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Empresas de grande porte apostam na energia solar
Diante das crises ambiental e econômica, grandes marcas investem sem medo nessa fonte renovável como forma de se desenvolverem de maneira sustentável. A Ambev sozinha inaugurará 31 parques solares no período de um ano
Parte de um conjunto de medidas sustentáveis iniciado há cinco anos, cujo investimento total será de aproximadamente R$1 bilhão para atingir metas ambientais – como redução do consumo de água, de energia, de matéria-prima e da emissão de gases de efeito estufa –, a Ambev, empresa referência na produção de bebidas, anunciou um acordo para a construção, até março de 2020, de 31 usinas solares no Brasil
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Em funcionamento, os projetos, firmados com quatro parceiros, abastecerão todos os 94 centros de distribuição da cervejaria no país, localizados em 76 cidades, integrando o esforço global da marca de ter 100% da eletricidade utilizada em todas as suas operações no mundo proveniente de fontes limpas até 2025. Já em 2019, serão finalizados 25 parques solares, que alimentarão 82 dos centros de distribuição, o que representa cerca de 90% da operação.
Os 31 novos parques contarão com mais de 50 mil painéis solares e terão capacidade de geração de 2.600MWh por mês. Quando estiver operando plenamente, evitará que mais de 2,9 mil toneladas de CO2 sejam emitidas anualmente, correspondendo à retirada de 744 mil carros das ruas no mesmo período. Em entrevista à Reuters, Leandro Coelho, diretor de sustentabilidade e suprimentos da Ambev, ressaltou que “a geração é suficiente para abastecer as residências de 15 mil famílias e, claro que, na média, a energia deve ser mais barata, mas o benefício mais significativo disso tudo é o ambiental, não o financeiro”. Com um projeto já em andamento em Uberlândia (MG), Goiás e Sergipe devem ser os próximos estados no cronograma de implementação.
Os parceiros da empresa no plano são Alexandria, Solution, GD Solar e Gera Energia, que, responsáveis pela instalação das placas, viabilizarão toda a montagem e “alugarão” as plantas para a Ambev. Os respectivos contratos têm duração de 120 meses e, após sua conclusão, as usinas se tornam propriedade da cervejaria. Considerando esses contratos de leasing com todos os parceiros, a Ambev desembolsará mais de R$140 milhões.
O valor das concessões, por sua vez, é 33% menor em relação ao que a cervejaria pagaria na conta de luz para as respectivas distribuidoras – o que totaliza uma economia de R$500 mil por mês. Representantes da Ambev reforçam, contudo, que a redução de custos operacionais é um ponto secundário do projeto, já que o maior objetivo é contribuir para a construção de um legado positivo para a sociedade.
“Nossas metas estão alinhadas ao nosso sonho de unir as pessoas por um mundo melhor, o que engloba sustentabilidade, preservação do meio ambiente e dos recursos hídricos, além do menor consumo de energia”, afirma Rodrigo Figueiredo, vice-presidente de sustentabilidade e suprimentos.
CADEIA DE VALOR SUSTENTÁVEL
Embora o caso da Ambev tenha conquistados grande espaço entre as últimas manchetes do setor – tanto por ser um investimento volumoso como um dos mais recentes –, outras empresas também estão dando passos na mesma direção, mostrando como as vantagens da energia solar começaram a ganhar o devido reconhecimento.
Assumindo compromissos mensuráveis para reduzir o seu impacto sobre o meio ambiente até 2020 e contribuir positivamente para os ecossistemas em que está inserida, a L’Oreal possui o programa de sustentabilidade “Sharing Beauty With All”, no qual está inserido o Centro INNO- VA, seu instituto de pesquisa e inovação. Nele, foram instalados 1,2 mil painéis solares, com impacto equivalente a 26 mil árvores plantadas e tempo de vida útil de 25 anos. O sistema gera 40.000kWh por mês, equivalente ao consumo mensal de aproximadamente 270 casas.
A tecnologia solar está alinhada ao compromisso da empresa de migração para fontes de energia renováveis, que já faz com que força elétrica consumida nas unidades da L’Oréal Brasil seja totalmente proveniente de parque eólico na região de Trairi, no Nordeste. Com isso, evita-se a emissão de 7 mil toneladas de CO2 na atmosfera.
Já representando os setores de produção de açúcar e etanol, transporte e distribuição de combustíveis e geração de bioeletricidade, a Raízen utiliza, desde o início de junho, sua primeira planta de energia solar, com capacidade de 1,3MW e que deverá fornecer eletricidade a 18 postos de combustível Shell e outros parceiros da empresa. Para isso, 3,8 mil painéis foram colocados na unidade da empresa em Piracicaba (SP), em área de 40.000m².
De outra forma, a construtora MRV atuou para a colocar a tecnologia em seus produtos e mudar a dinâmica da construção civil no país. Até agora, o sistema fotovoltaico aparece em quatro de seus empreendimentos, localizados em Salvador (BA), Cuiabá (MT), São Luís (MA) e Belo Horizonte (MG), que juntos totalizam 1.000.000kWh. Mas, segundo a empresa, somente este ano, serão cerca de 100 lançamentos com esse sistema – parte de seus esforços de colocar a tecnologia em todos seus projetos futuros até 2022, a partir de um investimento de R$800 milhões.
A MRV também se orgulha em dizer que é a primeira construtora da América Latina a trazer a energia solar fotovoltaica em larga escala para o segmento de imóveis econômicos, como uma forma de democratizar a geração de energia limpa. Em seu site, é possível ver, em números, a equivalência de energia que seus projetos instalados têm gerado:
EXPANSÃO DAS FONTES
Diante da maior adesão à tecnologia solar, empresas responsáveis pela produção e instalação dos painéis também vêm fazendo investimentos consideráveis em solo brasileiro. Um exemplo é a francesa GreenYellow que declarou recentemente a construção de duas usinas solares em São Paulo e um investimento de, pelo menos, R$200 milhões neste ano. O interior do estado, por sua vez, é visto como uma região estratégica para seu plano, que prevê ainda o aumento de 6x da potência instalada atual no Brasil até o último mês de 2019.
Hoje, a empresa possui nove usinas construídas, totalizando 10MWp de potência instalada. Contudo, com as unidades em construção, a soma deve ultrapassar os 50MWp. De acordo com Pierre-Yves Mourgue, presidente da GreenYellow no Brasil, a energia solar apenas começou a se desenvolver no país, representando menos de 2% da matriz energética do país e fazendo com que a GreenYellow esteja pronta para acompanhar esse crescimento com soluções inovadoras e competitivas.
Nesse sentido, a Atlas Energy, consultora e gestora de projetos de engenharia agroindustrial e de energia renovável, anunciou um financiamento de aproximadamente R$580 milhões para três de suas usinas solares (em São Pedro e Juazeiro (BA) e Sol do Futuro (CE)), obtido por meio do Banco do Nordeste (BNB) [para entender mais sobre financiamento, leia “Financiamentos para seu projeto de energia solar”]. Combinadas, estima-se que essas usinas gerarão mais de 300MW e 672,8GWh por ano, que disponibilizarão energia limpa para cerca de 470 mil famílias no mesmo período – além de evitar a emissão de 108 mil toneladas de CO2.