities Osteoarthritis Index (WOMAC) e o Índice de Lequesne concluíram que exercícios de fortalecimento do quadríceps são efetivos na melhora de dor, função e rigidez em pacientes com essa doença. A fisioterapia aquática pode ser considerada como uma das principais intervenções terapêuticas no tratamento da OA. As propriedades físicas e fisiológicas da água possibilitam a realização de exercícios dificilmente executados em solo, e que, associados à maior amplitude de movimento e à temperatura elevada da água, aumentam a mobilidade articular, o controle muscular e a resistência, aliviando dores e acelerando o processo de recuperação funcional. Com relação à eletroterapia, foi demonstrado através de um ensaio clínico aleatório, placebo-controlado e duplamente encoberto que a laserterapia de baixa intensidade, em curto prazo, foi eficaz na melhora de dor e função em pacientes portadores de OA de joelho.
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is to assure joint movement amplitude maintenance, restoration or gain, muscle strengthening and stretching, aerobic capacity and performance for specific skills. Most dynamic exercise programs follow the recommendations of the American College of Sports Medicine (ACSM). It is recommended that exercises last 20 minutes or more, be performed at least twice a week and lead to 60% increase in estimated cardiac output for the age, to have positive clinical effects without worsening disease activity or inducing pain. When dynamic exercises are compared to conventional joint rehabilitation programs, it is observed significant improvement in the quality of life of such patients. Aerobic activities, such as bicycle, walking, running, hydrogymnastics and swimming provide better cardiovascular fitness and may help preventing AR-related limitations. OSTEOARTHRITIS Osteoarthritis (OA) is strongly associated to age and is the commonest form of rheumatic disease, affecting approximately 16% of the Brazilian population. It is the most frequent joint disease among the elderly with prevalence above 10% after 50 years of age and may bring major functional limitations. It is the major cause of chronic musculoskeletal pain and mobility limitation among the elderly worldwide. It may be defined as from its clinical characteristics, including affected joint pain, typically worsened with activity and relieved with rest; joint stiffness, especially in the morning and after periods of immobility; with formation of edema and deformity, instability, insecurity and functional and movements limitation. Several factors, including biomechanics, genetics and inflammation affect the heterogeneous condition of the disease. The combination of 23 OM
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Em estudo aleatório, prospectivo e encoberto, os autores compararam protocolos de tratamento fisioterapêutico que envolveram o uso de cinesioterapia, crioterapia e ondas curtas em indivíduos com OA de joelho e verificaram que o melhor protocolo foi aquele que envolveu a aplicação de gelo e cinesioterapia para analgesia; sendo que não houve relação de ganho de amplitude, flexibilidade e força associado à crioterapia. OSTEOPOROSE Dentre as doenças crônicas mais frequentes no envelhecimento, a osteoporose tem sido apontada como uma das prioridades de saúde pública mundial, devido a sua alta prevalência e efeitos sobre a saúde física e psicossocial do idoso. A osteoporose é uma doença sistêmica caracterizada pela diminuição da densidade mineral óssea (DMO), com deterioração da microarquitetura do tecido ósseo, resultando na perda de resistência e aumento do risco de fratura por fragilidade, principalmente na coluna vertebral, no quadril e no punho. A realização de atividade física pode, entre outros fatores, diminuir a dor, reduzir o uso de analgésicos e melhorar a qualidade de vida (QV) de indivíduos com osteoporose. Autores defendem que somente exercícios como caminhadas não apresentam grande relevância no tratamento da osteoporose, pois os ossos não são estressados a ponto de aumentar a massa óssea. Dessa forma, a realização de exercícios físicos específicos e regulares possibilita a manutenção da independência física para realização das atividades de vida diária (AVD) e melhora da QV. Uma revisão sistemática sobre os efeitos de intervenção com treinamento resistido sobre a força muscular e a DMO nas áreas de maior ocorrência de fraturas relacionadas à osteoporose em mulheres no estágio de vida após a menopausa, que compreendiam ensaios controlados, aleatórios e metanálise, mostrou que o treinamento resistido pode ser capaz de promover o estimulo para o aumento de força muscular e da formação óssea. Quando praticado com regularidade, o treinamento resistido pode aumentar a força muscular com positivas repercussões na proteção contra as quedas, além do eficiente estímulo para o aumento da massa óssea, influenciando fatores de risco que favorecem a osteoporose.
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such factors contributes to the symptoms of pain, stiffness and joint dysfunction. In this context, knee pain is the most frequent OA symptom, condition which is the major reason for chronic incapacity in the elderly population and a major source of disease-related disability. Pain severity varies widely, from no pain to immobilization and/or physical disability of the patient. Thermotherapy and electrotherapy are widely used, but there are few studies about their effectiveness for osteoarthritis. Consensus on managing OA recommend exercises for pain and functional improvement. A randomized study evaluating the effect of strengthening femoral quadriceps on functional capacity and knee OA symptoms using the Timed Up and Go (TUG) test, the Western Ontario and McMaster Universities Osteoarthritis Index (WOMAC) questionnaire and Lesquesne Index has concluded that quadriceps strengthening exercises are effective to improve pain, function and stiffness in patients with this disease. Aquatic therapy may be considered a major therapeutic intervention to treat osteoarthritis. Water physical and physiological properties enable exercises hardly performed on the ground and which, associated to better movement amplitude and high water temperature, increase joint mobility, muscle control and resistance, relieving pain and accelerating functional recovery process. With regard to electrotherapy, a randomized, placebo-controlled and double-blind clinical trial has shown that low intensity laser therapy was effective, in the short term, to improve pain and function of knee OA patients. A randomized, prospective and blind study has compared physiotherapy protocols involving kinesiotherapy, cryotherapy and short waves in knee OA patients and has observed that the best protocol was that involving ice application and kinesiotherapy for analgesia; however there has been no amplitude, flexibility and strength gain associated to cryotherapy. OSTEOPOROSIS Among most frequent chronic diseases in the elderly, osteoporosis has been pointed as a priority of the world public health due to its high prevalence and effects on physical and psychosocial health of the elderly. Osteoporosis is a systemic disease characterized by decreased bone mineral density (BMD), with deterioration of bone tissue microarchitecture, resulting in loss of resistance and increased risk for brittleness fractures, especially in spine, hips and wrists. Physical activity may, among other factors, decrease pain, decrease the use of analgesics and improve quality of life (QL) of osteoporosis patients. Authors advocate that just exercises like walking are not so relevant to treat osteoporosis because bones are not stressed to the point of increasing bone mass. So, specific and regular physical exercises allow the maintenance of physical independence to perform daily activities (DA) and improve QL. A systematic review of the effects of intervention with resistance training on muscle strength and bone mineral density in sites with greater occurrence of fractures in post-menopausal women, and involving controlled, randomized and meta analysis trials, has shown that resistance training may be able to promote stimulation to improve muscle strength and bone formation. When regularly practiced, resistance training may improve muscle strength, with positive effects on protection against falls, in addition to the effective stimulation for bone mass increase, thus influencing risk factors favoring osteoporosis. 25 OM
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CONCLUSÃO Existe uma gama de recursos disponíveis na fisioterapia para o tratamento das artralgias, apresentando maior destaque à hidroterapia associada à cinesioterapia nos casos de pacientes com osteoartrite e AR e, para os casos de osteoporose, a prática de atividade física é o mais citado pelos autores. Mais estudos devem ser realizados com a finalidade de aperfeiçoar o conhecimento na área e oferecer um tratamento mais eficaz.
CONCLUSION There are several physiotherapy resources to treat arthralgias, with greater emphasis to hydrotherapy associated to kinesiotherapy for osteoarthritis and rheumatoid arthritis patients. For osteoporosis, physical activity is the most recommended resource. However, further studies are needed aiming at enhancing the knowledge in the area and offering patients a more effective treatment.
Bárbara Kayser. Universidade de Passo Fundo; Bolsista Pibic/Cnpq. Passo Fundo, RS, Brasil. Cascieli Miotto. Universidade de Passo Fundo; Bolsista Pibic/UPF. Passo Fundo, RS, Brasil. Júlia Andréia Kummer. Universidade de Passo Fundo; Passo Fundo, RS, Brasil. Lia Mara Wibelinger. Universidade de Passo Fundo; Passo Fundo, RS, Brasil. Vinicius Dal Molin. Universidade de Passo Fundo; Bolsista Probic/Fapergs. Passo Fundo, RS, Brasil. Bárbara Kayser. University of Passo Fundo (UPF); Colleger Pibic/Cnpq. Passo Fundo, RS, Brazil. Cascieli Miotto. University of Passo Fundo (UPF); Colleger Pibic/UPF. Passo Fundo, RS, Brazil. Júlia Andréia Kummer. University of Passo Fundo (UPF); Passo Fundo, RS, Brazil. Lia Mara Wibelinger. University of Passo Fundo (UPF); Passo Fundo, RS, Brazil. Vinicius Dal Molin. University of Passo Fundo (UPF); Colleger Probic/Fapergs. Passo Fundo, RS, Brazil.
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Devemos temer uma pandemia da nova gripe?
Should we worry about H7N9?
anto tempo depois de as pessoas e a mídia perderem o interesse na gripe aviária H5N1, agora começamos a nos acostumar com um novo conjunto de letras e números. Mas devemos nos preocupar com a H7N9? “Sim e não” resumem as respostas dos especialistas. Sim, por causa do potencial de vírus da gripe em provocar epidemias globais (pandemias). E não, porque o vírus por enquanto está confinado à China e não tem a capacidade, no momento, de ser transmitido entre humanos. Em cerca de um mês, mais de cem pessoas foram infectadas na China. Uma em cada cinco morreu, e muitas estão hospitalizadas em estado grave. A nova gripe causa pneumonia e pode levar à falência múltipla de órgãos. O vírus é originário de galinhas, e as pessoas que adoeceram haviam estado em feiras de animais vivos ou haviam tido contato com aves infectadas. “Acho que estamos preocupados porque temos de nos preparar. Alarmados? Não. O vírus em humanos ainda está restrito a uma região chinesa”, diz John McCauley, diretor de um centro colaborador da Organização Mundial da Saúde na Grã-Bretanha. “(A China) tem uma população grande, mas a infecção parece estar limitada ao contato com animais e não está se espalhando de humano para humano.”
ong after most people had lost interest in - and the media had stopped writing about - H5N1 bird flu, we now have to get used to another assortment of letters and numbers. So should we all worry about H7N9? “Yes and no” seems to sum up the view of experts. Yes, because of the potential of flu viruses to cause global disease outbreaks pandemics. No, because the virus is still confined to China and has no ability at present to transmit between humans. The facts of the new virus are simply put. In the space of one month more than 100 people have been infected in China. One in five has died and many more are seriously ill in hospital. It causes pneumonia and can lead to multi-organ failure. The virus originated in chickens and those who have fallen ill either attended live poultry markets or had close contact with infected birds. “I think we’re concerned because we have to prepare. Alarmed? No. The virus in humans is still confined to one region of China. It’s got a high population but it still seems to be solely animal to human infection and it is not spreading between humans,” said Prof John McCauley, director of a World Health Organization (WHO) collaborating centre in the UK.
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INFECTOLOGY
‘Apocalipse’ e mutações Durante anos, infectologistas e a OMS advertiram - muitas vezes de forma apocalíptica - quanto aos perigos da H5N1. O “H” e o “N” do nome são as proteínas do vírus, que recebe o nome de seus diferentes subtipos. O H5N1 tem infectado e matado humanos desde 1997 - foram 628 casos e 374 mortes. Agora, essa variação não está mais nas manchetes internacionais, mas causou oito mortes no Camboja neste ano. Apesar disso, felizmente é predominantemente uma doença aviária e não se transmite facilmente entre humanos. Isso não significa, porém, que o H5N1 ou o H7N9 não possam proporcionar a infecção entre humanos. No ano passado, cientistas mostraram que, com cerca de cinco mutações, a gripe aviária poderia adquirir essa capacidade de transmissão. A H7N9 já passou por duas dessas mutações, em cerca de um mês. Mas é impossível prever se esse processo continuará. “É como jogar dados ou na loteria. No momento, limitar o número de pessoas infectadas pelo vírus é o melhor que podemos fazer para minimizar a chance de que ele cause uma pandemia”, diz a professora Wendy Barclay, do Imperial College, em Londres. Incapacidade de previsão Especialistas em influenza oscilam no tênue limite entre alertar o público ou alarmá-lo. “Esperamos por anos pela transmissão entre humanos do H5N1. Mas isso não significa que essa transmissão não possa ocorrer esta noite ou amanhã. Temos que ser honestos quanto à incapacidade de prever se e quando isso vai acontecer”, diz o professor Jeremy Farrar, diretor de
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H5N1 For years virologists and the WHO warned - in often apocalyptic terms - about the threat posed by H5N1. The Hs and the Ns are the surface proteins on the virus and give the different subtypes their name. H5N1 has been infecting and killing humans since 1997 - 628 cases and 374 deaths. H5N1 no longer makes the international headlines but already this year it has caused eight deaths in Cambodia. But thankfully it is still largely a disease of birds and has does not transmit easily between humans. That does not mean that H5N1 or H7N9 could never become airborne human infections; last year scientists showed that it would take around five mutations for bird flu to do just that. H7N9 has already undergone two of the mutations needed in the space of a month. But whether it will go any further is impossible to predict. “It’s like rolling the dice or winning the lottery. The more you do it, the more likely the mutations are to crop up and therefore limiting the number who are getting infected by this virus at the moment is the best thing that we can do to minimise the chance that this virus could ever turn into a pandemic,” said Prof Wendy Barclay, chair of influenza virology, Imperial College London. Influenza experts have to tread a fine line between alerting the public and alarming them. “We have been waiting for human to human transmission of H5N1 for years. But that doesn’t mean it won’t happen tonight or tomorrow. We have to be honest and open that we can’t predict whether or when that will happen,” said Prof Jeremy Farrar, director of the Wellcome Trust major overseas programme in Vietnam. Unlike H5N1, the new virus does not cause illness in birds, making
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INFECTOLOGY
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um programa do Wellcome Trust no Vietnã considerado referência em pesquisa de doenças infecciosas. Ao contrário do H5N1, o novo vírus da gripe não adoece as aves, o que faz com que seja muito difícil identificar os bandos infectados. Especialistas internacionais elogiaram as autoridades chinesas pela forma como elas compartilharam informações a respeito da recente epidemia. Muitos manterão seu ceticismo quanto ao risco de uma pandemia de gripe, lembrando que a crise da gripe suína de 2009 foi menos séria do que o previsto. Mas pandemias são, historicamente, responsáveis pela morte de milhões de pessoas. Por isso, vão continuar os esforços em busca de uma vacina e na tentativa de monitorar o vírus H7N9.
it very difficult to identify infected flocks. International flu experts have praised the Chinese authorities for the way they have shared information about this outbreak. Many people will be sceptical about the risk of a flu pandemic after the 2009 swine flu outbreak turned out less serious than feared. But pandemics have killed millions in the past - so the essential work to create a vaccine will continue and to track the H7N9 virus will continue.
Fonte: Fergus Walsh, Analista de medicina da BBC News.
Source: Fergus Walsh, Medical correspondent BBC.
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Qualidade de vida em adolescentes com deficiência: uma revisão da literatura
Quality of life in adolescents with disabilities: a literature review.
dolescência é uma etapa da vida fundamental no processo de crescimento e desenvolvimento humano marcada pela formação do corpo adulto e estruturação da personalidade do indivíduo. Esta fase pode ser considerada como um fenômeno transitório, o qual engloba aspectos biológicos, psicológicos, sociais e culturais, que não podem ser dissociados. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), esta etapa inicia-se aos 10 anos, perdurando até os 19 anos. O adolescer das pessoas com deficiência é um tema escasso na literatura. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, em tempos de paz, pelo menos 10% das crianças de qualquer país nascem ou adquirem impedimentos, físicos, mentais ou sensoriais, que interferirão no seu desenvolvimento. Quando atingem a adolescência, todas as modificações impostas pela fase emergem dentro das peculiaridades de cada deficiência apresentada pelo adolescente. Esses adolescentes necessitam de assistência diferenciada para vivenciar as mudanças dentro das limitações impostas pela deficiência. É preciso assegurar que o sistema geral da sociedade - meio físico e cultural, habitação, transporte, serviços sociais e de saúde, oportuni-
dolescence is a stage of life that is fundamental for human growth and development processes, characterized by the formation of the adult body and the structuring of the personality. This phase may be viewed as a transitory phenomenon, which encompasses biological, psychological, social and cultural aspects that cannot be dissociated. According to the World Health Organisation (WHO), this stage begins at ten years old, continuing up to 19 years old The adolescence of youngsters with disabilities is a rare topic in the literature. According to data released by World Health Organisation, in times of peace, at least 10% of the children of any country are born with or acquire physical, mental or sensory impairments that adversely affect their development. When they reach adolescence, all the changes ushered in by this phase emerge within the specific characteristics of each disability affecting the adolescent. These adolescents require special care, in order to experience these changes within the constraints imposed on them by their condition. It is vital to ensure that the general system of society - their physical and cultural surroundings, housing, transportation,
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SAÚDE PÚBLICA dades de educação e trabalho, vida cultural e social - seja acessível a eles. O sistema geral da sociedade no qual o ser humano está inserido define a sua Qualidade de Vida (QV), atualmente, tema de muitos estudos e pesquisas, seja em relação a indivíduos saudáveis ou doentes. Esta pode ser vista como o grau de satisfação nas percepções familiar, amorosa, social e ambiental, e quanto à própria estética existencial. Abrange significados que refletem conhecimentos, experiências e valores individuais e coletivos, próprios a diferentes épocas, espaços e histórias, sendo, portanto, uma construção social. A Organização Mundial de Saúde define qualidade de vida como “a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. Quando o conceito de QV é enfocado na infância e na adolescência, existem mais aspectos a serem considerados. Este não deve ser limitado ao funcionamento social, físico e emocional da criança, pois é necessário que se levem em consideração as alterações decorrentes do desenvolvimento nesse período da vida. A percepção sobre a QV para uma criança pode ser diferente da percepção de um adulto, uma vez que, durante esta fase da vida, é provável que o ambiente e as condições socioeconômicas sejam mais importantes que as condições físicas e mentais do indivíduo e influenciem mais em sua percepção de QV do que no caso dos adultos. Atualmente, tem se dado grande ênfase na incorporação de valores e percepção do sujeito sobre o seu estado de saúde, e diversos instrumentos têm sido desenvolvidos com esta finalidade. Estes podem ser divididos em dois grupos: genéricos e específicos. Os instrumentos genéricos refletem o impacto de inúmeras situações e, sendo amplos, aplicáveis a vários casos e populações. Os específicos, por sua vez, direcionam o público-alvo, levantando questões específicas para aquela população. A avaliação da QV em crianças e adolescentes pode ser limitada devido à percepção deles sobre o seu estado de saúde e sobre aspectos não médicos do seu contexto de vida. A valorização momentânea das diferentes dimensões da vida constitui outro fator limitante nesta população. Este fator muitas vezes leva à busca de informações através de seu representante, o qual na grande maioria das vezes é a mãe, o que pode gerar controvérsias, pois a
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welfare services and healthcare, opportunities for education and work, and cultural and social aspects of life - are accessible to them. The general system of society that encompasses human beings defines their Quality of Life (QoL), and today this forms the topics of many studies and surveys, in terms of both healthy and sick people. This may be viewed as the level of satisfaction in perceptions of the family, romantic life, social and environmental aspects, as well as individual existential esthetics. It encompasses meanings that reflect individual and collective knowledge, experiences and values that are specific to different periods, places and histories, consequently constituting a social construct The World Health Organisation defines quality of life as “the perception of the individual of his position in life within the context of the culture and value system within which he lives and in relation to his goals, expectations, standards and concerns”. When the concept of QoL is addressed in childhood and adolescence, there are more aspects to be taken into consideration. This must not be limited to the social, physical and emotional functioning of the child, as alterations prompted by development must also be taken into consideration during this time of life. The perception of QoL for a child may be different from the perception of an adult as, during this stage of life, it is probable that the surrounding contexts and social and economic conditions are more important than the physical and mental conditions, influencing individual perceptions of QoL more than for adults. Today, much stress is laid on the inclusion of the values and perceptions of the subject regarding individual health, and several tools have been developed for this purpose. They may be divided into two groups: generic and specific. The generic tools reflect the impacts of countless situations and, being broad-ranging, are applicable to many different cases and populations. In turn the specific tools are directed to their target publics, raising specific issues for these populations. The assessment of QoL among children and adolescents may be limited, due to their perceptions of their own health and non-medical aspects within their life contexts. The brief appreciation of different dimensions of life is another limiting factor for this population. This factor frequently leads to a search for information through representatives, usually mothers, which may give rise to controversies, as an adult standpoint does not always correspond to that of a child or adolescent. 33 OM
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perspectiva deste nem sempre corresponde à da criança ou adolescente. Poucos são os estudos a respeito da qualidade de vida de adolescentes com deficiência. Diante da importância da situação exposta e da escassez de informação disponível na literatura sobre o tema, este estudo teve como objetivo explorar as publicações científicas relacionadas à qualidade de vida nos adolescentes com deficiência, no período que compreende os anos de 2006 a 2012, identificando aspectos tidos como relevantes.
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There are few studies on the quality of life among adolescents with disabilities. Due to the importance of this situation as presented above, and the shortage of information available in the literature on this topic, this study explores scientific publications related to the quality of life among adolescents with disabilities, between 2006 and 2012, identifying aspects rated as relevant. Methods
Métodos Trata-se de uma revisão integrativa de artigos publicados e indexados em bancos de dados eletrônicos da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Literatura internacional em Ciências da Saúde (Medline/PubMed) entre os anos 2006 a 2012. Foram utilizados os seguintes descritores em saúde: adolescente, qualidade de vida, pessoas com deficiência (DeCS) e adolescents, quality of life e people with disabilities (MeSH). Foram encontrados 122 estudos, contendo os descritores de interesse. Inicialmente foi feita uma leitura dos artigos e selecionados 10 artigos que atendiam aos critérios de inclusão: artigos com resumos e que tratavam de adolescentes com algum tipo de deficiência, classificação adotada pela Organização Mundial de Saúde, que divide as deficiências em física, auditiva, visual, mental e múltipla. Foram excluídos os estudos repetidos nas bases de dados, bem como aqueles cujo foco não se limitava a investigar a qualidade de vida dos adolescentes com deficiência. A análise dos artigos foi realizada em duas etapas. Na primeira, foram identificados os dados de localização do artigo, ano e periódico de publicação, autoria, objetivo, metodologia e resultados principais, utilizando uma planilha elaborada especificamente para este estudo com base nas questões da pesquisa. Na segunda etapa, ocorreu a análise dos artigos, cujos resultados foram sintetizados e discutidos com base nos tipos de deficiência encontrados.
This is an comprehensive review of papers published and indexed in electronic databases of the Latin-American and Caribbean Literature in Health Sciences (Lilacs), Scientific Electronic Library Online (SciELO) and International Literature in Health Sciences (Medline/PubMed) between 2006 and 2012. The following health-related descriptors were used in Portuguese and English: adolescente, qualidade de vida, pessoas com deficiência (DeCS) and adolescents, quality of life and people with disabilities (MeSH). Overall, 122 studies were found containing these descriptors. Initially, the papers were read and ten papers were selected that met the inclusion criteria: papers with abstracts addressing adolescents with some type of disability, classification adopted by the World Health Organisation that divides disabilities into physical, auditory, visual, mental and multiple. Studies were excluded when repeated in the databases, as well as those whose focus was not limited to investigating the quality of life among adolescents with disabilities. The analysis of the papers was conducted in two stages. Initially, the data were identified for the location of the paper, the year and the periodical in which it was published. The authors, the objective, the methodology and the main results, using a spreadsheet drawn up specifically for this study based on the questions in the survey. During the second stage, the papers were analyzed, with the outcomes being synthesized and discussed on the basis of the types of disabilities found. 35 OM
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PUBLIC HEALTH Results The study sample consisted of 10 (ten) papers, with most of them (nine) written in English and only one in Portuguese. The studies were conducted in a wide variety of countries, including Taiwan, Canada, Brazil, USA, England, Ivory Coast, France and Australia (Table 1) The number of papers found reflects the limited output on the topic in question, as most of the published studies focus on the topic of the quality of life among adults, and when addressing adolescents, did not include the disabled.
Resultados A amostra do estudo consistiu em 10 (dez) artigos, a maioria (nove) no idioma inglês e somente um em português. Os estudos foram desenvolvidos em diversos países, como Taiwan, Canadá, Brasil, Estados Unidos, Inglaterra, Costa do Marfim, França e Austrália (Tabela 1).A quantidade de artigos encontrados representou uma escassez no tema em questão, uma vez que os estudos publicados, em sua maioria, focaram a temática de qualidade de vida em adultos e quando trataram dos adolescentes não incluíam os deficientes.
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SAÚDE PÚBLICA O termo “deficiente” também tem influência na quantidade de publicações encontradas, uma vez que existe uma variação da terminologia e esta varia com o tempo. A terminologia atualmente empregada é pessoa com deficiência e, por este motivo, foi a utilizada na busca dos estudos. De acordo com a pesquisa realizada nas bases de dados, ressaltamos a escassez de artigos (um) referentes à temática de interesse nas bases de dados Lilacs e SciELo, o que reforça a pequena produção de publicações latino-americanas e induz a necessidade de mais estudos neste campo de pesquisa. Ao identificar a metodologia dos estudos, foi percebido que se baseavam, em sua maioria (oito), em pesquisas quantitativas, utilizando instrumentos multidimensionais validados. O propósito fundamental desses instrumentos foi o de avaliar a qualidade de vida, tendo em vista a saúde de indivíduos ou grupos. Dois artigos abordaram a temática com metodologia qualitativa, utilizando questionários semi-estruturados adaptados pelos autores (Tabela 2).
Discussão A fase da adolescência gera uma grande variedade de alterações físicas e psicológicas, bem como as demandas sociais com o corpo, crescimento, relação interpessoal, desenvolvimento cognitivo, que são mais dramáticas do que em quaisquer outras fases do desenvolvimento humano. Estas alterações geram diferentes aspectos no tocante à qualidade de vida desta população. Em se tratando de adolescente com deficiência, estudos demonstraram diferenças em algum aspecto da vida, seja no âmbito psicológico ou funcional. No estudo de Shikako-Thomas et al., realizado em centros de reabilitação na cidade de Montreal (Canadá) com 12 adolescentes com deficiência física e metal, objetivando obter as perspectivas dos adolescentes e fatores
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The term “disabled” also influences the number of publications found, as there is a variation in terminology that varies over time. The terminology currently used is people with disabilities, which is why it was used in this search for the studies. According to the survey of the databases, we stress the shortage of papers (one) on this topic in the Lilacs and SciELO databases, which highlights the limited output of Latin-American publications, stressing the need for further studies in this field of research. When identifying the methodology used in the study, it was noted that most of them (eight) were based on quantitative surveys, using validated multidimensional tools. The basic purpose of these tools was to assess the quality of life, taking into account the health of individuals or groups. Two papers address this topic through qualitative methodology, using semi structured questionnaires adapted by the authors (Table 2).
Discussion The adolescent phase ushers in a wide variety of physical and psychological alterations for the body, as well as social demands, together with growth, interpersonal relationships and cognitive development that are more dramatic than at any other stage in human development. These alterations give rise to different aspects in terms of the quality of life of this population. For adolescents with disabilities, studies demonstrate differences in some aspects of life, whether psychological or functional. In the study by Shikako-Thomas et al. conducted at rehabilitation centers in Montreal (Canada) studying 12 adolescents with physical and mental disabilities, in order to obtain their views and explore the factors that influence their quality of life, both positively and negatively, a good quality 37 OM
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que influenciam, tanto positiva como negativamente, sua qualidade de vida, foi encontrada uma boa qualidade de vida entre os adolescentes pesquisados, apesar das limitações para realizar as tarefas diárias. Este aspecto também foi relatado como estressor na pesquisa de Young et al. realizado com crianças e adolescentes do norte da Inglaterra, em que cerca de um terço dos sujeitos relataram que experimentaram desconforto localizado nos membros e músculos, o que dificultava as atividades diárias. Lin et al. realizaram estudo comparativo com adolescentes deficientes físicos e não deficientes de escolas regulares e especiais do Taiwan através da escala de Qualidade de Vida (COMQOL-S) e encontraram que adolescentes com deficiência física possuíam qualidade de vida semelhante nos aspectos objetivos e melhor qualidade de vida subjetiva, em comparação com os não deficientes. Quando comparadas as escolas, percebe-se que não existe diferença entre os alunos deficientes de escolas regulares e especiais. Estes dados demonstram a importância da inserção do deficiente na escola regular e seu convívio com outros adolescentes, uma vez que a relação social é fator fundamental para uma boa qualidade de vida. Os aspectos escolares também foram discutidos no trabalho de Young et al., em que os sujeitos relataram que a escola trouxe prazer considerável e estímulo para suas vidas, nomeadamente através da oportunidades de interação social, de prática de esportes e formação de amizades. Foi comentada, pelos escolares, a satisfação nos relacionamentos com os professores e a felicidade pela capacidade de prestar atenção às aulas. Os fatores educação e inclusão escolar são essenciais para a formação e desenvolvimento do deficiente, uma vez que este irá interagir com outros adolescentes e desenvolver o seu cognitivo, o qual poderá levá-lo ao mercado de trabalho futuramente, proporcionando qualidade neste aspecto da vida. O estado deve fornecer oportunidade de estudo para esta população com capacitação de profissionais, acessibilidade e infraestrutura adequadas. Em Taiwan, os alunos com deficiência são educados, principalmente em escolas regulares. Políticas incentivam os profissionais a entrar no sistema escolar para fornecer suporte para o aprendizado e outras atividades dos alunos com deficiência. OM 38
of life was found among the adolescents surveyed, despite constraints on performing daily tasks. This aspect was also reported as a stressor in the survey by Young et al. conducted with children and adolescents in northern England, where around one third of the subjects reported that they felt discomfort in their limbs and muscles, which hampered daily activities. A comparative study was conducted by Lin et al. with physically disabled and non-disabled adolescents enrolled at regular and special schools in Taiwan, through the Quality of life scale (COMQOL-S). It appeared that adolescents with physical disabilities enjoyed a similar quality of life in objective aspects, and a better subjective quality of life, compared to youngsters with no disabilities. When the schools were compared, it was apparent that there are no differences among pupils with disabilities at regular and special schools. These data demonstrate the importance of including disabled youngsters in regular schools, ensuring that they experience daily life with other adolescents, as social relationships are a crucial factor for a good quality of life. School-related aspects were also discussed in the paper by Young et al., in which the subjects reported that school introduced considerable pleasure and stimulation into their lives, particularly through opportunities for social interaction, sports and forming friendships. The pupils mentioned that they were satisfied with the relationships with their teachers, and happy with their ability to pay attention during class. The education and classroom inclusion factors are essential for the formation and development of youngsters with disabilities, as they can interact with other adolescents and develop their cognitive skills, which may pave the way for future entry to the job market, thus enhancing the quality of this aspect of their lives. The State must provide opportunities for study for this population, training professionals and ensuring easy access and appropriate infrastructure. In Taiwan, pupils with disabilities are educated mainly in regular schools. Policies encourage professionals to enter the school system in order to provide support for the learning processes and other activities among pupils with disabilities. Another important aspect for measuring satisfaction with their lives among adolescents is related to their parents and/or main care givers. They
SAÚDE PÚBLICA Outro aspecto importante para determinar a satisfação com a vida dentre os adolescentes é a relação com os pais e/ou cuidadores principais. Eles desempenham importante papel na determinação do comportamento humano, na formação da personalidade, no curso da moral, na evolução mental e no estabelecimento da cultura. Os pais são vistos pelos adolescentes com deficiência como porto seguro, confidentes, sendo bastante valorizada a afeição, o companheirismo e o apoio. Esta relação é responsável por proporcionar segurança aos jovens, fator relevante para o seu bem-estar. A ligação entre o cuidador e o adolescente é muito forte, uma vez que existe uma dependência do deficiente para realização de algumas atividades diárias. Este aspecto demanda uma dedicação maior dos responsáveis por este jovem, favorecendo uma interação mais intrínseca. Este fenômeno leva os pais a uma percepção da qualidade de vida de seus filhos, e muitos estudos consideram esta visão para a avaliação do bem-estar dos deficientes. A perspectiva de qualidade de vida do paciente pode, em alguns casos, ser inacessível, sendo, assim, necessária a opinião dos pais e cuidadores. Narayanan et al. realizaram seu estudo sobre qualidade de vida dos adolescentes deficientes na ótica dos responsáveis e verificaram que eles consideram positiva a qualidade de vida de seus filhos. Shikako-Thomas et al., por sua vez, trazem que é comum os pais ou responsáveis subestimarem a qualidade de vida, comparando com a auto-avaliação dos seus filhos com deficiência física, ressaltando a importância da auto-avaliação da qualidade de vida entre os adolescentes especialmente para aqueles cujos pontos de vista são naturalmente diferenciados sobre a qualidade de vida. Green et al. observaram que os pais e adolescentes concordaram com os resultados entre a relação psicossocial, no entanto, foram verificadas divergências na percepção geral da qualidade de vida dos pais relacionada com a dos adolescentes, corroborando os outros achados Outro aspecto abordado na literatura é a relação entre a atividade física e a qualidade de vida como fator positivo na autopercepção desta pelos adolescentes. Em um estudo comparativo realizado por Bendixen et al. em um grupo de adolescentes com deficiência física, mental e sem deficiência, constatou-se que a participação em atividades físicas foi significativamente menor entre os meninos com deficiência do que entre os meninos não deficientes e que a qualidade de vida percebida foi significativamente diminuída em adolescentes com deficiência em relação aos controles não deficientes, exceto no domínio emocional.
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play an important role in determining human behavior, as well as shaping the personality, the development of a moral sense, mental development and establishment of culture. Parents are viewed by adolescents with disabilities as a safe haven, trustworthy, appreciating their affection, fellowship and support. This relationship provides security for these youngsters, which is an important factor for their well-being. The link between carers and adolescents is very strong, due to their dependence in order to perform some daily activities. This aspect requires greater dedication from the parents or guardians of these youngsters, fostering more intense interaction. This phenomenon helps parents perceive the quality of life of their offspring, and many studies take this view into consideration when assessing the well-being of youngsters with disabilities. The view of the quality of life of these patients may not be accessible, in some cases, meaning that the opinions of parents and care givers are required. A study was conducted by Narayanan et al. on the quality of life of disabled adolescents from the standpoint of their parents and guardians, and it was ascertained that they rate the quality of life of their offspring as positive. In turn, Shikako-Thomas et al. noted that it is common for parents or guardians to underestimate the quality of life, when compared with the self-evaluation of their offspring with physical disabilities, stressing the importance of self assessments of quality of life by adolescents, especially those whose viewpoints naturally differ on the quality of life. Green et al. noted that parents and adolescents agree on the findings for psycho-social relationships, although differences were noted in the general perceptions in the quality of life among parents, related to adolescents, corroborating other findings. Another aspect addressed in the literature is the relationship between physical activity and the quality of life as a positive factor as self-perceived by these adolescents. In a comparative study conducted by Bendixen et al. of a group of adolescents with physical and mental disabilities, and others with no disabilities, it was noted that there was significantly less participation in physical activities among disabled boys than among boys 39 OM
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with no disabilities, and the perceived quality of life was significantly lower among adolescents with disabilities in relation to the non-disabled controls, except in the emotional field. This study conducted by Interdonato and Greguol of adolescents with visual and auditory disabilities showed that these adolescents had a good quality of life and levels of physical activities, with no differences noted in the perceptions of the quality of life among normally sighted adolescents with normal hearing, Dinomais et al. noted that the quality of life among disabled adolescents who took part in adapted competitive sports was significantly greater when compared with the scores of other adolescents with disabilities in the literature. Among the negative aspects for the well-being of the adolescents addressed by the study, mentions were made of feelings of fear, boredom, embarrassment, insecurity, frustration and exclusion. “Being different” affects the subjectivity of this population and as they grow older, these feelings become more acute, with a feeling of lack of autonomy reported by these youngsters. Lin et al. noted alterations in self-perceptions of the quality of life, finding that, despite conditions of material well-being and health remaining constant, the quality of life of adolescents with physical disabilities dropped over time, due to variations in the social activities of older adolescents. Conclusion
Já no estudo realizado por Interdonato e Greguol em adolescentes com deficiência visual e auditiva percebeu-se que os adolescentes possuíam uma boa qualidade de vida e níveis satisfatórios de prática de atividade física, não sendo observada diferença na percepção da qualidade de vida entre os adolescentes visuais e auditivos. No entanto, Dinomais et al. observaram que a qualidade de vida dos adolescentes deficientes que participavam de esportes competitivos adaptados foi significativamente maior quando comparados com os escores de outros adolescentes com deficiência na literatura. Dentre aspectos negativos para o bem-estar dos adolescentes em estudo, foram citados sentimentos de medo, tédio, constrangimento, insegurança, frustração e exclusão. O “ser diferente” afeta a subjetividade desta população, e, com o avançar da idade, estes sentimentos ficam mais aguçados e a sensação de falta de autonomia é relatada por estes jovens. Lin et al. observaram as mudanças na autopercepção da qualidade de vida, e constatou-se que, apesar de as condições de bem-estar material e da saúde se manterem constantes, a qualidade de vida dos adolescentes com deficiência física apresentou-se diminuída com o passar do tempo devido às variações das atividades sociais nos adolescentes mais velhos.
The studies found within the field of interest addressed by this paper stressed that adolescents with disabilities enjoy a good quality of life, despite aspects related to difficulties in mobility, autonomy and the presence of prejudices that have been reported by them. The traditional medical model that stresses “disease” has been replaced by a new healthcare paradigm that stresses functioning and well-being, health promotion, prevention and individual rights. From this standpoint, the number of studies exploring the topic of quality of life has increased,
Conclusão Os estudos encontrados dentro da temática de interesse deste artigo ressaltam que os adolescentes com deficiência gozam de uma boa qualidade de vida, apesar de aspectos envolvendo dificuldade de mobilidade, autonomia e presença de preconceitos terem sido relatados por eles. O modelo médico tradicional que enfatiza a “doença” tem sido substituído pelo novo paradigma da saúde, que enfatiza funcionamento e bem-estar, promoção da saúde, prevenção e direitos individuais. A partir desta ótica, têm aumentado os estudos na temática qualidade de vida, os quais têm a possibilidade de nortear as ações de saúde, a fim de favorecer 45 OM
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maior satisfação das pessoas. No entanto, se constata a necessidade de desenvolvimento de novos instrumentos específicos para a avaliação da qualidade de vida dos adolescentes com deficiência, instrumentos que devem levar em consideração as peculiaridades de cada deficiência, proporcionando, assim, um maior nível de confiabilidade e validade. Desta forma, percebeu-se a escassez de estudos envolvendo os adolescentes com deficiência, principalmente no Brasil. É de fundamental importância uma dedicação dos pesquisadores a esta temática, que exige uma atenção diferenciada e a atuação dos diversos profissionais de saúde para uma melhoria na qualidade de vida desta população.
with the possibility of steering healthcare actions, in order to offer people greater satisfaction. However, there is a clear need to develop new specific tools for assessing the quality of life of adolescents with disabilities, with these tools necessarily taking into consideration the specific characteristic of each disability, thus offering a higher level of trustworthiness and validity. As a result, the shortage of studies addressing adolescents with disabilities is quite clear, particularly in Brazil. It is of vital importance for researchers to devote more time to this topic, requiring special care and action among a wide variety of healthcare practitioners in order to enhance the quality of life for this population.
Vanthauze Marques Freire Torres. Educador Físico. Mestrando em Hebiatria pela Faculdade de Odontologia da Universidade de Pernambuco. Camaragibe, PE, Brasil. Christielle Lidianne Alencar Marinho. Enfermeira. Mestranda em Hebiatria pela Faculdade de Odontologia da Universidade de Pernambuco. Camaragibe, PE, Brasil. Sandra Conceição Maria Vieira. Doutora em Odontopediatria. Professora adjunta da Faculdade de Odontologia da Universidade de Pernambuco. Camaragibe, PE, Brasil. Vanthauze Marques Freire Torres. Physical Educator. Master’s Degree student in Adolescent Medicine, Dental School, University of Pernambuco. Camaragibe, Pernambuco State, Brazil. Christielle Lidianne Alencar Marinho. Nurse. Master’s Degree in Adolescent Medicine, Dental School, University of Pernambuco. Camaragibe, Pernambuco State, Brazil. Sandra Conceição Maria Vieira. PhD in Odontopediatrics. Adjunct Professor, Dental School, University of Pernambuco. Camaragibe, Pernambuco State, Brazil.
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Cientistas estão mais perto de anticoncepcional para homens.
Male pill keeps sperm ‘in storage’.
ovo tratamento pode ser revertido facilmente, segundo cientistas. Cientistas australianos estão mais próximos de sintetizar uma pílula anticoncepcional para homens - mas o medicamento ainda levará mais de dez anos para chegar às farmácias. Os pesquisadores da Universidade Monash, em Melbourne, encontraram uma forma reversível de impedir que os espermatozóides saiam junto com a ejaculação, sem afetar a função sexual. Testes em animais mostraram que o esperma pode ser mantido “em estoque” durante a relação. A busca por um anticoncepcional masculino até o momento se concentrou em pesquisar como os homens poderiam produzir espermatozóides não-funcionais. Mas, alguns medicamentos usados com este objetivo também tinham efeitos colaterais considerados “intoleráveis”, segundo Sabatino Ventura, um dos pesquisadores da Universidade Monash. Estes medicamentos provocavam a infertilidade, mas também afetavam o apetite sexual ou causavam alterações permanentes na produção dos esperma.
he prospect of a “male pill” that would let men enjoy a full sex life with no chance of getting a woman pregnant has moved a step closer. Scientists in Australia have found a reversible way to stop sperm getting into the ejaculate, without affecting sexual function. The animal tests showed the sperm could be “kept in storage” during sex. The findings were published in the journal Proceedings of the National Academy of Sciences. The quest for the male contraceptive pill has largely focused on getting men to produce non-functional sperm. But some drugs used for this purpose “have intolerable side-effects,” said Dr Sabatino Ventura, one of the researchers at Monash University. Drugs can induce infertility, but they may also affect sexual appetite or cause permanent alterations to sperm production.
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Sperm stores The team at Monash used a different approach. Normally, the sperm 47 OM
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A descoberta foi publicada na revista especializada Proceedings of the National Academy of Sciences. Estoque Para chegar a este novo anticoncepcional masculino, os pesquisadores australianos tentaram uma abordagem diferente. Normalmente o esperma sai da “área de estoque” no canal deferente antes da ejaculação. O grupo de pesquisadores produziu camundongos geneticamente modificados que não conseguiam expelir o esperma para fora do canal deferente. “O esperma fica no local de estocagem então, quando o camundongo ejacula, não há esperma, ele é estéril”, disse Ventura à BBC. “É facilmente reversível e o esperma não é afetado, mas precisamos mostrar que podemos fazer isto em termos farmacológicos, provavelmente com dois medicamentos”, acrescentou. Até o momento o grupo de pesquisas fez com que os camundongos ficassem estéreis mudando o DNA dos roedores para que eles parassem de produzir duas proteínas necessárias para mover o esperma. Agora, os cientistas precisam descobrir duas drogas que possam produzir o mesmo efeito. Eles acreditam que uma delas já foi desenvolvida e é usada há décadas em pacientes com crescimento benigno da próstata. Mas, a descoberta do segundo medicamento necessário pode levar até uma década. O processo descoberto pelos cientistas australianos também não é totalmente livre de efeitos colaterais. As proteínas que foram alteradas pelos cientistas têm um papel no controle dos vasos sanguíneos, então os efeitos colaterais poderão afetar a pressão e o batimento cardíaco. Mas, pelo menos nos camundongos, a única alteração detectada foi uma queda “muito pequena” na pressão sanguínea. Também pode haver uma alteração no volume da ejaculação. “É um estudo muito bom, quase como uma vasectomia biológica, que impede a saída do esperma”, afirmou Allan Pacey, palestrante de andrologia na Universidade de Sheffield, na Inglaterra. “É uma boa ideia, mas eles precisam continuar (com a pesquisa) e observar o que faz com as pessoas”, acrescentou. Fonte: James Gallagher. Repórter de Ciência e Saúde da BBC News. OM 48
is moved out of the vas deferens storage area in the testes just before ejaculation. The group produced genetically modified mice that were unable to squeeze the sperm out of the vas deferens. Dr Ventura told the BBC: “The sperm stay in the storage site so when the mice ejaculate there’s no sperm and they are infertile. “It is readily reversible and the sperm are unaffected, but we need to show we can do this pharmacologically, probably with two drugs.” So far the research group has made the mice infertile by changing their DNA to stop them producing two proteins needed to move the sperm. The researchers now need to find a pair of drugs that can produce the same effect. They believe one has already been developed and has been used for decades in patients with benign prostate enlargement. However, they would have to work from scratch to find the second one - a process that could take a decade. The proteins targeted also have a role in controlling blood vessels; so there could be side-effects on blood pressure and heart rate. However, in the mice at least, the researchers detected only a “very slight” drop in blood pressure. There could also be an impact on the volume of ejaculate. Dr Allan Pacey, senior lecturer in andrology at the University of Sheffield , told the BBC: “It’s a very good study, almost like a biological vasectomy in [that] it stops the sperm coming out. “It’s a good idea; they need to get on with it and see what it does in people.”
Source: By James Gallagher. Health and science reporter, BBC News.
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Humanos herdaram gene do tabagismo de neandertais, indica estudo.
Neanderthals gave us disease genes.
enes responsáveis por doenças que afetam humanos atualmente foram herdados do cruzamento com neandertais, sugere um estudo divulgado na publicação científica Nature. Esses cruzamentos teriam transmitido adiante genes variantes envolvidos no desenvolvimento da diabetes tipo 2, da doença de Crohn (inflamação no sistema digestivo) e, curiosamente, do tabagismo. Estudos do genoma revelam que a nossa espécie (Homo sapiens) cruzou com neandertais após deixar a África em direção à Eurásia, cerca de 65 mil anos atrás. No entanto, até então não estava claro que tipo de influência teve o DNA neandertal e se havia quaisquer implicações para a saúde humana. Entre 2% e 4% do código genético de não-africanos atuais veio de neandertais. Ao selecionar os genomas de 1.004 homens modernos, os cientistas envolvidos no estudo, Sriram Sankararaman e seus colegas da Escola de Medicina de Harvard (EUA), identificaram regiões que apresentavam versões neandertais de diferentes genes. Uma surpresa foi descobrir que uma variante do gene associado à dificuldade em parar de fumar tem origem neandertal. Mas, obviamente, não há qualquer sugestão de que nossos primos evolutivos consumissem
ene types that influence disease in people today were picked up through interbreeding with Neanderthals, a major study in Nature journal suggests. They passed on variants involved in type 2 diabetes, Crohn’s disease and - curiously - smoking addiction. Genome studies reveal that our species (Homo sapiens) mated with Neanderthals after leaving Africa. But it was previously unclear what this Neanderthal DNA did and whether there were any implications for human health. Between 2% and 4% of the genetic blueprint of present-day nonAfricans came from Neanderthals. By screening the genomes of 1,004 modern humans, Sriram Sankararaman and his colleagues identified regions bearing the Neanderthal versions of different genes. That a gene variant associated with a difficulty in stopping smoking should be found to have a Neanderthal origin is a surprise. It goes without saying that there is no suggestion our evolutionary cousins were puffing away in their caves. Instead, the researchers argue, this mutation may have more than one function, so the modern effect of this marker on smoking behaviour
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tabaco em suas cavernas. Em vez disso, os pesquisadores argumentam, essa mutação genética pode ter mais de uma função, e o efeito moderno desse gene no ato de fumar pode ser um efeito entre vários. Novas paragens Os pesquisadores descobriram que o DNA neandertal não é distribuído uniformemente no genoma humano, mas é encontrado geralmente em regiões que afetam a pele e o cabelo. Isso sugere que algumas variações de genes forneceram uma maneira rápida de os humanos modernos se adaptaram aos novos ambientes mais frios que encontraram ao migrarem para a Eurásia. Quando as populações se encontraram, os neandertais já vinham se adaptando a essas condições há centenas de milhares de anos. A espécie de fortes caçadores se espalhava por uma área que ia da Grã-Bretanha à Sibéria, mas foi extinta há cerca de 30 mil anos, enquanto o Homo sapiens se expandia para além de seu berço africano. A linhagem neandertal permaneceu nos humanos modernos e foi encontrada, por exemplo, em regiões do genoma ligadas à regulação da pigmentação da pele. “Encontramos provas de que os genes neandertais da pele fizeram com que europeus e asiáticos do leste se adaptassem melhor à evolução”, disse Benjamin Vernot, da Universidade de Washington, coautor de outro estudo sobre o tema publicado na revista Science. Vernot e sua equipe analisaram o genoma de mais de 600 pessoas da Europa e do leste da Ásia pelo computador, para encontrar variantes de genes que continham marcas neandertais. Genes responsáveis pelos filamentos de queratina - uma proteína fibrosa que confere resistência a cabelos, pele e unhas - também foram enriquecidos com o DNA neandertal. Isso pode ter ajudado os novos huOM 52
Researchers found that Neanderthal DNA is not distributed uniformly across the human genome, instead being commonly found in regions that affect skin and hair. This suggests some gene variants provided a rapid way for modern humans to adapt to the new cooler environments they encountered as they moved into Eurasia. When the populations met, Neanderthals had already been adapting to these conditions for several hundred thousand years. The stocky hunters once covered a range stretching from Britain to Siberia, but went extinct around 30,000 years ago as Homo sapiens was expanding from an African homeland. Neanderthal ancestry was found in regions of the genome linked to the regulation of skin pigmentation. “We found evidence that Neanderthal skin genes made Europeans and East Asians more evolutionarily fit,” said Benjamin Vernot, from the University of Washington, co-author of a separate study in Science journal. Genes for keratin filaments, a fibrous protein that lends toughness to skin, hair and nails, were also enriched with Neanderthal DNA. This may have helped provide the newcomers with thicker insulation against cold conditions, the scientists suggest. “It’s tempting to think that Neanderthals were already adapted to the non-African environment and provided this genetic benefit to (modern) humans,” said Prof David Reich, from Harvard Medical School, co-author of the paper in Nature. But other gene variants influenced human illnesses, such as type 2 diabetes, long-term depression, lupus, billiary cirrhosis - an autoimmune disease of the liver - and Crohn’s disease. In the case of
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manos a terem um isolamento maior contra o frio, segundo os cientistas. “É tentador pensar que os neandertais já estavam adaptados ao ambiente não-africano e deixaram este benefício genético aos humanos (modernos)”, disse o professor David Reich, coautor do estudo publicado na Nature. Mas outros de seus genes variantes influenciaram algumas doenças humanas, como a diabetes tipo 2, a depressão de longo prazo, o lúpus, a cirrose biliar - doença autoimune do fígado - e a doença de Crohn. No caso desta última, os neandertais passaram adiante diferentes marcados que aumentam ou diminuem o risco da doença. No entanto, Sriram Sankararaman afirmou que os cientistas ainda não conhecem o suficiente da genética neandertal para afirmar se eles também sofreram destas doenças, ou se as mutações em questão só afetaram o risco das doenças quando transplantadas para o contexto genético do homem moderno. Ele diz que mais pesquisas sobre o genoma da espécie podem oferecer mais respostas à questão. “Misturas aconteceram há relativamente pouco tempo em termos evolutivos, então não esperávamos que o DNA neandertal tivesse desaparecido completamente a esta altura”, disse Joshua Akey, da Universidade de Washington e coautor do estudo publicado na Science. “Acho que o que estamos vendo, de maneira mais ampla, são os restos mortais deste genoma extinto, enquanto ele é lentamente expurgado da população humana.” Regiões desérticas Os cientistas também descobriram que algumas regiões do nosso genoma são desprovidas de DNA neandertal, sugerindo que alguns dos genes tinham um efeito tão prejudicial nos filhos dos casais de humanos modernos e neandertais que eles foram descartados rapidamente pela seleção natural.
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Crohn’s, Neanderthals passed on different markers that increase and decrease the risk of disease. Asked whether our ancient relatives actually suffered from these diseases too, or whether the mutations in question only affected the risk of illness when transplanted to a modern human genetic background, Mr Sankararaman said: “We don’t have the fine knowledge of the genetics of Neanderthals to answer this,” but added that further study of their genomes might shed light on this question. Joshua Akey, from the University of Washington, an author of the Science publication, added: “Admixture happened relatively recently in evolutionary terms, so you wouldn’t expect all the Neanderthal DNA to have been washed away by this point. “I think what we’re seeing to a large extent is the dying remains of this extinct genome as it is slowly purged from the human population.” Desert regions However, some regions of our genomes were discovered to be devoid of Neanderthal DNA, suggesting that certain genes had such harmful effects in the offspring of modern human-Neanderthal pairings that they have indeed been flushed out actively and rapidly through natural selection. “We find that there are large regions of the genome where most modern humans carry little or no Neanderthal ancestry,” Mr Sankararaman told BBC News. “This reduction in Neanderthal ancestry was probably due to selection against genes that were bad - deleterious - for us.” The Neanderthal-deficient regions encompass genes that are specifically expressed in the testes, and on the X (female sex) chromosome. This suggests that some Neanderthal-modern human hybrids had reduced fertility and in some cases were sterile. “It tells us that when Neanderthals and modern humans met and 53 OM
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“Vemos que há grandes regiões do genoma onde a maioria dos humanos modernos têm pouca ou nenhuma linhagem neandertal”, disse Sankararaman à BBC. “Esta redução na linhagem aconteceu provavelmente pela seleção contra os genes que eram ruins ou deletérios para nós.” As regiões privadas dos genes neandertais englobam genes que se expressam em exames específicos e também o cromossomo X, ligado ao sexo feminino. Isso sugere que alguns híbridos de neandertais e humanos modernos tinham fertilidade reduzida e, em alguns casos, eram estéreis. “Isto nos diz que, quando neandertais e humanos modernos se encontraram e se misturaram, eles estavam à beira da compatibilidade biológica”, afirmou o David Reich. Para Joshua Akey, os resultados de sua equipe foram compatíveis com a ideia de que houve múltiplas ondas de cruzamentos entre humanos modernos e neandertais.
mixed, they were at the very edge of being biologically compatible,” said Prof Reich. Another genome region that lacked Neanderthal genes includes a gene called FOXP2, which is thought to play an important role in human speech. Joshua Akey said his team’s results were compatible with there having been multiple pulses of interbreeding between modern humans and Neanderthals.
Fonte: Paul Rincon, Editor de Ciência da BBC News.
Source: Paul Rincon Science editor, BBC News website.
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Tratamento com onda Migraine sufferers may magnética pode aliviar benefit from magnet therapy enxaqueca m aparelho que gera campos magnéticos e vem sido usado em tratamentos para depressão e esquizofrenia pode ajudar a aliviar os sintomas da enxaqueca, segundo autoridades médicas britânicas. O Instituto Nacional Britânico para Excelência Clínica e de Saúde (NICE, na sigla em inglês) divulgou uma orientação recomendando o uso de estimulação magnética transcraniana para pacientes de enxaqueca. O tratamento é não invasivo; o aparelho portátil é colocado sobre o couro cabeludo e gera campos magnéticos indolores. A organização voltada para saúde pública diz que o procedimento ainda é relativamente novo e reconhece ser necessário levantar mais dados a respeito de sua eficácia e segurança no longo prazo. Em um teste feito com 164 pacientes, a estimulação funcionou duas vezes mais do que uma terapia com placebo e cerca de 40% dos voluntários já não sentia dores depois de usar o dispositivo. , segundo o NICE, a terapia, em que uma bobina gera campos magnéticos que ativam ou inibem neurônios, pode ser útil para pacientes que já tentaram outros tratamentos e não conseguiram alívio. Segundo estatísticas, a enxaqueca é uma doença comum na Grã-Bretanha, afetando uma em cada quatro mulheres e um em cada 12 homens. No Brasil, estudos de 2009 apontam a incidência de enxaqueca em cerca de 15% da população.
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magnet device can be used to treat some types of migraine, new UK guidance advises. The watchdog NICE says although there is limited evidence, transcranial magnetic stimulation (TMS) may help ease symptoms in some patients. It says that the procedure is still relatively new and that more data is needed about its long-term safety and efficacy. But it may be useful for patients for whom other treatments have failed. Migraine is common - it affects about one in four women and one in 12 men in the UK. There are several types - with and without aura and with or without headache - and several treatment options, including common painkillers, such as paracetamol. Although there is no cure for migraine, it is often possible to prevent or lessen the severity of attacks. NICE recommends various medications, as well as acupuncture, and now also TMS, under the supervision of a specialist doctor - although it has not assessed whether it would be a cost effective therapy for the NHS. TMS involves using a portable device that is placed on the scalp to deliver a brief magnetic pulse.
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Existem muitos tipos de enxaqueca, com ou sem aura e com ou sem dor. Também existem várias opções de tratamentos, incluindo a administração de analgésicos comuns como o paracetamol. Peter Goadbsby, presidente da Associação Britânica para o Estudo da Dor de Cabeça, disse que muitos pacientes que sofrem do problema podem se beneficiar da estimulação magnética transcraniana. O chefe da organização de caridade Fundação Enxaqueca da Grã-Bretanha, Wendy Thomas, também aprova a nova orientação do NICE. “Muitos têm suas vidas afetadas pela enxaqueca. Aprovamos as orientações do NICE que possam ajudar a melhorar o futuro de muitas pessoas para as quais os outros tratamentos não funcionaram”, afirmou. O NICE recomenda ainda terapias como acupuntura.
NICE says doctors and patients might wish to try TMS, but they should be aware about the treatment’s uncertainties. Reduction in migraine symptoms may be moderate, it says. Prof Peter Goadsby, chairman of the British Association for the Study of Headache, said many migraine patients stood to benefit from trying TMS. In a trial in 164 patients, TMS worked twice as well as sham or placebo therapy and about 40% were pain-free two hours after using the device. Wendy Thomas, chief executive at the charity the Migraine Trust, said: “Huge numbers of sufferers find their lives blighted by migraine. We welcome NICE guidance that may help deliver brighter futures to many people for whom other treatments have not worked.”
Fonte: Michelle Roberts, Editora de Saúde da BBC News.
Source: Michelle Roberts, Health editor, BBC News online.
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